Programa de Monitorização da Lagoa de Óbidos e do Emissário Submarino da Foz do Arelho MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA: SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA E SITUAÇÃO FUTURA INDÍCE 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................1 2. MODELAÇÃO ECOLÓGICA...................................................................................................2 3. 2.1. MOHID WATER MODELLING SYSTEM .................................................................................2 2.2. IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO ..................................................................................3 2.2.1. Malhas Computacionais..............................................................................................3 2.2.2. Condições Iniciais .......................................................................................................5 2.2.3. Condições Fronteira....................................................................................................5 RESULTADOS DO MODELO .................................................................................................9 3.1. HIDRODINÂMICA DO SISTEMA .............................................................................................9 3.2. MODELO ECOLÓGICO ............................................................................................... 11 3.2.1. Validação das Séries Temporais ............................................................................. 11 3.2.2. Validação Espacial................................................................................................... 15 3.2.3. Distribuição Espacial das Propriedades .................................................................. 16 3.2.4. Fluxos de Massa Entre as Diferentes Zonas da Lagoa........................................... 18 4. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS: SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA COM A SITUAÇÃO FUTURA ........................................................................................................................................ 21 5. 4.1.1. Distribuição Espacial das Propriedades .................................................................. 21 4.1.2. Balanços de Massa Globais .................................................................................... 24 CONCLUSÕES GERAIS...................................................................................................... 25 INDÍCE DE FIGURAS FIGURA 1 – BATIMETRIA DA LAGOA DE ÓBIDOS E RESPECTIVA MALHA USADA NAS SIMULAÇÕES DA HIDRODINÂMICA. ....................................................................................................................................4 FIGURA 2 – BATIMETRIA DA LAGOA DE ÓBIDOS E RESPECTIVA MALHA USADA NAS SIMULAÇÕES DA QUALIDADE DA ÁGUA..............................................................................................................................4 FIGURA 3 – LOCALIZAÇÃO DAS DESCARGAS NA LAGOA DE ÓBIDOS..............................................................7 FIGURA 4 – VARIAÇÃO SAZONAL DO CAUDAL DO RIO ARNÓIA USADO NAS SIMULAÇÕES DO MODELO MOHID. .................................................................................................................................................7 FIGURA 5 – VARIAÇÃO SAZONAL DO CAUDAL DO RIO DA CAL USADO NAS SIMULAÇÕES DO MODELO MOHID. .................................................................................................................................................8 FIGURA 6 –VELOCIDADES NA ZONA DA EMBOCADURA PARA UMA SITUAÇÃO DE ENCHENTE DURANTE A MARÉ-VIVA. ............................................................................................................................................9 FIGURA 7 –VELOCIDADES NA ZONA DA EMBOCADURA PARA UMA SITUAÇÃO VAZANTE DURANTE A MARÉVIVA. .......................................................................................................................................................9 FIGURA 8 –FLUXO RESIDUAL NA LAGOA DE ÓBIDOS NA ZONA DA EMBOCADURA DA LAGOA DE ÓBIDOS. ..10 FIGURA 9 –LOCALIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DO INAG. ..................................................................................11 FIGURA 10 – RESULTADOS PARA A AMÓNIA NAS DIFERENTES ESTAÇÕES..................................................12 FIGURA 11 – RESULTADOS PARA O FITOPLÂNCTON NAS DIFERENTES ESTAÇÕES. .....................................13 FIGURA 12 – RESULTADOS PARA OS NITRATOS NAS DIFERENTES ESTAÇÕES............................................14 FIGURA 13 – RESULTADOS PARA O OXIGÉNIO DISSOLVIDO NAS DIFERENTES ESTAÇÕES. ........................15 FIGURA 14 –CAIXAS DE INTEGRAÇÃO CONSIDERADAS PARA A LAGOA DE ÓBIDOS. ...................................15 FIGURA 15 – COMPARAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES CALCULADAS PELO MODELO MOHID EM CADA CAIXA DE INTEGRAÇÃO E DADOS DE CAMPO PARA O ANO DE 2003...............................................16 FIGURA 16 – VARIAÇÃO ESPACIAL DA AMÓNIA, NITRATO, OXIGÉNIO DISSOLVIDO E FITOPLÂNCTON PARA JANEIRO (ESQUERDA) E AGOSTO (DIREITA)........................................................................................18 FIGURA 17 –BALANÇOS DE MASSA ENTRE AS DIFERENTES ZONAS DA LAGOA, PARA O FITOPLÂNCTON, AMÓNIA, NITRATO , DON (AZOTO ORGÂNICO DISSOLVIDO) E PON (AZOTO ORGÂNICO PARTICULADO). ....................................................................................................................................20 FIGURA 18 – VARIAÇÃO ESPACIAL DA AMÓNIA, NITRATO, OXIGÉNIO DISSOLVIDO E FITOPLÂNCTON PARA FEVEREIRO NA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA (ESQUERDA) E SITUAÇÃO FUTURA (DIREITA)..................22 FIGURA 19 – VARIAÇÃO ESPACIAL DA AMÓNIA, NITRATO, OXIGÉNIO DISSOLVIDO E FITOPLÂNCTON PARA AGOSTO NA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA (ESQUERDA) E SITUAÇÃO FUTURA (DIREITA). .....................24 FIGURA 20 -BALANÇO TOTAL DAS PROPRIEDADES PARA A SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA E A SITUAÇÃO FUTURA, NA QUAL AS ETAR´S DE ÓBIDOS, CARREGAL, CHARNECA, CALDAS DA RAINHA E DA FOZ DO ARELHO VÃO LIGAR AO EMISSÁRIO SUBMARINO DA FOZ DO ARELHO. .........................................25 INDÍCE DE TABELAS TABELA 1 - VALORES DE CONCENTRAÇÃO INICIAL CONSIDERADOS PARA A SIMULAÇÃO NA LAGOA DE