número 10 junho / julho 2013 PEIXES DO MEARIM ÉDEN DO CARMO SOARES ÍNDICE número 10 junho / julho 2013 Apresentação Peixes, Paixão de Deus e de Éden José Sarney Ao Leitor Éden do Carmo Soares Prefácio Horácio Higuchi Nomenclatura externa de um peixe ósseo Éden do Carmo Soares O Rio: seu curso, seu ambiente Éden do Carmo Soares Os peixes Éden do Carmo Soares Sobre a nomenclatura científica e classificação adotadas Éden do Carmo Soares e Horácio Higuchi Classes Chondrichthyes Horácio Higuchi Classes Osteichthyes Horácio Higuchi O Mearim em números Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos Os peixes do mearim e seus nomes populares Éden do Carmo Soares Glossário de termos científicos e locais Sobre o autor José Fernandes Expediente Espécies da flora do Mearim APRESENTAÇÃO A décima edição da revista Plural é dedicada à reprodução do livro Peixes do Mearim, de autoria de Éden do Carmo Soares. Sexto título da Coleção Geia de Temas Maranhenses, publicado em 2005, este livro é o resultado de mais de dez anos de pesquisas realizadas no rio Mearim, entre as cidades de Arari e Bacabal, situadas a 80 e 308km, respectivamente, de sua foz. O tema principal de sua obra são as diferentes espécies de peixes que habitam o rio no trecho citado, como se adaptam, o que comem, como se reproduzem. Aqui estão, também, nas palavras do Autor, “rápidas considerações sobre os ambientes que definem, conservam, e asseguram as características da ictiofauna do Mearim: mata ciliar, campos inundáveis, lagos e igarapés, como partes relevantes de seu sistema fluvial”. Ambientalista, apaixonado pela sua terra (Arari) e pelo rio que atravessa o seu perímetro urbano, este trabalho é o testemunho de um autodidata que tem muito a nos ensinar. Jorge Murad Presidente do Conselho Deliberativo Instituto Geia Índice 3 / 131 Lago do Arari-açu Índice 4 / 131 Peixes, Paixão de Deus e de Éden José Sarney Gonçalves Dias, quando doente, pensando voltar ao Maranhão, não fez somente a Canção do Exílio, um poema extraordinário, e sem adjetivos. Em sua simplicidade, o sentimento da solidão e o desejo de voltar à sua terra. Em carta, também fala em “rever o Mearim”. Veja-se que ele, um homem do Itapecuru, nascido na região de Caxias, ao sonhar com a volta ao Maranhão, estava com as belezas do Mearim na cabeça. Na verdade, não há no Maranhão rio mais belo que o Mearim. Até hoje a natureza está intocada. O rio desliza majestoso, sob a sombra das árvores que se debruçam sobre as águas. Depois da foz do Grajaú, torna-se orgulhoso e forte, senhor do seu caminhar. As curvas longas e os terrenos baixos guardam as suas enchentes, sem destruir suas margens. E nisso, os campos que se alongam na margem esquerda protegem o rio. O Lago Açu, sangrando nos invernos, corre suas águas sob grandes florestas, em agressivos rodopios. Desaguando no Mearim, a tranquilidade do rio absorve o vigor das correntezas. Certamente, com o Grajaú, o Mearim torna-se mais piscoso. Espécies ali não perseguidas descem e se juntam às outras. É o reino do surubim grande, da curimatá que vem dos lagos, do pacu, da piranha e tantas outras que povoam essas águas. Deus fez os peixes no quinto dia: “Que as águas fiquem cheias de peixes, e Deus abençoou essas criaturas”. Éden do Carmo Soares tomou a paixão pelos peixes e seus mistérios, e deles se encantou. A imaginação do homem criou maravilhas sobre peixes e “monstros marinhos”, também expressão do Gênesis. Vários santos, decepcionados com os homens, resolveram falar aos Índice 5 / 131 peixes. Vieira, seguindo o exemplo do Pregador de Pádua ou Lisboa, falou aos peixes, três dias antes de deixar o Maranhão. E para cada um teve elogios e defeitos. É que todos eles eram estigmas, que usava para associar aos homens da terra. Louis Agassiz, para todos que gostam de estudar peixes, é uma referência insubstituível. Desde menino tinha aquários em casa, para observá-los. E o fez de todas as maneiras, vivos, mortos e fossilizados. Seu livro de viagem sobra o Amazonas é um deslumbramento. Como ele se empolga com as espécies descobertas, com os caboclos que o ajudam na apanha de material, sua mulher como cronista de tudo. Não estou com o livro à mão, mas recordo como me ficou na memória aquele desenho da índia cabocla de cabelos vastos que tanto os cantou. Éden do Carmo Soares repete essa aventura no Mearim. Dedica sua vida a essa tarefa, produzindo um livro importante, que sem dúvida servirá para um estudo comparativo sobre essas espécies – onde se disseminam, onde habitam, como se adaptam às diversas condições ambientais, à composição e temperatura da água, além do tipo de alimentação. É um trabalho de grande valor. Hoje raramente se escrevem livros como este, principalmente fora das estritas necessidades científicas. Éden vai bem fundo, identifica os nomes populares, e oferece subsídio para que o estudioso possa enveredar por outros caminhos. Certa vez, como Presidente da República, encontrei o príncipe herdeiro do Império do Japão, em jantar oficial. Vendo que a conversa sobre política não prosperava, perguntei-lhe por seu maior interesse. Ele respondeu-me: “minha paixão são os bagres. Eu os estudo a vida inteira, e meu maior desejo é estudar os amazônicos”. Vemos que a paixão é de Deus, que os criou; de príncipes, que os sonham; e de Éden do Carmo Soares, que os ama, e dedica sua vida inteira a estudar o seu fascínio e os seus mistérios. José Sarney Poeta, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras. Índice 6 / 131 Ao leitor Éden do Carmo Soares Por sua extensão e pela paisagem que atravessa, o Mearim é considerado, junto com o Itapecuru, um dos dois rios de maior importância do Estado do Maranhão, na Pré-Amazônia brasileira. Mencionado já desde os inícios do século XVII, quando franceses e holandeses travaram combate contra os portugueses, que, afinal, asseguraram para si o domínio da terra, o Mearim foi um dos principais caminhos de penetração que facilitaram aos colonizadores alcançarem os recuados rincões do território desconhecido. E já desde a literatura mais remota, aventureiros e missionários que o percorreram encantaram-se com a exuberância da natureza que envolvia o grande rio, suas águas puras escorrendo em curvas lentas e inumeráveis, a densa mata ciliar que o protegia, e a variedade de sua fauna de peixes. Desse último aspecto, ocupa-se este pequeno ensaio. É verdade que, devido à ação destruidora do homem, o Mearim não guarda mais toda a riqueza de tempos remotos. Mas o velho rio ainda nos surpreende com a diversidade das espécies de sua ictiofauna, conforme concordarão – não temos dúvida – o leitor comum e até o especialista da matéria, ao desdobrarmos ante seus olhos a beleza e variedade de peixes que este livro cataloga. Nossa pesquisa durou mais de dez anos e se concentrou sobre o trecho que se estende entre as cidades de Bacabal e Arari, respectivamente situadas a 308 e 80 km de sua foz. Particularidades favoráveis do meio levaram-nos a essa escolha, que não fica devendo nada, como levantamento, em sentido estrito, a todo o conjunto potamoictiográfico do Mearim. Também se incluem neste estudo rápidas considerações Índice 7 / 131 sobre os ambientes que definem, conservam e asseguram as características da ictiofauna do Mearim: mata ciliar, campos inundáveis, lagos e igarapés, como partes relevantes de seu sistema fluvial. Será uma descrição, que se pretende uma advertência. Pois, se não desconhecemos que esta publicação preenche certa lacuna no domínio da ciência especializada – esforço pioneiro que há de deixar seu autor feliz e preocupado, ao mesmo tempo –, nosso objetivo será melhor alcançado se puder contribuir para despertar, em meio à comunidade ribeirinha e às autoridades responsáveis pelo meio ambiente brasileiro e maranhense, comportamentos e decisões que levem ao uso disciplinado e à preservação de nosso patrimônio natural. Assim, a geração vivente que dele usufrui em sentido próximo e imediato, se sentirá no dever inalienável de repassá-lo sadio e conservado às gerações porvindouras do Planeta. Éden do Carmo Soares Cirurgião-dentista, oficial de reserva do quadro de saúde do Exército Brasileiro e membro fundador da Academia Arariense-Vitoriense de Letras. Índice 8 / 131 Pescador do Lago Manoel João Índice 9 / 131 PREFÁCIO Horácio Higuchi Bem que fazia falta um livro assim. Quanta gente não procurava por livro bem ilustrado que falasse do Estado do Maranhão e de seus peixes? Um livro que, embora restrito à bacia do Mearim, mostrasse as diferentes espécies de peixes que lá ocorrem, que revelasse o conhecimento até então de província exclusiva dos pescadores? E não foi um ictiólogo profissional ligado a um instituto de pesquisa que o fez. A tarefa coube ao Dr. Éden – doutor não por láurea de academia, mas autorizado pela sua profissão de cirurgião-dentista e perfeitamente legitimado pelo profundo conhecimento adquirido ao longo de vários anos de experiência e íntimo contato com a natureza e o ambiente, com os pescadores e sua lida, os peixes e suas peculiaridades. Ele reuniu observações e depoimentos para seu texto, que ilustrou com fotos claras de sua própria autoria, e fez um belo guia dos peixes do Mearim não para especialistas (embora estes possam aprender alguma coisa nova com ele!) mas para qualquer pessoa interessada ou curiosa. Com estas fotos e informações, fica fácil conhecer e ter apreço pela ictiodiversidade da região. Há muitas maneiras de se referir às espécies de uma fauna local. Os cientistas normalmente preferem fazê-lo através dos nomes latinos, de uso universal entre os especialistas, mas um tanto complicados para o público leigo. Há quem proponha a adoção oficial de certos nomes vernaculares de uso geral, quase sempre centrada em termos tradicionalmente utilizados no sul do país – por exemplo, “robalo” em vez de “camurim”, ou “cascudo” no lugar de “acari”. O Dr. Éden escolhe ao invés chamar os peixes pelos nomes populares – “vulgares” não, antes ao contrário! Índice 10 / 131 – locais, aqueles adotados pelos ribeirinhos e moradores da região. Nada mais justo e instrutivo. Nestes tempos de globalização massacrante, em que culturas distantes do eixo central são subjugadas a forças poderosas, é importantíssimo defender o conhecimento popular regional e microrregional que espelha a sabedoria do povo e a riqueza do vocabulário nacional. Citando as espécies por seus nomes locais, o Dr. Éden registra, difunde e perpetua o seu uso pela gente da região do Mearim, prestando uma contribuição nada trivial para o patrimônio cultural brasileiro. Assim, é com grande felicidade e admiração que apresento a quem a tem nas mãos a obra do Dr. Éden do Carmo Soares – cirurgião-dentista, oficial da Reserva do Exército, ictiólogo de vocação e de mão cheia. Horácio Higuchi Doutor em Organismic And Evolutionary Biology pela Harvard University - Estados Unidos, Zoólogo e Pesquisador adjunto do Museu Paraense Emílio Goeldi - Brasil. Índice 11 / 131 O RIO: SEU CURSO, SEU AMBIENTE Índice 12 / 131 Importância dos rios Alto, médio, baixo Mearim A vida, em sua maior abrangência, o homem e suas atividades, encontram nos rios o mais extraordinário dos lugares para sobreviverem, crescerem, se desenvolverem. Água, alimento, vias navegáveis e a fertilidade do solo pelos sedimentos aluviais das cheias, significaram atrativos fundamentais para o estabelecimento de grandes civilizações à margem de rios. Os egípcios, no Nilo, são o exemplo mais lembrado. “O Egito é um presente do Nilo” – deixou dito Heródoto. Incontáveis cidades contemporâneas também nasceram à beira-rio: Londres, no Tâmisa; Paris, no Sena; Nova York, no Hudson; São Paulo, no Tietê. O rio Amazonas, o mais volumoso do planeta, se não também o mais longo, ostenta uma profusão de cidades e povoações às suas margens. O Mearim, que ocupa lugar de primazia entre os rios maranhenses, não escapa à posição que, de modo geral, os rios têm assumido na caminhada da civilização humana. Cidades como Barra do Corda, Pedreiras, Tresidela do Vale, São Luís Gonzaga, Bacabal, Vitória e Arari, e numerosas outras povoações, cresceram ao longo de seu curso. Genuinamente maranhense, como a bacia hidrográfica por onde corre e leva seu nome, o rio Mearim, com 930km, tem suas nascentes nas encostas da Serra Menina, em altitudes aproximadas de 450m. Sua foz está na baía de São Marcos, ponta meridional da Ilha dos Caranguejos. Pelas propriedades físicas que apresenta, o Mearim está seccionado em três trechos: o alto Mearim, desde suas cabeceiras à foz do rio das Flores (margem direita); o médio Mearim, da foz do rio das Flores ao Seco das Almas (Bacabal); e o baixo Mearim, daí até a baía de São Marcos. Índice O baixo Mearim O baixo Mearim corre por 170km de extensão e apresenta um desnível total de aproximadamente 12m. O abrandamento da corrente descendente causa a sedimentação de areia, argila e matéria orgânica indefinida, impelidas pelas correntes mais vigorosas dos outros trechos do rio. Essa circunstância favorece a formação de terrenos aluviais, mal consolidados, e meandros delineados pela corrente d’água. Outro fato derivado do reduzido desnível do rio é a intromissão 13 / 131 das marés de sizígia até grandes distâncias no interior do rio. Muitas vezes, essas marés chegam ao Seco das Mulatas (km 256 do médio curso), embora sem infletir a corrente, apenas com insignificante elevação da coluna d’água. Essa ocorrência só é notada no período da estiagem, quando o rio apresenta baixos níveis de descargas. As c’roas de lama, bancos lodosos comuns a jusante de Arari, e os secos ou lajens, freqüentes a montante, constituem obstáculos à navegação do rio. Ocorrência fantástica no curso inferior do Mearim é a pororoca, fenômeno restrito a apenas 67 rios e estuários do mundo, e confinado no Brasil ao litoral norte, do Maranhão ao Amapá. As terras que margeiam nesse percurso o Mearim formam a Baixada Maranhense, região que sofre inundações às vezes catastróficas no período chuvoso, de janeiro a junho. Então, transbordando de seu canal principal, o rio alaga as áreas marginais e outras interiores, onde se praticam a agricultura e a criação de gado no período de estio. Grande repercussão tiveram as cheias de 1924, 1964, 1974 e 1985, que desabrigaram pessoas, interditaram estradas, dizimaram rebanhos e inundaram plantações, causando Índice enormes prejuízos à economia regional. Afluentes e lagos À margem esquerda do baixo Mearim deságuam seus dois maiores afluentes, o Grajaú e o Pindaré, ambos com descargas consideráveis, principalmente nas cheias, mas de pouca influência no regime do rio principal. O impacto do Pindaré é pequeno porque desemboca quase no fundo da baía de São Marcos. O Grajaú tampouco afeta significativamente o Mearim porque, antes de confluir com este, entra numa área de lagos e terras periodicamente inundadas, que funcionam como reservatórios naturais e retêm grande parte das cheias, retardando sua descarga. Assim, o trecho de confluência do Grajaú com o Mearim forma grande abundância de ambientes lacustres piscosos, plenos e intercomunicáveis no período das precipitações pluviais. Entre esses, mencionam-se o Pirapemas, o Araras, o Maguari, o Jardim, o Verde, o Açu – o maior de todos –, o Abordo, o Enseadinha, o Itã. Aí, no abaixamento das águas, desenvolve-se intensa atividade pesqueira, consorciada por pescadores, intermediários dos negócios da pesca, transportadores e mercadores. 