Caderno de Resumos IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PROGRAMAS E RESUMOS 1 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Caderno de Resumos. IV Seminário Internacional do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar – “Olhares e diálogos sociológicos sobre as mudanças no Brasil e na América Latina”. São Carlos: UFSCar, 2013. ISSN 2236-1138 – 188 p. São Carlos 2013 2 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Universidade Federal de São Carlos – UFSCar Prof. Dr. Targino de Araújo Filho – Reitor Centro de Educação e Ciências Humanas Profa. Dra. Wanda Aparecida Machado Hoffmann – Diretora Departamento de Sociologia Profª. Drª. Maria da Gloria Bonelli - Chefe Programa de Pós-Graduação em Sociologia Profª. Drª. Maria Inês Rauter Mancuso - Coordenadora Coordenadores Prof. Dr. André Ricardo de Souza Prof. Dr. Fábio José Bechara Sanchez Prof. Dr. Valter Roberto Silvério Comissão Organizadora Alexandro Elias Arbarotti Cauê Gomes Flor Dafne Araújo David Esmael Marques da Silva Evelyn Louyse Godoy Postigo Giulliano Placeres Henrique de Linica dos Santos Macedo Henrique Yagui Takahashi Keith Diego Kurashige Larissa Ap. C. do Nascimento Letícia Canonico de Souza Luiz Fernando Costa de Andrade Maria Carolina de Camargo Schlitter Marcos Roberto Mariano Pina Paulo César Ramos Renan Rossi Vinicius Manduca Comissão Científica Prof. Dr. André Ricardo de Souza Prof.ª Dr.ª Anete Abramowicz Prof.ª Dr.ª Cibele Saliba Rizek Prof. Dr. Fábio José Bechara Sanchez Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran Prof.ª Dr.ª Jacqueline Sinhoretto Prof. Dr. Jacob Carlos Lima Prof. Dr. Jorge Leite Junior Prof.ª Dr.ª Fabiana Luci de Oliveira Prof.ª Dr.ª Maria Ap. de Moraes Silva Prof.ª Dr.ª Maria da Gloria Bonelli Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso Prof.ª Dr.ª Norma Felicidade Valencio Prof. Dr. Oswaldo Mario Serra Truzzi Prof. Dr. Richard Miskolci Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins Prof.ª Dr.ª Rosemeire Ap. Scopinho Prof.ª Dr.ª Tânia Pellegrini Prof. Dr. Valter Roberto Silvério Apoio Técnico Silmara Dionísio e Luciane Cristina de Oliveira Departamento de Sociologia Financiadores/Apoio UFSCar – PROEX (Pró-Reitoria de Extensão) e FAI CAPES FAPESP São Carlos 2013 3 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sumário APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................... 5 PROGRAMAÇÃO GERAL ......................................................................................................... 6 GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS ................................................... 11 GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES .................................................... 16 GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA...................................... 19 GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS .................................................... 23 GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME ........................................... 27 GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE .................................................................. 30 RESUMOS .................................................................................................................................. 32 GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS ................................................... 33 GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES .................................................... 67 GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA...................................... 92 GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS .................................................. 121 GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME ......................................... 145 GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE ................................................................ 165 INDICE DE PRIMEIROS(AS) AUTORES(AS) ...................................................................... 178 4 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar APRESENTAÇÃO É com imensa satisfação que apresentamos o IV Seminário Internacional do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar – “Olhares e diálogos sociológicos sobre as mudanças no Brasil e na América Latina”. Sendo realizado desde 2010 por discentes e docentes do PPGS/UFSCar, esta IV edição do Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos visa o intercâmbio acadêmico, propiciando o debate, em âmbito nacional e internacional, entre pós-graduação, estudantes de graduação e pesquisadores e pesquisadoras em Sociologia e áreas afins em torno do tema “Olhares e diálogos sociológicos sobre as mudanças no Brasil e na América Latina”. Desta maneira, a temática escolhida para este evento propõe fomentar o debate das linhas e temas tradicionais da sociologia com o contexto de mudanças em que se encontra o Brasil e a América Latina. O objetivo é oferecer aos participantes e às participantes atividades e debates sobre temas de fronteira das ciências sociais contemporâneas. Pretende também contribuir para fortalecer e divulgar o Programa de PósGraduação em Sociologia da UFSCar, consolidando e qualificando a disseminação da produção científica de suas linhas pesquisas, assim como incentivar a integração entre ensino, pesquisa e extensão universitária na Pós-Graduação. Agradecemos a todas e todos que compareceram e enviaram seus trabalhos para serem expostos, ouvidos e debatidos, sobretudo aqueles que se deslocaram a partir de várias regiões do país, quando não de outros países. Compartilhamos com vocês o sucesso em nossa intenção de expandir o evento e torná-lo mais relevante na circulação e divulgação da produção sociológica. Sejam muito bem-vindas e bem-vindos! Comissão Organizadora 5 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PROGRAMAÇÃO GERAL SEGUNDA-FEIRA 26 DE AGOSTO 18h30 – Mesa de abertura – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof. Dr. Targino de Araújo Filho (Reitor da UFSCar) Prof.ª Dr.ª Wanda Aparecida Machado Hoffmann (Diretora do Centro de Educação e Ciências Humanas/CECH/UFSCar) Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia/PPGS/UFSCar) Prof.ª Dr.ª Maria da Gloria Bonelli (Chefe do Departamento de Sociologia/DS/UFSCar) 19h – Conferência de Abertura: Entre o poder e a diferença. Política e etnicidade na América Latina contemporânea – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof. Dr. Sérgio Costa (Freie Universität Berlin / FU-Berlin/Alemanha) Após a Conferência de Abertura – Coquetel de boas vindas TERÇA-FEIRA 27 DE AGOSTO 9h –Mesa 1: Colonialidade e emancipação do saber e do poder no contexto latinoamericano – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof.ª Dr.ª Rita Laura Segato (UnB) Prof. Dr. Ramón Grosfoguel (University of California, Berkeley/EUA) Prof.ª Dr.ª Patrícia Scarponetti (Universidade Nacional de Córdoba/Argentina) Coordenação: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar) 6 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar 9h - Mesa 2: Perspectivas geracionais na América Latina – Local: Auditório do CECH (Edifício AT2 - área sul da UFSCar) Prof.ª Dr.ª Anete Abramowicz (UFSCar) Prof.ª Dr.ª Helena Abramo (Secretaria Nacional de Juventude – Secretaria Geral da Presidência da República) Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar) 14h – Sessão dos Grupos de Trabalhos (Locais divulgados em programação anexa) 17h – Fórum: As “novas” políticas sociais brasileiras – Local: Auditório do Departamento de Ciências Sociais (área sul da UFSCar) Prof. Dr. Marco Ceballos (Universidade Andrés Bello/Chile) Prof.ª Dr.ª Isabel Pauline Hildegard Georges (UFSCar) Prof.ª Dr.ª Cibele Saliba Risek (USP) Prof.ª Dr.ª Yumi Garcia dos Santos (UFMG) Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar) 19h - Mesa 3: Ilegalidade, política e território na América Latina – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof. Dr. Rafael Soares Gonçalves (PUC – RJ) Prof. Dr. Salvador Maldonado Aranda (El Colégio de Michoacán/México) Prof. Dr. Leonardo Damasceno de Sá (UFC) Coordenação: Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar) 19h - Mesa 4: As mudanças no cristianismo latino-americano – Local: Auditório do CECH (Edifício AT2 - área sul da UFSCar) Prof. Dr. André Ricardo de Souza (UFSCar) Prof. Dr. Dario Paulo Rivera (UMESP) Prof. Dr. Ricardo Mariano (USP) Coordenação: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília) 7 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar QUARTA-FEIRA 28 DE AGOSTO 9h –Mesa 5: Ao sul da teoria: pesquisas sobre gênero, sexualidade e teoria queer no contexto brasileiro e latino-americano – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof. Dr. Pedro Paulo Gomes Pereira (UNIFESP) Prof.ª Dr.ª Larissa Maués Pelúcio Silva (UNESP/Bauru) Prof. Dr. Richard Miskolci (UFSCar) Coordenação: Prof. Dr. Jorge Leite Jr. (UFSCar) 9h - Conversa com o autor I: “Trabalho e suas novas configurações” com o Prof. Dr. Elísio Estanque (Universidade de Coimbra/Portugal) – Local: Auditório do CECH (Edifício AT2 - área sul da UFSCar) Prof. Dr. Elísio Estanque (Universidade de Coimbra/Portugal) Coordenação: Prof. Dr. Jacob Carlos Lima (UFSCar) 14h – Sessão dos Grupos de Trabalhos (Locais divulgados em programação anexa) 17h – Conversa com o autor II: “Descolonizacion del poder y el conocimientos” com o Prof. Dr. Ramón Grosfoguel (University of California, Berkeley/EUA) – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof. Dr. Ramón Grosfoguel (University of California, Berkeley/EUA) Coordenação: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar) 19h – Conferência de encerramento – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar) Prof. Dr. Roberto Kant de Lima (UFF) 22h – Festa de encerramento com lançamento de livros e novas edições das revistas Contemporânea e Àskesis no Almanach Bar e Restaurante Endereço: Av. São Carlos, 2338 – Centro 8 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar http://www.osabordesaocarlos.com.br/restaurantes/almanach-bar-e-restaurante/ Minicurso – El debate poscolonial latinoamericano: ¿debates sobre el poder? (de 26 à 30 de agosto) – Local: Auditório do Departamento de Sociologia Prof.ª Dr.ª Patrícia Scarponetti (Universidade Nacional de Córdoba - Argentina) Programação do Minicurso: Sessão I – Segunda-feira, dia 26, às 14h Sessão II - Terça feira, 27, às 14h (Mesa 1 - Colonialidade e emancipação do saber e do poder no contexto latino-americano) Sessão III – Quarta-feira, dia 28, às 14h Sessão IV – Quinta-feira, dia 29, às 14h Sessão V – Sexta-feira, 30, às 14h 9 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar SESSÕES DOS GRUPOS DE TRABALHO 10 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS Sessão I: Relações Étnicas e Raciais Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO AGUIAR, Marcio Mucedula UFGD ANDRADE, Luiz Fernando Costa de UFSCar CONCEIÇÃO, Eliane Barbosa da FGV COSTA, Jacqueline UFSCar GONZALEZ ZAMBRANO, Catalina USP LERSCH, Thelma Beatriz Carvalho Cajueiro PUC RIO MEDEIROS, Priscila UFSCar MORAIS, Danilo UFSCar RIOS, Flavia USP SANTOS, Elisangela UNESP SANTOS, Jose Ricardo Marques Faculdades Barretos SOUZA, Sérgio UNIFIMES TAFURI, Diogo Marques UFSCar TINCANI, Daniela UNISEB BORDA, Erik (PÔSTER) GAVERIO, Marco (PÔSTER) UFSCar UFSCar TÍTULO DO ARTIGO EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: uma análise dos planos nacionais de educação, de educação em direitos humanos e do referencial curricular da rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul ensino médio. ESTADO DEMOCRÁTICO, RECONHECIMENTO E “CONSCIÊNCIA DE SI”: um exercìcio reflexivo a partir do debate racial. POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL PARA O MERCADO DE TRABALHO: lições prendidas. PROGRAMA DE INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO ÉTNICO RACIAL (PIIER) DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (UNEMAT): um estudo comparativo entre os campi de Cáceres e Sinop. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MULHERES NEGRAS: o Brasil e a Colômbia em perspectiva comparada. CIDADANIA, RECONHECIMENTO E JUSTIÇA ESTADO BRASILEIRO E AS AÇÕES AFIRMATIVAS COM CRITÉRIO RACIAL: descentramento e desracialização do nacional DISPUTA HEGEMÔNICA E POLÍTICA DE RECONHECIMENTO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO RAÇA, GÊNERO E REPRESSÃO MITIRAR: ensaio sociológico e histórico sobre a trajetória artística e política de Thereza Santos. DO CURURU PAULISTA COMO PECULIARIDADE IDENTITÁRIA, ALGUNS APONTAMENTOS A FIXAÇÃO DO SUJEITO NA BIBLIOGRAFIA SOBRE CULTURA CAIPIRA E SERTANEJA. DAS RELAÇÕES ENTRE RAÇA-ETNIA, CLASSE E STATUS: discutindo a conformação da hierarquia social no brasil. A POLÍTICA COMO DESCOLONIZAÇÃO: reflexões sobre o estado-nação brasileiro e sua democracia constitucional. A IDENTIDADE CULTURAL E O INVESTIMENTO EM POLÍTICA PÚBLICA CULTURAL: um estudo sobre Ribeirão Preto ESTUDOS CULTURAIS NO BRASIL: do que estamos falando? CORPOS COLONIZADOS – reflexões sobre raça e deficiência 11 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Multiculturalismo e Identidades Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO ARAGON, Luiza UFF BERTELLI, Giordano UFSCar BORGES, Virginia UFPel FLOR, Cauê Gomes UFSCar GESSA, Marilia UNICAMP MACEDO, Marcio New School NACKED, Rafaela PUC/SP NASCIMENTO, Larissa SANTOS, Gilberto de Assis Barbosa UFSCar UNESP SILVA, Cinthia UNESP SILVA, Eliane UNESP SOUZA, Valtey Martins UFPA VITORINO, Diego UNESP TÍTULO DO ARTIGO DA CONSIDERAÇÃO AO RESPEITO: construção de gramáticas e diferenças na ladeira Sacopã A ÁFRICA NÃO CABE NO BRASIL? – aspectos (pós) coloniais da poética de Oswald de Andrade A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL CONTIDA NA ATUAÇÃO JUVENIL NO COTIDIANO TRADUZIR-SE UMA PARTE NA OUTRA PARTE: a construção de marcadores sociais da diferença na diáspora. RAP E TERRITORIALIDADE NA CIDADE DE SÃO PAULO A ARTE DA POLÍTICA E A POLITICA DAS ARTES: militantes e artistas na construção de uma esfera pública negra no Brasil REFAVELA (1977): negritude na poética musical de Gilberto Gil REPENSANDO CULTURA E IDENTIDADE NEGRA: o que os moradores do Bixiga têm a nos dizer? A PRESENÇA DO NEGRO NOS ROMANCES DE MACHADO DE ASSIS: ocorrências em “Esaú e Jacó” LUGARES DA MEMÓRIA. O recompor da cultura migrante entre avós e netos CAROLINA MARIA DE JESUS: marginalização social e escrita literária. UMA BREVE ANÁLISE DO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU NO MUNICIPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA NO ENCALÇO DO PONTO PERDIDO: a memória do jongo em Bananal – SP 12 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Subjetividades, Identidades e Diferenças Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Richard Miskolci NOME INSTITUIÇÃO AGUIRRE, Alexandra UERJ ARAUJO, Marivânia Conceição FANTINATO, Manuela FRANÇOSO, Luis Michel PUC-Rio GOMES, Cleber UNICAMP LEAL, Luã UNICAMP MASSUIA, Rafael. R. UNESP ROIM, Talita UNESP TENCHENA, Sandra Mara AKEL, Georgia (PÔSTER) UEM UNESP PUC/SP TÍTULO DO ARTIGO INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE INTERSUBJETIVIDADE NA RECEPÇÃO DE OBRAS DE ARTE TAMBÉM EXISTE ALEGRIA NO BAIRRO SANTA FELICIDADE VILÉM FLUSSER E O EXÍLIO COMO IDENTIDADE EM TRÂNSITO A MODERNIDADE É UMA SERPENTE A EDUCAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE E A ERA DA CIBERCULTURA IDENTIDADE NACIONAL E INDÚSTRIA CULTURAL: a música popular brasileira entre apropriações e disputas CULTURA E SOCIEDADE NO BRASIL SEGUNDO CARLOS NELSON COUTINHO MERCADO MUNICIPAL PAULISTA: relações socioculturais como formação de uma identidade cultural do ser paulistano CULTURA E IDENTIDADE NA CIDADADE DE PRUDENTÓPOLIS - PR UNICAMP MEXEU COM UMA. Mexeu com todas IBRAHIM, Ismael (PÔSTER) UFMS VIOLÊNCIA E PRECONCEITO: a identificação das ocorrências de bullying homofobico no ambiente escolar PATRIOTA, Beatriz (PÔSTER) UFSCar TATUAGEM: corpo e arte ZAMIAN, Gabriel (PÔSTER) UFMS HOMOFOBIA E SEXUALIDADE: a agressividade do “palavrão” como forma de manifestação do bullying no ambiente escolar 13 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão IV: Gênero, Corpos e Conflitos. Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Jorge Leite Jr. NOME INSTITUIÇÃO ALVES, Paula UFU AZEVEDO, Paulo PUC-Rio BONALDI, Eduardo USP DEODATO, Eder UFPE FEITOSA, Ricardo UFC LEAO, Natalia UFMG LIMA, Priscilla UFAM PINTO, Renata Pires PUC/SP ROSSI, Vanberto UFSCar SILVA, Wanessa UFAL TÍTULO DO ARTIGO A LEI MARIA DA PENHA SOB A PERSPECTIVA DO RECONHECIMENTO NEM MENINOS, NEM MENINAS. As ruas estão cheias de ninguém MULHERES INVESTIDORAS E ENGENHEIRAS: socialização, habitus de gênero e lutas concorrenciais GAROTOS DE PROGRAMA: uma etnografia da prostituição masculina em Recife "O OUTING COMO QUESTÃO": trânsito de práticas e conceitos. GÊNERO E DESIGUALDADE EM SAÚDE NAS MACROREGIÕES DO BRASIL MULHERES AMAZÔNICAS SEGUNDO ELIZABETH AGASSIZ EM VIAGEM AO BRASIL (1865-1866) IDENTIDADE NACIONAL: a Embratur como construtora de imagem da mulher brasileira FORMA E CONTEÚDO: algumas considerações sobre a possível reconfiguração do conceito de “obreira da vida” na atualidade O CORPO É DE QUEM? protagonismo feminino e cultura do parto „médico‟ 14 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão V: Culturas e Identidades Indígenas Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Profª Drª Clarice Cohn (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO TÍTULO DO ARTIGO GODOY, Marilia Gomes Ghizzi UNISA LIMA, Selma UFGD MELO, Betania UFRN LÉVI-STRAUSS: mito e música RIBEIRO JR, Ribamar IFPA/CRMB TERRA INDÍGENA MÃE MARIA: os Akrãtikatêjê no processo de resistência TRUJILLO MIRAS, Julia UnB A POLÍTICA INDIGENISTA E O PATRIMÔNIO IMATERIAL – novas abordagens, novas relações A MÚSICA E A DANÇA GUARANI MBYA COMO RECURSOS DE CIDADANIA E IDENTIDADE ÉTNICA ALUNOS INDÍGENAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE DOURADOS – MS: perspectivas e tensões. 15 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES Sessão I: Desenvolvimento Regional e Economia Solidária Data: 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Fábio Bechara Sanchez (UFSCar) Nome Instituição Título do Trabalho BELTRAME, Gabriella PUC-MG MUTIRÃO AUTOGESTIONÁRIO E ALTERNATIVA À PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA DO URBANO: reflexões sobre apropriação da cidade UFRGS AS POTENCIALIDADES E OS PROBLEMAS DAS CIDADES DOS ARCOS SUL E CENTRAL DA FRONTEIRA DO BRASIL UNISINOS SATISFAÇÃO: um tema em definição UFPA MIGRAÇÃO, TRABALHO E MINERAÇÃO: maranhenses tomam rumo de Parauapebas, no sudeste do Pará FIT (PA) REDES DE SOCIABILIDADE E COMÉRCIO NA FLORESTA UFBA O CONSELHO ESTADUAL DAS CIDADES DA BAHIA E A ELABORAÇÃO DA POLITICA ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS OLIVEIRA FILHO, Marco Aurélio UFSCar ASPECTOS RELACIONADOS À COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO SOLIDÁRIO EM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA – dificuldades e possibilidades POSSEBON, Daniela UFRGS A ECONOMIA CRIATIVA E OS NOVOS REFLEXOS INSTITUCIONAIS SOBRE O TRABALHO ARTESANAL EM PORTO ALEGRE UFCG CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DEMOCRACIA E OS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA UNIFIMES A OCUPAÇÃO DOS CERRADOS NO CENTRO-OESTE BRASILEIRO: trabalhadores, expansão do agronegócio e questões socioambientais USP ASPECTOS DA GOVERNANÇA LOCAL: inserção internacional das cidades através de redes de cidades CRUZ, Milton FILHO, Camilo Pereira Carneiro DAROS, Marilene Liége EID, Farid SOUZA, André Santos de MEDEIROS, Thais Helena Schweickardt, Katia MENEZES, Diego Matheus Oliveira de SILVA, Luiz Antonio Coelho BATISTA, Ozaias Antonio SILVA, João SOUZA, Sérgio BARBOSA, Nilvan VITAL, Graziela MOURA, Rosene de Jesus (POSTER) PELLEGRINO, Lucas Nunes (POSTER) UFRB UNESP O TRABALHO DAS MULHERES NA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA NO RECÔNCAVO BAIANO: comunidade Iriquitiá, Maragojipe Bahia A ZONA FRANCA DE MANAUS SOB A PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL (2002-2012) 16 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Trabalho Data: 28/08/13– às 14h Debatedor: Prof. Dr. Jacob Carlos Lima (UFSCar) Nome BAHIA, Ryanne F. Monteiro BRITTO, Denise Fernandes Instituição UFC UFSCar Título do Trabalho TRABALHO E MOBILIDADE: a experiência laboral de motoristas de ônibus urbano em Fortaleza A CULTURA ORGANIZACIONAL NO DISCURSO DA MÍDIA UENF REESTRUTURAÇÃO, PRECARIZAÇÃO E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: análises a partir da flexibilidade LIMA, Angela Maria de Sousa UEL O REDIMENSIONAMENTO DO TRABALHO SUBCONTRATADO DAS MULHERES NAS FACÇÕES DOMICILIARES E NAS COOPERATIVAS DE COSTURA DE CIANORTE-PR NELI, Marcos Acácio UNESP OLIVEIRA, Daniela Ribeiro UFSCar PASSOS, Daniela Oliveira Ramos dos UFMG PIRES, Aline Suelen UFSCar OS DESAFIOS DO TRABALHO ASSOCIADO: a experiência das fábricas recuperadas no Brasil RANGEL, Felipe UFSCar NOS BASTIDORES DA TERCEIRIZAÇÃO: o trabalho informal na indústria calçadista ROCHA DE FREITAS, Gabriella UFRGS A IMERSÃO EM NOVAS REDES SOCIAIS E AS MUDANÇAS NO TRABALHO INFORMAL DE RUA: o Shopping do Porto – Camelódromo de Porto Alegre TAVARES NETO, João UFPA TRABALHO E FLEXIBILIDE EM NARRATIVAS: um estudo sobre trajetórias ocupacionais de trabalhadores da indústria de construção CARMO, Priscila Pacheco (PÔSTER) UNESP MULHER E TRABALHO: a vida diária das teleatendentes CAVALCANTE, Isaac Ferreira (PÔSTER) UFPI O PERFIL DOS DIRIGENTES DOS SINDICATOS FILIADOS A CUT, NO MUNICÍPIO DE TERESINAPIAUÍ, EM 2012 MARTINS, Amanda Coelho (PÔSTER) UFSCar DISCURSO EMPREENDEDOR E REALIDADE PRECÁRIA: a categoria dos profissionais de TI SIQUEIRA, Wellington (PÔSTER) UFSCar PARALEGAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO: um estudo de processos e discursos de profissionalização GONÇALVES, Marilene Parente O ETHOS OPERÁRIO E O ADOECIMENTO NAS AGROINDÚSTRIAS AVÍCOLAS BRASILEIRAS ESTAGIÁRIOS EM EMPRESAS DE SOFTWARE: flexibilidade e qualificação INTITUIÇÕES SOCIAIS E A POSSÍVEL RESOLUÇÃO DE UM PROBLEMA DE AÇÃO COLETIVA: um estudo das associações trabalhistas de Belo Horizonte no início do século XX 17 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Sociologia Econômica e Políticas Públicas Data: 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Fábio Bechara Sanchez (UFSCar) Nome Instituição Título do Trabalho BAROUCHE, Tônia UNESP TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL E A PROBLEMÁTICA DO SUBSÍDIO CRUZADO: mobilidade social e tarifa módica para quem? CARVALHO, Jucineth G. E. S. V. de PERARO, M. A UFSCar ORIGENS E OCUPAÇÃO DO LOTEAMENTO QUARTAFEIRA: um estudo sobre a sua relevância no contexto da urbanização de Cuiabá (1968-1990) GALVÃO, Cassia Bömer PUC -SP OS PORTOS MARÍTIMOS BRASILEIROS – uma investigação inicial sobre suas reais contribuições ao nacional-desenvolvimento OLIVEIRA, Arlete UNISINOSRS MIGRAÇÃO E IDENTIDADE: relação intrínseca ou um processo consequente? SILVA, Alenicon Pereira da SILVA, Ricardo Lima da PEDROSA, Ana Paula Amorim UEPB DESLOCAMENTO DO SONHO: um olhar sobre a qualificação e empregabilidade dos refugiados haitianos em Manaus – AM SILVA, Newton UNESP O FURACÃO WALL STREET: impactos da última crise capitalista sobre a economia cubana SILVA, Ricardo Lima da PEDROSA, Ana Paula Amorim UFAM/UFT A DINAMICA DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE MANAUS SOUZA, André UFPA ZAPATA, Sandor UNESP ZUCCOLOTTO, Eder UNESP CASSIANO, André V. da Nóbrega (PÔSTER) UNESP FLORES, Mariana Seno (PÔSTER) UFSCar SIQUEIRA DE CARVALHO, Lucas (PÔSTER) UNESP ROYALTIES DE MINERAÇÃO E O FINANCIAMENTO DE PROBLEMAS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS (PA) AS RECENTES REFORMAS ESTRUTURAIS REALIZADAS NO PROGRAMA DE SEGURODESEMPREGO BRASILEIRO CAFEICULTORES E IMIGRANTES COMO HOMENS DE NEGÓCIOS E/OU EMPREENDEDORES NO INTERIOR DE SÃO PAULO: o caso de São Carlos, 1890 – 1950 GRANDES CONGLOMERADOS E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL NA AMAZÔNIA: o caso Belo Monte REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: sobre as dimensões cognitivas dos direitos sociais INÍCIO DA CEPAL E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL COM FOCO NA AMAZÔNIA E NO GOVERNO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002) 18 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA Sessão I: Desafios das Políticas Setoriais Frente aos Conflitos Sociais Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Eduardo José Marandola Jr. (UNICAMP) NOME INSTITUIÇÃO CORDEIRO, Tiago Gomes PUC - SP DAMAS, Helton Luiz Gonçalves UFSCar DUMONT, Tiago Vieira Rodrigues UNESP A HABITAÇÃO POPULAR NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: a construção de uma ilusão GALVANIN NETO, Tito UEL O COMBATE A POBREZA EM PARCERIA COM A PNUD: projetos desenvolvidos no Brasil HENNING, Ana Clara Correa FAGUNDES, Mari Cristina de Freitas PUC - RS ANALISANDO FENÔMENOS SOCIAIS: interpretação sociológica de movimentos de contracultura através do RAP brasileiro, frente ao sistema constitucional e coercitivo Estatal MATOS, Ísis Oliveira Bastos UFPel A QUESTÃO SOCIAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL MOTTA, Luana Dias UFSCar PROGRAMA VIVA-BH DE URBANIZAÇÃO FAVELAS: relações de poder, significação e ressignificação de espaço PAIVA, Larissa Nunes UFRN CONFLITO ENTRE ONGS EM FELIPE CAMARÃO: estes pobres são meus, vai procurar os teus! QUEIROZ, José Fernando UFSP PROJETOS SOCIAIS: limites e possibilidades redistributivas de capital social UFSCar CONFLITOS SOCIAIS E PODER PATRIMONIAL NA FORMAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA EM SÃO CARLOS-SP DURANTE A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX. UFU A ATUAÇÃO DAS ELITES LOCAIS E A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA CIDADE DE UBERLÂNDIA - MG USP IDOSOS NOS DESASTRES: uma análise das dimensões envolvidas no contexto paraibano WAGNER, Bruna Kucharski UFPel OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM INVASÕES IRREGULARES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO RECURSO A ESSA SUBVERSÃO ALCOCER, Laura Marcondes Ferraz ANDRADE, Thales Haddad Novaes de (PÔSTER) UFSCar CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO BRASIL: o caso da UHE Belo Monte SILVA, João Paulo da SILVA, Leandro Oliveira EVANGELISTA, Cleiber Wesley VIANA, Aline Silveira SATORI, Juliana Satori TÍTULO DO ARTIGO AS POLÍTICAS SOCIAIS E OS DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: conflitos e perspectivas POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS DE SUJEIÇÃO E RESISTÊNCIA - estudo de caso sobre a favela Santa Marta – RJ 19 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: A produção Sociopolítica de Novos Sujeitos entre Tensões e Mobilidades Transescalares Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Norma Felicidade Valêncio (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO TÍTULO DO ARTIGO AZEVEDO, Leonardo Francisco de UFJF QUANDO O DESLOCAMENTO SE TORNA UM VALOR: cosmopolitismo como projeto nos intercâmbios acadêmicos BRAGA, Patrícia Benedita Aparecida UEMS A ALIANÇA DOS PEQUENOS ESTADO INSULARES (AOSIS) E O FUNDAMENTO REIVINDICATIVO CLIMÁTICO POLÍTICO BRITO, Sérgio Roberto Urbaneja UNESP DESENVOLVIMENTO E PODER LOCAL: análise dos processos de descentralização do Brasil e da Argentina sob a perspectiva do Mercosul DUTRA, Débora Vogel da Silveira UFSC CONFLITOS SOCIAIS NA LUTA PELA TERRA NO BRASIL: uma análise sob a perspectiva do pluralismo jurídico comunitário participativo GUIMARÃES, Mariana T. MAGALHÃES, Sônia Barbosa UFPA TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS: uma comunidade jusante da Barragem de Tucuruí RODRIGUÊS, Leonardo Henrique Gomes UNESP O NEOLIBERALISMO NO BRASIL E NO CHILE: uma análise sobre os modelos de inserção desta ideologia na América Latina ROSA, Rafaela Euges UFPel A SOCIOLOGIA DO CONFLITO E A SOCIOLOGIA DO CONSENSO ENQUANTO MEIOS PARA ANALISAR OS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS SANTOS, Deborah Schimidt Neves dos UNIFESP CONFLITOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS: o caso da lei específica da Billings SANTOS, Valdirene Ferreira UNESP SOBRE A IMIGRAÇÃO ILEGAL NA EUROPA E OS ESPAÇOS EXCEÇÃO: o caso dos centros de internamento de estrangeiros na Espanha VARGAS, Carlos Alberto Castillo Universidad Nacional Mayor de San Marcos EL CONFLICTO ARMADO COLOMBIANO, GUERRILLA Y PARAMILITARISMO MENEZES, Vitor Matheus Oliveira de (PÔSTER) UFBA ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL: a discussão acadêmica como problematizadora de novas experiências urbanas 20 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Profissões e Política Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Glória Bonelli (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO TÍTULO DO ARTIGO ARAUJO, George Freitas Rosa de UFF IMAGINANDO UM BRASIL EM JORNAIS: uma interpretação do corporativismo do Oliveira Vianna articulista AUGUSTINHO, Aline Michele Nascimento UNESP O GRUPO E O ATOR NAS MOBILIZAÇÕES SOCIAIS: o comportamento político dos militantes de 1968 BENEDITO, Camila de Pieri UFSCar PROFISSIONALISMO, GÊNERO E SUBJETIVIDADES NA JUSTIÇA PAULISTA BOGADO, Adriana Marcela UFSCar "EM LUCHA": presença feminina no protesto social LIMA, Bruna Della Torre C. SANTOS, Eduardo A. C. PUZONE, Vladimir Ferrari USP A ESQUERDA EM TRANSE: apontamentos para a discussão sobre a situação social no Brasil atual MELO, Marina Félix de FITS ORGANIZAÇÕES E CONFLITOS SOCIAIS: a profissionalização no terceiro setor MORENO, Meire Ellen UEL POLÍTICAS PÚBLICAS E TEORIA POLÍTICA FEMINISTA: reflexões sobre as práticas do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres no Município de Londrina/PR PORTELA JR, Aristeu UFPE CONTRADIÇÕES DO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRO: um estudo do pensamento de Florestan Fernandes SILVA, Rodrigo Pereira da UNESP A ADOÇÃO DO CONCURSO PÚBLICO NO BRASIL: a ideia de atualização no Estado brasileiro no Governo Provisório (19301934) de Getúlio Vargas SOUZA, Luana Silva de UNESP CONDICIONANTES DA CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS DE MARÍLIA ALVES, Tatiana Teixeira (PÔSTER) PUC - MG A INTERNET COMO FERRAMENTA DE MOBILIZAÇÃO POLÍTICA SANTOS, Adrielma S. dos OLIVEIRA, Wilson José F. (PÔSTER) UFSE MOVIMENTOS SOCIAIS, REDES SOCIAIS E PROTESTOS PÚBLICOS 21 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão IV: Políticas Públicas – instituições e atores sociais Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Fabiana Luci de Oliveira (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO TÍTULO DO ARTIGO CARVALHO, Rodrigo de PUC - SP A IDEOLOGIA DOS JORNAIS DANTAS, Daniele Cristina ENCE - IBGE INFORMAÇÃO: o caminho para a reivindicação de políticas públicas de cultura com equidade de acesso MAUERBERG JR, Arnaldo STRACHMAN, Eduardo FGV A INTERAÇÃO ENTRE SENADORES BRASILEIROS NO PROCESSO DE PROPOSIÇÃO E JULGAMENTO DE PROJETOS DE LEI PROLO, Felipe UFRGS POSSIBILIDADES E OPORTUNIDADES DE UMA ATUAÇÃO POLÍTICA: estudos sobre a formação do grupo de trabalho de ações afirmativas no processo de reivindicação por cotas de ingresso na UFRGS RABESCO, Rafaela UFSCar IMPLICAÇÕES SOCIAIS DAS POLÍTICAS DE ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL: concepções, práticas e perspectivas ROCHA, Décio Vieira da UENF JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA COMO BUSCA DE UMA MORALIDADE POLÍTICA: um estudo sobre a lei da ficha limpa RUGGIERI NETO, Mário Thiago UNESP O PROBLEMA POLÍTICO DA JUVENTUDE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO SEVES, Natália Cabau UEL JORNAL MOVIMENTO: um ensaio sobre as frentes jornalísticas na transição política brasileira SILVA, Maria Aparecida Ramos da UFRN INTERNET E CAMPANHAS ELEITORAIS: uma relação dialética nas eleições 2012 em Natal/RN ZAMBELLO, Aline Vanessa UFSCar ENSINO SUPERIOR PÚBLICO BRASILEIRO: a estrutura da política de expansão 22 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS Sessão I: Diversidade Religiosa Contemporânea Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília) NOME INSTITUIÇÃO TÍTULO DO ARTIGO ARAUJO, Marcelo da Silva Colégio Pedro II CHINESES NO RIO DE JANEIRO: notas sobrea a nação, território e identidade através da prática comercial e religiosa BERTAPELI, Vladimir UNESP JÁCOMO, Luiz Vicente Justino USP MAGALHÃES, Rafaela Melo UNEB MAK, Denise PUC-SP MARTINS, Marques Alves PUC-GO OLIVEIRA, Wellington Cardoso de UFG PINHEIRO, Marcos Filipe Guimarães UFMG RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE NA AMÉRICA LATINA: reflexões a partir da Universidade Federal de Minas Gerais/Brasil ROSA, Patrícia UNESP PESSOA E SOCIEDADE: diálogos e desafios antropológicos BAPTISTA, Jamile Carla (PÔSTER) UEL CAMARGO, Bruna Quinsan (PÔSTER) UFSCar ÑE'Ë: a corporalidade guarani através de sua religiosidade A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RELIGIOSOS NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO "SE A ESCOLA NÃO FALA DA MINHA RELIGIÃO, ELA ME CALA TAMBÉM": experiência religiosa dos estudantes no IFBA/Salvador A PRESENÇA DA RELIGIÃO EM AÇÕES DOCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL A REALIDADE DO BRASIL - uma leitura do CENSO demográfico de 2010 JUVENTUDE E RELIGIÃO: as novas formas de crer da juventude na contemporaneidade CANDOMBLÉ EM LONDRINA: análise histórica e social do processo de luta e resistência A CURA PELAS MÃOS: A imposição das mãos nas religiões cristãs e no Reiki 23 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Mudanças e Controvérsias Evangélicas Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Dr.ª Claudirene Aparecida de Paula Bandini (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO TÍTULO DO ARTIGO NEOPENTECOSTALISMO E A "ESCOLA DO AMOR": o papel das representações de gênero para o projeto político-assistencial da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) CONCEPÇÃO DE CULTURA E RELIGIÃO DA GEERTZ APLICADA À ANÁLISE DO NEOPENTECOSTALISMO NOVA TOLERÂNCIA INTOLERANTE: mudança das relações de gênero nas Assembleias de Deus A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E A IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS A RELIGIOSIDADE EVANGÉLICO E O NEOLIBERALISMO: relações de interdependência A RELIGIÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: o caso da relação imigraçãopentecostalismo AZEVEDO, Pedro Costa BARBOSA, Julia Guimarães UENF CESARINO, Flavia Tortul UNESP COSTA, Otávio Barduzzi Rodrigues da GALLO, Fernanda Vendramini Universidade Metodista MORAIS, Edson Elias de UEL RODRIGUES, Donizete UBI - Portugal SARUWATARI, Gabrielly Kashiwaguti UFGD COMUNIDADE QUILOMBOLA DEZIDÉRIO FELIPE DE OLIVEIRA: compreendendo porque as igrejas evangélicas foram bem recebidas pelo grupo CARVALHO, Joyce Gomes de (PÔSTER) UFRRJ AGÊNCIA E PENTECOSTALISMO: uma análise das relações de gênero na Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) UFSCar ESTUDO DA RELAÇÃO DE ADAPTAÇÃO NAS DIFERENTES VERTENTES DO PENTECOSTALISMO BRASILEIRO: análise da igreja da onda de cura divina Deus é Amor e da onda neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus SABADIN, Ana Carina (PÔSTER) UEL 24 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Diferentes Faces do Catolicismo. Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati (UFG) NOME INSTITUIÇÃO ALMEIDA, Detian Machado de SOUZA, Sueli Ribeiro Mota UNEB BERTO, Vanessa de Faria UNESP COSTA, Guilherme Borges Ferreira USP FEITOSA, James de Sousa UNESP LANZA, Fabio GUIMARÃES, Luiz Ernesto NEVES JR., José Wilson A. UEL OLIVEIRA, Heythor Santana de OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de UFSCar PLACERES, Giulliano UFSCar ROSSI, Renan UFSCar SILVA, Mariana Gama Alves da UFSCar MORENO, Pedro (PÔSTER) UFSCar ROSA, Lucas Rogério (PÔSTER) UFSCar TÍTULO DO ARTIGO LINGUAGENS E GESTOS NA GLOSSLALIA: falar em línguas como experiência e crenças religiosas em uma Comunidade da Renovação Carismática Católica "OS FILHOS DE FRANCISCO": gênero/poder nas ordens Católicas de Marília - SP IGREJA E SECULARIZAÇÃO POLÍTICA: as tentativas eclesiásticas de controle dos corpos e dos sexos ENTRE A EXPERIÊNCIA E A RELIGIÃO: comparando o Brasil e Portugal por meio das vigílias de Carismáticos Católicos REPRESSÃO E CENSURA AO SEMINÁRIO CATÓLICO O SÃO PAULO (1972-1978): as demandas populares fomentadas pela Teologia da Libertação RENOVAÇÃO DO CATOLICISMO BRASILEIRO, ADAPTAÇÃO AO MERCADO RELIGIOSO E APROPRIAÇÃO DE PRINCÍPIOS EVANGÉLICOS NA MISSA TRADICIONAL O EMPREENDEDORISMO ECONÔMICOTELEVISIVO NO CATOLICISMO BRASILEIRO A FORMAÇÃO SACERDOTAL E O TRABALHO RELIGIOSO NO UNIVERSO CATÓLICO IMPLICAÇÕES DO TRABALHO ASSISTENCIAL DE DUAS ENTIDADES CATÓLICAS PAULISTAS AS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE E A EXPANSÃO DO TURISMO RELIGIOSO PRESENÇA INSTITUCIONAL CRISTÃ NO CONJUNTO DE ENTIDADES TERAPÊUTICAS DE TOXICÔMANIOS 25 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão IV: Religião e Política Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília) NOME INSTITUIÇÃO ALCHORNE, Murilo de Avelar UFPE BANDINI, Claudirene A. P. UFSCar CARVALHO, Bárbara Hilda Crespo Prado de UENF CASSOTA, Prisilla Leine UFSCar COSTA, Rogério da GUIMARÃES, Luiz Ernesto LANZA, Fabio BOSCHINI, Douglas Alexandre TÍTULO DO ARTIGO REDE DE MULHERES DE TERREIRO DE PERNAMBUCO: Estado, políticas públicas e religiões afro brasileiras UMA ANÁLISE SOBRE PODERRESISTÊNCIA DE LÍDERES FEMINISTAS PENTECOSTAIS POLÍTICAS PÚBLICAS COMPENSATÓRIAS E RELIGIOSIDADE AFRICANA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA E A PARTICIPAÇÃO DOS EVANGÉLICOS UEL A POLÍTICA RELIGIOSA "EVANGÉLICA": o comportamento das lideranças protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral nas eleições de 2010. UEL A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E O DISCURSO ORAL DE LÍDERES RELIGIOSOS: católicos paulistanos e protestantes londrinenses (1964-1985) "PODERÁS PESCAR O LEVIATÃ COM O ANZOL": uma perspectiva da participação religiosa na política nacional VOTO RELIGIOSO E OUTRAS NUANCES: diferentes formas de utilização das redes interpessoais religiosas O PAPEL DE BILLY GRAHAM, JERRY FALAWELL E PAT ROBERTSON NA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO NOS ESTADOS UNIDOS MANDUCA, Vinicius UFSCar SÁ, Lucas do Santos Cabral de UFES SOUZA, Marco Aurélio Dias De FINGUERUT, Ariel UNESP / UNICAMP TEIXEIRA, Jacqueline Moraes USP RELIGIÃO, CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO E ESTADO LAICO SABINO, Yuri (PÔSTER) UEL A BANCADA RELIGIOSA E O "KIT GAY": elementos de um fazer político cristão 26 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME Sessão I: Marginalidades e Formas de Gestão Social Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz UNESP BIZZIO, Michele Rodrigues UNESP CANONICO, Letícia UFSCar CUNHA, Carolina Flores UFPEL GUADAGNIN, Renata PUC-RS OLIVEIRA, Luciano Márcio Freitas de UFSCar PEREIRA, Juliano Gonçalves. SILVA, Edmar Pereira da SANTOS, Sônia Beatriz dos UFU PEREIRA, Luiz Fernando UFSCar SILVA, Jenair Alves DIOGO, João Paulo dos Santos UFRN SILVA, Livia Sousa da MENDONÇA, Katia UFPA COSTA, Annelise (PÔSTER) UNESP FROMM, Deborah (PÔSTER) UFSCar TÍTULO DO ARTIGO VIOLÊNCIA E REFORMA DO SETOR DE SEGURANÇA: o caso da MINUSTAH no Haiti A URBANIZAÇÃO DOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS FECHADOS: uma análise do Dahma NOTAS SOBRE A GESTÃO DOS USUÁRIOS DE CRACK NA CIDADE DE SÃO PAULO OCULTAR MOSTRANDO: a cobertura do crime no telejornalismo brasileiro COTIDIANO ENTRE-MUROS: a (re)significação do olhar a partir da arte e culturas marginais na prisão “SETE CORPOS DE SANGUE DERRAMADO”: reflexões sobre uma chacina em São Carlos SP JUVENTUDES NEGRAS NO BRASIL: a interseccionalidade de gênero, raça e juventude na busca por direitos sociais e políticos DAS VIOLÊNCIAS: entre a gestão e o atendimento à população em situação de rua REFLEXÕES SOBRE O EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA NO NORDESTE E AÇÕES DE INCIDÊNCIA POLÍTICA DO CAMPO DA JUVENTUDE A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM MATÉRIAS DE JORNAL: um imaginário construído em Belém-PA MÍDIA- RECURSO PARA UM FIM: o caso da MINUSTAH no Haiti DE "CRACOLÂNDIA" A "CRISTOLÂNDIA": notas etnográficas da Política Batista de Combate ao Crack 27 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Polícia, Justiça e Prisões Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof. ª Drª Jacqueline Sinhoretto (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO BARROS, Rodolfo Arruda Leite de UNESP CIFALI, Ana Claudia PUC RGS GONÇALVES, Rosangela Teixeira UNESP JESUS, Maria Gorete Marques USP MACEDO, Henrique UFSCar OLIVEIRA, Marília PUC RJ SANTOS, João Henrique FEMA SCHLITTLER, Maria Carolina UFSCar SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de PUC RS BARBIM, Marina Graziela (PÔSTER) UNESP TÍTULO DO ARTIGO INVESTIGAÇÕES SOBRE A EXPANSÃO PRISIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO: uma análise sobre a reestruturação do poder punitivo (1993 - 2013) A POLÍTICA CRIMINAL BRASILEIRA DURANTE OS GOVERNOS LULA-DILMA (2002-2012) – continuidades e rupturas A JUSTIÇA INFANTO JUVENIL: a apreensão, o julgamento e a internação na CASA – Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente do Estado de São Saulo – Fundação CASA EM DEFESA DA SOCIEDADE: análise do caso Isaías no tribunal do júri da cidade de São Paulo FAZENDO RONDA: missões, práticas e ética policial da ROTA OS CRIMES DE SENSAÇÃO E OS EMBATES SOBRE AS DEFINICÕES DE PROVAS DE CULPABILIDADE CRIMINAL: as discussões sobre os direitos dos cidadãos durante a primeira república brasileira OS JULGAMENTOS PELO TRIBUNAL DO JÚRI EM ASSIS-SP SEGURANÇA PÚBLICA E RELAÇÕES RACIAIS: notas sobre a formação de soldados e oficiais da PMESP O “MÍNIMO NECESSÁRIO DE FORÇA PUNITIVA”: continuidades e rupturas nos discursos sobre crime e punição nas leis 9.605/98 (crimes ambientais), 9.714/98 (penas alternativas) e 11.343/06 (tóxicos). ATOS INFRACIONAIS NAS VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE NO ESTADO DE SÃO PAULO (1991-2011) 28 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Controle Social, Crime e Instituições Penais Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Luis Antonio Francisco de Souza (UNESP/Marília) NOME INSTITUIÇÃO BONESSO, Márcio UFSCar FERNANDES, Alan UNIFESP LAMOUNIER SENA, Lucia SAPORI, Luis Flávio LIMA, Maria Mayara de OLIVEIRA, Hilderline Câmara de ALVES, Deyse Dayane PUC MG TÍTULO DO ARTIGO TEORIAS E GESTÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA: notas preliminares entre as influências mundiais e brasileiras no estado de Minas Gerais O USO DA VIOLÊNCIA DA ORDEM SOCIAL: uma análise do bairro Furnas-Tremembé do município de São Paulo ESPAÇO URBANO E REDES DE COMERCIALIZAÇÃO DAS DROGAS ILÍCITAS UFRN A FORMAÇÃO DE GRUPOS NAS PRISÕES: uma análise da realidade do presidio de Alcaçuz e penitenciária estadual de Parnamirim OLIC, Mauricio Bacic UNESP OPRESSÃO, GALINHAGEM E DISCIPLINA: dinâmicas e lutas no interior da Fundação CASA ROCHA, Rafael Lacerda Silveira UFMG A GUERRA COMO FORMA DE RELAÇÃO - uma análise das rivalidades violentas entre gangues em um aglomerado de Belo Horizonte SILVA, David Esmael Marques da UFSCar SILVA, José Douglas dos Santos UFSCar SILVESTRE, Giane UFSCar CHIARADIA, Raquel (PÔSTER) UGF MEDO E MODERNIDADE: o imprescindível diálogo EVAGELISTA, Cleiber Wesley (PÔSTER) UFU A VIOLÊNCIA EM UBERLÂNDIA: narrativas entre a periferia e a penitenciária LÓGICAS ESTATAIS E DINÂMICAS CRIMINAIS NO INTERIOR PAULISTA “SE O IRMÃO FALOU, MEU IRMÃO, É MELHOR NÃO DUVIDAR”: politicas estatais e politicas criminais referentes a homicídios na cidade de Luzia (2001-2011). “REPRESSÃO E JUDICIALIZAÇÃO”: estratégias estatais de controle do crime em face às novas dinâmicas criminais. 29 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE Sessão I: Terra e Trabalho Rural Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Drª Beatriz Medeiros de Melo NOME INSTITUIÇÃO FERREIRA, Karoline Coelho UFS HASEGAWA, Aline Yuri UFSCar JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de TÍTULO DO ARTIGO TERRA DE VIDA E DE TRABALHO: pensando o campesinato por meio de seus valores MODO DE VIDA RURAL NIKKEI: aspectos da formação do japonês caipira O CAMPONÊS E SEU PROTAGONISMO: o exemplo pelo MST e sua luta pela permanência e garantia de qualidade de vida nos assentamentos de reforma agrária no município de Nossa Senhora da Glória – SE O CEARÁ E A SECA DE 1877-79: migração de fome no interior nordestino RURALIDADE EM UM CONTEXTO DE MODERNIDADE PERIFÉRICA: uma leitura a partir do acampamento João do Vale em Açailândia Maranhão "TERRAS NAS MÃOS DOS PEQUENOS": relações produtivas e sociabilidade dos pequenos fornecedores de cana e terra para as usinas de açúcar e álcool do interior paulista MAIA, Janille Campos UFRRJ RODRIGUES, Fabiano dos Santos UFCG ROVIERO, Andréia UNESP SANTOS, Priscila Tavares dos UFF SUPERANDO OS LIMITES: o caso dos assentados rurais no PA Che Guevara VIEIRA, Ana Carolina C. UFPA TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO RURAL AMAZÔNICO: o plantio de dendê em comunidades camponesas do baixo Tocantins, o município de Moju/PA CAMPREGHER, Raiza (PÔSTER) UFSCar O DISCURSO DAS ÁGUAS: estudo de caso da cobrança pelo uso da água no interior paulista UFRRJ UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL E INSTRUMENTOS DE RESISTÊNCIA DA POPULAÇÃO LOCAL FRENTE AO MITO QUE PREGA A INCOMPATIBILIDADE ENTRE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E PRESENÇA HUMANA NO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA DIAS, Marcia Cristina de Oliveira (PÔSTER) 30 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Do Rural ao Ambiental: novos temas e dilemas conceituais Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins (UFSCar) NOME INSTITUIÇÃO BACCHIEGGA, Fábio UNICAMP BERTAZI, Marcio Henrique UNESP DA SILVEIRA, Dauto J. DA SILVA, Osvaldo H. UFPR FREITAS, Geane Ferreira UEPB KOMARCHESKI, Rosilene. DENARDIN, Valdir Frigo UFPR MACIEL, Lidiane Maria UNICAMP MADUREIRA, Gabriel Alarcon UFSCar MIGUEL, Jean Carlos Hochsprung. VELHO, Léa Maria Leme Strini UNICAMP SILVA, Leinir Aparecida Mainardes da TAWFEIQ, Reshad UEPG WERMELINGER, Renata de Souza UFRRJ WOLFF, Ana Carolina UNESP TÍTULO DO ARTIGO SUSTENTABILIDADE E A ANÁLISE SOCIOLÓGICA: revisão de artigos selecionados ENTRE A SUSTENTABILIDADE E A REALIDADE: o caso do Proálcool (1975-2003) POLÍTICAS PÚBLICAS E MODERNIZAÇÃO: avanços e limites do plano desenvolvimento sustentável Mais Pesca e Agricultura no território do baixo Vale do Itajaí e Tijucas O TURISMO RURAL COMO ESTRATÉGIA PARA A DIVERSIFICAÇÃO DA RENDA DO AGRICULTOR FAMILIAR A DIMENSÃO (AGRO) ECOLÓGICA DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM GUAREQUEÇABA – PR CONDIÇÕES DE TRABALHO E EMPREGABILIDADE NA CITROCULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA ALÉM DOPARADOXO DE GIDDENS: percepções cognitivas da questão ambiental no município de Brotas/SP A FORMAÇÃO DE FRENTES DE INTERESSE NAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS SOBRE O NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO AS AÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO AMBIENTAL NA MICRORREGIÃO DE PONTA GROSSA TURISMO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR: uma análise do distrito de Campo do Coelho, Nova Friburgo-RJ A RECONSTRUÇÃO DA RURALIDADE SOB O PARADIGMA DO ECOCENTRISMO NATURALISTA E DO ESTADO PLURINACIONAL LATINO-AMERICANO 31 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar RESUMOS O conteúdo dos resumos é de plena responsabilidade dos respectivos autores. 32 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS Sessão I: Relações Étnicas e Raciais Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar) EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: uma análise dos planos nacionais de educação, de educação em direitos humanos e do referencial curricular da rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul ensino médio AGUIAR, Márcio Mucedula (UFGD) FAISTING, André Luiz (UFGD) [email protected], [email protected] O texto pretende apresentar uma breve reflexão sobre a (des)articulação entre o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2003), a proposta do Plano Nacional de Educação (2011-2020) e os Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul Ensino Médio, no que se refere às temáticas relativas à educação para a diversidade e para os direitos humanos. Buscar-se-á identificar se as preocupações e as metas relacionadas ao combate das desigualdades étnico-raciais são coerentes com uma nova proposta de educação que combine inclusão social e desconstrução do imaginário racista presente na sociedade brasileira e, especificamente, no espaço escolar. Neste sentido será necessário observar se os planos estariam ou não em consonância com as leis 10.639/03 e 11.645/08 que dispõem, respectivamente, sobre o ensino da História da África, da Cultura Afro-brasileira e História Indígena. Considerando, ainda, que os estados da União participaram da elaboração das Conferências Nacionais de Educação que culminaram na proposta do Plano Nacional de Educação, pretende também observar se tal (des)articulação se reflete no Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul Ensino Médio. A escolha desse Estado se justifica pelo fato de que o mesmo apresenta uma realidade fortemente marcada pela condição de fronteira e pela dificuldade de reconhecimento das demandas de diversidade étnico-racial, especialmente no que se refere às demandas dos povos indígenas. No caso específico de Dourados, além da influência dos povos que vieram do sul do país e de outras regiões, de outros países, cabe destaque aos povos indígenas e quilombolas. Apesar dessa diversidade, nem sempre ou na maioria das vezes, a educação não tem sido capaz de traduzi-la em fonte de conhecimento que combata o racismo e a discriminação. 33 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar ESTADO DEMOCRÁTICO, RECONHECIMENTO E “CONSCIÊNCIA DE SI”: um exercício reflexivo a partir do debate racial ANDRADE, Luiz Fernando Costa (UFSCar) [email protected] CAPES Cada vez o debate teórico em torno das políticas de reconhecimento, dentro dos marcos constitucionais dos Estados democráticos liberais, da dignidade igual e das identidades individuais, vem sofrendo pressões para incorporar em sua pauta de discussões a questão dos direitos coletivos, de reconhecimento da autenticidade (particularidades) de grupos culturalmente distintos, composto por indivíduos com experiências sociais igualmente distintas, que por este fato são subalternizados e tratados desigualmente em sociedade. Este texto tem como ideia discutir em termos teóricos a condição destes grupos, que precisam de identidade, que precisam afirmar sua autenticidade – ante uma cultura hegemônica –, e lutam pelo reconhecimento e respeito às suas particularidades, para que sejam finalmente tratados de modo digno e igual de fato. Nossa intenção é propor esta reflexão a partir do debate racial, da relação entre “negros” e “brancos”. Um desafio seria então o de pensar, a questão do “reconhecimento de si” que para Frantz Fanon – Pele Negra, Máscaras Brancas (2008) – é fundamental para a “consciência de si”, geralmente dada de modo imediato, superar a simples ideia de “ser para si”, já que (numa perspectiva hegeliana) a realização da ideia de si acontece na medida em que este “si” se relaciona com seu “outro” e luta pela obtenção do reconhecimento de sua condição humana por este outro. Temos conosco que esta reflexão não deve ser feita unilateralmente, mas enquanto um movimento dialético, visando destacar as possíveis contradições deste processo. Para fazermos a discussão a qual nos pretendemos, partiremos da reflexão em torno do reconhecimento feita por Frantz Fanon dialogando com autores como Boa Ventura Sousa Santos, Stuart Hall e Charles Taylor. POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL PARA O MERCADO DE TRABALHO: lições aprendidas CONCEIÇÃO, Eliane Barbosa (CEAPG, MACKENZIE) [email protected] CNPQ Nos últimos anos o Brasil tem avançado no sentido de enfrentar as desigualdades raciais e proporcionar mobilidade ascendente para população negra. A criação da SEPPIR, em 2003 e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, em 2010, e do sistema de cotas para negros no ensino superior, em 2011, são marcos importantes nessa trajetória. O mercado de trabalho – lócus privilegiado para a reprodução da desigualdade de rendimentos, visto que, no país, mais de 75% da renda das famílias provém do salário – constitui-se em setor ainda pouco alcançado pelas políticas de promoção da igualdade racial. Desde 1996, quando foi constituído, no âmbito do Ministério do Trabalho, um Grupo para definir programas e ações que visassem ao combate da discriminação, nenhuma outra política governamental dessa natureza foi desenhada para o setor. Diante dessa ausência, em 2005, o Ministério Público do Trabalho criou o Programa de Promoção da Igualdade de Oportunidade para Todos (PPIOT), por meio do qual 34 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar objetivou levar organizações bancárias a adotar ações afirmativas para a redução da desigualdade de gênero e raça no trabalho. O artigo visou analisar a implementação do PPIOT. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, adotando-se diversas técnicas de pesquisa, como entrevistas semiestruturadas e análise de documentos e de outras materialidades. Os dados construídos no processo da pesquisa foram analisados à luz da teoria sobre a desigualdade categórica durável, do sociólogo Charles Tilly. Os resultados sugerem que, tanto o judiciário brasileiro como as agências bancárias, ainda se mostram muito resistentes à adoção de ações afirmativas para redução das desigualdades raciais no trabalho e que uma ação estatal com esse objetivo se apresenta como uma promissora solução para o problema. PROGRAMA DE INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO ÉTNICO RACIAL (PIIER) DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO (UNEMAT): um estudo comparativo entre os campi de Cáceres e Sinop COSTA, Jacqueline da Silva (UFSCar) MANCUSO, Maria Inês Rauter (UFSCar) [email protected], [email protected] Este trabalho insere-se em pesquisa de doutoramento que ora desenvolvo sobre estudantes cotistas na Universidade do Estado de Mato Grosso, particularmente nos campi de Cáceres e Sinop. Trata-se de trabalho qualitativo e quantitativo, por meio do qual busco acompanhar o impacto da política de ação afirmativa no cotidiano acadêmico dos cotistas dos dois campi. O município de Cáceres Segundo Chaves (2000, pp. 17) tem um histórico de presença de escravos a partir de sua fundação, em 1778, como atestam os quilombos e comunidades tradicionais remanescentes. Sinop (Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná), originou-se de um núcleo de colonização, atraindo migrantes da região Sul do país, principalmente do Paraná (VIEIRA, 2003, p. 3). Segundo, em Cáceres a presença de pessoas de cor preta e parda é mais significativa, com aproximadamente 70%, do que em Sinop com aproximadamente 50%. Os dois municípios apresentam não apenas diferenças históricas significativas, mas também quanto às condições socioeconômicas. Os indicadores sociais apontam desigualdade de renda, de escolaridade, de esperança de vida e de mortalidade infantil entre brancos e negros, desigualdade está mais evidente em Cáceres. Portanto, perceber como essas diferenças interferem nas relações no interior da universidade, e daí no desempenho dos alunos cotistas, é fundamental para acompanhar o desempenho do programa de ação afirmativa implementado pela UNEMAT. Toma-se por análise dados de ingressantes cotistas e não-cotistas, de acordo com o sexo e por curso, e o de formados e desistentes, segundo o sexo e o curso. 