ÓBIDOS. .................................................................................................................................................5 TABELA 2 – CARACTERÍSTICAS DA FRONTEIRA MARÍTIMA. ........................................................................6 TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS DA ETAR DO CASALITO. ..........................................................................8 RESUMO Pretende-se com este estudo, de uma forma global, testar a hipótese da influência, directa ou indirecta, das condições de descarga sobre a produção primária de biomassa na Lagoa de Óbidos, isto é, analisar de que forma as descargas dos efluentes das ETAR’s que vão ligar ao emissário submarino, podem alterar a qualidade da água na Lagoa de Óbidos. No âmbito do presente trabalho foram executados dois tipos de simulações: (i) simulações que visam modelar a dinâmica dos nutrientes no estuário e validar o modelo de qualidade da água aquando a comparação dos resultados com os dados de campo (ii) simulações que visam simular o cenário, no qual as ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho são ligadas ao Emissário Submarino da Foz Arelho, descarregando assim na zona costeira. Em qualquer um dos casos a implementação começou sempre com o módulo hidrodinâmico, que controla os processos físicos que ocorrem dentro da lagoa. Para modelar a dinâmica dos nutrientes, recorre-se ao módulo de qualidade da água que simula os processos de produção e consumo dos nutrientes. Os resultados do modelo hidrodinâmico já foram apresentados no relatório sobre a caracterização da situação de referência da lagoa, sendo no entanto de novo aqui mencionados. O modelo de qualidade da água foi validado com dados históricos referentes á monitorização do INAG, para o ano de 2003. Posteriormente, os dados do modelo podem também ser comparados com as campanhas realizadas no âmbito do projecto, aquando a disponibilização destes por parte dos laboratórios. Após o modelo devidamente validado, correuse o cenário de estudo, no qual foram retiradas as ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho, as quais vão descarregar na zona costeira através do Emissário Submarino da Foz do Arelho. O modelo consegue de uma forma geral, para os parâmetros apresentados, reproduzir a variação espacial e temporal das medidas de campo. Contudo, esta comparação entre resultados do modelo e medidas pode ser ainda melhorada, corrigindo as condições de fronteira (descarga do Rio Arnóia e Rio da Cal). Da análise dos dados disponíveis e resultados do modelo conclui-se que, de um modo geral, grande parte dos parâmetros amostrados apresenta um gradiente de concentração decrescente de montante para jusante como resultado do efeito da diluição. As maiores concentrações de amónia e nitrato são registadas na proximidade das descargas dos rios, particularmente Rio da Cal. O fitoplâncton apresenta uma vincada variação espacial e sazonal coincidente com descrições existentes na literatura. As concentrações mais elevadas apresentam-se na zona de montante (Braço da Barrosa) e ocorrem no Verão. Esta produção, reflecte-se em termos de aumento de concentração nos meses de Verão uma vez que segue o aumento da intensidade da radiação solar. A maré é a principal responsável pela renovação da água no interior da Lagoa de Óbidos em termos da hidrodinâmica. Em termos de qualidade da água, as descargas dos principais rios afluentes, Cal e Arnóia, são determinantes por constituírem a principal fonte de nutrientes (amónia e nitrato) da Lagoa de Óbidos. A lagoa funciona como um sistema exportador de biomassa, à custa do consumo de nutrientes descarregados pelos principais rios e ETAR´s. A diminuição dos nutrientes na situação em que as ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho vão ligar ao emissário Submarino da Foz do Arelho, influencia a produção de biomassa no interior da lagoa. Neste cenário a carga exportada para a zona costeira é menor. A alteração da carga de entrada na Lagoa de Óbidos apenas altera a quantidade de biomassa de fitoplâncton exportada para o mar. Este resultado indica que a entrada em funcionamento do emissário submarino, não trará desequilíbrios ao sistema. Contudo, e uma vez que a carga de entrada será reduzida com esta nova situação, pode-se verificar alguma melhoria em termos da qualidade da água da lagoa. No entanto, esta afirmação só poderá ser confirmada através da análise dos dados de monitorização, antes e depois da entrada em funcionamento do sistema. MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 1. INTRODUÇÃO Este relatório tem como principais objectivos: i) Aplicar e validar o modelo ecológico na Lagoa de Óbidos, para o ano de 2003, uma vez que foi para este ano que foi analisada a situação de referência da lagoa; ii) analisar a situação da Lagoa de Óbidos em termos de nutrientes, após a ligação das ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho ao emissário submarino. O documento encontra-se dividido em 4 capítulos: No capítulo 2 é feito um resumo alargado do trabalho de modelação, sendo feita uma breve descrição da implementação do modelo, referindo as condições de fronteira e iniciais usadas para efectuar as simulações, bem como as malhas computacionais. No capítulo 3 são apresentados e discutidos os resultados da modelação e é efectuada a validação do modelo para a situação de referência da Lagoa de Óbidos, em relação ao ano de 2003, uma vez que os dados históricos adquiridos através da monitorização do INAG datam desse período. Os resultados os modelo serão ainda comparados para o ano de 2004 e 2005, quando os resultados das análises do laboratório estiverem disponíveis. É ainda apresentado neste capítulo uma breve análise em relação á hidrodinâmica do sistema. No capítulo 4 são apresentadas as comparações em termos de balanços totais e distribuição espacial da concentração, para os dois cenários: situação de referência e a situação futura, ou seja após a ligação das ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho ao emissário Submarino da Foz do Arelho. Por último, o capítulo 5 refere as principais conclusões do trabalho efectuado. 