14 / 131 Igarapés A mata ciliar Igualmente comuns, no baixo Mearim, são pequenos cursos d’água – os igarapés – que desembocam numa e noutra margem do rio, tão minúsculos, às vezes, que suas embocaduras podem ocultar-se na vegetação marginal. Os igarapés servem de vias migratórias para grande número de espécies da ictiofauna mearinense – expressivamente, a curimatá – no período da piracema, quando os peixes percorrem esses sangradouros naturais até os lagos e campos baixos, onde encontram a mais propícia das “maternidades” para perpetuarem a espécie. A mata ciliar acrescenta beleza incomum à paisagem do Mearim. Mas, além disso, a mata é muito importante porque protege as margens dos cursos fluviais, evitando que as terras deslizem para dentro dos rios, entupindo-os, turvando suas águas, causando alterações na taxa de oxigênio e do plâncton, elementos essenciais para a vida dos seres aquáticos. Infelizmente, porém – e, nesse ponto, muito vale convocar a atenção e o carinho das gerações mais jovens –, a mata da região mearinense vem passando por um processo de acelerada devastação, Índice 1515 / 131 / 131 para abrir espaço a campos de pastagem e à plantação de arroz, empreitadas nem sempre recomendáveis do ponto de vista ecológico. Aliás, a destruição da mata nativa remonta às frentes históricas de ocupação do Mearim, e chega até ao advento da navegação a vapor, quando, por mais de meio século, grandes áreas florestais foram desmatadas, para alimentar as caldeiras que impeliam aquelas embarcações históricas. O aningal Habitando, naturalmente, os terrenos aluviais inconsistentes, típicos de curso inferior e de estuá- rio, a aninga (Montrichardia arborescens) organiza-se em fileiras às bordas dos rios, igarapés, lagos e assemelhados mearinenses. A expansão profusa da aninga, favorecida pela rápida multiplicação de seus rizomas, forma um aspecto ecopaisagístico muito peculiar – o aningal, que protege os barrancos lamacentos, abriga aves piscívoras, répteis (jacaré, cangapara, cobras) e outras classes de indivíduos, tais como algumas espécies de peixes que ali se refugiam quando os cursos d’água ficam inundados. Em tempos pouco distantes, o caule da aninga era muito requisitado para a fabricação de anigal Índice 16 16 // 131 131 16 / 20 balsas, utilizadas no transporte de madeira destinada às marcenarias e carpintarias das comunidades ribeirinhas. O mururu Nenhuma planta aquática do curso do Mearim é mais comum e mais íntima à sua paisagem ribeirinha do que o mururu (Eichhornia crassipes) – também conhecido como aguapé, orelha-deveado, baronesa, jacinto-da-água –, espécie nativa da América do Sul tida entre todos os vegetais como a que mais rapidamente se multiplica, o que se constata no ambiente aquático mearinense pela rapidez com que recobre extensas superfícies de água doce, parada ou de pouco movimento. Nas superfície rasa dos lagos e lodaçais, o mururu toma a aparência de jardins flutuantes, dos quais emergem as mais belas eflorescências violáceas. Levada pela corrente, e até mesmo pelo vento, parte desse domínio vegetal termina por comprimir-se nos igarapés e nos rios, na forma de grandes mururu Índice 17 / 131 tapetes verdejantes e herméticos, sobre os quais até se pode caminhar – embora desaconselhável, por causa dos insetos, cobras, jacarés, que se podem aí esconder. Na visão de estudiosos, o mururu depura as águas, em razão de reter em suas raízes microorganismos que causam doenças e substâncias nocivas à vida, lançadas na água pelos esgotos e, muitas vezes, pelos produtos químicos da agricultura irrigada. No entanto, multiplicando-se profusamente – o que pode ocorrer de abril para junho – o mururu provoca a entupição das correntes d’água, reduzindo-lhes a taxa de oxigênio, podendo causar a morte por asfixia de indivíduos que aí vivem associados, além de inviabilizar a navegação, transtorno que deixa isoladas as comunidades ribeirinhas. As povoações Como dissemos, numerosas povoações se têm desenvolvido ao longo do curso do Mearim. Os habitantes ribeirinhos praticam a pesca, a cultura do arroz, da mandioca e do milho, aliada a pouco significante atividade pastoril. Atividade pastoril de alguma relevância se desenvolve nos campos naturais, ora nos mais baixos, ora nos mais elevados. A permaÍndice nência do rebanho numa ou noutra dessas áreas depende do regime das chuvas, normalmente iniciadas de dezembro para janeiro. Dos campos baixos, quando o pasto começa a submergir por efeito da inundação, o rebanho é transportado para os campos altos, e só retorna quando cessam as chuvas, com os campos livres e o pasto reverdejante. A agricultura tem sido incrementada, sobretudo desde os anos 1980, às margens dos rios e bordas dos campos do Mearim. Ali, principalmente com o cultivo de arroz, se tem introduzido a técnica de irrigação, utilizando-se agroquímicos que, se por um lado podem melhorar a produtividade agrícola, por outro põem em risco a vida dos ambientes aquáticos – e, em última instância, a do próprio homem. Os agroquímicos podem ser interpretados como um avanço técnico na produção de alimentos, mas, sempre que possível, o seu uso deveria ser substituído por práticas que não agridam o ambiente. A gravidade maior do problema talvez resida no manuseio dessas substâncias por pessoas inabilitadas, que ignoram normas de proteção e indicação. 18 / 131 A tapagem No período do abaixamento das águas, logo que nos troncos da flora marginal se imprime a marca da vazante, observa-se a colocação de tapagens – cerca de talos – em muitos dos igarapés piscosos do baixo Mearim, prática viciosa que bloqueia os cardumes migratórios oriundos dos men- cionados lagos e campos baixos. Tais cercas são condenáveis, porque seu uso não discrimina entre exemplares adultos e imaturos, represando, do mesmo modo, espécies minúsculas, mais apropriadas ao alimento de peixes carnívoros, mas que, em vez disso, sucumbem despescadas à margem lamacenta dos igarapés. tapagem Índice 19 / 131 igaraté: embarcação motorizada O igarité Um meio de transporte comum na região é o igarité, embarcação motorizada alongada, estreita e de pequeno calado. Nem mesmo quando estradas temporárias alcançam os povoados à beira do rio e dos lagos, o igarité deixa de ser o mais eficiente meio de transporte Índice das comunidades ribeirinhas. É o “pau-pra-toda-obra”, no dizer comum, transportando produtos da mata e da lavoura, pescadores na sua faina, ou passageiros e mercadorias do pequeno comércio da região. 20 / 131 O MEARIM EM NÚMEROS Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos Se tivermos algum dia de eleger tópicos de consenso sobre as características ambientais maranhenses, certamente iniciaremos a lista com a afirmação de que nossa paisagem é uma transição entre os ecossistemas de cerrado, floresta amazônica e caatinga. Diremos também que nossos rios são perenes e que o litoral, dominado por águas barrentas e manguezais, pouco tem de semelhante ao litoral nordestino, de coqueiros, mar azul e jangadas. Conhecidos de muitos também são os rios Itapecuru e Mearim, cujos nomes estão intrinsecamente associados à história maranhense, tanto por terem sido as principais vias de acesso na colonização do interior, como pelo seu papel, até meados do século XX, de principais artérias econômicas, por onde escoava grande parte da produção econômica maranhense. Índice 21 / 131 O rio Mearim também contribui para a pujança de uma das grandes características amazônicas da zona costeira maranhense, que é a Baixada Maranhense, com seus campos inundáveis análogos aos campos de várzea do rio Amazonas e Marajó. Estes campos ocorrem também nos rios Pericumã e Turiaçu, mas é no baixo curso do Mearim e Pindaré onde está mais de 70% deste total. Muitos não saberão, contudo, que essas feições amazônicas do nosso litoral estão associadas à existência destes dois rios, e que estes, totalmente maranhenses, estão possivelmente entre os cinco maiores rios nordestinos. É importante ressaltar, contudo, que diferem destes últimos devido às grandes variações de vazão entre estação seca e chuvosa. Enquanto que o padrão nordestino é de uma variação de duas a três vezes, nos rios maranhenses a diferença de vazão pode chegar a um fator de quase vinte vezes. Portanto, os rios Itapecuru e Mearim estariam entre os rios nordestinos de maior vazão apenas durante a estação chuvosa. Também pouco conhecidas são as diferenças entre estes dois rios que, no baixo curso, correm paralelos distantes apenas 100km, mas que apresentam diferentes ecossistemas associados ao longo de seus cursos. É na foz do Mearim, por exemplo, que encontramos a maior área contínua de mangues do Brasil, representada pela ilha dos Caranguejos, com quase trinta mil hectares. É também na sua foz que temos a única ocorrência de pororoca no litoral maranhense, e uma das maiores amplitudes de maré do Brasil, com estimados 8,5m para a região de Cajapió, segundo dados do Zoneamento Costeiro Estadual (ZCE). As grandes amplitudes de maré contribuem também para um altíssimo potencial de renovação hídrica no baixo curso e região estuarina do rio Mearim. Para melhor visualizar este potencial, basta dizer que o volume de água renovado em apenas uma maré de sizígia, no trecho entre a foz do Mearim e a cidade de Arari, está na ordem de 45 milhões de metros cúbicos, o que equivale a cerca de cinco meses de consumo de água de toda a área metropolitana de São Luís. Índice 22 / 131 Menos conhecida ainda é a hidrodinâmica do baixo curso do rio Mearim, que somente em 2003, a partir dos estudos associados ao ZCE, começa a ser desvendada em toda a sua complexidade e descrita por termos técnicos tais como várzea de marés e zona fluvial com e sem refluxo. Dentro da zona sob influência de marés, que se estende aproximadamente por 250km até o limite fluvial, a montante, temos grande diversidade de padrões hidrodinâmicos, oriundos da transição gradual que ocorre entre a variação de nível das águas governada pela atração gravitacional da lua e do sol, gerando duas preamares e baixa-mares diárias, e o padrão fluvial típico, com oscilações sazonais associadas à pluviosidade regional. A propagação da onda de maré de jusante para montante, por exemplo, faz com que a preamar ocorra em diferentes horários. Em Arari, está defasada em quase quatro horas Índice 2323/ 131 / 131 em relação ao porto do Itaqui, e em Vitória do Mearim esta defasagem já está em cinco horas e meia. Em ambas as cidades, ainda se observa a inversão de fluxo do rio durante as marés de enchente, só que as enchentes duram apenas três horas, enquanto as vazantes se prolongam por quase nove horas. (Em São Luís, por exemplo, as enchentes e vazantes têm a mesma duração, que é de aproximadamente seis horas). Próximo do limite com a zona fluvial, as preamares e baixa-mares continuam a ocorrer, mas não se observa mais a inversão do sentido de fluxo do rio. Neste zona, a amplitude de marés é bastante reduzida, para menos de 0,5m, se comparada com a região estuarina onde atinge de 5 a 8m. Outro padrão hidrodinâmico de grande interesse ambiental é a gradual elevação da cota de preamar do estuário até a zona da várzea de marés, para depois se reduzir até o limite da zona fluvial. No caso especifico do rio Mearim, por exemplo, a cota de preamar na região de Cajapió é de 4,8m (cota IBGE), enquanto que em Arari já atinge 5,5m. Esta diversidade de padrões hidrodinâmicos é provavelmente mais complexa, pois existem relatos de ribeirinhos, ainda não confirmados e ausentes da literatura técnica, descrevendo padrões bizarros de enchente e vazante. Para a localidade de Sebastião Nina, por exemplo, temos relatos de enchentes e vazantes com dois dias de duração. A dinâmica dos padrões hidrodinâmicos deve também ser considerada em uma escala temporal, como no caso da resposta do ecossistema da Baixada a uma possível elevação do nível do mar na Baía de São Marcos. O zoneamento costeiro revelou que os campos lacustres (como são denominados tecnicamente os lagos sazonais da Baixada) são protegidos da ação salina das marés por uma faixa de campos mais elevados (os campos pastejados), que estariam, segundo levantamentos feitos com sensores GPS topográficos, apenas meio metro acima da linha de preamar máxima. Assim, uma elevação de meio metro no nível do mar seria suficiente para fazer desaparecer todos os lagos de água doce de Cajapió a Cajari, transformando-os em manguezais. Para termos uma Índice 24 / 131 idéia desta fragilidade, todo o volume de água dos campos lacustres entre Cajapió e Penalva, acumulado durante os seis meses de estação chuvosa (em torno de 1,5 bilhão de metros cúbicos), considerando uma profundidade média de 1,5m, equivale ao volume renovado, no trecho equivalente da Baía de São Marcos e foz do Rio Mearim, em apenas uma maré de sizígia. Se considerarmos que temos em média vinte preamares de sizígia em um mês, então o volume de água salobra e salgada que é impedida de atingir os campos lacustres é 240 vezes maior do que o volume de água doce acumulado nesses lagos. O gradiente de ação direta de marés, no sentido de jusante para montante, se reproduz também em termos de qualidade de água. Assim, na região da várzea de marés, temos juntamente com a inversão do sentido de fluxo, uma sutil intrusão salina que, mesmo não sendo perceptível ao paladar humano, é suficiente para permitir uma vegetação de árvores de mangue misturadas a palmeiras de água doce. Em síntese, o desafio não é apenas diagnosticar fenômenos e padrões, mas tentar entender a dinâmica que se contextualiza como tendência global, como o efeito estufa, e regional, como as mudanças nos padrões de uso e ocupação do solo na Baixada Maranhense. Somente esse entendimento levará à elaboração de cenários e prognósticos fundamentais para uma sólida política de desenvolvimento sustentável. Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos Doutor em Ciências Ambientais pela University of Virginia, Estados Unidos, Engenheiro Ambiental e Professor adjunto da Universidade Federal do Maranhão. Índice 25 / 131 Índice 26 / 131 Índice 27 / 131 NOMENCLATURA EXTERNA DE UM PEIXE ÓSSEO Linha lateral Acúleo dorsal Nadadeira adiposa Nadadeira caudal Nadadeira dorsal Opérculo Barbilhões Pedúculo caudal Abertura branquial Nadadeira peitoral Nadadeira pélvica Nadadeira anal Acúleo peitoral Índice 28 / 131 OS PEIXES Uma possível evolução dos peixes Historia-nos a Ciência que nos mares antigos, há 500 milhões de anos, viviam os predecessores dos animais que chamamos peixes – os Ostracodermi. Eram criaturas lentas e na sua maioria de pequenas dimensões. Algumas formas apresentavam o corpo inteiramente revestido de placas ósseas que formavam uma carapaça. Nutriam-se dos corpúsculos do lodo, sugando-os com a boca circular e sem articulação. As modificações corporais sucedidas no decurso de alguns milhões de anos culminaram com o aparecimento de uma estrutura notável, importantíssima na história dos vertebrados – a mandíbula. Visto que, munidos do novo componente esquelético, podiam morder e dilacerar as suas presas, abandonaram a vida de sugadores para tornarem-se predadores ativos. Há 400 milhões de anos apareceram os precursores imediatos dos grandes grupos de peixes atuais, que perfazem duas classes: a dos Chondrichthyes (peixes cartilaginosos) e a dos Osteichthyes Índice (peixes ósseos). Dos Sarcopterygii, uma subclasse dos Osteichthyes, iriam se originar os vertebrados terrestres – anfíbios, répteis, aves e mamíferos, donde pode-se dizer que o nosso ancestral vertebrado era uma certa espécie de peixe. Atualmente diversificados em cerca de 30 mil espécies, os peixes constituem o grupo mais numeroso entre os vertebrados, enriquecido por uma multiplicidade grandiosa de configurações – fusiformes, cilíndricas, triangulares, ovais, globiformes, serpentiformes –, de coloração uniforme ou senão ornada policromicamente por barras, listras, manchas, pontos, ocelos, criando efeitos decorativos de beleza indescritível. Avalia-se que 58% dessa grandeza específica ocorre no mar e 41% nas águas doces. Pouca expressiva é essa diferença quando se atenta para a hegemonia das águas salgadas sobre as doces, mas justificada se considerados os fenômenos geológicos que sacudiram o planeta ao longo da sua existência, causando, entre 29 / 131 outras conseqüências, a separação de regiões continentais que isolaram certas espécies e motivou o surgimento de outras oriundas daquelas que, até então, viviam num mesmo ambiente. O 1% restante pode viver igualmente num e no outro ambiente. Os peixes cartilaginosos são representados por uma minoria – tubarões, arraias e quimeras – e ocorrem com mais freqüência no ambiente marinho. Existem, porém, espécies dulciaqüícolas como as arraias da família Potamotrygonidae. Já os peixes ósseos são preponderantemente mais diversificados e ocorrem em todas as águas do planeta. As nadadeiras Ao contrário da noção popular segundo a qual os peixes se movimentam “batendo” as nadadeiras, a locomoção se procede através de ondulações laterais do corpo que acompanham um forte impulso promovido pela cauda. De fato, esta última é a única nadadeira que tem um papel ativo no deslocamento dos peixes, sendo que as demais nadadeiras proporcionamlhes estabilidade e dirigibilidade. Intimamente ligadas pela musculatura, as nadadeiras são classificadas em dois grupos: as pares e as ímpares. As pares são as peiÍndice torais, que têm posição constante por se acharem articuladas com a cintura escapular, e as ventrais ou pélvicas que podem variar de posição. Essas nadadeiras são simétricas de cada lado do corpo e correspondem aos membros anteriores e posteriores dos outros vertebrados (ou superiores e inferiores, no caso de alguns primatas como o homem). As ímpares se situam sobre o plano médio longitudinal do corpo, e são as nadadeiras dorsal, a anal e a caudal. As nadadeiras dorsal e anal são constituídas de espinhos inteiros e raios segmentados, e podem ser simples ou divididas em dois ou mais grupos. A caudal pode assumir várias formas – semilunar, bilobada, afilada, truncada, quadrada, arredondada e outras, e geralmente tem função propulsora. Alguns grupos mais generalizados, como os caraciformes e bagres, apresentam uma outra nadadeira entre a dorsal e a caudal – a adiposa, normalmente carnosa e sem raios ou espinhos. Entretanto, outros não apresentam todas as nadadeiras, como é o caso da maioria dos Gymnotiformes (tubis, sarapó e poraqué), que só apresentam as peitorais e uma anal longa. Às vezes modificadas, as nadadeiras também exercem funções incomuns, como de 30 / 131 permitir ao peixe-morcego andar sobre o substrato e ao peixeborboleta fugir de seus predadores através de vôos curtos por sobre a superfície da água. alheias. Várias espécies como arraias, bagres e outras apresentam glândulas que secretam veneno, comumente inoculados por esporões a elas associados. A pele e as escamas A linha lateral A pele é geralmente revestida de escamas que protegem o corpo contra abrasões e parasitas. Nos peixes ósseos são comumente dos tipos ciclóide, de textura lisa, e ctenóide, de textura áspera. Ambas apresentam anéis concêntricos, importantes para as ciências da pesca por permitirem determinar a idade do peixe – quanto maior, mais numerosos são os anéis. As escamas placóides são próprias dos peixes cartilaginosos, arraias e tubarões. São ásperas ao tato e têm as mesmas estruturas de um dente (esmalte, dentina); assim, também são chamados dentículos dérmicos. Ocorrem espécies que ao invés de escamas revestem-se de placas ósseas; outras, porém, não apresentam nenhum revestimento – são os peixes de couro, na linguagem popular. Associam-se à pele glândulas secretoras de muco, o qual torna os peixes escorregadios, facilitando-lhes a natação, permitindo também repelir predadores, atrair parceiros e evitar a adesão de microorganismos e partículas Constituída por neurônios sensoriais que se comunicam com o meio externo através de pequenos poros, a linha lateral é um sistema sensorial importante dos peixes. Situa-se longitudinalmente nos flancos, estendendo-se quando completa da cabeça à nadadeira caudal, podendo ser retiínea ou encurvada. Por outro lado, dizse que a linha lateral é incompleta quando se interrompe antes de chegar à cauda, ou dividida quando continua após a interrupção a uma altura diferente da original, como ocorre em vários acarás. A linha lateral pode informar ao peixe o sentido da correnteza ou a chegada de ondas de pressão produzidas pelo deslocamento de um corpo próximo. Também facilita a coordenação dos indivíduos que nadam em cardumes e auxilia a percepção da audição, da visão e do tato. Índice A bexiga natatória Na cavidade abdominal dos peixes ósseos, abaixo da espinha dorsal e acima das vísceras, situa-se 31 / 131 um saco membranoso denominado bexiga natatória, cuja função principal é reduzir a densidade do peixe para fazê-lo flutuar. Os gases que a inflam, o oxigênio e o nitrogênio, são retirados da própria corrente sangüínea. Dependendo do volume desses gases na bexiga natatória, o peixe pode subir, descer ou manter-se equilibrado na coluna d’água. Eventualmente ela pode exercer funções suplementares, como servir de caixa de ressonância ou promover respiração auxiliar em certas espécies. Os peixes cartilaginosos não possuem bexiga natatória, mas sua flutuabilidade é garantida pela enorme quantidade de óleo presente no fígado de grandes proporções. As brânquias Os órgãos respiratórios fundamentais dos peixes são as brânquias, popularmente chamadas guelras. É aí, tal como nos pulmões dos vertebrados terrestres, que se realizam as trocas gasosas. Abrindo e fechando alternadamente a boca e os opérculos (as “tampas” que guarnecem a câmara branquial), o peixe promove um fluxo contínuo de água através das brânquias. Estas absorvem o oxigênio da água para o trabalho orgânico e simultaneamente liberam o gás carbônico do sangue no meio. Nas arraias, a corrente Índice de água entra pelos espiráculos, estruturas situadas em orifícios atrás dos olhos. Em algumas espécies sujeitas a freqüentes situações de falta de oxigênio, a mucosa faringeana, o lume intestinal, a bexiga natatória ou a pele podem exercer funções respiratórias acessórias. Tamatás e jejus, espécies que chafurdam nos lodaçais de nossa região, são exemplos de espécies que podem respirar, ocasionalmente, o oxigênio atmosférico através do tubo digestivo vascularizado. Sistema circulatório O coração do peixe consiste essencialmente de duas cavidades: um átrio e um ventrículo. É, portanto, o mais elementar dentre os vertebrados, e juntamente com os vasos sanguíneos e o sangue constitui o sistema circulatório. Pelo coração só flui o sangue venoso, que é impulsionado para as brânquias, onde as hemácias captam o oxigênio dissolvido na água e rejeitam o gás carbônico. O sangue oxigenado é conduzido pelas artérias, veias e capilares a todas as células do corpo. Aparelho digestivo O aparelho digestivo possui as estruturas encontradas nos vertebrados em geral. A boca tem forma, tamanho e localização 32 / 131 variados. A língua é rudimentar ou inexistente, conforme a espécie, podendo mesmo ser óssea, como no pirarucu ou no aruanã. O esôfago é apenas um tubo curto que liga a região orofaringeana (boca e faringe) ao estômago – o qual é grande e dilatável nos peixes carnívoros. O intestino é longo nos herbívoros, longo e enovelado nos iliófagos e curtos nos carnívoros. Os peixes cartilaginosos possuem ao longo do intestino uma válvula espiral que aumenta a área de absorção alimentar. Apresentam as glândulas anexas do trato digestivo – pâncreas e fígado, mas lhes faltam as glândulas salivares. Alimentação Os peixes na fase larval, logo que a vesícula vitelina regride, são vorazes comedores do plâncton. Só na fase jovem (alevinos) é que definem as suas preferências alimentares, mas, vez por outra podem variar a sua dieta costumeira. Reconhecidamente, a maioria é carnívora e a minoria separa-se em herbívoros, os que se alimentam de matéria vegetal; frugívoros, que se nutrem de frutos caídos das árvores da mata ciliar; iliófagos, que digerem matéria orgânica encontrada no lodo do fundo; e os onívoros, que come Índice indiscriminadamente material de origem animal ou vegetal. Costuma-se também especificar a qualificação alimentar dos carnívoros conforme se alimentem de outros peixes, crustáceos, insetos, moluscos, larvas de invertebrados, ovos ou mesmo estruturas especializadas como escamas ou olhos de peixes. Visão Diferentemente dos demais vertebrados, os peixes não têm pálpebras nem glândulas lacrimais, ainda porque não necessitam dessas estruturas. Outras peculiaridades: o cristalino é esférico e não biconvexo, e a musculatura ocular movimenta apenas o cristalino e não o globo ocular todo. Dois tipos diferentes de células revestem o fundo do olho: os bastonetes, que permitem diferenciar entre o claro e o escuro, e os cones, fazem perceber a cor das imagens. Tubarões e arraias possuem mais bastonetes nos olhos e não distinguem cores, diferentemente dos peixes ósseos que as enxergam por terem olhos ricos em cones. Algumas espécies habitam na escuridão do fundo dos rios, lagos, cavernas e regiões abissais dos mares e possuem visão reduzida ou são mesmo cegas. Nessas 33 / 131 formas, a energia que seria dispendida na visualização do ambiente é reaproveitada para outras funções. Sistema auditivo Os sons mais audíveis aos peixes são aqueles produzidos no seu ambiente natural, oriundo de outros peixes, animais aquáticos e corpos em movimento. De cada lado, o ouvido interno constituído de três câmaras membranosas interligadas por canais semicirculares tem mais função de equilíbrio e orientação espacial do que de audição. Cada câmara possui um otólito que, em contato com certas terminações sensórias, transmite ao cérebro a sensação de posicionamento vertical e horizontal. Como a transmissão de som se dá através da propagação de ondas, é difícil distinguir nos peixes o sentido da audição propriamente dita separadamente daquela percebida pela linha lateral. Sentido químico – olfato, paladar e tato Há referências bem difundidas da excelência do olfato e do paladar dos tubarões. Com uma corrente d’água favorável, esses peixes podem detectar odores a mais de 500m de distância, e discernir o gosto de uma gota de sangue Índice diluída em três milhões de gotas d’água. Olfato e paladar apurados não são apenas particularidades dos peixes cartilaginosos, mas características generalizadas entre os vertebrados aquáticos. As células perceptoras desses sentidos estão disseminadas pela boca, narinas, cabeça, nadadeiras e barbilhões (os “bigodes” de bagres e algumas pescadas), os quais também estão associadas ao tato. dimorfismo sexual A distinção entre os sexos é uma percepção definida por seres humanos, e não uma propriedade intrínseca dos peixes. São poucas as espécies que deixam transparecer o sexo pela morfologia. Os machos das arraias e dos tubarões, por exemplo, exibem um órgão intromissor para a cópula – o clásper, no bordo externo das nadadeiras pélvicas, traço inconfundível na identificação do sexo. Entre os peixes ósseos, os machos de algumas poucas espécies possuem estruturas que os evidenciam no período reprodutivo, como, por exemplo, o bico em forma de alicate dos salmões, o barbilhão maxilar ossificado dos mandubés e a modificação da nadadeira anal como órgão intromissor (posto que se tratam de 34 / 131 espécies com fecundação interna) em tralhotos e guarus. Para a enorme maioria das espécies será necessário abrir-se o ventre para o reconhecimento do sexo. Na posição lateral e superior estão aos pares as gônadas – nas fêmeas, os ovários produtores de óvulos, roliços e alaranjados devido ao acúmulo do vitelo; nos machos, os testículos achatados que produzem os espermatozóides. Reprodução A forma comum de reprodução da classe dos peixes é a ovípara, de fecundação externa – ovulípara, no dizer de alguns estudiosos. Entretanto, os peixes exercitam outras práticas reprodutivas, e há também espécies ovovivíparas e vivíparas. Na condição ovulípara, as gônadas esvaziam-se de uma só vez em jatos consecutivos. A fêmea libera os seus óvulos – denominadas vulgarmente ovas – e o macho lança seus espermatozóides sobre elas para fecundá-las A fecundação ocorre na água, e o fato de ser sensivelmente mais rápida nas regiões tropicais do que nas temperadas evidencia influência de temperaturas mais elevadas no desenvolvimento embrionário. Nessa forma reprodutiva, numerosas espécies abandonam os Índice seus ovos e crias antes do desenvolvimento completo, motivando enormes perdas. Todavia, a perpetuação é garantida pela alta prolificidade característica – como a da curimatá, que pode atingir literalmente a casa dos milhões de óvulos. Há espécie que nidificam e guardam a prole, mas são menos prolíficas e a sua desova se realiza parcialmente. As tariras, os acarás e alguns acaris pertencem a esta categoria. Em contraste, tanto nos peixes ovovivíparos como nos vivíparos a fecundação é interna. Nos ovovivíparos o ovo se desenvolve no oviduto da fêmea, mas o embrião nutre-se do vitelo até a eclosão do ovo. Já nos vivíparos, o embrião se desenvolve no corpo da mãe e dela recebe nutrientes. É insignificante a taxa de sobrevivência dos peixes nos instantes iniciais da vida. Para alguns, só 1% sobrevive. É que as adversidades que os espreitam são numerosas. Algumas são de ordem natural, como a interrupção abrupta das chuvas no seu ciclo temporal (janeiro a junho na região), baixas taxas de oxigênio na água, temperaturas inadequadas para a evolução dos alevinos, ação parasitária e predatória de numerosos seres –inclusive peixes, até os da sua própria espécie. Outras, entretanto, são provocadas 35 / 131 pelo homem quando envenenam os ambientes aquáticos através de agroquímicos e despejo de lixo e dejetos das comunidades ribeirinhas. Temperatura corporal Os peixes não apresentam temperatura corporal constante como os mamíferos e aves. Ela varia conforme aumenta ou diminui a temperatura da água circundante. São por isso denominados heterotérmicos ou pecilotérmicos. Mas esse condicionamento térmico entre peixe e água se restringe dentro de limites estreitos, e variações elevadas da temperatura da água lhes são danosas. Como exceções a essa particularidade geral aparecem os tubarões e aguilhões