35 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MULHERES NEGRAS: O Brasil e a Colômbia em perspectiva comparada GONZÁLEZ ZAMBRANO, Catalina (PPGS/FFLCH/USP) CNPQ As oportunidades para a ação coletiva dos grupos afrodescendentes no Brasil e na Colômbia têm se estruturado de formas diferentes, mas nos dois casos podemos constatar mudanças normativas e um reconhecimento institucional da diversidade étnica e cultural que aparecem nas constituições de ambos os países. A nova Constituição Política da Colômbia em 1991 deu o parâmetro para que novos grupos de ativistas negros se organizassem e constituíssem estratégias de mobilização voltadas para a construção de uma identidade compartilhada. A institucionalização do Movimento Negro nesse país se dá, por um lado, na própria conjuntura política de 1991 e, por outro lado, impulsionada pelos momentos críticos de violência que atravessava a região de maioria negra do país, a região do Pacífico colombiano, nesse momento. No Brasil, ao contrário, esse processo de institucionalização do Movimento Negro se deu na fase de abertura e consolidação democrática no país, estando ligada ao modo pelo qual o movimento se apropriou das oportunidades políticas oferecidas pelo Estado e pelo ambiente civil. A proposta aqui é pensar a institucionalização dos movimentos sociais como forma de mediação entre sociedade civil e o regime político com foco no processo de institucionalização dos movimentos de mulheres negras nos dois paises. O enfoque de gênero é a pauta para analisar a institucionalização de movimentos sociais de minorias (mulheres-negras) como meio que favorece a sua democratização; isto é, acesso diferenciado aos recursos e às condições de interação com o Estado e a manutenção de canais de participação para estes movimentos como atores políticos. CIDADANIA, RECONHECIMENTO E JUSTIÇA LERSCH, Thelma Beatriz Carvalho Cajueiro (PUC-RJ) [email protected] O tema do presente artigo é a discussão acerca das ações afirmativas para negros no acesso ao ensino superior no Brasil atual. Sob a perspectiva da sociologia e da filosofia política, tenho o intuito de problematizar a legitimidade política e moral de tais ações no seio da sociedade brasileira, ainda tão frontalmente - e racialmente - desigual e marcada por preconceitos de cor. Como bem afirma Roberto DaMatta em sua “fábula das três raças”, presenciamos no Brasil “uma junção ideológica básica entre um sistema hierarquizado real, concreto e historicamente dado e a sua legitimação ideológica num plano muito profundo”. Tal legitimação ideológica persiste e, ainda sob a tranquilizadora capa da democracia racial brasileira, mostra-se em toda sua plenitude em pesquisas em que cerca de noventa por cento dos brasileiros admitem haver racismo no país, porém o mesmo número de pessoas garante não ser, si próprio, racista. À luz de tal cenário e pensando na construção de uma sociedade democrática e igualitária de fato, este artigo parte de uma compreensão das ações afirmativas raciais como um direito necessário à realização da plena cidadania da população negra brasileira, 36 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar compreendendo-se direitos aqui, nas palavras de Vera Telles, “como práticas, discursos e valores que afetam o modo como desigualdades e diferenças são figuradas no cenário público, como interesses se expressam e os conflitos se realizam”. Para tal fim, será mobilizada a perspectiva teórica da sociologia política do reconhecimento e de aguns de seus expoentes, quais sejam, Charles Taylor, Nancy Fraser e Axel Honneth. Complementarmente, problematizar-se-ão os conceitos de mérito, justiça e cidadania à luz de autores como Michael Sandel, Celso Lafer e Rainer Forst, entre outros. ESTADO BRASILEIRO E AS AÇÕES AFIRMATIVAS COM CRITÉRIO RACIAL: descentramento e desracialização do nacional MEDEIROS, Priscila Martins (UFSCar) [email protected] Neste trabalho analisamos como que o Estado brasileiro, em suas diferentes dimensões, tem agido e se colocado frente às demandas sociais e aos debates acadêmicos em torno das relações raciais. Nossa tese é que a categoria raça e as ações afirmativas com critério racial desestabilizam, desarticulam e implodem alguns dos pilares do discurso nacional brasileiro construídos ao longo século XX, quais sejam: o povo brasileiro – condensado no discurso da nacionalidade morena; o mito da convivência harmoniosa entre os grupos étnico-raciais; e a noção de que o racismo brasileiro seria inofensivo ou residual. Para refletir sobre essas transformações, esta pesquisa se sustenta em três núcleos: a produção intelectual no Brasil; as ações do Movimento Negro e as ações do Estado. Em termos temporais, o foco é sobre a década de 1980 que, a nosso ver, inaugura um novo cenário para se pensar criticamente o racismo brasileiro. Os objetivos que guiam este trabalho são: observar os conceitos que orientaram a produção intelectual brasileira no que toca às relações raciais; resgatar os principais elementos presentes nas lutas do movimento negro brasileiro no período destacado; observar a atuação do Estado brasileiro frente às demandas nacionais e transnacionais no tratamento da questão racial, dando ênfase a cada uma das três esferas de poder; perceber quais os diálogos e quais os impasses entre o Estado e outros dois núcleos da pesquisa. A análise se concentra em alguns eventos críticos, tais como: a Lei Caó (1985); o processo constituinte (1987/88); o 1º Seminário Internacional Multiculturalismo e Racismo, realizado pelo Ministério da Justiça (1996); a Conferência de Durban (2001); a Lei 10.639/03; as decisões do STF com relação às cotas com critério racial (2012), entre outros. DISPUTA HEGEMÔNICA E POLÍTICA DE RECONHECIMENTO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO MORAIS, Danilo de Souza (UFSCar) [email protected] CNPQ Considerando algumas das significativas transformações nas relações entre as esferas da sociedade civil e do Estado no Brasil a partir do fim do regime autoritário (1964-1985), passo a pensá-las a partir da crítica – informada por Stuart Hall (1980, 1997; 2003a; 2003b) e seus fundamentos gramscianos – a alguns dos trabalhos recentemente considerados referenciais no campo do pensamento social e político no país para 37 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar interpretar o pós-democratização institucional e o momento presente, tais como: Francisco de Oliveira (2010), Carlos Nelson Coutinho (2010), Luiz Werneck Vianna (2009) e André Singer (2009). Para passar ao campo de uma sociologia política que introduz a importância das relações étnico-raciais no Brasil, acrescento ainda a este debate a perspectiva de Antônio Sérgio Alfredo Guimarães (2006), que chama a atenção para a centralidade, na modernização conservadora brasileira, de um padrão de integração subalterna, tanto simbólica como material, dos não-brancos, chamado democracia racial. O objetivo do artigo é apresentar as limitações de noções como “hegemonia às avessas” (Oliveira, 2010), “hegemonia da pequena polìtica” (Coutinho, 2010), “revolução passiva” (Vianna, 2009) e “lulismo” (Singer, 2009) – e de certa forma também a redução das atuais demandas por reconhecimento como oriundas principalmente de uma “ideologia multiculturalista” (Guimarães, 2006) –, para caracterizar a disputa político-cultural em curso no Brasil. Isso, pois, tais interpretações parecem subestimar cada uma à sua maneira, as diferenças étnico-raciais como elemento da disputa hegemônica, presente na transformação atual da política de reconhecimento das diferenças (Taylor, 2000), com a erosão da democracia racial e a emergência das políticas afirmativas na cena pública nacional. RAÇA, GÊNERO E REPRESSÃO MITIRAR: ensaio sociológico e histórico sobre a trajetória artística e política de Thereza Santos RIOS, Flavia (USP) [email protected] FAPESP A experiência política de negros e negras brasileiros na resistência à Ditadura Militar é pouco conhecida. A dificuldade maior de compreender esse período está no fato de que as atividades políticas eram realizadas, na maior parte das vezes, na clandestinidade e sob a vigilância dos órgãos de repressão. Além disso, essas atividades dos negros são mais frequentemente associadas ao discurso de classe, por estar sob a influência das redes comunistas e socialistas. No entanto, a sociologia e historiografia sobre as esquerdas no Brasil nunca demonstraram interesse em tratar a presença dos negros e da questão racial no interior dessas redes políticas. O desconhecimento dessa zona nebulosa da história deixou na invisibilidade trajetórias políticas que tiveram que se confrontar tanto com a questão de classe como a racial. A trajetória de Thereza Santos tem justamente esse efeito: revelar percursos inusitados e complexos em tempos incertos da vida política brasileira. O itinerário artístico e político de Thereza Santos (1938-2012) estabelece conexões históricas e sociológicas entre a mobilização cultural negra durante o regime militar, bem como seus arranjos políticos junto às organizações partidárias que agiam na clandestinidade. Em contraste com outros ativistas com perfil similar, ela é personagem central para compreender as sutilezas complexas desses arranjos articulados à luta contra o racismo e o sexíssimo, bem como ao movimento contra o colonialismo. Para tanto, serão utilizados na análise a imprensa nacional e local, e, sobretudo, as correspondências pessoais, discursos, projetos políticos e autobiografia de Thereza Santos, doados à UFSCAR. 38 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar DO CURURU PAULISTA COMO PECULIARIDADE IDENTITÁRIA, ALGUNS APONTAMENTOS SANTOS, Elisângela de Jesus (UNESP) [email protected] FAPESP A comunicação em questão reúne as principais conclusões da etnografia realizada durante pesquisa de doutorado recém-concluída acerca do cururu paulista na região do Médio Tietê, SP. Dentre os aspectos importantes a ser observados enfatizamos o cururu enquanto prática cultural que marca a especificidade do grupo caipira estudado. Neste sentido, e através do cururu, articulam-se diversas estratégias políticas para assegurar uma identidade diversa e específica que muitas vezes destoa de padrões culturais estabelecidos e valorizados socialmente enquanto cânones. No cururu caipira, os elementos corporais, de linguagem e de memória são acionados para garantir a manutenção da forma identitária do caipira no contexto interno do Médio Tietê e para além dele, estabelecendo diálogos com outros grupos na atualidade. Para além de seu caráter específico de poética-musical, cantoria de improviso e desafio entre duplas acompanhado pela viola caipira, a abordagem aqui proposta observa o cururu como prática cultural que ocorre em simultâneidade a outras modalidades culturais e gêneros musicais mais amplamente difundidos quando a ele comparados. Neste sentido, há que se (re)pensar as hierarquias culturais estabelecidas entre formas identitárias/culturais diversas e no estabelecimento de limites e desigualdades entre práticas que, do ponto de vista da atualidade e pertencimento vivenciado por quem as realiza são tão significativas quanto qualquer prática cultural alinhada aos cânones e padrões tidos como hegemônicos em nossa sociedade. A FIXAÇÃO DO SUJEITO NA BIBLIOGRAFIA SOBRE CULTURA CAIPIRA E SERTANEJA SANTOS, José Ricardo Marques (Faculdades Barretos) [email protected] Nos últimos anos, diversas teses e dissertações tem retomado como tema a cultura caipira e sertaneja. Subjaz a estes textos o interesse em descrever um “choque cultural” decorrente da transformação da ordem social brasileira. Este “choque” seria o responsável pela dicotomia entre “música caipira” e “música sertaneja”. O primeiro termo desta oposição representaria um modo de vida tradicional que estaria dando lugar a uma nova forma de relações sociais e integração social construída a partir do consumo. Neste sentido, o segundo termo representaria a Modernidade. Entrementes, esta dicotomia também representaria um recorte geracional. Os “valores” estariam sendo transformados durante o processo de absorção da música caipira ao “modo de produção capitalista” generalizado pela “indústria cultural”, sendo os jovens os sujeitos da incorporação dos novos valores, negando a geração anterior. Segundo nossa hipótese poderíamos dividir em dois blocos de textos estas teses e dissertações: a) as que descrevem o “caipira” enquanto um “modo de vida” em vias de “extinção” e b) os que estabelecem uma relação direta entre indústria cultural e música sertaneja. Propomos realizar aqui uma análise do conjunto desta nova produção a partir da hipótese de que 39 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar estes (as) autores (as) trabalham a partir de alguns consensos subjacentes. Em primeiro lugar reproduziriam alguns consensos que existem em dois clássicos da sociologia Brasileira, Florestan Fernandes e Gilberto Freyre. A saber: a da existência de “duas ordens sociais” que coexistiriam em determinado momento, mas, contudo, possuindo um “sentido” de mudança. Em segundo lugar, este consenso, levaria os autores a pressupor uma homogeneidade da cultura do “interior”, como uma cultura nacionalpopular. Não obstante, este trabalho pretende descrever como esta construção teórica não circunscreve uma subjetividade reconhecida no discurso social, e apagaria uma série de sujeitos, não reconhecendo diferenças. A transformação da indústria cultural tematizada por esta bibliografia que pretendemos abordar identifica esta série de transformações econômicas com a fixação de um sujeito, representaria toda uma ordem social. DAS RELAÇÕES ENTRE RAÇA-ETNIA, CLASSE E STATUS: discutindo a conformação da hierarquia social no Brasil SOUZA, Sérgio Luiz SILVA, João Amorim Charlesdan SILVA, Nilvan Domingos MARTINS, Ricardo Wesley (UNIFIMES; UNESP; UNITAU) [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] CAPES; CNPQ Este texto refere-se a uma das discussões que perfazem nossa tese de doutorado sobre os processos sociais de produção das diferenças e construção das identidades, desenvolvidos pelas populações negras no Nordeste Paulista e no Triângulo Mineiro, ao longo do século XX. Pensamos aqui no sistema de representações que traduzem crenças e estabelecem um dado ordenamento social. No sentido de perceber as redes de sentidos que circulam na luta que os grupos estabelecem pela hegemonia, atuando para expressarem verdades acerca do vivido. Abordamos o imaginário social e suas imbricações nas práticas dialetizadas em processos de confabulações, entendimentos, ritualizações e crenças produtoras de sentidos, que circulam socialmente e interferem na regulação dos comportamentos e na identificação e distribuição dos papéis sociais, processos vivenciados pelos agentes sociais como representações do que é tido como verdadeiro. Percebemos o desenrolar social, como processo dinâmico, gerador de possibilidades. Estabelecemos um debate com Jessé Souza que, baseado no que denomina “ideologia do desempenho”, estabelece seu entendimento sobre a hierarquia étnico-racial presente na sociedade brasileira. Distanciamo-nos desta perspectiva e estabelecemos um diálogo com a mesma a partir de um questionamento dos parâmetros utilizados para seu entendimento. Pretendemos expor nosso distanciamento quanto ao entendimento do autor sobre uma “hierarquia das causas da desigualdade” na sociedade brasileira, em que o preconceito racial é situado enquanto causa secundária e contingente, posto que para o estudioso este é um fator sobre determinado por questões relativas ao ordenamento das classes sociais. 40 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A POLÍTICA COMO DESCOLONIZAÇÃO: reflexões sobre o estadonação brasileiro e sua democracia constitucional TAFURI, Diogo Marques (PPGE/ CECH/ UFSCar) [email protected] CAPES Tomando como mote a atual crise do sistema de segurança pública no estado de São Paulo, manifestada tanto em momentos particulares de intensificação dos conflitos violentos armados como pela adoção de políticas de encarceramento em massa, fenômenos conjugados a um contexto de crescente marginalização e criminalização da população empobrecida, o presente trabalho pretende refletir e problematizar sobre a efetividade do sistema constitucional democrático vigente no Brasil, especialmente no tocante à sua capacidade de garantir a isonomia de seus cidadãos no acesso a seus direitos civis, jurídicos e políticos. Para tanto, pretendemos argumentar, a partir da perspectiva de análise histórico estrutural proposta por Aníbal Quijano e em diálogo com as proposições de Hannah Arendt e de Jacques Rancière acerca da ação política e dos Estados-Nação modernos, que a permanência de dois elementos de colonialidade presentes na base de nossa sociedade, a saber, a classificação social da população a partir da ideia de raça e o controle do trabalho em torno do capitalismo mundial, os quais se constituíram ao longo da história como eixos fundamentais para a produção e reprodução do atual padrão de poder hegemônico mundial, ainda deve ser tomada enquanto condição sine qua non das contradições inerentes à existência simultânea de um ordenamento hierárquico das relações econômicas e políticas e do princípio formal da igualdade política democrática. A IDENTIDADE CULTURAL E O INVESTIMENTO EM POLÍTICA PÚBLICA CULTURAL – UM ESTUDO SOBRE RIBEIRÃO PRETO TINCANI, Daniela Pereira (UNISEB) [email protected] Em 2010 a Secretaria Municipal de Cultura de Ribeirão Preto apresentou no 3º Fórum Permanente de Cultura o Relatório do Programa Café com Leite, que entre outras pesquisas e propostas mostrou resultados de uma pesquisa junto aos munícipes sobre a identidade cultural. Este artigo relaciona os resultados da pesquisa sobre a identidade cultural, usando como referencial teórico Stuart Hall. Para traçar um cenário sobre a identidade cultural da população ribeirão-pretana, fez-se um resgate da história do período do café tendo como base memorialistas que estudaram as tradições da cidade. O ponto de vista apresentado é o das políticas públicas culturais. 41 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER ESTUDOS CULTURAIS NO BRASIL: do que estamos falando? BORDA, Erik Wellington Barbosa (UFSCar) [email protected] O estudo da cultura não é recente no Brasil e na América Latina, tendo sua origem nas ricas tradições ensaísticas do século XIX e início do século XX. Nesse sentido, diversos autores no Brasil dedicaram-se ao debate de temas decisivos tais como a questão do nacional e as contradições da modernidade na periferia. Durante o largo processo de formação de uma tradição de estudos da cultura no Brasil, surgia na Inglaterra do pósguerra também um movimento intelectual que buscava tratar de um novo modo a “cultura”; eram os Estudos Culturais. O trabalho aqui apresentado visa a analisar os impactos que os Estudos culturais, e um de seus produtos, os Estudos pós-coloniais, tiveram nas Ciências Sociais brasileiras. Como essas perspectivas foram recebidas aqui? A verificação das diferentes propostas de diálogo e apropriação apresentadas pelas disciplinas de Sociologia e Antropologia, o mapeamento da recepção institucional desses estudos no Brasil e a análise de obras que se debruçaram sobre essa recepção foram as maneiras escolhidas para lidar com a temática. CORPOS COLONIZADOS – reflexões sobre raça e deficiência GAVÉRIO, Marco Antonio (UFSCar) [email protected] A partir da obra Peles Negras e Máscaras Brancas de Franz Fanon, este ensaio tenta estabelecer uma relação de analogia com alguns conceitos utilizados pelo autor sobre o corpo negro para pensar o corpo deficiente e sua aparente “zona do não-ser”. Utilizando as discussões sobre Ableism, que vem permeando as teorias sociais sobre deficiência no marco teórico dos Disability Studies, a reflexão procura colocar em dúvida a noção de funcionalidade natural dos corpos que se estabelece e fixa-se na oposição aos corpos deficientes, considerados disfuncionais. 42 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Multiculturalismo e Identidades Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar) DA CONSIDERAÇÃO AO RESPEITO: construção de gramáticas e diferenças na ladeira Sacopã ARAGON, Luiza Ovalle (PPGA/UFF) Ao situar a família Pinto num contexto histórico mais amplo, discutimos a influência do processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro sobre as mudanças na ocupação do bairro da Lagoa Rodrigo de Freitas. Na transformação deste antigo bairro operário num reduto de uma elite econômica e social, as narrativas da família Pinto se mostram entretecidas em histórias de uma busca pelo reconhecimento identitário nas arenas públicas. O enfretamento das forças que expulsam a população negra e pobre do bairro traz uma aguçada visibilidade sobre esta família remanescente, que encontra resistências configuradas cada vez mais num grupo opositor. Inicialmente, estes confrontos se valiam da gramática da honra e do privilégio, através da qual a classificação hierárquica brasileira distinguia a família Pinto daqueles que passaram a residir na periferia da cidade. Aos poucos, através do contato com movimentos sociais e também através do recurso jurídico à identidade quilombola, advindo com a Constituição de 1988, a reivindicação de posse do território e das atividades nele realizadas passa a se impor como uma tolerância à diversidade cultural entre grupos detentores da mesma dignidade. Até que ponto direitos impostos pelo Estado moldam moralidades que compõem conflitos históricos na ladeira Sacopã? Fugimos da armadilha determinista que atribui a decisões judiciais o poder opressor de necessariamente conformar moralidades, e de trazer, através da força, práticas geradoras de uma formação cidadã, de harmonia social e de compreensão duradoura da alteridade. Direcionamos nosso objeto para o questionamento dos limites de influência do Direito sobre moralidades em competição pela definição do dever ser e das práticas socialmente adequadas para esta vizinhança. A ÁFRICA NÃO CABE NO BRASIL? – aspectos (pós)coloniais da poética de Oswald de Andrade BERTELLI, Giordano Barbin (UFSCar) [email protected] CAPES Uma das bandeiras estéticas do Modernismo brasileiro foi a auto-imputada missão de “re-descoberta do Brasil”. Interrogando a nacionalidade, escritores e artistas elegiam não só os signos e sintaxes pelos quais “abrasileirar” a arte do paìs como também os sujeitos que deveriam subsumir o habitante modelar que povoaria a pátria por eles imaginada. Sendo assim, a “re-escritura do Brasil”, tarefa implicada na empreitada da “redescoberta”, impunha, de alguma maneira, o confrontamento artìstico e literário do legado histórico de quatro séculos de colonização. Adotando como matriz identitária o 43 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar entrecruzamento do português, do índio e do africano, a arte e literatura modernistas chegaram a diferentes equacionamentos das posições e contribuições destes três elementos na composição da Nação. Este trabalho pretende discutir a “solução” que a poética de Oswald de Andrade esboçou para esta questão capital de leitura/escritura da nacionalidade. Nesse sentido, enfoca-se alguns dos poemas mediante os quais a poética oswaldiana delineava as “cenas inaugurais” do paìs, em paralelo com as passagens programáticas de seus dois manifestos da década de vinte. Privilegiando o tratamento poético dispensado à oscilação entre presença-ausência do elemento africano, argumenta-se que a literatura oswaldiana transita de uma orientação inicialmente marcada pela problemática identitária, acompanhada pela dificuldade de formalização estética de uma suposta identidade nacional, para uma radical supressão de um “regime identitário” de pensamento acerca da dinâmica cultural, em favor da instauração de uma inteligibilidade da e pela diferença. A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL CONTIDA NA ATUAÇÃO JUVENIL NO COTIDIANO BORGES, Virgínia Oliveira (UFPel) [email protected] CAPES Esse estudo mostra a possibilidade de transformação social atribuída aos jovens no cotidiano da sua vida grupal. É essa possibilidade de transformação existente no cotidiano da realidade juvenil, focado em um grupo de jovens que existe em virtude da cultura que os une – a dança – na Vila Pestano, na periferia da cidade de Pelotas no interior do Rio Grande do Sul que este estudo apresenta. Com base em autores como Henri Lefebvre (2008) que apresenta, a transformação social no espaço das cidades e a possibilidade que a juventude traz consigo. E José Machado Pais (2003), que apresenta a compreensão dessa dimensão juvenil, que partindo do cotidiano desse grupo constituído da comunidade local, dentro da proposta de inclusão e participação juvenil a que o grupo se propõe, pode-se perceber as relações dos diferentes atores envolvidos no espaço social vivenciado e reconhecemos os conflitos que modificam o espaço local, pela ação juvenil ou o embate entre jovens e adultos. TRADUZIR-SE UMA PARTE NA OUTRA PARTE: a construção de marcadores sociais da diferença na diáspora FLOR, Cauê Gomes (UFSCar) [email protected] CAPES Desde 2004 a cidade de Lins (interior de São Paulo) recebe, proporcionalmente, o maior fluxo de africanos do interior paulista. Lá, residem e estudam (na Unilins), faculdade local, em torno de 140 africanos e africanas naturais dos mais diversos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop): Angola, Cabo Verde, São Tomé & Príncipe, Moçambique e Guine Bissau. No entanto, são preponderantes os jovens remanescentes de Angola, cerca de 120, sendo, os únicos que se enunciam enquanto comunidade angolana. Ao enunciar esse discurso, os estudantes africanos agenciam e manobram um conjunto de representações, afirmam diferenças e promovem processos de identificação. 44 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Em síntese, essa pesquisa busca compreender como e porque o Brasil apresenta-se como destino para esses estudantes? Pretende-se também como objeto de reflexão marcadamente teórica, analisar os marcadores sociais de diferença (TOMAZ, 2003) utilizados pelos estudantes angolanos residentes na cidade de Lins-SP; pois são essas diferenças que devem nos ajudar a entender melhor as suas narrativas sobre as tensões e dificuldades que vivenciam no contexto brasileiro, mas também a maneira como, neste “espaço da diáspora”, eles constroem e reconstroem as suas identidades. Um elemento fundamental que subsidia os objetivos dessa pesquisa não é tomar qualquer posição a priori sobre essa diferença sublinhada pela categoria - “negro”. Evidentemente, que não se nega que o já refletiu historicamente sobre a mesma. As formulações teóricas dessas reflexões são certamente fundamento analítico dessa pesquisa. Porém, esse trabalho busca fazer outra aproximação, mais precisamente um esforço analítico orientado a partir desse vasto campo chamado episteme Pós-Colonial e dos Estudos Culturais. RAP E TERRITORIALIDADE NA CIDADE DE SÃO PAULO GESSA, Marília (UNICAMP) [email protected] PROEX – CAPES As diferentes práticas do hip hop introduziram novas formas de expressão que são contextualmente ligadas a condições de vida na cidade de São Paulo, formada por uma amálgama de bairros com normas sociais particulares e nuances culturais. O grafite, por exemplo, inscreve e enuncia uma presença individual e coletiva em determinado espaço (de fato em sua origem, os grafites eram marcas de gangues, avisos aos iniciados de que aquela área tinha “dono”). Tais práticas criam os laços sobre os quais as afiliações são forjadas em geografias sociais específicas. A linguagem cifrada dos hip hoppers, repleta de gírias e muitas vezes em desacordo com a norma padrão do português, configura-se não só como um dos dialetos possìveis da lìngua, como apontado pela canção “Negro drama” (Racionais MC‟s), mas também como uma ação afirmativa da cultura dos territórios excluídos dos mapas do lado bom das cidades. As gírias, em especial, revestem-se de outras possibilidades, já que são parte de uma formação discursivopoética que define categorias dificilmente decodificadas por aqueles que não fazem parte das comunidades de favelas. Este trabalho dedica-se a analisar como, através de práticas sociais e de linguagem, o discurso do rap também marca territórios e redefine parâmetros valorativos. Os territórios não são trazidos às letras somente por meio de sua nomeação, mas também pela evocação de práticas culturais correntes dentro de seus perímetros e é por isso que, mais do que uma realidade geográfica, entendemos aqui o território como uma construção simbólica. Esta posição implica que o reflitamos de um modo semelhante ao que Pierre Bourdieu adotou no que diz respeito à formalização do conceito de „região‟: certamente que ela é um domìnio, uma zona, uma área, porém, também é o produto das condições que lhe possibilitaram ser o que é. O território pode ser assim entendido como uma rede de relações sociais que define, ao mesmo tempo, um limite, uma alteridade: a diferença entre nós (o grupo, os membros da coletividade ou 'comunidade', os insiders) e os outros (os de fora, os estranhos, os outsiders). Desse modo, podemos considerar a territorialidade como constituída de relações mediatizadas, simétricas ou dissimétricas com a exterioridade, incluindo elementos de identidade, exclusividade e, importantemente, de limite que, mesmo não sendo traçado, exprime a relação que um grupo mantém com uma porção do espaço. Exploro a ideia de que a música permite um automapeamento frente a um território simbólico que permite 45 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar definir as fronteiras entre „os outros‟ e „os iguais a mim‟. O consumo e a produção de rap torna-se, assim, um exercício performativo de classificações: os espaços que a música permite criar implicam noções de diferenças sociais por um lado, e organizamse segundo hierarquias de ordem moral e política que estabelecem valores e normas por outro. A ARTE DA POLÍTICA E A POLITICA DAS ARTES: militantes e artistas na construção de uma esfera pública negra no Brasil MACEDO, Márcio (New School for Social Research) SILVA, Uvanderson Vitor (IESP/UERJ) [email protected], [email protected] CAPES Os anos 1990 foram marcados por profundas transformações na relação Estado e sociedade no Brasil. No influxo do processo de redemocratização, “novos personagens” passaram ocupar o espaço público reivindicando o ¨direito a ter direitos¨ e a abertura de canais democráticos de participação política. Nesse contexto, os movimentos negros ocuparam um papel importante ao questionar a narrativa de nação baseada na ideia de democracia racial e pela reivindicação da participação do Estado na correção da secular desigualdade racial que caracteriza a estrutura social brasileira. No processo de construção de um contra-discurso negro da formação da sociedade brasileira nota-se que a construção de mecanismos e estratégias da política institucional (criação de conselhos, de legislação, de políticas públicas) anda em pari passu com uma série de intervenções artísticas e performáticas (música, dança, literatura) que para além de compor uma identidade negra brasileira amplia o arco de repertórios políticos e os espaços de formação e atuação políticas. Seguindo os argumentos seminais de Nancy Fraser e Paul Gilroy, pretendemos analisar se a articulação entre política e cultura na formação do protesto negro brasileiro é constitutiva de uma esfera pública negra que contorna o dilema fortemente presente no debate acadêmico entre um nacionalismo que prega harmonia racial e uma incorporação inconsequente de categorias raciais externas (mais precisamente norte-americana). Para tanto, pretendemos analisar os discursos de atores negros – artistas e ativistas - veiculados em diversos materiais culturais (revistas, fanzines, rádios comunitárias, etc) produzidos no contexto do movimento hip-hop em parceria com organizações do movimento negro. REFAVELA (1977): negritude na poética musical de Gilberto Gil NACKED, Rafaela Capelossa (PUC-SP) CAPES Nos efervescentes anos 1960-1970 o mundo atlântico foi palco de grandes acontecimentos: a luta por Direitos Civis nos Estados Unidos, a descolonização de diversos países africanos e a emergência de diversas lutas da população negra. No campo da cultura, podemos destacar a ascensão do funk e do soul e a forte presença do reggae music no cenário musical, gêneros conectados a uma ética e uma estética de valorização da cultura negra. No Brasil entre essas manifestações musicais podemos resgatar os Bailes Black e a africanização do carnaval de Salvador. Neste contexto, Gilberto Gil, um dos mais conceituados performers dessa negritude artística e politicamente, torna-se um dos símbolos mais importantes da negritude no país e ícone 46 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar dos jovens negros baianos nas décadas de 1970-1980. Um dos discos mais marcantes deste período da carreira do artista, Refavela (1977), é dedicado à África, começou a ser elaborado durante a viagem de Gilberto Gil ao FESTAC (Festival Mundial de Arte e Cultura Negra) em Lagos, na Nigéria. No Atlântico Negro - como nos aponta Paul Gilroy – as vivências artísticas dos escravos e seus descendentes formam um corpo de produções culturais que evidencia os traços de solidariedade para com a situação dos negros em todo o mundo, pelo protesto político marcado pela desigualdade, pela violência e pelo racismo, pela lamentação e também pelo prazer destes sujeitos. Neste sentido, as músicas da diáspora negra sintetizam as experiências históricas dos negros, criando um corpo único de reflexões sobre a modernidade e seus dissabores. A partir destes pressupostos, o trabalho apresentado no evento propõe discutir o disco Refavela dentro do contexto histórico em que está inserido. REPENSANDO CULTURA E IDENTIDADE NEGRA: o que os moradores do Bixiga têm a nos dizer? NASCIMENTO, Larissa Aparecida Camargo (UFSCar) [email protected] CAPES O bairro Bela Vista, popularmente denominado Bixiga, localizado na região central de São Paulo, fora precedido pelo quilombo urbano Saracura. No final do século XIX houve um intenso processo de redefinição territorial/racial que promoveu o deslocamento de uma parcela da população negra do centro velho paulistano para o Bixiga, período concomitante à chegada de imigrantes italianos no bairro. Apesar do protagonismo da população negra até os dias de hoje, diferentes meios representam o Bixiga como um bairro tradicionalmente italiano, invisibilizando as contribuições de outros segmentos populacionais. Ademais, o bairro passa por um processo de valorização que tem promovido o deslocamento de famílias economicamente desfavorecidas. Diante das relações assimétricas que se constituíram, o presente estudo pretende discutir o processo de racialização a partir da trajetória de vida de sujeitos negros moradores do bairro. Ademais, buscamos apreender as intersecções entre as identidades destes sujeitos e a vivência de manifestações culturais de matriz afrobrasileira que marcam este contexto urbano. Posto que a cultura não é intacta e que a identidade dos sujeitos não é fixa, coube verificar a tradução, negociação, entre as diferentes culturas e identidades num mesmo espaço, verificando as tensões, negociações, resistências. Este estudo se assenta em teóricos da sociologia das relações raciais para contextualizar as particularidades do processo de racialização no Brasil e dos estudos culturais, principalmente aqueles que realizam um debate a partir de uma perspectiva pós-colonial, importante para discutirmos identidade negra enquanto um conceito posicional. Os dados foram captados por meio da observação participante e entrevistas semiestruturadas embasadas na história oral de vida. 47 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A PRESENÇA DO NEGRO NOS ROMANCES DE MACHADO DE ASSIS: ocorrências em “Esaú e Jacó” SANTOS, Gilberto de Assis Barbosa (UNESP/FCLAr) [email protected] CAPES Por que, em pleno século XXI, analisar a escravidão, a abolição, bem como a presença do negro na sociedade brasileira do século XIX, a partir da perspectiva do escritor carioca Machado de Assis? Parece-me que estudar essas questões pode esclarecer a origem de determinados problemas sociais do presente, tais como a exclusão e a desigualdade social a que muitos afrodescendentes estão sujeitos na atualidade. Esse processo tem origem na forma como o fim do trabalho servil ocorreu no Brasil, na qual todos os escravos viram-se da noite para o dia, livres do cativeiro, porém, sem nenhuma condição para livrarem-se do julga das chibatadas desferidas pelos antigos proprietários. Se no passado, seus ancestrais eram vítimas de sevicias de escravocratas empedernidos, e em alguns casos de alguns de outros ex-escravos, conforme ficcionalizado por Machado de Assis no capìtulo “O Vergalho” de seu clássico “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, após a extinção do trabalho servil, os mesmos escravos passaram a ser aviltados por salários irrisórios. O autor de “Dom Casmurro” em uma crônica da série “Bons Dias!” aponta como o valor pago pela mão-de-obra afrodescendente não permitia aos africanos e seus descendentes livres sonhar com dias melhores. Mas meu escopo é compreender como essas abordagens aparecem em “Esaú e Jacó” penúltimo romance machadiano. Obra importante para analisar a visão que seu autor desenvolveu sobre a passagem da monarquia a República, por intermédio do narrador Conselheiro Aires. Objetivo demonstrar que o escritor carioca, ao contrário de seus críticos, abordou sim, a questão escravocrata em seus textos, porém, isso foi realizado através de jogos apresentados aparentemente com um viés, mas que uma leitura atenta e alegórica evidencia outra coisa: a real condição do negro. LUGARES DA MEMÓRIA. O RECOMPOR DA CULTURA MIGRANTE ENTRE AVÓS E NETOS SILVA, Cinthia Xavier (UNESP) PAIT, Heloisa (UNESP) [email protected]; [email protected] Este trabalho é parte dos resultados da pesquisa de mestrado que pretende compreender como ocorre o diálogo intergeracional entre avós, migrantes nordestinos, e netos. A pesquisa de campo ocorre em lugares onde a família se reúne para trocar experiências, forma de ser e lembrar o passado. Nestes lugares da memória os avós relembram e socializam memórias e os netos incorporam parte da história da família. Durante a pesquisa percebemos que a identidade nordestina não era reforçada no grupo pesquisado, pois os netos não identificavam seus avós como migrantes nordestinos. A cultura nordestina é identificada nas músicas, histórias, nos adornos nas casas, a lembrança da vida no Nordeste. Porém, a identidade nordestina não é reforçada entre os migrantes pesquisados, pois a vida destes sujeitos híbridos está entre o entremear de costumes do lugar de origem e de destino. Este trabalho pretende discutir sobre a formação da identidade nacional brasileira e a construção da identidade nordestina; 48 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar sobre os aspectos reivindicados pelos migrantes para se identificar como nordestino e; propor uma reflexão sobre identidades fortes e minorias identitárias no contexto de internacionalização das identidades. CAROLINA MARIA DE JESUS: MARGINALIZAÇÃO SOCIAL E ESCRITA LITERÁRIA SILVA, Eliane da Conceição (UNESP) [email protected] Capes O presente trabalho visa a analisar a posição muito singular de Carolina Maria de Jesus no campo cultural brasileiro no início da década de 1960, uma vez que a ex-catadora de lixo tornou-se uma escritora mundialmente conhecida, tendo sua principal obra, Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), publicada em mais de 13 línguas. Por outro lado, não obstante o sucesso de vendas no Brasil e no exterior, Carolina Maria de Jesus não obteve reconhecimento por parte dos membros do campo cultural brasileiro. Assim, pretende-se compreender a situação de marginalidade social da escritora – dada sua condição de favelada e catadora de lixo, bem como a estigmatização em relação à sociedade letrada, enquanto mulher negra e sem educação formal – como aspecto que torna sua obra especialmente significativa do ponto de vista sociológico, mostrando a relação intrínseca entre atividade cultural e posição social. Desta forma, pretende-se propor uma análise sobre o surgimento e posterior “esquecimento” da autora a partir de uma interlocução com o campo cultural, procurando entender como sua obra situa-se no campo cultural, aliada a um exame do contexto histórico e social mais amplo, partindo da ideia de que uma obra literária ou artista não podem ser explicadas apenas a partir de fatores externos a sua produção – no caso de Carolina, pela excentricidade provocada por sua origem social – mas pelas condições que levaram à produção e recepção, pois são essas condições que tornam a escritora Carolina Maria de Jesus um personagem controverso e de difícil explicação. UMA BREVE ANÁLISE DO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU NO MUNICIPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA SOUZA, Valtey Martins de (UFPA/PDTSA) MELLO, Andréa Hentz de Mello (UFPA) [email protected], [email protected] É muito complexa a discussão acerca da temática da identidade, especialmente devido esse conceito ser portador de uma grande ambiguidade teórica e política, portanto, estudar essa temática significa que apesar de suas restrições, não há a possibilidade de substituí-lo, principalmente devido à identidade ser um desses conceitos que operam no intervalo da inversão e da emergência. Desse modo, a identidade é sempre uma construção histórica dos significados sociais e culturais que norteiam o processo de distinção e identificação de um indivíduo ou de um grupo, assim, sempre se encontra em processo, ou seja, sempre se encontra em construção. Logo, a identidade não é uma “coisa em si” ou “um estado ou significado fixo”, porém uma relação, uma “posição relacional”, uma “posição-de-sujeito” construìda de modo relacional e contrastiva, até 49 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar mesmo porque os processos de identificação e, logo, as identidades são sempre construídas na e pela diferença e não fora dela. Desse modo, se buscou, como objetivo principal desse trabalho, analisar o processo de identificação das quebradeiras de coco babaçu no município de São Domingos do Araguaia, no estado do Pará, especialmente pela contextualização de suas ações junto ao MIQCB – Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu -, pois, foi através dessa entidade que tais mulheres passaram a ter mais visibilidade e respeito. Portanto, a metodologia para elaboração desse trabalho passou por uma releitura da literatura que trata da temática, além de se realizar uma pesquisa de campo que visava verificar a produção das quebradeiras, como comercializam, o modo pelo qual elas se relacionam com o território, como elas se declaram e como se comportam na correlação de força com outros atores. Assim, os resultados apontam para o entendimento de que a identidade das quebradeiras é uma construção histórica, pois desde o período de fundação da vila que viria a ser a sede municipal de São Domingos do Araguaia, que as mulheres extraem o babaçu, se diferenciam dos fazendeiros e se identificam como quebradeiras. Além do mais, a identidade dessas mulheres pode ser relacional e contrastiva, já que as quebradeiras se identificam como quebradeiras de coco babaçu, contrastando com o modo pelo qual os fazendeiros se identificam. NO ENCALÇO DO PONTO PERDIDO: a memória do jongo em Bananal – SP VITORINO, Diego da Costa (UNESP) [email protected] CAPES Este trabalho apresenta dados de uma pesquisa etnográfica cujo lócus é a cidade de Bananal – SP. O pesquisador fez deste cenário, que apresenta as magníficas paisagens de encostas da Serra da Bocaina, uma rica hidrografia e a ainda viva Mata Atlântica do Sudeste do país, seu laboratório a céu aberto. A região do Vale Histórico do Rio Paraíba do Sul preserva elementos da cultura e da história do Brasil oitocentista, tanto pela arquitetura neoclássica de seus casarões ou fazendas coloniais, como também por costumes ou manifestações populares que ainda permanecem na memória de seus habitantes. Este foi o ambiente perfeito para reviver a memória do Jongo e dos Jongueiros através de algumas entrevistas semi-diretivas. O Jongo foi um ritmo bastante popular entre os negros africanos e brasileiros e se tornou um ritmo comum nos festejos tradicionais tanto nas comunidades rurais, quanto para a população urbana da cidade. A abolição da escravatura foi comemorada com o Jongo que permaneceu vivo em Bananal até 1970. A partir da articulação entre história-oral e a memória social, o pesquisador se defrontou com o que se pode chamar de Memória do Cativeiro, diversos saberes popular, contos e lendas característicos da cosmogonia local. Os saberes e histórias encontradas neste trabalho revelam que alguns padrões culturais, estruturas sociais e processos históricos são construídos a partir da memória individual e social calcada em cenários que cercam os sujeitos da pesquisa. Sem estes cenários as memórias não seriam como são porque dependem do contexto ao qual estão atreladas para terem significado. Além disso, vale ressaltar que para vir à tona essas memórias dependem e necessitam da sensibilidade e ética de pesquisadores comprometidos e em interação social com seus entrevistados. 50 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Subjetividades, Identidades e Diferenças Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Richard Miskolci INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE INTERSUBJETIVIDADE NA RECEPÇÃO DE OBRAS DE ARTE AGUIRRE, Alexandra (UERJ) [email protected] Para pensar a recepção de obras de arte como experiência intersubjetiva, partimos da perspectiva da etnometodologia e da fenomenologia do mundo da vida cotidiana de que a ação social é orientada por métodos e expectativas comuns aos agentes. Para chegar a uma compreensão comum, os membros de um grupo são capazes de se colocar sob outros pontos de vista. Na literatura, Wolfgang Iser percebe a interação entre leitor e ficção orientada pela estrutura do texto, o leitor deve estar comprometido com os métodos de ação da obra, e ser capaz de se colocar sob o ponto de vista do autor. A obra é resultado da convergência entre a intenção do autor e a posição compreensiva do leitor, que se deixa guiar. É nessa interseção que está presente a intersubjetividade do leitor/receptor com o autor, e com outros receptores que se orientam pelos mesmos métodos. Nas artes plásticas, as orientações não são mais visuais, como tradicionalmente foram a cor e a tinta, já que muitas obras são visualmente indistinguíveis de objetos comuns. Para Arthur Danto, as orientações de sentido, como intenção do artista, estão presentes no uso que a obra faz de objetos e ideias disponíveis no mundo, rompendo com as expectativas cotidianas que temos deles. O que remete novamente às teorias da ação social que reconhecem na linguagem e no uso que se faz dela, assim como nas convenções linguísticas e as expectativas do grupo, os fundamentos da vida em sociedade. É este uso e sua identificação pelo receptor, como parte fundamental do processo de intersubjetividade, que a pesquisa pretende investigar através de entrevistas com artistas e público e análises de obras e crítica. TAMBÉM EXISTE ALEGRIA NO BAIRRO SANTA FELICIDADE ARAUJO, Marivânia Conceição de (UEM) [email protected] O presente trabalho trata das atividades de lazer e sociabilidade entre moradores de um bairro de baixa renda, fato que parece se constituir numa forma de enfrentar as diversidades. A discussão aqui apresentada é fruto da pesquisa etnográfica desenvolvida no bairro Santa Felicidade em Maringá no Paraná, bairro que foi meu objeto privilegiado de estudo, foi onde obtive entrevistas, apliquei questionários e observei muitas situações. Trata-se de um local na periferia da cidade, onde vivem trabalhadores informais, estudantes, desempregados, catadores de lixo etc., que por suas condições econômicas e sociais têm limitados espaços de diálogo com a prefeitura, são vistos de 51 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar modo pejorativo pela população da cidade e se dizem vítimas da discriminação social. Todavia, apesar de todos esses elementos negativos os moradores do bairro se mostram satisfeitos com o lugar e, ao contrário do que afirma o poder público municipal, tem alta alta-estima e se mostram, em diferentes situações, alegres. VILÉM FLUSSER E O EXÍLIO COMO IDENTIDADE EM TRÂNSITO FANTINATO, Manuela (PUC/RJ) [email protected] CNPQ O trânsito de pessoas e culturas vem formando o mundo contemporâneo, especialmente a partir das experiências da 2ª Guerra, do regime socialista da URSS e de seu desmonte, da descolonização da África, até as guerras recentes. Como consequência, desestrutura noções de pertencimento, nacionalidade e, sobretudo, identidade. Nas palavras de Edward Said, a moderna cultura ocidental é, em larga medida, obra de exilados, emigrantes, refugiados. Esse é o caso de Vilém Flusser, filósofo tcheco chega ao Brasil fugindo da ameaça nazista. Dentre os vários livros que deixou em português durante os 30 anos que passou aqui, destaca-se sua autobiografia, Bodenlos, que foge a todas as regras tradicionais do gênero, incluindo textos sobre pessoas que marcaram sua vida no Brasil, influenciando seu pensamento e sua carreira, além de textos sobre os temas aos quais se dedicou em sua vida de professor e reflexões sobre a condição de exilado. A obra, escrita durante 20 anos, a partir de seu retorno à Europa, permanece inacabada e é publicada com a morte com autor. As relações entre autobiografia e construção de identidade estão, em Bodenlos, complexificadas e norteadas pela questão do exílio. Embora não seja cronológica e teleológica, sua leitura leva a compreendê-lo como condição determinante à construção da identidade do autor, que não se fecha em uma unidade, mas que dialoga com vários fatores: o tipo de escrita que escolhe e a forma em que a empreende, a carreira de filósofo, os temas aos quais se debruça, os pares que escolhe – artistas e intelectuais, alguns exilados como ele – e, por fim, a condição de eterno migrante. Sua análise permite refletir sobre como essa condição afeta subjetividades e sociedades, aceitando-a como constitutiva da contemporaneidade. A MODERNIDADE É UMA SERPENTE FRANÇOSO, Luis Michel (UNESP) [email protected] CNPQ Este projeto busca analisar a construção da imagem da modernidade no município de Araraquara/SP. Averiguar ainda as relações políticas da atualidade de Araraquara à luz da lógica instituìda pelo mito fundador do municìpio, o chamado “mito da serpente”. O mito surgiu a partir do linchamento dos irmãos Brito ocorrido na Praça da Igreja Matriz, no ano de 1897 e funda seu conteúdo simbólico no quadrilátero da referida igreja, local que foi e continua sendo objeto de instauração de novas centralidades do poder. O referido “mito da serpente” narra uma praga rogada, pelo padre da Matriz na época, enunciando que Araraquara por 100 anos não teria progresso e que uma enorme 52 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar serpente ficaria em baixo da igreja e que se um dia o município progredisse ela sairia e destruiria toda a cidade. Assim, o projeto tem por objeto os usos do mito e sobre como se atualiza sua forma para a produção de novos conteúdos. Abordando, através do instrumental da etnografia urbana um campo de sensibilidade existente a partir da lógica do mito, que produz discursos, impõe um ethos a urbe, intervenções no espaço urbano e intensos conflitos discursivos na tentativa de obter exclusividade da enunciação das noções de modernidade. Assim o projeto reflete sobre a eficácia permanente do mito a partir da teoria do antropólogo Lévi-Strauss e analisa as relações de poder da atualidade do município de Araraquara através da teoria do filósofo Michel Foucault. A EDUCAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE E A ERA DA CIBERCULTURA GOMES, Cleber (UNICAMP) [email protected] Este trabalho pretende analisar o contexto da educação na sociedade pós-moderna e as relações que o novo aprendiz desenvolve na era da cibercultura. Partindo do pressuposto que o aprendiz contemporâneo está inserido em uma sociedade globalizada e tecnológica, entende-se que é preciso pensar como acontece a interação no campo social e como se oferece acesso à informação e a transformação. Fenômenos sociais contemporâneos que surgem no Brasil e em países da América Latina, como Chile e Argentina, levam jovens estudantes às ruas a fim de participarem de manifestações contra situações adversas. Dessa forma, um dos objetivos desta pesquisa também é concentrar na análise do cenário dos novos movimentos sociais que se articulam por meio das redes sociais e consequentemente vão parar nas ruas exigindo mudanças. Sendo assim, pretende-se com este trabalho refletir sobre qual é o papel da educação quando em contato com as novas mídias digitais? Um dos problemas encontrados na pesquisa é entender como a cibercultura interfere nas relações sociais e nas estruturas do poder. Diante dessa complexa rede de relações digitais em que estamos inseridos, é preciso levantar algumas questões sobre os tempos pós-modernos que afeta e transforma a vida social. A sociedade contemporânea traz novos desafios e perspectivas, assim, observou-se por meio de metodologia qualitativa, análise bibliográfica e dados empíricos, que todas as sociedades evoluem, porém de formas diferente sendo dependente de diversos fatores econômicos, políticos e sociais que estão ligados diretamente à educação. Portanto compreende-se que com o advento da globalização as sociedades sofrem com um desregramento, uma ausência de regras que é típico de períodos de rígidas transformações econômicas e sociais. IDENTIDADE NACIONAL E INDÚSTRIA CULTURAL: a música popular brasileira entre apropriações e disputas LEAL, Luã (UNICAMP) [email protected] CAPES Este trabalho buscará analisar os sentidos dos discursos sobre identidade nacional construídos por um grupo de autores interessados em preservar a história e a memória da música popular brasileira. Tendo em vista o contexto do campo intelectual entre as 53 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar décadas de 1960 e 1970, serão analisados os livros “O samba agora vai... a farsa da música popular no exterior” [1969], de José Ramos Tinhorão (1928 –), “Raìzes da música popular brasileira” [1977], de Ary Vasconcelos (1926 – 2003) e “Pixinguinha, Vida e Obra” [1977], de Sérgio Cabral (1937 –). As obras abordadas foram lançadas em um período de disputas a respeito da manutenção da autenticidade no campo cultural e de crescente consolidação da indústria fonográfica brasileira. Dessa forma, cotejarei as proposições dos três autores sobre a preservação da “tradição” da música popular brasileira. A “autêntica” música, entendida como expressão da identidade nacional, tornou-se elemento central nas narrativas historiográficas empreendidas por esse grupo de jornalistas militantes da música popular. As obras desses autores serão abordadas como marcos da constituição e da reformulação de uma “linhagem” – modo ou estilo intelectual capaz de tratar de problemáticas relacionadas ao período original de sua circulação, seguindo a proposição de Gildo Marçal Brandão – interessada em debater a identidade nacional devido às intensas transformações. CULTURA E SOCIEDADE NO BRASIL SEGUNDO CARLOS NELSON COUTINHO MASSUIA, Rafael. R. (UNESP) [email protected] Carlos Nelson Coutinho, filósofo baiano recentemente falecido, ao longo de sua trajetória, buscou compreender o Brasil numa perspectiva marxista. Na tarefa e compreender a forma específica em que se deu o processo de desenvolvimento capitalista do país, de surgimento do Brasil "moderno", em contraponto ao modelo clássico, em que o referido processo dá-se de forma popular ou jacobina (de "baixo"), o pensador baiano recorreu a dois conceitos, propondo uma síntese entre ambos: da noção "via prussiana", melhor formulada por Lenin, ao conceito de "revolução passiva", defendido por Gramsci. A partir desse aporte teórico Coutinho pôde investigar o caráter de "modernização conservadora" (realizada "pelo alto"), referendado pela aliança entre os principais setores das classes dominantes (do velho ao novo), que tem por consequência a ruptura entre nação e povo; tal procedimento, recorrente na história do país, tem por característica o atendimento das demandas, sempre que alguma reivindicação popular se coloca na pauta do dia, para dessa forma evitar-se que o povo as efetive. Dentro desse quadro, a cultura não passa imune a essas condicionantes gerais – pois o autor sempre busca compreender os fenômenos culturais à luz do solo social que os origina –, experimentando essa influência, que se faz sentir sobre os artistas e intelectuais, tornando-os "cúmplices" do poder – aquilo que, emprestando o conceito do escritor alemão Thomas Mann, Coutinho chamou "intimismo à sombra do poder". Nesse sentido, realizaremos algumas considerações sobre a hipótese interpretativa de Coutinho, centrando a discussão nas consequências, no campo da cultura, da forma específica do desenvolvimento sócio histórico do país estruturais no campo artístico e à reconfiguração do mercado de bens simbólicos. 54 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar MERCADO MUNICIPAL PAULISTA: relações socioculturais como formação de uma identidade cultural do ser paulistano ROIM, Talita (UNESP) [email protected] CAPES Com interesse de compreendermos as relações sociais, econômicas, políticas e culturais estabelecidas entre indivíduos que compõe o cenário do Mercado Municipal de São Paulo (vendedores, consumidores e turistas) pretende-se criar um paralelo imaginário de um cenário da própria cidade de São Paulo como lugar reconhecidamente cosmopolita, mundial e globalizado. A partir da observação do cotidiano desses personagens percebese que o Mercado Municipal atua não mais como mercado distribuidor de alimentos, mas como centro turístico que oferece mercadoria nacional e internacional, além de guloseimas que foram selecionadas como ícones do Mercado e da cidade de São Paulo. Relações de comércio e de trabalho são visivelmente praticadas nesse espaço, porém, por meio de análise mais apurada identificamos relações de lazer, de parentesco, de tratos sociais, dentre outras formas de relações socioculturais. Acreditamos que o Mercado Municipal seja um espaço propício para construir reflexões acerca das transformações das relações sociais estabelecidas no contexto da contemporaneidade dos paulistanos e, enfim, de elementos que compõe uma cultura identitária e o processo civilizador dos habitantes da cidade de São Paulo. CULTURA E IDENTIDADE NA CIDADADE DE PRUDENTÓPOLIS - PR TENCHENA, Sandra Mara (PUC/SP) [email protected] Este trabalho trata da memória de mulheres descendentes de ucranianos residentes na cidade Prudentópolis, localizada no interior do Paraná, e tem como aspecto peculiar o fato de sua população ser constituída majoritariamente por descendentes de ucranianos. As tradições e as festas religiosas ali presentes mantêm viva a cultura ucraniana. Esta opção levou-me a conhecer as diferentes maneiras de apropriação dos tecidos simbólicos específicos da cultura, através de recorte de gênero associado a especificidades de gerações responsáveis pela produção dos sistemas de significados próprios dessa cultura. Os ucranianos, importante grupo de imigrantes que rumou para o Paraná como trabalhadores livres no início do século XX, construíram atividades importantes para a vida cultural da região e para a economia local. Partilharam a vida com imigrantes poloneses, italianos e alemães, construindo segmento fortalecedor de hibridização cultural própria da história do Brasil. A escolha de abordagem etnográfica, que não só descrevesse a cultura, a religião, as festas e as tradições, mas também a história e as transformações socioeconômicos da cidade de Prudentópolis no Estado do Paraná, visou interpretar os sentidos e significados de ações voltadas à afirmação, resistência e identificação de sua população. Para isso, recorri ao exercício da pesquisa sistemática pela participação observante de ritos e costumes tão familiares, com o intuito de recuperar os costumes tradicionais, com vistas a produzir, inicialmente, uma etnografia que evidenciasse, com refinamento de detalhes, os modos de viver das mulheres e do povo ucraniano. 55 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER Mexeu com uma, mexeu com todas AKEL, Georgia (UNICAMP) [email protected] Nas últimas décadas intensos debates têm agitado o campo feminista no que diz respeito ao reconhecimento da diversidade e não estabilidade do sujeito político do movimento, dando origem ao que ficou conhecido como “feminismo hifenizado”. Esta pesquisa tem como objetivo investigar processos de construção de identidades coletivas no movimento feminista. Para tanto, toma como objeto empírico o Coletivo das Vadias de Campinas, grupo ativista criado a partir da organização da Marcha da Vadias de Campinas em 2011 e que tem atuado na direção de produzir articulações entre grupos feministas locais, com diversos focos de atuação. A metodologia é qualitativa, lançando mão de observação etnográfica e realização de entrevistas com as integrantes do Coletivo durante o ano de 2013. O foco analítico recai sobre as potencialidades e limites relacionados ao uso da categoria “vadias” pelo movimento, concentrando-se especialmente sobre a seguinte questão: seria “vadia” um substituto do sujeito polìtico “mulher” ou um termo a partir do qual se procura produzir uma coalizão entre várias e diferentes mulheres? VIOLÊNCIA E PRECONCEITO: a identificação das ocorrências de bullying homofóbico no ambiente escolar IBRAHIM, Ismael (UFMS) [email protected] PIBIC - CNPQ/UFMS O objetivo desta pesquisa é verificar por meio de pesquisa de campo, de entrevista com os membros da comunidade escolar e levantamento e revisão bibliográfica as ocorrências de bullying homofóbico na escola Arlindo Andrade Gomes; organizar oficinas com alunos da escola com a finalidade de estimular a identificação dos tipos e frequência das ocorrências com caráter discriminatório aos homossexuais nesse ambiente. Através da observação na escola foi notado que as situações de bullying homofóbico aparecem de forma implícita, camuflada no discurso e nas brincadeiras entre os alunos, sempre ofendendo, discriminando e ridicularizando o homossexual. Por não ser, muitas vezes, óbvias aos interlocutores, essas situações de violência passam despercebidas aos professores e outros membros responsáveis da escola, que acabam contribuindo para a manutenção dessas formas de violência não repreendendo-as quando se manifestam. Dessa forma, a vítima acaba sofrendo essa agressão diariamente sem ter a quem buscar ajuda. 56 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar TATUAGEM: corpo e arte PATRIOTA, Beatriz (UFSCar) [email protected] A tatuagem é uma pintura, diferenciada por seu suporte, o corpo, e a técnica utilizada. Está relacionada à busca de diferenciação e identidade, segundo Le Breton. O indivíduo que a adquire transfere a ela uma memória, marcando momentos especiais, homenageando pessoas e animais queridos e atraindo sentimentos. No Ocidente, a tatuagem foi introduzida por viajantes e marinheiros, no século XVIII, seduzidos pela arte corporal praticada nas sociedades tradicionais. No século XIX, setores marginais apropriaram-se e, em 1967, tribos urbanas a adotaram como marca corporal. Já na década de 1980, com o surgimento dos estúdios, inicia-se um processo de profissionalização, conjugando saberes específicos hierarquizados ligados à sua visibilidade, talvez como estratégia de legitimação desse universo, também no Brasil. Ora, na Modernidade, conforme Brás, a tatuagem é uma tentativa de estabilizar o senso de autoidentidade do indivíduo. O corpo é afirmado como um projeto pessoal em eterno processo. É como se sua identidade para existir necessitasse estar visível aos outros, segundo Pires. O corpo é ferramenta, agente e objeto da técnica, como uma memória carrega marcas sociais de um determinado tempo e lugar. A tatuagem configura-se como uma representação externa do eu, vinculada a saberes, técnicas corporais, convenções e normatividades impostas, criando coletividades. Minha proposta é, através da abordagem de Gell, em que objetos, artefatos ou arte são tratados como pessoas, enfatizando suas qualidades agentivas, pensar o quanto as tatuagens, na sua relação com os indivíduos, dizem sobre as interações humanas, considerando-as „desenhos agentes‟. HOMOFOBIA E SEXUALIDADE: a agressividade do “palavrão” como forma de manifestação do bullying no ambiente escolar ZAMIAN, Gabriel (UFMS) [email protected] PIBIC CNPQ/UFMS O objetivo desta pesquisa é verificar por meio de pesquisa de campo e de entrevista com os membros da comunidade escolar, as ocorrências de bullying relacionadas aos “palavrões” na escola Arlindo Andrade Gomes com a finalidade de identificar os tipos de palavrões mais conhecidos e utilizados por alunos com o objetivo de ofender, provocar, inferiorizar e identificar homossexuais. A principal ocorrência de palavrões é através de brincadeiras entre amigos, mas implicitamente, a ideia da homofobia está presente nestas brincadeiras. O cunho homofóbico dos palavrões é identificado pelo significado destes, o qual se refere a expressões também utilizadas nas práticas de bullying. Mesmo que a utilização do termo seja para alguma brincadeira, é reproduzida a ideia da homossexualidade como algo ruim, sendo utilizados os palavrões para ofender tanto homossexuais quanto heterossexuais. O palavrão é algo muito presente no vocabulário dos jovens da escola e que devido às características heteronormativas da sociedade, estes palavrões com cunho homofóbico são reproduzidos tanto por heterossexuais quanto homossexuais. 