JORNAL GRIMPA: NEM TUDO SÃO ESPINHOS NA
IMPRENSA PARANAENSE: DESCRIÇÃO E MEMÓRIA DE
UM PERÍODICO DO INTERIOR
Ben-Hur Demeneck - Universidade Federal de Santa
Catarina - Florianópolis, SC - Mestrando em
Jornalismo - Linha Fundamentos Teóricos do
Jornalismo - GT Mídia Alternativa – Maio de 2008.
RESUMO
Este trabalho é um depoimento sobre uma experiência jornalística no interior do Paraná, um jornal independente
editado em Ponta Grossa. Com apenas seis edições, o jornal Grimpa conseguiu movimentar uma comunidade de
autores e simbolizar um processo alternativo de abordagem cultural. Esse tablóide de 16 páginas circulou entre Julho
de 2005 a Setembro de 2006, reunindo mais de trinta colaboradores de formação heterogênea, sendo a base formada
por jornalistas profissionais. O artigo faz abordagens descritivas e memorialísticas, procurando colocar em evidência
seus conceitos e processos jornalísticos. O Grimpa foi um jornal a princípio bimestral, com seu jornalismo voltado
para cultura popular, enfocando identidade e diversidade regionais (personagens, cenários e contextos, apontados em
roteiros, perfis e em temas como brincadeiras de ruas, limites do Estado, bairros). Contava com as editorias de Humor
(com cartoons e textos humorísticos originais) e Literatura (crítica musical e de TV, memórias, contos e poesias
inéditos). A partir do subtítulo “Nem tudo são espinhos” afirmava ser possível criar um espaço de exposição e debate
intelectual. Em seu primeiro editorial reconhecia uma de suas linhas – “unir interesse público à criatividade”. Em
outras ocasiões se definiu como um jornal folk. Terminou sendo um dos acontecimentos da primeira década do
século XXI no interior do Estado, por destacar alternativas jornalísticas e culturais num cenário de pouco dinamismo.
Essa história está aqui comentada e organizada por um de seus idealizadores e editores. A maior contribuição do
Grimpa talvez tenha sido a de demonstrar que é possível fazer um jornalismo autoral, de profundidade, e com temas
regionais. O passo seguinte consiste em estabelecer uma continuidade de circulação. Um desafio que se lança sobre o
jornalismo alternativo e ao qual convém encontrar soluções.
PALAVRAS-CHAVES
Jornalismo alternativo, Imprensa paranaense, Jornal Grimpa, distribuição gratuita, Folkcomunicação
Introdução
O Grimpa foi um jornal independente editado na cidade de Ponta Grossa,
Paraná. Tablóide de 16 páginas de distribuição gratuita. Tiragem de 2.000 exemplares
ampliada em 500 a partir da terceira edição. Teve metade de seus números publicados
em 2005 e os três restantes em 2006. Jornal independente sem nenhum vínculo
institucional, mantido por anunciantes, simpatizantes e pelos próprios organizadores.
Apesar de poucos números, o jornal simbolizou uma alternativa jornalística e cultural
para aquela região do interior do Paraná, os Campos Gerais. Movimentou uma
comunidade de autores, aproximadamente 15 por edição. Sendo a base formada por
jornalistas profissionais. Era para ser um periódico bimestral, tornando-se irregular por
questões de ordem administrativa e financeira. Ele manteve a identidade visual e as
editorias, em seus seis números – Jornalismo, Literatura e Humor. O carro-chefe da
1
publicação foi o Jornalismo, com 10 páginas exclusivas para ele em um total de
dezesseis.
O que é grimpa?
O nome “grimpa” foi uma escolha identificada ao imaginário paranaense. Uma
referência ao ramo dar Araucária, árvore-símbolo do Paraná. E mais conhecido quando
está espalhado pelos chãos da mata, quando assume a condição de ramo caído do
pinheiro. É cheio de pontas, espinhento1. Seca, a grimpa se torna excelente para fazer
fogueiras improvisadas. Um costume habitual em acampamentos ou em comunidades
do interior é sapecar pinhão. Ou seja, jogar as deliciosas sementes da Araucária numa
pira de grimpas e depois comê-las quentes.
O
logotipo do jornal ficava ao lado do título, com três grimpas fazendo
evoluções no espaço. Abaixo, uma espécie de slogan fazia o rodapé da aventura: “Nem
tudo são espinhos”. Um paradoxo bem-humorado para assinalar o tom de nosso
trabalho. O objetivo era o mais simples possível: atestar que a realidade que nos
circundava não era diferente de outra parte de mundo, que ela oferecia mil assuntos para
narrarmos. Ou seja, ela não era desinteressante ou privada de simbolismo e atualidade.
E outra questão propositiva: nossa geração queria mostrar a cara, seus talentos. Deixar
seus sinais de passagem.
A linguagem regional foi uma constante no projeto Grimpa. A variação
lingüística estava no nome de cada edição e em todos os textos, em maior ou menor
medida. Os redatores tinham abertura para se manifestarem a partir de expressões
populares no corpo das reportagens. O tema linguagem foi pauta de matéria especial e
argumento de uma história em quadrinhos. Segue a lista de expressões que, trabalhadas,
deram nome às edições:
−Caminhand(inh)o contra o vento (#01, Julho de 2005);
−Ê tempo loco (#02, Agosto-Setembro de 2005);
−Mecê dos qualé? (#03, Outubro-Novembro de 2005);
−Quedê-lhe? (#04, Janeiro-Fevereiro de 2006);
−Ficar para a semente (#05, Abril-Maio de 2006);
−Há-de mesmo? (#06, Setembro de 2006).
No editorial de segundo número houve uma explicação ampla da proposta do
1 Trecho do primeiro editorial, comentando o simbolismo da grimpa: “poderíamos atribuir a cada uma daquelas
folhas feitas em espinho uma questão de amostragem de nossa identidade, cada uma um verdadeiro átomo da cultura
paranaense; um mundo invisível quando a vista enquadra toda a árvore”.
2
jornal. Ele comenta nossa predisposição à descrição da cidade, à valorização do trabalho
de campo e à reunião de um grupo de autores. Quanto ao primeiro quesito, dizíamos que
era interesse “realçar a proposta de (d)escrever a cidade, suas possibilidades,
sensações e vivências” (grifo nosso), afinal, numa “época de extremados achismos,
onde todo mundo avalia de tudo e vive de menos, já seria uma contribuição dizer a um
leitor do futuro como as pessoas de certa época e região andavam nas ruas, se
relacionavam e para onde olhavam”. E confirmávamos: “uma árvore aqui é notícia”.
Com o distanciamento do tempo e com a reflexão daqueles trabalhos,
poderíamos traduzir da seguinte forma: gostávamos de pessoas antes de gostarmos de
tecnologias. Era jornalismo para deixa o computador e o telefone em plano secundário.
O repórter precisava fazer uma imersão no palco onde ocorressem os fatos que ia relatar
- “o estímulo a um trabalho de campo, de pé na rua, barro, asfalto e tapete, visa a
testemunhar um cenário de opções humanas” (grifo nosso). Relacionar-se com o tema,
fazer intercâmbios, pesquisar e se deslocar pelo mapa a fim de constatar a variedade das
ocorrências e das interpretações humanas.
