12 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL ESTUDO RETROSPECTIVO DA OCORRÊNCIA DE BOVINOS SORO REAGENTES À BRUCELOSE NO ESTADO DO PARÁ Marabá, 2009 ANTONIO DOS SANTOS CALHAU 13 ESTUDO RETROSPECTIVO DA OCORRÊNCIA DE BOVINOS SORO REAGENTES À BRUCELOSE NO ESTADO DO PARÁ Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal (HIPOA), apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Especializado em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal, sob a orientação do Prof. Antonio Humberto Hamad Minervino. Marabá, 2009 14 Dedico este trabalho aos meus pais, pelo incentivo e apoio recebido. Aos professores que contribuíram no aprendizado; Ao orientador Humberto dedicou Hamad seu Prof. Antonio Minervino,que tempo para que pudéssemos concluir este trabalho; 15 A minha família; Aos colegas Alves Filho, veterinários Rogério Anissé Alessandro Barbosa de Souza e Kedson Neves, por gentilmente permitirem o uso dos dados de seus laboratórios de exames veterinários. A colega Isabela de Oliveira Barros, pela ajuda com a obtenção de parte da revisão de literatura deste trabalho. Enfim,meu muito obrigado a todos. CALHAU, Antonio dos Santos Estudo retrospectivo da ocorrência de bovinos soro reagentes à brucelose no Estado do Pará. A brucelose é uma zoonose infecto-contagiosa causada por bactérias do gênero Brucella, que acomete causa grandes perdas econômicas e problemas relacionados à saúde pública. A brucelose bovina está presente em mais 128 países e é considerada uma doença endêmica no Brasil, sendo diagnosticada em todos os estados da federação. Em relação à brucelose, pouco se sabe em relação a sua prevalência nos rebanhos paraenses. Deste modo, o presente estudo objetiva determinar a ocorrência de animais soro reagentes à brucelose bovina, através de um estudo retrospectivo de resultados de exames realizados por laboratórios particulares em diferentes regiões do Estado. Foram selecionados três laboratórios de diagnóstico de brucelose localizados no nos municípios de Santarém, Novo Repartimento e Tomé-Açu. Os exames para diagnóstico de brucelose foram todos realizados em animais com idade superior a 24 meses. Foram obtidos um total de 7.724 resultados de exames provenientes de 14 municípios. Para o diagnóstico da brucelose foi realizado o Teste de soro aglutinação 16 com Antígeno Acidificado Tamponado (AAT). Para avaliação dos possíveis fatores de riscos foi realizado o teste de qui quadrado de Pearson para os fatores município, macrorregião, microrregião, categoria animal e padrão racial, e o teste exato de Fisher para os fatores sexo e histórico de vacinação do rebanho, utilizando software estatístico Minitab. Foram observados 792 bovinos positivos, obtendo-se uma prevalência média de 10,25%. Em relação aos fatores de risco estudados, a prevalência foi maior em vacas e novilhas, quando comparadas aos touros, sendo conseqüentemente maior nas fêmeas em relação aos machos. Rebanhos vacinados contra a brucelose apresentaram menor prevalência em relação às propriedades onde não se vacina. Estes resultados indicam que a Brucelose está disseminada em todo o Estado do Pará, sendo observada uma alta prevalência desta enfermidade. Em vista dos resultados obtidos torna-se necessária a sensibilização de proprietários e profissionais quanto à importância do controle desta enfermidade. CALHAU, Antonio dos Santos A retrospective study of the occurrence of bovine serum reagents for brucellosis in the State of Pará Brucellosis is a zoonotic infectious disease caused by Brucella sp. that causes great economic losses and problems related to public health. Bovine brucellosis is present in over 128 countries. It is considered an endemic disease in Brazil and was diagnosed in all States. In relation to brucellosis, little is known about their prevalence in cattle herds from Pará State. Thus, this study aims to determine the occurrence of cattle serum reagent to brucellosis by a retrospective study of the results of serological tests from private laboratories in different regions of from Pará State. We selected three laboratories for the diagnosis of brucellosis located in the municipalities of Santarém, Novo Repartimento and Tome-Acu. The animals tested for brucellosis were all older than 24 months. We obtained a total of 7,724 test results from 14 municipalities. For the diagnosis of brucellosis it was performed agglutination test with buffered acidified antigen. using statistical software Minitab, a Χ-square test was performed to assess the possible risk factors for brucellosis prevalence in relation to macro and micro region, animal category and breed, and Fisher's exact test was applied for the factors sex and vaccination history of the herd. We observed 792 positive cattle, resulting in an average prevalence of 10.25%. Regarding the risk factors studied, the prevalence was higher in cows and heifers when compared to bulls, and consequently higher in females compared to males. Herds vaccinated against brucellosis showed lower prevalence in relation to properties without vaccination. These results indicate that Brucellosis is widespread throughout the State of Para, with a high prevalence of this disease. This results show the importance of convinces the cattle farmers and veterinaries of the importance of control this disease in the State. 17 18 “ Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menos do que Deus, e de glória e de honra o coroaste, Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão, e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra e o teu nome!” Salmos 8:5-9 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................... v ABSTRACT................................................................................................................................... vi EPÍGRAFE................................................................................................................................. vii LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... X LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... xi 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................... 13 2.1 AGENTE ETIOLÓGICO ................................................................................................. 13 2.2 RESERVATÓRIO ......................................................................................................... 14 19 2.3 PATOGENIA .......................................................................................................... 15 2.4 TRANSMISSÃO ........................................................................................................ 