www.cartapolis.com.br Nº 1049 - MAIO/2015 | CIRCULAÇÃO NACIONAL | R$ 9,90 MEMORIAL A JANGO DEBATE POLÊMICO ENVOLVE BRASÍLIA PÁGINAS A ZU J.VICENTE GOU IS LART CORREIOS À VENDA? A privatização dos Correios é uma encomenda enviada ao mercados pelos bastidores de Brasília. Uma completa pesquisa sobre os prós e contras desse movimento subterrâneo exposta nesta edição, ouvidos os “dealers” do mercado: há interesse firme de grandes grupos articulados. O presidente Fundação João Goulart, da João Vicente Goulart, filho do da República depresidente entrevistado do posto é o mês, por Chico Sant An , e af irmou: o Memorial énaum de memória Re marco vela que Niemeyer just. ifi que consta da cou a seta como simbolo domaquete golpe que derrubou Jang o. EDITORIAL DEIXEM A PRESIDENTE TRABALHAR! “Eu sou eu e minhas circunstâncias. Esse antigo dito de Ortega y Gasset simboliza o que está a acontecer em Brasília. Temos uma presidente da República eleita pelo voto popular e reeleita, governando, gostemos dela ou não. Temos instituições funcionando regularmente. Uma imprensa livre, embora ameaçada aqui e ali. Leis em pleno vigor, tribunais funcionando, um juiz impenitente com a corrupção lava o jato das almas desavindas. Temos uma democracia vigorosa - embora de apenas 27 anos - permitindo a participação de 27 partidos políticos como opções programáticas e ideológicas. Temos a justiça eleitoral mais bem estruturada do mundo, em extensão e recursos tecnológicos, garantindo 1OO% de transparência. Temos uma verdadeira feira opinativa com as mais diversas correntes da sociedade se expressando nas ruas. No Brasil, em vez da ‘Sociedade do Ócio”, elegemos a “Sociedade da Opinião”, cada um portando a sua). Temos organizações sociais que interpretam a voz da ruas com os poderes. Nada disso se estiolou só porque presidente obteve tão-somente 13% na pesquisa entre bom e ótimo. Ótimo! Deixemo-la trabalhar nos 3 anos e oito meses que restam para cumprir o seu mandato legitimamente obtido nas urnas. Ao dispor de tantos fundamentos pelos quais o Brasil jamais sucumbirá com a atual crise, resta-nos esperar que a democracia, o diálogo, o entendimento, e sobretudo o respeito aos contrários, façam o resto. NESTA EDIÇÃO OS 10 MAIS DE ABRIL NA POLÍTICA E NO PODER 06 A PRESIDENTE DUAS ÂNCORAS POLÍTICA RENAN CALHEIROS 12 08 SWING POLÍTICO POLÍTICA EDUARDO CUNHA 23 35 52 04 ENSAIO POLÍTICO ROMULO F. FEDERICI CAPA MEMORIAL DE JANGO INTERNACIONAL WASHINGTON EXPEDIENTE CARTA POLIS revista mensal de bastidores do poder em Brasília. Editor-responsável: Leonardo Mota Neto ([email protected]) Diretora: Ellen Rôse Aguiar Barbosa ([email protected]) Editora de Arte: Ana Ingrid Ruckschloss ([email protected]) Fotos: Divulgação e Internet Comercial: [email protected] Redação, Comercial e Administração: Tel: 61 3201 1224 SCN, Qd 1, Lote 50, Bl. E, Sala 512, Ed. Central Park, CEP: 70.711.903. - CARTA POLIS é uma publicação da POLIS.COM; Diagramação e projeto gráfico: Gn1 Comunicação (www.gn1comunicacao.com.br) - 61 - 3542-7461. CTP, Impressão e Acabamento: Teixeira Gráfica e Editora. Todos os direitos reservados. *Os artigos assinados nesta edição são de responsabilidade de seus autores. CARTA POLIS não se responsabiliza pelos conceitos neles emitidos. 17 39 55 OS BRASILIENSES DESTAQUES DE BRASÍLIA OPINIÃO ELLEN BARBOSA 44 GESTÃO CORREIOS Baixe agora a versão online e tenha sempre em mãos o que o poder lê. DOS LEITORES ções elogiosas que “Agradeço não só as considera também o envio à s ma muito me envaideceram, pre um veículo diferevista Carta Polis, como sem 28 anos de vida sem renciado e que não chegou aos vida em Brasília e a sa nos um propósito. Discutir a do bom jornalismo, nossa política é uma obrigação cos - cada vez mais e isso você sabe fazer como pou poucos, aliás”. Paulo Octavio, Brasília 10 OS POLÍTICA MAIS DE ABRIL NA POLÍTICA E NO PODER Destaque do Mês Aldemir Bendine A tuação impecável até aqui no comando da Petrobras, emitindo uma eloquente nota de que a maior empresa brasileira está entregue a mãos competentes de uma diretoria que atua com discrição e transparência. O ponto alto da gestão Bendine até aqui, foi a divulgação do balanço de 2014, e o fez com uma apresentação profissional na qual todos os detalhes de marketing, bem como o detalhamento numerológico foram observados. A escolha da hora da exposição dos diretores da Petrobras, a clareza na externação das cifras - muitas delas de perturbadora crueza nada disso retirou Bendine e sua equipe de uma linha de trabalho pautada na verdade. Nada foi escondido. O mercado recebeu muito bem o balanço - somente pelo fato de ter havido divulgação - tanto que nos dias seguintes as ações da Petrobras reagiram satisfatoriamente, prenunciando novos tempos para a empresa. Outro evento aguardado para breve e que sinalizará uma presença mais consistente do controlador majoritário, será a indicação pela presidente Dilma Rousseff dos novos integrantes do Conselho de Administração, a ser presidido por Murilo Ferreira e polvilhado com nomes do setor privado nacional. 4 POLÍTICA RENATA BUENO BRUNO ARAÚJO Deputada ítalo-brasileira do Parlamento da Itália destacou-se especialmente na campanha de pressões políticas e diplomáticas junto ao governo italiano para a extradição de Henrique Pizzolato. Líder do PSDB na Câmara com a atuação marcante a ponto de fechar posição unânime na bancada pelo impeachment de Dilma, o que os senadores tucanos não fizeram. DOM SÉRGIO DA ROCHA JOSÉ PASTORE DELTAN DELLAGNOL LUIZ E. FACHIN BENJAMIN STEINBRUCH LUIZ F. B. D’URSO RENATO J. RIBEIRO PAULO PAIM Arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha é o novo presidente da CNBB. Na eleição, foi escolhido na primeira votação ao receber 215 votos, que superaram os dois terços (196 votos) necessários. Uma voz forte do empresariado que se descontamina do pessimismo generalizado com a economia, prevendo recuperação no segundo semestre, segundo artigos escritos na Folha de S.Paulo. Tem autoridade para tanto. Procurador do Ministério-Público Federal e coordenador da força-tarefa criada para a Operação Lava-Jato, desenvolve sua missão com acurado senso detalhista, organização, rigor e isenção processual. O especialista em questões de relações do trabalho, foi a voz que melhor expôs na mídia as controvérsias que acompanham o debate em torno do projeto da terceirização dos contratos trabalhistas, em discussão na Câmara. Advogado de João Vaccari Neto, espinhosa missão profissional para um criminalista, se saiu bem no depoimento do ex - tesoureiro do PT na CPI da Petrobras, a ponto do deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) ter-lhe elogiado. Ministro da Educação empossado por Dilma Rousseff sob as melhores expectativas dos setores da “intelligentzia” nacional e particularmente do segmento educacional, enfrenta a crise de credibilidade do Fies. Indicado para o Supremo Tribunal Federal, ainda dependendo da sabatina no Senado, promete agir futuramente caso aprovado na letra da lei, não vinculando às suas preferências políticas por Dilma (2010). Senador símbolo de assiduidade no Senado, chega à Brasília vindo de Porto Alegre todas as semanas nas noites de domingo para estar presente na primeira reunião da semana da Comissão de Assuntos Sociais, na segunda. (*) Esses nomes estão sendo apresentados por ordem alfabética. O critério da escolha foi uma consulta ao Conselho Editorial da CARTA POLIS. 5 A PRESIDENTE A PRESIDENTE DUAS ÂNCORAS NO JOGO DA MEDIAÇÃO C omo dizia um velho otimista: “Nada pode estar tão ruim que não possa piorar um pouco”. Ou como aquele pensador e historiador brasileiro: “O Brasil é um país de futuro incerto e passado duvidoso”. Esse comentário é de um estudioso cético da ciência política, o qual reflete um lado da realidade do poder. Todo lado tem o seu par. O lado da presidente Dilma ancora em outro ângulo da realidade, aquela que se descortina dos janelões no seu gabinete do Palácio do Planalto. Sob esse diáfano véu do realismo político, Dilma escolheu duas âncoras de qualidade para interpretar as suas políticas: Michel Temer e Joaquim Levy. Não há como negar que ambos são os melhores quadros de que uma presidente poderia dispor para convencer aliados e influenciar pessoas. Dois profissionais aceitos em seus setores como capazes de se descolar dos governos para se posicionarem individualmente. Levy dispõe de conceito no mercado financeiro como uma das bússolas pata ditar suas tendências, enquanto Temer é uma liderança aceita até pelo ex-presidente Lula. Quem de melhor Dilma poderia ter no atual momento conjuntural para reger suas políticas? A engrenagem poderá até não funcionar no contexto de um governo lerdo, pesado, paquidérmico. Mas, a tentativa valeu. A política é feita de fato novo. Esse foi um fato novo de qualidade. 6 COM O PNE, OS PRÓXIMOS 10 ANOS DA EDUCAÇÃO JÁ ESTÃO ACONTECENDO. Com a aprovação do Plano Nacional de Educação, estados e municípios estão trabalhando, com o apoio do MEC, para ajustar suas leis e planejar a próxima década da nossa educação. O prazo para aprovação dos planos municipais e estaduais termina em 24 de junho. Visite o site para saber mais. Uma pátria educadora se faz com educação de qualidade. Participe. A construção do nosso futuro começa já. pne.mec.gov.br Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014 7 POLÍTICA RENAN? O QUE SE PASSSA PELA CABEÇA DE C omo dizia um velho otimista: “Nada pode estar tão ruim que não possa piorar um pouco”. Ou como aquele pensador e historiador brasileiro: “O Brasil é um país de futuro incerto e passado duvidoso”. Esse comentário é de um estudioso cético da ciência política, o qual reflete um lado da realidade do poder. Todo lado tem o seu par. O lado da presidente Dilma ancora em outro ângulo da realidade, aquela que se descortina dos janelões no seu gabinete do Palácio do Planalto. Sob esse diáfano véu do realismo político, Dilma escolheu duas âncoras de qualidade para interpretar as suas políticas: Michel Temer e Joaquim Levy. Não há como negar que ambos são os melhores quadros de que uma presidente poderia dispor para convencer aliados e influenciar pessoas. Dois profissionais aceitos em seus setores como capazes de se descolar dos governos para se posicionarem individualmente. Levy dispõe de conceito no mercado financeiro como uma das bússolas pata ditar suas tendências, enquanto Temer é uma liderança aceita até pelo ex-presidente Lula. Quem de melhor Dilma poderia ter no atual momento conjuntural para reger suas políticas? A engrenagem poderá até não funcionar no contexto de um governo lerdo, pesado, paquidérmico. Mas, a tentativa valeu. A política é feita de fato novo. Esse foi um fato novo de qualidade. 8 POLÍTICA ONDE ESTÃO? Ex-parlamentares, hoje FLÁVIO ROCHA Ex-deputado federal pelo ex PL, do Rio Grande no Norte, candidato a presidente da República com a bandeira do imposto único, é CEO da rede varejista Riachuelo, com sede em São Paulo. PAULO DELGADO Ex-deputado federal pelo PT de Minas, é hoje autor dominical de uma coluna do Correio Braziliense e presidente do Conselho de Administração da Codeplan, do Governo do DF. RONALDO CEZAR Ex-deputado federal por duas vezes pelo PSDB, do Rio, constituinte, ex-candidato a governador, filiado atualmente ao PSD constou como primeiro suplente da chapa de Cesar Maia a senador nas últimas eleições, atua na área privada como banqueiro. VIRGÍLIO NETO Ex-deputado federal por três vezes, ex-senador, ex-líder do PSDB no Senado, ex-prefeito e Manaus, ex-candidato a governador do Amazonas é hoje novamente prefeito de Manaus. GERMANO RIGOTTO Ex-deputado federal por três mandatos, ex-governador do Rio Grande do Sul e pré-candidato a presidente da República, todos pelo PMDB, atualmente é Presidente do Instituto Reformar de Estudos Políticos e Tributários (www. institutoreformar.com.br). em Porto Alegre. GEDDEL V. LIMA Ex-deputado por cinco legislaturas seguidas, tido como um dos mais geniais frasistas que já passaram ela Câmara, perdeu a eleição para o Senado pelo PMDB. Um dos políticos mais ligados ao vice-presidente Michel Temer. Mas não a Dilma Rousseff. 9 POLÍTICA COLUNA Leonardo Mota Neto DEVAGAR, CUNHA A impressão que se tem é que o deputado Eduardo Cunha vai deixar lentamente morrer o projeto da terceirização para não incorrer numa segunda grande derrota política. Percebeu que não há vontade política para a Câmara ir tão longe, com tanta pressa. SARNEY OPOSICIONISTA José Sarney assumiu de fato e de direito, a oposição no Maranhão ao governador Flavio Dino. Está mais lépido que nunca nesse novo metier. A última vez que Sarney esteve na oposição foi durante o governo de Jackson Lago, de curta duração, de 2007 a 2009, quando teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Quem trabalhou para derrubá-lo? Claro, Sarney. GAVETAS FALAM MÃOS LEVES istro da FaLição 2 de Delfim Netto: quando um min os de dois anos zenda substitui outro, precisa pelo men tas e retirar delas somente para aprender a abrir as gave todo os segredos que contêm. Uma das lições preferidas do professor Delfim Netto após 12 anos como ministro (Fazenda, Planejamento e Agricultura): é preciso se ter mãos muito leves para coordenar ao mesmo tempo as políticas monetária, fiscal, creditícia e anti-inflacionária. Um toque mais forte de mão desgoverna tudo. ABALO SÍSMICO Uma perda de alguns milhões de visualizações semanais em seu blog pelo senador Álvaro Dias, foi o resultado de seu engajamento com a tese de que o candidato a ministro do STF, José Edson Faquin não errou quando apoiou a presidente Dilma em 2010. Para apoiar sua tese, Álvaro citou o caso de FHC que indicou que Gilmar Mendes havia revelado seu voto nele. Mas, nem assim o senador tucano deixou de ser o campeão das visualizações de políticos nas redes sociais: bate longe o número 2, Romário, e o 3, Cristóvam Buarque. 10 POLÍTICA DILMA PRESERVADA Dilma Rousseff foi retirada da linha de frente do imbróglio envolvendo a Eletronorte. O funcionário de carreira e ex-diretor da Eletronorte, Winter Coelho, acusado de manter uma empresa com familiares para receber depósitos de fornecedores, teve seu nome vetado pela então ministra de Minas e Energia quando apresentado pelo PMDB, através do senador Waldir Raupp, para presidir a entidade elétrica. ANCIÃO WHO? Considerado “outsider” da política, superado e entronizado numa galeria de honra que é atributo de anciãos, no entanto o ex-presidente FHC com uma só entrevista detonou o movimento no PSDB pró-impeachment de Dilma Rousseff. CONTENCIOSO MINEIRO A maior derrota de Aécio Neves não foi para Dilma na eleição presidencial, mas em Minas para Fernando Pimentel através de seu candidato Pimenta da Veiga. Pimentel anda vasculhando os arquivos dos governos Aécio e Anastásia, item por item, contrato por contrato, para infernizar a vida do senador tucano pelos próximos 3 anos, pelo menos. A recente denúncia sobre uso indiscriminado pelo senador Aécio do jatinho do governo de Anastásia faz parte desse contencioso. SEM SINAL Não há o menor sinal de que o grupo encarregado pela presidente Dilma de lhe dar um parecer sobre a redução do número de ministérios. O grupo é da Casa Civil, o que, tudo indica, não tem o menor interesse em terminar o seu trabalho. SURGE “GAUCHÉRIO” Dilma está formando um “gauchério” contra a influência do “paulistério”: Pepe Vargas, Miguel Rossetto, o brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, comandante da Aeronáutica (nascido em São Gabriel), o general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante do Exército (nascido em Cruz Alta). 