número 10 junho / julho 2013
PEIXES DO MEARIM
ÉDEN DO CARMO SOARES
ÍNDICE
número 10 junho / julho 2013
Apresentação
Peixes, Paixão de Deus e de Éden
José Sarney
Ao Leitor
Éden do Carmo Soares
Prefácio
Horácio Higuchi
Nomenclatura externa de um
peixe ósseo
Éden do Carmo Soares
O Rio: seu curso, seu ambiente
Éden do Carmo Soares
Os peixes
Éden do Carmo Soares
Sobre a nomenclatura científica e
classificação adotadas
Éden do Carmo Soares e Horácio Higuchi
Classes Chondrichthyes
Horácio Higuchi
Classes Osteichthyes
Horácio Higuchi
O Mearim em números
Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos
Os peixes do mearim e seus
nomes populares Éden do Carmo Soares
Glossário de termos científicos
e locais
Sobre o autor
José Fernandes
Expediente
Espécies da flora do Mearim
APRESENTAÇÃO
A décima edição da revista Plural é dedicada à reprodução do livro Peixes do Mearim, de autoria de Éden do
Carmo Soares.
Sexto título da Coleção Geia de Temas Maranhenses,
publicado em 2005, este livro é o resultado de mais de
dez anos de pesquisas realizadas no rio Mearim, entre as
cidades de Arari e Bacabal, situadas a 80 e 308km, respectivamente, de sua foz.
O tema principal de sua obra são as diferentes espécies de peixes que habitam o rio no trecho citado, como
se adaptam, o que comem, como se reproduzem.
Aqui estão, também, nas palavras do Autor, “rápidas
considerações sobre os ambientes que definem, conservam, e asseguram as características da ictiofauna do
Mearim: mata ciliar, campos inundáveis, lagos e igarapés, como partes relevantes de seu sistema fluvial”.
Ambientalista, apaixonado pela sua terra (Arari) e pelo
rio que atravessa o seu perímetro urbano, este trabalho
é o testemunho de um autodidata que tem muito a nos
ensinar.
Jorge Murad
Presidente do Conselho Deliberativo
Instituto Geia
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Lago do Arari-açu
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Peixes, Paixão de Deus e de Éden
José Sarney
Gonçalves Dias, quando doente, pensando voltar ao Maranhão, não fez somente a Canção do Exílio, um poema extraordinário, e sem adjetivos. Em sua simplicidade, o sentimento
da solidão e o desejo de voltar à sua terra.
Em carta, também fala em “rever o Mearim”. Veja-se que
ele, um homem do Itapecuru, nascido na região de Caxias, ao
sonhar com a volta ao Maranhão, estava com as belezas do
Mearim na cabeça.
Na verdade, não há no Maranhão rio mais belo que o Mearim.
Até hoje a natureza está intocada. O rio desliza majestoso,
sob a sombra das árvores que se debruçam sobre as águas.
Depois da foz do Grajaú, torna-se orgulhoso e forte, senhor do
seu caminhar. As curvas longas e os terrenos baixos guardam
as suas enchentes, sem destruir suas margens. E nisso, os
campos que se alongam na margem esquerda protegem o rio.
O Lago Açu, sangrando nos invernos, corre suas águas sob
grandes florestas, em agressivos rodopios. Desaguando no
Mearim, a tranquilidade do rio absorve o vigor das correntezas.
Certamente, com o Grajaú, o Mearim torna-se mais piscoso.
Espécies ali não perseguidas descem e se juntam às outras.
É o reino do surubim grande, da curimatá que vem dos lagos,
do pacu, da piranha e tantas outras que povoam essas águas.
Deus fez os peixes no quinto dia: “Que as águas fiquem
cheias de peixes, e Deus abençoou essas criaturas”.
Éden do Carmo Soares tomou a paixão pelos peixes e seus
mistérios, e deles se encantou.
A imaginação do homem criou maravilhas sobre peixes e
“monstros marinhos”, também expressão do Gênesis. Vários
santos, decepcionados com os homens, resolveram falar aos
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peixes. Vieira, seguindo o exemplo do Pregador de Pádua ou
Lisboa, falou aos peixes, três dias antes de deixar o Maranhão.
E para cada um teve elogios e defeitos. É que todos eles eram
estigmas, que usava para associar aos homens da terra.
Louis Agassiz, para todos que gostam de estudar peixes, é
uma referência insubstituível. Desde menino tinha aquários
em casa, para observá-los. E o fez de todas as maneiras, vivos,
mortos e fossilizados. Seu livro de viagem sobra o Amazonas
é um deslumbramento. Como ele se empolga com as espécies
descobertas, com os caboclos que o ajudam na apanha de material, sua mulher como cronista de tudo. Não estou com o livro
à mão, mas recordo como me ficou na memória aquele desenho
da índia cabocla de cabelos vastos que tanto os cantou.
Éden do Carmo Soares repete essa aventura no Mearim. Dedica sua vida a essa tarefa, produzindo um livro importante, que
sem dúvida servirá para um estudo comparativo sobre essas
espécies – onde se disseminam, onde habitam, como se adaptam às diversas condições ambientais, à composição e temperatura da água, além do tipo de alimentação.
É um trabalho de grande valor. Hoje raramente se escrevem
livros como este, principalmente fora das estritas necessidades
científicas. Éden vai bem fundo, identifica os nomes populares,
e oferece subsídio para que o estudioso possa enveredar por
outros caminhos.
Certa vez, como Presidente da República, encontrei o príncipe herdeiro do Império do Japão, em jantar oficial. Vendo que a
conversa sobre política não prosperava, perguntei-lhe por seu
maior interesse. Ele respondeu-me: “minha paixão são os bagres. Eu os estudo a vida inteira, e meu maior desejo é estudar
os amazônicos”.
Vemos que a paixão é de Deus, que os criou; de príncipes, que
os sonham; e de Éden do Carmo Soares, que os ama, e dedica
sua vida inteira a estudar o seu fascínio e os seus mistérios.
José Sarney
Poeta, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
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Ao leitor
Éden do Carmo Soares
Por sua extensão e pela paisagem que atravessa, o Mearim é considerado, junto com o Itapecuru, um dos dois rios
de maior importância do Estado do Maranhão, na Pré-Amazônia brasileira.
Mencionado já desde os inícios do século XVII, quando
franceses e holandeses travaram combate contra os portugueses, que, afinal, asseguraram para si o domínio da
terra, o Mearim foi um dos principais caminhos de penetração que facilitaram aos colonizadores alcançarem os recuados rincões do território desconhecido. E já desde a literatura mais remota, aventureiros e missionários que o
percorreram encantaram-se com a exuberância da natureza que envolvia o grande rio, suas águas puras escorrendo
em curvas lentas e inumeráveis, a densa mata ciliar que o
protegia, e a variedade de sua fauna de peixes.
Desse último aspecto, ocupa-se este pequeno ensaio. É
verdade que, devido à ação destruidora do homem, o Mearim não guarda mais toda a riqueza de tempos remotos.
Mas o velho rio ainda nos surpreende com a diversidade
das espécies de sua ictiofauna, conforme concordarão – não
temos dúvida – o leitor comum e até o especialista da matéria, ao desdobrarmos ante seus olhos a beleza e variedade
de peixes que este livro cataloga.
Nossa pesquisa durou mais de dez anos e se concentrou
sobre o trecho que se estende entre as cidades de Bacabal
e Arari, respectivamente situadas a 308 e 80 km de sua
foz. Particularidades favoráveis do meio levaram-nos a essa
escolha, que não fica devendo nada, como levantamento,
em sentido estrito, a todo o conjunto potamoictiográfico do
Mearim.
Também se incluem neste estudo rápidas considerações
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sobre os ambientes que definem, conservam e asseguram
as características da ictiofauna do Mearim: mata ciliar,
campos inundáveis, lagos e igarapés, como partes relevantes de seu sistema fluvial. Será uma descrição, que se pretende uma advertência. Pois, se não desconhecemos que
esta publicação preenche certa lacuna no domínio da ciência especializada – esforço pioneiro que há de deixar seu
autor feliz e preocupado, ao mesmo tempo –, nosso objetivo
será melhor alcançado se puder contribuir para despertar,
em meio à comunidade ribeirinha e às autoridades responsáveis pelo meio ambiente brasileiro e maranhense, comportamentos e decisões que levem ao uso disciplinado e à
preservação de nosso patrimônio natural. Assim, a geração
vivente que dele usufrui em sentido próximo e imediato, se
sentirá no dever inalienável de repassá-lo sadio e conservado às gerações porvindouras do Planeta.
Éden do Carmo Soares
Cirurgião-dentista, oficial de reserva do quadro de saúde do Exército Brasileiro e membro
fundador da Academia Arariense-Vitoriense de Letras.
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Pescador do Lago Manoel João
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PREFÁCIO
Horácio Higuchi
Bem que fazia falta um livro assim.
Quanta gente não procurava por livro bem ilustrado
que falasse do Estado do Maranhão e de seus peixes? Um
livro que, embora restrito à bacia do Mearim, mostrasse as
diferentes espécies de peixes que lá ocorrem, que revelasse
o conhecimento até então de província exclusiva dos pescadores?
E não foi um ictiólogo profissional ligado a um instituto
de pesquisa que o fez. A tarefa coube ao Dr. Éden – doutor não por láurea de academia, mas autorizado pela sua
profissão de cirurgião-dentista e perfeitamente legitimado
pelo profundo conhecimento adquirido ao longo de vários
anos de experiência e íntimo contato com a natureza e o
ambiente, com os pescadores e sua lida, os peixes e suas
peculiaridades. Ele reuniu observações e depoimentos para
seu texto, que ilustrou com fotos claras de sua própria autoria, e fez um belo guia dos peixes do Mearim não para
especialistas (embora estes possam aprender alguma coisa
nova com ele!) mas para qualquer pessoa interessada ou
curiosa. Com estas fotos e informações, fica fácil conhecer
e ter apreço pela ictiodiversidade da região.
Há muitas maneiras de se referir às espécies de uma
fauna local. Os cientistas normalmente preferem fazê-lo
através dos nomes latinos, de uso universal entre os especialistas, mas um tanto complicados para o público leigo.
Há quem proponha a adoção oficial de certos nomes vernaculares de uso geral, quase sempre centrada em termos
tradicionalmente utilizados no sul do país – por exemplo,
“robalo” em vez de “camurim”, ou “cascudo” no lugar de
“acari”. O Dr. Éden escolhe ao invés chamar os peixes pelos nomes populares – “vulgares” não, antes ao contrário!
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– locais, aqueles adotados pelos ribeirinhos e moradores
da região. Nada mais justo e instrutivo. Nestes tempos
de globalização massacrante, em que culturas distantes
do eixo central são subjugadas a forças poderosas, é importantíssimo defender o conhecimento popular regional
e microrregional que espelha a sabedoria do povo e a riqueza do vocabulário nacional. Citando as espécies por
seus nomes locais, o Dr. Éden registra, difunde e perpetua o seu uso pela gente da região do Mearim, prestando
uma contribuição nada trivial para o patrimônio cultural
brasileiro.
Assim, é com grande felicidade e admiração que apresento a quem a tem nas mãos a obra do Dr. Éden do
Carmo Soares – cirurgião-dentista, oficial da Reserva do
Exército, ictiólogo de vocação e de mão cheia.
Horácio Higuchi
Doutor em Organismic And Evolutionary Biology pela Harvard University - Estados Unidos,
Zoólogo e Pesquisador adjunto do Museu Paraense Emílio Goeldi - Brasil.
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O RIO: SEU CURSO,
SEU AMBIENTE
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Importância dos rios
Alto, médio, baixo Mearim
A vida, em sua maior abrangência, o homem e suas atividades, encontram nos rios o mais
extraordinário dos lugares para
sobreviverem, crescerem, se desenvolverem. Água, alimento, vias
navegáveis e a fertilidade do solo
pelos sedimentos aluviais das
cheias, significaram atrativos fundamentais para o estabelecimento de grandes civilizações à margem de rios. Os egípcios, no Nilo,
são o exemplo mais lembrado. “O
Egito é um presente do Nilo” – deixou dito Heródoto. Incontáveis cidades contemporâneas também
nasceram à beira-rio: Londres,
no Tâmisa; Paris, no Sena; Nova
York, no Hudson; São Paulo, no
Tietê.
O rio Amazonas, o mais volumoso do planeta, se não também
o mais longo, ostenta uma profusão de cidades e povoações às
suas margens.
O Mearim, que ocupa lugar de
primazia entre os rios maranhenses, não escapa à posição que, de
modo geral, os rios têm assumido na caminhada da civilização
humana. Cidades como Barra
do Corda, Pedreiras, Tresidela do
Vale, São Luís Gonzaga, Bacabal,
Vitória e Arari, e numerosas outras povoações, cresceram ao longo de seu curso.
Genuinamente
maranhense,
como a bacia hidrográfica por
onde corre e leva seu nome, o rio
Mearim, com 930km, tem suas
nascentes nas encostas da Serra
Menina, em altitudes aproximadas de 450m. Sua foz está na baía
de São Marcos, ponta meridional
da Ilha dos Caranguejos.
Pelas propriedades físicas que
apresenta, o Mearim está seccionado em três trechos: o alto Mearim, desde suas cabeceiras à foz
do rio das Flores (margem direita); o médio Mearim, da foz do rio
das Flores ao Seco das Almas (Bacabal); e o baixo Mearim, daí até a
baía de São Marcos.
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O baixo Mearim
O baixo Mearim corre por 170km
de extensão e apresenta um desnível total de aproximadamente
12m.
O abrandamento da corrente
descendente causa a sedimentação de areia, argila e matéria orgânica indefinida, impelidas pelas
correntes mais vigorosas dos outros trechos do rio. Essa circunstância favorece a formação de terrenos aluviais, mal consolidados,
e meandros delineados pela corrente d’água.
Outro fato derivado do reduzido
desnível do rio é a intromissão
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das marés de sizígia até grandes
distâncias no interior do rio. Muitas vezes, essas marés chegam
ao Seco das Mulatas (km 256 do
médio curso), embora sem infletir
a corrente, apenas com insignificante elevação da coluna d’água.
Essa ocorrência só é notada no
período da estiagem, quando o rio
apresenta baixos níveis de descargas.
As c’roas de lama, bancos lodosos comuns a jusante de Arari, e
os secos ou lajens, freqüentes a
montante, constituem obstáculos
à navegação do rio.
Ocorrência fantástica no curso inferior do Mearim é a pororoca, fenômeno restrito a apenas
67 rios e estuários do mundo, e
confinado no Brasil ao litoral norte, do Maranhão ao Amapá.
As terras que margeiam nesse percurso o Mearim formam a
Baixada Maranhense, região que
sofre inundações às vezes catastróficas no período chuvoso, de
janeiro a junho. Então, transbordando de seu canal principal,
o rio alaga as áreas marginais e
outras interiores, onde se praticam a agricultura e a criação de
gado no período de estio. Grande
repercussão tiveram as cheias de
1924, 1964, 1974 e 1985, que desabrigaram pessoas, interditaram
estradas, dizimaram rebanhos e
inundaram plantações, causando
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enormes prejuízos à economia
regional.
Afluentes e lagos
À margem esquerda do baixo
Mearim deságuam seus dois maiores afluentes, o Grajaú e o Pindaré, ambos com descargas consideráveis, principalmente nas cheias,
mas de pouca influência no regime do rio principal. O impacto do
Pindaré é pequeno porque desemboca quase no fundo da baía de
São Marcos. O Grajaú tampouco
afeta significativamente o Mearim porque, antes de confluir com
este, entra numa área de lagos
e terras periodicamente inundadas, que funcionam como reservatórios naturais e retêm grande
parte das cheias, retardando sua
descarga.
Assim, o trecho de confluência
do Grajaú com o Mearim forma
grande abundância de ambientes
lacustres piscosos, plenos e intercomunicáveis no período das
precipitações pluviais. Entre esses, mencionam-se o Pirapemas,
o Araras, o Maguari, o Jardim, o
Verde, o Açu – o maior de todos –,
o Abordo, o Enseadinha, o Itã. Aí,
no abaixamento das águas, desenvolve-se intensa atividade pesqueira, consorciada por pescadores,
intermediários dos negócios da pesca, transportadores e mercadores.
