Caderno de Resumos
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PROGRAMAS E
RESUMOS
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Caderno de Resumos. IV Seminário Internacional do Programa de Pós-Graduação
em Sociologia da UFSCar – “Olhares e diálogos sociológicos sobre as mudanças no
Brasil e na América Latina”. São Carlos: UFSCar, 2013. ISSN 2236-1138 – 188 p.
São Carlos
2013
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Prof. Dr. Targino de Araújo Filho – Reitor
Centro de Educação e Ciências Humanas
Profa. Dra. Wanda Aparecida Machado Hoffmann – Diretora
Departamento de Sociologia
Profª. Drª. Maria da Gloria Bonelli - Chefe
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Profª. Drª. Maria Inês Rauter Mancuso - Coordenadora
Coordenadores
Prof. Dr. André Ricardo de Souza
Prof. Dr. Fábio José Bechara Sanchez
Prof. Dr. Valter Roberto Silvério
Comissão Organizadora
Alexandro Elias Arbarotti
Cauê Gomes Flor
Dafne Araújo
David Esmael Marques da Silva
Evelyn Louyse Godoy Postigo
Giulliano Placeres
Henrique de Linica dos Santos Macedo
Henrique Yagui Takahashi
Keith Diego Kurashige
Larissa Ap. C. do Nascimento
Letícia Canonico de Souza
Luiz Fernando Costa de Andrade
Maria Carolina de Camargo Schlitter
Marcos Roberto Mariano Pina
Paulo César Ramos
Renan Rossi
Vinicius Manduca
Comissão Científica
Prof. Dr. André Ricardo de Souza
Prof.ª Dr.ª Anete Abramowicz
Prof.ª Dr.ª Cibele Saliba Rizek
Prof. Dr. Fábio José Bechara Sanchez
Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran
Prof.ª Dr.ª Jacqueline Sinhoretto
Prof. Dr. Jacob Carlos Lima
Prof. Dr. Jorge Leite Junior
Prof.ª Dr.ª Fabiana Luci de Oliveira
Prof.ª Dr.ª Maria Ap. de Moraes Silva
Prof.ª Dr.ª Maria da Gloria Bonelli
Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso
Prof.ª Dr.ª Norma Felicidade Valencio
Prof. Dr. Oswaldo Mario Serra Truzzi
Prof. Dr. Richard Miskolci
Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins
Prof.ª Dr.ª Rosemeire Ap. Scopinho
Prof.ª Dr.ª Tânia Pellegrini
Prof. Dr. Valter Roberto Silvério
Apoio Técnico
Silmara Dionísio e Luciane Cristina de Oliveira
Departamento de Sociologia
Financiadores/Apoio
UFSCar – PROEX (Pró-Reitoria de Extensão) e FAI
CAPES
FAPESP
São Carlos
2013
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................... 5
PROGRAMAÇÃO GERAL ......................................................................................................... 6
GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS ................................................... 11
GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES .................................................... 16
GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA...................................... 19
GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS .................................................... 23
GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME ........................................... 27
GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE .................................................................. 30
RESUMOS .................................................................................................................................. 32
GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS ................................................... 33
GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES .................................................... 67
GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA...................................... 92
GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS .................................................. 121
GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME ......................................... 145
GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE ................................................................ 165
INDICE DE PRIMEIROS(AS) AUTORES(AS) ...................................................................... 178
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
APRESENTAÇÃO
É com imensa satisfação que apresentamos o IV Seminário Internacional do
Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar – “Olhares e diálogos
sociológicos sobre as mudanças no Brasil e na América Latina”.
Sendo realizado desde 2010 por discentes e docentes do PPGS/UFSCar, esta IV
edição do Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade
Federal de São Carlos visa o intercâmbio acadêmico, propiciando o debate, em âmbito
nacional e internacional, entre pós-graduação, estudantes de graduação e pesquisadores
e pesquisadoras em Sociologia e áreas afins em torno do tema “Olhares e diálogos
sociológicos sobre as mudanças no Brasil e na América Latina”.
Desta maneira, a temática escolhida para este evento propõe fomentar o debate
das linhas e temas tradicionais da sociologia com o contexto de mudanças em que se
encontra o Brasil e a América Latina. O objetivo é oferecer aos participantes e às
participantes atividades e debates sobre temas de fronteira das ciências sociais
contemporâneas.
Pretende também contribuir para fortalecer e divulgar o Programa de PósGraduação em Sociologia da UFSCar, consolidando e qualificando a disseminação da
produção científica de suas linhas pesquisas, assim como incentivar a integração entre
ensino, pesquisa e extensão universitária na Pós-Graduação.
Agradecemos a todas e todos que compareceram e enviaram seus trabalhos para
serem expostos, ouvidos e debatidos, sobretudo aqueles que se deslocaram a partir de
várias regiões do país, quando não de outros países. Compartilhamos com vocês o
sucesso em nossa intenção de expandir o evento e torná-lo mais relevante na circulação
e divulgação da produção sociológica.
Sejam muito bem-vindas e bem-vindos!
Comissão Organizadora
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PROGRAMAÇÃO GERAL
SEGUNDA-FEIRA 26 DE AGOSTO
18h30 – Mesa de abertura – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da
UFSCar)
Prof. Dr. Targino de Araújo Filho (Reitor da UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Wanda Aparecida Machado Hoffmann (Diretora do Centro de Educação e
Ciências Humanas/CECH/UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (Coordenadora do Programa de Pós-Graduação
em Sociologia/PPGS/UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Maria da Gloria Bonelli (Chefe do Departamento de Sociologia/DS/UFSCar)
19h – Conferência de Abertura: Entre o poder e a diferença. Política e etnicidade
na América Latina contemporânea – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte
da UFSCar)
Prof. Dr. Sérgio Costa (Freie Universität Berlin / FU-Berlin/Alemanha)
Após a Conferência de Abertura – Coquetel de boas vindas
TERÇA-FEIRA 27 DE AGOSTO
9h –Mesa 1: Colonialidade e emancipação do saber e do poder no contexto latinoamericano – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Rita Laura Segato (UnB)
Prof. Dr. Ramón Grosfoguel (University of California, Berkeley/EUA)
Prof.ª Dr.ª Patrícia Scarponetti (Universidade Nacional de Córdoba/Argentina)
Coordenação: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar)
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
9h - Mesa 2: Perspectivas geracionais na América Latina – Local: Auditório do
CECH (Edifício AT2 - área sul da UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Anete Abramowicz (UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Helena Abramo (Secretaria Nacional de Juventude – Secretaria Geral da
Presidência da República)
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar)
14h – Sessão dos Grupos de Trabalhos (Locais divulgados em programação anexa)
17h – Fórum: As “novas” políticas sociais brasileiras – Local: Auditório do
Departamento de Ciências Sociais (área sul da UFSCar)
Prof. Dr. Marco Ceballos (Universidade Andrés Bello/Chile)
Prof.ª Dr.ª Isabel Pauline Hildegard Georges (UFSCar)
Prof.ª Dr.ª Cibele Saliba Risek (USP)
Prof.ª Dr.ª Yumi Garcia dos Santos (UFMG)
Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar)
19h - Mesa 3: Ilegalidade, política e território na América Latina – Local:
Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar)
Prof. Dr. Rafael Soares Gonçalves (PUC – RJ)
Prof. Dr. Salvador Maldonado Aranda (El Colégio de Michoacán/México)
Prof. Dr. Leonardo Damasceno de Sá (UFC)
Coordenação: Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar)
19h - Mesa 4: As mudanças no cristianismo latino-americano – Local: Auditório do
CECH (Edifício AT2 - área sul da UFSCar)
Prof. Dr. André Ricardo de Souza (UFSCar)
Prof. Dr. Dario Paulo Rivera (UMESP)
Prof. Dr. Ricardo Mariano (USP)
Coordenação: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília)
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
QUARTA-FEIRA 28 DE AGOSTO
9h –Mesa 5: Ao sul da teoria: pesquisas sobre gênero, sexualidade e teoria queer no
contexto brasileiro e latino-americano – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área
norte da UFSCar)
Prof. Dr. Pedro Paulo Gomes Pereira (UNIFESP)
Prof.ª Dr.ª Larissa Maués Pelúcio Silva (UNESP/Bauru)
Prof. Dr. Richard Miskolci (UFSCar)
Coordenação: Prof. Dr. Jorge Leite Jr. (UFSCar)
9h - Conversa com o autor I: “Trabalho e suas novas configurações” com o Prof.
Dr. Elísio Estanque (Universidade de Coimbra/Portugal) – Local: Auditório do
CECH (Edifício AT2 - área sul da UFSCar)
Prof. Dr. Elísio Estanque (Universidade de Coimbra/Portugal)
Coordenação: Prof. Dr. Jacob Carlos Lima (UFSCar)
14h – Sessão dos Grupos de Trabalhos (Locais divulgados em programação anexa)
17h – Conversa com o autor II: “Descolonizacion del poder y el conocimientos”
com o Prof. Dr. Ramón Grosfoguel (University of California, Berkeley/EUA) –
Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte da UFSCar)
Prof. Dr. Ramón Grosfoguel (University of California, Berkeley/EUA)
Coordenação: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar)
19h – Conferência de encerramento – Local: Anfiteatro Bento Prado Jr. (área norte
da UFSCar)
Prof. Dr. Roberto Kant de Lima (UFF)
22h – Festa de encerramento com lançamento de livros e novas edições das revistas
Contemporânea e Àskesis no Almanach Bar e Restaurante
Endereço: Av. São Carlos, 2338 – Centro
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
http://www.osabordesaocarlos.com.br/restaurantes/almanach-bar-e-restaurante/
Minicurso – El debate poscolonial latinoamericano: ¿debates sobre el poder?
(de 26 à 30 de agosto) – Local: Auditório do Departamento de Sociologia
Prof.ª Dr.ª Patrícia Scarponetti (Universidade Nacional de Córdoba - Argentina)
Programação do Minicurso:
Sessão I – Segunda-feira, dia 26, às 14h
Sessão II - Terça feira, 27, às 14h (Mesa 1 - Colonialidade e emancipação do saber e do
poder no contexto latino-americano)
Sessão III – Quarta-feira, dia 28, às 14h
Sessão IV – Quinta-feira, dia 29, às 14h
Sessão V – Sexta-feira, 30, às 14h
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
SESSÕES DOS GRUPOS DE TRABALHO
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS
Sessão I: Relações Étnicas e Raciais
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
AGUIAR, Marcio Mucedula
UFGD
ANDRADE, Luiz Fernando
Costa de
UFSCar
CONCEIÇÃO, Eliane Barbosa
da
FGV
COSTA, Jacqueline
UFSCar
GONZALEZ ZAMBRANO,
Catalina
USP
LERSCH, Thelma Beatriz
Carvalho Cajueiro
PUC RIO
MEDEIROS, Priscila
UFSCar
MORAIS, Danilo
UFSCar
RIOS, Flavia
USP
SANTOS, Elisangela
UNESP
SANTOS, Jose Ricardo
Marques
Faculdades
Barretos
SOUZA, Sérgio
UNIFIMES
TAFURI, Diogo Marques
UFSCar
TINCANI, Daniela
UNISEB
BORDA, Erik
(PÔSTER)
GAVERIO, Marco
(PÔSTER)
UFSCar
UFSCar
TÍTULO DO ARTIGO
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: uma análise dos
planos nacionais de educação, de educação em direitos
humanos e do referencial curricular da rede estadual de
ensino de Mato Grosso do Sul ensino médio.
ESTADO DEMOCRÁTICO, RECONHECIMENTO E
“CONSCIÊNCIA DE SI”: um exercìcio
reflexivo a partir do debate racial.
POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE
RACIAL PARA O MERCADO DE TRABALHO:
lições prendidas.
PROGRAMA DE INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO
ÉTNICO RACIAL (PIIER) DA UNIVERSIDADE DO
ESTADO DE MATO GROSSO (UNEMAT): um
estudo comparativo entre os campi de Cáceres e Sinop.
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS
DE MULHERES NEGRAS: o Brasil e a Colômbia em
perspectiva comparada.
CIDADANIA, RECONHECIMENTO E JUSTIÇA
ESTADO BRASILEIRO E AS AÇÕES
AFIRMATIVAS COM CRITÉRIO RACIAL:
descentramento e desracialização do nacional
DISPUTA HEGEMÔNICA E POLÍTICA DE
RECONHECIMENTO NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO
RAÇA, GÊNERO E REPRESSÃO MITIRAR: ensaio
sociológico e histórico sobre a trajetória artística e
política de Thereza Santos.
DO CURURU PAULISTA COMO
PECULIARIDADE IDENTITÁRIA, ALGUNS
APONTAMENTOS
A FIXAÇÃO DO SUJEITO NA BIBLIOGRAFIA
SOBRE CULTURA CAIPIRA E SERTANEJA.
DAS RELAÇÕES ENTRE RAÇA-ETNIA, CLASSE
E STATUS: discutindo a conformação da hierarquia
social no brasil.
A POLÍTICA COMO DESCOLONIZAÇÃO:
reflexões sobre o estado-nação brasileiro e sua
democracia constitucional.
A IDENTIDADE CULTURAL E O INVESTIMENTO
EM POLÍTICA PÚBLICA CULTURAL: um estudo
sobre Ribeirão Preto
ESTUDOS CULTURAIS NO BRASIL: do que
estamos falando?
CORPOS COLONIZADOS – reflexões sobre raça e
deficiência
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Multiculturalismo e Identidades
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
ARAGON, Luiza
UFF
BERTELLI,
Giordano
UFSCar
BORGES, Virginia
UFPel
FLOR, Cauê Gomes
UFSCar
GESSA, Marilia
UNICAMP
MACEDO, Marcio
New School
NACKED, Rafaela
PUC/SP
NASCIMENTO,
Larissa
SANTOS, Gilberto
de Assis Barbosa
UFSCar
UNESP
SILVA, Cinthia
UNESP
SILVA, Eliane
UNESP
SOUZA, Valtey
Martins
UFPA
VITORINO, Diego
UNESP
TÍTULO DO ARTIGO
DA CONSIDERAÇÃO AO RESPEITO: construção de
gramáticas e diferenças na ladeira Sacopã
A ÁFRICA NÃO CABE NO BRASIL? – aspectos (pós)
coloniais da poética de Oswald de Andrade
A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL
CONTIDA NA ATUAÇÃO JUVENIL NO
COTIDIANO
TRADUZIR-SE UMA PARTE NA OUTRA PARTE: a
construção de marcadores sociais da diferença na
diáspora.
RAP E TERRITORIALIDADE NA CIDADE DE SÃO
PAULO
A ARTE DA POLÍTICA E A POLITICA DAS ARTES:
militantes e artistas na construção de uma esfera pública
negra no Brasil
REFAVELA (1977): negritude na poética musical de
Gilberto Gil
REPENSANDO CULTURA E IDENTIDADE NEGRA:
o que os moradores do Bixiga têm a nos dizer?
A PRESENÇA DO NEGRO NOS ROMANCES DE
MACHADO DE ASSIS: ocorrências em “Esaú e Jacó”
LUGARES DA MEMÓRIA. O recompor da cultura
migrante entre avós e netos
CAROLINA MARIA DE JESUS: marginalização social
e escrita literária.
UMA BREVE ANÁLISE DO PROCESSO DE
IDENTIFICAÇÃO DAS QUEBRADEIRAS DE COCO
BABAÇU NO MUNICIPIO DE SÃO DOMINGOS DO
ARAGUAIA-PA
NO ENCALÇO DO PONTO PERDIDO: a memória do
jongo em Bananal – SP
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Subjetividades, Identidades e Diferenças
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Richard Miskolci
NOME
INSTITUIÇÃO
AGUIRRE, Alexandra
UERJ
ARAUJO, Marivânia
Conceição
FANTINATO,
Manuela
FRANÇOSO, Luis
Michel
PUC-Rio
GOMES, Cleber
UNICAMP
LEAL, Luã
UNICAMP
MASSUIA, Rafael. R.
UNESP
ROIM, Talita
UNESP
TENCHENA, Sandra
Mara
AKEL, Georgia
(PÔSTER)
UEM
UNESP
PUC/SP
TÍTULO DO ARTIGO
INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE
INTERSUBJETIVIDADE NA RECEPÇÃO DE
OBRAS DE ARTE
TAMBÉM EXISTE ALEGRIA NO BAIRRO
SANTA FELICIDADE
VILÉM FLUSSER E O EXÍLIO COMO
IDENTIDADE EM TRÂNSITO
A MODERNIDADE É UMA SERPENTE
A EDUCAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE E A
ERA DA CIBERCULTURA
IDENTIDADE NACIONAL E INDÚSTRIA
CULTURAL: a música popular brasileira entre
apropriações e disputas
CULTURA E SOCIEDADE NO BRASIL
SEGUNDO CARLOS NELSON COUTINHO
MERCADO MUNICIPAL PAULISTA: relações
socioculturais como formação de uma identidade
cultural do ser paulistano
CULTURA E IDENTIDADE NA CIDADADE
DE PRUDENTÓPOLIS - PR
UNICAMP
MEXEU COM UMA. Mexeu com todas
IBRAHIM, Ismael
(PÔSTER)
UFMS
VIOLÊNCIA E PRECONCEITO: a identificação
das ocorrências de bullying homofobico no
ambiente escolar
PATRIOTA, Beatriz
(PÔSTER)
UFSCar
TATUAGEM: corpo e arte
ZAMIAN, Gabriel
(PÔSTER)
UFMS
HOMOFOBIA E SEXUALIDADE: a
agressividade do “palavrão” como forma de
manifestação do bullying no ambiente escolar
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão IV: Gênero, Corpos e Conflitos.
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Jorge Leite Jr.
NOME
INSTITUIÇÃO
ALVES, Paula
UFU
AZEVEDO, Paulo
PUC-Rio
BONALDI, Eduardo
USP
DEODATO, Eder
UFPE
FEITOSA, Ricardo
UFC
LEAO, Natalia
UFMG
LIMA, Priscilla
UFAM
PINTO, Renata Pires
PUC/SP
ROSSI, Vanberto
UFSCar
SILVA, Wanessa
UFAL
TÍTULO DO ARTIGO
A LEI MARIA DA PENHA SOB A
PERSPECTIVA DO
RECONHECIMENTO
NEM MENINOS, NEM MENINAS.
As ruas estão cheias de ninguém
MULHERES INVESTIDORAS E
ENGENHEIRAS: socialização,
habitus de gênero e lutas
concorrenciais
GAROTOS DE PROGRAMA: uma
etnografia da prostituição masculina
em Recife
"O OUTING COMO QUESTÃO":
trânsito de práticas e conceitos.
GÊNERO E DESIGUALDADE EM
SAÚDE NAS MACROREGIÕES
DO
BRASIL
MULHERES AMAZÔNICAS
SEGUNDO ELIZABETH
AGASSIZ EM
VIAGEM AO BRASIL (1865-1866)
IDENTIDADE NACIONAL: a
Embratur como construtora de
imagem da mulher brasileira
FORMA E CONTEÚDO: algumas
considerações sobre a
possível reconfiguração do conceito
de “obreira da
vida” na atualidade
O CORPO É DE QUEM?
protagonismo feminino e cultura do
parto „médico‟
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão V: Culturas e Identidades Indígenas
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Profª Drª Clarice Cohn (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO ARTIGO
GODOY, Marilia
Gomes Ghizzi
UNISA
LIMA, Selma
UFGD
MELO, Betania
UFRN
LÉVI-STRAUSS: mito e música
RIBEIRO JR,
Ribamar
IFPA/CRMB
TERRA INDÍGENA MÃE MARIA: os Akrãtikatêjê
no processo de resistência
TRUJILLO MIRAS,
Julia
UnB
A POLÍTICA INDIGENISTA E O PATRIMÔNIO
IMATERIAL –
novas abordagens, novas relações
A MÚSICA E A DANÇA GUARANI MBYA COMO
RECURSOS DE CIDADANIA E IDENTIDADE
ÉTNICA
ALUNOS INDÍGENAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS
NA CIDADE DE
DOURADOS – MS: perspectivas e tensões.
15
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES
Sessão I: Desenvolvimento Regional e Economia Solidária
Data: 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Fábio Bechara Sanchez (UFSCar)
Nome
Instituição
Título do Trabalho
BELTRAME,
Gabriella
PUC-MG
MUTIRÃO AUTOGESTIONÁRIO E ALTERNATIVA À
PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA DO URBANO: reflexões sobre
apropriação da cidade
UFRGS
AS POTENCIALIDADES E OS PROBLEMAS DAS CIDADES
DOS ARCOS SUL E CENTRAL DA FRONTEIRA DO BRASIL
UNISINOS
SATISFAÇÃO: um tema em definição
UFPA
MIGRAÇÃO, TRABALHO E MINERAÇÃO: maranhenses tomam
rumo de Parauapebas, no sudeste do Pará
FIT (PA)
REDES DE SOCIABILIDADE E COMÉRCIO NA FLORESTA
UFBA
O CONSELHO ESTADUAL DAS CIDADES DA BAHIA E A
ELABORAÇÃO DA POLITICA ESTADUAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
OLIVEIRA
FILHO, Marco
Aurélio
UFSCar
ASPECTOS RELACIONADOS À COMERCIALIZAÇÃO DO
ARTESANATO SOLIDÁRIO EM MUNICÍPIO DO INTERIOR
PAULISTA – dificuldades e possibilidades
POSSEBON,
Daniela
UFRGS
A ECONOMIA CRIATIVA E OS NOVOS REFLEXOS
INSTITUCIONAIS SOBRE O TRABALHO ARTESANAL EM
PORTO ALEGRE
UFCG
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DEMOCRACIA E OS
PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
UNIFIMES
A OCUPAÇÃO DOS CERRADOS NO CENTRO-OESTE
BRASILEIRO: trabalhadores, expansão do agronegócio e questões
socioambientais
USP
ASPECTOS DA GOVERNANÇA LOCAL: inserção internacional
das cidades através de redes de cidades
CRUZ, Milton
FILHO, Camilo
Pereira Carneiro
DAROS, Marilene
Liége
EID, Farid
SOUZA, André
Santos de
MEDEIROS,
Thais Helena
Schweickardt,
Katia
MENEZES, Diego
Matheus Oliveira
de
SILVA, Luiz
Antonio Coelho
BATISTA, Ozaias
Antonio
SILVA, João
SOUZA, Sérgio
BARBOSA,
Nilvan
VITAL, Graziela
MOURA, Rosene
de Jesus
(POSTER)
PELLEGRINO,
Lucas Nunes
(POSTER)
UFRB
UNESP
O TRABALHO DAS MULHERES NA PRODUÇÃO DE
FARINHA DE MANDIOCA NO RECÔNCAVO BAIANO:
comunidade Iriquitiá, Maragojipe Bahia
A ZONA FRANCA DE MANAUS SOB A PERSPECTIVA DO
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA
AMAZÔNIA OCIDENTAL (2002-2012)
16
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Trabalho
Data: 28/08/13– às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Jacob Carlos Lima (UFSCar)
Nome
BAHIA, Ryanne F.
Monteiro
BRITTO, Denise
Fernandes
Instituição
UFC
UFSCar
Título do Trabalho
TRABALHO E MOBILIDADE: a experiência laboral de
motoristas de ônibus urbano em Fortaleza
A CULTURA ORGANIZACIONAL NO DISCURSO DA
MÍDIA
UENF
REESTRUTURAÇÃO, PRECARIZAÇÃO E O
PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: análises a partir da
flexibilidade
LIMA, Angela Maria de
Sousa
UEL
O REDIMENSIONAMENTO DO TRABALHO
SUBCONTRATADO DAS MULHERES NAS FACÇÕES
DOMICILIARES E NAS COOPERATIVAS DE
COSTURA DE CIANORTE-PR
NELI, Marcos Acácio
UNESP
OLIVEIRA, Daniela
Ribeiro
UFSCar
PASSOS, Daniela
Oliveira Ramos dos
UFMG
PIRES, Aline Suelen
UFSCar
OS DESAFIOS DO TRABALHO ASSOCIADO: a
experiência das fábricas recuperadas no Brasil
RANGEL, Felipe
UFSCar
NOS BASTIDORES DA TERCEIRIZAÇÃO: o trabalho
informal na indústria calçadista
ROCHA DE FREITAS,
Gabriella
UFRGS
A IMERSÃO EM NOVAS REDES SOCIAIS E AS
MUDANÇAS NO TRABALHO INFORMAL DE RUA: o
Shopping do Porto – Camelódromo de Porto Alegre
TAVARES NETO, João
UFPA
TRABALHO E FLEXIBILIDE EM NARRATIVAS: um
estudo sobre trajetórias ocupacionais de trabalhadores da
indústria de construção
CARMO, Priscila
Pacheco
(PÔSTER)
UNESP
MULHER E TRABALHO: a vida diária das teleatendentes
CAVALCANTE, Isaac
Ferreira (PÔSTER)
UFPI
O PERFIL DOS DIRIGENTES DOS SINDICATOS
FILIADOS A CUT, NO MUNICÍPIO DE TERESINAPIAUÍ, EM 2012
MARTINS, Amanda
Coelho
(PÔSTER)
UFSCar
DISCURSO EMPREENDEDOR E REALIDADE
PRECÁRIA: a categoria dos profissionais de TI
SIQUEIRA, Wellington
(PÔSTER)
UFSCar
PARALEGAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO: um
estudo de processos e discursos de profissionalização
GONÇALVES, Marilene
Parente
O ETHOS OPERÁRIO E O ADOECIMENTO NAS
AGROINDÚSTRIAS AVÍCOLAS BRASILEIRAS
ESTAGIÁRIOS EM EMPRESAS DE SOFTWARE:
flexibilidade e qualificação
INTITUIÇÕES SOCIAIS E A POSSÍVEL RESOLUÇÃO
DE UM PROBLEMA DE AÇÃO COLETIVA: um estudo
das associações trabalhistas de Belo Horizonte no início do
século XX
17
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Sociologia Econômica e Políticas Públicas
Data: 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Fábio Bechara Sanchez (UFSCar)
Nome
Instituição
Título do Trabalho
BAROUCHE, Tônia
UNESP
TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL E A
PROBLEMÁTICA DO SUBSÍDIO CRUZADO: mobilidade
social e tarifa módica para quem?
CARVALHO, Jucineth
G. E. S. V. de
PERARO, M. A
UFSCar
ORIGENS E OCUPAÇÃO DO LOTEAMENTO QUARTAFEIRA: um estudo sobre a sua relevância no contexto da
urbanização de Cuiabá (1968-1990)
GALVÃO, Cassia Bömer
PUC -SP
OS PORTOS MARÍTIMOS BRASILEIROS – uma
investigação inicial sobre suas reais contribuições ao
nacional-desenvolvimento
OLIVEIRA, Arlete
UNISINOSRS
MIGRAÇÃO E IDENTIDADE: relação intrínseca ou um
processo consequente?
SILVA, Alenicon Pereira
da
SILVA, Ricardo Lima da
PEDROSA, Ana Paula
Amorim
UEPB
DESLOCAMENTO DO SONHO: um olhar sobre a
qualificação e empregabilidade dos refugiados haitianos em
Manaus – AM
SILVA, Newton
UNESP
O FURACÃO WALL STREET: impactos da última crise
capitalista sobre a economia cubana
SILVA, Ricardo Lima da
PEDROSA, Ana Paula
Amorim
UFAM/UFT
A DINAMICA DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE
MANAUS
SOUZA, André
UFPA
ZAPATA, Sandor
UNESP
ZUCCOLOTTO, Eder
UNESP
CASSIANO, André V. da
Nóbrega (PÔSTER)
UNESP
FLORES, Mariana Seno
(PÔSTER)
UFSCar
SIQUEIRA DE
CARVALHO, Lucas
(PÔSTER)
UNESP
ROYALTIES DE MINERAÇÃO E O FINANCIAMENTO
DE PROBLEMAS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE
PARAUAPEBAS (PA)
AS RECENTES REFORMAS ESTRUTURAIS
REALIZADAS NO PROGRAMA DE SEGURODESEMPREGO BRASILEIRO
CAFEICULTORES E IMIGRANTES COMO HOMENS DE
NEGÓCIOS E/OU EMPREENDEDORES NO INTERIOR
DE SÃO PAULO: o caso de São Carlos, 1890 – 1950
GRANDES CONGLOMERADOS E ACUMULAÇÃO DE
CAPITAL NA AMAZÔNIA: o caso Belo Monte
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O PROGRAMA
BOLSA FAMÍLIA: sobre as dimensões cognitivas dos
direitos sociais
INÍCIO DA CEPAL E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL
COM FOCO NA AMAZÔNIA E NO GOVERNO DE
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002)
18
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA
Sessão I: Desafios das Políticas Setoriais Frente aos Conflitos Sociais
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Eduardo José Marandola Jr. (UNICAMP)
NOME
INSTITUIÇÃO
CORDEIRO, Tiago
Gomes
PUC - SP
DAMAS, Helton
Luiz Gonçalves
UFSCar
DUMONT, Tiago
Vieira Rodrigues
UNESP
A HABITAÇÃO POPULAR NO INÍCIO DO SÉCULO XXI:
a construção de uma ilusão
GALVANIN NETO,
Tito
UEL
O COMBATE A POBREZA EM PARCERIA COM A PNUD:
projetos desenvolvidos no Brasil
HENNING, Ana
Clara Correa
FAGUNDES, Mari
Cristina de Freitas
PUC - RS
ANALISANDO FENÔMENOS SOCIAIS: interpretação
sociológica de movimentos de contracultura através do RAP
brasileiro, frente ao sistema constitucional e coercitivo Estatal
MATOS, Ísis
Oliveira Bastos
UFPel
A QUESTÃO SOCIAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
MOTTA, Luana
Dias
UFSCar
PROGRAMA VIVA-BH DE URBANIZAÇÃO FAVELAS:
relações de poder, significação e ressignificação de espaço
PAIVA, Larissa
Nunes
UFRN
CONFLITO ENTRE ONGS EM FELIPE CAMARÃO: estes
pobres são meus, vai procurar os teus!
QUEIROZ, José
Fernando
UFSP
PROJETOS SOCIAIS: limites e possibilidades redistributivas
de capital social
UFSCar
CONFLITOS SOCIAIS E PODER PATRIMONIAL NA
FORMAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA EM SÃO
CARLOS-SP DURANTE A SEGUNDA METADE DO
SÉCULO XX.
UFU
A ATUAÇÃO DAS ELITES LOCAIS E A SEGREGAÇÃO
SOCIOESPACIAL NA CIDADE DE UBERLÂNDIA - MG
USP
IDOSOS NOS DESASTRES: uma análise das dimensões
envolvidas no contexto paraibano
WAGNER, Bruna
Kucharski
UFPel
OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM INVASÕES
IRREGULARES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO
RECURSO A ESSA SUBVERSÃO
ALCOCER, Laura
Marcondes Ferraz
ANDRADE, Thales
Haddad Novaes de
(PÔSTER)
UFSCar
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO BRASIL: o caso da
UHE Belo Monte
SILVA, João Paulo
da
SILVA, Leandro
Oliveira
EVANGELISTA,
Cleiber Wesley
VIANA, Aline
Silveira
SATORI, Juliana
Satori
TÍTULO DO ARTIGO
AS POLÍTICAS SOCIAIS E OS DIREITOS SOCIAIS NO
BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: conflitos e perspectivas
POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E A CRIAÇÃO DE
ESPAÇOS DE SUJEIÇÃO E RESISTÊNCIA - estudo de caso
sobre a favela Santa Marta – RJ
19
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: A produção Sociopolítica de Novos Sujeitos entre Tensões e Mobilidades
Transescalares
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Norma Felicidade Valêncio (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO ARTIGO
AZEVEDO, Leonardo
Francisco de
UFJF
QUANDO O DESLOCAMENTO SE TORNA UM
VALOR: cosmopolitismo como projeto nos intercâmbios
acadêmicos
BRAGA, Patrícia
Benedita Aparecida
UEMS
A ALIANÇA DOS PEQUENOS ESTADO INSULARES
(AOSIS) E O FUNDAMENTO REIVINDICATIVO
CLIMÁTICO POLÍTICO
BRITO, Sérgio
Roberto Urbaneja
UNESP
DESENVOLVIMENTO E PODER LOCAL: análise dos
processos de descentralização do Brasil e da Argentina sob
a perspectiva do Mercosul
DUTRA, Débora
Vogel da Silveira
UFSC
CONFLITOS SOCIAIS NA LUTA PELA TERRA NO
BRASIL: uma análise sob a perspectiva do pluralismo
jurídico comunitário participativo
GUIMARÃES,
Mariana T.
MAGALHÃES, Sônia
Barbosa
UFPA
TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS E
CONHECIMENTOS TRADICIONAIS: uma comunidade
jusante da Barragem de Tucuruí
RODRIGUÊS,
Leonardo Henrique
Gomes
UNESP
O NEOLIBERALISMO NO BRASIL E NO CHILE: uma
análise sobre os modelos de inserção desta ideologia na
América Latina
ROSA, Rafaela Euges
UFPel
A SOCIOLOGIA DO CONFLITO E A SOCIOLOGIA DO
CONSENSO ENQUANTO MEIOS PARA ANALISAR
OS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS
SANTOS, Deborah
Schimidt Neves dos
UNIFESP
CONFLITOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA
ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
AMBIENTAIS: o caso da lei específica da Billings
SANTOS, Valdirene
Ferreira
UNESP
SOBRE A IMIGRAÇÃO ILEGAL NA EUROPA E OS
ESPAÇOS EXCEÇÃO: o caso dos centros de internamento
de estrangeiros na Espanha
VARGAS, Carlos
Alberto Castillo
Universidad
Nacional Mayor
de San Marcos
EL CONFLICTO ARMADO COLOMBIANO,
GUERRILLA Y PARAMILITARISMO
MENEZES, Vitor
Matheus Oliveira de
(PÔSTER)
UFBA
ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL: a
discussão acadêmica como problematizadora de novas
experiências urbanas
20
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Profissões e Política
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Glória Bonelli (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO ARTIGO
ARAUJO, George Freitas
Rosa de
UFF
IMAGINANDO UM BRASIL EM JORNAIS: uma interpretação
do corporativismo do Oliveira Vianna articulista
AUGUSTINHO, Aline
Michele Nascimento
UNESP
O GRUPO E O ATOR NAS MOBILIZAÇÕES SOCIAIS: o
comportamento político dos militantes de 1968
BENEDITO, Camila de Pieri
UFSCar
PROFISSIONALISMO, GÊNERO E SUBJETIVIDADES NA
JUSTIÇA PAULISTA
BOGADO, Adriana Marcela
UFSCar
"EM LUCHA": presença feminina no protesto social
LIMA, Bruna Della Torre C.
SANTOS, Eduardo A. C.
PUZONE, Vladimir Ferrari
USP
A ESQUERDA EM TRANSE: apontamentos para a discussão
sobre a situação social no Brasil atual
MELO, Marina Félix de
FITS
ORGANIZAÇÕES E CONFLITOS SOCIAIS: a profissionalização
no terceiro setor
MORENO, Meire Ellen
UEL
POLÍTICAS PÚBLICAS E TEORIA POLÍTICA FEMINISTA:
reflexões sobre as práticas do Conselho Municipal dos Direitos das
Mulheres no Município de Londrina/PR
PORTELA JR, Aristeu
UFPE
CONTRADIÇÕES DO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO
BRASILEIRO: um estudo do pensamento de Florestan Fernandes
SILVA, Rodrigo Pereira da
UNESP
A ADOÇÃO DO CONCURSO PÚBLICO NO BRASIL: a ideia de
atualização no Estado brasileiro no Governo Provisório (19301934) de Getúlio Vargas
SOUZA, Luana Silva de
UNESP
CONDICIONANTES DA CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA FACULDADE DE
FILOSOFIA E CIÊNCIAS DE MARÍLIA
ALVES, Tatiana Teixeira
(PÔSTER)
PUC - MG
A INTERNET COMO FERRAMENTA DE MOBILIZAÇÃO
POLÍTICA
SANTOS, Adrielma S. dos
OLIVEIRA, Wilson José F.
(PÔSTER)
UFSE
MOVIMENTOS SOCIAIS, REDES SOCIAIS E PROTESTOS
PÚBLICOS
21
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão IV: Políticas Públicas – instituições e atores sociais
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Fabiana Luci de Oliveira (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO ARTIGO
CARVALHO,
Rodrigo de
PUC - SP
A IDEOLOGIA DOS JORNAIS
DANTAS, Daniele
Cristina
ENCE - IBGE
INFORMAÇÃO: o caminho para a reivindicação de políticas públicas
de cultura com equidade de acesso
MAUERBERG JR,
Arnaldo
STRACHMAN,
Eduardo
FGV
A INTERAÇÃO ENTRE SENADORES BRASILEIROS NO
PROCESSO DE PROPOSIÇÃO E JULGAMENTO DE PROJETOS
DE LEI
PROLO, Felipe
UFRGS
POSSIBILIDADES E OPORTUNIDADES DE UMA ATUAÇÃO
POLÍTICA: estudos sobre a formação do grupo de trabalho de ações
afirmativas no processo de reivindicação por cotas de ingresso na
UFRGS
RABESCO, Rafaela
UFSCar
IMPLICAÇÕES SOCIAIS DAS POLÍTICAS DE ESCOLA EM
TEMPO INTEGRAL: concepções, práticas e perspectivas
ROCHA, Décio
Vieira da
UENF
JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA COMO BUSCA DE UMA
MORALIDADE POLÍTICA: um estudo sobre a lei da ficha limpa
RUGGIERI NETO,
Mário Thiago
UNESP
O PROBLEMA POLÍTICO DA JUVENTUDE NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO
SEVES, Natália
Cabau
UEL
JORNAL MOVIMENTO: um ensaio sobre as frentes jornalísticas na
transição política brasileira
SILVA, Maria
Aparecida Ramos da
UFRN
INTERNET E CAMPANHAS ELEITORAIS: uma relação dialética
nas eleições 2012 em Natal/RN
ZAMBELLO, Aline
Vanessa
UFSCar
ENSINO SUPERIOR PÚBLICO BRASILEIRO: a estrutura da
política de expansão
22
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS
Sessão I: Diversidade Religiosa Contemporânea
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília)
NOME
INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO ARTIGO
ARAUJO, Marcelo da Silva
Colégio Pedro II
CHINESES NO RIO DE JANEIRO: notas
sobrea a nação, território e identidade através da
prática comercial e religiosa
BERTAPELI, Vladimir
UNESP
JÁCOMO, Luiz Vicente
Justino
USP
MAGALHÃES, Rafaela
Melo
UNEB
MAK, Denise
PUC-SP
MARTINS, Marques Alves
PUC-GO
OLIVEIRA, Wellington
Cardoso de
UFG
PINHEIRO, Marcos Filipe
Guimarães
UFMG
RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE NA
AMÉRICA LATINA: reflexões a partir da
Universidade Federal de Minas Gerais/Brasil
ROSA, Patrícia
UNESP
PESSOA E SOCIEDADE: diálogos e desafios
antropológicos
BAPTISTA, Jamile Carla
(PÔSTER)
UEL
CAMARGO, Bruna Quinsan
(PÔSTER)
UFSCar
ÑE'Ë: a corporalidade guarani através de sua
religiosidade
A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RELIGIOSOS
NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO
PAULO
"SE A ESCOLA NÃO FALA DA MINHA
RELIGIÃO, ELA ME CALA TAMBÉM":
experiência religiosa dos estudantes no
IFBA/Salvador
A PRESENÇA DA RELIGIÃO EM AÇÕES
DOCENTES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE
EDUCAÇÃO INFANTIL
A REALIDADE DO BRASIL - uma leitura do
CENSO demográfico de 2010
JUVENTUDE E RELIGIÃO: as novas formas de
crer da juventude na contemporaneidade
CANDOMBLÉ EM LONDRINA: análise
histórica e social do processo de luta e resistência
A CURA PELAS MÃOS: A imposição das mãos
nas religiões cristãs e no Reiki
23
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Mudanças e Controvérsias Evangélicas
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Dr.ª Claudirene Aparecida de Paula Bandini (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
TÍTULO DO ARTIGO
NEOPENTECOSTALISMO E A "ESCOLA DO
AMOR": o papel das representações de gênero para o
projeto político-assistencial da Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD)
CONCEPÇÃO DE CULTURA E RELIGIÃO DA
GEERTZ APLICADA À ANÁLISE DO
NEOPENTECOSTALISMO
NOVA TOLERÂNCIA INTOLERANTE: mudança das
relações de gênero nas Assembleias de Deus
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E A IGREJA
UNIVERSAL DO REINO DE DEUS
A RELIGIOSIDADE EVANGÉLICO E O
NEOLIBERALISMO: relações de interdependência
A RELIGIÃO NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA: o caso da relação imigraçãopentecostalismo
AZEVEDO, Pedro Costa
BARBOSA, Julia Guimarães
UENF
CESARINO, Flavia Tortul
UNESP
COSTA, Otávio Barduzzi
Rodrigues da
GALLO, Fernanda
Vendramini
Universidade
Metodista
MORAIS, Edson Elias de
UEL
RODRIGUES, Donizete
UBI - Portugal
SARUWATARI, Gabrielly
Kashiwaguti
UFGD
COMUNIDADE QUILOMBOLA DEZIDÉRIO
FELIPE DE OLIVEIRA: compreendendo porque as
igrejas evangélicas foram bem recebidas pelo grupo
CARVALHO, Joyce Gomes
de
(PÔSTER)
UFRRJ
AGÊNCIA E PENTECOSTALISMO: uma análise das
relações de gênero na Assembleia de Deus dos Últimos
Dias (ADUD)
UFSCar
ESTUDO DA RELAÇÃO DE ADAPTAÇÃO NAS
DIFERENTES VERTENTES DO
PENTECOSTALISMO BRASILEIRO: análise da
igreja da onda de cura divina Deus é Amor e da onda
neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus
SABADIN, Ana Carina
(PÔSTER)
UEL
24
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Diferentes Faces do Catolicismo.