11 SWING POLÍTICO CABECEIRA DA MESA ERA DE DELFIM, NÃO IMPORTANDO QUE A MESA FOSSE REDONDA O ministro Joaquim Levy se movimenta por todos os quadrantes do governo e do Congresso tentando vender sua ideia de ajuste fiscal aprofundado. Com tanta movimentação, deixa que proliferem rumores de que seu colega de equipe econômica Nelson Barbosa, do Planejamento, ocupe a cabeceira da mesa das decisões junto a Dilma Rousseff, por ter um estilo mais próximo do estilo da presidente: discrição, declarações curtas e nenhum protagonismo. Entretanto, o principal lugar na mesa da equipe econômica é mesmo de Levy com seu comportamento típico de caixeiro viajante do ajuste. Lembra uma pérola da sabedoria do professor Antônio Delfim Netto, ao ser convidado pelo então presidente João Figueiredo para ser ministro da pasta considerada um dos mais insignificantes, o da Agricultura, com alegada falta de poder político. - “Delfim, depois de ter sido ministro da Fazenda e do Planejamento como vai aceitar ser ministro da Agricultura?” – questionavam os mais íntimos. Resposta sábia do doutor: - “Amigo, onde eu estiver sentado, estará a cabeceira da mesa, não importando que a mesa seja redonda”. COMIDA QUENTE E CADEIRA À MESA NEM SEMPRE FORAM OFERECIDAS A SARNEY, MAS ASSIM MESMO CHEGOU LÁ Nem sempre os anfitriões dos grandes jantares políticos em Brasília conseguem prever o número de convidados que vão às suas casas e não encomendam tantas mesas e cadeiras quantas necessárias. Isso se deve ao hábito, muito difundido na capital, de que cada convidado sente-se autorizado a levar outro e mais outro carona sem avisar os donos da casa. Estes, ficam enlouquecidos com a falta de previsão de comida, bebida e lugares, mas isto é Brasília. Uma noite, o então ministro de Minas e Energia, o cearense Cesar Cals, deu um jantar em sua casa da Península dos Ministros ao então pré-candidato a presidente, Mário Andreazza. Era campanha para o colégio eleitoral de 1984. Andreazza disputava com Paulo Maluf a vaga do candidato do governo (PDS) para enfrentar Tancredo Neves. O jantar a Andreazza, que gozava de muito prestígio e entre os políticos, 12 regurgitou de convidados, caronas e penetras. Repetiu-se a velha história: faltaram mesas e cadeiras para todos. A dona da casa. Dona Marieta Cals, tentando remediar a situação e apelando por mesas e cadeiras aos vizinhos da península. Foi quando chegou José Sarney, atrasado. Era o presidente do PDS. Dirigiu-se à mesa principal, mas que já estava completa. Na cabeceira o pré-candidato à convenção do partido. Ninguém sentado teve a delicadeza de se levantar para dar lugar na mesa principal ao prócer. Queriam estar junto da fonte de poder. Sarney, estoicamente, permaneceu em pé, junto a Andreazza, por um tempo incomensurável. Até que um comensal foi para casa mais cedo e lhe cedeu o lugar. Mas a comida já estava fria. Sarney nunca reclamou. Acabou virando presidente, um ano depois, com direito a comida quente. SWING POLÍTICO AMOR A TRABALHO NÃO ELEGE POLÍTICO QUE AMA SE ENTREGAR AO DEVER, DE SOL A SOL Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil e de Assuntos Estratégicos, ex-governador do Rio, deputado federal três vezes, hoje preside a Fundação Ulysses Guimarães, de altos estudos do PMDB. De sua lavra saiu recentemente a proposta do partido para reforma política. Moreira sempre trabalhou duro. Foi também vice-presidente da Caixa. Um currículo recheado de cargos espinhosos e bem trabalhosos. Porém, já enfrentou a famosa ojeriza do carioca pelo trabalho como o paulista gosta de fazer – de sol a sol. Não é culpa do carioca, mas da natureza que plantou no Rio uma paisagem esplendorosa espremida entre a montanha e o mar, que faz o carioca aplaudir até o pôr do sol. Candidato a senador pelo PMDB, nas eleições de 1998 concorre a com Roberto Campos e Saturnino Braga, o eleito. Estudioso de ciência política, egresso da Sorbonne, Moreira mandou fazer uma pesquisa pós-eleitoral para saber porque ficou em terceiro lugar. O analista da pesquisa chegou com o resultados e lhe disse: - “O Sr. foi fortemente rejeitado pelo eleitorado urbano. Afinal, este era o seu slogan: “Meu nome é trabalho”. Logo no Rio! NÃO BASTA ESCREVER CARTA DE PEDIDO DE EMPREGO: PAES IA ALÉM, ENVOLVENDO-SE COM AFETO Uma carta de político de solicitação de emprego para parente ou afilhado deve requerer o melhor dos cuidados por um solicitante. Ele deve cuidar primeiro que não deve ser uma carta-circular, daquelas que se manda para todo o mundo, retirada por uma secretária do arquivo de “Pedidos de Emprego”. Não. O político cuidadoso com os seus eleitores ou simplesmente humano, deve colocar ali sua marca própria, se possível uma marca que o caracteriza perante o vasto mundo impessoal da política. O exemplo mais 13 marcante dessa arte de escrever cartas de pedidos de emprego com estilo bem pessoal e incapaz de receber uma negativa, é o deputado Paes de Andrade. Homem afetuoso, amigo dos amigos e que não deixava um conterrâneo do Ceará chegar sem que tentasse um emprego, Paes usava normalmente à máquina de escrever e assinava seu nome à caneta. Mas, sempre apunha um PS, à mão: “Você não vai deixar de me atender, não é? Não vai me deixar mal com meu candidato a emprego, não é?”. Quem resistia a um apelo tão afetuoso? Claro, todos os candidatos de Paes de Andrade eram empregados! SWING POLÍTICO CORONEL QUE AJUDOU A MATAR LAMPIÃO FALOU QUATRO HORAS NO CONGRESSO – MAS, TUDO O coronel baiano Carlos Anequim Dantas era alistado no Exército, bravo e severo, e consta que participou ainda como tenente da volante policial que matou Lampião em Angicos, Sergipe, cuja bala fatal foi disparada pelo tenente João Bezerra em 27 de julho de 1938. Muitos anos depois, o então governador da Bahia, Juracy Magalhães, em seu segundo mandato se celebrizou por ter legalizado o jogo do bicho, que passou a ser fonte de recursos para as obras assistenciais do governo, Atribuiu a Anequim, por serviços prestados ao Estado, o comando do jogo do bicho na capital. O coronel ficou rico e poderoso, e ainda mais atrabiliário na perseguição aos inimigos. Entrou na política pelas mãos de Juracy. Um jornalista baiano o detestava especialmente: Joel Presidio, que escrevia no Diário de Notícias de Salvador, sofria o diabo nas mãos do coronel, que matava um Lampião por dia e ameaçava matar o repórter. Este então, arquitetou sua vingança. Sabendo que Anequim Dantas ia muito ao Rio, que era seu domicilio, e visitava o Congresso para conversar com parlamentares baianos, Presídio engendrou uma vingança contra Dantas. Escreveu no seu jornal a manchete: 14 “ANEQUIM DANTAS FALOU QUATRO HORAS NO CONGRESSO NACIONAL!” Ao comprar avidamente o jornal e procurar o texto sobre a tão fantástica história, que engrandecia a política da Bahia – o coronel Anequim brilhara durante 4 horas falando no Congresso Nacional – o leitor, após ler o texto numa página interior, constatou a verdadeira história: “Ao visitar o Congresso Nacional o coronel Anequim Dantas cruzou nos corredores com conhecido parlamentar da Bahia, que não o reconheceu”. Mas, apressado em se dirigir ao plenário, o citado parlamentar perguntou as horas àquele cidadão que lhe dera boa tarde. - “São 4 horas” – respondeu-lhe Anequim, consultando o relógio. O citado deputado agradeceu-lhe e seguiu em frente, apressando o passo. Estava atrasado. Portanto, explicava-se a manchete: ANEQUIM DANTAS FALOU 4 HORAS NO CONGRESSO NACIONAL! O jornalista Joel Presídio teve que fugir da Bahia, marcado para morrer. Anequim caiu definitivamente no ridículo e sumiu da Bahia. SWING POLÍTICO PT SAUDAÇÕES! ERA A PALAVRA DE ORDEM DE TÁVORA, MAS NÃO PARA PETISTAS Não, não é um aceno ao PT como partido no poder. Era simplesmente a forma com que Virgílio Távora, governador do Ceará, ministro dos Transportes do gabinete parlamentarista de Tancredo Neves (antes, ministro da Viação e Obras Públicas de João Goulart) e deputado federal, fechava suas entrevistas e mensagens. - “PT Saudações!” No caso, era o ponto telegráfico com que o udenista passava a mensagem de que não queria mais conversa. Com seu jeito carrancudo de militar reformado (era coronel), Virgílio pontuava suas conversas políticas com pinceladas típicas de um caboclo nordestino. Outra característica dele era a de se dirigir ao interlocutor com, seu acentuado fui entrevistar o então governador do Ceará para O JORNAL do Rio. Em sua suíte do Hotel Excelsior, em Copacabana, me recebeu logo após ler os jornais do dia, unânimes em reprovar os passos políticos do presidente da República, o também cearense Humberto Castello Branco. - “Esse Castello, dotôzinho – me afirmou logo na primeira declaração da entrevista – é mais sujo que um pau de galinheiro!” Depois de breves considerações, com seu estilo extremamente lacônico: -“PT saudações!” HERÁCLITO SE DIVERTE COM CARICATURAS QUE JORNAIS PUBLICAM SOBRE ELE, AS RECORTA E GUARDA. Para aliviar as tensões do dia-a-dia da política, os parlamentares cultivam hábitos marcadamente pessoais, muitos deles trazidos do tempo da província. São pequenos hábitos que vieram desde os primeiros passos na política e conservados no mandato federal. O deputado Heráclito Fortes, que com sua extrema habilidade de bastidores e também servindo-se do um vozeirão com que se impõe a amigos e adversários (principalmente a estes), vai realizando uma marcante presença na recém-inaugurada legislatura. Heráclito cultiva um desses hábitos pessoais, que se tornou um prazeroso hobby. Pesquisa nos jornais charges e caricaturas que o têm homo personagem e por mais risíveis que possam parecer aos demais leitores para ele são objeto do maior carinho. Ele as recorta, quando está sozinho cuidadosamente e as coloca sob o vidro que cobre sua mesa de trabalho de seu gabinete. Assim, todos os dias, ao apreciá-las, abre um sorriso maroto. 15 SWING POLÍTICO MANGABEIRA, REI DO SOTAQUE AMERICANO, EMUDECEU EM SEMINÁRIO DO PMDB E INTRIGOU ULYSSES Roberto Mangabeira Unger, atual ministro de Assuntos Estratégicos, era professor em Harvard no começo dos anos 80, e foi convidado a vir ao Brasil para um seminário organizado pelo PMDB sobre reforma política. Sim, já naquela época discutia-se a reforma política sem que os políticos jamais concluíssem a dita reforma. No PMDB, presidido por Ulysses Guimarães, fundado em janeiro de 80 por emigrados do velho MDB não eram poucos os fãs do cientista político baiano, professor em Harvard, até mesmo de Bill Clinton no domínio da ciência política. Um desses era Teotônio Vilela, o “Me- nestrel das Alagoas” que insistiu com Ulysses para convidá-lo a vir à Brasília para o seminário. Mangabeira tinha a fama de “sabe-tudo”, falastrão, e daria a última palavra sobre reforma político-eleitoral. Aceitou o convite, veio e foi a atração do seminário, mas passou o tempo calado, sem dar palavra. Dr. Ulysses perguntou-lhe a razão do mutismo. O professor respondeu laconicamente, com seu sotaque americano carregado: - “I came here to ear…” (“Vim aqui para ouvir”). A REGRA É SAIR DA POLÍTICA PARA FICAR RICO: NUNCA MAIS PROMESSA DE DENTADURAS NOVAS O ex-deputado constituinte de 88, José Teixeira, do Maranhão, hoje morador de Brasília, encontra seu ex-colega de Câmara, Osmundo Rebouças, do Ceará. Ambos retirados da política, ambos desencantados com os atual nível da política nacional. Seguiu-se o seguinte diálogo: - Oi, amigo Osmundo, como você está? - “Fora da política, muito bem.” E completou: - “Ninguém mais me pede dentaduras novas, passagem aérea, vaquinha para enterro, emprego ou um dinheirinho que a gente leva no bolso em maços.” - “E agora o que você faz?” - “Abri um escritório de advocacia, tenho muitos clientes, e enriqueci. Só isso.” Osmundo fez o caminho contrário da política habitual: saiu dela para ficar rico. Teixeira adorou ouvir o amigo, pois pensa o mesmo: política é para servir não para servir-se. 16 POLÍTICA CUNHA, O ALQUIMISTA DO PODER O presidente da Câmara colocou mais uma vez o governo Dilma contra as cordas, não tendo levado em conta os últimos gestos de boa vontade aproximação da presidente da República, que se valeu do vice-presidente Michel Temer para se chegar a ele. Três episódios foram marcantes: 1. NÚMERO DE MINISTÉRIOS Cunha manobrou para aprovar por 34 votos a favor e 31 contra na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), a admissibilidade e a constitucionalidade da PEC que limita em 20 o número de ministérios. Impôs uma fragorosa derrota à base governista, pois se trata de uma matéria que o governo considera de sua responsabilidade. A base governista tudo fez para reverter o resultado, mas integrantes da bancada fiel ao Palácio do Planalto votaram contra. A autoria é do próprio Cunha, razão de seu empenho pessoal, não dano ouvidos às ponderações do articulador político do governo, Michel Temer, que nem sequer estava no Brasil, pois chegou de Portugal pela manhã. O debate sobre a PEC se estende há várias sessões, com o PT e partidos aliados utilizando manobras para adiar a decisão. Existem, mais dentro dos blocos governistas, rachaduras abertas pelos que se indispõem contra Dilma do que mesmo na oposição. Outro fator é que a imprensa não impulsiona a solução institucional mais drástica, via editoriais. Os grupos da mídia que pedem o impeachment têm causas fundadas em radicalismo remanescente da eleição presidencial, com grupos de opinião conhecidos. 3. BEIJO TROCADO O cenário foi o Dia do Exército Gertrude Stein escreveu: “uma rosa é uma rosa, é uma rosa”. Hoje se pode dizer sobre essa foto de Dilma Rousseff trocando beijos na face com o deputado Eduardo Cunha: “Um beijo é um beijo, é um beijo”. Convencionou-se no Brasil usar socialmente a troca de beijos até mesmo entre adversários ferrenhos. Portanto, o beijo acima não é relevante sob o aspecto de criar uma expectativa afetuosa. Inimigos permutam abraços e beijos quando há mulheres envolvidas, para manter o mais elementar canal de comunicação. A política imita os salões, nos quais o cinismo é o pano de fundo da intriga. Desse beijo saiu um convite de Dilma à Cunha para jantar no Palácio da Alvorada. Um passo adiante na tentativa de aproximação. Um precisa de outro, mas Dilma nesse instante precisa mais. Cunha pode pedir-lhe o que quiser e será atendido. Para um jogador na política, como Eduardo Cunha, é o cume do morro ter um tapete vermelho estendido à sua frente. Ele tem a chave de ignição do impeachment da presidente. Tem a força, Dilma sabe disso e o teme. 2. ÁGUA NO IMPEACHMENT Outra nota do poder de Eduardo Cunha: jogou água fria nos defensores do impeachment da presidente Dilma. Foi ajudado pelo ex-presidente FHC com as declarações contrárias do mesmo e de Eduardo Cunha, simplesmente porque não houve início efetivo do procedimento de um impedimento da titular do poder. Na mesma semana em que duas outras declarações no mesmo sentido amansaram os ânimos mais rebeldes: FHC e Michel Temer também foram na mesma direção. Nem existe clima denso no Congresso Nacional que conduza à contaminação do ambiente em favor do impeachment. O que se vê é uma disposição de agrupamentos internos do PSDB e de outros partidos de levarem “a ferro e fogo” a ideia do impedimento. Porém, não é um posicionamento majoritário. 