57 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão IV: Gênero, Corpos e Conflitos Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Jorge Leite Jr. A LEI MARIA DA PENHA SOB A PERSPECTIVA DO RECONHECIMENTO ALVES, Paula (UFU) ANSELMO, Mariana (UFU) [email protected]; [email protected]. O trabalho em tela tem como objeto análise da ideia de reconhecimento presente na Lei nº 11.340/2006, verificando que esta cuida-se de uma política pública de ação afirmativa, considerando se tratar de uma medida que tem o intuito de compensar a opressão histórica sofrida pela mulher. A escolha da abordagem justifica-se mediante a necessidade de compreender não só a questão da chamada discriminação positiva, característica das ações afirmativas, assinalando a discriminação histórica sofrida pelo gênero feminino, destacando-se o tratamento diferenciado conferido às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. O desenvolvimento do trabalho perpassa alguns questionamentos, quais sejam: qual a importância de reconhecer minorias sociais? Especificamente na questão de gênero, a Lei em questão cuida de tal perspectiva? Em quais aspectos é possível verificar a ideia de reconhecimento na Lei Maria da Penha? Para responder as questões levantadas, trabalha-se inicialmente com a hipótese de que não basta que a discriminação seja coibida coercitivamente, tendo em vista que existe outro lado a ser analisado na busca pela igualdade: o reconhecimento. Do enfoque epistemológico, parte-se da perspectiva do materialismo dialético, obedecendo ao seguinte processo: delimitação do instituto a partir de sua singularidade, contemplação de suas principais características e análise do objeto pesquisado, estabelecendo relações teóricas e históricas, por fim, verificação da realidade partindo da prática social. NEM MENINOS, NEM MENINAS. AS RUAS ESTÃO CHEIAS DE NINGUÉM AZEVEDO, Paulo (PUC/RJ) [email protected] Uma matilha de crianças sujas se estende no corolário da cidade do Rio de Janeiro. As imperfeições de suas imagens constroem um cenário perturbador, desequilibrando por sua vez a possibilidade harmônica e homogeneizante representativa da cidade maravilhosa. Quem são essas crianças? São meninos ou meninas? De onde vem? Como nascem? Como se formam? O que pensam? Como se pensam? O que se pensa e se pesa sobre eles ou elas? Na evidência de fazer das Ciências Sociais um espaço de diálogo ininterrupto, o que se perscruta é uma análise para identificar os significados presentes na estrutura estético-política destes corpos abjetos, isto é, compreender como este 58 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar dispositivo “corpo” se torna não apenas imagem, mas, sobretudo, reflexo ou representação alienada e naturalização de um estado de exclusão. Para isso, foi necessária uma revisão na literatura, tomando como referência a questão da sexualidade, dos corpos abjetos e da performance, propostas num diálogo entre M. Foucault, J. Butler e L. Leczneiski. MULHERES INVESTIDORAS E ENGENHEIRAS: socialização, habitus de gênero e lutas concorrenciais BONALDI, Eduardo (USP) [email protected] FAPESP O mercado de ações e o mundo das engenharias são campos reconhecidamente masculinizados. Não obstante, a atuação feminina tem aumentado nesses campos ao longo dos últimos anos. Nesses dois campos, as mulheres apresentam um repertório de disposições incorporadas, pré-conscientes e tributárias tanto das condições de socialização exclusivas às classes médias e altas, quanto das condições de socialização propriamente femininas. Esse repertório „duplo‟ agrupa tanto as disposições requeridas para a atuação nesses campos – resultantes da acumulação de capitais culturais exclusivos às classes médias e altas, antes restrita aos homens dessas classes, porém hoje expandida às mulheres – quanto as disposições feminizadas, isto é, resultantes das condições que tendem a modular os processos de socialização das mulheres. Na minha dissertação sobre pequenos investidores na bolsa de valores, abordei as práticas de investimento diferenciais entre homens e mulheres neste mercado. Recentemente, em uma pesquisa sobre estudantes de engenharia, conduzida junto à Elizabeth B. Silva, abordamos a construção do habitus de gênero entre mulheres e homens estudantes do campo. Logo, proponho a comparação desses dois casos de pesquisa, discutindo as seguintes questões: 1. Como o repertório de disposições incorporados por essas mulheres abrange tanto inclinações tradicionalmente associados ao polo masculino, quanto predisposições geralmente associadas ao polo feminino, 2. Como ocorrem as incorporações desse repertório „duplo‟ de disposições ao longo das trajetórias de socialização dessas mulheres e 3. Como essas mulheres buscam apresentar esse repertório „duplo‟ - ou seja, seu habitus de gênero – como um elemento de distinção nas lutas concorrenciais que se desenrolam nesses campos. GAROTOS DE PROGRAMA: uma etnografia da prostituição masculina em recife DEODATO, Eder (UFPE) [email protected] O fenômeno da prostituição masculina vem aumentando visivelmente na capital pernambucana. Em determinados lugares específicos para esses fins, o número de garotos de programa cresce devido à alta procura de pessoas por serviços sexuais. Porém, esse fenômeno não vem sendo divulgado ou evidenciado pela sociedade, permanecendo na obscuridade e escondido aos olhos da sociedade. O objetivo central desse estudo é entender, por meio de um olhar antropológico, como e onde ocorre a prostituição e a circulação dos profissionais do sexo na cidade de Recife. 59 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Metodologicamente, este estudo seguirá os seguintes passos: i) analisar pesquisas já realizadas por associações e por outros pesquisadores que trabalham com esse tema; ii) observar e descrever a performance desses profissionais in loco; e, iii) entrevistar os mesmos sujeitos observados, a fim de entender a constituição de sua performance. Dessa maneira, os resultados a serem alcançados almejam trazer à luz a compreensão do universo no qual vivem e transitam os sujeitos envolvidos em uma esfera social marginalizada e, ainda, por vezes, obscura para a compreensão da sociedade como um todo. “O OUTING COMO QUESTÃO”: trânsitos de práticas e conceitos FEITOSA, Ricardo (UFC) [email protected] CNPQ O artigo propõe discutir, a partir de uma análise de editoriais, cartas dos leitores, reportagens e entrevistas realizadas com jornalistas de Sui Generis, a construção de uma visibilidade calcada na valorização do outing e de uma identidade gay nas páginas dessa revista. A publicação, endereçada a uma audiência gay e lésbica, circulou no Brasil no período 1995-2000. As interseções entre uma polìtica editorial centrada na “saìda do armário” e os modos como jornalistas, fontes e leitores negociam, tensionam, relativizam ou reelaboram essa mesma política permitem ampliar as leituras da chamada “imprensa gay” brasileira, bem como debater os achados e os limites da “transposição” de um referencial polìtico/epistemológico como o “armário” a realidades locais. A partir de um olhar sobre a produção discursiva das homossexualidades neste segmento de imprensa, interrogam-se as dinâmicas que situam o outing como discurso “globalizante” e pretensamente unificador das experiências sócio sexuais não-normativas. Esse movimento analítico permite, por sua vez, esboçar uma crítica do trânsito da teoria queer nos estudos de sexualidade e gênero no Brasil e na América Latina, na medida em que é possìvel identificar táticas de atuação “locais” que sinalizam apropriações, mas também deslocamentos de discursos e práticas para além das fronteiras do contexto norte-americano/ “central”. GÊNERO E DESIGUALDADE EM SAÚDE NAS MACROREGIÕES DO BRASIL LEÃO, Natalia (PPGS/UFMG) NEVES, Jorge (UFMG) [email protected]; [email protected] CAPES Baseado na compreensão dos conceitos de saúde e gênero e, na crença de que gênero como uma categoria de diferenciação social pode estar fortemente correlacionada com as condições de saúde das pessoas, propôs-se: verificar a influência de gênero na desigualdade em saúde, mesmo controlando por outros fatores socioeconômicos, e se tal associação varia conforme as características regionais do Brasil, ou diferencia-se de acordo com a variável explicada utilizada para “medir” saúde. Para isso estimou-se um modelo de regressão logística, que estimou o efeito de variáveis na probabilidade de um indivíduo apresentar saúde boa; e um modelo de equações estruturais, que observou de 60 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar que forma variáveis explicam o indivíduo apresentar limitação de mobilidade física. Os dados utilizados são secundários, oriundos da pesquisa suplementar da PNAD – 2008. Os resultados apontaram que a categoria gênero mostrou exercer forte influência sobre a condição de saúde dos indivíduos, mas tal influência varia conforme outras características socioeconômicas e geográficas. Estes resultados foram apresentados para ambas variáveis dependentes utilizadas para medir o fator saúde. MULHERES AMAZÔNICAS SEGUNDO ELIZABETH AGASSIZ EM VIAGEM AO BRASIL (1865-1866) LIMA, Priscilla (UFAM) SOARES, Artemis, (UFAM) [email protected], [email protected] A partir da leitura do capítulo Um olhar feminino sobre a terra e a gente do Brasil do Renan Freitas Pinto, em seu livro Viagem das Ideias, publicado pela Valer, esboçou-se uma reflexão acerca do trabalho e do olhar de Elizabeth Agassiz sobre a Amazônia, em sua viagem pelo Brasil (Sudeste -Rio de Janeiro, Nordeste e Amazônia), denominada Expedição Thayer – 1865-66. A presença de Elizabeth já se constituía como uma inovação, pois em nenhuma das expedições pensadas e financiadas por Dom Pedro havia a presença de mulheres como companhia, e nesse caso específico, Elizabeth fazia parte do corpo da expedição como cronista e relatora da viagem. Naturalista e defensora da educação feminina organizou a primeira escola feminina, em sua casa em Cambridge, a qual funcionou no período de 1855 a 1863. Foi Elizabeth Agassiz que em 1879, ajudou a fundar "Harvard anexo" em Cambridge e foi nomeada presidente da então Sociedade para a Instrução da Colegiada de Mulheres, após sua incorporação oficial à Universidade de Havard. Contudo seu olhar e sua percepção foi profundamente modificada ao longo da Expedição Tahyer, a qual iniciou-se no ano de 1865, com uma Elizabeth Agassiz fortemente marcada por seu preconceito e fundamentos morais construídos em uma sociedade sexista, patriarcal e protestante e, encerrou-se no ano seguinte (1866) já com uma outra Elizabeth Agassiz, está olhando a sociedade sob uma nova perspectiva, mais feminista, precursora de uma sociedade capaz de equacionar as diferenças e os direitos entre os gêneros e as classes sociais. Essa mudança foi percebida no relato da expedição construído por Elizabeth Agassis e publicada como o livro Viagem ao Brasil, de uma cronista ocupada com as belezas naturais e a comprovação das teorias anti-evolucionista, passou a uma cronista com olhares sobre a organização social no Brasil e as diferentes funções que a mulher exercia, bem como os diferentes níveis de liberdade que estas possuíam ao longo dos diferentes espaços percorridos pela expedição capitaneada por seu marido Louis Agassiz. IDENTIDADE NACIONAL: a Embratur como construtora de imagem da mulher brasileira PINTO, Renata Pires (PUC/São Paulo) [email protected] CAPES Esta pesquisa propõe a análise do corpo enquanto uma construção simbólica, focando na interferência que a mídia impressa e os veículos audiovisuais tiveram nos processos 61 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar de construção de identidade de mulheres na sociedade brasileira. As mulheres brasileiras são relacionadas a um estereótipo de corpos bem torneados portadores de uma espécie de sensualidade natural, que remete à sedução e voluptuosidade nas formas. Pensar como se construiu esse estereótipo nos jogos de formação de identidade nacional coloca-se como um desafio neste momento em que o Brasil assume grande visibilidade internacional. O objetivo desta pesquisa é identificar e analisar em veículos de grande circulação, voltados para o público estrangeiro, quais foram os discursos (imagéticos e textuais), que historicamente alimentaram e resignificaram a construção desta imagem sobre os corpos das brasileiras. Para tanto, utilizo como fonte principal os materiais de mídia produzidos pela EMBRATUR (Instituto Brasileiro do Turismo), órgão oficial que se concentra no marketing e na promoção de produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no exterior. Busco compreender a construção histórica desta imagem feminina, como ela foi vinculada e explorada nos materiais promocionais da agência. Problematiza-se, assim, a ideia de uma identidade feminina fixa e essencializada, demonstrando que esse estereótipo, que ainda é sustentado, não dá conta de definir a categoria mulher nos dias de hoje. FORMA E CONTEÚDO: algumas considerações sobre a possível reconfiguração do conceito de “obreira da vida” na atualidade ROSSI, Vanberto (UFSCar) [email protected] No início do século XX existiu uma corrente de pensamento da educação física que entendia a mulher como “obreira da vida”, alguém que deveria ser educada fisicamente para o bom parto e para as tarefas domésticas sob a égide da feminilidade, da beleza e da fragilidade. Na contramão dos postulados dessa corrente de pensamento havia mulheres que desafiavam os limites da hipertrofia e se comparavam, quando não superavam os homens nos atributos relacionados a força física. As strongwomen, como ficaram conhecidas as artistas de força física na primeira metade do século XX, delineavam uma forma de desvio dos padrões estabelecidos pela imposição de uma sociedade masculinizada que buscava adestrar as mulheres para educarem seu corpo com exercìcios fìsicos que as tornariam “obreiras da vida”. Atualmente, passado pouco mais de um século, esse quadro foi reconfigurado e as “strongwomen” foram, gradativamente, alocadas na categoria de esporte conhecida como “fisiculturismo” ou se encontram diluídas entre as frequentadoras de academias de ginástica e, muito embora tenham conseguido grandes conquistas de reconhecimento e dignificação, ainda são observadas, classificadas e avaliadas a partir dos mesmos critérios subjetivos de “obreiras da vida”. O objetivo deste artigo é problematizar algumas formas assumidas por esse conceito na atualidade e demonstrar algumas maneiras pelas quais as mulheres frequentadoras de academias de ginástica são continuamente conduzidas a treinarem seus corpos em consonância aos padrões estéticos estabelecidos pelo mercado da moda, pela mídia e pela indústria da beleza. 62 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar O CORPO É DE QUEM? protagonismo feminino e cultura do parto „médico‟ SILVA, Wanessa (UFAL) [email protected] Não bastassem as maratonas clìnicas „de rotina‟ que mantêm a gestante sob intensa vigília médica, também o parto, fenômeno fisiológico, é invadido por um aparato de intervenções obstétricas e medicalizantes. As formas de controle são tão sutis e legitimadas entre as regras hospitalares, que acabam colocando em xeque o protagonismo feminino e tornando difusa a diferença entre estar grávida e estar doente. São vários os procedimentos „padrões‟: A litotomia é um exemplo: ainda que aumente a dor e dificulte a saída do feto, a posição deitada é obrigatória nas maternidades por possibilitar uma visão privilegiada do médico ao canal vaginal. A proibição de alimentar-se e a raspagem dos pelos pubianos também são verificadas no „ritual‟ do nascimento, e se somam ao uso de hormônios para „acelerar‟ o processo, anestésicos, corte no períneo, e manipulações como a violenta manobra de kristeller. Embora a Medicina Baseada em Evidências (MBE) tenha comprovado o prejuízo dessas práticas utilizadas sob rotina, é contínua a intervenção nos corpos femininos sob a fardagem de „precaução‟. Entretanto, a que custa esse tipo de assistência de „necessários cuidados‟ na mulher? Até onde elas têm poder decisório sobre os procedimentos dentro de hospitais? Sinais como o alto índice de cesarianas podem nortear a resposta. Outra pesquisa em 2012 verificou que uma a cada quatro brasileiras sofreram violência obstétrica. O estudo acrescenta que „quanto mais pobre e negra‟, maior é a incidência de violência institucionalizada sofrida com grávidas. Buscar, portanto, a relação do „parto médico‟ com o medo de que o corpo não „funcione‟ é mister para que se encontre respostas e se formule perguntas estratégicas sobre o protagonismo feminino diante do controle institucional na obstetrícia. Sessão V: Culturas e Identidades Indígenas Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Clarice Cohn (UFSCar) A MÚSICA E A DANÇA GUARANI MBYA COMO RECURSOS DE CIDADANIA E IDENTIDADE ÉTNICA GODOY, Marilia Gomes Ghizzi (UNISA) [email protected] Os índios Guarani-Mbya destacam-se pelos seus alojamentos em aldeias no Estado de São Paulo, caracterizadas como concentrações étnicas onde é predominante o modo de ser tradicional conhecido pela expressão nhandereko (“nosso modo de ser”). O sentido de religiosidade e o misticismo tornam-se centrais na dinâmica de resistência cultural desse povo. Destacam-se a música e a dança como representações significativas da cultura e como meios de ordenar praticamente os sentidos de valor no cotidiano vivido 63 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar pelas comunidades. Tornam-se recursos de educação e por intermédio de rituais as músicas e as danças conduzem a uma situação de reprodução das vivências e convicções culturais inseridas no universo mítico primitivo. A comunicação visa apresentar CD‟s e DVD‟s que foram realizados em aldeias Guarani Mbya e os quais traduzem os conteúdos da cultura de forma viva entre os membros das comunidades. A análise tem como base os Cds Nhande Reko Arandu e Nhande Arandu Pygua, produzidos nas aldeias de S. Paulo, São Sebastião, Ubatuba nos anos 2000, 2004. Será destacado o CD realizado recentemente na Aldeia do Rio Silveira (São Sebastião), o qual segue em reforço e proeminência das temáticas anteriores O mesmo podemos observar na obra Tenonde Porã Faz. Outras produções musicais de aldeias de Santa Catarina e do R Grande do Sul também sugerem os mesmos temas e desempenhos culturais. Mediante a análise das letras das músicas, agrupadas em temáticas, e o som dos mborai (cantos) a comunicação torna-se convincente com relação a presença de valores da identidade e também cidadania dos Guarani Mbya. ALUNOS INDÍGENAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE DOURADOS – MS: perspectivas e tensões LIMA, Selma (UFGD) [email protected] Diante de realidade social diversificada encontrada em nosso país, podemos considerar as diferentes relações sociais que se estabelecem entre indivíduos de culturas diversas que convivem juntas. É esse panorama existente na cidade de Dourados - MS. Por isso, nos propomos neste trabalho, o exercício da reflexão sobre a participação indígena, que se faz presente na cidade de Dourados, relacionada à educação pública e a presença de alunos indígenas nas escolas da cidade. Diante disso, uma gama de novas relações vão se estabelecer no interior da escola. E essas relações muitas vezes apontam para a repulsa pelo outro que é diferente, mas também institui formas de cooperação e amizade entre alunos indígenas e não indígenas. Nesse sentido, a pesquisa em desenvolvimento procura descobrir como se dão as relações entre alunos indígenas e não indígenas no espaço das escolas públicas de Dourados. Para isso, visitas foram feitas nas escolas para observação, também foram realizadas entrevistas com pais e alunos e acompanhamento da rotina escolar. A preocupação central é investigar os motivos que levam aos alunos indígenas a buscarem as escolas da cidade, tendo em conta que em suas aldeias é oferecido o ensino escolar, com objetivo de promover uma educação voltada para o atendimento das características organizacionais e das práticas culturais indígenas, em consonância com a legislação brasileira. A pesquisadora é também professora efetiva de rede estadual e leciona para alguns alunos indígenas, o que facilita a proximidade com o universo a ser pesquisado. Portanto, no intuito de redigir um texto etnográfico, dados de campo já coletados serão analisados à luz de alguns autores estudiosos das questões sociais e culturais. 64 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar LÉVI-STRAUSS: mito e música MELO, Betania (UFRN) [email protected] Este trabalho é fruto de tese de doutoramento que parte do estudo das Mitológicas de Claude Lévi-Strauss (1908-2009), no qual as linguagens, mito e música estão relacionadas. Lévi-Strauss propõe que a compreensão dos mitos ocorre de maneira similar com a partitura orquestral. Desta forma, a tese segue a tetralogia investigando termos da música usados na análise, como também, na divisão dos capítulos do primeiro volume principalmente. Vários procedimentos de composição e formas estão nomeados. Compositores em pares são categorizados como Bach para o código, Beethoven para a mensagem e Wagner para os mitos. Nesta dedução, estruturou-se em partes: tema e variações, sonata e fuga com os compositores citados. Na grandeza do estudo antropológico, entre mais de oitocentos mitos, escolheu-se os cinco primeiros da tribo Bororo; dois mitos com mesmo tema, a esposa do jaguar para relacionar à estrutura composicional e também, quatro mitos sobre a origem das mulheres. Por último, na fuga recolheu-se quatro mitos sobre a vida breve. Diante dos termos dados em oposição, contrastes ou em simetria, questionou-se como o incesto, assassinato e demais acontecimentos fazem parte da sociedade que eleva a natureza como extensão da própria vida? E como Lévi-Strauss pensou a antropologia harmonizada à música? No desenrolar da construção, demais pensadores como: Peter Sloterdjk e Gaston Bachelard dialogam o território redondo da Mitologia. TERRA INDÍGENA MÃE MARIA: os akrãtikatêjê no processo de resistência RIBEIRO JR, Ribamar (IFPA/CRMB) [email protected] O presente trabalho apresenta uma análise da trajetória, social do Povo Gavião revelando as disputas e conflitos enfrentados pelo grupo Akrãtikatêjê num processo de resistência coletiva na região, construindo uma identidade nestas lutas. A pesquisa está sendo desenvolvida a partir dos registros de trabalho de das atividades que fazem parte do percurso formativo do Curso Técnico de Agroecologia do IFPA, e de um Projeto de Extensão que pretende descrever os graus de proficiência linguística Akrãtikatêjê/Português e a história e a luta dos Akrãtikatêjê em defesa do seu território. Neste sentido, as atividades de envolvimento da comunidade na socialização dos trabalhos realizados pelos educandos do Curso Técnico em rodas de conversas, têm trazido elementos importantes que estão sendo sistematizados e analisados. Os relatos que são feitos têm contribuído nos processos formativos do Curso e revelado como na trajetória de luta do povo Gavião se faz presente as constantes cisões. Daí a importância de compreendermos o grupo local Akrãtikatêjê. Esse trabalho é subsidiado com a realização dessas atividades de campo que conta com registro audiovisual, levantamento bibliográfico de livros, artigos, teses e dissertações que tratam do histórico de contato e políticas territoriais e socioeconômicas, destinadas ao povo Gavião do Oeste, como tradicionalmente se tem referenciado o grupo Timbira no qual se inclui os Akrãtikatêjê. A luta pelo território se dar desde o deslocamento compulsório efetivado pela ELETRONORTE, ao expulsá-los de seu território tradicional, quando foi construída a 65 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Hidrelétrica de Tucuruí (PA), trazendo para Terra Indígena Mãe Maria. E posteriormente com a construção da Rodovia PA 70; Estrada Ferro Carajás, Linhão da Celpa e Eletronorte, e mais recentemente com a ameaça de construção de uma nova hidrelétrica que consumiria parte deste território. São estes os processos de transformação da Terra Indígena Mãe Maria a partir das ações do Estado e do Capital. Essas mudanças revelaram estratégias permanentes de negociação, acentuando novos conflitos internos, e outras formas de organização. Para os Akrãtikatêjê a reivindicação de uma área que compense as perdas, passa desde a diferenciação dos demais grupos, como também na continuidade da luta por um território. A POLÍTICA INDIGENISTA E O PATRIMÔNIO IMATERIAL – novas abordagens, novas relações TRUJILLO MIRAS, Julia (UnB) [email protected] CNPQ Após mapear como teve início no Brasil as políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial, o artigo apresenta uma análise da experiência de patrimonialização da arte gráfica Wajãpi, o kusiwa. Persegue-se as consequências do diálogo entre os povos indìgenas e os “brancos” na busca por traduzir conceitos como cultura, propriedade e intangibilidade, além de refletir sobre de que forma uma polìtica pensada por “brancos” pode estar no horizonte de interesses de outras culturas. No momento em que tomam forma as políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial, a maioria das populações indígenas brasileiras já se encontravam profundamente marcadas pela política de tutela do Estado, inclusive no que diz respeito aos modos de pensar e criar “bens culturais”. No caso dos Wajãpi, foi após estabelecerem esse modelo de relações que se encontraram diante das novas propostas relacionadas à linguagem do patrimônio imaterial. Linguagem esta que pensa a cultura enquanto propriedade de uma coletividade que deve ser preservada enquanto alteridade. A experiência Wajãpi revela como as políticas de salvaguarda podem refletir o modo de pensar do branco, reproduzindo em suas propostas, as noções de propriedade e conhecimento daqueles que as elaboraram, e gerando conflitos interpretativos junto aos povos indígenas que se aproximam dessas políticas. Este conflito, gerado na busca por traduzir em uma cultura conceitos que se mostram dessemelhantes, pode ser usado como instrumento de reflexão para os indígenas envolvidos nesses processos. Ficamos com a dúvida sobre como patrimonializar algo que tem outro(s) dono(s) e é exatamente por carregar este contrassenso que esta política é boa para pensar. 66 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES Sessão I: Desenvolvimento Regional e Economia Solidária Data: 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Fábio Bechara Sanchez (UFSCar) MUTIRÃO AUTOGESTIONÁRIO E ALTERNATIVA À PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA DO URBANO: reflexões sobre apropriação da cidade BELTRAME, Gabriella Caroline Rodrigues (PUC/MG) [email protected] CAPES Para além da busca por “estar na cidade” as populações pobres dos centros urbanos almejam, embora a própria localização seja uma árdua luta ou apenas uma permissão, apropriar-se da cidade. Apropriação que propicie ao indivíduo e à comunidade acesso ao bem-estar urbano. No ambiente construído de Ipatinga, localizado no Vale do Aço mineiro, planejado pela Usiminas, grande empresa siderúrgica, uma dicotomia prevaleceria: de um lado a cidade-fechada, de outro a cidade-aberta. A cidade-aberta, lugar dos não-contemplados pela moradia oferecida pela siderúrgica, estaria sob jugo de um mercado imobiliário caro, concentrado, que controlaria o acesso ao estoque de terra urbanizada. Nesse contexto de controle imobiliário e inacesso à habitação para os mais pobres surge, na década de 1990, a experiência autogestionária de provisão de moradia, pioneira em Minas Gerais, ocorrida na localidade “Morro do São Francisco”. Por meio da análise do processo de provisão de moradia, utilizada pelos mutirantes, procuramos analisar o processo de produção do espaço urbano pelo sistema de autogestão, alternativa à produção imobiliária da cidade, em relação ao binômio localizar-se na e apropriar-se da cidade-aberta. Explicitando as dimensões urbanas do direito à localização e as singulares práticas de acesso à terra urbana daqueles segregados socioespacialmente, que entram e permanecem nas cidades por suas “franjas”, terrenos fronteiriços onde tentam equilibrar-se, buscando contribuir para a compreensão e tradução das fronteiras que unem e separam as distintas realidades sociais que convivem na cidade-aberta. A hipótese considerada é de que autogestão, como alternativa para localizar-se na cidade implica em práticas próprias pela busca do direito de apropriar-se da cidade. 67 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar AS POTENCIALIDADES E OS PROBLEMAS DAS CIDADES DOS ARCOS SUL E CENTRAL DA FRONTEIRA DO BRASIL CRUZ, Milton (UFRGS/IPEA) CARNEIRO, Camilo Pereira (UFRGS/IPEA) [email protected], [email protected] Diversas especificidades e diferenças caracterizam as cidades localizadas na área de 150 km contígua ao limite internacional do Brasil, que constitui a faixa de fronteira, um território que a Constituição brasileira designa como de segurança nacional (Lei 6.634, de 1979 e Decreto 85.064/80). O presente trabalho apresenta uma síntese dos investimentos em políticas públicas e em setores da economia, bem como das infraestruturas necessárias ao desenvolvimento sustentável dos arcos Sul e Central da faixa de fronteira do Brasil. São analisadas as centralidades econômicas existentes, o crescimento populacional, a migração, os indicadores de pobreza urbana, e a distribuição de renda nas cidades dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, e Rio Grande do Sul. Os investimentos em infraestruturas previstos e em andamento, as lacunas, os conflitos e inconsistências na alocação de recursos são abordados com base no conceito de desenvolvimento sustentável (crescimento econômico, distribuição da renda, erradicação da pobreza absoluta, qualificação da infraestrutura urbana, equilíbrio ambiental). As fontes de pesquisa utilizadas foram: IBGE, Censo Demográfico 2010; Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003; Governo Federal, PAC, Ministérios da Integração, dos Transportes e da Indústria e Comércio; Ministério do Trabalho e Emprego, RAIS; Governos estaduais e municipais; FEE/RS; e alguns estudos recentes sobre população. SATISFAÇÃO: um tema em definição DARÓS, Marilene Liége (UNISINOS) [email protected] FAPERGS Os conceitos de desenvolvimento econômico têm como objetivo a felicidade da maioria das pessoas. Diferem na conceituação da medida para avaliar essa felicidade, para além de uma filosofia utilitarista. A satisfação é uma emoção que colabora para essa avaliação e definição do que se entende por felicidade. Segundo Amartya Sen, para uma conceituação de desenvolvimento com liberdade é necessário a ação de cada pessoa nesse processo, ou seja, a satisfação de superar privações que são possíveis mediante instrumentos que se adquire com educação e saúde. Nos estudos de economia solidária percebe-se que muitos dos empreendimentos encontram sua vitalidade em certa satisfação de seus membros com os empreendimentos. Mesmo que seus membros não tenham garantidos os direitos básicos, a satisfação, dos mesmos, colabora para continuidade dos empreendimentos e para a luta pela conquista de direitos e cidadania. Este artigo versa sobre a construção do objeto de pesquisa ao estudar definições de satisfação desde a antiguidade até os dias de hoje e construir um conceito que possa colaborar para a compreensão das relações interpessoais dos empreendimentos de economia solidária e para uma melhor compreensão de um conceito de desenvolvimento que incluem esses processos de vida da economia solidária. 68 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar MIGRAÇÃO, TRABALHO E MINERAÇÃO: maranhenses tomam rumo de Parauapebas, no sudeste do Pará EID, Farid (UFPA) SOUZA, André Santos de (UFPA) [email protected], [email protected] Até a década de 1970, as tentativas de desenvolvimento e ocupação forçadas fizeram marchar à Amazônia milhões de migrantes, sobretudo nordestinos, o que redundou em problemas socioambientais que se agravaram ao longo dos anos. Na atualidade, essa marcha, sob novas perspectivas, tem-se verificado rumo ao município de Parauapebas, no sudeste do Estado do Pará. Os projetos mínero-metalúrgicos difundidos a partir de Parauapebas, comandados pela mineradora Vale S.A., por meio do Programa Grande Carajás (PGC), foram responsáveis pela emancipação do município e por transformá-lo numa “meca” de migrantes atraìdos pelas oportunidades de trabalho na mineração, que a cada dia tem se tornado mais tecnológica e especializada. Segundo estatísticas oficiais, 10.814 pessoas chegam anualmente ao município, 5.887 delas de outros estados, 80% do Maranhão. A maioria é do sexo masculino e tem mais de 18 anos, sendo, portanto, mão de obra em potencial. O Censo 2010 aponta que Parauapebas tinha 153.908 habitantes e que sua população nordestina chegou a 67.906 residentes (44,12%), entre os quais 54.359 pessoas (35,32%) eram maranhenses, número maior que a população nascida no município, 41.672 habitantes. Esse fenômeno demográfico em que se transformou Parauapebas vai ao encontro do que nota Bertha Becker (1990) acerca da Amazônia, onde o controle da terra, a política de migração induzida pelo Estado e o incentivo a grandes empreendimentos asseguraram o desenvolvimento da fronteira urbana e da migração intensa. A questão crucial é saber se o município, que gera divisas em razão da exploração de minérios, tem tido condições de alcançar autonomia financeira e ampliar a oferta de emprego, motivo que faz da unidade territorial em questão um receptáculo de migrantes maranhenses. REDES DE SOCIABILIDADE E COMÉRCIO NA FLORESTA MEDEIROS, Thais Helena (FIT) SCHWEICKARDT, Katia H. S. C. (UFAM) [email protected], [email protected] CAPES Ao abrirem-se as conexões comunicacionais –transporte terrestre, energia elétrica e acesso à telefonia celular– interligam-se os lugares culturais das artesanías em palha de tucumã, no Rio Arapiuns, Santarém/ Pará pela abundante ocorrência da palheira e no singular modo de vida. Na interação, agenciando e transformando mundos numa multiplicidade de expressões singularizadas, sobressai o fluxo de pessoas e bens, o ecoturismo, a comercialização de objetos culturais materializados no consumo de sistemas de mercado. Este artigo trata da fundamentação e busca da compreensão dos processos que erigiram e remodelaram o território simbólico e geográfico, presentificado na intensificação das elaborações. O fazer artesanato é uma fundição de trabalho simbólico e geração de renda numa mistura de coisas e pessoas, de pessoas e coisas. Ao escolherem as artesanías em palha de tucumã para a autorepresentação, o ato de tecer palha é a união de lazer e não-trabalho –a relação da vida com o interior, 69 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar mental, residual– com o produtivo que gera a reprodução. Primeiro nascendo de uma necessidade doméstica para, em seguida, se dinamizar com os recursos naturais no decorrer da mobilidade espacial, culminando na intensificação das relações mercadológicas na atualidade. Fenômenos característicos de áreas de expansão ou fronteiras na Amazônia, facilitado pelos novos acessos de mobilidade na construção do espaço rural edificando uma nova ruralidade. A mesma que redesenha a paisagem social e as relações entre o interior-mercados de fluxos complexos ou seu contrário. Isso se dá quando o grupo define seu regime de propriedade, os vínculos afetivos específicos, a narrativa da ocupação, a sociabilidade e as formas de defesa. As argumentações respaldaram-se em bases epistemológicas interpretativas da cultura, elegendo os métodos da memória coletiva, observação e contemplação. O CONSELHO ESTADUAL DAS CIDADES DA BAHIA E A ELABORAÇÃO DA POLÍTICA ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS MENEZES, Diego Matheus Oliveira de (UFBA) [email protected] Os conselhos gestores são definidos como espaços públicos compostos de forma plural e paritária pela sociedade civil e pelo Estado, com a função de formular e fiscalizar a execução de políticas públicas setoriais. Esse mecanismo tem sido um dos principais instrumentos implementados pelo governo federal e governos estaduais e municipais para atender as demandas por maior participação dos movimentos sociais e da sociedade civil como um todo nas políticas públicas. Diferente de outros instrumentos como Orçamento Participativo, os conselhos possibilitam o acompanhamento de todo processo de formulação de uma política pública. Neste trabalho, oriundo de uma pesquisa monográfica apresentada em 2012, buscamos analisar o Conselho Estadual das Cidades da Bahia (ConCidades/BA), sua composição, sua dinâmica interna, a efetividade deliberativa do conselho e o processo de elaboração da Política Estadual de Resíduos Sólidos. Como principal instrumento metodológico, utilizamos a análise documental. Foram analisadas 25 atas das reuniões do Grupo de Trabalho da Política Estadual de Resíduos Sólidos, as atas das reuniões da Câmara Técnica de Saneamento e reuniões da assembleia plena do ConCidades/BA de 2009 até 2011, documentos oficias e a minuta do projeto de lei da Política Estadual de Resíduos Sólidos. Dessa forma buscamos compreender como as dinâmicas internas do ConCidades/BA se relacionam com os procedimentos de elaboração de uma política pública e a capacidade dos conselheiros representantes da sociedade civil, sobretudo os movimentos sociais, de acompanhar e influenciar na elaboração da Política Estadual de Resíduos Sólidos. ASPECTOS RELACIONADOS À COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO SOLIDÁRIO EM MUNICÍPIO DO INTERIOR PAULISTA: dificuldades e possibilidades OLIVEIRA FILHO, Marco Aurélio Maia Barbosa de (NuMI-EcoSol/UFSCar) [email protected] A Economia Solidária representa um modo de organização que opera com uma lógica distinta àquela que rege o modelo capitalista, sendo concebida como um conjunto de 70 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar atividades econômicas organizadas e realizadas cooperativamente por trabalhadores e trabalhadoras de forma coletiva e autogestionária. As iniciativas econômicas que atuam sob o paradigma desta outra economia, denominadas empreendimentos econômicos solidários, são constituídas em base coletiva e primam pelo estabelecimento de relações nas quais as práticas de cooperação e de solidariedade existam enquanto fatores determinantes na realidade da produção da vida material e social. Dentre os muitos obstáculos enfrentados pelos empreendimentos de Economia Solidária, a comercialização da produção é um dos mais cruciais, uma vez que implica na própria sobrevivência dos grupos. Quando o produto não se converte em ganhos econômicos que propiciem a reprodução do trabalhador, corre-se o risco de esvaziamento do empreendimento ou então sua degradação, afastando-se dos princípios da Economia Solidária. Este trabalho tratou de analisar as principais dificuldades enfrentadas pelos empreendimentos de artesanato solidário existentes em uma cidade de médio porte do interior paulista, que conta com instituições de apoio e fomento à Economia Solidária. As informações foram levantadas por meio de entrevistas realizadas com representantes de cada grupo, sendo que a baixa divulgação e a falta/insuficiência de espaços adequados para a comercialização foram os pontos considerados como os mais críticos. Acredita-se que muitos dos problemas apontados poderiam ser enfrentados mediante a criação de políticas públicas de fomento à Economia Solidária. A ECONOMIA CRIATIVA E OS NOVOS REFLEXOS INSTITUCIONAIS SOBRE O TRABALHO ARTESANAL EM PORTO ALEGRE POSSEBON, Daniela (UFRGS) [email protected] O presente trabalho procura investigar efeitos de dinâmicas e incentivos organizacionais e institucionais sobre atividades artesanais em Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil), sob o referencial do Novo Institucionalismo Sociológico, a partir do surgimento do discurso da economia criativa no Brasil e no mundo tendo em vista compreender limites e possibilidades desta mediante as alterações percebidas. Estando o trabalho artesanal dentro da chamada economia criativa e tendo tanto o governo federal, quanto vários estados, criado secretarias referentes a esta, analisamos quais os reflexos e mudanças a partir desta referente ao aspecto econômico do artesanato tendo como objeto de estudo de caso os artesãos que expõe seu trabalho no Brique da Redenção, considerado Patrimônio Cultural Imaterial do estado e que tem sido referência quanto a feiras de artesanato no Brasil e na América Latina. A pesquisa tem caráter qualitativo e tem se realizado a partir de dados primários e secundários, principalmente entrevistas. Para responder ao objetivo, a investigação tem mapeado planos e ações de instituições relacionadas ao artesanato na cidade; identificado mudanças recentes na organização e trabalho dos artesãos e cadeia do artesanato e analisado mudanças nas estratégias de criação de valor econômico, tipos de produto, acesso à tecnologia, bem como mudanças nas condições de vida e trabalho. 71 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DEMOCRACIA E OS PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA SILVA, Luiz Antonio Coêlho da (UFCG) BATISTA, Ozaias Antonio (UFRN) [email protected], [email protected] O objetivo geral deste artigo é refletir sobre o conceito de democracia e os princípios democráticos da economia solidária e suas peculiaridades, que vão desde o seu conceito, contexto histórico até exemplos de empreendimentos econômicos solidários. Já os objetivos específicos são: explanar os vários conceitos de democracia para os mais diferentes autores e descrever os princípios democráticos e autogestionários da economia solidária e seus desdobramentos, observando aspectos sociais e econômicos implementados pelos membros dos empreendimentos solidários atuais. Os procedimentos metodológicos adotados foram uma pesquisa descritiva e exploratória, com natureza qualitativa, através de um levantamento bibliográfico por meio de várias fontes como livros, monografias, periódicos, sites e revistas especializadas a respeito da democracia e da economia solidária como saída para o desemprego estrutural, a formação de consciência crítica e à diminuição da exclusão social. Alguns autores analisados foram: Singer (2002), Arroyo (2004), Bobbio (2002) e Wood (2011). Assim, concluiu-se que a democracia possui uma grande importância na concepção e reflexão dos cidadãos frente às suas demandas. Já a economia solidária possui preceitos democráticos que tratam da igualdade de condições, da democracia na tomada de decisão, da busca pela solidariedade, da transparência das informações contábeis e administrativas, do pensamento coletivo, da participação coletiva, da educação continuada e crítica e do respeito ao próximo, além de que melhoram a vida de todos os envolvidos neste tipo de empreendimento. Todavia, vale salientar que novas pesquisas devem ser feitas no sentido de geração de novos conhecimentos a respeito do tema democracia e dos princípios democráticos da economia solidária. A OCUPAÇÃO DOS CERRADOS NO CENTRO-OESTE BRASILEIRO: trabalhadores, expansão do agronegócio e questões socioambientais SILVA, João Charlesdan Amorim (UNITAU/ UNIFIMES) SOUZA, Sérgio Luiz de (UNIFIMES) BARBOSA, Nilvan Domingos (UNIFIMES) [email protected], [email protected], [email protected]. Trazemos uma discussão de nossa pesquisa de mestrado na qual objetivamos discutir relações existentes entre o modelo de desenvolvimento estabelecido no Centro-Oeste brasileiro, principalmente a partir dos anos 1980, baseado no latifúndio e na monocultura voltada à exportação, sobretudo, no que diz respeito à ocupação do bioma Cerrado, aos processos de reorganização do espaço urbano e às condições de vida dos trabalhadores. Com este foco observamos a ocorrência de um processo de “acumulação por espoliação” com grande concentração fundiária que intensificou o caráter especulativo do uso da terra. Modelo marcado por transferência de recursos a alguns grupos regionais, com resultados danosos ao bem estar da maioria da população trabalhadora. Desta forma, as transformações econômicas ocorridas a partir do final da 72 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar década de 1990, ampliaram os fluxos migratórios, com um rápido crescimento demográfico das cidades, sobremaneira no Sudoeste Goiano. Em Rio Verde, o maior centro urbano regional, ocorreu uma taxa de crescimento da população urbana de 4,4% nesta primeira década do século XXI, mais que o dobro do Brasil (1,6%). Outro município com acelerado ritmo foi Mineiros, com população que cresceu de 35.000 no ano de 2000 para 52.000 habitantes em 2010. O resultado de tão rápido crescimento manifesta-se em diversos aspectos, como a modificação no uso e ocupação do solo com aumento das pressões ambientais sobre o Cerrado, ocupação de áreas de preservação por parte da população sem moradia, aumento das demandas de bens e serviços urbanos, elevação do custo de vida, formação de um crescente contingente populacional marginalizado do mercado de trabalho e, assim, sem acesso a outros direitos sociais, com a elevação dos índices de criminalidade dos municípios desta região brasileira. ASPECTOS DA GOVERNANÇA LOCAL: inserção internacional das cidades através de redes de cidades VITAL, Graziela C. (USP) [email protected] Os efeitos dos processos de reestruturação produtiva, de globalização e da implementação da agenda neoliberal ocorridos nas últimas décadas impulsionou o debate acerca do papel das cidades em um contexto de aprofundamento da competição por recursos, acesso investimentos estrangeiros, entre outros aspectos. Se por um lado há uma transformação na estrutura produtiva das cidades, gerando processos de exclusão social, segregação urbana, desigualdade social, há por outro lado uma intensificação do debate sobre a governança local, que procura compreender as possíveis formas de interação informais dos vários agentes que atuam nas localidades e que independem da atuação do governo. Neste contexto de expansão da ideia de governança, em que ocorre o fortalecimento de outros agentes e atores políticos, econômicos e sociais, nos quais também se incluem os governos subnacionais, há um aumento na atuação internacional destes entes subnacionais. Tal aumento provoca impactos na oferta de políticas públicas em áreas sensíveis à vida urbana, como habitação, segurança, pobreza, entre outros, que são diretamente ligados aos efeitos provocados pelos processos de globalização, da reestruturação produtiva e em decorrência da aplicação da agenda neoliberal. Um dos mecanismos possíveis de inserção internacional e foco deste artigo é a formação de redes de cidades. Neste contexto, o objetivo deste artigo é analisar a questão da inserção internacional das cidades sob a luz dos princípios de governança local, e argumentar que tal movimento provoca um impacto na elaboração de políticas públicas locais. Para atingir este objetivo, será analisado empiricamente o exemplo da Rede de Mercocidades, compreendida aqui como um dos instrumentos de inserção internacional dos governos subnacionais. 73 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER O TRABALHO DAS MULHERES NA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA NO RECÔNCAVO BAIANO: comunidade Iriquitiá, Maragojipe Bahia MOURA, Rosene de Jesus (UFRB) [email protected] A presente pesquisa busca analisar a participação das mulheres na produção de farinha de mandioca na comunidade Requitiá, distrito rural de MaragojipeBA, e qual o sentido desse trabalho para elas. A análise parte em compreender como se constitui o cotidiano dessas mulheres em relação ao trabalho na produção de farinha. Para atingir tais objetivos, foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisa empírica de cunho qualitativa e quantitativa. Notadamente entrevistas, observação participante e aplicação de questionário no primeiro momento analisaram a divisão sexual do trabalho, no segundo a jornada de trabalho exercida por essas trabalhadoras e no terceiro buscamos compreender como é constituído o sentido do trabalho para as mulheres. Como considerações finais compreendemos que a participação das mulheres na produção de farinha de mandioca é luma atividade não considerada como trabalho e sim como uma ajuda ao marido, ainda que ela trabalhe mais que ele, entretanto é um fator imprescindível na sociabilidade da comunidade. A ZONA FRANCA DE MANAUS SOB A PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL (2002-2012) PELLEGRINO, Lucas Nunes (NPPA/FCLAr/UNESP) [email protected] A Amazônia é importante por sua biodiversidade e recursos genéticos, recursos hídricos, madeiras, polpas, e porque poderia produzir quantidades substanciais de produtos tropicais típicos da região (frutas, frutos, resinas, óleo essenciais, etc.), tendo também grande quantidade de minerais, gás, petróleo, etc. E à medida que projetos geopolíticos nacionais como a Zona Franca de Manaus (ZFM) transformam a Região Amazônica Brasileira - sendo que o modelo de integração da ZFM ocorreu de forma extremamente pontual e concentrada aos arredores da cidade de Manaus (mantendo-se ainda preservadas 98% das florestas da Amazônia Ocidental) - em uma região no sistema espacial nacional, com estrutura produtiva própria e múltiplos projetos de diferentes atores, as relações e os intrincamentos econômicos com outras regiões e estados brasileiros, assim como com o comércio exterior, pressionam pela criação e expansão de possíveis investimentos baseados na potencial exploração dos recursos ali presentes, tornando-se de prima importância entender a dinâmica desta região. Mediante esses levantamentos e partindo das concepções de que 1) a união dos países amazônicos fortaleceria os blocos Sul-Americanos; 2) estabeleceria uma presença coletiva e uma estratégia comum desta região perante o comércio internacional; 3) geraria projetos conjuntos quanto ao aproveitamento da biodiversidade e da água; a totalidade da análise se daria pelo entendimento das atuais relações político-econômicas entre a ZFM e os 74 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar blocos econômicos Sul-Americanos (Mercosul e Unasul), tendo por fundo de apoio as medidas implementadas nos governos antes de 2002 em contraste com as que foram implementadas após esta data, afim de se analisar qual/como tem sido a relação do governo federal com a ZFM nesses últimos dez anos. Sessão II: Trabalho Data: 28/08/13– às 14h Debatedor: Prof. Dr. Jacob Carlos Lima (UFSCar) TRABALHO E MOBILIDADE: a experiência laboral de motoristas de ônibus urbano em Fortaleza BAHIA, Ryanne F. Monteiro (UFC) [email protected] CAPES Ocorrem com regular frequência em Fortaleza, greves dos motoristas de ônibus urbano. Esses profissionais exigem melhorias nos salários e de condições de trabalho. Essas últimas são consideradas precárias por motivos ergonômicos associados à especificidade laborativa tais como problemas de coluna, de audição, respiratórios, entre outros, bem como agruras no campo da saúde mental, especialmente o medo de ser assaltado. Ademais, o ambiente de trabalho dos motoristas é a rua. Esta, conforme DaMatta (2010), representa um ambiente não controlado, onde se está mais passível de sofrer com os infortúnios do acaso. Isso deve ser considerado no que se refere aos imaginários populares que associam a casa à segurança e a rua ao perigo. Nesse contexto, questiona-se: como o ambiente de trabalho dos motoristas de ônibus urbano afeta seu convívio social e sua qualidade de vida? Esse estudo justifica-se pela emergência dos agravos à saúde vinculados à profissão. Carréreet al (1991) destacam as elevadas taxas de cortisol, adrenalina e noradrenalina apresentadas; Evens et al (1987) chama a atenção para elevação da pressão sanguínea; Pereira (2004) aponta a presença de queixas desses trabalhadores acerca de fadiga, cansaço mental. Nosso objetivo é compreender como os motoristas de ônibus significam sua prática no trabalho, assim como de que modo isso afeta sua saúde física e mental. Tal profissão encarna os princípios do início da modernidade: o controle do tempo, a disciplina sobre o corpo, o adestramento dos movimentos e a produção de corpos dóceis. (FOUCAULT, 1987). Em um determinado tempo, o motorista e o cobrador devem transportar um número considerável de passageiros. Há uma lógica de produção de serviço que é semelhante ao sistema fabril clássico. 75 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A CULTURA ORGANIZACIONAL NO DISCURSO DA MÍDIA BRITTO, Denise Fernandes (UFSCar) [email protected] CAPES Considerando o cenário de reestruturação produtiva a partir das décadas de 1970/1980, percebemos que os meios de comunicação de massa têm destacado em suas mensagens valores, ideias e comportamentos relativos ao mundo do trabalho e do perfil do trabalhador que o mercado legitima. Assim, a comunicação pode colaborar para tecer as representações do chamado “novo espìrito do capitalismo”, a partir do momento em que destaca certas pautas e angulações em detrimento de outras temáticas e abordagens. Levando em conta essa relação entre mídia e a cultura organizacional na atualidade, este trabalho se propõe a aprofundar teórica e analiticamente as questões que interligam as mudanças nas relações de trabalho, a nova cultura organizacional e sua legitimação a partir do discurso disseminado pelos veículos de comunicação de massa. Para tanto, esta pesquisa se vale de uma análise quantitativa das reportagens da revista Você S/A, especificamente de sua seção Carreira. O objetivo é identificar quais os principais temas que compõem a representação do perfil desejável do trabalhador contemporâneo. Como sustentação teórica, levamos em conta os autores da Sociologia do Trabalho bem como o mercado de revistas compõem e atualizam o discurso empresarial no Brasil. A análise quantitativa - que integra uma pesquisa mais ampla - se apoia no aporte metodológico da Análise do Discurso. REESTRUTURAÇÃO, PRECARIZAÇÃO E O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: análises a partir da flexibilidade GONÇALVES, Marilene Parente (UENF) [email protected] O trabalho proposto pretende apresentar um ensaio analítico acerca de questões no mundo do trabalho e o Programa Bolsa Família. Leva em consideração o processo de reestruturação produtiva e flexibilidade engendrada na contemporaneidade da sociedade capitalista e seus desdobramentos enquanto consequências negativas para uma parcela da população. O Brasil sofre uma adaptação do Fordismo à brasileira que marca as relações sociais estabelecidas e imprimem um sentido também diferenciado, dado as particularidades existentes que realizam uma mescla entre aquilo que seriam aspectos mais globais e aspectos menos globais, não se configurando enquanto um movimento homogêneo. Um estado de desemprego globalizado se torna fato constante, com uma realidade que ainda não visualiza uma absorção satisfatória de quem oferta trabalho e enfrenta um mercado precarizado. Neste sentido, discutimos a política de assistência social enquanto refuncionalizada pelo Estado, se apresentando como possibilidade de enfrentamento das consequências da reestruturação e precarização via Programa Bolsa Família, que instaura um debate sobre a sua validade frente o quadro de questão social produzido historicamente. Tais reflexões são pensadas articuladas ao Programa Bolsa Família na cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa em curso desde 2012, busca focalizar as questões a partir de entrevistas semiestruturadas com gestores do Programa Bolsa Família e seus profissionais, considerando para esta proposta, os registros de participação dos beneficiários do referido programa em ações 76 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar socioeducativas e de capacitação, e informações oficiais no site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome quanto à trajetória de participação no mercado de trabalho. O REDIMENSIONAMENTO DO TRABALHO SUBCONTRATADO DAS MULHERES NAS FACÇÕES DOMICILIARES E NAS COOPERATIVAS DE COSTURA DE CIANORTE-PR LIMA, Angela Maria de Sousa (UEL) [email protected] No setor do vestuário de jeans e de “modinha” da região de Umuarama-Cianorte/PR, a confecção é a principal etapa produtiva, concentra a maioria das operações e é a mais intensiva em mão-de-obra, sobretudo feminina e informal. Por isso, pretende-se problematizar alguns resultados da pesquisa feita nesta localidade, ao investigar a rede de subcontratação de trabalho e as peculiaridades vivenciadas por estas mulheres no setor da costura e do bordado. Partimos dos impactos da reestruturação produtiva nesse aglomerado produtivo recente, mostrando como nessa região, mantém-se uma rede de subcontratação de trabalho, envolvendo de micro a grandes empresas, caracterizada pelo redimensionamento do trabalho subcontratado, em “cooperativas”, facções industriais, facções domiciliares e trabalhos domiciliares, revitalizados, a cada estação e a cada oscilação da moda, mas sempre proporcionando impactos significativos sobre a divisão sexual de trabalho. Um dos principais recortes está em debater as cooperativas criadas neste setor, procurando compreender o que elas representam para as trabalhadoras, como, porque se constituíram e que elos estabelecessem com a cadeia produtiva de jeans e de “modinha” na região. Partimos da hipótese de que estas cooperativas de produção, como fenômeno novo neste setor, desvinculadas do ideário de auto-gestão democrática, surgem nesse momento como um mecanismo de redução de custos, principalmente no que se refere aos encargos trabalhistas. O ETHOS OPERÁRIO E O ADOECIMENTO NAS AGROINDÚSTRIAS AVÍCOLAS BRASILEIRAS NELI, Marcos Acácio (UNESP) [email protected] CAPES Este trabalho tem por objetivo discutir, de modo geral, as relações entre a formação do ethos operário e as transformações históricas no desenvolvimento da sociedade capitalista e, por consequência, do operariado contemporâneo. De modo específico, procuraremos desvelar as possíveis relações entre as mudanças nos processos de organização e de gestão da mão de obra operária, em referência ao contexto da agroindústria avícola, e o adoecimento físico e mental a que estes estão submetidos. O adoecimento físico e mental, em alguns setores da produção são muito evidentes e, no setor de abate e processamento de aves, o risco à saúde é bastante acentuado. Assim, as formas encontradas pelos operários para a convivência com estes riscos são um ponto importante para a compreensão do ethos destes trabalhadores. As formas de convivência e de organização, a compreensão de seus dilemas e dos riscos aos quais estão expostos serão temas a serem desenvolvidos no presente trabalho. 