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati (UFG)
NOME
INSTITUIÇÃO
ALMEIDA, Detian Machado
de
SOUZA, Sueli Ribeiro Mota
UNEB
BERTO, Vanessa de Faria
UNESP
COSTA, Guilherme Borges
Ferreira
USP
FEITOSA, James de Sousa
UNESP
LANZA, Fabio
GUIMARÃES, Luiz Ernesto
NEVES JR., José Wilson A.
UEL
OLIVEIRA, Heythor Santana
de
OLIVEIRA, Christian Dennys
Monteiro de
UFSCar
PLACERES, Giulliano
UFSCar
ROSSI, Renan
UFSCar
SILVA, Mariana Gama Alves
da
UFSCar
MORENO, Pedro
(PÔSTER)
UFSCar
ROSA, Lucas Rogério
(PÔSTER)
UFSCar
TÍTULO DO ARTIGO
LINGUAGENS E GESTOS NA GLOSSLALIA:
falar em línguas como experiência e crenças
religiosas em uma Comunidade da Renovação
Carismática Católica
"OS FILHOS DE FRANCISCO": gênero/poder
nas ordens Católicas de Marília - SP
IGREJA E SECULARIZAÇÃO POLÍTICA: as
tentativas eclesiásticas de controle dos corpos e
dos sexos
ENTRE A EXPERIÊNCIA E A RELIGIÃO:
comparando o Brasil e Portugal por meio das
vigílias de Carismáticos Católicos
REPRESSÃO E CENSURA AO SEMINÁRIO
CATÓLICO O SÃO PAULO (1972-1978): as
demandas populares fomentadas pela Teologia da
Libertação
RENOVAÇÃO DO CATOLICISMO
BRASILEIRO, ADAPTAÇÃO AO MERCADO
RELIGIOSO E APROPRIAÇÃO DE
PRINCÍPIOS EVANGÉLICOS NA MISSA
TRADICIONAL
O EMPREENDEDORISMO ECONÔMICOTELEVISIVO NO CATOLICISMO
BRASILEIRO
A FORMAÇÃO SACERDOTAL E O
TRABALHO RELIGIOSO NO UNIVERSO
CATÓLICO
IMPLICAÇÕES DO TRABALHO
ASSISTENCIAL DE DUAS ENTIDADES
CATÓLICAS PAULISTAS
AS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE
E A EXPANSÃO DO TURISMO RELIGIOSO
PRESENÇA INSTITUCIONAL CRISTÃ NO
CONJUNTO DE ENTIDADES TERAPÊUTICAS
DE TOXICÔMANIOS
25
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão IV: Religião e Política
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília)
NOME
INSTITUIÇÃO
ALCHORNE, Murilo de
Avelar
UFPE
BANDINI, Claudirene A. P.
UFSCar
CARVALHO, Bárbara Hilda
Crespo Prado de
UENF
CASSOTA, Prisilla Leine
UFSCar
COSTA, Rogério da
GUIMARÃES, Luiz Ernesto
LANZA, Fabio
BOSCHINI, Douglas
Alexandre
TÍTULO DO ARTIGO
REDE DE MULHERES DE TERREIRO DE
PERNAMBUCO: Estado, políticas públicas e
religiões afro brasileiras
UMA ANÁLISE SOBRE PODERRESISTÊNCIA DE LÍDERES FEMINISTAS
PENTECOSTAIS
POLÍTICAS PÚBLICAS
COMPENSATÓRIAS E RELIGIOSIDADE
AFRICANA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA E A
PARTICIPAÇÃO DOS EVANGÉLICOS
UEL
A POLÍTICA RELIGIOSA "EVANGÉLICA":
o comportamento das lideranças protestantes e
seu engajamento no processo político eleitoral
nas eleições de 2010.
UEL
A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E O
DISCURSO ORAL DE LÍDERES
RELIGIOSOS: católicos paulistanos e
protestantes londrinenses (1964-1985)
"PODERÁS PESCAR O LEVIATÃ COM O
ANZOL": uma perspectiva da participação
religiosa na política nacional
VOTO RELIGIOSO E OUTRAS NUANCES:
diferentes formas de utilização das redes
interpessoais religiosas
O PAPEL DE BILLY GRAHAM, JERRY
FALAWELL E PAT ROBERTSON NA
RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO
NOS ESTADOS UNIDOS
MANDUCA, Vinicius
UFSCar
SÁ, Lucas do Santos Cabral de
UFES
SOUZA, Marco Aurélio Dias
De
FINGUERUT, Ariel
UNESP /
UNICAMP
TEIXEIRA, Jacqueline
Moraes
USP
RELIGIÃO, CRIMINALIZAÇÃO DO
ABORTO E ESTADO LAICO
SABINO, Yuri
(PÔSTER)
UEL
A BANCADA RELIGIOSA E O "KIT GAY":
elementos de um fazer político cristão
26
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME
Sessão I: Marginalidades e Formas de Gestão Social
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz
UNESP
BIZZIO, Michele Rodrigues
UNESP
CANONICO, Letícia
UFSCar
CUNHA, Carolina Flores
UFPEL
GUADAGNIN, Renata
PUC-RS
OLIVEIRA, Luciano Márcio
Freitas de
UFSCar
PEREIRA, Juliano Gonçalves.
SILVA, Edmar Pereira da
SANTOS, Sônia Beatriz dos
UFU
PEREIRA, Luiz Fernando
UFSCar
SILVA, Jenair Alves
DIOGO, João Paulo dos Santos
UFRN
SILVA, Livia Sousa da
MENDONÇA, Katia
UFPA
COSTA, Annelise
(PÔSTER)
UNESP
FROMM, Deborah
(PÔSTER)
UFSCar
TÍTULO DO ARTIGO
VIOLÊNCIA E REFORMA DO SETOR DE
SEGURANÇA: o caso da MINUSTAH no Haiti
A URBANIZAÇÃO DOS CONDOMÍNIOS
RESIDENCIAIS FECHADOS: uma análise do
Dahma
NOTAS SOBRE A GESTÃO DOS USUÁRIOS DE
CRACK NA CIDADE DE SÃO PAULO
OCULTAR MOSTRANDO: a cobertura do crime no
telejornalismo brasileiro
COTIDIANO ENTRE-MUROS: a (re)significação
do olhar a partir da arte e culturas marginais na prisão
“SETE CORPOS DE SANGUE DERRAMADO”:
reflexões sobre uma chacina em São Carlos SP
JUVENTUDES NEGRAS NO BRASIL: a
interseccionalidade de gênero, raça e juventude na
busca por direitos sociais e políticos
DAS VIOLÊNCIAS: entre a gestão e o atendimento à
população em situação de rua
REFLEXÕES SOBRE O EXTERMÍNIO DA
JUVENTUDE NEGRA NO NORDESTE E AÇÕES
DE INCIDÊNCIA POLÍTICA DO CAMPO DA
JUVENTUDE
A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM MATÉRIAS DE
JORNAL: um imaginário construído em Belém-PA
MÍDIA- RECURSO PARA UM FIM: o caso da
MINUSTAH no Haiti
DE "CRACOLÂNDIA" A "CRISTOLÂNDIA":
notas etnográficas da Política Batista de Combate ao
Crack
27
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Polícia, Justiça e Prisões
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof. ª Drª Jacqueline Sinhoretto (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
BARROS, Rodolfo Arruda Leite de
UNESP
CIFALI, Ana Claudia
PUC RGS
GONÇALVES, Rosangela Teixeira
UNESP
JESUS, Maria Gorete Marques
USP
MACEDO, Henrique
UFSCar
OLIVEIRA, Marília
PUC RJ
SANTOS, João Henrique
FEMA
SCHLITTLER, Maria Carolina
UFSCar
SOUZA, Guilherme Augusto
Dornelles de
PUC RS
BARBIM, Marina Graziela
(PÔSTER)
UNESP
TÍTULO DO ARTIGO
INVESTIGAÇÕES SOBRE A EXPANSÃO
PRISIONAL NO ESTADO DE SÃO PAULO:
uma análise sobre a reestruturação do poder
punitivo (1993 - 2013)
A POLÍTICA CRIMINAL BRASILEIRA
DURANTE OS GOVERNOS LULA-DILMA
(2002-2012) – continuidades e rupturas
A JUSTIÇA INFANTO JUVENIL: a apreensão, o
julgamento e a internação na CASA – Centro de
Atendimento Socioeducativo ao Adolescente do
Estado de São Saulo – Fundação CASA
EM DEFESA DA SOCIEDADE: análise do caso
Isaías no tribunal do júri da cidade de São Paulo
FAZENDO RONDA: missões, práticas e ética
policial da ROTA
OS CRIMES DE SENSAÇÃO E OS EMBATES
SOBRE AS DEFINICÕES DE PROVAS DE
CULPABILIDADE CRIMINAL: as discussões
sobre os direitos dos cidadãos durante a primeira
república brasileira
OS JULGAMENTOS PELO TRIBUNAL DO
JÚRI EM ASSIS-SP
SEGURANÇA PÚBLICA E RELAÇÕES
RACIAIS: notas sobre a formação de soldados e
oficiais da PMESP
O “MÍNIMO NECESSÁRIO DE FORÇA
PUNITIVA”: continuidades e rupturas nos
discursos sobre crime e punição nas leis 9.605/98
(crimes ambientais), 9.714/98 (penas alternativas)
e 11.343/06 (tóxicos).
ATOS INFRACIONAIS NAS VARAS DA
INFÂNCIA E JUVENTUDE NO ESTADO DE
SÃO PAULO (1991-2011)
28
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Controle Social, Crime e Instituições Penais
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Luis Antonio Francisco de Souza (UNESP/Marília)
NOME
INSTITUIÇÃO
BONESSO, Márcio
UFSCar
FERNANDES, Alan
UNIFESP
LAMOUNIER SENA, Lucia
SAPORI, Luis Flávio
LIMA, Maria Mayara de
OLIVEIRA, Hilderline Câmara
de
ALVES, Deyse Dayane
PUC MG
TÍTULO DO ARTIGO
TEORIAS E GESTÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA:
notas preliminares entre as influências mundiais e
brasileiras no estado de Minas Gerais
O USO DA VIOLÊNCIA DA ORDEM SOCIAL: uma
análise do bairro Furnas-Tremembé do município de
São Paulo
ESPAÇO URBANO E REDES DE
COMERCIALIZAÇÃO DAS DROGAS ILÍCITAS
UFRN
A FORMAÇÃO DE GRUPOS NAS PRISÕES: uma
análise da realidade do presidio de Alcaçuz e
penitenciária estadual de Parnamirim
OLIC, Mauricio Bacic
UNESP
OPRESSÃO, GALINHAGEM E DISCIPLINA:
dinâmicas e lutas no interior da Fundação CASA
ROCHA, Rafael Lacerda Silveira
UFMG
A GUERRA COMO FORMA DE RELAÇÃO - uma
análise das rivalidades violentas entre gangues em um
aglomerado de Belo Horizonte
SILVA, David Esmael Marques
da
UFSCar
SILVA, José Douglas dos Santos
UFSCar
SILVESTRE, Giane
UFSCar
CHIARADIA, Raquel
(PÔSTER)
UGF
MEDO E MODERNIDADE: o imprescindível diálogo
EVAGELISTA, Cleiber Wesley
(PÔSTER)
UFU
A VIOLÊNCIA EM UBERLÂNDIA: narrativas entre a
periferia e a penitenciária
LÓGICAS ESTATAIS E DINÂMICAS CRIMINAIS
NO INTERIOR PAULISTA
“SE O IRMÃO FALOU, MEU IRMÃO, É MELHOR
NÃO DUVIDAR”: politicas estatais e politicas
criminais referentes a homicídios na cidade de Luzia
(2001-2011).
“REPRESSÃO E JUDICIALIZAÇÃO”: estratégias
estatais de controle do crime em face às novas
dinâmicas criminais.
29
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE
Sessão I: Terra e Trabalho Rural
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Drª Beatriz Medeiros de Melo
NOME
INSTITUIÇÃO
FERREIRA, Karoline Coelho
UFS
HASEGAWA, Aline Yuri
UFSCar
JESUS, Claudia Kathyuscia
Bispo de
TÍTULO DO ARTIGO
TERRA DE VIDA E DE TRABALHO: pensando o
campesinato por meio de seus valores
MODO DE VIDA RURAL NIKKEI: aspectos da
formação do japonês caipira
O CAMPONÊS E SEU PROTAGONISMO: o
exemplo pelo MST e sua luta pela permanência e
garantia de qualidade de vida nos assentamentos de
reforma agrária no município de Nossa Senhora da
Glória – SE
O CEARÁ E A SECA DE 1877-79: migração de
fome no interior nordestino
RURALIDADE EM UM CONTEXTO DE
MODERNIDADE PERIFÉRICA: uma leitura a
partir do acampamento João do Vale em Açailândia
Maranhão
"TERRAS NAS MÃOS DOS PEQUENOS":
relações produtivas e sociabilidade dos pequenos
fornecedores de cana e terra para as usinas de
açúcar e álcool do interior paulista
MAIA, Janille Campos
UFRRJ
RODRIGUES, Fabiano dos
Santos
UFCG
ROVIERO, Andréia
UNESP
SANTOS, Priscila Tavares dos
UFF
SUPERANDO OS LIMITES: o caso dos assentados
rurais no PA Che Guevara
VIEIRA, Ana Carolina C.
UFPA
TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO RURAL
AMAZÔNICO: o plantio de dendê em comunidades
camponesas do baixo Tocantins, o município de
Moju/PA
CAMPREGHER, Raiza
(PÔSTER)
UFSCar
O DISCURSO DAS ÁGUAS: estudo de caso da
cobrança pelo uso da água no interior paulista
UFRRJ
UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL E
INSTRUMENTOS DE RESISTÊNCIA DA
POPULAÇÃO LOCAL FRENTE AO MITO QUE
PREGA A INCOMPATIBILIDADE ENTRE
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E PRESENÇA
HUMANA NO PARQUE ESTADUAL DA
PEDRA BRANCA
DIAS, Marcia Cristina de
Oliveira
(PÔSTER)
30
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Do Rural ao Ambiental: novos temas e dilemas conceituais
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins (UFSCar)
NOME
INSTITUIÇÃO
BACCHIEGGA, Fábio
UNICAMP
BERTAZI, Marcio Henrique
UNESP
DA SILVEIRA, Dauto J.
DA SILVA, Osvaldo H.
UFPR
FREITAS, Geane Ferreira
UEPB
KOMARCHESKI, Rosilene.
DENARDIN, Valdir Frigo
UFPR
MACIEL, Lidiane Maria
UNICAMP
MADUREIRA, Gabriel Alarcon
UFSCar
MIGUEL, Jean Carlos
Hochsprung.
VELHO, Léa Maria Leme Strini
UNICAMP
SILVA, Leinir Aparecida
Mainardes da
TAWFEIQ, Reshad
UEPG
WERMELINGER, Renata de
Souza
UFRRJ
WOLFF, Ana Carolina
UNESP
TÍTULO DO ARTIGO
SUSTENTABILIDADE E A ANÁLISE
SOCIOLÓGICA: revisão de artigos selecionados
ENTRE A SUSTENTABILIDADE E A
REALIDADE: o caso do Proálcool (1975-2003)
POLÍTICAS PÚBLICAS E MODERNIZAÇÃO:
avanços e limites do plano desenvolvimento
sustentável Mais Pesca e Agricultura no território
do baixo Vale do Itajaí e Tijucas
O TURISMO RURAL COMO ESTRATÉGIA
PARA A DIVERSIFICAÇÃO DA RENDA DO
AGRICULTOR FAMILIAR
A DIMENSÃO (AGRO) ECOLÓGICA DA
SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE
FARINHA DE MANDIOCA EM
GUAREQUEÇABA – PR
CONDIÇÕES DE TRABALHO E
EMPREGABILIDADE NA CITROCULTURA
DO ESTADO DE SÃO PAULO
PARA ALÉM DOPARADOXO DE GIDDENS:
percepções cognitivas da questão ambiental no
município de Brotas/SP
A FORMAÇÃO DE FRENTES DE INTERESSE
NAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS SOBRE O
NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
AS AÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
ORGANIZADA E AS POLÍTICAS PÚBLICAS
NO ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO
AMBIENTAL NA MICRORREGIÃO DE
PONTA GROSSA
TURISMO RURAL E AGRICULTURA
FAMILIAR: uma análise do distrito de Campo do
Coelho, Nova Friburgo-RJ
A RECONSTRUÇÃO DA RURALIDADE SOB
O PARADIGMA DO ECOCENTRISMO
NATURALISTA E DO ESTADO
PLURINACIONAL LATINO-AMERICANO
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
RESUMOS
O conteúdo dos resumos é de plena responsabilidade dos respectivos autores.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 1: CULTURAS, IDENTIDADES E DIFERENÇAS
Sessão I: Relações Étnicas e Raciais
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Valter Roberto Silvério (UFSCar)
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE: uma análise dos planos nacionais de
educação, de educação em direitos humanos e do referencial curricular
da rede estadual de ensino de Mato Grosso do Sul ensino médio
AGUIAR, Márcio Mucedula (UFGD)
FAISTING, André Luiz (UFGD)
[email protected], [email protected]
O texto pretende apresentar uma breve reflexão sobre a (des)articulação entre o Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos (2003), a proposta do Plano Nacional de
Educação (2011-2020) e os Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino de Mato
Grosso do Sul Ensino Médio, no que se refere às temáticas relativas à educação para a
diversidade e para os direitos humanos. Buscar-se-á identificar se as preocupações e as
metas relacionadas ao combate das desigualdades étnico-raciais são coerentes com uma
nova proposta de educação que combine inclusão social e desconstrução do imaginário
racista presente na sociedade brasileira e, especificamente, no espaço escolar. Neste
sentido será necessário observar se os planos estariam ou não em consonância com as
leis 10.639/03 e 11.645/08 que dispõem, respectivamente, sobre o ensino da História da
África, da Cultura Afro-brasileira e História Indígena. Considerando, ainda, que os
estados da União participaram da elaboração das Conferências Nacionais de Educação
que culminaram na proposta do Plano Nacional de Educação, pretende também observar
se tal (des)articulação se reflete no Referencial Curricular da Rede Estadual de Ensino
de Mato Grosso do Sul Ensino Médio. A escolha desse Estado se justifica pelo fato de
que o mesmo apresenta uma realidade fortemente marcada pela condição de fronteira e
pela dificuldade de reconhecimento das demandas de diversidade étnico-racial,
especialmente no que se refere às demandas dos povos indígenas. No caso específico de
Dourados, além da influência dos povos que vieram do sul do país e de outras regiões,
de outros países, cabe destaque aos povos indígenas e quilombolas. Apesar dessa
diversidade, nem sempre ou na maioria das vezes, a educação não tem sido capaz de
traduzi-la em fonte de conhecimento que combata o racismo e a discriminação.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
ESTADO DEMOCRÁTICO, RECONHECIMENTO E
“CONSCIÊNCIA DE SI”: um exercício reflexivo a partir do debate
racial
ANDRADE, Luiz Fernando Costa (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Cada vez o debate teórico em torno das políticas de reconhecimento, dentro dos marcos
constitucionais dos Estados democráticos liberais, da dignidade igual e das identidades
individuais, vem sofrendo pressões para incorporar em sua pauta de discussões a
questão dos direitos coletivos, de reconhecimento da autenticidade (particularidades) de
grupos culturalmente distintos, composto por indivíduos com experiências sociais
igualmente distintas, que por este fato são subalternizados e tratados desigualmente em
sociedade. Este texto tem como ideia discutir em termos teóricos a condição destes
grupos, que precisam de identidade, que precisam afirmar sua autenticidade – ante uma
cultura hegemônica –, e lutam pelo reconhecimento e respeito às suas particularidades,
para que sejam finalmente tratados de modo digno e igual de fato. Nossa intenção é
propor esta reflexão a partir do debate racial, da relação entre “negros” e “brancos”. Um
desafio seria então o de pensar, a questão do “reconhecimento de si” que para Frantz
Fanon – Pele Negra, Máscaras Brancas (2008) – é fundamental para a “consciência de
si”, geralmente dada de modo imediato, superar a simples ideia de “ser para si”, já que
(numa perspectiva hegeliana) a realização da ideia de si acontece na medida em que este
“si” se relaciona com seu “outro” e luta pela obtenção do reconhecimento de sua
condição humana por este outro. Temos conosco que esta reflexão não deve ser feita
unilateralmente, mas enquanto um movimento dialético, visando destacar as possíveis
contradições deste processo. Para fazermos a discussão a qual nos pretendemos,
partiremos da reflexão em torno do reconhecimento feita por Frantz Fanon dialogando
com autores como Boa Ventura Sousa Santos, Stuart Hall e Charles Taylor.
POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL PARA O
MERCADO DE TRABALHO: lições aprendidas
CONCEIÇÃO, Eliane Barbosa (CEAPG, MACKENZIE)
[email protected]
CNPQ
Nos últimos anos o Brasil tem avançado no sentido de enfrentar as desigualdades raciais
e proporcionar mobilidade ascendente para população negra. A criação da SEPPIR, em
2003 e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, em 2010, e do sistema de cotas
para negros no ensino superior, em 2011, são marcos importantes nessa trajetória. O
mercado de trabalho – lócus privilegiado para a reprodução da desigualdade de
rendimentos, visto que, no país, mais de 75% da renda das famílias provém do salário –
constitui-se em setor ainda pouco alcançado pelas políticas de promoção da igualdade
racial. Desde 1996, quando foi constituído, no âmbito do Ministério do Trabalho, um
Grupo para definir programas e ações que visassem ao combate da discriminação,
nenhuma outra política governamental dessa natureza foi desenhada para o setor. Diante
dessa ausência, em 2005, o Ministério Público do Trabalho criou o Programa de
Promoção da Igualdade de Oportunidade para Todos (PPIOT), por meio do qual
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
objetivou levar organizações bancárias a adotar ações afirmativas para a redução da
desigualdade de gênero e raça no trabalho. O artigo visou analisar a implementação do
PPIOT. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, adotando-se diversas técnicas
de pesquisa, como entrevistas semiestruturadas e análise de documentos e de outras
materialidades. Os dados construídos no processo da pesquisa foram analisados à luz da
teoria sobre a desigualdade categórica durável, do sociólogo Charles Tilly. Os
resultados sugerem que, tanto o judiciário brasileiro como as agências bancárias, ainda
se mostram muito resistentes à adoção de ações afirmativas para redução das
desigualdades raciais no trabalho e que uma ação estatal com esse objetivo se apresenta
como uma promissora solução para o problema.
PROGRAMA DE INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO ÉTNICO RACIAL
(PIIER) DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
(UNEMAT): um estudo comparativo entre os campi de Cáceres e
Sinop
COSTA, Jacqueline da Silva (UFSCar)
MANCUSO, Maria Inês Rauter (UFSCar)
[email protected], [email protected]
Este trabalho insere-se em pesquisa de doutoramento que ora desenvolvo sobre
estudantes cotistas na Universidade do Estado de Mato Grosso, particularmente nos
campi de Cáceres e Sinop. Trata-se de trabalho qualitativo e quantitativo, por meio do
qual busco acompanhar o impacto da política de ação afirmativa no cotidiano
acadêmico dos cotistas dos dois campi. O município de Cáceres Segundo Chaves (2000,
pp. 17) tem um histórico de presença de escravos a partir de sua fundação, em 1778,
como atestam os quilombos e comunidades tradicionais remanescentes. Sinop
(Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná), originou-se de um núcleo de colonização,
atraindo migrantes da região Sul do país, principalmente do Paraná (VIEIRA, 2003, p.
3). Segundo, em Cáceres a presença de pessoas de cor preta e parda é mais significativa,
com aproximadamente 70%, do que em Sinop com aproximadamente 50%. Os dois
municípios apresentam não apenas diferenças históricas significativas, mas também
quanto às condições socioeconômicas. Os indicadores sociais apontam desigualdade de
renda, de escolaridade, de esperança de vida e de mortalidade infantil entre brancos e
negros, desigualdade está mais evidente em Cáceres. Portanto, perceber como essas
diferenças interferem nas relações no interior da universidade, e daí no desempenho dos
alunos cotistas, é fundamental para acompanhar o desempenho do programa de ação
afirmativa implementado pela UNEMAT. Toma-se por análise dados de ingressantes
cotistas e não-cotistas, de acordo com o sexo e por curso, e o de formados e desistentes,
segundo o sexo e o curso.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE
MULHERES NEGRAS: O Brasil e a Colômbia em perspectiva
comparada
GONZÁLEZ ZAMBRANO, Catalina (PPGS/FFLCH/USP)
CNPQ
As oportunidades para a ação coletiva dos grupos afrodescendentes no Brasil e na
Colômbia têm se estruturado de formas diferentes, mas nos dois casos podemos
constatar mudanças normativas e um reconhecimento institucional da diversidade étnica
e cultural que aparecem nas constituições de ambos os países. A nova Constituição
Política da Colômbia em 1991 deu o parâmetro para que novos grupos de ativistas
negros se organizassem e constituíssem estratégias de mobilização voltadas para a
construção de uma identidade compartilhada. A institucionalização do Movimento
Negro nesse país se dá, por um lado, na própria conjuntura política de 1991 e, por outro
lado, impulsionada pelos momentos críticos de violência que atravessava a região de
maioria negra do país, a região do Pacífico colombiano, nesse momento. No Brasil, ao
contrário, esse processo de institucionalização do Movimento Negro se deu na fase de
abertura e consolidação democrática no país, estando ligada ao modo pelo qual o
movimento se apropriou das oportunidades políticas oferecidas pelo Estado e pelo
ambiente civil. A proposta aqui é pensar a institucionalização dos movimentos sociais
como forma de mediação entre sociedade civil e o regime político com foco no processo
de institucionalização dos movimentos de mulheres negras nos dois paises. O enfoque
de gênero é a pauta para analisar a institucionalização de movimentos sociais de
minorias (mulheres-negras) como meio que favorece a sua democratização; isto é,
acesso diferenciado aos recursos e às condições de interação com o Estado e a
manutenção de canais de participação para estes movimentos como atores políticos.
CIDADANIA, RECONHECIMENTO E JUSTIÇA
LERSCH, Thelma Beatriz Carvalho Cajueiro (PUC-RJ)
[email protected]
O tema do presente artigo é a discussão acerca das ações afirmativas para negros no
acesso ao ensino superior no Brasil atual. Sob a perspectiva da sociologia e da filosofia
política, tenho o intuito de problematizar a legitimidade política e moral de tais ações no
seio da sociedade brasileira, ainda tão frontalmente - e racialmente - desigual e marcada
por preconceitos de cor. Como bem afirma Roberto DaMatta em sua “fábula das três
raças”, presenciamos no Brasil “uma junção ideológica básica entre um sistema
hierarquizado real, concreto e historicamente dado e a sua legitimação ideológica num
plano muito profundo”. Tal legitimação ideológica persiste e, ainda sob a
tranquilizadora capa da democracia racial brasileira, mostra-se em toda sua plenitude
em pesquisas em que cerca de noventa por cento dos brasileiros admitem haver racismo
no país, porém o mesmo número de pessoas garante não ser, si próprio, racista. À luz de
tal cenário e pensando na construção de uma sociedade democrática e igualitária de fato,
este artigo parte de uma compreensão das ações afirmativas raciais como um direito
necessário à realização da plena cidadania da população negra brasileira,
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
compreendendo-se direitos aqui, nas palavras de Vera Telles, “como práticas, discursos
e valores que afetam o modo como desigualdades e diferenças são figuradas no cenário
público, como interesses se expressam e os conflitos se realizam”. Para tal fim, será
mobilizada a perspectiva teórica da sociologia política do reconhecimento e de aguns de
seus expoentes, quais sejam, Charles Taylor, Nancy Fraser e Axel Honneth.
Complementarmente, problematizar-se-ão os conceitos de mérito, justiça e cidadania à
luz de autores como Michael Sandel, Celso Lafer e Rainer Forst, entre outros.
ESTADO BRASILEIRO E AS AÇÕES AFIRMATIVAS COM
CRITÉRIO RACIAL: descentramento e desracialização do nacional
MEDEIROS, Priscila Martins (UFSCar)
[email protected]
Neste trabalho analisamos como que o Estado brasileiro, em suas diferentes dimensões,
tem agido e se colocado frente às demandas sociais e aos debates acadêmicos em torno
das relações raciais. Nossa tese é que a categoria raça e as ações afirmativas com
critério racial desestabilizam, desarticulam e implodem alguns dos pilares do discurso
nacional brasileiro construídos ao longo século XX, quais sejam: o povo brasileiro –
condensado no discurso da nacionalidade morena; o mito da convivência harmoniosa
entre os grupos étnico-raciais; e a noção de que o racismo brasileiro seria inofensivo ou
residual. Para refletir sobre essas transformações, esta pesquisa se sustenta em três
núcleos: a produção intelectual no Brasil; as ações do Movimento Negro e as ações do
Estado. Em termos temporais, o foco é sobre a década de 1980 que, a nosso ver,
inaugura um novo cenário para se pensar criticamente o racismo brasileiro. Os objetivos
que guiam este trabalho são: observar os conceitos que orientaram a produção
intelectual brasileira no que toca às relações raciais; resgatar os principais elementos
presentes nas lutas do movimento negro brasileiro no período destacado; observar a
atuação do Estado brasileiro frente às demandas nacionais e transnacionais no
tratamento da questão racial, dando ênfase a cada uma das três esferas de poder;
perceber quais os diálogos e quais os impasses entre o Estado e outros dois núcleos da
pesquisa. A análise se concentra em alguns eventos críticos, tais como: a Lei Caó
(1985); o processo constituinte (1987/88); o 1º Seminário Internacional
Multiculturalismo e Racismo, realizado pelo Ministério da Justiça (1996); a Conferência
de Durban (2001); a Lei 10.639/03; as decisões do STF com relação às cotas com
critério racial (2012), entre outros.
DISPUTA HEGEMÔNICA E POLÍTICA DE RECONHECIMENTO
NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
MORAIS, Danilo de Souza (UFSCar)
[email protected]
CNPQ
Considerando algumas das significativas transformações nas relações entre as esferas da
sociedade civil e do Estado no Brasil a partir do fim do regime autoritário (1964-1985),
passo a pensá-las a partir da crítica – informada por Stuart Hall (1980, 1997; 2003a;
2003b) e seus fundamentos gramscianos – a alguns dos trabalhos recentemente
considerados referenciais no campo do pensamento social e político no país para
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
interpretar o pós-democratização institucional e o momento presente, tais como:
Francisco de Oliveira (2010), Carlos Nelson Coutinho (2010), Luiz Werneck Vianna
(2009) e André Singer (2009). Para passar ao campo de uma sociologia política que
introduz a importância das relações étnico-raciais no Brasil, acrescento ainda a este
debate a perspectiva de Antônio Sérgio Alfredo Guimarães (2006), que chama a atenção
para a centralidade, na modernização conservadora brasileira, de um padrão de
integração subalterna, tanto simbólica como material, dos não-brancos, chamado
democracia racial. O objetivo do artigo é apresentar as limitações de noções como
“hegemonia às avessas” (Oliveira, 2010), “hegemonia da pequena polìtica” (Coutinho,
2010), “revolução passiva” (Vianna, 2009) e “lulismo” (Singer, 2009) – e de certa
forma também a redução das atuais demandas por reconhecimento como oriundas
principalmente de uma “ideologia multiculturalista” (Guimarães, 2006) –, para
caracterizar a disputa político-cultural em curso no Brasil. Isso, pois, tais interpretações
parecem subestimar cada uma à sua maneira, as diferenças étnico-raciais como
elemento da disputa hegemônica, presente na transformação atual da política de
reconhecimento das diferenças (Taylor, 2000), com a erosão da democracia racial e a
emergência das políticas afirmativas na cena pública nacional.
RAÇA, GÊNERO E REPRESSÃO MITIRAR: ensaio sociológico e
histórico sobre a trajetória artística e política de Thereza Santos
RIOS, Flavia (USP)
[email protected]
FAPESP
A experiência política de negros e negras brasileiros na resistência à Ditadura Militar é
pouco conhecida. A dificuldade maior de compreender esse período está no fato de que
as atividades políticas eram realizadas, na maior parte das vezes, na clandestinidade e
sob a vigilância dos órgãos de repressão. Além disso, essas atividades dos negros são
mais frequentemente associadas ao discurso de classe, por estar sob a influência das
redes comunistas e socialistas. No entanto, a sociologia e historiografia sobre as
esquerdas no Brasil nunca demonstraram interesse em tratar a presença dos negros e da
questão racial no interior dessas redes políticas. O desconhecimento dessa zona
nebulosa da história deixou na invisibilidade trajetórias políticas que tiveram que se
confrontar tanto com a questão de classe como a racial. A trajetória de Thereza Santos
tem justamente esse efeito: revelar percursos inusitados e complexos em tempos
incertos da vida política brasileira. O itinerário artístico e político de Thereza Santos
(1938-2012) estabelece conexões históricas e sociológicas entre a mobilização cultural
negra durante o regime militar, bem como seus arranjos políticos junto às organizações
partidárias que agiam na clandestinidade. Em contraste com outros ativistas com perfil
similar, ela é personagem central para compreender as sutilezas complexas desses
arranjos articulados à luta contra o racismo e o sexíssimo, bem como ao movimento
contra o colonialismo. Para tanto, serão utilizados na análise a imprensa nacional e
local, e, sobretudo, as correspondências pessoais, discursos, projetos políticos e
autobiografia de Thereza Santos, doados à UFSCAR.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
DO CURURU PAULISTA COMO PECULIARIDADE
IDENTITÁRIA, ALGUNS APONTAMENTOS
SANTOS, Elisângela de Jesus (UNESP)
[email protected]
FAPESP
A comunicação em questão reúne as principais conclusões da etnografia realizada
durante pesquisa de doutorado recém-concluída acerca do cururu paulista na região do
Médio Tietê, SP. Dentre os aspectos importantes a ser observados enfatizamos o cururu
enquanto prática cultural que marca a especificidade do grupo caipira estudado. Neste
sentido, e através do cururu, articulam-se diversas estratégias políticas para assegurar
uma identidade diversa e específica que muitas vezes destoa de padrões culturais
estabelecidos e valorizados socialmente enquanto cânones. No cururu caipira, os
elementos corporais, de linguagem e de memória são acionados para garantir a
manutenção da forma identitária do caipira no contexto interno do Médio Tietê e para
além dele, estabelecendo diálogos com outros grupos na atualidade. Para além de seu
caráter específico de poética-musical, cantoria de improviso e desafio entre duplas
acompanhado pela viola caipira, a abordagem aqui proposta observa o cururu como
prática cultural que ocorre em simultâneidade a outras modalidades culturais e gêneros
musicais mais amplamente difundidos quando a ele comparados. Neste sentido, há que
se (re)pensar as hierarquias culturais estabelecidas entre formas identitárias/culturais
diversas e no estabelecimento de limites e desigualdades entre práticas que, do ponto de
vista da atualidade e pertencimento vivenciado por quem as realiza são tão significativas
quanto qualquer prática cultural alinhada aos cânones e padrões tidos como
hegemônicos em nossa sociedade.
A FIXAÇÃO DO SUJEITO NA BIBLIOGRAFIA SOBRE CULTURA
CAIPIRA E SERTANEJA
SANTOS, José Ricardo Marques (Faculdades Barretos)
[email protected]
Nos últimos anos, diversas teses e dissertações tem retomado como tema a cultura
caipira e sertaneja. Subjaz a estes textos o interesse em descrever um “choque cultural”
decorrente da transformação da ordem social brasileira. Este “choque” seria o
responsável pela dicotomia entre “música caipira” e “música sertaneja”. O primeiro
termo desta oposição representaria um modo de vida tradicional que estaria dando lugar
a uma nova forma de relações sociais e integração social construída a partir do
consumo. Neste sentido, o segundo termo representaria a Modernidade. Entrementes,
esta dicotomia também representaria um recorte geracional. Os “valores” estariam
sendo transformados durante o processo de absorção da música caipira ao “modo de
produção capitalista” generalizado pela “indústria cultural”, sendo os jovens os sujeitos
da incorporação dos novos valores, negando a geração anterior. Segundo nossa hipótese
poderíamos dividir em dois blocos de textos estas teses e dissertações: a) as que
descrevem o “caipira” enquanto um “modo de vida” em vias de “extinção” e b) os que
estabelecem uma relação direta entre indústria cultural e música sertaneja. Propomos
realizar aqui uma análise do conjunto desta nova produção a partir da hipótese de que
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
estes (as) autores (as) trabalham a partir de alguns consensos subjacentes. Em primeiro
lugar reproduziriam alguns consensos que existem em dois clássicos da sociologia
Brasileira, Florestan Fernandes e Gilberto Freyre. A saber: a da existência de “duas
ordens sociais” que coexistiriam em determinado momento, mas, contudo, possuindo
um “sentido” de mudança. Em segundo lugar, este consenso, levaria os autores a
pressupor uma homogeneidade da cultura do “interior”, como uma cultura nacionalpopular. Não obstante, este trabalho pretende descrever como esta construção teórica
não circunscreve uma subjetividade reconhecida no discurso social, e apagaria uma
série de sujeitos, não reconhecendo diferenças. A transformação da indústria cultural
tematizada por esta bibliografia que pretendemos abordar identifica esta série de
transformações econômicas com a fixação de um sujeito, representaria toda uma ordem
social.
DAS RELAÇÕES ENTRE RAÇA-ETNIA, CLASSE E STATUS:
discutindo a conformação da hierarquia social no Brasil
SOUZA, Sérgio Luiz
SILVA, João Amorim Charlesdan
SILVA, Nilvan Domingos
MARTINS, Ricardo Wesley
(UNIFIMES; UNESP; UNITAU)
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
CAPES; CNPQ
Este texto refere-se a uma das discussões que perfazem nossa tese de doutorado sobre os
processos sociais de produção das diferenças e construção das identidades,
desenvolvidos pelas populações negras no Nordeste Paulista e no Triângulo Mineiro, ao
longo do século XX. Pensamos aqui no sistema de representações que traduzem crenças
e estabelecem um dado ordenamento social. No sentido de perceber as redes de sentidos
que circulam na luta que os grupos estabelecem pela hegemonia, atuando para
expressarem verdades acerca do vivido. Abordamos o imaginário social e suas
imbricações nas práticas dialetizadas em processos de confabulações, entendimentos,
ritualizações e crenças produtoras de sentidos, que circulam socialmente e interferem na
regulação dos comportamentos e na identificação e distribuição dos papéis sociais,
processos vivenciados pelos agentes sociais como representações do que é tido como
verdadeiro. Percebemos o desenrolar social, como processo dinâmico, gerador de
possibilidades. Estabelecemos um debate com Jessé Souza que, baseado no que
denomina “ideologia do desempenho”, estabelece seu entendimento sobre a hierarquia
étnico-racial presente na sociedade brasileira. Distanciamo-nos desta perspectiva e
estabelecemos um diálogo com a mesma a partir de um questionamento dos parâmetros
utilizados para seu entendimento. Pretendemos expor nosso distanciamento quanto ao
entendimento do autor sobre uma “hierarquia das causas da desigualdade” na sociedade
brasileira, em que o preconceito racial é situado enquanto causa secundária e
contingente, posto que para o estudioso este é um fator sobre determinado por questões
relativas ao ordenamento das classes sociais.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A POLÍTICA COMO DESCOLONIZAÇÃO: reflexões sobre o estadonação brasileiro e sua democracia constitucional
TAFURI, Diogo Marques (PPGE/ CECH/ UFSCar)
[email protected]
CAPES
Tomando como mote a atual crise do sistema de segurança pública no estado de São
Paulo, manifestada tanto em momentos particulares de intensificação dos conflitos
violentos armados como pela adoção de políticas de encarceramento em massa,
fenômenos conjugados a um contexto de crescente marginalização e criminalização da
população empobrecida, o presente trabalho pretende refletir e problematizar sobre a
efetividade do sistema constitucional democrático vigente no Brasil, especialmente no
tocante à sua capacidade de garantir a isonomia de seus cidadãos no acesso a seus
direitos civis, jurídicos e políticos. Para tanto, pretendemos argumentar, a partir da
perspectiva de análise histórico estrutural proposta por Aníbal Quijano e em diálogo
com as proposições de Hannah Arendt e de Jacques Rancière acerca da ação política e
dos Estados-Nação modernos, que a permanência de dois elementos de colonialidade
presentes na base de nossa sociedade, a saber, a classificação social da população a
partir da ideia de raça e o controle do trabalho em torno do capitalismo mundial, os
quais se constituíram ao longo da história como eixos fundamentais para a produção e
reprodução do atual padrão de poder hegemônico mundial, ainda deve ser tomada
enquanto condição sine qua non das contradições inerentes à existência simultânea de
um ordenamento hierárquico das relações econômicas e políticas e do princípio formal
da igualdade política democrática.