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Igarapés
A mata ciliar
Igualmente comuns, no baixo Mearim, são pequenos cursos
d’água – os igarapés – que desembocam numa e noutra margem do
rio, tão minúsculos, às vezes, que
suas embocaduras podem ocultar-se na vegetação marginal. Os
igarapés servem de vias migratórias para grande número de espécies da ictiofauna mearinense
– expressivamente, a curimatá –
no período da piracema, quando
os peixes percorrem esses sangradouros naturais até os lagos e
campos baixos, onde encontram a
mais propícia das “maternidades”
para perpetuarem a espécie.
A mata ciliar acrescenta beleza
incomum à paisagem do Mearim.
Mas, além disso, a mata é muito importante porque protege as
margens dos cursos fluviais, evitando que as terras deslizem para
dentro dos rios, entupindo-os,
turvando suas águas, causando
alterações na taxa de oxigênio e
do plâncton, elementos essenciais
para a vida dos seres aquáticos.
Infelizmente, porém – e, nesse
ponto, muito vale convocar a atenção e o carinho das gerações mais
jovens –, a mata da região mearinense vem passando por um processo de acelerada devastação,
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para abrir espaço a campos de
pastagem e à plantação de arroz,
empreitadas nem sempre recomendáveis do ponto de vista ecológico.
Aliás, a destruição da mata nativa remonta às frentes históricas
de ocupação do Mearim, e chega
até ao advento da navegação a vapor, quando, por mais de meio século, grandes áreas florestais foram desmatadas, para alimentar
as caldeiras que impeliam aquelas embarcações históricas.
O aningal
Habitando, naturalmente, os
terrenos aluviais inconsistentes,
típicos de curso inferior e de estuá-
rio, a aninga (Montrichardia arborescens) organiza-se em fileiras às
bordas dos rios, igarapés, lagos e
assemelhados mearinenses.
A expansão profusa da aninga,
favorecida pela rápida multiplicação de seus rizomas, forma um
aspecto ecopaisagístico muito
peculiar – o aningal, que protege
os barrancos lamacentos, abriga aves piscívoras, répteis (jacaré, cangapara, cobras) e outras
classes de indivíduos, tais como
algumas espécies de peixes que
ali se refugiam quando os cursos
d’água ficam inundados.
Em tempos pouco distantes, o caule da aninga era muito
requisitado para a fabricação de
anigal
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balsas, utilizadas no transporte
de madeira destinada às marcenarias e carpintarias das comunidades ribeirinhas.
O mururu
Nenhuma planta aquática do
curso do Mearim é mais comum
e mais íntima à sua paisagem
ribeirinha do que o mururu (Eichhornia crassipes) – também conhecido como aguapé, orelha-deveado, baronesa, jacinto-da-água
–, espécie nativa da América do
Sul tida entre todos os vegetais
como a que mais rapidamente se
multiplica, o que se constata no
ambiente aquático mearinense
pela rapidez com que recobre extensas superfícies de água doce,
parada ou de pouco movimento.
Nas superfície rasa dos lagos e
lodaçais, o mururu toma a aparência de jardins flutuantes, dos
quais emergem as mais belas eflorescências violáceas. Levada pela
corrente, e até mesmo pelo vento,
parte desse domínio vegetal termina por comprimir-se nos igarapés
e nos rios, na forma de grandes
mururu
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tapetes verdejantes e herméticos,
sobre os quais até se pode caminhar – embora desaconselhável,
por causa dos insetos, cobras, jacarés, que se podem aí esconder.
Na visão de estudiosos, o mururu depura as águas, em razão de
reter em suas raízes microorganismos que causam doenças e substâncias nocivas à vida, lançadas
na água pelos esgotos e, muitas
vezes, pelos produtos químicos da
agricultura irrigada.
No entanto, multiplicando-se
profusamente – o que pode ocorrer de abril para junho – o mururu provoca a entupição das correntes d’água, reduzindo-lhes a
taxa de oxigênio, podendo causar
a morte por asfixia de indivíduos
que aí vivem associados, além de
inviabilizar a navegação, transtorno que deixa isoladas as comunidades ribeirinhas.
As povoações
Como dissemos, numerosas
povoações se têm desenvolvido
ao longo do curso do Mearim. Os
habitantes ribeirinhos praticam a
pesca, a cultura do arroz, da mandioca e do milho, aliada a pouco
significante atividade pastoril.
Atividade pastoril de alguma relevância se desenvolve nos campos naturais, ora nos mais baixos,
ora nos mais elevados. A permaÍndice
nência do rebanho numa ou noutra dessas áreas depende do regime das chuvas, normalmente
iniciadas de dezembro para janeiro. Dos campos baixos, quando
o pasto começa a submergir por
efeito da inundação, o rebanho é
transportado para os campos altos, e só retorna quando cessam
as chuvas, com os campos livres
e o pasto reverdejante.
A agricultura tem sido incrementada, sobretudo desde os
anos 1980, às margens dos rios
e bordas dos campos do Mearim.
Ali, principalmente com o cultivo de arroz, se tem introduzido a
técnica de irrigação, utilizando-se
agroquímicos que, se por um lado
podem melhorar a produtividade
agrícola, por outro põem em risco
a vida dos ambientes aquáticos –
e, em última instância, a do próprio homem.
Os agroquímicos podem ser
interpretados como um avanço
técnico na produção de alimentos,
mas, sempre que possível, o seu
uso deveria ser substituído por
práticas que não agridam o ambiente. A gravidade maior do problema talvez resida no manuseio
dessas substâncias por pessoas
inabilitadas, que ignoram normas
de proteção e indicação.
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A tapagem
No período do abaixamento das
águas, logo que nos troncos da
flora marginal se imprime a marca da vazante, observa-se a colocação de tapagens – cerca de talos
– em muitos dos igarapés piscosos do baixo Mearim, prática viciosa que bloqueia os cardumes
migratórios oriundos dos men-
cionados lagos e campos baixos.
Tais cercas são condenáveis,
porque seu uso não discrimina
entre exemplares adultos e imaturos, represando, do mesmo
modo, espécies minúsculas, mais
apropriadas ao alimento de peixes carnívoros, mas que, em vez
disso, sucumbem despescadas à
margem lamacenta dos igarapés.
tapagem
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igaraté: embarcação motorizada
O igarité
Um meio de transporte comum
na região é o igarité, embarcação
motorizada alongada, estreita e
de pequeno calado. Nem mesmo
quando estradas temporárias alcançam os povoados à beira do rio
e dos lagos, o igarité deixa de ser o
mais eficiente meio de transporte
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das comunidades ribeirinhas. É o
“pau-pra-toda-obra”, no dizer comum, transportando produtos da
mata e da lavoura, pescadores na
sua faina, ou passageiros e mercadorias do pequeno comércio da
região.
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O MEARIM EM NÚMEROS
Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos
Se tivermos algum dia de eleger tópicos de consenso sobre as características ambientais maranhenses, certamente
iniciaremos a lista com a afirmação de que nossa paisagem
é uma transição entre os ecossistemas de cerrado, floresta
amazônica e caatinga. Diremos também que nossos rios
são perenes e que o litoral, dominado por águas barrentas
e manguezais, pouco tem de semelhante ao litoral nordestino, de coqueiros, mar azul e jangadas.
Conhecidos de muitos também são os rios Itapecuru e
Mearim, cujos nomes estão intrinsecamente associados à
história maranhense, tanto por terem sido as principais
vias de acesso na colonização do interior, como pelo seu
papel, até meados do século XX, de principais artérias econômicas, por onde escoava grande parte da produção econômica maranhense.
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O rio Mearim também contribui para a pujança de uma
das grandes características amazônicas da zona costeira maranhense, que é a Baixada Maranhense, com seus campos
inundáveis análogos aos campos de várzea do rio Amazonas
e Marajó. Estes campos ocorrem também nos rios Pericumã
e Turiaçu, mas é no baixo curso do Mearim e Pindaré onde
está mais de 70% deste total.
Muitos não saberão, contudo, que essas feições amazônicas
do nosso litoral estão associadas à existência destes dois rios,
e que estes, totalmente maranhenses, estão possivelmente
entre os cinco maiores rios nordestinos. É importante ressaltar, contudo, que diferem destes últimos devido às grandes
variações de vazão entre estação seca e chuvosa. Enquanto
que o padrão nordestino é de uma variação de duas a três vezes, nos rios maranhenses a diferença de vazão pode chegar
a um fator de quase vinte vezes. Portanto, os rios Itapecuru
e Mearim estariam entre os rios nordestinos de maior vazão
apenas durante a estação chuvosa.
Também pouco conhecidas são as diferenças entre estes
dois rios que, no baixo curso, correm paralelos distantes apenas 100km, mas que apresentam diferentes ecossistemas
associados ao longo de seus cursos. É na foz do Mearim, por
exemplo, que encontramos a maior área contínua de mangues do Brasil, representada pela ilha dos Caranguejos, com
quase trinta mil hectares. É também na sua foz que temos a
única ocorrência de pororoca no litoral maranhense, e uma
das maiores amplitudes de maré do Brasil, com estimados
8,5m para a região de Cajapió, segundo dados do Zoneamento Costeiro Estadual (ZCE).
As grandes amplitudes de maré contribuem também para
um altíssimo potencial de renovação hídrica no baixo curso
e região estuarina do rio Mearim. Para melhor visualizar este
potencial, basta dizer que o volume de água renovado em
apenas uma maré de sizígia, no trecho entre a foz do Mearim
e a cidade de Arari, está na ordem de 45 milhões de metros
cúbicos, o que equivale a cerca de cinco meses de consumo
de água de toda a área metropolitana de São Luís.
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Menos conhecida ainda é a hidrodinâmica do baixo curso
do rio Mearim, que somente em 2003, a partir dos estudos
associados ao ZCE, começa a ser desvendada em toda a sua
complexidade e descrita por termos técnicos tais como várzea
de marés e zona fluvial com e sem refluxo. Dentro da zona
sob influência de marés, que se estende aproximadamente
por 250km até o limite fluvial, a montante, temos grande diversidade de padrões hidrodinâmicos, oriundos da transição
gradual que ocorre entre a variação de nível das águas governada pela atração gravitacional da lua e do sol, gerando duas
preamares e baixa-mares diárias, e o padrão fluvial típico,
com oscilações sazonais associadas à pluviosidade regional.
A propagação da onda de maré de jusante para montante, por exemplo, faz com que a preamar ocorra em diferentes horários. Em Arari, está defasada em quase quatro horas
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em relação ao porto do Itaqui, e em Vitória do Mearim esta
defasagem já está em cinco horas e meia. Em ambas as cidades, ainda se observa a inversão de fluxo do rio durante as
marés de enchente, só que as enchentes duram apenas três
horas, enquanto as vazantes se prolongam por quase nove
horas. (Em São Luís, por exemplo, as enchentes e vazantes
têm a mesma duração, que é de aproximadamente seis horas). Próximo do limite com a zona fluvial, as preamares e
baixa-mares continuam a ocorrer, mas não se observa mais
a inversão do sentido de fluxo do rio. Neste zona, a amplitude
de marés é bastante reduzida, para menos de 0,5m, se comparada com a região estuarina onde atinge de 5 a 8m.
Outro padrão hidrodinâmico de grande interesse ambiental é a gradual elevação da cota de preamar do estuário até a
zona da várzea de marés, para depois se reduzir até o limite
da zona fluvial.
No caso especifico do rio Mearim, por exemplo, a cota de
preamar na região de Cajapió é de 4,8m (cota IBGE), enquanto que em Arari já atinge 5,5m. Esta diversidade de padrões
hidrodinâmicos é provavelmente mais complexa, pois existem
relatos de ribeirinhos, ainda não confirmados e ausentes da
literatura técnica, descrevendo padrões bizarros de enchente
e vazante. Para a localidade de Sebastião Nina, por exemplo,
temos relatos de enchentes e vazantes com dois dias de duração.
A dinâmica dos padrões hidrodinâmicos deve também ser
considerada em uma escala temporal, como no caso da resposta do ecossistema da Baixada a uma possível elevação do
nível do mar na Baía de São Marcos. O zoneamento costeiro revelou que os campos lacustres (como são denominados
tecnicamente os lagos sazonais da Baixada) são protegidos
da ação salina das marés por uma faixa de campos mais
elevados (os campos pastejados), que estariam, segundo levantamentos feitos com sensores GPS topográficos, apenas
meio metro acima da linha de preamar máxima. Assim, uma
elevação de meio metro no nível do mar seria suficiente para
fazer desaparecer todos os lagos de água doce de Cajapió a
Cajari, transformando-os em manguezais. Para termos uma
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idéia desta fragilidade, todo o volume de água dos campos
lacustres entre Cajapió e Penalva, acumulado durante os
seis meses de estação chuvosa (em torno de 1,5 bilhão de
metros cúbicos), considerando uma profundidade média
de 1,5m, equivale ao volume renovado, no trecho equivalente da Baía de São Marcos e foz do Rio Mearim, em apenas uma maré de sizígia. Se considerarmos que temos em
média vinte preamares de sizígia em um mês, então o volume de água salobra e salgada que é impedida de atingir
os campos lacustres é 240 vezes maior do que o volume de
água doce acumulado nesses lagos.
O gradiente de ação direta de marés, no sentido de jusante para montante, se reproduz também em termos de qualidade de água. Assim, na região da várzea de marés, temos
juntamente com a inversão do sentido de fluxo, uma sutil
intrusão salina que, mesmo não sendo perceptível ao paladar humano, é suficiente para permitir uma vegetação de
árvores de mangue misturadas a palmeiras de água doce.
Em síntese, o desafio não é apenas diagnosticar fenômenos e padrões, mas tentar entender a dinâmica que se
contextualiza como tendência global, como o efeito estufa,
e regional, como as mudanças nos padrões de uso e ocupação do solo na Baixada Maranhense. Somente esse entendimento levará à elaboração de cenários e prognósticos
fundamentais para uma sólida política de desenvolvimento
sustentável.
Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos
Doutor em Ciências Ambientais pela University of Virginia, Estados Unidos, Engenheiro Ambiental e Professor adjunto da Universidade Federal do Maranhão.
Índice
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Índice
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Índice
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NOMENCLATURA EXTERNA
DE UM PEIXE ÓSSEO
Linha lateral
Acúleo dorsal
Nadadeira adiposa
Nadadeira caudal
Nadadeira dorsal
Opérculo
Barbilhões
Pedúculo caudal
Abertura branquial
Nadadeira peitoral
Nadadeira pélvica
Nadadeira anal
Acúleo peitoral
Índice
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OS PEIXES
Uma possível evolução dos
peixes
Historia-nos a Ciência que nos
mares antigos, há 500 milhões
de anos, viviam os predecessores
dos animais que chamamos peixes – os Ostracodermi. Eram criaturas lentas e na sua maioria de
pequenas dimensões. Algumas
formas apresentavam o corpo inteiramente revestido de placas ósseas que formavam uma carapaça. Nutriam-se dos corpúsculos
do lodo, sugando-os com a boca
circular e sem articulação.
As modificações corporais sucedidas no decurso de alguns milhões de anos culminaram com o
aparecimento de uma estrutura
notável, importantíssima na história dos vertebrados – a mandíbula. Visto que, munidos do novo
componente esquelético, podiam
morder e dilacerar as suas presas,
abandonaram a vida de sugadores para tornarem-se predadores
ativos.
Há 400 milhões de anos apareceram os precursores imediatos dos grandes grupos de peixes
atuais, que perfazem duas classes:
a dos Chondrichthyes (peixes cartilaginosos) e a dos Osteichthyes
Índice
(peixes ósseos). Dos Sarcopterygii,
uma subclasse dos Osteichthyes,
iriam se originar os vertebrados
terrestres – anfíbios, répteis, aves
e mamíferos, donde pode-se dizer
que o nosso ancestral vertebrado
era uma certa espécie de peixe.
Atualmente diversificados em
cerca de 30 mil espécies, os peixes constituem o grupo mais numeroso entre os vertebrados, enriquecido por uma multiplicidade
grandiosa de configurações – fusiformes, cilíndricas, triangulares,
ovais, globiformes, serpentiformes
–, de coloração uniforme ou senão ornada policromicamente por
barras, listras, manchas, pontos,
ocelos, criando efeitos decorativos
de beleza indescritível.
Avalia-se que 58% dessa grandeza específica ocorre no mar e
41% nas águas doces. Pouca expressiva é essa diferença quando
se atenta para a hegemonia das
águas salgadas sobre as doces,
mas justificada se considerados
os fenômenos geológicos que sacudiram o planeta ao longo da
sua existência, causando, entre
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outras conseqüências, a separação de regiões continentais que
isolaram certas espécies e motivou
o surgimento de outras oriundas
daquelas que, até então, viviam
num mesmo ambiente. O 1% restante pode viver igualmente num
e no outro ambiente.