Havia, como neste 2008, três jornais locais – Diário dos Campos, Jornal da
Manhã e Diário da Manhã. Saltava aos olhos de visitantes que folheavam esses
periódicos, a quantidade de colunas sociais. Por veículo, havia pelo menos duas com
conteúdo inédito. Inexistiam espaços dedicados à crítica de arte, por exemplo. E a
cobertura da temática da cultura era pequena e presa à agenda de eventos. Deixamos a
cargo de um historiador ou de um jornalista, o levantamento daquilo que era sensível a
quem acompanhava a dinâmica cultural da cidade e a sua repercussão nos meios de
comunicação. Pois, aqui a nossa recuperação é sobretudo memorialística. Entre os
impressos de mais larga periodicidade, o mais simbólico em termos de registro é o D
´PontaPonta, por sua longevidade. Enquanto muitos jornais surgiam e desapareciam, ele
ficou. Começou na década de 1980, e neste 2008 sua edição de Março estampa ano 20,
número 155. Talvez tenha sido ele o responsável por consolidar uma tradição local de
impressos de distribuição gratuita aos jornais cujo foco não sejam as notícias quentes
(hard news).
Após o lançamento do Grimpa, o boca-a-boca fazia duas associações
3
recorrentes: uma ao jornal Nicolau (alternativo paranaense de década de 1980, vide
tópico Pano de Fundo Cultural) e outra ao “D´Ponta de antigamente”. Ambas nos
davam alegria porque sugeriam que estávamos suprindo um público carente de
conteúdos mais elaborados. E, claro, de formatos menos antiquados. Era a conclusão
que tirávamos – representávamos uma linha de agitação cultural. A inconfidência dos
corredores dizia que o grito de independência se fazia ouvir em toda parte. Ocupava-se
uma posição alternativa ao jornalismo disponível em bancas e balcões de espaços
culturais. E , mais, éramos comentados e avaliados como um laboratório jornalístico de
pauta, estilo e design. O D´PontaPonta estaria diferente porque mudara de foco. Ainda
que dando visibilidade para a literatura e a umas reportagens de fundo, ele foi dando
cada vez mais espaço ao colunismo social. Logo, em detrimento da cultura. E o fez por
questões de sobrevivência, conforme o relato de seu editor-chefe Eduardo Gusmão. É
necessário fazer nota que o “D´Ponta” nunca deixou de fazer as suas intervenções, como
as costumeiras coberturas dos Festivais de Teatro e da Canção, os eventos culturais
mais significativos de Ponta Grossa.
E o Grimpa, mais que um jornal independente - pois era livre de vínculos
institucionais2 -, queria ser um espaço privilegiado para a circulação de idéias.
Colaborar a um conceito mais amplo de cultura, para além da cobertura de artes e
espetáculos. Estava encetada uma luta contra um estado de acomodação típico da
intelectualidade local. E se a represa de idéias era justificável aos setores mais
conservadores, não seria para os criadores. E que não eram tão poucos quanto pareciam,
porém marcados pela dispersão, incomunicabilidade e pela falta de referências próprias.
E todos nós seríamos outros mais a sermos agarrados pelo fantasma da reclamação
eterna e pela mística provinciana que, invertia o otimismo de Pero Vaz de Caminha.
Assinalava o provérbio: aqui nada vai para frente. A sorte foi termos contraposto os
preconceitos que fadavam os projetos culturais ao lugar nenhum. Mais um pouco e
seríamos outra geração de autores em silêncio. E o caso era: ou era aquele momento ou
2 Aproveitando dessa condição fizemos contundente crítica sobre a desestruturação da Fundação Cultural, rebaixada
à condição de Secretaria, em Ponta Grossa. Citação do editorial de número quatro (Jan/Fev06): “queiram [nos]
perdoar alguns, mas (felizmente) o Grimpa não é um projeto governamental e, portanto respira em 2006 (...) nem vai
prometer ao ouvinte, perdão, leitor, resolver os problemas do seu bairro sem sair do shopping. Mas como qualquer
um, ele aceita visitas, comentários (os pertinentes, de preferência) e jantar a luz de velas”.
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nunca.
O primeiro editorial reconheceria uma das linhas do projeto Grimpa – unir
interesse público à criatividade (…), pois “nosso desafio é interpretar um pouco dessa
realidade que circula de ônibus, anda de bicicleta, é pedestre ou motorista e que dia-adia transita em nossa frente”. Em certo momento a única classificação que podíamos
pensar para nós era de sermos um jornal folk, explorando as interfaces dos mais
diversos produtos simbólicos – “cada edição é uma tentativa, por vezes desesperada,
mas não menos criativa, de unir vozes que estão dispersas ou mesmo esquecidas e
cambaleantes pelas ruas” (editorial da edição #02). Afinal, o debate identitário circulava
com tão pouca freqüência pela imprensa que fazíamos uma provocação3 - “não há
sequer [entre nós] uma crise de identidade, pois a letargia de nosso autoconhecimento
nos impede alcançar o estado de crise” (idem).
Organização e conceitos do jornal
O Grimpa tratava prioritariamente de temas sobre a identidade e a diversidade da
cultura paranaenses. Espaço para uma digressão – em suas viagens pelo Brasil, muitos
paranaenses são convidados a falar do Paraná. A tendência é apelarem para a economia
e na imagem do povo trabalhador e de mesa farta. Os avanços do tema são rarefeitos.
Agora, nossa equipe queria falar mais de si mesma e dos conterrâneos. E, em particular,
debruçar-se sobre a dúvida sobre qual era a nossa cultura. Olharmos para nós mesmo e
nos analisarmos. E de maneira a não perder a alteridade, pelo contrário, receber
influências. O fator “tempo presente” estabelecido pelo nosso jornalismo desejava ativar
tanto a memória como o cotidiano em favor de possibilidades sociais mais interessantes
que aquelas disponíveis. Quebrar o dique do silêncio, deixando extravasar a
3 A atitude de provocação visava a uma agitação cultural. Em verdade, colocávamos em letras de forma debates que
circulavam pelos cafés ou pontos da vida boêmia em que a comunidade universitária e artística, de modo mais
significativo, estava presente. Segue um trecho do quinto editorial (Abri/Mai06), tão nosso como de tantos outros de
nossa geração, que residiam ou estudaram na cidade: “Ponta Grossa acaba sendo nosso principal cenário para objetos
de pesquisa e reflexão, não só porque é o ponto de irradiação do Grimpa. É também um local em que se agudizam
contrastes da região: um interessante conflito do rural com o industrial, do cosmopolita com o provinciano, do
citadino com o mundial, do para com o retrógrado, da fragilidade econômica com a pompa em qualquer
circunstância. A tantas cidades vale a nossa pergunta, que para aqui é visivelmente pertinente: não somos muito
fechados a novas influências? (...) Vamos aos lugares de debate e percebamos se não há por ali alguma autoridade
autoproclamada. Vejamos se nesses comportamentos que levam um tema ao estado de sítio, há uma rotatividade do
conhecimento. (...) Nossos grupos estão preservando sua identidade ou estão se amargando na sua mesmice?”
5
criatividade. Exercer em texto e imagem uma liberdade desconhecida em outros
veículos. Era de se esperar que a conseqüência que esses valores se realizariam em
determinados procedimentos que, por sua vez, influenciavam forma e conteúdo do que
era produzido.
Enquanto uma certa regra tácita dos jornais locais e regionais sugeriam textos de
aproximadamente 3.000/3.500 caracteres, as matérias do Grimpa eram superiores a
6.000. Sendo as matérias principais em torno de 10.000 caracteres. O motivo dessa
opção era promover um exercício de escrita e leitura diferenciadas, estabelecer uma
relação mais reflexiva tanto dos jornalistas e demais criadores com o do público. A
nossa matéria-prima era o texto e o objetivo era o lançamento de uma seiva elaborada.
