MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ FORÇA TAREFA "OPERAÇÃO LAVA JATO" 1 TERMO DE DECLARAÇÃO que presta SANDRO TORDIN Aos 26 de outubro dois mil e quinze, na sede do MPF de Curitiba/PR, na ForçaTarefa Lava Jato, compareceu SANDRO TORDIN, filho de Ines Stopiglia Tordin, nascido em 22/07/1963, CPF nº 039.595.888-10, RG 11833090-ISSP SP, (11) 984868430, (11) 50512316, (11) 33437100, brasileiro, casado, na presença e devidamente assistido por seus advogados Drs. Luis Gustavo Rodrigues Flores OAB/PR 27.865 e Adriano Salles Vanni OAB SP 104.973, com escritório na Rua Roberto Barrozo, número 1385, bairro Merces, na cidade de Curitiba/PR e passa a prestar as seguintes informações, que: QUE o depoente foi presidente do Banco SCHAHIN de 1998 até 13 de julho de 2007; QUE o Banco SCHAHIN se tratava de um banco pequeno, sendo que o declarante conhecia boa parte dos clientes; QUE não havia limites de alçada, existindo um comitê de crédito que era formado por um representante da área de crédito e alguns diretores; QUE o o quórum mínimo de deliberação era de três membros; QUE CARLOS EDUARDO SCHAHIN compunha este comitê juntamente com diretores da área comercial: JOSE CARLOS MIGUEL, MAURICIO SAADI, MARCOS PRETO, sendo que as decisões eram tomadas por unanimidade; QUE, por volta de 2003, o declarante foi apresentado numa ocasião social a JOSE CARLOS BUMLAI por uma pessoa de nome ARMANDO, que era um potencial comprador da empresa PLANEL, que era uma devedora do banco; QUE no segundo semestre de 2004 JOSE CARLOS BUMLAI procurou o declarante no Banco SCHAHIN dizendo que estava precisando urgentemente de um empréstimo de R$ 12 milhões para comprar uma fazenda do grupo BERTIN e questionando se o Banco poderia fazer esta operação; QUE o declarante falou que havia necessidade de preencher o cadastro, sendo que JOSE CARLOS BUMLAI sequer era cliente do Banco SCHAHIN naquela época; QUE o declarante começou os procedimentos burocráticos de análise de crédito, nos quais se chegou à conclusão que BUMLAI tinha uma situação patrimonial favorável, não havendo problemas em fornecer o crédito a ele; QUE BUMLAI possuía valores significativos de crédito rural com valores superiores a R$ 12 milhões; QUE durante a tramitação burocrática, BUMLAI insistiu para que o procedimento fosse agilizado, sendo que o depoente afirmou que não tinha alçada para agilizar o procedimento; QUE, todavia, o declarante sugeriu que BUMLAI fosse apresen o I aos sócios para conhecê-los; QUE então foi agendada uma reunião m s MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ FORÇA TAREFA "OPERAÇÃO LAVA JATO" 2 proprietários do Banco, MILTON SCHAHIN, e CARLOS EDUARDO SCHAHIN; QUE nesta reunião o declarante apresentou CARLOS EDUARDO e MILTON a JOSE CARLOS BUMLAI; QUE SALIM SCHAHIN chegou a ser apresentado a BUMLAI nesta ocasião, não ficando na reunião por outras razões; QUE alguns dias após esta reunião, o declarante recebeu nova ligação de BUMLAI solicitando nova reunião; QUE nesta nova reunião esteve presente com JOSE CARLOS BUMLAI a pessoa de DELUBIO SOARES; QUE nesta reunião participaram MILTON, CARLOS EDUARDO, DELUBIO SOARES, JOSE CARLOS BUMLAI, o depoente, sendo que no final da reunião chegou SALIM SCHAHIN; QUE nesta reunião foi dito do problema do PROMIMP (Programa de qualificação e melhoria da indústria nacional de petróleo), sendo que uma forma de dar espaço para as empresas brasileiras era fazer contratos de no mínimo dez anos, a fim de permitir que a indústria nacional pudesse participar efetivamente do mercado; QUE DELUBIO SOARES afirmou que o fortalecimento das empresas nacionais era um