oceânicos, cuja temperatura corporal é mais elevada do que a da água circundante, fenômeno que sobrevêm da intensa atividade muscular desses velocistas capazes de aquecerem o próprio sistema circulatório. Rio Mearim Índice 36 36 / 131 / 131 Sobre a nomenclatura científica e classificação adotadas Horácio Higuchi Este livro não busca ser científico, mas tampouco prescinde do dever de ser cientificamente correto, na medida do possível, por pretender ser também de utilidade didática. Como visa alcançar um público amplo, de quem não se requer conhecimentos acadêmicos, e apesar disso lança mão de um vocabulário especializado, alguns esclarecimentos quanto à nomenclatura científica e classificação fazem-se necessários. É preciso começar falando um pouco da ciência que cria e utiliza essa nomenclatura e classificação. A Sistemática Zoológica procura observar e entender uma certa ordem na diversidade faunística que a natureza descortina. Detectando certos padrões de organização, os sistematas juntam ou separam os organismos em grupos hierárquicos coerentes; em seguida, Índice 37 / 131 ordenam esses grupos, modernamente segundo um critério de parentesco orientado pela Teoria da Evolução. Ao proporem uma classificação dos animais, estão criando um sistema de informação que reflita precisamente essa organização hierárquica da natureza. A espécie é considerada a unidade menor dessa hierarquia: um conjunto de espécies afins forma um gênero, vários gêneros aparentados se reúnem em uma família, um grupo de famílias relacionadas entre si constituem uma ordem, as ordens próximas se agrupam em uma classe, e classes de uma mesma linhagem pertencem a um filo. (Há ainda um sem-número de subdivisões, que não vamos mencionar.) Se esta obra não é propriamente científica, sua organização respeita critérios científicos. As espécies de peixes aqui apresentadas estão agrupadas segundo as categorias hierárquicas principais de classificação zoológica (ordem, família, gênero, espécie), e ordenadas segundo as normas da taxonomia moderna. Aqui, ordens e famílias acompanham a seqüência evolutiva, partindo de grupos mais primitivos para mais especializados. Os gêneros estão dispostos em ordem alfabética dentro de cada família, e as espécies se sucedem igualmente em ordem alfabética Índice sob cada gênero. É necessário explicar que o nome científico (em latim) aqui apresentado para cada espécie é aquele citado na literatura especializada mais recente até a data de fechamento da edição (dezembro de 2004). Novos estudos e descobertas no campo da Sistemática Ictiológica muitas vezes levam a um rearranjo de grupos anteriormente constituídos. Por isso, certos agrupamentos tradicionalmente considerados podem acabar sendo absorvidos por outros -- ou, ao contrário, subdivididos em dois ou mais conjuntos menores. Igualmente, algumas espécies podem se revelar serem idênticas a outras previamente descritas, e, nesse caso, as regras de nomenclatura determinam que essas espécies passem a ser chamadas pelos seus respectivos nomes mais antigos. Esses fatos fazem com que, à luz de conhecimentos novos, os nomes científicos dados a animais e plantas mudem com o tempo. Por isso, algumas das denominações científicas aqui adotadas podem não ser as mesmos citadas em outras publicações ou na literatura mais antiga. Falta esclarecer, ainda, algumas convenções nomenclaturais empregadas pelos sistematas. O nome científico de um organismo é composto por dois vocábulos: o 38 / 131 primeiro designa o gênero, e o segundo determina a espécie a este pertencente. Esses designativos de gênero e espécie são sempre citados em destaque (itálico, negrito, sublinhado, etc.): nenhum nome de outra categoria superior (família, ordem, etc.) deve ser grifado dessa maneira. Quando, por qualquer motivo, não é possível identificar o animal além do nível de gênero, é costume substituir o segundo vocábulo pela abreviação “sp.” Desta maneira, por exemplo, uma citação como “Canis sp.” significa que o animal em questão pertence, de fato, ao gênero Canis, mas não se sabe ao certo de qual das espécies de Canis se trata. Por outro lado, às vezes se observa que o animal a ser identificado é muito parecido com uma determinada espécie conhecida, e até confere com a descrição dela, mas que, por alguma razão, pode não se tratar exatamente dela (por exemplo, se foi encontrado numa região geograficamente incoerente com a distribuição da espécie conhecida). Nesse caso, arrisca-se a citá-lo com o nome da espécie conhecida, colocando a abreviação “cf.” (que significa “confere com”) entre os dois vocábulos. No exemplo acima, se o animal em questão se assemelha muito com Canis lupus, mas algo impede que se afirme categoricamente tratarÍndice se mesmo dessa espécie, então a identificação fica sendo “Canis cf. lupus”. Isso indica que o animal é certamente do gênero Canis e confere com a descrição de Canis lupus, mas que não se tem certeza tratar-se realmente dessa espécie. Outra questão que requer comentário é a citação, ao lado no nome da espécie, do autor (ou autores) que primeiro a descreveu (ou descreveram), seguida da data da publicação dessa descrição. Os leitores hão de notar que, em alguns nomes científicos aqui apresentados, o nome do autor e a data estão entre parênteses; em outros, não. Isso diz respeito a outra convenção nomenclatural. Quando o nome do autor e a data aparecem entre parênteses, significa que a combinação de vocábulos apresentada que designa a espécie não é a mesma proposta originalmente pelo autor. E, ao contrário, a ausência de parênteses indica que o nome científico em questão é exatamente o mesmo que o autor propôs ao descrever a espécie. Um exemplo pode ajudar a ilustrar essa situação. O sarapó e o poraqué foram ambos descritos pelo naturalista sueco Carl Linné, que assinava em latim Carolus Linnaeus (e ficou conhecido entre nós pela forma aportuguesada, Lineu). Embora 39 / 131 descritos em edições diferentes do seu Systema Naturae -- o primeiro em 1758 e o segundo em 1766 -- ambos os peixes foram colocados no gênero Gymnotus, criado pelo próprio Lineu. O sarapó ficou sendo Gymnotus carapo Linnaeus, 1758, e o poraqué, Gymnotus electricus Linnaeus, 1766. Quase um século mais tarde, em 1864, o biólogo americano Theodore Gill constatou que o sarapó e o poraqué representavam, de fato, duas linhagens diferentes. Como Lineu havia criado Gymnotus para contemplar o sarapó, ele propôs um gênero novo, Electrophorus, para representar a linhagem do poraqué. Daí em diante, o nome científico do poraqué passou a ser Electrophorus electricus (Linnaeus, 1758). Aqui, os parênteses indicam que Lineu de fato descreveu a espécie, mas a combinação de vocábulos Electrophorus electricus é diferente daquela que ele havia proposto originalmente, Gymnotus electricus. Ao longo desses quase 250 anos que nos separam de Lineu, e ao cabo de milhares de estudos sobre a evolução das linhagens de peixes, muitas hipóteses antigas foram suplantadas e vários nomes mudados; outras tantas foram confirmadas, e os nomes que as refletem foram preservados. Índice Sobre a nomenclatura popular adotada Um dos objetivos desta obra é valorizar o saber, a cultura e a tradição popular da gente ribeirinha da região do Mearim. Portanto, embora cientes de que as espécies de peixes aqui apresentadas recebem diferentes nomes segundo a região em que ocorrem, e que alguns desses nomes são amplamente utilizados em todo o Brasil, preferiu-se privilegiar uma denominação local, própria da região, como nome popular principal para cada espécie. No final do capítulo há um índice remissivo que permite acessar as informações sobre cada espécie através de outros nomes. Já os nomes em inglês do texto vertido para esse idioma seguem, sempre que pertinente, as designações oficiais empregadas pela Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) para espécies de valor comercial, e pela Sociedade Americana de Pesca (AFS) para espécies exóticas comercializadas nos EUA. Caso contrário, foram adotados aqui nomes populares em inglês utilizados na República da Guiana (antiga Guiana Inglesa), denominações britânicas, e referências comerciais do aquarismo internacional. 40 / 131 CLASSE CHONDRICHTHYES PEIXES CARTILAGINOSOS ORDEM PRISTIFORMES Família Pristidae Pristis perotteti Müller & Henle, 1841 Espardarte ORDEM RAJIFORMES Família Potamotrygonidae Potamotrygon motoro (Müller & Henle, 1841) Arraia-pintada CLASSE OSTEICHTHYES PEIXES ÓSSEOS ORDEM CLUPEIFORMES Família Pristigasteridae Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 Dourada Família Engraulidae Pterengraulis atherinoides (Linnaeus, 1766) Peixe-cachorro ORDEM ELOPIFORMES Família Megalopidae Megalops atlanticus Valenciennes, 1847 Pirapema ORDEM CHARACIFORMES Família Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Jeju Tarira Família Hemiodontidae Hemiodus argenteus Pellegrin, 1908 Urubarana Família Curimatidae Tapiaca Curimata cyprinoides (Linnaeus, 1766) Choradeira Psectrogaster amazonica Eigenmann & Eigenmann, 1889 João-duro Steindachnerina cf. bimaculata Família Prochilodontidae Prochilodus sp. Curimatá Índice 41 / 131 CLASSE OSTEICHTHYES PEIXES ÓSSEOS Família Anostomidae Leporinus friderici (Bloch, 1794) Schizodon vittatus (Valenciennes, 1850) Piau Aracu Família Acestrorhynchidae Acestrorhynchus microlepis (Schomburgk, 1841) Cachorro Família Cynodontidae Cynodon gibbus Spix & Agassiz, 1829 Sardinha-de-gato Família Characidae Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Charax gibbosus (Linnaeus, 1758) Mylossoma sp. Pygocentrus nattereri Kner, 1858 Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829) Piaba Carcunda Pacu Piranha Piranha-ambel Sardinha ORDEM SILURIFORMES Família Ariidae Arius rugispinis Valenciennes, 1840 Hexanematichthys couma (Valenciennes, 1840) Jurupiranga Bagre Família Doradidae Hassar wilderi Kindle, 1894 Platydoras costatus (Linnaeus, 1766) Mandi-tatu Corró Família Auchenipteridae Ageneiosus dentatus Kner, 1858 Ageneiosus inermis (Linnaeus, 1766) Auchenipterus nuchalis (Spix & Agassiz, 1829) Pseudachenipterus nodosus (Bloch, 1794) Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766) Mandubé-pema Mandubé-sapo Cabeça-gorda Papista Capadinho Família Pimelodidae Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1840) Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 Pimelodus ornatus Kner, 1858 Pseudoplastystoma fasciatum (Linnaeus, 1766) Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) Lírio Mandi Mandi-lírio Surubim Tubajara Família Heptapteridae Pimelodella cristata (Müller & Troschel, 1848) Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Mandi-mole Jandiá Índice 42 / 131 CLASSE OSTEICHTHYES PEIXES ÓSSEOS Família Aspredinidae Aspredo aspredo (Linnaeus, 1758) Reque-reque Família Callichthyidae Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Megalechis thoracata (Valenciennes, 1840) Tamatá-preto Tamatá-branco Família Loricariidae Hypoptopoma sp. Hypostomus cf. plecostomus Liposarcus cf. pardalis Loricaria sp. Rineloricaria sp. Niquinho Acari Bodó Viola Viola-barbuda ORDEM GYMNOTIFORMES Família Sternopygidae Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801) Tubi Família Rhamphichthyidae Rhamphichthys marmoratus Castelnau, 1855 Tubi-terçado Família Gymnotidae Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 Sarapó Família Electrophoridae Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766) Poraqué ORDEM CYPRINODONTIFORMES Família Anablepidae Anableps anableps (Linnaeus, 1758) Tralhoto ORDEM SYNBRANCHIFORMES Família Synbranchidae Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 Muçum ORDEM PERCIFORMES Família Centropomidae Centropomus parallelus Poey, 1860 Centropomus undecimalis (Bloch, 1792) Camurim-branco Camurim-preto Família Sciaenidae Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) Pescada Índice 43 / 131 CLASSE OSTEICHTHYES PEIXES ÓSSEOS Família Cichlidae Crenicichla lugubris Heckel, 1840 Geophagus surinamensis (Bloch, 1791) Heros severus Heckel, 1840 Satanoperca jurupari (Heckel, 1840) Peixe-sabão Carapitanga Carambanja Cará-bicudo ORDEM PLEURONECTIFORMES Família Achiridae Achirus achirus (Linnaeus, 1758) Solha Índice 44 / 131 CLASSE CHONDRICHTHYES PRISTIFORMES RAJIFORMES Índice 45 / 131 Espardarte Pristis perotteti Müller & Henle, 1841 Outros nomes: peixe-serra, serra, araguaguá. É uma enorme espécie cartilaginosa, de cor cinzenta para amarronzada no dorso e parte superior dos flancos, esbranquiçando-se daí para a região ventral. Na parte superior da cabeça, atrás de cada olho, exibe um orifício relacionado com a respiração – o espiráculo. Suas nadadeiras peitorais são muito amplas. Na parte inferior, encontram-se a boca transversa e cinco a seis pares de fendas branquiais. O rostro – denominado espada, na região pesquisada, e catana, entre os pescadores do Pará – exibe, nos lados, dentes notáveis, numericamente variáveis conforme a espécie, e insubstituíveis, quando perdidos. Diz-se que o espadarte o utiliza para defesa e ataque, atribuições estas questionáveis. Sabe-se, porém, que o emprega para revolver o fundo, onde comumente vive, quando caça pequenos invertebrados para alimentar-se. Trata-se de peixe de ambiente marinho. Ocasionalmente, entre outubro a janeiro, invade o baixo Mearim. É vivíparo. Nascem-lhe, em cada gestação, entre 15 a 20 filhotes, medindo aproximadamente 50cm de comprimento, e trazendo o bico (espada) protegido por uma capa membranosa, para não ferir a mãe durante o parto. Pode chegar a 5,5m de comprimento e pesar 400kg. Nota: O exemplar da foto foi capturado por Damião de Brito, acidentalmente, de rede, no próprio baixo Mearim, nas cercanias da região urbana de Arari, em 14 de janeiro de 1999. Mediu 1,70m, incluindo a espada, e pesou 20kg. Índice 46 / 131 Arraia-pintada Potamotrygon motoro (Müller & Henle, 1841) Outros nomes: raia, arraia. Exemplar macho Face dorsal Face vental A arraia-pintada é a espécie representante do grupo dos peixes cartilaginosos de água doce no Mearim. Apresenta o corpo discóide, deprimido e prolongado por uma cauda armada de ferrão. Em sua face dorsal, amarronzada, disseminam-se inúmeras máculas amareladas, que são menores nas extremidades. Atrás de cada olho, tem um orifício importante para a respiração, o espiráculo. Na face ventral, esbranquiçada, sobressaem-se a boca transversa, cinco pares de fendas branquiais e a cloaca. É vivípara. Habita tanto os rios, quanto os igarapés. Entretanto, é mais ocorrente nos lagos. O Jardim, o Açu, o Itãs, dentre outros, são exemplos de lagos de grande ocorrência da espécie. É uma temeridade caminhar em ambientes minados de arraia, porque, quando pisado, esse peixe chicoteia vigorosamente a cauda, fazendo penetrar seu ferrão pungente e venenoso nos pés ou nas pernas de sua vítima. O acidente provoca dores insuportáveis, com um quadro inflamatório duradouro e complicado. Para afastar tal perigo, os pescadores recomendam caminhar-se arrastando os pés em vez de levantá-los, ou utilizar um bastão para afugentar as arraias. Um espécime adulto pode pesar, normalmente, 15kg, e o diâmetro do disco chega a medir 70cm. Os ribeirinhos do Mearim não a comem, quando acidentalmente capturada. Índice 47 / 131 Índice 48 / 131 CLASSE OSTEICHTHYES CLUPEIFORMES ELOPIFORMES