77 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar ESTAGIÁRIOS EM EMPRESAS DE SOFTWARE: flexibilidade e qualificação OLIVEIRA, Daniela Ribeiro de (UFSCar) [email protected] FAPESP Tendo em vista as mudanças no mundo do trabalho e as diversas formas que o trabalho vem assumindo, adotou-se como objeto de estudo uma categoria de trabalhadores que nasce no contexto de capitalismo flexível e ascende em meio ao avanço da capitalismo informacional. Trata-se dos trabalhadores de desenvolvimento de software. O trabalho a ser apresentado é resultado da nossa pesquisa de mestrado, realizados entre os anos de 2007 a 2009, cujo objetivo principal foi apreender as percepções dos desenvolvedores de software sobre suas condições e relações de trabalho. Foram realizadas 18 entrevistas semiestruturadas à trabalhadores vinculados em empresas de software, localizadas nos municípios de Araraquara/SP, São Carlos/SP, Campinas/SP e São Paulo/SP, com os seguintes vínculos trabalhistas: trabalho em regime de CLT, servidor público, estágio, free-lance por conta própria; sócio empresário, pessoa jurídica – PJ. Buscamos compreender como os entrevistados percebiam suas várias modalidades de contrato trabalhistas que estavam submetidos. Para tanto, apresentaremos as percepções e os discursos de cinco estudantes vinculados como estagiários a empresas privadas e instituições públicas de ensino e pesquisas. Mostraremos suas percepções sobre as condições de estagiários nesses espaços de trabalho em um contexto em que o que define a qualificação e as possibilidades do profissional no mercado de trabalho é o seu conhecimento sobre a linguagem informacional. As percepções dos estagiários com relação a esse vínculo contratual sintetiza uma constante busca por qualificação e ganhos de conhecimento, algo que não se obtém apenas na inserção acadêmica. Esses jovens estudantes ao se disporem a baixa remuneração, específico desse vínculo contratual, com o objetivo de obter ganhos de conhecimento, na verdade destacam uma estratégia de ação do setor em torno da qualificação compreendida como uma corrida permanente contra a possibilidade de tornarem-se obsoletos frente às inúmeras inovações tecnológicas que imprimem novas formas de fazer e exigem novos produtos e ideias. INSTITUIÇÕES SOCIAIS E A POSSÍVEL RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA AÇÃO COLETIVA: um estudo das associações trabalhistas de Belo Horizonte no início do século XX PASSOS, Daniela Oliveira Ramos dos (UFMG) [email protected] O objetivo deste trabalho é o de refletir, com base na abordagem institucional, sobre as práticas de luta e reivindicações adotadas pela classe trabalhadora belorizontina, no contexto de construção da nova capital mineira, que tinham por intuito conseguir consolidar os direitos trabalhistas ou mesmo lutar por melhores condições de trabalho e vida. Para esse propósito adotaremos o conceito de instituição, elaborado por Elster (1994, p. 174) que a define como “um mecanismo de imposição de regras, que governam o comportamento de um grupo bem definido de pessoas, com sansões externas e formais”. São instituições, cujas sanções se baseiam na expulsão de algum membro do grupo; e sua adesão é oferecida por meio de benefícios que variam da ajuda 78 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar mútua à valorização da classe trabalhadora, ao serem adeptas das reivindicações em busca de melhores condições de trabalho. A finalidade de pensar as associações trabalhistas de Belo Horizonte, como organizações institucionais, terá por objetivo analisar o problema da ação coletiva e sua possível resolução: como as associações conseguiram agir em prol dos interesses de um determinado grupo? Para tanto, analisaremos as ações das entidades: Associação Beneficente Tipográfica, Liga Operária, Confederação Auxiliadora, Centro Confederativo, Federação do Trabalho e Confederação Católica do Trabalho. Procura-se, assim, constatar que as instituições provavelmente podem proporcionar situações melhores ao indivíduo, ao tentar resolver o problema da ação coletiva. Neste sentido, as associações trabalhistas, puderam oferecer benefícios especiais aos seus membros, ao mesmo tempo em que proporcionaram aos trabalhadores a interação com seus semelhantes, alertando para a união classista em busca de melhores condições de trabalho e vida. OS DESAFIOS DO TRABALHO ASSOCIADO: a experiência das fábricas recuperadas no Brasil PIRES, Aline Suelen (UFSCar) [email protected] FAPESP O contexto gerado pela reestruturação produtiva, associada às crises financeiras e mudanças na economia brasileira e latinoamericana nos últimos anos da década de 1990, provocou a falência de muitas empresas e resultou, para muitos trabalhadores, aumento do desemprego e precarização das relações de trabalho. Estes foram levados a buscar outras formas de trabalho e obtenção de renda, entre as quais o trabalho associado e autogestionário. A partir daí, surgem, no Brasil, entidades, como a ANTEAG e a UNISOL Brasil, para apoiar grupos de trabalhadores a se unirem e assumirem o controle das fábricas falidas onde trabalhavam, permitindo, assim, a conservação dos postos de trabalho. São as chamadas “fábricas recuperadas”. Esse fenômeno não ocorre somente no Brasil, mas também em outros países da América do Sul, como, por exemplo, a Argentina, considerada, inclusive, uma referência em recuperação de empresas por trabalhadores. Nossa proposta é discutir a experiência das fábricas recuperadas nos dois países através de dados obtidos por meio de extensa pesquisa de campo, na qual foram visitados e analisados diversos empreendimentos desse tipo. Nosso objetivo foi verificar como os valores cooperativos e autogestionários se fazem presentes nessas experiências e de maneiras os trabalhadores interpretam o trabalho associado. NOS BASTIDORES DA TERCEIRIZAÇÃO: o trabalho informal na indústria calçadista RANGEL, Felipe (UFSCar) [email protected] FAPESP Por apresentar etapas, de certa forma, artesanais, o processo de produção nas indústrias calçadistas necessita de mão de obra abundante. De maneira geral, predomina o trabalho simples e rotinizado, exigindo pouca escolaridade e qualificação da força de trabalho. A 79 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar subcontratação se apresenta como prática generalizada no setor. Etapas da produção que costumam gerar “gargalos” nas indústrias são, em larga escala, externalizadas para pequenas oficinas conhecidas como bancas. A fiscalização dessas unidades produtivas terceirizadas é tarefa difícil, então, muitas delas acabam atuando na informalidade, o que favorece à execução de um trabalho acentuadamente mais precário quando comparado ao realizado no interior das fábricas. Tendo em vista esse quadro, a presente pesquisa buscou conhecer as configurações do trabalho terceirizado e informal na indústria de calçados do Estado de São Paulo. Foram estudadas unidades produtivas informais nos três maiores polos calçadistas do Estado: Franca, Birigui e Jaú. Tivemos como intenção conhecer as condições de trabalho e as perspectivas dos proprietários/trabalhadores dessas oficinas informais, que comumente são instaladas em ambiente domiciliar, onde o trabalho executado é caracterizado por longas jornadas e remuneração instável. Por outro lado, nos preocupamos também em analisar a influência dos discursos sobre empreendedorismo na valorização do trabalho autônomo e na responsabilização do trabalhador por sua inserção e manutenção no mercado de trabalho. Buscamos compreender a visão dos agentes sobre sua própria condição de “pequeno empreendedor” num contexto no qual a informalidade tem sido ressignificada sob a noção de empreendedorismo, sendo o sucesso ou fracasso econômico atribuídos exclusivamente à capacidade empreendedora do agente. A IMERSÃO EM NOVAS REDES SOCIAIS E AS MUDANÇAS NO TRABALHO INFORMAL DE RUA: o shopping do Porto – Camelódromo de Porto Alegre ROCHA DE FREITAS, Gabriella (UFRGS) [email protected] CAPES Atualmente, o aumento da automação e da informatização reduziu a mão de obra necessária e elevou o grau de qualificação dos trabalhadores. Essa alteração reduziu as chances de integração de trabalhadores com qualificações consideradas obsoletas ao mercado de trabalho formal, causando o aumento do mercado de trabalho informal. Devido à incapacidade de promover um desenvolvimento que agregue toda a mão de obra existente, a expansão desse setor conta com certa tolerância do Estado brasileiro, que passa gerir os conflitos. A construção de um centro popular de compras em Porto Alegre insere-se nesse contexto. Na rua, os mecanismos institucionais não alcançavam esses comerciantes, que mobilizavam redes informais e associativas visando a sua manutenção. O poder público, através da construção do Camelódromo possibilitou aos comerciantes a imersão com redes institucionais, como a SMIC, a empresa gestora e o SEBRAE. Dessa forma, o problema central da investigação é indagar sobre as estratégias de atuação desses comerciantes no novo mercado, em resposta às mudanças institucionais promovidas pelo poder público. Elaboram estratégias que reproduzem a lógica do mercado informal de rua, ou aderem e transformam as oportunidades institucionais surgidas a partir da criação do empreendimento? A partir da análise de 14 entrevistas semiestruturadas com os comerciantes populares, identificou-se que a imersão em redes institucionais e informais interfere nas estratégias de inserção e atuação dos comerciantes no mercado. Quanto mais as redes sociais e institucionais dos comerciantes forem diversificadas e orientadas para fora da informalidade, maiores são 80 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar as chances desses agentes formularem novas estratégias de atuação no mercado, tendendo a modificar as atuações no mercado de rua. TRABALHO E FLEXIBILIDE EM NARRATIVAS: um estudo sobre trajetórias ocupacionais de trabalhadores da indústria de construção TAVARES NETO, João Gomes (UFPA) [email protected] Este estudo, que integra o trabalho de doutorado empreendido desde 2009, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - PPGCS do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFPA examina as nuanças do que a literatura especializada cunhou de “flexibilidade” no mundo do trabalho e as maneiras como suas consequências estão presentes nas trajetórias ocupacionais de seis trabalhadores que construíram suas carreiras na indústria de construção no transcurso das três últimas décadas. Ramalho (2010) assevera que a categoria flexibilidade “sintetiza as mudanças decorrentes da reestruturação pelas quais passou a indústria nas últimas décadas” (p. 253). Para Castells (2010), esta conduz a um redesenho das relações de trabalho alterando as formas tradicionais de emprego, no que concerne à jornada de trabalho, à estabilidade, aos espaços de desenvolvimento da produção e às formas de ordenamento das relações entre patrões e empregados. Nos limites deste estudo flexibilidade está situada no contexto de mudança para um “novo espìrito do capitalismo”, que segundo (Boltanski; Chiapello, 2009) ativa um aparato justificador que conduz à naturalização da flexibilidade na vida do trabalhador arrefecendo a força da crítica social; neste sentido flexibilidade se torna uma categoria fundamental para a compreensão das trajetórias ocupacionais dos sujeitos da pesquisa. Em nossos achados sublinhamos o risco e a incerteza que marcam as trajetórias ocupacionais desses sujeitos, bem como o aprimoramento da capacidade de deslocamento que facilitou mudança de cidades, de empresas e de funções. Esses fatores, que se intensificam em sintonia com a reestruturação produtiva, são expostos nas narrativas desses sujeitos, como características naturais da atividade de construção. PÔSTER MULHER E TRABALHO: a vida diária das teleatendentes CARMO, Priscila Pacheco (UNESP) [email protected] A mulher do século XXI tem acumulado funções mais que suas predecessoras, pois quando assume a responsabilidade de uma determinada profissão, não deixa de exercer suas atividades familiares. Muitas acabam buscando profissões com horários mais flexíveis para conseguir equilibrar e harmonizar a vida profissional com a sua vida cotidiana. O teleatendimento tem sido uma opção principalmente e devido à flexibilidade de jornadas, carga horária reduzida e possibilidade de adicionais no salário como comissões. Este setor trabalhista é composto majoritariamente por mulheres e jovens. Em pesquisas recentes, com as seis maiores empresas do setor de atendimento no Brasil, constatou que 88% dos teleatendentes são mulheres entre 20 e 39 anos, uma idade na qual, a maioria das mulheres ou estão estudando ou constituindo suas famílias. 81 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Porém o ritmo de trabalho é intenso e a carga horária, via de regra, não condiz com esse volume de trabalho. Também contribui para as empresas justificarem os salários baixos, intervalos menores entre outras restrições, uma vez que o trabalho deve ser deve ser executado de forma mais rápida possível para cumprir as metas. Nesse trabalho, pretende-se apresentar a vida cotidiana da mulher trabalhadora (teleatendente) e seu cotidiano, e como o trabalho influencia em seu comportamento em sua vida social. Com base em um estudo aprofundado sobre a evolução da mulher no mercado de trabalho desde os primórdios até o momento e em análises feitas por pesquisadores da área, este busca entender a evolução do setor e o que o mesmo tem feito para melhorar a vida das trabalhadoras. O PERFIL DOS DIRIGENTES DOS SINDICATOS FILIADOS A CUT, NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PIAUÍ, EM 2012 CAVALCANTE, Isaac Ferreira (UFPI) [email protected] O objetivo deste trabalho é apresentar o resultado da pesquisa, que teve como preocupação, desenvolver um modelo de Perfil dos dirigentes dos sindicatos filiados à CUT, no município de Teresina-Piauí, em 2012, e o outro objetivo é dialogar com a literatura existente sobre um possível padrão dos dirigentes sindicais. Como um dos resultados: o perfil hora desenvolvido é uma iniciativa pioneira no Piauí e no tema em nosso país. A literatura, não apresentar claramente um perfil de dirigentes de sindicatos de trabalhadores. Existe um espaço fértil para que se possa desenvolver este tipo investigação em nosso país, dentro do campo, inclusive de teorias sobre as elites. Outra conclusão importante é que há uma (re)significativa no fazer e pensar do mundo sindical contemporâneo, outrora monolítico. A conclusão do trabalho, entre tantas, a principal é que, é, preciso ampliação deste tipo de pesquisa para identificar os padrões existentes no sindicalismo brasileiro. A metodologia utilizada, para produzir esta pesquisa, foi o método de survey, com a aplicação de um questionário em 186 dirigentes de 16 sindicatos filiados à CUT, no município de Teresina, capital do Piauí. DISCURSO EMPREENDEDOR E REALIDADE PRECÁRIA: a categoria dos profissionais de TI MARTINS, Amanda Coelho (UFSCar) [email protected] FAPESP Este projeto tem como objetivo analisar o perfil de uma nova categoria de profissionais, da tecnologia da informação (TI), que tem como características o trabalho criativo, a flexibilidade das atividades desenvolvidas e das relações de trabalho em que estão inseridos. Buscar-se-á analisar quem é esse trabalhador, o tipo de formação, a qualificação exigida para a atividade, às relações de trabalho, o espaço onde desenvolve suas atividades, suas perspectivas de carreira, e a percepção de autonomia que essa atividade pressupõe. A pesquisa será realizada junto a uma grande empresa de TI na cidade de Araraquara, SP, e tentando recuperar as características das atividades desenvolvidas e a percepção do trabalhador sobre a realidade presente em sua ocupação. Como hipótese central pautada em todos os objetivos de pesquisa e em todas as 82 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar informações adquiridas com a revisão bibliográfica, tem-se a ideia de que há um discurso empreendedor para a categoria dos profissionais de TI, vindo das empresas e dos próprios trabalhadores. Contrapondo-se à realidade da categoria que seria precária, não no sentido de que o trabalho do profissional de TI seja precário, pois o conceito de precariedade é relacional, mas no sentido das relações de trabalho que este tem com a empresa, sua possibilidade de projetar o futuro e a presença ou não direitos. PARALEGAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO: um estudo de processos e discursos de profissionalização SIQUEIRA, Wellington Luiz (UFSCar) [email protected] CNPQ Paralegal, ou auxiliar jurídico, é aquele cuja função é auxiliar magistrados ou advogados em suas tarefas cotidianas, a fim de agilizar processos e aumentar a eficiência de comarcas e escritórios de advocacia. Na Classificação Brasileira de Ocupações não há registro da palavra chave “paralegal”, mas podemos encontrar “auxiliar jurìdico” como uma subcategoria de Serventuários da Justiça e Afins. No entanto a atividade paralegal assume diversas descrições em alguns sites de busca de emprego e essas se assemelham às descrições de auxiliar jurídico. Essa denominação aos auxiliares, relativamente nova no Brasil, aparece como alternativa, segundo alguns juristas, à crescente demanda por empregos criada a partir do aumento da oferta de cursos de bacharelado em direito, e na dificuldade que esses cursos enfrentam em aprovar seus alunos no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Ao atualizar o auxiliar jurídico para o paralegal cria-se uma nova ocupação capaz de suprir essa demanda dos bacharéis por emprego ao mesmo tempo em que introduz valores internacionalizados à ocupação, pois esta se organizou como apoio às carreiras jurídicas mais tradicionais em países de Common Law, como os Estados Unidos. A pesquisa tem o objetivo, portanto, de acompanhar a prática dos paralegais com bacharel em direito na cidade de São Paulo, a fim de compará-la com a dos despachantes documentalistas. A hipótese é que as mudanças nesse campo representam uma nova roupagem à atividade do despacho de documentos, menos marcada como da ordem tradicional local, introduzindo características modernas e internacionalizadas como as que se associam à imagem dos paralegais. 83 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Sociologia Econômica e Políticas Públicas Data: 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Fábio José Bechara Sanchez (UFSCar) O TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL E A PROBLEMÁTICA DO SUBSÍDIO CRUZADO: mobilidade social e tarifa módica para quem? BAROUCHE, Tônia de Oliveira (UNESP) [email protected] CAPES O setor de transporte urbano no Brasil vive atualmente uma das piores crises do setor público consubstanciada por uma perda constante de demanda e produtividade. Isso porque, ao lado do crescimento ilegal dos meios de transporte urbano e da falta de investimento e infraestrutura, há ainda a problemática do alto preço das tarifas, as quais, muitas vezes, são incompatíveis com a capacidade financeira dos usuários que mais necessitam do transporte: a população de baixa renda. Nesse contexto a questão dos subsídios cruzados como política pública se torna essencial, pois, visando a inclusão, mobilidade social e tarifa módica, crescente emanação de gratuidades e benefícios tarifários, pelo Poder Público, a determinadas classes de usuários. Todavia, mesmo com a inclusão maciça do subsídio cruzado em quase totalidade do território brasileiro, pesquisas recentes demonstram que a população de baixa renda ainda sofre com a inclusão, mobilidade social e incapacidade de pagar pelo preço da tarifa. Notório é que o preço da tarifa não diminuiu com a inclusão do subsídio cruzado e isso se dá por um motivo simples: a grande iniquidade dessa política não é se determinada classe de usuário tem ou não o direito de receber o benefício – pois geralmente existem fortes argumentos para tal - mas sim pela escolha de apenas um grupo para arcar com o ônus da medida: o usuário pagante, isso porque, com a concessão desmedida de benefícios tarifários a determinadas classes de usuários, a concessionária acaba por repassar o déficit gerado pelas gratuidades aos usuários pagadores e, via de regra, o efeito é o aumento do preço da tarifa. Assim, o presente estudo visa investigar a eficácia da política pública do subsídio cruzado no transporte municipal em relação à mobilidade e inclusão social. ORIGENS E OCUPAÇÃO DO LOTEAMENTO QUARTA-FEIRA: um estudo sobre a sua relevância no contexto da urbanização de Cuiabá (1968-1990) CARVALHO, Jucineth G. E. S. V. de (IFMT/UFSCar) PERARO, M. A. (UFMT) [email protected] Analisou-se neste estudo o conjunto de fatores históricos e socioculturais que influenciaram o processo de ocupação e organização espacial do loteamento QuartaFeira, inserido no bairro Alvorada, em Cuiabá, no período de 1968-1990. O trabalho foi 84 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar norteado pela hipótese de que a referida ocupação contribuiu decisivamente para que ocorresse a intensa ampliação urbana da cidade de Cuiabá a partir de segunda metade do século XX, com o surgimento de novos bairros e de uma nova perspectiva de rearticulação urbana, notadamente com a intensificação dos movimentos sociais. O loteamento estudado constituiu-se na primeira e significativa ocupação urbana da capital, influenciou o traçado urbano da cidade de Cuiabá no período estudado, marcado por uma relevante expansão urbana, impulsionada por agentes de especulação e pelo Estado, consolidando à implantação do discurso de modernidade, inserido no contexto do desenvolvimento urbano das cidades e sociedade latino-americanas a partir de meados do séc. XX. OS PORTOS MARÍTIMOS BRASILEIROS – uma investigação inicial sobre suas reais contribuições ao nacional-desenvolvimentismo GALVÃO, Cassia Bömer (PUC/SP) [email protected]/[email protected] Esta pesquisa tem como base a constatação de imensos congestionamentos nos portos marítimos brasileiros em seus acessos marítimo ou terrestre e a sua consequência mais imediata que é o aumento dos custos de transporte. Esta situação é particularmente crítica por duas razões: primeiro, pois no caso da exportação agroindustrial, cujos volumes vêm batendo seus próprios recordes e os mercados de destinos dessas mercadorias não possibilitam a utilização de outro modal de transporte. Segundo, pelas propostas de reorganização do setor surgidas após a publicação da MP595/2012, cujo conteúdo sugere uma instabilidade jurídica dos contratos e concessões vigentes. A exportação da agroindústria cumpre papel fundamental na balança comercial brasileira, que por sua vez é determinante no fechamento do Balanço de Pagamentos e na condução da política macroeconômica brasileira. Há, portanto, três questionamentos iniciais: seriam fatores estruturais ou conjunturais que teriam agravado essa situação no período 2003 a 2011? A infraestrutura portuária é “suficiente” para quem? Em qual medida? Há mesmo uma falta de fôlego financeiro para obras desta natureza de longo prazo? A pesquisa tem por objetivo iniciar um levantamento crítico das medidas de política portuária com vistas a tentar esclarecer se há ou não uma contradição neste modelo que privilegia o agronegócio, mas ao mesmo tempo não correspondem as necessidades de investimento na infraestrutura básica ao funcionamento do próprio modelo para que a produção possa ser escoada. Esta problematização remete a um arcabouço teórico que recupere as noções de conceitos chave como bloco no poder e de financeirização para que se possa tentar compreender das reais contribuições dos portos marítimos no nacional desenvolvimentismo. MIGRAÇÃO E IDENTIDADE: relação intrínseca ou um processo consequente? OLIVEIRA, Arlete Alves de (UNISINOS-RS) [email protected] O presente trabalho resulta da leitura de textos, cujos temas são relativos ao processo de migração bem como as razões que constituem ou resultam os deslocamentos. Atém-se, principalmente, ao que diz respeito à construção ou hibridização da identidade, o poder 85 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar das redes sociais e o papel da memória nesse processo. O aporte proporcionou uma reflexão subsidiada em teorias favoráveis a um pensar ontológico acerca das consequências do fenômeno migratório, as influências do espaço geográfico e as implicações socioeconômicas. São diversas as correntes teóricas que priorizam os aspectos imbricados nesse movimento de sair do lugar de origem e estabelecer-se no local de destino. Pretende-se apresentar uma análise feita a partir de versões clássicas que tratam do tema, estruturalistas e pós-estruturalistas, as quais justificam a lógica dos processos de redistribuição no espaço da população e suas diferentes consequências. Assim, ter uma compreensão dos fatores relativos à construção identitária de migrantes, a fim de fundamentar um pensamento que se pretende, posteriormente, construir ainda mais analítico, sobre a migração de maranhenses em Boa Vista-RR, a partir da década de 1990. Para tanto, pretende-se desenvolver um estudo etnográfico, do qual serão atores migrantes residentes na comunidade Santa Luzia, localizada na periferia da capital de Roraima, por ser o universo em que se concentra o maior número de pessoas com essa proveniência, segundo o IBGE e, também, pela manutenção de hábitos, espaços e manifestações culturais do lugar de origem que eles fazem questão de preservar. Os dados serão levantados a partir da observação, dos registros e da memória dos pesquisados. DESLOCAMENTO DO SONHO: um olhar sobre a qualificação e empregabilidade dos refugiados haitianos em Manaus - AM SILVA, Alenicon Pereira da (UEPB) PEDROSA, Ana Paula Amorim (UFT) SILVA, Ricardo Lima da (UFAM) [email protected], [email protected], [email protected] CAPES O propósito deste artigo é realizar uma incursão sobre o tema da mobilidade dos refugiados haitianos na perspectiva da inserção do mercado de trabalho em Manaus. Desta forma, visa identificar o nível de qualificação profissional dos refugiados haitianos residentes em Manaus e analisar sua inserção no mercado de trabalho na cidade. A chegada dos refugiados haitianos à cidade de Manaus teve início logo após o terremoto sofrido no país em janeiro de 2010. O terremoto atingiu a capital do país, Porto Príncipe, e outras duas cidades: Leogane e Jacmel. Segundo dados da ONG Human Rights Watch, ao todo três milhões de pessoas foram afetadas pela catástrofe. Diante deste cenário, milhares de haitianos saíram do país em direção a outras nações, em busca de trabalho e renda, bem como de recursos para serem enviados a parentes que ficaram em seu país de origem. No Brasil, especialmente em Manaus, capital do Amazonas, não param de chegar refugiados mesmo que transcorridos três anos da ocorrência do terremoto. Dados da Pastoral dos Migrantes, ligada à Igreja Católica, relatam que só nos primeiros meses deste ano aproximadamente 650 haitianos adentraram o Estado do Amazonas. Neste sentido, a pesquisa está em andamento e é baseada na metodologia qualitativa, desenvolvida através de um estudo de caso, em que foram utilizadas entrevistas semiestruturadas. Os dados preliminares da pesquisa apontam que parcela significativa dos refugiados não conseguiu adentrar o mercado de trabalho formal da cidade, enquanto que outros estão migrando para trabalhar em empresas localizadas no Sul do país. 86 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar O FURACÃO WALL STREET: impactos da última crise capitalista sobre a economia cubana SILVA, Newton Ferreira da (UNESP) [email protected] CAPES Dentre os furacões que causaram grandes avarias e danos à economia cubana, pode-se apontar, provavelmente, aquele que veio de Nova Iorque como o causador de maiores estragos. Não obstante o suposto isolamento de Cuba, observado graças à sua economia planejada, centralizada e autoproclamada socialista, os ventos de Wall Street bateram forte na nação de Fidel e Raúl Castro. Ventos estes que, em conjunto com os tornados reais, interromperam a espiral de crescimento pela qual passava a ilha, levando-a novamente a enfrentar antigos fantasmas que, graças ao bom desempenho do produto interno bruto entre 2005-2007, pareciam ter desaparecido. Muito embora não tenha um sistema financeiro e bancário totalmente conectado ao grande cassino financeiro global, a economia planificada de Cuba não consegue ficar imune às crises – conjunturais ou estruturais – do sistema capitalista. Na mais recente, além de sofrer colateralmente as perdas sentidas por seus principais parceiros econômicos (Venezuela em primeiro lugar e China em segundo), Cuba foi penalizada por ainda não conseguir produzir alimentos domesticamente para o consumo de sua população e porque, consequentemente, ainda depende de empréstimos de empresas estrangeiras para fazer frente a essas importações e a outros investimentos internos fundamentais. A DINÂMICA DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE MANAUS SILVA, Ricardo Lima da (UFAM) PEDROSA, Ana Paula Amorim (UFT) [email protected], [email protected] CAPES A cidade de Manaus, desde a implantação da Zona Franca no final de década de 1960, que foi um dos movimentos de economia política do governo militar para integrar o espaço amazônico a sociedade nacional, sofreu toda uma série de transformações que afetaram profundamente e mudaram por completo todas as relações sociais da capital amazonense. Assim, a cidade foi inserida dentro da produção capitalista global, que começava a dominar o mundo logo depois do fim da segunda guerra mundial, sendo inserida dentro de uma nova forma de solidariedade social. As imigrações para a cidade se intensificaram e novos atores sociais começaram a surgir no tecido social amazonense. A estrutura sistêmica de Manaus se tornou mais complexa e com isso o mercado imobiliário começou a se aquecer, surgindo, principalmente a partir de meados da década de noventa, vários condomínios fechados que, começaram a tornarem-se mais numerosos na capital do Amazonas. Neste sentido, o presente trabalho procura mostrar uma pesquisa que está em andamento, e estuda a dinâmica do mercado imobiliário em Manaus, entre os anos de 2002 e 2012, onde tenta compreender até que ponto este segmento do setor de serviços tem seu desempenho influenciado pela performance de outro setor da economia, o capitalismo industrial representado na cidade pela Zona 87 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Franca de Manaus, hoje Polo Industrial de Manaus (PIM). Até agora, percebemos que há uma certa influência do setor industrial sobre o mercado imobiliário. ROYALTIES DE MINERAÇÃO E O FINANCIAMENTO DE PROBLEMAS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS (PA) SOUZA, André Santos de (PDTSA/UFPA) [email protected] Grandes projetos de mineração podem gerar crescimento econômico acelerado nos municípios onde são instalados e, por outro lado, atrair uma miríade de problemas sociais. O município de Parauapebas, no sudeste do Estado do Pará, por exemplo, é o maior arrecadador do país da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), o chamado royalty de mineração, mas enfrenta contradições internas, dada a má utilização do recurso. Em 2012, o montante municipal arrecadado totalizou R$ 427.086.035,56. Desse total, R$ 283.132.063,03 entraram nos cofres da prefeitura local como cota-parte dos royalties. No contraponto à riqueza teórica, as estatísticas oficiais apontam no município elevada concentração de renda, em que os 20% mais ricos o são 21 vezes em relação aos 20% mais pobres; 37,14% da população ainda vivem com renda inferior a meio salário mínimo e, deles, 14,47% sobrevivem com menos da metade da metade de um salário. Na sede urbana, 36,25% das vias não têm pavimentação e o esgoto corre a céu aberto em 53,51% das ruas. Para acentuar ainda mais os contrastes entre a geração de riquezas vultosas e os indicadores sociais pífios, há a crescente favelização da cidade de Parauapebas, que já conta com oito aglomerados subnormais ou favelas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Verifica-se que o município carece de políticas públicas voltadas ao social, com o objetivo de diminuir a concentração de renda, bem como minimizar e superar contradições e disparidades acarretadas, sobretudo, pelo seu crescimento econômico, que financia uma migração desenfreada e avoluma gargalos infra estruturais e espaciais históricos e não suplantados. AS RECENTES REFORMAS ESTRUTURAIS REALIZADAS NO PROGRAMA DE SEGURO-DESEMPREGO BRASILEIRO ZAPATA, Sandor Ramiro Darn (UNESP) [email protected] CAPES Sem dúvida, um dos grandes desafios do Estado democrático de direitos contemporâneo consiste em reduzir o índice de desemprego através de políticas públicas eficientes, baseado em pressupostos de valores e de organização de eliminação da rigidez formal, supremacia da vontade popular, preservação da liberdade e preservação da igualdade. Diante do atual contexto histórico, social e econômico em que se encontram inseridos os direitos sociais, foram realizadas expressivas reformas estruturais no Programa de Seguro-Desemprego e nas políticas púbicas de emprego no Brasil, visando, principalmente, amparar o trabalhador que se encontra em dificuldade de permanecer empregado, por intermédio de um aprimoramento de sua qualificação profissional. O presente artigo científico tem como objetivo principal tecer algumas considerações sobre os aspectos relativos à efetividade, o controle, os benefícios, os recursos e o índice 88 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar de desemprego proveniente das recentes reformas estruturais realizadas no Programa de Seguro-Desemprego brasileiro. Para isso, a metodologia do trabalho basicamente valeuse do raciocínio dialético. Por fim, no que tange a estrutura do trabalho, no primeiro título será realizada a introdução do artigo científico. No segundo título serão abordados os direitos sociais e a importância das políticas públicas de emprego. O terceiro título será destinado às políticas públicas de emprego e o Programa de Seguro-Desemprego brasileiro. Já o quarto título irá efetuar algumas considerações sobre a Lei nº. 12.513, de 26 de outubro de 2011 e o Decreto nº. 7.721, de 16 de abril de 2012. No quinto título apresentará a conclusão do trabalho, e, no sexto e último título, constará a referência bibliográfica. CAFEICULTORES E IMIGRANTES COMO HOMENS DE NEGÓCIOS E/OU EMPREENDEDORES NO INTERIOR DE SÃO PAULO: o caso de São Carlos, 1890 – 1950 ZUCCOLOTTO, Eder Carlos (UNESP) [email protected] CAPES Este trabalho busca refletir sobre a dimensão do imigrante como homem de negócios e/ou empreendedor, ou ainda agente econômico no interior paulista. Para tanto, tem como principal aporte teórico a visão construída por Florestan Fernandes sobre o desenvolvimento da revolução burguesa no Brasil, momento que coincide com a implantação, auge e decadência da lavoura cafeeira no oeste paulista (segunda metade do século XIX e primeiras décadas do século XX). O surgimento e desenvolvimento de um empreendedorismo comercial e industrial no Brasil somente são possíveis se concebermos o termo “homem de negócios”, que não é restrito aos imigrantes; na verdade, foi primeiro associado por Fernandes aos cafeicultores. Mas, apesar de contribuírem para o desenvolvimento comercial e industrial, estes não constituíram uma regra geral ao grupo de fazendeiros do café. Já entre os imigrantes, muitos acabaram se destacando e contribuindo para o desenvolvimento econômico dentro de um perfil empreendedor. José de Souza Martins, ao abordar a questão do café e a gestação do empresário, também chama a atenção para a questão do que ele classifica como habilidade empresarial. Martins destaca que, apesar de toda a riqueza dessa temática, aos poucos ela foi se perdendo; frisa também que um dos poucos que trabalhou essa linha foi Warren Dean, que juntou duas linhas de interpretação: a da substituição das importações e da difusão da habilidade na gestão capitalista do capital. A explanação pioneira sobre o assunto foi realizada, segundo Martins, por Fernando Henrique Cardoso, que tece, em seus estudos, considerações sobre o café e a indústria, analisa os fundamentos históricos e sociais, e as determinações históricas, da consciência empresarial relativa à industrialização. 89 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER GRANDES CONGLOMERADOS E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL NA AMAZÔNIA: o caso Belo Monte CASSIANO, André Vinícius da Nóbrega (UNESP) [email protected] PIBIC/CNPQ Ao longo da segunda metade do último século, com a internacionalização dos mercados financeiros e o crescimento progressivo dos principais setores da economia nacional, o Brasil veio ocupar uma nova, mas ainda subalterna, posição na dinâmica internacional do fluxo de investimentos e divisão do trabalho, elevando suas necessidades produtivas também progressivamente. Assim, o mesmo panorama latino-americano, de dependência e servidão, agora é apresentado de forma aproximada em sua relação interna de desenvolvimento desigual e combinado entre o polo tecnológico Sul-Sudeste e a expansão das atividades de exploração de elementos naturais a desbarato na Amazônia brasileira. Tal aprofundamento das relações capitalistas na região amazônica, extensivo em alguns pontos e intensivo em outros, caracteriza-se, sobretudo, pelas grandes faixas de monocultivo agropecuário e obras do ramo da construção pesada, como projetos infraestruturais, energéticos e minerais. Caso recente é o início, em 2012, das obras do que virá a ser o terceiro maior projeto hidrelétrico do mundo, orçado atualmente em cerca de R$29 bilhões: a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, cuja concessão foi objeto de leilão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica, foi outorgada à concessionária Norte Energia S.A.. Para compreender os fatores relacionados à atuação conjunta entre Estado e grandes conglomerados na Amazônia Legal, e visualizar qual papel lhe cabe na dinâmica político-econômica do projeto brasileiro de desenvolvimento, esse trabalho pretende analisar quais são as metas socioeconômicas e de infraestrutura para a Amazônia brasileira e suas possíveis consequências a nível local e afetações nas demais regiões do país. REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: sobre as dimensões cognitivas dos direitos sociais FLORES, Mariana Seno (UFSCar) [email protected] FAPESP O Programa Bolsa Família é utilizado como um bom exemplo para a redução da pobreza e das desigualdades sociais por organismos internacionais de renome como a ONU e o FMI. Já no Brasil é criticado pelo seu caráter assistencialista. A hipótese é que essa forma de olhar os direitos sociais é reflexo de uma representação social vigente na mentalidade brasileira, que tende a desmoralizar os diretos sociais provenientes do Estado, tratando-os como “favor”, assistencialismo. Portanto, existe uma construção social (mesmo que inconsciente) da desmoralização do Estado (e da coisa pública) e como consequência, dos direitos sociais oriundos desses. Na coleta de discursos sobre o Programa Bolsa Família (opositores e defensores) e através da análise sociológica, compreendemos as representações sociais que motivam essas análises sobre o programa. Discursos de defensores também foram considerados, visando compreensão 90 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar do problema de forma global. Compreendemos então o Programa Bolsa Família pela dimensão cognitiva, ou seja, mapeando as representações sociais que perpassam os discursos fundamentalmente da mídia sobre o programa. A hipótese concluída é que cognitivamente existe uma cultura, um habitus de descrença no Estado e nas suas políticas de inclusão social, vistas como assistencialistas. Esse habitus de descrença do Estado (e da coisa pública) é reforçado pela grande imprensa. INÍCIO DA CEPAL E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL COM FOCO NA AMAZÔNIA E NO GOVERNO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002) SIQUEIRA DE CARVALHO, Lucas (FCLAr/UNESP) [email protected] O objetivo da pesquisa é analisar o período de liderança de Raúl Prebisch na CEPAL, a fim de entender as consequências de seus pensamentos para o Brasil e principalmente para a região amazônica brasileira. Considerando assim, que a penetração geográfica na Amazônia e a história da região formam parte da totalidade do processo de expansão do capitalismo, em função da forma, ritmo e volume da acumulação ocorrida nas demais regiões do Brasil. Trazendo a discussão a questão da função social da empresa e as diversas facetas do subdesenvolvimento. O Brasil têm em sua posse um território com grande potencial econômico, importância ecológica, social e político. A mudança de papel econômico desta área ao resto do país e a priorização para o seu desenvolvimento deveriam ser o foco das ações do governo a muito tempo. Mas como deveriam ser essas ações? Quais medidas foram tomadas no passado e como elas afetam o desenvolvimento da Amazônia hoje? Estaria o suposto desenvolvimento da área cumprindo sua função social de aumentar a qualidade de vida da região? A pesquisa é sobre as consequências do pensamento cepalino e da teoria da dependência na região amazônica, propondo uma visão crítica sobre ela e sua concepção desenvolvimentista. Para isso será necessário um estudo sobre as demais regiões do país, pois o desenvolvimento da região amazônica está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento das outras regiões, dependendo direta ou indiretamente destas. O objetivo é trazer a discussão para termos atuais visando entender e apontar as consequências dessas políticas cepalinas para a região, especialmente no governo de Fernando Henrique Cardoso. 91 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA Sessão I: Desafios das Políticas Setoriais Frente aos Conflitos Sociais Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Eduardo José Marandola Jr.(UNICAMP) AS POLÍTICAS SOCIAIS E OS DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: conflitos e perspectivas CORDEIRO, Tiago Gomes (PUC/SP) [email protected] CAPES/PROEX O presente artigo é fruto de reflexões inicialmente realizadas durante a pesquisa de dissertação de Mestrado (defendida no 2º/2011), dando continuidade ao ingresso no Doutorado pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUC/SP no 1º/2013. Nesse sentido, se propõe o aprofundamento da pesquisa acerca da proteção social especial no município de São Paulo, principalmente a partir dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas). Somada a essas reflexões, encontra-se as indagações levantadas enquanto docente do curso de Serviço Social ministrando a disciplina “Gestão do Suas” na relação professor-aluno e a partir da nossa apresentação no “III Encuentro Estado y Políticas Sociales – Desafíos y oportunidades para el Trabajo Social latinoamericano y caribeño” da Federação Internacional de Trabalhadores Sociais, ocorrido na cidade de Montevideo/Uruguai, entre os dias 30 e 31 de maio e 1º de junho do corrente ano. O encontro possibilitou, entre outros, dialogar com outros assistentes sociais, pesquisadores e professores sobre os desafios que as políticas sociais e os direitos sociais vêm passando na América Latina. Outrossim, temos como objetivo com o referido artigo, num primeiro momento, publicizar parte de nossa pesquisa, principalmente, através de uma abordagem histórico-conceitual acerca da construção das políticas sociais e dos direitos sociais no Brasil, enfatizando a política de assistência social. Em seguida, propomos um breve debate acerca dos conflitos e perspectivas das políticas e dos direitos sociais para os países da América Latina, destacando, entre outros, Argentina, Chile e Uruguai. Por fim, realizamos uma breve consideração final, apontando os principais pontos da reflexão proposta, bem como, desafios a serem superados. 92 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS DE SUJEIÇÃO E RESISTÊNCIA – estudo de caso sobre a favela Santa Marta - RJ DAMAS, Helton Luiz Gonçalves (UFSCar) [email protected] O presente estudo tem o intuito de analisar como as políticas públicas desenvolvidas com o interesse de desenvolver o turismo na Favela Santa Marta-RJ impactam nas relações entre moradores e turistas. Em 2010, o Ministério do Turismo em parceria com o governo do Rio de Janeiro lançou o programa Rio Top Tour, que tem como foco o desenvolvimento socioeconômico da favela por meio da atividade turística. Dentre as principais destinações do turismo de favela, tem-se como destaque a Favela Santa Marta, comunidade localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, que com implantação da polícia pacificadora em 2009, recebe cada vez mais turistas do mundo todo. Entretanto, observa-se focos de resistência oriundos dos próprios moradores, que colocaram uma placa com os dizeres “Proibido tirar foto” na entrada do morro, alegando a falta de privacidade que a visita dos turistas acarreta a eles, evidenciando de forma nítida a discordância em relação ao fomento dessa tipologia de turismo. A rede de turismo formada pelo Ministério do Turismo, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Prefeitura do Rio de Janeiro, Agências de Turismo e os próprios moradores, tentam produzir uma verdade, a de que o turismo traz desenvolvimento para a favela. Como metodologia, refere-se a um estudo qualitativo baseado na pesquisa bibliográfica, com obtenção de dados complementares por meio de visitas técnicas e entrevistas semiestruturadas. Como resultado, percebe-se que o desenvolvimento do turismo começa a sofrer resistências na Favela Santa Marta. A HABITAÇÃO POPULAR NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: a construção de uma ilusão DUMONT, Tiago Vieira Rodrigues (UNESP) [email protected] Esta pesquisa tem por objetivo evidenciar as limitações da recente expansão urbana brasileira e, mais especificamente, a política habitacional para a população de baixa renda, focada no Programa Minha Casa, Minha Vida. Entende-se que este Programa objetiva democratizar o acesso à moradia para as populações excluídas do mercado imobiliário, resultando num direito a cidade. Com esta pesquisa buscar-se-á compreender, através de um estudo de caso, no município de Marília, as consequências sociais e urbanísticas, tais como a segregação sócio espacial, os efeitos no orçamento doméstico e a variação dos preços no mercado imobiliário. Tem-se como parâmetro para alcançar estes objetivos as seguintes questões: Que interesses perpassam nas ações (do Estado e do mercado imobiliário) na disputa pelo espaço da cidade? Quais projetos esses diferentes segmentos sociais apresentam para os desafios da urbanização e da habitação, tão comum nas cidades brasileiras durante o século XX? De como, no espaço urbano de Marília, o processo espoliativo tem gerado processos excludentes? Que tipo de particularidade as populações excluídas reivindicam? Esta particularidade é portadora de elementos para mudanças à uma nova sociedade? Está, assim, concebido o direito à cidade? Como resultado final espera-se dimensionar através das respostas 93 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar sugeridas, por estas questões, o que aqui denomina-se por consequências sociais e urbanísticas que a recente Política habitacional tem gerado no município de Marília, assim como, no Brasil. O COMBATE À POBREZA EM PARCERIA COM O PNUD: projetos desenvolvidos no Brasil GALVANIN NETO, Tito (UEL) [email protected] O objetivo deste trabalho foi analisar quais os procedimentos inovadores, específicos e a natureza política, econômica e social dos projetos de combate à pobreza estabelecidos entre a parceria do governo brasileiro com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Logo, este trabalho perpassou anos significativos da política brasileira com vistas a analisar o modelo de intervenção do Estado quando em parceria com organismos internacionais e, sobretudo, quando atende às propostas das Nações Unidas no enfrentamento da miséria no país. Examinou-se, então, o modelo de cooperação internacional estabelecido entre o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e a Organização das Nações Unidas (ONU) para promoverem o desenvolvimento humano, em especial, a meta de número um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que é a Erradicação da Miséria. Para tanto, a pesquisa lançou-se no estudo documental, utilizando-se da hermenêutica em profundidade e suas fases metodológicas, atrelada aos eixos analíticos levantados pelo problema sociológico deste estudo. Este trabalho pretende contribuir para futuros estudos que possam refletir sobre os projetos de combate à pobreza no Brasil, em específico, aqueles que se orientam em analisar quais práticas para o alívio da pobreza têm sido sugeridas pelo PNUD. Ademais, o trabalho auxilia a entender como essas práticas se inscrevem no âmbito das políticas públicas nacionais. Conclui-se que entre rupturas e continuidades, o quadro político brasileiro traz características singulares aos programas para a redução da pobreza desde a década de 1930 e que permanecem vívidos nos projetos propostos para o século XXI. ANALISANDO FENÔMENOS SOCIAIS: interpretação sociológica de movimentos de contracultura através do RAP brasileiro, frente ao sistema constitucional e coercitivo estatal HENNING, Ana Clara Correa FAGUNDES, Mari Cristina de Freitas [email protected]; [email protected] CAPES Ao lançar o olhar à realidade hoje vivenciada em nossa sociedade, possível perceber a existência de diversas diretrizes lançadas pelo Estado a fim de procurar deter a criminalidade; novos mecanismos que suportem o encarceramento; dispositivos legais que saciem a sociedade quanto ao desejo de segurança imediata. Em outra esteira, através de um olhar crítico, nota-se a multiplicação de dispositivos legais coercitivos e a afastabilidade das normas penais e processuais penais quantos aos princípios básicos que regem o ordenamento jurídico, bem como a tentativa de neutralidade quanto a realidade vivenciada por parcela da sociedade que sofre com a criminalidade perpetrada 94 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar por outro agente social que não apenas o denominado marginal: a exercida pelo próprio Estado na tentativa de conter a violência. Partindo dessa análise, com referencial teórico voltado à Sociologia e à Criminologia crítica, pretende-se apontar a necessidade de lançar mão de outras formas culturais capazes de abordar as diversas realidades frente ao sistema coercitivo estatal. Evidencia-se, com isso, a necessidade de novos repertórios e instrumentos de interpretação mais eficazes na tentativa de aproximar o olhar das instituições jurídicas da realidade concreta de certas comunidades. Para efetivar o que aqui se propõe, elegeu-se músicas contestatórias de Rap como forma de manifestação de contracultura, bebendo da realidade empìrica de atores que apontam uma “apartação” dependendo da classe social, cor, sexo e estilo de vida. Nessa perspectiva, partiu-se da ideia de que o Direito não se trata de uma ciência fechada, tampouco totalizante, mas aberta, necessitando compartilhar de outros campos do saber. Aliás, necessita estar em sintonia constante com outras ciências, contemplando a pesquisa empírica a fim de compreender diferentes “habitus”. A QUESTÃO SOCIAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL MATOS, Ísis Oliveira Bastos (UFPel) [email protected] As reformas de Estado na América Latina direcionaram os Estados Nacionais para um modelo gerencial de governo que buscou criar espaços partilhados de responsabilização, decisão e execução das ações governamentais com a sociedade civil e o setor privado. Ao que diz respeito às democracias formais, no decorrer das últimas décadas, um intenso processo de participação política vinculou-se a um processo de experimentações políticas que por muitas vezes é constituído de maneira segmentada entre as esferas sociais, sendo o Estado (“primeiro setor”), o mercado (“segundo setor”) e a sociedade civil (“terceiro setor”). Esse recorte reduz o social apenas à sociedade civil, o âmbito político ao Estado e o econômico ao mercado. Neste contexto, o surgimento de perspectivas que analisam o Estado de forma negativa e glorificam a sociedade civil, que neste contexto é sinônimo de “terceiro setor” merecem destaque e estudo. O objetivo desse texto é indagar sobre a constituição de uma imagem de protagonismo individual e/ou corporativista pela conquista de direitos como sinônimo de cidadania. PROGRAMA VILA VIVA-BH DE URBANIZAÇÃO FAVELAS: relações de poder, significação e ressignificação do espaço MOTTA, Luana Dias [email protected] CAPES O Programa Vila Viva, da Prefeitura de Belo Horizonte, tem o objetivo de promover profundas transformações urbanas em vilas e favelas. As intervenções ocorridas no âmbito desse Programa implicam rupturas nas referências dos moradores do local, sendo um de seus principais impactos a remoção de famílias. Na tentativa de compreender como foi esse processo, entrevistei famílias removidas de suas casas e reassentadas em apartamentos. Nos relatos desses moradores o tema do sofrimento foi recorrente e era associado ao fato de terem deixado suas casas e às mudanças colocadas pelo novo espaço de moradia. Além da recorrência do tema do sofrimento, os relatos 95 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar revelaram como o Programa opera em uma lógica que pretende promover uma mudança na postura e nos hábitos dos moradores por meio da transformação do espaço e da desqualificação do modo de morar antigo e do apego ao quintal, ao jardim, à horta. Entretanto, apesar dessa pretensão de conduzir condutas, ao serem reassentados nos apartamentos, os moradores se apropriam desse espaço de formas não previstas, criando animais e plantas, instalando varais externos. Tais práticas indicam relações de poder que perpassam as formas de pensar e estar na cidade e sinalizam para um deslocamento com relação ao que foi planejado. Ou seja, em suas práticas cotidianas nessa nova moradia, os moradores fazem com que esse espaço não seja simplesmente a materialização da modulação das condutas, mas também possibilidade do imprevisto, da novidade. CONFLITO ENTRE ONGs EM FELIPE CAMARÃO: estes pobres são meus, vai procurar os teus! PAIVA, Larissa Nunes (UFRN) [email protected] CAPES Contemporaneamente verifica-se que a relação entre Estado e sociedade vem sendo modificada pelos padrões do neoliberalismo que disseminam a ideologia da responsabilidade social. Assim, marcadamente no Brasil nos anos de 1990, cresce o número de Organizações Não Governamentais. Elas atuam nas questões sociais e passam a interferir nos serviços antes desempenhados pelo Estado. Com este trabalho pretende-se compreender como o Terceiro Setor vem influenciando a população do Bairro de Felipe Camarão, Natal/RN. Busca-se examinar e tentar explicar as motivações que levam ao conflito entre as duas principais ONGs que atuam no local na competição pelo “público alvo”. PROJETOS SOCIAIS: limites e possibilidades redistributivas de capital social QUEIROZ, José Fernando (Unifesp/NEPAM – UNICAMP) CAPES Quando o termo ONG é mencionado, ideias como a liberalização do Estado e suas consequências carregam com frequência a noção de que estas Associações Civis estão ocupando funções estatais. De fato, pesquisas já comprovaram que ONGs assumiram papéis importantes no fornecimento de serviços públicos. Entretanto, esta constatação não explica os efeitos que a articulação entre ONGs e Associações de moradores trazem em termos de uma possível redistribuição de capital social, e de alterações do habitus dos moradores que participaram de projetos sociais. Até o momento, os dados coletados indicam que as articulações entre Associações Civis (basicamente Associações de Moradores e ONGs) podem contribuir para a redistribuição ou para o compartilhamento do capital social que os representantes dessas Associações possuem. Além disso, apontam para uma possível modificação do habitus como uma das consequências dos projetos sociais realizados por uma rede de parcerias entre Associações Civis. Visto que estas hipóteses possuem como eixo norteador as problemáticas ambientais, iniciamos uma pesquisa de campo na região norte da cidade de Ubatuba, por essa possuir um 96 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar histórico de parcerias e conflitos envolvendo diferentes agentes em torno de questões socioambientais, tais como o uso sustentável de recursos e a permanência de populações tradicionais no interior de uma reserva como a do Parque Estadual da Serra do Mar. Como orientação analítica utilizamos os conceitos de capital social e de habitus de Pierre Bourdieu, que, somados ao uso de sociogramas e da técnica snowball, permitemnos compreender a dinâmica das parcerias entre os agentes e a circulação de capital social concomitante e, para entender a mudança dos valores e práticas, usaremos também a noção weberiana de racionalidade. CONFLITOS SOCIAIS E PODER PATRIMONIAL NA FORMAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA EM SÃO CARLOS-SP DURANTE A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX SILVA, João Paulo (UFSCar) [email protected] O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar, através dos conflitos pela posse de terras, a estrutura da rede local de poder em São Carlos-SP resultante do processo de concentração fundiária ao longo da segunda metade do século XIX, mais precisamente no período pós-lei de terras de 1850, utilizando como fonte de documentação primordial processos cíveis registrados no município durante o período delimitado. Pretende-se verificar assim, o processo de dominação e expropriação que pequenos proprietários sofreram. Não pode se perder de vista, entretanto, que esses primeiros pequenos proprietários que aparecem nos processos muitas vezes expropriaram aqueles que detinham a posse ancestral da terra: os nativos. Nesse sentido há, portanto, um duplo processo de violência. Em primeiro lugar, contra os nativos e, em seguida, contra os pequenos proprietários. Então, pode-se afirmar que os brasileiros foram colonizados e colonizadores, ao mesmo tempo, no interior de um mesmo processo histórico. É constituída, então, uma construção de uma rede de poder, através também da dominação patrimonial que se sedimenta na expropriação violenta de muitos. Expropriação está sempre “naturalizada” como essencial para o avanço da modernidade no país. Do mesmo modo que esse ideal de modernidade justificou a violência contra a população indìgena, “atrasada, bárbara e bestial”, seu avanço também perpassa as relações entre grandes latifundiários - detentores da posse de grandes capitais - e homens livres e, por vezes pobres, que se tornaram posseiros. Em ambos os casos, há uma relação violenta entre “avanço” e “atraso” no seio do desenvolvimento econômico. E a subjugação é “naturalizada” pela capacidade dos grandes proprietários de propiciar um maior desenvolvimento às regiões. A ATUAÇÃO DAS ELITES LOCAIS E A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA CIDADE DE UBERLÂNDIA-MG SILVA, Leandro Oliveira (UFU) EVANGELISTA, Cleiber Wesley (UFU) [email protected], [email protected] A cidade de Uberlândia, localizada na microrregião do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, adquiriu ao longo de seu processo de desenvolvimento uma posição de destaque 97 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar na região, polarizando fluxos, o que culminou também num processo de expansão e intensificação da ocupação do solo urbano. Nota-se, no entanto, a forte presença de alguns agentes econômicos na definição das áreas a serem ocupadas, bem como, à classe a que essas áreas se destinam. Disso resultou o espraiamento da cidade, aliado à formação de vazios urbanos e à consequente expulsão das populações de baixa renda para as áreas mais afastadas da periferia. Outra consequência foi o aumento do valor dos imóveis devido à especulação imobiliária, culminando em ocupações irregulares, por parte dos segregados. Diante deste quadro, o presente trabalho tem por objetivo apresentar como a atuação das elites locais contribuiu para que a segregação socioespacial se materializasse na cidade de Uberlândia e qual o atual cenário deste processo. Desta forma, o trabalho ficou divido em três partes, quais sejam: 1 – A questão fundiária urbana no Brasil; 2 – Uberlândia: o “progresso” e suas consequências; e, por fim, 3 – Século XXI: panorama e perspectivas. IDOSOS NOS DESASTRES: uma análise das dimensões envolvidas no contexto paraibano VIANA, Aline Silveira (USP) SARTORI, Juliana (USP) [email protected], [email protected] CAPES Os desastres relacionados à água são recorrentes no Brasil, deflagrando uma crise no corpo social. Dentre os grupos afetados, os idosos correspondem a parcela da sociedade que recorrentemente sofrem com os desastres, tornando-os ainda mais fragilizados. O Estado da Paraíba está entre os dez mais afetados por desastres no país, sendo 74,5% dos decretos relacionados às estiagens e 23,5% às enchentes. O presente trabalho analisará as dimensões de afetação dos idosos no Estado da Paraíba, especificamente nos municípios de Barra de Santana, Santarém e Manaíra, pois correspondem aos municípios com maior número de decretos federais, no período de janeiro de 2006 a abril de 2012. Trata-se de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, utilizando-se a revisão bibliográfica e pesquisa documental. No que concerne à pesquisa bibliográfica, serão sistematizados e analisados a revisão nos temas de desastres, idosos e processo de vulnerabilização. Na pesquisa documental serão analisadas as Portarias de Reconhecimentos de Situação de Emergência e Estado de Calamidade Pública, o documento de Avaliação de Danos e legislações em vigência, como a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, Estatuto do Idoso, entre outros. Dentre os principais resultados da sistematização quantitativa, podemos destacar que houve 89.506 afetados no período citado, sendo que 9,7% eram idosos. Dos desabrigados (n=200), 22,5% são idosos, e dos desalojados (n=255), 13,7%. Estes municípios apresentam recorrência das decretações de SE e ECP, especialmente, há grande incidência na zona rural, que não possuem saneamento adequado e sofrem recorrentemente com as secas, com o descaso político, com a negação de direitos e com as perdas agrícolas que mantém o sustento familiar. 