17 FRASES DO MÊS vergonha por tudo isso de to en im nt se m co tá es “Sim, a gente feitos que ocorreram. Nãora. al m s se es r po u, io nc ve que a gente vi ntro ou de dentro pra fo de ra pa ra fo de i fo se o temos muito clar nome dos empregados da em pa ul sc de de do di Sim, faço um pe u um deles” Petrobras, porque hoje so Globo) 14 da empresa, segundo O ação do balanço de 20 s, Aldemir Bendine, na divulg (Do presidente da Petrobra tranquilidade “O governo está com uma . Não há institucional extraordinária cional no Brasil. nenhum problema institu vernando com A presidenta continua go a adequação e a sua eficiência, com a su a dificuldade exação. Não temos nenhum ntestações, r co no nosso país. Pode have te contornáveis mas que são perfeitamen tico que nós e fruto do regime democrá país” conseguimos instituir no hel Temer, (Do vice-presidente Mic do O Globo) un em visita a Portugal, seg “A presidenta fez o que ha via de pior. Ela sancionou um au mento incompatível com o ajus te (fiscal) e disse desde logo que vai contingenciar. Ou seja , fez duas coisas ao mesmo te as mpo e errou exatamente dos do lados. Ela sem dúvida ne is nhuma escolheu a pior solução. Ela deveria ter vetado como mui pediram. Aquilo foi aprova tos do no meio do Orçamento sem que houvesse debate suficie nte” (Do senador Renan Ca lheiros, ao comentar a sanção das verbas par a o fundo partidário pel a presidente Dilma, segun do O Globo) “Dilma introduziu a renúncia branca” (Do senador Aécio Neves , durante a reunião da Executiva Nacional do PS DB em Brasília, segundo o Correio Brazilense) houve de ser tese. Ou o p ão n t en m “Impeach ouve. abrir) ou não h a ar (p va ti je b o razão ibunal de é a Justiça, o Tr ve u o h se iz d par Quem pode se anteci ão n cê o V . ia ejo Contas, a políc u eventual des se o ar rm o sf a isso, tran er) em overno (no pod g o tr u o m u r Isso é de coloca a democracia. d s ra g re as d algo fora perar”; tidos têm que es ar p s O . ão aç it precip que tinha “Todo mundo endência dep algum grau de s) está indo ra (com a Petrob ”. para o buraco es , um dos maior dino, advogadoração judicial al G io áv Fl e (D em recupe especialistas sável pelos processos de on sp re aria, e ís do pa Galvão Engenh Paulo). S. recuperação da de a lh Fo à Delta, Eneva, OSX e tiva no Fórum de entrevista cole em C, FH e nt ndo O Globo) (Do ex-preside na Bahia, segu , ba tu da an m Co 18 ABRIL pulsivo “Há um desespero com encontrar da oposição para tentar ificar um um fato que possa just impeachment” “Hoje, se tem um brasileiro indignado, sou eu . Indignado com a corrupção ” ista do Cardozo, em entrev (Do ministro José Eduar no ver go o e suspeitas de qu coletiva para rebater as ”, ais fisc s ada “pedal praticou as chamadas segundo o portal G1) “Então, o depoente (Luciano Coutinho) já está comido?” io Cunha Lima, (Do senador Cáss ncia pública da no começo da audiê omia e Finanças Comissão de Econ o presidente do viu do Senado que ou utinho, que pedira BNDES, Luciano Co iva para depois do o adiamento da oit nto de que todos me almoço, sob o argu ade, inclusive a autorid estava com fome, , ão ss mi co da nte ouvindo do preside smo me o e qu al, ar senador Delcídio Am is já havia como poderia depois, po olate, uma barra de choc do). na Se segundo a TV blica permanece “A presidente da Repú terceirizar imobilizada e tentando nsferíveis” responsabilidades intra , em nota sobre as (Do senador Aécio Neves , das quais tem on manifestações de o G1) do un seg u, po não partici a) “O presidente (Obam iser qu do an me disse que, qu ” saber algo, vai me ligar (De Luiz Inácio Lu la da Silva, ex-pre sidente da República, ao defe nder a Petrobras em discurso no Sindicato dos Bancários de São Pa ulo, segundo o portal BOL). “Eu não vejo motivo ari), (do afastamento de Vacc dido de a não ser se ele for impe é que tenha exercer o cargo dele, at va do caso. uma conclusão definiti o de que, na Não sou muito do estil go afastando suspeita, a gente vá lo as pessoas”. a gner, da Defesa, sobre (Do ministro Jaques Wa ) bo Glo O do uin Neto, seg prisão de João Vaccari “Tudo pode ser discutido, não há nada definido, não há nada fechado. Todos os temas são passíveis de modificação. Até lá (a votação), tudo é possível. Aceitamos discutir tudo. Esperamos que as MPs sejam, em seu conjunto, aprovadas. (Esperamos) votar preservando o conjunto das medidas, em acordo com o Congresso e com as centrais sindicais. Vai passar na Câmara melhor do que chegou”. (Do ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, sobre as duas MPs do ajuste fiscal, segundo O Globo). usseff, em entrevista (Da presidente Dilma Ro re seu diálogo com o coletiva no Panamá, sob a) presidente Barack Obam 19 S NAR>>>>> Alberto Caeiro ARREPENDIMENTO MATA Arrependidíssimo de ter retirado a assinatura pela CPI dos Fundos de Pensão, e depois voltado a assinar pelas reações negativas no Rio e em todo o País, o senador Romário foi abrir a alma com seu vizinho de gabinete Álvaro Dias. Confessou que tem tido um duro aprendizado. Não foi com essas palavras, mas parecido: seguiu a orientação de seu líder do PSB, Fernando Bezerra Coelho e se estrepou. CAFÉ REQUENTADO Não se tem notícia nesse governo de uma decisão da presidente Dilma de nomear no ato, sem passar dias em dúvida. O caso mais notório de incapacidade decisória era o do governador de São Paulo, Franco Montoro, que um dia, ao ser servido por um garçom palaciano e indagado sobre se queria açúcar ou adoçante no cafezinho, devolveu:” Até isso vocês querem que eu decida?” QUARTETO MANDA e hel Temer, Eduardo Cunha, Henriqu O quarteto do PMDB formado por Mic do e ando das operações políticas em nom Alves e Eliseu Padilha assumiu o com uel rteto do PT, Aloízio Mercadante-Mig governo. Deixou para trás o outro qua Berzoini. Rossetto-José Eduardo Cardozo-Ricardo ARREPENDIMENTO MATA Arrependidíssimo de ter retirado a assinatura pela CPI dos Fundos de Pensão, e depois voltado a assinar pelas reações negativas no Rio e em todo o País, o senador Romário foi abrir a alma com seu vizinho de gabinete Álvaro Dias. Confessou que tem tido um duro aprendizado. Não foi com essas palavras, mas parecido: seguiu a orientação de seu líder do PSB, Fernando Bezerra Coelho e se estrepou. MUITO TRABALHO O encontro que a presidente Dilma manterá com Barack Obama em 30 de julho em Washington na verdade não teve reduzido seu “status” político. O que era uma anterior visita de Estado - aquela quer dar direito a recepção nos jardins da Casa Branca, desfile da banda típica da Independência e o icônico jantar de gala - mudou para um formato bem mais prático - a visita de trabalho - para que ambos possam sentar e conversar. Portanto, ao trabalho, chega de conversa sobre espionagem. 20 MONTANHA DESPERTOU Não se fala em outra coisa nas rodas do poder em Brasília: o TCU finalmente acordou, depois de um sono de décadas obediente e vassalo. AVIDEZ JAMAIS Depois de ungido coordenador político único do governo Dilma, Michel Temer não alterou um só detalhe de sua rotina: seu gabinete não lotou, sua agenda não exorbitou, e não usa o Palácio do Jaburu para jantares com ávidos por poder. Segue o estilo de sempre. LAVRA ATIVA Sai chanceler, entra chanceler, o assessor internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, continua dando as ordens na orientação a política externa. Será de sua lavra o “briefing” para a posição da presidente no seu encontro com o colega Barack Obama em sua cúpula de 30 de junho. KATMANDU AQUI Somente quando há terremotos como o que assolou o Nepal a Presidência da República, toma conhecimento de que em um distante país existe um(a) embaixador(a) privado(a) de recursos mínimos para levar seu ofício ao pé da letra, como digno(a) representante do Brasil. Passou um terremoto também pelo Itamaraty, na escala administrativa. RECAÍDA PRESIDENCIAL A presidente Dilma indicou Michel Temer como único coordenador político do governo, mas não resistiu mais que três semanas dando-lhe com total autonomia e convocou o conselho de líderes no Congresso para uma reunião de coordenação. Com que cara Temer fitou os coordenados? 21 POLÍTICA RODRIGO FALA SOMENTE EM DÍVIDAS ENQUANTO CRESCEM DÚVIDAS F azer o quê? Rombo fiscal é rombo fiscal, aqui e na China. Brasília, um teoricamente governável com extrema facilidade, hoje é um ponto fora da curva, como diria o ministro Luiz Roberto Barroso. Tornou-se ente federativo comum, igual aos outros. Seu processo é simplesmente ao do PT, diferenciado no nascedouro, mas tantas fez que hoje é um partido como os demais. O que tanto aflige o Governo do Distrito Federal. Ora, aflige-o um rombo do tamanho de R$ 1,6 bilhão, como revela o próprio governador Rodrigo Rollemberg, que, atrás de saná-lo, vai perdendo as oportunidades de se afirmar politicamente na cidade e no país como prócer qualificado do PSB e um dos potenciais sucessores de Eduardo Campos no plano brasileiro. No entanto, é como relata o Correio Braziliense: um relato melancólico para as pretensões de Rollemberg. Ele só fala em dívidas ao longo de seus primeiros três meses. Enquanto fala em dívidas, as dúvidas se alastram em torno de seu futuro político. ” Calculado em R$ 1,6 bilhão — R$ 1 bilhão de despesas antigas e R$ 600 milhões de restos a pagar —, o montante deve ser quitado integralmente com os mais de 500 credores em pelo menos dois anos, podendo se arrastar até o fim do atual mandato. Os principais auxiliares do governo têm se reunido desde janeiro para tratar do tema. Eles são responsáveis por estabelecer critérios, como a ordem dos pagamentos e quantas parcelas serão necessárias para o Executivo ficar em dia com os fornecedores e prestadores de serviço. O anúncio do calendário deve ocorrer em maio. Alardeando um deficit geral de R$ 3,5 bilhões desde que assumiu o Palácio do Buriti, o governo Rollemberg alega falta de recursos e um rombo nas contas públicas que impediriam o GDF de pagar tudo o que deve imediatamente. Das despesas deixadas por Agnelo Queiróz (PT) sem previsão no orçamento, por exemplo, 40% são relativas a contratos na área de saúde pública. E mais: uma das empresas com um dos maiores atrasos é do setor de transporte público e opera diversas linhas de ônibus. O secretário-chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, limitou-se a dizer que o governo estuda possibilidades para quitar as dívidas e pode apresentá-las no início do próximo mês. A forma de lidar com as dívidas deixadas pelo mandato passado causa dor de cabeça nos gestores socialistas desde o primeiro dia à frente da máquina pública do DF (leia Entenda o caso). Muitos serviços prestados pelo Executivo local são terceirizados, e uma boa relação com as empresas é fundamental para que não haja descontinuidade de serviços públicos, a exemplo do que ocorreu no início de março. Um imbróglio entre o GDF e a Sanoli, companhia fornecedora de alimentos em hospitais públicos, quase deixou pacientes, acompanhantes e servidores de 21 unidades de saúde sem comida.” – conclui a matéria sintética do Correio. 22 ENSAIO POLÍTICO AMBIENTE PÓS-MANIFESTAÇÕES C omo disse em post recente na web – página/Facebook “R.Federici, Política, Geopolítica e Empresas” – fui mais uma vez à Brasília para checar fatos reais nos bastidores e os comparar com as versões da grande imprensa, sempre construídas sob as diretrizes dos seus editores. Meus clientes, para orientação de seus projetos estratégicos, não se guiam, obviamente, pelas versões das manche- tes de jornal. Querem os fatos concretos e respectivas decodificações, não meras versões. Portanto, meu interesse maior era confirmar ou não minhas análises com base nas informações que vinha recebendo desde a primeira manifestação no ano passado. Percebi que minhas impressões, manifestadas nos meus artigos, seja na web ou em publicações escritas, estão bem sintonizadas com os bastidores. Romulo F. Federici Consultor Empresarial, Político e Institucional Direito Político e Administrativo [email protected] www.facebook.com/romulo.federici 23 ENSAIO POLÍTICO OS TRÊS ALVOS DO MOVIMENTO CONTRA DILMA H á uma certa unanimidade no sentido de que as primeiras manifestações estavam realmente embasadas nos sentimentos populares e apresentavam demandas concretas, mesmo que de múltiplas naturezas e, eventualmente inviáveis ou difusas. Nascidos da espontaneidade da sociedade insatisfeita, os atos reuniram gente de diversos níveis sociais, desde a classe média alta até as classes mais humildes. Mesmo prostitutas estavam lá pleiteando reconhecimento e proteção contra as arbitrariedades policiais. Na pauta dos protestos, por exemplo, estavam os “sem-teto”; “sem-terra”; professores pleiteando melhores salários, implantação de passe livre nos transportes e redução do preço das passagens; caminhoneiros contra o pedágio, melhoria na saúde e na educação e muitos outros pontos de interesse da população como um todo. Não só contra o governo, mas até contra a COPA DO MUNDO, contra os partidos políticos e contra a política em geral, a ponto de ocuparem a parte externa do Congresso Nacional com algumas incursões na parte interna. Num segundo momento, o governo num raro momento de lucidez política, tomou algumas medidas que iam de encontro ao clamor público, assim como o Congresso que, acuado, se moveu para atender demandas legislativas levantadas pelos movimentos. Em consequência disso ou não, os movimentos, enquanto representantes de todos o extrato social, fizeram uma pausa, na expectativa dos desdobramentos, num sábio processo de avaliação. De repente, no embalo desse clima, grupos organizados principalmente de classe média, aproveitaram o momento e passaram a desenvolver um trabalho focado especificamente em três alvos: a) Impeachment da Presidente Dilma Rousseff; b) Desmonte do PT; c) Retorno da ditadura militar, neste caso apenas por um pequeno grupo recalcitrante. O movimento com isso, restringiu a sua abrangência e, consequentemente, desmobilizou, grande parte da participação popular, aqueles que divergem dos objetivos anunciados. Nascidos da espontaneidade da sociedade insatisfeita, os atos reuniram gente de diversos níveis sociais, desde a classe média alta até as classes mais humildes. 24 ENSAIO POLÍTICO DE UMA GRANDE MOBILIZAÇÃO NACIONAL PARA NÚMEROS PÍFIOS A desmobilização de grande parte dos manifestantes começou a aparecer já no primeiro grande movimento deste ano que, apesar de muito expressivo, já foi bem menor que os movimentos espontâneos de 2014. No segundo, há pouco realizado, as adesões foram muito menores e tenderiam a diminuir, salvo se ocorressem fatos novos e impactantes. Uma possibilidade mais remota agora que a exposição do PETROLÃO na mídia vai perdendo fôlego, na falta de fatos novos e, principalmente, depois que FERNANDO HENRIQUE CARDOSO e EDUARDO CUNHA manifestaram-se contra o impeachment de DILMA ROUSSEFF. Ressalve-se que CUNHA é quem decide se aceita ou rejeita pedidos dessa natureza. Em 24 estados brasileiros, 680 mil manifestantes foram às ruas, apenas um terço do que havia aparecido apenas na Av. Paulista anteriormente. Já na própria Av. Paulista apareceram 275 mil pessoas um número pouco expressivo se comparado com os mais de um milhão de pessoas nos protestos anteriores. No Rio de Janeiro, onde os primeiros movimentos foram avassaladores, as manifestações de 2015 foram pífias e se desenrolaram, exclusivamente, na sombra dos luxuosos prédios da Praia de Ipanema. Isto tudo porque, num erro de avaliação, transformou-se um movimento espontâneo e amplo em um movimento restrito, organizado por setores mais exclusivos da sociedade, e centrado, especificamente nos três pontos anteriormente referidos: PT – DILMA – MILITARES Ademais, qualquer observador atento teria registrado a ausência das grandes massas populares em todos os protestos recentes. No meio de pessoas nitidamente de classe média e média alta, não se viam pobres, ou seja, a favela não desceu para as ruas, pois não se sentiu representada. Um erro estratégico num país onde um contingente de 1% dos brasileiros mais ricos ainda ganha quase cem vezes mais que os 10% mais pobres e onde quase 60% da população ainda tem carências graves. Dados socialmente inaceitáveis em qualquer sociedade evoluída do mundo. Portanto, a tentativa de dar seguimento aos movimentos de 2014 foi elaborada de maneira equivocada, sem visão abrangente, por quem não tinha legitimidade suficiente para falar em nome de todos os extratos sociais. Não houve aderência ampla, maciça, de parte majoritária da pirâmide social. Mas, ressalve-se, valeu como exercício da democracia e demonstrou insatisfações de setores específicos da sociedade, que também relevantes, podem e devem se manifestar. Para motivar todos os setores da sociedade e assim ganhar representatividade suficiente, a tentativa terá de ser repensada para agregar a participação popular em grande escala. 