Os peixes cartilaginosos são
representados por uma minoria
– tubarões, arraias e quimeras –
e ocorrem com mais freqüência
no ambiente marinho. Existem,
porém, espécies dulciaqüícolas
como as arraias da família Potamotrygonidae. Já os peixes ósseos
são preponderantemente mais
diversificados e ocorrem em todas
as águas do planeta.
As nadadeiras
Ao contrário da noção popular
segundo a qual os peixes se movimentam “batendo” as nadadeiras,
a locomoção se procede através de
ondulações laterais do corpo que
acompanham um forte impulso
promovido pela cauda. De fato,
esta última é a única nadadeira
que tem um papel ativo no deslocamento dos peixes, sendo que as
demais nadadeiras proporcionamlhes estabilidade e dirigibilidade.
Intimamente ligadas pela musculatura, as nadadeiras são classificadas em dois grupos: as pares e
as ímpares. As pares são as peiÍndice
torais, que têm posição constante
por se acharem articuladas com
a cintura escapular, e as ventrais
ou pélvicas que podem variar de
posição. Essas nadadeiras são simétricas de cada lado do corpo e
correspondem aos membros anteriores e posteriores dos outros
vertebrados (ou superiores e inferiores, no caso de alguns primatas como o homem). As ímpares
se situam sobre o plano médio
longitudinal do corpo, e são as
nadadeiras dorsal, a anal e a caudal. As nadadeiras dorsal e anal
são constituídas de espinhos inteiros e raios segmentados, e podem ser simples ou divididas em
dois ou mais grupos. A caudal
pode assumir várias formas – semilunar, bilobada, afilada, truncada, quadrada, arredondada e
outras, e geralmente tem função
propulsora. Alguns grupos mais
generalizados, como os caraciformes e bagres, apresentam uma
outra nadadeira entre a dorsal e a
caudal – a adiposa, normalmente
carnosa e sem raios ou espinhos.
Entretanto, outros não apresentam todas as nadadeiras, como é
o caso da maioria dos Gymnotiformes (tubis, sarapó e poraqué),
que só apresentam as peitorais e
uma anal longa.
Às vezes modificadas, as
nadadeiras também exercem
funções incomuns, como de
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permitir ao peixe-morcego andar
sobre o substrato e ao peixeborboleta fugir de seus predadores
através de vôos curtos por sobre a
superfície da água.
alheias. Várias espécies como arraias, bagres e outras apresentam
glândulas que secretam veneno,
comumente inoculados por esporões a elas associados.
A pele e as escamas
A linha lateral
A pele é geralmente revestida
de escamas que protegem o corpo
contra abrasões e parasitas. Nos
peixes ósseos são comumente dos
tipos ciclóide, de textura lisa, e ctenóide, de textura áspera. Ambas
apresentam anéis concêntricos,
importantes para as ciências da
pesca por permitirem determinar
a idade do peixe – quanto maior,
mais numerosos são os anéis. As
escamas placóides são próprias
dos peixes cartilaginosos, arraias
e tubarões. São ásperas ao tato e
têm as mesmas estruturas de um
dente (esmalte, dentina); assim,
também são chamados dentículos
dérmicos. Ocorrem espécies que
ao invés de escamas revestem-se
de placas ósseas; outras, porém,
não apresentam nenhum revestimento – são os peixes de couro,
na linguagem popular.
Associam-se à pele glândulas
secretoras de muco, o qual torna os peixes escorregadios, facilitando-lhes a natação, permitindo também repelir predadores,
atrair parceiros e evitar a adesão
de microorganismos e partículas
Constituída por neurônios sensoriais que se comunicam com o
meio externo através de pequenos
poros, a linha lateral é um sistema sensorial importante dos peixes. Situa-se longitudinalmente
nos flancos, estendendo-se quando completa da cabeça à nadadeira caudal, podendo ser retiínea
ou encurvada. Por outro lado, dizse que a linha lateral é incompleta quando se interrompe antes de
chegar à cauda, ou dividida quando continua após a interrupção a
uma altura diferente da original,
como ocorre em vários acarás.
A linha lateral pode informar ao
peixe o sentido da correnteza ou a
chegada de ondas de pressão produzidas pelo deslocamento de um
corpo próximo. Também facilita a
coordenação dos indivíduos que
nadam em cardumes e auxilia a
percepção da audição, da visão e
do tato.
Índice
A bexiga natatória
Na cavidade abdominal dos peixes ósseos, abaixo da espinha dorsal e acima das vísceras, situa-se
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um saco membranoso denominado bexiga natatória, cuja função
principal é reduzir a densidade do
peixe para fazê-lo flutuar. Os gases que a inflam, o oxigênio e o nitrogênio, são retirados da própria
corrente sangüínea. Dependendo
do volume desses gases na bexiga
natatória, o peixe pode subir, descer ou manter-se equilibrado na
coluna d’água. Eventualmente ela
pode exercer funções suplementares, como servir de caixa de ressonância ou promover respiração
auxiliar em certas espécies.
Os peixes cartilaginosos não
possuem bexiga natatória, mas
sua flutuabilidade é garantida
pela enorme quantidade de óleo
presente no fígado de grandes
proporções.
As brânquias
Os órgãos respiratórios fundamentais dos peixes são as brânquias, popularmente chamadas
guelras. É aí, tal como nos pulmões dos vertebrados terrestres,
que se realizam as trocas gasosas. Abrindo e fechando alternadamente a boca e os opérculos (as
“tampas” que guarnecem a câmara branquial), o peixe promove um
fluxo contínuo de água através
das brânquias. Estas absorvem o
oxigênio da água para o trabalho
orgânico e simultaneamente liberam o gás carbônico do sangue
no meio. Nas arraias, a corrente
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de água entra pelos espiráculos,
estruturas situadas em orifícios
atrás dos olhos.
Em algumas espécies sujeitas
a freqüentes situações de falta de
oxigênio, a mucosa faringeana, o
lume intestinal, a bexiga natatória
ou a pele podem exercer funções
respiratórias acessórias. Tamatás
e jejus, espécies que chafurdam
nos lodaçais de nossa região, são
exemplos de espécies que podem
respirar, ocasionalmente, o oxigênio atmosférico através do tubo
digestivo vascularizado.
Sistema circulatório
O coração do peixe consiste essencialmente de duas cavidades:
um átrio e um ventrículo. É, portanto, o mais elementar dentre os
vertebrados, e juntamente com
os vasos sanguíneos e o sangue
constitui o sistema circulatório.
Pelo coração só flui o sangue venoso, que é impulsionado para
as brânquias, onde as hemácias
captam o oxigênio dissolvido na
água e rejeitam o gás carbônico.
O sangue oxigenado é conduzido
pelas artérias, veias e capilares a
todas as células do corpo.
Aparelho digestivo
O aparelho digestivo possui as
estruturas encontradas nos vertebrados em geral. A boca tem
forma, tamanho e localização
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variados. A língua é rudimentar
ou inexistente, conforme a espécie, podendo mesmo ser óssea,
como no pirarucu ou no aruanã.
O esôfago é apenas um tubo curto que liga a região orofaringeana
(boca e faringe) ao estômago – o
qual é grande e dilatável nos peixes carnívoros. O intestino é longo nos herbívoros, longo e enovelado nos iliófagos e curtos nos
carnívoros. Os peixes cartilaginosos possuem ao longo do intestino
uma válvula espiral que aumenta a área de absorção alimentar.
Apresentam as glândulas anexas
do trato digestivo – pâncreas e fígado, mas lhes faltam as glândulas salivares.
Alimentação
Os peixes na fase larval, logo
que a vesícula vitelina regride,
são vorazes comedores do plâncton. Só na fase jovem (alevinos)
é que definem as suas preferências alimentares, mas, vez por
outra podem variar a sua dieta
costumeira. Reconhecidamente,
a maioria é carnívora e a minoria
separa-se em herbívoros, os que
se alimentam de matéria vegetal;
frugívoros, que se nutrem de frutos caídos das árvores da mata
ciliar; iliófagos, que digerem matéria orgânica encontrada no lodo
do fundo; e os onívoros, que come
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indiscriminadamente material de
origem animal ou vegetal. Costuma-se também especificar a qualificação alimentar dos carnívoros
conforme se alimentem de outros
peixes, crustáceos, insetos, moluscos, larvas de invertebrados,
ovos ou mesmo estruturas especializadas como escamas ou olhos
de peixes.
Visão
Diferentemente dos demais vertebrados, os peixes não têm pálpebras nem glândulas lacrimais,
ainda porque não necessitam dessas estruturas. Outras peculiaridades: o cristalino é esférico e não
biconvexo, e a musculatura ocular movimenta apenas o cristalino
e não o globo ocular todo.
Dois tipos diferentes de células
revestem o fundo do olho: os bastonetes, que permitem diferenciar entre o claro e o escuro, e os
cones, fazem perceber a cor das
imagens. Tubarões e arraias possuem mais bastonetes nos olhos
e não distinguem cores, diferentemente dos peixes ósseos que as
enxergam por terem olhos ricos
em cones.
Algumas espécies habitam na
escuridão do fundo dos rios, lagos, cavernas e regiões abissais
dos mares e possuem visão reduzida ou são mesmo cegas. Nessas
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formas, a energia que seria dispendida na visualização do ambiente é reaproveitada para outras
funções.
Sistema auditivo
Os sons mais audíveis aos peixes são aqueles produzidos no
seu ambiente natural, oriundo de
outros peixes, animais aquáticos
e corpos em movimento. De cada
lado, o ouvido interno constituído
de três câmaras membranosas interligadas por canais semicirculares tem mais função de equilíbrio
e orientação espacial do que de
audição. Cada câmara possui um
otólito que, em contato com certas
terminações sensórias, transmite ao cérebro a sensação de posicionamento vertical e horizontal.
Como a transmissão de som se dá
através da propagação de ondas, é
difícil distinguir nos peixes o sentido da audição propriamente dita
separadamente daquela percebida pela linha lateral.
Sentido químico – olfato,
paladar e tato
Há referências bem difundidas
da excelência do olfato e do paladar dos tubarões. Com uma corrente d’água favorável, esses peixes podem detectar odores a mais
de 500m de distância, e discernir
o gosto de uma gota de sangue
Índice
diluída em três milhões de gotas
d’água. Olfato e paladar apurados
não são apenas particularidades
dos peixes cartilaginosos, mas características generalizadas entre
os vertebrados aquáticos.
As células perceptoras desses
sentidos estão disseminadas pela
boca, narinas, cabeça, nadadeiras e barbilhões (os “bigodes” de
bagres e algumas pescadas), os
quais também estão associadas
ao tato.
dimorfismo sexual
A distinção entre os sexos é
uma percepção definida por seres humanos, e não uma propriedade intrínseca dos peixes. São
poucas as espécies que deixam
transparecer o sexo pela morfologia. Os machos das arraias e dos
tubarões, por exemplo, exibem
um órgão intromissor para a cópula – o clásper, no bordo externo das nadadeiras pélvicas, traço
inconfundível na identificação do
sexo. Entre os peixes ósseos, os
machos de algumas poucas espécies possuem estruturas que os
evidenciam no período reprodutivo, como, por exemplo, o bico em
forma de alicate dos salmões, o
barbilhão maxilar ossificado dos
mandubés e a modificação da nadadeira anal como órgão intromissor (posto que se tratam de
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espécies com fecundação interna)
em tralhotos e guarus.
Para a enorme maioria das espécies será necessário abrir-se o
ventre para o reconhecimento do
sexo. Na posição lateral e superior
estão aos pares as gônadas – nas
fêmeas, os ovários produtores de
óvulos, roliços e alaranjados devido ao acúmulo do vitelo; nos machos, os testículos achatados que
produzem os espermatozóides.
Reprodução
A forma comum de reprodução
da classe dos peixes é a ovípara,
de fecundação externa – ovulípara, no dizer de alguns estudiosos.
Entretanto, os peixes exercitam
outras práticas reprodutivas, e
há também espécies ovovivíparas
e vivíparas.
Na condição ovulípara, as gônadas esvaziam-se de uma só vez
em jatos consecutivos. A fêmea libera os seus óvulos – denominadas vulgarmente ovas – e o macho lança seus espermatozóides
sobre elas para fecundá-las A fecundação ocorre na água, e o fato
de ser sensivelmente mais rápida
nas regiões tropicais do que nas
temperadas evidencia influência
de temperaturas mais elevadas
no desenvolvimento embrionário. Nessa forma reprodutiva, numerosas espécies abandonam os
Índice
seus ovos e crias antes do desenvolvimento completo, motivando
enormes perdas. Todavia, a perpetuação é garantida pela alta
prolificidade característica – como
a da curimatá, que pode atingir literalmente a casa dos milhões de
óvulos. Há espécie que nidificam e
guardam a prole, mas são menos
prolíficas e a sua desova se realiza
parcialmente. As tariras, os acarás e alguns acaris pertencem a
esta categoria.
Em contraste, tanto nos peixes
ovovivíparos como nos vivíparos
a fecundação é interna. Nos ovovivíparos o ovo se desenvolve no
oviduto da fêmea, mas o embrião
nutre-se do vitelo até a eclosão do
ovo. Já nos vivíparos, o embrião
se desenvolve no corpo da mãe e
dela recebe nutrientes.
É insignificante a taxa de
sobrevivência dos peixes nos
instantes iniciais da vida. Para
alguns, só 1% sobrevive. É que
as adversidades que os espreitam
são numerosas. Algumas são de
ordem natural, como a interrupção
abrupta das chuvas no seu ciclo
temporal (janeiro a junho na
região), baixas taxas de oxigênio na
água, temperaturas inadequadas
para a evolução dos alevinos,
ação parasitária e predatória de
numerosos seres –inclusive peixes,
até os da sua própria espécie. Outras, entretanto, são provocadas
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pelo homem quando envenenam
os ambientes aquáticos através
de agroquímicos e despejo de lixo
e dejetos das comunidades ribeirinhas.
Temperatura corporal
Os peixes não apresentam temperatura corporal constante como
os mamíferos e aves. Ela varia
conforme aumenta ou diminui a
temperatura da água circundante. São por isso denominados heterotérmicos ou pecilotérmicos.
Mas esse condicionamento térmico entre peixe e água se restringe
dentro de limites estreitos, e variações elevadas da temperatura
da água lhes são danosas.
Como exceções a essa particularidade geral aparecem os tubarões e aguilhões oceânicos, cuja
temperatura corporal é mais elevada do que a da água circundante, fenômeno que sobrevêm da intensa atividade muscular desses
velocistas capazes de aquecerem
o próprio sistema circulatório.
Rio Mearim
Índice
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Sobre a
nomenclatura
científica e
classificação
adotadas
Horácio Higuchi
Este livro não busca ser científico, mas tampouco prescinde do
dever de ser cientificamente correto, na medida do possível, por
pretender ser também de utilidade didática. Como visa alcançar
um público amplo, de quem não
se requer conhecimentos acadêmicos, e apesar disso lança mão
de um vocabulário especializado,
alguns esclarecimentos quanto à
nomenclatura científica e classificação fazem-se necessários.
É preciso começar falando um
pouco da ciência que cria e utiliza
essa nomenclatura e classificação.
A Sistemática Zoológica procura
observar e entender uma certa ordem na diversidade faunística que
a natureza descortina. Detectando certos padrões de organização,
os sistematas juntam ou separam
os organismos em grupos hierárquicos coerentes; em seguida,
Índice
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ordenam esses grupos, modernamente segundo um critério de parentesco orientado pela Teoria da
Evolução. Ao proporem uma classificação dos animais, estão criando um sistema de informação que
reflita precisamente essa organização hierárquica da natureza. A
espécie é considerada a unidade
menor dessa hierarquia: um conjunto de espécies afins forma um
gênero, vários gêneros aparentados se reúnem em uma família,
um grupo de famílias relacionadas entre si constituem uma ordem, as ordens próximas se agrupam em uma classe, e classes de
uma mesma linhagem pertencem
a um filo. (Há ainda um sem-número de subdivisões, que não vamos mencionar.)
Se esta obra não é propriamente
científica, sua organização respeita critérios científicos. As espécies
de peixes aqui apresentadas estão
agrupadas segundo as categorias
hierárquicas principais de classificação zoológica (ordem, família,
gênero, espécie), e ordenadas segundo as normas da taxonomia
moderna. Aqui, ordens e famílias
acompanham a seqüência evolutiva, partindo de grupos mais primitivos para mais especializados.