A IDENTIDADE CULTURAL E O INVESTIMENTO EM POLÍTICA
PÚBLICA CULTURAL – UM ESTUDO SOBRE RIBEIRÃO PRETO
TINCANI, Daniela Pereira (UNISEB)
[email protected]
Em 2010 a Secretaria Municipal de Cultura de Ribeirão Preto apresentou no 3º Fórum
Permanente de Cultura o Relatório do Programa Café com Leite, que entre outras
pesquisas e propostas mostrou resultados de uma pesquisa junto aos munícipes sobre a
identidade cultural. Este artigo relaciona os resultados da pesquisa sobre a identidade
cultural, usando como referencial teórico Stuart Hall. Para traçar um cenário sobre a
identidade cultural da população ribeirão-pretana, fez-se um resgate da história do
período do café tendo como base memorialistas que estudaram as tradições da cidade. O
ponto de vista apresentado é o das políticas públicas culturais.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
ESTUDOS CULTURAIS NO BRASIL: do que estamos falando?
BORDA, Erik Wellington Barbosa (UFSCar)
[email protected]
O estudo da cultura não é recente no Brasil e na América Latina, tendo sua origem nas
ricas tradições ensaísticas do século XIX e início do século XX. Nesse sentido, diversos
autores no Brasil dedicaram-se ao debate de temas decisivos tais como a questão do
nacional e as contradições da modernidade na periferia. Durante o largo processo de
formação de uma tradição de estudos da cultura no Brasil, surgia na Inglaterra do pósguerra também um movimento intelectual que buscava tratar de um novo modo a
“cultura”; eram os Estudos Culturais. O trabalho aqui apresentado visa a analisar os
impactos que os Estudos culturais, e um de seus produtos, os Estudos pós-coloniais,
tiveram nas Ciências Sociais brasileiras. Como essas perspectivas foram recebidas aqui?
A verificação das diferentes propostas de diálogo e apropriação apresentadas pelas
disciplinas de Sociologia e Antropologia, o mapeamento da recepção institucional
desses estudos no Brasil e a análise de obras que se debruçaram sobre essa recepção
foram as maneiras escolhidas para lidar com a temática.
CORPOS COLONIZADOS – reflexões sobre raça e deficiência
GAVÉRIO, Marco Antonio (UFSCar)
[email protected]
A partir da obra Peles Negras e Máscaras Brancas de Franz Fanon, este ensaio tenta
estabelecer uma relação de analogia com alguns conceitos utilizados pelo autor sobre o
corpo negro para pensar o corpo deficiente e sua aparente “zona do não-ser”. Utilizando
as discussões sobre Ableism, que vem permeando as teorias sociais sobre deficiência no
marco teórico dos Disability Studies, a reflexão procura colocar em dúvida a noção de
funcionalidade natural dos corpos que se estabelece e fixa-se na oposição aos corpos
deficientes, considerados disfuncionais.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Multiculturalismo e Identidades
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar)
DA CONSIDERAÇÃO AO RESPEITO: construção de gramáticas e
diferenças na ladeira Sacopã
ARAGON, Luiza Ovalle (PPGA/UFF)
Ao situar a família Pinto num contexto histórico mais amplo, discutimos a influência do
processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro sobre as mudanças na ocupação do
bairro da Lagoa Rodrigo de Freitas. Na transformação deste antigo bairro operário num
reduto de uma elite econômica e social, as narrativas da família Pinto se mostram
entretecidas em histórias de uma busca pelo reconhecimento identitário nas arenas
públicas. O enfretamento das forças que expulsam a população negra e pobre do bairro
traz uma aguçada visibilidade sobre esta família remanescente, que encontra
resistências configuradas cada vez mais num grupo opositor. Inicialmente, estes
confrontos se valiam da gramática da honra e do privilégio, através da qual a
classificação hierárquica brasileira distinguia a família Pinto daqueles que passaram a
residir na periferia da cidade. Aos poucos, através do contato com movimentos sociais e
também através do recurso jurídico à identidade quilombola, advindo com a
Constituição de 1988, a reivindicação de posse do território e das atividades nele
realizadas passa a se impor como uma tolerância à diversidade cultural entre grupos
detentores da mesma dignidade. Até que ponto direitos impostos pelo Estado moldam
moralidades que compõem conflitos históricos na ladeira Sacopã? Fugimos da
armadilha determinista que atribui a decisões judiciais o poder opressor de
necessariamente conformar moralidades, e de trazer, através da força, práticas geradoras
de uma formação cidadã, de harmonia social e de compreensão duradoura da alteridade.
Direcionamos nosso objeto para o questionamento dos limites de influência do Direito
sobre moralidades em competição pela definição do dever ser e das práticas socialmente
adequadas para esta vizinhança.
A ÁFRICA NÃO CABE NO BRASIL? – aspectos (pós)coloniais da
poética de Oswald de Andrade
BERTELLI, Giordano Barbin (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Uma das bandeiras estéticas do Modernismo brasileiro foi a auto-imputada missão de
“re-descoberta do Brasil”. Interrogando a nacionalidade, escritores e artistas elegiam
não só os signos e sintaxes pelos quais “abrasileirar” a arte do paìs como também os
sujeitos que deveriam subsumir o habitante modelar que povoaria a pátria por eles
imaginada. Sendo assim, a “re-escritura do Brasil”, tarefa implicada na empreitada da
“redescoberta”, impunha, de alguma maneira, o confrontamento artìstico e literário do
legado histórico de quatro séculos de colonização. Adotando como matriz identitária o
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
entrecruzamento do português, do índio e do africano, a arte e literatura modernistas
chegaram a diferentes equacionamentos das posições e contribuições destes três
elementos na composição da Nação. Este trabalho pretende discutir a “solução” que a
poética de Oswald de Andrade esboçou para esta questão capital de leitura/escritura da
nacionalidade. Nesse sentido, enfoca-se alguns dos poemas mediante os quais a poética
oswaldiana delineava as “cenas inaugurais” do paìs, em paralelo com as passagens
programáticas de seus dois manifestos da década de vinte. Privilegiando o tratamento
poético dispensado à oscilação entre presença-ausência do elemento africano,
argumenta-se que a literatura oswaldiana transita de uma orientação inicialmente
marcada pela problemática identitária, acompanhada pela dificuldade de formalização
estética de uma suposta identidade nacional, para uma radical supressão de um “regime
identitário” de pensamento acerca da dinâmica cultural, em favor da instauração de uma
inteligibilidade da e pela diferença.
A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO SOCIAL CONTIDA NA
ATUAÇÃO JUVENIL NO COTIDIANO
BORGES, Virgínia Oliveira (UFPel)
[email protected]
CAPES
Esse estudo mostra a possibilidade de transformação social atribuída aos jovens no
cotidiano da sua vida grupal. É essa possibilidade de transformação existente no
cotidiano da realidade juvenil, focado em um grupo de jovens que existe em virtude da
cultura que os une – a dança – na Vila Pestano, na periferia da cidade de Pelotas no
interior do Rio Grande do Sul que este estudo apresenta. Com base em autores como
Henri Lefebvre (2008) que apresenta, a transformação social no espaço das cidades e a
possibilidade que a juventude traz consigo. E José Machado Pais (2003), que apresenta
a compreensão dessa dimensão juvenil, que partindo do cotidiano desse grupo
constituído da comunidade local, dentro da proposta de inclusão e participação juvenil a
que o grupo se propõe, pode-se perceber as relações dos diferentes atores envolvidos no
espaço social vivenciado e reconhecemos os conflitos que modificam o espaço local,
pela ação juvenil ou o embate entre jovens e adultos.
TRADUZIR-SE UMA PARTE NA OUTRA PARTE: a construção de
marcadores sociais da diferença na diáspora
FLOR, Cauê Gomes (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Desde 2004 a cidade de Lins (interior de São Paulo) recebe, proporcionalmente, o maior
fluxo de africanos do interior paulista. Lá, residem e estudam (na Unilins), faculdade
local, em torno de 140 africanos e africanas naturais dos mais diversos Países Africanos
de Língua Oficial Portuguesa (Palop): Angola, Cabo Verde, São Tomé & Príncipe,
Moçambique e Guine Bissau. No entanto, são preponderantes os jovens remanescentes
de Angola, cerca de 120, sendo, os únicos que se enunciam enquanto comunidade
angolana. Ao enunciar esse discurso, os estudantes africanos agenciam e manobram um
conjunto de representações, afirmam diferenças e promovem processos de identificação.
44
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Em síntese, essa pesquisa busca compreender como e porque o Brasil apresenta-se
como destino para esses estudantes? Pretende-se também como objeto de reflexão
marcadamente teórica, analisar os marcadores sociais de diferença (TOMAZ, 2003)
utilizados pelos estudantes angolanos residentes na cidade de Lins-SP; pois são essas
diferenças que devem nos ajudar a entender melhor as suas narrativas sobre as tensões e
dificuldades que vivenciam no contexto brasileiro, mas também a maneira como, neste
“espaço da diáspora”, eles constroem e reconstroem as suas identidades. Um elemento
fundamental que subsidia os objetivos dessa pesquisa não é tomar qualquer posição a
priori sobre essa diferença sublinhada pela categoria - “negro”. Evidentemente, que não
se nega que o já refletiu historicamente sobre a mesma. As formulações teóricas dessas
reflexões são certamente fundamento analítico dessa pesquisa. Porém, esse trabalho
busca fazer outra aproximação, mais precisamente um esforço analítico orientado a
partir desse vasto campo chamado episteme Pós-Colonial e dos Estudos Culturais.
RAP E TERRITORIALIDADE NA CIDADE DE SÃO PAULO
GESSA, Marília (UNICAMP)
[email protected]
PROEX – CAPES
As diferentes práticas do hip hop introduziram novas formas de expressão que são
contextualmente ligadas a condições de vida na cidade de São Paulo, formada por uma
amálgama de bairros com normas sociais particulares e nuances culturais. O grafite, por
exemplo, inscreve e enuncia uma presença individual e coletiva em determinado espaço
(de fato em sua origem, os grafites eram marcas de gangues, avisos aos iniciados de que
aquela área tinha “dono”). Tais práticas criam os laços sobre os quais as afiliações são
forjadas em geografias sociais específicas. A linguagem cifrada dos hip hoppers, repleta
de gírias e muitas vezes em desacordo com a norma padrão do português, configura-se
não só como um dos dialetos possìveis da lìngua, como apontado pela canção “Negro
drama” (Racionais MC‟s), mas também como uma ação afirmativa da cultura dos
territórios excluídos dos mapas do lado bom das cidades. As gírias, em especial,
revestem-se de outras possibilidades, já que são parte de uma formação discursivopoética que define categorias dificilmente decodificadas por aqueles que não fazem
parte das comunidades de favelas. Este trabalho dedica-se a analisar como, através de
práticas sociais e de linguagem, o discurso do rap também marca territórios e redefine
parâmetros valorativos. Os territórios não são trazidos às letras somente por meio de sua
nomeação, mas também pela evocação de práticas culturais correntes dentro de seus
perímetros e é por isso que, mais do que uma realidade geográfica, entendemos aqui o
território como uma construção simbólica. Esta posição implica que o reflitamos de um
modo semelhante ao que Pierre Bourdieu adotou no que diz respeito à formalização do
conceito de „região‟: certamente que ela é um domìnio, uma zona, uma área, porém,
também é o produto das condições que lhe possibilitaram ser o que é. O território pode
ser assim entendido como uma rede de relações sociais que define, ao mesmo tempo,
um limite, uma alteridade: a diferença entre nós (o grupo, os membros da coletividade
ou 'comunidade', os insiders) e os outros (os de fora, os estranhos, os outsiders). Desse
modo, podemos considerar a territorialidade como constituída de relações mediatizadas,
simétricas ou dissimétricas com a exterioridade, incluindo elementos de identidade,
exclusividade e, importantemente, de limite que, mesmo não sendo traçado, exprime a
relação que um grupo mantém com uma porção do espaço. Exploro a ideia de que a
música permite um automapeamento frente a um território simbólico que permite
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
definir as fronteiras entre „os outros‟ e „os iguais a mim‟. O consumo e a produção de
rap torna-se, assim, um exercício performativo de classificações: os espaços que a
música permite criar implicam noções de diferenças sociais por um lado, e organizamse segundo hierarquias de ordem moral e política que estabelecem valores e normas por
outro.
A ARTE DA POLÍTICA E A POLITICA DAS ARTES: militantes e
artistas na construção de uma esfera pública negra no Brasil
MACEDO, Márcio (New School for Social Research)
SILVA, Uvanderson Vitor (IESP/UERJ)
[email protected], [email protected]
CAPES
Os anos 1990 foram marcados por profundas transformações na relação Estado e
sociedade no Brasil. No influxo do processo de redemocratização, “novos personagens”
passaram ocupar o espaço público reivindicando o ¨direito a ter direitos¨ e a abertura de
canais democráticos de participação política. Nesse contexto, os movimentos negros
ocuparam um papel importante ao questionar a narrativa de nação baseada na ideia de
democracia racial e pela reivindicação da participação do Estado na correção da secular
desigualdade racial que caracteriza a estrutura social brasileira. No processo de
construção de um contra-discurso negro da formação da sociedade brasileira nota-se que
a construção de mecanismos e estratégias da política institucional (criação de conselhos,
de legislação, de políticas públicas) anda em pari passu com uma série de intervenções
artísticas e performáticas (música, dança, literatura) que para além de compor uma
identidade negra brasileira amplia o arco de repertórios políticos e os espaços de
formação e atuação políticas. Seguindo os argumentos seminais de Nancy Fraser e Paul
Gilroy, pretendemos analisar se a articulação entre política e cultura na formação do
protesto negro brasileiro é constitutiva de uma esfera pública negra que contorna o
dilema fortemente presente no debate acadêmico entre um nacionalismo que prega
harmonia racial e uma incorporação inconsequente de categorias raciais externas (mais
precisamente norte-americana). Para tanto, pretendemos analisar os discursos de atores
negros – artistas e ativistas - veiculados em diversos materiais culturais (revistas,
fanzines, rádios comunitárias, etc) produzidos no contexto do movimento hip-hop em
parceria com organizações do movimento negro.
REFAVELA (1977): negritude na poética musical de Gilberto Gil
NACKED, Rafaela Capelossa (PUC-SP)
CAPES
Nos efervescentes anos 1960-1970 o mundo atlântico foi palco de grandes
acontecimentos: a luta por Direitos Civis nos Estados Unidos, a descolonização de
diversos países africanos e a emergência de diversas lutas da população negra. No
campo da cultura, podemos destacar a ascensão do funk e do soul e a forte presença do
reggae music no cenário musical, gêneros conectados a uma ética e uma estética de
valorização da cultura negra. No Brasil entre essas manifestações musicais podemos
resgatar os Bailes Black e a africanização do carnaval de Salvador. Neste contexto,
Gilberto Gil, um dos mais conceituados performers dessa negritude artística e
politicamente, torna-se um dos símbolos mais importantes da negritude no país e ícone
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
dos jovens negros baianos nas décadas de 1970-1980. Um dos discos mais marcantes
deste período da carreira do artista, Refavela (1977), é dedicado à África, começou a ser
elaborado durante a viagem de Gilberto Gil ao FESTAC (Festival Mundial de Arte e
Cultura Negra) em Lagos, na Nigéria. No Atlântico Negro - como nos aponta Paul
Gilroy – as vivências artísticas dos escravos e seus descendentes formam um corpo de
produções culturais que evidencia os traços de solidariedade para com a situação dos
negros em todo o mundo, pelo protesto político marcado pela desigualdade, pela
violência e pelo racismo, pela lamentação e também pelo prazer destes sujeitos. Neste
sentido, as músicas da diáspora negra sintetizam as experiências históricas dos negros,
criando um corpo único de reflexões sobre a modernidade e seus dissabores. A partir
destes pressupostos, o trabalho apresentado no evento propõe discutir o disco Refavela
dentro do contexto histórico em que está inserido.
REPENSANDO CULTURA E IDENTIDADE NEGRA: o que os
moradores do Bixiga têm a nos dizer?
NASCIMENTO, Larissa Aparecida Camargo (UFSCar)
[email protected]
CAPES
O bairro Bela Vista, popularmente denominado Bixiga, localizado na região central de
São Paulo, fora precedido pelo quilombo urbano Saracura. No final do século XIX
houve um intenso processo de redefinição territorial/racial que promoveu o
deslocamento de uma parcela da população negra do centro velho paulistano para o
Bixiga, período concomitante à chegada de imigrantes italianos no bairro. Apesar do
protagonismo da população negra até os dias de hoje, diferentes meios representam o
Bixiga como um bairro tradicionalmente italiano, invisibilizando as contribuições de
outros segmentos populacionais. Ademais, o bairro passa por um processo de
valorização que tem promovido o deslocamento de famílias economicamente
desfavorecidas. Diante das relações assimétricas que se constituíram, o presente estudo
pretende discutir o processo de racialização a partir da trajetória de vida de sujeitos
negros moradores do bairro. Ademais, buscamos apreender as intersecções entre as
identidades destes sujeitos e a vivência de manifestações culturais de matriz afrobrasileira que marcam este contexto urbano. Posto que a cultura não é intacta e que a
identidade dos sujeitos não é fixa, coube verificar a tradução, negociação, entre as
diferentes culturas e identidades num mesmo espaço, verificando as tensões,
negociações, resistências. Este estudo se assenta em teóricos da sociologia das relações
raciais para contextualizar as particularidades do processo de racialização no Brasil e
dos estudos culturais, principalmente aqueles que realizam um debate a partir de uma
perspectiva pós-colonial, importante para discutirmos identidade negra enquanto um
conceito posicional. Os dados foram captados por meio da observação participante e
entrevistas semiestruturadas embasadas na história oral de vida.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A PRESENÇA DO NEGRO NOS ROMANCES DE MACHADO DE
ASSIS: ocorrências em “Esaú e Jacó”
SANTOS, Gilberto de Assis Barbosa (UNESP/FCLAr)
[email protected]
CAPES
Por que, em pleno século XXI, analisar a escravidão, a abolição, bem como a presença
do negro na sociedade brasileira do século XIX, a partir da perspectiva do escritor
carioca Machado de Assis? Parece-me que estudar essas questões pode esclarecer a
origem de determinados problemas sociais do presente, tais como a exclusão e a
desigualdade social a que muitos afrodescendentes estão sujeitos na atualidade. Esse
processo tem origem na forma como o fim do trabalho servil ocorreu no Brasil, na qual
todos os escravos viram-se da noite para o dia, livres do cativeiro, porém, sem nenhuma
condição para livrarem-se do julga das chibatadas desferidas pelos antigos proprietários.
Se no passado, seus ancestrais eram vítimas de sevicias de escravocratas empedernidos,
e em alguns casos de alguns de outros ex-escravos, conforme ficcionalizado por
Machado de Assis no capìtulo “O Vergalho” de seu clássico “Memórias Póstumas de
Brás Cubas”, após a extinção do trabalho servil, os mesmos escravos passaram a ser
aviltados por salários irrisórios. O autor de “Dom Casmurro” em uma crônica da série
“Bons Dias!” aponta como o valor pago pela mão-de-obra afrodescendente não permitia
aos africanos e seus descendentes livres sonhar com dias melhores. Mas meu escopo é
compreender como essas abordagens aparecem em “Esaú e Jacó” penúltimo romance
machadiano. Obra importante para analisar a visão que seu autor desenvolveu sobre a
passagem da monarquia a República, por intermédio do narrador Conselheiro Aires.
Objetivo demonstrar que o escritor carioca, ao contrário de seus críticos, abordou sim, a
questão escravocrata em seus textos, porém, isso foi realizado através de jogos
apresentados aparentemente com um viés, mas que uma leitura atenta e alegórica
evidencia outra coisa: a real condição do negro.
LUGARES DA MEMÓRIA. O RECOMPOR DA CULTURA
MIGRANTE ENTRE AVÓS E NETOS
SILVA, Cinthia Xavier (UNESP)
PAIT, Heloisa (UNESP)
[email protected]; [email protected]
Este trabalho é parte dos resultados da pesquisa de mestrado que pretende compreender
como ocorre o diálogo intergeracional entre avós, migrantes nordestinos, e netos. A
pesquisa de campo ocorre em lugares onde a família se reúne para trocar experiências,
forma de ser e lembrar o passado. Nestes lugares da memória os avós relembram e
socializam memórias e os netos incorporam parte da história da família. Durante a
pesquisa percebemos que a identidade nordestina não era reforçada no grupo
pesquisado, pois os netos não identificavam seus avós como migrantes nordestinos. A
cultura nordestina é identificada nas músicas, histórias, nos adornos nas casas, a
lembrança da vida no Nordeste. Porém, a identidade nordestina não é reforçada entre os
migrantes pesquisados, pois a vida destes sujeitos híbridos está entre o entremear de
costumes do lugar de origem e de destino. Este trabalho pretende discutir sobre a
formação da identidade nacional brasileira e a construção da identidade nordestina;
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
sobre os aspectos reivindicados pelos migrantes para se identificar como nordestino e;
propor uma reflexão sobre identidades fortes e minorias identitárias no contexto de
internacionalização das identidades.
CAROLINA MARIA DE JESUS: MARGINALIZAÇÃO SOCIAL E
ESCRITA LITERÁRIA
SILVA, Eliane da Conceição (UNESP)
[email protected]
Capes
O presente trabalho visa a analisar a posição muito singular de Carolina Maria de Jesus
no campo cultural brasileiro no início da década de 1960, uma vez que a ex-catadora de
lixo tornou-se uma escritora mundialmente conhecida, tendo sua principal obra, Quarto
de despejo: diário de uma favelada (1960), publicada em mais de 13 línguas. Por outro
lado, não obstante o sucesso de vendas no Brasil e no exterior, Carolina Maria de Jesus
não obteve reconhecimento por parte dos membros do campo cultural brasileiro. Assim,
pretende-se compreender a situação de marginalidade social da escritora – dada sua
condição de favelada e catadora de lixo, bem como a estigmatização em relação à
sociedade letrada, enquanto mulher negra e sem educação formal – como aspecto que
torna sua obra especialmente significativa do ponto de vista sociológico, mostrando a
relação intrínseca entre atividade cultural e posição social. Desta forma, pretende-se
propor uma análise sobre o surgimento e posterior “esquecimento” da autora a partir de
uma interlocução com o campo cultural, procurando entender como sua obra situa-se no
campo cultural, aliada a um exame do contexto histórico e social mais amplo, partindo
da ideia de que uma obra literária ou artista não podem ser explicadas apenas a partir de
fatores externos a sua produção – no caso de Carolina, pela excentricidade provocada
por sua origem social – mas pelas condições que levaram à produção e recepção, pois
são essas condições que tornam a escritora Carolina Maria de Jesus um personagem
controverso e de difícil explicação.
UMA BREVE ANÁLISE DO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO
DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU NO MUNICIPIO DE
SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA
SOUZA, Valtey Martins de (UFPA/PDTSA)
MELLO, Andréa Hentz de Mello (UFPA)
[email protected], [email protected]
É muito complexa a discussão acerca da temática da identidade, especialmente devido
esse conceito ser portador de uma grande ambiguidade teórica e política, portanto,
estudar essa temática significa que apesar de suas restrições, não há a possibilidade de
substituí-lo, principalmente devido à identidade ser um desses conceitos que operam no
intervalo da inversão e da emergência. Desse modo, a identidade é sempre uma
construção histórica dos significados sociais e culturais que norteiam o processo de
distinção e identificação de um indivíduo ou de um grupo, assim, sempre se encontra
em processo, ou seja, sempre se encontra em construção. Logo, a identidade não é uma
“coisa em si” ou “um estado ou significado fixo”, porém uma relação, uma “posição
relacional”, uma “posição-de-sujeito” construìda de modo relacional e contrastiva, até
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
mesmo porque os processos de identificação e, logo, as identidades são sempre
construídas na e pela diferença e não fora dela. Desse modo, se buscou, como objetivo
principal desse trabalho, analisar o processo de identificação das quebradeiras de coco
babaçu no município de São Domingos do Araguaia, no estado do Pará, especialmente
pela contextualização de suas ações junto ao MIQCB – Movimento Interestadual das
Quebradeiras de Coco Babaçu -, pois, foi através dessa entidade que tais mulheres
passaram a ter mais visibilidade e respeito. Portanto, a metodologia para elaboração
desse trabalho passou por uma releitura da literatura que trata da temática, além de se
realizar uma pesquisa de campo que visava verificar a produção das quebradeiras, como
comercializam, o modo pelo qual elas se relacionam com o território, como elas se
declaram e como se comportam na correlação de força com outros atores. Assim, os
resultados apontam para o entendimento de que a identidade das quebradeiras é uma
construção histórica, pois desde o período de fundação da vila que viria a ser a sede
municipal de São Domingos do Araguaia, que as mulheres extraem o babaçu, se
diferenciam dos fazendeiros e se identificam como quebradeiras. Além do mais, a
identidade dessas mulheres pode ser relacional e contrastiva, já que as quebradeiras se
identificam como quebradeiras de coco babaçu, contrastando com o modo pelo qual os
fazendeiros se identificam.
NO ENCALÇO DO PONTO PERDIDO: a memória do jongo em
Bananal – SP
VITORINO, Diego da Costa (UNESP)
[email protected]
CAPES
Este trabalho apresenta dados de uma pesquisa etnográfica cujo lócus é a cidade de
Bananal – SP. O pesquisador fez deste cenário, que apresenta as magníficas paisagens
de encostas da Serra da Bocaina, uma rica hidrografia e a ainda viva Mata Atlântica do
Sudeste do país, seu laboratório a céu aberto. A região do Vale Histórico do Rio Paraíba
do Sul preserva elementos da cultura e da história do Brasil oitocentista, tanto pela
arquitetura neoclássica de seus casarões ou fazendas coloniais, como também por
costumes ou manifestações populares que ainda permanecem na memória de seus
habitantes. Este foi o ambiente perfeito para reviver a memória do Jongo e dos
Jongueiros através de algumas entrevistas semi-diretivas. O Jongo foi um ritmo bastante
popular entre os negros africanos e brasileiros e se tornou um ritmo comum nos festejos
tradicionais tanto nas comunidades rurais, quanto para a população urbana da cidade. A
abolição da escravatura foi comemorada com o Jongo que permaneceu vivo em Bananal
até 1970. A partir da articulação entre história-oral e a memória social, o pesquisador se
defrontou com o que se pode chamar de Memória do Cativeiro, diversos saberes
popular, contos e lendas característicos da cosmogonia local. Os saberes e histórias
encontradas neste trabalho revelam que alguns padrões culturais, estruturas sociais e
processos históricos são construídos a partir da memória individual e social calcada em
cenários que cercam os sujeitos da pesquisa. Sem estes cenários as memórias não seriam
como são porque dependem do contexto ao qual estão atreladas para terem significado.
Além disso, vale ressaltar que para vir à tona essas memórias dependem e necessitam da
sensibilidade e ética de pesquisadores comprometidos e em interação social com seus
entrevistados.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Subjetividades, Identidades e Diferenças
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Richard Miskolci
INVESTIGAÇÃO SOBRE PROCESSOS DE INTERSUBJETIVIDADE NA
RECEPÇÃO DE OBRAS DE ARTE
AGUIRRE, Alexandra (UERJ)
[email protected]
Para pensar a recepção de obras de arte como experiência intersubjetiva, partimos da
perspectiva da etnometodologia e da fenomenologia do mundo da vida cotidiana de que
a ação social é orientada por métodos e expectativas comuns aos agentes. Para chegar a
uma compreensão comum, os membros de um grupo são capazes de se colocar sob
outros pontos de vista. Na literatura, Wolfgang Iser percebe a interação entre leitor e
ficção orientada pela estrutura do texto, o leitor deve estar comprometido com os
métodos de ação da obra, e ser capaz de se colocar sob o ponto de vista do autor. A obra
é resultado da convergência entre a intenção do autor e a posição compreensiva do
leitor, que se deixa guiar. É nessa interseção que está presente a intersubjetividade do
leitor/receptor com o autor, e com outros receptores que se orientam pelos mesmos
métodos. Nas artes plásticas, as orientações não são mais visuais, como
tradicionalmente foram a cor e a tinta, já que muitas obras são visualmente
indistinguíveis de objetos comuns. Para Arthur Danto, as orientações de sentido, como
intenção do artista, estão presentes no uso que a obra faz de objetos e ideias disponíveis
no mundo, rompendo com as expectativas cotidianas que temos deles. O que remete
novamente às teorias da ação social que reconhecem na linguagem e no uso que se faz
dela, assim como nas convenções linguísticas e as expectativas do grupo, os
fundamentos da vida em sociedade. É este uso e sua identificação pelo receptor, como
parte fundamental do processo de intersubjetividade, que a pesquisa pretende investigar
através de entrevistas com artistas e público e análises de obras e crítica.
TAMBÉM EXISTE ALEGRIA NO BAIRRO SANTA FELICIDADE
ARAUJO, Marivânia Conceição de (UEM)
[email protected]
O presente trabalho trata das atividades de lazer e sociabilidade entre moradores de um
bairro de baixa renda, fato que parece se constituir numa forma de enfrentar as
diversidades. A discussão aqui apresentada é fruto da pesquisa etnográfica desenvolvida
no bairro Santa Felicidade em Maringá no Paraná, bairro que foi meu objeto
privilegiado de estudo, foi onde obtive entrevistas, apliquei questionários e observei
muitas situações. Trata-se de um local na periferia da cidade, onde vivem trabalhadores
informais, estudantes, desempregados, catadores de lixo etc., que por suas condições
econômicas e sociais têm limitados espaços de diálogo com a prefeitura, são vistos de
51
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
modo pejorativo pela população da cidade e se dizem vítimas da discriminação social.
Todavia, apesar de todos esses elementos negativos os moradores do bairro se mostram
satisfeitos com o lugar e, ao contrário do que afirma o poder público municipal, tem alta
alta-estima e se mostram, em diferentes situações, alegres.
VILÉM FLUSSER E O EXÍLIO COMO IDENTIDADE EM
TRÂNSITO
FANTINATO, Manuela (PUC/RJ)
[email protected]
CNPQ
O trânsito de pessoas e culturas vem formando o mundo contemporâneo, especialmente
a partir das experiências da 2ª Guerra, do regime socialista da URSS e de seu desmonte,
da descolonização da África, até as guerras recentes. Como consequência, desestrutura
noções de pertencimento, nacionalidade e, sobretudo, identidade. Nas palavras de
Edward Said, a moderna cultura ocidental é, em larga medida, obra de exilados,
emigrantes, refugiados. Esse é o caso de Vilém Flusser, filósofo tcheco chega ao Brasil
fugindo da ameaça nazista. Dentre os vários livros que deixou em português durante os
30 anos que passou aqui, destaca-se sua autobiografia, Bodenlos, que foge a todas as
regras tradicionais do gênero, incluindo textos sobre pessoas que marcaram sua vida no
Brasil, influenciando seu pensamento e sua carreira, além de textos sobre os temas aos
quais se dedicou em sua vida de professor e reflexões sobre a condição de exilado. A
obra, escrita durante 20 anos, a partir de seu retorno à Europa, permanece inacabada e é
publicada com a morte com autor. As relações entre autobiografia e construção de
identidade estão, em Bodenlos, complexificadas e norteadas pela questão do exílio.
Embora não seja cronológica e teleológica, sua leitura leva a compreendê-lo como
condição determinante à construção da identidade do autor, que não se fecha em uma
unidade, mas que dialoga com vários fatores: o tipo de escrita que escolhe e a forma em
que a empreende, a carreira de filósofo, os temas aos quais se debruça, os pares que
escolhe – artistas e intelectuais, alguns exilados como ele – e, por fim, a condição de
eterno migrante. Sua análise permite refletir sobre como essa condição afeta
subjetividades e sociedades, aceitando-a como constitutiva da contemporaneidade.
A MODERNIDADE É UMA SERPENTE
FRANÇOSO, Luis Michel (UNESP)
[email protected]
CNPQ
Este projeto busca analisar a construção da imagem da modernidade no município de
Araraquara/SP. Averiguar ainda as relações políticas da atualidade de Araraquara à luz
da lógica instituìda pelo mito fundador do municìpio, o chamado “mito da serpente”. O
mito surgiu a partir do linchamento dos irmãos Brito ocorrido na Praça da Igreja Matriz,
no ano de 1897 e funda seu conteúdo simbólico no quadrilátero da referida igreja, local
que foi e continua sendo objeto de instauração de novas centralidades do poder. O
referido “mito da serpente” narra uma praga rogada, pelo padre da Matriz na época,
enunciando que Araraquara por 100 anos não teria progresso e que uma enorme
52
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
serpente ficaria em baixo da igreja e que se um dia o município progredisse ela sairia e
destruiria toda a cidade. Assim, o projeto tem por objeto os usos do mito e sobre como
se atualiza sua forma para a produção de novos conteúdos. Abordando, através do
instrumental da etnografia urbana um campo de sensibilidade existente a partir da lógica
do mito, que produz discursos, impõe um ethos a urbe, intervenções no espaço urbano e
intensos conflitos discursivos na tentativa de obter exclusividade da enunciação das
noções de modernidade. Assim o projeto reflete sobre a eficácia permanente do mito a
partir da teoria do antropólogo Lévi-Strauss e analisa as relações de poder da atualidade
do município de Araraquara através da teoria do filósofo Michel Foucault.
A EDUCAÇÃO NA PÓS-MODERNIDADE E A ERA DA
CIBERCULTURA
GOMES, Cleber (UNICAMP)
[email protected]
Este trabalho pretende analisar o contexto da educação na sociedade pós-moderna e as
relações que o novo aprendiz desenvolve na era da cibercultura. Partindo do pressuposto
que o aprendiz contemporâneo está inserido em uma sociedade globalizada e
tecnológica, entende-se que é preciso pensar como acontece a interação no campo social
e como se oferece acesso à informação e a transformação. Fenômenos sociais
contemporâneos que surgem no Brasil e em países da América Latina, como Chile e
Argentina, levam jovens estudantes às ruas a fim de participarem de manifestações
contra situações adversas. Dessa forma, um dos objetivos desta pesquisa também é
concentrar na análise do cenário dos novos movimentos sociais que se articulam por
meio das redes sociais e consequentemente vão parar nas ruas exigindo mudanças.
Sendo assim, pretende-se com este trabalho refletir sobre qual é o papel da educação
quando em contato com as novas mídias digitais? Um dos problemas encontrados na
pesquisa é entender como a cibercultura interfere nas relações sociais e nas estruturas do
poder. Diante dessa complexa rede de relações digitais em que estamos inseridos, é
preciso levantar algumas questões sobre os tempos pós-modernos que afeta e transforma
a vida social. A sociedade contemporânea traz novos desafios e perspectivas, assim,
observou-se por meio de metodologia qualitativa, análise bibliográfica e dados
empíricos, que todas as sociedades evoluem, porém de formas diferente sendo
dependente de diversos fatores econômicos, políticos e sociais que estão ligados
diretamente à educação. Portanto compreende-se que com o advento da globalização as
sociedades sofrem com um desregramento, uma ausência de regras que é típico de
períodos de rígidas transformações econômicas e sociais.
IDENTIDADE NACIONAL E INDÚSTRIA CULTURAL: a música
popular brasileira entre apropriações e disputas
LEAL, Luã (UNICAMP)
[email protected]
CAPES
Este trabalho buscará analisar os sentidos dos discursos sobre identidade nacional
construídos por um grupo de autores interessados em preservar a história e a memória
da música popular brasileira. Tendo em vista o contexto do campo intelectual entre as
53
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
décadas de 1960 e 1970, serão analisados os livros “O samba agora vai... a farsa da
música popular no exterior” [1969], de José Ramos Tinhorão (1928 –), “Raìzes da
música popular brasileira” [1977], de Ary Vasconcelos (1926 – 2003) e “Pixinguinha,
Vida e Obra” [1977], de Sérgio Cabral (1937 –). As obras abordadas foram lançadas em
um período de disputas a respeito da manutenção da autenticidade no campo cultural e
de crescente consolidação da indústria fonográfica brasileira. Dessa forma, cotejarei as
proposições dos três autores sobre a preservação da “tradição” da música popular
brasileira. A “autêntica” música, entendida como expressão da identidade nacional,
tornou-se elemento central nas narrativas historiográficas empreendidas por esse grupo
de jornalistas militantes da música popular. As obras desses autores serão abordadas
como marcos da constituição e da reformulação de uma “linhagem” – modo ou estilo
intelectual capaz de tratar de problemáticas relacionadas ao período original de sua
circulação, seguindo a proposição de Gildo Marçal Brandão – interessada em debater a
identidade nacional devido às intensas transformações.
CULTURA E SOCIEDADE NO BRASIL SEGUNDO CARLOS
NELSON COUTINHO
MASSUIA, Rafael. R. (UNESP)
[email protected]
Carlos Nelson Coutinho, filósofo baiano recentemente falecido, ao longo de sua
trajetória, buscou compreender o Brasil numa perspectiva marxista. Na tarefa e
compreender a forma específica em que se deu o processo de desenvolvimento
capitalista do país, de surgimento do Brasil "moderno", em contraponto ao modelo
clássico, em que o referido processo dá-se de forma popular ou jacobina (de "baixo"), o
pensador baiano recorreu a dois conceitos, propondo uma síntese entre ambos: da noção
"via prussiana", melhor formulada por Lenin, ao conceito de "revolução passiva",
defendido por Gramsci. A partir desse aporte teórico Coutinho pôde investigar o caráter
de "modernização conservadora" (realizada "pelo alto"), referendado pela aliança entre
os principais setores das classes dominantes (do velho ao novo), que tem por
consequência a ruptura entre nação e povo; tal procedimento, recorrente na história do
país, tem por característica o atendimento das demandas, sempre que alguma
reivindicação popular se coloca na pauta do dia, para dessa forma evitar-se que o povo
as efetive. Dentro desse quadro, a cultura não passa imune a essas condicionantes gerais
– pois o autor sempre busca compreender os fenômenos culturais à luz do solo social
que os origina –, experimentando essa influência, que se faz sentir sobre os artistas e
intelectuais, tornando-os "cúmplices" do poder – aquilo que, emprestando o conceito do
escritor alemão Thomas Mann, Coutinho chamou "intimismo à sombra do poder".
Nesse sentido, realizaremos algumas considerações sobre a hipótese interpretativa de
Coutinho, centrando a discussão nas consequências, no campo da cultura, da forma
específica do desenvolvimento sócio histórico do país estruturais no campo artístico e à
reconfiguração do mercado de bens simbólicos.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
MERCADO MUNICIPAL PAULISTA: relações socioculturais como
formação de uma identidade cultural do ser paulistano
ROIM, Talita (UNESP)
[email protected]
CAPES
Com interesse de compreendermos as relações sociais, econômicas, políticas e culturais
estabelecidas entre indivíduos que compõe o cenário do Mercado Municipal de São
Paulo (vendedores, consumidores e turistas) pretende-se criar um paralelo imaginário de
um cenário da própria cidade de São Paulo como lugar reconhecidamente cosmopolita,
mundial e globalizado. A partir da observação do cotidiano desses personagens percebese que o Mercado Municipal atua não mais como mercado distribuidor de alimentos,
mas como centro turístico que oferece mercadoria nacional e internacional, além de
guloseimas que foram selecionadas como ícones do Mercado e da cidade de São Paulo.
Relações de comércio e de trabalho são visivelmente praticadas nesse espaço, porém,
por meio de análise mais apurada identificamos relações de lazer, de parentesco, de
tratos sociais, dentre outras formas de relações socioculturais. Acreditamos que o
Mercado Municipal seja um espaço propício para construir reflexões acerca das
transformações das relações sociais estabelecidas no contexto da contemporaneidade
dos paulistanos e, enfim, de elementos que compõe uma cultura identitária e o processo
civilizador dos habitantes da cidade de São Paulo.
CULTURA E IDENTIDADE NA CIDADADE DE PRUDENTÓPOLIS
- PR
TENCHENA, Sandra Mara (PUC/SP)
[email protected]
Este trabalho trata da memória de mulheres descendentes de ucranianos residentes na
cidade Prudentópolis, localizada no interior do Paraná, e tem como aspecto peculiar o
fato de sua população ser constituída majoritariamente por descendentes de ucranianos.
As tradições e as festas religiosas ali presentes mantêm viva a cultura ucraniana. Esta
opção levou-me a conhecer as diferentes maneiras de apropriação dos tecidos
simbólicos específicos da cultura, através de recorte de gênero associado a
especificidades de gerações responsáveis pela produção dos sistemas de significados
próprios dessa cultura. Os ucranianos, importante grupo de imigrantes que rumou para o
Paraná como trabalhadores livres no início do século XX, construíram atividades
importantes para a vida cultural da região e para a economia local. Partilharam a vida
com imigrantes poloneses, italianos e alemães, construindo segmento fortalecedor de
hibridização cultural própria da história do Brasil. A escolha de abordagem etnográfica,
que não só descrevesse a cultura, a religião, as festas e as tradições, mas também a
história e as transformações socioeconômicos da cidade de Prudentópolis no Estado do
Paraná, visou interpretar os sentidos e significados de ações voltadas à afirmação,
resistência e identificação de sua população. Para isso, recorri ao exercício da pesquisa
sistemática pela participação observante de ritos e costumes tão familiares, com o
intuito de recuperar os costumes tradicionais, com vistas a produzir, inicialmente, uma
etnografia que evidenciasse, com refinamento de detalhes, os modos de viver das
mulheres e do povo ucraniano.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
Mexeu com uma, mexeu com todas
AKEL, Georgia (UNICAMP)
[email protected]
Nas últimas décadas intensos debates têm agitado o campo feminista no que diz respeito
ao reconhecimento da diversidade e não estabilidade do sujeito político do movimento,
dando origem ao que ficou conhecido como “feminismo hifenizado”. Esta pesquisa tem
como objetivo investigar processos de construção de identidades coletivas no
movimento feminista. Para tanto, toma como objeto empírico o Coletivo das Vadias de
Campinas, grupo ativista criado a partir da organização da Marcha da Vadias de
Campinas em 2011 e que tem atuado na direção de produzir articulações entre grupos
feministas locais, com diversos focos de atuação. A metodologia é qualitativa, lançando
mão de observação etnográfica e realização de entrevistas com as integrantes do
Coletivo durante o ano de 2013. O foco analítico recai sobre as potencialidades e limites
relacionados ao uso da categoria “vadias” pelo movimento, concentrando-se
especialmente sobre a seguinte questão: seria “vadia” um substituto do sujeito polìtico
“mulher” ou um termo a partir do qual se procura produzir uma coalizão entre várias e
diferentes mulheres?