A descrição de ambientes, personagens e roteiros era recomendada aos redatores em seu
trabalho de conciliar informação e interpretação. Embora não falássemos em Jornalismo
Literário como conduta, poderíamos nos reconhecermos naquilo que Norman SIMS
(1984, p. 03-25) chamaria de os sete pilares do JL: imersão, humanização,
responsabilidade, exatidão, criatividade, estilo e simbolismo. Mergulhávamos no real e
no imaginário social.
A proposta Grimpa era assumir um jornalismo de autor4. Pois, se havia na
imprensa jornalistas reconhecidos por serem um “bom texto”, bem-informados e com
4 Estrutura do Grimpa e créditos:
1) JORNALISMO A) Roteiros - No Estado (3 matérias, # 04, 05, 06) e na cidade (3 matérias, # 03, 05, 06; B)
Cenários (4 matérias, #01, 02, 02 e 04, c) Personagens (4 matérias, # 01, 02, 03, 06); d) Entrevistas - O escritor
paranaense Cristovão Tezza (# 01, 02), o músico paranaense Marinho Gallera (#05) e o crítico e diretor de teatro
Antonio José do Valle (#04); e) Brincadeiras de rua e temas da infância - (2 matérias, # 01, 03); f) Artigos (p. 11)
– 3 artigos. AUTORES: Ismael de Freitas, Rodrigo Kwiatkowski, Victor Miranda, Elias Lascoski, Danilo Kossoski,
Marcelo Engel Bronosky, Helcio Kovaleski, Rafael Schoenherr, Ben-Hur Demeneck, Jeferson Augusto, Caroline
Passos, Diego Antonelli, Marcelo Teixeira, João Quaquio, André Rosa. Colaborações, em artigo, de Cláudio Chaves
e João Amálio.
2) HUMOR - a) Os quadrinhos: Homem-Bunda (de James Robson França, o Sádico); Tope Topete (de Álvaro
Fonseca Jr); charges de Danilo Kossoski; b) a sessão “Conta Outra!"”: lenda urbana local (pseudônimos, Artur Pena e
Carlito Spallanzani; c) Geral: cruzadinha com termos regionais, a “Repercussão (negativa) do Grimpa”, frases e
pequenos textos de humor. d) Especiais: Futebol e política: “Seles´ção, qualquer um pode!” (caricaturas do prefeito e
vereadores) e “Bruxo Brusco e o Sapo Diapar” (#03 – HQ brincando com a variação lingüística).
3) LITERATURA - a) Crítica: As seções fixas “Torre de Babel” (Helcio Kovaleski) e O esquecido do mês” (Alceu
Bortolanza); b) Contos: Hélio Ferreira, Rodrigo K, Luciano D´Miguel; c) Poesia: Ricardo Oyarzabal e Hélio
Ferreira; d) Memórias: A série “Memórias de um cinéfilo”, do professor Antonio João Teixeira (3 textos)
4) TRABALHO GRÁFICOS - Design, ilustração e fotografia - Luciano Schimitz (designer, diagramador e
ilustrador – autor de destaque em todas as edições), Sádico (James Robson França) e Erickson Cruz. Artistas
plásticos Diego de los Campos – autor de todas as capas e de desenhos do miolo e contracapa do jornal, foi quem
concebeu o logotipo; Sebastião Natalio e Carlos Chá. Fotografia Destaque para Rodrigo Czekalski. e Edimar Ferla.
E à participação especial de Hugo Harada e colaborações de João Carlos Freitas e Alceu Bortolanza. Cartogramas
confeccionados pelos geógrafos Marcio Ornat e Almir Nabozny (edição #01 e #03).
6
faro.
Notadamente figuras que rompiam a mediocridade, eles estavam sujeitos a
amarras - as inflexíveis limitações editoriais. Próximas a um jornalismo relatorial cuja
realização via de regra só era possível pelo telefone. Para nós, a autoria (the voice) se
faria mais presente à medida que a reportagem ganhasse em extensão, apuração e
emprego de técnicas literárias. A regra era que um texto passasse por três reescritas. Ou
seja, o redator terminava seu texto, enviava a um dos editores e depois o recebia com
novas sugestões. Por três vezes. aproximadamente. Era um processo de diálogo a fim de
enriquecer o trabalho final, em que o próprio autor poderia manter sua posição a partir
de argumentos5.
Inicialmente, a pauta era indicada pelos editores a fim de estabelecer uma linha.
Com a sua assimilação, os repórteres apresentavam um tema ou abordagem. No caso de
colunas e artigos, havia uma opção tomada muito mais por parte do redator que dos
editores. No entanto, o mais comum, era que os dois editores concentrassem esse
trabalho, promovendo uma sintonia entre os trabalhos. O fato de não haver uma sede,
uma redação propriamente dita, complicava outra forma de atuação. Afinal, era reunir
as pessoas, mesmo informalmente para reuniões de pauta. Nesse sentido, partíamos de
certos temas centrais como roteiros, fronteiras do Paraná, memória, brincadeiras de rua
etc e então trabalhávamos a pauta. Uma idéia que tínhamos para a continuidade dos
trabalhos era a escrita de um manual de redação. Para consolidar o modelo proposto
pelo Grimpa. Fracassamos nesse ponto. Uma outra expectativa sem alcance foi a de
promover a contínua remuneração dos colaboradores. Nos dois primeiros números
houve o pagamento de um pro labore. Com a dificuldade em manter e renovar os
5 Essa preocupação com o texto chegou a ser apontada pelo Ombudsman como exagerada – “em alguns momentos,
o Grimpa se preocupa demais com a estética literária. Não dá para fazer arte pela arte, é preciso intervir” (quinta
edição). Afinal, o ouvidor se mantinha atento para que o valor de interesse público fosse reiterado em cada texto “nosso compromisso está, para além do simples relato de experiências em dizer como essas experiências (nossas ou
não) podem vir a contribuir para o entendimento da região em que vivemos” (edição quatro). E assim se mantinha
Bronosky, que além de jornalista e professor universitário sempre foi ativo observador, quando não participante, dos
debates políticos a seu alcance. Portanto, nesse sentido é que sua segunda coluna mesclava um suporte ao trabalho
realizado pelo Grimpa com críticas, essenciais a nossa análise editorial: “fiel a proposta de ser um jornal diferenciado,
não só na eleição dos assuntos, mas no tratamento dado a eles, Grimpa apresenta-se como uma alternativa à grande
mídia, especialmente àquela que aborda temas culturais. Aqui entendida num sentido mais amplo. Isso posto, não
posso me isentar de apontar algumas questões que me parecem necessárias, como no tocante aos aspectos gráficos.
Grimpa apresenta nesta edição uma diagramação que explora os espaços em branco. Até ai tudo bem, até porque
espaço em branco também é informação já dizia um semiótico de plantão. Contudo, na tentativa de deixá-lo mais leve
visualmente (o que aconteceu), acabou prejudicando o acesso aos conteúdos na medida em que as letras ficaram
menores, alguma coisa em torno de oito e dez de tamanho. Não sei quanto a vocês, mas minha idade exige letras
maiores. De toda forma, o excesso de branco acabou forçando a redução no tamanho das letras”.