Os gêneros estão dispostos em
ordem alfabética dentro de cada
família, e as espécies se sucedem
igualmente em ordem alfabética
Índice
sob cada gênero.
É necessário explicar que o
nome científico (em latim) aqui
apresentado para cada espécie é
aquele citado na literatura especializada mais recente até a data
de fechamento da edição (dezembro de 2004). Novos estudos e descobertas no campo da Sistemática Ictiológica muitas vezes levam
a um rearranjo de grupos anteriormente constituídos. Por isso,
certos agrupamentos tradicionalmente considerados podem acabar sendo absorvidos por outros
-- ou, ao contrário, subdivididos
em dois ou mais conjuntos menores. Igualmente, algumas espécies
podem se revelar serem idênticas
a outras previamente descritas, e,
nesse caso, as regras de nomenclatura determinam que essas espécies passem a ser chamadas pelos seus respectivos nomes mais
antigos. Esses fatos fazem com
que, à luz de conhecimentos novos, os nomes científicos dados a
animais e plantas mudem com o
tempo. Por isso, algumas das denominações científicas aqui adotadas podem não ser as mesmos
citadas em outras publicações ou
na literatura mais antiga.
Falta esclarecer, ainda, algumas convenções nomenclaturais
empregadas pelos sistematas. O
nome científico de um organismo
é composto por dois vocábulos: o
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primeiro designa o gênero, e o segundo determina a espécie a este
pertencente. Esses designativos
de gênero e espécie são sempre
citados em destaque (itálico, negrito, sublinhado, etc.): nenhum
nome de outra categoria superior
(família, ordem, etc.) deve ser grifado dessa maneira. Quando, por
qualquer motivo, não é possível
identificar o animal além do nível
de gênero, é costume substituir o
segundo vocábulo pela abreviação
“sp.” Desta maneira, por exemplo,
uma citação como “Canis sp.” significa que o animal em questão
pertence, de fato, ao gênero Canis,
mas não se sabe ao certo de qual
das espécies de Canis se trata.
Por outro lado, às vezes se observa que o animal a ser identificado
é muito parecido com uma determinada espécie conhecida, e até
confere com a descrição dela, mas
que, por alguma razão, pode não
se tratar exatamente dela (por
exemplo, se foi encontrado numa
região geograficamente incoerente
com a distribuição da espécie conhecida). Nesse caso, arrisca-se a
citá-lo com o nome da espécie conhecida, colocando a abreviação
“cf.” (que significa “confere com”)
entre os dois vocábulos. No exemplo acima, se o animal em questão se assemelha muito com Canis lupus, mas algo impede que
se afirme categoricamente tratarÍndice
se mesmo dessa espécie, então a
identificação fica sendo “Canis cf.
lupus”. Isso indica que o animal
é certamente do gênero Canis e
confere com a descrição de Canis
lupus, mas que não se tem certeza tratar-se realmente dessa espécie.
Outra questão que requer comentário é a citação, ao lado no
nome da espécie, do autor (ou
autores) que primeiro a descreveu (ou descreveram), seguida da
data da publicação dessa descrição. Os leitores hão de notar que,
em alguns nomes científicos aqui
apresentados, o nome do autor
e a data estão entre parênteses;
em outros, não. Isso diz respeito
a outra convenção nomenclatural. Quando o nome do autor e a
data aparecem entre parênteses,
significa que a combinação de vocábulos apresentada que designa
a espécie não é a mesma proposta originalmente pelo autor. E, ao
contrário, a ausência de parênteses indica que o nome científico
em questão é exatamente o mesmo que o autor propôs ao descrever a espécie. Um exemplo pode
ajudar a ilustrar essa situação. O
sarapó e o poraqué foram ambos
descritos pelo naturalista sueco Carl Linné, que assinava em
latim Carolus Linnaeus (e ficou
conhecido entre nós pela forma
aportuguesada, Lineu). Embora
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descritos em edições diferentes do
seu Systema Naturae -- o primeiro em 1758 e o segundo em 1766
-- ambos os peixes foram colocados no gênero Gymnotus, criado
pelo próprio Lineu. O sarapó ficou sendo Gymnotus carapo Linnaeus, 1758, e o poraqué, Gymnotus electricus Linnaeus, 1766.
Quase um século mais tarde, em
1864, o biólogo americano Theodore Gill constatou que o sarapó
e o poraqué representavam, de
fato, duas linhagens diferentes.
Como Lineu havia criado Gymnotus para contemplar o sarapó, ele
propôs um gênero novo, Electrophorus, para representar a linhagem do poraqué. Daí em diante,
o nome científico do poraqué passou a ser Electrophorus electricus
(Linnaeus, 1758). Aqui, os parênteses indicam que Lineu de fato
descreveu a espécie, mas a combinação de vocábulos Electrophorus electricus é diferente daquela
que ele havia proposto originalmente, Gymnotus electricus. Ao
longo desses quase 250 anos que
nos separam de Lineu, e ao cabo
de milhares de estudos sobre a
evolução das linhagens de peixes,
muitas hipóteses antigas foram
suplantadas e vários nomes mudados; outras tantas foram confirmadas, e os nomes que as refletem foram preservados.
Índice
Sobre a nomenclatura popular
adotada
Um dos objetivos desta obra é
valorizar o saber, a cultura e a
tradição popular da gente ribeirinha da região do Mearim. Portanto, embora cientes de que as
espécies de peixes aqui apresentadas recebem diferentes nomes
segundo a região em que ocorrem,
e que alguns desses nomes são
amplamente utilizados em todo o
Brasil, preferiu-se privilegiar uma
denominação local, própria da região, como nome popular principal para cada espécie. No final do
capítulo há um índice remissivo
que permite acessar as informações sobre cada espécie através
de outros nomes.
Já os nomes em inglês do texto
vertido para esse idioma seguem,
sempre que pertinente, as designações oficiais empregadas pela
Organização para a Alimentação
e Agricultura das Nações Unidas
(FAO) para espécies de valor comercial, e pela Sociedade Americana de Pesca (AFS) para espécies exóticas comercializadas nos
EUA. Caso contrário, foram adotados aqui nomes populares em
inglês utilizados na República da
Guiana (antiga Guiana Inglesa),
denominações britânicas, e referências comerciais do aquarismo
internacional.
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CLASSE CHONDRICHTHYES
PEIXES CARTILAGINOSOS
ORDEM PRISTIFORMES
Família Pristidae
Pristis perotteti Müller & Henle, 1841
Espardarte
ORDEM RAJIFORMES
Família Potamotrygonidae
Potamotrygon motoro (Müller & Henle, 1841)
Arraia-pintada
CLASSE OSTEICHTHYES
PEIXES ÓSSEOS
ORDEM CLUPEIFORMES
Família Pristigasteridae
Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847
Dourada
Família Engraulidae
Pterengraulis atherinoides (Linnaeus, 1766)
Peixe-cachorro
ORDEM ELOPIFORMES
Família Megalopidae
Megalops atlanticus Valenciennes, 1847
Pirapema
ORDEM CHARACIFORMES
Família Erythrinidae
Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829)
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)
Jeju
Tarira
Família Hemiodontidae
Hemiodus argenteus Pellegrin, 1908
Urubarana
Família Curimatidae
Tapiaca
Curimata cyprinoides (Linnaeus, 1766)
Choradeira
Psectrogaster amazonica Eigenmann & Eigenmann, 1889
João-duro
Steindachnerina cf. bimaculata
Família Prochilodontidae
Prochilodus sp.
Curimatá
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CLASSE OSTEICHTHYES
PEIXES ÓSSEOS
Família Anostomidae
Leporinus friderici (Bloch, 1794)
Schizodon vittatus (Valenciennes, 1850)
Piau
Aracu
Família Acestrorhynchidae
Acestrorhynchus microlepis (Schomburgk, 1841)
Cachorro
Família Cynodontidae
Cynodon gibbus Spix & Agassiz, 1829
Sardinha-de-gato
Família Characidae
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758)
Charax gibbosus (Linnaeus, 1758)
Mylossoma sp.
Pygocentrus nattereri Kner, 1858
Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766)
Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829)
Piaba
Carcunda
Pacu
Piranha
Piranha-ambel
Sardinha
ORDEM SILURIFORMES
Família Ariidae
Arius rugispinis Valenciennes, 1840
Hexanematichthys couma (Valenciennes, 1840)
Jurupiranga
Bagre
Família Doradidae
Hassar wilderi Kindle, 1894
Platydoras costatus (Linnaeus, 1766)
Mandi-tatu
Corró
Família Auchenipteridae
Ageneiosus dentatus Kner, 1858
Ageneiosus inermis (Linnaeus, 1766)
Auchenipterus nuchalis (Spix & Agassiz, 1829)
Pseudachenipterus nodosus (Bloch, 1794)
Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766)
Mandubé-pema
Mandubé-sapo
Cabeça-gorda
Papista
Capadinho
Família Pimelodidae
Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1840)
Pimelodus blochii Valenciennes, 1840
Pimelodus ornatus Kner, 1858
Pseudoplastystoma fasciatum (Linnaeus, 1766)
Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801)
Lírio
Mandi
Mandi-lírio
Surubim
Tubajara
Família Heptapteridae
Pimelodella cristata (Müller & Troschel, 1848)
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824)
Mandi-mole
Jandiá
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CLASSE OSTEICHTHYES
PEIXES ÓSSEOS
Família Aspredinidae
Aspredo aspredo (Linnaeus, 1758)
Reque-reque
Família Callichthyidae
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828)
Megalechis thoracata (Valenciennes, 1840)
Tamatá-preto
Tamatá-branco
Família Loricariidae
Hypoptopoma sp.
Hypostomus cf. plecostomus
Liposarcus cf. pardalis
Loricaria sp.
Rineloricaria sp.
Niquinho
Acari
Bodó
Viola
Viola-barbuda
ORDEM GYMNOTIFORMES
Família Sternopygidae
Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801)
Tubi
Família Rhamphichthyidae
Rhamphichthys marmoratus Castelnau, 1855
Tubi-terçado
Família Gymnotidae
Gymnotus carapo Linnaeus, 1758
Sarapó
Família Electrophoridae
Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766)
Poraqué
ORDEM CYPRINODONTIFORMES
Família Anablepidae
Anableps anableps (Linnaeus, 1758)
Tralhoto
ORDEM SYNBRANCHIFORMES
Família Synbranchidae
Synbranchus marmoratus Bloch, 1795
Muçum
ORDEM PERCIFORMES
Família Centropomidae
Centropomus parallelus Poey, 1860
Centropomus undecimalis (Bloch, 1792)
Camurim-branco
Camurim-preto
Família Sciaenidae
Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840)
Pescada
Índice
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CLASSE OSTEICHTHYES
PEIXES ÓSSEOS
Família Cichlidae
Crenicichla lugubris Heckel, 1840
Geophagus surinamensis (Bloch, 1791)
Heros severus Heckel, 1840
Satanoperca jurupari (Heckel, 1840)
Peixe-sabão
Carapitanga
Carambanja
Cará-bicudo
ORDEM PLEURONECTIFORMES
Família Achiridae
Achirus achirus (Linnaeus, 1758)
Solha
Índice
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CLASSE
CHONDRICHTHYES
PRISTIFORMES
RAJIFORMES
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Espardarte
Pristis perotteti Müller & Henle, 1841
Outros nomes: peixe-serra, serra, araguaguá.
É uma enorme espécie cartilaginosa, de cor cinzenta para amarronzada no dorso e parte superior
dos flancos, esbranquiçando-se
daí para a região ventral. Na parte
superior da cabeça, atrás de cada
olho, exibe um orifício relacionado com a respiração – o espiráculo. Suas nadadeiras peitorais são
muito amplas. Na parte inferior,
encontram-se a boca transversa e cinco a seis pares de fendas
branquiais. O rostro – denominado espada, na região pesquisada,
e catana, entre os pescadores do
Pará – exibe, nos lados, dentes notáveis, numericamente variáveis
conforme a espécie, e insubstituíveis, quando perdidos. Diz-se que
o espadarte o utiliza para defesa e
ataque, atribuições estas questionáveis. Sabe-se, porém, que o emprega para revolver o fundo, onde
comumente vive, quando caça
pequenos invertebrados para alimentar-se.
Trata-se de peixe de ambiente
marinho. Ocasionalmente, entre
outubro a janeiro, invade o baixo
Mearim.
É vivíparo. Nascem-lhe, em cada
gestação, entre 15 a 20 filhotes,
medindo aproximadamente 50cm
de comprimento, e trazendo o bico
(espada) protegido por uma capa
membranosa, para não ferir a mãe
durante o parto.
Pode chegar a 5,5m de comprimento e pesar 400kg.
Nota: O exemplar da foto foi capturado por Damião de Brito, acidentalmente, de rede, no
próprio baixo Mearim, nas cercanias da região urbana de Arari, em 14 de janeiro de 1999.
Mediu 1,70m, incluindo a espada, e pesou 20kg.
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Arraia-pintada
Potamotrygon motoro (Müller & Henle, 1841)
Outros nomes: raia, arraia.
Exemplar macho
Face dorsal
Face vental
A arraia-pintada é a espécie representante do grupo dos peixes
cartilaginosos de água doce no
Mearim.
Apresenta o corpo discóide, deprimido e prolongado por uma
cauda armada de ferrão. Em sua
face dorsal, amarronzada, disseminam-se inúmeras máculas
amareladas, que são menores nas
extremidades. Atrás de cada olho,
tem um orifício importante para a
respiração, o espiráculo. Na face
ventral, esbranquiçada, sobressaem-se a boca transversa, cinco pares de fendas branquiais e a
cloaca. É vivípara.
Habita tanto os rios, quanto os
igarapés. Entretanto, é mais ocorrente nos lagos. O Jardim, o Açu, o
Itãs, dentre outros, são exemplos
de lagos de grande ocorrência da
espécie.
É uma temeridade caminhar
em ambientes minados de arraia,
porque, quando pisado, esse peixe
chicoteia vigorosamente a cauda,
fazendo penetrar seu ferrão pungente e venenoso nos pés ou nas
pernas de sua vítima. O acidente
provoca dores insuportáveis, com
um quadro inflamatório duradouro e complicado. Para afastar tal
perigo, os pescadores recomendam caminhar-se arrastando os
pés em vez de levantá-los, ou utilizar um bastão para afugentar as
arraias.
Um espécime adulto pode pesar,
normalmente, 15kg, e o diâmetro
do disco chega a medir 70cm.
Os ribeirinhos do Mearim não a
comem, quando acidentalmente
capturada.
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CLASSE
OSTEICHTHYES
CLUPEIFORMES
ELOPIFORMES
CHARACIFORMES
SILUFORMES
GYMNOTIFORMES
CYPRINODONTIFORMES
SYNBRANCHIFORMES
PERCIFORMES
PLEURONECTIFORMES
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Dourada
Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847
Outros nomes: sarda, apapá-amarelo, sardinha-dourada.
A dourada mostra o corpo alto e comprimido, coberto de
escamas finas e prateadas, com nuanças amarelas. Esse
peixe tem a região ventral afilada e ornada de uma serra
procedente de escamas modificadas. Seus olhos são grandes. A boca, pequena e protrátil, é orientada para cima.
A nadadeira caudal, furcada, mostra regiões escuras. As
nadadeiras peitorais desenvolvidas contrapõem-se às ventrais, insignificantes.
De junho a setembro, a dourada invade o baixo Mearim,
sendo no resto do ano de ocorrência comum no estuário do
rio.
Um espécime adulto pode medir 50cm de comprimento e
pesar cerca de 2kg.
Pelágica e carnívora, capturam-na da forma tradicional –
com tarrafa, rede e anzol – no rio e bocas de igarapés.
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Peixe- cachorro
Pterengraulis atherinoides
(Linnaeus, 1766)
Outros nomes: maiacá, manjuba, sardinha-pitiú.
O peixe-cachorro é branco-prateado, de corpo fortemente
comprimido, com escamas delicadas e facilmente destacáveis. Apresenta uma faixa esbranquiçada coincidente com
a linha lateral, desde a abertura branquial, extensa, até o
pedúnculo caudal. Não apresenta a nadadeira adiposa. A
cabeça mostra a boca ampla e os olhos graúdos, quase no
extremo do focinho.
Pode superar 20cm de comprimento.
Ocorre normalmente no baixo Mearim, entre julho e outubro, quando se percebem seus cardumes movimentando-se
quase à flor d’água, à caça de pequenos peixes e camarões,
de que se alimenta.