VIOLÊNCIA E PRECONCEITO: a identificação das ocorrências de
bullying homofóbico no ambiente escolar
IBRAHIM, Ismael (UFMS)
[email protected]
PIBIC - CNPQ/UFMS
O objetivo desta pesquisa é verificar por meio de pesquisa de campo, de entrevista com
os membros da comunidade escolar e levantamento e revisão bibliográfica as
ocorrências de bullying homofóbico na escola Arlindo Andrade Gomes; organizar
oficinas com alunos da escola com a finalidade de estimular a identificação dos tipos e
frequência das ocorrências com caráter discriminatório aos homossexuais nesse
ambiente. Através da observação na escola foi notado que as situações de bullying
homofóbico aparecem de forma implícita, camuflada no discurso e nas brincadeiras
entre os alunos, sempre ofendendo, discriminando e ridicularizando o homossexual. Por
não ser, muitas vezes, óbvias aos interlocutores, essas situações de violência passam
despercebidas aos professores e outros membros responsáveis da escola, que acabam
contribuindo para a manutenção dessas formas de violência não repreendendo-as
quando se manifestam. Dessa forma, a vítima acaba sofrendo essa agressão diariamente
sem ter a quem buscar ajuda.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
TATUAGEM: corpo e arte
PATRIOTA, Beatriz (UFSCar)
[email protected]
A tatuagem é uma pintura, diferenciada por seu suporte, o corpo, e a técnica utilizada.
Está relacionada à busca de diferenciação e identidade, segundo Le Breton. O indivíduo
que a adquire transfere a ela uma memória, marcando momentos especiais,
homenageando pessoas e animais queridos e atraindo sentimentos. No Ocidente, a
tatuagem foi introduzida por viajantes e marinheiros, no século XVIII, seduzidos pela
arte corporal praticada nas sociedades tradicionais. No século XIX, setores marginais
apropriaram-se e, em 1967, tribos urbanas a adotaram como marca corporal. Já na
década de 1980, com o surgimento dos estúdios, inicia-se um processo de
profissionalização, conjugando saberes específicos hierarquizados ligados à sua
visibilidade, talvez como estratégia de legitimação desse universo, também no Brasil.
Ora, na Modernidade, conforme Brás, a tatuagem é uma tentativa de estabilizar o senso
de autoidentidade do indivíduo. O corpo é afirmado como um projeto pessoal em eterno
processo. É como se sua identidade para existir necessitasse estar visível aos outros,
segundo Pires. O corpo é ferramenta, agente e objeto da técnica, como uma memória
carrega marcas sociais de um determinado tempo e lugar. A tatuagem configura-se
como uma representação externa do eu, vinculada a saberes, técnicas corporais,
convenções e normatividades impostas, criando coletividades. Minha proposta é,
através da abordagem de Gell, em que objetos, artefatos ou arte são tratados como
pessoas, enfatizando suas qualidades agentivas, pensar o quanto as tatuagens, na sua
relação com os indivíduos, dizem sobre as interações humanas, considerando-as
„desenhos agentes‟.
HOMOFOBIA E SEXUALIDADE: a agressividade do “palavrão”
como forma de manifestação do bullying no ambiente escolar
ZAMIAN, Gabriel (UFMS)
[email protected]
PIBIC CNPQ/UFMS
O objetivo desta pesquisa é verificar por meio de pesquisa de campo e de entrevista com
os membros da comunidade escolar, as ocorrências de bullying relacionadas aos
“palavrões” na escola Arlindo Andrade Gomes com a finalidade de identificar os tipos
de palavrões mais conhecidos e utilizados por alunos com o objetivo de ofender,
provocar, inferiorizar e identificar homossexuais. A principal ocorrência de palavrões é
através de brincadeiras entre amigos, mas implicitamente, a ideia da homofobia está
presente nestas brincadeiras. O cunho homofóbico dos palavrões é identificado pelo
significado destes, o qual se refere a expressões também utilizadas nas práticas de
bullying. Mesmo que a utilização do termo seja para alguma brincadeira, é reproduzida
a ideia da homossexualidade como algo ruim, sendo utilizados os palavrões para
ofender tanto homossexuais quanto heterossexuais. O palavrão é algo muito presente no
vocabulário dos jovens da escola e que devido às características heteronormativas da
sociedade, estes palavrões com cunho homofóbico são reproduzidos tanto por
heterossexuais quanto homossexuais.
57
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão IV: Gênero, Corpos e Conflitos
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Jorge Leite Jr.
A LEI MARIA DA PENHA SOB A PERSPECTIVA DO
RECONHECIMENTO
ALVES, Paula (UFU)
ANSELMO, Mariana (UFU)
[email protected]; [email protected].
O trabalho em tela tem como objeto análise da ideia de reconhecimento presente na Lei
nº 11.340/2006, verificando que esta cuida-se de uma política pública de ação
afirmativa, considerando se tratar de uma medida que tem o intuito de compensar a
opressão histórica sofrida pela mulher. A escolha da abordagem justifica-se mediante a
necessidade de compreender não só a questão da chamada discriminação positiva,
característica das ações afirmativas, assinalando a discriminação histórica sofrida pelo
gênero feminino, destacando-se o tratamento diferenciado conferido às mulheres em
situação de violência doméstica e familiar. O desenvolvimento do trabalho perpassa
alguns questionamentos, quais sejam: qual a importância de reconhecer minorias
sociais? Especificamente na questão de gênero, a Lei em questão cuida de tal
perspectiva? Em quais aspectos é possível verificar a ideia de reconhecimento na Lei
Maria da Penha? Para responder as questões levantadas, trabalha-se inicialmente com a
hipótese de que não basta que a discriminação seja coibida coercitivamente, tendo em
vista que existe outro lado a ser analisado na busca pela igualdade: o reconhecimento.
Do enfoque epistemológico, parte-se da perspectiva do materialismo dialético,
obedecendo ao seguinte processo: delimitação do instituto a partir de sua singularidade,
contemplação de suas principais características e análise do objeto pesquisado,
estabelecendo relações teóricas e históricas, por fim, verificação da realidade partindo
da prática social.
NEM MENINOS, NEM MENINAS. AS RUAS ESTÃO CHEIAS DE
NINGUÉM
AZEVEDO, Paulo (PUC/RJ)
[email protected]
Uma matilha de crianças sujas se estende no corolário da cidade do Rio de Janeiro. As
imperfeições de suas imagens constroem um cenário perturbador, desequilibrando por
sua vez a possibilidade harmônica e homogeneizante representativa da cidade
maravilhosa. Quem são essas crianças? São meninos ou meninas? De onde vem? Como
nascem? Como se formam? O que pensam? Como se pensam? O que se pensa e se pesa
sobre eles ou elas? Na evidência de fazer das Ciências Sociais um espaço de diálogo
ininterrupto, o que se perscruta é uma análise para identificar os significados presentes
na estrutura estético-política destes corpos abjetos, isto é, compreender como este
58
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
dispositivo “corpo” se torna não apenas imagem, mas, sobretudo, reflexo ou
representação alienada e naturalização de um estado de exclusão. Para isso, foi
necessária uma revisão na literatura, tomando como referência a questão da sexualidade,
dos corpos abjetos e da performance, propostas num diálogo entre M. Foucault, J.
Butler e L. Leczneiski.
MULHERES INVESTIDORAS E ENGENHEIRAS: socialização,
habitus de gênero e lutas concorrenciais
BONALDI, Eduardo (USP)
[email protected]
FAPESP
O mercado de ações e o mundo das engenharias são campos reconhecidamente
masculinizados. Não obstante, a atuação feminina tem aumentado nesses campos ao
longo dos últimos anos. Nesses dois campos, as mulheres apresentam um repertório de
disposições incorporadas, pré-conscientes e tributárias tanto das condições de
socialização exclusivas às classes médias e altas, quanto das condições de socialização
propriamente femininas. Esse repertório „duplo‟ agrupa tanto as disposições requeridas
para a atuação nesses campos – resultantes da acumulação de capitais culturais
exclusivos às classes médias e altas, antes restrita aos homens dessas classes, porém
hoje expandida às mulheres – quanto as disposições feminizadas, isto é, resultantes das
condições que tendem a modular os processos de socialização das mulheres. Na minha
dissertação sobre pequenos investidores na bolsa de valores, abordei as práticas de
investimento diferenciais entre homens e mulheres neste mercado. Recentemente, em
uma pesquisa sobre estudantes de engenharia, conduzida junto à Elizabeth B. Silva,
abordamos a construção do habitus de gênero entre mulheres e homens estudantes do
campo. Logo, proponho a comparação desses dois casos de pesquisa, discutindo as
seguintes questões: 1. Como o repertório de disposições incorporados por essas
mulheres abrange tanto inclinações tradicionalmente associados ao polo masculino,
quanto predisposições geralmente associadas ao polo feminino, 2. Como ocorrem as
incorporações desse repertório „duplo‟ de disposições ao longo das trajetórias de
socialização dessas mulheres e 3. Como essas mulheres buscam apresentar esse
repertório „duplo‟ - ou seja, seu habitus de gênero – como um elemento de distinção nas
lutas concorrenciais que se desenrolam nesses campos.
GAROTOS DE PROGRAMA: uma etnografia da prostituição
masculina em recife
DEODATO, Eder (UFPE)
[email protected]
O fenômeno da prostituição masculina vem aumentando visivelmente na capital
pernambucana. Em determinados lugares específicos para esses fins, o número de
garotos de programa cresce devido à alta procura de pessoas por serviços sexuais.
Porém, esse fenômeno não vem sendo divulgado ou evidenciado pela sociedade,
permanecendo na obscuridade e escondido aos olhos da sociedade. O objetivo central
desse estudo é entender, por meio de um olhar antropológico, como e onde ocorre a
prostituição e a circulação dos profissionais do sexo na cidade de Recife.
59
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Metodologicamente, este estudo seguirá os seguintes passos: i) analisar pesquisas já
realizadas por associações e por outros pesquisadores que trabalham com esse tema; ii)
observar e descrever a performance desses profissionais in loco; e, iii) entrevistar os
mesmos sujeitos observados, a fim de entender a constituição de sua performance.
Dessa maneira, os resultados a serem alcançados almejam trazer à luz a compreensão do
universo no qual vivem e transitam os sujeitos envolvidos em uma esfera social
marginalizada e, ainda, por vezes, obscura para a compreensão da sociedade como um
todo.
“O OUTING COMO QUESTÃO”: trânsitos de práticas e conceitos
FEITOSA, Ricardo (UFC)
[email protected]
CNPQ
O artigo propõe discutir, a partir de uma análise de editoriais, cartas dos leitores,
reportagens e entrevistas realizadas com jornalistas de Sui Generis, a construção de uma
visibilidade calcada na valorização do outing e de uma identidade gay nas páginas dessa
revista. A publicação, endereçada a uma audiência gay e lésbica, circulou no Brasil no
período 1995-2000. As interseções entre uma polìtica editorial centrada na “saìda do
armário” e os modos como jornalistas, fontes e leitores negociam, tensionam,
relativizam ou reelaboram essa mesma política permitem ampliar as leituras da chamada
“imprensa gay” brasileira, bem como debater os achados e os limites da “transposição”
de um referencial polìtico/epistemológico como o “armário” a realidades locais. A partir
de um olhar sobre a produção discursiva das homossexualidades neste segmento de
imprensa, interrogam-se as dinâmicas que situam o outing como discurso “globalizante”
e pretensamente unificador das experiências sócio sexuais não-normativas. Esse
movimento analítico permite, por sua vez, esboçar uma crítica do trânsito da teoria
queer nos estudos de sexualidade e gênero no Brasil e na América Latina, na medida em
que é possìvel identificar táticas de atuação “locais” que sinalizam apropriações, mas
também deslocamentos de discursos e práticas para além das fronteiras do contexto
norte-americano/ “central”.
GÊNERO E DESIGUALDADE EM SAÚDE NAS MACROREGIÕES
DO BRASIL
LEÃO, Natalia (PPGS/UFMG)
NEVES, Jorge (UFMG)
[email protected]; [email protected]
CAPES
Baseado na compreensão dos conceitos de saúde e gênero e, na crença de que gênero
como uma categoria de diferenciação social pode estar fortemente correlacionada com
as condições de saúde das pessoas, propôs-se: verificar a influência de gênero na
desigualdade em saúde, mesmo controlando por outros fatores socioeconômicos, e se tal
associação varia conforme as características regionais do Brasil, ou diferencia-se de
acordo com a variável explicada utilizada para “medir” saúde. Para isso estimou-se um
modelo de regressão logística, que estimou o efeito de variáveis na probabilidade de um
indivíduo apresentar saúde boa; e um modelo de equações estruturais, que observou de
60
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
que forma variáveis explicam o indivíduo apresentar limitação de mobilidade física. Os
dados utilizados são secundários, oriundos da pesquisa suplementar da PNAD – 2008.
Os resultados apontaram que a categoria gênero mostrou exercer forte influência sobre a
condição de saúde dos indivíduos, mas tal influência varia conforme outras
características socioeconômicas e geográficas. Estes resultados foram apresentados para
ambas variáveis dependentes utilizadas para medir o fator saúde.
MULHERES AMAZÔNICAS SEGUNDO ELIZABETH AGASSIZ
EM VIAGEM AO BRASIL (1865-1866)
LIMA, Priscilla (UFAM)
SOARES, Artemis, (UFAM)
[email protected], [email protected]
A partir da leitura do capítulo Um olhar feminino sobre a terra e a gente do Brasil do
Renan Freitas Pinto, em seu livro Viagem das Ideias, publicado pela Valer, esboçou-se
uma reflexão acerca do trabalho e do olhar de Elizabeth Agassiz sobre a Amazônia, em
sua viagem pelo Brasil (Sudeste -Rio de Janeiro, Nordeste e Amazônia), denominada
Expedição Thayer – 1865-66. A presença de Elizabeth já se constituía como uma
inovação, pois em nenhuma das expedições pensadas e financiadas por Dom Pedro
havia a presença de mulheres como companhia, e nesse caso específico, Elizabeth fazia
parte do corpo da expedição como cronista e relatora da viagem. Naturalista e defensora
da educação feminina organizou a primeira escola feminina, em sua casa em
Cambridge, a qual funcionou no período de 1855 a 1863. Foi Elizabeth Agassiz que em
1879, ajudou a fundar "Harvard anexo" em Cambridge e foi nomeada presidente da
então Sociedade para a Instrução da Colegiada de Mulheres, após sua incorporação
oficial à Universidade de Havard. Contudo seu olhar e sua percepção foi profundamente
modificada ao longo da Expedição Tahyer, a qual iniciou-se no ano de 1865, com uma
Elizabeth Agassiz fortemente marcada por seu preconceito e fundamentos morais
construídos em uma sociedade sexista, patriarcal e protestante e, encerrou-se no ano
seguinte (1866) já com uma outra Elizabeth Agassiz, está olhando a sociedade sob uma
nova perspectiva, mais feminista, precursora de uma sociedade capaz de equacionar as
diferenças e os direitos entre os gêneros e as classes sociais. Essa mudança foi percebida
no relato da expedição construído por Elizabeth Agassis e publicada como o livro
Viagem ao Brasil, de uma cronista ocupada com as belezas naturais e a comprovação
das teorias anti-evolucionista, passou a uma cronista com olhares sobre a organização
social no Brasil e as diferentes funções que a mulher exercia, bem como os diferentes
níveis de liberdade que estas possuíam ao longo dos diferentes espaços percorridos pela
expedição capitaneada por seu marido Louis Agassiz.
IDENTIDADE NACIONAL: a Embratur como construtora de
imagem da mulher brasileira
PINTO, Renata Pires (PUC/São Paulo)
[email protected]
CAPES
Esta pesquisa propõe a análise do corpo enquanto uma construção simbólica, focando
na interferência que a mídia impressa e os veículos audiovisuais tiveram nos processos
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
de construção de identidade de mulheres na sociedade brasileira. As mulheres
brasileiras são relacionadas a um estereótipo de corpos bem torneados portadores de
uma espécie de sensualidade natural, que remete à sedução e voluptuosidade nas
formas. Pensar como se construiu esse estereótipo nos jogos de formação de identidade
nacional coloca-se como um desafio neste momento em que o Brasil assume grande
visibilidade internacional. O objetivo desta pesquisa é identificar e analisar em veículos
de grande circulação, voltados para o público estrangeiro, quais foram os discursos
(imagéticos e textuais), que historicamente alimentaram e resignificaram a construção
desta imagem sobre os corpos das brasileiras. Para tanto, utilizo como fonte principal os
materiais de mídia produzidos pela EMBRATUR (Instituto Brasileiro do Turismo),
órgão oficial que se concentra no marketing e na promoção de produtos, serviços e
destinos turísticos brasileiros no exterior. Busco compreender a construção histórica
desta imagem feminina, como ela foi vinculada e explorada nos materiais promocionais
da agência. Problematiza-se, assim, a ideia de uma identidade feminina fixa e
essencializada, demonstrando que esse estereótipo, que ainda é sustentado, não dá conta
de definir a categoria mulher nos dias de hoje.
FORMA E CONTEÚDO: algumas considerações sobre a possível
reconfiguração do conceito de “obreira da vida” na atualidade
ROSSI, Vanberto (UFSCar)
[email protected]
No início do século XX existiu uma corrente de pensamento da educação física que
entendia a mulher como “obreira da vida”, alguém que deveria ser educada fisicamente
para o bom parto e para as tarefas domésticas sob a égide da feminilidade, da beleza e
da fragilidade. Na contramão dos postulados dessa corrente de pensamento havia
mulheres que desafiavam os limites da hipertrofia e se comparavam, quando não
superavam os homens nos atributos relacionados a força física. As strongwomen, como
ficaram conhecidas as artistas de força física na primeira metade do século XX,
delineavam uma forma de desvio dos padrões estabelecidos pela imposição de uma
sociedade masculinizada que buscava adestrar as mulheres para educarem seu corpo
com exercìcios fìsicos que as tornariam “obreiras da vida”. Atualmente, passado pouco
mais de um século, esse quadro foi reconfigurado e as “strongwomen” foram,
gradativamente, alocadas na categoria de esporte conhecida como “fisiculturismo” ou se
encontram diluídas entre as frequentadoras de academias de ginástica e, muito embora
tenham conseguido grandes conquistas de reconhecimento e dignificação, ainda são
observadas, classificadas e avaliadas a partir dos mesmos critérios subjetivos de
“obreiras da vida”. O objetivo deste artigo é problematizar algumas formas assumidas
por esse conceito na atualidade e demonstrar algumas maneiras pelas quais as mulheres
frequentadoras de academias de ginástica são continuamente conduzidas a treinarem
seus corpos em consonância aos padrões estéticos estabelecidos pelo mercado da moda,
pela mídia e pela indústria da beleza.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
O CORPO É DE QUEM? protagonismo feminino e cultura do parto
„médico‟
SILVA, Wanessa (UFAL)
[email protected]
Não bastassem as maratonas clìnicas „de rotina‟ que mantêm a gestante sob intensa
vigília médica, também o parto, fenômeno fisiológico, é invadido por um aparato de
intervenções obstétricas e medicalizantes. As formas de controle são tão sutis e
legitimadas entre as regras hospitalares, que acabam colocando em xeque o
protagonismo feminino e tornando difusa a diferença entre estar grávida e estar doente.
São vários os procedimentos „padrões‟: A litotomia é um exemplo: ainda que aumente a
dor e dificulte a saída do feto, a posição deitada é obrigatória nas maternidades por
possibilitar uma visão privilegiada do médico ao canal vaginal. A proibição de
alimentar-se e a raspagem dos pelos pubianos também são verificadas no „ritual‟ do
nascimento, e se somam ao uso de hormônios para „acelerar‟ o processo, anestésicos,
corte no períneo, e manipulações como a violenta manobra de kristeller. Embora a
Medicina Baseada em Evidências (MBE) tenha comprovado o prejuízo dessas práticas
utilizadas sob rotina, é contínua a intervenção nos corpos femininos sob a fardagem de
„precaução‟. Entretanto, a que custa esse tipo de assistência de „necessários cuidados‟
na mulher? Até onde elas têm poder decisório sobre os procedimentos dentro de
hospitais? Sinais como o alto índice de cesarianas podem nortear a resposta. Outra
pesquisa em 2012 verificou que uma a cada quatro brasileiras sofreram violência
obstétrica. O estudo acrescenta que „quanto mais pobre e negra‟, maior é a incidência de
violência institucionalizada sofrida com grávidas. Buscar, portanto, a relação do „parto
médico‟ com o medo de que o corpo não „funcione‟ é mister para que se encontre
respostas e se formule perguntas estratégicas sobre o protagonismo feminino diante do
controle institucional na obstetrícia.
Sessão V: Culturas e Identidades Indígenas
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Clarice Cohn (UFSCar)
A MÚSICA E A DANÇA GUARANI MBYA COMO RECURSOS
DE CIDADANIA E IDENTIDADE ÉTNICA
GODOY, Marilia Gomes Ghizzi (UNISA)
[email protected]
Os índios Guarani-Mbya destacam-se pelos seus alojamentos em aldeias no Estado de
São Paulo, caracterizadas como concentrações étnicas onde é predominante o modo de
ser tradicional conhecido pela expressão nhandereko (“nosso modo de ser”). O sentido
de religiosidade e o misticismo tornam-se centrais na dinâmica de resistência cultural
desse povo. Destacam-se a música e a dança como representações significativas da
cultura e como meios de ordenar praticamente os sentidos de valor no cotidiano vivido
63
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
pelas comunidades. Tornam-se recursos de educação e por intermédio de rituais as
músicas e as danças conduzem a uma situação de reprodução das vivências e
convicções culturais inseridas no universo mítico primitivo. A comunicação visa
apresentar CD‟s e DVD‟s que foram realizados em aldeias Guarani Mbya e os quais
traduzem os conteúdos da cultura de forma viva entre os membros das comunidades. A
análise tem como base os Cds Nhande Reko Arandu e Nhande Arandu Pygua,
produzidos nas aldeias de S. Paulo, São Sebastião, Ubatuba nos anos 2000, 2004. Será
destacado o CD realizado recentemente na Aldeia do Rio Silveira (São Sebastião), o
qual segue em reforço e proeminência das temáticas anteriores O mesmo podemos
observar na obra Tenonde Porã Faz. Outras produções musicais de aldeias de Santa
Catarina e do R Grande do Sul também sugerem os mesmos temas e desempenhos
culturais. Mediante a análise das letras das músicas, agrupadas em temáticas, e o som
dos mborai (cantos) a comunicação torna-se convincente com relação a presença de
valores da identidade e também cidadania dos Guarani Mbya.
ALUNOS INDÍGENAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS NA CIDADE DE
DOURADOS – MS: perspectivas e tensões
LIMA, Selma (UFGD)
[email protected]
Diante de realidade social diversificada encontrada em nosso país, podemos considerar
as diferentes relações sociais que se estabelecem entre indivíduos de culturas diversas
que convivem juntas. É esse panorama existente na cidade de Dourados - MS. Por isso,
nos propomos neste trabalho, o exercício da reflexão sobre a participação indígena, que
se faz presente na cidade de Dourados, relacionada à educação pública e a presença de
alunos indígenas nas escolas da cidade. Diante disso, uma gama de novas relações vão
se estabelecer no interior da escola. E essas relações muitas vezes apontam para a
repulsa pelo outro que é diferente, mas também institui formas de cooperação e amizade
entre alunos indígenas e não indígenas. Nesse sentido, a pesquisa em desenvolvimento
procura descobrir como se dão as relações entre alunos indígenas e não indígenas no
espaço das escolas públicas de Dourados. Para isso, visitas foram feitas nas escolas para
observação, também foram realizadas entrevistas com pais e alunos e acompanhamento
da rotina escolar. A preocupação central é investigar os motivos que levam aos alunos
indígenas a buscarem as escolas da cidade, tendo em conta que em suas aldeias é
oferecido o ensino escolar, com objetivo de promover uma educação voltada para o
atendimento das características organizacionais e das práticas culturais indígenas, em
consonância com a legislação brasileira. A pesquisadora é também professora efetiva de
rede estadual e leciona para alguns alunos indígenas, o que facilita a proximidade com o
universo a ser pesquisado. Portanto, no intuito de redigir um texto etnográfico, dados de
campo já coletados serão analisados à luz de alguns autores estudiosos das questões
sociais e culturais.
64
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
LÉVI-STRAUSS: mito e música
MELO, Betania (UFRN)
[email protected]
Este trabalho é fruto de tese de doutoramento que parte do estudo das Mitológicas de
Claude Lévi-Strauss (1908-2009), no qual as linguagens, mito e música estão
relacionadas. Lévi-Strauss propõe que a compreensão dos mitos ocorre de maneira
similar com a partitura orquestral. Desta forma, a tese segue a tetralogia investigando
termos da música usados na análise, como também, na divisão dos capítulos do primeiro
volume principalmente. Vários procedimentos de composição e formas estão nomeados.
Compositores em pares são categorizados como Bach para o código, Beethoven para a
mensagem e Wagner para os mitos. Nesta dedução, estruturou-se em partes: tema e
variações, sonata e fuga com os compositores citados. Na grandeza do estudo
antropológico, entre mais de oitocentos mitos, escolheu-se os cinco primeiros da tribo
Bororo; dois mitos com mesmo tema, a esposa do jaguar para relacionar à estrutura
composicional e também, quatro mitos sobre a origem das mulheres. Por último, na
fuga recolheu-se quatro mitos sobre a vida breve. Diante dos termos dados em oposição,
contrastes ou em simetria, questionou-se como o incesto, assassinato e demais
acontecimentos fazem parte da sociedade que eleva a natureza como extensão da
própria vida? E como Lévi-Strauss pensou a antropologia harmonizada à música? No
desenrolar da construção, demais pensadores como: Peter Sloterdjk e Gaston Bachelard
dialogam o território redondo da Mitologia.
TERRA INDÍGENA MÃE MARIA: os akrãtikatêjê no processo de
resistência
RIBEIRO JR, Ribamar (IFPA/CRMB)
[email protected]
O presente trabalho apresenta uma análise da trajetória, social do Povo Gavião
revelando as disputas e conflitos enfrentados pelo grupo Akrãtikatêjê num processo de
resistência coletiva na região, construindo uma identidade nestas lutas. A pesquisa está
sendo desenvolvida a partir dos registros de trabalho de das atividades que fazem parte
do percurso formativo do Curso Técnico de Agroecologia do IFPA, e de um Projeto de
Extensão que pretende descrever os graus de proficiência linguística
Akrãtikatêjê/Português e a história e a luta dos Akrãtikatêjê em defesa do seu território.
Neste sentido, as atividades de envolvimento da comunidade na socialização dos
trabalhos realizados pelos educandos do Curso Técnico em rodas de conversas, têm
trazido elementos importantes que estão sendo sistematizados e analisados. Os relatos
que são feitos têm contribuído nos processos formativos do Curso e revelado como na
trajetória de luta do povo Gavião se faz presente as constantes cisões. Daí a importância
de compreendermos o grupo local Akrãtikatêjê. Esse trabalho é subsidiado com a
realização dessas atividades de campo que conta com registro audiovisual, levantamento
bibliográfico de livros, artigos, teses e dissertações que tratam do histórico de contato e
políticas territoriais e socioeconômicas, destinadas ao povo Gavião do Oeste, como
tradicionalmente se tem referenciado o grupo Timbira no qual se inclui os Akrãtikatêjê.
A luta pelo território se dar desde o deslocamento compulsório efetivado pela
ELETRONORTE, ao expulsá-los de seu território tradicional, quando foi construída a
65
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Hidrelétrica de Tucuruí (PA), trazendo para Terra Indígena Mãe Maria. E
posteriormente com a construção da Rodovia PA 70; Estrada Ferro Carajás, Linhão da
Celpa e Eletronorte, e mais recentemente com a ameaça de construção de uma nova
hidrelétrica que consumiria parte deste território. São estes os processos de
transformação da Terra Indígena Mãe Maria a partir das ações do Estado e do Capital.
Essas mudanças revelaram estratégias permanentes de negociação, acentuando novos
conflitos internos, e outras formas de organização. Para os Akrãtikatêjê a reivindicação
de uma área que compense as perdas, passa desde a diferenciação dos demais grupos,
como também na continuidade da luta por um território.
A POLÍTICA INDIGENISTA E O PATRIMÔNIO IMATERIAL –
novas abordagens, novas relações
TRUJILLO MIRAS, Julia (UnB)
[email protected]
CNPQ
Após mapear como teve início no Brasil as políticas de salvaguarda do patrimônio
imaterial, o artigo apresenta uma análise da experiência de patrimonialização da arte
gráfica Wajãpi, o kusiwa. Persegue-se as consequências do diálogo entre os povos
indìgenas e os “brancos” na busca por traduzir conceitos como cultura, propriedade e
intangibilidade, além de refletir sobre de que forma uma polìtica pensada por “brancos”
pode estar no horizonte de interesses de outras culturas. No momento em que tomam
forma as políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial, a maioria das populações
indígenas brasileiras já se encontravam profundamente marcadas pela política de tutela
do Estado, inclusive no que diz respeito aos modos de pensar e criar “bens culturais”.
No caso dos Wajãpi, foi após estabelecerem esse modelo de relações que se
encontraram diante das novas propostas relacionadas à linguagem do patrimônio
imaterial. Linguagem esta que pensa a cultura enquanto propriedade de uma
coletividade que deve ser preservada enquanto alteridade. A experiência Wajãpi revela
como as políticas de salvaguarda podem refletir o modo de pensar do branco,
reproduzindo em suas propostas, as noções de propriedade e conhecimento daqueles que
as elaboraram, e gerando conflitos interpretativos junto aos povos indígenas que se
aproximam dessas políticas. Este conflito, gerado na busca por traduzir em uma cultura
conceitos que se mostram dessemelhantes, pode ser usado como instrumento de
reflexão para os indígenas envolvidos nesses processos. Ficamos com a dúvida sobre
como patrimonializar algo que tem outro(s) dono(s) e é exatamente por carregar este
contrassenso que esta política é boa para pensar.
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IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 2: TRABALHO, MERCADOS E MOBILIDADES
Sessão I: Desenvolvimento Regional e Economia Solidária
Data: 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Fábio Bechara Sanchez (UFSCar)
MUTIRÃO AUTOGESTIONÁRIO E ALTERNATIVA À
PRODUÇÃO IMOBILIÁRIA DO URBANO: reflexões sobre
apropriação da cidade
BELTRAME, Gabriella Caroline Rodrigues (PUC/MG)
[email protected]
CAPES
Para além da busca por “estar na cidade” as populações pobres dos centros urbanos
almejam, embora a própria localização seja uma árdua luta ou apenas uma permissão,
apropriar-se da cidade. Apropriação que propicie ao indivíduo e à comunidade acesso
ao bem-estar urbano. No ambiente construído de Ipatinga, localizado no Vale do Aço
mineiro, planejado pela Usiminas, grande empresa siderúrgica, uma dicotomia
prevaleceria: de um lado a cidade-fechada, de outro a cidade-aberta. A cidade-aberta,
lugar dos não-contemplados pela moradia oferecida pela siderúrgica, estaria sob jugo de
um mercado imobiliário caro, concentrado, que controlaria o acesso ao estoque de terra
urbanizada. Nesse contexto de controle imobiliário e inacesso à habitação para os mais
pobres surge, na década de 1990, a experiência autogestionária de provisão de moradia,
pioneira em Minas Gerais, ocorrida na localidade “Morro do São Francisco”. Por meio
da análise do processo de provisão de moradia, utilizada pelos mutirantes, procuramos
analisar o processo de produção do espaço urbano pelo sistema de autogestão,
alternativa à produção imobiliária da cidade, em relação ao binômio localizar-se na e
apropriar-se da cidade-aberta. Explicitando as dimensões urbanas do direito à
localização e as singulares práticas de acesso à terra urbana daqueles segregados
socioespacialmente, que entram e permanecem nas cidades por suas “franjas”, terrenos
fronteiriços onde tentam equilibrar-se, buscando contribuir para a compreensão e
tradução das fronteiras que unem e separam as distintas realidades sociais que convivem
na cidade-aberta. A hipótese considerada é de que autogestão, como alternativa para
localizar-se na cidade implica em práticas próprias pela busca do direito de apropriar-se
da cidade.
67
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
AS POTENCIALIDADES E OS PROBLEMAS DAS CIDADES DOS
ARCOS SUL E CENTRAL DA FRONTEIRA DO BRASIL
CRUZ, Milton (UFRGS/IPEA)
CARNEIRO, Camilo Pereira (UFRGS/IPEA)
[email protected], [email protected]
Diversas especificidades e diferenças caracterizam as cidades localizadas na área de 150
km contígua ao limite internacional do Brasil, que constitui a faixa de fronteira, um
território que a Constituição brasileira designa como de segurança nacional (Lei 6.634,
de 1979 e Decreto 85.064/80). O presente trabalho apresenta uma síntese dos
investimentos em políticas públicas e em setores da economia, bem como das
infraestruturas necessárias ao desenvolvimento sustentável dos arcos Sul e Central da
faixa de fronteira do Brasil. São analisadas as centralidades econômicas existentes, o
crescimento populacional, a migração, os indicadores de pobreza urbana, e a
distribuição de renda nas cidades dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Paraná, e Rio Grande do Sul. Os investimentos em infraestruturas previstos e em
andamento, as lacunas, os conflitos e inconsistências na alocação de recursos são
abordados com base no conceito de desenvolvimento sustentável (crescimento
econômico, distribuição da renda, erradicação da pobreza absoluta, qualificação da
infraestrutura urbana, equilíbrio ambiental). As fontes de pesquisa utilizadas foram:
IBGE, Censo Demográfico 2010; Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003; Governo
Federal, PAC, Ministérios da Integração, dos Transportes e da Indústria e Comércio;
Ministério do Trabalho e Emprego, RAIS; Governos estaduais e municipais; FEE/RS; e
alguns estudos recentes sobre população.
SATISFAÇÃO: um tema em definição
DARÓS, Marilene Liége (UNISINOS)
[email protected]
FAPERGS
Os conceitos de desenvolvimento econômico têm como objetivo a felicidade da maioria
das pessoas. Diferem na conceituação da medida para avaliar essa felicidade, para além
de uma filosofia utilitarista. A satisfação é uma emoção que colabora para essa
avaliação e definição do que se entende por felicidade. Segundo Amartya Sen, para uma
conceituação de desenvolvimento com liberdade é necessário a ação de cada pessoa
nesse processo, ou seja, a satisfação de superar privações que são possíveis mediante
instrumentos que se adquire com educação e saúde. Nos estudos de economia solidária
percebe-se que muitos dos empreendimentos encontram sua vitalidade em certa
satisfação de seus membros com os empreendimentos. Mesmo que seus membros não
tenham garantidos os direitos básicos, a satisfação, dos mesmos, colabora para
continuidade dos empreendimentos e para a luta pela conquista de direitos e cidadania.
Este artigo versa sobre a construção do objeto de pesquisa ao estudar definições de
satisfação desde a antiguidade até os dias de hoje e construir um conceito que possa
colaborar para a compreensão das relações interpessoais dos empreendimentos de
economia solidária e para uma melhor compreensão de um conceito de
desenvolvimento que incluem esses processos de vida da economia solidária.
68
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
MIGRAÇÃO, TRABALHO E MINERAÇÃO: maranhenses tomam
rumo de Parauapebas, no sudeste do Pará
EID, Farid (UFPA)
SOUZA, André Santos de (UFPA)
[email protected], [email protected]
Até a década de 1970, as tentativas de desenvolvimento e ocupação forçadas fizeram
marchar à Amazônia milhões de migrantes, sobretudo nordestinos, o que redundou em
problemas socioambientais que se agravaram ao longo dos anos. Na atualidade, essa
marcha, sob novas perspectivas, tem-se verificado rumo ao município de Parauapebas,
no sudeste do Estado do Pará. Os projetos mínero-metalúrgicos difundidos a partir de
Parauapebas, comandados pela mineradora Vale S.A., por meio do Programa Grande
Carajás (PGC), foram responsáveis pela emancipação do município e por transformá-lo
numa “meca” de migrantes atraìdos pelas oportunidades de trabalho na mineração, que
a cada dia tem se tornado mais tecnológica e especializada. Segundo estatísticas oficiais,
10.814 pessoas chegam anualmente ao município, 5.887 delas de outros estados, 80%
do Maranhão. A maioria é do sexo masculino e tem mais de 18 anos, sendo, portanto,
mão de obra em potencial. O Censo 2010 aponta que Parauapebas tinha 153.908
habitantes e que sua população nordestina chegou a 67.906 residentes (44,12%), entre
os quais 54.359 pessoas (35,32%) eram maranhenses, número maior que a população
nascida no município, 41.672 habitantes. Esse fenômeno demográfico em que se
transformou Parauapebas vai ao encontro do que nota Bertha Becker (1990) acerca da
Amazônia, onde o controle da terra, a política de migração induzida pelo Estado e o
incentivo a grandes empreendimentos asseguraram o desenvolvimento da fronteira
urbana e da migração intensa. A questão crucial é saber se o município, que gera divisas
em razão da exploração de minérios, tem tido condições de alcançar autonomia
financeira e ampliar a oferta de emprego, motivo que faz da unidade territorial em
questão um receptáculo de migrantes maranhenses.
REDES DE SOCIABILIDADE E COMÉRCIO NA FLORESTA
MEDEIROS, Thais Helena (FIT)
SCHWEICKARDT, Katia H. S. C. (UFAM)
[email protected], [email protected]
CAPES
Ao abrirem-se as conexões comunicacionais –transporte terrestre, energia elétrica e
acesso à telefonia celular– interligam-se os lugares culturais das artesanías em palha de
tucumã, no Rio Arapiuns, Santarém/ Pará pela abundante ocorrência da palheira e no
singular modo de vida. Na interação, agenciando e transformando mundos numa
multiplicidade de expressões singularizadas, sobressai o fluxo de pessoas e bens, o
ecoturismo, a comercialização de objetos culturais materializados no consumo de
sistemas de mercado. Este artigo trata da fundamentação e busca da compreensão dos
processos que erigiram e remodelaram o território simbólico e geográfico,
presentificado na intensificação das elaborações. O fazer artesanato é uma fundição de
trabalho simbólico e geração de renda numa mistura de coisas e pessoas, de pessoas e
coisas. Ao escolherem as artesanías em palha de tucumã para a autorepresentação, o ato
de tecer palha é a união de lazer e não-trabalho –a relação da vida com o interior,
69
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
mental, residual– com o produtivo que gera a reprodução. Primeiro nascendo de uma
necessidade doméstica para, em seguida, se dinamizar com os recursos naturais no
decorrer da mobilidade espacial, culminando na intensificação das relações
mercadológicas na atualidade. Fenômenos característicos de áreas de expansão ou
fronteiras na Amazônia, facilitado pelos novos acessos de mobilidade na construção do
espaço rural edificando uma nova ruralidade. A mesma que redesenha a paisagem social
e as relações entre o interior-mercados de fluxos complexos ou seu contrário. Isso se dá
quando o grupo define seu regime de propriedade, os vínculos afetivos específicos, a
narrativa da ocupação, a sociabilidade e as formas de defesa. As argumentações
respaldaram-se em bases epistemológicas interpretativas da cultura, elegendo os
métodos da memória coletiva, observação e contemplação.
O CONSELHO ESTADUAL DAS CIDADES DA BAHIA E A
ELABORAÇÃO DA POLÍTICA ESTADUAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS
MENEZES, Diego Matheus Oliveira de (UFBA)
[email protected]
Os conselhos gestores são definidos como espaços públicos compostos de forma plural
e paritária pela sociedade civil e pelo Estado, com a função de formular e fiscalizar a
execução de políticas públicas setoriais. Esse mecanismo tem sido um dos principais
instrumentos implementados pelo governo federal e governos estaduais e municipais
para atender as demandas por maior participação dos movimentos sociais e da sociedade
civil como um todo nas políticas públicas. Diferente de outros instrumentos como
Orçamento Participativo, os conselhos possibilitam o acompanhamento de todo
processo de formulação de uma política pública. Neste trabalho, oriundo de uma
pesquisa monográfica apresentada em 2012, buscamos analisar o Conselho Estadual das
Cidades da Bahia (ConCidades/BA), sua composição, sua dinâmica interna, a
efetividade deliberativa do conselho e o processo de elaboração da Política Estadual de
Resíduos Sólidos. Como principal instrumento metodológico, utilizamos a análise
documental. Foram analisadas 25 atas das reuniões do Grupo de Trabalho da Política
Estadual de Resíduos Sólidos, as atas das reuniões da Câmara Técnica de Saneamento e
reuniões da assembleia plena do ConCidades/BA de 2009 até 2011, documentos oficias
e a minuta do projeto de lei da Política Estadual de Resíduos Sólidos. Dessa forma
buscamos compreender como as dinâmicas internas do ConCidades/BA se relacionam
com os procedimentos de elaboração de uma política pública e a capacidade dos
conselheiros representantes da sociedade civil, sobretudo os movimentos sociais, de
acompanhar e influenciar na elaboração da Política Estadual de Resíduos Sólidos.