25 ENSAIO POLÍTICO A EXPLOSÃO CONSERVADORA OU O “NON DUCOR, DUCO”. “NON DUCOR, DUCO: NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO – É a Ideologia da Paulistanidade - Luis Fernando Cerri (Universidade Federal de Ponta Grossa) - (.) a identificação da ideologia do regionalismo do Estado de São Paulo, a construção de determinadas imagens utilizando a história tradicional por parte dos intelectuais da oligarquia paulista, bem como a projeção dessas características histórico-tradicionais dessa ideologia através do tempo via ensino público. (Revista Brasileira de História - vol. 18 n. 36 São Paulo 1998)” C omo se viu ao vivo e a cores e nas tabelas de adesão publicadas, os movimentos sociais de 2014 e 2015 começaram como uma esplêndida manifestação de descontentamento, ampla e difusa que inundou as ruas do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e as principais cidades do país. Milhões de pessoas foram às ruas num movimento espontâneo, sem orquestração de organizadores bem apetrechados, baseado em mera troca de mensagens entre pessoas. O Governo foi às cordas o Congresso acordou de seu costumeiro sono letárgico e tiveram de apressar medidas para atender, pelo menos em parte, as demandas populares. No momento subsequente, São Paulo tomou o controle da situação e formou grupos organizados para planejarem e estruturarem novas manifestações mas, desta feita reduzidas e contra, essencialmente, o PT e DILMA ROUSSEF. Não houve mais a abrangência de interesses gerais e múltiplos, predominantemente apartidários e cativantes para todos os extratos sociais. No lugar disso, houve uma EXPLOSÃO CONSERVADORA, que vinha reprimida em São Paulo desde a eleição do ex-Presidente Lula. Ora, basta percorrermos a história do Brasil, com um mínimo de atenção para percebermos que São Paulo representa uma dualidade interessantíssima: Ao mesmo tempo em que é um democrático centro de acolhimento de migrantes é, também, o maior e o mais im- portante reduto conservador do país, aí incluídas as alas mais radicais. Logo atrás vêm os estados do sul. O Rio de Janeiro, muito menos conservador e muito cosmopolita, racial, política e culturalmente miscigenado, não aderiu à explosão participando inexpressivamente do movimento. Com tais características, São Paulo, o do NON DUCOR DUCO (NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO), assumiu o comando da corrente conservadora mais agressiva utilizando-se do PSDB, um partido essencialmente paulista, para procurar com lupa todas as rachaduras por onde pudesse infiltrar o pedido do impeachment da PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF. São Paulo, berço do PT, local do desenvolvimento do ex-Presidente LULA, centro onde nasceram e se desenvolveram principais CENTRAIS SINDICAIS, palco de grandes movimentos operários contra a ditadura militar, sobressai-se, agora, com seu lado mais conservador. Isto fez com que as classes mais abastadas, antes retraídas, mostrassem sua cara, indo para as ruas, granjeando adeptos, se encorpando e apresentando suas posições e demandas políticas. Mesmo minoritárias, são fortíssimas por contarem com o apoio do capital, da grande imprensa e dos partidos mais à direita, sem falar no PSDB. Ainda não conseguiram modular seu discurso, em seu texto e tonalidade, para torna-lo mais palatável pelo grande pública. Ainda não conseguiram deixar de representar apenas um nicho da sociedade, mas, sem dúvida encorparam os debates. 26 ENSAIO POLÍTICO O VICE-REINADO DO TEMER C om todas suas virtudes e defeitos, os movimentos mais à direita agudizaram reações da sociedade, retroalimentados pelo PETROLÃO e pelas investigações direta ou indiretamente relacionadas. Até as maritacas pousadas nas palmeiras de buritis sabem que, qualquer partido virado de cabeça para baixo não se salva pois de seus bolsos cairiam, inevitavelmente, moedas da corrupção. Para seu azar, a conjuntura fez com que o PT fosse a bola da vez e, posto de cabeça para baixo, de seus bolsos caíram muitas de moedas. Uma vez atingido, o partido tirou da toca várias forças inimigas que apenas aguardavam motivos para desfechar-lhe um ataque mortal. Há 15 anos do poder, com resultados sociais inéditos e projetos fulgurantes antes da crise de WALL STREET e apesar do declínio nos últimos cinco anos, o partido tinha um trunfo adicional que aterrorizava seus concorrentes: LULA e sua provável candidatura à sucessão de DILMA ROUSSEFF. Com o abalo da credibilidade petista, depois de uma “avalanche de denúncias”, sem prazo para terminar, veio uma multiplicidade de incursões vinda de várias frentes que desmantelou grande parte da mística do partido. Além dos partidos políticos, engrossaram as hostes de atacantes, toda a grande imprensa escrita, falada e televisada, núcleos do capital, além de entidades como o TCU, órgão politizado, de viés oposicionista, que nunca conviveu bem os governos petistas. Instalou-se o pânico no PT gerando correrias desconexas de seus filiados que foram piorando a situação à medida que o drama evoluía. O partido, em sua defesa, teve o cuidado de fazer tudo errado: Solidarizar-se com militantes sabidamente pré-condenados, discurso eminentemente político incapaz de se contrapor às acusações além de se dividir em grupelhos com discursos descoordenados. DILMA não tem talento político e, sem um coordenador competente, experiente e sereno com esse perfil no seu partido, o governo, num lampejo de lucidez foi pedir socorro a MICHEL TEMER, o VICE-PRESIDENTE, para acumular a coordenação política do governo, no vácuo de um Ministério que não deu certo e foi desativado. Com amplo transito não só pelo PMDB, mas por todo o Congresso Nacional, TEMER montou um bunker em seu gabinete devidamente reforçado de meios materiais e humanos, ganhando, obviamente, um acesso direto à Presidenta, privilégio de poucos. Com uma habilidade incomum e com a grande experiência adquirida na longa vida pública, em funções executivas e legislativas, além da sabedoria política própria além da absorvida em sua vivência dentro do PMDB, era tudo que a Presidência precisava. Com “mãos de fada”, TEMER começou a construir pontes, desarmar ânimos e cooptar aliados. Ocupa-se, inclusive os mais delicados desafios como, por exemplo, acalmar e reconquistar o PRESIDENTE DO SENADO, Renan Calheiros muito aborrecido por não ter sido tratado como esperava pela Presidenta da República em nomeações de seu interesse. Mas, esse esforço teria menos chances se não houvesse uma mudança convincente da política econômica, desta feita com cores mais ortodoxas. Os ataques e críticas à política anticíclica que vinha sendo adotada provocavam congestionamento e provocavam profundas dores na estrutura do poder. 27 ENSAIO POLÍTICO E A SOLUÇÃO: A CAPAPLASMA JOAQUIM LEVY C omo nos ensina o Dicionário Informal, a cataplasma é uma substância medicamentosa de consistência pastosa, destinada a ser aplicada sobre a pele como descongestionante local ou como revulsivo. LEVY não é nem neófito nem bobo. É um preposto do grande capital, via BRADESCO, a quem foi delegada a função de reorganizar a economia, provocar penosas transformações e adequá-la ao perfil idealizado pelo grande capital nacional e internacional. O único caminho para dar um pouco de sossego ao governo. Vem fazendo uma peregrinação pelos fóruns internacionais, entidades multinacionais e redutos da banca internacional num trabalho de levar calma àquelas mentes que entram em pânico ao primeiro espirro da economia do país. Mostrou que precisam ler menos jornal e abrirem linha direta com ele: com os interesses nacionais. Vivemos na república dos interesses políticos e corporativos. Com sua voz medicamentosa e consistência pastosa, começou a circular pelas áreas do poder e, principalmente pelo CONGRESSO NACIONAL. Isto porque lá estavam, com o dedo no gatilho, os políticos e politiqueiros contrários à qualquer arrumação que contrariasse seus interesses. Os desafios são grandes! Tem de ter uma paciência infinita para aguentar discursos de parlamentares preocupados com sua imagem na mídia e suas bases eleitorais. Os interesses nacionais ... ficam em terceiro lugar. Vem conseguindo progredir mesmo sabendo que o caminho é muito longo e sofrido. Mas, o que LEVY não podia contar era com a casaca virada do PSDB. O partido vinha, há anos, clamando por uma política econômica ortodoxa, principalmente depois que se amasiou com o moribundo DEM. Surpreendentemente, porém, assim que o governo aderiu à ortodoxia via LEVY, os tucanos passaram a criticar as novas medidas, com a maior “cara de pau” do planeta. Vícios terríveis da política, lamentavelmente. De qualquer maneira, a parelha TEMER e LEVY tem credenciais para dar uma azulada no céu nublado com nuvens escuras sob o qual vivemos. WASHINGTON — O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avaliou ontem que está sob controle e é administrável o nível de endividamento público brasileiro, um dos principais alvos de crítica à política econômica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Segundo Levy, que participou de seminário sobre política fiscal com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, a trajetória da dívida foi de queda por dez anos, e a elevação recente é fruto da decisão de aumentar as reservas internacionais. Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo. globo.com/economia/para-levy-divida-publica-esta-sob- c o n t ro l e - e - a d m i n i s t ra ve l -15926507#ixzz3Xr5QH4wG Mas, enquanto sua pregação vai fazendo efeito nas plateias que falam inglês e habitam o hemisfério norte onde a objetividade e a racionalidade prevalecem, LEVY precisa aprofundar e persistir na sua peregrinação pelos tortuosos caminhos brasileiros onde interesses de todos os matizes não guardam, necessariamente, compromissos 28 ENSAIO POLÍTICO IMPEACHMENT: MOMENTOS DE ÓDIO S empre entendi que o ódio massacra o bom senso, embota a inteligência e enterra o equilíbrio, requisitos essenciais à construção de uma opinião minimamente racional. Pior, o ódio abre caminho ao oportunismo de forças políticas que estão focadas na conquista do poder pela via rápida e outras forças que manobram na sociedade para conduzir, interesseiramente, os nossos destinos. E o momento é crítico, porque o ambiente de ódio vem sendo meticulosamente construído por forças importantes e vem tomando conta da mente de grande parte da sociedade, massa de manobra dos grandes projetos. Existem articulações girando em torno de um impeachment de DILMA ROUSSEFF, como solução para todos os históricos problemas do país. O ambiente de ódio compraria facilmente a ideia. O insuspeito JANIO DE FREITAS publicou uma matéria importante na insuspeita FOLHA DE SÃO PAULO e que é leitura obrigatória para quem deseje opinar sobre o tema: Diz ele: “(...) A resposta moral e institucional, porém, o PT não a deu por temor ou, ao que parece menos provável, por falta de iniciativa. O resultado é o mesmo: o PT não se faz merecedor de dúvida, quanto mais de confiança, pelo menos até que os possíveis acertos e erros da Lava Jato enfrentem os crivos do conhecimento público e, nele, os especialistas em Direito. Um outro aspecto é o da animação oposicionista, em especial no PSDB, com a presumida contribuição para o impeachment dada pela prisão de Vaccari. O impeachment, em resumo, é a possibilidade aberta pela Constituição para destituir o governante por crime de responsabilidade. Para iniciar o processo de destituição é necessária, portanto, a precedência do ato ou de indícios com seriedade para serem investigados e avaliados. Não é o que o PSDB quer. Ao iniciar reuniões com policiais e advogados, além de jornalistas, para descobrir alegações que possam pretextar uma campanha pró-impeachment, esses oposicionistas atestaram que o seu objetivo não é a defesa da legalidade, ou da moralidade administrativa, ou das instituições democráticas. Sua prática é leviana e seu objetivo é ferir de morte o adversário odiado. Dois indícios de má-fé e ação contra o Estado de Direito. Entre os desdobramentos que a Lava Jato pode produzir, está o de comprometer o governo e a própria Dilma Rousseff, por improvável que isso seja. Sem tal eventualidade, porém, os passíveis de crime contra a ordem democrática nos termos da Constituição, são os que se organizam para fomentar a ruptura da legalidade institucional que tanto custou a este país. Eu sempre acreditei e acredito que a democracia tem poderes suficientes para equacionar problemas sem uma ruptura institucional, que sempre tem consequências imprevisíveis e incontroláveis. É como abrir a garrafa mágica e soltar um gênio poderoso sem poder para controla-lo depois. O mundo político é esse gênio cheio de interesses escusos e, uma vez liberado por uma carta branca da opinião pública, deitaria e rolaria para obter tudo que os governos não lhes deram. Reputo uma opção caótica. O também insuspeito LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, ao relatar suas conversas com o mercado financeiro internacional revela que existia entre seus interlocutores estrangeiros a sensação de que o Brasil vivia o CENÁRIO DE FIM DE MUNDO. Com a sinceridade imposta a um homem do mercado, ele esclareceu aos investidores estrangeiros que se descabelavam com as notícias caóticas transmitida pela imprensa brasileira, os dados relevantes da nossa economia e suas perspectivas. Em trabalho publicado na FOLHA DE SÃO PAULO ele conta: “O relato que recebi desses investidores foi muito interessante: os operadores dos mais importantes fundos de investimentos no Brasil continuam com um cenário de fim de mundo para nosso país. Os mais pessimistas trabalham com a hipótese de que vamos virar uma Venezuela nos próximos anos; os menos extremados olham para a Argentina como o capítulo final do governo Dilma, do PT e do Brasil. Por essa razão, ao expor minhas ideias sobre o futuro do Brasil e da nossa economia, sentia que alguns membros do grupo me olhavam com certo espanto. Mostrei a eles as razões pelas quais o cenário de fim de mundo me parece uma hipótese muito remota. Disse que esse risco ocorreu em 2010, quando o apoio popular a Lula permitiria uma mudança nas regras constitucionais e a construção de um regime centrado no poder popular e nas ruas. Tentei mostrar que uma série de mudanças recentes no governo da presidenta Dilma caminhava na direção de uma governabilidade mais estável. Chamei a atenção para o fato de que a recessão que se instala na economia, neste início de 2015, é a solução para a inflação fora da meta, e não um problema em si. E citei a recuperação expressiva dos preços de alguns ativos brasileiros nas últimas semanas como um sinal de que a racionalidade política volta lentamente entre alguns agentes do mercado. No fundo, o conhecimento desse pessoal sobre os problemas que estamos enfrentando depende da leitura de alguns jornais e das opiniões de uma geração de analistas que não conhece a dinâmica política fora do período de ouro do PT”. O jornal O GLOBO, por exemplo, publicou recentemente um artigo de meia página, sob o título O BRASIL NOS TEMPOS DA CÓLERA que é um verdadeiro manifesto em favor do impeachment. 29 ENSAIO POLÍTICO O IMPÉRIO DO PMDB E A FRUSTRAÇÃO DO PSDB O PSDB está tentadíssimo a entrar no bloco pró-impeachment sem atinar para as consequências disso ou, atinando, quer por “fogo no circo”. Isto considerado, poderíamos imaginar, meramente imaginar, a forte possibilidade do seguinte quadro: Com a saída de DILMA, todo o poder poderia ir para o PMDB; UM PODER ABSOLUTO sobre o PODER EXECUTIVO e todo o PODER LEGISLATIVO, Câmara dos Deputados e SENADO FEDERAL; O PT enfraquecido não teria força para se contrapor; O PSDB não teria força para se impor; Não existiria nenhuma força expressiva de oposição. Seria cheque em branco; O Vice-Presidente MICHEL TEMER não teria força para controlar EDUARDO CUNHA, Presidente da Câmara, uma das mais conhecidas raposas políticas e o mais poderoso parlamentar da hora; RENAN CALHEIROS, Presidente do Senado, iria se compor, rapidamente, com o novo “status quo” dominado pelo seu partido; EDUARDO CUNHA seria o dono do poder real, para caminhar para o poder formal ou, até, propor um REGIME PARLAMENTARISTA que daria todo o poder para o CONGRESSO governar o país livre, leve e solto para sempre. Não gosto dessa hipótese! Em primeiro lugar, não vivemos nenhum problema insolúvel e temos gente nova e preparada no governo e no seu suporte político ainda sendo arrematado. Salvo a gula de partidos de oposição, não existe nenhuma pressa para se buscar uma rotatividade prematura no poder. Prefiro o funcionamento dos mecanismos institucionais sem ruptura, que já estão atuando no balizamento das ações de governo as quais, cada vez menos dependem do PT e mais de uma composição mais ampla que está funcionando bem ... agora. Em suma, um impeachment fajuto nos tiraria do patamar de país protagonista para nos atirar ao nível de “republiqueta de bananas”. Décadas para se recuperar depois. Nas próximas eleições Presidenciais teríamos um quadro político rearranjado, provavelmente um novo panorama partidário, um sistema de financiamento de campanhas eleitorais mais confiável, provavelmente novas lideranças emergentes e, assim a possibilidade de fazer a coisa com mais juízo. 