É repulsivo para os nossos ribeirinhos, que não o comem
nem dele fazem iscas, porque, como dizem, exala a fetidez
da urina.
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Pirapema
Megalops atlanticus Valenciennes, 1847
Outros nomes: camurupim, camuripema, tarpon, sábalo.
Peixe de corpo comprimido, com escamas grandes e prateadas, a pirapema exibe a boca grande e orientada para
cima. Sua nadadeira dorsal apresenta um filamento na parte final. É muito prolífera, chegando a fêmea a produzir 10
milhões de óvulos por ciclo reprodutivo. Quando em águas
pobres de oxigênio, vem à superfície para encher de ar a bexiga natatória, que tem comunicação direta com o esôfago.
Natural do ambiente marinho, frequenta a água doce, por
breves incursões ou longa temporada. Nessa viagem, sobe
rios, invade igarapés e lagos. Sabe-se de sua ocorrência no
Mearim, além da confluência do Grajaú. Comprovando o
fato, disse-nos o pescador Mequeca que, certa vez, nas imediações da boca do igarapé Jabutitá (o de baixo), capturou
um espécime de 3kg, insignificante pelas dimensões que
esse peixe pode atingir: 2,5m de comprimento e 150kg. Segundo informantes residentes em Arari, dos dois maiores
espécimes capturados nas águas do Mearim, um atingiu
80kg e o outro 42kg. Isso na década de 1950. O primeiro
foi capturado no Estirão da Rabela, e o segundo, nas imediações do porto da capela de Sant’Ana, no Perimirim, em
Arari.
Voraz, alimenta-se de siris, caranguejos, camarões e
peixes.
Redes e arpões são utensílios comuns para sua captura.
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Jeju
Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829)
O jeju tem o corpo cilíndrico, revestido de escamas graúdas, duras e escorregadias. Exibe coloração escura no dorso, que vai esmaecendo até a região mediana dos flancos,
intensificando-se, às vezes, à guisa de faixa, no percurso da
linha lateral. Daí para a região peitoral e ventral, é amarelado. A cabeça é cônica e bem ossificada. A boca exibe dentes
caniniformes, insinuando o regime alimentar – carnívoro.
Não apresenta a nadadeira adiposa, o que é um sinal da família a que pertence. A nadadeira caudal é larga e de borda
terminal arredondada.
Habita geralmente as águas escuras e pouco profundas
dos lagos e lagoas que, no rigor da estação seca, podem ficar
lamacentos. Ainda assim, sobrevive. Quando esses ambientes começam a secar, foge serpenteando pelos caminhos
empoeirados e folhiços da mata, à procura de outro melhor.
Durante esse percurso fora d’água, respira o oxigênio atmosférico, graças a sua bexiga natatória, capaz de auxiliar
ou substituir-lhe temporariamente a respiração branquial.
Alcança cerca de 25cm de comprimento e 200g de peso.
Pescam-no com tarrafa, rede, choque e caniço, entre abril
e maio, na beira dos baixos, e com iscas de jias.
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Tarira
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)
Outros nomes: traíra, sulamba, pongó, maria-de-fátima, pau-de-nego,
lavina.
A tarira apresenta o corpo escamado, escuro e manchado,
com o ventre amarelado. Suas nadadeiras são pigmentadas,
mais nitidamente a caudal, de borda externa arredondada,
que, com a ausência da adiposa, forma uma particularidade familiar. A cabeça é grande e fortemente ossificada. A
boca, ampla, com dentes caniniformes implantados separadamente.
Para reproduzir-se, nidifica em buracos à margem dos
ambientes em que vive, mantendo o casal rigorosa vigilância aos ninhais e à futura prole. Ocorre em abundância nas
águas rasas e calmas dos rios, igarapés e, predominantemente, dos lagos. Comenta-se da sua ocorrência em outros
países sul-americanos, e até em alguns da América Central.
É espécie carnívora muito popular na região.
São comuns os exemplares que alcançam cerca de 30cm
de comprimento e 300g, mas há os que ultrapassam essas
medidas, chegando até pouco mais de 1kg.
Capturam-na de tarrafa, rede, choque, anzol e gadanho.
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Urubarana
Hemiodus argenteus Pellegrin, 1908
Outros nomes: jutuarana, jatuarana, flecheiro-voador.
De corpo alongado, fusiforme, cinza-prateado, com regiões
suavemente amareladas, a urubarana cobre-se de minúsculas escamas pouco aderentes. Uma mancha escura, bem
perceptível, aparece quase no meio vertical de seus flancos,
entre a nadadeira dorsal e a adiposa. A nadadeira caudal
mostra-se alaranjada nas bordas externas. A cabeça é cônica, com os olhos notáveis. A boca é quase inferior.
É pelágica e geralmente também de ocorrência lacustre.
Alimenta-se de microorganismos bentônicos, detritos orgânicos e perifíton
É espécie pouco numerosa, atualmente. Supõe-se que
seu nome vulgar, flecheiro-voador, proceda da agilidade
dos saltos que emite para livrar-se das redes e da ação de
predadores.
Pode chegar a 25cm de comprimento.
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Família Curimatidae
Tanto a choradeira (Psectrogaster amazonica) como a
tapiaca (Curimata cyprinoides) são, na voz popular, chamadas indistintamente branquinhas, devido às evidentes
semelhanças entre uma e outra: corpo curto, alto, comprimido e revestido de escamas prateadas. Ambas medem cerca de 20cm de comprimento e pesam 120g aproximadamente, mas a tapiaca, no dizer comum, pode atingir maior
tamanho. Confrontando-as, percebe-se que as escamas da
choradeira são ásperas, os lábios finos, a nadadeira caudal
exibe uma esmaecida mácula na base, e o ventre é arredondado – enquanto que as escamas da tapiaca são lisas, o
lábio inferior mais desenvolvido que o superior, as nadadeiras não apresentam mancha, e o ventre é aplainado e duro.
Trata-se de espécie muito abundante na região. Ocasionalmente, organizam-se em cardumes numerosos, a montante do Três-Bocas (baixo Mearim), rio Grajaú e lagos adjacentes.
Alimentam-se de microorganismos bentônicos, detritos e
perifíton.
Capturam-nas de tarrafa e rede.
Tapiaca
Choradeira
Curimata cyprinoides
(Linnaeus, 1766)
Psectrogaster amazonica Eigenmann
& Eigenmann, 1889
Índice
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João-duro
Steindachnerina cf. bimaculata
A configuração do joão-duro assemelha-se à da piaba (Astyanax bimaculatus), exigindo olhar atento para observarse as diferenças entre ambos. O joão-duro, razoavelmente mais comprido que a piaba, pode ultrapassar 10cm, e
apresenta o corpo alongado, pouco comprimido, escamado,
prateado e sem manchas. Sua cabeça propende à forma
cônica. A linha lateral é bem pigmentada no terço final do
corpo. Na borda superior da nadadeira dorsal, pode aparecer um vestígio escuro.
Os ambientes de ocorrência dessa espécie são os mesmos
da piaba: igarapés, campos inundáveis, lagos – e, com menor freqüência, o rio.
Índice
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Curimatá
Prochilodus sp.
Outros nomes: curimatã, corimbatá, crumatá, corimba.
A curimatá apresenta o corpo alto e comprimido, coberto de escamas prateadas. Suas nadadeiras caudal, anal e
dorsal – esta, com um espinho anterior na base – são levemente manchadas. Seus lábios são grossos, em forma de
ventosa, com dentículos fragilmente implantados.
Atualmente, são escassos na região exemplares que ultrapassem 30cm de comprimento e 400g. Outrora, além de
comuns, superavam essas medidas, chegando a mais de
1kg.
Cita-se a curimatá como um dos mais prolíferos peixes de
água doce. Conforme registros, gera 500 mil a 1 milhão de
óvulos por ciclo reprodutivo.
Ocorre nos rios, lagos e igarapés. Peixe iliófago, alimentase de lodo e detritos orgânicos.
Pescam-na de tarrafa e rede.
Índice
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Piau
Leporinus friderici (Bloch, 1794)
Outros nomes: piau-cabeça-gorda, piau-de-coco.
O piau tem o corpo fusiforme, escamas prateadas, com
nuanças escuras no dorso e partes superior dos flancos.
Aqui, vêem-se às vezes três máculas: uma ao nível da nadadeira dorsal; outra entre essa e a adiposa; e a terceira
na base da nadadeira caudal. A cabeça é cônica. Em cada
maxila, implantam-se-lhe firmemente cerca de sete dentes
incisiviformes.
É espécie menos abundante que o seu confamiliar aracu
(Schizodon vittatus) e, do mesmo modo, mais ocorrente nos
lagos.
Pode chegar a 25cm de comprimento e 200g, aproximadamente. Mas espécimes desse tamanho têm sido poucos
comuns na região.
Seu hábito alimentar é variado: frutinhos da mata ciliar,
larvas, pequeninos peixes e camarões.
É capturado com tarrafa, rede e anzol.
Índice
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Aracu
Schizodon vittatus (Valenciennes, 1850)
Outros nomes: piau, piau-de-vara.
O aracu tem corpo fusiforme, escamas prateadas, ornado com quatro barras transversais, ocasionalmente muito evidentes: a primeira, logo após a abertura branquial;
a segunda, ao nível da nadadeira dorsal; a terceira, entre
esta nadadeira e a adiposa, com a qual se alinha a quarta.
Sua cabeça é cônica. Os olhos, graúdos. A boca exibe oito
dentes multicuspidados, firmemente implantados em cada
maxila.
Herbívoro voraz, alimenta-se de folhas, raízes e frutos.
Ocorre nos rios, igarapés e lagos, onde é mais abundante.
Pode ultrapassar 40cm de comprimento e 1kg de peso,
mas atualmente são raros os espécimes desse tamanho.
Captura-se com tarrafa, rede e caniço.
Índice
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Cachorro
Acestrorhynchus microlepis (Schomburgk, 1841)
Outros nomes: uéua, cachorrinho.
O peixe conhecido por esse nome tem o corpo de quase roliço a ligeiramente comprimido, coberto de escamas
minúsculas, prateadas e levemente amareladas, mas pouco aderentes. Mostra uma mancha escura no lombo, logo
atrás da abertura branquial, e outra, mais perceptível, na
base da nadadeira caudal, onde, na margem externa, exibe
um vestígio linear escuro. Sua nadadeira dorsal pode apresentar uma insignificante mácula escura nos raios terminais. A cabeça termina num focinho pontudo, com a boca
carregada de dentes aguçados e muito fortes.
Carnívora, é uma espécie de ocorrência geralmente lacustre e pouco numerosa na região do Mearim. Atinge cerca de
20cm de comprimento e 100g.
Capturam-na de tarrafa e rede.
Índice
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Sardinha-de-gato
Cynodon gibbus Spix & Agassiz, 1829
Outros nomes: icanga, minguilista, peixe-cachorro, arangau.
A sardinha-de-gato mostra o corpo bem comprimido, no
qual se notam duas máculas escuras: uma, mais evidente,
sobre a linha lateral e após a abertura branquial; e outra,
inconspícua, na base da nadadeira caudal. Suas escamas
são minúsculas e facilmente destacáveis. Suas nadadeiras
são bem claras, destacando-se a longa nadadeira anal, e as
peitorais – desenvolvidas, se comparadas com as minúsculas ventrais. A boca é grande e voltada para cima, com
dentes aguçados.
É carnívora. Vive nos lagos, rios e igarapés.
Pescam-na com tarrafa e rede.
O exemplar da foto mediu 29cm de comprimento e 240g,
mas outros existem com tamanhos maiores.
Interessante notar que, nos Estados do Pará e do Amapá,
esta espécie e o nosso peixe-cachorro têm nomes populares exatamente trocados: lá, Pterengraulis atherinoides é
chamada de sardinha-de-gato e Cynodon gibbus é conhecida como peixe-cachorro.
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Piaba
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758)
Espécie abundante, a piaba tem o corpo comprimido e
alto, cobrindo-se de escamas prateadas, realçadas, às vezes,
com nuanças alaranjadas. Logo após a abertura branquial
e acima da linha lateral, apresenta uma evidente mácula escura. Outra, na base da nadadeira caudal, prolongase por seus raios medianos. Na região superior do branco
dos olhos (membrana esclerótica), insculpe-se uma mácula
avermelhada.
No trecho de nossa pesquisa, a faixa expressiva de ocorrência da espécie são os ambientes – rios, igarapés e lagos
– de Arari e Vitória do Mearim. Mas seus grandes celeiros
são os campos inundáveis desses e de outros municípios
da Baixada Maranhense, entre os quais sobressaem Viana,
Penalva, Pinheiro, São Bento e Perimirim.
Detritívora, a piaba mede aproximadamente 10cm de
comprimento.
Sua captura mais usual se faz com tarrafa e caniço.
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Carcunda
Charax gibbosus (Linnaeus, 1758)
A carcunda deriva seu nome do fato de ter o corpo muito
comprimido, bastante elevado logo após a cabeça, formando uma gibosidade. Seus olhos são graúdos. A boca é protrátil, contornada externamente por nove grânulos. Suas
escamas são minúsculas e levemente prateadas. Após a
abertura branquial e acima da linha lateral, encontra-se
uma evidente mácula negra, e outra menor, na base da nadadeira caudal. A borda externa da nadadeira caudal nãobifurcada é tingida de negro, assim como os vestígios que
podem aparecer nas bordas das outras nadadeiras.
Geralmente, a carcunda é de ocorrência lacustre, mas o
exemplar da foto foi capturado de tarrafa, pelo médico-veterinário Jofran Soares, no próprio rio Mearim, a montante
da foz do Grajaú, nos arredores do lugarejo Poção das Cobras.
Mede aproximadamente 20cm de comprimento.
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Pacu
Mylossoma sp.
Outros nomes: pampo, medalha, pacuzinho.
Peixe de configuração arredondada, muito comprimida e
alta, minúsculas escamas prateadas e linha lateral evidente, o pacu é freqüente nos campos inundáveis e lagos da
área pesquisada.
São mais comuns os espécimes que medem cerca de
10cm de comprimento.
Dizem que se alimenta de pequeninos frutos, sementes e
detritos.
A tarrafa é o utensílio habitual de sua captura.
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Piranha
Corpo ovalado, curto e alto, a piranha cobre-se de escamas minúsculas, aderentes e, predominantemente, cinza-prateadas, escurecidas no dorso. As regiões peitoral e
ventral, assim como a nadadeira anal, são avermelhadas,
tornando-se arroxeadas no período da maturação sexual.
A cabeça é grande e resistente. Os dentes, aguçados, fortes
e dilacerantes, denunciam seu regime alimentar: carnívoro
e voraz, fato que se comprova pela rapidez com que devora
suas presas.
Muitos relatos se ouvem, aliás, sobre a voracidade das piranhas, alguns carregados de exageros; outros confiáveis e
até comprováveis. Os criadores comentam das mutilações
de seus animais, por elas atacados a dentadas, nos úberes,
barrigas e lábios, quando pastam em campos inundados
ou transpõem igarapés e lagos minados pela espécie, ou,
ainda, quando descem a margem lamacenta do rio para
beber água. Às vezes, para minorar o prejuízo e abreviar o
suplício da rês mutilada, a opção é o abate. Já os pescadores queixam-se de estragos em seus utensílios de pesca, e
não escapam de mutilações nos pés, pernas, mãos e dedos,
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Índice
Arraste o texto
Pygocentrus nattereri Kner, 1860
Outros nomes: piranha-caju.
Piranha-ambel
Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766)
Outros nomes: pirambeba, piranha-branca, piranha-ambéua.
A piranha-ambel tem o corpo curto, alto, muito comprimido e elevado bruscamente após a cabeça, coberto de escamas
minúsculas, prateadas e, às vezes, pontilhadas de escuro. A
nadadeira caudal apresenta regiões enegrecidas; a nadadeira
anal, avermelhadas.
Do mesmo modo que a sua aparentada Pygocentrus nattereri – a piranha comum –, a piranha-ambel é carnívora, mas
de baixa agressividade.
Os pescadores da região contam um fato curioso: os exemplares menores têm por hábito extirpar os olhos de outros
peixes, quando estes se aprisionam nas redes. O focinho pontudo da espécie favorece-lhe a façanha.
Essa espécie alcança cerca de 25cm de comprimento e 350g.
Vive nas áreas marginais dos rios, lagos e igarapés.
É capturável com tarrafa, rede e anzol.
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Sardinha
Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829)
Outro nome: sardinha-papuda.
