Polícia desmonta esquema de prostituição de menores na Rocinha
Ter, 30 de Outubro de 2012 16:58
Polícia desmonta esquema de prostituição de menores na Rocinha Reportagem do
'Fantástico' revela que agenciador foi preso. Agentes fizeram escutas autorizadas pela Jusitça
RIO - A Polícia Civil desbaratou um esquema de prostituição de menores na Rocinha, na
quinta-feira passada, com a prisão do principal agenciador das jovens, o cabeleireiro Dhemian
Alves Lopes, de 24 anos, como mostrou neste domingo o programa “Fantástico”, da TV Globo.
Durante 15 dias de escutas autorizadas pela Justiça, policiais da 15ª DP (Gávea) registraram
mil ligações em que o cabeleireiro aparece negociando o programa de adolescentes de 15 a 17
anos, além de venda e compra de drogas.
Infiltrado como um advogado espanhol, um produtor do “Fantástico” passou uma semana na
comunidade fazendo passeios turísticos para se aproximar do agenciador e apurar como
funcionava o esquema de exploração sexual, que é exclusivamente destinado a estrangeiros,
pois pagam valores mais altos. O programa chegava a custar até R$ 500.
Muitos dos encontros aconteciam em quartinhos alugados na comunidade ou em hotéis
próximos à favela de São Conrado. O agenciador tinha uma grande agenda de contatos e
oferecia meninas de diferentes aparências físicas.
Logo no primeiro encontro com as meninas, num bar da Via Ápia, na entrada da comunidade, o
produtor já pôde conferir a variedade de jovens que participavam do esquema do cabeleireiro.
O agenciador peguntava a preferência do cliente e apresentava as opções: louras, morenas e
mulatas. As jovens também exibiam fotos sensuais nos celulares durante a negociação.
Algumas fotografias chamaram a atenção do produtor. Entre uma e outra imagem das meninas
de lingerie, apareceram fotos de iniciais de uma facção criminosa e de um traficante conhecido
como Pateta, que seria o sucessor do Nem no comando da comunidade, mas foi morto pela
própria quadrilha.
Parentes se beneficiavam
A reportagem também mostrou que o dinheiro do turismo sexual chegava às mãos dos
parentes das jovens. Uma jovem de 16 anos, por exemplo, foi flagrada falando ao celular com
a mãe, dizendo que estava fazendo um PG (programa) e que não poderia continuar a
conversa, mas que ia enviar R$ 50 para ajudá-la.
Nenhuma negociação feita pelo produtor do “Fantástico” foi levada até o fim.
— Essas meninas se beneficiavam do tráfico — disse o major Edson Santos, comandante da
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UPP da Rocinha. — Elas conviviam com os traficantes. Não diretamente fazendo programa,
mas elas se beneficiavam do dinheiro do tráfico, junto com o traficante. Ou seja, foi o primeiro
momento em que essas meninas foram desvirtuadas. Num segundo momento, quando o tráfico
perdeu o poderio dentro da comunidade, essas meninas foram, através da persuasão desse
aliciador, introduzidas na prostituição, sendo oferecidas para os turistas.
Taxistas seriam cúmplices
Segundo o delegado Fábio Barucke, titular da 15ª DP (Gávea), o esquema de prostituição era
conhecido por taxistas e guias de turismo que circulam na Rocinha. Eles apontariam Dhemian
como agenciador quando o assunto era turismo sexual. O cabeleireiro só aceitava clientes
indicadas por pessoas das suas relações.
Para o delegado, ficou claro que o esquema de exploração sexual tinha a participação de
pessoas ligadas ao turismo na comunidade, que fazem os primeiros contatos com os
estrangeiros.
As escutas também revelaram que o agenciador atuava negociando a prostituição de menores
no Vidigal. Dhemian Alves Lopes vai responder a inquérito na polícia por exploração sexual de
crianças e adolescentes. A pena máxima prevista para esse crime é de dez anos de prisão.