1/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 2. MODELAÇÃO ECOLÓGICA 2.1. MOHID Water Modelling System Para assegurar a componente de modelação, foi utilizado o MOHID Water Modelling System como ferramenta de modelação integrada, capaz de simular todos os processos físicos e biogeoquímicos num sistema costeiro. O sistema MOHID apresenta três ferramentas distintas, que resultam da interligação dos vários módulos, ou classes, que o constituem: MOHID Water, MOHID Land e MOHID Soil. MOHID Water é responsável pela modelação dos processos hidrodinâmicos, simulação de fenómenos de dispersão (abordagens lagrangiana e euleriana), propagação de ondas, transporte de sedimentos, qualidade da água/processos biogeoquímicos na coluna de água e trocas com o fundo; MOHID Land permite simular os processos à escala da bacia hidrográfica, tendo em consideração processos como a infiltração e escoamento subsuperficial e, por último, MOHID Soil simula o fluxo de água através de meios porosos. A circulação é simulada no MOHID Water recorrendo ao módulo hidrodinâmico que gera e actualiza a informação do escoamento, resolvendo as equações primitivas do movimento no espaço tridimensional para fluidos incompressíveis. Assume-se o equilíbrio hidrostático, bem como a aproximação de Boussinesq. O modelo é formulado pelo método da aproximação por volumes finitos com uma discretização vertical genérica, que permite a implementação simultânea de vários tipos de coordenadas verticais. Desta forma, o modelo permite simular os principais mecanismos físicos de forçamento tais como gradientes de densidade (fluxos baroclínicos), maré, vento e entradas de água doce. O cálculo da evolução das propriedades de qualidade da água é feito com recurso a um módulo específico -Modulo Water Quality. Este módulo é responsável pelo cálculo dos termos relativos às fontes e poços, específicos para cada propriedade fundamental, em cada uma das células da malha e em cada instante. As fontes e poços associados a cada propriedade dependem dos processos químicos e biológicos em que está envolvida e encontram-se associados aos ciclos biogeoquímicos do azoto, fósforo e oxigénio. Em traços gerais encontram-se descritos no modelo os principais processos de qualidade da água existentes no meio marinho, tais como o crescimento de fitoplâncton dependente da concentração de nutrientes existente na coluna de água, temperatura e intensidade luminosa; o consumo de fitoplâncton pelo zooplâncton (herbivoria ou “grazing”); mineralização da matéria orgânica na coluna de água e ainda os processos de nitrificação e desnitrificação. Desta forma, é possível calcular, em cada célula da malha, o valor da concentração de azoto (nas formas de amónia, nitrato, nitrito, azoto orgânico dissolvido refractário, DONr, não refractário, DONnr, e azoto orgânico particulado, PON), fósforo orgânico e inorgânico, oxigénio dissolvido, fitoplâncton e zooplâncton além de temperatura, salinidade de concentração de sedimentos. 2/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 2.2. IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO 2.2.1. Malhas Computacionais Como a Lagoa de Óbidos é bem misturada na vertical, o modelo hidrodinâmico foi aplicado apenas com uma camada. Através da informação proveniente do Programa de Monitorização do IH na Lagoa de Óbidos, foi possível elaborar um conjunto de batimetrias referentes a vários levantamentos distintos, bem como proceder à respectiva calibração do modelo hidrodinâmico, cuja descrição se encontra no relatório de “Caracterização da situação de referência da qualidade da água da Lagoa de Óbidos”. A calibração do modelo hidrodinâmico é importante porque deste, resulta o campo de velocidades e os correspondentes coeficientes de difusão turbulenta usados pelo modelo de transporte, que por fim são usados pelo modelo de qualidade da água. O principal objectivo do modelo de qualidade da água é entender e quantificar os processos responsáveis pelo funcionamento ecológico da lagoa. Como tal, a resolução da batimetria necessária para simular os processos de qualidade da água não necessita de uma malha tão detalhada como a usada no modelo hidrodinâmico. Assim, a batimetria usada para efectuar as simulações da hidrodinâmica foi integrada no espaço, convertendo 2x2 células da grelha em uma. Com esta integração consegue-se manter a consistência do fluído e reduzir o tempo de simulação, uma vez que a simulação dos processos ecológicos requer longos períodos de simulação, pelo menos um ano, o que em termos de tempo de cálculo do modelo se traduz em semanas. De acordo com o proposto foram usadas duas batimetrias diferentes. A batimetria usada nas simulações da hidrodinâmica, tem 300 por 300 pontos de cálculo (Figura 1). O espaçamento da malha é variável, tendo a resolução mínima de 25*25 m e máxima de 50*25 m no exterior da lagoa. Neste sentido, opta-se por utilizar, na simulação da qualidade da água da Lagoa de Óbidos, uma malha mais grosseira, que resulta da integração da malha fina (2×2 células), constituída por 150 × 150 células, que permite a simulação de um ano em cerca de 3 dias, utilizando um processador de 2 GHz. O espaçamento da malha é variável, tendo a resolução mínima de 50*50 m e máxima de 100*50 m no exterior da lagoa. A Figura 2, representa a malha utilizada nas simulações da qualidade da água, onde o tamanho das células é variável no espaço, ou seja, consideram-se células de menores dimensões na zona interior da lagoa e células maiores nas áreas adjacentes. 3/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Figura 1 – Batimetria da Lagoa de Óbidos e respectiva malha usada nas simulações da hidrodinâmica. Figura 2 – Batimetria da Lagoa de Óbidos e respectiva malha usada nas simulações da qualidade da água. 4/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 2.2.2. Condições Iniciais Neste estudo, os valores utilizados para a inicialização do modelo são, resultados de simulações teste realizadas anteriormente. O método de inicialização usado, foi definido assim com um valor constante em todo o domínio, resultante de uma média de todos os registos efectuados na Lagoa de Óbidos. A Tabela 1 apresenta as concentrações iniciais para cada propriedade, usadas nas simulações. Tabela 1 - Valores de concentração inicial considerados para a simulação na Lagoa de Óbidos. Propriedade Unidades Valor Temperatura ºC 18 Salinidade Psu 20 Sedimentos mg / L 5 Oxigénio Dissolvido mg O2 / L 8.5 Nitrito mg N / L 0.01 Nitrato mg N / L 0.06 Amónia mg N / L 0.02 mg N / L 00.01 mg N / L 0.005 mg N / L 0.02 Fitoplâncton mg C/ L 0.04 Zooplâncton mg C/ L 0.004 Azoto Orgânico Dissolvido Refractário (DONr) Azoto Orgânico Dissolvido Não Refractário (DONnr) Azoto Orgânico Dissolvido Particulado (PON) 2.2.3. Condições Fronteira Como dito anteriormente a aplicação destinada ao cálculo da evolução das propriedades de qualidade da água possui dois tipos de condição de fronteira: aberta (oceano) e fechada (rios e ETAR´s). Os valores usados na fronteira lateral aberta são os referidos na literatura. Quanto às trocas existentes entre a terra e a lagoa (afluência dos Rios Arnóia e da Cal e ETAR do Casalito, Figura 3), estas são assumidas como uma descarga em determinadas células da malha. A cada uma das descargas impostas corresponde uma caracterização específica em termos de caudal e concentração das várias propriedades em estudo, mais ou menos precisa dependendo da quantidade de dados disponíveis. Assim em termos de caudal, para o Rio Arnóia e da Cal o valor é calculado, com base na informação hidrométrica da disponível em 5/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS (http://www.snirgh.inag.pt). Em todos os rios afluentes são considerados valores médios mensais de concentração para as propriedades de qualidade da água, que resultam mais uma vez de tratamento estatístico de dados históricos anteriores disponíveis através do INAG (Instituto da Água). A caracterização da descarga proveniente da ETAR do Casalito, considerada no estudo resulta de dados obtidos através da consulta de relatórios de funcionamento das estações pertencentes às Águas do Oeste, onde são realizadas mensalmente amostragens ao efluente à saída da estação. 2.2.3.1. Fronteira Lateral Aberta Considera-se que, no mar, a variação sazonal das propriedades em estudo não é significativa, pelo que se assume um valor constante, apresentado na Tabela 2. Tabela 2 – Características da fronteira marítima. Temperatura (ºC) 18 Salinidade (psu) 36 Oxigénio Dissolvido (mgO2 /L) 8 Sólidos Suspensos Totais (mg/L) 0.1 Fitoplâncton (mgC/L) 0.03 Zooplâncton (mgC/L) 0.003 Nitrato (mgN/L) 0.02 Nitrito (mgN/L) 0.01 Amónia (mgN/L) 0.002 PON (mgN/L) 0.0009 DONnr (mgN/L) 0.002 DONre (mgN/L) 0.001 2.2.3.2. Fronteiras Laterais Fechadas A Lagoa de Óbidos é constituída por 2 braços. O braço situado perto da margem Norte da lagoa é denominado de Braço da Barrosa, sendo o Braço do Bom Sucesso localizado perto da margem Sul. O Rio da Cal descarrega no Braço da Barrosa, e o Rio Arnóia entre o Braço da Barrosa e Bom Sucesso. A ETAR do Casalito descarrega na proximidade da zona da Poça das Ferrarias. As descargas na Lagoa de Óbidos encontram-se localizadas na Figura 3. 6/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Figura 3 – Localização das descargas na Lagoa de Óbidos. A Figura 4 apresenta os valores do Rio Arnóia usados nas simulações do modelo MOHID. Da análise desta figura, verifica-se que os valores mais elevados de caudal ocorrem na época de Inverno, uma vez que esta época é caracterizada pela ocorrência de cheias. Os meses de verão, nomeadamente Julho e Agosto são caracterizados por valores inferiores a 1 m3/s. O valor médio anual, situa-se na ordem dos 3 m3/s. Variação Sazonal do caudal do Rio Arnóia m 3/s 9 Valo res usado s no M OHID 8 7 6 5 4 3 2 1 0 J F M A M J J A S O N D Figura 4 – Variação sazonal do caudal do Rio Arnóia usado nas simulações do modelo MOHID. 7/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Os valores do Rio da Cal usados nas simulações estão representados na Figura 5. Da análise desta figura, verifica-se que o caudal deste rio é pouco considerável, uma vez que a ordem de grandeza dos registos possuem um valor máximo de 0.45 m3/s, ocorrido no mês de Novembro e mínimo de 0.025, ocorrido em Agosto. O valor médio situa-se, na ordem dos 0.05 m3/s. Variação Sazonal do caudal do Rio da Cal m 3/s 0.50 Valo res usado s no M OHID 0.45 0.40 0.35 0.30 0.25 0.20 0.15 0.10 0.05 0.00 J F M A M J J A S O N D Figura 5 – Variação sazonal do caudal do Rio da Cal usado nas simulações do modelo MOHID. Os valores usados nas simulações para a descarga da ETAR do Casalito, encontram-se na Tabela 3. Tal como se pode verificar pela tabela, esta ETAR tem um peso pouco significativo porque apresenta um valor de caudal muito baixo face ao volume de água em relação á maré, tal como se pode constatar através da análise da hidrodinâmica (Caracterização da Situação de Referência da Lagoa). Tabela 3 – Características da ETAR do Casalito. Propriedade Valor Caudal (m3/s) 0.02 Amónia (mgN/L) 17 Nitrato (mgN/L) 15 Nitrito (mgN/L) 0 Sólidos Suspensos Totais (mg/L) 83 DONnr (mgN/L) 0 DONr (mgN/L) 7 PON (mgN/L) 24 8/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 3. RESULTADOS DO MODELO 3.1. Hidrodinâmica do Sistema A caracterização hidrodinâmica foi realizada através da aplicação do módulo hidrodinâmico do modelo MOHID. Na Figura 6 e Figura 7 estão representados os mapas das velocidades referentes a um período de simulação ao longo de 30 dias. A Figura 6 representa uma situação de maré-viva em enchente e a Figura 7 em vazante. Da análise destas figuras uma das primeiras conclusões que se pode tirar, é que a zona da Barra é aquela que apresenta velocidades mais acentuadas especialmente em situação de enchente. No canal de comunicação da lagoa com o mar são atingidas velocidades com cerca de 1.5 m/s. Nas zonas de montante a lagoa apresenta velocidades muito baixas, na ordem dos 0.4 m/s. As descargas dos principais rios face ao prisma de maré são pouco significativas, sendo por isso que a maré é a principal responsável pela renovação da água no interior da lagoa. Figura 6 –Velocidades na zona da embocadura para uma situação de enchente durante a maré-viva. Figura 7 –Velocidades na zona da embocadura para uma situação vazante durante a maré-viva. 9/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS A Figura 8 representa a circulação residual obtida após 30 dias de simulação. A circulação residual é calculada como uma integração das propriedades instantâneas durante o período de simulação representando a média das intensidades e sentidos calculados em cada célula da malha. Através da análise da circulação no interior da lagoa, é possível uma melhor compreensão sobre os processos de transporte. Da análise desta figura é possível visualizar que a maior parte da água flúi ao longo da margem norte da lagoa, sendo a circulação da água efectuada ao longo desta margem quer para o escoamento de enchente quer de vazante. Figura 8 –Fluxo residual na Lagoa de Óbidos na zona da embocadura da Lagoa de Óbidos. 