ASPECTOS RELACIONADOS À COMERCIALIZAÇÃO DO
ARTESANATO SOLIDÁRIO EM MUNICÍPIO DO INTERIOR
PAULISTA: dificuldades e possibilidades
OLIVEIRA FILHO, Marco Aurélio Maia Barbosa de (NuMI-EcoSol/UFSCar)
[email protected]
A Economia Solidária representa um modo de organização que opera com uma lógica
distinta àquela que rege o modelo capitalista, sendo concebida como um conjunto de
70
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
atividades econômicas organizadas e realizadas cooperativamente por trabalhadores e
trabalhadoras de forma coletiva e autogestionária. As iniciativas econômicas que atuam
sob o paradigma desta outra economia, denominadas empreendimentos econômicos
solidários, são constituídas em base coletiva e primam pelo estabelecimento de relações
nas quais as práticas de cooperação e de solidariedade existam enquanto fatores
determinantes na realidade da produção da vida material e social. Dentre os muitos
obstáculos enfrentados pelos empreendimentos de Economia Solidária, a
comercialização da produção é um dos mais cruciais, uma vez que implica na própria
sobrevivência dos grupos. Quando o produto não se converte em ganhos econômicos
que propiciem a reprodução do trabalhador, corre-se o risco de esvaziamento do
empreendimento ou então sua degradação, afastando-se dos princípios da Economia
Solidária. Este trabalho tratou de analisar as principais dificuldades enfrentadas pelos
empreendimentos de artesanato solidário existentes em uma cidade de médio porte do
interior paulista, que conta com instituições de apoio e fomento à Economia Solidária.
As informações foram levantadas por meio de entrevistas realizadas com representantes
de cada grupo, sendo que a baixa divulgação e a falta/insuficiência de espaços
adequados para a comercialização foram os pontos considerados como os mais críticos.
Acredita-se que muitos dos problemas apontados poderiam ser enfrentados mediante a
criação de políticas públicas de fomento à Economia Solidária.
A ECONOMIA CRIATIVA E OS NOVOS REFLEXOS
INSTITUCIONAIS SOBRE O TRABALHO ARTESANAL EM
PORTO ALEGRE
POSSEBON, Daniela (UFRGS)
[email protected]
O presente trabalho procura investigar efeitos de dinâmicas e incentivos organizacionais
e institucionais sobre atividades artesanais em Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil),
sob o referencial do Novo Institucionalismo Sociológico, a partir do surgimento do
discurso da economia criativa no Brasil e no mundo tendo em vista compreender limites
e possibilidades desta mediante as alterações percebidas. Estando o trabalho artesanal
dentro da chamada economia criativa e tendo tanto o governo federal, quanto vários
estados, criado secretarias referentes a esta, analisamos quais os reflexos e mudanças a
partir desta referente ao aspecto econômico do artesanato tendo como objeto de estudo
de caso os artesãos que expõe seu trabalho no Brique da Redenção, considerado
Patrimônio Cultural Imaterial do estado e que tem sido referência quanto a feiras de
artesanato no Brasil e na América Latina. A pesquisa tem caráter qualitativo e tem se
realizado a partir de dados primários e secundários, principalmente entrevistas. Para
responder ao objetivo, a investigação tem mapeado planos e ações de instituições
relacionadas ao artesanato na cidade; identificado mudanças recentes na organização e
trabalho dos artesãos e cadeia do artesanato e analisado mudanças nas estratégias de
criação de valor econômico, tipos de produto, acesso à tecnologia, bem como mudanças
nas condições de vida e trabalho.
71
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A DEMOCRACIA E OS
PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
SILVA, Luiz Antonio Coêlho da (UFCG)
BATISTA, Ozaias Antonio (UFRN)
[email protected], [email protected]
O objetivo geral deste artigo é refletir sobre o conceito de democracia e os princípios
democráticos da economia solidária e suas peculiaridades, que vão desde o seu conceito,
contexto histórico até exemplos de empreendimentos econômicos solidários. Já os
objetivos específicos são: explanar os vários conceitos de democracia para os mais
diferentes autores e descrever os princípios democráticos e autogestionários da
economia solidária e seus desdobramentos, observando aspectos sociais e econômicos
implementados pelos membros dos empreendimentos solidários atuais. Os
procedimentos metodológicos adotados foram uma pesquisa descritiva e exploratória,
com natureza qualitativa, através de um levantamento bibliográfico por meio de várias
fontes como livros, monografias, periódicos, sites e revistas especializadas a respeito da
democracia e da economia solidária como saída para o desemprego estrutural, a
formação de consciência crítica e à diminuição da exclusão social. Alguns autores
analisados foram: Singer (2002), Arroyo (2004), Bobbio (2002) e Wood (2011). Assim,
concluiu-se que a democracia possui uma grande importância na concepção e reflexão
dos cidadãos frente às suas demandas. Já a economia solidária possui preceitos
democráticos que tratam da igualdade de condições, da democracia na tomada de
decisão, da busca pela solidariedade, da transparência das informações contábeis e
administrativas, do pensamento coletivo, da participação coletiva, da educação
continuada e crítica e do respeito ao próximo, além de que melhoram a vida de todos os
envolvidos neste tipo de empreendimento. Todavia, vale salientar que novas pesquisas
devem ser feitas no sentido de geração de novos conhecimentos a respeito do tema
democracia e dos princípios democráticos da economia solidária.
A OCUPAÇÃO DOS CERRADOS NO CENTRO-OESTE
BRASILEIRO: trabalhadores, expansão do agronegócio e questões
socioambientais
SILVA, João Charlesdan Amorim (UNITAU/ UNIFIMES)
SOUZA, Sérgio Luiz de (UNIFIMES)
BARBOSA, Nilvan Domingos (UNIFIMES)
[email protected], [email protected], [email protected].
Trazemos uma discussão de nossa pesquisa de mestrado na qual objetivamos discutir
relações existentes entre o modelo de desenvolvimento estabelecido no Centro-Oeste
brasileiro, principalmente a partir dos anos 1980, baseado no latifúndio e na
monocultura voltada à exportação, sobretudo, no que diz respeito à ocupação do bioma
Cerrado, aos processos de reorganização do espaço urbano e às condições de vida dos
trabalhadores. Com este foco observamos a ocorrência de um processo de “acumulação
por espoliação” com grande concentração fundiária que intensificou o caráter
especulativo do uso da terra. Modelo marcado por transferência de recursos a alguns
grupos regionais, com resultados danosos ao bem estar da maioria da população
trabalhadora. Desta forma, as transformações econômicas ocorridas a partir do final da
72
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
década de 1990, ampliaram os fluxos migratórios, com um rápido crescimento
demográfico das cidades, sobremaneira no Sudoeste Goiano. Em Rio Verde, o maior
centro urbano regional, ocorreu uma taxa de crescimento da população urbana de 4,4%
nesta primeira década do século XXI, mais que o dobro do Brasil (1,6%). Outro
município com acelerado ritmo foi Mineiros, com população que cresceu de 35.000 no
ano de 2000 para 52.000 habitantes em 2010. O resultado de tão rápido crescimento
manifesta-se em diversos aspectos, como a modificação no uso e ocupação do solo com
aumento das pressões ambientais sobre o Cerrado, ocupação de áreas de preservação
por parte da população sem moradia, aumento das demandas de bens e serviços
urbanos, elevação do custo de vida, formação de um crescente contingente populacional
marginalizado do mercado de trabalho e, assim, sem acesso a outros direitos sociais,
com a elevação dos índices de criminalidade dos municípios desta região brasileira.
ASPECTOS DA GOVERNANÇA LOCAL: inserção internacional das
cidades através de redes de cidades
VITAL, Graziela C. (USP)
[email protected]
Os efeitos dos processos de reestruturação produtiva, de globalização e da
implementação da agenda neoliberal ocorridos nas últimas décadas impulsionou o
debate acerca do papel das cidades em um contexto de aprofundamento da competição
por recursos, acesso investimentos estrangeiros, entre outros aspectos. Se por um lado
há uma transformação na estrutura produtiva das cidades, gerando processos de
exclusão social, segregação urbana, desigualdade social, há por outro lado uma
intensificação do debate sobre a governança local, que procura compreender as
possíveis formas de interação informais dos vários agentes que atuam nas localidades e
que independem da atuação do governo. Neste contexto de expansão da ideia de
governança, em que ocorre o fortalecimento de outros agentes e atores políticos,
econômicos e sociais, nos quais também se incluem os governos subnacionais, há um
aumento na atuação internacional destes entes subnacionais. Tal aumento provoca
impactos na oferta de políticas públicas em áreas sensíveis à vida urbana, como
habitação, segurança, pobreza, entre outros, que são diretamente ligados aos efeitos
provocados pelos processos de globalização, da reestruturação produtiva e em
decorrência da aplicação da agenda neoliberal. Um dos mecanismos possíveis de
inserção internacional e foco deste artigo é a formação de redes de cidades. Neste
contexto, o objetivo deste artigo é analisar a questão da inserção internacional das
cidades sob a luz dos princípios de governança local, e argumentar que tal movimento
provoca um impacto na elaboração de políticas públicas locais. Para atingir este
objetivo, será analisado empiricamente o exemplo da Rede de Mercocidades,
compreendida aqui como um dos instrumentos de inserção internacional dos governos
subnacionais.
73
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
O TRABALHO DAS MULHERES NA PRODUÇÃO DE FARINHA
DE MANDIOCA NO RECÔNCAVO BAIANO: comunidade Iriquitiá,
Maragojipe Bahia
MOURA, Rosene de Jesus (UFRB)
[email protected]
A presente pesquisa busca analisar a participação das mulheres na produção de farinha
de mandioca na comunidade Requitiá, distrito rural de MaragojipeBA, e qual o sentido
desse trabalho para elas. A análise parte em compreender como se constitui o cotidiano
dessas mulheres em relação ao trabalho na produção de farinha. Para atingir tais
objetivos, foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisa empírica de cunho
qualitativa e quantitativa. Notadamente entrevistas, observação participante e aplicação
de questionário no primeiro momento analisaram a divisão sexual do trabalho, no
segundo a jornada de trabalho exercida por essas trabalhadoras e no terceiro buscamos
compreender como é constituído o sentido do trabalho para as mulheres. Como
considerações finais compreendemos que a participação das mulheres na produção de
farinha de mandioca é luma atividade não considerada como trabalho e sim como uma
ajuda ao marido, ainda que ela trabalhe mais que ele, entretanto é um fator
imprescindível na sociabilidade da comunidade.
A ZONA FRANCA DE MANAUS SOB A PERSPECTIVA DO
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA
AMAZÔNIA OCIDENTAL (2002-2012)
PELLEGRINO, Lucas Nunes (NPPA/FCLAr/UNESP)
[email protected]
A Amazônia é importante por sua biodiversidade e recursos genéticos, recursos
hídricos, madeiras, polpas, e porque poderia produzir quantidades substanciais de
produtos tropicais típicos da região (frutas, frutos, resinas, óleo essenciais, etc.), tendo
também grande quantidade de minerais, gás, petróleo, etc. E à medida que projetos
geopolíticos nacionais como a Zona Franca de Manaus (ZFM) transformam a Região
Amazônica Brasileira - sendo que o modelo de integração da ZFM ocorreu de forma
extremamente pontual e concentrada aos arredores da cidade de Manaus (mantendo-se
ainda preservadas 98% das florestas da Amazônia Ocidental) - em uma região no
sistema espacial nacional, com estrutura produtiva própria e múltiplos projetos de
diferentes atores, as relações e os intrincamentos econômicos com outras regiões e
estados brasileiros, assim como com o comércio exterior, pressionam pela criação e
expansão de possíveis investimentos baseados na potencial exploração dos recursos ali
presentes, tornando-se de prima importância entender a dinâmica desta região. Mediante
esses levantamentos e partindo das concepções de que 1) a união dos países amazônicos
fortaleceria os blocos Sul-Americanos; 2) estabeleceria uma presença coletiva e uma
estratégia comum desta região perante o comércio internacional; 3) geraria projetos
conjuntos quanto ao aproveitamento da biodiversidade e da água; a totalidade da análise
se daria pelo entendimento das atuais relações político-econômicas entre a ZFM e os
74
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
blocos econômicos Sul-Americanos (Mercosul e Unasul), tendo por fundo de apoio as
medidas implementadas nos governos antes de 2002 em contraste com as que foram
implementadas após esta data, afim de se analisar qual/como tem sido a relação do
governo federal com a ZFM nesses últimos dez anos.
Sessão II: Trabalho
Data: 28/08/13– às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Jacob Carlos Lima (UFSCar)
TRABALHO E MOBILIDADE: a experiência laboral de motoristas de
ônibus urbano em Fortaleza
BAHIA, Ryanne F. Monteiro (UFC)
[email protected]
CAPES
Ocorrem com regular frequência em Fortaleza, greves dos motoristas de ônibus urbano.
Esses profissionais exigem melhorias nos salários e de condições de trabalho. Essas
últimas são consideradas precárias por motivos ergonômicos associados à
especificidade laborativa tais como problemas de coluna, de audição, respiratórios, entre
outros, bem como agruras no campo da saúde mental, especialmente o medo de ser
assaltado. Ademais, o ambiente de trabalho dos motoristas é a rua. Esta, conforme
DaMatta (2010), representa um ambiente não controlado, onde se está mais passível de
sofrer com os infortúnios do acaso. Isso deve ser considerado no que se refere aos
imaginários populares que associam a casa à segurança e a rua ao perigo. Nesse
contexto, questiona-se: como o ambiente de trabalho dos motoristas de ônibus urbano
afeta seu convívio social e sua qualidade de vida? Esse estudo justifica-se pela
emergência dos agravos à saúde vinculados à profissão. Carréreet al (1991) destacam as
elevadas taxas de cortisol, adrenalina e noradrenalina apresentadas; Evens et al (1987)
chama a atenção para elevação da pressão sanguínea; Pereira (2004) aponta a presença
de queixas desses trabalhadores acerca de fadiga, cansaço mental. Nosso objetivo é
compreender como os motoristas de ônibus significam sua prática no trabalho, assim
como de que modo isso afeta sua saúde física e mental. Tal profissão encarna os
princípios do início da modernidade: o controle do tempo, a disciplina sobre o corpo, o
adestramento dos movimentos e a produção de corpos dóceis. (FOUCAULT, 1987). Em
um determinado tempo, o motorista e o cobrador devem transportar um número
considerável de passageiros. Há uma lógica de produção de serviço que é semelhante ao
sistema fabril clássico.
75
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A CULTURA ORGANIZACIONAL NO DISCURSO DA MÍDIA
BRITTO, Denise Fernandes (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Considerando o cenário de reestruturação produtiva a partir das décadas de 1970/1980,
percebemos que os meios de comunicação de massa têm destacado em suas mensagens
valores, ideias e comportamentos relativos ao mundo do trabalho e do perfil do
trabalhador que o mercado legitima. Assim, a comunicação pode colaborar para tecer as
representações do chamado “novo espìrito do capitalismo”, a partir do momento em que
destaca certas pautas e angulações em detrimento de outras temáticas e abordagens.
Levando em conta essa relação entre mídia e a cultura organizacional na atualidade, este
trabalho se propõe a aprofundar teórica e analiticamente as questões que interligam as
mudanças nas relações de trabalho, a nova cultura organizacional e sua legitimação a
partir do discurso disseminado pelos veículos de comunicação de massa. Para tanto, esta
pesquisa se vale de uma análise quantitativa das reportagens da revista Você S/A,
especificamente de sua seção Carreira. O objetivo é identificar quais os principais temas
que compõem a representação do perfil desejável do trabalhador contemporâneo. Como
sustentação teórica, levamos em conta os autores da Sociologia do Trabalho bem como
o mercado de revistas compõem e atualizam o discurso empresarial no Brasil. A análise
quantitativa - que integra uma pesquisa mais ampla - se apoia no aporte metodológico
da Análise do Discurso.
REESTRUTURAÇÃO, PRECARIZAÇÃO E O PROGRAMA BOLSA
FAMÍLIA: análises a partir da flexibilidade
GONÇALVES, Marilene Parente (UENF)
[email protected]
O trabalho proposto pretende apresentar um ensaio analítico acerca de questões no
mundo do trabalho e o Programa Bolsa Família. Leva em consideração o processo de
reestruturação produtiva e flexibilidade engendrada na contemporaneidade da sociedade
capitalista e seus desdobramentos enquanto consequências negativas para uma parcela
da população. O Brasil sofre uma adaptação do Fordismo à brasileira que marca as
relações sociais estabelecidas e imprimem um sentido também diferenciado, dado as
particularidades existentes que realizam uma mescla entre aquilo que seriam aspectos
mais globais e aspectos menos globais, não se configurando enquanto um movimento
homogêneo. Um estado de desemprego globalizado se torna fato constante, com uma
realidade que ainda não visualiza uma absorção satisfatória de quem oferta trabalho e
enfrenta um mercado precarizado. Neste sentido, discutimos a política de assistência
social enquanto refuncionalizada pelo Estado, se apresentando como possibilidade de
enfrentamento das consequências da reestruturação e precarização via Programa Bolsa
Família, que instaura um debate sobre a sua validade frente o quadro de questão social
produzido historicamente. Tais reflexões são pensadas articuladas ao Programa Bolsa
Família na cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa em
curso desde 2012, busca focalizar as questões a partir de entrevistas semiestruturadas
com gestores do Programa Bolsa Família e seus profissionais, considerando para esta
proposta, os registros de participação dos beneficiários do referido programa em ações
76
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
socioeducativas e de capacitação, e informações oficiais no site do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome quanto à trajetória de participação no
mercado de trabalho.
O REDIMENSIONAMENTO DO TRABALHO SUBCONTRATADO
DAS MULHERES NAS FACÇÕES DOMICILIARES E NAS
COOPERATIVAS DE COSTURA DE CIANORTE-PR
LIMA, Angela Maria de Sousa (UEL)
[email protected]
No setor do vestuário de jeans e de “modinha” da região de Umuarama-Cianorte/PR, a
confecção é a principal etapa produtiva, concentra a maioria das operações e é a mais
intensiva em mão-de-obra, sobretudo feminina e informal. Por isso, pretende-se
problematizar alguns resultados da pesquisa feita nesta localidade, ao investigar a rede
de subcontratação de trabalho e as peculiaridades vivenciadas por estas mulheres no
setor da costura e do bordado. Partimos dos impactos da reestruturação produtiva nesse
aglomerado produtivo recente, mostrando como nessa região, mantém-se uma rede de
subcontratação de trabalho, envolvendo de micro a grandes empresas, caracterizada pelo
redimensionamento do trabalho subcontratado, em “cooperativas”, facções industriais,
facções domiciliares e trabalhos domiciliares, revitalizados, a cada estação e a cada
oscilação da moda, mas sempre proporcionando impactos significativos sobre a divisão
sexual de trabalho. Um dos principais recortes está em debater as cooperativas criadas
neste setor, procurando compreender o que elas representam para as trabalhadoras,
como, porque se constituíram e que elos estabelecessem com a cadeia produtiva de
jeans e de “modinha” na região. Partimos da hipótese de que estas cooperativas de
produção, como fenômeno novo neste setor, desvinculadas do ideário de auto-gestão
democrática, surgem nesse momento como um mecanismo de redução de custos,
principalmente no que se refere aos encargos trabalhistas.
O ETHOS OPERÁRIO E O ADOECIMENTO NAS
AGROINDÚSTRIAS AVÍCOLAS BRASILEIRAS
NELI, Marcos Acácio (UNESP)
[email protected]
CAPES
Este trabalho tem por objetivo discutir, de modo geral, as relações entre a formação do
ethos operário e as transformações históricas no desenvolvimento da sociedade
capitalista e, por consequência, do operariado contemporâneo. De modo específico,
procuraremos desvelar as possíveis relações entre as mudanças nos processos de
organização e de gestão da mão de obra operária, em referência ao contexto da
agroindústria avícola, e o adoecimento físico e mental a que estes estão submetidos. O
adoecimento físico e mental, em alguns setores da produção são muito evidentes e, no
setor de abate e processamento de aves, o risco à saúde é bastante acentuado. Assim, as
formas encontradas pelos operários para a convivência com estes riscos são um ponto
importante para a compreensão do ethos destes trabalhadores. As formas de convivência
e de organização, a compreensão de seus dilemas e dos riscos aos quais estão expostos
serão temas a serem desenvolvidos no presente trabalho.
77
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
ESTAGIÁRIOS EM EMPRESAS DE SOFTWARE: flexibilidade e
qualificação
OLIVEIRA, Daniela Ribeiro de (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
Tendo em vista as mudanças no mundo do trabalho e as diversas formas que o trabalho
vem assumindo, adotou-se como objeto de estudo uma categoria de trabalhadores que
nasce no contexto de capitalismo flexível e ascende em meio ao avanço da capitalismo
informacional. Trata-se dos trabalhadores de desenvolvimento de software. O trabalho a
ser apresentado é resultado da nossa pesquisa de mestrado, realizados entre os anos de
2007 a 2009, cujo objetivo principal foi apreender as percepções dos desenvolvedores
de software sobre suas condições e relações de trabalho. Foram realizadas 18 entrevistas
semiestruturadas à trabalhadores vinculados em empresas de software, localizadas nos
municípios de Araraquara/SP, São Carlos/SP, Campinas/SP e São Paulo/SP, com os
seguintes vínculos trabalhistas: trabalho em regime de CLT, servidor público, estágio,
free-lance por conta própria; sócio empresário, pessoa jurídica – PJ. Buscamos
compreender como os entrevistados percebiam suas várias modalidades de contrato
trabalhistas que estavam submetidos. Para tanto, apresentaremos as percepções e os
discursos de cinco estudantes vinculados como estagiários a empresas privadas e
instituições públicas de ensino e pesquisas. Mostraremos suas percepções sobre as
condições de estagiários nesses espaços de trabalho em um contexto em que o que
define a qualificação e as possibilidades do profissional no mercado de trabalho é o seu
conhecimento sobre a linguagem informacional. As percepções dos estagiários com
relação a esse vínculo contratual sintetiza uma constante busca por qualificação e
ganhos de conhecimento, algo que não se obtém apenas na inserção acadêmica. Esses
jovens estudantes ao se disporem a baixa remuneração, específico desse vínculo
contratual, com o objetivo de obter ganhos de conhecimento, na verdade destacam uma
estratégia de ação do setor em torno da qualificação compreendida como uma corrida
permanente contra a possibilidade de tornarem-se obsoletos frente às inúmeras
inovações tecnológicas que imprimem novas formas de fazer e exigem novos produtos e
ideias.
INSTITUIÇÕES SOCIAIS E A POSSÍVEL RESOLUÇÃO DO
PROBLEMA DA AÇÃO COLETIVA: um estudo das associações
trabalhistas de Belo Horizonte no início do século XX
PASSOS, Daniela Oliveira Ramos dos (UFMG)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é o de refletir, com base na abordagem institucional, sobre as
práticas de luta e reivindicações adotadas pela classe trabalhadora belorizontina, no
contexto de construção da nova capital mineira, que tinham por intuito conseguir
consolidar os direitos trabalhistas ou mesmo lutar por melhores condições de trabalho e
vida. Para esse propósito adotaremos o conceito de instituição, elaborado por Elster
(1994, p. 174) que a define como “um mecanismo de imposição de regras, que
governam o comportamento de um grupo bem definido de pessoas, com sansões
externas e formais”. São instituições, cujas sanções se baseiam na expulsão de algum
membro do grupo; e sua adesão é oferecida por meio de benefícios que variam da ajuda
78
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
mútua à valorização da classe trabalhadora, ao serem adeptas das reivindicações em
busca de melhores condições de trabalho. A finalidade de pensar as associações
trabalhistas de Belo Horizonte, como organizações institucionais, terá por objetivo
analisar o problema da ação coletiva e sua possível resolução: como as associações
conseguiram agir em prol dos interesses de um determinado grupo? Para tanto,
analisaremos as ações das entidades: Associação Beneficente Tipográfica, Liga
Operária, Confederação Auxiliadora, Centro Confederativo, Federação do Trabalho e
Confederação Católica do Trabalho. Procura-se, assim, constatar que as instituições
provavelmente podem proporcionar situações melhores ao indivíduo, ao tentar resolver
o problema da ação coletiva. Neste sentido, as associações trabalhistas, puderam
oferecer benefícios especiais aos seus membros, ao mesmo tempo em que
proporcionaram aos trabalhadores a interação com seus semelhantes, alertando para a
união classista em busca de melhores condições de trabalho e vida.
OS DESAFIOS DO TRABALHO ASSOCIADO: a experiência das
fábricas recuperadas no Brasil
PIRES, Aline Suelen (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
O contexto gerado pela reestruturação produtiva, associada às crises financeiras e
mudanças na economia brasileira e latinoamericana nos últimos anos da década de
1990, provocou a falência de muitas empresas e resultou, para muitos trabalhadores,
aumento do desemprego e precarização das relações de trabalho. Estes foram levados a
buscar outras formas de trabalho e obtenção de renda, entre as quais o trabalho
associado e autogestionário. A partir daí, surgem, no Brasil, entidades, como a
ANTEAG e a UNISOL Brasil, para apoiar grupos de trabalhadores a se unirem e
assumirem o controle das fábricas falidas onde trabalhavam, permitindo, assim, a
conservação dos postos de trabalho. São as chamadas “fábricas recuperadas”. Esse
fenômeno não ocorre somente no Brasil, mas também em outros países da América do
Sul, como, por exemplo, a Argentina, considerada, inclusive, uma referência em
recuperação de empresas por trabalhadores. Nossa proposta é discutir a experiência das
fábricas recuperadas nos dois países através de dados obtidos por meio de extensa
pesquisa de campo, na qual foram visitados e analisados diversos empreendimentos
desse tipo. Nosso objetivo foi verificar como os valores cooperativos e autogestionários
se fazem presentes nessas experiências e de maneiras os trabalhadores interpretam o
trabalho associado.
NOS BASTIDORES DA TERCEIRIZAÇÃO: o trabalho informal na
indústria calçadista
RANGEL, Felipe (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
Por apresentar etapas, de certa forma, artesanais, o processo de produção nas indústrias
calçadistas necessita de mão de obra abundante. De maneira geral, predomina o trabalho
simples e rotinizado, exigindo pouca escolaridade e qualificação da força de trabalho. A
79
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
subcontratação se apresenta como prática generalizada no setor. Etapas da produção que
costumam gerar “gargalos” nas indústrias são, em larga escala, externalizadas para
pequenas oficinas conhecidas como bancas. A fiscalização dessas unidades produtivas
terceirizadas é tarefa difícil, então, muitas delas acabam atuando na informalidade, o
que favorece à execução de um trabalho acentuadamente mais precário quando
comparado ao realizado no interior das fábricas. Tendo em vista esse quadro, a presente
pesquisa buscou conhecer as configurações do trabalho terceirizado e informal na
indústria de calçados do Estado de São Paulo. Foram estudadas unidades produtivas
informais nos três maiores polos calçadistas do Estado: Franca, Birigui e Jaú. Tivemos
como intenção conhecer as condições de trabalho e as perspectivas dos
proprietários/trabalhadores dessas oficinas informais, que comumente são instaladas em
ambiente domiciliar, onde o trabalho executado é caracterizado por longas jornadas e
remuneração instável. Por outro lado, nos preocupamos também em analisar a
influência dos discursos sobre empreendedorismo na valorização do trabalho autônomo
e na responsabilização do trabalhador por sua inserção e manutenção no mercado de
trabalho. Buscamos compreender a visão dos agentes sobre sua própria condição de
“pequeno empreendedor” num contexto no qual a informalidade tem sido ressignificada
sob a noção de empreendedorismo, sendo o sucesso ou fracasso econômico atribuídos
exclusivamente à capacidade empreendedora do agente.
A IMERSÃO EM NOVAS REDES SOCIAIS E AS MUDANÇAS NO
TRABALHO INFORMAL DE RUA: o shopping do Porto –
Camelódromo de Porto Alegre
ROCHA DE FREITAS, Gabriella (UFRGS)
[email protected]
CAPES
Atualmente, o aumento da automação e da informatização reduziu a mão de obra
necessária e elevou o grau de qualificação dos trabalhadores. Essa alteração reduziu as
chances de integração de trabalhadores com qualificações consideradas obsoletas ao
mercado de trabalho formal, causando o aumento do mercado de trabalho informal.
Devido à incapacidade de promover um desenvolvimento que agregue toda a mão de
obra existente, a expansão desse setor conta com certa tolerância do Estado brasileiro,
que passa gerir os conflitos. A construção de um centro popular de compras em Porto
Alegre insere-se nesse contexto. Na rua, os mecanismos institucionais não alcançavam
esses comerciantes, que mobilizavam redes informais e associativas visando a sua
manutenção. O poder público, através da construção do Camelódromo possibilitou aos
comerciantes a imersão com redes institucionais, como a SMIC, a empresa gestora e o
SEBRAE. Dessa forma, o problema central da investigação é indagar sobre as
estratégias de atuação desses comerciantes no novo mercado, em resposta às mudanças
institucionais promovidas pelo poder público. Elaboram estratégias que reproduzem a
lógica do mercado informal de rua, ou aderem e transformam as oportunidades
institucionais surgidas a partir da criação do empreendimento? A partir da análise de 14
entrevistas semiestruturadas com os comerciantes populares, identificou-se que a
imersão em redes institucionais e informais interfere nas estratégias de inserção e
atuação dos comerciantes no mercado. Quanto mais as redes sociais e institucionais dos
comerciantes forem diversificadas e orientadas para fora da informalidade, maiores são
80
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
as chances desses agentes formularem novas estratégias de atuação no mercado,
tendendo a modificar as atuações no mercado de rua.
TRABALHO E FLEXIBILIDE EM NARRATIVAS: um estudo sobre
trajetórias ocupacionais de trabalhadores da indústria de construção
TAVARES NETO, João Gomes (UFPA)
[email protected]
Este estudo, que integra o trabalho de doutorado empreendido desde 2009, no Programa
de Pós-Graduação em Ciências Sociais - PPGCS do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da UFPA examina as nuanças do que a literatura especializada cunhou de
“flexibilidade” no mundo do trabalho e as maneiras como suas consequências estão
presentes nas trajetórias ocupacionais de seis trabalhadores que construíram suas
carreiras na indústria de construção no transcurso das três últimas décadas. Ramalho
(2010) assevera que a categoria flexibilidade “sintetiza as mudanças decorrentes da
reestruturação pelas quais passou a indústria nas últimas décadas” (p. 253). Para
Castells (2010), esta conduz a um redesenho das relações de trabalho alterando as
formas tradicionais de emprego, no que concerne à jornada de trabalho, à estabilidade,
aos espaços de desenvolvimento da produção e às formas de ordenamento das relações
entre patrões e empregados. Nos limites deste estudo flexibilidade está situada no
contexto de mudança para um “novo espìrito do capitalismo”, que segundo (Boltanski;
Chiapello, 2009) ativa um aparato justificador que conduz à naturalização da
flexibilidade na vida do trabalhador arrefecendo a força da crítica social; neste sentido
flexibilidade se torna uma categoria fundamental para a compreensão das trajetórias
ocupacionais dos sujeitos da pesquisa. Em nossos achados sublinhamos o risco e a
incerteza que marcam as trajetórias ocupacionais desses sujeitos, bem como o
aprimoramento da capacidade de deslocamento que facilitou mudança de cidades, de
empresas e de funções. Esses fatores, que se intensificam em sintonia com a
reestruturação produtiva, são expostos nas narrativas desses sujeitos, como
características naturais da atividade de construção.
PÔSTER
MULHER E TRABALHO: a vida diária das teleatendentes
CARMO, Priscila Pacheco (UNESP)
[email protected]
A mulher do século XXI tem acumulado funções mais que suas predecessoras, pois
quando assume a responsabilidade de uma determinada profissão, não deixa de exercer
suas atividades familiares. Muitas acabam buscando profissões com horários mais
flexíveis para conseguir equilibrar e harmonizar a vida profissional com a sua vida
cotidiana. O teleatendimento tem sido uma opção principalmente e devido à
flexibilidade de jornadas, carga horária reduzida e possibilidade de adicionais no salário
como comissões. Este setor trabalhista é composto majoritariamente por mulheres e
jovens. Em pesquisas recentes, com as seis maiores empresas do setor de atendimento
no Brasil, constatou que 88% dos teleatendentes são mulheres entre 20 e 39 anos, uma
idade na qual, a maioria das mulheres ou estão estudando ou constituindo suas famílias.
81
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Porém o ritmo de trabalho é intenso e a carga horária, via de regra, não condiz com esse
volume de trabalho. Também contribui para as empresas justificarem os salários baixos,
intervalos menores entre outras restrições, uma vez que o trabalho deve ser deve ser
executado de forma mais rápida possível para cumprir as metas. Nesse trabalho,
pretende-se apresentar a vida cotidiana da mulher trabalhadora (teleatendente) e seu
cotidiano, e como o trabalho influencia em seu comportamento em sua vida social. Com
base em um estudo aprofundado sobre a evolução da mulher no mercado de trabalho
desde os primórdios até o momento e em análises feitas por pesquisadores da área, este
busca entender a evolução do setor e o que o mesmo tem feito para melhorar a vida das
trabalhadoras.
O PERFIL DOS DIRIGENTES DOS SINDICATOS FILIADOS A
CUT, NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PIAUÍ, EM 2012
CAVALCANTE, Isaac Ferreira (UFPI)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é apresentar o resultado da pesquisa, que teve como
preocupação, desenvolver um modelo de Perfil dos dirigentes dos sindicatos filiados à
CUT, no município de Teresina-Piauí, em 2012, e o outro objetivo é dialogar com a
literatura existente sobre um possível padrão dos dirigentes sindicais. Como um dos
resultados: o perfil hora desenvolvido é uma iniciativa pioneira no Piauí e no tema em
nosso país. A literatura, não apresentar claramente um perfil de dirigentes de sindicatos
de trabalhadores. Existe um espaço fértil para que se possa desenvolver este tipo
investigação em nosso país, dentro do campo, inclusive de teorias sobre as elites. Outra
conclusão importante é que há uma (re)significativa no fazer e pensar do mundo
sindical contemporâneo, outrora monolítico. A conclusão do trabalho, entre tantas, a
principal é que, é, preciso ampliação deste tipo de pesquisa para identificar os padrões
existentes no sindicalismo brasileiro. A metodologia utilizada, para produzir esta
pesquisa, foi o método de survey, com a aplicação de um questionário em 186 dirigentes
de 16 sindicatos filiados à CUT, no município de Teresina, capital do Piauí.
DISCURSO EMPREENDEDOR E REALIDADE PRECÁRIA: a
categoria dos profissionais de TI
MARTINS, Amanda Coelho (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
Este projeto tem como objetivo analisar o perfil de uma nova categoria de profissionais,
da tecnologia da informação (TI), que tem como características o trabalho criativo, a
flexibilidade das atividades desenvolvidas e das relações de trabalho em que estão
inseridos. Buscar-se-á analisar quem é esse trabalhador, o tipo de formação, a
qualificação exigida para a atividade, às relações de trabalho, o espaço onde desenvolve
suas atividades, suas perspectivas de carreira, e a percepção de autonomia que essa
atividade pressupõe. A pesquisa será realizada junto a uma grande empresa de TI na
cidade de Araraquara, SP, e tentando recuperar as características das atividades
desenvolvidas e a percepção do trabalhador sobre a realidade presente em sua ocupação.
Como hipótese central pautada em todos os objetivos de pesquisa e em todas as
82
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
informações adquiridas com a revisão bibliográfica, tem-se a ideia de que há um
discurso empreendedor para a categoria dos profissionais de TI, vindo das empresas e
dos próprios trabalhadores. Contrapondo-se à realidade da categoria que seria precária,
não no sentido de que o trabalho do profissional de TI seja precário, pois o conceito de
precariedade é relacional, mas no sentido das relações de trabalho que este tem com a
empresa, sua possibilidade de projetar o futuro e a presença ou não direitos.
PARALEGAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO: um estudo de
processos e discursos de profissionalização
SIQUEIRA, Wellington Luiz (UFSCar)
[email protected]
CNPQ
Paralegal, ou auxiliar jurídico, é aquele cuja função é auxiliar magistrados ou advogados
em suas tarefas cotidianas, a fim de agilizar processos e aumentar a eficiência de
comarcas e escritórios de advocacia. Na Classificação Brasileira de Ocupações não há
registro da palavra chave “paralegal”, mas podemos encontrar “auxiliar jurìdico” como
uma subcategoria de Serventuários da Justiça e Afins. No entanto a atividade paralegal
assume diversas descrições em alguns sites de busca de emprego e essas se assemelham
às descrições de auxiliar jurídico. Essa denominação aos auxiliares, relativamente nova
no Brasil, aparece como alternativa, segundo alguns juristas, à crescente demanda por
empregos criada a partir do aumento da oferta de cursos de bacharelado em direito, e na
dificuldade que esses cursos enfrentam em aprovar seus alunos no exame da Ordem dos
Advogados do Brasil. Ao atualizar o auxiliar jurídico para o paralegal cria-se uma nova
ocupação capaz de suprir essa demanda dos bacharéis por emprego ao mesmo tempo em
que introduz valores internacionalizados à ocupação, pois esta se organizou como apoio
às carreiras jurídicas mais tradicionais em países de Common Law, como os Estados
Unidos. A pesquisa tem o objetivo, portanto, de acompanhar a prática dos paralegais
com bacharel em direito na cidade de São Paulo, a fim de compará-la com a dos
despachantes documentalistas. A hipótese é que as mudanças nesse campo representam
uma nova roupagem à atividade do despacho de documentos, menos marcada como da
ordem tradicional local, introduzindo características modernas e internacionalizadas
como as que se associam à imagem dos paralegais.
83
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Sociologia Econômica e Políticas Públicas
Data: 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Fábio José Bechara Sanchez (UFSCar)
O TRANSPORTE PÚBLICO MUNICIPAL E A PROBLEMÁTICA
DO SUBSÍDIO CRUZADO: mobilidade social e tarifa módica para
quem?
BAROUCHE, Tônia de Oliveira (UNESP)
[email protected]
CAPES
O setor de transporte urbano no Brasil vive atualmente uma das piores crises do setor
público consubstanciada por uma perda constante de demanda e produtividade. Isso
porque, ao lado do crescimento ilegal dos meios de transporte urbano e da falta de
investimento e infraestrutura, há ainda a problemática do alto preço das tarifas, as quais,
muitas vezes, são incompatíveis com a capacidade financeira dos usuários que mais
necessitam do transporte: a população de baixa renda. Nesse contexto a questão dos
subsídios cruzados como política pública se torna essencial, pois, visando a inclusão,
mobilidade social e tarifa módica, crescente emanação de gratuidades e benefícios
tarifários, pelo Poder Público, a determinadas classes de usuários. Todavia, mesmo com
a inclusão maciça do subsídio cruzado em quase totalidade do território brasileiro,
pesquisas recentes demonstram que a população de baixa renda ainda sofre com a
inclusão, mobilidade social e incapacidade de pagar pelo preço da tarifa. Notório é que
o preço da tarifa não diminuiu com a inclusão do subsídio cruzado e isso se dá por um
motivo simples: a grande iniquidade dessa política não é se determinada classe de
usuário tem ou não o direito de receber o benefício – pois geralmente existem fortes
argumentos para tal - mas sim pela escolha de apenas um grupo para arcar com o ônus
da medida: o usuário pagante, isso porque, com a concessão desmedida de benefícios
tarifários a determinadas classes de usuários, a concessionária acaba por repassar o
déficit gerado pelas gratuidades aos usuários pagadores e, via de regra, o efeito é o
aumento do preço da tarifa. Assim, o presente estudo visa investigar a eficácia da
política pública do subsídio cruzado no transporte municipal em relação à mobilidade e
inclusão social.
ORIGENS E OCUPAÇÃO DO LOTEAMENTO QUARTA-FEIRA:
um estudo sobre a sua relevância no contexto da urbanização de
Cuiabá (1968-1990)
CARVALHO, Jucineth G. E. S. V. de (IFMT/UFSCar)
PERARO, M. A. (UFMT)
[email protected]
Analisou-se neste estudo o conjunto de fatores históricos e socioculturais que
influenciaram o processo de ocupação e organização espacial do loteamento QuartaFeira, inserido no bairro Alvorada, em Cuiabá, no período de 1968-1990. O trabalho foi
84
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
norteado pela hipótese de que a referida ocupação contribuiu decisivamente para que
ocorresse a intensa ampliação urbana da cidade de Cuiabá a partir de segunda metade do
século XX, com o surgimento de novos bairros e de uma nova perspectiva de
rearticulação urbana, notadamente com a intensificação dos movimentos sociais. O
loteamento estudado constituiu-se na primeira e significativa ocupação urbana da
capital, influenciou o traçado urbano da cidade de Cuiabá no período estudado, marcado
por uma relevante expansão urbana, impulsionada por agentes de especulação e pelo
Estado, consolidando à implantação do discurso de modernidade, inserido no contexto
do desenvolvimento urbano das cidades e sociedade latino-americanas a partir de
meados do séc. XX.