98 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM INVASÕES IRREGULARES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO RECURSO A ESSA SUBVERSÃO WAGNER, Bruna Kucharski [email protected] A urbanização indevida está presente quase em totalidade nas cidades brasileiras e, todo esse processo irregular é lembrança de uma invasão desenfreada aos espaços urbanos nos últimos anos. Esse processo migratório incoerente com as condições humanas é fruto do imenso número de pessoas que desde os anos 50 passaram a assumir o êxodo rural como meio de sobrevivência em melhores condições vitais. O povo incidiu em uma inovação na forma de vida e passou a abandonar o campo buscando diferentes meios de sustentabilidade em locais que apresentavam maiores estruturas e promessas de desenvolvimento econômico. Porém, todo esse novo intuito populacional que visava à sociedade urbana refletiu em cidades despreparadas e com grandes contrastes sociais. A cidade urbana atual marca justamente essa formação indevida dos espaços brasileiros, em que se desfez de modelos de organização e gestão urbana planejada e passou a se construir municípios sem infraestrutura e com indisponibilidade de serviços urbanos capazes de comportar o crescimento provocado pelo contingente populacional que migrou para a urbanidade. Assim, almeja-se analisar essas invasões incoerentes, que se desfizeram de qualquer forma de planejamento e transgrediram para espaços municipais gerando consequências negativas e precariedade nos centros urbanos. Para tal estudo teremos como parâmetro a apreciação empírica à realidade na cidade de Rio Grande, do Estado do Rio Grande do Sul, que está em pleno desenvolvimento econômico e será fonte de julgamento para comprovação da subversão existente entre a proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e a urbanização repentina, uma vez que, nos últimos cinco anos a cidade de Rio Grande em função de sua valorização econômica teve sua sociedade invadida por um número excessivo de pessoas em um processo migratório indevido e extremamente despreparado, traduzindo-se em caos urbano. O aumento populacional induz a procura por espaços para habitação e excede ao extremo a busca por trabalho e, por consequência, o crescimento econômico não consegue abarcar toda essa mão-de-obra gerando desordens sociais e um cenário em que classes menos privilegiadas são impelidas para locais que não comportam as necessidades das famílias, com serviços despreparados e infraestrutura irregular. O cenário é de desordem e, através de efetiva análise se abordará os impactos socioambientais decorrentes das ocupações irregulares, dando proeminência aos principais conflitos gerados por essa urbanização indevida e idealizando a formação de um meio ambiente desejável com a necessidade de políticas públicas efetivas. 99 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO BRASIL: O CASO DA UHE BELO MONTE ALCOCER, Laura Marcondes Ferraz (UFSCar) [email protected] O trabalho apontou os impactos socioambientais decorrentes da construção da Usina Hidroelétrica Belo Monte, localizada no estado do Pará/ Brasil e expôs o posicionamento de distintos atores políticos e sociais envolvidos nos conflitos socioambientais decorrentes da concepção, viabilização e implementação deste projeto. Em síntese, expusemos o surgimento do projeto da UHE Belo Monte nos anos 70, período imerso na ditadura militar; com o avance neoliberal que ocorreu no final dos anos 80, continuaram as tentativas de implantação de Belo Monte e acirraram-se os conflitos socioambientais territoriais1 entre Estado e grupos sociais afetados pela construção da barragem, sendo emblematicamente representados pelo cacique Raoni. Analisamos a retomada do projeto de Belo Monte pelo governo Lula em 2007 através do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento), e sua continuidade no governo Dilma, até o ano de 2012. Dimensionaram-se os conflitos socioambientais da UHE Belo Monte causados pelo atual projeto, devido à especificidade ambiental e cultural da região do rio Xingu, através da contraposição do Painel de Especialistas (2009) ao EIA/Rima; artigo do Ministério de Minas e Energia do Brasil sobre Belo Monte; entrevista com o especialista e professor Célio Bermann; análise de depoimentos de ativistas de ONGs, militantes de movimentos sociais, populações locais afetadas (ribeirinhos, pescadores, agricultores, indìgenas) contidos no documentário “Belo Monte: Anúncio de uma guerra”, além de outras bibliografias. Sessão II: A produção Sociopolíticas de Novos Sujeitos entre Tensões e Mobilidades Transescalares Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Norma Felicidade Valêncio (UFSCar) QUANDO O DESLOCAMENTO SE TORNA UM VALOR: cosmopolitismo como projeto nos intercâmbios acadêmicos AZEVEDO, Leonardo Francisco de (UFJF) [email protected] CAPES A intensificação do fenômeno da globalização, aliado ao desenvolvimento e massificação dos meios de transporte e comunicação, permitiu um aumento exponencial na quantidade de pessoas em deslocamento. O que antes era algo restrito a uma pequena elite hoje é possível entre diferentes atores e segmentos sociais. Entretanto, por mais descentralizada e capilarizada que esteja esta prática, ela ainda se constitui como elemento diferenciador e distintivo, sendo o cosmopolitismo um projeto de vida desenhado e desejado por muitos. O presente trabalho pretende investigar quão 100 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar valorativo é, para estes diferentes atores, o ato de se deslocar. Para tal, será utilizado como objeto de análise os intercâmbios acadêmicos. Fenômeno cada vez mais comum nas universidades brasileiras, a necessidade de se deslocar, nas diferentes etapas de formação, para “complementar” os estudos, é algo cada vez mais presente. Pretende-se compreender como, através dos intercâmbios acadêmicos, é possível visualizar o cosmopolitismo como um projeto, pessoal e distintivo – projeto aqui entendido, nos termos de Gilberto Velho, como a ação dos atores a partir de avaliações e definições da realidade. Como método será utilizado revisão bibliográfica, analisando o que se tem dito sobre o cosmopolitismo e como este conceito se relaciona com as recentes produções acerca dos intercâmbios acadêmicos. Considerando que tais deslocamentos não são isentos de regras e valores, bem como seus fluxos possuem caminhos prédeterminados, acredita-se que, ao investiga-los como um fenômeno valorativo e distintivo, é possível contribuir com a teoria sociológica recente, relacionando as reflexões em torno dos deslocamentos espaciais com a ação e intenção dos atores sociais agindo em contextos específicos. A ALIANÇA DOS PEQUENOS ESTADO INSULARES (AOSIS) E O FUNDAMENTO REIVINDICATIVO CLIMÁTICO POLÍTICO BRAGA, Patrícia Benedita Aparecida (UEMS) [email protected] Insatisfeitos com a inexpressão política decisória nas rodadas de negociação do clima, os países insulares localizados no Pacífico, principalmente ao sul, criaram na Segunda Conferência Mundial do Clima, em 1990, a AOSIS. A Aliança declara-se como uma coligação de países formados por pequenas ilhas de baixa latitude, cujo desafio é o desenvolvimento e o meio ambiente, sobretudo o que refere às vulnerabilidades enfrentadas, por estes Estados insulares, devido os fenômenos advindos da mudança climática global. A reivindicação é direcionada aos diversos países que formam a Sociedade Internacional, especialmente aos países desenvolvidos (PDs). De acordo com a coligação, o não comprometimento dos Estados em relação à redução de emissão de gases de efeito estufa, assim como a não facticidade de políticas de mitigação e adaptação, aceleram os fenômenos climáticos e os encargos relacionados a isto, além de desrespeitar os princípios políticos, dentre eles, a soberania dos Estados e consequentemente a cidadania. Neste sentido, a fim de compreender a fundamentação reivindicativa da AOSIS, o presente trabalho busca analisar e interpretar a Declaration on Climate Change (Declaração da Mudança Climática) emitida pela Aliança, em 21 de setembro de 2009, em Nova York, na sede das Nações Unidas, em uma das rodadas de negociação do clima que precederam a COP15 (Conferência das Partes), realizada em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro do mesmo ano. 101 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar DESENVOLVIMENTO E PODER LOCAL: análise dos processos de descentralização do Brasil e da Argentina sob a perspectiva do Mercosul BRITO, Sérgio Roberto Urbaneja (UNESP) [email protected] CAPES Esta proposta tem como objetivo principal analisar a relação que se estabelece entre o tema da descentralização e as questões envolvendo a internacionalização dos municípios, no âmbito do Mercosul. Adotar-se-á como objeto para tal estudo os processos de descentralização ocorridos ao longo das últimas décadas na perspectiva desse processo de integração, particularmente aqueles vistos no Brasil e na Argentina. A hipótese central deste trabalho será a de que, apesar do lugar marginal ocupado pelo poder local no âmbito da Teoria do Estado na modernidade, muitas vezes tido como excluído de relevância em relação à prioridade da questão nacional, ou mesmo supranacional, ao se levar em conta os processos de integração regional, o poder local vem sofrendo um resgate enquanto instância política, e, desde que os influxos desse fato sejam pautados por meios adequados, eles podem auxiliar nos processos de desenvolvimento; a outra hipótese, ligada à primeira, é a de que a descentralização vem proporcionando ao poder local novas formas de inserção nos espaços políticos, inclusive os internacionais, como os experimentados no âmbito desse bloco, o que torna possível a elaboração de políticas públicas em níveis mais amplos e diversificados. Assim, além da análise dessas relações entre descentralização e poder local, a fim de demonstrar as hipóteses, será abordada a questão de sua inserção internacional. CONFLITOS SOCIAIS NA LUTA PELA TERRA NO BRASIL: uma análise sob a perspectiva do pluralismo jurídico comunitário participativo DUTRA, Débora Vogel da Silveira (UFSC) [email protected] A presente pesquisa tem como foco central discutir através da teoria do pluralismo jurídico comunitário participativo, os nuances que envolvem os conflitos sociais na luta pela terra no Brasil na atualidade. É de amplo conhecimento da sociedade que a atual estrutura fundiária no País está longe de atender as demandas existentes e permitir que cada cidadão brasileiro consiga adquirir e manter seu pequeno pedaço de terra, seja para nele trabalhar e morar ou somente para morar. Somada à toda a concentração histórica de terra e capital que delineia o Brasil, as implicações econômicas também tem contribuído sobremaneira para que uma grande parcela da população não consiga ter acesso direto às formas mais elementares de subsistência e de progressão social no País. É nesse contexto de exclusão capitalista que os conflitos sociais tem emergido, ocasionando momentos de tensão profunda e sendo marcados pelo sangue de muitos trabalhadores rurais que reivindicam melhores condições de trabalho e uma reforma agrária digna que atinja a todos. No campo da Teoria e Filosofia da História do Direito, mais especificamente em uma visão crítica do Direito, a teoria do Pluralismo Jurídico vem corroborar com a perspectiva social de que os movimentos sociais organizados, como é o caso do MST, constituem uma rica fonte de produção normativa, a partir de 102 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar suas experiências de vida e do desenvolvimento interno do grupo que trabalha em prol de uma coletividade. TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS: uma comunidade jusante da Barragem de Tucuruí GUIMARÃES, Mariana T. (UFPA) MAGALHÃES, Sônia Barbosa (UFPA) [email protected], [email protected] CNPQ Com o barramento do Rio Tocantins, ocorrido em 1984, verificou-se intensa transformação socioambiental e há poucos estudos sobre os efeitos desta transformação para as comunidades tradicionais que permaneceram às margens do rio, após a alteração da vazão. Considerando que este acontecimento modifica não apenas o ambiente, mas igualmente as relações que com ele as comunidades mantêm, pretendeu-se estudar como estas transformações incidem sobre o ordenamento do conhecimento utilizado para a efetivação das práticas sociais e econômicas, sobretudo a pesca. Teoricamente, partimos dos aportes de LITTLE (2006) a respeito da cosmografia territorial; de INGOLD (2010) sobre a educação da atenção no processo de transmissão do conhecimento; e de HUNN (1999) acerca da construção do conhecimento como “consequência da produção baseada na subsistência” e da “relevância cotidiana (do conhecimento)" para a reprodução familiar. Este trabalho é produto de pesquisa de campo realizada nos meses de dezembro de 2012 e janeiro de 2013 na comunidade localizada na Ilha Tauaré, no município de Mocajuba-PA, a jusante da barragem de Tucuruí, no âmbito de Curso de Pós-Graduação lato sensu realizado na Universidade Federal do Pará. Pode ser observado que o deslocamento do esforço produtivo do rio para a mata e a introdução de novas práticas de pesca têm provocado um reordenamento do uso do conhecimento local, e de certa forma, a erosão iminente de saberes, como os casos das técnicas de tapagem de igarapé com o uso de paredões (parí); e da gapuiagem, pouco utilizada e em total desuso, respectivamente, pelos pescadores. Do mesmo modo, o conhecimento sobre determinadas espécies de peixes e certas características ambientais extintas não têm lugar nas experiências da nova geração. O NEOLIBERALISMO NO BRASIL E NO CHILE: uma análise sobre os modelos de inserção desta ideologia na América Latina RODRIGUÊS, Leonardo Henrique Gomes (UNESP) [email protected] O ideal do neoliberalismo é a promoção do bem-estar humano, através de práticas econômicas e políticas que consistem, basicamente, em restringir o papel do Estado frente à liberdade do indivíduo e do mercado. Desde a década de 1970, vê-se o desenvolvimento do pensamento liberal através das desregulações, privatizações e abandono do Estado das áreas que tinha monopólio. Este trabalho tem como objetivo analisar a maneira pela qual os ideais neoliberais foram inseridos no contexto latinoamericano, principalmente no Brasil e no Chile, dissertando sobre os mecanismos utilizados em ambos os países a fim de legitimar o desmonte do Estado e a abertura econômica que atendia aos preceitos do Consenso de Washington. No Brasil, pode-se 103 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar verificar que a inserção do neoliberalismo deu-se tardiamente, apenas em meados da década de 1990, através de reformas constitucionais que cirurgicamente eliminaram os monopólios do Estado, permitindo o avanço da desregulamentação e das privatizações. Tais reformas iniciam-se no governo Collor, porém é com Fernando Henrique que se tornaram as principais pautas políticas do governo. Já no Chile, o modelo neoliberal foi implementado, autoritariamente, pelo governo de Pinochet na década de 1970, baseado na tecnocracia e ortodoxia dos economistas conhecidos como Chicago boys, reestruturando o Estado e a economia chilena, segundo os moldes neoliberais. Desta forma, este trabalho irá analisar estes processos aparentemente divergentes, já que no Brasil, o desmonte do Estado ocorrem através de um processo legalmente estabelecido na Constituição, as emendas constitucionais, enquanto no Chile, o processo se dá por meio de uma ditadura militar, a fim de estabelecer uma análise mais profunda sobre os modos de inserção do neoliberalismo na América Latina. A SOCIOLOGIA DO CONFLITO E A SOCIOLOGIA DO CONSENSO ENQUANTO MEIOS PARA ANALISAR OS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS ROSA, Rafaela Euges (UFPel) [email protected] CAPES Dentro da problemática ambiental emerge a concepção de conflitos socioambientais, atualmente muito difundida em diversas áreas científicas. Os conflitos socioambientais designam as relações de disputa em torno de determinados recursos e nestas podem estar envolvidos indivíduos, grupos, organizações e coletividades. Além de atores em oposição, os conflitos caracterizam-se por serem fenômenos sujeitos à mediação. Por um lado há quem considere os conflitos necessários para a ocorrência de mudanças e até mesmo intrínsecos a vida social. Essa perspectiva é compartilhada por teóricos como Karl Marx e Alain Touraine. De outro lado temos um grupo de teóricos que considera a sociedade em normalidade como caracterizada por um estado de equilíbrio e harmonia. Nesse grupo encontram-se cientistas como Émile Durkheim e Talcott Parsons e para estes os conflitos são sinônimo de perturbação e caos. O presente trabalho tem como objetivo analisar o conflito socioambiental no interior desses dois paradigmas sociológicos antagônicos: o consensual e o conflitual e, além de destacar as divergências presentes nestas abordagens, encontrar as semelhanças e complementariedades. CONFLITOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS: o caso da lei específica da Billings SANTOS, Deborah Schimidt Neves dos (UNIFESP) [email protected] A proposta deste artigo é contribuir com reflexões sobre as dinâmicas e conflitos no universo das relações Estado-Sociedade Civil, no contexto específico das políticas públicas ambientais sobre proteção e recuperação de mananciais, em especial, a partir da análise do processo de elaboração da Lei Estadual n° 13.579/09 que delimitou a Área 104 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar de Proteção e Recuperação de Mananciais da Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings (APRM-B). Buscou-se averiguar, no âmbito do SubComitê de Bacia Hidrográfica Billings-Tamanduateí (SCBH-BT) e no período de 1997 a 2009, se a atuação da Sociedade Civil na elaboração da Lei Específica da Billings (L.E. n° 13.579/09), ocorreu como previsto pela Lei Estadual n° 9866, promulgada em 28 de novembro de 1997 e que institui a Política de Proteção e Recuperação dos Mananciais de Interesse Regional do Estado de São Paulo, bem como se suas relações com o Estado colocaram em prática a noção de governança da água, principalmente no que diz respeito à participação da sociedade civil e à ação conjunta de ambos (Estado e a Sociedade Civil) na busca de soluções e resultados para problemas comuns. Com base nas leituras das atas e documentos elaborados entre 1997 a 2009 no âmbito do Grupo de Trabalho sobre a Lei Específica da Billings pertencente à Câmara Técnica de Planejamento e Gestão do SCBH-BT e das entrevistas realizadas com seus participantes percebeu-se que as dinâmicas e conflitos que ocorreram entre os representantes dos governos municipais e estaduais e os representantes da sociedade civil ao longo do processo de elaboração da Lei da Billings são expressão dos mesmos conflitos e relações dialéticas existentes na arena política, social, econômica e institucional brasileira de modo que a prática da governança da água apresentou limites e possibilidades dados tanto pelos atores envolvidos em seu processo de governança quanto pelo contexto político, econômico, social e institucional em que estes se inserem. SOBRE A IMIGRAÇÃO ILEGAL NA EUROPA E OS ESPAÇOS EXCEÇÃO: o caso dos centros de internamento de estrangeiros na Espanha SANTOS, Valdirene Ferreira (UNESP) [email protected] CAPES O trabalho tem como objetivo analisar a crescente criminalização à imigração irregular dentro do espaço político e social da União Europeia a partir dos anos 1990, focando preferencialmente na vulnerabilização dos direitos humanos dos estrangeiros indocumentados que se encontram reclusos em centros de detenção especializados para imigrantes ilegais. O funcionamento desses espaços de confinamento é aqui discutido como uma política de exceção que exclui os cidadãos não europeus em situação irregular de direitos econômicos, políticos e sociais, para incluí-los na sociedade como “fora da lei”. Para tanto, apoia-se nas reflexões do pensador político Giorgio Agamben acerca da coexistência do Estado de Exceção com o Estado Democrático de Direito nas sociedades ocidentais contemporâneas e na discussão do sociólogo Löic Waquant acerca da transmutação do Estado Social em Estado Penal. A metodologia adotada parte de uma revisão bibliográfica de textos especializados e da análise de relatórios e pareceres acerca dos centros de detenção. Ao tomar como estudo de caso os centros de detenção para imigrantes ilegais na Espanha – denominados de Centros de Internamento para Estrangeiros –, verifica-se que a reclusão exerce sobre os internos um processo de racialização e despersonalização, uma vez que a dificuldade em conseguir os documentos exigidos para a migração regular geralmente é maior para grupos de determinadas nacionalidades do continente africano, além de as particularidades culturais e linguísticas não serem devidamente tomadas em consideração no tratamento a eles oferecido. Também as instalações que recebem esse contingente populacional 105 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar vêm sendo denunciadas por organizações humanitárias e pelo Parlamento Europeu de apresentarem irregularidades na estrutura e funcionamento. EL CONFLICTO ARMADO COLOMBIANO, GUERRILLA Y PARAMILITARISMO VARGAS, Carlos Alberto Castillo (Universidad Nacional Mayor de San Marcos) [email protected] El conflicto armado que se desarrolla en Colombia ha generado múltiples aristas, en las cuales los bloques enfrentados generan una guerra sin cuartel. Las acciones que se realizan repercuten significativamente en los sistemas sociales en el que el país se desarrolla. Los poblados y no las ciudades son los escenarios idóneos para poder comprender este fenómeno. El ejército, la guerrilla y los paramilitares (grupos de extrema derecha) confluyen por el control de estos territorios, viéndolos como una necesidad geoestratégica para el beneficio de la guerra. Es por este motivo que los recursos (gas, petróleo, agua, minerales, etc) que se encuentran dentro del área y que significarían la oportunidad para el desarrollo de cualquier poblado, se convierten en su tragedia, por las desapariciones, matanzas y torturas cuando estos grupos enfrentados entran a dichos lugares. La presente investigación busca hacer una análisis detallado sobre el conflicto que se desarrolla en el páramo de Sumapaz ya que este tiene como particularidad de ser una de las reservas hidrográficas y geoestratégicas más importantes en el ámbito central Colombiano. Asimismo forma parte de la capital. La importancia radica en la lucha que se ha dado en esta zona entre los organismos del estado mediante la guerra de baja intensidad, los grupos paramilitares con sus desapariciones y torturas, y los grupos insurgentes con los asesinatos y secuestros. Un pueblo que como muchos vive en carne propia esta guerra, sin embargo sufren de la indiferencia de la gente que vive en la capital, ya que sus hermanos no le toman ninguna importancia. Como diría la frase del poeta César Vallejo: Tan cerca pero a la vez tan lejos. Ello ha acarreado que actualmente se encuentren aproximadamente 9000 soldados para una población de 2000 personas, modificando así las formas de convivencia de la población e insertando nuevos actores que forman parte de aquélla. El mecanismo de guerra de baja intensidad, implementado por las fuerzas armadas, ha generado choques con la localidad dando lugar a serias denuncias sobre desapariciones forzadas y violaciones de los derechos humanos de pobladores y dirigentes. Por otro lado, los eventuales enfrentamientos entre la guerrilla de las FARC y el ejército, han convertido el lugar en una zona altamente conflictiva. El objetivo de la investigación es tratar de entender este fenómeno partiendo por el estudio de dicho poblado, para ello dividiremos el trabajo en dos partes: La primera parte realizaremos un breve recuento histórico para poder situar al páramo dentro de este contexto de guerra y en la tercera parte analizaremos las relaciones sociales que se dan actualmente entre la guerrilla, las fuerzas armadas y la población en dicha zona, para poder comprender por qué esta población está siendo invisibilizada por la gente que vive en la capital, para ello utilizaremos la base teórica de Zygmunt Bauman para así poder ver como las poblaciones más afectadas son invisibilizadas por los grupos que tienen un espectro mayor en la sociedad, hasta un punto que los actos más abominables entran en la lógica de la cotidianidad y como tal ya no generan importancia. 106 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL: a discussão acadêmica como problematizadora de novas experiência urbanas MENEZES, Vitor Matheus Oliveira de (UFBA) [email protected] Este trabalho analisa as discussões estabelecidas, de forma multidisciplinar, sobre as políticas urbanas em Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). Baseada em experiências históricas (como o ProFavela em Belo Horizonte e Brasília Teimosa em Recife) e instituída através do Estatuto das Cidades em 2001, as ZEIS representam um importante marco no planejamento urbano, na noção de justiça social no contexto urbano, nas concepções de legalidade e ilegalidade e sobre o papel do Estado em relação ao urbano marginalizado. A metodologia utilizada consiste no levantamento de bibliografia acadêmica da área de Ciências Sociais que problematizam as ZEIS, a partir da relação do Estado com as ZEIS; das perspectivas de aprofundamento das transformações urbanas a partir da ZEIS; da discussão sobre reforma urbana, sendo estas zonas enxergadas como uma ferramenta instituída através do Estatuto das Cidades; e da discussão sobre justiça social (tendo em vista o caráter redistributivo e participativo das ZEIS). Sessão III: Profissões e Política Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Glória Bonelli (UFSCar) IMAGINANDO UM BRASIL EM JORNAIS: uma interpretação do corporativismo do Oliveira Vianna articulista ARAUJO, George Freitas Rosa de (UFF) [email protected] CAPES O presente estudo analisa criticamente a dimensão corporativista do pensamento do autor fluminense Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951), considerado um dos principais “Intérpretes do Brasil”, a partir dos seus artigos de jornais catalogados na Casa Oliveira Vianna. Esses textos constituem fontes ainda pouco conhecidas no campo das ciências sociais. Oliveira Vianna escreveu sua obra, especialmente, entre as décadas de 10 e 40 do século passado, num momento de efervescência de pensamentos e movimentos pretensamente críticos ao liberalismo no plano internacional. Neste cenário podemos identificar um viés de pensamento polifônico que propunha ser uma alternativa à organização político-econômica liberal, o corporativismo. Oliveira Vianna apropriou-se, singularmente, da vertente de pensamento em tela, na articulação da sua interpretação do Brasil com suas alternativas propositivas ao que compreendia ser um dos nossos principais dilemas, a invenção e consolidação do ideário nacional num país fundado, segundo o autor fluminense, na “insolidariedade” e na tradicional quase ausência de conflitos de classe e/ou de raça. Um dos resultados da pesquisa aponta para 107 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar a complexidade do corporativismo do Oliveira Vianna articulista, evidenciando a sua construção no tempo histórico, a delimitação do seu trânsito na arena política e as correntes teóricas às quais se filiou. Pensamos que o autor fluminense contribuiu para a invenção de uma maneira de “pensar e sentir o paìs”, com ressalvas, ainda hoje presente por meio, e.g., do modelo corporativo-sindical. O GRUPO E O ATOR NAS MOBILIZAÇÕES SOCIAIS: o comportamento político dos militantes de 1968 AUGUSTINHO, Aline Michele Nascimento (UNESP) [email protected] CNPQ O objetivo desta proposta de exposição é discutir as formas de participação política contemporâneas observadas entre ex-militantes do Movimento Estudantil de 1968, bem como sua importância nas pautas e discussões dos novos grupos de movimentos sociais que emergem no Brasil nos últimos anos. Isto porque, quando se pensa na dinâmica de conflitos entre instituições e movimentos sociais brasileiros a memória retoma o Movimento Estudantil de 1968 como um dos movimentos mais impactantes da história recente do país. No entanto, contrariando os pressupostos sociológicos normalmente aplicados a este grupo, como a abordagem geracional manheiniana, sua identificação como grupo e sua mobilização não se restringiu às atividades na juventude. Dados parciais da pesquisa mostram que a participação política é mantida com o sentimento de vinculação ao grupo. Ao longo desses 45 anos, constatou-se que o sentimento de pertencimento ao grupo de estudantes de 1968 emerge principalmente a partir dos ciclos comemorativos, em que a cada período de 5 ou 10 anos, o universo acadêmico e também o midiático voltam seus olhos para a memória desses atores. Mas, recentemente, pôde-se observar dois novos momentos em que o grupo re-emerge com força: i) na recente instalação do processo de Justiça de Transição tardia, em que Comissão Nacional da Verdade vem renovando e até mesmo recriando paradigmas para as pesquisas acerca dos movimentos sociais e políticos durante o Regime Militar, entre 1964-1985; ii) atores do mesmo grupo retomam as ruas nas manifestações de junho de 2013, ao lado de estudantes e trabalhadores. No entanto, eles não retornam à arena polìtica como cidadãos que foram estudantes em 1968, mas como “os estudantes de 1968”. Neste contexto, carregado pelas marcas de sua mobilização no passado que produzem o sentimento de pertencimento, é possível pensar numa nova forma de identificar um grupo e suas formas de participação política. PROFISSIONALISMO, GÊNERO E SUBJETIVIDADES NA JUSTIÇA PAULISTA BENEDITO, Camila de Pieri (UFSCar) [email protected] CAPES Utilizando-se do conceito de profissionalismo se buscou analisar o impacto da crescente participação feminina nas carreiras jurídicas sobre as subjetividades e as negociações identitárias. Neste paper o objetivo é aprofundar os dados qualitativos da pesquisa que se constituíram a partir de entrevistas semiestruturadas em profundidade com duas 108 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar juízas, um juiz, um promotor de justiça e dois defensores públicos na cidade de Rio das Pedras (nome fictício) no interior de São Paulo e também pela observação do cotidiano no Fórum de Justiça. O profissionalismo, entendido especialmente pelas óticas de Eliot Freidson (1996) e Julia Evetts (2006), é o conceito de análise central e contribui para pensar as negociações subjetivas entre operadores e operadoras do direito. As conceituações de Butler sobre gênero completam o quadro teórico, sendo este compreendido como performático. A composição do fórum de justiça, a organização dos corpos e os trajes são dados para a conclusão de que o impacto subjetivo da participação das mulheres no direito aparece na construção de um corpo feminino específico, que não deixa de trazer à tona aquilo naturalizado como essencial da mulher mas também se adequa aos patamares do discurso do profissionalismo construído a partir do masculino. "EM LUCHA": presença feminina no protesto social BOGADO, Adriana Marcela (UFSCar) [email protected] FAPESP Neste texto reconstruímos alguns itinerários de participação política de mulheres em movimentos sociais para identificar algumas características que assume o protesto social no contexto de crise do modelo neoliberal das últimas décadas na Argentina. Trata-se de um recorte de uma pesquisa de doutorado concluída, em que utilizamos como metodologia a História Oral e a Observação Participante. O trabalho de campo desenvolveu-se junto a participantes e lideranças do Movimiento de Mujeres en Lucha (MML), de General Roca (Río Negro) e Rosário (Santa Fe); dos primeiros piquetes no interior do país, e da Corriente Clasista Combativa (CCC, Zona Norte), na província de Buenos Aires. A reconstrução desses itinerários revela como, nesse contexto de crise generalizada, a via do protesto surge como alternativa para as mulheres pesquisadas. Suas trajetórias são reveladoras do impacto do neoliberalismo em diferentes dimensões da vida cotidiana e como o engajamento político se constrói na dialética de seus itinerários de vida. Com sua participação, as mulheres abriram o leque das formas de intervenção e canalização de demandas no espaço público e perante as instituições e poder do Estado, que sempre tiveram a tônica dada por performances públicas masculinas. Incluso quando a atuação das mulheres surge a partir de papéis de gênero tradicionais, é fundamental ler nas entrelinhas, identificando pequenas incongruências, alterações nesses roteiros de gênero, que revelam novos sentidos e ressignificações de algumas das caracterìsticas “essenciais” desses papéis e tornam-se recursos valiosos no protesto social. 109 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A ESQUERDA EM TRANSE: apontamentos para a discussão sobre a situação social no Brasil atual LIMA, Bruna Della Torre C. (USP) SANTOS, Eduardo A. C. (USP) PUZONE, Vladimir Ferrari (USP) [email protected], [email protected], [email protected] FAPESP Pode ser espantosa uma comunicação sobre os impasses da esquerda no Brasil, especialmente num momento em que o chamado “lulismo” – entendido aqui como uma forma de governo que vem se consolidando desde 2002 – está no auge de sua popularidade. No entanto, a chegada ao executivo federal pelo setor majoritário da esquerda brasileira contribuiu decisiva e paradoxalmente para sua crise. Por isso mesmo, essa crise não é de modo nenhum evidente. A questão que propomos é tratar o estado atual das classes trabalhadoras no Brasil, bem como a nova configuração entre capital e trabalho que vem se desenhando na última década. Trata-se de entender como os trabalhadores do país encontram-se atados à atual configuração do capitalismo. Isso pode parecer contraditório, já que os aumentos na renda, apontados pela elevação do consumo e apoiados pelas políticas de transferência de renda, nos levam a crer que a classe vive um período de prosperidade como há muito não se via. Entretanto, quais são os limites desses ganhos diante de possíveis mudanças na economia e política, isto é, estariam eles estreitamente relacionados a um momento favorável da economia brasileira em relação ao mundo? Ainda nessa chave, a quais instrumentos analíticos podemos recorrer para compreender esse perìodo? Seria o “lulismo” uma forma de neoliberalismo, de neodesevolvimentismo, de socialdemocracia, ou esse fenômeno pede uma nova formulação teórica? Nossa análise estará dividida em dois níveis. O primeiro consiste em reconstituir de forma breve a trajetória da classe trabalhadora e de seus representantes nos últimos anos no Brasil. Essa é a parte mais “experimental” e delicada, pois faz referência a processos históricos em pleno vigor, ou seja, inacabados. A segunda seção consiste em fazer um rápido apanhado de algumas análises intelectuais a respeito desses processos, de modo a dar conta dos problemas e fraquezas da atual discussão. ORGANIZAÇÕES E CONFLITOS SOCIAIS: a profissionalização no terceiro setor MELO, Marina Félix de (FITS) [email protected] A presente exposição diz respeito às conclusões da tese de doutorado em sociologia intitulada “Profissionalização nas Organizações Não-Governamentais” (PPGS-UFPE, Brasil; CICS-UM, Portugal). Nesta, analisamos as consequências do atual fluxo de profissionalização institucional das ONGs face os conflitos sociais daí resultantes. A investigação revela como e porque ONGs que não se adéquam às exigências de profissionalização esmaecem diante das possibilidades de financiamento, bem como tais processos interferem nas perspectivas de trabalho dos agentes que às instituições de terceiro setor se dedicam. 110 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar POLÍTICAS PÚBLICAS E TEORIA POLÍTICA FEMINISTA: reflexões sobre as práticas do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres no município de Londrina/PR MORENO, Meire Ellen (UEL) [email protected] Uma problemática importante do pensamento político contemporâneo é o tratamento da participação e representação das mulheres na esfera política, que apresenta-se de forma deficitária. Atualmente, ações afirmativas são empreendidas visando a melhoria dessas condições, tais como as comissões ou conselhos gestores com participação na tomada de decisões políticas. Como exemplo desses espaços de participação, tem-se o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher da cidade de Londrina/PR, cujo objetivo é a garantia à mulher do exercício pleno de sua participação no desenvolvimento dos campos econômico, político e cultural da sociedade. Neste trabalho, buscou-se apresentar os diversos modelos de democracia, como forma de organização de sociedades complexas, assim como a crítica feminista aos seus aspectos mais importantes, além da apresentação do modelo de democracia comunicativa, sugerida, entre outros, pela teórica Iris Marion Young, que ressalta a importância da pluralidade de perspectivas para a inclusão das mulheres na política. A partir do levantamento bibliográfico e do estudo de caso do CMDM-Londrina/PR, realizou-se uma reflexão sobre as práticas de atores e/ou instituições no que diz respeito às políticas públicas cujo foco é a superação das desigualdades entre mulheres e homens nos espaços de poder, considerando os termos relevantes apresentados na teoria política feminista estudada no que diz respeito à questão da participação e representação políticas de mulheres. CONTRADIÇÕES DO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRO: um estudo do pensamento de Florestan Fernandes PORTELA JR, Aristeu (UFPE) [email protected] Este trabalho analisa o modo como Florestan Fernandes (1920-1995) concebe os obstáculos à concretização da democracia no Brasil e as vias apontadas por ele para superar tais obstáculos. Elaboramos uma divisão do seu pensamento, no que concerne a essa problemática, fundamentada nas suas diferentes categorias teóricas e pressupostos polìticos. No “primeiro momento” (décadas de 1950-60), a revolução burguesa e a ordem social competitiva são vistas pelo autor como o único caminho para superar os entraves do “antigo regime” que impedem a universalização da cidadania. Sua preocupação volta-se para a realização dos requisitos da “civilização moderna” no Brasil; democracia e ordem social competitiva, polos desse padrão civilizatório, aparecem como intrinsecamente ligadas. No “segundo momento” (décadas de 1970-80), altera-se a relação que Fernandes postula entre democracia e ordem social competitiva. Enquanto democracia “burguesa”, mas de participação ampliada, ela pode e deve ser dinamizada ainda no interior da ordem capitalista. Mas as classes baixas só a assumem enquanto bandeira de luta porque a própria burguesia, num contexto dependente e subdesenvolvido, não pode fazê-lo. Enquanto “democracia operária”, o autor a considera incompatível com os dinamismos da ordem capitalista, e aponta a necessidade de as classes baixas lutarem por uma “revolução democrática” no Brasil. A partir desses 111 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar diferentes pressupostos e conceituações, nem sempre compatíveis, Fernandes nos apresenta um duplo legado: a necessidade de se estudar a democracia brasileira a partir das lutas e conflitos de classe, por um lado, e da sua relação com o modo de produção capitalista, de outro lado; aspectos cuja importância precisa ser retomada nos estudos sociológicos brasileiros sobre essa problemática. A ADOÇÃO DO CONCURSO PÚBLICO NO BRASIL: a ideia de atualização no Estado brasileiro no Governo Provisório (1930-1934) de Getúlio Vargas SILVA, Rodrigo Pereira da (UNESP) [email protected] CNPQ O trabalho tem como finalidade analisar o debate sobre a adoção do concurso público como meio de recrutamento do funcionalismo na Constituição de 1934 levando-se em conta o período histórico e o pensamento social da época. A história do Estado brasileiro e a forma como o campo político influencia a administração pública são importantes para entender como foi tomada a decisão de se colocar na Constituição a obrigatoriedade do concurso público de provas. O recorte histórico do trabalho se refere à quadra 1930-1934, época do Governo Provisório, chefiado por Getúlio Vargas. Tratase de momento de grandes mudanças estruturais impulsionadas, entre outros fatores, pela crise de 1929 e seus efeitos na economia cafeeira, passando pelo processo revolucionário de 1930 e por demais disputas do campo político que têm influência na vida de toda a sociedade da época. Desta maneira, este trabalho procura compreender os motivos que levaram à adoção desse critério para ingresso na carreira pública, através da análise do pensamento social da época, de documentos históricos e das atas da comissão que elaborou o anteprojeto constitucional. CONDICIONANTES DA CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS DE MARÍLIA SOUZA, Luana Silva de (UNESP) [email protected] Essa pesquisa tem por objetivo analisar como se deu o processo de criação institucionalização e desenvolvimento do curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marìlia. Tomando como referência a noção de “campo” – desenvolvida por Pierre Bourdieu – para enunciar o espaço ocupado pelas Ciências Sociais no Brasil como um “campo cientìfico” no qual esse curso de Ciências Sociais irá se constituir; essa pesquisa pretende identificar quais os condicionantes da criação e desenvolvimento desse curso, ou seja, quais as práticas, ações e estratégias estabelecidas pelos agentes sociais – docentes discentes e funcionários da instituição - envolvidos nesse processo e quais fatores que contribuíram para sua formação; e ao estabelecer os condicionantes do processo de criação e desenvolvimento do curso de Ciências Sociais da F.F.C/ Marilia, essa pesquisa também pretende situar esse mesmo curso dentro do cenário de discussão do processo de institucionalização das Ciências Sociais no país como um todo. 112 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER A INTERNET COMO FERRAMENTA DE MOBILIZAÇÃO POLÍTICA ALVES, Tatiana Teixeira (PUC/MG) [email protected] A proposta para o grupo de discussão é o uso da internet como uma ferramenta que mobiliza e coloca as pessoas no mesmo espaço de discussão. Em tempos que a internet tem sido cada vez mais usada e o acesso a ela cada vez mais distribuído, fica difícil, talvez impossível, não colocar as questões que mais afligem o país dentro desse espaço infinito que é a própria rede, também conhecida hoje como “rede das redes”. Cidadania, participação política, democracia, todas essas questões viraram alvo de uma população que antes se manifestava somente nas ruas e agora conta com mais uma possibilidade de dar volume e força para a sua voz. Os ativistas chamam essa participação online de “gabinete”, já os usuários que aprenderam que de dentro de casa, em frente ao computador é possível também se manifestarem, acreditam que toda inquietude pode ser declarada na rede e quem compartilhar dessas inquietudes que entre na corrente e passe par frente o quanto mais puder. A questão para ser discutida é: Será mesmo que a internet tem colocado as pessoas mais a par dos seus direitos? As questões que ganham amplitude nas redes são mesmo as questões mais relevantes e que merecem espaço? As pessoas e suas inquietudes tem ganhado de fato mais espaço nas discussões que sempre existiram no meio da sociedade? Essas ferramentas que estão cada vez mais acessíveis à população realmente funcionam como ferramentas de mobilização? Se funcionam mesmo, em que medida? É necessário pensar qual o valor das manifestações online para as pessoas e se elas realmente incitam a outra parte não conectada da população a buscar por melhorias. A internet promove uma participação mais ativa ou deixa as pessoas acomodadas por saberem que podem dar a sua opinião de dentro do seu quarto ou sentadas no sofá? Qual seria o momento de sair da rede e ir para o protesto real, nas ruas? Essas são questões que nasceram das atuais circunstâncias da sociedade brasileira, onde uma frase infeliz escrita em um site de relacionamento promove comoção e revolta quase que instantânea de grupos considerados “minorias” e leva toda essa revolta para a população que por sua vez se reconhece na luta e a leva para as ruas na luta por seus direitos e pelos direitos dos outros. Uma população que se mobiliza por alguém que foi injustiçado ou maltratado, ou virou motivo de chacota nacional. Uma população que tomou conhecimento do poder de divulgação das redes e usa isso para ser vista por todo mundo e agora pode não estar percebendo o real poder de uma rede que assim como pode ser uma aliada, em algum momento pode também se tornar um inimigo, daqueles mais próximos. 113 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar MOVIMENTOS SOCIAIS, REDES SOCIAIS E PROTESTOS PÚBLICOS SANTOS, Adrielma S. dos (USFE) OLIVEIRA, Wilson José F. (UFSE) [email protected], [email protected] PIBIC-CNPQ Os movimentos sociais nas últimas três décadas receberam uma atenção maior dos pesquisadores das ciências sociais. Com as mudanças no contexto político dos países da América Latina nesta época, os pesquisadores começaram a observar os movimentos sociais a partir das implicações que as mudanças políticas causavam na forma que estes movimentos se organizavam. Esta atenção se deve também ao fato dos movimentos sociais constituírem em si uma explicação para as transformações e conflitos políticos e culturais da sociedade civil brasileira em determinados períodos históricos. O presente trabalho, então, pretende analisar certas mudanças ocorridas nos repertórios de ação dos movimentos sociais a partir da década de 80 e sua relação com a institucionalização dos movimentos sociais e com atores e organizações político-partidárias. Além disso, o trabalho busca ainda compreender os conflitos existentes entre os movimentos sociais e as estruturas dominantes que são confrontadas. Para tal realizamos um estudo comparativo entre os movimentos sociais da década de 80, 90 e 2000 da cidade de Aracaju - SE. Isso foi possível através de uma coleta de notícias de protestos públicos, manifestações de rua, assembleias gerais nos principais jornais locais, que forneceram dados para construção de um banco de dados no programa de análise SPSS. Os resultados encontrados permitiram perceber que atualmente os atores dispõe de outros recursos como a internet para se mobilizarem. Da mesma forma, observou-se que há uma rede entre os grupos de movimentos sociais que se articulam em cenários políticos diferenciados e nos meios virtuais. Este estudo é importante por que demonstra as novas configurações dos movimentos sociais na sociedade civil brasileira, mais especificamente na cidade de Aracaju/SE. 114 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão IV: Políticas Públicas – instituições e atores sociais Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Fabiana Luci de Oliveira (UFSCar) A IDEOLOGIA DOS JORNAIS CARVALHO, Rodrigo de (PUC/SP) [email protected] A análise do papel dos meios de comunicação impressos na formação do pensamento hegemônico da sociedade contemporânea no Brasil, através de uma identificação das atuais caraterísticas da luta de ideias a partir de uma nova realidade política; a definição ideológica e os compromissos dos meios de comunicação; as principais contradições entre interesses econômicos dos jornais e o jogo de poder; o alcance atual dos jornais e a influência na formação da opinião pública são os elementos principais que este trabalho procura demonstrar através de verificações teóricas bibliográficas e demonstrações de argumentos baseados nos editoriais dos jornais Folha de São Paulo, O Globo e O Estado de São Paulo, três dos principais veículos de comunicação no Brasil. A base teórica sobre o conceito de hegemonia é formado a partir do filósofo Antônio Gramsci. O papel ideológico dos jornais se estabelece a partir da ideia de neutralidade que os veículos de comunicação tentam imprimir à sociedade. A partir da nova composição de governo, fica a questão se os meios de comunicação, destacadamente os jornais impressos ainda cumprem o papel de formadores de opinião na sociedade, capazes de influenciar nas decisões políticas das instituições? Os jornais se transformaram em partidos de oposição ao governo? A relação entre poder e jornais altera o conteúdo jornalístico das publicações? O elemento central do estudo é verificar as práticas de poder, a luta de ideias na sociedade e a respectiva disputa ideológica na sociedade brasileira na atualidade. INFORMAÇÃO: o caminho para a reivindicação de políticas públicas de cultura com equidade de acesso DANTAS, Daniele Cristina (ENCE/IBGE) [email protected] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) A elaboração de políticas públicas demanda que o planejador tenha informações sobre o espaço sobre o que deseja que sua ação organizada seja aplicada, da mesma forma que necessita de informações sobre os meios necessários para atuar em dado local. No processo de implantação e execução das políticas públicas, a informação se apresenta como ferramenta importante nos processos de gestão, no monitoramento e ajuste de rotas, assim como nos processos de avaliação da política implantada. De acordo com dados do Ministério da Cultura e do IBGE, nota-se que, na área cultural no Brasil (assim como em algumas outras), as políticas públicas apresentam um histórico de concentração de investimento na região Sudeste e nos centros urbanos quando em outras regiões. Baseado neste cenário a proposta deste trabalho é apresentar reflexões sobre a importância da informação para o planejamento e monitoramento das políticas públicas 115 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar de cultura ampliando a reflexão para s conflitos gerados no campo simbólico ao se privilegiar uma região em detrimento de outras; assim destacar o papel de estatísticas e indicadores culturais contextualizando a forma como tais informações qualificadas dão suporte a processos de reivindicação e validação de discursos na busca por equidade de acesso a direitos constitucionais, como é o direito a cultura. A leitura crítica de referências teóricas acerca das temáticas da política pública, do acesso cultura e dos direitos culturais e do uso de estatísticas e indicadores nos processos de gestão e de lutas por direitos sociais serão a base metodológica do trabalho. A INTERAÇÃO ENTRE OS SENADORES BRASILEIROS NO PROCESSO DE PROPOSIÇÃO E JULGAMENTO DE PROJETOS DE LEI MAUERBERG JUNIOR, Arnaldo (EAESP/FGV) STRACHMAN, Eduardo (FCLAr/UNESP) [email protected], [email protected] O comportamento parlamentar brasileiro vem sendo bastante estudado nos últimos anos. Autores como Fernando Limongi, Argelina Figueiredo, Carlos Pereira, José Cheibub, Timothy Power, entre outros apresentam uma série de estudos com o foco maior no presidencialismo de coalizão brasileiro: sua estabilidade, meios de manutenção, principais atores, etc. Dentro deste escopo, o comportamento dos Deputados Federais tem sido massivamente estudado. Nota-se, entretanto, certa escassez de análises referentes aos outros agentes parlamentares, a saber, os Senadores. Desta feita, o foco deste estudo é analisar como interagem os Senadores brasileiros no âmbito das comissões fixas daquela casa de leis. O trabalho busca apresentar as ligações entre os agentes e aprofundar, na medida do possível, quais são as características em comum que permitem a observação de tais contatos. O foco do estudo reside exclusivamente sobre os Senadores, excluindo seus contatos com demais agentes públicos. Os objetivos do estudo são: montar a rede de contatos entre os Senadores Brasileiros no período da 52ª Legislatura. Identificando tendências, relações esperadas e não esperadas; e apresentar as características da produtividade parlamentar no escopo tratado, apontando os Senadores mais atuantes e as comissões mais movimentadas. A metodologia empregada é a Análise de Redes Sociais (Social Network Analysis), com a qual serão apresentadas figuras de interação, semelhantes a mapas, onde os agentes podem ser observados interagindo entre si. O objeto de estudo para a obtenção de tais figuras (ou grafos como na terminologia adequada) é o parecer oferecido por dado Senador a um projeto de lei de algum colega seu. 116 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar POSSIBILIDADES E OPORTUNIDADES DE ATUAÇÃO POLÍTICA: estudo sobre a formação do grupo de trabalho de ações afirmativas no processo de reivindicação por cotas de ingresso na UFRGS PROLO, Felipe (UFRGS) [email protected] CNPQ Tratou-se de uma pesquisa de mestrado sobre o processo de formação de um coletivo de estudantes da UFRGS, intitulado Grupo de Trabalho de Ações Afirmativas, que se propôs a estudar e reivindicar a implementação do sistema de cotas na referida instituição, entre 2005 e 2007. Buscou-se fatores que explicassem sua ocorrência no contexto estudado, envolvendo os indivíduos participantes e as condições estruturais da instituição que permitiram seu surgimento. Aliando teorias sobre a ação social, a partir da constituição de “projetos” individuais e coletivos, e sobre ações coletivas, a partir da noção de “estrutura de oportunidades polìticas”, procurou-se captar o que concedeu sustentação a esta organização. Com entrevistas orais semiestruturadas com os membros do grupo, obteve-se informações sobre suas experiências educacionais e coletivas, projetos pessoais em relação à universidade, as formas de contato com o tema das cotas e os processos que os levaram a tornarem-se participantes do grupo, bem como a atuação neste no processo que perdurou até a aprovação da medida na universidade, momento após o qual o grupo se desfez. A conclusão a que se chegou é a de que a pauta “cotas” foi - enquanto instrumento para reivindicação em torno do qual convergiram as insatisfações e objetivos difusos de seus membros, conferindo sustentação à organização - menos do que por seu conteúdo intrínseco (percebido enquanto pauta viável para o exercício da mobilização), adotada pelos membros do grupo como forma de atribuírem significados às suas atuações enquanto estudantes universitários. Demonstrou-se que são nas situações sociais que se produzem os fundamentos para o surgimento de ações políticas que buscam suas transformações, e fez pensar sobre a situação do universitário brasileiro atualmente. AS IMPLICAÇÕES SOCIAIS DAS POLÍTICAS DE ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL: concepções, práticas e perspectivas RABESCO, Rafaela (UFSCar) [email protected] Diante da discussão histórica acerca da função social da escola no Brasil, nos chama a atenção que na atualidade a criação de diversas políticas públicas vem sendo embasadas no binômio: educação integral/educação em tempo integral. A partir disso, este projeto tem como objetivo central analisar o processo e as implicações sociológicas das políticas públicas brasileiras de implementação da Escola em Tempo Integral. Partindo da análise de documentos e relatórios oficiais, e da revisão bibliográfica sobre o tema, os pontos a serem analisados de maneira geral são: a) em que medida as influências externas do Banco Mundial atuam na elaboração e implantação das políticas sociais (educacionais) no Brasil; b) se há uma transformação nas expectativas\funções da escola como instituição social e em que sentido ela ocorre; c) em que medida esse modelo expõe a contradição fundamental da escola hoje, atribuindo-lhe o papel de contenção da 117 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar violência\criminalidade, como espaço da “guarda” de crianças em situação de vulnerabilidade social, ao passo que busca formar mão de obra para o mercado de trabalho; d) quais são os impactos na sociabilidade dos sujeitos envolvidos nesse processo (alunos, professores, pais e gestores) em relação a perspectivas a respeito das mudanças no regime escolar. Por fim, esta pesquisa, de caráter qualitativo, (através de entrevistas e observações) analisa a relação entre os aspectos formais e a realidade identificada, bem como seus limites e potencialidades, diante da implantação, em 2012, da primeira Escola em Tempo Integral em Araraquara. JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA COMO BUSCA DE UMA MORALIDADE POLÍTICA: um estudo sobre a Lei de Ficha Limpa ROCHA, Décio Vieira da (UENF Darcy Ribeiro) [email protected] FAPERJ O presente trabalho tem como objetivo descrever e refletir sobre a crescente participação do Judiciário nas decisões políticas no Brasil, processo conhecido como “judicialização da polìtica” como forma de ter subsìdios teóricos e analìticos pra compreender o processo que derivou na Lei Complementar n°135, conhecida popularmente como a “Lei de Ficha limpa”. A lei de ficha limpa acompanha o processo de crescimento da atuação do Judiciário e o maior envolvimento que a sociedade civil tem tido a partir de uma extensão da esfera pública. Assim sendo, tentamos compreender qual foi o contexto que possibilitou essa lei, quais são as implicações da mesma no sistema eleitoral, e como ela modifica o jogo das relações de poder entre os diferentes atores políticos. O PROBLEMA POLÍTICO DA JUVENTUDE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO RUGGIERI NETO, Mário Thiago (UNESP) [email protected] CAPES O presente trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão teórica sobre a constituição de um novo campo de reflexão e prática políticas na sociedade brasileira, o campo das políticas públicas de juventude. Desde meados da década passada assistimos no Brasil um crescente interesse em torno da juventude e de seus “problemas”. Notadamente a partir do primeiro governo Lula, uma série de marcos legais e normativos começam a dar contornos a uma inédita política nacional de juventude, a qual passa pela definição dos direitos intrínsecos à este segmento populacional. Segue-se assim em debate legislativo o Estatuto da Juventude, cujo escopo deverá servir como fundamento e diretriz legal para formulação de políticas públicas. Há ainda, por parte de movimentos sociais e do meio acadêmico, certo consenso em relação à necessidade de reconhecimento das especificidades dos jovens. Enfim, de uma maneira geral, pode-se verificar um movimento de reflexão e incorporação da juventude ao hall de “problemas sociais” com os quais nossa sociedade deve saber lidar. A juventude, além de ser uma condição biológica, é uma condição social, produzida e experimentada no interior da 118 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar dinâmica de relações em uma sociedade determinada. Como instituição, sobre ela projetam-se expectativas e ideologias, das quais os indivíduos ora se afastam, ora se aproximam em sua vida concreta. De alguma forma, a juventude, experiência variável e socialmente determinada, vem sendo alvo e justificativa de ações e tomada de decisões políticas. Este trabalho buscará analisar em que medida a juventude, como condição biológica e social, representa um problema político, em torno do qual se definem as políticas públicas. JORNAL MOVIMENTO: um ensaio sobre as frentes-jornalísticas na transição política brasileira SEVES, Natália Cabau (UEL) [email protected] Ao redor daquilo que Gramsci denomina Jornalismo Integral (“revistas tìpicas”) constituem-se círculos de cultura que buscam criticar os trabalhos produzidos em gestão colegiada por cada redator/a individual contribuindo-se, daí, a instituir uma nova competência técnica e política para um trabalhador/a-intelectual coletivo/a que o/a eleve ao nível do/a mais bem-preparado de todos/as. É dessa forma de gestão colegiada, presente nos círculos de cultura de Gramsci, que se aproxima a experiência do frentejornalismo no Brasil no combate à Ditadura Civil-Militar. O presente projeto de pesquisa tem como proposta inquirir a história social e política do jornal-frente Movimento, uma organização com seus limites expandidos –ou seja, um jornal que pretendeu funcionar como uma concepção ampliada de partido–, para trazer à tona contribuições desta organização para a história dos grupos sociais subalternos e possibilitar a explicação ∕ compreensão que se-a eleve do abstrato (conceito) ao concreto (real). INTERNET E CAMPANHAS ELEITORAIS: uma relação dialética nas eleições 2012 em Natal/RN SILVA, Maria Aparecida Ramos da (UFRN) [email protected] O mundo contemporâneo passa por inúmeras transformações sociais, impulsionadas sobremaneira pela expansão das Tecnologias da Informação e Comunicação, em um novo momento da Modernidade. Essas ferramentas ganharam visibilidade na eleição de Barack Obama, em 2008, nos Estados Unidos. No Brasil, um dos reflexos foi minirreforma eleitoral, liberando o uso da internet para propaganda política, por meio de blogs, redes sociais e sítios de mensagens instantâneas. No entanto, percebe-se que a utilização dessas mídias no contexto eleitoral não diminui a necessidade de utilização do formato tradicional de fazer campanhas políticas, principalmente, a televisão. É uma relação dialética, já que as grandes coligações que estão à frente das pesquisas eleitorais nem sempre têm o melhor desempenho nesses espaços. Dessa forma, este estudo visa analisar como os web sites e redes sociais oficiais foram utilizadas pelas candidaturas majoritárias nas eleições municipais em Natal/RN, em 2012, delimitando e definindo sua importância no processo. 