10/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 3.2. MODELO ECOLÓGICO 3.2.1. Validação das Séries Temporais Neste relatório é feita a comparação entre um ano de simulações do modelo e os valores obtidos através da Monitorização do INAG para os parâmetros Nitratos, Amónia, Oxigénio Dissolvido e Clorofila a. O INAG possui uma rede de monitorização de 5 estações distribuídas ao longo da Lagoa de Óbidos (Figura 9). Os resultados são mostrados na forma de gráficos cartesianos, com séries temporais anuais onde se comparam os resultados do modelo com as medidas de campo. LO1 LO2 LO3 LO4 LO5 LO6 Pedra Furada Seixo Poça das Ferrarias Ponta Branca Bico dos Corvos Quinta do Barroso Figura 9 –Localização das Estações do INAG. De uma forma geral, as comparações entre medidas e resultados do modelo são positivas. O modelo consegue reflectir as principais tendências observadas nas medidas e consegue simular os processos biológicos principais, nomeadamente a produção primária, o consumo de nutrientes. Em relação ao oxigénio dissolvido, o modelo apresenta valores ligeiramente superiores às medidas em quase todas as estações, embora dentro da mesma gama de valores obtidos nas medidas. Estas medidas podem indicar processos de mineralização de matéria orgânica no fundo (não simulados no modelo) e daí o consumo de oxigénio. Para os nutrientes, amónia e nitrato, o modelo parece conseguir reproduzir bem os resultados. No que se refere aos nitratos, constata-se que há uma boa concordância entre os resultados do modelo e os valores medidos, com excepção de alguns valores apresentados nas medidas. A variabilidade dos nitratos é explicada por três factores principais. São eles: a condição de 11/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS fronteira marítima, a descarga do Rio Arnóia e Rio da Cal e os processos que ocorrem na lagoa. Como tal, as condições fronteira dos rios devem estar bem afinadas, uma vez que influenciam a variação do Nitrato na lagoa. No caso da amónia, verifica-se que o modelo consegue reproduzir de um modo fiedigno o padrão registado através dos dados de campo. As maiores concentrações são registadas nas zonas adjacentes aos pontos de descarga dos Rios Arnóia e da Cal. No que se refere à Clorofila a, apenas a estação do Seixo possuía registo de dados, sendo difícil de avaliar o comportamento do modelo face aos dados de campo. Esta lacuna será completada aquando da disponibilização dos dados de campo obtidos através do decorrer deste projecto. Os resultados do modelo, podem ser de novo comparados com os pontos de monitorização do programa de Monitorização das Águas do Oeste. Variação Temporal da Concentração de Azoto Amoniacal na Estação do Seixo Variação Temporal da Concentração de Azoto Amoniacal na Estação de Pedra Furada 10.0 M o delo M OHID M edidas INA G 10.0 M edidas INA G Azoto Amoniacal (mgN/L) 8.0 6.0 4.0 8.0 6.0 4.0 2.0 2.0 Variação Temporal da Concentração de Azoto Amoniacal na Estação de Bico dos Corvos 14-Jan-04 3-Fev-04 5-Dez-03 15-Nov-03 25-Dez-03 6-Out-03 26-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 18-Jul-03 7-Ago-03 8-Jun-03 28-Jun-03 19-Mai-03 9-Abr-03 29-Abr-03 Variação Temporal da Concentração de Azoto Amoniacal na Estação da Quinta do Barroso 10.0 M edidas INA G Azoto Amoniacal (mgN/L) M odelo M OHID 8.0 6.0 4.0 2.0 M edidas INAG 8.0 6.0 4.0 2.0 Figura 10 – Resultados para a Amónia nas diferentes estações. 12/26 3-Fev-04 14-Jan-04 5-Dez-03 25-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 18-Jul-03 7-Ago-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 24-Jan-04 4-Jan-04 15-Dez-03 25-Nov-03 5-Nov-03 26-Set-03 16-Out-03 6-Set-03 17-Ago-03 28-Jul-03 8-Jul-03 18-Jun-03 29-Mai-03 9-Mai-03 19-Abr-03 30-Mar-03 10-Mar-03 18-Fev-03 29-Jan-03 30-Dez-02 0.0 0.0 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-O ut-03 6-O ut-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 18-Jul-03 7-Ago-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 20-Mar-03 28-Fev-03 19-Jan-03 29-Abr-03 0.0 9-Abr-03 0.0 8-Fev-03 2.0 8-Fev-03 4.0 2.0 30-Dez-02 20-Mar-03 6.0 19-Jan-03 4.0 M edidas INA G 8.0 30-Dez-02 Azoto Am oniacal (m gN/L) 6.0 10.0 Azoto Amoniacal (mgN/L) 8-Fev-03 M odelo M OHID 8.0 10-Dez-02 Azoto Amoniacal (mgN/L) 10.0 M edidas INA G M o delo M OHID 28-Fev-03 Variação Temporal da Concentração de Azoto Amoniacal na Estação de Ponta Branca 10.0 M o delo M OHID 19-Jan-03 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 5-Dez-03 25-Dez-03 15-Nov-03 6-Out-03 26-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 18-Jul-03 7-Ago-03 8-Jun-03 28-Jun-03 19-Mai-03 9-Abr-03 29-Abr-03 20-Mar-03 8-Fev-03 28-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 Variação Temporal da Concentração de Azoto Amoniacal na Estação das Poças das Ferrarias 30-Dez-02 0.0 0.0 10-Dez-02 Azoto Amoniacal (mgN/L) M o delo M OHID 1.0 1.0 0.5 0.0 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 3-Fev-04 1.5 14-Jan-04 2.0 3-Fev-04 M edidas INA G 14-Jan-04 2.5 25-Dez-03 Variação Temporal da Concentração de Nitrato na Estação do Seixo 25-Dez-03 3.0 5-Dez-03 Figura 11 – Resultados para o fitoplâncton nas diferentes estações. 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 0.0 6-Out-03 0.5 16-Set-03 1.5 27-Ago-03 2.0 18-Jul-03 M o delo M OHID 7-Ago-03 M edidas INA G 28-Jun-03 3.0 8-Jun-03 Variação Temporal da Concentração de Nitrato na Estação de Pedra Furada 19-Mai-03 0.0 29-Abr-03 Modelo MOHID 29-Abr-03 5.0 9-Abr-03 6.0 20-Mar-03 Variação Temporal da Concentração de Clorofila a na Estação de Bico dos Corvos 9-Abr-03 3.0 13/26 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 Fitoplâncton (mgC/L) Modelo MOHID 20-Mar-03 0.0 28-Fev-03 2.0 28-Fev-03 3.0 8-Fev-03 Modelo MOHID 8-Fev-03 5.0 8-Fev-03 Variação Temporal da Concentração de Clorofila a na Estação das Poças das Ferrarias 19-Jan-03 6.0 30-Dez-02 8-Fev-03 Modelo MOHID 19-Jan-03 0.0 28-Fev-03 2.0 30-Dez-02 4.0 Clorofila a (ug/L) 1.0 0.0 19-Jan-03 3.0 10-Dez-02 1.0 30-Dez-02 5.0 19-Jan-03 4.0 Clorofila a (ug/L) 10-Dez-02 Clorofila a (ug/L) 4.0 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 Clorofila a (ug/L) Variação Temporal da Concentração de Clorofila a na Estação de Pedra Furada 30-Dez-02 2.5 Nitrato (mgN/L) 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 Clorofila a (ug/L) 6.0 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 M o delo M OHID 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 Nitrato (mgN/L) MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 6.0 Variação Temporal da Concentração de Fitoplâncton na Estação do Seixo 5.0 Medidas INAG 4.0 3.0 2.0 6.0 Variação Temporal da Concentração de Clorofila a na Estação de Ponta Branca 5.0 Modelo MOHID 4.0 3.0 2.0 1.0 1.0 0.0 Variação Temporal da Concentração de Clorofila a na Estação da Quinta do Barroso 6.0 5.0 Modelo MOHID 4.0 3.0 2.0 2.0 1.0 1.0 0.0 0.0 14/26 3-Fev-04 M o delo M OHID 14-Jan-04 2.0 0.0 