objeto do governo, sendo que o governo seguiria nesta linha; QUE DELUBIO SOARES afirmou que aquela articulação também passaria pela casa civil, razão pela qual JOSE DIRCEU iria contactar pessoas do banco; QUE DELUBIO falou que pediria a JOSE DIRCEU para entrar em contato com SALIM para reforçar que era um propósito do governo para fortalecer a indústria nacional na PETROBRAS; QUE alguns dias depois SALIM SCHAHIN comentou com o depoente que recebeu uma ligação de JOSE DIRCEU perguntando se estava tudo bem, não mencionando o empréstimo do BUMLAI; QUE então os diretores resolveram concordar com a agilização da operação de crédito em favor de JOSE CARLOS BUMLAI; QUE o depoente se manifestou de forma favorável ao crédito porque BUMLAI era solvente; QUE alguns dias depois da ligação de JOSE DIRCEU o crédito foi aprovado; QUE em razão dessas conversas houve agilização para concessão do crédito; QUE esta operação de crédito foi aproximadamente 30 a 60 dias mais rápdo que a operação normal; QUE no mesmo dia que foi disponibilizado o crédito na conta de BUMLAI houve a transferência para as contas do FRIGORIFICO BERTIN no Banco Bradesco de dois TEDS de R$ 6 milhões cada; QUE o declarante desconhecia a ligação de JOSE CARLOS BUMLAI com a cúpula do Partido dos Trabalhadores; Que normalmente as operaçoes de crédito nesse patamar levavam cerca de 60 a 90 dias para serem aprovadas pelo comitê de crédito. Que a operação de BUMLAI levou cerca de 25 dias. Que esse tipo de operação no patamar de 12 milhões eram comuns no banco. BUMLAI foi tratado como produtor rural, pessoa física, que tem maiores benefícios. QUE BUMLAI possuia a maioria das atividades , rli --- ) . u~ -&/' MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ FORÇA TAREFA "OPERAÇÃO LAVA JATO" 3 MAURÍCIO e sua esposa, tendo sido concedido. Que se recorda que o empréstimo a BUMLAI foi concedido em 14 de outubro de 2004. QUE enquanto o depoente trabalhou no Banco Schahin ocorreram duas renegociações. Que os donos do Schahin insistiam muito para que BUMLAI pagasse, tendo efetuado as cobranças. No entanto BUMLAI afirmou que estava com outros investimentos e necessitava de mais prazos para pagamento. Que até novembro de 2006 foram feitas duas renegociações. Depois disso pressionado pelo Banco Central acerca dessas e outras operações (cerca de 23 ), entre 15 e 17 operações foram cedidas para a SCHAHIN SECURITIZADORA, empresa do grupo, saindo a operação do âmbito do Banco. QUE uma empresa chamada INTERCON, prestadora de serviços da PETROBRÁS, que já era cliente do banco, procurou o declarante interessada em fazer uma Planta de coque. Que o depoente esteve com o representante da INTERCON chamado ARMANDO na BR DISTRIBUIDORA quando em que conheceu EDUARDO MUSA, por volta de 2003 ou 2004, que explicou que a intenção da BR DISTRIBUIDORA era ampliar a planta de Coque de Cubatão e que a BR DISTRIBUIDORA estava pensando em não construir, ou seja, não ser a investidora na planta e que haviam chamado alguns parceiros para construir o projeto. Que o depoente foi até a BR DISTRIBUIDORA para discutir a estruturação financeira do projeto. Alguns meses após, ficou sabendo por ARMANDO a INTERCON que a BR DISTRIBUIDORA havia desistido de passar o empreendimento para o setor privado e passado ela própria a investir no empreendimento. Que relativamente a EDUARDO MUSA também por volta de 2003/2004, o mercado ficou sabendo que a BR DISTRIBUIDORA iria efetuar uma emissão de debentures para um projeto chamado BR PCHs. Por meio do Banco Schahin teve interesse em estruturar a operação financeira por que havia um cliente do Banco chamado MIGUEL