7
anunciantes, aceitou-se o voluntariado. Até porque as edições tinham uma periodicidade
alongada e, em reportagens de maior fôlego, se procurava por pautas que o repórter as
pudesse resolver dentro das suas habilidades e estrutura. Sobre a contrapartida do
jornal, segue o relato do jornalista Danilo KOSSOSKI (2008):
É verdade que a participação praticamente não tinha retorno financeiro, mas os que
estavam naquela empreitada não esperavam receber apenas dinheiro. Eu me sentia
honrado em ter um texto ou charge publicado ao lado da produção de outros colegas
que eram, reconhecidamente, ótimos profissionais e amigos. A diversidade de
pensamentos e atitudes era evidente, e trazia variedade ao Grimpa. Em comum havia
o esforço por fazer algo diferente. Havia, assim, reportagens que se aproximavam da
crônica, ou do jornalismo literário. (...) Na equipe havia os estudantes, os
desempregados, os autônomos e os contratados. Uns com bastante tempo sobrando e
dinheiro faltando. Outros com pouco tempo e pouco dinheiro. Não sei se havia
alguém com muito dinheiro. Acho que não. O que não faltava nunca era criatividade.
*
O Grimpa era editado em Ponta Grossa, região Centro-Sul do Estado, e a
impressão feita no Norte, em Apucarana, pela empresa Grafinorte6. O material impresso
era despachado de madrugada por uma viação de ônibus.
- A partir das duas da madrugada ele chega – era o que diziam por telefone.
A partir mesmo. Só depois de duas madrugadas, em um período de três meses, é
que percebemos que o horário era as quatro da manhã. Em verdade, o tempo era
aproveitado para pontuar a nova agenda. Como diria García Márquez, jornalismo é a
melhor profissão do mundo. Mas – leitura livre: alegria hoje, amanhã é tudo de novo.
Rafael e eu ficávamos na rodoviária, hoje demolida7, tomando chá de cadeira. Se
perdêssemos o ônibus, o despacho chegaria a Irati, União da Vitória, beirando a
fronteira com Santa Catarina, e seria tarde demais. Só a primeira edição é que foi
possível pegá-la numa distribuidora, sem nenhum custo adicional.
As empresas de distribuição seriam ônus demais para o balanço do jornal, então
não foram contratadas. Em contato com uma delas, o empresário queria saber do editor
umas perguntas antes de dizer o preço. A fim de saber com que montante estávamos
6
A Grafinorte fica em Apucarana, Paraná, no endereço Avenida Zilda Seixas Amaral, número 4270 – Prq Indl –
Zona Norte.
7 A história da demolição da rodoviária e a memória dos funcionários dos sanitários está contada no TCC de Luciano
D´Miguel, defendido em dezembro de 2007: “(L)Indas e Vi(n)das”. Curso de Jornalismo da UEPG.
8
acostumados a trabalhar, lançou ardis como o de saber quanto pagávamos para a
gráfica. Ele momentaneamente estava decidido a fazer um jornal para a igreja de que
era fiel. Como essa era a distribuidora com as melhores recomendações, optamos pelo
método informal, distribuindo maços para quem se prontificasse a ajudar. Os próprios
integrantes do jornal e simpatizantes trabalharam na distribuição. O foco eram os
espaços culturais e os pontos de encontro: bibliotecas, livrarias, sebos, cafés, padarias,
entidades de classe, órgãos governamentais8. Dentro de Ponta Grossa e nas cidades em
que tínhamos correspondentes, como Castro, Tibagi, Palmeira, Reserva, Guarapuava,
Curitiba, Ivaí. Na cidade de Irati, a partir do terceiro número houve uma parceria com o
Jornal Hoje Centro Sul. Passando a incluir o Grimpa como encarte. Outra parceria bem
interessante foi feita com o Núcleo Regional de Educação, que recebia 150 exemplares
por edição para poder distribuir a cada escola três exemplares. O objetivo principal é
que fossem às respectivas bibliotecas. Onde um livro fosse bem vindo, o Grimpa
também era9. O jornal não era distribuído em bancas.
Terminou aos poucos
O jornal Grimpa terminou sutilmente. Uma falta de motivação crescente se
associou a momentos específicos da vida dos integrantes. O distanciamento entre os
editores, a falta de comunicação – vício recorrente entre jornalistas – foi uma das
causas. E a reunião que havia foi desaparecendo. O Grimpa bem poderia seguir, porém,
demandava um empenho de muito tempo, dinheiro e energia – se o dinheiro fosse farto,
as outras duas variáveis seriam relativizadas. Do jeito que ia, era preciso alguém se
dedicar de modo quase que exclusivo a ele. Todos precisavam batalhar a subsistência. E
8 Cine-Teatro Ópera, nos campi da Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Centro Superior de Educação dos
Campos Gerais, na Faculdades União, Faculdade Santa Amélia, cafés, livrarias Verbo, livraria Bom Livro, Sebo
Espaço Cultural, Loja de Discos Arco da Velha (este era uma espécie de posto avançado, pois era empresa de um
colaborador, Alceu Bortolanza), Sebo Pantera, SESC-PG, locadoras de vídeo centrais, fotocopiadoras, Biblioteca
Municipal, Casa da Memória). Em Castro, no Teatro Bento Mossurunga. Em Irati, começou a circular como encarte
do Jornal Hoje Centro Sul. Em Curitiba, na Biblioteca Pública do Paraná.
9 Em resposta ao questionário (explicado aos detalhes em nota posterior), o jornalista Danilo Kossoski faz um
depoimento sobre se o jornal era ou não estritamente local: “Embora minha participação tenha sido exclusivamente
dentro da cidade de Ponta Grossa, é bom ressaltar que houve gente de outras cidades e estados, escrevendo para o
Grimpa. E que também houve leitores de outras localidades. O que demonstra que o Grimpa não tinha a intenção de
ser apenas ponta-grossense. Por outro lado, seu conteúdo trazia elementos que buscavam apontar a identidade desse
povo que mora aqui” (2008).
9
como o jornal não teve um sumiço súbito, a sétima edição começou a ser organizada.
Justo no momento em que o jornal recebia uma colaboração extraordinária, do
escritor Domingos Pellegrini. Autor contemporâneo, conceituado e premiado. Inclusive
com a distinção literária Jabuti. Liberou o uso de uma poesia, de seu livro “Gaiola
Aberta” e mandava um texto inédito, de mesmo nome. Havia uma curiosidade, era um
texto que Pellegrini havia tinha feito para um jornal de Curitiba, da Biblioteca do
Estado, se não falha a memória. Por motivos quaisquer, ele não tinha sido publicado. E
novamente o acaso – o texto permaneceu sem publicação10. Para ilustrar, chegou a ser
feito um trabalho em técnica mista por Miguel, então professor da Cultura Inglesa e
aluno de Letras da UEPG. Será a continuidade de uma integração aos artistas plásticos.
Uma resenha e outras duas reportagens estavam em andamento, uma sobre o homem de
teatro Cleon Jacques e a outra sobre um bairro, o São José.
A memória do Grimpa se encontra preservada na Casa da Memória e no Museu
Campos Gerais, ambos em Ponta Grossa (vide Bibliografia). Os seis números integram
o acervo de publicações das instituições. Pretende-se, futuramente, dispor o material na
internet ou fazer a publicação de fac-símiles em formato livro.
Retrospecto: o pano de fundo cultural
O Grimpa é tributário de uma série de costumes e valores traduzidos em
produções culturais anteriores a ele. Parcela dos conceitos e processos jornalísticos
presentes no jornal são influenciados por um cenário do qual participaram alunos e
egressos do curso de Jornalismo da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa).