15 2.4.1 17 Fatores de risco para transmissão da brucelose ............................................ 2.5 SINTOMAS CLÍNICOS .................................................................................................. 17 2.6 ASPECTOS IMUNOLÓGICOS ................................................................................. 18 2.7 DIAGNÓSTICO ......................................................................................................... 19 2.8 CONTROLE E ERRADICAÇÃO ............................................................................... 21 3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 23 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 27 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……..………………………………………………………….. 37 20 LISTA DE TABELAS 1. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA EM DIFERENTES MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ............................................ 28 2. ANÁLISE ESTATÍSTICA CONSIDERANDO APENAS OS MUNICÍPIOS COM NUMERO SUFICIENTE DE ANIMAIS AMOSTRADOS.............................................. 29 3. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NAS DIFERENTES MACRORREGIÕES DO ESTADO DO PARÁ..................................... 30 4. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NAS DIFERENTES MICRORREGIÕES DO ESTADO DO PARÁ...................................... 31 5. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NO ESTADO DO PARÁ EM RELAÇÃO À CATEGORIA ANIMAL.................................... 32 6. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NO ESTADO DO PARÁ EM RELAÇÃO À CARACTERIZAÇÃO RACIAL........................ 33 7. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NO ESTADO DO PARÁ EM RELAÇÃO AO SEXO........................................................ 34 8. PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA EM RELAÇÃO AO HISTÓRICO DE VACINAÇÃO DAS PROPRIEDADES..................... 34 21 LISTA DE FIGURAS 1. MUNICÍPIOS DE ORIGEM DOS ANIMAIS AVALIADOS NESTA PESQUISA COM A PORCENTAGEM EM RELAÇÃO AO TOTAL DE ANIMAIS ESTUDADOS............. 24 2. MACRORREGIÃO DE ORIGEM DOS ANIMAIS ESTUDADOS COM SUAS RESPECTIVAS PORCENTAGENS.......................................................................... 25 22 1. INTRODUÇÃO A brucelose é uma doença infecto-contagiosa causada por bactérias do gênero Brucella, que acomete o homem e os animais, sendo um antropozoonose, gerando grandes perdas econômicas e problemas relacionados à saúde pública. Para os animais é uma enfermidade que acomete o sistema reprodutivo e osteoarticular, causando principalmente abortamento no terço final da gestação, orquite e epididimite em touros, enquanto que nos seres humanos se manifesta de forma generalizada (RADOSTITS et al., 2002). A brucelose bovina está presente em mais 128 países e é considerada uma doença endêmica no Brasil, sendo diagnosticada em todos os estados da federação. Em inquéritos soroepidemiológicos realizados no período de 2001 a 2004 em 13 Estados do Brasil (BA, ES, GO, MG, MT, PR, SC, RJ, RS, SP, SE, TO e DF) foram observados que a doença está disseminada por todas as áreas pesquisadas e que a situação é heterogênea entre os Estados e mesmo dentre de regiões de um mesmo Estado (LAGE et al., 2008). O Brasil, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou em 2001 o Programa Nacional de Erradicação da Brucelose e da Tuberculose (PNCEBT) com objetivo de diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, além de promover a competitividade da pecuária nacional (BRASIL, 2006). O Estado do Pará, de destacada importância na pecuária bovina nacional, com 16.240.697 milhões de bovinos, sendo o quinto maior rebanho entre os estados da federação (IBGE, 2008). Entretanto, em termos de sanidade animal e defesa agropecuária, o Estado ainda apresente entraves limitantes de sua produtividade (MINERVINO et al., 2008), uma vez que ainda possui áreas que não são livres de febre aftosa. Em relação à brucelose bovina, pouco se sabe em relação a sua prevalência nos rebanhos paraenses. Deste modo, o presente estudo objetiva determinar a ocorrência de animais soro reagentes à brucelose bovina, através de um estudo retrospectivo baseado em levantamento de resultados de exames realizados por laboratórios particulares em diferentes regiões do Estado, avaliando ainda as diferenças na prevalência de animais soro reagentes em relação aos fatores de risco estudados. 23 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 AGENTE ETIOLÓGICO A bactéria causadora da brucelose bovina, Brucella abortus pertence ao gênero Brucella. Além dela, existem outras espécies associadas a outros hospedeiros: Brucella suis (suínos), Brucella melitensis (ovinos e caprinos), Brucella ovis (ovinos), Brucella canis (caninos), Brucella neotomae (rato do deserto) e recentemente foi identificada em mamíferos marinhos a Brucella maris, que possui dois grupos, uma dos cetáceos e outra originada de focas. A destinção entre as espécies é realizada por provas sorológicas e bioquímicas (LOPEZ-MERINO, 2004). A B. abortus possui oito biotipos diferentes tanto quanto a patogenicidade, como da virulência. São bacilos curtos que podem ser encontrados isolados e raramente formam cadeias curtas, não formam cápsula, nem esporos, imóveis, gram-negativos, pleomórficos e que crescem em condições microaerófilas (CAMPAÑA et al., 2003). As Brucellas podem ser divididas em dois grupos antigenicamente distintos: as lisas (B. abortus, B. melitensis e B. suis) e as rugosas - B. ovis e B. canis (METCALF, 1994). Esta classificação é principalmente baseada em diferenças de patogenicidade e de hospedeiros. Evidências genéticas (VIZCAÍNO et al., 2004) indicam que todos os membros atualmente conhecidos do gênero mostram alto grau de homologia de seus DNAs por meio de ensaios de hibridização de DNA-DNA, chegando a compreender mais de 90% de homologenidade (VIZCAÍNO et al., 2004). O crescimento da Brucella acontece entre 20°C e 40°C, com ótimo crescimento a 37°C. O pH ideal é 6.6-7.4. Os antígenos de superfície dominantes estão localizados no lipopolissacarídeo (LPS) que é constituído de três partes: um glicofosfolipídeo denominado lipídio A (LA), endotoxina responsável pela patogenia da doença; um oligossacarídeo central e, em sua porção terminal, a cadeia O (CO), homopolímero formado por cerca de 100 resíduos do monossacarídeo α-D-Rhap4Nfo (CORBEL, 1997). A CO é sitio imunodominante da bactéria, responsável pelo desencadeamento da maior parte da resposta humoral tanto da infecção natural quanto daquela desenvolvida após