OS PORTOS MARÍTIMOS BRASILEIROS – uma investigação inicial
sobre suas reais contribuições ao nacional-desenvolvimentismo
GALVÃO, Cassia Bömer (PUC/SP)
[email protected]/[email protected]
Esta pesquisa tem como base a constatação de imensos congestionamentos nos portos
marítimos brasileiros em seus acessos marítimo ou terrestre e a sua consequência mais
imediata que é o aumento dos custos de transporte. Esta situação é particularmente
crítica por duas razões: primeiro, pois no caso da exportação agroindustrial, cujos
volumes vêm batendo seus próprios recordes e os mercados de destinos dessas
mercadorias não possibilitam a utilização de outro modal de transporte. Segundo, pelas
propostas de reorganização do setor surgidas após a publicação da MP595/2012, cujo
conteúdo sugere uma instabilidade jurídica dos contratos e concessões vigentes. A
exportação da agroindústria cumpre papel fundamental na balança comercial brasileira,
que por sua vez é determinante no fechamento do Balanço de Pagamentos e na
condução da política macroeconômica brasileira. Há, portanto, três questionamentos
iniciais: seriam fatores estruturais ou conjunturais que teriam agravado essa situação no
período 2003 a 2011? A infraestrutura portuária é “suficiente” para quem? Em qual
medida? Há mesmo uma falta de fôlego financeiro para obras desta natureza de longo
prazo? A pesquisa tem por objetivo iniciar um levantamento crítico das medidas de
política portuária com vistas a tentar esclarecer se há ou não uma contradição neste
modelo que privilegia o agronegócio, mas ao mesmo tempo não correspondem as
necessidades de investimento na infraestrutura básica ao funcionamento do próprio
modelo para que a produção possa ser escoada. Esta problematização remete a um
arcabouço teórico que recupere as noções de conceitos chave como bloco no poder e de
financeirização para que se possa tentar compreender das reais contribuições dos portos
marítimos no nacional desenvolvimentismo.
MIGRAÇÃO E IDENTIDADE: relação intrínseca ou um processo
consequente?
OLIVEIRA, Arlete Alves de (UNISINOS-RS)
[email protected]
O presente trabalho resulta da leitura de textos, cujos temas são relativos ao processo de
migração bem como as razões que constituem ou resultam os deslocamentos. Atém-se,
principalmente, ao que diz respeito à construção ou hibridização da identidade, o poder
85
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
das redes sociais e o papel da memória nesse processo. O aporte proporcionou uma
reflexão subsidiada em teorias favoráveis a um pensar ontológico acerca das
consequências do fenômeno migratório, as influências do espaço geográfico e as
implicações socioeconômicas. São diversas as correntes teóricas que priorizam os
aspectos imbricados nesse movimento de sair do lugar de origem e estabelecer-se no
local de destino. Pretende-se apresentar uma análise feita a partir de versões clássicas
que tratam do tema, estruturalistas e pós-estruturalistas, as quais justificam a lógica dos
processos de redistribuição no espaço da população e suas diferentes consequências.
Assim, ter uma compreensão dos fatores relativos à construção identitária de migrantes,
a fim de fundamentar um pensamento que se pretende, posteriormente, construir ainda
mais analítico, sobre a migração de maranhenses em Boa Vista-RR, a partir da década
de 1990. Para tanto, pretende-se desenvolver um estudo etnográfico, do qual serão
atores migrantes residentes na comunidade Santa Luzia, localizada na periferia da
capital de Roraima, por ser o universo em que se concentra o maior número de pessoas
com essa proveniência, segundo o IBGE e, também, pela manutenção de hábitos,
espaços e manifestações culturais do lugar de origem que eles fazem questão de
preservar. Os dados serão levantados a partir da observação, dos registros e da memória
dos pesquisados.
DESLOCAMENTO DO SONHO: um olhar sobre a qualificação e
empregabilidade dos refugiados haitianos em Manaus - AM
SILVA, Alenicon Pereira da (UEPB)
PEDROSA, Ana Paula Amorim (UFT)
SILVA, Ricardo Lima da (UFAM)
[email protected], [email protected], [email protected]
CAPES
O propósito deste artigo é realizar uma incursão sobre o tema da mobilidade dos
refugiados haitianos na perspectiva da inserção do mercado de trabalho em Manaus.
Desta forma, visa identificar o nível de qualificação profissional dos refugiados
haitianos residentes em Manaus e analisar sua inserção no mercado de trabalho na
cidade. A chegada dos refugiados haitianos à cidade de Manaus teve início logo após o
terremoto sofrido no país em janeiro de 2010. O terremoto atingiu a capital do país,
Porto Príncipe, e outras duas cidades: Leogane e Jacmel. Segundo dados da ONG
Human Rights Watch, ao todo três milhões de pessoas foram afetadas pela catástrofe.
Diante deste cenário, milhares de haitianos saíram do país em direção a outras nações,
em busca de trabalho e renda, bem como de recursos para serem enviados a parentes
que ficaram em seu país de origem. No Brasil, especialmente em Manaus, capital do
Amazonas, não param de chegar refugiados mesmo que transcorridos três anos da
ocorrência do terremoto. Dados da Pastoral dos Migrantes, ligada à Igreja Católica,
relatam que só nos primeiros meses deste ano aproximadamente 650 haitianos
adentraram o Estado do Amazonas. Neste sentido, a pesquisa está em andamento e é
baseada na metodologia qualitativa, desenvolvida através de um estudo de caso, em que
foram utilizadas entrevistas semiestruturadas. Os dados preliminares da pesquisa
apontam que parcela significativa dos refugiados não conseguiu adentrar o mercado de
trabalho formal da cidade, enquanto que outros estão migrando para trabalhar em
empresas localizadas no Sul do país.
86
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
O FURACÃO WALL STREET: impactos da última crise capitalista
sobre a economia cubana
SILVA, Newton Ferreira da (UNESP)
[email protected]
CAPES
Dentre os furacões que causaram grandes avarias e danos à economia cubana, pode-se
apontar, provavelmente, aquele que veio de Nova Iorque como o causador de maiores
estragos. Não obstante o suposto isolamento de Cuba, observado graças à sua economia
planejada, centralizada e autoproclamada socialista, os ventos de Wall Street bateram
forte na nação de Fidel e Raúl Castro. Ventos estes que, em conjunto com os tornados
reais, interromperam a espiral de crescimento pela qual passava a ilha, levando-a
novamente a enfrentar antigos fantasmas que, graças ao bom desempenho do produto
interno bruto entre 2005-2007, pareciam ter desaparecido. Muito embora não tenha um
sistema financeiro e bancário totalmente conectado ao grande cassino financeiro global,
a economia planificada de Cuba não consegue ficar imune às crises – conjunturais ou
estruturais – do sistema capitalista. Na mais recente, além de sofrer colateralmente as
perdas sentidas por seus principais parceiros econômicos (Venezuela em primeiro lugar
e China em segundo), Cuba foi penalizada por ainda não conseguir produzir alimentos
domesticamente para o consumo de sua população e porque, consequentemente, ainda
depende de empréstimos de empresas estrangeiras para fazer frente a essas importações
e a outros investimentos internos fundamentais.
A DINÂMICA DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE MANAUS
SILVA, Ricardo Lima da (UFAM)
PEDROSA, Ana Paula Amorim (UFT)
[email protected],
[email protected]
CAPES
A cidade de Manaus, desde a implantação da Zona Franca no final de década de 1960,
que foi um dos movimentos de economia política do governo militar para integrar o
espaço amazônico a sociedade nacional, sofreu toda uma série de transformações que
afetaram profundamente e mudaram por completo todas as relações sociais da capital
amazonense. Assim, a cidade foi inserida dentro da produção capitalista global, que
começava a dominar o mundo logo depois do fim da segunda guerra mundial, sendo
inserida dentro de uma nova forma de solidariedade social. As imigrações para a cidade
se intensificaram e novos atores sociais começaram a surgir no tecido social
amazonense. A estrutura sistêmica de Manaus se tornou mais complexa e com isso o
mercado imobiliário começou a se aquecer, surgindo, principalmente a partir de meados
da década de noventa, vários condomínios fechados que, começaram a tornarem-se mais
numerosos na capital do Amazonas. Neste sentido, o presente trabalho procura mostrar
uma pesquisa que está em andamento, e estuda a dinâmica do mercado imobiliário em
Manaus, entre os anos de 2002 e 2012, onde tenta compreender até que ponto este
segmento do setor de serviços tem seu desempenho influenciado pela performance de
outro setor da economia, o capitalismo industrial representado na cidade pela Zona
87
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Franca de Manaus, hoje Polo Industrial de Manaus (PIM). Até agora, percebemos que
há uma certa influência do setor industrial sobre o mercado imobiliário.
ROYALTIES DE MINERAÇÃO E O FINANCIAMENTO DE
PROBLEMAS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS (PA)
SOUZA, André Santos de (PDTSA/UFPA)
[email protected]
Grandes projetos de mineração podem gerar crescimento econômico acelerado nos
municípios onde são instalados e, por outro lado, atrair uma miríade de problemas
sociais. O município de Parauapebas, no sudeste do Estado do Pará, por exemplo, é o
maior arrecadador do país da Compensação Financeira pela Exploração Mineral
(CFEM), o chamado royalty de mineração, mas enfrenta contradições internas, dada a
má utilização do recurso. Em 2012, o montante municipal arrecadado totalizou R$
427.086.035,56. Desse total, R$ 283.132.063,03 entraram nos cofres da prefeitura local
como cota-parte dos royalties. No contraponto à riqueza teórica, as estatísticas oficiais
apontam no município elevada concentração de renda, em que os 20% mais ricos o são
21 vezes em relação aos 20% mais pobres; 37,14% da população ainda vivem com
renda inferior a meio salário mínimo e, deles, 14,47% sobrevivem com menos da
metade da metade de um salário. Na sede urbana, 36,25% das vias não têm
pavimentação e o esgoto corre a céu aberto em 53,51% das ruas. Para acentuar ainda
mais os contrastes entre a geração de riquezas vultosas e os indicadores sociais pífios,
há a crescente favelização da cidade de Parauapebas, que já conta com oito aglomerados
subnormais ou favelas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Verifica-se que o município carece de políticas públicas voltadas ao social,
com o objetivo de diminuir a concentração de renda, bem como minimizar e superar
contradições e disparidades acarretadas, sobretudo, pelo seu crescimento econômico,
que financia uma migração desenfreada e avoluma gargalos infra estruturais e espaciais
históricos e não suplantados.
AS RECENTES REFORMAS ESTRUTURAIS REALIZADAS NO
PROGRAMA DE SEGURO-DESEMPREGO BRASILEIRO
ZAPATA, Sandor Ramiro Darn (UNESP)
[email protected]
CAPES
Sem dúvida, um dos grandes desafios do Estado democrático de direitos contemporâneo
consiste em reduzir o índice de desemprego através de políticas públicas eficientes,
baseado em pressupostos de valores e de organização de eliminação da rigidez formal,
supremacia da vontade popular, preservação da liberdade e preservação da igualdade.
Diante do atual contexto histórico, social e econômico em que se encontram inseridos
os direitos sociais, foram realizadas expressivas reformas estruturais no Programa de
Seguro-Desemprego e nas políticas púbicas de emprego no Brasil, visando,
principalmente, amparar o trabalhador que se encontra em dificuldade de permanecer
empregado, por intermédio de um aprimoramento de sua qualificação profissional. O
presente artigo científico tem como objetivo principal tecer algumas considerações
sobre os aspectos relativos à efetividade, o controle, os benefícios, os recursos e o índice
88
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
de desemprego proveniente das recentes reformas estruturais realizadas no Programa de
Seguro-Desemprego brasileiro. Para isso, a metodologia do trabalho basicamente valeuse do raciocínio dialético. Por fim, no que tange a estrutura do trabalho, no primeiro
título será realizada a introdução do artigo científico. No segundo título serão abordados
os direitos sociais e a importância das políticas públicas de emprego. O terceiro título
será destinado às políticas públicas de emprego e o Programa de Seguro-Desemprego
brasileiro. Já o quarto título irá efetuar algumas considerações sobre a Lei nº. 12.513,
de 26 de outubro de 2011 e o Decreto nº. 7.721, de 16 de abril de 2012. No quinto título
apresentará a conclusão do trabalho, e, no sexto e último título, constará a referência
bibliográfica.
CAFEICULTORES E IMIGRANTES COMO HOMENS DE
NEGÓCIOS E/OU EMPREENDEDORES NO INTERIOR DE SÃO
PAULO: o caso de São Carlos, 1890 – 1950
ZUCCOLOTTO, Eder Carlos (UNESP)
[email protected]
CAPES
Este trabalho busca refletir sobre a dimensão do imigrante como homem de negócios
e/ou empreendedor, ou ainda agente econômico no interior paulista. Para tanto, tem
como principal aporte teórico a visão construída por Florestan Fernandes sobre o
desenvolvimento da revolução burguesa no Brasil, momento que coincide com a
implantação, auge e decadência da lavoura cafeeira no oeste paulista (segunda metade
do século XIX e primeiras décadas do século XX). O surgimento e desenvolvimento de
um empreendedorismo comercial e industrial no Brasil somente são possíveis se
concebermos o termo “homem de negócios”, que não é restrito aos imigrantes; na
verdade, foi primeiro associado por Fernandes aos cafeicultores. Mas, apesar de
contribuírem para o desenvolvimento comercial e industrial, estes não constituíram uma
regra geral ao grupo de fazendeiros do café. Já entre os imigrantes, muitos acabaram se
destacando e contribuindo para o desenvolvimento econômico dentro de um perfil
empreendedor. José de Souza Martins, ao abordar a questão do café e a gestação do
empresário, também chama a atenção para a questão do que ele classifica como
habilidade empresarial. Martins destaca que, apesar de toda a riqueza dessa temática,
aos poucos ela foi se perdendo; frisa também que um dos poucos que trabalhou essa
linha foi Warren Dean, que juntou duas linhas de interpretação: a da substituição das
importações e da difusão da habilidade na gestão capitalista do capital. A explanação
pioneira sobre o assunto foi realizada, segundo Martins, por Fernando Henrique
Cardoso, que tece, em seus estudos, considerações sobre o café e a indústria, analisa os
fundamentos históricos e sociais, e as determinações históricas, da consciência
empresarial relativa à industrialização.
89
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
GRANDES CONGLOMERADOS E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL
NA AMAZÔNIA: o caso Belo Monte
CASSIANO, André Vinícius da Nóbrega (UNESP)
[email protected]
PIBIC/CNPQ
Ao longo da segunda metade do último século, com a internacionalização dos mercados
financeiros e o crescimento progressivo dos principais setores da economia nacional, o
Brasil veio ocupar uma nova, mas ainda subalterna, posição na dinâmica internacional
do fluxo de investimentos e divisão do trabalho, elevando suas necessidades produtivas
também progressivamente. Assim, o mesmo panorama latino-americano, de
dependência e servidão, agora é apresentado de forma aproximada em sua relação
interna de desenvolvimento desigual e combinado entre o polo tecnológico Sul-Sudeste
e a expansão das atividades de exploração de elementos naturais a desbarato na
Amazônia brasileira. Tal aprofundamento das relações capitalistas na região amazônica,
extensivo em alguns pontos e intensivo em outros, caracteriza-se, sobretudo, pelas
grandes faixas de monocultivo agropecuário e obras do ramo da construção pesada,
como projetos infraestruturais, energéticos e minerais. Caso recente é o início, em 2012,
das obras do que virá a ser o terceiro maior projeto hidrelétrico do mundo, orçado
atualmente em cerca de R$29 bilhões: a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte,
cuja concessão foi objeto de leilão promovido pela Agência Nacional de Energia
Elétrica, foi outorgada à concessionária Norte Energia S.A.. Para compreender os
fatores relacionados à atuação conjunta entre Estado e grandes conglomerados na
Amazônia Legal, e visualizar qual papel lhe cabe na dinâmica político-econômica do
projeto brasileiro de desenvolvimento, esse trabalho pretende analisar quais são as
metas socioeconômicas e de infraestrutura para a Amazônia brasileira e suas possíveis
consequências a nível local e afetações nas demais regiões do país.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE O PROGRAMA BOLSA
FAMÍLIA: sobre as dimensões cognitivas dos direitos sociais
FLORES, Mariana Seno (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
O Programa Bolsa Família é utilizado como um bom exemplo para a redução da
pobreza e das desigualdades sociais por organismos internacionais de renome como a
ONU e o FMI. Já no Brasil é criticado pelo seu caráter assistencialista. A hipótese é que
essa forma de olhar os direitos sociais é reflexo de uma representação social vigente na
mentalidade brasileira, que tende a desmoralizar os diretos sociais provenientes do
Estado, tratando-os como “favor”, assistencialismo. Portanto, existe uma construção
social (mesmo que inconsciente) da desmoralização do Estado (e da coisa pública) e
como consequência, dos direitos sociais oriundos desses. Na coleta de discursos sobre o
Programa Bolsa Família (opositores e defensores) e através da análise sociológica,
compreendemos as representações sociais que motivam essas análises sobre o
programa. Discursos de defensores também foram considerados, visando compreensão
90
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
do problema de forma global. Compreendemos então o Programa Bolsa Família pela
dimensão cognitiva, ou seja, mapeando as representações sociais que perpassam os
discursos fundamentalmente da mídia sobre o programa. A hipótese concluída é que
cognitivamente existe uma cultura, um habitus de descrença no Estado e nas suas
políticas de inclusão social, vistas como assistencialistas. Esse habitus de descrença do
Estado (e da coisa pública) é reforçado pela grande imprensa.
INÍCIO DA CEPAL E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL COM FOCO
NA AMAZÔNIA E NO GOVERNO DE FERNANDO HENRIQUE
CARDOSO (1995-2002)
SIQUEIRA DE CARVALHO, Lucas (FCLAr/UNESP)
[email protected]
O objetivo da pesquisa é analisar o período de liderança de Raúl Prebisch na CEPAL, a
fim de entender as consequências de seus pensamentos para o Brasil e principalmente
para a região amazônica brasileira. Considerando assim, que a penetração geográfica na
Amazônia e a história da região formam parte da totalidade do processo de expansão do
capitalismo, em função da forma, ritmo e volume da acumulação ocorrida nas demais
regiões do Brasil. Trazendo a discussão a questão da função social da empresa e as
diversas facetas do subdesenvolvimento. O Brasil têm em sua posse um território com
grande potencial econômico, importância ecológica, social e político. A mudança de
papel econômico desta área ao resto do país e a priorização para o seu desenvolvimento
deveriam ser o foco das ações do governo a muito tempo. Mas como deveriam ser essas
ações? Quais medidas foram tomadas no passado e como elas afetam o
desenvolvimento da Amazônia hoje? Estaria o suposto desenvolvimento da área
cumprindo sua função social de aumentar a qualidade de vida da região? A pesquisa é
sobre as consequências do pensamento cepalino e da teoria da dependência na região
amazônica, propondo uma visão crítica sobre ela e sua concepção desenvolvimentista.
Para isso será necessário um estudo sobre as demais regiões do país, pois o
desenvolvimento da região amazônica está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento
das outras regiões, dependendo direta ou indiretamente destas. O objetivo é trazer a
discussão para termos atuais visando entender e apontar as consequências dessas
políticas cepalinas para a região, especialmente no governo de Fernando Henrique
Cardoso.
91
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 3: CONFLITOS SOCIAIS, INSTITUIÇÕES E POLÍTICA
Sessão I: Desafios das Políticas Setoriais Frente aos Conflitos Sociais
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Eduardo José Marandola Jr.(UNICAMP)
AS POLÍTICAS SOCIAIS E OS DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL E
NA AMÉRICA LATINA: conflitos e perspectivas
CORDEIRO, Tiago Gomes (PUC/SP)
[email protected]
CAPES/PROEX
O presente artigo é fruto de reflexões inicialmente realizadas durante a pesquisa de
dissertação de Mestrado (defendida no 2º/2011), dando continuidade ao ingresso no
Doutorado pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUC/SP no
1º/2013. Nesse sentido, se propõe o aprofundamento da pesquisa acerca da proteção
social especial no município de São Paulo, principalmente a partir dos Centros de
Referência Especializados de Assistência Social (Creas). Somada a essas reflexões,
encontra-se as indagações levantadas enquanto docente do curso de Serviço Social
ministrando a disciplina “Gestão do Suas” na relação professor-aluno e a partir da
nossa apresentação no “III Encuentro Estado y Políticas Sociales – Desafíos y oportunidades
para el Trabajo Social latinoamericano y caribeño” da Federação Internacional de
Trabalhadores Sociais, ocorrido na cidade de Montevideo/Uruguai, entre os dias 30 e 31 de
maio e 1º de junho do corrente ano. O encontro possibilitou, entre outros, dialogar com outros
assistentes sociais, pesquisadores e professores sobre os desafios que as políticas sociais e os
direitos sociais vêm passando na América Latina. Outrossim, temos como objetivo com o
referido artigo, num primeiro momento, publicizar parte de nossa pesquisa,
principalmente, através de uma abordagem histórico-conceitual acerca da construção
das políticas sociais e dos direitos sociais no Brasil, enfatizando a política de assistência
social. Em seguida, propomos um breve debate acerca dos conflitos e perspectivas das
políticas e dos direitos sociais para os países da América Latina, destacando, entre
outros, Argentina, Chile e Uruguai. Por fim, realizamos uma breve consideração final,
apontando os principais pontos da reflexão proposta, bem como, desafios a serem
superados.
92
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E A CRIAÇÃO DE
ESPAÇOS DE SUJEIÇÃO E RESISTÊNCIA – estudo de caso sobre a
favela Santa Marta - RJ
DAMAS, Helton Luiz Gonçalves (UFSCar)
[email protected]
O presente estudo tem o intuito de analisar como as políticas públicas desenvolvidas
com o interesse de desenvolver o turismo na Favela Santa Marta-RJ impactam nas
relações entre moradores e turistas. Em 2010, o Ministério do Turismo em parceria com
o governo do Rio de Janeiro lançou o programa Rio Top Tour, que tem como foco o
desenvolvimento socioeconômico da favela por meio da atividade turística. Dentre as
principais destinações do turismo de favela, tem-se como destaque a Favela Santa
Marta, comunidade localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, que com implantação da
polícia pacificadora em 2009, recebe cada vez mais turistas do mundo todo. Entretanto,
observa-se focos de resistência oriundos dos próprios moradores, que colocaram uma
placa com os dizeres “Proibido tirar foto” na entrada do morro, alegando a falta de
privacidade que a visita dos turistas acarreta a eles, evidenciando de forma nítida a
discordância em relação ao fomento dessa tipologia de turismo. A rede de turismo
formada pelo Ministério do Turismo, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Prefeitura
do Rio de Janeiro, Agências de Turismo e os próprios moradores, tentam produzir uma
verdade, a de que o turismo traz desenvolvimento para a favela. Como metodologia,
refere-se a um estudo qualitativo baseado na pesquisa bibliográfica, com obtenção de
dados complementares por meio de visitas técnicas e entrevistas semiestruturadas.
Como resultado, percebe-se que o desenvolvimento do turismo começa a sofrer
resistências na Favela Santa Marta.
A HABITAÇÃO POPULAR NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: a
construção de uma ilusão
DUMONT, Tiago Vieira Rodrigues (UNESP)
[email protected]
Esta pesquisa tem por objetivo evidenciar as limitações da recente expansão urbana
brasileira e, mais especificamente, a política habitacional para a população de baixa
renda, focada no Programa Minha Casa, Minha Vida. Entende-se que este Programa
objetiva democratizar o acesso à moradia para as populações excluídas do mercado
imobiliário, resultando num direito a cidade. Com esta pesquisa buscar-se-á
compreender, através de um estudo de caso, no município de Marília, as consequências
sociais e urbanísticas, tais como a segregação sócio espacial, os efeitos no orçamento
doméstico e a variação dos preços no mercado imobiliário. Tem-se como parâmetro
para alcançar estes objetivos as seguintes questões: Que interesses perpassam nas ações
(do Estado e do mercado imobiliário) na disputa pelo espaço da cidade? Quais projetos
esses diferentes segmentos sociais apresentam para os desafios da urbanização e da
habitação, tão comum nas cidades brasileiras durante o século XX? De como, no espaço
urbano de Marília, o processo espoliativo tem gerado processos excludentes? Que tipo
de particularidade as populações excluídas reivindicam? Esta particularidade é
portadora de elementos para mudanças à uma nova sociedade? Está, assim, concebido o
direito à cidade? Como resultado final espera-se dimensionar através das respostas
93
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
sugeridas, por estas questões, o que aqui denomina-se por consequências sociais e
urbanísticas que a recente Política habitacional tem gerado no município de Marília,
assim como, no Brasil.
O COMBATE À POBREZA EM PARCERIA
COM O PNUD: projetos desenvolvidos no Brasil
GALVANIN NETO, Tito (UEL)
[email protected]
O objetivo deste trabalho foi analisar quais os procedimentos inovadores, específicos e a
natureza política, econômica e social dos projetos de combate à pobreza estabelecidos
entre a parceria do governo brasileiro com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD). Logo, este trabalho perpassou anos significativos da política
brasileira com vistas a analisar o modelo de intervenção do Estado quando em parceria
com organismos internacionais e, sobretudo, quando atende às propostas das Nações
Unidas no enfrentamento da miséria no país. Examinou-se, então, o modelo de
cooperação internacional estabelecido entre o Ministério das Relações Exteriores
(MRE) e a Organização das Nações Unidas (ONU) para promoverem o
desenvolvimento humano, em especial, a meta de número um dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM) que é a Erradicação da Miséria. Para tanto, a
pesquisa lançou-se no estudo documental, utilizando-se da hermenêutica em
profundidade e suas fases metodológicas, atrelada aos eixos analíticos levantados pelo
problema sociológico deste estudo. Este trabalho pretende contribuir para futuros
estudos que possam refletir sobre os projetos de combate à pobreza no Brasil, em
específico, aqueles que se orientam em analisar quais práticas para o alívio da pobreza
têm sido sugeridas pelo PNUD. Ademais, o trabalho auxilia a entender como essas
práticas se inscrevem no âmbito das políticas públicas nacionais. Conclui-se que entre
rupturas e continuidades, o quadro político brasileiro traz características singulares aos
programas para a redução da pobreza desde a década de 1930 e que permanecem
vívidos nos projetos propostos para o século XXI.
ANALISANDO FENÔMENOS SOCIAIS: interpretação sociológica de
movimentos de contracultura através do RAP brasileiro, frente ao
sistema constitucional e coercitivo estatal
HENNING, Ana Clara Correa
FAGUNDES, Mari Cristina de Freitas
[email protected]; [email protected]
CAPES
Ao lançar o olhar à realidade hoje vivenciada em nossa sociedade, possível perceber a
existência de diversas diretrizes lançadas pelo Estado a fim de procurar deter a
criminalidade; novos mecanismos que suportem o encarceramento; dispositivos legais
que saciem a sociedade quanto ao desejo de segurança imediata. Em outra esteira,
através de um olhar crítico, nota-se a multiplicação de dispositivos legais coercitivos e a
afastabilidade das normas penais e processuais penais quantos aos princípios básicos
que regem o ordenamento jurídico, bem como a tentativa de neutralidade quanto a
realidade vivenciada por parcela da sociedade que sofre com a criminalidade perpetrada
94
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
por outro agente social que não apenas o denominado marginal: a exercida pelo próprio
Estado na tentativa de conter a violência. Partindo dessa análise, com referencial teórico
voltado à Sociologia e à Criminologia crítica, pretende-se apontar a necessidade de
lançar mão de outras formas culturais capazes de abordar as diversas realidades frente
ao sistema coercitivo estatal. Evidencia-se, com isso, a necessidade de novos repertórios
e instrumentos de interpretação mais eficazes na tentativa de aproximar o olhar das
instituições jurídicas da realidade concreta de certas comunidades. Para efetivar o que
aqui se propõe, elegeu-se músicas contestatórias de Rap como forma de manifestação de
contracultura, bebendo da realidade empìrica de atores que apontam uma “apartação”
dependendo da classe social, cor, sexo e estilo de vida. Nessa perspectiva, partiu-se da
ideia de que o Direito não se trata de uma ciência fechada, tampouco totalizante, mas
aberta, necessitando compartilhar de outros campos do saber. Aliás, necessita estar em
sintonia constante com outras ciências, contemplando a pesquisa empírica a fim de
compreender diferentes “habitus”.
A QUESTÃO SOCIAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
MATOS, Ísis Oliveira Bastos (UFPel)
[email protected]
As reformas de Estado na América Latina direcionaram os Estados Nacionais para um
modelo gerencial de governo que buscou criar espaços partilhados de responsabilização,
decisão e execução das ações governamentais com a sociedade civil e o setor privado.
Ao que diz respeito às democracias formais, no decorrer das últimas décadas, um
intenso processo de participação política vinculou-se a um processo de experimentações
políticas que por muitas vezes é constituído de maneira segmentada entre as esferas
sociais, sendo o Estado (“primeiro setor”), o mercado (“segundo setor”) e a sociedade
civil (“terceiro setor”). Esse recorte reduz o social apenas à sociedade civil, o âmbito
político ao Estado e o econômico ao mercado. Neste contexto, o surgimento de
perspectivas que analisam o Estado de forma negativa e glorificam a sociedade civil,
que neste contexto é sinônimo de “terceiro setor” merecem destaque e estudo. O
objetivo desse texto é indagar sobre a constituição de uma imagem de protagonismo
individual e/ou corporativista pela conquista de direitos como sinônimo de cidadania.
PROGRAMA VILA VIVA-BH DE URBANIZAÇÃO FAVELAS: relações de
poder, significação e ressignificação do espaço
MOTTA, Luana Dias
[email protected]
CAPES
O Programa Vila Viva, da Prefeitura de Belo Horizonte, tem o objetivo de promover
profundas transformações urbanas em vilas e favelas. As intervenções ocorridas no
âmbito desse Programa implicam rupturas nas referências dos moradores do local,
sendo um de seus principais impactos a remoção de famílias. Na tentativa de
compreender como foi esse processo, entrevistei famílias removidas de suas casas e
reassentadas em apartamentos. Nos relatos desses moradores o tema do sofrimento foi
recorrente e era associado ao fato de terem deixado suas casas e às mudanças colocadas
pelo novo espaço de moradia. Além da recorrência do tema do sofrimento, os relatos
95
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
revelaram como o Programa opera em uma lógica que pretende promover uma mudança
na postura e nos hábitos dos moradores por meio da transformação do espaço e da
desqualificação do modo de morar antigo e do apego ao quintal, ao jardim, à horta.
Entretanto, apesar dessa pretensão de conduzir condutas, ao serem reassentados nos
apartamentos, os moradores se apropriam desse espaço de formas não previstas, criando
animais e plantas, instalando varais externos. Tais práticas indicam relações de poder
que perpassam as formas de pensar e estar na cidade e sinalizam para um deslocamento
com relação ao que foi planejado. Ou seja, em suas práticas cotidianas nessa nova
moradia, os moradores fazem com que esse espaço não seja simplesmente a
materialização da modulação das condutas, mas também possibilidade do imprevisto, da
novidade.
CONFLITO ENTRE ONGs EM FELIPE CAMARÃO: estes pobres
são meus, vai procurar os teus!
PAIVA, Larissa Nunes (UFRN)
[email protected]
CAPES
Contemporaneamente verifica-se que a relação entre Estado e sociedade vem sendo
modificada pelos padrões do neoliberalismo que disseminam a ideologia da
responsabilidade social. Assim, marcadamente no Brasil nos anos de 1990, cresce o
número de Organizações Não Governamentais. Elas atuam nas questões sociais e
passam a interferir nos serviços antes desempenhados pelo Estado. Com este trabalho
pretende-se compreender como o Terceiro Setor vem influenciando a população do
Bairro de Felipe Camarão, Natal/RN. Busca-se examinar e tentar explicar as motivações
que levam ao conflito entre as duas principais ONGs que atuam no local na competição
pelo “público alvo”.
PROJETOS SOCIAIS: limites e possibilidades redistributivas de
capital social
QUEIROZ, José Fernando (Unifesp/NEPAM – UNICAMP)
CAPES
Quando o termo ONG é mencionado, ideias como a liberalização do Estado e suas
consequências carregam com frequência a noção de que estas Associações Civis estão
ocupando funções estatais. De fato, pesquisas já comprovaram que ONGs assumiram
papéis importantes no fornecimento de serviços públicos. Entretanto, esta constatação
não explica os efeitos que a articulação entre ONGs e Associações de moradores trazem
em termos de uma possível redistribuição de capital social, e de alterações do habitus
dos moradores que participaram de projetos sociais. Até o momento, os dados coletados
indicam que as articulações entre Associações Civis (basicamente Associações de
Moradores e ONGs) podem contribuir para a redistribuição ou para o compartilhamento
do capital social que os representantes dessas Associações possuem. Além disso,
apontam para uma possível modificação do habitus como uma das consequências dos
projetos sociais realizados por uma rede de parcerias entre Associações Civis. Visto que
estas hipóteses possuem como eixo norteador as problemáticas ambientais, iniciamos
uma pesquisa de campo na região norte da cidade de Ubatuba, por essa possuir um
96
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
histórico de parcerias e conflitos envolvendo diferentes agentes em torno de questões
socioambientais, tais como o uso sustentável de recursos e a permanência de populações
tradicionais no interior de uma reserva como a do Parque Estadual da Serra do Mar.
Como orientação analítica utilizamos os conceitos de capital social e de habitus de
Pierre Bourdieu, que, somados ao uso de sociogramas e da técnica snowball, permitemnos compreender a dinâmica das parcerias entre os agentes e a circulação de capital
social concomitante e, para entender a mudança dos valores e práticas, usaremos
também a noção weberiana de racionalidade.
CONFLITOS SOCIAIS E PODER PATRIMONIAL NA
FORMAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA EM SÃO CARLOS-SP
DURANTE A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
SILVA, João Paulo (UFSCar)
[email protected]
O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar, através dos conflitos pela
posse de terras, a estrutura da rede local de poder em São Carlos-SP resultante do
processo de concentração fundiária ao longo da segunda metade do século XIX, mais
precisamente no período pós-lei de terras de 1850, utilizando como fonte de
documentação primordial processos cíveis registrados no município durante o período
delimitado. Pretende-se verificar assim, o processo de dominação e expropriação que
pequenos proprietários sofreram. Não pode se perder de vista, entretanto, que esses
primeiros pequenos proprietários que aparecem nos processos muitas vezes
expropriaram aqueles que detinham a posse ancestral da terra: os nativos. Nesse sentido
há, portanto, um duplo processo de violência. Em primeiro lugar, contra os nativos e,
em seguida, contra os pequenos proprietários. Então, pode-se afirmar que os brasileiros
foram colonizados e colonizadores, ao mesmo tempo, no interior de um mesmo
processo histórico. É constituída, então, uma construção de uma rede de poder, através
também da dominação patrimonial que se sedimenta na expropriação violenta de
muitos. Expropriação está sempre “naturalizada” como essencial para o avanço da
modernidade no país. Do mesmo modo que esse ideal de modernidade justificou a
violência contra a população indìgena, “atrasada, bárbara e bestial”, seu avanço também
perpassa as relações entre grandes latifundiários - detentores da posse de grandes
capitais - e homens livres e, por vezes pobres, que se tornaram posseiros. Em ambos os
casos, há uma relação violenta entre “avanço” e “atraso” no seio do desenvolvimento
econômico. E a subjugação é “naturalizada” pela capacidade dos grandes proprietários
de propiciar um maior desenvolvimento às regiões.
A ATUAÇÃO DAS ELITES LOCAIS E A SEGREGAÇÃO
SOCIOESPACIAL NA CIDADE DE UBERLÂNDIA-MG
SILVA, Leandro Oliveira (UFU)
EVANGELISTA, Cleiber Wesley (UFU)
[email protected], [email protected]
A cidade de Uberlândia, localizada na microrregião do Triângulo Mineiro, em Minas
Gerais, adquiriu ao longo de seu processo de desenvolvimento uma posição de destaque
97
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
na região, polarizando fluxos, o que culminou também num processo de expansão e
intensificação da ocupação do solo urbano. Nota-se, no entanto, a forte presença de
alguns agentes econômicos na definição das áreas a serem ocupadas, bem como, à
classe a que essas áreas se destinam. Disso resultou o espraiamento da cidade, aliado à
formação de vazios urbanos e à consequente expulsão das populações de baixa renda
para as áreas mais afastadas da periferia. Outra consequência foi o aumento do valor dos
imóveis devido à especulação imobiliária, culminando em ocupações irregulares, por
parte dos segregados. Diante deste quadro, o presente trabalho tem por objetivo
apresentar como a atuação das elites locais contribuiu para que a segregação
socioespacial se materializasse na cidade de Uberlândia e qual o atual cenário deste
processo. Desta forma, o trabalho ficou divido em três partes, quais sejam: 1 – A
questão fundiária urbana no Brasil; 2 – Uberlândia: o “progresso” e suas consequências;
e, por fim, 3 – Século XXI: panorama e perspectivas.
IDOSOS NOS DESASTRES: uma análise das dimensões envolvidas no
contexto paraibano
VIANA, Aline Silveira (USP)
SARTORI, Juliana (USP)
[email protected], [email protected]
CAPES
Os desastres relacionados à água são recorrentes no Brasil, deflagrando uma crise no
corpo social. Dentre os grupos afetados, os idosos correspondem a parcela da sociedade
que recorrentemente sofrem com os desastres, tornando-os ainda mais fragilizados. O
Estado da Paraíba está entre os dez mais afetados por desastres no país, sendo 74,5%
dos decretos relacionados às estiagens e 23,5% às enchentes. O presente trabalho
analisará as dimensões de afetação dos idosos no Estado da Paraíba, especificamente
nos municípios de Barra de Santana, Santarém e Manaíra, pois correspondem aos
municípios com maior número de decretos federais, no período de janeiro de 2006 a
abril de 2012. Trata-se de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, utilizando-se a
revisão bibliográfica e pesquisa documental. No que concerne à pesquisa bibliográfica,
serão sistematizados e analisados a revisão nos temas de desastres, idosos e processo de
vulnerabilização. Na pesquisa documental serão analisadas as Portarias de
Reconhecimentos de Situação de Emergência e Estado de Calamidade Pública, o
documento de Avaliação de Danos e legislações em vigência, como a Política Nacional
de Proteção e Defesa Civil, Estatuto do Idoso, entre outros. Dentre os principais
resultados da sistematização quantitativa, podemos destacar que houve 89.506 afetados
no período citado, sendo que 9,7% eram idosos. Dos desabrigados (n=200), 22,5% são
idosos, e dos desalojados (n=255), 13,7%. Estes municípios apresentam recorrência das
decretações de SE e ECP, especialmente, há grande incidência na zona rural, que não
possuem saneamento adequado e sofrem recorrentemente com as secas, com o descaso
político, com a negação de direitos e com as perdas agrícolas que mantém o sustento
familiar.
98
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS EM INVASÕES
IRREGULARES E AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO RECURSO
A ESSA SUBVERSÃO
WAGNER, Bruna Kucharski
[email protected]
A urbanização indevida está presente quase em totalidade nas cidades brasileiras e, todo
esse processo irregular é lembrança de uma invasão desenfreada aos espaços urbanos
nos últimos anos. Esse processo migratório incoerente com as condições humanas é
fruto do imenso número de pessoas que desde os anos 50 passaram a assumir o êxodo
rural como meio de sobrevivência em melhores condições vitais. O povo incidiu em
uma inovação na forma de vida e passou a abandonar o campo buscando diferentes
meios de sustentabilidade em locais que apresentavam maiores estruturas e promessas
de desenvolvimento econômico. Porém, todo esse novo intuito populacional que visava
à sociedade urbana refletiu em cidades despreparadas e com grandes contrastes sociais.
A cidade urbana atual marca justamente essa formação indevida dos espaços brasileiros,
em que se desfez de modelos de organização e gestão urbana planejada e passou a se
construir municípios sem infraestrutura e com indisponibilidade de serviços urbanos
capazes de comportar o crescimento provocado pelo contingente populacional que
migrou para a urbanidade. Assim, almeja-se analisar essas invasões incoerentes, que se
desfizeram de qualquer forma de planejamento e transgrediram para espaços municipais
gerando consequências negativas e precariedade nos centros urbanos. Para tal estudo
teremos como parâmetro a apreciação empírica à realidade na cidade de Rio Grande, do
Estado do Rio Grande do Sul, que está em pleno desenvolvimento econômico e será
fonte de julgamento para comprovação da subversão existente entre a proteção ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado e a urbanização repentina, uma vez que, nos
últimos cinco anos a cidade de Rio Grande em função de sua valorização econômica
teve sua sociedade invadida por um número excessivo de pessoas em um processo
migratório indevido e extremamente despreparado, traduzindo-se em caos urbano. O
aumento populacional induz a procura por espaços para habitação e excede ao extremo
a busca por trabalho e, por consequência, o crescimento econômico não consegue
abarcar toda essa mão-de-obra gerando desordens sociais e um cenário em que classes
menos privilegiadas são impelidas para locais que não comportam as necessidades das
famílias, com serviços despreparados e infraestrutura irregular. O cenário é de desordem
e, através de efetiva análise se abordará os impactos socioambientais decorrentes das
ocupações irregulares, dando proeminência aos principais conflitos gerados por essa
urbanização indevida e idealizando a formação de um meio ambiente desejável com a
necessidade de políticas públicas efetivas.