Os fanzines formaram uma importante tradição. E muito do colaborativo, da
10 E o texto de PELLEGRINI começava com esses dois brilhantes parágrafos – e finalmente um trecho do texto
circula entre nós: “Eu tinha seis anos e balançava na rede, naquele que seria o primeiro dos dias memoráveis da
minha vida, porque gente começou a chorar de todos os lados, ou a olhar o vazio atoleimados: o presidente Getúlio
tinha se matado na noite anterior, era 25 de agosto de 1955. O Anjo Negro, diziam, o guarda-costas Gregório
Fortunato, tinha desgraçado a vida do presidente ao mandar matar um tal de Carlos Lacerda.
OURO NEGRO
Mas eu já estava calejado em emoções coletivas porque, no começo daquele mesmo agosto, uma tal Geada
Negra tinha feito gente gemer e se descabelar. Para mim, geada era gostosa porque significava gemada quente no café
da manhã, mas com o passar dos dias percebi que a tal geada esvaziava a Pensão Alto Paraná da mãe, até então
sempre cheia de peões, mascates e camelôs. E o Salão Regente, do pai, aos sábados deixaria de ficar com o piso
forrado de cabelos, tanto era o movimento na Londrina Capital Mundial do Café, os barbeiros não tinham tempo de
varrer o chão entre um freguês e outro!”
10
crítica e da agitação cultural presentes no Grimpa vem da convivência com essa forma
de publicação alternativa, fechada a um público menor. Em geral, eram de duas ou três
folhas de A4 dobradas ao meio, formando edições de oito e doze páginas. Com uma
diagramação intencionalmente despojada e textos irreverentes. Os fanzines evocam
fortemente o prédio da rua Riachuelo que acomoda a Universidade11.
Entre os integrantes do Grimpa estiveram autores e colaboradores de diversos
fanzines, como o Incenso, Paralelo 25, Joyzine, Maskara e Xá. Entre 2001 e 2003, por
dois anos seguidos houve dois concursos Bugio de Ouro, confraternizando essa
comunidade cultural (como percebido, até o fechamento dessa pesquisa não se
conseguiu precisar essas datas). A segunda edição foi a de maior adesão, incluindo
estudantes de História, Física e Artes. O que é um pouco explicado pela maior
publicidade e por ter premiação. O evento teve a simpatia e apoio do Departamento de
Comunicação, com professores fazendo a doação de livros e discos. Essa edição
antológica inseria a novidade do “Mico de Palha”, premiação dada àquele que fosse pior
de todos os trabalhos inscritos. Reuniu-se a seguinte lista de participantes:
Ingovernáveis, Diploma, Substantivo, Liminte, O Xiúro, O Onanista, O Perversor, Óleo
de Peroba, Pacú, Pacú (sim, foram dois com o mesmo nome), Xá, Delírios Cotidianos,
Limo-Zine e Improaviso.
Durante seus anos de estudo, os acadêmicos de Jornalismo tiveram disciplinas
como História da Comunicação e Comunicação Comunitária, que poderiam ter versado
sobre como o Paraná procurava registrar e debater sua cultura pelas páginas dos jornais
e das revistas. No entanto, a bibliografia não contemplava esses tópicos. As informações
que chegaram às turmas que entraram no início dos anos 2000 eram, em sua maioria,
feitas por conversas informais ou pesquisas de cunho individual. Não é à toa que Jürgen
Habermas atribui à formação da esfera pública aos cafés europeus. Pois também
fazíamos nossa transição do privado para o público com a cafeína pelas veias, nos
intervalos das aulas.
O Paraná teve publicações como o Joaquim (1946-1948) e o Nicolau12, em que
11 Um registro sobre a circulação de zines pela UEPG é o artigo da pesquisadora Cíntia Xavier – “O Nanquim e o
curso de Comunicação da UEPG”. Apresentado no terceiro encontro da Rede Alcar.
12 Depoimento de Sebastião Natalio, por e-mail, Abril de 2008: “Um dos melhores jornais alternativos do Paraná,
11
passaram personalidades importantes da cultura paranaense como Dalton Trevisan e
Paulo Leminski, respectivamente. Periódicos que se não tiveram uma influência direta
em nossa formação, afetaram o nosso imaginário de imprensa cultural. Atualmente, a
produção feita ao longo do estado não chega em muitos pontos diferentes. Mesmo para
publicações como o jornal Rascunho, que está em seu oitavo ano de circulação e é
considerado o maior jornal de literatura do país13. Ou revistas como a alternativa
Coyote, que em 2007 completara cinco anos de circulação14.
Em Ponta Grossa, além dos zines tivemos experiências próprias. Por volta de
1992 houve a edição de Andarilhos no Calçadão15, que não cheguei a conhecer. Dou
um salto de dez anos para contar de uma experiência anterior ao Grimpa, o jornal
Ucarana16. Nele um grupo de cinco repórteres, ainda alunos da UEPG, formava o núcleo
de produção jornalística. Todos se apresentado no expediente como editores. A edição
de número zero data de maio de 2002, tendo apenas duas outras em seguida. Era um
tablóide de 12 páginas com tiragem de 1.000 exemplares e uma sugestão de preço em
cinqüenta centavos. Vinculado à universidade, havia o jornal Foca Livre e a revista
embora atrelado ao poder do Estado (era publicado pela Secretaria de Estado da Cultura), servia apenas como
cobertura de assento pra moçada jogar truco, ou como travesseiro. Trazia textos do Wilson Martins, ilustrações do
Solda e Retamozzo, grandes reportagens, destaques da literatura (Dalton Trevisan), bons poetas (foi por ali que fiquei
conhecendo um pouco de Walt Whitman, também jornalista como nós - "O Captain! My captain!"). Acho que ainda
tenho alguns exemplares em casa. Este era o Nicolau, hoje temos o Rascunho, que trilha o mesmo caminho do seu
sucessor”.
13 Em 07 de Maio 2008 circula a edição de número 97. Periódico editado em Curitiba .Idealizado pelo jornalista
Rogério Pereira.
14 Em Setembro de 2007 circulava a sua 15ª edição. Era editada pelos poetas Marcos Losnak, Maurício Arruda
Mendonça, Rodrigo Garcia Lopes e Ademir Assunção. A publicação recebia patrocínio da Prefeitura de Londrina,
por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), da Secretaria de Cultura.
15 Depoimento do jornalista Sebastião Natalio, por e-mail, abril de 2008: “Em Ponta Grossa, tínhamos o 'Andarilhos
do Calçadão', no qual colaborei em algumas edições. O seu idealizador é o jornalista Ricardo Staut. Na verdade, o
Andarilhos era fruto de um fanzine que o Staut editava em Cascavel, onde morava. Em Ponta Grossa teve poucas
edições, não me recordo quantas, mas o suficiente para que outros veículos de comunicação tradicionais torcessem o
nariz para um alternativo que estava a lhes roubar mercado. Foi uma vida curta, mas muito produtiva. Os temas
tratados eram vários, e já tinha o Benett com seus cartoons, mesmo antes dele ter entrado no curso de jornalismo.
Lembro que fiz alguma coisa sobre a Tropicália e algumas coisas sobre o Fenata. Tinha até Ombudsman, podemos
dizer que foi o primeiro a ter esta figura, que era o Renato Biondi, hoje chefe da TV Imagem, de Paranavaí. Até
mesmo a maçonaria abriu as portas para uma supermatéria, interpretada depois em quadrinhos pelo Ricardo Staut,
onde um cara que tenta descobrir o que é a maçonaria, morre com uma facada nas costas. Esta edição foi histórica.
Reza a lenda que esta interpretação é que teria levado o jornal à morte”.