30 ECONOMIA TERCEIRIZAÇÃO, RIO TORMENTOSO A SER ARTAVESSADO U m emprego criado no Brasil custa a bagatela de R$ 75 mil. Contam-se aí os investimentos sociais em infraestrutura, educação, saúde, transporte e capacitação para brasileiros, até entrarem no mercado formal de trabalho. Hoje, se quer jogar esse investimento fora. Esquecer toda essa prioridade que beneficiou várias gerações. Em nome de uma terceirização que enriquecerá o portfólio de empresas que substituirão a negociação frontal entre o sujeito da força de trabalho com o empregador. Não estamos no estágio da China, que na grande marcha empreendida para alcançar seus 7% de crescimento anuais, aviltou de tal modo a remuneração do trabalho que chegou a míseros US$ 5O para trabalhadores dos setores manufatureiros. O Brasil não acabou, apenas passa por um ciclo. A terceirização é para um ciclo final, o esgotamento de todas as riquezas, acompanhado pelo aniquilamento do homem que produz. Não chegamos ao marco zero, de onde não há mais volta. Não fosse assim, o setor financeiro-bancário brasileiro não seria o que mais lucros ostenta em todo o planeta. Igualmente a indústria automobilística não apresentaria resultados capazes de atrair para cá todas rigorosamente todas - as fábricas mundiais. Quer-se empurrar a terceirização para aumentar a margem da festa dos que já ganham muito! Em nome de uma “reforma das leis trabalhistas” que visa “shangailizar” nossa economia. O trabalho precisa ser mantido onde está: nem terceirizado nem secundarizado, porém, “principalizado”. 31 mais S NAR>>>>> Ricardo Reis TERRAS BILIONÁRIAS Um advogado especialista em ações de questionam ento da propriedade de terras no Distrito Federal, calcu lou que o patrimônio do governo federal com os ativos fundi ários no quadrilátero é de R$ 580 bilhões. O gover no federal detém a maioria no capital da Terracap, agência do GDF que comanda a política de terras da capital, vendendo lotes em leilões públicos. Se o governo vendesse todo o seu estoque de terras no DF daria para tirar o país do atoleiro econômico. CARTAS BAIXADAS O ambiente político agravou-se com a cisão entre Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Ninguém mais obedece a Michel Temer, muito menos a Dilma Rousseff. O cenário alcançou o estágio de cada um por si. O mais forte ganhará. Quem tem, a caneta na mão para detonar alguém? Caras para a redação. POLÍTICA PENDULRenAR te. Desse modo, an e Cunha estão batendo de fren É tudo o que Dilma queria: mento, ela daria do PMDB sobre ela. Nesse mo ela atenua os focos de pressões são pendulares: a ític pol mas as coisas em ha, Cun a que an Ren a o nçã mais ate es de Dilma. Renan não quer saber de atençõ QUATRO REVESES Quatro grandes revezes sofridos pelo governo em abril: 1) o enorme prejuízo da Petrobras anunciado em balanço com um a cifra estratosférica de corrupção - R$ 6 bilhões; 2) a derrota no projeto da terceirização, final na Câmara; 3) a derrota na CCJ na Câmara no projeto que reduz o número dos ministérios; 4) o desmentido do vice Michel Temer de que o obsceno orçamento dos fundos partidários, que repercutiu pessimamente na sociedade, pode ser contingenciado. MÃO PESADA A mão do juíz Sérgio Moro está pesada. As primeiras condenações da Justiça do Paraná de hoje foram as mais rápidas de um escândalo de corrupção no Brasil, levando-se em conta a data de abertura dos processos. É um aviso aos navegantes: não há esquecimento, não há complacência, não há tolerância com quem roubou, lavou e propinou. 32 QUASE PRESIDENTES Infraero, Correios, Chesf, Ele trobras, Eletronorte, Conab. Se o leitor foss e presidente ou diretor de uma dessas empre sas não estaria dormindo tranquilo. A caneta já passou diversas vezes sobre seus nomes ma s ainda não se decidiu. A caneta é de grife fem inina. DILMA JANTOU rdo jantar apenas social, como o que Dilma teve com Edua Como não há mais almoço de graça, também não há do ha palavrinha simpática, e um elogio ao bife da cozin Cunha. Uma troca de olhares, um gesto gentil, uma uma de abertamente em política ou negociar a aprovação Alvorada, pronto, tudo se resolve. Não se precisa falar a, não com Cunha. medida provisória. Basta jantar. Dilma jantou Cunh LASCOU, VINÍCIUS Em seu discurso de saudação ao ex-ministro Vinicius Lages, o que saiu doente, Dilma fez uma declaração dúbia. Disse que ele havia sido um ministro “discreto”. Discreto é tudo o que não deve ser um ministro do Turismo, pois vende a imagem do país. Disse ela, litteris: “ Vinicius Lages chegou de forma discreta, trazendo um grande conhecimento técnico sobre a indústria de turismo”. CUIDADO PMDB O PMDB está todo pimpão, apresentando três possibilidades para disputar a Presidência da República em 2018: Michel Temer, Eduardo Paes e Eduardo Cunha. Mas, é sempre válido lembrar que Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, quando candidatos a presidente pelo PMDB, não passaram dos 5% dos votos válidos. CACIQUE MORDIDO Piorou muito ambiente político no Congresso diante do governo e o curioso é que o eixo da reação contra Dilma se deslocou da Câmara para o Senado. Não é mais Eduardo Cunha a ameaça maior de desestabilização do governo, mas Renan Calheiros, que busca vingança por ter perdido o Ministério do Turismo. 33 BRASÍLIA MEMORIAL A JANGO UM NOVO GOLPE? POR CHICO SANT’ANNA A capital norte-americana, planejada como Brasília, tem como característica forte a existência de memoriais e centros dedicados à memória dos grandes líderes norte-americanos. Grande parte dessas edificações está numa área chamada de Mall, uma espécie de Esplanada que se lança do Congresso norte-americano, o Capitólio, até o Washington Memorial, em formato de obelisco. São museus, fundações, institutos de pesquisas. Thomas Jefferson e George Washington, líderes da independência dos Estados Unidos – e por isso certamente eram vistos pelos ingleses como subversivos ou adjetivo semelhante – estão lá. Com eles, Abraão Lincoln, Martin Luther King, e até Ronald Nixon, que foi deposto do cargo por força de um impeachment. Os centros alusivos à memória dos líderes norte-americanos exercem importante papel: são abrigos de momentos da história daquele povo. Até as guerras em que os Estados Unidos participaram possuem seus memoriais. Eles atuam como centros culturais. Servem como centros de documentação, locais de estudos e pesquisas, marcos de um momento político. Na economia da capital norte-americana esses memoriais são importantes. Além de gerar empregos diretos na sua manutenção e nos estudos que promovem, eles são importantes centros de atração turística. É impossível visitar Washington sem visitar uma meia dúzia dessas instalações. Visitar esse ou aquele memorial não significa concordar com os valores que eles representam. Se assim o fosse, Nuremberg, na Alemanha, não manteria o Parlamento Nazista. A vocação cívica e econômica de Brasília é semelhante à de Washington. O Memorial JK e os espaços dedicados aos Povos Indígenas, a Lúcio Costa e Israel Pinheiro, dentre outros, desempenham esta função de guardar um pouco da memória nacional. Outros espaços deveriam ser igualmente criados para preservar outros momentos da história. É neste sentido que se enquadra o Memorial Liberdade e Democracia João Goulart. Um espaço para guardar para eternidade um triste momento da história brasileira. Mas diversas vozes se levantaram contra tal iniciativa. A alegação oficial é o planejamento urbano de Brasília. Mas a oposição guarda nítidas características ideológicas, como se fosse um segundo golpe contra João Goulart. Uns levantam dúvidas se o projeto arquitetônico do memorial, em forma de uma calota, semelhante ao Museu da República, seria mesmo de autoria de Oscar Niemeyer. Há quem diga que a edificação – mesmo com a altura diminuta -, irá obscurecer o por do sol. Outros defendem que tal memorial seja erguido em São Borja, terra de Jango, pois o presidente não gostaria de Brasília. Para João Vicente Goulart são argumentos que camuflam uma rejeição ideológica e, como exemplo, lembra que seu pai não só gostava de Brasília, como foi o responsável pela criação de uma de suas instituições mais importantes: a Universidade de Brasília - UnB. 34 PÁGINAS AZUIS JOÃO VICENTE GOULART: “JANGO, MUITO ALÉM DE UM MEMORIAL” Entrevista à Chico Santa’Anna João Vicente Goulart rebate todas as críticas ao Memorial Liberdade e Democracia João Goulart e acredita que ele será um grande presente não só a Brasília, como a todo o Brasil. Confira. 35 PÁGINAS AZUIS CHICO SANT ANNA -O que é o Memorial Jango? Um Museu, um centro de estudos, um mausoléu, um marco físico contra à ditadura? JVG - Um marco de memória. O próprio Niemeyer justificou assim a seta com o ano de ‘1964’ desta maneira: “Quem conhece a história de João Goulart, sabe como ele foi violentamente afastado do seu cargo com o Golpe militar de 1964, que durante vinte anos pesou sobre o nosso país. E isso eu procurei marcar na minha arquitetura, da forma mais clara, com uma grande flecha vermelha a atingir a cúpula projetada. Dentro do amplo salão de exposições seriam explicadas ao publico as razões desse deplorável acontecimento, as pressões do governo norte-americano que o reacionarismo de direita naquela época procurava atender”. cúmulo de dizerem que ele nunca mais voltou a Brasília. Ele morreu no exílio lutando por Brasil livre e democrático. São absurdos que escutamos que de tão ridículos beiram a prepotência dos ignorantes. È assim mesmo, quando perdem o argumento apelam aos subterfúgios. Faz parte do mau caráter. CHICO SANT´ANNA - Nas redes sociais, sugeriram rebatizar a Ponte Costa e Silva de Ponte João Goulart e em contra-partida abandonar a idéia do memorial. JVG - Contra-partida de qué? Nós não estamos exigindo nada a mais do que legalmente o GDF nos outorgou depois de sete anos de processo administrativo e muitas lutas deixadas na trilha da construção de um sonho: defender a Liberdade e a Democracia para fortalecer um valor unívoco destes conceitos que foram violados em 1964. Você acha que podemos fazer isso encima de uma ponte? CHICO SANT´ ANNA - Por que Brasília e não São Borja ou Rio de Janeiro? Há quem diga que Jango não gostava de Brasília. JVG -Há quem diga? Jango foi o primeiro presidente que realmente veio morar em Brasília. Eu mesmo estudei no colégio publico aqui quando criança. Há quem diga também que Jango nada fez pelo Brasil, mas são pessoas que tratam a biografia dos adversários como se fossem inimigos. Jango foi eleito Vice-presidente na aliança PSD-PTB que levou a construção de Brasília. Sem o apoio dos trabalhadores e dos sindicatos liderados por Jango como presidente do PTB Juscelino que mesmo como candidato a presidente não fez os votos de Jango como vice. Jango faz mais votos que o próprio presidente e ainda com o episódio que o Lott teve que intervir, no que se chamou o golpe branco o que lhe custou não ser o candidato a presidente em 1960, pois o PTB tinha que devolver a lealdade de Lott no episódio que empossou Juscelino em 1956. Jango como vice-eleito era o Presidente do Congresso Nacional, entidade esta representativa de nossa democracia. Foi ele quem inaugurou o Congresso Nacional. Criou a primeira Universidade independente, a UnB como forma de termos uma educação in- CHICO SANT´ANNA- Existe uma polêmica contra o local escolhido. Primeiro, há aqueles que acusam que o projeto fere o projeto urbanístico de Lúcio Costa, outros alegam que é uma provocação aos militares, pois ali, segundo as redes sociais, seria erguido o Monumento aos Pracinhas. Como você analisa essas questões? JVG - Se o projeto fere as determinações de Lucio Costa, por que existem outros no canteiro central do Eixo Monumental? Memorial dos povos Indígenas, Centro de Convenções, Prédio da Funarte, Clube do Choro, Igreja Rainha da Paz e outros. Os Pracinhas já tem outro terreno que lhes foi dado, uma vez que este lote com RGI em questão, lhes foi cedido em 1988 e até 2006 quando foi transferido pelo Governo Roriz ao Memorial da Liberdade e Democracia João Goulart, em 18 anos não tinham tramitado os caminhos que nós tramitamos em sete anos. Em 18 anos nada apresentaram. E eu pergunto, suponhamos que o terreno volte aos Pracinhas para a construção do Memorial dos Heróis Nacionais, para eles o Memorial é permitido e para um outro memorial que exalte a Liberdade com o nome de Jango não pode? Qual a lógica? Só pode ser política, não é? CHICO SANT´ ANNA - O terreno foi concedido no governo de Joaquim Roriz. Hoje sua filha, Liliane Roriz, deu entrada numa representação ao MP para que a doação seja revogada e a obra impedida de tomar andamento. Como analisa esta situação? JVG - São essas coisas que a velocidade política da fome de votos não explica. Não tememos um milímetro da investigação do Ministério Publico, estamos na legalidade. Mas caso venhamos a ser processados por uma ação civil publica é claro que vamos querer o ex-governador como nossa testemunha. Acredito que a deputada Liliane não tenha conhecimento, mas nós somos muito gratos a atitude e coragem do ex-governador, pois é um homem que mesmo adversário político no campo das ideias justificou claramente o seu gesto altruísta, “Jango foi um grande homem”. u gesto foi de tal magnitude, que após a sua saída do governo ele aceitou assinar nosso livro do “Conselho de Notáveis”. Ele é nosso conselheiro e temos gratidão ao seu gesto. dependente de governos e que é exemplo de educação até hoje. Como não gostava de Brasília? Foi tão pioneiro como tantos outros e exerceu aqui o seu mandato de presidente da República. Eu já ouvi tantas barbaridades a esse respeito de chegar ao 36 PÁGINAS AZUIS CHICO SANT´ANNA - Foi noticiado de que o Instituto João Goulart teria acionado o Ministério Público e Polícia Federal para investigar quem está incitando os opositores ao Memorial. Isso procede? Qual o temor do Instituto? Que as forças conservadores, defensoras da ditadura militar estejam por de trás dessa oposição? JVG - Essa ameaça foi colocada publicamente por elementos e indivíduos que querem atiçar o processo pela violência, pela prepotência e pelo vandalismo. Apenas alertamos a Polícia Federal e a secretaria de Segurança publica sobre o que escreveram nos meios de comunicação. Não aceitamos a força e a prepotência como forma de agir. Lutamos e ficamos treze anos de exílio e aprendemos que a única luta que se perde é aquela que abandonamos. fomentará palestras, workshops, exposições, manifestações artísticas de todas as áreas culturais, como dança, teatro, cinema, leituras. O nosso desafio é manter o Espaço João Goulart formado pelo Memorial, pelo prédio anexo e pela área de 10.800 metros quadrados do projeto paisagístico em um centro de convivência e cultura dentro de Brasília. O terreno cedido pelo Distrito Federal para edificação do Memorial da Liberdade e Democracia Presidente João Goulart possui 10.800m² e a área edificada prevista no projeto arquitetônico ocupa menos de 10% deste total; ou seja, 90% serão submetidos ao tratamento paisagístico necessário a integrar e harmonizar a área verde à construção civil. O projeto paisagístico contempla espaços diversos de convivência, como a Praça dos Cinamomos, com bancos ao ar livre, além de um espaço que funciona como um anfiteatro ao ar livre. Estamos dando um presente à cidade de Brasília e seu entorno, tão carentes de uma área cultural que será aberta 365 dias do ano, gratuitamente. Estivemos com vários movimentos sociais, como por exemplo, o Gilmar Satão do Grupo DF-Zulu que nos confirmou a carência desses espaços na cidade. Por