vacinação pela B19 (SCHURIG et al., 1991). A CO também se relaciona com a aderência da bactéria às células do hospedeiro, além de lhe conferir resistência aos fagócitos e proteção contra as reações frente a 24 anticorpos e ao sistema complemento. Devido a essas particularidades, acredita-se que a CO seja importante fator de interação parasita-hospedeiro e que sua ausência resulte em perda da virulência (MOLNÁR et al., 1997). As brucelas são moderadamente sensíveis ao calor e à acidez. Quando estão presentes no leite, são destruídas pela pasteurização (MOLNÁR et al., 1997). A capacidade de sobrevivência da bactéria em condições naturais é grande e se comparada à de outras bactérias patogênicas não esporuladas, sobretudo em ambiente úmido, ao abrigo da luz solar direta, pH neutro e em ambiente contendo matéria orgânica (OMS, 1986). Submetida à ação de desinfetantes comuns, como produtos clorados (2,5% de cloro ativo), soluções de formaldeídos a 2% em temperatura ambiente superior a 15°C, compostos fenólicos a 2.5% e permanganato de potássio (1:5000), a brucela é eliminada no máximo em 15 minutos. Álcool 70% destrói prontamente a bactéria, e carbonato de cálcio (1:10), em 30 minutos (OMS, 1986). 2.2 RESERVATÓRIO O principal hospedeiro da B. abortus é o bovino, porém outros animais como eqüídeos, caprinos, ovinos, bubalinos, suínos e cães (BATHKE, 1988; CARTER, 1991). Esta enfermidade também foi relatada em bisões, alces, cervos, coiotes, gambá e guaxinins selvagens, alces americanos, camelos e outros ruminantes domésticos e selvagens, mais não há evidências diretas de que essas espécies sejam fontes de infecção para os bovinos (BLOOD et al., 1991). Os animais domésticos que vivem em condições silvestres no Brasil, capivaras, queixadas são estudados durante as cheias, período o qual esses animais procuram lugares mais altos pode se infectar ingerindo produtos de abortamento de vacas brucélicas (ITO et al., 1998; PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). Os cães que vivem em fazendas com bovinos sorologicamente positivos para brucelose devem ser investigados caso se planeje o controle e erradicação desta doença (BLOOD et al., 1991). A susceptibilidade a doença está mais relacionada à maturidade sexual, que a idade dos animais, sendo as fêmeas mais susceptíveis que os machos. No Brasil a maior prevalência da brucelose bovina é nos rebanhos de corte, principalmente nas regiões Norte e Centro Oeste (LAGE et al., 2008). 25 O homem é susceptível, principalmente aqueles que trabalham com animais em frigoríficos e laboratórios e aqueles que ingerem leite ou subprodutos de leite que não recebam tratamento térmico (BRASIL, 2003; LOPEZ-MERINO, 2004). 2.3 PATOGENIA A B. abortus tem predileção pelo útero prenhe, úbere, testículos, glândulas sexuais acessórias, linfonodos, cápsulas articulares e membranas sinoviais. A porta de entrada são as mucosas orais, conjuntival ou genital e também através da pele intacta (RIET-CORREA, 1998). Inicialmente, a Brucella invade os linfonodos regionais, que irão aumentar de volume devido à hiperplasia linfática, reticuloendotelial e inflamação (RADOSTITS et al., 2002). As bactérias de disseminam para órgãos e células do sistema mononuclear fagocitário, como gânglios, baço, fígado, medula ósseas, articulações, onde geram higromas. Disseminam para órgãos reprodutivos, como útero gravídico das fêmeas (feto e anexos embrionários), glândula mamária, epidídimo, testículos, ampolas e vesículas seminais dos machos. Quando o útero está gravídico ocorre multiplicação bacteriana no trofoblasto do placentoma, ocasionando uma placentite pela infecção das células adjacentes e essas lesões inflamatórias impedem a passagem de oxigênio que permanece infectado e há desencadeamento do abortamento (BRASIL, 2003). O abortamento ocorre devido ao comprometimento da circulação materno fetal. Em casos agudos quanto maior a necrose, maior a chance de ocorrer abortamento. Já quanto menos intensa a necrose menor a deposição de fibrina e mais tardio ocorrerá o abortamento. Neste caso poderá ocorrer retenção de placenta ou a gestação vir a termo, porém os animais poderão nascer fracos e poderaõ morrer em alguns dias (TOLEDO, 2006). 2.4 TRANSMISSÃO 26 A principal porta de entrada de Brucella para bovinos é a mucosa orofaringeana (BISHOP et al.,1994). Essa forma de entrada é importante quando o bovino se infecta de material fecal de bezerros que tenham se alimentado de leite contaminado. O bovino pode se infectar após cheirar fetos oriundos de abortamento, pois a bactéria pode penetrar na mucosa nasal e ocular (BRASIL, 2003). As mucosas do trato genital juntamente com as soluções de continuidade da pele também podem ser portas de entrada para a bactéria (BISHOP et al.,1994). Para os bovinos as principais fontes de infecção são as vacas prenhes, com os fetos abortados, envoltórios fetais, placenta, líquidos uterinos após o abortamento, água, alimentos e fômites contaminados (HIRSH; ZEE, 2003; BRASIL, 2005). As vacas e novilhas brucélicas são importantes para difusão da doença tanto no parto, quanto nos casos de abortamento, pois lambem neonatos infectados ou ingerem restos placentários e líquidos contendo grandes quantidades de Brucellas. Além disso, os bovinos podem vir a beber água e se alimentarem de pastos, forragens, contaminados pelos restos fetais, excreções vaginais, fezes e leite (CAMPOS, 2003). Os touros apresentam importância para disseminação da doença a medida que inocula as Brucellas que alberga em suas vias genitais ou as transportando mecanicamente de uma vaca para outra, principalmente tendo em vistas que essas bactérias se conservam muito tempo em latência nos órgãos genitais (FERREIRA; FERREIRA, 1990). Em casos de contaminação das glândulas sexuais acessórias dos machos ocorrerá disseminação da bactéria pelo sêmen, seja de monta natural ou artificial (HIRSH; ZEE, 2003; BAILEY,1987). Porém, é dito que a monta natural não tem importância para a disseminação da doença, tendo em vista que quando o sêmen é depositado na vagina, há defesas naturais que impedem a disseminação da infecção (BRASIL, 2005). Entretanto, um touro infectado não pode ser utilizado como doador de sêmen na inseminação artificial, porque este é introduzido diretamente no útero, permitindo infecção da fêmea com pequenas quantidades do agente (TOLÊDO, 2006). Outras formas de transmissão seriam a ingestão pelo bezerro de leite contaminado e também a transferência direta da Brucella pela via uterina (HIRSH; ZEE, 2003). Acredita-se que insetos como a mosca-do-chifre (Haematobia irritans) possam carrear Brucellas nas fezes (HIRSH; ZEE, 2003). Outra 27 forma de transmissão da doença é pelas mãos do ordenhador que podem transportar Brucellas e depositá-las em tetos com lesões ou feridas (FERREIRA; FERREIRA, 1990). As vacas infectadas por Brucella podem infectar seus produtos no útero, durante ou logo após o parto. Neste caso são consideradas portadoras latentes e apresentam sorologia negativa até atingir maturidade sexual. Em geral essas fêmeas sofrem abortamento da primeira cria e só apresentam resultados positivos para sorologia no decorrer da gestação (FICHT, 2003). Esse fenômeno ocorre em 2,9% a 9% em condições naturais de campo (BRASIL, 2003). Desta forma, A principal forma de entrada da brucelose em uma propriedade é a introdução de animais infectados, devendo-se evitar quando a condição sanitária é desconhecida (BRASIL, 2005). 