CHARACIFORMES SILUFORMES GYMNOTIFORMES CYPRINODONTIFORMES SYNBRANCHIFORMES PERCIFORMES PLEURONECTIFORMES Índice 49 / 131 Dourada Pellona castelnaeana Valenciennes, 1847 Outros nomes: sarda, apapá-amarelo, sardinha-dourada. A dourada mostra o corpo alto e comprimido, coberto de escamas finas e prateadas, com nuanças amarelas. Esse peixe tem a região ventral afilada e ornada de uma serra procedente de escamas modificadas. Seus olhos são grandes. A boca, pequena e protrátil, é orientada para cima. A nadadeira caudal, furcada, mostra regiões escuras. As nadadeiras peitorais desenvolvidas contrapõem-se às ventrais, insignificantes. De junho a setembro, a dourada invade o baixo Mearim, sendo no resto do ano de ocorrência comum no estuário do rio. Um espécime adulto pode medir 50cm de comprimento e pesar cerca de 2kg. Pelágica e carnívora, capturam-na da forma tradicional – com tarrafa, rede e anzol – no rio e bocas de igarapés. Índice 50 / 131 Peixe- cachorro Pterengraulis atherinoides (Linnaeus, 1766) Outros nomes: maiacá, manjuba, sardinha-pitiú. O peixe-cachorro é branco-prateado, de corpo fortemente comprimido, com escamas delicadas e facilmente destacáveis. Apresenta uma faixa esbranquiçada coincidente com a linha lateral, desde a abertura branquial, extensa, até o pedúnculo caudal. Não apresenta a nadadeira adiposa. A cabeça mostra a boca ampla e os olhos graúdos, quase no extremo do focinho. Pode superar 20cm de comprimento. Ocorre normalmente no baixo Mearim, entre julho e outubro, quando se percebem seus cardumes movimentando-se quase à flor d’água, à caça de pequenos peixes e camarões, de que se alimenta. É repulsivo para os nossos ribeirinhos, que não o comem nem dele fazem iscas, porque, como dizem, exala a fetidez da urina. Índice 51 / 131 Pirapema Megalops atlanticus Valenciennes, 1847 Outros nomes: camurupim, camuripema, tarpon, sábalo. Peixe de corpo comprimido, com escamas grandes e prateadas, a pirapema exibe a boca grande e orientada para cima. Sua nadadeira dorsal apresenta um filamento na parte final. É muito prolífera, chegando a fêmea a produzir 10 milhões de óvulos por ciclo reprodutivo. Quando em águas pobres de oxigênio, vem à superfície para encher de ar a bexiga natatória, que tem comunicação direta com o esôfago. Natural do ambiente marinho, frequenta a água doce, por breves incursões ou longa temporada. Nessa viagem, sobe rios, invade igarapés e lagos. Sabe-se de sua ocorrência no Mearim, além da confluência do Grajaú. Comprovando o fato, disse-nos o pescador Mequeca que, certa vez, nas imediações da boca do igarapé Jabutitá (o de baixo), capturou um espécime de 3kg, insignificante pelas dimensões que esse peixe pode atingir: 2,5m de comprimento e 150kg. Segundo informantes residentes em Arari, dos dois maiores espécimes capturados nas águas do Mearim, um atingiu 80kg e o outro 42kg. Isso na década de 1950. O primeiro foi capturado no Estirão da Rabela, e o segundo, nas imediações do porto da capela de Sant’Ana, no Perimirim, em Arari. Voraz, alimenta-se de siris, caranguejos, camarões e peixes. Redes e arpões são utensílios comuns para sua captura. Índice 52 / 131 Jeju Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) O jeju tem o corpo cilíndrico, revestido de escamas graúdas, duras e escorregadias. Exibe coloração escura no dorso, que vai esmaecendo até a região mediana dos flancos, intensificando-se, às vezes, à guisa de faixa, no percurso da linha lateral. Daí para a região peitoral e ventral, é amarelado. A cabeça é cônica e bem ossificada. A boca exibe dentes caniniformes, insinuando o regime alimentar – carnívoro. Não apresenta a nadadeira adiposa, o que é um sinal da família a que pertence. A nadadeira caudal é larga e de borda terminal arredondada. Habita geralmente as águas escuras e pouco profundas dos lagos e lagoas que, no rigor da estação seca, podem ficar lamacentos. Ainda assim, sobrevive. Quando esses ambientes começam a secar, foge serpenteando pelos caminhos empoeirados e folhiços da mata, à procura de outro melhor. Durante esse percurso fora d’água, respira o oxigênio atmosférico, graças a sua bexiga natatória, capaz de auxiliar ou substituir-lhe temporariamente a respiração branquial. Alcança cerca de 25cm de comprimento e 200g de peso. Pescam-no com tarrafa, rede, choque e caniço, entre abril e maio, na beira dos baixos, e com iscas de jias. Índice 53 / 131 Tarira Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Outros nomes: traíra, sulamba, pongó, maria-de-fátima, pau-de-nego, lavina. A tarira apresenta o corpo escamado, escuro e manchado, com o ventre amarelado. Suas nadadeiras são pigmentadas, mais nitidamente a caudal, de borda externa arredondada, que, com a ausência da adiposa, forma uma particularidade familiar. A cabeça é grande e fortemente ossificada. A boca, ampla, com dentes caniniformes implantados separadamente. Para reproduzir-se, nidifica em buracos à margem dos ambientes em que vive, mantendo o casal rigorosa vigilância aos ninhais e à futura prole. Ocorre em abundância nas águas rasas e calmas dos rios, igarapés e, predominantemente, dos lagos. Comenta-se da sua ocorrência em outros países sul-americanos, e até em alguns da América Central. É espécie carnívora muito popular na região. São comuns os exemplares que alcançam cerca de 30cm de comprimento e 300g, mas há os que ultrapassam essas medidas, chegando até pouco mais de 1kg. Capturam-na de tarrafa, rede, choque, anzol e gadanho. Índice 54 / 131 Urubarana Hemiodus argenteus Pellegrin, 1908 Outros nomes: jutuarana, jatuarana, flecheiro-voador. De corpo alongado, fusiforme, cinza-prateado, com regiões suavemente amareladas, a urubarana cobre-se de minúsculas escamas pouco aderentes. Uma mancha escura, bem perceptível, aparece quase no meio vertical de seus flancos, entre a nadadeira dorsal e a adiposa. A nadadeira caudal mostra-se alaranjada nas bordas externas. A cabeça é cônica, com os olhos notáveis. A boca é quase inferior. É pelágica e geralmente também de ocorrência lacustre. Alimenta-se de microorganismos bentônicos, detritos orgânicos e perifíton É espécie pouco numerosa, atualmente. Supõe-se que seu nome vulgar, flecheiro-voador, proceda da agilidade dos saltos que emite para livrar-se das redes e da ação de predadores. Pode chegar a 25cm de comprimento. Índice 55 / 131 Família Curimatidae Tanto a choradeira (Psectrogaster amazonica) como a tapiaca (Curimata cyprinoides) são, na voz popular, chamadas indistintamente branquinhas, devido às evidentes semelhanças entre uma e outra: corpo curto, alto, comprimido e revestido de escamas prateadas. Ambas medem cerca de 20cm de comprimento e pesam 120g aproximadamente, mas a tapiaca, no dizer comum, pode atingir maior tamanho. Confrontando-as, percebe-se que as escamas da choradeira são ásperas, os lábios finos, a nadadeira caudal exibe uma esmaecida mácula na base, e o ventre é arredondado – enquanto que as escamas da tapiaca são lisas, o lábio inferior mais desenvolvido que o superior, as nadadeiras não apresentam mancha, e o ventre é aplainado e duro. Trata-se de espécie muito abundante na região. Ocasionalmente, organizam-se em cardumes numerosos, a montante do Três-Bocas (baixo Mearim), rio Grajaú e lagos adjacentes. Alimentam-se de microorganismos bentônicos, detritos e perifíton. Capturam-nas de tarrafa e rede. Tapiaca Choradeira Curimata cyprinoides (Linnaeus, 1766) Psectrogaster amazonica Eigenmann & Eigenmann, 1889 Índice 56 / 131 João-duro Steindachnerina cf. bimaculata A configuração do joão-duro assemelha-se à da piaba (Astyanax bimaculatus), exigindo olhar atento para observarse as diferenças entre ambos. O joão-duro, razoavelmente mais comprido que a piaba, pode ultrapassar 10cm, e apresenta o corpo alongado, pouco comprimido, escamado, prateado e sem manchas. Sua cabeça propende à forma cônica. A linha lateral é bem pigmentada no terço final do corpo. Na borda superior da nadadeira dorsal, pode aparecer um vestígio escuro. Os ambientes de ocorrência dessa espécie são os mesmos da piaba: igarapés, campos inundáveis, lagos – e, com menor freqüência, o rio. Índice 57 / 131 Curimatá Prochilodus sp. Outros nomes: curimatã, corimbatá, crumatá, corimba. A curimatá apresenta o corpo alto e comprimido, coberto de escamas prateadas. Suas nadadeiras caudal, anal e dorsal – esta, com um espinho anterior na base – são levemente manchadas. Seus lábios são grossos, em forma de ventosa, com dentículos fragilmente implantados. Atualmente, são escassos na região exemplares que ultrapassem 30cm de comprimento e 400g. Outrora, além de comuns, superavam essas medidas, chegando a mais de 1kg. Cita-se a curimatá como um dos mais prolíferos peixes de água doce. Conforme registros, gera 500 mil a 1 milhão de óvulos por ciclo reprodutivo. Ocorre nos rios, lagos e igarapés. Peixe iliófago, alimentase de lodo e detritos orgânicos. Pescam-na de tarrafa e rede. Índice 58 / 131 Piau Leporinus friderici (Bloch, 1794) Outros nomes: piau-cabeça-gorda, piau-de-coco. O piau tem o corpo fusiforme, escamas prateadas, com nuanças escuras no dorso e partes superior dos flancos. Aqui, vêem-se às vezes três máculas: uma ao nível da nadadeira dorsal; outra entre essa e a adiposa; e a terceira na base da nadadeira caudal. A cabeça é cônica. Em cada maxila, implantam-se-lhe firmemente cerca de sete dentes incisiviformes. É espécie menos abundante que o seu confamiliar aracu (Schizodon vittatus) e, do mesmo modo, mais ocorrente nos lagos. Pode chegar a 25cm de comprimento e 200g, aproximadamente. Mas espécimes desse tamanho têm sido poucos comuns na região. Seu hábito alimentar é variado: frutinhos da mata ciliar, larvas, pequeninos peixes e camarões. É capturado com tarrafa, rede e anzol. Índice 59 / 131 Aracu Schizodon vittatus (Valenciennes, 1850) Outros nomes: piau, piau-de-vara. O aracu tem corpo fusiforme, escamas prateadas, ornado com quatro barras transversais, ocasionalmente muito evidentes: a primeira, logo após a abertura branquial; a segunda, ao nível da nadadeira dorsal; a terceira, entre esta nadadeira e a adiposa, com a qual se alinha a quarta. Sua cabeça é cônica. Os olhos, graúdos. A boca exibe oito dentes multicuspidados, firmemente implantados em cada maxila. Herbívoro voraz, alimenta-se de folhas, raízes e frutos. Ocorre nos rios, igarapés e lagos, onde é mais abundante. Pode ultrapassar 40cm de comprimento e 1kg de peso, mas atualmente são raros os espécimes desse tamanho. Captura-se com tarrafa, rede e caniço. Índice 60 / 131 Cachorro Acestrorhynchus microlepis (Schomburgk, 1841) Outros nomes: uéua, cachorrinho. O peixe conhecido por esse nome tem o corpo de quase roliço a ligeiramente comprimido, coberto de escamas minúsculas, prateadas e levemente amareladas, mas pouco aderentes. Mostra uma mancha escura no lombo, logo atrás da abertura branquial, e outra, mais perceptível, na base da nadadeira caudal, onde, na margem externa, exibe um vestígio linear escuro. Sua nadadeira dorsal pode apresentar uma insignificante mácula escura nos raios terminais. A cabeça termina num focinho pontudo, com a boca carregada de dentes aguçados e muito fortes. Carnívora, é uma espécie de ocorrência geralmente lacustre e pouco numerosa na região do Mearim. Atinge cerca de 20cm de comprimento e 100g. Capturam-na de tarrafa e rede. Índice 61 / 131 Sardinha-de-gato Cynodon gibbus Spix & Agassiz, 1829 Outros nomes: icanga, minguilista, peixe-cachorro, arangau. A sardinha-de-gato mostra o corpo bem comprimido, no qual se notam duas máculas escuras: uma, mais evidente, sobre a linha lateral e após a abertura branquial; e outra, inconspícua, na base da nadadeira caudal. Suas escamas são minúsculas e facilmente destacáveis. Suas nadadeiras são bem claras, destacando-se a longa nadadeira anal, e as peitorais – desenvolvidas, se comparadas com as minúsculas ventrais. A boca é grande e voltada para cima, com dentes aguçados. É carnívora. Vive nos lagos, rios e igarapés. Pescam-na com tarrafa e rede. O exemplar da foto mediu 29cm de comprimento e 240g, mas outros existem com tamanhos maiores. Interessante notar que, nos Estados do Pará e do Amapá, esta espécie e o nosso peixe-cachorro têm nomes populares exatamente trocados: lá, Pterengraulis atherinoides é chamada de sardinha-de-gato e Cynodon gibbus é conhecida como peixe-cachorro. Índice 62 / 131 Piaba Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Espécie abundante, a piaba tem o corpo comprimido e alto, cobrindo-se de escamas prateadas, realçadas, às vezes, com nuanças alaranjadas. Logo após a abertura branquial e acima da linha lateral, apresenta uma evidente mácula escura. Outra, na base da nadadeira caudal, prolongase por seus raios medianos. Na região superior do branco dos olhos (membrana esclerótica), insculpe-se uma mácula avermelhada. No trecho de nossa pesquisa, a faixa expressiva de ocorrência da espécie são os ambientes – rios, igarapés e lagos – de Arari e Vitória do Mearim. Mas seus grandes celeiros são os campos inundáveis desses e de outros municípios da Baixada Maranhense, entre os quais sobressaem Viana, Penalva, Pinheiro, São Bento e Perimirim. Detritívora, a piaba mede aproximadamente 10cm de comprimento. Sua captura mais usual se faz com tarrafa e caniço. Índice 63 / 131 Carcunda Charax gibbosus (Linnaeus, 1758) A carcunda deriva seu nome do fato de ter o corpo muito comprimido, bastante elevado logo após a cabeça, formando uma gibosidade. Seus olhos são graúdos. A boca é protrátil, contornada externamente por nove grânulos. Suas escamas são minúsculas e levemente prateadas. Após a abertura branquial e acima da linha lateral, encontra-se uma evidente mácula negra, e outra menor, na base da nadadeira caudal. A borda externa da nadadeira caudal nãobifurcada é tingida de negro, assim como os vestígios que podem aparecer nas bordas das outras nadadeiras. Geralmente, a carcunda é de ocorrência lacustre, mas o exemplar da foto foi capturado de tarrafa, pelo médico-veterinário Jofran Soares, no próprio rio Mearim, a montante da foz do Grajaú, nos arredores do lugarejo Poção das Cobras. Mede aproximadamente 20cm de comprimento. Índice 64 / 131 Pacu Mylossoma sp. Outros nomes: pampo, medalha, pacuzinho. Peixe de configuração arredondada, muito comprimida e alta, minúsculas escamas prateadas e linha lateral evidente, o pacu é freqüente nos campos inundáveis e lagos da área pesquisada. São mais comuns os espécimes que medem cerca de 10cm de comprimento. Dizem que se alimenta de pequeninos frutos, sementes e detritos. A tarrafa é o utensílio habitual de sua captura. Índice 65 / 131 Piranha Corpo ovalado, curto e alto, a piranha cobre-se de escamas minúsculas, aderentes e, predominantemente, cinza-prateadas, escurecidas no dorso. As regiões peitoral e ventral, assim como a nadadeira anal, são avermelhadas, tornando-se arroxeadas no período da maturação sexual. A cabeça é grande e resistente. Os dentes, aguçados, fortes e dilacerantes, denunciam seu regime alimentar: carnívoro e voraz, fato que se comprova pela rapidez com que devora suas presas. Muitos relatos se ouvem, aliás, sobre a voracidade das piranhas, alguns carregados de exageros; outros confiáveis e até comprováveis. Os criadores comentam das mutilações de seus animais, por elas atacados