Apresenta o corpo muito comprimido, alto e coberto de escamas graúdas, prateadas e reluzentes. Na região peitoral,
forma um papo afilado. As nadadeiras peitorais são bem desenvolvidas. As pélvicas, não. A caudal apresenta os raios
medianos escuros e alongados.
Ocorre tanto no rio quanto nos lagos e igarapés. Outrora,
quando era intenso o tráfego fluvial no Mearim, abundantes
cardumes de sardinha sitiavam as embarcações fundeadas,
para alimentarem-se das migalhas que despencavam das
louças servidas. Atualmente o declínio da espécie é notório.
Alimenta-se de resíduos, insetos e sementes.
Atinge cerca de 20cm de comprimento, medida do exemplar da foto.
Captura-se de caniço e tarrafa.
Nota: Não se deve confundir essa espécie de sardinhas com as marinhas, cujo grupo familiar é o
Clupeidae.
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Jurupiranga
Arius rugispinis Valenciennes, 1840
Ariídeo de corpo amarelado e ventre esbranquiçado, o jurupiranga pode alcançar cerca de 35cm de comprimento e
pesar 1kg aproximadamente.
A sua ocorrência no baixo Mearim se restringe à região de
confluência do tributário Pindaré e proximidades.
É carnívoro. Captura-se com anzol ou rede.
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Bagre
Hexanematichthys couma (Valenciennes, 1840)
Outro nome: bagre-catinga.
O bagre apresenta o corpo denso, fortemente ossificado,
de cor cinza no dorso e parte dos flancos, alvacento na
região peitoral e ventral. Sua cabeça é grande, achatada,
resistente e parcialmente granulosa na face superior. A
boca é ampla. Os barbilhões, curtos. Os espinhos de suas
nadadeiras peitorais e da dorsal são fortes, aguçados e venenosos, capazes de provocar dores atrozes aos que neles
se ferirem.
É uma espécie estuarina mas, entre agosto e janeiro, geralmente ocorre no curso inferior do rio.
Pescadores afirmam que esse peixe chega a 90cm de
comprimento e 13kg, aproximadamente, mas há referência de espécimes mais avantajados.
Na região pesquisada, também dizem que, quando atiçado pelo apetite voraz, o bagre encarduma-se em frentes
ruidosas – capazes de despertarem pavor nos ribeirinhos
circunstantes – para, viajando rio acima, dar caça a peixes
e tudo o mais que lhe apeteça. Pouco do que apareça à superfície das águas escapa dessa frenética comilança. Ao
fenômeno, uns denominam jurupopoca de bagre, e outros, pororoca de bagre.
Captura-se com rede, linha e espinhel, este às vezes iscado com fatia de sabão, o que mostra a voracidade e a
variedade alimentar da espécie, normalmente carnívora.
Antes de uma recente revisão sistemática, a espécie era
referida como Arius couma.
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Mandi-tatu
Hassar wilderi Kindle, 1894
Outros nomes: botinho, mandi-bicudo.
O mandi-tatu é de configuração subcilíndrica, cinza-amarelado no dorso e flancos, e esbranquiçado no ventre. Nas
proximidades do terço final, e de cada lado, nota-se uma série de minúsculas placas ósseas espinhosas, mais evidentes
na região do pedúnculo caudal. Tem cabeça cônica, focinho
pontudo, olhos graúdos, boca pequena com barbilhões curtos e unidos na base. Sua nadadeira dorsal é amarelada, podendo exibir uma mancha escura na borda.
Ocorre nos igarapés, lagos e rios.
Tem hábito alimentar supostamente onívoro.
Captura-se geralmente com gaiola e tarrafa, dificilmente
com anzol.
O exemplar da foto, de tamanho considerável, na avaliação
dos pescadores da região, mediu 21cm de comprimento e
pesou 110g.
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Corró
Platydoras costatus (Linnaeus, 1766)
Outros nomes: quirri, cascudo, bacu-de-listra, jigue-jigue, carrau.
O corró tem a cabeça larga e resistente, focinho arredondado e boca com barbilhões curtos. Os flancos são revestidos por uma série de placas ósseas, cada uma com um espinho retrorso. Além disso, os acúleos de suas nadadeiras
peitorais e dorsal são serrilhados.
Tais particularidades respondem pelo firme aprisionamento desses peixes nas redes ou tarrafas. Já temos presenciado os apuros por que passam os pescadores, ao verem suas tarrafas ou redes minadas pela espécie. Então,
furam-se os dedos, ralam-se as mãos, consome-se a paciência, e o tempo da pescaria exaure-se no despesque.
Com regime alimentar variado – larvas, camarões, pequenos peixes –, o corró encontra-se no fundo dos rios, igarapés e lagos, onde também pode ser capturado de gaiola e
anzol.
Atinge cerca de 20cm de comprimento.
Nota: Há uma espécie muito similar a esta, ainda não descrita, no rio Pindaré.
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Mandubé-pema
Ageneiosus dentatus Kner, 1858
Outros nomes: mandubé, fidalgo, ximbé, manduvê.
Exemplar fêmea
Exemplar macho
O mandubé-pema apresenta o corpo muito comprimido,
cabeça estreita e deprimida, focinho ovalado, olhos bem
laterais e alinhados com o canto da boca. É escuro no trajeto dorsal e parte superior dos flancos. Daí para baixo, é
esbranquiçado. A nadadeira caudal, bem furcada, mostra
uma mancha escura na base dos lobos. A dorsal situa-se
distante na adiposa reduzida. A anal é longa. O macho da
espécie exibe o espinho da nadadeira dorsal duro e provido
de gancho na ponta. Também exibe os barbilhões maxilares ossificados, curtos, ásperos e rígidos.
É espécie pelágica e piscívoro, ocorrendo, com mais
freqüência, nos rios e bocas de igarapés. Abundante outrora,
atualmente escasseia no rio Mearim.
Pode chegar a 30cm de comprimento e cerca de 250g.
Pescam-na de rede, espinhel e paritá, cercando os igarapés na maré enchente, para, no refluxo, facilitar a captura.
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Mandubé-sapo
O corpo do mandubé-sapo é denso, flácido e comprimido
em sentido pós-ventral. No dorso e na parte superior da cabeça, é cinza-escuro. No resto do corpo, é esbranquiçado.
Tem a cabeça larga e achatada, a boca ampla. A nadadeira
caudal, extensa e truncada, mostra regiões escurecidas no
ramo superior. A nadadeira dorsal pode exibir um vestígio
escuro na borda.
Pelágico e piscívoro, ocorre na condição de espécie raríssima, hoje, nos rios e bocas de igarapés da região. Aliás,
nem mesmo quando o Mearim era mais piscoso, o mandubé-sapo era peixe abundante.
A sobrepesca, até em épocas inoportunas, a destruição da
mata ciliar e dos refúgios naturais muito concorrem para
a escassez do mandubé-sapo e de outras espécies outrora
abundantes.
Conforme pescadores, chega a 50cm de comprimento e
2kg.
Apesar de raro, sua captura não é difícil, podendo ser fei74 / 131
ta de rede, espinhel Índice
ou tarrafa.
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Ageneiosus inermis (Linnaeus, 1766)
Outros nomes: bocudo, fidalgo, mandubé.
Cabeça-gorda
Auchenipterus nuchalis (Spix & Agassiz, 1829)
Outros nomes: fidalgo, carataí, mandi-peruano, mandi-leiteiro.
O cabeça-gorda apresenta o corpo alongado, comprimido e de coloração de cinza-claro para esbranquiçado, com
o dorso escurecido. A cabeça pequena tem o focinho arredondado, os olhos graúdos e os barbilhões curtos. As
nadadeiras são claras: as peitorais e a dorsal – esta bem à
frente e distante da adiposa, reduzida – mostram o primeiro raio ossificado e serrilhado; a caudal pode mostrar as
bordas escuras.
Este peixe parece um pequeno mandubé – daí, talvez, os
nomes mandubé-fidalgo e mandubé-jiquiri, que também
lhe chamam na região.
É espécie pouco abundante. Ocorre tanto nos rios, quanto nos igarapés e nos lagos.
Alimenta-se de minúsculos peixes, camarões e larvas.
Mede 17cm de comprimento e pesa cerca de 80g.
Captura-se, comumente, de rede e tarrafa.
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Patista
Pseudauchenipterus nodosus (Bloch, 1794)
O corpo do papista é esbranquiçado, com o dorso escuro;
a cabeça, bem ossificada, e as nadadeiras peitorais e dorsal apresentam espinhos duros, aguçados e fortes.
Comumente alcança 17cm de comprimento. É onívoro.
De moderada ocorrência no baixo Mearim, entre novembro e fevereiro, o papista desova no seco, esperando a maré
para levar os ovos para a água.
São facilmente capturáveis com anzol, rede ou tarrafa.
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Capadinho
Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766)
Outros nomes: bagrinho, anojado, anuiá, cabeça-de-ferro, cachorro-de-padre, cangati.
É um peixe curto, flácido e de pele lisa, ou melhor, de couro, como se chamam popularmente os destituídos de escamas ou placas ósseas. A cor escura e manchada de quase
todo o corpo contrasta com seu ventre claro. A cabeça tem
crânio forte, olhos pequenos e focinho arredondado. A nadadeira dorsal é pequena e, como as peitorais, apresenta o
primeiro espinho duro e serrilhado. A nadadeira anal é carnosa na base, e a caudal, espatulada, tem a borda terminal
oblíqua.
Vive na região marginal dos rios, lagos e igarapés.
Pode atingir cerca de 18cm de comprimento e 100g.
Pescam-no de linha, rede, tarrafa, choque, gaiola e caniço
com isca de gongo, nos aningais e matas alagadas, nas noites escuras do final da temporada chuvosa (maio-junho).
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Lírio
Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1840)
Outros nomes: jurupoca, bico-de-pato.
O lírio mostra o corpo curto e distendido na região abdominal, de cor acinzentada para cinza-rosada no dorso e
parte dos flancos. Daí para o ventre é alvacenta. Na região
da linha lateral, um pouco afastada da abertura branquial,
até a base da nadadeira caudal, inscrevem-se cerca de oito
máculas alinhadas longitudinalmente. As nadadeiras são
transparentes e levemente manchadas no indivíduo adulto. Sua cabeça é grande, com a mandíbula avançada.
É espécie de ocorrência fluvial e lacustre, escassa no rio
Mearim e declinante no Pindaré.
Pode atingir aproximadamente 50cm de comprimento e
pesar 5kg. Atualmente, porém, são incomuns espécimes
assim avantajados na região.
A rede e o espinhel são as práticas comuns de sua captura.
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Mandi
Pimelodus blochii Valenciennes, 1840
Outro nome: mandií.
Entre as espécies na região a que o povo chama mandi, a mais
ocorrente é a cinza-amarelada, de corpo intumescido na parte
anterior e comprimido na parte posterior, cabeça cônica, olhos
graúdos, boca pequena. São pungentes os primeiros espinhos de
suas nadadeiras peitorais e dorsal, em cuja base, e sobre a placa
nucal, percebe-se uma mácula escura. Os barbilhões maxilares
extensos superam os mandibulares.
O mandi habita as águas mansas dos rios, igarapés e lagos.
Alimenta-se de minúsculos peixes, larvas, camarões, frutinhos e
detritos.
O exemplar da foto mediu cerca de 25cm de comprimento. Existem espécimes um pouco maiores.
Variadas são as práticas de sua captura: tarrafa, rede, gaiola e
anzol.
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Mandi - lírio
Pimelodus ornatus Kner, 1858
Outros nomes: mandiaçu, mandiguaçu.
Espécie pouco abundante, o mandi-lírio exibe um sinal
bem particular: uma mácula escura em sua nadadeira dorsal. No trajeto longitudinal do corpo, acima da linha lateral
até o dorso, é escuro. Por baixo é esbranquiçado, salvo a
parte anterior dos flancos, que é cinza-escura. A nadadeira caudal, ampla, bem furcada, ou mesmo lunada, mostra
regiões escuras nas bordas internas. As outras nadadeiras
são claras e sem manchas.
Pelo que nos afirmam, é peixe mais comum nos rios e bocas de igarapés.
A rede é um bom utensílio para sua captura.
O exemplar da foto, considerado de bom tamanho, mediu
37cm e pesou 600g. Na apreciação de pescadores locais,
existem espécimes moderadamente mais avantajados.
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Surubim
Pseudoplastystoma fasciatum (Linnaeus, 1766)
Outros nomes: pintado, surubim-pintado.
O surubim apresenta o corpo alongado e roliço, porém os
espécimes avantajados e gordos são encorpados nas regiões
peitoral e ventral – essa, esbranquiçada. Sobre o dorso e os
flancos escuro-acinzentados, correm rajas pardas, irregulares, quase verticalizadas. A cabeça, grande, escura por cima
e pelos lados, centraliza no topo um sulco longitudinal notável, a fontanela. As nadadeiras são pontilhadas de escuro em
fundo claro, destacando-se a caudal, extensa e furcada.
Pode atingir 1,5m de comprimento e 35kg, mas são raros
esses espécimes. Atualmente, poucos superam os 5kg.
Habita, comumente, o fosso dos lagos, rios e igarapés.
É carnívoro e facilmente capturável com anzol, rede e tarrafa.
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Surubim
Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801)
Outros nomes: bico-de-pato, braço-de-moça.
O tubajara apresenta o corpo alongado e roliço, com a
cabeça deprimida e os olhos bem laterais, alinhados com
o canto da boca. O maxilar muito avançado ultrapassa a
mandíbula, e deixa a placa dentígera exposta. Longitudinalmente, na região entre o dorso e linha lateral, é escuro
– da cabeça à nadadeira caudal. Dessa linha para baixo é
alvacento.
Vive nos lagos, rios e bocas de igarapés. Do seu apetite
voraz, fala o pescador Mequeca: “Tão comilão é o tubajara
que, depois de empanturrar-se de pequenos peixes e camarões, dos quais se alimenta, regurgita na água o que no
bucho não coube, mas os ‘olhos maiores que a barriga’ os
fizeram ingerir”.
Atinge cerca de 40cm de comprimento e pesa 400g, mas
atualmente são raros esses espécimes na região pesquisada.
Captura-se de caniço, linha, espinhel e, ocasionalmente,
nas tapagens de igarapés.
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Mandi-mole
Pimelodella cristata (Müller & Troschel, 1848)
O mandi-mole tem, como particularidades físicas bem
evidentes, o corpo alongado e a extensa nadadeira adiposa.
A cabeça cônica, os olhos graúdos e a boca pequena, com
barbilhões compridos, muito se assemelham aos do Pimelodus blochii (mandi, ou mandií). Vive nos igarapés, rios e
lagos, e também alimenta-se de larvas, camarões, pequeninos peixes, frutinhos da mata ciliar e detritos.
Captura-se, comumente, com gaiola e tarrafa.
O exemplar da foto, considerado de bom tamanho, mediu
20cm de comprimento e pesou 60g.
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Jandiá
Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824)
Trata-se de um siluriforme de corpo enegrecido, longa
nadadeira adiposa, freqüente nos igarapés escuros e sombrios da região.
É peixe fundamentalmente carnívoro.
Sua captura se faz com anzol, rede, tarrafa e paritá.
São consideráveis por aqui os espécimes que atingem
25cm de comprimento e pesam 150 gramas, como o do
exemplar fotografado.
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Reque-reque
Aspredo aspredo (Linnaeus, 1758)
Outros nomes: rabeca, rabo-de-couro.
A configuração do reque-reque, concebida pela cabeça e
pelo tronco, lembra um losango. Seu corpo progride subcilíndrico, comprimindo-se e afilando-se ao final. Seu dorso
exibe uma linha longitudinal proeminente. Assim, também,
a linha dos flancos, evidente na parte posterior. A face superior da cabeça mostra linhas ósseas protuberantes. O
maxilar projetado, com barbilhões muito curtos, deixa a
placa dentígera livre. Os barbilhões mandibulares são diminutos. As nadadeiras peitorais têm o primeiro espinho
duro, com as bordas serrilhadas. A anal é longa, e a caudal,
delicada, mostra a borda truncada. Manchas amarronzadas disseminam-se-lhe irregularmente pelo corpo, exceto
no ventre, esbranquiçado.
É espécie estuarina, mas entre agosto e dezembro ocorre,
pouco abundante, no baixo curso do rio.
Os maiores exemplares capturados mediram 17cm de
comprimento e pesaram 15g.