2.4.1 Fatores de risco para transmissão da brucelose O principal fator de risco para transmissão da brucelose bovina para um rebanho livre é a aquisição de animais, associado a falta de exigência de atestado negativo para brucelose (LAGE et al., 2008). Além disso, a proximidade de rebanhos que muitas vezes compartilham o mesmo pasto; sombreamento, aumento da umidade, baixas temperaturas favorecem a sobrevivência do patógeno no ambiente, aumentando as chances de infectar animais susceptíveis (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). Dentre os fatores que influenciam a transmissão da brucelose dentro de um mesmo rebanho destaca-se o nível de vacinação do rebanho; o tamanho do rebanho; a densidade populacional dor rebanho. No Brasil as maiores prevalências foram encontrada nas regiões com maiores densidades bovinas (POESTER et al., 2002). 2.5 SINTOMAS CLÍNICOS Os principais sinais clínicos observados em animais acometidos pela brucelose referem-se aos transtornos reprodutivos (SILVA et al., 2005). Em vacas gestantes os sinais mais evidentes são o abortamento no terço final da gestação, natimortos e nascimento de bezerros fracos. É observado retenção de placenta, metrite, e infertilidade temporária e permanente (HIRSH; ZEE, 2003; BRASIL, 2005). É estimado que a brucelose cause perdas de 20 – 25% na produção leiteira, devido aos abortos e 28 aos problemas de fertilidade. Os animais infectados antes da fecundação seguidamente não apresentam sinais clínicos e podem não abortar. Após um ou dois abortos algumas vacas podem não apresentar sinais clínicos, mas continuam a excretar as brucelas contaminando o meio ambiente, originando infecção para as novilhas (RIBEIRO, 2000). Nos machos a brucelose causa orquite, abcessos, epididimite, perda da libido e da qualidade espermática e como consequência esterilidade (RIET-CORREA et al., 1998). A orquite persiste por período considerável, e o testículo sofre necrose por liquefação, podendo ser destruído. Os touros podem recuperar a fertilidade se um dos testículos não forem lesados (BLOOD et al., 1991). No aparelho reprodutivo masculino, a Brucella pode levar à reação inflamatória do tipo necrosante nas vesículas seminais, testículos e epidídimos, com aumento de seu volume uni ou bilateral, provocando sub-fertilidade, infertilidade ou esterilidade. Como seqüela pode haver atrofia do órgão afetado (OMS, 1986). No aparelho locomotor, causa infecções articulares levando a bursites, principalmente nas articulações carpianas e tarsianas e espondilites, especialmente nas vértebras torácicas e lombares, podendo também atingir medula óssea e bainha dos tendões. Em eqüídeos, o principal sinal é um abscesso localizado nas regiões da cernelha (zona de junção das duas escápulas), ou da espinha da escápula (bursite supra-espinhosa) e que é comumente chamado de "mal de cernelha" (OMS, 1986). Também podem ocorrer osteoartrites, tenosinovites, abortamentos e esterilidade (XAVIER et al., 2009). 2.6 ASPECTOS IMUNOLÓGICOS Na brucelose a proteção do hospedeiro contra o agente é conferida principalmente pela resposta imune celular, dependente principalmente de linfócito T e do mecanismo de apresentação realizado pelos macrófagos. Uma das explicações para a sobrevivência da bactéria dentro dos macrófagos é a capacidade que a brucela tem de produzir adenina e guanina monofosfato, substâncias que inibem o processo de fusão fagolisossômica (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). Após a infecção, as células do sistema mononuclear fagocitário, sobretudo macrófagos, ligamse à Brucella por meio de receptores específicos ou com a ajuda dos anticorpos opsonizantes. A bactéria é interiorizada, digerida e suas frações antigênicas são expostas na superfície celular, permitindo o seu 29 reconhecimento pelos linfócitos T, linfócitos B e pelas moléculas das classes I do CMH (METCALF et al., 1994; PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). No curso da doença ou vacinação, são formados anticorpos como resposta ao estímulo antigênico, presentes nas secreções e no soro. As classes de anticorpos produzidos contra a B. abortus são variáveis, dependendo da sua função, afinidade e especificidade com os epítopos bacterianos. As IgM são a primeira classe de anticorpos a serem produzidos (ao redor do 5º - 7º dia), alcançando nível máximo ao redor do 13º-21º dia. São seguidas pela IgG, detectáveis um dia após a IgM, com a máxima concentração entre 28º-42º dia. Nos animais infectados, as IgM diminuem rapidamente sua concentração. Porém, a IgG persiste por mais tempo sobretudo a IgG1, principal subclasse de anticorpo presente no soro sangüíneo de animais infectados (CRAWFORD; HUBER; ADAMS, 1990). Proporcionalmente, a IgG1 apresenta-se numa concentração duas vezes maior que a IgG2 (NIELSEN, 2002). Em caso de vacinação, as IgM começam a desaparecer após alguns meses, a IgG2 diminui paulatinamente sua concentração e a IgG1 se mantêm e até aumenta sua produção, devido aos estímulos antigênicos (PAULIN, FERREIRA NETO, 2003). Evidências indicam que anticorpos contra Brucella possuem um papel tanto protetor quanto nocivo. Anticorpos IgM, que aparecem inicialmente após infecção, e baixos níveis de IgG irão causar a lise de Brucella mediada pelo complemento. Entretanto, níveis elevados de anticorpos IgG parecem agir como anticorpos bloqueadores que modulam a capacidade de lise celular de membrana do sistema de complemento. Isto pode ser responsável pela resistência à lise mediada pelo complemento, apesar dos níveis elevados de anticorpos específicos e da falta de correlação entre proteção e títulos elevados de anticorpos. Anticorpos bloqueadores promovem opsonização e captação por fagócitos onde a Brucella desenvolveu mecanismos de sobrevivência e proliferação (NIELSEN et al., 1996). Células fagocíticas incapazes de eliminar a Brucella desempenham um papel na disseminação dos organismos para outras partes do corpo e na persistência de infecção. Foram demonstrados autoanticorpos IgA em canino infectados por B. canis, explicando alguns dos efeitos observados sobre a fertilidade (OLIVEIRA; SOEURT; SPLITTER, 2002). 