119 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar ENSINO SUPERIOR PÚBLICO BRASILEIRO: a estrutura da política de expansão ZAMBELLO, Aline Vanessa (UFSCar) [email protected] CAPES Nos últimos anos, o debate sobre o papel das políticas públicas tem levado em consideração a sua capacidade de promover empoderamento e capabilities e modificando a perspectiva liberal do Estado. No Brasil temos ainda um cruzamento com o Estado como promotor do bem-estar coletivo – a trajetória do novo desenvolvimentismo. Um termo síntese mais recente para esse processo em curso no Brasil é o de configuração de uma engenharia democrática inclusiva (como sugerido por Cepêda), que tem como marco inicial a Constituição Federal de 1988 e é acelerada pela onda de mudanças na democracia participativa e políticas públicas de proteção e promoção de igualdade. Como exemplo deste processo, apontamos a expansão do ensino superior público através do REUNI e PROUNI, a democratização do acesso a vagas as IFES através de Ação Afirmativa (reserva/cotas) e adoção do ENEM e SiSU como formas de promoção de igualdade. Todas essas políticas têm focos e estratégias diferentes, atuando de maneiras distintas, oscilando entre a redistribuição direta de bemestar e de capitais sociais/capabilites. Neste trabalho pretendemos apresentar uma análise do estado da arte desta política no Brasil, no formato de descrição anatômica do processo de expansão em suas características fundamentais: 1) quantitativa: vagas e instituições; 2) geográfica e federativa: interiorização, projetos em fronteiras, campi em periferias e 3) de acesso a inclusão social (cotas/reserva de vagas). 120 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS Sessão I: Diversidade Religiosa Contemporânea Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/ Marília) CHINESES NO RIO DE JANEIRO: notas sobre nação, território e identidade através da prática comercial e religiosa ARAUJO, Marcelo da Silva (Colégio Pedro II) [email protected] Constituído em parte por reflexões genéricas sobre a presença de imigrantes chineses no Rio de Janeiro e em parte pelo resultado de pesquisa etnográfica com chineses evangélicos, pretende-se abordar está presença quanto aos seus aspectos comercial e religioso, dimensões que se imbricam para formatar as utilizações práticas e as representações simbólicas das noções de nação, território e identidade. As interpenetrações entre estas devem ser compreendidas à luz do conceito de identidade sem territorialidade, que proporciona a leitura da inexistência da fixidez destas noções na realidade contemporânea do grupo. Assim, tais categorias surgiriam menos como demarcadores de realidades concretas e mais como noções que se fundem no estrangeiro e que só têm significado quando consideradas as novas filiações e as estratégias para recomposição do ser chinês. ÑE‟ Ë: a corporalidade guarani através de sua religiosidade BERTAPELI, Vladimir (UNESP) [email protected] CAPES No pensamento Guarani há uma ligação entre “alma” e “fala”. A categoria nativa que melhor expressa isso é ñe‟ ë e significa “palavra”, “voz” e, ao mesmo tempo, “alma”. A palavra é de origem divina e é comum aos deuses e aos homens. É ela que anima o corpo, pois o nascimento é o momento em que a palavra se assenta ou provê para si um lugar no corpo da criança. Portanto, é por meio da palavra que o indivíduo se mantém em pé, que o humaniza. Além disso, a etnologia sobre os Guarani aponta que a corporalidade destes está vinculada à religião. Esta, por sua vez, influencia as regras de cuidados, nas explicações sobre as causas das doenças e suas curas, os períodos de resguardo, o uso de enfeites, à educação, etc. Diante do exposto, nesta comunicação faço alguns apontamentos sobre a noção de corpo existente entre os Guarani. Para isso, busco analisar seus cantos sagrados que podem ser encontrados em “Ayvu Rapyta: textos míticos de los Mbyá-Guarani Del Guairá” e “As lendas de criação e destruição do mundo como fundamento da religião dos Apapocuva-Guarani” –, copilados respectivamente por Léon Cadogan e de Curt Unkel Nimuendaju. Por fim, faço ainda uma comparação de tais cantos com as narrativas míticas contadas pelos meus 121 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar interlocutores Tupi Guarani da Terra Indígena Piaçaguera, localizada no litoral de São Paulo. A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RELIGIOSOS NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO JÁCOMO, Luiz Vicente Justino (USP) [email protected] CNPq Através deste paper propõe-se a discussão sobre a prestação de serviços religiosos através de entidades organizadas e confessionais dentro da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP). Através dos dados obtidos em pesquisa etnográfica realizada junto a esta instituição, foi possível identificar quatro grupos ou associações de caráter religioso que ali atuam, a saber: PMs de Cristo, de caráter evangélico; os PMs à Caminho da Luz, de orientação espírita kardecista; os PMs de Axé, adeptos de religiões afro-brasileiras; e a Capelania Católica da PMESP. Cada um desses grupos organiza atividades, promove eventos e reuniões e participa ativamente do cotidiano dos policiais militares, seja na fase de formação de novos policiais nas academias ou no trabalho de rua dos policiais militares. O objetivo aqui, de forma mais específica, é abordar as formas através das quais estes grupos fornecem, cada qual à sua maneira, serviços de aconselhamento, orientação e amparo psicológico aos policiais militares. As hipóteses tratadas aqui dizem respeito ao fato de que há, de certa forma, uma reorientação ou uma ressignificação do próprio trabalho policial que advém do contato ou do pertencimento destes policiais a tais grupos religiosos. “SE A ESCOLA NÃO FALA DA MINHA RELIGIÃO, ELA ME CALA TAMBÉM”: experiência religiosa dos estudantes no IFBA/Salvador MAGALHÃES, Rafaela Melo (UNEB) [email protected] CAPES As reflexões apresentadas constituem parte da pesquisa de mestrado, desenvolvida no programa de Mestrado em Educação e Contemporaneidade – PPGeduc / UNEB, cuja investigação visa compreender as estratégias realizada pelos estudantes que servem de mediação na aquisição do conhecimento formal, frente às suas experiências religiosas. A pesquisa foi estruturada em duas etapas: uma de caráter quantitativo (mapeamento de pertenças religiosas) e a 2ª etapa, de cunho qualitativo. Os dados apresentados, portanto, constituem parte da pesquisa qualitativa, com observação participante, realização de grupo focal (grupos de discussão) com estudantes previamente selecionados, realizada entre dezembro e janeiro de 2013. As problemáticas levantadas para os grupos foram: Religião se discute na escola? Como e de que forma? A escola está preparada para lidar com a diversidade religiosa? Vocês percebem conhecimentos adquiridos na escola que tem concordância ou divergem com/dos seus princípios religiosos? Quais? Como agir diante de tais situações? Para os estudantes, o IFBA não abre espaço para questões religiosas, nem em projetos específicos, nem no espaço da sala de aula. O silenciamento 122 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar frente a experiência religiosa, os afeta diretamente. Além disso, podemos concluir que para, os estudantes, a escola não lida com as questões religiosas, não valorizando as individualidades e a unidade dos sujeitos; 2- os professores são/ estão despreparados pala lidar coma diversidade religiosa, agem muitas vezes, de forma discriminatória e preconceituosas; 3- para eles, a religião é instrumento importante na aquisição do conhecimento, seria então, interessante e útil que a escola aprende-se a lidar com essa questão. A PRESENÇA DA RELIGIÃO EM AÇÕES DOCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL MAK, Denise (PUC/SP) [email protected] CAPES O presente estudo tem por finalidade investigar se a religião tem sido abordada dentro do âmbito escolar por agentes educacionais, especificamente de educação infantil, no município de São Paulo. Com base nas contribuições de Bourdieu (2004) e Fernandez Enguita (1995), há a pretensão de coleta de informações sobre como educação e religião tem se interligado dentro da escola pública laica contemporânea. Nesse sentido, serão colhidas informações sobre tais ações e analisadas à luz das perspectivas que consideram a religião como um bem simbólico reproduzido dentro da escola especificamente como forma de violência simbólica, considerando o fato dos agentes sociais veicularem o forte aspecto cultural brasileiro da religião nessa instituição. Para tanto, serão realizadas observações e coletas de materiais nos diferentes lugares da escola. A REALIDADE RELIGIOSA DO BRASIL: UMA LEITURA DO CENSO DEMOGRÁFICO DE 2010 MARTINS, Marques Alves (PUC/Goiás) [email protected] O presente artigo é uma análise sócio antropológica da realidade religiosa brasileira a partir dos dados estatísticos levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2010. O que se pretende apresentar é como a sociedade brasileira em plena era de „modernização‟ e secularização trabalha ou reage com os resultados obtidos pela pesquisa do Censo Demográfico de 2010. Para tanto, vamos lançar mão de renomados autores das mais variadas áreas do saber, como por exemplo, antropólogos, sociólogos, filósofos e cientistas da religião, na perspectiva de melhor elucidarmos essa teia de relações em que se configura nossa sociedade brasileira. Demonstraremos e evidenciaremos alguns dados numéricos do Censo Demográfico de 2010, para assim, confrontá-los com as teorias e princípios elaborados e defendidos por tais autores, na perspectiva de que esse novo “olhar favoreça um diálogo” aberto e crescente no que tange às práticas e crenças religiosas presente no cenário nacional e até mesmo latino-americano. Palavras-chaves: realidade brasileira; religião; secularização. 123 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar JUVENTUDE E RELIGIÃO: as novas formas de crer da juventude na contemporaneidade OLIVEIRA, Wellington Cardoso de (UFG) [email protected] A religião sempre teve um papel de destaque na vida dos indivíduos, principalmente no que tange a formação de uma visão de mundo e de sua organização. No caso da juventude, por muito tempo a religião herdada dos pais, sempre teve enorme influência na forma com que os jovens viam e percebiam o mundo. Entretanto, nas últimas décadas tem sido possível perceber transformações na forma com que os jovens e expressam e reafirmam suas crenças religiosas. O presente trabalho pretende discutir o lugar da religião na vida dos jovens, e como a juventude atual tem expressado sua religiosidade. Para isso, utilizar-se-á dados recentes do censo do IBGE sobre religião e sua configuração na sociedade atual. RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE UNIVERSITÁRIA NA AMÉRICA LATINA: reflexões a partir da Universidade Federal de Minas Gerais/Brasil PINHEIRO, Marcos Filipe Guimarães (OTIUM-UFMG) [email protected] Este trabalho pretende discutir as recentes alterações no âmbito religioso entre a juventude universitária na América Latina, sobretudo no contexto brasileiro, tendo como ponto de partida a UFMG. Torna-se necessário estudar como jovens de diferentes credos religiosos articulam em suas experiências universitárias elementos do mundo secular. Em períodos de pós-modernidade, um novo e revigorante fôlego vem sendo dado às diferentes maneiras de se relacionar com o religioso. Mesmo entre jovens, em décadas passadas tidos como militantes políticos, desinteressados pela religião, ela está bem viva e atuante, tanto na esfera privada quanto na pública, revigorada em suas diversas e múltiplas epifanizações. Até mesmo, e cada vez mais, no ambiente que se cobrava cético, racional e cientìfico: as universidades. Essa “cientificidade” presente nas universidades, extremamente valorizada, requerida e cobrada atualmente, pode ser considerada reflexo de objetivos apresentados no último século, época tida como a da razão. Período que buscava e anunciava uma hegemonia da ciência e maneiras de explicar o mundo inteiramente desencantadas, já desprovidas da necessidade de apelo à magia, ao sobrenatural, às explicações que escapam do controle racional. Entretanto, as universidades brasileiras estão repletas de grupos religiosos que se reúnem para orar, cantar, missionar, entre outros, ocupando diversos espaços. A universidade, enquanto espaço de desdobramentos de processos de escolarização e de formação profissional, sofre interferências inúmeras, de diversas ordens sociais, culturais e políticas. E dentre essas, são afetados também pela religião, pelas crenças do indivíduo, uma vez que a religiosidade pode estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações no ser humano; ajustar as ações, os comportamentos e conduzir condutas. 124 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PESSOA E SOCIEDADE: diálogos e desafios antropológicos ROSA, Patrícia (UNESP) [email protected] A presente pesquisa tem como tema as diferentes concepções de pessoa no pensamento antropológico. Buscaremos problematizar o conceito de pessoa presente em Marcel Mauss com a discussão de Norbert Elias sobre a relação indivíduo e sociedade, convergindo, dessa forma, para um alargamento da categoria antropológica outrora proposta pelo etnólogo francês. Apesar de pertencerem a diferentes tradições intelectuais, os autores concordam que os diversos aspectos inerentes ao indivíduo – físico, psíquico, social e histórico – operam a partir de uma interação entre si e com a totalidade. Assim, tanto Mauss quanto Elias afirmam que o indivíduo não pode ser compreendido isoladamente e que sua relação com a sociedade é a chave para a discussão dessa temática. Tal questão é contemplada quando estamos em campo entre os sujeitos dessa pesquisa: um grupo de religiosas da Ordem de Santa Clara enclausuradas em um mosteiro localizado na cidade de Marília, região Centro-Oeste do estado de São Paulo. Observando que o confinamento em uma instituição fechada suscita uma reconfiguração de relações, funções e papeis sociais, buscaremos compreender a noção de pessoa para esse grupo a partir da relação indivíduo e sociedade, desnaturalizando, assim, o abismo que aparentemente existe no mundo contemporâneo entre ambos. Exploraremos a temática em questão por meio da Antropologia Interpretativa proposta por Clifford Geertz, no intuito de contribuir com estudos para o campo das teorias antropológicas. PÔSTER CANDOMBLÉ EM LONDRINA: análise histórica e social do processo de luta e resistência BAPTISTA, Jamile Carla (UEL) [email protected] Esse trabalho visa analisar a questão histórica e social dos terreiros de Candomblé na cidade de Londrina – Paraná. Partindo da premissa que a cidade em questão a ser estudada tem sua formação no começo do século XX, mais precisamente nos anos 30, entendemos que Londrina está inserida em processo de colonização tardia, esse processo tem como característica a grande presença negra em sua história, esses negros vieram para Londrina com a propagada realizada pra recrutar mão de obra. Fato notório e necessário ressaltar que alguns negros que aqui chegaram trouxeram consigo as religiões de Matriz Africana, Candomblé e Umbanda. Sendo assim esse trabalho visa analisar a implementação das primeiras casas de Candomblé na cidade e como essas interagem com o espaço e com o território em questão. A análise também é feita no âmbito das questões raciais, no qual, é analisado qual a relação estabelecida pelos Yálorixa e Babalorixa em relação ao posicionamento do preconceito sofrido na implementação das casas. Por fim necessário trabalho é realizado um catálogo sobre os terreiros e seu posicionamento geográfico na cidade em questão. Esse levantamento foi realizado nos últimos dois anos e catalogado de maneira simples que dão um sentindo 125 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar nessa pesquisa. Esse lavamento é feito mediante as demandas solicitadas nos últimos anos sobre o estudo das religiões de Matriz Africana no Brasil. A cura pelas mãos: A imposição das mãos nas religiões cristãs e no Reiki CAMARGO, Bruna Quinsan (UFSCar) MESQUITA, Carla F. C. (UFSCar) MARTINS, Marília S. (UFSCar) NUNES, Matheus C. (UFSCar) GRUPIONI, Tatiana (UFSCar) [email protected]; A imposição das mãos é utilizada por diversas crenças e religiões como formas de transmitir ou se ligar a uma Força Maior. Ela pode estar relacionada à cura (física, psicológica ou espiritual) ou ao pedido de que todas as coisas cooperem para o bem daquele que a recebe. No catolicismo e no pentecostalismo a imposição das mãos é usada na bênção, e no espiritismo é usada no passe. Também se faz uso dela na prática do Reiki. A bênção é entendida de forma diferente em cada onda do Pentecostalismo e no Catolicismo, mas todas têm como base as palavras do Evangelho, que dizem que Jesus curava com as mãos e que seus apóstolos deveriam fazer o mesmo. “Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos 16:17-18). No Catolicismo e no Pentecostalismo a bênção pode ser entendida como uma ligação entre Deus e seus fiéis para que sejam realizadas obras nas suas vidas. O Sacerdote exerce a função de canal entre Deus e o fiel e pela imposição de suas mãos é derramada a unção divina. O passe espírita é realizado a partir da imposição das mãos sobre o paciente, para transmitir energia do passista, das espiritualidades ou da soma de ambos com a finalidade de cura.O Reiki consiste na transmissão da Energia Universal pela imposição das mãos do Mestre para o paciente, com o intuito de cura de enfermidades e disfunções. Há divergências e convergências entre essas formas de cura pela imposição das mãos. O Mestre Reiki, assim como o Sacerdote cristão, serve como um canal, o que diferencia o Reiki e a bênção do passe, pois neles a energia vital do mestre e do sacerdote não é transmitida, mas sim a Energia Universal e o Espírito Santo. 126 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Mudanças e Controvérsias Evangélicas Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Dr.ª Claudirene Aparecida de Paula Bandini (UFSCar) NEOPENTECOSTALISMO E A “ESCOLA DO AMOR”: o papel das representações de gênero para o projeto-político- assistencial da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) AZEVEDO, Pedro Costa (UENF) BARBOSA, Julia Guimarães (UENF) [email protected], [email protected] FAPERJ O presente trabalho surge a partir de reflexões obtidas durante a realização da pesquisa iniciada no ano de 2009 intitulada Ações assistencialistas e atuação política: considerações sobre a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Campos dos Goytacazes-RJ. Buscamos, sobretudo a partir da observação etnográfica, identificar os artifìcios utilizados para a composição de um projeto polìtico/assistencialista “iurdiano”. A consolidação desse projeto converge na configuração de uma agenda religiosa voltada para mobilização de diversos temas que possibilitem o proselitismo denominacioal o qual se estrutura através da elaboração de discursos que fortalecem e valorizam determinadas práticas sociais. O programa The Love of School torna-se então um campo de investigação para entendermos melhor como se configuram as identidades de Gênero vinculadas pela IURD. É possível identificar o papel estratégico na consolidação da ideia de família calcada no modelo patriarcal, e dentro dele o papel da mulher como mantenedora dos laços matrimoniais. No mundo ocidental, a construção da identidade feminina, entendida como construção de gênero, efetivou-se em grande parte dentro dos quadros de pensamento cristão, tendo como referência fundamental a sexualidade. Embora se dirijam a todos os cristãos – homens e mulheres – e a castidade e a abstinência sejam recomendadas para ambos, percebe-se no discurso da IURD a construção de um modelo desejado de identidade feminina ancorado na negação da sexualidade. Atrelado à honra masculina, o padrão de comportamento sexual requerido para as mulheres ainda se define por aquelas antigas noções de recato e pudor, tendo como consequência a desqualificação moral daquelas que não os seguem, com consequências práticas sobre seus direitos como cidadãos (Lima, 2005). CONCEPÇÃO DE CULTURA E RELIGIÃO DE GEERTZ APLICADA À ANÁLISE DO NEOPENTECOSTALISMO CESARINO, Flavia Tortul (UNESP) [email protected] O Protestantismo tem sido alvo de diversos estudos há algum tempo, porém, a continuidade dos mesmos se faz necessária devido ao grande número de adeptos que têm crescido nas duas últimas décadas no Brasil. Segundo dados obtidos pelo Censo do 127 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar IBGE de 2010, os evangélicos no Brasil já somam 22,2% da população, sendo que 60% deles são de origem pentecostal, 18,5% evangélicos de missão e 21,8% evangélicos não determinados. Observa-se assim que as Igrejas Pentecostais e as Igrejas Neopentecostais concentram o maior número de fiéis. O fenômeno social a ser analisado neste trabalho é o Neopentecostalismo, alvo de diversas classificações, objeto de apropriações e sincretismos que nos remetem à própria cultura brasileira, isto é, este fenômeno é uma expressão cultural que possui influências estrangeiras (como será observado no conjunto de suas práticas religiosas e sua origem histórica), mas, para que se possa compreender a construção do Neopentecostalismo, fruto da cultura brasileira, é necessário primeiro compreender o conceito de cultura, neste caso, no sentido antropológico, ou seja, desde a origem da utilização do conceito pelos antropólogos evolucionistas, até a interpretação mais moderna do conceito de Cultura cunhado por Clifford Geertz, e também como o mesmo concebe o conceito de Religião, para que se possa analisar o Neopentecostalismo sob a ótica deste autor. Além disso, o próprio Neopentecostalismo bem como sua caracterização também serão alvo de investigação neste artigo, tendo como base o pensamento do sociólogo Ricardo Mariano. Portanto, através de pesquisa bibliográfica e analítica, isto é, com um bom arcabouço teórico, este trabalho tem por objetivo compreender principalmente os conceitos de cultura e religião de Clifford Geertz, com o auxílio do diálogo com alguns autores, tais como com um comentador de Tylor e Franz Boas, o próprio Tylor e Durkheim, para interpretar este fenômeno social tão em voga atualmente, que é o Neopentecostalismo. NOVA TOLERÂNCIA INTOLERANTE: MUDANÇAS DE RELAÇÕES DE GÊNERO NAS ASSEMBLEIAS DE DEUS COSTA, Otávio Barduzzi Rodrigues da (Universidade Metodista) [email protected] IEPG A intenção deste trabalho é mostrar as mudanças ocorridas no cenário Pentecostal Brasileiro em especial as Assembleias de Deus. Para ser mais especifico há de se mostrar aqui as mudanças diversas relacionadas aos costumes, teologia, ética e rituais que as Assembleias de Deus e algumas igrejas que se espelham nelas estão passando. Em especial enfocar-se-á nesse trabalho as mudanças em relação a gênero, tais como ordenação de pastoras, mudanças no sentido familiar do papel da mulher, mudança nos sentido midiático, mudanças no discurso, na valorização da mesma dentre outros apontamentos de gênero do que era há 15 anos atrás e de como é agora. O objetivo é apontar as diversas mudanças que esse grupo tem passado e mostrar as causas e influencias tais como a mídia e a teologia da prosperidade tem se infiltrado em organizações religiosas que antes não aceitavam tais influencias. Ocorre que tais influencias tiveram um impacto grande nas relações de gênero que pretendem ser apontadas, mas não esgotadas. A metodologia usada é observação participante. Chegamos à conclusão de que os autores tradicionais não mais alcançam as rápidas e diversas mudanças pelas quais estas instituições têm passado, sem o entanto desconsiderar a grandessíssima contribuição deles, porém necessário se faz, ao analisar o fenômeno do pentecostalismo novas lentes de pesquisa. 128 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E A IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS GALLO, Fernanda Vendramini (UEL) [email protected] CNPq Este trabalho consiste em um estudo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, denominação do segmento protestante neopentecostal cujo crescimento é um dos mais significativos no Brasil. O estudo foi realizado na cidade de Londrina mediante análise dos dados coletados em campo, uso de material bibliográfico e entrevista com o Bispo da Universal desta cidade. A pesquisa parte do pressuposto que as diversas modificações no campo religioso brasileiro, como a desmonopolitização da Igreja Católica, a conquista da liberdade religiosa e sua acentuada pluralidade, permitiram a outras organizações religiosas se expandirem e buscarem legitimidade social e estabelecimento de uma presença institucional. A Igreja Universal do Reino de Deus é um exemplo que, por meio da sua influência religiosa e dos seus poderes econômico e político, bem como pela utilização dos meios de comunicação, soube explorar o meio cultural e socioeconômico em que estava inserida, conseguindo consolidar sua organização religiosa e conquistar sua legitimidade social. Deste modo, após as análises e interpretações sobre a construção do discurso iurdiano e da teologia da prosperidade, é possível entender que a atuação desta igreja torna-se mais atraente dentro da diversidade religiosa brasileira e conquista mais fiéis por se adequar a sociedade de consumo. A RELIGIOSIDADE EVANGÉLICA E O NEOLIBERALISMO: relações de interdependência MORAIS, Edson Elias de (UEL) [email protected] CAPES Discutimos neste artigo a religião enquanto fenômeno social que se manifesta dialeticamente com a sociedade, isto é, mantém uma relação de influência permanente com a sociedade e é influenciada por ela. Analisamos a religiosidade evangélica contemporânea a partir da contribuição da sociologia da religião. Procuramos perceber o grau de influência existente entre essa religiosidade e a realidade brasileira, marcada pela desigualdade política, econômica e social, mas que está imbuída pela ideologia do neoliberalismo, que prega riqueza, individualismo e competição. Para isso, fundamentamo-nos na perspectiva do materialismo histórico, que tem por princípio explicativo a contradição, mas não desconsideramos as questões subjetivas envolvidas nas religiosidades. Nosso objeto foi a religiosidade evangélica contemporânea, na qual procuramos perceber, diante da pluralidade de manifestações, uma caracterização singular. Para isto, fizemos observação de campo nos cultos e entrevistas com os pastores em segmentos distintos a priori, localizados em Londrina-PR, dos quais selecionamos a Igreja Assembleia de Deus, a Igreja Nova Aliança, a Igreja Presbiteriana do Brasil e a Igreja Universal do Reino de Deus, e comparamos os discursos para perceber em que medida o neopentecostalismo tem sido assimilado por outros segmentos evangélicos. A partir disto, entendemos que as igrejas evangélicas não podem mais ser classificadas como unidades identitárias, mas é preciso considerar as 129 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar singularidades locais de cada denominação, percebendo com isso o esgotamento das tipologias clássicas. Compreendemos que a característica das igrejas evangélicas tem sido o que denominamos de religiosidade neopentecostal meta-institucional, uma religiosidade focada no individualismo emocional e em questões morais. A RELIGIÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: o caso da relação imigração-pentecostalismo RODRIGUES, Donizete (UBI- Portugal) [email protected] A religião é determinante para a compreensão da vida social, das práticas institucionais, para entender as experiências quotidianas e os processos de mudança social, numa escala local, nacional e global. O fenómeno migratório internacional é extremamente importante na criação, expansão, dispersão e globalização dos novos movimentos religiosos, com um grande destaque para as igrejas (neo) pentecostais, abrangendo o triângulo religioso América Latina-Estados Unidos-Europa. O processo de globalização e os grandes fluxos migratórios transcontinentais provocam significativas mudanças sociais, culturais, religiosas e identitárias. A principal consequência deste fenómeno migratório é que as sociedades contemporâneas estão cada vez mais plurais, do ponto de vista étnico, cultural e religioso. A forte expansão pentecostal a partir da América Latina para os Estados Unidos e Europa ocorre dentro da denominada „reverse mission‟. Surgidas a partir do trabalho de evangelização do Protestantismo europeu e Pentecostal norte-americano, as igrejas evangélicas, principalmente brasileiras, consideram-se responsáveis pela importante «missão divina» de (re)cristianizar os Estados Unidos, que se desviaram da moral e da prática protestante e a Europa, que passa por um forte processo de secularização/laicização. O modelo de expansão mundial pentecostal segue normalmente as diásporas imigratórias, partindo das regiões periféricas (como a América Latina) para áreas centrais, nomeadamente EUA/Canadá, Europa e Japão. No caso específico do Pentecostalismo brasileiro, a expansão ocorre através do forte fluxo imigratório brasileiro, mas também através de missionários (católicos e principalmente protestantes) para essas regiões mais desenvolvidas que, extrapolando a «fronteira étnica brasileira», atuam com outros imigrantes e também com nacionais. COMUNIDADE QUILOMBOLA DEZIDÉRIO FELIPPE DE OLIVEIRA: compreendendo porque as igrejas evangélicas foram bem recebidas pelo grupo SARUWATARI, Gabrielly Kashiwaguti (UFGD) [email protected] CAPES Temos visto que o movimento pentecostal e as suas igrejas têm crescido significativamente nas últimas décadas no Brasil. Este fenômeno religioso já alcançou algumas comunidades tradicionais como os de remanescente dos quilombos. A exemplo disto, na cidade de Dourados no Mato Grosso do Sul, existe em sua zona rural uma comunidade quilombola cuja conversão às igrejas evangélicas se deu com quase todos 130 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar os seus membros. O reconhecimento da comunidade enquanto remanescente de quilombos aconteceu em 2005 quando seus membros já haviam se tornados “evangélicos”. Anteriormente católicos, o grupo chegou a celebrar por décadas a festa de Folia de Reis, em homenagem a São Sebastião, o padroeiro da comunidade. Atualmente, a festa não acontece mais e a Igreja que mais se destaca dentro da comunidade é a Adventista do Sétimo Dia. A família com o maior poder político perante os “de fora” é a que frequenta esta igreja e, realiza há muitos anos, seus cultos de modo peculiar: na varanda de suas casas e sem a presença de pastores. Esta mesma família foi à única que não se dispersou para o centro da cidade nem para outras cidades, permanecendo todos no território. Portanto, o que se objetiva neste trabalho é entender o papel social e também político que a igreja, principalmente a Adventista do Sétimo Dia, tem desempenhado na vida desses indivíduos. Pois, para o que está sendo proposto, se faz fundamental compreender como a religião tem contribuído para a manutenção e coesão da comunidade. Os dados recolhidos em campo têm mostrado que a nova religião representou melhoras significativas seja na saúde, na educação e na socialização do grupo – entre outros aspectos. Tais considerações podem, também, contribuir para o entendimento de outros grupos e sociedades tradicionais como esta. PÔSTER AGÊNCIA E PENTECOSTALISMO: uma análise das relações de gênero na Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) CARVALHO, Joyce Gomes de (UFRRJ) [email protected] FAPERJ Este trabalho tem como objetivo analisar as relações de gênero na Igreja Evangélica Assembleia de Deus dos Últimos Dias, localizada na Baixada Fluminense (RJ). O recorte de gênero surge a partir do cenário na ADUD: expressivo número de homens na composição de membros. Tendo em vista que historicamente as igrejas pentecostais possuem na composição de seus membros maior predominância de mulheres, esse fenômeno pode ser compreendido a partir do trabalho missionário (ou resgate, como é usado pelas lideranças e membros) desenvolvido em presídios e comunidades de baixa renda do estado. A existência de tensões no campo dos estudos de gênero, no que tange a esfera religiosa, está em se pensar à presença de um conservadorismo religioso, que por vez, reflete na negação da liberdade das mulheres, acionando o status quo de irracionalidade. Esse viés analítico corrobora, até certo ponto, em minha análise, que parte do pressuposto de que as doutrinas, previamente instituídas pela ADUD, reproduzem uma prática normativa que determinam a partir do sexo, o desempenho de papeis de gênero, reproduzindo a hierarquização das relações sociais. Porém, o esforço reflexivo busca trazer para a discussão o conceito de agência abordado em paralelo ao conceito de resistência, como chave interpretativa para as relações de gênero observadas na ADUD, distanciando-se da leitura interpretativa realizada sob a ótica feminista. 131 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar ESTUDO DA RELAÇÃO DE ADAPTAÇÃO NAS DIFERENTES VERTENTES DO PENTECOSTALISMO BRASILEIRO: análise da Igreja da Onda de Cura Divina Deus é Amor e da Onda Neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus SABADIN, Ana Carina (UFSCar) SANTANA, Heythor (UFSCar) TAVARES, Laila (UFSCar) FRAGALLE, Letícia (UFSCar) MAGALHÃES, Marina (UFSCar) ANTONI, Pietro (UFSCar) DE PAULA, Raul (UFSCar) [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] [email protected], [email protected], [email protected] A partir dos resultados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, obteve-se mais uma comprovação da consolidação do crescimento da população evangélica no país, sendo que, a maioria das pessoas que se declarara evangélica, são de origem pentecostal. Apesar da origem em comum, o Pentecostalismo brasileiro é segmentado, havendo, além de diferenças na pregação, concorrência entre as diferentes vertentes. Paul Freston escreve sobre três principais ondas que surgiram em contextos históricos específicos: a Clássica, a Cura Divina e a Neopentecostal – termo criado por Ricardo Mariano. Este trabalho tem como principal objetivo a realização de uma análise da visão das Igrejas da Cura Divina em relação às Igrejas Neopentecostais, e como elas se adaptaram para não perderem fiéis para a terceira onda. Para isso, usar-se-á como base para a pesquisa, além da pesquisa bibliográfica, a realização de estudos de casos em duas Igrejas pentecostais na cidade de São Carlos/SP: a Igreja da onda de Cura Divina Deus é Amor e a da onda Neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus. Sessão III: Diferentes Faces do Catolicismo Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati (UFG) LINGUAGEM E GESTOS NA GLOSSOLALIA: o falar em línguas como experiência e crença religiosas em uma Comunidade da Renovação Carismática Católica ALMEIDA, Detian Machado de (UNEB) SOUZA, Sueli Ribeiro Mota (UNEB) [email protected], [email protected] O falar em línguas estranhas é um fenômeno que pode ser encontrado em diversas comunidades religiosas. Neste estudo, a glossolalia é entendida como linguagem e gesto, onde o corpo participa ativamente da aprendizagem do fenômeno e da 132 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar experiência vivenciada da pessoa. Objetivo: descrever a cena de uma manifestação do falar em línguas enquanto experiência religiosa em um grupo da Renovação Carismática Católica da Paróquia Nossa Senhora do Resgate, no Bairro Cabula, na cidade de Salvador, Bahia e descrever a glossolalia enquanto crença religiosa do grupo. Segundo Durkheim, as crenças religiosas fazem parte de um sistema de ideias e hábitos que fazem exprimem nas pessoas o grupo ao qual faz parte. Método: para a descrição da cena, foram observadas as disposições corporais que constituíam a cena no momento da glossolalia. Também foram percebidos o habitus presente no grupo, bem como a descrição fonética – fonológica. Resultados: foram percebidas disposições corporais que demarcavam a hierarquia dos atores presentes nas cenas. Havia gestos similares, que constituíam um habitus do grupo. No campo fonético – fonológico, foi detectada a predominância das consoantes líquidas /l/ e /r/. Conclusões: Notou-se que, mesmo cada membro tendo sua própria experiência no falar em línguas, houve pontos em comum no campo dos gestos e da linguagem. Há, portanto, uma modelagem corporal, um habitus, no grupo estudado. Por fim, pode-se dizer que a glossolalia faz parte da crença religiosa do grupo, uma vez que o grupo a reconhece enquanto marcadora do Espírito Santo posto em movimento. “OS FILHOS DE FRANCISCO”: gênero/poder nas ordens católicas de Marília-SP BERTO, Vanessa de Faria (UNESP) [email protected] Através do diálogo interdisciplinar entre a Antropologia, a Sociologia, a História, o presente projeto, que se refere à minha atual pesquisa de doutorado, toma por base o mundo de significados que emerge do cotidiano das Congregações Católicas do município de Marília-SP e procura refletir acerca da construção das identidades do feminino e do masculino e suas múltiplas implicações nas mais diversas instâncias do social, pressupondo articulações entre práticas culturais, estruturas sociais e relações de poder. A pesquisa se propõe a entender as dinâmicas das relações de gênero dentro de congregações católicas de uma determinada sociedade (no caso, a cidade de Marília-SP) – espaços onde decisões políticas são tomadas – e captar os “processos invisìveis” dos quais homens e mulheres, membros do clero católico, utilizam para subverter os diversos obstáculos que inevitavelmente se interpõem em seus caminhos, antes de alcançar os níveis nos quais a influência e a autoridade são exercidas. Enfim, compreender a forma como clérigos e clérigas estabelecem relações no âmbito religioso e público, como transpassam a barreira do “permitido” pelas representações culturais e o quão custoso significa romper com o tradicional. IGREJA CATÓLICA E SECULARIZAÇÃO POLÍTICA: as tentativas eclesiásticas de controle dos corpos e dos sexos COSTA, Guilherme Borges Ferreira (USP) [email protected] O foco desta investigação está em observar, sociologicamente, algumas possibilidades que a obra de Foucault nos fornece para uma “história do presente” dos atuais posicionamentos políticos da hierarquia católica, especificamente no que tais 133 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar posicionamentos concernem à efetivação ou não de direitos sexuais e reprodutivos no Brasil. Trata-se de mostrar a utilidade investigativa do arcabouço conceitual foucaultiano para uma análise da atitude clerical atual em relação a esses novos campos de legalidade, no interior dos quais entra em jogo a competência dos sujeitos na condução de seus afetos. Mas não só o trabalho de Foucault parece ser ótimo para uma pesquisa dos posicionamentos católicos sobre sexo e reprodução, como também parece ser de grande valia quando a ideia é observar as razões pelas quais a Igreja Católica do país perde gradativa influência na regulação sobre esses campos. No contraste esboçado por Foucault entre as formas de subjetivação da Antiguidade e do cristianismo - e na articulação desse contraste para uma caracterização do que constitui o ethos da modernidade -, encontra-se aí todo um novo filão para se pensar temas como secularização e laicização latino-americanas por vias não convencionais. ENTRE A EXPERIÊNCIA E A RELIGIÃO: comparando Brasil e Portugal por meio das vigílias de carismáticos católicos FEITOSA, James de Sousa (UNESP) [email protected] A presente pesquisa, que perpassará a Renovação Carismática Católica (RCC) em Portugal, é parte de uma pesquisa principal que tem como objeto as vigílias de oração nos montes realizadas por carismáticos católicos em algumas cidades do Brasil. No âmbito brasileiro, a pesquisa tem interpretado as vigílias como experiências religiosas relativas às situações e performances liminares, próprias de uma contemporaneidade marcada por tensões entre o tradicional e o novo, em que se ressignificam e se reinterpretam aspectos presentes no campo religioso. Considerando o mesmo contexto contemporâneo, a pesquisa terá como objetivo central observar a presença ou ausência de situações e performances liminares como as vigílias nos montes por parte de carismáticos católicos portugueses, para que se possa, em seguida, fazer comparações entre os dois países e tentar melhor compreender o fenômeno na realidade brasileira. Sabe-se que a religião é um universal cultural, mas sua vivência e forma têm diferentes expressões em cada cultura. Nesse sentido, propõe-se uma análise comparativa entre o catolicismo carismático brasileiro, centrado na experiência liminar e performática, em que a figura do leigo ganha destaque e o laço hierárquico é frouxo, permitindo inclusive o surgimento de vigílias nos montes, e, o universo carismático português, essencialmente religioso, tradicionalista, caracterizado por uma forte ênfase devocional no ritual litúrgico, de um contexto em que o movimento carismático tem pouca penetração na hierarquia e com fronteiras estabelecidas com os evangélicos. 134 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar REPRESSÃO E CENSURA AO SEMINÁRIO CATÓLICO O SÃO PAULO (1972-1978): as demandas populares fomentadas pela Teologia da Libertação LANZA, Fabio (UEL) GUIMARÃES, Luiz Ernesto NEVES JR, José Wilson A. BRITO, Anderson Pereira CORRÊA, Vinícius Soares [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] [email protected] O presente trabalho analisa a partir da pesquisa documental as matérias censuradas do jornal O São Paulo, meio de comunicação impresso e semanal da Arquidiocese de São Paulo. Na década de 1970 os governos vinculados à Ditadura Militar instalaram a “censura prévia” na Edição d‟O São Paulo, essa fase estava vinculada ao governo de Dom Paulo E. Arns frente à Arquidiocese de São Paulo. Sob a égide da Teologia da Libertação houve a busca de entender e formular respostas às novas demandas oriundas da cidade que se constituía, paradoxalmente, com a riqueza e a pobreza, tendo em vista o crescimento econômico e as mazelas sociais. Nesse contexto o discurso de lideranças católicas ligadas à Teologia da Libertação, viés religioso que foi elaborado na América Latina a partir da década de 1960 e que buscou estabelecer uma análise crítica à uma sociedade cujas desigualdades sociais eram facilmente evidenciadas nas matérias censuradas do Semanário. As análises das fontes documentais trazem uma crença religiosa distante dos valores do catolicismo romanizado. Na perspectiva da Teologia da Libertação, religião e política estabeleceram maior proximidade na América Latina, uma parte do clero e dos teólogos da libertação propunham um novo formato de Igreja, buscando uma identidade a partir das demandas populares, que no jogo político institucional foi desvalorizado e não obteve apoio do discurso oficial do Vaticano. Pode-se concluir que houve uma releitura e valorização da Declaração dos Direitos Humanos (ONU-1948), em que o Brasil e o Vaticano são signatários, em favor da ruptura com a política de Segurança Nacional e a repressão aos movimentos sociais: trabalhadores, estudantes, associações de bairro, indígenas e trabalhadores rurais. O EMPREENDEDORISMO ECONÔMICO-TELEVISIVO NO CATOLICISMO BRASILEIRO PLACERES, Giulliano (UFSCar) [email protected] A religião é um fenômeno com significativa presença na sociedade contemporânea, cujas formas de manifestação aumentaram e se diversificaram. Empreendimentos como emissoras de televisão, rádio e portais da internet fazem com que a maioria das instituições religiosas não se estabeleçam somente em suas estruturas físicas na busca por mais adeptos. Há um conjunto de relações sociais e econômicas envolvidas nesse processo. As vastas redes de indivíduos interligados na comunicação social compreendem clérigos e leigos voluntários, profissionalizados e empresários de negócios midiáticos. Este trabalho se volta para os principais veículos comunicativos 135 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar católicos, do ponto de vista econômico, enfocando seus líderes e grupos empresariais envolvidos. A pesquisa envolve os principais aspectos das relações sociais estabelecidas nesses empreendimentos e a partir deles, bem como o que eles representam para a Igreja Católica no contexto do mercado religioso brasileiro. FORMAÇÃO SACERDOTAL E TRABALHO RELIGIOSO NO UNIVERSO CATÓLICO ROSSI, Renan (UFSCar) [email protected] Para a sustentação ou expansão de uma igreja dentro de um campo ou mercado religioso, uma das coisas mais importantes é que esta igreja - além de manter ou mesmo expandir seus espaços físicos e suas fileiras de seguidores -, venha também a garantir um quadro de ministros razoável para atender às suas próprias demandas e a de seus fiéis. A manutenção de um quadro de sacerdotes ministeriais não se limita a ter certo número de "pastores" ou "padres" para cumprir com os trabalhos religiosos, administrativos ou de aconselhamento interpessoal, mas encerra a qualificação desta mão-de-obra ministerial, de modo que os funcionários do Sagrado possam atender a estas demandas com competência o bastante, a ponto de cativar "as almas" dos seguidores (efetivos ou em potencial) daquela igreja, de tal forma que estes não se sintam "tentados" a procurar outra denominação religiosa que possa lhes oferecer serviços religiosos mais adequados às suas necessidades. Neste ponto se dá a importância da formação dos futuros sacerdotes. A comunicação oral aqui proposta trata das especificidades da formação dos sacerdotes católicos que compõem o clero secular (ou diocesano). A partir da experiência da Diocese de São Carlos/SP, procura-se nesta comunicação analisar quais as dinâmicas, configurações, atores e conjunturas que envolvem as instituições educacionais referentes ao processo de formação presbiteral católica; no caso, os institutos de Filosofia, os seminários e as casas de formação. IMPLICAÇÕES DO TRABALHO ASSISTENCIAL DE DUAS ENTIDADES CATÓLICAS PAULISTAS SILVA, Mariana Gama Alves da (UFSCar) [email protected] O termo terceiro setor é relativamente novo no Brasil e significa a mescla de trabalho voluntário com atividade remunerada, portanto um setor que se situa entre o público e o privado. Nesse setor, boa parte das iniciativas assistenciais é realizada pela Igreja Católica, que viu seu espaço diminuir com a entrada de iniciativas de outras instituições religiosas e com o aumento de serviços estatais nessa área. Portanto, analisar o modo como essas diferentes instituições em conjunto com o setor público vem atuando no terceiro setor contribui para compreender a presença e evolução da religião na esfera pública. Esse trabalho discute aspectos de entidades assistenciais originadas de instituições cristãs brasileiras, tendo o foco em duas entidades católicas: o Arsenal da Esperança e a Instituição Padre Haroldo Rahm. Aborda o dia-a-dia dessas entidades, os serviços prestados, trabalho e a motivação dos voluntários, bem como sua atuação junto em fóruns e redes de organizações na esfera pública. 136 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PÔSTER AS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE E A EXPANSÃO DO TURISMO RELIGIOSO MORENO, Pedro (UFSCar) [email protected] O presente trabalho elucida o panorama da realização das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) a partir das últimas experiências, em Sidney (Austrália - 2008) e Madri (Espanha - 2011), porém com foco fundamental na edição do Rio de Janeiro (Brasil 2013). Esse movimento, iniciado em 1986 pelo papa João Paulo II em Roma, ganhou força e importância no calendário cíclico de eventos da Igreja Católica. Passou a reunir milhões de pessoas nas cidades sede em cada edição. Esse cenário conformou uma oportunidade ímpar de fluxos de investimentos e ganho de influência na batalha do mercado religioso. Em 2013 no Rio de Janeiro, segundo expectativa do comitê de organização local, espera-se em torno de dois milhões e meio de jovens de todas as regiões do Brasil e do mundo, público e movimentação financeira que equiparam a JMJ aos demais grandes eventos que acontecerão no Brasil, como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos. A transição e as esperadas transformações do controle da Igreja Católica além da primeira viagem apostólica do papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano, motivam ainda mais os chamados peregrinos. A escolha do Rio como a sede da JMJ carrega consigo inúmeros significados, pois segundo dados do Censo-IBGE de 2010 verificou-se elevação no número de protestantes e dos que se declaram "sem religião" no estado. Diante desses fatores, o trabalho busca intersecções entre o fenômeno religioso e práticas empreendedoras e comerciais, tendo em vista a concomitante realização da "Expocatólica", maior feira empresarial do seguimento católico. O trabalho aborda ainda a estrutura preparatória e os negócios de turismo voltados a atender esse mercado em franca expansão e organização no Brasil, além dos interesses e relações das esferas de governo com o evento. RENOVAÇÃO DO CATOLICISMO BRASILEIRO, ADAPTAÇÃO AO MERCADO RELIGIOSO E APROPRIAÇÃO DE PRINCÍPIOS EVANGÉLICOS NA MISSA TRADICIONAL OLIVEIRA, Heythor Santana de (UFSCar) OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de (UFC) [email protected] A igreja católica, assim como outras instituições sociais, se adapta as alterações trazidas pela modernidade decorrente do século XX, com a expectativa de renovar e manter seu quadro de padrão de fieis. Cria-se assim, uma tensão entre tradição e modernidade repercutindo em alterações no catolicismo. Esse trabalho debate sobre o caráter permeável do catolicismo, no recorte brasileiro, decorrente das transformações estruturais do século XX e XXI, e da aproximação da igreja católica a alguns princípios da crença evangélica. A decorrente perda de fiéis católicos para as igrejas de origem evangélica em território brasileiro obriga o catolicismo a buscar uma apropriação de algumas características típicas dos cultos Pentecostais e neopentecostais, afastando alguns princípios da missa do catolicismo tradicional, como forma de atrair fiéis. Assim será analisada a reformulação da própria missa católica tradicional, principalmente sobre a vertente da relação evangélica com a renovação carismática da Igreja católica. 137 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Essas modificações serão descritas e analisadas sobre a formulação dessas novas características do catolicismo brasileiro através da análise bibliográfica que debate sobre o assunto, derivado da perspectiva de alteração estrutural descrita por essas modificações. Para entender essas modificações será feito um estudo de caso sobre a Arquidiocese da cidade de Fortaleza – CE. Esse recorte foi escolhido, pois Fortaleza é exemplo de uma arquidiocese que foi liderada por Aloisio Loicheider (nomes de referência da teologia da Libertação no Brasil), e agora tem fortes movimentos carismáticos como o “Shalom” e a “face de Cristo”. PRESENÇA INSTITUCIONAL CRISTÃ NO CONJUNTO DE ENTIDADES TERAPÊUTICAS DE TOXICÔMANOS ROSA, Lucas Rogério (UFSCar) [email protected] O trabalho assistencial na sociedade brasileira ainda é significativamente marcado pela presença cristã. A Igreja Católica foi precursora das atividades assistenciais neste país, bem como em muitos outros. Ela proveu educação, saúde e assistência social, permanecendo quase absoluta nesse campo até o final do século XIX, quando o Estado começou a se responsabilizar de fato por tais serviços públicos. Mesmo perdendo espaço, a igreja prossegue realizando trabalhos assistenciais, disputando espaço também nesse quesito com denominações evangélicas e instituições espíritas kardecistas. As entidades assistenciais religiosas compõem com outras seculares o chamado terceiro setor e estão no escopo do projeto de pesquisa “Cristianismo no Brasil em suas feições econômicas e assistenciais com derivações polìticas”, apoiado pela FAPESP, do qual este trabalho decorre. O trabalho advém do levantamento e da análise da presença de entidades assistenciais católicas, evangélicas e espíritas na Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT), e também no Senso das Comunidades Terapêuticas no Brasil, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD). Avalia-se as peculiaridades e similitudes das entidades religiosas nesse universo de organizações não governamentais. Sessão IV: Religião e Política Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília) REDE DE MULHERES DE TERREIRO DE PERNAMBUCO: Estado, políticas públicas e religiões afro-brasileiras ALCHORNE, Murilo de Avelar (UFPE) [email protected] Buscaremos fazer uma reflexão da relação entre religiões afro-brasileiras e política no Brasil contemporâneo a partir da Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco (REMTEPE), surgida em 2006, em um esforço conjunto do Movimento de Mulheres Negras/MNU. A REMTEPE vem ocupando um espaço significante que perpassa todos 138 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar os níveis governamentais, resultando do impacto de políticas públicas de combate à desigualdade racial implementadas durante o governo Lula, que estabeleceram, como uma das prioridades, as questões das “religiões de matriz africana e comunidades de terreiro”, dentre as quais, priorizando o Candomblé. As “religiões afro-brasileiras” estariam hipoteticamente em um caminho através do qual podem deixar de ser vistas e valorizadas apenas no nível cultural simbólico, para se constituir em um espaço político impulsionador de mudanças significativas na posição relativa dos segmentos negros e mestiços da população na estrutura social do Brasil. Assim, buscaremos compreender o significado da relação entre a REMTEPE-Estado brasileiro a partir de duas questões perenes na história brasileira, mas que possuem especificidades no presente: 1) o problema da integração do negro e das “religiões afro-brasileiras” na sociedade de classes e no Estado democrático, e 2) o Candomblé como construção de África, essa, elemento central na constituição de uma identidade racial-nacional brasileira, que serve tanto para os movimentos negros como também está atrelada aos projetos políticos de desenvolvimento econômico e à construção do lugar que o Brasil busca ocupar na política/economia internacional, principalmente no tocante à penetração econômica de empreendimentos brasileiros em África, a partir do combate ao racismo. UMA ANÁLISE SOBRE PODER-RESISTÊNCIA DE LÍDERES FEMININAS PENTECOSTAIS BANDINI, Claudirene A. P. (UFSCar) [email protected] Como parte de uma pesquisa de doutorado intitulado, Costurando Certo Por Linhas Tortas: um estudo de práticas femininas no interior de igrejas pentecostais, o presente ensaio se propõe, a partir da construção teórica de gênero e sociologia da religião, apresentar as práticas cotidianas de resistência e insubordinação às relações sociais que identificam as mulheres à esfera doméstica e familiar; portanto uma discussão sobre o poder-dominação entre líderes femininas pentecostais e líderes masculinos em torno do poder religioso institucional. A fim de levantar alguns pontos de reflexão em relação ao processo de construção e articulação das relações entre poder e resistência de gênero na religião, três igrejas pentecostais foram investigadas, e, em todas elas o discurso oficial reproduzia a ideia de que a capacidade de engravidar torna as mulheres fisicamente incapazes de assumir algum tipo de cargo e de exercer algum tipo de atividade na igreja, quando comparadas aos homens. Essa noção fortalece a associação entre a dominação masculina e o poder religioso, pois a cumplicidade da própria comunidade e também das mulheres permite que os homens se embasem nestes argumentos para legitimarem suas posições na Igreja a partir da dita “fragilidade inata” das mulheres e diminuir a concorrência pelo status religioso. Os elementos da “ideologia da natureza feminina” comprovam que os homens não desejam perder o tipo de atenção e os serviços pessoais que ainda estão habituados a receber de suas mães, esposas ou irmãs. Não reforçar essa ideologia, abriria a possibilidade de perderem esse estilo de mulheres, pois o empoderamento permitir-lhes-ia conquistar espaços e direitos, antes usufruídos somente por eles. 139 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar POLÍTICAS PÚBLICAS COMPENSATÓRIAS E RELIGIOSIDADE AFRICANA CARVALHO, Bárbara Hilda Crespo Prado de (UENF) [email protected] Esse artigo visa estabelecer uma relação entre políticas públicas compensatórias e autoafirmação identitária quilombola a partir das religiões de matrizes africanas, uma vez que se percebe a religiosidade como elemento central para construção dessa identidade. Percebemos que tais práticas religiosas constituíram um forte elemento de resistência da herança cultural, representando uma ponte entre as adversidades instantâneas provocadas pela escravidão e sua identidade por meio das reconstruções simbólicas de seus elementos, possibilitando a sobrevivência da cosmologia, organização social e valores diferenciados das sociedades europeias. Dessa forma, busca-se discutir a atuação das políticas públicas nos mecanismos mantenedores do racismo, entendendo raça para além de uma perspectiva biológica, na contemporaneidade e a importância da valorização da cultura negra no reconhecimento do seu passado histórico - mantido pela religião - para a autoafirmação, em que o quilombola seja sujeito de direito, e a desconstrução do racismo no Brasil. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA E A PARTICIPAÇÃO DOS EVANGÉLICOS CASSOTA, Prisilla Leine (UFSCar) [email protected] Este artigo tem como objetivo elucidar sobre a atuação política de parlamentares ligados às denominações pentecostais, da 16º Legislatura, da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. Como o papel de atuação do parlamentar é extremamente vasto, inicialmente, pretendemos dar atenção não às proposituras desses agentes, mas sim ao seu poder de não aprovar leis. Para tanto, realizamos uma busca, principalmente, no site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - www.al.sp.gov.br, onde são publicadas as atas das sessões plenárias, contendo as votações dos deputados estaduais e as proposições destes deputados. No decorrer da pesquisa, ao analisar as atas das sessões plenárias, em que ocorreram as votações nominais, não encontramos nenhum tipo de organização dos parlamentares evangélicos em bancadas, ou algum tipo de organização desse grupo que estivesse ligada ao pentecostalismo. Dessa forma, fez-se necessário reformular as questões e a hipótese proposta inicialmente, de maneira que passamos então a analisar o discurso desses políticos evangélicos em sites de relacionamentos como também direcionamos nosso olhar para as proposituras destes. Assim, podemos concluir que, apesar de grande parte do discurso político que envolve a atuação desses deputados ser direcionado para um eleitorado que se identifique com o cristianismo pentecostal, a atuação destes, na prática, pouco pode ser identificada com o pentecostalismo. De modo geral, esses deputados acabam votando segundo, cada qual, com o seu partido político, não existindo nenhum tipo de organização desses evangélicos, como em “bancadas” dentro da Assembleia Legislativa, para tentar, normativamente, impor os seus ideais pentecostais. 140 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A POLÍTICA RELIGIOSA “EVANGÉLICA”: o comportamento das lideranças protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral nas eleições de 2010 COSTA, Rogério da (UEL) [email protected] A presença de representantes religiosos (evangélicos) no cenário político nacional em diversos estados demonstram a força desse segmento junto à população e reforça a sua posição de ator político considerável na atual conjuntura política. Esse segmento em suas tipologias e interpretações de mundo, apresentam um quadro não mais espiritual somente. Partindo desta constatação, este trabalho se propõe a realizar uma reflexão do atual contexto político e social referente à relação entre os religiosos na política, buscando compreender: a que ponto estes em sua práxis movida pela sua visão de mundo, pelo discurso de seus líderes religiosos e segundo seus interesses particulares, corroboram para a conquista ou não de um representante político em determinado pleito. Tomaremos por base, o ocorrido nas eleições de 2010, onde, houve um grande levantamento de religiosos (evangélicos e Católicos) demonizando a postulante Dilma Rousseff ao pleito de presidente do Brasil por uma série de posicionamentos que, segundo eles; ferem os ensinamentos bíblicos. As principais questões em debate foram: “a legalização do aborto” e a “união civil entre homossexuais”, pontos amplamente discutidos e divulgados pela mídia. Motivados por estas questões, a eleição de 2010 ficou profundamente marcada por razões morais religiosas e acabaram por mudar o discurso dos candidatos no segundo turno das eleições. Este ensaio também faz um levantamento bibliográfico da história do PT - Partido dos Trabalhadores desde a constituinte, tendo em vista que o mesmo sofreu nas campanhas eleitoras disputadas por seu maior representante, Lula, que naquele momento histórico representava a esquerda. Sem o apoio dos religiosos, Lula e o partido procuram a cada campanha eleitoral se aproximar do voto religioso, e com o desgaste do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula consegue se eleger presidente apoiado pelas denominações com forte poder midiático no Brasil; IURD e Assembleia de Deus. Nas eleições de 2010, os religiosos temendo à aprovação de lei que regulariza a união civil entre homossexuais e a descriminalização do abordo, levantam-se contra o PT, divulgando vídeos e pregando nos púlpitos de todo o país que o PT era o "partido da morte". Nas eleições de 2010 com a perda parcial do voto cristão, o Partido dos Trabalhadores busca através dos militantes políticos em todo o território nacional desfazer o "mal entendido". Nisso a candidata Dilma que segundo as pesquisas se elegeria no primeiro turno começa a mudar sua agenda e seu discurso tentando então reconquistar o voto religioso. É neste ínterim que o artigo transcorre, onde a Religião e religiosidades não definem uma campanha, contudo ela se faz presente e marcante instrumentalizando a religião e a política. Não diferente, nesses dias temos visto uma “guerra” declarada entre os polìticos representantes do segmento religioso buscando seu espaço num estado laico e lutando com os seguimentos liberais da sociedade. A pesquisa esta em andamento e pode levantar questões relevantes para seu desfecho. 141 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E O DISCURSO ORAL DE LÍDERES RELIGIOSOS: católicos paulistanos e protestantes londrinenses (1964-1985) GUIMARÃES, Luiz Ernesto (UEL) LANZA, Fabio (UEL) BOSCHINI, Douglas Alexandre (UEL) [email protected], [email protected], [email protected] Esta pesquisa apresenta como objetivo o estudo analítico e interpretativo sobre o discurso oral de líderes religiosos sobre a Teologia da Libertação. As fontes orais foram membros do clero da Igreja Católica da cidade de São Paulo e de igrejas protestantes de Londrina-PR, no período da ditadura militar (1964–1985). A pesquisa analisou de forma comparativa como a difusão da Teologia da Libertação ocorreu de formas diferentes em regiões metropolitanas do país. Analisou-se e interpretou-se o discurso do clero que atuava na região metropolitana de São Paulo, por meio de uma perspectiva metodológica qualitativa que privilegia a fonte oral, no caso, o “discurso-memória” e os arquivos do jornal Arquidiocesano O São Paulo. As expressões e versões emitidas pelos entrevistados são partes de suas vidas, dessa forma, toda análise e interpretação são por si mesmas um exercício que não pode perceber ou traduzir toda a profundidade vivida por essas pessoas. Foram entrevistados os sujeitos católicos: D. Paulo Evaristo Arns, D. Angélico S. Bernardino, D. Antônio C. de Queiroz e os protestantes: Carlos J. Klein, Julio Zabatiero, Gerson Araújo; Luiz Caetano G. Teixeira e Almir dos Santos. Nas investigações, ficou constatado que o discurso religioso sobre a Teologia da Libertação não é uníssono em relação a esse período político da história brasileira. Na Arquidiocese de São Paulo a Teologia da Libertação inspirou ações de fomento aos movimentos sociais, sindicais e partidários, bem como, promoção do processo de democratização e resistência às atrocidades militares. Pode-se perceber que a Teologia da Libertação em Londrina alcançou segmentos mais elitizados da religião protestante, se fazendo presente mais entre lideranças e professores de seminários, não atingindo a maior parte fieis. “PODERÁS PESCAR O LEVIATÃ COM ANZOL”: uma perspectiva da participação religiosa na política nacional MANDUCA, Vinicius (UFSCar) [email protected] A laicidade brasileira se deu não através de um processo histórico, mas de uma ruptura promulgada já na primeira constituição republicana 1891. Apesar de não ocasionar uma total separação entre a Igreja Católica e o Estado, a legalização permitiu o reconhecimento e o estabelecimento de novas instituições religiosas no espaço público nacional, abrindo caminho para a formação posterior do mercado religioso. Gradativamente, a religião vem perdendo seu caráter de hereditariedade, passando a compor um extenso campo de escolhas e disputando espaço com iniciativas seculares. Esse novo cenário obriga as igrejas a levarem a disputa religiosa para outras instâncias. Inicialmente a disputa atingiu o campo midiático mas, recentemente, tem se dado também no campo político. O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa FAPESP realizada entre 2011 e 2012, que buscou estabelecer um panorama da 142 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar participação religiosa na política brasileira através de um mapeamento realizado nas Câmaras Municipais das capitais estaduais, nas Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal. Além do panorama participativo o trabalho apresenta também quais são as formas de atuação e o perfil básico do político religioso brasileiro. VOTO RELIGIOSO E OUTRAS NUANCES: diferentes formas de utilização das redes interpessoais religiosas SÁ, Lucas dos Santos Cabral de (UFES) [email protected] A utilização eleitoral das redes interpessoais religiosas para se eleger um candidato constitui-se como um elemento fundamental no entendimento do fenômeno do voto religioso. Entretanto, devemos nos atentar para o fato de que, em cada igreja ou denominação, haverá diferentes mecanismos a serem acessados para se atingir tal fim. Assim, para que as redes interpessoais de uma igreja tradicional possam ser utilizadas a fim de se concentrar os votos dos fiéis em um candidato, os mecanismos mobilizados pelos atores envolvidos no processo serão distintos daqueles que costumam se processar em igrejas pentecostais e neopentecostais. Nas eleições de 2008 em Vitória - ES verificou-se que o então candidato a vereador Fabrício Gandini conciliou em sua estratégia dois elementos importantes que contribuíram para sua vitória: o uso das redes interpessoais religiosas de sua igreja (Igreja Batista de Jardim Camburi) e a ênfase na questão tributária, reforçada por sua participação no chamado „Movimento Pró-IPTU Justo‟ e explorada em sua campanha televisiva. Esta convergência sugere que poderia haver certos interesses coincidentes entre os fiéis de uma igreja evangélica tradicional e os eleitores de outros segmentos para além da igreja, além de sinalizar que a transmissão de influência dentro da igreja pode se dar de maneira distinta, se comparado a outras tradições do evangelismo. O PAPEL DE BILLY GRAHAM, JERRY FALWELL E PAT ROBERTSON NA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO NOS ESTADOS UNIDOS SOUZA, Marco Aurélio Dias de (UNESP) FINGUERUT, Ariel (UNICAMP) [email protected], [email protected] Os EUA como nação não se separam em nenhum momento da influência religiosa. O debate aparece dos pais fundadores aos momentos históricos mais decisivos (como a Guerra Civil e os atentados de 11.09.01), culminando em uma discussão teóricas e em consequências políticas e práticas concretas. Em termos teóricos há um forte debate que envolve conceitos como o de “Guerra Cultural” e do que seria um “conservadorismo genuinamente estadunidense” envolvendo tanto a política doméstica – principalmente quanto ao papel do Estado em temas como a separação entre Estado e Religião, política de impostos e de bem–estar social ou da própria ideia de “cultura americana”. A influência religiosa também aparece na política externa – em seu debate em torno do idealismo americano e sua busca por “mudança de regime” ou de “paz democrática” se pautando por um ideal de excecionalidade que em última instancia busca por uma legitimidade religiosa. Nesse trabalho buscaremos passar por este debate mais amplo 143 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar focando na trajetória dos três principais pastores do evangelismo contemporâneo nos EUA. Billy Graham, Jerry Falwell e Pat Robertson que não só foram centrais na história dos EUA dos últimos cinquenta anos e importantes pelo “despertar religioso” que suscitaram mas, sobretudo, porque os três, com diferentes agendas e estratégias se envolveram com a política (eleitoral). Neste sentido, enfatizaremos o envolvimento de Billy Graham com as “cruzadas” de evangelização, de Jerry Falwell com a criação da Liberty University a partir de 1971 e sua participação no movimento Moral Majority e de Pat Robertson com a fundação da Regent University, um desdobramento da Christian Broadcast Network (CBN) – um empreendimento midiático iniciado em 1978 que possui sede em vários países ao redor do mundo. RELIGIÃO, CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO E A FORMAÇÃO DO ESTADO LAICO TEIXEIRA, Jacqueline Moraes (USP) O tema aborto desperta amplo debate público ao abranger agentes de posições sociais distintas. No cenário atual os argumentos entendidos como religiosos e a discussão de algumas agências religiosas parecem centrais de modo a fortalecer, na arena política, o debate acerca da legitimidade das relações entre Estado e religião, bem como, da própria natureza do Estado laico. Este trabalho insere-se numa abordagem teórica que busca pensar a temática das relações entre religião e esfera pública, entendida aqui como um espaço de interações discursivas que se configura na medida em que algumas práticas cotidianas ganham visibilidade por meio de produção de controvérsias. Estabelecendo uma análise comparativa com a conjuntura social atual, que tende a interpretar a criminalização do aborto como um impedimento para o Estado Laico, apresento como recorte analítico o processo de criminalização do aborto na produção do código penal brasileiro ainda na década de quarenta, perpassando alguns discursos que defendiam e justificavam, tanto o controle do nascimento, como a criminalização do aborto como parte importante de um programa de fortalecimento e constituição de um Estado Laico. Com isso pretendo passar por algumas tensões discursivas e mudanças sociais que alteraram historicamente os sentidos políticos da criminalização da prática abortiva, que deixa de ser traço de reconhecimento jurídico de um Estado moderno para se tornar sinal diacrítico de risco aos ideias de um Estado laico. PÔSTER A BANCADA RELIGIOSA E O “KIT GAY”: elementos de um fazerpolítico cristão SABINO, Yuri (UEL) [email protected] O presente trabalho busca investigar as práticas e discursos presentes nos parlamentares da “Bancada Religiosa”, deputados ligados a denominações religiosas de matriz cristã, e seus embates com projetos de políticas afirmativas, sobretudo as de gênero. Para tanto, tal análise partirá das críticas deste referido grupo, ao projeto elaborado em 2011 pelo Ministério da Educação, intitulado “Escola Sem Homofobia” (recebendo a alcunha de Kit Gay por estes parlamentares), contendo uma cartilha a ser distribuída nas escolas 144 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar públicas do país, a fim de conscientizar e promover a igualdade de gênero, que, devido à pressão política desses parlamentares, fora vetado pela presidente Dilma Rouseff. Valendo deste caso, buscarei compreender e problematizar uma prática marcada pela hibridização entre a esfera religiosa e o campo político, caracterizada por uma formação discursiva baseada em preceitos morais, onde a posição política deste grupo se apresenta sob a forma de um dever moral-cristão. GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME Sessão I: Marginalidades e Formas de Gestão Social Dia 27/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar) VIOLÊNCIA E REFORMA DO SETOR DE SEGURANÇA: o caso da MINUSTAH no Haiti AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz (UNESP) [email protected] A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi criada em 2004 após grave crise interna provocada por grupos armados que resultou na queda do Presidente e sua saída do país. O mandato determinoiu que a operação de paz deveria garantir a segurança interna, realizar atividades de desenvolvimento institucional e atuar no campo do Estado de Direito. O primeiro objetivo significou estabelecer uma situação mínima de segurança no país, para permitir o auxílio ao governo haitiano na implementação de uma série de políticas públicas como forma de desenvolver o país, melhorar as condições de vida de sua população e dar estabilidade às suas instituições. Dentre as atividades no campo da segurança como forma de reduzir a violência foram inseridas a reforma da polícia nacional e dos sistemas judiciário e prisional. Com base na análise de documentos das Nações Unidas, especialmente as resoluções do Conselho de Segurança e relatórios do Secretário Geral, e de bibliografia especializada, o texto faz algumas considerações sobre as violência interna, operações de construção da paz, a situação do Haiti e a reforma do setor de segurança. Em seguida, apresenta as atividades desenvolvidas pela MINUSTAH para diminuir a violência, reformar a polícia haitiana e os sistemas prisional e judiciário. Concluindo, apresenta as dificuldades enfrentadas até 2012 para atingir esses objetivos. 145 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A URBANIZAÇÃO DOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS FECHADOS: uma análise do Dahma BIZZIO, Michele Rodrigues (UNESP) [email protected] CNPQ O fenômeno dos condomínios residenciais fechados tornou-se um dado de âmbito mundial, presente nas mais diversas metrópoles do mundo. No estado de São Paulo ele tem aumentado de maneira vertiginosa desde o início da década de 70 do século XX. Porém, este fenômeno não se limita à realidade das grandes cidades brasileiras. Desde os anos 1990 vem ocorrendo a sua migração para as cidades médias do interior paulista, reorientado o padrão de urbanização das cidades e consequentemente o seu sentido. O presente trabalho busca apreender os nexos existentes entre o processo de fortificação e o sentido que este confere para a cidade a partir da construtora Dahma, no espaço urbano da cidade de São Carlos. Para tal empreendimento são utilizados conceitos da teoria sociológica clássica que identificam na cidade moderna, ao dissolver os vínculos tradicionais e comunitários, a possibilidade de desenvolvimento autônomo do homem e a emergência de novos estilos de vida, assim como da segurança, da acessibilidade, da liberdade e da igualdade. E da teoria sociológica contemporânea, com ênfase na obra do sociólogo Zigmunt Bauman acerca da passagem da modernidade sólida para a modernidade líquida, a abordagem da cidade enquanto campo de batalha entre o poder local e o poder global que suscita a “mixofobia” – paradoxo entre os impulsos globais e locais, em que por um lado a cultura multiforme e plurilinguística da cidade tende a aumentar, e, por outro, o medo de se misturar com o outro também, possibilitando tendências segregacionistas e a construção de fronteiras. NOTAS SOBRE A GESTÃO DOS USUÁRIOS DE CRACK NA CIDADE DE SÃO PAULO SOUZA, Letícia Canonico de (UFSCar) [email protected] O presente trabalho discorre sobre a gestão dos usuários de crack na cidade de São Paulo, tendo como ponto de partida o plano "Crack, é possível vencer", constituído em nível nacional, o qual pretende a união de três eixos de ação: Autoridade, Cuidado e Prevenção. Focando as formas de atuação dos grupos profissionais, representantes de diversas lógicas estatais, diante dos usuários e usos do crack, fixando o olhar para a gestão praticada por estes. Com isso trata sobre as formas de atuação e conflitos entre diferentes saberes e abordagens diante dos usuários e usos da droga no âmbito do plano de "combate" ao crack no momento de sua implementação. Para tanto está sendo realizada pesquisa documental e de campo desde o começo do ano de 2013 com distintos agentes que trabalham na gestão do uso e usuários do crack, como policiais, assistentes sociais e agentes de saúde na região que ficou conhecida como “cracolândia”, no centro da cidade de São Paulo. 146 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar OCULTAR MOSTRANDO: a cobertura do crime no telejornalismo brasileiro CUNHA, Carolina Flores Marasco da (UFPel) [email protected] O presente trabalho busca refletir acerca dos pressupostos teóricos do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1997) a cobertura jornalística, especialmente a realizada pela televisão, sobre a ocorrência de determinados crimes. A observação se compõe pela identificação dos temas sobre o dado assunto e o correspondente viés apresentado pelo Jornal Nacional, telejornal de maior audiência da Rede Globo de Televisão – emissora que detém a centralidade midiática no país. O texto tem como por objetivo dialogar com a análise das estruturas participantes no processo de transmissão da informação através de seis reportagens colhidas do telejornal em determinado período específico. O desenvolvimento do estudo também possui como norte a dimensão de conceitos da globalização através de Ortiz (1994), onde os meios de comunicação estão submersos a uma realidade comercial e da “mentalidade-índice-de-audiência”. A pesquisa da mesma forma se apoia na utilização da abordagem teórica de Roland Barthes (1971), relacionada à categoria de fait-divers, da informação sensacionalista, e a de Douglas Kellner (2001), na qual se materializa a ideia exposta na contextualização sobre a cultura da mídia. As perspectivas apresentadas permitem a ancoragem para a relação aos resultados obtidos na interpretação das reportagens analisadas do telejornal. Diante disso, por meio das observações teóricas, a investigação tem ainda como finalidade realizar a aproximação de conceituações sociológicas às características da mídia que, por consequência, convergem para uma reflexão crítica dos meios de comunicação. COTIDIANO ENTRE-MUROS: a (re)significação do olhar a partir da arte e culturas marginais na prisão GUADAGNIN, Renata (PUC/RS) [email protected] CAPES Através do estudo proposto, objetiva-se realizar uma abordagem interdisciplinar da prática (sobre)vivida no Cárcere e o diálogo entre Arte e Direito. A expressão artística e cultural observada como forma de resistência/existência, demonstrando a possibilidade de ser/existir ainda que no interior das grades de um estabelecimento prisional. Buscase, dessa forma, permitir a (re)significação do olhar estigmatizado sobre o preso para um diálogo em alteridade, visando uma construção plural e crítica do pensar jurídico. Compreender a arte como meio para a ruptura das barreiras que separam a cidade e os muros do cárcere e uma (re)significaço do olhar sobre ele. Como instrumento de uma inserção, (re)conhecimento social, quebra dos estigmas atribuídos ao preso e novas formas de lidar com os refugos da modernidade e o tratamento penal quando da execução da pena, despertando para o cotidiano real do cárcere, com ênfase nos projetos desenvolvidos pela ONG Igualdade/RS no Presídio Central de Porto Alegre, e no projeto MCS Para Paz desenvolvido pela Coordenadoria da Juventude da SUSEPE-RS, na Penitenciária Modulada Estadual de Osório e em implementação na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos. Trata-se de pesquisa integrante do Programa de PósGraduação em Ciências Criminais da PUCRS em âmbito de Dissertação de Mestrado 147 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar iniciado em 2013/1, financiada pela CAPES. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética SUSEPE/RS e à Comissão de Ética da PUCRS no mês do maio, e encontra-se em fase preliminar de pesquisa. “SETE CORPOS DE SANGUE DERRAMADO”: reflexões sobre uma chacina em São Carlos SP OLIVEIRA, Luciano Márcio Freitas de (UFSCar) [email protected] O debate sobre as pessoas que vivem nas ruas das cidades ganhou importância na agenda do Governo Federal a partir do ano de 2004, tendo como um dos fatores a repercussão nacional referente ao massacre de sete moradores de rua na região central da cidade de São Paulo. Passados oito anos, outra chacina chama atenção, a morte de sete pessoas em espaços públicos em uma cidade do interior paulista. Este artigo pretende discutir relação entre a chacina de sete pessoas nas ruas da cidade de São Carlos (SP) em outubro de 2012 e a política de assistência social do município. O argumento que norteará a discussão tem por base as transformações na política de assistência social, orientada pela focalização aos mais pobres, a partir de meados dos anos dois mil, repercutiu nas formas de atendimentos aos moradores de rua. Sugerimos que essas mudanças propiciaram o surgimento de discursos e práticas voltadas para a legitimidade de quem é considerado ou não morador de rua para os serviços de atendimento. Nesse sentido, diferentemente do caso da cidade de São Paulo, onde massacre de moradores de rua resultou no debate sobre a elaboração de políticas públicas, em São Carlos após a chacina, o debate resultou na discussão sobre a legitimidade das vítimas serem ou/não classificadas como moradores de rua, demonstrando um dos aspectos decorrentes das mudanças na orientação das políticas sociais no Brasil, especificamente a assistência social. JUVENTUDES NEGRAS NO BRASIL: a interseccionalidade de gênero, raça e juventude na busca por direitos sociais e políticos PEREIRA, Juliano Gonçalves (NEAB/CEFET/RJ) SILVA, Edmar Pereira da SANTOS, Sônia Beatriz dos [email protected], [email protected], [email protected] CAPES Nesse artigo, buscamos observar a interseccionalidade de gênero, raça e juventude nas ações políticas da Juventude Negra, focando nossas análises nos espaços construção e busca por direitos da Juventude da cidade de Montes Claros/MG. Consideramos a categoria Juventude Negra no plural, ou seja, Juventudes Negras, devido às diversas realidades que permeiam este segmento populacional e, sobretudo, pela forma como o acesso aos direitos chegam de diferentes formas a estas/es sujeitos quando separados por gênero e raça. A busca por acesso aos direitos tem sido o norteador das ações que envolvem a participação política das Juventudes Negras, e central nos espaços de discussão sobre a temática no Brasil. Na cidade de Montes Claros/MG ver-se uma evolução das políticas públicas para a juventude, chegando a criação de uma Secretaria Municipal de Juventude para aprofundar a discussão sobre a temática. As Juventudes 148 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Negras têm se organizado em movimentos importantes de transformação social, e focam atenção especial aos grupos organizados em torno da cultura, e suas diferenças quanto ao foco das mulheres jovens negras. Pretendemos com este artigo identificar e conceituar Juventudes Negras dentro do discurso de Juventudes e refletir sobre como as políticas endossadas a este segmento ainda focam temas como violência e mortalidade, apresentando atenção a ações destinadas aos homens jovens negros. DAS VIOLÊNCIAS: entre a gestão e o atendimento à população em situação de rua PEREIRA, Luiz Fernando de Paula (UFSCar) [email protected] FAPESP Este artigo trata do caso de um pequeno grupo que foi atendido entre março e julho de 2010 em um Centro de Referência Especializado ao Atendimento à População em Situação de Rua (Centro-Pop) do município de São Carlos/SP, após uma intervenção do poder público em um barracão abandonado. Tem por objetivo analisar determinados desdobramentos de uma “perspectiva de gestão” e de uma “perspectiva de atendimento” voltada à população em situação de rua. A partir disso, serão elencadas e descritas diferentes manifestações de violência nesse processo, com destaque: i) à violência na intervenção; ii) à violência entre os usuários dos serviços; iii) à violência nos espaços institucionais e na rua; e iv) às consequências para o funcionários das instituições de acolhimento. REFLEXÕES SOBRE O EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA NO NORDESTE E AÇÕES DE INCIDÊNCIA POLÍTICA DO CAMPO DA JUVENTUDE SILVA, Jenair Alves da (UFRN) DIOGO, João Paulo dos Santos (Universidade Estácio de Sá/FIB – Bahia) [email protected], [email protected] Os números sobre a violência contra a juventude brasileira vêm sendo apresentados através da série de estudos Mapa da Violência desde 1998. Os recentes dados trazem o Nordeste como região onde as taxas de homicídios de jovens são preocupantes, colocando três estados do território, Alagoas, Pernambuco e Bahia, entre os dez primeiros estados com maiores índices. Tendo como referência o Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil, percebe-se que no país registrou a cada 100mil homicídios, 52,9mil vítimas entre 15 e 24 anos. No Nordeste, a taxa de jovens vítimas de homicídio chega a 63,8mil a cada 100mil, desses 86,05% são jovens negros. Preocupados com esse quadro, os movimentos sociais juvenis, especialmente os do campo do movimento negro, promoveram ações com estratégias de dar visibilidade à questão como “extermìnio” da juventude negra, colocando em pauta a violência institucional realizada pelo poder de polícia/estado, não registrados no Mapa, mas sentido todos os dias, principalmente nas periferias. Nessa perspectiva, surgiram as campanhas “Reaja ou Será Morto – Reaja ou Será Morta”, em 2005, uma articulação dos movimentos sociais e comunidades da capital e do interior da Bahia, a “Campanha Nacional Contra o Extermìnio da Juventude Negra” iniciada em 2009, pelo Fórum Nacional de Juventude 149 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Negra, e a “Campanha Nacional Contra a Violência e Extermìnio de Jovens”, promovida pela Pastoral da Juventude, também iniciada em 2009. Esse trabalho tem o objetivo de debater sobre a violência contra a juventude negra no nordeste, especificamente sobre os dados de homicídio desta região, como também sobre a incidência política gerada por estas Campanhas, seus objetivos, principais ações e resultados, de modo a traçar um panorama e refletir sobre os avanços e desafios. A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM MATÉRIAS DE JORNAL: um imaginário construído em Belém-PA SILVA, Livia Sousa da (UFPA) MENDONÇA, Kátia Marly Leite (UFPA) [email protected], [email protected] CNPQ O presente trabalho tem como objetivo investigar de que forma se constitui o imaginário da violência escolar no texto midiático em Belém-Pa. Ao proceder à análise de textos midiáticos impressos buscamos a compreensão dos constituintes imaginários subjacentes à ideia de violência escolar conformada nesses discursos. Por acreditar numa construção midiática perpassada de intencionalidades, que ao construir um imaginário para a violência estará influenciando opiniões e decisões, quer seja no foro particular ou da esfera pública; participando mesmo da construção da Violência Escolar como objeto de estudo, de atenção e de intervenção. Para tanto, julgamos importante conjugar estudos do campo da Sociologia do Imaginário e da Hermenêutica Compreensivo-Dialógica (Gadamer; Paul Ricoeur). Como uma primeira incursão de investigação nessa arena de significações, expomos um prelúdio da tessitura de tal pesquisa. PÔSTER MÍDIA- RECURSO PARA UM FIM: o caso da MINUSTAH no Haiti COSTA, Annelise Faustino da (UNESP) [email protected] FAPESP Na sociedade atual, cada vez mais globalizada, é visível a influência dos meios de comunicação social sobre o pensamento humano. Esses foram se constituindo ao longo da história adquirindo cada vez mais importância e funcionalidade nas relações sociais, tendo grande significado, podendo ser considerados principal fonte de informação e formação pública atual. Nesse mundo “interconectado” ainda há a presença de conflitos entre Estados, mas, principalmente, no interior destes. O Haiti, país mais pobre da América, com uma turbulenta história, necessitou da intervenção da ONU para tentar reparar seus graves problemas de desestruturação social e estatal. A atual operação de paz no país, MINUSTAH, estabelecida em 2004, tem como objetivo construção de paz por meio de políticas para estabelecimento da segurança e estabilidade, fortalecimento político e dos direitos humanos. Um dos fatores de sucesso da operação está no campo da comunicação social. A pesquisa analisa a situação da mídia no Haiti, sua utilização pela MINUSTAH para atingir seus fins, tanto voltados para o público externo como 150 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar para os haitianos, a funcionalidade desse meio para resolver o conflito e sua capacidade de interferir nas relações sociais haitianas. Utiliza bibliografia especializada, documentos da ONU, questionários e entrevistas com atores envolvidos e relatórios de organizações que atuam com a mídia no país. Verificamos o uso da mídia pelos detentores do poder, a importância do rádio no país, decorrente do estado de pobreza da população, e que esses meios são importantes ferramentas para a operação da ONU. Dessa forma, a mídia, se utilizada de maneira adequada e observando as especificidades do local, é um recurso valioso para atingir o fim de estabelecer a paz em áreas de extrema violência no mundo. DE “CRACOLÂNDIA” À CRISTOLÂNDIA: notas etnográficas da política Batista de combate ao crack FROMM, Deborah (UFSCar) [email protected] FAPESP A proliferação das chamadas “cracolândias” é problema atualmente debatido por diversos atores sociais (administradores, políticos, intelectuais, jornalistas, etc.), que mobiliza diferentes esferas da vida social (saúde, assistência, repressão, família etc.). Com a criação pelo governo federal da Política Nacional de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, cujo mote é “Crack, é possível vencer”, além de constantes operações estaduais em cenários de uso, o crack tem assumido uma posição central no que diz respeito ao controle e gestão de populações e espaços urbanos. No entanto, pouco tem sido sistematicamente estudado acerca do crescente papel da Igreja, mais especificamente de igrejas evangélicas, na assistência, evangelização e conversão dos chamados “nóias”. Nesse sentido, o presente trabalho pretende descrever e analisar uma política evangélica, exclusivamente batista, voltada para o crack, através de uma pesquisa etnográfica no contexto específico da Missão Cristolândia, na região da Luz, em São Paulo. Esse estudo, ademais, pretende abordar o modelo de atendimento e de tratamento oferecido pelo projeto aos usuários de drogas, de modo a considerar as tecnologias e saberes envolvidos na evangelização e conversão dos usuários, além da forte presença de componentes territoriais no foco desta ação missionária. Argumentase que, longe de constituir uma ação isolada, a Missão Batista Cristolândia, pode ser pensada como parte integrante de um projeto político-religioso de nação, empreendido pelos batistas brasileiros (membros da Convenção Batista Brasileira) em acordo com o caráter missionário e universal da fé cristã. 151 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão II: Polícia, Justiça e Prisões Dia 28/08/13 – às 14h Debatedora: Prof.ª Dr.ª Jacqueline Sinhoretto (UFSCar) INVESTIGAÇÕES SOBRE A EXPANSÃO PRISIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO: uma análise sobre a reestruturação do poder punitivo (1993 - 2013) BARROS, Rodolfo Arruda Leite de (UNESP) [email protected] A pesquisa investiga a expansão do sistema prisional no Estado de São Paulo ocorrida nas duas últimas décadas (1993 - 2013) visando compreender de que modo o crescimento da população encarcerada e das unidades não estão apontando para um processo de reestruturação do poder punitivo no estado paulista. Desta maneira, o foco incide sobre a possível emergência de novos atores sociais que atuam no âmbito institucional e de que modo estes agentes públicos alteraram, ou não, as diretrizes das políticas públicas direcionadas à área prisional no Estado. A pesquisa inicia-se a partir de uma revisão bibliográfica de trabalhos sobre a temática prisional, os quais mostraram diversos aspectos problemáticos do revigoramento punitivo, para, em seguida, avançar na compreensão de três grandes tendências do sistema prisional paulista, a saber: a militarização, a interiorização das prisões e a privatização do poder punitivo. Nossa hipótese inicial é considerar que, na história de sucessivos „fracassos‟ das polìticas de humanização e reforma do sistema prisional, simultaneamente a estas tentativas, desenvolveram-se numerosos arranjos, adaptações e decisões políticas executadas pelo governo estadual e seus agentes, que mantiveram e intensificaram a condução punitiva da política estadual. Com o discurso de gerir e manter o controle das unidades prisionais, o Estado investiu fortemente na construção de novas unidades e estas decisões necessitam de maiores investigações. Embora um número considerável de pesquisadores tenha avançado neste campo, considera-se que estes processos ainda são pouco conhecidos, de modo que se torna necessária a produção de informações relevantes sobre essas dinâmicas. A POLÍTICA CRIMINAL BRASILEIRA DURANTE OS GOVERNOS LULA-DILMA (2002-2012): continuidades e rupturas CIFALI, Ana Claudia (PUC/RS) [email protected] CAPES-CNJ O presente trabalho busca unir a análise das transformações das políticas de controle do crime no contexto internacional ao surgimento de um governo nacional brasileiro construído desde programas políticos que se configuram recorrendo a elementos da tradição política de esquerda. Desde inícios dos anos 90, na América Latina, foi-se construindo social e politicamente a insegurança pública como um dos grandes problemas dos centros urbanos. A crise vê-se materializada tanto no aumento e no 152 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar surgimento de novas formas de criminalidade, como na perda de confiança nos atores estatais tradicionalmente ligados ao controle do crime. Nos últimos anos, na América do Sul, produziram-se mudanças políticas que residem na ascensão de governos nacionais vinculados a uma orientação política de esquerda. Tais experiências buscam superar os efeitos econômicos, sociais e culturais causados pela difusão do neoliberalismo e do neoconservadorismo que atravessou o continente, mobilizados no marco dos governos autoritários. No Brasil, tal mudança começou a construir-se a partir do triunfo do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições nacionais, com o início da gestão de Lula da Silva, em janeiro de 2003, experiência política que se estende, com a reeleição de Lula em 2006 e a eleição de Dilma Rouseff em 2010. Por tais razões, buscou-se conhecer as orientações dos governos Lula-Dilma em relação à penalidade, especificamente, no tocante à elaboração político-criminal e das políticas de segurança pública. Pretende-se verificar as mudanças e continuidades em relação ao passado a partir de quando assumiram, no plano do discurso político e administrativo; da legislação penal, processual penal e de execução penal; das intervenções penais levadas a cabo, bem como seus efeitos sociais e institucionais. A JUSTIÇA INFANTO JUVENIL: a apreensão, o julgamento e a internação na CASA – Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente do Estado de São Paulo – Fundação CASA GONÇALVES, Rosângela Teixeira (UNESP) [email protected] O presente trabalho traz a análise de prontuários de jovens egressos do Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente – Fundação CASA. Os prontuários são referentes à medida de internação e a medida de liberdade assistida e contemplam desde a fase da apreensão policial, ao julgamento e as avalições sociais e psicológicas acerca dos jovens autores de atos infracionais no período em que permaneceram internados na instituição. As análises têm como objetivo mapear as práticas de agentes da lei como policiais, juízes, advogados, defensores públicos, além do corpo técnico responsável pela efetivação das medidas de privação de liberdade e em meio aberto e os discursos que as diferentes instituição produzem acerca dos jovens em questão. Como conclusões tem-se que o judiciário legitima as práticas de internação e punição para com a juventude pobre, reforçando o ideal de punição para aqueles que estejam fora da instituição escolar, advindos de famìlias categorizadas como “desestruturadas”, levando assim ao esquadrinhamento da vida do indivíduo, por que a informação dada ao juiz, diz muito mais respeito ao contexto da existência, de vida e disciplina do indivíduo, do que o próprio crime que ele cometeu. Além disso, comportamentos tidos como normais de pessoas privadas de sua liberdade, passam a ser considerados como patológicos por psicólogos e assistentes sociais, e ainda, agentes policiais, agem com discricionariedade na apreensão de adolescentes, exames de corpo de delito são realizados semanas após a apreensão e a brevidade na transferência de jovens apreendidos pela polícia para instituições especiais, não vem ocorrendo de forma efetiva, havendo casos de a transferência ocorrer semanas depois da apreensão. Desse modo à justiça infanto-juvenil vêm flagrantemente desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente em suas práticas e ações. 153 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar EM DEFESA DA SOCIEDADE: análise do caso Isaías no Tribunal do Júri da cidade de São Paulo JESUS, Maria Gorete Marques (PPGS/USP) [email protected]; [email protected] Isaías foi acusado pelo homicídio de um preso no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros em 2001, quando cumpria pena por tráfico de drogas. O réu afirmava categoricamente que era inocente e que estava sendo acusado injustamente. Durante o julgamento, a acusação alegava que se o réu fosse absolvido, a sociedade estaria em perigo porque o acusado pensaria que o crime compensa. Para a defesa, se o réu fosse condenado, ele pensaria que o crime compensa porque mesmo sendo inocente, com trabalho e inserido socialmente após anos cumprindo pena por outro crime, estaria sendo condenado e que sua condenação geraria mais ódio da sociedade e, a partir daí, cometeria crime. Nesta perspectiva, ambos traçaram um discurso em que o acusado era considerado a partir da chave do criminoso. Para a acusação, o réu era um criminoso que deveria ser condenado. Para a defesa, o réu era inocente mas, sendo condenado, poderia se tornar de fato um criminoso. Por que será que o advogado tomou essa postura, essa estratégia em sua arguição? Por que utilizou quase que a mesma estratégia da acusação, de dizer que manter o acusado solto colocaria em risco a sociedade? Ambos adotam uma estratégia de se colocarem em defesa da sociedade, pois, da perspectiva da acusação, sendo absolvido o réu ficaria impune e cometeria mais crimes, da perspectiva da defesa, sendo condenado, o acusado desistiria de ser reintegrado à sociedade e voltaria a cometer crimes, ou seja, se tornaria um risco à sociedade. Pretendemos, a partir da análise desse caso, debater com a literatura que problematiza a questão da punição e trazer questões para reflexão. FAZENDO RONDA: missões, práticas e ética policial da ROTA MACEDO, Henrique de Linica dos Santos (UFSCar) [email protected] O presente trabalho é fruto da iniciação cientifica desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no qual buscou-se analisar a história da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA), que é uma das funções exercidas pelo 1° Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP). Para tal, debruçou-se sobre o período que compreende desde a sua criação até o início de 2013. O objetivo do trabalho foi compreender quais os mandatos oficiais atribuídos a ROTA, e como estes, foram e são influenciados por práticas policiais de caráter informal e como demandas particularizadas orientadas por uma cultura organizacional, uma ética policial e resquícios de práticas de um sistema inquisitorial os transformaram. Assim, pode-se concluir que há uma “Doutrina de ROTA” que pauta as práticas da unidade, suas estratégias de ação, modificando-se assim os mandatos oficiais a ela atribuídas. 154 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar „OS CRIMES DE SENSACÃO‟ E OS EMBATES SOBRE AS DEFINICÕES DE PROVAS DE CULPABILIDADE CRIMINAL: as discussões sobre os direitos dos cidadãos durante a Primeira República brasileira OLIVEIRA, Marília Rodrigues de (PUC/RJ) [email protected] CNPQ Em dezembro de 1896, o diretor da Casa de Recolhimento Santa Rita de Cássia, Basílio de Moraes, foi acusado de abusar sexualmente das meninas órfãs residentes na casa da qual era diretor. O julgamento que ocorreu em abril de 1897 chegou a reunir 2000 pessoas, sendo o “mulato” condenado a 9 anos de prisão celular. Quase vinte anos depois, em fevereiro de 1914, D. Edina do Nascimento é encontrada morta em seu quarto com um ferimento de bala na cabeça. O que a princípio parecia um suicídio por razões de ciúmes, aos poucos se configurou como uma suspeita que o seu próprio marido a teria assassinado. Seis anos depois o tenente foi a julgamento e considerado inocente. A princípio desconexos, estes crimes vastamente explorados pela imprensa por causarem “sensação no púbico leitor" tiveram em comum a presença do advogado Evaristo de Moraes, que levantara em ambos os casos um debate de importância para construção do sistema jurídico brasileiro: quais elementos poderiam se definir enquanto provas objetivas para indicação de responsabilidade criminal de um acusado? Seriam, os muitas vezes incompletos pareceres científicos, ou os testemunhos, marcados recorrentemente por ausências e interesses pessoais? Se o regime republicano afirmavase simbolicamente pelo fim dos privilégios sociais, os debates em torno da definição do que poderia ser uma prova de culpabilidade criminal perpassavam uma questão mais profunda. A construção de uma justiça coerente com os valores republicanos deveria encontrar formas de julgar a todos de maneira igual, estabelecendo critérios de provas racionais, que não levassem em conta paixões, privilégios de origem social, cor de pele ou interesses pessoais. Desta forma, pretendo discutir a partir destes julgamentos com diferentes sentenças e réus de segmentos sociais distintos, como os debates em torno da definição de provas de culpabilidade criminal – protagonizados por jornalistas, leitores, advogados e juízes - perpassavam também uma discussão fundamental durante as primeiras experiências do novo regime político: os direitos dos cidadãos frente ao Estado republicano. OS JULGAMENTOS PELO TRIBUNAL DO JÚRI EM ASSIS-SP SANTOS, João Henrique dos (FEMA) [email protected] Os julgamentos pelo Tribunal do Júri exercem no Brasil um grande fascínio. Como de fato todos nós percebemos, há um impacto que os crimes de morte causam na sociedade, por outro lado, os momentos dos julgamentos são de significativa repercussão, algumas vezes, mais até do que o crime em si. Nesta comunicação, direcionaremos o olhar para o Tribunal do Júri da cidade de Assis - SP, sobretudo os julgamentos ocorridos no período de 2012-2013. A partir dos discursos produzidos no espaço do Tribunal do Júri, analisaremos a contraposição entre tais discursos nos seus elementos que são caracterizados pela luta entre sagrado e profano, racional e irracional, 155 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar vingança e redenção, punição e absolvição, exceção e regra, o teatro e suas diferentes formas. No desenvolvimento da pesquisa de campo, com a finalidade de subsidiar este estudo, começamos a refletir sobre algumas possibilidades de análise, sobretudo, uma percepção do sequestro do tempo, ou suspensão do tempo, durante os momentos em que ocorre um julgamento. Este sequestro do tempo, se dá a partir da tentativa de reconstrução dos acontecimentos que envolveram o crime cometido, sempre estruturado a partir da justaposição de discursos, produzidos pelas testemunhas, reús, advogados e promotores. Deste modo, pensamos que este sequestro do tempo ocorre entre as narrativas dos diferentes agentes do processo, suspendendo e ao mesmo tempo, criando novas temporalidades conforme a intencionalidade dos envolvidos nos julgamentos. SEGURANÇA PÚBLICA E RELAÇÕES RACIAIS: notas sobre a formação de soldados e oficiais da PMESP SCHLITTLER, Maria Carolina (UFSCar) [email protected] CAPES A presente comunicação analisa como a segurança pública se relaciona com a questão racial no processo de formação de soldados e oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o que integra as análises da pesquisa de doutorado, atualmente em curso, intitulada “Segurança Pública e Relações Raciais no estado de São Paulo: o processo de incriminação pelas polìcias”. A proposta aqui é entender como a temática das relações raciais foi inserida na grade curricular da corporação e como é tratada por alguns policiais militares responsáveis pelos cursos de formação, em diferentes hierarquias. Por meio do trabalho de campo e pesquisa bibliográfica foi identificado que durante a década de 2000 a PMESP introduziu a disciplina - inicialmente denominada - “Ações Afirmativas e Igualdade Racial” em todos seus cursos de formação (a saber: formação de soldados, sargentos, oficiais e formação de altos oficiais), o que pode estar relacionado ao processo iniciado ainda na década de 1990, quando o Brasil passa a assinar tratados internacionais de respeito aos Direitos Humanos e Direito Humanitários Internacional aplicados ao treinamento de policiais, vinculados, principalmente, ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Portanto, diante de uma literatura que indica o uso da “racialização” como critério de decisão para uma ação policial é interessante apreender como são produzidos os saberes, discursos e práticas da segurança pública no processo de formação de seus membros para administrar as relações entre a PMESP e grupos sociais específicos, no caso da presente pesquisa, o grupo caracterizado por raça/cor, geração e território: notadamente jovens, negros e moradores de periferias. O “MÍNIMO NECESSÁRIO DE FORÇA PUNITIVA”: continuidades e rupturas nos discursos sobre crime e punição nas leis 9.605/98 (crimes ambientais), 9.714/98 (penas alternativas) e 11.343/06 (tóxicos) SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de (PUC/RS) [email protected] CAPES-PROSUP A Lei 9.714/98, que ampliou as possibilidades de aplicação das penas restritivas de direitos, conhecidas como penas alternativas, e também instituiu novas alternativas à 156 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar pena de prisão, teve alguns de seus dispositivos vetados sob o argumento de que não contavam com “o mìnimo necessário de força punitiva”. No entanto, alguns desses dispositivos vetados estão presentes na Lei 9.605/98, que estabeleceu os crimes ambientais e as punições aplicáveis, e outros reapareceram na Lei 11.343/06, a nova lei de drogas. Considerando as condições de emergência das diferentes políticas adotadas no Brasil em relação às alternativas penais, há indícios de que discursos diversos foram articulados na construção dessas políticas. Assim, quais as continuidades e rupturas entre os discursos sobre crime e punição presentes na produção dessas três leis? Essa questão é abordada a partir de ferramentas teóricas fornecidas por Michel Foucault para a compreensão do discurso como uma prática e sua polivalência tática, articuladas às reflexões de David Garland sobre as relações entre as configurações do campo do controle do crime e as mentalidades e sensibilidades em relação ao crime e seus sujeitos, bem como às discussões de Roberto Kant de Lima sobre as implicações das representações hierárquicas existentes na cultura jurídica brasileira para as práticas das agências de controle penal. Para responder o problema proposto, analisou-se o texto dos projetos de lei, das justificativas, dos pareceres das comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e debates legislativos de cada uma dessas três leis, com o auxílio do software de pesquisa qualitativa NVivo 10, a partir de oito indicadores: “visões”, “sujeitos”, “justificativas”, “saberes”, “efeitos”, “aplicação”, “modalidades”, “posicionamento”. PÔSTER ATOS INFRACIONAIS NAS VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE NO ESTADO DE SÃO PAULO (1991-2011) BARBIM, Marina Graziela (UNESP) SIQUINELLI, Larissa Delle Siquinelli (UNESP) [email protected], [email protected] PIBIC/CNPQ O apelo favorável ao endurecimento penal e um controle do crime e do criminoso, através do ECA e sua recepção pelos operadores técnicos do direito, estamos investigando o processo de sentenciamento dos jovens de ambos os sexos que cometem atos infracionais, identificando as razões pelas quais a doutrina da proteção integral pode estar cedendo espaço para uma leitura da lei a partir da ótica da lei e da ordem. Junto à Vara da Infância e Juventude numa cidade do interior do Estado de SP, cobrindo o período de 1991 a 2011, a pesquisa com uma ampla revisão bibliográfica, obteve análise do processo de constituição das instituições voltadas para o controle e punição de jovens, com a reconstrução do debate em torno da doutrina de proteção integral e das taxas de atos infracionais cometidos por jovens. Pudemos compreender qual o perfil dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação; a tipologia dos atos infracionais dos jovens que recebem essas medidas; os tipos de sentenças aplicadas e outras características da medida de internação, o impacto das medidas socioeducativas de internação nas instituições de cumprimento das mesmas; as representações dos profissionais que atuam na área. 157 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Sessão III: Controle Social, Crime e Instituições Penais Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Luis Antônio Francisco de Souza (UNESP/Marília) TEORIAS E GESTÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA: notas preliminares entre as influências mundiais e brasileiras no estado de Minas Gerais BONESSO, Márcio (UFSCar/IFTM) [email protected] Esse trabalho tem o objetivo de problematizar discussões teóricas mundiais e de gestão pública sobre o controle social da criminalidade - o debate acerca desse tipo de controle sempre foi preocupação de pensadores acadêmicos e gestores públicos das cidades modernas - ao contexto histórico contemporâneo do Estado de Minas Gerais. Tais desdobramentos teóricos e intervencionistas suscitaram, ao longo do século XX e virada do século XXI, problemas históricos específicos às ciências e aos gestores da administração dos conflitos. Se no continente europeu e norte americano a atual tendência das políticas punitivas está associada ao que os pensadores chamam de pósmodernidade, pode-se perguntar: como pensar a transposição desses modelos internacionais para as heterogêneas regiões do Brasil, cujos elementos das chamadas modernidade e pós-modernidade possuem especificidades bem diferentes daquelas encontradas nos continentes citados e teorizados? Perseguindo algumas trilhas teóricas e históricas apresentadas a seguir, objetiva-se constituir um panorama comparativo que servirá de base instrumental para se pensar as gestões de controle social do crime no Estado de Minas Gerais. No propósito de conter as taxas de crimes violentos que aumentaram na metade da década de 1990, o governo de Minas Gerais criou no ano de 2003 um novo programa de gerenciamento das políticas de segurança pública baseado no plano “choque de gestão” do governador Aécio Neves (PSDB). Nesse programa uma nova gestão da segurança pública foi implantado no Estado, tornando-o um dos modelos bem sucedidos de políticas públicas estaduais. O USO DA VIOLÊNCIA DA ORDEM SOCIAL: uma análise do bairro Furnas-Tremembé do município de São Paulo FERNANDES, Alan (UNIFESP) [email protected] A pesquisa tem como objetivo investigar as formas de sociabilidade dos bairros em estudo e de que forma a violência é instrumentalizada pelos indivíduos como componente estrutural e estruturante de suas relações sociais, contrapondo-se à ética institucional-legal. Exclusão social e alta privação material são o pano de fundo onde homicídios, tráfico de drogas, violência doméstica, roubos e furtos são acontecimentos corriqueiros e funcionais na comunidade em estudo, reconhecido, em 2009, como a quarta região mais violenta na Região Metropolitana de São Paulo em número de assassinatos. A chave teórica em que minha pesquisa se insere são os trabalhos de Michel Misse, Alba Zaluar, Luiz Antonio Machado da Silva e Gabriel Feltran os quais, 158 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar valendo-se de etnografias urbanas, pretendem interpretar se e como o "mundo do crime" agrega-se às formas de convivência, aproximando as éticas de "trabalhadores", marcada pelos valores ligados ao fordismo e a antigas concepções de hierarquias sociais, aos de "bandidos", caracterizada pelo hedonismo, pela acentuação de um "ethos masculino" e pelo consumo. A preocupação com esse problema decorreu do período em que trabalhei como comandante de policiamento nos bairros em estudo, servindo à Polícia Militar do Estado de São Paulo quando, a despeito de crescentes investimentos nas áreas de urbanismo, saúde e segurança, os índices criminais apresentavam insignificantes alterações, mantendo-se em taxas bastante elevadas, o que problematizava os paradigmas político-sociológicos de combate ao crime. A partir do contato com a cultura daquelas pessoas, novas interpretações foram suscitadas, razão que motiva a presente pesquisa. Para tanto, são utilizados métodos qualitativos de interpretação, ligados à tradição da antropologia urbana. ESPAÇO URBANO E REDES DE COMERCIALIZAÇÃO DAS DROGAS ILÍCITAS LAMOUNIER SENA, Lúcia (PPGCS-CEPESP/PUC Minas) SAPORI, Luís Flávio (CEPESP/PUC Minas) [email protected], [email protected] O objetivo do artigo apresentado é analisar as diferentes estruturas de comercialização das drogas ilícitas no varejo, levando em consideração a conformação social do espaço urbano. Utilizando dados empíricos coletados na região metropolitana de Belo Horizonte, o texto evidencia que esse mercado ilícito está estruturado em redes, de modo que foram identificadas duas estruturas em rede de comercialização de drogas ilícitas, denominadas de Rede de Empreendedores e Rede de Bocas. A rede de empreendedores é uma estrutura descentralizada, que tem como referência central hiperlinks que atuam na venda de drogas. A dinâmica dessa rede configura-se por um conjunto de nós interligados a esse hiperlink, o empreendedor, com o objetivo inicial de obter o produto por ele comercializado. Esse acesso ocorre através de um sistema de referência mediado, principalmente, por relacionamentos com grupos de amigos ou indicações, “amigos de amigos”. A Rede de Boca, por sua vez, é referência de um espaço físico constituindo-se como ponto comercial para a venda de uma droga ilícita. É o lugar, e não os indivíduos, que atua como hiperlink para a formação das conexões. Constitui uma rede de comercialização hierarquicamente centralizada, uma “firma”, reconhecida como pertencente a um patrão, figura central da rede ainda que não pertencente ou presente no local em que a dinâmica de comercialização em que esta rede se desenvolve. As características socioeconômicas do espaço urbano definem em boa medida o tipo de rede de comercialização prevalecente. Nosso objetivo neste trabalho é propor uma discussão que aborde a vulnerabilidade do espaço como um dos elementos constitutivos das relações e práticas sociais que nele têm lugar, advindas de uma determinada rede de comercialização. A vulnerabilidade aqui referida não diz respeito ao sentido de predominância ou exclusividade econômico-produtiva em um local (uma favela, por exemplo), mas que, uma vez existindo, tem capacidade de disseminação de determinadas práticas de sociabilidade, de controle e uso da força do Estado sobre o espaço como um todo. 159 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A FORMAÇÃO DE GRUPOS NAS PRISÕES: uma análise da realidade do Presídio de Alcaçuz e Penitenciária Estadual de Parnamirim LIMA, Maria Mayara (UFRN) OLIVEIRA, Hilderline Câmara de (UNIFACEX) ALVES, Deyse Dayane (UFCG) [email protected], [email protected], [email protected] CAPES O trabalho a ser apresentado busca o entendimento acerca da formação de grupos nas prisões, tomando como análise a realidade do Presídio de Alcaçuz e Penitenciária Estadual de Parnamirim, localizado no estado do Rio Grande do Norte. A formação de grupos está intimamente ligada ao espaço social penitenciário, condicionada ao processo de pena e ao contexto histórico que cada apenado carrega consigo. A existência desses grupos revela a dinâmica entre apenados, líderes e subordinados, dentro e fora do presídio. Há uma significação em termos de linguagem, regras e relação entre os presos. O trabalho traz como revelação depoimentos de apenados a respeito da hierarquia do local e como se dá a divisão desses grupos. Entende-se que a subjetividade humana é fruto de um processo social e histórico da realidade a qual o sujeito esteve inserido, geralmente, durante a primeira etapa de sua vida; notadamente, o mesmo irá reproduzir seu papel de forma associada ao que entende como viver, ou sobreviver, mesmo que signifique ir contra as regras e leis impostas pela sociedade, ou mesmo criar suas próprias regras e constituir sua própria conduta. Dentro do universo penitenciário não é diferente: na medida em que surge um líder, representado pelo poder que influi dentro e fora dos muros penitenciários, seja pela droga, dinheiro e condição penal que possui, surge também os seus seguidores, por respeito ou por medo àquele sujeito, ou determinado grupo de poder. Para esse debate, temos apoio na literatura de Bourdieu, Berger, Foucault, dentre outros, que nos permite adentrar na discussão do ser humano, do ser indivíduo, sua adaptação ao local em que vive, do próprio espaço social e de situações de conflito e consenso em suas relações sociais. OPRESSÃO, GALINHAGEM E DISCIPLINA: dinâmicas e lutas no interior da Fundação CASA OLIC, Mauricio Bacic (UNESP) [email protected] O presente artigo tem como objetivo analisar o embate de forças no interior das diferentes unidades de internação do Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (CASA), a partir das transformações político-administrativas que vem acontecendo na instituição nos últimos anos. Por meio de observações empíricas realizadas como professor da escola que funciona dentro do complexo Raposo Tavares localizado na cidade de São Paulo, buscar-se-á descrever por meio de relatos etnográficos, por um lado, a dinâmica dos dispositivos estatais empregados para controlar a rotina das unidades, de modo a inibir possíveis agenciamentos políticos entre os adolescentes. Estes dispositivos buscaram combinar um conjunto heterogêneo de ações, tal como a readequação arquitetônica das unidades, a diminuição no número de internos, além do emprego de técnicas intramuros; como as estratégias de zerar a casa e 160 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar o sistema de alas. Por outro lado, estas ações são indissociáveis das disposições empregadas pelos adolescentes que, por sua vez, buscam contra efetuar a organização imposta pelos agentes institucionais. Por meio de técnicas que visam enfraquecer o coletivo de funcionários, os adolescentes anseiam transformar as unidades em locais favoráveis a territorialização dos enunciados do Primeiro Comando da Capital. Nesta perspectiva, portanto, os Centros de Atendimento da Fundação CASA se apresentam como espaços em que intensos e constantes embates de forças acabam polarizando em extremidades opostas os coletivos de funcionários e de internos. Opressão, galinhagem e disciplina são as categorias nativas que expressam as modulações de como este campo de luta se estabiliza, e determina, mesmo que provisoriamente, o proceder de cada unidade. A GUERRA COMO FORMA DE RELAÇÃO: uma análise das rivalidades violentas entre gangues em um aglomerado de Belo Horizonte ROCHA, Rafael Lacerda Silveira (UFMG) [email protected] FAPEMIG Este trabalho apresenta os resultados da dissertação de mestrado defendida em 2012 acerca das relações de rivalidade violenta, as chamadas guerras, entre gangues de uma das localidades com maiores índices de homicídios no município de Belo Horizonte. A pesquisa teve como principal objetivo compreender como essas guerras entre os grupos se estruturam e se mantém durante longos períodos, e suas características como uma forma de relação específica que movimenta lealdades e valores estruturantes a estas gangues. Dentro do amplo conjunto de relações sociais formadas no interior e ao redor desses grupos, analiso especialmente o processo de entrada dos integrantes, o aprendizado e socialização dentro dessas gangues, os aspectos acerca da adoção de uma identidade grupal e a formação de um conjunto de justificativas morais para a oposição aos rivais, pontos centrais para compreender a participação na trama de confrontos violentos com grupos semelhantes. A pesquisa teve como principal fonte de dados a observação participante durante seis meses entre algumas destas gangues, assim como entrevistas pontuais, em uma abordagem metodológica que possibilitou escutar dos próprios integrantes suas definições acerca do seu grupo, dos rivais e das guerras, mas também, experimentar a forma como estas definições operam no cotidiano dessas gangues e seus componentes. Frente à configuração dispersa do tráfico de drogas local, sem grandes lideranças ou disputas frequentes pelo controle de pontos de vendas estratégicos, corriqueiramente apresentadas como motivação central dos conflitos violentos entre gangues em outros contextos, coube, portanto, a busca por outras explicações para o fenômeno da continuidade da rivalidade violenta entre estes grupos que fossem para além do tráfico de drogas. 