99
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO BRASIL: O CASO DA UHE
BELO MONTE
ALCOCER, Laura Marcondes Ferraz (UFSCar)
[email protected]
O trabalho apontou os impactos socioambientais decorrentes da construção da Usina
Hidroelétrica Belo Monte, localizada no estado do Pará/ Brasil e expôs o
posicionamento de distintos atores políticos e sociais envolvidos nos conflitos
socioambientais decorrentes da concepção, viabilização e implementação deste projeto.
Em síntese, expusemos o surgimento do projeto da UHE Belo Monte nos anos 70,
período imerso na ditadura militar; com o avance neoliberal que ocorreu no final dos
anos 80, continuaram as tentativas de implantação de Belo Monte e acirraram-se os
conflitos socioambientais territoriais1 entre Estado e grupos sociais afetados pela
construção da barragem, sendo emblematicamente representados pelo cacique Raoni.
Analisamos a retomada do projeto de Belo Monte pelo governo Lula em 2007 através
do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento), e sua continuidade no governo Dilma,
até o ano de 2012. Dimensionaram-se os conflitos socioambientais da UHE Belo Monte
causados pelo atual projeto, devido à especificidade ambiental e cultural da região do
rio Xingu, através da contraposição do Painel de Especialistas (2009) ao EIA/Rima;
artigo do Ministério de Minas e Energia do Brasil sobre Belo Monte; entrevista com o
especialista e professor Célio Bermann; análise de depoimentos de ativistas de ONGs,
militantes de movimentos sociais, populações locais afetadas (ribeirinhos, pescadores,
agricultores, indìgenas) contidos no documentário “Belo Monte: Anúncio de uma
guerra”, além de outras bibliografias.
Sessão II: A produção Sociopolíticas de Novos Sujeitos entre Tensões e
Mobilidades Transescalares
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Norma Felicidade Valêncio (UFSCar)
QUANDO O DESLOCAMENTO SE TORNA UM VALOR:
cosmopolitismo como projeto nos intercâmbios acadêmicos
AZEVEDO, Leonardo Francisco de (UFJF)
[email protected]
CAPES
A intensificação do fenômeno da globalização, aliado ao desenvolvimento e
massificação dos meios de transporte e comunicação, permitiu um aumento exponencial
na quantidade de pessoas em deslocamento. O que antes era algo restrito a uma pequena
elite hoje é possível entre diferentes atores e segmentos sociais. Entretanto, por mais
descentralizada e capilarizada que esteja esta prática, ela ainda se constitui como
elemento diferenciador e distintivo, sendo o cosmopolitismo um projeto de vida
desenhado e desejado por muitos. O presente trabalho pretende investigar quão
100
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
valorativo é, para estes diferentes atores, o ato de se deslocar. Para tal, será utilizado
como objeto de análise os intercâmbios acadêmicos. Fenômeno cada vez mais comum
nas universidades brasileiras, a necessidade de se deslocar, nas diferentes etapas de
formação, para “complementar” os estudos, é algo cada vez mais presente. Pretende-se
compreender como, através dos intercâmbios acadêmicos, é possível visualizar o
cosmopolitismo como um projeto, pessoal e distintivo – projeto aqui entendido, nos
termos de Gilberto Velho, como a ação dos atores a partir de avaliações e definições da
realidade. Como método será utilizado revisão bibliográfica, analisando o que se tem
dito sobre o cosmopolitismo e como este conceito se relaciona com as recentes
produções acerca dos intercâmbios acadêmicos. Considerando que tais deslocamentos
não são isentos de regras e valores, bem como seus fluxos possuem caminhos prédeterminados, acredita-se que, ao investiga-los como um fenômeno valorativo e
distintivo, é possível contribuir com a teoria sociológica recente, relacionando as
reflexões em torno dos deslocamentos espaciais com a ação e intenção dos atores
sociais agindo em contextos específicos.
A ALIANÇA DOS PEQUENOS ESTADO INSULARES (AOSIS) E O
FUNDAMENTO REIVINDICATIVO CLIMÁTICO POLÍTICO
BRAGA, Patrícia Benedita Aparecida (UEMS)
[email protected]
Insatisfeitos com a inexpressão política decisória nas rodadas de negociação do clima,
os países insulares localizados no Pacífico, principalmente ao sul, criaram na Segunda
Conferência Mundial do Clima, em 1990, a AOSIS. A Aliança declara-se como uma
coligação de países formados por pequenas ilhas de baixa latitude, cujo desafio é o
desenvolvimento e o meio ambiente, sobretudo o que refere às vulnerabilidades
enfrentadas, por estes Estados insulares, devido os fenômenos advindos da mudança
climática global. A reivindicação é direcionada aos diversos países que formam a
Sociedade Internacional, especialmente aos países desenvolvidos (PDs). De acordo com
a coligação, o não comprometimento dos Estados em relação à redução de emissão de
gases de efeito estufa, assim como a não facticidade de políticas de mitigação e
adaptação, aceleram os fenômenos climáticos e os encargos relacionados a isto, além de
desrespeitar os princípios políticos, dentre eles, a soberania dos Estados e
consequentemente a cidadania. Neste sentido, a fim de compreender a fundamentação
reivindicativa da AOSIS, o presente trabalho busca analisar e interpretar a Declaration
on Climate Change (Declaração da Mudança Climática) emitida pela Aliança, em 21 de
setembro de 2009, em Nova York, na sede das Nações Unidas, em uma das rodadas de
negociação do clima que precederam a COP15 (Conferência das Partes), realizada em
Copenhague, na Dinamarca, em dezembro do mesmo ano.
101
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
DESENVOLVIMENTO E PODER LOCAL: análise dos processos de
descentralização do Brasil e da Argentina sob a perspectiva do
Mercosul
BRITO, Sérgio Roberto Urbaneja (UNESP)
[email protected]
CAPES
Esta proposta tem como objetivo principal analisar a relação que se estabelece entre o
tema da descentralização e as questões envolvendo a internacionalização dos
municípios, no âmbito do Mercosul. Adotar-se-á como objeto para tal estudo os
processos de descentralização ocorridos ao longo das últimas décadas na perspectiva
desse processo de integração, particularmente aqueles vistos no Brasil e na Argentina. A
hipótese central deste trabalho será a de que, apesar do lugar marginal ocupado pelo
poder local no âmbito da Teoria do Estado na modernidade, muitas vezes tido como
excluído de relevância em relação à prioridade da questão nacional, ou mesmo
supranacional, ao se levar em conta os processos de integração regional, o poder local
vem sofrendo um resgate enquanto instância política, e, desde que os influxos desse fato
sejam pautados por meios adequados, eles podem auxiliar nos processos de
desenvolvimento; a outra hipótese, ligada à primeira, é a de que a descentralização vem
proporcionando ao poder local novas formas de inserção nos espaços políticos,
inclusive os internacionais, como os experimentados no âmbito desse bloco, o que torna
possível a elaboração de políticas públicas em níveis mais amplos e diversificados.
Assim, além da análise dessas relações entre descentralização e poder local, a fim de
demonstrar as hipóteses, será abordada a questão de sua inserção internacional.
CONFLITOS SOCIAIS NA LUTA PELA TERRA NO BRASIL: uma análise sob
a perspectiva do pluralismo jurídico comunitário participativo
DUTRA, Débora Vogel da Silveira (UFSC)
[email protected]
A presente pesquisa tem como foco central discutir através da teoria do pluralismo
jurídico comunitário participativo, os nuances que envolvem os conflitos sociais na luta
pela terra no Brasil na atualidade. É de amplo conhecimento da sociedade que a atual
estrutura fundiária no País está longe de atender as demandas existentes e permitir que
cada cidadão brasileiro consiga adquirir e manter seu pequeno pedaço de terra, seja para
nele trabalhar e morar ou somente para morar. Somada à toda a concentração histórica
de terra e capital que delineia o Brasil, as implicações econômicas também tem
contribuído sobremaneira para que uma grande parcela da população não consiga ter
acesso direto às formas mais elementares de subsistência e de progressão social no País.
É nesse contexto de exclusão capitalista que os conflitos sociais tem emergido,
ocasionando momentos de tensão profunda e sendo marcados pelo sangue de muitos
trabalhadores rurais que reivindicam melhores condições de trabalho e uma reforma
agrária digna que atinja a todos. No campo da Teoria e Filosofia da História do Direito,
mais especificamente em uma visão crítica do Direito, a teoria do Pluralismo Jurídico
vem corroborar com a perspectiva social de que os movimentos sociais organizados,
como é o caso do MST, constituem uma rica fonte de produção normativa, a partir de
102
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
suas experiências de vida e do desenvolvimento interno do grupo que trabalha em prol
de uma coletividade.
TRANSFORMAÇÕES AMBIENTAIS E CONHECIMENTOS
TRADICIONAIS: uma comunidade jusante da Barragem de Tucuruí
GUIMARÃES, Mariana T. (UFPA)
MAGALHÃES, Sônia Barbosa (UFPA)
[email protected], [email protected]
CNPQ
Com o barramento do Rio Tocantins, ocorrido em 1984, verificou-se intensa
transformação socioambiental e há poucos estudos sobre os efeitos desta transformação
para as comunidades tradicionais que permaneceram às margens do rio, após a alteração
da vazão. Considerando que este acontecimento modifica não apenas o ambiente, mas
igualmente as relações que com ele as comunidades mantêm, pretendeu-se estudar como
estas transformações incidem sobre o ordenamento do conhecimento utilizado para a
efetivação das práticas sociais e econômicas, sobretudo a pesca. Teoricamente, partimos
dos aportes de LITTLE (2006) a respeito da cosmografia territorial; de INGOLD (2010)
sobre a educação da atenção no processo de transmissão do conhecimento; e de HUNN
(1999) acerca da construção do conhecimento como “consequência da produção
baseada na subsistência” e da “relevância cotidiana (do conhecimento)" para a
reprodução familiar. Este trabalho é produto de pesquisa de campo realizada nos meses
de dezembro de 2012 e janeiro de 2013 na comunidade localizada na Ilha Tauaré, no
município de Mocajuba-PA, a jusante da barragem de Tucuruí, no âmbito de Curso de
Pós-Graduação lato sensu realizado na Universidade Federal do Pará. Pode ser
observado que o deslocamento do esforço produtivo do rio para a mata e a introdução
de novas práticas de pesca têm provocado um reordenamento do uso do conhecimento
local, e de certa forma, a erosão iminente de saberes, como os casos das técnicas de
tapagem de igarapé com o uso de paredões (parí); e da gapuiagem, pouco utilizada e
em total desuso, respectivamente, pelos pescadores. Do mesmo modo, o conhecimento
sobre determinadas espécies de peixes e certas características ambientais extintas não
têm lugar nas experiências da nova geração.
O NEOLIBERALISMO NO BRASIL E NO CHILE: uma análise
sobre os modelos de inserção desta ideologia na América Latina
RODRIGUÊS, Leonardo Henrique Gomes (UNESP)
[email protected]
O ideal do neoliberalismo é a promoção do bem-estar humano, através de práticas
econômicas e políticas que consistem, basicamente, em restringir o papel do Estado
frente à liberdade do indivíduo e do mercado. Desde a década de 1970, vê-se o
desenvolvimento do pensamento liberal através das desregulações, privatizações e
abandono do Estado das áreas que tinha monopólio. Este trabalho tem como objetivo
analisar a maneira pela qual os ideais neoliberais foram inseridos no contexto latinoamericano, principalmente no Brasil e no Chile, dissertando sobre os mecanismos
utilizados em ambos os países a fim de legitimar o desmonte do Estado e a abertura
econômica que atendia aos preceitos do Consenso de Washington. No Brasil, pode-se
103
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
verificar que a inserção do neoliberalismo deu-se tardiamente, apenas em meados da
década de 1990, através de reformas constitucionais que cirurgicamente eliminaram os
monopólios do Estado, permitindo o avanço da desregulamentação e das privatizações.
Tais reformas iniciam-se no governo Collor, porém é com Fernando Henrique que se
tornaram as principais pautas políticas do governo. Já no Chile, o modelo neoliberal foi
implementado, autoritariamente, pelo governo de Pinochet na década de 1970, baseado
na tecnocracia e ortodoxia dos economistas conhecidos como Chicago boys,
reestruturando o Estado e a economia chilena, segundo os moldes neoliberais. Desta
forma, este trabalho irá analisar estes processos aparentemente divergentes, já que no
Brasil, o desmonte do Estado ocorrem através de um processo legalmente estabelecido
na Constituição, as emendas constitucionais, enquanto no Chile, o processo se dá por
meio de uma ditadura militar, a fim de estabelecer uma análise mais profunda sobre os
modos de inserção do neoliberalismo na América Latina.
A SOCIOLOGIA DO CONFLITO E A SOCIOLOGIA DO
CONSENSO ENQUANTO MEIOS PARA ANALISAR OS
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS
ROSA, Rafaela Euges (UFPel)
[email protected]
CAPES
Dentro da problemática ambiental emerge a concepção de conflitos socioambientais,
atualmente muito difundida em diversas áreas científicas. Os conflitos socioambientais
designam as relações de disputa em torno de determinados recursos e nestas podem
estar envolvidos indivíduos, grupos, organizações e coletividades. Além de atores em
oposição, os conflitos caracterizam-se por serem fenômenos sujeitos à mediação. Por
um lado há quem considere os conflitos necessários para a ocorrência de mudanças e até
mesmo intrínsecos a vida social. Essa perspectiva é compartilhada por teóricos como
Karl Marx e Alain Touraine. De outro lado temos um grupo de teóricos que considera a
sociedade em normalidade como caracterizada por um estado de equilíbrio e harmonia.
Nesse grupo encontram-se cientistas como Émile Durkheim e Talcott Parsons e para
estes os conflitos são sinônimo de perturbação e caos. O presente trabalho tem como
objetivo analisar o conflito socioambiental no interior desses dois paradigmas
sociológicos antagônicos: o consensual e o conflitual e, além de destacar as
divergências presentes nestas abordagens, encontrar as semelhanças e
complementariedades.
CONFLITOS E PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS: o caso da lei específica da
Billings
SANTOS, Deborah Schimidt Neves dos (UNIFESP)
[email protected]
A proposta deste artigo é contribuir com reflexões sobre as dinâmicas e conflitos no
universo das relações Estado-Sociedade Civil, no contexto específico das políticas
públicas ambientais sobre proteção e recuperação de mananciais, em especial, a partir
da análise do processo de elaboração da Lei Estadual n° 13.579/09 que delimitou a Área
104
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
de Proteção e Recuperação de Mananciais da Bacia Hidrográfica do Reservatório
Billings (APRM-B). Buscou-se averiguar, no âmbito do SubComitê de Bacia
Hidrográfica Billings-Tamanduateí (SCBH-BT) e no período de 1997 a 2009, se a
atuação da Sociedade Civil na elaboração da Lei Específica da Billings (L.E. n°
13.579/09), ocorreu como previsto pela Lei Estadual n° 9866, promulgada em 28 de
novembro de 1997 e que institui a Política de Proteção e Recuperação dos Mananciais
de Interesse Regional do Estado de São Paulo, bem como se suas relações com o Estado
colocaram em prática a noção de governança da água, principalmente no que diz
respeito à participação da sociedade civil e à ação conjunta de ambos (Estado e a
Sociedade Civil) na busca de soluções e resultados para problemas comuns. Com base
nas leituras das atas e documentos elaborados entre 1997 a 2009 no âmbito do Grupo de
Trabalho sobre a Lei Específica da Billings pertencente à Câmara Técnica de
Planejamento e Gestão do SCBH-BT e das entrevistas realizadas com seus participantes
percebeu-se que as dinâmicas e conflitos que ocorreram entre os representantes dos
governos municipais e estaduais e os representantes da sociedade civil ao longo do
processo de elaboração da Lei da Billings são expressão dos mesmos conflitos e
relações dialéticas existentes na arena política, social, econômica e institucional
brasileira de modo que a prática da governança da água apresentou limites e
possibilidades dados tanto pelos atores envolvidos em seu processo de governança
quanto pelo contexto político, econômico, social e institucional em que estes se inserem.
SOBRE A IMIGRAÇÃO ILEGAL NA EUROPA E OS ESPAÇOS
EXCEÇÃO: o caso dos centros de internamento de estrangeiros na
Espanha
SANTOS, Valdirene Ferreira (UNESP)
[email protected]
CAPES
O trabalho tem como objetivo analisar a crescente criminalização à imigração irregular
dentro do espaço político e social da União Europeia a partir dos anos 1990, focando
preferencialmente na vulnerabilização dos direitos humanos dos estrangeiros
indocumentados que se encontram reclusos em centros de detenção especializados para
imigrantes ilegais. O funcionamento desses espaços de confinamento é aqui discutido
como uma política de exceção que exclui os cidadãos não europeus em situação
irregular de direitos econômicos, políticos e sociais, para incluí-los na sociedade como
“fora da lei”. Para tanto, apoia-se nas reflexões do pensador político Giorgio Agamben
acerca da coexistência do Estado de Exceção com o Estado Democrático de Direito nas
sociedades ocidentais contemporâneas e na discussão do sociólogo Löic Waquant
acerca da transmutação do Estado Social em Estado Penal. A metodologia adotada parte
de uma revisão bibliográfica de textos especializados e da análise de relatórios e
pareceres acerca dos centros de detenção. Ao tomar como estudo de caso os centros de
detenção para imigrantes ilegais na Espanha – denominados de Centros de Internamento
para Estrangeiros –, verifica-se que a reclusão exerce sobre os internos um processo de
racialização e despersonalização, uma vez que a dificuldade em conseguir os
documentos exigidos para a migração regular geralmente é maior para grupos de
determinadas nacionalidades do continente africano, além de as particularidades
culturais e linguísticas não serem devidamente tomadas em consideração no tratamento
a eles oferecido. Também as instalações que recebem esse contingente populacional
105
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
vêm sendo denunciadas por organizações humanitárias e pelo Parlamento Europeu de
apresentarem irregularidades na estrutura e funcionamento.
EL CONFLICTO ARMADO COLOMBIANO, GUERRILLA Y
PARAMILITARISMO
VARGAS, Carlos Alberto Castillo (Universidad Nacional Mayor de San Marcos)
[email protected]
El conflicto armado que se desarrolla en Colombia ha generado múltiples aristas, en las
cuales los bloques enfrentados generan una guerra sin cuartel. Las acciones que se
realizan repercuten significativamente en los sistemas sociales en el que el país se
desarrolla. Los poblados y no las ciudades son los escenarios idóneos para poder
comprender este fenómeno. El ejército, la guerrilla y los paramilitares (grupos de
extrema derecha) confluyen por el control de estos territorios, viéndolos como una
necesidad geoestratégica para el beneficio de la guerra. Es por este motivo que los
recursos (gas, petróleo, agua, minerales, etc) que se encuentran dentro del área y que
significarían la oportunidad para el desarrollo de cualquier poblado, se convierten en su
tragedia, por las desapariciones, matanzas y torturas cuando estos grupos enfrentados
entran a dichos lugares. La presente investigación busca hacer una análisis detallado
sobre el conflicto que se desarrolla en el páramo de Sumapaz ya que este tiene como
particularidad de ser una de las reservas hidrográficas y geoestratégicas más importantes
en el ámbito central Colombiano. Asimismo forma parte de la capital. La importancia
radica en la lucha que se ha dado en esta zona entre los organismos del estado mediante
la guerra de baja intensidad, los grupos paramilitares con sus desapariciones y torturas,
y los grupos insurgentes con los asesinatos y secuestros. Un pueblo que como muchos
vive en carne propia esta guerra, sin embargo sufren de la indiferencia de la gente que
vive en la capital, ya que sus hermanos no le toman ninguna importancia. Como diría la
frase del poeta César Vallejo: Tan cerca pero a la vez tan lejos.
Ello ha acarreado que actualmente se encuentren aproximadamente 9000 soldados para
una población de 2000 personas, modificando así las formas de convivencia de la
población e insertando nuevos actores que forman parte de aquélla. El mecanismo de
guerra de baja intensidad, implementado por las fuerzas armadas, ha generado choques
con la localidad dando lugar a serias denuncias sobre desapariciones forzadas y
violaciones de los derechos humanos de pobladores y dirigentes. Por otro lado, los
eventuales enfrentamientos entre la guerrilla de las FARC y el ejército, han convertido
el lugar en una zona altamente conflictiva. El objetivo de la investigación es tratar de
entender este fenómeno partiendo por el estudio de dicho poblado, para ello dividiremos
el trabajo en dos partes: La primera parte realizaremos un breve recuento histórico para
poder situar al páramo dentro de este contexto de guerra y en la tercera parte
analizaremos las relaciones sociales que se dan actualmente entre la guerrilla, las
fuerzas armadas y la población en dicha zona, para poder comprender por qué esta
población está siendo invisibilizada por la gente que vive en la capital, para ello
utilizaremos la base teórica de Zygmunt Bauman para así poder ver como las
poblaciones más afectadas son invisibilizadas por los grupos que tienen un espectro
mayor en la sociedad, hasta un punto que los actos más abominables entran en la lógica
de la cotidianidad y como tal ya no generan importancia.
106
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL: a discussão
acadêmica como problematizadora de novas experiência urbanas
MENEZES, Vitor Matheus Oliveira de (UFBA)
[email protected]
Este trabalho analisa as discussões estabelecidas, de forma multidisciplinar, sobre as
políticas urbanas em Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). Baseada em
experiências históricas (como o ProFavela em Belo Horizonte e Brasília Teimosa em
Recife) e instituída através do Estatuto das Cidades em 2001, as ZEIS representam um
importante marco no planejamento urbano, na noção de justiça social no contexto
urbano, nas concepções de legalidade e ilegalidade e sobre o papel do Estado em
relação ao urbano marginalizado. A metodologia utilizada consiste no levantamento de
bibliografia acadêmica da área de Ciências Sociais que problematizam as ZEIS, a partir
da relação do Estado com as ZEIS; das perspectivas de aprofundamento das
transformações urbanas a partir da ZEIS; da discussão sobre reforma urbana, sendo
estas zonas enxergadas como uma ferramenta instituída através do Estatuto das Cidades;
e da discussão sobre justiça social (tendo em vista o caráter redistributivo e participativo
das ZEIS).
Sessão III: Profissões e Política
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Maria Glória Bonelli (UFSCar)
IMAGINANDO UM BRASIL EM JORNAIS: uma interpretação do
corporativismo do Oliveira Vianna articulista
ARAUJO, George Freitas Rosa de (UFF)
[email protected]
CAPES
O presente estudo analisa criticamente a dimensão corporativista do pensamento do
autor fluminense Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951), considerado um dos
principais “Intérpretes do Brasil”, a partir dos seus artigos de jornais catalogados na
Casa Oliveira Vianna. Esses textos constituem fontes ainda pouco conhecidas no campo
das ciências sociais. Oliveira Vianna escreveu sua obra, especialmente, entre as décadas
de 10 e 40 do século passado, num momento de efervescência de pensamentos e
movimentos pretensamente críticos ao liberalismo no plano internacional. Neste cenário
podemos identificar um viés de pensamento polifônico que propunha ser uma
alternativa à organização político-econômica liberal, o corporativismo. Oliveira Vianna
apropriou-se, singularmente, da vertente de pensamento em tela, na articulação da sua
interpretação do Brasil com suas alternativas propositivas ao que compreendia ser um
dos nossos principais dilemas, a invenção e consolidação do ideário nacional num país
fundado, segundo o autor fluminense, na “insolidariedade” e na tradicional quase
ausência de conflitos de classe e/ou de raça. Um dos resultados da pesquisa aponta para
107
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
a complexidade do corporativismo do Oliveira Vianna articulista, evidenciando a sua
construção no tempo histórico, a delimitação do seu trânsito na arena política e as
correntes teóricas às quais se filiou. Pensamos que o autor fluminense contribuiu para a
invenção de uma maneira de “pensar e sentir o paìs”, com ressalvas, ainda hoje presente
por meio, e.g., do modelo corporativo-sindical.
O GRUPO E O ATOR NAS MOBILIZAÇÕES SOCIAIS: o
comportamento político dos militantes de 1968
AUGUSTINHO, Aline Michele Nascimento (UNESP)
[email protected]
CNPQ
O objetivo desta proposta de exposição é discutir as formas de participação política
contemporâneas observadas entre ex-militantes do Movimento Estudantil de 1968, bem
como sua importância nas pautas e discussões dos novos grupos de movimentos sociais
que emergem no Brasil nos últimos anos. Isto porque, quando se pensa na dinâmica de
conflitos entre instituições e movimentos sociais brasileiros a memória retoma o
Movimento Estudantil de 1968 como um dos movimentos mais impactantes da história
recente do país. No entanto, contrariando os pressupostos sociológicos normalmente
aplicados a este grupo, como a abordagem geracional manheiniana, sua identificação
como grupo e sua mobilização não se restringiu às atividades na juventude. Dados
parciais da pesquisa mostram que a participação política é mantida com o sentimento de
vinculação ao grupo. Ao longo desses 45 anos, constatou-se que o sentimento de
pertencimento ao grupo de estudantes de 1968 emerge principalmente a partir dos ciclos
comemorativos, em que a cada período de 5 ou 10 anos, o universo acadêmico e
também o midiático voltam seus olhos para a memória desses atores. Mas,
recentemente, pôde-se observar dois novos momentos em que o grupo re-emerge com
força: i) na recente instalação do processo de Justiça de Transição tardia, em que
Comissão Nacional da Verdade vem renovando e até mesmo recriando paradigmas para
as pesquisas acerca dos movimentos sociais e políticos durante o Regime Militar, entre
1964-1985; ii) atores do mesmo grupo retomam as ruas nas manifestações de junho de
2013, ao lado de estudantes e trabalhadores. No entanto, eles não retornam à arena
polìtica como cidadãos que foram estudantes em 1968, mas como “os estudantes de
1968”. Neste contexto, carregado pelas marcas de sua mobilização no passado que
produzem o sentimento de pertencimento, é possível pensar numa nova forma de
identificar um grupo e suas formas de participação política.
PROFISSIONALISMO, GÊNERO E SUBJETIVIDADES NA
JUSTIÇA PAULISTA
BENEDITO, Camila de Pieri (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Utilizando-se do conceito de profissionalismo se buscou analisar o impacto da crescente
participação feminina nas carreiras jurídicas sobre as subjetividades e as negociações
identitárias. Neste paper o objetivo é aprofundar os dados qualitativos da pesquisa que
se constituíram a partir de entrevistas semiestruturadas em profundidade com duas
108
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
juízas, um juiz, um promotor de justiça e dois defensores públicos na cidade de Rio das
Pedras (nome fictício) no interior de São Paulo e também pela observação do cotidiano
no Fórum de Justiça. O profissionalismo, entendido especialmente pelas óticas de Eliot
Freidson (1996) e Julia Evetts (2006), é o conceito de análise central e contribui para
pensar as negociações subjetivas entre operadores e operadoras do direito. As
conceituações de Butler sobre gênero completam o quadro teórico, sendo este
compreendido como performático. A composição do fórum de justiça, a organização
dos corpos e os trajes são dados para a conclusão de que o impacto subjetivo da
participação das mulheres no direito aparece na construção de um corpo feminino
específico, que não deixa de trazer à tona aquilo naturalizado como essencial da mulher
mas também se adequa aos patamares do discurso do profissionalismo construído a
partir do masculino.
"EM LUCHA": presença feminina no protesto social
BOGADO, Adriana Marcela (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
Neste texto reconstruímos alguns itinerários de participação política de mulheres em
movimentos sociais para identificar algumas características que assume o protesto social
no contexto de crise do modelo neoliberal das últimas décadas na Argentina. Trata-se de
um recorte de uma pesquisa de doutorado concluída, em que utilizamos como
metodologia a História Oral e a Observação Participante. O trabalho de campo
desenvolveu-se junto a participantes e lideranças do Movimiento de Mujeres en Lucha
(MML), de General Roca (Río Negro) e Rosário (Santa Fe); dos primeiros piquetes no
interior do país, e da Corriente Clasista Combativa (CCC, Zona Norte), na província de
Buenos Aires. A reconstrução desses itinerários revela como, nesse contexto de crise
generalizada, a via do protesto surge como alternativa para as mulheres pesquisadas.
Suas trajetórias são reveladoras do impacto do neoliberalismo em diferentes dimensões
da vida cotidiana e como o engajamento político se constrói na dialética de seus
itinerários de vida. Com sua participação, as mulheres abriram o leque das formas de
intervenção e canalização de demandas no espaço público e perante as instituições e
poder do Estado, que sempre tiveram a tônica dada por performances públicas
masculinas. Incluso quando a atuação das mulheres surge a partir de papéis de gênero
tradicionais, é fundamental ler nas entrelinhas, identificando pequenas incongruências,
alterações nesses roteiros de gênero, que revelam novos sentidos e ressignificações de
algumas das caracterìsticas “essenciais” desses papéis e tornam-se recursos valiosos no
protesto social.
109
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A ESQUERDA EM TRANSE: apontamentos para a discussão sobre a
situação social no Brasil atual
LIMA, Bruna Della Torre C. (USP)
SANTOS, Eduardo A. C. (USP)
PUZONE, Vladimir Ferrari (USP)
[email protected], [email protected], [email protected]
FAPESP
Pode ser espantosa uma comunicação sobre os impasses da esquerda no Brasil,
especialmente num momento em que o chamado “lulismo” – entendido aqui como uma
forma de governo que vem se consolidando desde 2002 – está no auge de sua
popularidade. No entanto, a chegada ao executivo federal pelo setor majoritário da
esquerda brasileira contribuiu decisiva e paradoxalmente para sua crise. Por isso
mesmo, essa crise não é de modo nenhum evidente. A questão que propomos é tratar o
estado atual das classes trabalhadoras no Brasil, bem como a nova configuração entre
capital e trabalho que vem se desenhando na última década. Trata-se de entender como
os trabalhadores do país encontram-se atados à atual configuração do capitalismo. Isso
pode parecer contraditório, já que os aumentos na renda, apontados pela elevação do
consumo e apoiados pelas políticas de transferência de renda, nos levam a crer que a
classe vive um período de prosperidade como há muito não se via. Entretanto, quais são
os limites desses ganhos diante de possíveis mudanças na economia e política, isto é,
estariam eles estreitamente relacionados a um momento favorável da economia
brasileira em relação ao mundo? Ainda nessa chave, a quais instrumentos analíticos
podemos recorrer para compreender esse perìodo? Seria o “lulismo” uma forma de
neoliberalismo, de neodesevolvimentismo, de socialdemocracia, ou esse fenômeno pede
uma nova formulação teórica? Nossa análise estará dividida em dois níveis. O primeiro
consiste em reconstituir de forma breve a trajetória da classe trabalhadora e de seus
representantes nos últimos anos no Brasil. Essa é a parte mais “experimental” e
delicada, pois faz referência a processos históricos em pleno vigor, ou seja, inacabados.
A segunda seção consiste em fazer um rápido apanhado de algumas análises intelectuais
a respeito desses processos, de modo a dar conta dos problemas e fraquezas da atual
discussão.
ORGANIZAÇÕES E CONFLITOS SOCIAIS: a profissionalização no
terceiro setor
MELO, Marina Félix de (FITS)
[email protected]
A presente exposição diz respeito às conclusões da tese de doutorado em sociologia
intitulada “Profissionalização nas Organizações Não-Governamentais” (PPGS-UFPE,
Brasil; CICS-UM, Portugal). Nesta, analisamos as consequências do atual fluxo de
profissionalização institucional das ONGs face os conflitos sociais daí resultantes. A
investigação revela como e porque ONGs que não se adéquam às exigências de
profissionalização esmaecem diante das possibilidades de financiamento, bem como tais
processos interferem nas perspectivas de trabalho dos agentes que às instituições de
terceiro setor se dedicam.
110
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
POLÍTICAS PÚBLICAS E TEORIA POLÍTICA FEMINISTA:
reflexões sobre as práticas do Conselho Municipal dos Direitos das
Mulheres no município de Londrina/PR
MORENO, Meire Ellen (UEL)
[email protected]
Uma problemática importante do pensamento político contemporâneo é o tratamento da
participação e representação das mulheres na esfera política, que apresenta-se de forma
deficitária. Atualmente, ações afirmativas são empreendidas visando a melhoria dessas
condições, tais como as comissões ou conselhos gestores com participação na tomada
de decisões políticas. Como exemplo desses espaços de participação, tem-se o Conselho
Municipal dos Direitos da Mulher da cidade de Londrina/PR, cujo objetivo é a garantia
à mulher do exercício pleno de sua participação no desenvolvimento dos campos
econômico, político e cultural da sociedade. Neste trabalho, buscou-se apresentar os
diversos modelos de democracia, como forma de organização de sociedades complexas,
assim como a crítica feminista aos seus aspectos mais importantes, além da
apresentação do modelo de democracia comunicativa, sugerida, entre outros, pela
teórica Iris Marion Young, que ressalta a importância da pluralidade de perspectivas
para a inclusão das mulheres na política. A partir do levantamento bibliográfico e do
estudo de caso do CMDM-Londrina/PR, realizou-se uma reflexão sobre as práticas de
atores e/ou instituições no que diz respeito às políticas públicas cujo foco é a superação
das desigualdades entre mulheres e homens nos espaços de poder, considerando os
termos relevantes apresentados na teoria política feminista estudada no que diz respeito
à questão da participação e representação políticas de mulheres.
CONTRADIÇÕES DO PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO
BRASILEIRO: um estudo do pensamento de Florestan Fernandes
PORTELA JR, Aristeu (UFPE)
[email protected]
Este trabalho analisa o modo como Florestan Fernandes (1920-1995) concebe os
obstáculos à concretização da democracia no Brasil e as vias apontadas por ele para
superar tais obstáculos. Elaboramos uma divisão do seu pensamento, no que concerne a
essa problemática, fundamentada nas suas diferentes categorias teóricas e pressupostos
polìticos. No “primeiro momento” (décadas de 1950-60), a revolução burguesa e a
ordem social competitiva são vistas pelo autor como o único caminho para superar os
entraves do “antigo regime” que impedem a universalização da cidadania. Sua
preocupação volta-se para a realização dos requisitos da “civilização moderna” no
Brasil; democracia e ordem social competitiva, polos desse padrão civilizatório,
aparecem como intrinsecamente ligadas. No “segundo momento” (décadas de 1970-80),
altera-se a relação que Fernandes postula entre democracia e ordem social competitiva.
Enquanto democracia “burguesa”, mas de participação ampliada, ela pode e deve ser
dinamizada ainda no interior da ordem capitalista. Mas as classes baixas só a assumem
enquanto bandeira de luta porque a própria burguesia, num contexto dependente e
subdesenvolvido, não pode fazê-lo. Enquanto “democracia operária”, o autor a
considera incompatível com os dinamismos da ordem capitalista, e aponta a necessidade
de as classes baixas lutarem por uma “revolução democrática” no Brasil. A partir desses
111
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
diferentes pressupostos e conceituações, nem sempre compatíveis, Fernandes nos
apresenta um duplo legado: a necessidade de se estudar a democracia brasileira a partir
das lutas e conflitos de classe, por um lado, e da sua relação com o modo de produção
capitalista, de outro lado; aspectos cuja importância precisa ser retomada nos estudos
sociológicos brasileiros sobre essa problemática.
A ADOÇÃO DO CONCURSO PÚBLICO NO BRASIL: a ideia de
atualização no Estado brasileiro no Governo Provisório (1930-1934) de
Getúlio Vargas
SILVA, Rodrigo Pereira da (UNESP)
[email protected]
CNPQ
O trabalho tem como finalidade analisar o debate sobre a adoção do concurso público
como meio de recrutamento do funcionalismo na Constituição de 1934 levando-se em
conta o período histórico e o pensamento social da época. A história do Estado
brasileiro e a forma como o campo político influencia a administração pública são
importantes para entender como foi tomada a decisão de se colocar na Constituição a
obrigatoriedade do concurso público de provas. O recorte histórico do trabalho se refere
à quadra 1930-1934, época do Governo Provisório, chefiado por Getúlio Vargas. Tratase de momento de grandes mudanças estruturais impulsionadas, entre outros fatores,
pela crise de 1929 e seus efeitos na economia cafeeira, passando pelo processo
revolucionário de 1930 e por demais disputas do campo político que têm influência na
vida de toda a sociedade da época. Desta maneira, este trabalho procura compreender os
motivos que levaram à adoção desse critério para ingresso na carreira pública, através
da análise do pensamento social da época, de documentos históricos e das atas da
comissão que elaborou o anteprojeto constitucional.
CONDICIONANTES DA CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS NA FACULDADE DE FILOSOFIA
E CIÊNCIAS DE MARÍLIA
SOUZA, Luana Silva de (UNESP)
[email protected]
Essa pesquisa tem por objetivo analisar como se deu o processo de criação
institucionalização e desenvolvimento do curso de Ciências Sociais da Faculdade de
Filosofia e Ciências de Marìlia. Tomando como referência a noção de “campo” –
desenvolvida por Pierre Bourdieu – para enunciar o espaço ocupado pelas Ciências
Sociais no Brasil como um “campo cientìfico” no qual esse curso de Ciências Sociais
irá se constituir; essa pesquisa pretende identificar quais os condicionantes da criação e
desenvolvimento desse curso, ou seja, quais as práticas, ações e estratégias estabelecidas
pelos agentes sociais – docentes discentes e funcionários da instituição - envolvidos
nesse processo e quais fatores que contribuíram para sua formação; e ao estabelecer os
condicionantes do processo de criação e desenvolvimento do curso de Ciências Sociais
da F.F.C/ Marilia, essa pesquisa também pretende situar esse mesmo curso dentro do
cenário de discussão do processo de institucionalização das Ciências Sociais no país
como um todo.
112
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
A INTERNET COMO FERRAMENTA DE MOBILIZAÇÃO
POLÍTICA
ALVES, Tatiana Teixeira (PUC/MG)
[email protected]
A proposta para o grupo de discussão é o uso da internet como uma ferramenta que
mobiliza e coloca as pessoas no mesmo espaço de discussão. Em tempos que a internet
tem sido cada vez mais usada e o acesso a ela cada vez mais distribuído, fica difícil,
talvez impossível, não colocar as questões que mais afligem o país dentro desse espaço
infinito que é a própria rede, também conhecida hoje como “rede das redes”. Cidadania,
participação política, democracia, todas essas questões viraram alvo de uma população
que antes se manifestava somente nas ruas e agora conta com mais uma possibilidade de
dar volume e força para a sua voz. Os ativistas chamam essa participação online de
“gabinete”, já os usuários que aprenderam que de dentro de casa, em frente ao
computador é possível também se manifestarem, acreditam que toda inquietude pode ser
declarada na rede e quem compartilhar dessas inquietudes que entre na corrente e passe
par frente o quanto mais puder. A questão para ser discutida é: Será mesmo que a
internet tem colocado as pessoas mais a par dos seus direitos? As questões que ganham
amplitude nas redes são mesmo as questões mais relevantes e que merecem espaço? As
pessoas e suas inquietudes tem ganhado de fato mais espaço nas discussões que sempre
existiram no meio da sociedade? Essas ferramentas que estão cada vez mais acessíveis à
população realmente funcionam como ferramentas de mobilização? Se funcionam
mesmo, em que medida? É necessário pensar qual o valor das manifestações online para
as pessoas e se elas realmente incitam a outra parte não conectada da população a
buscar por melhorias. A internet promove uma participação mais ativa ou deixa as
pessoas acomodadas por saberem que podem dar a sua opinião de dentro do seu quarto
ou sentadas no sofá? Qual seria o momento de sair da rede e ir para o protesto real, nas
ruas? Essas são questões que nasceram das atuais circunstâncias da sociedade
brasileira, onde uma frase infeliz escrita em um site de relacionamento promove
comoção e revolta quase que instantânea de grupos considerados “minorias” e leva toda
essa revolta para a população que por sua vez se reconhece na luta e a leva para as ruas
na luta por seus direitos e pelos direitos dos outros. Uma população que se mobiliza por
alguém que foi injustiçado ou maltratado, ou virou motivo de chacota nacional. Uma
população que tomou conhecimento do poder de divulgação das redes e usa isso para
ser vista por todo mundo e agora pode não estar percebendo o real poder de uma rede
que assim como pode ser uma aliada, em algum momento pode também se tornar um
inimigo, daqueles mais próximos.
113
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
MOVIMENTOS SOCIAIS, REDES SOCIAIS E PROTESTOS
PÚBLICOS
SANTOS, Adrielma S. dos (USFE)
OLIVEIRA, Wilson José F. (UFSE)
[email protected], [email protected]
PIBIC-CNPQ
Os movimentos sociais nas últimas três décadas receberam uma atenção maior dos
pesquisadores das ciências sociais. Com as mudanças no contexto político dos países da
América Latina nesta época, os pesquisadores começaram a observar os movimentos
sociais a partir das implicações que as mudanças políticas causavam na forma que estes
movimentos se organizavam. Esta atenção se deve também ao fato dos movimentos
sociais constituírem em si uma explicação para as transformações e conflitos políticos e
culturais da sociedade civil brasileira em determinados períodos históricos. O presente
trabalho, então, pretende analisar certas mudanças ocorridas nos repertórios de ação dos
movimentos sociais a partir da década de 80 e sua relação com a institucionalização dos
movimentos sociais e com atores e organizações político-partidárias. Além disso, o
trabalho busca ainda compreender os conflitos existentes entre os movimentos sociais e
as estruturas dominantes que são confrontadas. Para tal realizamos um estudo
comparativo entre os movimentos sociais da década de 80, 90 e 2000 da cidade de
Aracaju - SE. Isso foi possível através de uma coleta de notícias de protestos públicos,
manifestações de rua, assembleias gerais nos principais jornais locais, que forneceram
dados para construção de um banco de dados no programa de análise SPSS. Os
resultados encontrados permitiram perceber que atualmente os atores dispõe de outros
recursos como a internet para se mobilizarem. Da mesma forma, observou-se que há
uma rede entre os grupos de movimentos sociais que se articulam em cenários políticos
diferenciados e nos meios virtuais. Este estudo é importante por que demonstra as novas
configurações dos movimentos sociais na sociedade civil brasileira, mais
especificamente na cidade de Aracaju/SE.