2.7 DIAGNÓSTICO 30 O diagnóstico da brucelose bovina é baseado nos sinais clínicos como abortamento, nascimentos de bezerros fracos, esterilidade de fêmeas e machos; nos dados epidemiológicos; história clínica do rebanho e através das provas laboratoriais. O diagnóstico laboratorial pode ser por métodos indiretos (identificação das bactérias – bacteriológico) e diretos (pesquisa da resposta imunológica à infecção – sorológico) (POESTER et al., 2005). O diagnóstico direto de brucelose se faz através da bacteriologia e coloração direta, utilizando os tecidos e produtos dos animais infectados (tecidos fetais e placentários, sangue, útero, testículos, leite, queijo, secreções genitais). O diagnóstico indireto pode ser feito pela pesquisa de anticorpos, através da sorologia, bem como pela resposta celular no teste cutâneo (NIELSEN, 2002, POESTER et al., 2005). Para diagnóstico bacteriológico os materiais de eleição são membranas fetais, feto abortado, 0 leite, swabs vaginais e sêmen (POESTER et al., 2005). O material pode congelado (-20 C) para ser enviado ao laboratório, desde que seja mantida a temperatura no transporte (LAGE et al., 2008). As membranas fetais são ricas em, especialmente os cotilédones, ricos em B.abortus. O envio do feto abortado pode ser feito inteiro ou então apenas seu conteúdo estomacal, pulmão, fígado, baço, juntamente com o histórico do animal e achados de necropsia (CRAWFORD et al., 1990; POESTER et al., 2005). O leite deve ser coletado de forma asséptica e conter amostras dos quatros tetos. A manipulação de amostras suspeitas de estarem infectadas por Brucella sp. é extremamente perigoso, por isso faz-se necessário o uso de equipamentos de segurança, para evitar a contaminação humana. Os testes sorológicos são os mais utilizados para diagnóstico de brucelose bovina. Nestes exames são utilizadas amostras de soro, leite, plasma seminal ou muco vaginal, são baratos e apresentam alta especificidade e sensibilidade (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). Os principais exames indiretos incluem o AAT (Teste de soroaglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado), teste do SAL (Teste de Soroaglutinação em Tubos), teste do 2-ME (Teste do 2Mercaptoetanol), teste rap, ensaios de imunoadsorção enzimática (ELISAs), ensaio homogêneo de fluorescência polarizada (FPA), fixação de complemento (FC) e o teste do anel no leite (TAL) (MONTEIRO, 2004). O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, através do MAPA utiliza para triagem o teste do AAT e como confirmatório o do 2-ME, juntamente com o teste SAL. 31 Os animais reagentes são submetidos ao teste de FC e os inconclusivos submetidos ao teste 2-ME (MONTEIRO, 2004). O diagnóstico diferencial é feito para doenças que causem abortamento, tai como: campilobacilose, leptospirose, diarréia viral bovina, vibriose, micoplasmose, clamidiose e abortamento de origem não infecciosa (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). 2.8 CONTROLE E ERRADICAÇÃO O controle da brucelose bovina só é capaz de ser realizado quando a cadeia de transmissão é interrompida. Isso ocorre eliminando indivíduos infetados ou aumentando os animais resistentes do rebanho (CRAWFORD et al., 1990). O controle da brucelose bovina baseia-se em ações de vacinação em massa de fêmeas (entre três e oito meses), bem como no diagnóstico e sacrifício de animais positivos. São também de extrema importância como controle do trânsito de animais para reprodução, desinfecção de instalações e utilização de piquetes de parição (BRASIL, 2005). Um bom programa para controle de brucelose dever ser composto de três elementos: higiene, vacinação e testes regulares (TOLEDO, 2006). Existem inúmeras dificuldades em se estabelecer um programa de controle e erradicação da brucelose, tendo em vista que essas medidas são afetadas por fatores como a taxa de infecção do rebanho, viabilidade ou necessidade de reposição de animais, situação financeira do produtor, proximidade de laboratório para diagnóstico, do envolvimento e cooperação das propriedades vizinhas, dos preços dos animais abatidos e infectados, disponibilidade de locais adequados para vacinação, disponibilidade de orientação veterinária (BISHOP et al., 1994; CAVALLERO, 1998). Um sistema de vigilância estruturado se torna bastante importante no combate a brucelose bovina. É recomendável verificar a condição dos rebanhos em suas regiões, e caso apareçam focos, os mesmos devem ser eliminados. Para animais de corte o diagnóstico apóia-se na sorologia dos animais de reprodução, onde os pontos de coleta são os matadouros, leilões, exposições, rodeios e feiras. Para o gado de leite o acompanhamento do rebanho é feito por meio do TAL (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). 32 Para o controle da brucelose, utiliza-se um esquema de vacinação das fêmeas bovinas entre 3 a 8 meses de idade, utilizando-se costumeiramente a vacina B19. Ela protege os animais sadios que vivem ambientes contaminados, propiciando a eliminação gradativa dos doentes (RIBEIRO, 2000). Somente as vacinas conferem imunidade satisfatória contra a brucelose. A mais utilizada no mundo é a B19, desenvolvida na década de 30 (ADAMS, 1990). É estável, protege contra a infecção e o abortamento em cerca de 60 a 75%, de acordo com a prevalência da doença no rebanho. Corbel (1997) explica que sua atenuação e baixa patogenocidade derivam de perda do gen eritrulose-1-fosfato dehidrogenese durante a mutação espontânea ocorrida com a estirpe, por isso não há produção de enzima D-Ery, o que leva à inibição da sua multiplicação. Assim, a B19 não se beneficia da degradação do eritritol, tendo, inclusive, seu crescimento inibido pelo mesmo (ADAMS, 1990). Seu inconveniente é a presença da cadeia O, que induz anticorpos nos primeiros meses pós-vacinais. Alem de ser patogênica para bovídeos machos e outras espécies incluindo o homem. No Brasil é obrigatória a vacinação de fêmeas bovinas e bubalinas entre três e oito meses de idade (BRASIL, 2005). A RB51 é outra vacina viva desenvolvida para bovinos contra brucelose. Trata-se de uma mutante rugosa, rinfampicina-resistente e com características semelhantes às da B19. Porém, devido à ausência da CO, não induz a formação de anticorpos detectáveis nos testes utilizados no