ETHEL interessado no negocio. Na época procurou NELSON GUITI GUIMARAES na PETROBRÁS. Que teve dificuldade em conversar com NELSON, tendo pedido ajuda a uma ex-funcionária da PETROBRAS chamada ELUSIENE que pediu para que NELSON atendesse o declarante, o que ocorreu. No entanto o Banco Schahin não ganhou o projeto. Durante esse período o Gerente de Engenharia da BR DISTRIBUIDORA era EDUARDO MUSA. QUE em dezembro de 2006 o declarante recebeu uma ligação, não se recordando se de JORGE LUZ ou de CERVERÓ perguntando se poderia ir até a PETROBRÁS para uma reunião. Que conheceu NESTOR CERVERÓ por meio de uma pessoa chamada JORGE BLANCO, provavelmente uruguaio que vivia na argentina que procurou o declarante junto ao Banco Schahin dizendo que a PETROBRÁS estava faz o investimentos na Argentina. Que precisavam m banco mandatário para v nd\r\a \'-1 ~---- J y ( ti MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ FORÇA TAREFA "OPERAÇÃO LAVA JATO" 4 rede de postos na Argentina e que a PETROBRÁS poderia ser interessada. Que o declarante viajou para a Argentina com JORGE BLANCO e se reuniu com FABIAN SAMBUCETTI, dono dos postos, da empresa RHASA RUTEILEX HIIDROCARBUROS ARGENTINOS SA. Que FABIAN deu mandato para o Banco Schahin. Nessa mesma viagem estiveram com o Gerente da PETROBRAS na Argentina, cujo nome não se recorda, tendo sido dito por ele que os novos negocios deveriam ser tratados pela Diretoria Internacional. Que o Gerente da PETROBRÁS disse que iria manter contato com a Diretoria Internacional. Que em razão desse negócio foi recebido por NESTOR CERVERÓ. Que NESTOR CERVERO informou que por questões estratégias a PETROBRÁS iria apenas se concentrar no mercado de produção e não na distribuição de combustíveis. Que conhece JORGE LUZ há muito tempo, pois tem uma grande amizade com JORGE CERPA, do Rio de Janeiro. Que foi apresentado por JORGE CERPA a JORGE LUZ. Que JORGE LUZ diversas vezes procurou o declarante, as vezes para pedir crédito para alguma empresa, outra vez para apresentar uma empresa que se dizia sócio, cujo nome não se recorda, que fazia cadastro para localização de devedores. Na época o Banco Schahin possuía uma grande gama de financiamento de veículos. Não contratou a empresa de JORGE LUIZ por que era muito ruim. Que em dezembro de 2006, o depoente foi convidado para uma reunião na PETROBRÁS, não se recordando se por meio de uma ligação telefonica de JORGE LUZ ou NESTOR CERVERÓ. Que compareceu à reunião na própria sede da PETROBRAS e quando chegou na reunião estavam presentes NESTOR CERVERÓ, JORGE LUZ e FERNANDO BAIANO. Nessa ocasião é que conheceu FERNANDO BAIANO. Que FERNANDO BAIANO e JORGE LUZ nada falaram nessa reunião, sendo que NESTOR CERVERÓ falou de uma oportunidade por que a área internacional estaria contratando uma empresa para operar um novo navio plataforma de águas profundas e que como a SCHAHIN atuava nesse segmento teria interesse em conversar com a SCHAHIN. NESTOR CERVERÓ também disse que iria fazer uma tomada de preços com algumas empresas para contratação desses serviços e perguntou se a SCHAHIN podia participar. Que o declarante afirmou que não era sua área e que voltaria para a empresa e discutiria com os donos da SCHAIN. Que se reuniu com MILTON e SALIM a respeito do tema, tendo estes solicitado ao declarante que providenciasse uma reunião com NESTOR CERVERÓ para atendê-los. Que pediu uma agenda com CERVERÓ, tendo se deslocado junto com SALIM e MILTON para o Rio de Janeiro, alguns dias depois da reunião em dezembro de 2006, e foram atendidos por NESTOR CERVERÓ e LUIZ MOREIRA. Nessa reunião, novamente NESTOR CERVERÓ repeti, qoo