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Família Callichthyidae
Duas espécies ocorrem na região: o tamatá-preto, igualmente conhecido como tamatá-cambel, ou sete-léguas (Hoplosternum littorale), e o tamatá-branco (Megalechis thoracata). Ambos aproximam-se no comprimento – cerca de
17cm – mas ostentam algumas diferenças evidentes: o primeiro é mais alongado e mostra o topo da cabeça mais
achatado do que o do segundo, de corpo entroncado e osso
coracóide notável.
Uma e outra espécies têm o corpo subcilíndrico escuro,
revestido de duas séries verticais de placas ósseas imbricadas, que se tocam no meio dos flancos, e aí desenvolvem
uma linha em ziguezague. Os barbilhões membranosos –
um par em cada comissura – são unidos na base. As nadadeiras peitorais e a dorsal têm os primeiros espinhos duros, ásperos, mas não são pungentes. A nadadeira adiposa
começa com um espinho retrorso, e a caudal, espatulada,
tem a borda truncada.
Os tamatás habitam as águas pouco profundas, escuras
e lênticas dos lagos e das lagoas, que eventualmente têm
reduzidíssimo teor de oxigênio. Além de subsistirem longas
horas fora de seu ambiente natural, ainda empreendem
mudanças, serpenteando pelo chão, de um para outro ambiente, quando o primitivo tende a secar. Nessa viagem atípica para um peixe, uma modificação do aparelho digestivo
lhes faculta armazenar oxigênio para respirar.
Choque e a tarrafa são os utensílios usuais de sua captura.
Nota: Os habitantes da região dizem que só a espécie tamatá-preto empreende viagens terrestres,
advindo dessa façanha o nome de sete-léguas que lhe aplicam. Falam, ainda, que essa espécie é
mais resistente às condições de severidade da água.
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Tamatá-preto
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828)
Tamatá-branco
Megalechis thoracata (Valenciennes, 1840)
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Família Loricariidae
As espécies da numerosa família Loricariidae são denominadas na região pelos nomes populares acari, bodó, niquinho e viola. Complicadas em sua sistemática, apresentam o
corpo revestido de placas ósseas freqüentemente manchadas, formando às vezes pequenas máculas bem delimitadas.
As nadadeiras exibem o primeiro raio bem ossificado, mas
não são à guisa de acúleos. A boca, em forma de ventosa,
com dentículos especializados, raspa, do substrato, lodo e
algas para o seu alimento. Na apreciação de estudiosos,
grande número dessas espécies apresenta respiração acessória, prestada por seu estômago vascularizado. Daí poderem viver fora d’água demoradamente. O intestino, longo e
enovelado, lhes oportuniza melhor absorção dos alimentos.
São pouco prolíferas, razão que lhes impõe zelo com a
prole, para garantirem a perpetuação da espécie. Por isso,
guardam seus ovos e crias nos buracos das barreiras imersas, e aí montam vigilância. É o que fazem os bodós. As
violas, entretanto, os protegem em suas pregas labiais.
Quanto à configuração, as violas são alongadas e leves, e
podem medir cerca de 30cm. Seu pedúnculo caudal é deprimido. Não apresentam a nadadeira adiposa, e sua nadadeira caudal termina às vezes por um filamento comprido.
Não têm essa configuração os niquinhos, os acaris, e os
bodós. Esses dois últimos, mais evidentemente, são encorpados, tendo o pedúnculo caudal arredondado. Sua nadadeira adiposa inicia-se com um espinho retrorso. Confrontando-se o bodó com o acari, o primeiro é mais avantajado.
Pode exceder de 40cm e pesar cerca de 1kg. O acari é amarelado. O minúsculo niquinho raramente alcança 10cm de
comprimento.
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Niquinho
Hypoptopoma sp.
Acari
Hypostomus cf. plecostomus
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Bodó
Liposarcus cf. pardalis
Viola
Loricaria sp.
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Viola - barbuda
Rineloricaria sp.
Viola - bicuda
Rineloricaria sp.
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Tubi
Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801)
Outros nomes: ituí, tuvira.
É uma espécie de corpo muito comprimido, longo e com
escamas insignificantes, que se fazem mal-percebidas. O
afilamento que discorre o corpo do tubi em direção posterior
é excessivamente exagerado, o que faz o pedúnculo caudal
aparentar um cordão alongado, achatado e fino. Nos flancos, após a abertura branquial, nota-se uma mácula escura. A cabeça é cônica, com os olhos minúsculos. Apresenta
apenas as nadadeiras peitorais e uma anal, muito longa.
Vive nas águas calmas das margens dos rios e igarapés,
alimentando-se de insetos, pequenos peixes e camarões.
Pode atingir cerca de 45cm de comprimento.
Captura-se, comumente, de anzol ou tarrafa.
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Tubi - terçado
Rhamphichthys marmoratus Castelnau, 1855
Outros nomes: tubi-facão, ituí-terçado.
Como o outro tubi, esse apresenta, do mesmo modo, o
corpo fortemente comprimido, alongado, afilado excessivamente para a parte posterior, coberto de escamas minúsculas, tomado de manchas escuras, difusas e indefinidas.
Também só apresenta as nadadeiras peitorais e uma anal
muito longa. A cabeça é prolongada por um focinho tubular, com a boca reduzida.
Ocorre, comumente, nas águas sossegadas das margens
dos rios, lagos e igarapés. Alimenta-se de pequenos organismos – vermes, larvas, insetos, crustáceos – que vivem
na lama e sob a liteira.
Em geral, atinge cerca de 70 cm de comprimento e pesa
300g, aproximadamente.
Sua captura se faz, no mais das vezes, com tarrafa ou
rede.
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Sarapó
Gymnotus carapo Linnaeus, 1758
O sarapó exibe o corpo escuro, rajado obliquamente, e
com grande variação pigmentar, revestido de escamas minúsculas e aderentes, que podem até passar despercebidas.
Da cabeça para o meio do corpo, é subcilíndrico. Daí para
o final, vai progressivamente se comprimindo e afilando. A
cabeça é cônica, com os olhos minúsculos. A mandíbula,
com os dentículos mais evidentes que os do maxilar, exibe
um moderado prognatismo. Possui as nadadeiras peitorais
e uma anal muito longa – cerca de 80% do comprimento do
corpo.
De modo geral, ocorre nas águas escuras dos igarapés e
córregos, sendo mais capturável entre agosto e dezembro,
quando esses ambientes ficam mais rasos.
A captura com tarrafa é a mais usual.
Na região, o sarapó é mais utilizado como isca do que
como alimento.
O exemplar da foto mediu 34cm de comprimento.
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Poraqué
Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766)
Outros nomes: poraqué, peixe-elétrico.
Corpo subcilíndrico, escuro e descamado, pelo qual se
disseminam pequenas máculas amareladas, o poraqué tem
cabeça achatada, olhos pequenos e boca rasgada. O papo
e o ventre são marrom-avermelhados. Apresenta as nadadeiras peitorais pequenas, e uma anal longa e franjada,
que, na extremidade posterior do corpo, forma uma pseudo-nadadeira caudal. Vale-se da mucosa bucal, ricamente vascularizada, para efetuar a respiração aérea, quando
vem à tona. Privado dessa respiração suplementar, morre
por asfixia.
Das 250 espécies de peixes produtores de eletricidade
que se estimam existir, no mar e na água doce, esse habitante de muitas bacias sul-americanas é o mais potente na
produção de descargas elétricas. Seus órgãos elétricos situam-se ao longo dos flancos, e, como “baterias”, esgotamse à medida que emitem descargas, de potencial tanto mais
elevado quanto maior for o espécime, chegando a 600 volts
ou mais. Com essas descargas, defende-se de predadores e
imobiliza as suas presas, para devorá-las. Esgotando suas
“baterias”, precisa de tempo para “recarregá-las”.
Atingindo cerca de 2m de comprimento, 10kg e uns 15cm
de diâmetro, o poraqué vive em águas escuras e sombrias
dos pequenos cursos d’água, lagos e lagoas mearinenses,
onde eventualmente surpreende, com violentas descargas,
animais e pessoas que ali penetrem.
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Tralhoto
Anableps anableps (Linnaeus, 1758)
Outro nome: quatro-olhos.
É peixe alongado, subcilíndrico, escamado. Caracterizase pelo olho grande, globoso e saliente, dividido horizontalmente por uma delicada pele: a parte superior lhe dá a
visão aérea, e a parte inferior, submersa, a visão aquática.
A nadadeira anal modificada do macho, denominada gonopódio, é o seu órgão sexual intromitente, e uma particularidade referencial para distingui-lo da fêmea. É ovovivíparo. Nada rente à superfície d’água e, quando ameaçado,
defende-se emitindo saltos.
Típico de águas estuarinas, o tralhoto ocorre desde o sul
do México ao norte da América do Sul. A faixa ocorrencial
da espécie no rio Mearim situa-se nas proximidades da
confluência do rio Pindaré para jusante.
Pode alcançar 25cm.
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Muçum
Synbranchus marmoratus Bloch, 1795
Outro nome: muçu
O muçum é representante, no Brasil, da família Synbranchidae, de raras espécies, ocorrentes ainda na África e na
Índia.1 Seu corpo é serpentiforme, amarelado ou escuro, descamado e mucoso, com pregas carnosas lembrando nadadeiras dorsal e anal. Pode viver longo tempo fora d’água e
em galerias no barro, quando ficam secos os lamaçais, onde
freqüentemente habita.
Revelação curiosa de nossa pesquisa é que a fêmea, após o
primeiro período reprodutivo, muda de sexo: transforma-se
em macho.
Pelo que informam pescadores da região, o muçum atinge
1,5m de comprimento. Temos ouvido encômios sobre a espécie, servida guisada, frita ou assada. São raros, porém, na
região, os adeptos da iguaria.
Pescam-no de tarrafa, choque, anzol, ou com vara de gancho, quando entocados. Mas os ribeirinhos do Mearim não
são costumeiros pescadores do muçum.
1
Estudos recentes comprovam a existência de outras espécies confamiliares ao muçum
no Brasil, como a lampréia do Pará, forma ainda não descrita pela ciência.
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Família Centropomidae
Os camurins são peixes de porte médio, alongados, com
um rostro cônico de perfil encurvado e afilando adiante. De
coloração prateada, possuem a parte espinhosa da nadadeira dorsal separada da parte raiada, as nadadeiras pélvicas
quase sob as peitorais, e a nadadeira anal antecedida por
um forte acúleo.
Conforme registros, quatro espécies de camurim ocorrem
no ambiente marinho brasileiro. Duas dessas, pelo que informam pescadores regionais, aparecem no baixo Mearim,
entre outubro e março. Uma delas é o camurim-preto, camurim-flecha, ou robalo (Centropomus undecimalis), de linha lateral bem pigmentada, de aproximadamente 1,30m de
comprimento e 20kg. Esta espécie é mais avantajada, porém
menos ocorrente que a congênere, denominada camurim-branco, camurim-peba ou, também, robalo (Centropomus
parallelus). Esta última tem a linha lateral menos pigmentada, porém evidente. Mede cerca de 50cm de comprimento e
pesa 3kg, aproximadamente.
Vorazes, ágeis e bons nadadores, os camurins alimentamse de peixes e crustáceos.
Geralmente, são capturáveis de rede, e têm ótima aceitação como alimento.
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Camurim-branco
Centropomus parallelus Poey, 1860
Camurim-branco
Centropomus parallelus Poey, 1860
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Pescada
Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840)
Outro nome: pescada-branca.
É peixe de escamas miúdas, ásperas e prateadas, que
refletem, às vezes, tonalidades esverdeadas no lombo. Tem
a boca largamente fendida, dentes aguçados, olhos desenvolvidos. A linha lateral, bem notável, progride sobre a nadadeira caudal, lanceolada e escamada. A nadadeira dorsal
é longa, com um entalhe separando a parte anterior, de espinhos rijos, da posterior, de raios moles. Na base das peitorais elevadas, ou axilas, exibe uma mácula escura, que
vale como sinal particular da espécie.
Uma riquíssima variedade de espécies da família Sciaenidae ocorre no ambiente marinho ou estuarino. Mas o
exemplar que se expõe é um representante de água doce
ocorrente no rio Mearim.
Alimenta-se de camarões e pequenos peixes.
Pode atingir 50cm de comprimento e pesar 5kg, aproximadamente.
A rede e o anzol são utensílios comuns para capturá-la.
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Família Cichlidae
As espécies da numerosa família Cichlidae ocorrentes na
região distinguem-se pelo corpo ovalado, salvo o do peixesabão (Crenicichla lugubris), que é alongado e subcilíndrico. Exibem escamas ásperas, linha lateral interrompida no
terço final do corpo, com outra prosseguindo abaixo, nadadeiras ventrais na posição das peitorais elevadas, nadadeira
anal com os primeiros raios pungentes – mais evidenciados
na carambanja (Heros severus) – e nadadeira caudal com a
borda truncada ou arredondada.
Pelo que aqui se fala, só o peixe-sabão pode ultrapassar
17cm de comprimento.
Essas espécies têm acentuada preferência pelas águas
escuras e lênticas dos igarapés e lagos.
Sua captura usual se faz com tarrafa, rede e choque, mas
com anzol também se captura a carambanja.
Particularidades individuais das espécies:
Associadas ao que de geral se diga da família, o peixesabão, de corpo alongado e subcilíndrico, exibe dois ocelos
nos extremos do corpo: um, inconspícuo, no lombo, e outro, evidente, circundado de pontículos áureos, na base da
nadadeira caudal.
A carapitanga, Geophagus surinamensis, com formações
lineares alaranjadas, tem uma discreta mácula acinzentada
no meio do corpo.
A carambanja, arredondada, verde-escura, quase negra,
é a mais abundante na região e a mais resistente às condições de severidade da água: baixas taxas de oxigênio e
variação da temperatura.
O cará-bicudo, Satanoperca jurupari, com focinho pontudo, escamas verde-escuras, mostra uma mácula na parte superior da base da nadadeira caudal.
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Peixe-sabão
Crenicichla lugubris Heckel, 1840
Carapintanga
Geophagus surinamensis (Bloch, 1791)
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Carambanja
Heros severus Heckel, 1840
Cará-bicudo
Satanoperca jurupari (Heckel, 1840)
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Cará-bicudo
Achirus achirus (Linnaeus, 1758)
Outros nomes: aramaça, soia, chula
Lado direito
Lado esquerdo
Apresenta o corpo ovalado, revestido de escamas duras,
ásperas e aderentes, sobressaindo-se duas grandes nadadeiras que circundam quase todo o corpo: a dorsal e a anal.
A boca é enviesada. Nos momentos iniciais da vida, no entanto, a solha parece um peixinho comum – uma piabinha,
por exemplo – nadando à flor d’água. Decorridas algumas
semanas, seu corpo vai se modificando: o olho esquerdo
passa para o lado direito ou face superior, que é escura e
manchada, com cerca de oito linhas transversais esparsas,
e linha lateral evidente. Na face inferior esbranquiçada (ou
“cega”), correspondente ao lado esquerdo do peixe jovem,
é que a solha descansa o corpo no fundo lodoso onde comumente vive. Nada de prancha, e em curtos intervalos,
impulsionada pelas vigorosas ondulações verticais da nadadeira caudal.
De origem marinha, geralmente ocorre no Mearim nos
primeiros meses do ano.