sorodiagnóstico da B. abortus. Outro fator a ser considerado, é que tem sua virulência comprometida, provavelmente também devido à ausência da CO (SCHURIG et al., 2002). Este é um bom argumento na defesa de sua utilização em fêmeas adultas não reativas visando aumentar a cobertura vacinal em situações de alto risco de infecção; ou em fêmeas desprovidas da proteção conferida pela B19 devido à idade avançada ou a falhas na vacinação. (PAULIN, 2003). Em geral, considera-se cientificamente que a vacinação não leva à erradicação total da brucelose por si só, mas que apesar de tudo, pode ser um passo importante na via para o saneamento (BEER, 1988). A conscientização de produtores, vaqueiros, tratadores e técnicos é a única forma eficaz e duradoura para a implementação de um programa de controle de brucelose em um rebanho, pois somente com envolvimento de todas as pessoas relacionadas com o manejo dos animais e com o efetivo empenho de cada um no controle da doença as metas e o sucesso do programa serão alcançados (LAGES et al., 2008). 33 3. MATERIAL E MÉTODOS Para realização deste estudo foram selecionados três laboratórios particulares que fazem diagnóstico de brucelose, devidamente cadastrados na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os laboratórios atendem a rebanhos bovinos das cidades onde estão localizados e de cidades vizinhas e estão localizados no nos municípios de Santarém, região Oeste do estado, Novo Repartimento, região centro-sul, e Tomé-Açu, região nordeste do Estado. Para escolha destes laboratórios, deu-se preferência a centro de diagnóstico com grande rotina de amostras, com elevado padrão de qualidade em práticas laboratoriais e especialmente, aos vinculados à veterinários de campo, que realizam exames em rebanhos como um todo, a fim de erradicar a brucelose das propriedades a quais dão assistência. Com isso, tentou-se reduzir o erro amostral deste tipo de estudo, onde os animais que com maior freqüência são examinados são aqueles com maiores riscos, como por exemplo, vacas que tenham abortado. Os exames para diagnóstico de brucelose foram todos realizados em animais com idade superior a 24 meses para evitar reações soro positivas caso os animais fossem vacinados contra brucelose entre 3 e 8 meses de idade. Deste modo, foram obtidos resultados de 14 municípios do Estado do Pará, oriundos de 4 macrorregiões diferentes. A figura 1 apresenta os municípios de origem dos animais estudados enquanto que a figura 2 apresenta as macrorregiões. 34 Viseu 0,65% Alenquer 0,41% Cachoeira do Piriaí 3,59% Concórdia do Pará 18,82% Irituia 0,12% Tomé-Açu Açu 41,21% Monte Alegre 0,87% Novo Repartimento 22,11% São Domingos do Capim 2,01% Santarém 3,68% Paragominas 4,58% Oriximiná 1,44% Pacajá 0,52% FIGURA 1. MUNICÍPIOS DE ORIGEM DOS ANIMAIS AVALIADOS NESTA PESQUISA COM A PORCENTAGEM EM RELAÇÃO AO TOTAL DE ANIMAIS ESTUDADOS. 35 Sudoeste Paraense 5,10% Baixo Amazonas 6,40% Sudeste Paraense 22,11% Nordeste Paraense 66,39% FIGURA 2. MACRORREGIÃO DE ORIGEM DOS ANIMAIS ESTUDADOS COM SUAS ESPECTIVAS PORCENTAGENS. Após a seleção dos laboratórios, todos os resultados dos exames foram cuidadosamente tabulados, recolhendo-se se todas as informações possíveis de cada animal examinados, deste modo foi possível estabelecer alguns fatores de risco para a presença da enfermidade, enfermidade, sendo estes: Município, macrorregião, microrregião, sexo, categoria animal e padrão racial. Para a adequação de cada município de acordo com a micro ou macrorregião a qual pertence, adotou-se adotou se a classificação oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (IBGE, 2008). ). Para os fatores sexo, padrão racial, racial categoria animal e histórico de vacinação na propriedade, propriedade usaram-se se as informações relatadas dos médicos veterinários que realizaram as coletas de sangue. 36 Para o diagnóstico da brucelose, em todos os animais foi realizado o Teste de soro aglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) conforme as recomendações do MAPA. Para realização do teste sorológico, foram coletadas amostras de sangue total em frascos de vidro sem anticoagulante, os quais foram mantidos em temperatura ambiente, em estantes inclinadas com angulo de 45º, até a completa formação do coágulo e obtenção de soro. Para avaliação dos possíveis fatores de riscos relacionados com as informações obtidas, foi realizado teste de associação entre a prevalência de brucelose e os fatores individuais, utilizando-se o teste de qui quadrado de Pearson para os fatores município, macrorregião, microrregião, categoria animal e padrão racial, e usando o teste exato de Fisher para a associação com o sexo do animal examinado. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software Minitab, versão 13 (MINITAB, 2000), sendo adotado um grau de significância de 5%. 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram utilizados resultados de exames de 7.724 bovinos nos diferentes municípios, sendo observados 792 bovinos positivos e obtendo-se uma prevalência média de 10,25%. A inexistência de dados atuais acerca da prevalência da brucelose bovina no Estado do Pará, divulgados em literatura científica, dificulta a análise comparativa dos resultados obtidos neste estudo. A Brucelose é enzoótica no território nacional, porém apresenta grandes diferenças relacionadas à prevalência de acordo com a região. Estudos realizados em 1977 visando determinar a prevalência de brucelose a nível regional apresentaram os seguintes resultados: região Centro Oeste 6,8%; Nordeste 2,5%; Norte 4,1%; Sudeste 7,5%; Sul 4,0% (POESTER et al., 2002). Pesquisa relacionadas à prevalência da Brucelose bovina apresentaram resultados distintos. PAULIN e FERREIRA NETO (2003) apontam uma prevalência de 11,6% para o Estado do Pará, sem mencionar a metodologia utilizada, enquanto que LOPES et al. (1999) encontraram 19,4% em pesquisa sorológica realizada na região bragantina do estado do Pará. Em levantamento semelhante realizado no Estado do Rio de Janeiro, NASCIMENTO et al. (1997) encontraram 8,3% de prevalência. Em estudo realizado por MELO EVANGELISTA e GONÇALVES (2009), realizado no Estado de Roraima e que teve metodologia semelhante a deste trabalho, foi observada um prevalência de 5,2% em 2007 e 5,8% no ano de 2008, valores estes inferiores aos 10,25% encontrados no Estado do Pará no presente estudo. MONTEIRO (2004), em pesquisa sorológica no estado do Mato Grosso do Sul, observou uma prevalência de 6,6%, enquanto RIBEIRO et al. (2003) no Estado da Bahia e POLETTO et al. (2004) no Rio Grande do Sul observaram prevalências inferiores (1,9% e 1,22%, respectivamente). Estes três últimos estudos utilizaram como testes diagnósticos o AAT associado à soroaglutinação lenta em tubos e 2-ME, o primeiro para triagem e o segundo confirmativo. Em parte, estes menores valores de prevalência podem estar relacionados com a metodologia, pois a combinação de teste confere maior precisão aos resultados, sendo que a soroaglutinação lenta em tubos e 2-ME, usualmente descarta parte dos resultados falso-positivos encontrados pelo AAT. A tabela 1 apresenta os resultados das prevalências em relação aos diferentes municípios incluídos nesta investigação. 