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 M odelo M OHID 25-Dez-03 2.0 5-Dez-03 4.0 15-Nov-03 6.0 26-O ut-03 M edidas INA G 6-O ut-03 8.0 16-Set-03 10.0 27-Ago-03 14.0 18-Jul-03 16.0 7-Ago-03 Variação Temporal da Concentração de OD na Estação das Poças das Ferrarias 28-Jun-03 2.0 8-Jun-03 6.0 19-Mai-03 8.0 8-Jun-03 10.0 19-Mai-03 12.0 29-Abr-03 14.0 29-Abr-03 16.0 9-Abr-03 Variação Temporal da Concentração de OD na Estação de Pedra Furada 20-Mar-03 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-O ut-03 6-O ut-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-J ul-03 28-Jun-03 8-J un-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 M odelo M OHID 9-Abr-03 1.0 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-O ut-03 6-O ut-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 M o delo M OHID 20-Mar-03 1.5 28-Fev-03 M edidas INAG 28-Fev-03 2.5 28-Fev-03 3.0 8-Fev-03 Variação Temporal da Concentração de Nitrato na Estação de Bico dos Corvos 8-Fev-03 0.0 8-Fev-03 0.5 0.0 30-Dez-02 0.5 19-Jan-03 Nitrato (m gN /L) 1.0 30-Dez-02 10-Dez-02 M edidas INAG 19-Jan-03 2.0 Nitrato (m gN/L) 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 29-Abr-03 9-Abr-03 20-Mar-03 1.5 10-Dez-02 24-Jan-04 4-Jan-04 15-Dez-03 25-Nov-03 5-Nov-03 16-Out-03 26-Set-03 6-Set-03 17-Ago-03 28-Jul-03 8-Jul-03 18-Jun-03 29-Mai-03 9-Mai-03 19-Abr-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 2.0 30-Dez-02 B aixa-M ar Oxigénio Dissolvido (mg/L) 0.0 30-Mar-03 30-Dez-02 2.5 19-Jan-03 0.0 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 0.5 0.0 10-Mar-03 Nitrato (mgN/L) Variação Temporal da Concentração de Nitrato na Estação das Poças das Ferrarias 30-Dez-02 12.0 Oxigénio Dissolvido (mg/L) 18-Jul-03 7-Ago-03 0.5 18-Fev-03 10-Dez-02 3.0 10-Dez-02 3-Fev-04 14-Jan-04 25-Dez-03 5-Dez-03 15-Nov-03 26-Out-03 6-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 7-Ago-03 28-Jun-03 8-Jun-03 19-Mai-03 Valo r M édio 18-Jul-03 28-Jun-03 8-Jun-03 29-Abr-03 P reia-M ar 19-Mai-03 29-Abr-03 M o delo M OHID 9-Abr-03 M o delo M OHID 20-Mar-03 29-Jan-03 Nitrato (mgN/L) M odelo M OHID 9-Abr-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 Oxigénio Dissolvido(mg/L) M o delo M OHID 20-Mar-03 28-Fev-03 8-Fev-03 19-Jan-03 30-Dez-02 10-Dez-02 Oxigénio Dissolvido (mg/L) MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Variação Temporal da Concentração de Nitrato na Estação de Ponta Branca 3.0 2.5 M edidas INA G 2.0 1.5 1.0 Variação Temporal da Concentração de Nitrato na Estação da Quinta do Barroso 3.0 2.5 M edidas INA G 2.0 1.5 1.0 Figura 12 – Resultados para os Nitratos nas diferentes estações. 16.0 Variação Temporal da Concentração de OD na Estação do Seixo 14.0 M edidas INA G 12.0 10.0 8.0 6.0 4.0 4.0 2.0 0.0 16.0 Variação Temporal da Concentração de OD na Estação de Ponta Branca 14.0 M edidas INA G 12.0 10.0 8.0 6.0 4.0 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Variação Temporal da Concentração de OD na Estação da Quinta do Barroso Variação Temporal da Concentração de OD na Estação de Bico dos Corvos 16.0 16.0 M odelo M OHID M edidas INA G M edidas INA G 14.0 6.0 Figura 13 – Resultados para o Oxigénio Dissolvido nas diferentes estações. 3.2.2. Validação Espacial Para uma melhor compreensão dos fenómenos que ocorrem no estuário, este foi divido em caixas (Figura 14) sendo estas desenhadas com o cuidado de ter os processos ecológicos em mente. Assim, a cada caixa irá corresponder a respectiva estação, ambas representadas na Figura 9. Os resultados do modelo são assim, integrados através das caixas definidas, tornando possível uma comparação temporal e espacial com os dados de campo. Estes resultados são apresentados na Figura 15. Esta figura tem representado os valores médios anuais do modelo, o respectivo valor máximo e mínimo associado, e os valores médios anuais dos dados de campo. Figura 14 –Caixas de Integração consideradas para a Lagoa de Óbidos. A comparação para o nitrato e amónia é bastante boa, porque os valores médios calculados pelo modelo são da ordem de grandeza dos valores medidos. Verifica-se ainda que existe um gradiente decrescente de montante para jusante, estando as maiores concentrações associadas 15/26 3-Fev-04 14-Jan-04 5-Dez-03 25-Dez-03 15-Nov-03 6-Out-03 26-Out-03 16-Set-03 27-Ago-03 18-Jul-03 7-Ago-03 8-Jun-03 28-Jun-03 19-Mai-03 9-Abr-03 29-Abr-03 4-Jan-04 24-Jan-04 15-Dez-03 5-Nov-03 25-Nov-03 16-Out-03 6-Set-03 26-Set-03 17-Ago-03 8-Jul-03 28-Jul-03 18-Jun-03 9-Mai-03 29-Mai-03 19-Abr-03 30-Mar-03 10-Mar-03 18-Fev-03 9-Jan-03 29-Jan-03 0.0 20-Dez-02 2.0 0.0 20-Mar-03 4.0 2.0 8-Fev-03 4.0 8.0 28-Fev-03 6.0 10.0 19-Jan-03 8.0 12.0 30-Dez-02 10.0 10-Dez-02 Oxigénio Dissolvido (mg/L) 12.0 30-Nov-02 Oxigénio Dissolvido (mg/L) M o delo M OHID 14.0 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS à caixa que recebe a descarga do Rio da Cal (caixa 6) e as menores concentrações às caixas 1 e 2, uma vez que estas se situam na proximidade do mar, existindo assim uma forte diluição. Em relação aos valores de fitoplâncton é muito difícil tirar conclusões em relação aos resultados do modelo, tal como já foi mencionado anteriormente, uma vez que apenas temos registo numa estação de medição. Contudo, também este parâmetro apresenta menores concentrações perto da zona costeira adjacente. Os valores de Oxigénio apresentam valores bastante próximos dos valores de saturação e são bastante concordantes com as medidas de campo. De um modo geral podemos dizer que os resultados são satisfatórios, porque o modelo e resultados de medidas encontram-se dentro do mesmo intervalo de valores e apresentam a mesma distribuição espacial. Valores Médios Anuais de Azoto Amoniacal M edidas INAG M odelo M OHID 7.0 3.0 6.0 2.5 5.0 mgN/L mgN/L M o delo M OHID Valores Médios Anuais de Nitrato 4.0 3.0 2.0 1.5 1.0 2.0 0.5 1.0 0.0 0.0 Caixa 1 Caixa 2 Caixa 3 Caixa 4 Caixa 5 Caixa 6 Caixa 1 Valores Médios Anuais de Oxigénio Dissolvido M édia M édia M edidas INA G 12.0 6.0 10.0 5.0 8.0 4.0 6.0 Caixa 3 Caixa 4 Caixa 5 Caixa 6 M edidas INAG 3.0 4.0 2.0 2.0 1.0 0.0 Caixa 2 Valores Médios Anuais de Clorofila a ug/L mgO2/L M edidas INAG 0.0 Caixa 1 Caixa 2 Caixa 3 Caixa 4 Caixa 5 Caixa 6 Caixa 1 Caixa 2 Caixa 3 Caixa 4 Caixa 5 Caixa 6 Figura 15 – Comparação das concentrações calculadas pelo modelo MOHID em cada caixa de integração e dados de campo para o ano de 2003. 