161 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar LÓGICAS ESTATAIS E DINÂMICAS CRIMINAIS NO INTERIOR PAULISTA SILVA, David Esmael Marques da (UFSCar) [email protected] CNPQ Partindo da bibliografia atual sobre violência e administração de conflitos que aponta para uma nova organização das dinâmicas criminais – com o protagonismo da organização criminal PCC (Primeiro Comando da Capital) - sobretudo a partir da virada para os anos 2000, e apoiado em uma pesquisa empírica composta por visitas à equipamentos da administração municipal e entrevistas com agentes estatais ligados ao Departamento de Serviço Social e Cidadania de Climatina, o presente trabalho discutirá as percepções dos agentes estatais do referido município acerca destas dinâmicas criminais, principalmente as percepções ligadas ao PCC, em cidade média do interior paulista, bem como as relações possíveis entre agentes estatais e agentes ligados a tais dinâmicas criminais que ocupam o mesmo território. Em outro sentido, discutirá as relações entre políticas mais gerais, de âmbito federal ou estadual, e políticas locais relacionadas ao controle do crime. “SE O IRMÃO FALOU, MEU IRMÃO, É MELHOR NÃO DUVIDAR”: políticas estatais e políticas criminais referentes a homicídios na cidade de Luzia (2001-2011) SILVA, José Douglas dos Santos (UFSCar) [email protected] No período entre 2001 e 2011 ocorreu uma significativa redução das taxas de homicídios no Estado de São Paulo. Há uma polêmica no campo das Ciências Sociais em torno das causalidades múltiplas e dos pressupostos analíticos que explicariam esse fenômeno, uma especificidade paulista no quadro nacional. Em 2001 a cidade a ser aqui estudada, localizada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), apresentou taxa de homicídio de 51,57/100 mil habitantes; em 2010 chegou a 5,53/ 100 mil habitantes, um décimo do valor inicial. Contudo, no ano de 2011, houve um novo aumento significativo, para 18,11/100 mil habitantes no município. O objetivo deste projeto é estudar as causalidades que condicionam a variação nas taxas de homicídios, entre 2001 e 2011. Estudar os fatores que, combinados, entre dinâmicas estatais e criminais, condicionam a queda das taxas de homicídios entre 2001 e 2010 e analisar as causalidades que, também combinadas entre dinâmicas estatais e criminais, condicionam a elevação recente (2011). Os dados têm sido coletados pela atuação profissional do pesquisador em diversas organizações locais, ao longo dos anos 2000. Ainda assim, será realizada nova pesquisa documental em 2013, além de pesquisa qualitativa no território. 162 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar “REPRESSÃO E JUDICIALIZAÇÃO”: estratégias estatais de controle do crime em face às novas dinâmicas criminais SILVESTRE, Giane (UFSCar) [email protected] FAPESP A presente comunicação, fruto da pesquisa de doutorado em andamento, discute as relações entre o encarceramento massivo no estado de São Paulo sobre as ações estatais de controle do crime. Nas duas últimas décadas, com o crescimento expressivo da população encarcerada e do aumento do número de unidades prisionais, São Paulo ganhou destaque com a emergência do Primeiro Comando da Capital – PCC, e novas dinâmicas passaram a orientar as relações do “mundo crime”. Atualmente são mais de 200 mil pessoas presas e distribuídas em 156 prisões e diante deste contexto, pretendese analisar o modo como as instituições e os agentes estatais ligados ao controle e à administração judicial do crime estão sendo afetados pela emergência deste novo ator. A pesquisa, em fase de coleta de dados, partiu de dois casos empíricos que serviram na identificação duas estratégias centrais (que não se excluem) no controle ao crime por parte do Estado: i) um controle militarizado pautado, sobretudo, pelo enfrentamento letal na administração dos conflitos e protagonizado pela Polícia Militar e; ii) um controle judicial clássico pautado, tanto na priorização do encarceramento para determinados crimes, quanto nos baixos índices de punição para os casos de letalidade policial. Os dois casos ocorridos no interior de São Paulo (Pirassununga e Várzea Paulista) exemplificam a atuação dos agentes estatais em cada uma das estratégias citadas, analisando as relações e incidências entre ambas. PÔSTER MEDO E MODERNIDADE: o imprescindível diálogo CHIARADIA, Raquel Cristina Abdalla (UGF) [email protected] Este trabalho possui como axioma o medo numa perspectiva de mundo ocidental. Será trabalhada a ideia do medo enquanto elemento subjetivo, uma emoção que acompanha nossa existência e alguns de seus desdobramentos na sociedade contemporânea. Sendo assim, este artigo se compromete em relacionar tal sentimento com o tão aclamado projeto de civilização durante a modernidade, que pretendeu construir um mundo feliz, livre, seguro, ordenado e destemido por meio do esclarecimento. No entanto, sabe-se que as utopias modernas acabaram fracassando, e que estas mesmas utopias é que promoveram uma sociedade em que se tem uma sensação crescente de insegurança e faz com que os indivíduos sintam-se, com frequência cada vez maior, amedrontados. Para exibir a explanação do conteúdo, a técnica de pesquisa que será aplicada é de natureza qualitativa, através da pesquisa bibliográfica e observação documental. A escolha das referências se dá devido à abordagem qualitativa presente nas produções textuais. Visando provar o raciocínio deste trabalho, pode-se afirmar que a hipótese e os documentos trabalhados são compatíveis porque explicam e fundamentam as conclusões desta pesquisa: como consequência das percepções mencionadas anteriormente – insegurança e medo – deparamo-nos com a angústia, o consumo 163 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar desenfreado em equipamentos e produtos que tentam garantir tanto a segurança de cada um quanto os lucros exorbitantes neste ramo do mercado, um processo de individualização que se fortalece e, por isso, amplia as fronteiras entre as pessoas. A VIOLÊNCIA EM UBERLÂNDIA: narrativas entre a periferia e a penitenciária EVANGELISTA, Cleiber Wesley (UFU) SILVA, Leandro Oliveira (UFU) [email protected], [email protected] O trabalho trata da produção do território da violência na cidade de Uberlândia e nas cidades do seu entorno compondo a região do Triangulo Mineiro. O crescimento da violência urbana, em suas múltiplas modalidades - crime comum, crime organizado, violência doméstica, violação de direitos humanos - vêm se constituindo uma das maiores preocupações da sociedade brasileira contemporânea nas duas últimas décadas chegando mais recentemente nas cidades de médio porte. Em parte por que, neste campo, revelam-se sensíveis tensões em múltiplos planos de análise social. O trabalho aborda a violência de um ponto de vista geográfico, isto é, espacial. Mas não é a espacialização do fenômeno da violência, o local onde ela ocorre. É a territorialização, a formação do território da violência, o que implica em realimentar a violência pela via da inércia espacial e pelo papel do espaço no processo de segregação ditada por um lado pelo poder público e por outro pela população com a criação de uma série de dispositivos de segurança De um lado, a extrema valorização do espaço urbano. De outro a exclusão social de camadas da população e de atividades a ela ligadas. Esse espaço sem lei torna-se o reduto da ilegalidade, passa a ser o quartel general da ilegalidade e tem na população, pobre o seu exército de reserva. Como lócus de análise o trabalho pretende realizar um relato etnográfico comparativo entre o espaço da Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga e do bairro Morumbi. A penitenciária... Surgiu em 2003, localizada setor leste zona rural e com decorrer dos anos vários jovens do bairro Morumbi esteve nesta penitenciaria e aumentando cada dia mais com a exclusão social que passa a ser nítida na periferia. O bairro Morumbi nasceu do conjunto habitacional Santa Mônica Dois, na periferia do setor leste foi classificada pela Secretária Estadual de Defesa Social de Minas Gerais como a primeira área de risco da cidade pelos altos índices de crimes violentos, sobretudo de homicídios. 164 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE Sessão I: Terra e Trabalho Rural Dia 27/08/13 – às 14h Debatedora: Dr.ª Beatriz Medeiros de Melo TERRA DE VIDA E DE TRABALHO: pensando o campesinato por meio de seus valores FERREIRA, Karoline Coelho (UFS) [email protected] As principais teorias do campesinato nos mostram diferentes paradigmas conceituais e realidades empíricas, que, embora guardem singularidades significativas, apontam que muitos grupos campesinos têm conseguido resistir às alterações provocadas pelo contato direto com a sociedade envolvente. Considerando a importância das relações familiares, de trabalho e a forma de lidar com a terra, o presente trabalho visa refletir de que forma tais relações estão vinculadas a ideia de “valores camponeses”, que as sustentam entre seus pares ainda hoje. A reconstrução destes valores está diretamente relacionada às modificações nos grupos camponeses ocasionadas pelas mudanças no cenário político e econômico ao qual estão vinculadas. Partindo desta perspectiva foi realizado um estudo etnográfico com um grupo de pequenos agricultores do Território Sul do estado de Sergipe, experimentadores do método “Camponês a camponês”, que propõe a realização de intercâmbios agroecológicos em que os agricultores debatem questões, do ponto de vista técnico de produção agrícola e questões sociais e políticas do contexto em que se inserem, trocando demandas e soluções do cotidiano de trabalho e família entre os demais que partilham de uma realidade comum. Tal observação possibilitou identificar a reprodução de um ideal camponês comum ao descrito pelas teorias do campesinato, suscitando a investigação da reconstrução dos valores camponeses, nas atividades de intercâmbio, onde se identificou um processo de (re)construção de uma identidade camponesa entre estes agricultores por meio de laços de reciprocidade sociabilizados enquanto estratégias, resignificadas por eles, de resistência ao modelo de agricultura de mercado com que se deparam em suas trajetórias. MODO DE VIDA RURAL NIKKEI: aspectos da formação do japonês caipira HASEGAWA, Aline Yuri (UFSCar) [email protected] FAPESP Por meio da reconstituição estética e filosófica da relação dos japoneses com a natureza, isto é, qual imagem de natureza é elaborada a partir da cosmologia japonesa, será possível compreender os elementos abstratos que constituem a relação dos nikkei – 165 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar imigrantes japoneses – com a terra. Essa relação é a base material para a constituição de um modo de vida específico, historicamente constituído. Por isso, além da visão da natureza, é necessário levar em consideração, na constituição deste componente identitário étnico, a experiência imigratória. Associada a essa relação específica com a natureza, que os imigrantes nikkei traziam em sua bagagem cultural e que nos ajuda a compreender o significado profundo da resistência deles em vender ou arrendar suas terras inclusive em contextos de avanço da agroindústria canavieira, podemos apontar também uma relação ecológica do homem com seu meio fornecido pelo modo de vida caipira. Não pretendemos, de maneira alguma, incorrer em generalizações preconceituosas acerca do “caipira”. Consideramos, inclusive, que esta é uma categoria de difícil definição e em disputa pelos intelectuais que se debruçam sobre este tema. Porém, optamos por percorrer brevemente um caminho que passasse por sua discussão justamente pois esta foi uma categoria informada pelo trabalho de campo. Num equilíbrio entre os costumes, a natureza e a vida grupal houve o encontro de elementos, afinidades eletivas, da cultura caipira e do sistema filosófico japonês. Consistem, assim, em ferramentas conceituais para a compreensão da complexidade do que entendo por modo de vida rural nikkei. O CAMPONÊS E O SEU PROTAGONISMO: o exemplo do MST e a sua luta pela permanência e garantia de qualidade de vida nos assentamentos de reforma agrária do município de Nossa Senhora da Glória- SE JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de [email protected] CAPES O presente trabalho é resultado de ações acadêmicas realizadas pelo programa institucional de iniciação à extensão (PIBIX) da Universidade federal de Sergipe (UFS) no período de graduação em ciências sociais bacharelado. É importante destacar que, essa atividade de extensão universitária tinha como foco a questão dos direitos sociais e a categoria qualidade de vida em nove assentamentos rurais do município de Nossa Senhora da Glória no estado de Sergipe. A pesquisa-ação, a partir da realização de grupos focais, em conjunto com observações diretas e participantes, foram as formas de desenvolvimento de nosso trabalho de campo. O trabalho que apresentaremos tem a pretensão de contribuir para o conhecimento de um grupo social importante na história da luta pela terra, enquanto um direito social. Trata-se do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), ademais apresentar as (novas) dinâmicas de protagonismo do MST na busca pela implementação de direitos sociais em seus respectivos assentamentos, bem como a luta pela garantia de sua permanência, preservação e manutenção de seu modo de viver camponês. 166 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar Condições de trabalho e empregabilidade na citricultura no Estado de São Paulo MACIEL, Lidiane Maria (UNICAMP) FAPESP Esta comunicação atenta para as condições de vida e trabalho da população que atua na safra de cítricos no Estado de São Paulo. A força de trabalho utilizada pelo setor é essencialmente de migrante, uma população empobrecida que habita as cidades próximas aos laranjais ou que realizam migrações sazonais no período da safra. O estudo parte da união de duas pesquisas quali-quantitativas realizadas entre os anos de 2009 – 2012, nas cidades de São Carlos e Matão no Estado de São Paulo – destino migratório – e Jaicós no Estado do Piauí – origem migratória. No Estado de São Paulo nos últimos quarenta anos o setor de cítricos se fortaleceu dado à vinculação ao mercado internacional, que compra oitenta porcento de sua produção. O Brasil é responsável pelo abastecimento de cinquenta porcento desse mercado. O potente setor criou um sólido mercado de trabalho que necessita de muita mão de obra pouco especializada, e então é nos rincões do interior do nordeste brasileiro e nas periferias urbanas das cidades citadas que o setor alimenta sua necessidade de mão de obra. Assim, objetivo do trabalho a ser apresentado é trazer através de um breve esboço sobre a citricultura no Estado de São Paulo – da ruralidade nomeada como “agronegócio” – os agentes esquecidos ou invisibilizados pelas análises macroestruturais sobre o setor, no caso os (as) trabalhadores (as) e suas condições sociais de existência. O CEARÁ E A SECA DE 1877-79: migração e fome no interior nordestino MAIA, Janille Campos [email protected] CAPES O presente trabalho é um esforço de sistematização da minha pesquisa de mestrado, cujo objetivo principal é analisar os impactos ambientais produzidos pela seca na Província do Ceará nos anos 1877-79, principalmente no que diz respeito ao deslocamento interno destas populações sertanejas. A década de 1870 foi marcada por uma crise climática em escala mundial. Uma das consequências foi a fome gerada em países de diferentes continentes: Índia, China, norte da África e Nordeste do Brasil sofreram um período de grande seca que devastou parte de suas populações. Considerando a gravidade da Grande Seca de 1876-79 no mundo, torna-se fundamental entender a seca enquanto um fenômeno climático que produz impactos culturais, sociais, políticos e econômicos. Nesse sentido, os dados relatados por Mike Davis revelam que as catástrofes ambientais da década de 1870 atingiram um número de vítimas considerável nos países assolados pela estiagem. No Brasil, a preocupação maior era no Ceará, onde a colheita do ano anterior, depois da escassez de chuvas do inverno, também foi fraca. Na tentativa de compreender as estratégias utilizadas por estes sertanejos, o cerne deste trabalho é verificar as dinâmicas de vida desses cearenses, numa perspectiva que leve em consideração a relação destes com seu ambiente. A partir da utilização de um referencial teórico da História Ambiental e dos 167 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar estudos sobre migração, território e espaço, busca-se entender de que forma este fluxo migratório está relacionado com os desastres naturais que enfrentavam estes cearenses. RURALIDADES EM UM CONTEXTO DE MODERNIDADE PERIFÉRICA: uma leitura a partir do acampamento João do Vale em Açailândia Maranhão RODRIGUES, Fabiano dos Santos (UFCG) [email protected] / [email protected] CAPES O presente artigo procura fazer a partir de um contexto de modernização periférica, no Acampamento João do Vale no município de Açailândia Estado do Maranhão, um exercício de leitura a partir de contribuições teóricas sobre ruralidades e outras elaborações teóricas inerentes a tal discussão, como desenvolvimento, pluriatividade, estratégias e modos de vida singular. Levando amplamente em consideração o contexto das mudanças e intervenções desenvolvimentistas na região estudada como um todo. Tais intervenções têm sido materializadas com a implantação de grandes projetos econômicos como siderurgia, mineração, pecuária extensiva e silvicultura e que tem influenciado fortemente as relações e a vida dos moradores do Acampamento João do Vale. Após incursões de pesquisa de campo, observando e sentido evidências que se manifestam muito fortemente de um espaço em que se constitui na mesclagem de elementos tradicionais e modernos em que estes elementos em certa medida são assimilados ou impostos socialmente acreditamos que nas devidas gradações as elaborações teóricas de ruralidades são de grande significância para uma leitura dessas novas dinâmicas inerentes ao mundo rural contemporâneo, em especial o caso analisado aqui. “TERRAS NAS MÃOS DOS PEQUENOS”: relações produtivas e sociabilidade dos pequenos fornecedores de cana e terra para as usinas de açúcar e álcool do interior paulista ROVIERO, Andréia (UNESP) [email protected] CAPES O projeto tem como objetivo mapear, entender e discutir a relação dos pequenos proprietários, produtores e fornecedores de cana-de-açúcar para usinas de processamento da Região de Araraquara e Jaboticabal. Pretendo estudar o pequeno produtor agrícola enquanto agente produtivo que se adapta as transformações que vem acontecendo na agricultura. E entender o papel desses “novos agentes rurais” que atuam dentro da produção usina/destilarias, desenvolvendo uma nova relação com a terra. No cenário em que a produção canavieira é dominante, tornam-se imprescindíveis estudos mais específicos voltados para a figura do fornecedor de terras ou de cana-de-açúcar para as usinas de processamento. Para entender a agricultura local é fundamental ampliar a discussões do espaço rural, de como se discute o considerado “novo rural brasileiro” perante as novas perspectivas que se instauram, e, as atividades e sociabilidades constituìdas em “campos” que não fazem a separação entre rural e 168 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar urbano. Pretende-se discutir a relação entre agentes produtivos do mundo rural, ou seja, a relação: produtor-usina/ produtor-terra, buscando entender as condições produtivas e contratuais entre as empresas (usinas) e os fornecedores de cana, com ênfase nos pequenos produtores, e, ainda, entender a relação dos produtores com a propriedade da terra, sua produção e escolhas, ou seja, seu papel e impacto dentro do contexto socioeconômicos da região de Araraquara e de Jaboticabal. SUPERANDO LIMITES: o caso dos assentados rurais no PA Che Guevara SANTOS, Priscila Tavares dos (UFF) CAPES As peculiares condições ambientais dos projetos de assentamento rural no país constituem-se enquanto aspectos limitantes à efetivação e sucesso dos investimentos objetivando a gestão produtiva do lote e manutenção das condições de reprodução do grupo familiar. O caso dos assentados rurais no PA Che Guevara veem-se forçados a criar alternativas para reverter o quadro de exaustão do solo, água e demais recursos naturais e assegurarem condições mínimas necessárias à reprodução social do grupo familiar. Além do investimento em adubação do solo, em irrigação e na restauração da vegetação e da área de reserva, os assentados são impelidos a enfrentar situações de desqualificação insinuantes de uma pressuposta incapacidade de gestão pelo não saber. Para romper com os efeitos dessa atribuição preconceituosa que a eles é por vezes dirigida, mediante investimento na sistematização do saber prático, invisto no reconhecimento do saber local, considerando as práticas de produção neste assentamento. Para este exercício, valorizei fatores situacionais que estimulam a reflexão e a retenção de conhecimentos pelos assentados, considerando os diferentes modos de agir e de pensar. Valorizo a capacidade de gestão dos fatores de produção e como se mobilizam e direcionam a força de trabalho, mediante condições de possibilidade de incorporação de recursos financeiros, segundo orientação que atribuem aos sistemas produtivos. TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO RURAL AMAZÔNICO: o plantio de dendê em comunidades camponesas do baixo Tocantins, município de Moju/PA VIEIRA, Ana Carolina C. (UFPA) MAGALHÃES, Sônia Barbosa (UFPA) [email protected], [email protected] MCTI/CNPq/MEC/CAPES Desde meados dos anos 70 do século XX a Amazônia Brasileira é foco de forte intervenção estatal, o que não foi diferente na região do Baixo Tocantins, no Estado do Pará. Desde o início do século XXI transformações de uso do solo e paisagem, com a entrada de incentivos governamentais à produção de dendê (Elaeis guineenses Jacq), estimulam a chegada do agronegócio na região e o envolvimento de camponeses no processo produtivo desta oleaginosa. (MAGALHÃES et al, 2012) Neste trabalho nomeia-se camponeses os produtores familiares que cultivam a terra para a produção de produtos alimentares, em que o trabalho familiar é a garantia da prosperidade da família 169 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar e possuem autonomia em relação ao mercado. (VELHO, 1974; CHAYANOV 1981; GARCIA JR, 1983; HEBETTE, 1996) Esses arranjos produtivos e institucionais acarretam na transformação do espaço rural, implica em mudanças do uso do solo, sendo este o tema desenvolvido pelo presente trabalho. Por meio de dados qualitativos e quantitativos pretendeu-se analisar essas transformações e como elas interferem na capacidade de resiliência e prosperidade de 150 famílias camponesas do município de Mojú, região do Baixo Tocantins-PA, que abarcaram no processo produtivo do dendê, para fins alimentícios, em parceria com o Grupo Agropalma SA. Concluímos que essas diferentes intervenções afetam diretamente as formas de apropriação e uso da terra, causando impactos diretos nos relacionamentos sociais e territoriais provocando mudanças sociais e ambientais, promovendo a expansão do agronegócio em detrimento do espaço e modo de vida do campesinato amazônico. PÔSTER O DISCURSO DAS ÁGUAS: estudo de caso da cobrança pelo uso da água no interior paulista CHAMPREGHER, Raiza (UFSCar) [email protected] FAPESP O controle social do uso dos recursos naturais sofreu importantes transformações nas últimas três décadas. A gestão da água, em particular, foi drasticamente modificada a partir da década de 1990, quando foi implementado no Estado de São Paulo um modelo descentralizado, participativo e integrado de gestão de recursos hídricos, inspirado na governança francesa das águas. A gestão desse recurso passou a ser realizada a nível regional através dos comitês de bacia hidrográfica – órgãos consultivos e deliberativos, com participação paritária do Estado, municípios e sociedade civil. Nesse modelo, dois aparatos são fundamentais para a gestão da água, quais sejam: a outorga de direitos de uso e a cobrança pelo uso da água. Tal cobrança é baseada em princípios da economia ambiental neoclássica, e tem como objetivo a indicação do nível de escassez do recurso e a promoção de seu uso racional através de estratégias de precificação. O presente trabalho visa, então, identificar quais são os argumentos recorrentes na defesa da cobrança pelo uso da água no âmbito das bacias hidrográficas e, também, relacionar os eixos argumentativos encontrados aos discursos hegemônicos sobre a gestão do recurso. Tendo em vista que a agricultura e demais atividades econômicas do meio rural estão atreladas ao uso de recursos hídricos e, principalmente, as populações rurais têm percepções particulares da sua relação com a água, optou-se pela realização de um estudo de caso no interior paulista, especificamente no Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré. Neste trabalho utilizou-se métodos qualitativos de pesquisa social, através de entrevistas, pesquisa documental e bibliográfica. 170 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL E OS INSTRUMENTOS DE RESISTÊNCIA DA POPULAÇÃO LOCAL FRENTE AO MITO QUE PREGA A INCOMPATIBILIDADE ENTRE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E PRESENÇA HUMANA NO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA DIAS, Marcia Cristina de Oliveira (UFRRJ) [email protected] FAPERJ O Brasil é o país que possui a maior biodiversidade do planeta – 20% do total de espécies existentes no planeta. E, se por um lado, em nome do desenvolvimento, muitas áreas naturais são degradadas, por outro, a responsabilidade do Brasil em preservar a natureza leva à criação de inúmeras Unidades de Conservação. A criação de UCs do tipo Parque ou Reserva, baseada no mito naturalista que presume a incompatibilidade entre presença humana e conservação da natureza (DIEGUES, 2000) afeta completamente a vida dos nativos destas áreas. Utilizando como recorte o PEPB – Parque Estadual da Pedra Branca, criado em 1974 e localizado no município do Rio de Janeiro, este trabalho busca evidenciar as transformações sociais, políticas e econômicas que ocorrem em decorrência da criação de um Parque. A partir da união entre teoria e prática, trabalho de campo e leituras bibliográficas relacionadas ao tema, tentei mostrar como, diante da ameaça de expulsão, os agricultores desta área buscam no associativismo, na adoção de novas técnicas de cultivo e na ressignificação de antigas, conquistarem o direito de permanecer no território que consideram como o território deles, geográfico e culturalmente. Minha vivência, ainda que por um curto período de tempo, com os agricultores familiares do PEPB possibilitou-me perceber que tudo o que eles querem é ser respeitados e mostrar ao Poder Público que, se esta área ainda está conservada é justamente pelo fato de que foram estes nativos que, ao longo do tempo conservaram a natureza através da prática de uma agricultura sem agrotóxicos e que sempre privilegiou o uso sustentável do solo e dos mananciais de água. Em certa reunião ouvi de um agricultor a seguinte frase: “sempre fomos orgânicos e não sabìamos”. Sessão II: Do Rural ao Ambiental: novos temas e dilemas conceituais Dia 28/08/13 – às 14h Debatedor: Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins (UFSCar) Sustentabilidade e a análise sociológica: revisão de artigos selecionados BACCHIEGGA, Fábio (UNICAMP) CAPES Nas últimas décadas, o tema da sustentabilidade vem alcançado enorme visibilidade nas mais diferentes esferas, como na mídia, na opinião pública e nas agendas de políticas públicas. Assim, devido ao seu alcance e seu caráter inter/trans – disciplinar 171 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar acreditamos ser necessário e urgente estender suas esferas de análise, como dentro do campo da Sociologia. Neste trabalho que pretendemos apresentar, aproveitando as informações de levantamentos bibliográficos e com apoio de diferentes estudos sobre o tema, buscaremos realizar uma análise quantitativa e qualitativa de artigos científicos selecionados que abordam o tema da sustentabilidade no âmbito das publicações na área das Humanidades no Brasil buscando uma comparação com a produção realizada em outros centros de estudos da América Latina, no intuito de tecer um panorama da produção do pensamento latino americano sobre a temática da sustentabilidade. Nos estudos quantitativos, buscaremos analisar a relevância da questão da sustentabilidade dentro dos estudos com interface em Ambiente e Sociedade em publicações de Humanidades da América Latina. A ideia seria compreender quais países que apresentam maior produção sobre o tema e sistematizar os dados buscando comparações dessa produção cientifica. Já na chamada análise qualitativa, buscaremos um enfoque sobre a produção brasileira, e analisaremos alguns artigos com o uso da chamada Análise de Conteúdo, um instrumento metodológico que visa a análise da mensagem (artigos) e da produção de inferências chega-se ao chamado Método Lógico-Semântico (Análise de Conteúdo), mesclando áreas da linguística e da hermenêutica, buscando compreender como é feito o tratamento da temática da sustentabilidade e quais os principais referenciais da Sociologia Ambiental. ENTRE A SUSTENTABILIDADE E A REALIDADE: o caso do Proálcool (1975-2003) BERTAZI, Marcio Henrique (UNESP) [email protected] FAPESP A comunicação tem como objetivo apontar a complexa relação que se estabeleceu entre o campo e a cidade no contexto da agricultura canavieira no estado de São Paulo, da decretação do Proálcool (1975) ao desenvolvimento da tecnologia flexfuel (2003), no bojo das discussões a respeito da sustentabilidade do etanol como combustível. Criado no bojo da ditadura militar brasileira (1964-85), o Proálcool representou uma dupla esperança no contexto da crise energética (1973): ao campo, uma possibilidade de aumento dos lucros aos detentores de terra e capital, ancorados na histórica certeza de liberação de créditos por parte do Estado; e à cidade, cujo parque automobilístico encontrava-se em expansão, ávido por um combustível pouco oneroso e com garantida disponibilidade. A análise do período permite averiguar que a aclamada sustentabilidade do álcool foi, antes de tudo, questionável. As consequências socioambientais no período, de fato, tornaram-se bastante graves: acentuação da migração rural em direção às cidades com deficientes infraestruturas locacionais; poluição atmosférica (tráfego intensivo nos centros urbanos e queima da cana-de-açúcar no campo) e massivo aumento da utilização dos agrotóxicos no cultivo. A aclamada sustentabilidade dos combustíveis renováveis, defendida inclusive pelo Estado, no caso do álcool, se deu justamente pela insustentabilidade, às custas da agressão ainda maior para com o meio ambiente; da pauperização dos trabalhadores rurais, desprovidos das mínimas condições de sobrevivência numa cidade que não os recebe de braços abertos e de um campo que quer explorá-los à exaustão; e do aumento expressivo da frota automobilística nas cidades, causando conflitos urbanos com os quais as prefeituras contemporâneas tem se debruçado sem sucesso na resolução. 172 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar POLÍTICAS PÚBLICAS E MODERNIZAÇÃO: avanços e limites do Plano Desenvolvimento Sustentável Mais Pesca e Aquicultura no Território do Baixo Vale do Itajaí e Tijucas SILVEIRA, Dauto J. da (UFP) SILVA, Osvaldo H. da [email protected], [email protected] CAPES Este artigo versará sobre as Políticas Públicas implementadas durante a vigência do “Plano de Desenvolvimento Sustentável: mais Pesca e Aquicultura entre 2007 e 2011” no “Território da Pesca Vale Baixo do Itajaì e Tijucas”, Santa Catarina. Parte da condição segundo a qual a criação de tais políticas é uma tentativa de aumentar a renda e emprego dos pescadores artesanais mediante a modernização da cadeia de produção da pesca e aquicultura. O nosso objetivo será perquirir as implicações que estas políticas públicas trouxeram para os pescadores artesanais no supracitado território. Para tanto, buscaremos dados com as respectivas Colônias de Pescadores, como também das Secretarias de Pesca e Aquicultura dos Municípios envolvidos na região e da Superintendência do Ministério da Pesca e Aquicultura em Santa Catarina. O artigo faz parte de uma pesquisa mais ampla que desenvolvemos no doutorado do Programa de Pós Graduação em Sociologia da UFPR. O TURISMO RURAL COMO ESTRATÉGIA PARA DIVERSIFICAÇÃO DA RENDA DO AGRICULTOR FAMILIAR FREITAS, Geane Ferreira (UEPB) [email protected] O rural brasileiro vem passando por mudanças significativas ocasionado pelo processo de modernização agrícola. Em virtude disso ambiente rural passou a não ser só agrícola, mas abriu para o desenvolvimento de novas atividades não agrícolas. Diante dessa pluriatividade, turismo rural surge em expansão no território brasileiro como estratégia capaz de contribuir para o aumento da renda dos agricultores familiares e como também uma oportunidade de permanência no ambiente rural. O governo criou o Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (PRONAF) uma linha de crédito direcionado para financiar os empreendimentos relacionados ao turismo rural e pode ajudar o agricultor com capital de giro inicial para desenvolver a atividade. Neste trabalho analisará as estratégias adotadas pelos agricultores familiares em relação ao turismo rural e uma descrição das políticas governamentais de créditos para o financiamento do turismo rural a agricultor familiar. 173 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar A DIMENSÃO (AGRO)ECOLÓGICA DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM GUARAQUEÇABA – PR KOMARCHESKI, Rosilene (UFPR) DENARDIN, Valdir Frigo (UFPR) [email protected], [email protected] Associação Alfasol/Santander e PROEXT/MEC No intuito de desvendar alternativas de desenvolvimento local compatíveis com a realidade de comunidades de pequenos produtores de farinha de mandioca de Guaraqueçaba – PR, o presente estudo parte da concepção de ecodesenvolvimento, proposta por Ignacy Sachs. Tais produtores vivem em um contexto socioeconômico e ambiental ímpar, onde figuram, de um lado, a riqueza da biodiversidade da Mata Atlântica (98% da área são unidades de conservação) e, de outro, as reduzidas possibilidades de desenvolvimento econômico, sendo um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado. Tendo em vista o potencial agrícola e natural local, o presente estudo teve como objetivo analisar a dimensão ecológica da sustentabilidade local, suas condicionantes e possibilidades de desenvolvimento local de modo a integrar os objetivos da conservação à geração de renda destes produtores. Para tanto, utilizou-se referencial teórico acerca dos pressupostos do ecodesenvolvimento e da questão rural contemporânea, abordando dois aspectos gerais da dimensão ecológica: o de ordem ecológica; e o de ordem territorial. Então, delimitaram-se variáveis de análise utilizadas para a pesquisa em bases de dados secundários e em campo, esta última realizada através de visitas e entrevistas a 19 produtores das comunidades de Açungui e Potinga. Como resultado, identificou-se que a dimensão ecológica da sustentabilidade local, por um lado, sobrepõe-se às dimensões social e econômica, recebendo mais atenção por parte de projetos e políticas públicas executados na região, minando assim a tradicional produção de farinha local. De outro lado, tal dimensão emerge como possibilidade de desenvolvimento local quando considerada pelo prisma do potencial agroecológico e da diversificação de produção e de fontes de renda. PARA ALÉM DO PARADOXO DE GIDDENS: percepções cognitivas da questão ambiental no município de Brotas/SP MADUREIRA, Gabriel Alarcon (UFSCar) [email protected] CAPES Anthony Giddens, sociólogo britânico formulador da teoria da estruturação, elabora uma categoria analítica que nomeia a ausência de ações políticas e cotidianas em relação à crise ambiental. Segundo ele, quando medidas concretas de proteção ao meio ambiente forem postas em práticas não haverá mais tempo suficiente de reverter o quadro de colapso ambiental, configurando o autodenominado Paradoxo de Giddens. Tal perspectiva da questão ambiental acaba por torná-la normativa e universal. A pesquisa toma essa categoria analítica como ponto de partida para uma abordagem relacional da questão ambiental através da própria teoria da estruturação. Assim, meio ambiente, crise climática e natureza passam a ser consideradas como princípios estruturais: como regras e recursos mobilizados na reprodução e transformação da vida 174 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar social e, portanto, como objetos de disputas de nomeação e de ressignificação discursiva. Para analisar sociologicamente o aspecto relacional da questão ambiental estabeleceu-se o município de Brotas-SP como estudo de caso. Tal localidade específica apresenta uma convergência entre as múltiplas concepções da questão ambiental, a profissionalização do turismo e a ressignificação discursiva do próprio espaço rural. Para a realização da pesquisa foram utilizadas as seguintes técnicas: entrevistas semiestruturadas, técnica de bola de neve, levantamento documental, fotodocumentação e questionário socioeconômico. O debate crítico a partir de Giddens permitiu a análise de quatro processos sociais de ressignificação no município de Brotas: a) O Rio JacaréPepira; b) Do “buraco” ao atrativo turístico: valoração ambiental e privatização da natureza; c) Do Radical à Disneylândia: transformações do turismo em torno da questão ambiental; e d) A Estrada do Patrimônio. A FORMAÇÃO DE FRENTES DE INTERESSES NAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS SOBRE O NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO MIGUEL, Jean Carlos Hochsprung (UNICAMP) VELHO, Léa Maria Leme Strini (UNICAMP) [email protected], [email protected] CAPES O Código Florestal brasileiro é um conjunto de leis promulgado em 1934 que resultou em um processo político-histórico que, em sua fase recente – 2009 a 2012 – reuniu no Congresso Nacional representantes de diferentes grupos de interesses em torno das questões relacionadas à preservação das florestas e ao modelo de produção agropecuária do país. Neste período, várias audiências públicas foram realizadas pela Câmara dos Deputados Federais e pelo Senado com o objetivo de colher opiniões de representantes de diferentes segmentos do poder público, das instituições de pesquisa, das ONG`s ambientalistas, das organizações agropecuárias, dentre outros. Tendo como foco estas audiências públicas, este trabalho pretende apresentar através de uma análise dos discursos proferidos em 46 destas reuniões quais frentes de interesses se formaram nas discussões entre os diferentes atores participantes. Nesta apresentação, os alinhamentos dos atores serão indicados com relação aos principais temas discutidos nas audiências dentre eles: Código Florestal e a queda da produção de alimentos; as leis florestais e a guerra comercial internacional na agricultura; a criminalização dos produtores rurais; a diferenciação dos produtores rurais no projeto do novo Código; a descentralização das leis florestais; consolidação e a recomposição das Reservas Legais e APP‟s. Ao final, indica-se que, com relação a esses temas, nas audiências públicas os interesses que, aparentemente, se polarizavam entre ruralistas e ambientalistas envolveram uma grande variedade de atores em diferentes nuances das discussões das controvérsias em questão. 175 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar AS AÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO AMBIENTAL NA MICRORREGIÃO DE PONTA GROSSA SILVA, Lenir Aparecida Mainardes da (UEPG) TAWFEIQ, Reshad (UEPG) [email protected], [email protected] CAPES Tendo em vista as perspectivas e ameaças trazidas pela “questão ambiental”, em razão dos diversos problemas sociais e ambientais que esta comporta, o presente trabalho se propõe a identificar e discutir as contradições entre o sistema econômico vigente e as preeminentes necessidades e demandas socioambientais. Tem como objetivo principal também demonstrar quem é a sociedade civil organizada e engajada no enfrentamento da questão ambiental na microrregião de Ponta Grossa. Ainda, demonstra-se agenda política da sobredita sociedade civil organizada, sua pauta de discussões, suas principais preocupações e seu papel neste contexto sócio-econômico-ambiental de enfrentamento e superação da questão ambiental, ao passo que podem exercer forte pressão e influência na consecução e efetividade das políticas públicas voltadas para esta demanda. Demonstra-se, por fim, a relação entre a atividade desenvolvida por estes grupos e o exercício da cidadania. Como reflexo da necessidade de se cercar melhor o objeto de pesquisa, utilizou-se a teoria crítica e o método dialético como norte teóricometodológicos. Ainda, valeu-se da pesquisa bibliográfica e documental, numa abordagem qualitativa, e da entrevista como instrumento de coleta de dados. TURISMO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR: uma análise do distrito de Campo do Coelho, Nova Friburgo - RJ WEURMELING, Renata de Souza (UFRRJ) [email protected] Durante os últimos anos o espaço rural brasileiro vem sofrendo grandes transformações e a partir de meados dos anos 80 verifica-se a emergência cada vez maior de atividades rurais não-agrícolas, assim como o fenômeno da pluriatividade. Diante dessas transformações, em especial a combinação da produção agrícola na unidade com outra atividade, agrícola ou não, percebe-se que a população rural vem se ocupando cada vez menos com as atividades de natureza agrícola. Atualmente o crescimento do Turismo Rural e a importância do mesmo tem despertado o interesse da esfera política no Brasil. A partir de 2002, no governo do ex-presidente Lula, o governo passa a considerar o Turismo Rural como uma modalidade importante para o desenvolvimento do turismo brasileiro e novas medidas com enfoque nos pequenos produtores são contempladas pelas políticas públicas. Considerando este cenário, este trabalho tem como objeto geral analisar o processo de desenvolvimento do Turismo Rural associado à Agricultura Familiar no distrito de Campo do Coelho- Nova Friburgo/ Rio de Janeiro a partir do Projeto Rural Legal. A pesquisa tem como objetivos específicos apresentar o novo cenário do espaço rural brasileiro, analisar o Turismo Rural como vetor de desenvolvimento local, apresentar o panorama da Agricultura Familiar em Nova Friburgo e verificar se existem políticas públicas voltadas para o Turismo no distrito de Campo do Coelho. A importância dessa pesquisa reside no fato de que o Turismo Rural 176 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar associado à Agricultura Familiar pode contribuir no desenvolvimento local do distrito de Campo do Coelho, uma vez que a atividade poderá dinamizar a economia local, revitalizar o espaço rural e valorizar o modo de vida do pequeno agricultor. A RECONSTRUÇÃO DA RURALIDADE SOB O PARADIGMA DO ECOCENTRISMO NATURALISTA E DO ESTADO PLURINACIONAL LATINO-AMERICANO WOLFF, Ana Carolina (UNESP) [email protected] O presente trabalho trata da ruralidade enquanto resultado de uma construção social, um produto não intencional e nem previsível, da ação humana que se traduz em saberes, manejos, técnicas, valores, funções, sentidos e significados que constituem um verdadeiro patrimônio cultural intangível a ser preservado. Em termos de proteção do meio ambiente, em especial o cultural, o Brasil está munido de uma legislação de nível excelente para os parâmetros internacionais, o que significa, na realidade, que o país se mantém atualizado em relação aos avanços realizados pela UNESCO sobre a matéria. Sem menosprezar a atuação deste órgão internacional, o presente trabalho questiona se não seria possível ir além, na direção, por exemplo, da legislação boliviana que ao promulgar a “Lei da Pacha Mama” introduziu uma concepção indìgena ancestral da natureza como ser que tem direito à vida, consolidando, pois, a transição do paradigma antropocentrista produtivista para o ecocentrista naturalista. Essa transição é capaz de gerar mudanças no entendimento do papel da agricultura e da própria relação do homem com a natureza, fazendo surgir um novo conceito de ruralidade que segue a lógica das recentes propostas latino-americanas de rejeição da democracia e do constitucionalismo modernos, assentados na reprodução homogênea e nos mecanismos representativos majoritários, e de luta por um Estado Plurinacional latino-americano de construção de consensos que tem marcos epistemológicos - o pluralismo e a diversidade – capazes de contribuir para a eficácia da tutela da ruralidade como patrimônio cultural intangível na medida em que defende direitos fundamentais que funcionem não somente como freios aos riscos da estabilidade, mas como emancipadores das sociedades em busca de identidade. 177 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar INDICE DE PRIMEIROS(AS) AUTORES(AS) 178 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar NOME GT Página AGUIAR, Marcio Mucedula GT 1 – Sessão 1 33 AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz GT 5 – Sessão 1 145 AGUIRRE, Alexandra GT 1 – Sessão 3 51 AKEL, Georgia (PÔSTER) GT 1 – Sessão 3 56 ALCHORNE, Murilo de Avelar GT 4 – Sessão 4 138 ALCOCER, Laura Marcondes Ferraz (PÔSTER) GT 3 – Sessão 1 100 ALMEIDA, Detian Machado de GT 4 – Sessão 3 132 ALVES, Paula GT 1 – Sessão 4 58 ALVES, Tatiana Teixeira (PÔSTER) GT 3 – Sessão 3 113 ANDRADE, Luiz Fernando Costa de GT 1 – Sessão 1 34 ARAGON, Luiza GT 1 – Sessão 2 43 ARAUJO, George Freitas Rosa de GT 3 – Sessão 3 107 ARAUJO, Marcelo da Silva GT 4 – Sessão 1 121 ARAUJO, Marivânia Conceição GT 1 – Sessão 3 51 AUGUSTINHO, Aline Michele Nascimento GT 3 – Sessão 3 108 AZEVEDO, Leonardo Francisco de GT 3 – Sessão 2 100 AZEVEDO, Paulo GT 1 – Sessão 4 58 AZEVEDO, Pedro Costa GT 4 – Sessão 2 127 BACCHIEGGA, Fábio GT 6 – Sessão 2 171 BAHIA, Ryanne F. Monteiro GT 2 – Sessão 2 75 BANDINI, Claudirene A. P. GT 4 – Sessão 2 139 BAPTISTA, Jamile Carla (PÔSTER) GT 4 – Sessão 1 125 BARBIM, Marina Graziela (PÔSTER) GT 5 – Sessão 2 157 BAROUCHE, Tônia GT 2 – Sessão 3 84 BARROS, Rodolfo Arruda Leite de GT 5 – Sessão 2 152 BELTRAME, Gabriella GT 2 – Sessão 1 67 BENEDITO, Camila de Pieri GT 3 – Sessão 3 108 BERTAPELI, Vladimir GT 4 – Sessão 1 121 BERTAZI, Marcio Henrique GT 6 – Sessão 2 172 BERTELLI, Giordano GT 1 – Sessão 2 43 BERTO, Vanessa de Faria GT 4 – Sessão 3 133 179 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar BIZZIO, Michele Rodrigues GT 5 – Sessão 1 146 BOGADO, Adriana Marcela GT 3 – Sessão 3 109 BONALDI, Eduardo GT 1 – Sessão 4 59 BONESSO, Márcio GT 5 – Sessão 3 158 BORDA, Erik (POSTER) GT 1 – Sessão 1 42 BORGES, Virginia GT 1 – Sessão 2 44 BRAGA, Patrícia Benedita Aparecida GT 3 – Sessão 2 101 BRITO, Sérgio Roberto Urbaneja GT 3 – Sessão 2 102 BRITTO, Denise Fernandes GT 2 – Sessão 2 76 CAMARGO, Bruna Quinsan (PÔSTER) GT 4 – Sessão 1 126 CAMPREGHER, Raiza (PÔSTER) GT 6 – Sessão 1 170 CANONICO, Letícia GT 5 – Sessão 1 146 CARMO, Priscila Pacheco (PÔSTER) GT 2 – Sessão 2 81 CARVALHO, Bárbara Hilda Crespo Prado de GT 4 – Sessão 4 140 CARVALHO, Joyce Gomes de (PÔSTER) GT 4 – Sessão 2 131 CARVALHO, Jucineth G. E. S. V. de GT 2 – Sessão 3 84 CARVALHO, Rodrigo de GT 3 – Sessão 4 115 CASSIANO, André V. da Nóbrega (PÔSTER) GT 2 – Sessão 3 90 CASSOTA, Prisilla Leine GT 4 – Sessão 4 140 CAVALCANTE, Isaac Ferreira (PÔSTER) GT 2 – Sessão 2 82 CESARINO, Flavia Tortul GT 4 – Sessão 2 127 CHIARADIA, Raquel GT 5 – Sessão 3 163 CIFALI, Ana Claudia GT 5 – Sessão 2 152 CONCEIÇÃO, Eliane Barbosa da GT 1 – Sessão 1 34 CORDEIRO, Tiago Gomes GT 3 – Sessão 1 92 COSTA, Annelise (PÔSTER) GT 5 – Sessão 1 150 COSTA, Guilherme Borges Ferreira GT 4 – Sessão 3 133 COSTA, Jacqueline GT 1 – Sessão 1 35 COSTA, Otávio Barduzzi Rodrigues da GT 4 – Sessão 2 128 COSTA, Rogério da GT 4 – Sessão 4 141 CRUZ, Milton GT 2 – Sessão 1 68 CUNHA, Carolina Flores GT 5 – Sessão 1 147 180 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar DA SILVEIRA, Dauto J. GT 6 – Sessão 2 173 DAMAS, Helton Luiz Gonçalves GT 3 – Sessão 1 93 DANTAS, Daniele Cristina GT 3 – Sessão 4 115 DARÓS, Marilene Liége GT 2 – Sessão 1 68 DEODATO, Eder GT 1 – Sessão 4 59 DIAS, Marcia Cristina de Oliveira (PÔSTER) GT 6 – Sessão 1 171 DUMONT, Tiago Vieira Rodrigues GT 3 – Sessão 1 93 DUTRA, Débora Vogel da Silveira GT 3 – Sessão 2 102 EID, Farid GT 2 – Sessão 1 69 EVAGELISTA, Cleiber Wesley (PÔSTER) GT 5 – Sessão 3 164 FANTINATO, Manuela GT 1 – Sessão 3 52 FEITOSA, James de Sousa GT 4 – Sessão 3 134 FEITOSA, Ricardo GT 1 – Sessão 4 60 FERNANDES, Alan GT 5 – Sessão 3 158 FERREIRA, Karoline Coelho GT 6 – Sessão 1 165 FLOR, Cauê Gomes GT 1 – Sessão 2 44 FLORES, Mariana Seno (PÔSTER) GT 2 – Sessão 3 90 FRANÇOSO, Luis Michel GT 1 – Sessão 3 52 FREITAS, Geane Ferreira GT 6 – Sessão 2 173 FROMM, Deborah (PÔSTER) GT 5 – Sessão 1 151 GALLO, Fernanda Vendramini GT 4 – Sessão 2 129 GALVANIN NETO, Tito GT 3 – Sessão 1 94 GALVÃO, Cassia Bömer GT 2 – Sessão 3 85 GAVERIO, Marco (POSTER) GT 1 – Sessão 1 42 GESSA, Marilia GT 1 – Sessão 2 45 GODOY, Marilia Gomes Ghizzi GT 1 – Sessão 5 63 GOMES, Cleber GT 1 – Sessão 3 53 GONÇALVES, Marilene Parente GT 2 – Sessão 2 76 GONÇALVES, Rosangela Teixeira GT 5 – Sessão 2 153 GONZALEZ ZAMBRANO, Catalina GT 1 – Sessão 1 36 GUADAGNIN, Renata GT 5 – Sessão 1 147 GUIMARÃES, Luiz Ernesto GT 4 – Sessão 4 142 181 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar GUIMARÃES, Mariana T. GT 3 – Sessão 2 103 HASEGAWA, Aline Yuri GT 6 – Sessão 1 165 HENNING, Ana Clara Correa GT 3 – Sessão 1 94 IBRAHIM, Ismael (PÔSTER) GT 1 – Sessão 3 56 JÁCOMO, Luiz Vicente Justino GT 4 – Sessão 1 122 JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de GT 6 – Sessão 1 166 JESUS, Maria Gorete Marques GT 5 – Sessão 2 154 KOMARCHESKI, Rosilene GT 6 – Sessão 2 174 LAMOUNIER, Lucia GT 5 – Sessão 3 159 LANZA, Fabio GT 4 – Sessão 3 135 LEAL, Luã GT 1 – Sessão 3 53 LEÃO, Natalia GT 1 – Sessão 4 60 LERSCH, Thelma Beatriz Carvalho Cajueiro GT 1 – Sessão 1 36 LIMA, Angela Maria de Sousa GT 2 – Sessão 2 77 LIMA, Bruna Della Torre C. GT 3 – Sessão 3 110 LIMA, Maria Mayara de GT 5 – Sessão 3 160 LIMA, Priscilla GT 1 – Sessão 4 61 LIMA, Selma GT 1 – Sessão 5 64 MACEDO, Henrique GT 5 – Sessão 2 154 MACEDO, Marcio GT 1 – Sessão 2 46 MACIEL, Lidiane Maria GT 6 – Sessão 1 167 MADUREIRA, Gabriel Alarcon GT 6 – Sessão 2 174 MAGALHÃES, Rafaela Melo GT 4 – Sessão 1 122 MAIA, Janille Campos GT 6 – Sessão 1 167 MAK, Denise GT 4 – Sessão 1 123 MANDUCA, Vinicius GT 4 – Sessão 4 142 MARTINS, Amanda Coelho (PÔSTER) GT 2 – Sessão 2 82 MARTINS, Marques Alves GT 4 – Sessão 1 123 MASSUIA, Rafael. R. GT 1 – Sessão 3 54 MATOS, Ísis Oliveira Bastos GT 3 – Sessão 1 95 MAUERBERG JR, Arnaldo GT 3 – Sessão 4 116 MEDEIROS, Priscila GT 1 – Sessão 1 37 182 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar MEDEIROS, Thais Helena GT 2 – Sessão 1 69 MELO, Betania GT 1 – Sessão 5 65 MELO, Marina Félix de GT 3 – Sessão 3 110 MENEZES, Diego Matheus Oliveira de GT 2 – Sessão 1 70 MENEZES, Vitor Matheus Oliveira de (PÔSTER) GT 3 – Sessão 2 107 MIGUEL, Jean Carlos Hochsprung GT 6 – Sessão 2 175 MORAIS, Danilo GT 1 – Sessão 1 37 MORAIS, Edson Elias de GT 4 – Sessão 2 129 MORENO, Meire Ellen GT 3 – Sessão 3 111 MORENO, Pedro (PÔSTER) GT 4 – Sessão 3 137 MOTTA, Luana Dias GT 3 – Sessão 1 95 MOURA, Rosene de Jesus (PÔSTER) GT 2 – Sessão 1 74 NACKED, Rafaela GT 1 – Sessão 2 46 NASCIMENTO, Larissa GT 1 – Sessão 2 47 NELI, Marcos Acácio GT 2 – Sessão 2 77 OLIC, Mauricio Bacic GT 5 – Sessão 3 160 OLIVEIRA FILHO, Marco Aurélio GT 2 – Sessão 1 70 OLIVEIRA, Arlete GT 2 – Sessão 3 85 OLIVEIRA, Daniela Ribeiro GT 2 – Sessão 2 78 OLIVEIRA, Heythor Santana de (PÔSTER) GT 4 – Sessão 3 137 OLIVEIRA, Luciano Márcio Freitas de GT 5 – Sessão 1 148 OLIVEIRA, Marília GT 5 – Sessão 2 155 OLIVEIRA, Wellington Cardoso de GT 4 – Sessão 1 124 PAIVA, Larissa Nunes GT 3 – Sessão 1 96 PASSOS, Daniela Oliveira Ramos dos GT 2 – Sessão 2 78 PATRIOTA, Beatriz (PÔSTER) GT 1 – Sessão 3 57 PELLEGRINO, Lucas Nunes (PÔSTER) GT 2 – Sessão 1 74 PEREIRA, Juliano Gonçalves GT 5 – Sessão 1 148 PEREIRA, Luiz Fernando GT 5 – Sessão 1 149 PINHEIRO, Marcos Filipe Guimarães GT 4 – Sessão 1 124 PINTO, Renata Pires GT 1 – Sessão 4 61 PIRES, Aline Suelen GT 2 – Sessão 2 79 183 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar PLACERES, Giulliano GT 4 – Sessão 3 135 PORTELA JR, Aristeu GT 3 – Sessão 3 111 POSSEBON, Daniela GT 2 – Sessão 1 71 PROLO, Felipe GT 3 – Sessão 4 117 QUEIROZ, José Fernando GT 3 – Sessão 1 96 RABESCO, Rafaela GT 3 – Sessão 4 117 RANGEL, Felipe GT 2 – Sessão 2 79 RIBEIRO JR, Ribamar GT 1 – Sessão 5 65 RIOS, Flavia GT 1 – Sessão 1 38 ROCHA DE FREITAS, Gabriela GT 2 – Sessão 2 80 ROCHA, Décio Vieira da GT 3 – Sessão 4 118 ROCHA, Rafael Lacerda Silveira GT 5 – Sessão 3 161 RODRIGUES, Donizete GT 4 – Sessão 2 130 RODRIGUES, Fabiano dos Santos GT 6 – Sessão 1 168 RODRIGUÊS, Leonardo Henrique Gomes GT 3 – Sessão 2 103 ROIM, Talita GT 1 – Sessão 3 55 ROSA, Lucas Rogério (PÔSTER) GT 4 – Sessão 3 138 ROSA, Patrícia GT 4 – Sessão 1 125 ROSA, Rafaela Euges GT 3 – Sessão 2 104 ROSSI, Renan GT 4 – Sessão 3 136 ROSSI, Vanberto GT 1 – Sessão 4 62 ROVIERO, Andréia GT 6 – Sessão 1 168 RUGGIERI NETO, Mário Thiago GT 3 – Sessão 4 118 SÁ, Lucas do Santos Cabral de GT 4 – Sessão 4 143 SABADIN, Ana Carina (PÔSTER) GT 4 – Sessão 2 132 SABINO, Yuri (POSTER) GT 4 – Sessão 4 144 SANTOS, Adrielma S. dos (PÔSTER) GT 3 – Sessão 3 114 SANTOS, Deborah Schimidt Neves dos GT 3 – Sessão 2 104 SANTOS, Elisangela GT 1 – Sessão 1 39 SANTOS, Gilberto de Assis Barbosa GT 1 – Sessão 2 48 SANTOS, João Henrique GT 5 – Sessão 2 155 SANTOS, Jose Ricardo Marques GT 1 – Sessão 1 39 184 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar SANTOS, Priscila Tavares dos GT 6 – Sessão 1 169 SANTOS, Valdirene Ferreira GT 3 – Sessão 2 105 SARUWATARI, Gabrielly Kashiwaguti GT 4 – Sessão 2 130 SCHLITTLER, Maria Carolina GT 5 – Sessão 2 156 SEVES, Natália Cabau GT 3 – Sessão 4 119 SILVA, Alenilcon Pereira da GT 2 – Sessão 3 86 SILVA, Cinthia GT 1 – Sessão 2 48 SILVA, David Esmael Marques da GT 5 – Sessão 3 162 SILVA, Eliane GT – Sessão 2 49 SILVA, Jenair Alves GT 5 – Sessão 1 149 SILVA, João Charlesdan GT 2 – Sessão 1 72 SILVA, João Paulo da GT 3 – Sessão 1 97 SILVA, José Douglas dos Santos GT 5 – Sessão 3 162 SILVA, Leandro Oliveira GT 3 – Sessão 1 97 SILVA, Leinir Aparecida Mainardes da GT 6 – Sessão 2 176 SILVA, Livia Sousa da GT 5 – Sessão 1 150 SILVA, Luiz Antonio Coêlho GT 2 – Sessão 1 72 SILVA, Maria Aparecida Ramos da GT 3 – Sessão 4 119 SILVA, Mariana Gama Alves da GT 4 – Sessão 3 136 SILVA, Newton GT 2 – Sessão 3 87 SILVA, Ricardo Lima GT 2 – Sessão 3 87 SILVA, Rodrigo Pereira da GT 3 – Sessão 3 112 SILVA, Wanessa GT 1 – Sessão 4 63 SILVESTRE, Giane GT 5 – Sessão 3 163 SIQUEIRA, Lucas (PÔSTER) GT 2 – Sessão 3 91 SIQUEIRA, Wellington (PÔSTER) GT 2 – Sessão 2 83 SOUZA, André GT 2 – Sessão 3 88 SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de GT 5 – Sessão 2 156 SOUZA, Luana Silva de GT 3 – Sessão 3 112 SOUZA, Marco Aurélio Dias De GT 4 – Sessão 4 143 SOUZA, Sérgio GT 1 – Sessão 1 40 SOUZA, Valtey Martins GT 1 – Sessão 2 49 185 IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar TAFURI, Diogo Marques GT 1 – Sessão 1 41 TAVARES NETO, João GT 2 – Sessão 2 81 TEIXEIRA, Jacqueline Moraes GT 4 – Sessão 4 144 TENCHENA, Sandra Mara GT 1 – Sessão 3 55 TINCANI, Daniela GT 1 – Sessão 1 41 TRUJILLO MIRAS, Julia GT 1 – Sessão 5 66 VARGAS, Carlos Alberto Castillo GT 3 – Sessão 2 106 VIANA, Aline Silveira GT 3 – Sessão 1 98 VIEIRA, Ana Carolina C. GT 6 – Sessão 1 169 VITAL, Graziela GT 2 – Sessão 1 73 VITORINO, Diego GT 1 – Sessão 2 50 WAGNER, Bruna Kucharski GT 3 – Sessão 1 99 WEURMELING, Renata de Souza GT 6 – Sessão 2 176 WOLFF, Ana Carolina GT 6 – Sessão 2 177 ZAMBELLO, Aline Vanessa GT 3 – Sessão 4 120 ZAMIAN, Gabriel (PÔSTER) GT 1 – Sessão 3 57 ZAPATA, Sandor GT 2 – Sessão 3 88 ZUCCOLOTTO, Eder GT 2 – Sessão 3 89 186