a dentadas, nos úberes, barrigas e lábios, quando pastam em campos inundados ou transpõem igarapés e lagos minados pela espécie, ou, ainda, quando descem a margem lamacenta do rio para beber água. Às vezes, para minorar o prejuízo e abreviar o suplício da rês mutilada, a opção é o abate. Já os pescadores queixam-se de estragos em seus utensílios de pesca, e não escapam de mutilações nos pés, pernas, mãos e dedos, 66 / 131 Índice Arraste o texto Pygocentrus nattereri Kner, 1860 Outros nomes: piranha-caju. Piranha-ambel Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) Outros nomes: pirambeba, piranha-branca, piranha-ambéua. A piranha-ambel tem o corpo curto, alto, muito comprimido e elevado bruscamente após a cabeça, coberto de escamas minúsculas, prateadas e, às vezes, pontilhadas de escuro. A nadadeira caudal apresenta regiões enegrecidas; a nadadeira anal, avermelhadas. Do mesmo modo que a sua aparentada Pygocentrus nattereri – a piranha comum –, a piranha-ambel é carnívora, mas de baixa agressividade. Os pescadores da região contam um fato curioso: os exemplares menores têm por hábito extirpar os olhos de outros peixes, quando estes se aprisionam nas redes. O focinho pontudo da espécie favorece-lhe a façanha. Essa espécie alcança cerca de 25cm de comprimento e 350g. Vive nas áreas marginais dos rios, lagos e igarapés. É capturável com tarrafa, rede e anzol. Índice 67 / 131 Sardinha Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829) Outro nome: sardinha-papuda. Apresenta o corpo muito comprimido, alto e coberto de escamas graúdas, prateadas e reluzentes. Na região peitoral, forma um papo afilado. As nadadeiras peitorais são bem desenvolvidas. As pélvicas, não. A caudal apresenta os raios medianos escuros e alongados. Ocorre tanto no rio quanto nos lagos e igarapés. Outrora, quando era intenso o tráfego fluvial no Mearim, abundantes cardumes de sardinha sitiavam as embarcações fundeadas, para alimentarem-se das migalhas que despencavam das louças servidas. Atualmente o declínio da espécie é notório. Alimenta-se de resíduos, insetos e sementes. Atinge cerca de 20cm de comprimento, medida do exemplar da foto. Captura-se de caniço e tarrafa. Nota: Não se deve confundir essa espécie de sardinhas com as marinhas, cujo grupo familiar é o Clupeidae. Índice 68 / 131 Jurupiranga Arius rugispinis Valenciennes, 1840 Ariídeo de corpo amarelado e ventre esbranquiçado, o jurupiranga pode alcançar cerca de 35cm de comprimento e pesar 1kg aproximadamente. A sua ocorrência no baixo Mearim se restringe à região de confluência do tributário Pindaré e proximidades. É carnívoro. Captura-se com anzol ou rede. Índice 69 / 131 Bagre Hexanematichthys couma (Valenciennes, 1840) Outro nome: bagre-catinga. O bagre apresenta o corpo denso, fortemente ossificado, de cor cinza no dorso e parte dos flancos, alvacento na região peitoral e ventral. Sua cabeça é grande, achatada, resistente e parcialmente granulosa na face superior. A boca é ampla. Os barbilhões, curtos. Os espinhos de suas nadadeiras peitorais e da dorsal são fortes, aguçados e venenosos, capazes de provocar dores atrozes aos que neles se ferirem. É uma espécie estuarina mas, entre agosto e janeiro, geralmente ocorre no curso inferior do rio. Pescadores afirmam que esse peixe chega a 90cm de comprimento e 13kg, aproximadamente, mas há referência de espécimes mais avantajados. Na região pesquisada, também dizem que, quando atiçado pelo apetite voraz, o bagre encarduma-se em frentes ruidosas – capazes de despertarem pavor nos ribeirinhos circunstantes – para, viajando rio acima, dar caça a peixes e tudo o mais que lhe apeteça. Pouco do que apareça à superfície das águas escapa dessa frenética comilança. Ao fenômeno, uns denominam jurupopoca de bagre, e outros, pororoca de bagre. Captura-se com rede, linha e espinhel, este às vezes iscado com fatia de sabão, o que mostra a voracidade e a variedade alimentar da espécie, normalmente carnívora. Antes de uma recente revisão sistemática, a espécie era referida como Arius couma. Índice 70 / 131 Mandi-tatu Hassar wilderi Kindle, 1894 Outros nomes: botinho, mandi-bicudo. O mandi-tatu é de configuração subcilíndrica, cinza-amarelado no dorso e flancos, e esbranquiçado no ventre. Nas proximidades do terço final, e de cada lado, nota-se uma série de minúsculas placas ósseas espinhosas, mais evidentes na região do pedúnculo caudal. Tem cabeça cônica, focinho pontudo, olhos graúdos, boca pequena com barbilhões curtos e unidos na base. Sua nadadeira dorsal é amarelada, podendo exibir uma mancha escura na borda. Ocorre nos igarapés, lagos e rios. Tem hábito alimentar supostamente onívoro. Captura-se geralmente com gaiola e tarrafa, dificilmente com anzol. O exemplar da foto, de tamanho considerável, na avaliação dos pescadores da região, mediu 21cm de comprimento e pesou 110g. Índice 71 / 131 Corró Platydoras costatus (Linnaeus, 1766) Outros nomes: quirri, cascudo, bacu-de-listra, jigue-jigue, carrau. O corró tem a cabeça larga e resistente, focinho arredondado e boca com barbilhões curtos. Os flancos são revestidos por uma série de placas ósseas, cada uma com um espinho retrorso. Além disso, os acúleos de suas nadadeiras peitorais e dorsal são serrilhados. Tais particularidades respondem pelo firme aprisionamento desses peixes nas redes ou tarrafas. Já temos presenciado os apuros por que passam os pescadores, ao verem suas tarrafas ou redes minadas pela espécie. Então, furam-se os dedos, ralam-se as mãos, consome-se a paciência, e o tempo da pescaria exaure-se no despesque. Com regime alimentar variado – larvas, camarões, pequenos peixes –, o corró encontra-se no fundo dos rios, igarapés e lagos, onde também pode ser capturado de gaiola e anzol. Atinge cerca de 20cm de comprimento. Nota: Há uma espécie muito similar a esta, ainda não descrita, no rio Pindaré. Índice 72 / 131 Mandubé-pema Ageneiosus dentatus Kner, 1858 Outros nomes: mandubé, fidalgo, ximbé, manduvê. Exemplar fêmea Exemplar macho O mandubé-pema apresenta o corpo muito comprimido, cabeça estreita e deprimida, focinho ovalado, olhos bem laterais e alinhados com o canto da boca. É escuro no trajeto dorsal e parte superior dos flancos. Daí para baixo, é esbranquiçado. A nadadeira caudal, bem furcada, mostra uma mancha escura na base dos lobos. A dorsal situa-se distante na adiposa reduzida. A anal é longa. O macho da espécie exibe o espinho da nadadeira dorsal duro e provido de gancho na ponta. Também exibe os barbilhões maxilares ossificados, curtos, ásperos e rígidos. É espécie pelágica e piscívoro, ocorrendo, com mais freqüência, nos rios e bocas de igarapés. Abundante outrora, atualmente escasseia no rio Mearim. Pode chegar a 30cm de comprimento e cerca de 250g. Pescam-na de rede, espinhel e paritá, cercando os igarapés na maré enchente, para, no refluxo, facilitar a captura. Índice 73 / 131 Mandubé-sapo O corpo do mandubé-sapo é denso, flácido e comprimido em sentido pós-ventral. No dorso e na parte superior da cabeça, é cinza-escuro. No resto do corpo, é esbranquiçado. Tem a cabeça larga e achatada, a boca ampla. A nadadeira caudal, extensa e truncada, mostra regiões escurecidas no ramo superior. A nadadeira dorsal pode exibir um vestígio escuro na borda. Pelágico e piscívoro, ocorre na condição de espécie raríssima, hoje, nos rios e bocas de igarapés da região. Aliás, nem mesmo quando o Mearim era mais piscoso, o mandubé-sapo era peixe abundante. A sobrepesca, até em épocas inoportunas, a destruição da mata ciliar e dos refúgios naturais muito concorrem para a escassez do mandubé-sapo e de outras espécies outrora abundantes. Conforme pescadores, chega a 50cm de comprimento e 2kg. Apesar de raro, sua captura não é difícil, podendo ser fei74 / 131 ta de rede, espinhel Índice ou tarrafa. Arraste o texto Ageneiosus inermis (Linnaeus, 1766) Outros nomes: bocudo, fidalgo, mandubé. Cabeça-gorda Auchenipterus nuchalis (Spix & Agassiz, 1829) Outros nomes: fidalgo, carataí, mandi-peruano, mandi-leiteiro. O cabeça-gorda apresenta o corpo alongado, comprimido e de coloração de cinza-claro para esbranquiçado, com o dorso escurecido. A cabeça pequena tem o focinho arredondado, os olhos graúdos e os barbilhões curtos. As nadadeiras são claras: as peitorais e a dorsal – esta bem à frente e distante da adiposa, reduzida – mostram o primeiro raio ossificado e serrilhado; a caudal pode mostrar as bordas escuras. Este peixe parece um pequeno mandubé – daí, talvez, os nomes mandubé-fidalgo e mandubé-jiquiri, que também lhe chamam na região. É espécie pouco abundante. Ocorre tanto nos rios, quanto nos igarapés e nos lagos. Alimenta-se de minúsculos peixes, camarões e larvas. Mede 17cm de comprimento e pesa cerca de 80g. Captura-se, comumente, de rede e tarrafa. Índice 75 / 131 Patista Pseudauchenipterus nodosus (Bloch, 1794) O corpo do papista é esbranquiçado, com o dorso escuro; a cabeça, bem ossificada, e as nadadeiras peitorais e dorsal apresentam espinhos duros, aguçados e fortes. Comumente alcança 17cm de comprimento. É onívoro. De moderada ocorrência no baixo Mearim, entre novembro e fevereiro, o papista desova no seco, esperando a maré para levar os ovos para a água. São facilmente capturáveis com anzol, rede ou tarrafa. Índice 76 / 131 Capadinho Trachelyopterus galeatus (Linnaeus, 1766) Outros nomes: bagrinho, anojado, anuiá, cabeça-de-ferro, cachorro-de-padre, cangati. É um peixe curto, flácido e de pele lisa, ou melhor, de couro, como se chamam popularmente os destituídos de escamas ou placas ósseas. A cor escura e manchada de quase todo o corpo contrasta com seu ventre claro. A cabeça tem crânio forte, olhos pequenos e focinho arredondado. A nadadeira dorsal é pequena e, como as peitorais, apresenta o primeiro espinho duro e serrilhado. A nadadeira anal é carnosa na base, e a caudal, espatulada, tem a borda terminal oblíqua. Vive na região marginal dos rios, lagos e igarapés. Pode atingir cerca de 18cm de comprimento e 100g. Pescam-no de linha, rede, tarrafa, choque, gaiola e caniço com isca de gongo, nos aningais e matas alagadas, nas noites escuras do final da temporada chuvosa (maio-junho). Índice 77 / 131 Lírio Hemisorubim platyrhynchos (Valenciennes, 1840) Outros nomes: jurupoca, bico-de-pato. O lírio mostra o corpo curto e distendido na região abdominal, de cor acinzentada para cinza-rosada no dorso e parte dos flancos. Daí para o ventre é alvacenta. Na região da linha lateral, um pouco afastada da abertura branquial, até a base da nadadeira caudal, inscrevem-se cerca de oito máculas alinhadas longitudinalmente. As nadadeiras são transparentes e levemente manchadas no indivíduo adulto. Sua cabeça é grande, com a mandíbula avançada. É espécie de ocorrência fluvial e lacustre, escassa no rio Mearim e declinante no Pindaré. Pode atingir aproximadamente 50cm de comprimento e pesar 5kg. Atualmente, porém, são incomuns espécimes assim avantajados na região. A rede e o espinhel são as práticas comuns de sua captura. Índice 78 / 131 Mandi Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 Outro nome: mandií. Entre as espécies na região a que o povo chama mandi, a mais ocorrente é a cinza-amarelada, de corpo intumescido na parte anterior e comprimido na parte posterior, cabeça cônica, olhos graúdos, boca pequena. São pungentes os primeiros espinhos de suas nadadeiras peitorais e dorsal, em cuja base, e sobre a placa nucal, percebe-se uma mácula escura. Os barbilhões maxilares extensos superam os mandibulares. O mandi habita as águas mansas dos rios, igarapés e lagos. Alimenta-se de minúsculos peixes, larvas, camarões, frutinhos e detritos. O exemplar da foto mediu cerca de 25cm de comprimento. Existem espécimes um pouco maiores. Variadas são as práticas de sua captura: tarrafa, rede, gaiola e anzol. Índice 79 / 131 Mandi - lírio Pimelodus ornatus Kner, 1858 Outros nomes: mandiaçu, mandiguaçu. Espécie pouco abundante, o mandi-lírio exibe um sinal bem particular: uma mácula escura em sua nadadeira dorsal. No trajeto longitudinal do corpo, acima da linha lateral até o dorso, é escuro. Por baixo é esbranquiçado, salvo a parte anterior dos flancos, que é cinza-escura. A nadadeira caudal, ampla, bem furcada, ou mesmo lunada, mostra regiões escuras nas bordas internas. As outras nadadeiras são claras e sem manchas. Pelo que nos afirmam, é peixe mais comum nos rios e bocas de igarapés. A rede é um bom utensílio para sua captura. O exemplar da foto, considerado de bom tamanho, mediu 37cm e pesou 600g. Na apreciação de pescadores locais, existem espécimes moderadamente mais avantajados. Índice 80 / 131 Surubim Pseudoplastystoma fasciatum (Linnaeus, 1766) Outros nomes: pintado, surubim-pintado. O surubim apresenta o corpo alongado e roliço, porém os espécimes avantajados e gordos são encorpados nas regiões peitoral e ventral – essa, esbranquiçada. Sobre o dorso e os flancos escuro-acinzentados, correm rajas pardas, irregulares, quase verticalizadas. A cabeça, grande, escura por cima e pelos lados, centraliza no topo um sulco longitudinal notável, a fontanela. As nadadeiras são pontilhadas de escuro em fundo claro, destacando-se a caudal, extensa e furcada. Pode atingir 1,5m de comprimento e 35kg, mas são raros esses espécimes. Atualmente, poucos superam os 5kg. Habita, comumente, o fosso dos lagos, rios e igarapés. É carnívoro e facilmente capturável com anzol, rede e tarrafa. Índice 81 / 131 Surubim Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) Outros nomes: bico-de-pato, braço-de-moça. O tubajara apresenta o corpo alongado e roliço, com a cabeça deprimida e os olhos bem laterais, alinhados com o canto da boca. O maxilar muito avançado ultrapassa a mandíbula, e deixa a placa dentígera exposta. Longitudinalmente, na região entre o dorso e linha lateral, é escuro – da cabeça à nadadeira caudal. Dessa linha para baixo é alvacento. Vive nos lagos, rios e bocas de igarapés. Do seu apetite voraz, fala o pescador Mequeca: “Tão comilão é o tubajara que, depois de empanturrar-se de pequenos peixes e camarões, dos quais se alimenta, regurgita na água o que no bucho não coube, mas os ‘olhos maiores que a barriga’ os fizeram ingerir”. Atinge cerca de 40cm de comprimento e pesa 400g, mas atualmente são raros esses espécimes na região pesquisada. Captura-se de caniço, linha, espinhel e, ocasionalmente, nas tapagens de igarapés. Índice 82 / 131 Mandi-mole Pimelodella cristata (Müller & Troschel, 1848) O mandi-mole tem, como particularidades físicas bem evidentes, o corpo alongado e a extensa nadadeira adiposa. A cabeça cônica, os olhos graúdos e a boca pequena, com barbilhões compridos, muito se assemelham aos do Pimelodus blochii (mandi, ou mandií). Vive nos igarapés, rios e lagos, e também alimenta-se de larvas, camarões, pequeninos peixes, frutinhos da mata ciliar e detritos. Captura-se, comumente, com gaiola e tarrafa. O exemplar da foto, considerado de bom tamanho, mediu 20cm de comprimento e pesou 60g. Índice 83 / 131 Jandiá Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) Trata-se de um siluriforme de corpo enegrecido, longa nadadeira adiposa, freqüente nos igarapés escuros e sombrios da região. É peixe fundamentalmente carnívoro. Sua captura se faz com anzol, rede, tarrafa e paritá. São consideráveis por aqui os espécimes