isso, o Espaço será cultural e também educacional, pois cultura e educação andam de mãos dadas e são valores de transformação na vida de uma sociedade. Talvez seja isso, que tenha preocupado tanto os opositores ao Memorial, em um país que nossa população é manipulada por uma imprensa dominada por 7 famílias, ter nesse local, um espaço que terá como conceitos norteadores das ações realizadas , a liberdade e a democracia, realmente preocupa esses “pseudo democratas”. CHICO SANT´ANNA - Quanto vai custar e Quem vai pagar a construção do memorial e mantê-lo posteriormente? O Poder Público, iniciativa privada? JVG - Todos os recursos que estavam programados eram de renuncia fiscal através da lei Rouanet. Aprovados pelo MINC e retificados pelo IPHAN em Diário Oficial da União. Vários deputados colocaram emendas individuais para realizar a construção de um espaço cultural onde se contarão através de exposições, palestras, peças de teatro, filmes e atividades afins para a construção do Memorial ora obstaculizado. Não tem previsto um centavo do orçamento do GDF. É bom também esclarecer que vários órgão de comunicação estão falando em “doação”. Nunca foi uma doação e sim uma cessão de uso, o que quer dizer que todo investimento ali realizado passará a ser patrimônio do GDF. Jamais iríamos querer ou integrar o patrimônio público ao patrimônio de um Instituto como fizeram em outras oportunidades aqui em Brasília. Doaram patrimônio publico a particulares, a famílias tradicionais que hoje são proprietárias do Eixo Monumental e de outros terrenos que pertenciam ao patrimônio publico. CHICO SANT´ANNA -Há um temor de que o Memorial possa ter sua obra impedida? Para quando imaginam poder entregar o memorial à visitação. JVG - Vamos esperar agora a posição do GDF. Houve com esta obstaculização sérios danos no andamento e nas já adiantadas conversações com os patrocinadores. Tudo tem seu preço, tudo tem seu tempo. Existe o tempo de se plantar e existe o tempo de se colher. CHICO SANT´ANNA - A cidade de Washington abriga dezenas de memoriais e bibliotecas alusivas a seus líderes. De Thomas Jefferson a Ronald Regan. Você acredita que essa é a vocação de Brasília também? JVG - Hoje mesmo respondi a um email do leitor Alexandre Dornelles a esse respeito. As capitais dos países mais avançados culturalmente tem memoriais de todos os governantes. Washington é um exemplo, é um museu a céu aberto e que em cada esquina seus habitantes e turistas podem entender a sua história. Até Nixon que foi deposto por um impeachment tem o seu lugar na história. Aliás, quero voltar ao assunto da Ponte Costa e Silva. Eu entendo que também o período militar deve ter um espaço para contar e justificar o Golpe sob seu ponto de vista. A população deve conhecer todas as opções de governo. Inclusive para escolher entre a Liberdade e Democracia ou o totalitarismo e a ditadura. (*) Chico Sant´Anna é jornalista. Blog: BRASILIA, POR CHICO SANT’ANNA www.chicosantanna.wordpress.com CHICO SANT´ANNA - De que forma o Memorial Jango deve contribuir para o cotidiano de Brasília? Um centro de estudo? Ponto Turístico? JVG - O “Memorial Liberdade e Democracia João Goulart”, 37 ARTIGO/BRASÍLIA A BRASÍLIA DOS VEÍCULOS Alessandro Soldi Vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (SINCODIV-DF) W carro que apresentava elegância e acabamentos impecáveis. Mas foi com o Chevette, lançado também nos anos 70, que a empresa mostrou que poderia fazer carros populares bons e baratos. Concorrendo no segmento de carros médios, nos anos 80,o Escort XR3 rapidamente foi reconhecido pelas qualidades comuns nos veículos da Ford, design moderno, bom acabamento e inovação mecânica. Já nos anos 2000,carros como Celta, Gol total flex, Civic, Fox, Ecosport, Corolla,Tucson, Sandero, entre outros, foram lançados no país e eram encontrados facilmente nas ruas da capital federal. Além disso, o ano de 2002 marca a criação do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal (SINCODIV-DF) que, atualmente, conta com 60 associados e é a entidade responsável pela pesquisa mensal sobre emplacamentos de veículos no DF. De acordo com o sindicato, somente no ano passado foram vendidos mais de 125 mil veículos. A Fiat lidera as vendas com 23%, seguido pela Volkswagen com 15% e GM com 13% da preferência de compra. Se depender dos brasilienses e do setor automotivo, muitos carros ainda farão sua história pelas largas avenidas de Brasília. 3, L2 e N1. Para quem não é de Brasília, são apenas letras e números, mas quem cresceu com a cidade, ou a escolheu para viver, logo identificará o real significado. Essa “sopa de letrinhas”, na verdade, é o nome das vias públicas e endereços locais. Para o brasiliense, ouvir as siglas SQS, SCN, SHS, SIA, EPIA, EPTG já faz parte do cotidiano. Brasília é assim, jovem e cheia de particularidades. Suas vias largas são disputadas por vários carros e motocicletas. Não importa a distância, longa ou curta, lá estão eles. Veículos de todos as marcas, modelos e tamanhos. Podem ser nas cores preto, branco e prata, ou ainda os coloridos, vermelho, azul, amarelo, verde. Ao longo desses 55 anos completados dia 21, diversos carros ganharam a preferência do brasiliense. Na década de 1960, o Fusca, projetado pela Volkswagen para ser um carro simples e econômico era um dos que mais circulavam pelas vias. Para quem desejava um pouco mais de conforto, tinha o Itamaraty, o primeiro carro de luxo feito no Brasil. Na década de 70, a Chevrolet lançou o Opala, um 38 BRASÍLIA OS BRASILIENSES Os destaques de uma das nove metrópolis mais bem planejadas do mundo Destaque do Mês Affonso Heliodoro C om 99 anos, ele encarnou os 55 anos de Brasília, com sua energia aos 99 anos. Ajudante de ordens de JK quando da construção de Brasília, foi seu inseparável companheiro. Juscelino se comprazia em tê-lo ao lado em suas viagens. Formaram o que se pode chamar de dupla inseparável. Até hoje detentor de prodigiosa memória, o coronel Affonso Heliodoro se diverte recordando passagens hilárias que viveu com Juscelino. 39 BRASÍLIA OS BRASILIENSES: DESTAQUES DE ABRIL PIONEIRA PIONEIRO ROOSEVELT D.BELTRÃO MERCEDES URQUIZA Esteve dos festejos do Clube dos Pioneiros, da qual é presidente, pelo aniversário de Brasília, numa prova de resiliência da entidade. Argentina, saiu de Buenos Aires em 1957 junto com seu marido em um jeep para participar do sonho visionário de Juscelino Kubitschek. Em documentário, contou as incríveis histórias de sua saga e da cidade. VIRTUALIDADE MÚSICA POP HAMILTON DE HOLLANDA Bandolinista, considerado o melhor músico do mundo nesse instrumento, valoriza o choro - hoje o som de Brasília - e tornou-se presença obrigatória nas comemorações do aniversário. Rodolfo Lagos Jornalista egresso da mídia impressa, com passagem pelas mais importantes redações do país, como repórter e na chefia, ancorou no portal Fato Online, no qual pontua com seus posts de análise política “in profundis”. EMPREENDEDORISMO ADELMIR SANTANA PAULO OCTÁVIO HUGO RODAS Diretor de teatro uruguaio estabelecido em Brasília desde 1975. Pioneiro no teatro da capital. É também ator, figurinista, coreógrafo e professor de teatro na UnB. Também dirige fora da capital federal e os últimos trabalhos foram com Antônio Abujamra e Denise Stoklos. Conhecido consultor econômico, que se empenha em ampliar as fronteiras do interesse de grandes grupos empresariais por investimentos no Distrito Federal, também fazendo da cidade trampolim para a ocupação econômica e estratégica do CentroOeste. 40 GARÇOM EMPRESARIADO TEATRO RUY COUTINHO Benemérita, mantém uma Ong - Instiututo Vicky Tavares - Vida Positiva - de apoio à recuperação de crianças e adolescentes portadores de HIV, com a inserção deles no esporte e em atividades normais, contando apenas com as contribuições da comunidade. CÍCERO Presidente da FECOMERCIO DF, costuma dizer e repetir: Brasília lhe deu tudo. Chegou ao Planalto Central ainda em 1964 e com o passar do tempo construiu sua família, estudou e empreendeu. Esse campo fértil de oportunidades só fez aumentar a minha gratidão. CONSULTORIA VICKY TAVARES CHIQUINHO DORNAS Pioneiro, tendo chegado aqui com 1 ano com seu pai que montou a estrutura hoteleira do Catetinho, administra a página na Internet Das Antigas Que Amamos Muito, que faz circular nas redes sociais as imagens dos primeiros tempos da capital. Jornalismo Web AÇÃO SOCIAL No aniversário de Brasília, a cara da noite (e do dia nos restaurantes) foi Cicero, legenda do Beirute, comemorado por 9 entre 10 convidados, saudosistas e novas gerações de frequentadores do mais folclórico point boêmio e gastronômico da capital. A exposição fotográfica itinerante “40 anos das Organizações Paulo Octavio” percorreu todos os seus 4 shoppings pela cidade, contando a história do trabalho pioneiro da empresa que sempre investiu no desenvolvimento do Distrito Federal. PIONEIRA LYGIA L. DE CAMARGO Há 53 anos em Brasília, é uma das marcas inconfundíveis da capital pela universalidade, e por meio do gosto pela filantropia que dissemina na cidade. Cidadã do mundo a serviço da Brasília. BRASÍLIA OS BRASILIENSES: DESTAQUES DE ABRIL JORNALISMO DIÁRIO LITERATURA CARLOS MARCHI ILIMAR FRANCO Autor autenticamente de Brasília embora more em São Paulo, saudado, comemorado, festejado por seu “Todo Aquele Imenso Mar de Liberdade” biografia de Carlos Castello Branco que enche os olhos da crítica e leitores. Jornalista, titular da coluna “Panorama Político” de O Globo, é tipicamente um amante do que a cidade tem de mais prazerosa para quem busca o lazer aprazível como seus restaurantes e seu roteiro musical. JORNALISMO TV ADVOCACIA GUILHERME PORTANOVA CARLOS A. DE BRITO Âncora do DF TV da TV Globo, gaúcho, é a voz que se torna familiar para os que acordam cedo, que desejam saber das primeiras notícias da manhã e como anda o trânsito em Brasília antes de saírem de casa. Façanha: uma hora e meia diárias no ar, ao vivo. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, aposentado ao atingir a idade limite, sergipano, preferiu continuar residindo em Brasília, onde mantém banca de advocacia das mais prestigiadas para causas em tribunais superiores. RELIGIÃO TECNOLOGIA VALNICE MILLHOMENS NELIO NICOLAI Pastora da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, com sede em Vicente Pires, ela é conhecida nacionalmente. Foi a primeira líder evangélica mulher a usar a televisão como instrumento de evangelização. Missionária durante vários anos na África. Brasiliense inventor do bina, chegou aos 75 anos praticamente sem posses, sem ver a Justiça atender seus clamores contra grandes multinacionais telefônicas que lhe negam a autoria e não sentam à mesa para um acordo justo. ENSINO GESTÃO GETÚLIO A.M.LOPES Reitor do UniCEUB Centro Universitário de Brasília. É a universidade mais ranqueada com estrelas do CentroOeste, segundo o Guia Nacional de Estudantes. Conforme o MEC, está entre os três melhores Centros Universitários do país e conta hoje com 17 mil estudantes. HELIO DOYLE Jornalista, acadêmico, chefe da Casa Civil do Governo do DF definiu com precisão a maior tarefa o governo nesses primeiros três meses de gestão: superar as crises. Sob sua orientação o governo vem imprimindo uma marca de gradualismo nas medidas e na imagem. 41 PIONEIRO RONALDO DE A.VELLOSO Engenheiro agrônomo que compôs a equipe que que demarcou o Plano Piloto de Brasília no chamado” Marzo Zero” - o cruzamento dos Eixos Rodoviário e Monumental na qual funcionou como topógrafo, tendo sob seu comando um grupo de dez topógrafos. ECONOMIA PAULO TIMM Brasiliense de adoção, gaúcho de nascimento, reside no balneário de Torres, mas mantém raízes fincadas na capital através de uma rede para a qual dissemina seus estudos econômicos e sociológicos. Diz-se hoje apenas um jornalista. Modéstia. MEDICINA LEONARDO ESTEVES L. Referência em cirurgia cardiovascular e torácica, com especialização na França que abrange transplantes, graduado pela UnB, membro da Sociedade Brasileira de Cardiovascular e membro titular do Colégio Francês de Cirurgia Cardiotorácica. FOTOGRAFIA HERMÍNIO OLIVEIRA Lisboeta, chegou a Brasília e aqui ficou, como um de nosso melhores fotógrafos profissionais em estúdio, festejado por todos que são por ele retratados a par de sua invulgar assinatura de luz e cores. POLIS Confidencial MORO RECRIOU O NOSSO HERMITAGE Floresce em Curitiba o Hermitage brasileiro. Graças ao juiz Sergio Moro, o mais famoso museu do mundo, o Hermitage, de São Petersburgo, está recebendo uma cópia muito reduzida em grandiosidade, claro, em Curitiba, mas nem mesmo assim despia de obras valiosas. São as coleções particulares que o Museu Oscar Niemeyer vem incorporando graças aos serviços da Polícia Federal ao expropriar os quadros dos presos pela Operação Lava Jato. São quadros de incalculável valor, alguns deles, obras raríssimas ambicionadas por colecionadores. Jaziam nas paredes dos apartamentos e casas dos quadrilheiros das propinas da Petrobras. Aliás, eles têm bom gosto. Prestaram sua contribuição à cultura brasileira ao adquirirem quadros de renomados pintores brasileiros, em vez de carrões de luxo e iates, estilo Eikelândia. As obras agora são públicas. GIM NOVO BILÍNGUE Onde está o ex-senador Gim Argello que desde a posse da nova legislatura do Congresso Nacional voltou à zona de sombra da política partidária no Distrito Federal? Gim ainda aguarda, segundo seus amigos, nomeação para um cargo federal, no ministério que coube do PTB, o de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, cujo titular é o petebista Armando Monteiro Neto. O cargo é o de secretário de Comércio e Serviços, que vinha sendo ocupado pelo economista Humberto Ribeiro, hoje professor visitante da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Para ocupar o cargo, que lhe foi sinalizado no preenchimento do novo ministério da presidente Dilma, Gim Argello preparou-se, inclusive com aulas de inglês, pois cabe ao secretário estar em permanente contato com investidores internacionais com interesse no Brasil, em missões constantes ao exterior. Dinâmico e empreendedor, obteve nos últimos sete anos como senador liberações para o Distrito Federal que chegaram a bilhões de investimentos em obras de mobilidade urbana, com sua ação no Senado – através de emendas ao orçamento – e usando seu prestígio nas áreas federais. Por isso sente-se bem à vontade para exercer o novo cargo. Detalhe: o cargo de secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ainda está vago, e o Brasil, enquanto isso, perde oportunidades estratégicas em feiras e eventos internacionais. 42 JEFFERSON ATÉ ÚLTIMO TOSTÃO O ex-deputado Roberto Jefferson, que cumpre pena em Niterói, sanou até o último centavo sua dívida com a Justiça, ao pagar a multa arbitrada de R$ 850 mil. Não foi uma tarefa fácil. Ajudada pela filha, deputada federal Cristiane Brasil, presidente nacional do PTB, e pelos amigos, Jefferson foi arrecadando lenta e gradualmente a quantia até ver que estava toda integralizada. HERÁCLITO A VOZ DO ÍCONE O deputado Heráclito Fortes em pouco tempo tomou conta do plenário da Câmara com suas intervenções pontuadas por uma voz tonitruante mas sobretudo pela larga experiência política e fama que carrega. Cedo ascendeu à vice-liderança do PSB.É respeitadíssimo pelos colegas e admirado como ícone pelos novatos. Um não revelado segredo é que Heráclito passou recentemente por sessões de uma fonoaudióloga, para ser melhor entendido. 