ITfa f=, =• tomada de o;os. Que Mll.TON~ ( )O d -~J, MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ FORÇA TAREFA "OPERAÇÃO LAVA JATO" 5 manifestaram interesse em part1c1par da tomada de preços, tendo sido dito por NESTOR CERVERÓ que avisaria quando ocorreria a tomada de preços. Depois dessa data não teve mais contato com ninguém da PETROBRÁS. Que não se recorda, podendo aproximar que entre janeiro e fevereiro de 2007, FERNANDO SCHAHIN procurou o depoente e disse que o MOREIRA havia dito a ele que iria iniciar o processo de tomada de preços e quem iria tocar pela PETROBRÁS seria EDUARDO MUSA e perguntou se o depoente conhecia MUSA, ao que respondeu que sim. Que o depoente ligou para EDUARDO MUSA pedindo uma reunião, tendo este concordado em um almoço num restaurante no Rio de Janeiro que fica a HSTERN (fica embaixo com entrada pela loja). Nesse almoço o declarante informou a MUSA que quem iria representar a SCHAHIN seria FERNANDO SCHAHIN. A partir de então o declarante não teve mais contato com a operação, mesmo por que saiu do Banco em julho de 2007. Que nunca conversou com FERNANDO SCHAHIN acerca dessa operação de contratação da sonda e nem com EDUARDO MUSA. Que o depoente não se recorda, mas acredita que em 2008 ou 2009, JORGE LUZ ligou para o declarante dizendo que FERNANDO BAIANO queria conversar com o declarante quando ele fosse ao Rio, ao que foi dito que quando fosse ele (declarante) avisaria. Quando o declarante foi ao Rio de Janeiro, foi conversar com FERNANDO BAIANO tendo sido perguntado se estava tudo bem com o declarante e com a SCHAHIN. Que nesse momento, o declarante já estava fora da SCHAHIN tendo dito a FERNANDO BAIANO que estava resolvendo as pendências que tinha e que não estava de bem com os SCHAHIN. FERNANDO BAIANO disse que se "voce não esta de bem com eles, então não vai adiantar por que não vai resolver" e não entrou em maiores detalhes. Que o depoente foi procurador de uma empresa chamada HODGE HALL, que é uma empresa constituída em 1991, ao portador, que tinha um propósito específico. Era uma ASSET por que o Banco Schahin tinha muita emissão de papais no exterior e a função dessa empresa era dar liquidez quando algum cliente quisesse vender o papel no secundário (antes do vencimento). Quando o depoente assumiu a presidência do Banco Schahin, assumiu também a representação dessa empresa, ou seja de 1997 a até 2002, Que o depoente somente assinava em conjunto com CARLOS EDUARDO SCHAIN. Que respondeu a uma ação penal por não declaração de conta no exterior. Depois disso, acredita que em 2003, houve a constituição pelo grupo Schahin de outra empresa chamada SS onde, na constituição o declarante consta como Procurador. Antes que a empresa fizesse qualquer operação, o declarante procurou CARLOS EDUARDO SCHAHIN dizendo que não iria ser procurador dessa empresa. Que nunca assinou nenhum docume or essa empresa. Que r e n ~ \ ~/ ")/} ' \ ~ úf p MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO PARANÁ FORÇA TAREFA "OPERAÇÃO LAVA JATO" 6 estava com DELUBIO, num determinado momento, foi perguntado por um dos sócios do Banco Schahin, "e essa operação como fica". BUMLAI num tom ofendido disse "vocês estão pensando que eu não vou pagar?" Que não se recorda quem perguntou. Para o depoente nesse momento acredita que não teria havido acerto, mas apenas cuidado por parte dos donos do banco Schahin. Nada mais havendo, foi lavrad, o pr~sente que lido e achado conforme, vai por t LY~~ 1 1 Diog ~J'.-de"Mat;; _.J?. rador da República f :Januário ~alu ' rador ~~Dtial d Repúb\ica J' r Í / ! Adr, no Salles Vanni AB SP,,.-lM.m' ~"'-----r---- Luis 1