Fonte: O Globo (Mariana Muller) |29/10/12
Reportagem do 'Fantástico' revela que agenciador foi preso. Agentes fizeram escutas
autorizadas pela Jusitça
A Polícia Civil desbaratou um esquema de prostituição de menores na Rocinha, na quinta-feira
passada, com a prisão do principal agenciador das jovens, o cabeleireiro Dhemian Alves
Lopes, de 24 anos, como mostrou neste domingo o programa “Fantástico”, da TV Globo.
Durante 15 dias de escutas autorizadas pela Justiça, policiais da 15ª DP (Gávea) registraram
mil ligações em que o cabeleireiro aparece negociando o programa de adolescentes de 15 a 17
anos, além de venda e compra de drogas.
Infiltrado como um advogado espanhol, um produtor do “Fantástico” passou uma semana na
comunidade fazendo passeios turísticos para se aproximar do agenciador e apurar como
funcionava o esquema de exploração sexual, que é exclusivamente destinado a estrangeiros,
pois pagam valores mais altos. O programa chegava a custar até R$ 500.
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Muitos dos encontros aconteciam em quartinhos alugados na comunidade ou em hotéis
próximos à favela de São Conrado. O agenciador tinha uma grande agenda de contatos e
oferecia meninas de diferentes aparências físicas.
Logo no primeiro encontro com as meninas, num bar da Via Ápia, na entrada da comunidade, o
produtor já pôde conferir a variedade de jovens que participavam do esquema do cabeleireiro.
O agenciador peguntava a preferência do cliente e apresentava as opções: louras, morenas e
mulatas. As jovens também exibiam fotos sensuais nos celulares durante a negociação.
Algumas fotografias chamaram a atenção do produtor. Entre uma e outra imagem das meninas
de lingerie, apareceram fotos de iniciais de uma facção criminosa e de um traficante conhecido
como Pateta, que seria o sucessor do Nem no comando da comunidade, mas foi morto pela
própria quadrilha.
Parentes se beneficiavam
A reportagem também mostrou que o dinheiro do turismo sexual chegava às mãos dos
parentes das jovens. Uma jovem de 16 anos, por exemplo, foi flagrada falando ao celular com
a mãe, dizendo que estava fazendo um PG (programa) e que não poderia continuar a
conversa, mas que ia enviar R$ 50 para ajudá-la.
Nenhuma negociação feita pelo produtor do “Fantástico” foi levada até o fim.
— Essas meninas se beneficiavam do tráfico — disse o major Edson Santos, comandante da
UPP da Rocinha. — Elas conviviam com os traficantes. Não diretamente fazendo programa,
mas elas se beneficiavam do dinheiro do tráfico, junto com o traficante. Ou seja, foi o primeiro
momento em que essas meninas foram desvirtuadas. Num segundo momento, quando o tráfico
perdeu o poderio dentro da comunidade, essas meninas foram, através da persuasão desse
aliciador, introduzidas na prostituição, sendo oferecidas para os turistas.
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Taxistas seriam cúmplices
Segundo o delegado Fábio Barucke, titular da 15ª DP (Gávea), o esquema de prostituição era
conhecido por taxistas e guias de turismo que circulam na Rocinha. Eles apontariam Dhemian
como agenciador quando o assunto era turismo sexual. O cabeleireiro só aceitava clientes
indicadas por pessoas das suas relações.
Para o delegado, ficou claro que o esquema de exploração sexual tinha a participação de
pessoas ligadas ao turismo na comunidade, que fazem os primeiros contatos com os
estrangeiros.
As escutas também revelaram que o agenciador atuava negociando a prostituição de menores
no Vidigal. Dhemian Alves Lopes vai responder a inquérito na polícia por exploração sexual de
crianças e adolescentes. A pena máxima prevista para esse crime é de dez anos de prisão.
Fonte: O Globo (Mariana Müller) | 29/10/12
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