3.2.3. Distribuição Espacial das Propriedades As figuras seguintes representam a distribuição média de concentração das várias propriedades, obtidas como resultado do modelo na simulação da situação de referência da Lagoa de Óbidos, para o mês de Janeiro (esquerda) e Agosto (direita). Estas figuras são úteis para uma rápida visão sobre a lagoa, uma vez que representam apenas um instante considerado, não sendo 16/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS suficientes para entender os processos entre as diferentes zonas da lagoa. Como tal, opta-se por fazer no capítulo seguinte uma abordagem mais detalhada de cada área da lagoa. As maiores concentrações de nitrato registam-se na zona montante da lagoa, sendo o valor mais elevado registado perto da descarga do Rio Arnóia, uma vez que o rio uma contribuição significativa para o input total de nitrato na lagoa devido essencialmente a descargas de origem agrícola. Em relação á amónia, verifica-se que a concentração mais elevada é registada perto do Rio Cal, nomeadamente Braço da Barrosa, revelando a presença da descarga de águas residuais, nomeadamente a ETAR de Caldas da Rainha. Os maiores valores de fitoplâncton ocorrem no mês de Agosto (representativo da estação de verão) e perto das descargas dos rios, porque aliado á disponibilidade de nutrientes e elevados tempos de residência, existe também um período maior e mais intenso de radiação solar do que em Janeiro, criando-se assim todas as condições necessárias para que este produtor primário se desenvolva. Aliado ao crescimento do fitoplâncton no verão, verifica-se para este mesmo período um aumento da concentração de oxigénio nas zonas de montante. Os resultados do modelo parecem evidenciar uma variabilidade sazonal nos valores dos parâmetros simulados. Esta variabilidade estará associada principalmente à diminuição do caudal dos rios nos períodos secos e ao aumento da radiação solar durante o Verão. 17/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Figura 16 – Variação espacial da amónia, nitrato, oxigénio dissolvido e fitoplâncton para Janeiro (esquerda) e Agosto (direita). 3.2.4. Fluxos de Massa Entre as Diferentes Zonas da Lagoa O tipo de formato utilizado para a visualização dos resultados do modelo depende da análise pretendida e, neste estudo, opta-se por aplicar o conceito de “Caixas de Integração”, já utilizado em estudos anteriores, por se considerar que estas permitem uma mais adequada representação dos resultados, facilitando a percepção dos processos envolvidos. A aplicação deste conceito consiste em agrupar células pertencentes a zonas específicas da lagoa, caracterizadas quer pela sua localização, quer pela sua função no ecossistema. Desta forma, é possível, não só caracterizar determinadas áreas da lagoa, como também definir fluxos de propriedades entre caixas, o que, dependendo da análise, pode revelar-se uma ferramenta importante na compreensão da dinâmica do sistema. As figuras seguintes representam os fluxos em toneladas por ano, trocados entre as diferentes zonas da lagoa. Essencialmente estas figuras mostram a carga que entra através das principais descargas consideradas na lagoa e a carga exportada, devido aos processos biológicos que ocorrem dentro desta. 18/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Relativamente aos nutrientes (amónia e nitrato), a carga que entra através das principais descargas, ou seja Rios Arnóia e da Cal, é maior do que a carga exportada. Este resultado indica que existe consumo destes nutrientes por parte do fitoplâncton, desencadeando a produção de biomassa no interior da lagoa. Como consequência, existe um aumento da concentração de fitoplâncton dentro da Lagoa, sendo a carga exportada para o mar maior do que a carga que entra por parte das descargas. Em relação à matéria orgânica verifica-se que o fluxo de entrada é menor que o fluxo de saída. Este resultado indica que a maior parte da matéria orgânica que entra (principalmente na forma particulada) é depositada, porque as zonas de montante são caracterizadas por elevados tempos de residência e velocidades baixas. 19/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Figura 17 –Balanços de massa entre as diferentes zonas da lagoa, para o fitoplâncton, amónia, nitrato , DON (azoto orgânico dissolvido) e PON (azoto orgânico particulado). Conclusões De um modo geral pode-se dizer que o modelo consegue reproduzir bem as variações das medidas de campo, em termos de variação temporal e espacial. Os parâmetros amostrados apresentam um gradiente de concentração decrescente de montante para jusante como resultado do efeito da diluição. Em termos de nitrato e amónia as concentrações mais elevadas são registadas nas proximidades das descargas dos Rios Arnóia e Rio da Cal. O fitoplâncton apresenta uma vincada variação espacial e sazonal coincidente com descrições existentes na literatura. As concentrações mais elevadas apresentam-se na zona de montante, Braço da Barrosa e ocorrem no Verão. Esta produção, reflecte-se em termos de aumento de concentração nos meses de Verão uma vez que segue o aumento da intensidade da radiação solar. Em termos do transporte de massa, verifica-se que a lagoa exporta fitoplâncton para o mar, uma vez que existe o consumo de nutrientes na forma de amónia e nitrato, por parte deste produtor primário. 20/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 4. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS: REFERÊNCIA COM A SITUAÇÃO FUTURA SITUAÇÃO DE 4.1.1. Distribuição Espacial das Propriedades As figuras seguintes representam a distribuição média de concentração das várias propriedades, para a situação de referência (esquerda) e cenário futuro (direita) para o mês de Janeiro e mês de Agosto. Da análise dos dois cenários para o mês de Fevereiro, verifica-se que a carga de entrada é maior na situação de referência, porque na situação futura as descargas das ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho vão descarregar na zona costeira. Verifica-se no entanto a mesma tendência para os dois cenários, ou seja, as maiores concentrações de amónia ocorrem na zona montante da lagoa, sendo os picos maiores registados na zona de descarga do Rio da Cal. Este resultado é previsível, uma vez que os rios são a principal fonte de nutrientes na Lagoa de Óbidos. Em termos das concentrações de fitoplâncton, verifica-se a mesma distribuição espacial em ambos os cenários, ou seja, os maiores valores são registados perto das descargas dos rios. A situação futura apresenta valores mais baixos, porque as cargas de entrada de nutrientes para este cenário são inferiores á situação de referência. Como o fitoplâncton se desenvolve a partir do consumo de nutrientes, é evidente a diminuição da concentração no cenário futuro. 