que atingem 25cm de comprimento e pesam 150 gramas, como o do exemplar fotografado. Índice 84 / 131 Reque-reque Aspredo aspredo (Linnaeus, 1758) Outros nomes: rabeca, rabo-de-couro. A configuração do reque-reque, concebida pela cabeça e pelo tronco, lembra um losango. Seu corpo progride subcilíndrico, comprimindo-se e afilando-se ao final. Seu dorso exibe uma linha longitudinal proeminente. Assim, também, a linha dos flancos, evidente na parte posterior. A face superior da cabeça mostra linhas ósseas protuberantes. O maxilar projetado, com barbilhões muito curtos, deixa a placa dentígera livre. Os barbilhões mandibulares são diminutos. As nadadeiras peitorais têm o primeiro espinho duro, com as bordas serrilhadas. A anal é longa, e a caudal, delicada, mostra a borda truncada. Manchas amarronzadas disseminam-se-lhe irregularmente pelo corpo, exceto no ventre, esbranquiçado. É espécie estuarina, mas entre agosto e dezembro ocorre, pouco abundante, no baixo curso do rio. Os maiores exemplares capturados mediram 17cm de comprimento e pesaram 15g. Índice 85 / 131 Família Callichthyidae Duas espécies ocorrem na região: o tamatá-preto, igualmente conhecido como tamatá-cambel, ou sete-léguas (Hoplosternum littorale), e o tamatá-branco (Megalechis thoracata). Ambos aproximam-se no comprimento – cerca de 17cm – mas ostentam algumas diferenças evidentes: o primeiro é mais alongado e mostra o topo da cabeça mais achatado do que o do segundo, de corpo entroncado e osso coracóide notável. Uma e outra espécies têm o corpo subcilíndrico escuro, revestido de duas séries verticais de placas ósseas imbricadas, que se tocam no meio dos flancos, e aí desenvolvem uma linha em ziguezague. Os barbilhões membranosos – um par em cada comissura – são unidos na base. As nadadeiras peitorais e a dorsal têm os primeiros espinhos duros, ásperos, mas não são pungentes. A nadadeira adiposa começa com um espinho retrorso, e a caudal, espatulada, tem a borda truncada. Os tamatás habitam as águas pouco profundas, escuras e lênticas dos lagos e das lagoas, que eventualmente têm reduzidíssimo teor de oxigênio. Além de subsistirem longas horas fora de seu ambiente natural, ainda empreendem mudanças, serpenteando pelo chão, de um para outro ambiente, quando o primitivo tende a secar. Nessa viagem atípica para um peixe, uma modificação do aparelho digestivo lhes faculta armazenar oxigênio para respirar. Choque e a tarrafa são os utensílios usuais de sua captura. Nota: Os habitantes da região dizem que só a espécie tamatá-preto empreende viagens terrestres, advindo dessa façanha o nome de sete-léguas que lhe aplicam. Falam, ainda, que essa espécie é mais resistente às condições de severidade da água. Índice 86 / 131 Tamatá-preto Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Tamatá-branco Megalechis thoracata (Valenciennes, 1840) Índice 87 / 131 Família Loricariidae As espécies da numerosa família Loricariidae são denominadas na região pelos nomes populares acari, bodó, niquinho e viola. Complicadas em sua sistemática, apresentam o corpo revestido de placas ósseas freqüentemente manchadas, formando às vezes pequenas máculas bem delimitadas. As nadadeiras exibem o primeiro raio bem ossificado, mas não são à guisa de acúleos. A boca, em forma de ventosa, com dentículos especializados, raspa, do substrato, lodo e algas para o seu alimento. Na apreciação de estudiosos, grande número dessas espécies apresenta respiração acessória, prestada por seu estômago vascularizado. Daí poderem viver fora d’água demoradamente. O intestino, longo e enovelado, lhes oportuniza melhor absorção dos alimentos. São pouco prolíferas, razão que lhes impõe zelo com a prole, para garantirem a perpetuação da espécie. Por isso, guardam seus ovos e crias nos buracos das barreiras imersas, e aí montam vigilância. É o que fazem os bodós. As violas, entretanto, os protegem em suas pregas labiais. Quanto à configuração, as violas são alongadas e leves, e podem medir cerca de 30cm. Seu pedúnculo caudal é deprimido. Não apresentam a nadadeira adiposa, e sua nadadeira caudal termina às vezes por um filamento comprido. Não têm essa configuração os niquinhos, os acaris, e os bodós. Esses dois últimos, mais evidentemente, são encorpados, tendo o pedúnculo caudal arredondado. Sua nadadeira adiposa inicia-se com um espinho retrorso. Confrontando-se o bodó com o acari, o primeiro é mais avantajado. Pode exceder de 40cm e pesar cerca de 1kg. O acari é amarelado. O minúsculo niquinho raramente alcança 10cm de comprimento. Índice 88 / 131 Niquinho Hypoptopoma sp. Acari Hypostomus cf. plecostomus Índice 89 / 131 Bodó Liposarcus cf. pardalis Viola Loricaria sp. Índice 90 / 131 Viola - barbuda Rineloricaria sp. Viola - bicuda Rineloricaria sp. Índice 91 / 131 Tubi Sternopygus macrurus (Bloch & Schneider, 1801) Outros nomes: ituí, tuvira. É uma espécie de corpo muito comprimido, longo e com escamas insignificantes, que se fazem mal-percebidas. O afilamento que discorre o corpo do tubi em direção posterior é excessivamente exagerado, o que faz o pedúnculo caudal aparentar um cordão alongado, achatado e fino. Nos flancos, após a abertura branquial, nota-se uma mácula escura. A cabeça é cônica, com os olhos minúsculos. Apresenta apenas as nadadeiras peitorais e uma anal, muito longa. Vive nas águas calmas das margens dos rios e igarapés, alimentando-se de insetos, pequenos peixes e camarões. Pode atingir cerca de 45cm de comprimento. Captura-se, comumente, de anzol ou tarrafa. Índice 92 / 131 Tubi - terçado Rhamphichthys marmoratus Castelnau, 1855 Outros nomes: tubi-facão, ituí-terçado. Como o outro tubi, esse apresenta, do mesmo modo, o corpo fortemente comprimido, alongado, afilado excessivamente para a parte posterior, coberto de escamas minúsculas, tomado de manchas escuras, difusas e indefinidas. Também só apresenta as nadadeiras peitorais e uma anal muito longa. A cabeça é prolongada por um focinho tubular, com a boca reduzida. Ocorre, comumente, nas águas sossegadas das margens dos rios, lagos e igarapés. Alimenta-se de pequenos organismos – vermes, larvas, insetos, crustáceos – que vivem na lama e sob a liteira. Em geral, atinge cerca de 70 cm de comprimento e pesa 300g, aproximadamente. Sua captura se faz, no mais das vezes, com tarrafa ou rede. Índice 93 / 131 Sarapó Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 O sarapó exibe o corpo escuro, rajado obliquamente, e com grande variação pigmentar, revestido de escamas minúsculas e aderentes, que podem até passar despercebidas. Da cabeça para o meio do corpo, é subcilíndrico. Daí para o final, vai progressivamente se comprimindo e afilando. A cabeça é cônica, com os olhos minúsculos. A mandíbula, com os dentículos mais evidentes que os do maxilar, exibe um moderado prognatismo. Possui as nadadeiras peitorais e uma anal muito longa – cerca de 80% do comprimento do corpo. De modo geral, ocorre nas águas escuras dos igarapés e córregos, sendo mais capturável entre agosto e dezembro, quando esses ambientes ficam mais rasos. A captura com tarrafa é a mais usual. Na região, o sarapó é mais utilizado como isca do que como alimento. O exemplar da foto mediu 34cm de comprimento. Índice 94 / 131 Poraqué Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766) Outros nomes: poraqué, peixe-elétrico. Corpo subcilíndrico, escuro e descamado, pelo qual se disseminam pequenas máculas amareladas, o poraqué tem cabeça achatada, olhos pequenos e boca rasgada. O papo e o ventre são marrom-avermelhados. Apresenta as nadadeiras peitorais pequenas, e uma anal longa e franjada, que, na extremidade posterior do corpo, forma uma pseudo-nadadeira caudal. Vale-se da mucosa bucal, ricamente vascularizada, para efetuar a respiração aérea, quando vem à tona. Privado dessa respiração suplementar, morre por asfixia. Das 250 espécies de peixes produtores de eletricidade que se estimam existir, no mar e na água doce, esse habitante de muitas bacias sul-americanas é o mais potente na produção de descargas elétricas. Seus órgãos elétricos situam-se ao longo dos flancos, e, como “baterias”, esgotamse à medida que emitem descargas, de potencial tanto mais elevado quanto maior for o espécime, chegando a 600 volts ou mais. Com essas descargas, defende-se de predadores e imobiliza as suas presas, para devorá-las. Esgotando suas “baterias”, precisa de tempo para “recarregá-las”. Atingindo cerca de 2m de comprimento, 10kg e uns 15cm de diâmetro, o poraqué vive em águas escuras e sombrias dos pequenos cursos d’água, lagos e lagoas mearinenses, onde eventualmente surpreende, com violentas descargas, animais e pessoas que ali penetrem. Índice 95 / 131 Tralhoto Anableps anableps (Linnaeus, 1758) Outro nome: quatro-olhos. É peixe alongado, subcilíndrico, escamado. Caracterizase pelo olho grande, globoso e saliente, dividido horizontalmente por uma delicada pele: a parte superior lhe dá a visão aérea, e a parte inferior, submersa, a visão aquática. A nadadeira anal modificada do macho, denominada gonopódio, é o seu órgão sexual intromitente, e uma particularidade referencial para distingui-lo da fêmea. É ovovivíparo. Nada rente à superfície d’água e, quando ameaçado, defende-se emitindo saltos. Típico de águas estuarinas, o tralhoto ocorre desde o sul do México ao norte da América do Sul. A faixa ocorrencial da espécie no rio Mearim situa-se nas proximidades da confluência do rio Pindaré para jusante. Pode alcançar 25cm. Índice 96 / 131 Muçum Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 Outro nome: muçu O muçum é representante, no Brasil, da família Synbranchidae, de raras espécies, ocorrentes ainda na África e na Índia.1 Seu corpo é serpentiforme, amarelado ou escuro, descamado e mucoso, com pregas carnosas lembrando nadadeiras dorsal e anal. Pode viver longo tempo fora d’água e em galerias no barro, quando ficam secos os lamaçais, onde freqüentemente habita. Revelação curiosa de nossa pesquisa é que a fêmea, após o primeiro período reprodutivo, muda de sexo: transforma-se em macho. Pelo que informam pescadores da região, o muçum atinge 1,5m de comprimento. Temos ouvido encômios sobre a espécie, servida guisada, frita ou assada. São raros, porém, na região, os adeptos da iguaria. Pescam-no de tarrafa, choque, anzol, ou com vara de gancho, quando entocados. Mas os ribeirinhos do Mearim não são costumeiros pescadores do muçum. 1 Estudos recentes comprovam a existência de outras espécies confamiliares ao muçum no Brasil, como a lampréia do Pará, forma ainda não descrita pela ciência. Índice 97 / 131 Família Centropomidae Os camurins são peixes de porte médio, alongados, com um rostro cônico de perfil encurvado e afilando adiante. De coloração prateada, possuem a parte espinhosa da nadadeira dorsal separada da parte raiada, as nadadeiras pélvicas quase sob as peitorais, e a nadadeira anal antecedida por um forte acúleo. Conforme registros, quatro espécies de camurim ocorrem no ambiente marinho brasileiro. Duas dessas, pelo que informam pescadores regionais, aparecem no baixo Mearim, entre outubro e março. Uma delas é o camurim-preto, camurim-flecha, ou robalo (Centropomus undecimalis), de linha lateral bem pigmentada, de aproximadamente 1,30m de comprimento e 20kg. Esta espécie é mais avantajada, porém menos ocorrente que a congênere, denominada camurim-branco, camurim-peba ou, também, robalo (Centropomus parallelus). Esta última tem a linha lateral menos pigmentada, porém evidente. Mede cerca de 50cm de comprimento e pesa 3kg, aproximadamente. Vorazes, ágeis e bons nadadores, os camurins alimentamse de peixes e crustáceos. Geralmente, são capturáveis de rede, e têm ótima aceitação como alimento. Índice 98 / 131 Camurim-branco Centropomus parallelus Poey, 1860 Camurim-branco Centropomus parallelus Poey, 1860 Índice 99 / 131 Pescada Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) Outro nome: pescada-branca. É peixe de escamas miúdas, ásperas e prateadas, que refletem, às vezes, tonalidades esverdeadas no lombo. Tem a boca largamente fendida, dentes aguçados, olhos desenvolvidos. A linha lateral, bem notável, progride sobre a nadadeira caudal, lanceolada e escamada. A nadadeira dorsal é longa, com um entalhe separando a parte anterior, de espinhos rijos, da posterior, de raios moles. Na base das peitorais elevadas, ou axilas, exibe uma mácula escura, que vale como sinal particular da espécie. Uma riquíssima variedade de espécies da família Sciaenidae ocorre no ambiente marinho ou estuarino. Mas o exemplar que se expõe é um representante de água doce ocorrente no rio Mearim. Alimenta-se de camarões e pequenos peixes. Pode atingir 50cm de comprimento e pesar 5kg, aproximadamente. A rede e o anzol são utensílios comuns para capturá-la. Índice 100 / 131 Família Cichlidae As espécies da numerosa família Cichlidae ocorrentes na região distinguem-se pelo corpo ovalado, salvo o do peixesabão (Crenicichla lugubris), que é alongado e subcilíndrico. Exibem escamas ásperas, linha lateral interrompida no terço final do corpo, com outra prosseguindo abaixo, nadadeiras ventrais na posição das peitorais elevadas, nadadeira anal com os primeiros raios pungentes – mais evidenciados na carambanja (Heros severus) – e nadadeira caudal com a borda truncada ou arredondada. Pelo que aqui se fala, só o peixe-sabão pode ultrapassar 17cm de comprimento. Essas espécies têm acentuada preferência pelas águas escuras e lênticas dos igarapés e lagos. Sua captura usual se faz com tarrafa, rede e choque, mas com anzol também se captura a carambanja. Particularidades individuais das espécies: Associadas ao que de geral se diga da família, o peixesabão, de corpo alongado e subcilíndrico, exibe dois ocelos nos extremos do corpo: um, inconspícuo, no lombo, e outro, evidente, circundado de pontículos áureos, na base da nadadeira caudal. A carapitanga, Geophagus surinamensis, com formações lineares alaranjadas, tem uma discreta mácula acinzentada no meio do corpo. A carambanja, arredondada, verde-escura, quase negra, é a mais abundante na região e a mais resistente às condições de severidade da água: baixas taxas de oxigênio e variação da temperatura. O cará-bicudo, Satanoperca jurupari, com focinho pontudo, escamas verde-escuras, mostra uma mácula na parte superior da base da nadadeira caudal. Índice 101 / 131 Peixe-sabão Crenicichla lugubris Heckel, 1840 Carapintanga Geophagus surinamensis (Bloch, 1791) Índice 102 / 131 Carambanja Heros severus Heckel, 1840 Cará-bicudo Satanoperca jurupari (Heckel, 1840) Índice 103 / 131 Cará-bicudo Achirus achirus (Linnaeus, 1758) Outros nomes: aramaça, soia, chula Lado direito Lado esquerdo Apresenta o corpo ovalado, revestido de escamas duras, ásperas e aderentes, sobressaindo-se duas grandes nadadeiras que circundam quase todo o corpo: a dorsal e a anal. A boca é enviesada. Nos momentos iniciais da vida, no entanto, a solha parece um peixinho comum – uma piabinha, por exemplo – nadando à flor d’água. Decorridas algumas semanas, seu corpo vai se modificando: o olho esquerdo passa para o lado direito ou face superior, que é escura e manchada, com cerca de oito linhas transversais esparsas, e linha lateral evidente. Na face inferior esbranquiçada (ou “cega”), correspondente ao lado esquerdo do peixe jovem, é que a