38 TABELA 1: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA EM DIFERENTES MUNICÍPIOS DO ESTADO DO PARÁ. Nº de animais Nº animais soro reagentes examinados Alenquer 2 32 6,2 Cachoeira do Piriaí 27 277 9,7 Concórdia do Pará 220 1454 15,1 Irituia 0 9 0,0 Monte Alegre 4 67 6.0 Novo Repartimento 210 1708 12,3 Oriximiná 11 111 9,9 Pacajá 6 40 15,0 Paragominas 50 354 14,1 Santarém 0 284 0,0 São Domingos do Capim 56 155 36,1 Tomé-Açu 206 3183 6,5 0 50 0 Municípios Viseu Prevalência Devido à presença de municípios com poucos animais examinados, não foi possível realizar análise estatística para comparar a prevalência de brucelose entre os diferentes municípios. Deste modo optou-se por refazer esta análise incluindo apenas os municípios com um número suficientes de animais, sendo que para tal, teriam que ter no mínimo cinco amostras positivas e cinco negativas. Assim a tabela 2 apresenta a comparação estatística ente os municípios com maior número de bovinos avaliados, sendo utilizados oito dos 13 municípios do estudo. 39 TABELA 2: ANÁLISE ESTATÍSTICA CONSIDERANDO APENAS OS MUNICÍPIOS COM NUMERO SUFICIENTE DE ANIMAIS AMOSTRADOS. Município Prevalência* Cachoeira do Piriá 9,7 Concórdia do Pará 15,1 Novo Repartimento 12,3 Oriximiná 9,9 Pacajá 15,0 Paragominas 14,1 São Domingos do Capim 36,1 Tomé-Açu 6,5 *Observou-se diferença significativa entre os diferentes municípios pelo teste de qui-quadrado de Pearson (P<0,01). Observa-se que o município de São Domingos do Capim apresentou uma alta taxa de prevalência (36,1%), sendo significativamente superior aos demais municípios (P<0,05). Já o município de Tomé-açu, foi o que obteve a menor prevalência, considerando apenas os oito municípios desta segunda análise, sendo que esta taxa foi significativamente menor do que a prevalência observada nos municípios de Concórdia do Pará, Novo Repartimento, Pacajá e Paragominas. PALMQUIST (2001) também relata uma grande diferença na prevalência da brucelose entre municípios do mesmo estado, com uma variação de 3,3 a 29,9 no Estado do Paraná. As tabelas 3 e 4 apresentam os resultados do numero de animais positivos e as respectivas prevalências distribuídos em relação as macro e microrregiões, respectivamente, onde se encontravam as propriedades rurais desde estudo. 40 TABELA 3: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NAS DIFERENTES MACRORREGIÕES DO ESTADO DO PARÁ. Nº de animais Nº animais soro reagentes examinados Baixo Amazonas 17 494 3.4 Nordeste Paraense 509 5128 9.9ª Sudeste Paraense 210 1708 12.3ª Sudoeste Paraense 56 394 14.2ª Macrorregião Prevalência b Letras diferentes na mesma coluna significam diferença pelo teste de qui-quadrado de Pearson (P<0,01). Na tabela 3 observam-se valores de prevalência relativamente próximos para as regiões Nordeste, Sudeste e Sudoeste do Estado, destacando-se apenas a região do Baixo Amazonas, com uma prevalência inferior as demais. Estes resultados causam surpresa, pois segundo MINERVINO et al. (2008), esta região é justamente umas das mais precárias do Estado em relação ao manejo e sanidade de bovinos. A explicação para esta baixa prevalência encontrada na região vem da metodologia do Estudo, pois todos os resultados provenientes desta região foram obtidos de um laboratório situado no município de Santarém. Observando-se com mais detalhes os dados dos exames, e após contato com o responsável pelo laboratório, constatou-se que os produtores que realizam exames no Baixo Amazonas, eram aqueles criadores com maior tecnificação da atividade pecuária e boa parte destes criava animais elite, nos quais a prevalência de brucelose tende a ser menor, em virtude do maior controle sanitário, sendo que uma parte dos exames realizados em Santarém era de animais elite que iam para exposições agropecuárias. O reduzido número de dados desta região também compromete qualquer comparação com as outras regiões estudadas. Deste modo, os resultados obtidos neste estudo provavelmente não refletem a real ocorrência desta enfermidade na região do Baixo Amazonas. 41 TABELA 4: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NAS DIFERENTES MICRORREGIÕES DO ESTADO DO PARÁ. Nº de animais Nº animais soro reagentes examinados Guamá 83 491 16.9 ª Itaituba 6 40 15.0 Óbidos 7 98 7.1 Paragominas 50 354 14.1 ª Santarém 6 383 1.6 Tomé-Açu 426 4637 9.2 ª Tucuruí 210 1708 12.3 ª Microrregião Prevalência a b c b Letras diferentes na mesma coluna significam diferença pelo teste de qui-quadrado de Pearson (P<0,01). Com relação a prevalência de brucelose em relação as microrregiões estudadas (tab. 4), os resultados são semelhantes aos discutidos para as macrorregiões, percebendo-se uma diferença entra as dias microrregiões que enquadram o baixo amazonas, Santarém e Óbidos, verificando a baixíssima prevalência observada na microrregião de Santarém. Outro fator verificado como possível influência para a ocorrência de brucelose foi a categoria animal. A tabela 5 apresenta os resultados da prevalência de brucelose em relação as categorias bezerra, bezerro, garrote, novilha, touro e vaca. Semelhante a análise dos municípios, houveram categorias que não apresentaram o número mínimo requerido (n = 5) de resultados em cada categoria (positivos e negativos), o que prejudicou a análise estatística dos dados. Deste modo, foi realizada nova estatística desconsiderando as categorias com menor numero de dados, considerando então apenas novilhas, vacas e touros examinados. 