21/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Figura 18 – Variação espacial da amónia, nitrato, oxigénio dissolvido e fitoplâncton para Fevereiro na situação de referência (esquerda) e Situação futura (direita). 22/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 23/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Figura 19 – Variação espacial da amónia, nitrato, oxigénio dissolvido e fitoplâncton para Agosto na situação de referência (esquerda) e Situação futura (direita). 4.1.2. Balanços de Massa Globais Na Figura 20 encontram-se representados os balanços totais para o fitoplâncton, amónia, nitrato e matéria orgânica, para as duas simulações em análise, ou seja, situação de referência e situação futura, na qual as ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho vão ligar ao emissário Submarino da Foz do Arelho. Estas figuras representam a carga que entra através das principais descargas na lagoa e a carga que é exportada através do desencadeamento da produção primária e outros processos biológicos. O balanço de fitoplâncton indica um resultado previsível, ou seja, indica em ambos os casos um balanço total de biomassa de fitoplâncton positivo no interior da lagoa, isto é, a quantidade de biomassa de fitoplâncton que sai da lagoa é mais elevada do que a de entrada. Relativamente aos nutrientes, amónia e nitrato, verifica-se o consumo destes por parte do fitoplâncton, porque o fluxo de saída da lagoa é muito inferior ao de entrada. Em termos de matéria orgânica, representada na forma de azoto, verifica-se que o fluxo de entrada é menor que o fluxo de saída. Note-se que esta diminuição do fluxo de saída de matéria orgânica, deve-se ao facto de as zonas de montante, Braço da Barrosa e Bom Sucesso apresentarem tempos de residência da água elevados, 10 e 26 dias respectivamente, e velocidades baixas (~0.4 m/s), criando condições para a deposição de sedimentos finos. Do balanço feito na lagoa e comparando os dois cenários, constata-se que, após entrada em funcionamento do emissário submarino a carga de nutrientes para a lagoa é menor. Face a este cenário, verifica-se que em termos de biomassa, a situação de referência apresenta maior balanço total, porque apresenta um fluxo de entrada de nutrientes maior. Amónia: Comparação dos resultados da Modelação para os 2 Cenários Nitrato: Comparação dos resultados da Modelação para os 2 Cenários 300 Carga (tonN/ano) Carga (tonN/ano) 160 140 120 100 80 60 40 20 250 200 150 100 50 0 0 Situação de Referência Cenário Futuro Carga Entra Carga Exportada Situação de Referência Cenário Futuro Carga Entra Carga Expo rtada 24/26 Fitoplâncton: Comparação dos resultados da Modelação para os 2 Cenários Matéria Orgânica: Comparação dos resultados da Modelação para os 2 Cenários 500 200 Carga (tonN/ano) Carga (tonC/ano) MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS 400 300 200 100 0 150 100 50 0 Situação de Referência Cenário Futuro Carga Entra Carga Expo rtada Situação de Referência Cenário Futuro Carga Entra Carga Expo rtada Figura 20 -Balanço total das propriedades para a situação de referência e a situação futura, na qual as ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho vão ligar ao emissário Submarino da Foz do Arelho. Conclusões A alteração da carga de entrada na Lagoa de Óbidos apenas altera a quantidade de biomassa de fitoplâncton exportada para o mar. Este resultado indica que a entrada em funcionamento do emissário submarino, não trará desequilíbrios ao sistema. Contudo, e uma vez que a carga de entrada será reduzida com esta nova situação, pode-se verificar alguma melhoria em termos da qualidade da água da lagoa. No entanto, esta afirmação só poderá ser confirmada através da análise dos dados de monitorização, antes e depois da entrada em funcionamento do sistema. 5. CONCLUSÕES GERAIS De uma forma geral, a comparação entre resultados do modelo (espacial e temporal) e campanhas de amostragem é positiva, embora alguns processos precisem ainda de ser afinados no modelo. No entanto, este reflecte as principais tendências observadas nas medidas e consegue simular os processos biológicos principais nomeadamente a produção primária, o consumo de nutrientes. A maioria dos parâmetros amostrados apresenta um gradiente decrescente de montante para jusante, devido ao efeito da diluição. As concentrações mais elevadas de nutrientes (nitrato e amónia) são registadas próximo das descargas dos Rios Arnóia e da Cal. O fitoplâncton apresenta uma vincada variação espacial e sazonal, sendo as concentrações mais elevadas atingidas nas zonas mais a montante da lagoa nos meses que caracterizam a época de verão. 25/26 MODELAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS Em termos de hidrodinâmica, a maré é a principal responsável, pela renovação da água no interior da Lagoa de Óbidos. No entanto, em termos de qualidade da água, as descargas dos principais rios afluentes, Cal e Arnóia, são determinantes por constituírem a principal fonte de nutrientes da lagoa. As zonas próximas das descargas de água doce (rios), apresentam tempos de residência elevados, que juntamente com concentrações de nutrientes altas favorecem o crescimento do fitoplâncton. As zonas de montante, Braço da Barrosa e Bom Sucesso, apresentam tempos de residência elevados, 10 e 26 dias respectivamente, e velocidades baixas, criando condições para a deposição de matéria orgânica particulada. A lagoa funciona como um sistema exportador de biomassa, à custa do consumo de nutrientes descarregados pelos principais rios e ETAR´s. A diminuição dos nutrientes provocado pela ligação das ETAR´s de Óbidos, Carregal, Charneca, Caldas da Rainha e da Foz do Arelho ao emissário Submarino da Foz do Arelho, influencia a produção de biomassa no interior da lagoa, uma vez que a carga exportada é menor neste cenário. Contudo é de salientar que, a entrada em funcionamento do emissário submarino da Foz do Arelho e a posterior ligação das ETAR´s mencionadas anteriormente, não altera de um modo significativo o estado actual e de referência da Lagoa de Óbidos. Com base nos resultados aqui apresentados esta situação não interfere na globalidade do sistema e em geral no seu equilíbrio, apenas é alterada a quantidade de biomassa exportada para o mar por parte da lagoa. A monitorização da lagoa, antes e depois da entrada em funcionamento do sistema, permitirá avaliar se ocorrem eventualmente melhorias em termos da qualidade da água da Lagoa de Óbidos. 26/26