43 GESTÃO CORREIO À VENDA? ENCOMENDA JÁ ENVIADA D ilma está privatizando os Correios, o mais antigo serviço público do Brasil, em funcionamento desde 1657 quando o rei de Portugal D. Afonso VI criou o “Correio Mor” no Rio de Janeiro. O faz sob o pretexto de modernizar e dinamizar a instituição. Para contornar as exigências da Constituição e das Leis que regulam a criação de empresas a associação das estatais com entes privados, o governo fez aprovar três artigos que incorporados na Lei 12.490 de 2011 alterou a estrutura de governança dos Correios e retirou do Congresso o poder de aprovar ou vetar essas operações. Também dispensou a postal de promover licitações para escolher sócios e parceiros privados. Essas atribuições foram repassadas ao ministro das Comunicações e ao Conselho de Administração por ele presidido. O modelo de “modernização” de “dinamização” dos Correios se inspirou em um decreto que libera a Petrobras das exigências da Lei 8666, que continua considerado ilegal pelo Tribunal de Contas da União. Observe-se que o TCU emitiu mais de vinte decisões contra petroleira, anulando contratos e sustando pagamentos, entre esses os da Refinaria Abreu e Lima e do COMPERJ. Porém o Supremo Tribunal Federal suspendeu as decisões da corte de contas mantiveram Segundo o ministro e ex-presidente do TCU Augusto Nardes, existem mais de vinte decisões temporárias estão aguardando que os ministros relatores proferiram as submetam suas decisões liminares às decisões definitivas do plenário do STF. Há mais de dez anos esses atos mofam nas gavetas dos magistrados da alta corte judicial. 44 GESTÃO ECT PARTICIPAÇÕES: A privatização dos Correios começou com o Conselho de Administração criando a ECT Participações, depois de autorizado pelo ministro Paulo Bernardo, que o presidia. É empresa holding para coordenar e representar os Correios nas empresas privadas operadoras das unidades de negócios da postal. As participações societárias não podem ser superiores a 49,9 % do capital. Instituída a ECT Participações, de imediato seguiram-se os anúncios de três operações que estavam gestadas desde antes da promulgação da Lei 12.490. A primeira, já concretizada, a associação com uma pequena empresa aérea para operar a Rede Postal Noturna, espinha dorsal das lucrativas operações de logísticas; mais duas para operar negócios no bilionário mercado da Internet. Ao adquirir 49.99 % do controle acionário da Rio Linhas Aéreas (RLA), os Correios beneficiaram a pequena empresa cargueira paranaense com a exclusividade para operar a Rede Postal Noturna (RPN), serviço que transporta cartas, encomendas, cargas postais, e que sustenta o SEDEX. A RPN é operação mais disputada no mercado de cargas aéreas do Brasil. As empresas aéreas foram surpreendidas quando o Diário Oficial da União publicou no dia 25 de julho deste ano o despacho do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), aprovando, “sem restrições, a compra de 49,99 por cento da empresa de transporte aéreo de cargas Rio Linhas Aéreas pelos Correios”. O valor da operação não foi divulgado. Tampouco sobre o processo que levou os Correios a favorecer a RLA. Nenhuma das empresas aéreas foi consultada. No documento encaminhado ao CADE, “as partes informaram que a Rio Linhas Aéreas é detida pela WSF Investimentos e Participações, com fatia de 71,14 por cento, e pela MGB Participações e Consultoria, com 28,86 por cento. Após a transação, a MGB sairá do negócio e a WSF permanecerá com 50,01 por cento da empresa”. Desconfia-se a MGB operou como a intermediária na transação. Por nota, a diretoria dos Correios declarou: “Os es- tudos para seleção da parceira tecnicamente mais indicada levaram em consideração as empresas habilitadas pela Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC. Das quatro empresas do segmento atuando no Brasil, uma tem composição acionária internacional e as outras três são nacionais, todas com sede no Estado do Paraná. A selecionada pelo estudo foi a Rio Linhas Aéreas SA, que atualmente mantém o maior número de aeronaves cargueiras do mercado e é responsável pelo atendimento de cinco linhas da RPN”. No comunicado, a diretoria do Correios não explica como e o porquê à “seleção da parceira tecnicamente mais indicada” se restringiu apenas às empresas transportadoras exclusivas de cargas “habilitadas pela ANAC”. A redação tenta induzir haver duas categorias de empresas: as cargueiras e as de passageiros. Na a verdade, todas as empresas aéreas de transportes regulares também estão habilitadas para transportar “cargas e malas postais” e não apenas os passageiros, conforme aponta o Registro Aeronáutico Brasileiro. Portanto, TAM, Gol, Avianca, Azul e Passaredo poderiam se interessar para criar uma subsidiária e se associar com os Correios, caso fossem consultadas. Também não informa sobre “os estudos”: quem elaborou, quanto custou. Consta que o Banco Santander foi contratado para estruturar a operação. Por quanto? Houve licitação? A Rio Linhas Aéreas (RLA) foi fundada em 2008 para operar na empresa postal; tem sede no Paraná. O presidente da empresa é Mauro Martins. Inicialmente os donos eram Leonardo Cordeiro (WSF) e William Starostik Filho (MGB). Tornaram-se conhecidos com a publicação na “Época” de uma notícia na coluna de Felipe Patury: “A rede postal noturna tem novo dono. É a Rio Linhas Aéreas, do piloto de stock car William Starostik Filho e do empresário Leonardo Cordeiro. Os quatro contratos que a Rio já tem com os Correios somam R$ 185 milhões, ou 63% dos recursos destinados ao serviço aéreo noturno. Na semana passada, a Rio ganhou o quinto contrato. Quando ele começar a vigorar, suas vendas para a estatal serão acrescidas em R$ 79 milhões. O valor da operação não foi divulgado. Tampouco sobre o processo que levou os Correios a favorecer a RLA. Nenhuma das empresas aéreas foi consultada. 45 GESTÃO RIO, A PREFERIDA Fundada há quatro anos no Paraná do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a Rio já é a maior empresa do Brasil em aviões de carga. Tem sete Boeings 727 200 e dois 767 200. Procurada, a Rio informou que, por dever contratual, não pode dar informações a respeito de sua relação com os Correios.” A operação com a RLS foi o primeiro movimento para um mega negócio gestado nos Correios. Almeja criar a maior empresa de logística do país, operando com frotas próprias em todos os modais: aéreo, rodoviário, ferroviário, de navegação e operações aeroportuárias e portuárias. Determinação confirmada pelo presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, que em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo” declarou: “no longo prazo o desafio será aumentar a competitividade no promissor mercado de encomendas, em que a concorrência é aberta. A empresa ainda obtém metade de sua receita no segmento em que detém o monopólio, a troca de correspondências, que tende a perder força com a disseminação da internet e a evolução dos serviços digitais.” Aduz: “Apesar disso, os Correios são líderes no setor de encomendas no Brasil, com aproximadamente 40% do mercado”. Lembra que “a empresa tem a maior rede de pontos de venda do País, com mais de 6,3 mil agências próprias.” A mega empresa de logística também receberá do governo a missão viabilizar o TGV, o “trem bala”. Ideia gestada no governo à época do presidente Lula, que, frustrado com desinteresse dos empreendedores privados para o projeto, foi convencido de que a postal deveria liderá-lo, em sociedade com fundos de pensões, construtoras de obras públicas e empresas de logística. Dilma estava ministra da Casa Civil e tomou a si a empreitada. Aventura ferroviária a parte, o negócio da super-logística exigirá maciças inversões de capitais e comprovada experiência. Não as tendo, os donos da aérea paranaense deverão ceder o controle para empresa para uma das gigantes da logística. No mercado, tem-se como escolhida a Júlio Simões Logística (JSL), empresa paulista presidida por Fernando Antônio Simões, filho do fundador; listada na BM&FBOVESPA, com faturamento previsto para este ano de R$ 3,5 bilhões; opera 149 filiais no Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, presta serviços de transporte de cargas e terceiriza cadeias de logística. Tendo os Correios como sócios, a JSL tornar-se-á imbatível porque lhe serão transferidas as isenções fiscais concedidas à prestação dos serviços da empresa postal. Contestadas judicialmente pelas secretarias da Fazenda de Estados e Municípios, recente decisão do STF assegurou benefício. 46 GESTÃO NOVO NICHO: NEGÓCIOS NA WEB P aralela à operação com a RLA, a diretoria dos Correios anunciou mais duas para explorar serviços de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), segmentos de negócios que geram fabulosos lucros às organizações postais dos países desenvolvidos. Na mesma entrevista ao “Estadão”, Wagner Pinheiro reconhece que “nos grandes correios do mundo, os outros serviços (Internet) já respondem por 70% do faturamento.” A Internet provocou redução no volume de correspondências manuseadas pelos Correios mundiais. Acompanhando a evolução das comunicações as administrações postais dos Estados Unidos, Canadá, Japão, China, Alemanha, França e Itália investiram em pesquisas e desenvolveram plataformas e soluções de TIC. Esses produtos estão disponíveis no mercado, deles fazendo uso às organizações postais que não priorizaram nem conseguiram desenvolver suas próprias pesquisas. A administração dos Correios não priorizou a TIC como fator modernizante; não investiu em pesquisas e desenvolvimento de soluções próprias; tampouco buscou comprar as ferramentas em oferta no mercado. Razões pelas quais optou entregar os serviços a dois grupos privados, agraciando o nacional Valid, para a “Certificação Digital”, e o europeu Poste Italiane na de “Serviços de Telefonia Móvel Virtual” (MVNO, sigla em inglês.) “O valor do investimento a ser feito pelos Correios na nova empresa com a Valid não foi divulgado”. Repetindo o acontecido com as aéreas, as certificadoras não foram consultadas. Existe mais de uma centena, listadas no ICP-Brasil, a autoridade reguladora do setor. Dessas se destacam seis de maior porte que a Valid: Serasa Experian, Certisign, Certificado Boa Vista, GeoCert, Prodemge e Fecomercio MG. Ao “Valor Econômico” o presidente da Valid, José Roberto Mauro, disse que “a evolução tecnológica vai permitir que cada vez mais documentos físicos cedam lugar a documentos eletrônicos com garantias de recebimento. Segundo ele, um grupo de atividades que faz parte do portfólio da Valid deverá ser incluído na parceria com os Correios. Esse leque de serviços inclui a atividade multicanal, serviços de emissão eletrônica de documentos e processos como extratos, faturas e contas.” Aduziu: “Outro serviço que deverá fazer parte do acordo é o processamento e emissão de documentos, além de serviços originados a partir da tecnologia de certificação digital. A certificação digital tem como uma de suas principais características dar (cic) validade jurídica a documentos eletrônicos. Como instituição certificadora digital, os Correios poderão, por exemplo, atender demanda do INSS.” A Valid está listada (BM&FBOVESPA), especializada em sistemas de meios de pagamento, telecomunicações, sistemas de identificação e certificação digital. Certificadora: Também as empresas certificadoras brasileiras foram surpreendidas com a divulgação no jornal “Valor Econômico” (03/12/2013) que “A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e a Valid estão fechando parceria para atuar na área de serviços postais eletrônicos. O acordo vai unir a rede de agências dos Correios em todo o país com a tecnologia da Valid em áreas como emissão eletrônica de documentos e certificação digital. A parceria vai agregar valor aos serviços prestados pelos Correios, que poderá reduzir custos e oferecer preços mais competitivos a clientes como bancos e concessionários de serviços públicos”. Através da reportagem o mercado foi informado que o presidente dos Correios considerava ser “um acordo importante para nosso futuro”; e que a Valid divulgara “fato relevante informando que se encontra em tratativas preliminares com os Correios sobre eventuais oportunidades para fortalecimento e expansão de seus negócios.” Sobre o processo de escolha, as concorrentes da Valid e o público tomaram conhecimento de que a “empresa assinou um memorando de entendimento com os Correios depois de ser escolhida em processo conduzido pelo Banco do Brasil Investimentos, contratado pela ECT para fazer essa seleção. O objetivo foi encontrar um parceiro para atuar com os Correios em novos nichos de mercado”; expõe a “expectativa é de que os contratos definitivos entre os Correios e a Valid sejam assinados em abril do ano que vem. Os entendimentos preveem que será criada uma empresa na qual a Valid será controladora, possivelmente com 51% das ações, e os Correios terão os restantes 49%.” Operadora de celular (MVNO) Outra vez o mercado da web foi surpreendido com a divulgação no Portal G1, em nove de maio deste ano, que “em breve o Brasil pode ganhar uma nova operadora de telefonia celular, mas estatal. Isso por que os Correios conseguiram a liberação do Ministério das Comunicações para passar a operar serviços de telefonia móvel virtual (MVNO), conforme portaria publicada no Diário Oficial da União.” Quem explica é Antônio Luiz Fuschino, vice-presidente de Tecnologia e Infraestrutura dos Correios: “Com o MVNO, a empresa não teria sua própria infraestrutura. Os serviços usariam a tecnologia oferecida por outras empresas. Os Correios, desta forma, poderão usar sua marca para oferta de serviços.” “Com o aval do Ministério das Comunicações, a estatal “foi autorizada para buscar uma empresa parceira disposta a alugar sua estrutura”. “Fuschino diz que espera faturamento de R$ 1,5 bilhão a partir do quinto ano de operação. A empresa aposta na distribuição de suas 12 mil agências como forma de levar o negócio para todos os cantos do país.” Anuncia que o “início das operações do serviço de telefonia dos Correios deve ser até o fim do ano. A previsão inicial de investimento de R$ 150 milhões em cinco anos.” “A Anatel autorizou os Correios a operar a empresa de MVNO.” 47 GESTÃO N VAGNER TENTA MODERNIZAR o segundo ano do segundo mandato de Lula, Dilma tomou a si a tarefa de modernizar os Correios. Teve Erenice Guerra como gestora do projeto. Nos anos 2009 e 2010 a então secretária executiva da Casa Civil atuou como interventora de fato na empresa postal. Expostos os “malfeitos” dela e do filho na postal, escândalo conhecido como “Erenicegate”, que a expulsou da chefia da Casa Civil. Em 2008, para planejar a modernização dos Correios foi convocado o engenheiro Marco Antônio Oliveira, que foi transferido da Infraero para a diretoria de Operações Postais. Oliveira, quando diretor da Infraero, coordenou os estudos que fundamentaram o atual modelo de privatização dos aeroportos. Os estudos determinaram à EBCT estruturar a empresa de logística, operando frotas aérea, rodoviária e de navegação próprias, e o trem bala; a empresa postal de telefonia celu- lar (MVNO); a empresa de certificadora digital; e comprar os Correios de Portugal. Diretivas que levaram ao fatiamento das rentáveis operações dos serviços não monopolizados que estão sendo entregues às empresas controladas por investidores privados. Sob operação direta dos Correios ficam os serviços monopolizados, e que dão prejuízos. Oficialmente o projeto de modernização dos Correios foi elaborado pelo GTI – Grupo de Trabalho Interministerial – criado por Lula em 2009 e formado por representantes do Ministério das Comunicações, Ministério do Planejamento, Casa Civil e o Presidente dos Correios. Todavia o GTI apenas formalizou como seu o projeto proposto por Dilma, explicitado em projetos de três artigos, e que por ela, Dilma, já presidente em 2011, inseridos na Medida Provisória 532. 