16 E o jornal era uma realização de Marcos Silva, Cristina Kapp, Rodrigo Kwiatkowski, Elias Lascoski, Ben-Hur
Demeneck. A edição de número um data de Junho de 2002. Trouxe reportagens sobre fanzines, grafitti e anarquia. Na
edição de número dois, de Agosto de 2002, matérias abordagem a passagem de Raul Seixas por PG, a tradição do
samba de rua de um bairro da cidade e as peculiaridades de uma das praças centrais. Os dois primeiros números eram
em PB, apenas o último teve capa, contra-capa e páginas centrais coloridas. Ucarana era uma expressão inventada
pelo grupo. A explicação completa está na edição zero, disponível na Casa da Memória de Ponta Grossa, Paraná.
12
Nuntiare. Ambos laboratórios de Jornalismo para os futuros homens da imprensa. Aqui
e ali haviam contribuições, como o Encarte, um suplemento ao Foca Livre, nos anos de
1998-199917. Como visto, a universidade acaba sendo o ponto de encontro primeiro do
que seria o Grimpa. Não à toa, o seu primeiro número circularia o Festival da Canção de
2005. Um ano antes, uma história que recupera a vinculação daqueles que fariam a
edição do periódico e que explica muito dos acertos e vícios do jornal. Segue mais um
trecho conduzido pela memória. Ou seja, ano de 2004.
Sob a identificação de grupo Campos Alternativos, Rafael e eu conversamos
sucessivas vezes com a diretoria da Pró-Reitoria de Assuntos Culturais da UEPG a fim
de demonstrar o simbolismo da vinda do grupo Tarancón, ícone da latinidade, para o
Festival Universitário da Canção. Banda fortemente identificada com o movimento
estudantil dos anos 1970 e que defendera “Mira Ira” (de Lula Barbosa e Vanderlei de
Castro) no Festival dos Festivais, em 1985, com versos em idioma ameríndio. O diálogo
foi proveitoso e a abertura exemplarmente democrática de Cláudio Guimarães levou ao
êxito a nossa proposta. E o Campos Alternativos foi citado pelo guia do Festival como
parceiro18. A experiência de intervenção cultural levaria a uma coordenação de esforços
que um ano depois culminaria no lançamento do Grimpa, no mesmo FUC. O grupo de
autores estava disperso, porém, informalmente, todos partilhavam o desejo de praticar
jornalismo com temas e estéticas caros para a nossa geração19.
17 Informação concedida por e-mail pelo jornalista Irinêo Netto, em abril de 2008.
18 Logo depois, procuramos fazer uma contribuição mais significativa: documentar nossa avaliação. Houve a
redação de um documento de 15 páginas, entregue após o Festival. Não sabemos em que proporção contribuímos
para que no ano seguinte tenha havido a primeira edição da etapa regional do FUC, no entanto, acreditávamos que
apenas com esse tipo de intervenção poderíamos fazer uma mudança na cultura de Ponta Grossa. Bem,
explicitávamos no texto uma demanda da comunidade universitária que se colocava mais evidente com o passar dos
anos,e que traduzimos no seguinte trecho: “como dar representatividade aos músicos locais visto que é da iniciativa
do Festival revelar e incentivar talentos, inclusive da região?” (tópico Local e Nacional, p. 08).
19 Passando essa fase de aproximação, começamos um projeto para fazer um jornal e reunir os tantos criadores que
mantínhamos contato. E então passarmos nosso recado. Foi assim que se tornaram editores do futuro Grimpa Rafael
Schoenherr e eu, Ben-Hur Demeneck. Jornalistas formados pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Na época de
circulação do jornal, Schoenherr trabalhava como professor da mesma universidade, a partir de seu título de Mestre
em Comunicação pela Unisinos (São Leopoldo-RS), enquanto eu passava um período dedicado ao autodidatismo e a
projetos antigos. Eu tinha recém-defendido a especialização em Jornalismo e Mídia pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Boa parte da equipe era formada por jornalistas graduados pela UEPG, compondo turmas
diferentes. Schoenherr e Elias Lascoski eram da turma de 1999; Luciano Schimitz, Rodrigo Kwiatkowski, Edimar
Ferla, Rodrigo Czekalski e eu, da turma de 2000; Danilo Kossoski e Caroline Passos, de 2001. Helcio Kovaleski,
Luciano D´Miguel, Ricardo Oyarzabal e Ismael de Freitas eram de turmas anteriores. / Lascoski e Kwiatkowski, em
2005 trabalhavam como redatores de publicidade e tinham um relação profissional e de amizade com Erickson Cruz e
James Robson França, cartunistas e quadrinistas. Os editores também eram colegas de produtores culturais, mais
próximos ao ambiente acadêmico. Um deles o professor de Letras, Antonio João Teixeira, que mantinha na cidade o
13
Questionário
Um questionário com cinco perguntas20 foi enviado por e-mail a 33
colaboradores do Grimpa. Questões que podem ser conferidas na nota de rodapé 20.
Das respostas recebidas, destaco a contribuição dos participantes Almir Nabozny
(geógrafo), Álvaro Fonseca Jr. (cartunista) e Danilo Kossoski (jornalista). De modo
mais informal, colaboraram a este texto os pesquisadores do jornalismo Sérgio Gadini e
Karina Janz. E também os jornalistas Sebastião Natalio e Irinêo Netto. Vamos, pois,
montar um pouco essa idéia do jornal a partir do depoimento de seus integrantes. Então,
o que era o Grimpa?
1. O Grimpa era, na minha modesta opinião, um veículo em um formato antigo
com idéias e designer de vanguarda. Falava sobre artistas e arte, sempre tentando
resgatar, expor, valorizar e discutir. A diagramação não deixava nada a desejar e as
capas valorizavam demais o jornal. Adoraria ter feito uma capa para ele.
(Depoimento de Álvaro Fonseca Jr., grifo nosso, 2008).
2. O jornal alternativo tinha como proposta a divulgação de vozes, cores, imagens e
histórias do "lado B" da cidade de Ponta Grossa e região e em suas páginas foi
possível acompanhar a publicação de textos que teoricamente não encontrariam
espaço na imprensa tradicional da cidade. (Depoimento de André Rosa, grifo nosso,
projeto de extensão Tela Alternativa (e o mantém até 2008, com muito sucesso). E 2005, era o auge do grupo de
samba, Cabide de Molambo. Seu vocalista, André Rosa, colaborou umas vezes e teve o apoio cultural do Grimpa em
promoção de eventos. Hélio Ferreira, contista e poeta que colaborava para a seção de Literatura, fora aluno de
Antonio e colega de turma de André. Para ver como o Grimpa é fruto de um forte laço social acadêmico. / O SESCPG foi um importante apoiador das atividades. Recebeu por duas vezes o grupo para cerimônias de lançamento. Uma
formal e a outra para reativar os ânimos – aquela, uma circunstância que data de 16 de Setembro de 2005. A figura da
produtora cultural Márcia Sielski merece o nosso registro por suas tentativas incansáveis em perpetuar esse trabalho.
Afora os encontros no SESC, apenas uma reunião foi feita com a maior parte do grupo. Um estrogonofe na casa de
Rodrigo Kwiatkowski, que no final das contas não comeu nada, pois, bom anfitrião, cuidou dos outros e no fim
pegaram o prato que tinha preparado. Nesse dia, Rafael e eu tivemos a brilhante idéia de irmos ao Campus da UEPG,
em Uvaranas, cerca de cinco quilômetros do centro, pouco antes de dar uma hora para a festa. Havia um bosque
grande ao lado do centro de Pós-Graduação (CIPP), cheio de grimpas. Iríamos levá-las para fazermos uma fogueira,
era inverso. A Saveiro que estávamos pifa a parte elétricas. E estamos num bosque escuro e com a responsabilidade
de levar a comida. A única chance foi acudir para um parente de plantão, o senhor Ivo Bittencourt Jr., um típico
estereótipo de tiozão. Ele veio então com um Fusca nos acudir. Dali saímos para uma rua bastante íngreme, pegar
uma convidada e os pratos da noite. O estrogonofe teve de vir acondicionado dentro do capô do Volks. A festa foi
excelente. Todos prometeram repetir. O que nunca houve. Além do testemunho não há nenhum registro, sequer o
fotográfico.