42 TABELA 5: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NO ESTADO DO PARÁ EM RELAÇÃO À CATEGORIA ANIMAL. Nº de animais Nº animais soro reagentes examinados* Bezerra 0 30 0 Bezerro 0 9 0 Garrote 0 89 0 Novilha 69 753 9.2 Touro 16 393 4.1 Vaca 674 6049 11.1 Categoria Prevalência *Alguns resultados de exames onde não havia certeza em relação a categoria animal foram descartados desta análise. Na análise estatística considerando apenas as categorias touro, vaca e novilha, observou-se uma diferença pelo teste de qui-quadrado de Pearson (P <0.05) onde os touros apresentaram uma menor prevalência quando comparados as outras duas categorias. Não houve diferença na prevalência de brucelose entre vacas e novilhas (P=0,08), apesar da diferença numérica existente entre as duas categorias (Tab. 5). Geralmente vacas tendem a ter maior prevalência em virtude do seu maior tempo de vida e conseqüente maior risco de exposição ao patógeno. A tabela 6 apresenta a prevalência de animais soro reagentes a brucelose de acordo com a raça ou tipo de cruzamento. Verificou-se grande variedade de raças e cruzamentos nos rebanhos estudados, o que dificultou a análise dos dados. Os animais puros eram na grande maioria das vezes os reprodutores dos rebanhos. As raças ou cruzamentos mais freqüentes foram os animais mestiços sem raça definida (SRD) e os animais da raça Nelore. 43 TABELA 6: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NO ESTADO DO PARÁ EM RELAÇÃO À CARACTERIZAÇÃO RACIAL. Nº de animais Nº animais soro reagentes examinados Gir 0 3 0 Girolando 0 50 0 Guzerá 7 93 7,5 Holandes 0 4 0 Marchigiana 0 3 0 Mestiços SRD 268 2.936 9,1 Mestiços Anelorados 76 482 15,8 Montana 0 13 0 417 3.889 10,7 Pardo Suíço 0 8 0 Simbrasil 0 2 0 Simental 0 3 0 Sta. Gertrudis 0 1 0 Tabapuã 1 10 10,0 Origem Nelore Prevalência A tabela 7 apresenta o resultado da ocorrência de animais soro reagentes a brucelose bovina, em relação ao sexo. Observa-se que as fêmeas tiveram prevalência superior aos machos (P>0,05). Apesar destes resultados serem difíceis de análises, pois a maioria dos estudos sorológicos avalia apenas as fêmeas, esperasse que os machos tenham uma menor prevalência desta enfermidade, isto devido ao fato de que a grande maioria dos macho analisados são os reprodutores das propriedades, e como tal é comum que os mesmos sejam testados para brucelose antes de serem adquiridos. Em estudo na região de Goiânia, CAMPOS et al. (2003) não detectou a ocorrência de brucelose em touros, de um total de 139 animais examinados. 44 TABELA 7: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA NO ESTADO DO PARÁ EM RELAÇÃO AO SEXO. Nº de animais Nº animais soro reagentes examinados Fêmeas 768 7.136 10,8ª Machos 21 596 3,5 Sexo Prevalência b Letras diferentes na mesma coluna apresentam diferença pelo teste exato de Fisher (P<0,05). Conforme explicado na metodologia, este estudo minimizou a interferência da vacinação na ocorrência de animais soro reagentes à brucelose, no entanto foi possível avaliar comparativamente a ocorrência desta enfermidade entre os rebanho onde era realizada a vacinação e os rebanhos onde não se utilizava desta prática sanitária. A tabela 8 apresenta os dados relacionados a ocorrência de animais soro reagente e o histórico de vacinação nos rebanhos. É necessário ressaltar que os animais classificados como de rebanhos com vacinação, não foram necessariamente vacinados, sendo que o critério estabelecido foi de que houvesse a pratica de vacinação nas fêmeas de idade de 3 a 8 meses na propriedade onde o exame era realizado, sendo que dependendo da idade do animal, estes muitas vezes não era vacinado pois a vacinação é uma prática recente em boa parte das propriedades. TABELA 8: PREVALÊNCIA DE ANIMAIS SORO REAGENTES A BRUCELOSE BOVINA EM RELAÇÃO AO HISTÓRICO DE VACINAÇÃO DAS PROPRIEDADES. Histórico de vacinação das Nº de animais Nº animais propriedades soro reagentes examinados Sem vacinação 512 4405 11,6 Com vacinação 47 1082 4,3 Prevalência (%) a b Letras diferentes na mesma coluna apresentam diferença pelo teste exato de Fisher (P<0,05). Estes resultados indicam uma maior prevalência de brucelose nos rebanhos onde não se realiza vacinação. Mesmo quando o animal era vacinado o risco de se obter resultados falso-positivos 45 era bastante reduzido, em virtude da idade do animal no momento do exame que era sempre superior a 24 meses. Segundo POESTER et al. (2002), após esta idade os animais vacinados entre 3 a 8 meses não apresentam mais soro reação decorrente da vacina. Esta menor prevalência em propriedades onde se realiza vacinação dos rebanhos pode ou não ser um resultado direto da vacinação, pois em alguns dos rebanhos está prática é recente. Entretanto, os rebanhos que realizavam a pratica de vacinação, mesmo que recentemente, tendem a ser aqueles onde as praticas de manejo, especialmente sanitário, são mais adequadas, o que contribui para a diminuição da incidência da enfermidade. Dentre estas práticas podemos citar o exame de reprodutores e matrizes antes da aquisição e o descarte de vacas que abortaram ou de baixa eficiência reprodutiva, práticas estas que reduzem a prevalência de brucelose nos rebanhos (CAVALLERO, 1998). 5. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos no presente trabalho concluiu-se que a prevalência de animais soro reagentes a Brucelose bovina no Estado do Pará foi de 10,25%. Em relação aos fatores de risco estudados, a prevalência foi maior em vacas e novilhas, quando comparadas aos touros, sendo conseqüentemente maior nas fêmeas em relação aos machos. Rebanhos oriundos de propriedades onde se realiza a pratica da vacinação contra a brucelose apresentaram menor prevalência de animais soro reagentes em relação às propriedades onde não se vacina. Dentre as quatro macrorregiões avaliadas a prevalência variou entre 3,4 e 14,2%, onde a região do Baixo Amazonas apresentou menor freqüência de animais soro reagentes quando comparada as regiões Nordeste, Sudeste e Sudoeste do Estado. Estes resultados indicam que a Brucelose está disseminada em todo o Estado do Pará, sendo observada uma alta prevalência desta enfermidade. Em vista dos resultados obtidos torna-se necessária a sensibilização de proprietários e profissionais quanto à importância econômica da Brucelose, uma vez que o prejuízo gerado pela enfermidade é muito elevado e justifica investimento em vacinação de fêmeas e realização de testes sorológicos para detecção de positivos e afastamento dos mesmos do rebanho, como medidas preventivas à disseminação da doença. xlvii REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, L.G. Developend of live brucella vacines: Advances in brucellosis research. Austin: Texas A & M University Press, College Station, 1990.p.251-276. BAILEY, J. W. Manual veterinário para criadores de gado. 5 ed. São Paulo: Organização Andrei Editora LTDA, 1987. p. 311-321. BATHKE, W. Brucellosis. In: BEER, J. (Ed.). Doenças infecciosas em animais domésticos: doenças causadas por vírus, clamídias, ricketticiose, micoplasmose. v. 2. São Paulo: Roca, 1988. p.144-160. BISHOP, G. C.; BOSMAN, P. P.; HERR, S. Bovine Brucellosis. In: COETZER, J. A. 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