48 GESTÃO CORREIOS FATIADOS N a Medida Provisória 532, tornada Lei 12.490/2011, Dilma inseriu três artigos alterando a Lei que organiza a governança dos serviços dos Correios. A MP 532 versava sobre a “política e a fiscalização das atividades relativas ao abastecimento nacional de combustíveis”; e à “redução de emissão de poluentes por veículos automotores”. Nada tendo a ver com serviços postais. Aprovados os três artigos, aos Correios foi estendido à aplicação subsidiária da lei que trata das sociedades anônimas, porem mantendo o status e as prerrogativas de empresa pública. Portanto nem ente estatal, nem de economia mista, e ao mesmo tempo as duas. Pode atuar no exterior, constituir subsidiárias e adquirir participação acionária de outras empresas. Essa a razão do senador Álvaro Dias ter apresentado Emenda suprimindo os dispositivos referentes à ECT, derrotada pelas bancadas do Governo na Câmara e no Senado. Outros dois parlamentares da oposição, Antônio Carlos Magalhães Neto e Rubem Bueno, também apresentaram Emendas supressivas chamando a atenção para a “impropriedade dos dispositivos, por contrariarem o Art. 37, incisos XIX e XX da Constituição, que exige autorização legislativa a, específica, “caso a caso”, para o Governo criar empresas, incluindo a de subsidiárias das já existentes, e a permissão para participações em empresas privadas.” As Emendas foram derrotadas, a MP aprovada sob protestos de deputados e senadores da Oposição e de poucos membros das bancadas do Governo. Merecem destaques: - o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP reclamou: “O fato de Medida Provisória transformar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, um patrimônio do povo brasileiro, em uma empresa de capital aberto é flagrante e claramente a abertura do caminho para privatizar essa importante empresa nacional”; - o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) acusou o “PT de lotear politicamente cargos da ECT, o que prejudicaria a eficiência da empresa”. Acusou “o partido da presidente Dilma Rousseff de mentir para o povo brasileiro durante a última campanha eleitoral para a Presidência da República, ao afirmar que o PSDB era a favor da privatização da Petrobras e dos Correios.” Mesmo considerando ser inconstitucional a Lei 12.490, os partidos da Oposição não a contestaram no Supremo Tribunal Federal. No texto da sua emenda o deputado Rubem Bueno afirma “não ser possível outorgar, de acordo com a Constituição Federal, uma autorização genérica à EBCT a adquirir participações societárias, além de constituir subsidiárias para a execução de atividades compreendidas em seu objeto social” Promulgada por Dilma, a Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 8.016 de 17 de maio de 1013, dando plenos poderes aos dirigentes dos Correios e ao Ministro das Comunicações para “constituir subsidiárias”; “adquirir o controle ou participação acionária em sociedades empresárias já estabelecidas” destinadas a atuar na exploração “dos seguintes serviços postais:” a) logística integrada; b) financeiros; e c) eletrônicos” – Artigos 1º e 2º do Decreto Lei 509/69. O parágrafo 6º do Artigo 1, diz que “A constituição de subsidiárias e a aquisição do controle ou participação acionária em sociedades empresárias já estabelecidas deverão ser comunicadas à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contado da data da concretização do ato correspondente.” Inverte-se, pois, a posição do Congresso Nacional, que de “autorizante” para ser apenas “comunicado”. O Parágrafo Único do Artigo 2º escancara: “A ECT poderá, obedecida a regulamentação do Ministério das Comunicações, firmar parcerias comerciais que agreguem valor a sua marca e proporcionem maior eficiência de sua infraestrutura, especialmente de sua rede de atendimento”. Observe-se, o Governo regulamentou por decreto as atribuições e competências dos seus Ministérios. O Decreto 8.016 ampliou os poderes do ministro das Comunicações, permitindo-lhe e a diretoria dos Correios desconhecerem a Lei 8.666 que rege as licitações e contratações de serviços. O Artigo 3º determinou que “A ECT tem a seguinte estrutura: I - Assembleia Geral; II - Conselho de Administração; III - Diretoria Executiva; e IV - Conselho Fiscal.” (sic), anulando a redação anterior que determinava ser a ECT “administrada por Presidente, demissível “ad nutum”, indicado pelo Ministro de Estado das Comunicações e nomeado pelo presidente da República”. Essa redação muda o modelo de gestão da empresa e a torna análoga a Empresa Sociedade Anônima, estruturada e agindo como se o fosse. Entendem juristas administrativistas que são duas as burlas apostas na Lei 12.490: a primeira, à Constituição Federal que determina que a criação de empresas e participações acionárias de órgãos da União Federal seja aprovada pelo Congresso Nacional; a segunda, às Leis que regem as escolhas dos prestadores de serviços terceirizados e regulamentam as seleções dos parceiros dos entes da União Federal. Com o respaldo da Lei, livre para agir, sem precisar autorização do Congresso e sem o risco da interferência do TCU, os dirigentes dos Correios selecionaram as empresas operadoras dos serviços não monopolizados. Apesar dessa liberdade ainda, não conseguiram o cronograma que previa concluir as negociações em 2013 e iniciar as operações em 2014. No Ministério das Comunicações e nos Correios tem-se o trabalho como bem sucedido. Apenas uma das operações não vingou, a da compra dos Correios de Portugal, matriz do Correio Mor, o serviço postal brasileiro fundado em 1657.pahs 49 ÚLTIMO S NAR>>>>> Álvaro Campos REDE FUNDAO Senador Fernando Bezerra Coelho teria sido o principal articulador da retirada das assinaturas dos cinco senadores do PSB do requerimento que convoca a CPI dos Fundos de Pensão. A nenhum parlamentar – seja de que partido for – interessa tal mergulho no desconhecido. Segredo é para o fundo das redes. MORDOMIA TESTADA Não há registro de um só ministro do governo Dilma que tenha reclamando da perda da mordomia do jatinho da FAB, tanto na ida como na volta às suas cidades. O teste maior, porém, foi no feriadão de 21 de abril. Todos escaparam incólumes, como bons e obedientes ministros e ministras. SEM SINAL Não há o menor sinal de que o grupo encarregado pela presidente Dilma de lhe dar um parecer sobre a redução do número de ministérios. O grupo é da Casa Civil, o que, tudo indica, não tem o menor intere sse em terminar o seu trabalho. BIG APPLE O governo Dilma não precisa ter tanta vergonha de possuir 38 ministérios, já que um – a SRI, Secretaria de Relações Institucionais - foi extinta recentemente - pois em Nova Iorque a prefeitura local dispõe de 35 secretarias e ninguém fala em racionalizar a gestão, nem as ruas pedem a redução. AÉCIO TRANSEÚNTE O senador Aécio Neves foi aconselhado por aliados a não vir morar em Brasília, como anunciou, por uma simples razão: acrescentará mais um “locus” às suas origens que já estão bastante difusas.Com a decisão de virar candango não será mais mineiro, nem carioca, nem paulista. Será um candidato em trânsito 50 A NU Incrível, fantástico, extraordinário: a presidente Dilma deu um nó no senador Renan Calheiros, ao deixá-lo a nu, sem argumentos, para lutar pela permanência de seu indicado, Vinicius Lage, ex-ministro do Turismo. Renan não pôde insistir, para não passar imagem de fisiológico. MASSA FALIDA Um jurista de plantão em Brasília observou que a vice-presidência da República não pode apensar a seu organograma as subsecretarias da extinta Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Vice não é uma função executiva, mas meramente protocolar. Para eventualmente ocasionalmente a presidente da República. Não deve “inchar” sua estrutura, muito menos como herança de massa falida. JAQUES XERIFE Jaques Wagner assumiu o espaço vazio de defesa o PT e de João Vaccari Neto após o arrasto do tesoureiro do PT para a prisão. Todos os grandes líderes do partido - incluindo Lula - fugiram de declarações, mas Wagner, impávido, colocou os pingos nos is, conceituando que mesmo a prisão não é prova de culpa. Falou como ministro da defesa do PT. ONDA PASSA A onda normalizou-se no Senado. Senadores que passaram as últimas semanas afastados e até reclusos com as denúncias de que estavam citados nas delações premiadas do Lava Jato, reapareceram e voltaram a pisar firme os tapetes. É mais ou menos o seguinte o bordão entre eles: não há prova de nada, some nte alegações. À ANTIGA Morno, absolutamente morno, foi o depoimento do presidente do BNDES, Luciano Coutinho na audiência pública do Senado (Comissão de Economia e Finanças) Tão morno que ele se deu ao luxo de nominar o banco como “BNDE”, assim mesmo, à antiga, e ninguém no plenário observar. 51 INTERNACIONAL WASHINGTON, 30 DE JULHO: RECOMEÇA AGENDA AOS PÉS DE LINCOLN Os estadistas conversam sobre os interesses permanentes de seus países apesar das idiossincrasias que os afastam, no nível pessoal. O caso de Barack Obama e Dilma Rousseff exemplifica essa invariável. Eles estarão nesse fim de semana no Panamá para a Cúpula das Américas e se entenderão numa conversa exploratória após dois anos de afastamento. Estados Unidos e Brasil seguiram seus cursos em dois anos apesar desse rompimento por causa das denúncias e espionagem da NSA da presidente brasileira. Fato diplomático grave? Claro que foi, a ponto de ter justificado o adiamento da visita oficial de Dilma aos Estados Unidos. Ocorre que o tempo da sanção passou, Dilma já foi à ONU, discursou contra a espionagem americana – em que teve a solidariedade da chanceler alemã Ângela Merkel, igualmente bisbilhotada. O impasse não poderá permanecer tanto tempo à luz dos interesses brasileiros. Dilma não conseguiu diferenciar agravo pessoal com incidente diplomático. O diplomático é um voo de borboleta. O agravo é a queda de uma folha. Quem perde é o Brasil, que deixa de ter canais abertos e azeitados para sua inserção nas correntes de comércio das quais os Estados Unidos são a locomotiva. Quem perde são os Estados Unidos, que interrompem conversações diretas presidente-a-presidente com um poderoso aliado no Sul do Hemisfério. O que acontece agora é a expressão dessa parceria: o Brasil surge como fator medianeiro para uma reaproximação geopolítica entre Washington e Caracas. Possível? Sim. Em política, tudo é possível. Cuba fará parte dessa Cúpula pela primeira vez após Obama ter anunciado a reaproximação gradual com Havana. Enquanto isso, Dilma e Obama estavam se arranhavam. Ambos perdendo. Merkel há muito, pós-denúncias de sua espionagem, negocia com os Estados Unidos os interesses permanentes da Alemanha. Não se dever aferrar a agravos pessoais. Esses pequenos dardos Merkel levará para casa quando se aposentar, para constar em sua biografia. No Panamá abriu-se a porta deum novo entendimento sobre o novo tempo das relações bilaterais. O mundo andou muito desde que Dilma se sentiu invadida em sua privacidade. Os Estados Unidos firmaram um acordo de livre comércio com a Comunidade Europeia que praticamente nos alija das ondas de exportação do mundo. Estávamos fora desse mundo real. E Dilma chateada com a espionagem de seu celular. 52 INTERNACIONAL PARA MERCADO, BRASIL NÃO É PATO MANCO P assadas as emoções do fim de semana – não é todo fim de semana que se tem Obama e manifestações de rua juntos – a presidente Dilma deverá submergir por um bom tempo da escala política e mergulhar na gestão e agora também nas relações internacionais. Em outras palavras, respeitará o compromisso com o vice-presidente Michel Temer de que ele é a última palavra em matéria de articulação com o Congresso e os partidos. Hoje não houve a clássica reunião de coordenação política da presidente com os líderes no Congresso, mas uma demorada conferência entre Dilma e Temer. Os dois estão se acertando cada vez mais. Leia-se: com ampliação da presença do PMDB no governo. Sem a articulação como responsabilidade direta, Dilma poderá dedicar-se à agenda administrativa, que estacionou com a paralisia geral do país. A aragem do encontro com Obama e agendamento da reunião de trabalho em 30 de julho em Washington será favorável no circuito dos investidores internacionais. Não chega a ser um aval ao Brasil, mas é um incentivo. Sob o olhar dos investidores, Obama não convidaria a Washington um “lame duck”, o legendário pato manco com que se chama em Washington os atingidos pelas barragens políticas. Dilma chegará a Washington no momento em que os Estados Unidos comemoram mais uma saída do buraco, como Ronald Reagan e Bill Clinton fizeram antes. O que parecia uma recessão por uma década inteira- a crise de 2008 se prolongaria até 20128 pelo menos - foi apenas uma interrupção passageira nas curvas. Respira-se reativação econômica e empregabilidade por todos os lados. Dilma poderá extrair ensinamentos com Obama. Aliás, Karl Mark, enquanto escrevia artigos para o New York Times, embasbacado com a pujança dos Estados Unidos, sonhava em ter naquela terra o marco de sua pregação socialista para servir de farol para o mundo, via luta de classes e a revolução do proletariado. Não era na Inglaterra – como muitos suspeitavam – que o pai do marxismo desejava implantar sua teoria. Um país que nem sequer ainda havia conquistado a sua última fronteira – a Califórnia. (Nas suas cartas a Frederik Engels, Marx referia-se à distante, desconhecida e inóspita Califórnia como “aquela terra onde existem somente serpentes e pedregulhos”. Hoje, se fosse país independente a Califórnia seria o sexto do mundo em PIB e o primeiro em balanço tecnológico.) Chegamos a 2015. O único seguidor de Karl Marx a atuar no Congresso americano é o senador Bernie Sanders, socialista de carteirinha. Não deseja permanecer apenas na utopia de um marxismo distante. Quer passar à ação. Desafiará Hillary Clinton nas primárias do Partido Democrata para a candidatura à Casa Branca. Possibilitará pelo menos um benefício: pelas doações à sua pré-campanha se saberá quem é marxista enrustido no grande empresariado ianque, como diria Karl Marx. 53 OPINIÃO UMA BELA RECEITA PARA NOSSO FUTURO A palavra sustentabilidade tem sido usada ultimamente com muita frequência, sendo definida como ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. E quem sabe, seguindo esse principio, possamos garantir a humanidade um desenvolvimento sustentável. Lendo a respeito disso, para saber exatamente de que maneira cada um de nós poderíamos contribuir para o futuro de nossas próximas gerações, chamou-me a atenção algumas ações relacionadas à sustentabilidade que de forma simples e eficaz, semelhantes às receitas caseiras, podem contribuir bastante para o equilíbrio da vida na Terra. Essas ações poderiam garantir a médio e longo prazo um planeta em boas condições para o desenvolvimento das diversas formas de vida, inclusive a humana. Garantem os recursos naturais necessários para as próximas gerações, possibilitando a manutenção dos recursos naturais (florestas, matas, rios, lagos, oceanos) e garantindo uma boa qualidade de vida para as futuras gerações. O benefício da exploração dos recursos vegetais de florestas e matas de forma controlada será o replantio sempre que necessário e a preservação total de áreas verdes não destinadas à exploração econômica. 54 OPINIÃO Ellen Barbosa é diretora da POLIS.COM e da CARTA POLIS Incluo ainda as ações que visem o incentivo à produção e consumo de alimentos orgânicos, pois estes não agridem a natureza. além de serem benéficos à saúde dos seres humanos. 3 Cito ainda três esforços indispensáveis: Tudo isso ainda parece muito distante, entretanto, com os diversos temas relacionados em ampla pauta de discussão, podemos contribuir através da informação, de incentivos a debates e seminários, até que de fato se chegue a uma conscientização global. Ou seja, alcançarmos a verdadeira compreensão da necessidade que o mundo tem para se sustentar. Gostaria de ver uma maior, mais intensiva e mais clara divulgação dessa agenda. Que os nossos cientistas e estudiosos encontrem terras férteis para lançar essa semente. Os frutos surgirão imediatamente. 1 2 Exploração dos recursos minerais (petróleo, carvão, minérios) de forma controlada, racionalizada e com planejamento. Uso de fontes de energia limpas e renováveis (eólica, geotérmica e hidráulica) para diminuir o consumo de combustíveis fósseis. Esta ação, além de preservar as reservas de recursos minerais, visa diminuir a poluição do ar. 55 Atitudes voltadas para o consumo controlado de água, evitando ao máximo o desperdício. Política. O que a mídia não cobre, a gente descobre. Carta Polis. Mais de 28 anos nos bastidores da política e do que move o país. Notícias, opiniões, temas polêmicos, antecipação de tendências. Acompanhe os principais fatos da política e negócios com um olhar crítico e atual. cartapolis.com.br SCN Quadra 1 Bloco E Sala 512 Edifício Central Park – Brasília DF (61) 3201-1224 [email protected]