solha descansa o corpo no fundo lodoso onde comumente vive. Nada de prancha, e em curtos intervalos, impulsionada pelas vigorosas ondulações verticais da nadadeira caudal. De origem marinha, geralmente ocorre no Mearim nos primeiros meses do ano. Mede cerca de 12cm de comprimento, mas se conhece 104 / 131 Índice Espécies da flora do Mearim Flor de Jeniparana Índice 105 105//131 131 Fruta de Rato Índice 106 106 // 131 131 Flor Juliana Índice 107 / 131 Flor de Salsa Índice 108 / 131 Flor de Lírio Índice 109 109 // 131 131 Flor de Mururu Índice 110 / 131 Flor de Lacre Índice 111 / 131 Jiquiri Índice 112 / 131 OS PEIXES DO MEARIM por seus nomes populares NOME DO PEIXE Acará Acará-preta Acari Acari-branco Anojado Anuiá Apapá-amarelo Aracu Araguaguá Aramaça Arangau Arraia Arraia-pintada Bacu-de-litra Bagre Bagre-catinga Bagrinho Bico-de-pato Bodó Boi-de-carro Botinho Braço-de-moça Bocudo Branquinha Cabeça-de-ferro Cabeça-gora CATALOGADO COM O NOME DE: Carambanja Acari-branco Capadinho Dourada Aracu Espadarte Solha Sardinha-de-gato Arraia-pintada Corró Bagre Capadinho Lírio, tubajara Bodó Mandi-tatu Tubajara Mandubé-sapo Choradeira, tapiaca Capadinho Cabeça-gorda Índice 113 / 131 NOME DO PEIXE Cachorrinho Cachorro Cachorro-de-padre Camurim Camurim-branco Camurim-flecha Camurim-peba Camurim-preto Camuripema Camurupim Cangati Capadinho Cará Cará-bicudo Carambanja Carapitanga Cará-de-cavalo Caratinga Carcunda Carrau Cascudo Choradeira Chula Corimba Corimbatá Corró Crumatá Curimatã Dourada Fidalgo CATALOGADO COM O NOME DE: Cachorro Capadinho Camurim, peixe-sabão Camurim Pirapema Capadinho Carambaja Cará-bicudo Carambanja,Carapitanga Carapitanga, Cará-bicudo Cará-bicudo Carapitanga Carcunda Corró Choradeira Solha Curimatá Corró Curimatá Curimatá Dourada Cabeça-gorda, mandubé-pema, mandubé-sapo Índice 114 / 131 NOME DO PEIXE Espadarte Flecheiro-voador Icanga Ituí Ituí-terçado Jacundá Jandiá Jatuarana Jeju Jigue-jigue João-duro Jotoxi Jurupari Jurupiranga Jurupoca Jutuarana Lavina Lírio Maiacá Mandiaçu Mandi-bicudo Mandiguaçu Mandi Mandií Mandi-leiteiro Mandi-lírio Mandi-mole Mandi-peruano Mandi-tatu Mandubé CATALOGADO COM O NOME DE: Espadarte Urubarana Sardinha-de-gato Tubi Tubi-terçado Peixe-sabão Jandiá Urubarana Jeju Corró João-duro Viola Cará-bicudo Jurupiranga Lírio Urubarana Tarira Lírio Peixe-cachorro Mandi-lírio Mandi-tatu Mandi-lírio Mandi Mandi, mandi-lírio Cabeça-gorda Mandi-lírio Mandi-mole Cabeça-gorda Mandi-tatu Mandubé-pema, mandubé-sapo Índice 115 / 131 NOME DO PEIXE Mandubé-fidalgo Manbubé-jiquiri Mandubé-pema Manduvê Mandubé-sapo Manjuba Maria-de-fátima Medalha Minguilista Muçu Muçum Niquinho Pacu Pacuzinho Pampo Papa-terra Papista Pau-de-nego Peixe-cachorro Peixe-elétrico Peixe-pedra Peixe-sabão Peixe-serra Pescada Pescada-branca Piaba Piau Piau-cabeça-gorda Piau-de-coco Piau-de-vara Pintado CATALOGADO COM O NOME DE: Cabeça-gorda Mandubé-pema Mandubé-sapo Peixe-cachorro Tarira Pacu Sardinha-de-gato Muçum Niquinho Pacu Cará-bicudo Papista Tarira Peixe-cachorro, sardinha-de-gato Poraqué Carapitanga Peixe-sabão Espadarte Pescada Piaba Piau, aracu Piau Piau Aracu Surubim Índice 116 / 131 NOME DO PEIXE Pirambeba Piranha Piranha-ambel Piranha-ambéua Piranha-branca Piranha-caju Pirapema Pongó Poraqué Poraquê Quatro-olhos Quiri Rabeca Rabo-de-couro Raia Reque-reque Robalo Sábalo Sarapó Sarda Sardinha Sardinha-de-gato Sardinha-dourada Sardinha-papuda Sardinha-pitiú Serra Soia Solha Sulamba Surubim Surubim-pintado CATALOGADO COM O NOME DE: Piranha-ambel Piranha Piranha-ambel Piranha Pirapema Tarira Poraqué Tralhoto Corró Reque-reque Arraia-pintada Reque-reque Camurim Pirapema Sarapó Dourada Sardinha Sardinha-de-gato,peixe-cachorro Dourada Sardinha Peixe-cachorro Espadarte Solha Solha Tarira Surubim Surubim Índice 117 / 131 NOME DO PEIXE Tamatá Tapiaca Tarira Tarpon Traíra Tralhoto Tubajara Tubi Tubi-terçado Tubi-facão Tuvira Uéua Urubarana Viola Viola-barbuda Ximbé CATALOGADO COM O NOME DE: Tamatá Tapiaca Tarira Pirapema Tarira Tralhoto Tubajara Tubi Tubi-terçado Tubi Cachorro Urubarana Viola Viola-barbuda Mandubé-pema Índice 118 / 131 GLOSSÁRIO DE TERMOS CIENTÍFICOS E LOCAIS Abertura branquial - Abertura existente de cada lado na parte posterior da cabeça dos peixes ósseos, pela qual lhes sai a água que penetra pela boca, no processo respiratório. É recoberta por um osso que lhe serve de tampa, o opérculo. Acúleo - Estrutura óssea rígida e pungente, modificação de um ou mais espinhos das nadadeiras de certos peixes, como os bagres. Alevino - O peixe no estado inicial de seu desenvolvimento, após ter absorvido o saco vitelínico. Barbilhão - Cada um dos “bigodes” ou filamentos carnosos que alguns peixes, notadamente os bagres, exibem na região do rostro ou junto à mandíbula. Bentônico - Condição de organismo que vive junto ao fundo de um ambiente aquático. Contrasta com pelágico. Brânquia - Órgão respiratório dos animais aquáticos, estrutura vascularizada onde o sangue é oxigenado pela corrente de água renovada que passa por ela. Choque - Cesto cônico, aberto nas extremidades, preparado com varas ou fasquias de marajá e comumente apropriado para capturar espécies de regiões pantanosas. Índice 119 / 131 Caniniforme - Semelhante ao dente canino, ou seja, com a ponta cortante. Cintura escapular - Nos peixes, conjunto de ossos presos ao crânio que sustentam o par de nadadeiras peitorais. Clásper - Modificação da nadadeira pélvica dos machos de tubarões e arraias, formando uma estrutura intromitente para a cópula. Comprimido - Achatado lateralmente. É o formato geral do corpo de vários peixes ósseos, como a piranha, a curimatá e a piaba. C’roa-de-lama - Banco de lama depositado nas embocaduras de cursos d’água, conseqüência aluvial. Deprimido. Achatado dorsoventralmente, como as arraias. Dimorfismo sexual - Propriedade pela qual o homem distingue os machos das fêmeas de uma espécie. Dulciaqüícola - Que vive na água doce. Também referido como dulcícola. Espécie - Conjunto de populações de organismos geneticamente coerentes entre si, e distinto de qualquer outro conjunto constituído da mesma maneira. Na prática, essa distinção pode ser feita na medida em que os indivíduos de uma mesma espécie podem se cruzar entre si e originar descendentes Gongo - Larva de besouro encontrada no interior da inflorescência madura do tucum (Astrocaryum sp.), usada especificamente na pesca do capadinho, quando para isso se utiliza o caniço. Índice 120 / 131 férteis, enquanto indivíduos de espécies diferentes que eventualmente se cruzem teriam descendentes inviáveis ou estéreis. A espécie é a menor unidade de classificação biológica entre os sistematas. Espinho - Elemento de sustentação de uma nadadeira, rijo, inteiro (não segmentado), sem ramificações. Contrasta com raio. Não deve ser confundido com acúleo, que é o nome do “espinho” das nadadeiras dorsal e peitoral dos bagres e mandis. Espiráculo - Orifício situado atrás do olho dos peixes cartilaginosos, por onde entra a água que utilizam na respiração. É uma derivação da primeira fenda branquial, modificada. Fendas branquiais - Nos peixes cartilaginosos, aberturas verticais pelas quais sai a água que penetra pela boca durante a respiração. Variando de cinco a sete em número, situam-se na parte inferolateral atrás dos olhos nos tubarões, e ventralmente e um pouco atrás da boca nas arraias. Essas fendas não possuem uma tampa equivalente ao opérculo dos peixes ósseos. Fontanela - Fenda coberta de pele no topo do crânio de alguns peixes. Frugívoro - Que se alimenta de frutos. Furcado - Em forma de forquilha, o mesmo que bifurcado. Jeniparana (Gustavia augusta) Arbusto típico de áreas temporariamente inundadas. Pode atingir cerca de 4m de altura. Floresce entre setembro a dezembro. As flores são grandes, belas alvas e aromáticas. Dizem que a raspagem da casca da jeniparana é contraveneno para mordeduras de cobras peçonhentas Índice 121 / 131 Geralmente, diz-se da nadadeira caudal dividida em dois ramos, um superior e outro inferior, que ocorre em peixes como o mandi, o surubim, o aracu. Gadanho - Instrumento de pesca que consiste de um facão com um anzol preso na ponta, utilizado para espetar peixes grandes. Gibosidade - Corcunda. Elevação brusca no perfil logo após a cabeça, em alguns peixes, como aquele que, por isso mesmo, tem o nome popular de carcunda. Hábitat - Ambiente em que normalmente vive um organismo. Hemácia - Glóbulo vermelho do sangue. Célula que tem como função o transporte de gases envolvidos na respiração. Herbívoro - Que se alimenta de material vegetal. Ictiofauna - Fauna de peixes. Igarité - Embarcação alongada, estreita, de pequeno calado, propulsionada por motores de 5 a 18hp, com capacidade raramente superior a duas toneladas. Iliófago - Que se alimenta de lodo. Jurupopoca de bagre - Na região do Mearim, ruidosa movimentação que acontece com os cardumes de bagre, quando estes peixes, levado por seu apetite voraz, viajam rio acima, devorando tudo o que lhes apeteça. O fenômeno, também chamado pororoca de bagre, apavora as populações ribeirinhas. Mata-pasto (Senna alata) - Planta arbustiva muito comum nos campos baixos. O início da eflorecência, segundo os habitantes da região, é prenúncio do fim da estação chuvosa. O sumo extraído das folhas trituradas do mata-pasto dizem ser remádio eficaz na cura da micosa, vulgarmente denominada titinga ou pano-branco Índice 122 / 131 Lajem - Vide seco. Larva - Fase inicial de vida de muitos organismos, como os insetos e a maioria dos peixes, na qual o jovem indivíduo tem um aspecto muito diferente do adulto. Lêntico - Referente a sistemas de águas paradas ou com pouco movimento, como a água dos lagos. Contrasta com lótico. Liteira - Camada de material orgânico depositado no fundo das águas, constituída principalmente de folhas mortas e em decomposição. É um hábitat no qual vivem pequenos animais como vermes, crustáceos e larvas de insetos, que constituem importante fonte alimentar para muitos peixes. Lótico - Referente a um sistema de águas correntes, como a dos rios. Contrasta com lêntico. Lunado - Em forma de meia-lua. Refere-se à nadadeira caudal de alguns peixes, cujas bordas sugerem esta forma. Marajá - Palmeira nativa (Bactris sp.) das áreas alagadas, de madeira dura. Muco - Substância viscosa segregada por membranas mucosas ou por glândulas. Na pele dos peixes existem glândulas secretoras de muco, que os tornam escorregadios e lhes facilitam a natação. Munzuá - Utensílio cilíndrico, com uma abertura em armadilha, preparado com varas ou fasquias de marajá e usado para pescar a piranha. Índice 123 / 131 Multicuspidado - Diz-se do dente que tem várias pontas, ou cúspides. Ocelo - Olhinho. Mancha arredondada que lembra um olho. Onívoro - Que se alimenta, indistintamente, de substâncias animais e vegetais. Opérculo - Tampa óssea que recobre a abertura branquial, protegendo as brânquias. Paritá - Cerca de talo construída fora do ambiente aquático, que atravessa os igarapés na maré enchente, para facilitar a captura de peixes no refluxo das águas. É retirada depois da pesca e guardada para reutilização em outra oportunidade. Pelágico - Condição de organismo que vive na coluna d’água de um lago, rio ou oceano. Contrasta com bentônico. Perifíton - Comunidade complexa de animais, plantas, algas e detritos que aderem a objetos submersos em água doce, e formam uma camada orgânica superficial sobre eles. Piracema - Movimento migratório que fazem certas espécies de peixes, à procura de ambientes favoráveis para a desova, como os lagos e os campos inundáveis da Região Mearinense. Piscívoro - Que se alimenta fundamentalmente de peixes. Placa dentígera - Placa óssea situada no céu da boca de alguns peixes, sobre a qual se agrupam dentes miúdos. Pororoca - Onda de maré de grandes proporções que adentra ruidosamente a foz do rio e provoca uma frente muito alta, impossibilitando a navegação. Ocorre em alguns rios de desembocadura costeira da Região Amazônica, entre os quais o Mearim. Índice 124 / 131 Placa nucal - Formação óssea da base da nadadeira dorsal dos peixes, particularmente nos bagres em geral. A placa nucal do mandi é bem evidente. Plâncton - Conjunto de microorganismos animais e vegetais que flutuam ao sabor da corrente. Pororoca de bagre - Vide jurupopoca de bagre. Potamoictiográfico- - Relativo a rios e aos peixes que neles habitam. Prognatismo - Condição em que uma das arcadas dentárias se projeta à frente da outra, como ocorre com o tubajara (o maxilar superior adiante da mandíbula) e o lírio (a mandíbula avançada em relação ao maxilar superior). Protrátil - Que pode projetar-se ou distender-se para a frente, como a boca de alguns peixes. Raio - Elemento de sustentação de uma nadadeira, flexível, segmentado e geralmente subdividido na ponta. Contrasta com espinho. Retrorso - Voltado para trás, em particular um espinho ou acúleo. Rostro - Projeção do focinho de alguns animais, como o espadarte. Seco - Baixio ou área rasa no fundo dos cursos d’água, formado por material sedimentado e compactado, às vezes atingindo grandes proporções. Também chamado lajem. Vitelo - Substância encontrada no ovo que serve de alimento ao embrião que aí se desenvolve. Índice 125 / 131 SOBRE O AUTOR ÉDEN DO CARMO SOARES, filho de José Raimundo Soares e Francisca Ribeiro Soares, nasceu em Arari, Maranhão, à beira do rio Mearim, de quem sempre buscou e obteve inspiração, advindo-lhe gosto de navegá-lo em viagem de lazer e de percuciente observação de estudo, dos quais resultou este magnífico livro sobre a sua ictiofauna. Reside em São Luís, onde exerce a atividade para a qual se graduou, a de cirurgião-dentista. É oficial de reserva do Quadro de Saúde do Exército Brasileiro e exerceu o magistério por longos anos. É conselheiro da Fundação Cultural de Arari e membro fundador da Academia Arariense Vitoriense de Letras, ocupante da Cadeira nº 16, cujo patrono é o seu pai, alfaiate, músico, bacharel em Geografia e escritor. Ambientalista, preocupado com o destino do mundo, tem a sua linha de atuação voltada para ações que tenham como diretriz a melhoria das condições do ser humano e da natureza. Estudioso do Mearim, pretende abordar outros temas em torno do rio que elegeu como objeto primordial de suas pesquisas. Este seu trabalho é fruto do esforço próprio que exercita em função do ideal que lhe enaltece o espírito. José Fernandes Escritor Índice 126 / 131 ART, Henry W. Dicionário de ecologia e ciências ambientais. 2a. ed. São Paulo: UNESP/Melhoramentos, 2001. ATTENBOROUGH, David. A vida na terra. 2a. ed. Porto: Ambar, 1981. BARROS, Alencar. Zoologia. Vol. 2. 12a. ed. São Paulo: Gráfica Benetti. BATES, Marston. A floresta e o mar (The forest and the sea). São Paulo: Fundo de Cultura, 1965. 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Índice 129 / 131 geia.org.br EMPRESAS ASSOCIADAS Agropecuária e Industrial Serra Grande Alpha Máquinas e Veículos do Nordeste ALUMAR Atlântica Serviços Gerais Bel Sul Administração e Participações CEMAR - Companhia Energética do Maranhão CIGLA - Cia. Ind. Galletti de Laminados Ducol Engenharia Grupo Mateus Lojas Gabryella Mardisa Veículos Moinhos Cruzeiro do Sul Niágara Empreendimentos Oi Rápido London SempreVerde Televisão Mirante UDI Hospital VALE Índice 1 / 131