20 Seqüência de perguntas: 1) Como se deu a sua participação no jornal? Narre, por gentileza; 2) Como você analisa
a relação do Grimpa com a sua área de atuação? (Ex: reportagem, ilustração, design, fotografia, crônica, conto,
crítica). Seja em termos de conteúdo, sem em termos de formato; 3) Você considerou (a) o Grimpa um jornal
alternativo. Por quê?; 4) Qual era perfil dos participantes do jornal?; e 5) Quais foram as grandes contribuições do
Grimpa em sua opinião? Você considera que apenas com seis edições ele tenha conseguido se tornar algum
referencial? Se sim, referencial do quê? Comente. Essas foram as cinco questões. Havia duas outras facultativas: 1) o
que ele poderia ter feito e acabou não fazendo, em sua opinião?; e, 2) Você tem algum relato final a fazer sobre o
Grimpa? Expresse as suas interpretações livremente. Compartilhe com os leitores algo sobre essa experiência
jornalística.
14
2008).
Para Almir Nabozny, o caráter coletivo do jornalismo se fazia presente no
Grimpa também no contato com outras áreas do conhecimento colaboradoras do
projeto. Como o jornal pretendia observar e descrever a cidade, queria também
compartilhar com o leitor uma experiência de reconhecimento de onde morava. Com os
pés mais firmes sobre sua terra, o leitor poderia ir bem adiante dos limites que impunha
para si. Nesse sentido, o geógrafo analisa o Grimpa como proposta pedagógica,
ausente em outros impressos de então:
Embora, os cartogramas em suma fossem ilustrativos, não explorados “os
fenômenos representados” as respectivas matérias em seu “corpo” trouxeram uma
importante contribuição no âmbito de dar visibilidade a “certas” geograficidades
silenciadas no corpo editorial comercial. Juntamente cumprindo um caráter
pedagógico para com os leitores uma vez que estamos habituados com as
representações cartográficas do Brasil, das Américas etc, e poucas vezes, seja no
ensino, seja na própria impressa, o cidadão tem a oportunidade de ver representada
a escala de seu cotidiano (Depoimento de Almir Nabozny, 2008).
O comentário a seguir testemunha o espírito cultural ativado pelo Grimpa ao
longo de suas edições. Respondendo qual foi a sua maior contribuição:
Performance nos debates cotidianos a cidade interiorana, o tradicionalismo, a
circularidade. Creio que isso é o discurso posto. Tem suas correspondências
empíricas. Todavia, nos restam algumas perguntas. A cidade é só isso, é só o que
temos de cultura? Certamente não. Como tática devemos olhar para os silêncios...
Sujeitos em silêncio ou expressões não ouvidas?
Como empreitada jornalística – fruto do saber fazer coletivo, ancorado por
alguns sonhadores centrais, em seis edições mais do que fazer!!! A experiência
demonstrou que é possível fazer. Talvez, os discursos silenciados reforçam o poder
posto quando, circulam seu debate entorno do conservadorismo, porque não dizer
também conservador. Ficando como legado que a hegemonia não é totalizante, deixa
brechas, essas que a experiência tão bem soube ocupar. Ser considerado um
colaborador nessa experiência é uma honra. Verdadeiramente não na condição de
geógrafo, mas como um agente que carregava alguns exemplares em baixo do braço
– pelo prazer de ouvir --- “Ah esse é o Grimpa!”; “Pô, gosto desse jornal”; “Ah aí
que saiu aquela matéria sobre a 31 de março” etc. Em que tiro como principal lição:
que há leitores ávidos por vozes plurais, cotidianas, poéticas (Depoimento de Almir
Nabozny, grifos do autor).
Ainda sobre a visão que os colaboradores tinham do jornal, vamos ver o que
Danilo Kossoski, autor de cartoons, contos e reportagens para o Grimpa tem a observar
15
sobre a perenidade das textos postos em circulação:
A informação contida nas páginas do Grimpa era para ser guardada para a vida toda,
já que não era um jornal com matérias “quentes”. Mais do que mostrar o que
acontecia na cidade, o Grimpa foi, e é, um registro do que era a cidade. Reportagens
como aquela sobre a Vila 31 de Março, e sua relação com o Golpe Militar de 1964,
devem servir como material de pesquisa. O Grimpa nunca foi o tipo de jornal usado
para forrar o assoalho do carro. Por três razões principais: primeiro porque o seu
conteúdo atrativo não permitia ser pisado; segundo porque o número de exemplares
era reduzido, e sempre tinha algum sujeito reclamando que os jornais “sumiram”
antes que pudesse apanhar o seu. Em terceiro lugar, o formato dos jornais não era
adequado para forrar o assoalho do carro (2008).
Álvaro Fonseca Jr., também cartunista, criador da personagem Tope Topete
(sátira aos consumidores de colunas sociais e colunáveis), comenta que não tivemos
tempo suficiente:
O Grimpa sem dúvida é e será um referencial de bom gosto, qualidade e
crítica. Creio que não houve tempo para atingir um número maior de
pessoas. Pelo próprio nível de seu texto, esteve um pouco distante da
maioria das pessoas. Entendo que era uma proposta com um formato mais
voltado a um público mais específico e, talvez por isso mesmo, pensando um
pouco na parte comercial, não se sustentou por um tempo maior. O Grimpa
era um jornal crítico por excelência, e crítica será sempre um entrave ao
sucesso dos pequenos, mas nunca será em vão.
Observações complementares
Grande parte do sucesso do jornal se deve ao talento de Luciano Schimitz. Que
mais de diagramar, fazia o design do Grimpa. Associado a sua formação jornalística, ele
era artista plástico, gostando de pintar quadros com cores quentes e motivos
psicodélicos. No jornal, fazia artes e procurava, dentro do possível, trabalhar com
brancos na diagramação. Usou e abusou do trabalho de Diego de los Campos, esse sim,
artista plástico profissional. Uruguaio radicado em Florianópolis, de los Campos ao
aceitar colaborar para o Grimpa, passou um cd com centenas de imagens digitalizadas,
todas de sua autoria. Original e prolífico, está em todas as edições. Todas as capas
traziam como elemento gráfico principal uma de suas gravuras. Sendo também criador
do logotipo do jornal –três grimpas em revolução.
16
Referente à capa do jornal, o uso de chamadas teve uma mudança ao longo das
edições. No primeiro número, havia apenas a citação dos tópicos principais ao rodapé.
Deixando a gravura, os brancos e o nome do jornal tomarem quase a totalidade do
espaço. À medida que os números avançaram, houve um incremento de conteúdo nas
chamadas. A edição de número seis, a última, é bem ilustrativa (vide figuras na última
página deste artigo). Procurando apresentar todos os temas com uma palavra-chave em
caixa alta e uma frase descritiva do texto, em caixa alta e baixa. Com destaque maior ao
jornalismo. A edição número quatro é o ponto de virada dessa alteração de uma
diagramação limpa para um uso maior de chamadas. Na quinta começa se combinam os
trabalhos de de los Campos e Schimitz, em que a rusticidade daquelas gravuras passa a
ser composta com as escolhas oníricas deste. Em termos gráficos, ressaltamos um item
presente da terceira edição em diante. Era um selo de Cultura Paranaense com as
cores azul e branco e ramos semelhantes aos da bandeira do Estado. Para dizer que
procurávamos saber mais de nós mesmos, em nossa identidade e diversidade.