Mede cerca de 12cm de comprimento, mas se conhece
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Índice
Espécies da flora do Mearim
Flor de Jeniparana
Índice
105
105//131
131
Fruta de Rato
Índice
106
106 // 131
131
Flor Juliana
Índice
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Flor de Salsa
Índice
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Flor de Lírio
Índice
109
109 // 131
131
Flor de Mururu
Índice
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Flor de Lacre
Índice
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Jiquiri
Índice
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OS PEIXES DO MEARIM
por seus nomes populares
NOME DO PEIXE
Acará
Acará-preta
Acari
Acari-branco
Anojado
Anuiá
Apapá-amarelo
Aracu
Araguaguá
Aramaça
Arangau
Arraia
Arraia-pintada
Bacu-de-litra
Bagre
Bagre-catinga
Bagrinho
Bico-de-pato
Bodó
Boi-de-carro
Botinho
Braço-de-moça
Bocudo
Branquinha
Cabeça-de-ferro
Cabeça-gora
CATALOGADO COM O NOME DE:
Carambanja
Acari-branco
Capadinho
Dourada
Aracu
Espadarte
Solha
Sardinha-de-gato
Arraia-pintada
Corró
Bagre
Capadinho
Lírio, tubajara
Bodó
Mandi-tatu
Tubajara
Mandubé-sapo
Choradeira, tapiaca
Capadinho
Cabeça-gorda
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NOME DO PEIXE
Cachorrinho
Cachorro
Cachorro-de-padre
Camurim
Camurim-branco
Camurim-flecha
Camurim-peba
Camurim-preto
Camuripema
Camurupim
Cangati
Capadinho
Cará
Cará-bicudo
Carambanja
Carapitanga
Cará-de-cavalo
Caratinga
Carcunda
Carrau
Cascudo
Choradeira
Chula
Corimba
Corimbatá
Corró
Crumatá
Curimatã
Dourada
Fidalgo
CATALOGADO COM O NOME DE:
Cachorro
Capadinho
Camurim, peixe-sabão
Camurim
Pirapema
Capadinho
Carambaja
Cará-bicudo
Carambanja,Carapitanga
Carapitanga, Cará-bicudo
Cará-bicudo
Carapitanga
Carcunda
Corró
Choradeira
Solha
Curimatá
Corró
Curimatá
Curimatá
Dourada
Cabeça-gorda, mandubé-pema,
mandubé-sapo
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NOME DO PEIXE
Espadarte
Flecheiro-voador
Icanga
Ituí
Ituí-terçado
Jacundá
Jandiá
Jatuarana
Jeju
Jigue-jigue
João-duro
Jotoxi
Jurupari
Jurupiranga
Jurupoca
Jutuarana
Lavina
Lírio
Maiacá
Mandiaçu
Mandi-bicudo
Mandiguaçu
Mandi
Mandií
Mandi-leiteiro
Mandi-lírio
Mandi-mole
Mandi-peruano
Mandi-tatu
Mandubé
CATALOGADO COM O NOME DE:
Espadarte
Urubarana
Sardinha-de-gato
Tubi
Tubi-terçado
Peixe-sabão
Jandiá
Urubarana
Jeju
Corró
João-duro
Viola
Cará-bicudo
Jurupiranga
Lírio
Urubarana
Tarira
Lírio
Peixe-cachorro
Mandi-lírio
Mandi-tatu
Mandi-lírio
Mandi
Mandi, mandi-lírio
Cabeça-gorda
Mandi-lírio
Mandi-mole
Cabeça-gorda
Mandi-tatu
Mandubé-pema, mandubé-sapo
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NOME DO PEIXE
Mandubé-fidalgo
Manbubé-jiquiri
Mandubé-pema
Manduvê
Mandubé-sapo
Manjuba
Maria-de-fátima
Medalha
Minguilista
Muçu
Muçum
Niquinho
Pacu
Pacuzinho
Pampo
Papa-terra
Papista
Pau-de-nego
Peixe-cachorro
Peixe-elétrico
Peixe-pedra
Peixe-sabão
Peixe-serra
Pescada
Pescada-branca
Piaba
Piau
Piau-cabeça-gorda
Piau-de-coco
Piau-de-vara
Pintado
CATALOGADO COM O NOME DE:
Cabeça-gorda
Mandubé-pema
Mandubé-sapo
Peixe-cachorro
Tarira
Pacu
Sardinha-de-gato
Muçum
Niquinho
Pacu
Cará-bicudo
Papista
Tarira
Peixe-cachorro, sardinha-de-gato
Poraqué
Carapitanga
Peixe-sabão
Espadarte
Pescada
Piaba
Piau, aracu
Piau
Piau
Aracu
Surubim
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NOME DO PEIXE
Pirambeba
Piranha
Piranha-ambel
Piranha-ambéua
Piranha-branca
Piranha-caju
Pirapema
Pongó
Poraqué
Poraquê
Quatro-olhos
Quiri
Rabeca
Rabo-de-couro
Raia
Reque-reque
Robalo
Sábalo
Sarapó
Sarda
Sardinha
Sardinha-de-gato
Sardinha-dourada
Sardinha-papuda
Sardinha-pitiú
Serra
Soia
Solha
Sulamba
Surubim
Surubim-pintado
CATALOGADO COM O NOME DE:
Piranha-ambel
Piranha
Piranha-ambel
Piranha
Pirapema
Tarira
Poraqué
Tralhoto
Corró
Reque-reque
Arraia-pintada
Reque-reque
Camurim
Pirapema
Sarapó
Dourada
Sardinha
Sardinha-de-gato,peixe-cachorro
Dourada
Sardinha
Peixe-cachorro
Espadarte
Solha
Solha
Tarira
Surubim
Surubim
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NOME DO PEIXE
Tamatá
Tapiaca
Tarira
Tarpon
Traíra
Tralhoto
Tubajara
Tubi
Tubi-terçado
Tubi-facão
Tuvira
Uéua
Urubarana
Viola
Viola-barbuda
Ximbé
CATALOGADO COM O NOME DE:
Tamatá
Tapiaca
Tarira
Pirapema
Tarira
Tralhoto
Tubajara
Tubi
Tubi-terçado
Tubi
Cachorro
Urubarana
Viola
Viola-barbuda
Mandubé-pema
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GLOSSÁRIO DE TERMOS
CIENTÍFICOS E LOCAIS
Abertura branquial - Abertura existente de cada lado na parte posterior da cabeça dos peixes ósseos, pela qual lhes sai a
água que penetra pela boca, no processo respiratório. É recoberta por um osso que lhe serve de tampa, o opérculo.
Acúleo - Estrutura óssea rígida e pungente, modificação de
um ou mais espinhos das nadadeiras de certos peixes, como
os bagres.
Alevino - O peixe no estado inicial de seu desenvolvimento,
após ter absorvido o saco vitelínico.
Barbilhão - Cada um dos “bigodes” ou filamentos carnosos
que alguns peixes, notadamente os bagres, exibem na região
do rostro ou junto à mandíbula.
Bentônico - Condição de organismo que vive junto ao fundo
de um ambiente aquático. Contrasta com pelágico.
Brânquia - Órgão respiratório dos animais aquáticos, estrutura vascularizada onde o sangue é oxigenado pela corrente
de água renovada que passa por ela.
Choque - Cesto cônico, aberto nas
extremidades, preparado com varas
ou fasquias de marajá e comumente
apropriado para capturar espécies de
regiões pantanosas.
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Caniniforme - Semelhante ao dente canino, ou seja, com a
ponta cortante.
Cintura escapular - Nos peixes, conjunto de ossos presos ao
crânio que sustentam o par de nadadeiras peitorais.
Clásper - Modificação da nadadeira pélvica dos machos de
tubarões e arraias, formando uma estrutura intromitente
para a cópula.
Comprimido - Achatado lateralmente. É o formato geral do
corpo de vários peixes ósseos, como a piranha, a curimatá e
a piaba.
C’roa-de-lama - Banco de lama depositado nas embocaduras de cursos d’água, conseqüência aluvial.
Deprimido. Achatado dorsoventralmente, como as arraias.
Dimorfismo sexual - Propriedade pela qual o homem distingue os machos das fêmeas de uma espécie.
Dulciaqüícola - Que vive na água doce. Também referido
como dulcícola.
Espécie - Conjunto de populações de organismos geneticamente coerentes entre si, e distinto de qualquer outro conjunto constituído da mesma maneira. Na prática, essa distinção
pode ser feita na medida em que os indivíduos de uma mesma espécie podem se cruzar entre si e originar descendentes
Gongo - Larva de besouro encontrada
no interior da inflorescência madura
do tucum (Astrocaryum sp.), usada especificamente na pesca do capadinho,
quando para isso se utiliza o caniço.
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férteis, enquanto indivíduos de espécies diferentes que eventualmente se cruzem teriam descendentes inviáveis ou estéreis. A espécie é a menor unidade de classificação biológica
entre os sistematas.
Espinho - Elemento de sustentação de uma nadadeira, rijo,
inteiro (não segmentado), sem ramificações. Contrasta com
raio. Não deve ser confundido com acúleo, que é o nome do
“espinho” das nadadeiras dorsal e peitoral dos bagres e mandis.
Espiráculo - Orifício situado atrás do olho dos peixes cartilaginosos, por onde entra a água que utilizam na respiração. É
uma derivação da primeira fenda branquial, modificada.
Fendas branquiais - Nos peixes cartilaginosos, aberturas verticais pelas quais sai a água que penetra pela boca durante a
respiração. Variando de cinco a sete em número, situam-se
na parte inferolateral atrás dos olhos nos tubarões, e ventralmente e um pouco atrás da boca nas arraias. Essas fendas
não possuem uma tampa equivalente ao opérculo dos peixes
ósseos.
Fontanela - Fenda coberta de pele no topo do crânio de alguns peixes.
Frugívoro - Que se alimenta de frutos.
Furcado - Em forma de forquilha, o mesmo que bifurcado.
Jeniparana (Gustavia augusta) Arbusto típico de áreas temporariamente inundadas. Pode atingir cerca
de 4m de altura. Floresce entre setembro a dezembro. As flores são grandes,
belas alvas e aromáticas.
Dizem que a raspagem da casca da jeniparana é contraveneno para mordeduras de cobras peçonhentas
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Geralmente, diz-se da nadadeira caudal dividida em dois ramos, um superior e outro inferior, que ocorre em peixes como
o mandi, o surubim, o aracu.
Gadanho - Instrumento de pesca que consiste de um facão
com um anzol preso na ponta, utilizado para espetar peixes
grandes.
Gibosidade - Corcunda. Elevação brusca no perfil logo após
a cabeça, em alguns peixes, como aquele que, por isso mesmo, tem o nome popular de carcunda.
Hábitat - Ambiente em que normalmente vive um organismo.
Hemácia - Glóbulo vermelho do sangue. Célula que tem como
função o transporte de gases envolvidos na respiração.
Herbívoro - Que se alimenta de material vegetal.
Ictiofauna - Fauna de peixes.
Igarité - Embarcação alongada, estreita, de pequeno calado,
propulsionada por motores de 5 a 18hp, com capacidade raramente superior a duas toneladas.
Iliófago - Que se alimenta de lodo.
Jurupopoca de bagre - Na região do Mearim, ruidosa movimentação que acontece com os cardumes de bagre, quando
estes peixes, levado por seu apetite voraz, viajam rio acima,
devorando tudo o que lhes apeteça. O fenômeno, também chamado pororoca de bagre, apavora as populações ribeirinhas.
Mata-pasto (Senna alata) - Planta arbustiva muito comum nos campos baixos. O início da eflorecência, segundo
os habitantes da região, é prenúncio do
fim da estação chuvosa.
O sumo extraído das folhas trituradas
do mata-pasto dizem ser remádio eficaz
na cura da micosa, vulgarmente denominada titinga ou pano-branco
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Lajem - Vide seco.
Larva - Fase inicial de vida de muitos organismos, como os
insetos e a maioria dos peixes, na qual o jovem indivíduo tem
um aspecto muito diferente do adulto.
Lêntico - Referente a sistemas de águas paradas ou com
pouco movimento, como a água dos lagos. Contrasta com
lótico.
Liteira - Camada de material orgânico depositado no fundo
das águas, constituída principalmente de folhas mortas e em
decomposição. É um hábitat no qual vivem pequenos animais
como vermes, crustáceos e larvas de insetos, que constituem
importante fonte alimentar para muitos peixes.
Lótico - Referente a um sistema de águas correntes, como a
dos rios. Contrasta com lêntico.
Lunado - Em forma de meia-lua. Refere-se à nadadeira caudal de alguns peixes, cujas bordas sugerem esta forma.
Marajá - Palmeira nativa (Bactris sp.) das áreas alagadas, de
madeira dura.
Muco - Substância viscosa segregada por membranas mucosas ou por glândulas. Na pele dos peixes existem glândulas
secretoras de muco, que os tornam escorregadios e lhes facilitam a natação.
Munzuá - Utensílio cilíndrico, com
uma abertura em armadilha, preparado com varas ou fasquias de marajá e usado para pescar a piranha.
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Multicuspidado - Diz-se do dente que tem várias pontas, ou
cúspides.
Ocelo - Olhinho. Mancha arredondada que lembra um olho.
Onívoro - Que se alimenta, indistintamente, de substâncias
animais e vegetais.
Opérculo - Tampa óssea que recobre a abertura branquial,
protegendo as brânquias.
Paritá - Cerca de talo construída fora do ambiente aquático,
que atravessa os igarapés na maré enchente, para facilitar a
captura de peixes no refluxo das águas. É retirada depois da
pesca e guardada para reutilização em outra oportunidade.
Pelágico - Condição de organismo que vive na coluna d’água
de um lago, rio ou oceano. Contrasta com bentônico.
Perifíton - Comunidade complexa de animais, plantas, algas
e detritos que aderem a objetos submersos em água doce, e
formam uma camada orgânica superficial sobre eles.
Piracema - Movimento migratório que fazem certas espécies
de peixes, à procura de ambientes favoráveis para a desova,
como os lagos e os campos inundáveis da Região Mearinense.
Piscívoro - Que se alimenta fundamentalmente de peixes.
Placa dentígera - Placa óssea situada no céu da boca de alguns peixes, sobre a qual se agrupam dentes miúdos.
Pororoca - Onda de maré de grandes
proporções que adentra ruidosamente
a foz do rio e provoca uma frente muito alta, impossibilitando a navegação.
Ocorre em alguns rios de desembocadura costeira da Região Amazônica,
entre os quais o Mearim.
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Placa nucal - Formação óssea da base da nadadeira dorsal
dos peixes, particularmente nos bagres em geral. A placa nucal do mandi é bem evidente.
Plâncton - Conjunto de microorganismos animais e vegetais
que flutuam ao sabor da corrente.
Pororoca de bagre - Vide jurupopoca de bagre.
Potamoictiográfico- - Relativo a rios e aos peixes que
neles habitam.
Prognatismo - Condição em que uma das arcadas dentárias
se projeta à frente da outra, como ocorre com o tubajara (o
maxilar superior adiante da mandíbula) e o lírio (a mandíbula avançada em relação ao maxilar superior).
Protrátil - Que pode projetar-se ou distender-se para a frente, como a boca de alguns peixes.
Raio - Elemento de sustentação de uma nadadeira, flexível,
segmentado e geralmente subdividido na ponta. Contrasta
com espinho.
Retrorso - Voltado para trás, em particular um espinho ou
acúleo.
Rostro - Projeção do focinho de alguns animais, como o espadarte.
Seco - Baixio ou área rasa no fundo dos cursos d’água, formado por material sedimentado e compactado, às vezes atingindo grandes proporções. Também chamado lajem.
Vitelo - Substância encontrada no ovo que serve de alimento
ao embrião que aí se desenvolve.
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SOBRE O AUTOR
ÉDEN DO CARMO SOARES, filho de José Raimundo Soares e Francisca Ribeiro Soares, nasceu em Arari, Maranhão, à beira do rio Mearim, de quem sempre buscou e obteve inspiração, advindo-lhe gosto de navegá-lo em viagem
de lazer e de percuciente observação de estudo, dos quais
resultou este magnífico livro sobre a sua ictiofauna.
Reside em São Luís, onde exerce a atividade para a qual
se graduou, a de cirurgião-dentista. É oficial de reserva do
Quadro de Saúde do Exército Brasileiro e exerceu o magistério por longos anos. É conselheiro da Fundação Cultural
de Arari e membro fundador da Academia Arariense Vitoriense de Letras, ocupante da Cadeira nº 16, cujo patrono
é o seu pai, alfaiate, músico, bacharel em Geografia e escritor.
Ambientalista, preocupado com o destino do mundo, tem a
sua linha de atuação voltada para ações que tenham como
diretriz a melhoria das condições do ser humano e da natureza. Estudioso do Mearim, pretende abordar outros temas em torno do rio que elegeu como objeto primordial de
suas pesquisas.
Este seu trabalho é fruto do esforço próprio que exercita
em função do ideal que lhe enaltece o espírito.
José Fernandes
Escritor
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Editor: Jorge Murad
Edição: Instituto Geia
Produção Editorial: Josilene Maia
Editoração Eletrônica: Aline Durans e
Raimundo Queiroz (estagiário)
Fotografia: Éden do Carmo Soares
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Colaboradores: Éden do Carmos Soares, Horácio Higuchi ,
José Fernandes, José Sarney e Márcio Costa Fernandes Vaz
dos Santos.
Plural é uma publicação bimensal editada pelo Instituto Geia,
localizada na Av. Cel.Colares Moreira, nº 1, Q. 121, sala 102,
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ISSN: 2238-4413
As opiniões e conceitos emitidos pelos autores são de exclusiva
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nem do Instituto Geia. Sua publicação tem o propósito de estimular
o debate e refletir as diversas opiniões do pensamento atual.
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