A página dois, a primeira jornalística , era composta de editorial, coluna do
Ombudsman (jornalista Marcelo Engel Bronosky), expediente, errata e contatos. A fim
de divulgar o projeto Grimpa (isto é, a promoção de um suporte alternativo à cultura da
região) mantivemos uma página de internet e contas de e-mail específicas (uma para
cada editoria e outras para publicidade e Ombudsman). A errata era sempre mantida a
vim de corrigir erros de informação. Nas três últimas edições, os editores passaram a
colocar no expediente os números MtB e a assinarem como jornalistas responsáveis.
Até então nos apresentávamos como editores. Havia uma preocupação em registro o
jornal e em formalizá-lo sob a forma ou de empresa ou de uma associação. A falta de
uma natureza jurídica nos prejudicava na hora de firmarmos financiamentos. A falta de
um departamento comercial atuante (todos os que trabalharam no primeiro número em
seguida se dispersaram) foi um dos motivos que interrompeu o trabalho.
A manifestação dos leitores era caracterizada em fundo cinza e com uma
formatação de fonte específica, em meio ao rodapé que era dedicado aos anunciantes e a
campanhas do Grimpa, como a de doação de sangue. Esse “rodapé” media 25 cm x 5
cm. E, de mesma forma, havia a “repercussão do Grimpa”. Referindo-se a comentários
17
feitos sobre o jornal em outros veículos de comunicação. Tivemos importantes
observações feitas nesse sentido, sendo as mais marcantes feitas pelos jornalistas
Leandro Ramires (crônica escrita para o portal Guia Catarinense) e Luiz Rebinski Jr
(reportagem escrita para o sítio de cultura Rabisco).
Em prol de uma movimentação cultural, o jornal lançou dois concursos de
literatura. A convite da produtora cultural do SESC, Márcia Sielski, também professora
de Português de um dos colégios da rede pública de ensino, houve uma conversa com
quatro turmas de ensino médio. E junto a elas, o tema literário. Os estudantes então
redigiram a partir da frase “Minha última grande viagem”. O prêmio era uma edição de
bolso de “Pé na Estrada”, clássico beatnik, de Jack Kerouac. Trechos dos textos em
destaque foram publicados no jornal. A experiência de interação foi muito importante
para os editores terem contato com os estudantes e com aquilo que pensavam sobre
jornalismo e cultura. Uma crise dos jovens foi ver tão distinta a figura dos jornalistas
com aquela referência televisiva que possuíam. Uma descrença mantiveram: como um
jornal pode funcionar sem uma sede fixa, sem uma redação? Pois é, talvez tivessem
razão.
Para se ter uma idéia da variedade de anunciantes, vamos citar uma lista deles
(poucos repetiram a contribuição): empresa de segurança, escritório de advogado,
livraria de bairro, loja de roupas, clínica veterinária, loja de discos, colégio de freiras,
locadora de bairro, quiosque de óculos de sol, agência de publicidade, corretora de
seguros, supermercado tradicional, escola de música, odontologia, sebo, informática,
restaurante (em Ponta Grossa), supermercado, agropecuária, auto-elétrica, loja de
materiais de construção e posto de gasolina (em Reserva).
Além do espaço destinado aos leitores, à repercussão e aos espaços publicitários,
o “rodapé” trazia campanhas. Desde o número dois houve estímulo da doação de
sangue. A contracapa da edição três fez uma divulgação gratuita do 33º Festival
Nacional de Teatro Amador. No sexto número, convite à visitação do Museu Campos
Gerais. E o mesmo espaço foi usado para os concursos literários lançados. O segundo,
“Olho no lance”, explorava o lado folclórico do futebol. O primeiro evento teve dezenas
de participações devido a colaboração dos alunos. No miolo do jornal, houve apoio
18
cultural ao Projeto Palco Giratório 2006 (SESC) e ao contemporâneo conjunto de samba
Cabide de Molambo. E houve espaços em que estimulamos: a) a consulta de dicionários
e b) passeios pela cidade e a observação de seus detalhes. Na quinta edição, houve o
seguinte reclame – “Filia-se à Grimpice – ajude a preservar o jornalismo, o humor e a
literatura”.
BIBLIOGRAFIA
Livros citados
PELLEGRINI, Domingos. Gaiola Aberta. Editora Bertrand Brasil.
SIMS, Norman (ed.). The literary journalists: the new art of personal reportage. New
York: Ballantine, 1984. p. 03-25
Textos e livros complementares
DEMENECK, Ben-Hur. Folkcomunicação e jornalismo literário: uma relação que
promove um pensar e um agir jornalístico humanista. Paper apresentado no X Folkcom
– edição 2007 – GT Folkcomunicação: teoria e metodologia.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e Revolucionários: nos tempos da imprensa
alternativa. 2. ed. rev. e amp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.
KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo: o que os
jornalistas devem saber e o público exigir. São Paulo: Geração Editorial, 2003.
SIMS, Norman; KRAMER, Mark (eds.) Literary Journalism: a new collection of the
best American nonfiction. New York: Ballantine Books, 1995.
XAVIER, Cíntia. O Nanquim e o curso de Comunicação da UEPG. Trabalhos
apresentados no 3º Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho – GT Mídia
Alternativa. Dias 14, 15 e 16 de abril de 2005. Novo Hamburgo/RS.
WOITOWICZ, Karina Janz. Recortes do tempo na escrita do jornal Diário da Tarde;
História e Sociedade no cotidiano jornalístico da capital paranaense no inicio do
século XX. In: I Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo, 2003, Brasília.
SBPJor - I Encontro Nacional dos Pesquisadores em Jornalismo, 2003.
Troca de e-mails: os jornalistas Sebastião NATALIO, Karina Janz WOTOWICZ, Irinêo
19
NETTO, Sérgio Luiz GADINI.
Respostas do questionário: os integrantes do jornal Grimpa Danilo KOSSOSKI, Almir
NABOZNY, André ROSA e Álvaro FONSECA JR.
Obra descrita e comentada
Jornal Grimpa. Editado em Ponta Grossa, Paraná – impresso em Apucarana, Paraná.
Circulação regional. Seis edições – Julho de 2005 a Setembro de 2006. Tablóide de 16
páginas. Tiragem de 2.000 exemplares, nas duas primeiras edições, e de 2.500 nas
quatro restantes. Material disponível para consulta no acervo da Casa da Memória21
(Ponta Grossa) e Museu Estadual Campos Gerais22 (Ponta Grossa).
Figuras: capas das edições 01 e 06
21 Contato: a Casa da Memória Paraná fica na região central de Ponta Grossa, na rua Benjamin Constant, nº 318.
Pontos de referência: terminal central de ônibus, a Biblioteca Pública e o Complexo Ambiental. Telefone (0xx42)
3901-1584. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira das 09 às 17 horas.
22 Para contatar o Museu Campos Gerais – número de telefone: (0xx42) 3223-7766. Endereço: Rua XV de
Novembro, esquina com Engenheiro Schamber, número 654 - Centro. CEP 84.010-340 - Ponta Grossa – PR. E-mail:
[email protected]
20
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jornal grimpa: nem tudo são espinhos na imprensa