114
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão IV: Políticas Públicas – instituições e atores sociais
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Fabiana Luci de Oliveira (UFSCar)
A IDEOLOGIA DOS JORNAIS
CARVALHO, Rodrigo de (PUC/SP)
[email protected]
A análise do papel dos meios de comunicação impressos na formação do pensamento
hegemônico da sociedade contemporânea no Brasil, através de uma identificação das
atuais caraterísticas da luta de ideias a partir de uma nova realidade política; a definição
ideológica e os compromissos dos meios de comunicação; as principais contradições
entre interesses econômicos dos jornais e o jogo de poder; o alcance atual dos jornais e a
influência na formação da opinião pública são os elementos principais que este trabalho
procura demonstrar através de verificações teóricas bibliográficas e demonstrações de
argumentos baseados nos editoriais dos jornais Folha de São Paulo, O Globo e O Estado
de São Paulo, três dos principais veículos de comunicação no Brasil. A base teórica
sobre o conceito de hegemonia é formado a partir do filósofo Antônio Gramsci. O papel
ideológico dos jornais se estabelece a partir da ideia de neutralidade que os veículos de
comunicação tentam imprimir à sociedade. A partir da nova composição de governo,
fica a questão se os meios de comunicação, destacadamente os jornais impressos ainda
cumprem o papel de formadores de opinião na sociedade, capazes de influenciar nas
decisões políticas das instituições? Os jornais se transformaram em partidos de oposição
ao governo? A relação entre poder e jornais altera o conteúdo jornalístico das
publicações? O elemento central do estudo é verificar as práticas de poder, a luta de
ideias na sociedade e a respectiva disputa ideológica na sociedade brasileira na
atualidade.
INFORMAÇÃO: o caminho para a reivindicação de políticas públicas
de cultura com equidade de acesso
DANTAS, Daniele Cristina (ENCE/IBGE)
[email protected]
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
A elaboração de políticas públicas demanda que o planejador tenha informações sobre o
espaço sobre o que deseja que sua ação organizada seja aplicada, da mesma forma que
necessita de informações sobre os meios necessários para atuar em dado local. No
processo de implantação e execução das políticas públicas, a informação se apresenta
como ferramenta importante nos processos de gestão, no monitoramento e ajuste de
rotas, assim como nos processos de avaliação da política implantada. De acordo com
dados do Ministério da Cultura e do IBGE, nota-se que, na área cultural no Brasil
(assim como em algumas outras), as políticas públicas apresentam um histórico de
concentração de investimento na região Sudeste e nos centros urbanos quando em outras
regiões. Baseado neste cenário a proposta deste trabalho é apresentar reflexões sobre a
importância da informação para o planejamento e monitoramento das políticas públicas
115
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
de cultura ampliando a reflexão para s conflitos gerados no campo simbólico ao se
privilegiar uma região em detrimento de outras; assim destacar o papel de estatísticas e
indicadores culturais contextualizando a forma como tais informações qualificadas dão
suporte a processos de reivindicação e validação de discursos na busca por equidade de
acesso a direitos constitucionais, como é o direito a cultura. A leitura crítica de
referências teóricas acerca das temáticas da política pública, do acesso cultura e dos
direitos culturais e do uso de estatísticas e indicadores nos processos de gestão e de lutas
por direitos sociais serão a base metodológica do trabalho.
A INTERAÇÃO ENTRE OS SENADORES BRASILEIROS NO
PROCESSO DE PROPOSIÇÃO E JULGAMENTO DE PROJETOS
DE LEI
MAUERBERG JUNIOR, Arnaldo (EAESP/FGV)
STRACHMAN, Eduardo (FCLAr/UNESP)
[email protected], [email protected]
O comportamento parlamentar brasileiro vem sendo bastante estudado nos últimos anos.
Autores como Fernando Limongi, Argelina Figueiredo, Carlos Pereira, José Cheibub,
Timothy Power, entre outros apresentam uma série de estudos com o foco maior no
presidencialismo de coalizão brasileiro: sua estabilidade, meios de manutenção,
principais atores, etc. Dentro deste escopo, o comportamento dos Deputados Federais
tem sido massivamente estudado. Nota-se, entretanto, certa escassez de análises
referentes aos outros agentes parlamentares, a saber, os Senadores. Desta feita, o foco
deste estudo é analisar como interagem os Senadores brasileiros no âmbito das
comissões fixas daquela casa de leis. O trabalho busca apresentar as ligações entre os
agentes e aprofundar, na medida do possível, quais são as características em comum que
permitem a observação de tais contatos. O foco do estudo reside exclusivamente sobre
os Senadores, excluindo seus contatos com demais agentes públicos. Os objetivos do
estudo são: montar a rede de contatos entre os Senadores Brasileiros no período da 52ª
Legislatura. Identificando tendências, relações esperadas e não esperadas; e apresentar
as características da produtividade parlamentar no escopo tratado, apontando os
Senadores mais atuantes e as comissões mais movimentadas. A metodologia empregada
é a Análise de Redes Sociais (Social Network Analysis), com a qual serão apresentadas
figuras de interação, semelhantes a mapas, onde os agentes podem ser observados
interagindo entre si. O objeto de estudo para a obtenção de tais figuras (ou grafos como
na terminologia adequada) é o parecer oferecido por dado Senador a um projeto de lei
de algum colega seu.
116
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
POSSIBILIDADES E OPORTUNIDADES DE ATUAÇÃO
POLÍTICA: estudo sobre a formação do grupo de trabalho de ações
afirmativas no processo de reivindicação por cotas de ingresso na
UFRGS
PROLO, Felipe (UFRGS)
[email protected]
CNPQ
Tratou-se de uma pesquisa de mestrado sobre o processo de formação de um coletivo de
estudantes da UFRGS, intitulado Grupo de Trabalho de Ações Afirmativas, que se
propôs a estudar e reivindicar a implementação do sistema de cotas na referida
instituição, entre 2005 e 2007. Buscou-se fatores que explicassem sua ocorrência no
contexto estudado, envolvendo os indivíduos participantes e as condições estruturais da
instituição que permitiram seu surgimento. Aliando teorias sobre a ação social, a partir
da constituição de “projetos” individuais e coletivos, e sobre ações coletivas, a partir da
noção de “estrutura de oportunidades polìticas”, procurou-se captar o que concedeu
sustentação a esta organização. Com entrevistas orais semiestruturadas com os membros
do grupo, obteve-se informações sobre suas experiências educacionais e coletivas,
projetos pessoais em relação à universidade, as formas de contato com o tema das cotas
e os processos que os levaram a tornarem-se participantes do grupo, bem como a
atuação neste no processo que perdurou até a aprovação da medida na universidade,
momento após o qual o grupo se desfez. A conclusão a que se chegou é a de que a pauta
“cotas” foi - enquanto instrumento para reivindicação em torno do qual convergiram as
insatisfações e objetivos difusos de seus membros, conferindo sustentação à
organização - menos do que por seu conteúdo intrínseco (percebido enquanto pauta
viável para o exercício da mobilização), adotada pelos membros do grupo como forma
de atribuírem significados às suas atuações enquanto estudantes universitários.
Demonstrou-se que são nas situações sociais que se produzem os fundamentos para o
surgimento de ações políticas que buscam suas transformações, e fez pensar sobre a
situação do universitário brasileiro atualmente.
AS IMPLICAÇÕES SOCIAIS DAS POLÍTICAS DE ESCOLA EM
TEMPO INTEGRAL: concepções, práticas e perspectivas
RABESCO, Rafaela (UFSCar)
[email protected]
Diante da discussão histórica acerca da função social da escola no Brasil, nos chama a
atenção que na atualidade a criação de diversas políticas públicas vem sendo embasadas
no binômio: educação integral/educação em tempo integral. A partir disso, este projeto
tem como objetivo central analisar o processo e as implicações sociológicas das
políticas públicas brasileiras de implementação da Escola em Tempo Integral. Partindo
da análise de documentos e relatórios oficiais, e da revisão bibliográfica sobre o tema,
os pontos a serem analisados de maneira geral são: a) em que medida as influências
externas do Banco Mundial atuam na elaboração e implantação das políticas sociais
(educacionais) no Brasil; b) se há uma transformação nas expectativas\funções da escola
como instituição social e em que sentido ela ocorre; c) em que medida esse modelo
expõe a contradição fundamental da escola hoje, atribuindo-lhe o papel de contenção da
117
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
violência\criminalidade, como espaço da “guarda” de crianças em situação de
vulnerabilidade social, ao passo que busca formar mão de obra para o mercado de
trabalho; d) quais são os impactos na sociabilidade dos sujeitos envolvidos nesse
processo (alunos, professores, pais e gestores) em relação a perspectivas a respeito das
mudanças no regime escolar. Por fim, esta pesquisa, de caráter qualitativo, (através de
entrevistas e observações) analisa a relação entre os aspectos formais e a realidade
identificada, bem como seus limites e potencialidades, diante da implantação, em 2012,
da primeira Escola em Tempo Integral em Araraquara.
JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA COMO BUSCA DE UMA
MORALIDADE POLÍTICA: um estudo sobre a Lei de Ficha Limpa
ROCHA, Décio Vieira da (UENF Darcy Ribeiro)
[email protected]
FAPERJ
O presente trabalho tem como objetivo descrever e refletir sobre a crescente
participação do Judiciário nas decisões políticas no Brasil, processo conhecido como
“judicialização da polìtica” como forma de ter subsìdios teóricos e analìticos pra
compreender o processo que derivou na Lei Complementar n°135, conhecida
popularmente como a “Lei de Ficha limpa”. A lei de ficha limpa acompanha o processo
de crescimento da atuação do Judiciário e o maior envolvimento que a sociedade civil
tem tido a partir de uma extensão da esfera pública. Assim sendo, tentamos
compreender qual foi o contexto que possibilitou essa lei, quais são as implicações da
mesma no sistema eleitoral, e como ela modifica o jogo das relações de poder entre os
diferentes atores políticos.
O PROBLEMA POLÍTICO DA JUVENTUDE NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO
RUGGIERI NETO, Mário Thiago (UNESP)
[email protected]
CAPES
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão teórica sobre a constituição
de um novo campo de reflexão e prática políticas na sociedade brasileira, o campo das
políticas públicas de juventude. Desde meados da década passada assistimos no Brasil
um crescente interesse em torno da juventude e de seus “problemas”. Notadamente a
partir do primeiro governo Lula, uma série de marcos legais e normativos começam a
dar contornos a uma inédita política nacional de juventude, a qual passa pela definição
dos direitos intrínsecos à este segmento populacional. Segue-se assim em debate
legislativo o Estatuto da Juventude, cujo escopo deverá servir como fundamento e
diretriz legal para formulação de políticas públicas. Há ainda, por parte de movimentos
sociais e do meio acadêmico, certo consenso em relação à necessidade de
reconhecimento das especificidades dos jovens. Enfim, de uma maneira geral, pode-se
verificar um movimento de reflexão e incorporação da juventude ao hall de “problemas
sociais” com os quais nossa sociedade deve saber lidar. A juventude, além de ser uma
condição biológica, é uma condição social, produzida e experimentada no interior da
118
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
dinâmica de relações em uma sociedade determinada. Como instituição, sobre ela
projetam-se expectativas e ideologias, das quais os indivíduos ora se afastam, ora se
aproximam em sua vida concreta. De alguma forma, a juventude, experiência variável e
socialmente determinada, vem sendo alvo e justificativa de ações e tomada de decisões
políticas. Este trabalho buscará analisar em que medida a juventude, como condição
biológica e social, representa um problema político, em torno do qual se definem as
políticas públicas.
JORNAL MOVIMENTO: um ensaio sobre as frentes-jornalísticas na
transição política brasileira
SEVES, Natália Cabau (UEL)
[email protected]
Ao redor daquilo que Gramsci denomina Jornalismo Integral (“revistas tìpicas”)
constituem-se círculos de cultura que buscam criticar os trabalhos produzidos em
gestão colegiada por cada redator/a individual contribuindo-se, daí, a instituir uma nova
competência técnica e política para um trabalhador/a-intelectual coletivo/a que o/a
eleve ao nível do/a mais bem-preparado de todos/as. É dessa forma de gestão colegiada,
presente nos círculos de cultura de Gramsci, que se aproxima a experiência do frentejornalismo no Brasil no combate à Ditadura Civil-Militar. O presente projeto de
pesquisa tem como proposta inquirir a história social e política do jornal-frente
Movimento, uma organização com seus limites expandidos –ou seja, um jornal que
pretendeu funcionar como uma concepção ampliada de partido–, para trazer à tona
contribuições desta organização para a história dos grupos sociais subalternos e
possibilitar a explicação ∕ compreensão que se-a eleve do abstrato (conceito) ao concreto
(real).
INTERNET E CAMPANHAS ELEITORAIS: uma relação dialética
nas eleições 2012 em Natal/RN
SILVA, Maria Aparecida Ramos da (UFRN)
[email protected]
O mundo contemporâneo passa por inúmeras transformações sociais, impulsionadas
sobremaneira pela expansão das Tecnologias da Informação e Comunicação, em um
novo momento da Modernidade. Essas ferramentas ganharam visibilidade na eleição de
Barack Obama, em 2008, nos Estados Unidos. No Brasil, um dos reflexos foi
minirreforma eleitoral, liberando o uso da internet para propaganda política, por meio de
blogs, redes sociais e sítios de mensagens instantâneas. No entanto, percebe-se que a
utilização dessas mídias no contexto eleitoral não diminui a necessidade de utilização do
formato tradicional de fazer campanhas políticas, principalmente, a televisão. É uma
relação dialética, já que as grandes coligações que estão à frente das pesquisas eleitorais
nem sempre têm o melhor desempenho nesses espaços. Dessa forma, este estudo visa
analisar como os web sites e redes sociais oficiais foram utilizadas pelas
candidaturas majoritárias nas eleições municipais em Natal/RN, em 2012, delimitando e
definindo sua importância no processo.
119
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
ENSINO SUPERIOR PÚBLICO BRASILEIRO: a estrutura da
política de expansão
ZAMBELLO, Aline Vanessa (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Nos últimos anos, o debate sobre o papel das políticas públicas tem levado em
consideração a sua capacidade de promover empoderamento e capabilities e
modificando a perspectiva liberal do Estado. No Brasil temos ainda um cruzamento com
o Estado como promotor do bem-estar coletivo – a trajetória do novo
desenvolvimentismo. Um termo síntese mais recente para esse processo em curso no
Brasil é o de configuração de uma engenharia democrática inclusiva (como sugerido por
Cepêda), que tem como marco inicial a Constituição Federal de 1988 e é acelerada pela
onda de mudanças na democracia participativa e políticas públicas de proteção e
promoção de igualdade. Como exemplo deste processo, apontamos a expansão do
ensino superior público através do REUNI e PROUNI, a democratização do acesso a
vagas as IFES através de Ação Afirmativa (reserva/cotas) e adoção do ENEM e SiSU
como formas de promoção de igualdade. Todas essas políticas têm focos e estratégias
diferentes, atuando de maneiras distintas, oscilando entre a redistribuição direta de bemestar e de capitais sociais/capabilites. Neste trabalho pretendemos apresentar uma
análise do estado da arte desta política no Brasil, no formato de descrição anatômica do
processo de expansão em suas características fundamentais: 1) quantitativa: vagas e
instituições; 2) geográfica e federativa: interiorização, projetos em fronteiras, campi em
periferias e 3) de acesso a inclusão social (cotas/reserva de vagas).
120
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 4: SOCIOLOGIA DAS CRENÇAS RELIGIOSAS
Sessão I: Diversidade Religiosa Contemporânea
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/ Marília)
CHINESES NO RIO DE JANEIRO: notas sobre nação, território e
identidade através da prática comercial e religiosa
ARAUJO, Marcelo da Silva (Colégio Pedro II)
[email protected]
Constituído em parte por reflexões genéricas sobre a presença de imigrantes chineses no
Rio de Janeiro e em parte pelo resultado de pesquisa etnográfica com chineses
evangélicos, pretende-se abordar está presença quanto aos seus aspectos comercial e
religioso, dimensões que se imbricam para formatar as utilizações práticas e as
representações simbólicas das noções de nação, território e identidade. As
interpenetrações entre estas devem ser compreendidas à luz do conceito de identidade
sem territorialidade, que proporciona a leitura da inexistência da fixidez destas noções
na realidade contemporânea do grupo. Assim, tais categorias surgiriam menos como
demarcadores de realidades concretas e mais como noções que se fundem no estrangeiro
e que só têm significado quando consideradas as novas filiações e as estratégias para
recomposição do ser chinês.
ÑE‟ Ë: a corporalidade guarani através de sua religiosidade
BERTAPELI, Vladimir (UNESP)
[email protected]
CAPES
No pensamento Guarani há uma ligação entre “alma” e “fala”. A categoria nativa que
melhor expressa isso é ñe‟ ë e significa “palavra”, “voz” e, ao mesmo tempo, “alma”. A
palavra é de origem divina e é comum aos deuses e aos homens. É ela que anima o
corpo, pois o nascimento é o momento em que a palavra se assenta ou provê para si um
lugar no corpo da criança. Portanto, é por meio da palavra que o indivíduo se mantém
em pé, que o humaniza. Além disso, a etnologia sobre os Guarani aponta que a
corporalidade destes está vinculada à religião. Esta, por sua vez, influencia as regras de
cuidados, nas explicações sobre as causas das doenças e suas curas, os períodos de
resguardo, o uso de enfeites, à educação, etc. Diante do exposto, nesta comunicação
faço alguns apontamentos sobre a noção de corpo existente entre os Guarani. Para isso,
busco analisar seus cantos sagrados que podem ser encontrados em “Ayvu Rapyta:
textos míticos de los Mbyá-Guarani Del Guairá” e “As lendas de criação e destruição do
mundo como fundamento da religião dos Apapocuva-Guarani” –, copilados
respectivamente por Léon Cadogan e de Curt Unkel Nimuendaju. Por fim, faço ainda
uma comparação de tais cantos com as narrativas míticas contadas pelos meus
121
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
interlocutores Tupi Guarani da Terra Indígena Piaçaguera, localizada no litoral de São
Paulo.
A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS RELIGIOSOS NA POLÍCIA
MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
JÁCOMO, Luiz Vicente Justino (USP)
[email protected]
CNPq
Através deste paper propõe-se a discussão sobre a prestação de serviços religiosos
através de entidades organizadas e confessionais dentro da Polícia Militar do Estado de
São Paulo (PMESP). Através dos dados obtidos em pesquisa etnográfica realizada junto
a esta instituição, foi possível identificar quatro grupos ou associações de caráter
religioso que ali atuam, a saber: PMs de Cristo, de caráter evangélico; os PMs à
Caminho da Luz, de orientação espírita kardecista; os PMs de Axé, adeptos de religiões
afro-brasileiras; e a Capelania Católica da PMESP. Cada um desses grupos organiza
atividades, promove eventos e reuniões e participa ativamente do cotidiano dos policiais
militares, seja na fase de formação de novos policiais nas academias ou no trabalho de
rua dos policiais militares. O objetivo aqui, de forma mais específica, é abordar as
formas através das quais estes grupos fornecem, cada qual à sua maneira, serviços de
aconselhamento, orientação e amparo psicológico aos policiais militares. As hipóteses
tratadas aqui dizem respeito ao fato de que há, de certa forma, uma reorientação ou uma
ressignificação do próprio trabalho policial que advém do contato ou do pertencimento
destes policiais a tais grupos religiosos.
“SE A ESCOLA NÃO FALA DA MINHA RELIGIÃO, ELA ME
CALA TAMBÉM”: experiência religiosa dos estudantes no
IFBA/Salvador
MAGALHÃES, Rafaela Melo (UNEB)
[email protected]
CAPES
As reflexões apresentadas constituem parte da pesquisa de mestrado, desenvolvida no
programa de Mestrado em Educação e Contemporaneidade – PPGeduc / UNEB, cuja
investigação visa compreender as estratégias realizada pelos estudantes que servem de
mediação na aquisição do conhecimento formal, frente às suas experiências religiosas.
A pesquisa foi estruturada em duas etapas: uma de caráter quantitativo (mapeamento de
pertenças religiosas) e a 2ª etapa, de cunho qualitativo. Os dados apresentados, portanto,
constituem parte da pesquisa qualitativa, com observação participante, realização de
grupo focal (grupos de discussão) com estudantes previamente selecionados, realizada
entre dezembro e janeiro de 2013. As problemáticas levantadas para os grupos foram:
Religião se discute na escola? Como e de que forma? A escola está preparada para lidar
com a diversidade religiosa? Vocês percebem conhecimentos adquiridos na escola que
tem concordância ou divergem com/dos seus princípios religiosos? Quais? Como agir
diante de tais situações? Para os estudantes, o IFBA não abre espaço para questões
religiosas, nem em projetos específicos, nem no espaço da sala de aula. O silenciamento
122
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
frente a experiência religiosa, os afeta diretamente. Além disso, podemos concluir que
para, os estudantes, a escola não lida com as questões religiosas, não valorizando as
individualidades e a unidade dos sujeitos; 2- os professores são/ estão despreparados
pala lidar coma diversidade religiosa, agem muitas vezes, de forma discriminatória e
preconceituosas; 3- para eles, a religião é instrumento importante na aquisição do
conhecimento, seria então, interessante e útil que a escola aprende-se a lidar com essa
questão.
A PRESENÇA DA RELIGIÃO EM AÇÕES DOCENTES DE
ESCOLAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
MAK, Denise (PUC/SP)
[email protected]
CAPES
O presente estudo tem por finalidade investigar se a religião tem sido abordada dentro
do âmbito escolar por agentes educacionais, especificamente de educação infantil, no
município de São Paulo. Com base nas contribuições de Bourdieu (2004) e Fernandez
Enguita (1995), há a pretensão de coleta de informações sobre como educação e religião
tem se interligado dentro da escola pública laica contemporânea. Nesse sentido, serão
colhidas informações sobre tais ações e analisadas à luz das perspectivas que
consideram a religião como um bem simbólico reproduzido dentro da escola
especificamente como forma de violência simbólica, considerando o fato dos agentes
sociais veicularem o forte aspecto cultural brasileiro da religião nessa instituição. Para
tanto, serão realizadas observações e coletas de materiais nos diferentes lugares da
escola.
A REALIDADE RELIGIOSA DO BRASIL: UMA LEITURA DO
CENSO DEMOGRÁFICO DE 2010
MARTINS, Marques Alves (PUC/Goiás)
[email protected]
O presente artigo é uma análise sócio antropológica da realidade religiosa brasileira a
partir dos dados estatísticos levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) no ano de 2010. O que se pretende apresentar é como a sociedade
brasileira em plena era de „modernização‟ e secularização trabalha ou reage com os
resultados obtidos pela pesquisa do Censo Demográfico de 2010. Para tanto, vamos
lançar mão de renomados autores das mais variadas áreas do saber, como por exemplo,
antropólogos, sociólogos, filósofos e cientistas da religião, na perspectiva de melhor
elucidarmos essa teia de relações em que se configura nossa sociedade brasileira.
Demonstraremos e evidenciaremos alguns dados numéricos do Censo Demográfico de
2010, para assim, confrontá-los com as teorias e princípios elaborados e defendidos por
tais autores, na perspectiva de que esse novo “olhar favoreça um diálogo” aberto e
crescente no que tange às práticas e crenças religiosas presente no cenário nacional e até
mesmo latino-americano. Palavras-chaves: realidade brasileira; religião; secularização.
123
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
JUVENTUDE E RELIGIÃO: as novas formas de crer da juventude na
contemporaneidade
OLIVEIRA, Wellington Cardoso de (UFG)
[email protected]
A religião sempre teve um papel de destaque na vida dos indivíduos, principalmente no
que tange a formação de uma visão de mundo e de sua organização. No caso da
juventude, por muito tempo a religião herdada dos pais, sempre teve enorme influência
na forma com que os jovens viam e percebiam o mundo. Entretanto, nas últimas
décadas tem sido possível perceber transformações na forma com que os jovens e
expressam e reafirmam suas crenças religiosas. O presente trabalho pretende discutir o
lugar da religião na vida dos jovens, e como a juventude atual tem expressado sua
religiosidade. Para isso, utilizar-se-á dados recentes do censo do IBGE sobre religião e
sua configuração na sociedade atual.
RELIGIOSIDADE E JUVENTUDE UNIVERSITÁRIA NA
AMÉRICA LATINA: reflexões a partir da Universidade Federal de
Minas Gerais/Brasil
PINHEIRO, Marcos Filipe Guimarães (OTIUM-UFMG)
[email protected]
Este trabalho pretende discutir as recentes alterações no âmbito religioso entre a
juventude universitária na América Latina, sobretudo no contexto brasileiro, tendo
como ponto de partida a UFMG. Torna-se necessário estudar como jovens de diferentes
credos religiosos articulam em suas experiências universitárias elementos do mundo
secular. Em períodos de pós-modernidade, um novo e revigorante fôlego vem sendo
dado às diferentes maneiras de se relacionar com o religioso. Mesmo entre jovens, em
décadas passadas tidos como militantes políticos, desinteressados pela religião, ela está
bem viva e atuante, tanto na esfera privada quanto na pública, revigorada em suas
diversas e múltiplas epifanizações. Até mesmo, e cada vez mais, no ambiente que se
cobrava cético, racional e cientìfico: as universidades. Essa “cientificidade” presente nas
universidades, extremamente valorizada, requerida e cobrada atualmente, pode ser
considerada reflexo de objetivos apresentados no último século, época tida como a da
razão. Período que buscava e anunciava uma hegemonia da ciência e maneiras de
explicar o mundo inteiramente desencantadas, já desprovidas da necessidade de apelo à
magia, ao sobrenatural, às explicações que escapam do controle racional. Entretanto, as
universidades brasileiras estão repletas de grupos religiosos que se reúnem para orar,
cantar, missionar, entre outros, ocupando diversos espaços. A universidade, enquanto
espaço de desdobramentos de processos de escolarização e de formação profissional,
sofre interferências inúmeras, de diversas ordens sociais, culturais e políticas. E dentre
essas, são afetados também pela religião, pelas crenças do indivíduo, uma vez que a
religiosidade pode estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e
motivações no ser humano; ajustar as ações, os comportamentos e conduzir condutas.
124
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PESSOA E SOCIEDADE: diálogos e desafios antropológicos
ROSA, Patrícia (UNESP)
[email protected]
A presente pesquisa tem como tema as diferentes concepções de pessoa no pensamento
antropológico. Buscaremos problematizar o conceito de pessoa presente em Marcel
Mauss com a discussão de Norbert Elias sobre a relação indivíduo e sociedade,
convergindo, dessa forma, para um alargamento da categoria antropológica outrora
proposta pelo etnólogo francês. Apesar de pertencerem a diferentes tradições
intelectuais, os autores concordam que os diversos aspectos inerentes ao indivíduo –
físico, psíquico, social e histórico – operam a partir de uma interação entre si e com a
totalidade. Assim, tanto Mauss quanto Elias afirmam que o indivíduo não pode ser
compreendido isoladamente e que sua relação com a sociedade é a chave para a
discussão dessa temática. Tal questão é contemplada quando estamos em campo entre
os sujeitos dessa pesquisa: um grupo de religiosas da Ordem de Santa Clara
enclausuradas em um mosteiro localizado na cidade de Marília, região Centro-Oeste do
estado de São Paulo. Observando que o confinamento em uma instituição fechada
suscita uma reconfiguração de relações, funções e papeis sociais, buscaremos
compreender a noção de pessoa para esse grupo a partir da relação indivíduo e
sociedade, desnaturalizando, assim, o abismo que aparentemente existe no mundo
contemporâneo entre ambos. Exploraremos a temática em questão por meio da
Antropologia Interpretativa proposta por Clifford Geertz, no intuito de contribuir com
estudos para o campo das teorias antropológicas.
PÔSTER
CANDOMBLÉ EM LONDRINA: análise histórica e social do processo
de luta e resistência
BAPTISTA, Jamile Carla (UEL)
[email protected]
Esse trabalho visa analisar a questão histórica e social dos terreiros de Candomblé na
cidade de Londrina – Paraná. Partindo da premissa que a cidade em questão a ser
estudada tem sua formação no começo do século XX, mais precisamente nos anos 30,
entendemos que Londrina está inserida em processo de colonização tardia, esse
processo tem como característica a grande presença negra em sua história, esses negros
vieram para Londrina com a propagada realizada pra recrutar mão de obra. Fato notório
e necessário ressaltar que alguns negros que aqui chegaram trouxeram consigo as
religiões de Matriz Africana, Candomblé e Umbanda. Sendo assim esse trabalho visa
analisar a implementação das primeiras casas de Candomblé na cidade e como essas
interagem com o espaço e com o território em questão. A análise também é feita no
âmbito das questões raciais, no qual, é analisado qual a relação estabelecida pelos
Yálorixa e Babalorixa em relação ao posicionamento do preconceito sofrido na
implementação das casas. Por fim necessário trabalho é realizado um catálogo sobre os
terreiros e seu posicionamento geográfico na cidade em questão. Esse levantamento foi
realizado nos últimos dois anos e catalogado de maneira simples que dão um sentindo
125
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
nessa pesquisa. Esse lavamento é feito mediante as demandas solicitadas nos últimos
anos sobre o estudo das religiões de Matriz Africana no Brasil.
A cura pelas mãos: A imposição das mãos nas religiões cristãs e no
Reiki
CAMARGO, Bruna Quinsan (UFSCar)
MESQUITA, Carla F. C. (UFSCar)
MARTINS, Marília S. (UFSCar)
NUNES, Matheus C. (UFSCar)
GRUPIONI, Tatiana (UFSCar)
[email protected];
A imposição das mãos é utilizada por diversas crenças e religiões como formas de
transmitir ou se ligar a uma Força Maior. Ela pode estar relacionada à cura (física,
psicológica ou espiritual) ou ao pedido de que todas as coisas cooperem para o bem
daquele que a recebe. No catolicismo e no pentecostalismo a imposição das mãos é
usada na bênção, e no espiritismo é usada no passe. Também se faz uso dela na prática
do Reiki. A bênção é entendida de forma diferente em cada onda do Pentecostalismo e
no Catolicismo, mas todas têm como base as palavras do Evangelho, que dizem que
Jesus curava com as mãos e que seus apóstolos deveriam fazer o mesmo. “Em meu
nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se
beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os
enfermos, e os curarão.” (Marcos 16:17-18). No Catolicismo e no Pentecostalismo a
bênção pode ser entendida como uma ligação entre Deus e seus fiéis para que sejam
realizadas obras nas suas vidas. O Sacerdote exerce a função de canal entre Deus e o fiel
e pela imposição de suas mãos é derramada a unção divina. O passe espírita é realizado
a partir da imposição das mãos sobre o paciente, para transmitir energia do passista, das
espiritualidades ou da soma de ambos com a finalidade de cura.O Reiki consiste na
transmissão da Energia Universal pela imposição das mãos do Mestre para o paciente,
com o intuito de cura de enfermidades e disfunções. Há divergências e convergências
entre essas formas de cura pela imposição das mãos. O Mestre Reiki, assim como o
Sacerdote cristão, serve como um canal, o que diferencia o Reiki e a bênção do passe,
pois neles a energia vital do mestre e do sacerdote não é transmitida, mas sim a Energia
Universal e o Espírito Santo.
126
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Mudanças e Controvérsias Evangélicas
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Dr.ª Claudirene Aparecida de Paula Bandini (UFSCar)
NEOPENTECOSTALISMO E A “ESCOLA DO AMOR”: o papel das
representações de gênero para o projeto-político- assistencial da Igreja
Universal do Reino de Deus (IURD)
AZEVEDO, Pedro Costa (UENF)
BARBOSA, Julia Guimarães (UENF)
[email protected], [email protected]
FAPERJ
O presente trabalho surge a partir de reflexões obtidas durante a realização da pesquisa
iniciada no ano de 2009 intitulada Ações assistencialistas e atuação política:
considerações sobre a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Campos dos
Goytacazes-RJ. Buscamos, sobretudo a partir da observação etnográfica, identificar os
artifìcios utilizados para a composição de um projeto polìtico/assistencialista “iurdiano”.
A consolidação desse projeto converge na configuração de uma agenda religiosa
voltada para mobilização de diversos temas que possibilitem o proselitismo
denominacioal o qual se estrutura através da elaboração de discursos que fortalecem e
valorizam determinadas práticas sociais. O programa The Love of School torna-se então
um campo de investigação para entendermos melhor como se configuram as identidades
de Gênero vinculadas pela IURD. É possível identificar o papel estratégico na
consolidação da ideia de família calcada no modelo patriarcal, e dentro dele o papel da
mulher como mantenedora dos laços matrimoniais. No mundo ocidental, a construção
da identidade feminina, entendida como construção de gênero, efetivou-se em grande
parte dentro dos quadros de pensamento cristão, tendo como referência fundamental a
sexualidade. Embora se dirijam a todos os cristãos – homens e mulheres – e a castidade
e a abstinência sejam recomendadas para ambos, percebe-se no discurso da IURD a
construção de um modelo desejado de identidade feminina ancorado na negação da
sexualidade. Atrelado à honra masculina, o padrão de comportamento sexual requerido
para as mulheres ainda se define por aquelas antigas noções de recato e pudor, tendo
como consequência a desqualificação moral daquelas que não os seguem, com
consequências práticas sobre seus direitos como cidadãos (Lima, 2005).
CONCEPÇÃO DE CULTURA E RELIGIÃO DE GEERTZ
APLICADA À ANÁLISE DO NEOPENTECOSTALISMO
CESARINO, Flavia Tortul (UNESP)
[email protected]
O Protestantismo tem sido alvo de diversos estudos há algum tempo, porém, a
continuidade dos mesmos se faz necessária devido ao grande número de adeptos que
têm crescido nas duas últimas décadas no Brasil. Segundo dados obtidos pelo Censo do
127
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
IBGE de 2010, os evangélicos no Brasil já somam 22,2% da população, sendo que 60%
deles são de origem pentecostal, 18,5% evangélicos de missão e 21,8% evangélicos não
determinados.
Observa-se assim que as Igrejas Pentecostais e as Igrejas
Neopentecostais concentram o maior número de fiéis. O fenômeno social a ser
analisado neste trabalho é o Neopentecostalismo, alvo de diversas classificações, objeto
de apropriações e sincretismos que nos remetem à própria cultura brasileira, isto é, este
fenômeno é uma expressão cultural que possui influências estrangeiras (como será
observado no conjunto de suas práticas religiosas e sua origem histórica), mas, para que
se possa compreender a construção do Neopentecostalismo, fruto da cultura brasileira, é
necessário primeiro compreender o conceito de cultura, neste caso, no sentido
antropológico, ou seja, desde a origem da utilização do conceito pelos antropólogos
evolucionistas, até a interpretação mais moderna do conceito de Cultura cunhado por
Clifford Geertz, e também como o mesmo concebe o conceito de Religião, para que se
possa analisar o Neopentecostalismo sob a ótica deste autor. Além disso, o próprio
Neopentecostalismo bem como sua caracterização também serão alvo de investigação
neste artigo, tendo como base o pensamento do sociólogo Ricardo Mariano. Portanto,
através de pesquisa bibliográfica e analítica, isto é, com um bom arcabouço teórico, este
trabalho tem por objetivo compreender principalmente os conceitos de cultura e religião
de Clifford Geertz, com o auxílio do diálogo com alguns autores, tais como com um
comentador de Tylor e Franz Boas, o próprio Tylor e Durkheim, para interpretar este
fenômeno social tão em voga atualmente, que é o Neopentecostalismo.
NOVA TOLERÂNCIA INTOLERANTE: MUDANÇAS DE
RELAÇÕES DE GÊNERO NAS ASSEMBLEIAS DE DEUS
COSTA, Otávio Barduzzi Rodrigues da (Universidade Metodista)
[email protected]
IEPG
A intenção deste trabalho é mostrar as mudanças ocorridas no cenário Pentecostal
Brasileiro em especial as Assembleias de Deus. Para ser mais especifico há de se
mostrar aqui as mudanças diversas relacionadas aos costumes, teologia, ética e rituais
que as Assembleias de Deus e algumas igrejas que se espelham nelas estão passando.
Em especial enfocar-se-á nesse trabalho as mudanças em relação a gênero, tais como
ordenação de pastoras, mudanças no sentido familiar do papel da mulher, mudança nos
sentido midiático, mudanças no discurso, na valorização da mesma dentre outros
apontamentos de gênero do que era há 15 anos atrás e de como é agora. O objetivo é
apontar as diversas mudanças que esse grupo tem passado e mostrar as causas e
influencias tais como a mídia e a teologia da prosperidade tem se infiltrado em
organizações religiosas que antes não aceitavam tais influencias. Ocorre que tais
influencias tiveram um impacto grande nas relações de gênero que pretendem ser
apontadas, mas não esgotadas. A metodologia usada é observação participante.
Chegamos à conclusão de que os autores tradicionais não mais alcançam as rápidas e
diversas mudanças pelas quais estas instituições têm passado, sem o entanto
desconsiderar a grandessíssima contribuição deles, porém necessário se faz, ao analisar
o fenômeno do pentecostalismo novas lentes de pesquisa.
128
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE E A IGREJA UNIVERSAL DO
REINO DE DEUS
GALLO, Fernanda Vendramini (UEL)
[email protected]
CNPq
Este trabalho consiste em um estudo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus,
denominação do segmento protestante neopentecostal cujo crescimento é um dos mais
significativos no Brasil. O estudo foi realizado na cidade de Londrina mediante análise
dos dados coletados em campo, uso de material bibliográfico e entrevista com o Bispo
da Universal desta cidade. A pesquisa parte do pressuposto que as diversas
modificações no campo religioso brasileiro, como a desmonopolitização da Igreja
Católica, a conquista da liberdade religiosa e sua acentuada pluralidade, permitiram a
outras organizações religiosas se expandirem e buscarem legitimidade social e
estabelecimento de uma presença institucional. A Igreja Universal do Reino de Deus é
um exemplo que, por meio da sua influência religiosa e dos seus poderes econômico e
político, bem como pela utilização dos meios de comunicação, soube explorar o meio
cultural e socioeconômico em que estava inserida, conseguindo consolidar sua
organização religiosa e conquistar sua legitimidade social. Deste modo, após as análises
e interpretações sobre a construção do discurso iurdiano e da teologia da prosperidade, é
possível entender que a atuação desta igreja torna-se mais atraente dentro da diversidade
religiosa brasileira e conquista mais fiéis por se adequar a sociedade de consumo.
A RELIGIOSIDADE EVANGÉLICA E O NEOLIBERALISMO:
relações de interdependência
MORAIS, Edson Elias de (UEL)
[email protected]
CAPES
Discutimos neste artigo a religião enquanto fenômeno social que se manifesta
dialeticamente com a sociedade, isto é, mantém uma relação de influência permanente
com a sociedade e é influenciada por ela. Analisamos a religiosidade evangélica
contemporânea a partir da contribuição da sociologia da religião. Procuramos perceber o
grau de influência existente entre essa religiosidade e a realidade brasileira, marcada
pela desigualdade política, econômica e social, mas que está imbuída pela ideologia do
neoliberalismo, que prega riqueza, individualismo e competição. Para isso,
fundamentamo-nos na perspectiva do materialismo histórico, que tem por princípio
explicativo a contradição, mas não desconsideramos as questões subjetivas envolvidas
nas religiosidades. Nosso objeto foi a religiosidade evangélica contemporânea, na
qual procuramos perceber, diante da pluralidade de manifestações, uma caracterização
singular. Para isto, fizemos observação de campo nos cultos e entrevistas com os
pastores em segmentos distintos a priori, localizados em Londrina-PR, dos quais
selecionamos a Igreja Assembleia de Deus, a Igreja Nova Aliança, a Igreja Presbiteriana
do Brasil e a Igreja Universal do Reino de Deus, e comparamos os discursos
para perceber em que medida o neopentecostalismo tem sido assimilado por outros
segmentos evangélicos. A partir disto, entendemos que as igrejas evangélicas não
podem mais ser classificadas como unidades identitárias, mas é preciso considerar as
129
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
singularidades locais de cada denominação, percebendo com isso o esgotamento das
tipologias clássicas. Compreendemos que a característica das igrejas evangélicas tem
sido o que denominamos de religiosidade neopentecostal meta-institucional, uma
religiosidade focada no individualismo emocional e em questões morais.
A RELIGIÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: o caso da
relação imigração-pentecostalismo
RODRIGUES, Donizete (UBI- Portugal)
[email protected]
A religião é determinante para a compreensão da vida social, das práticas institucionais,
para entender as experiências quotidianas e os processos de mudança social, numa
escala local, nacional e global. O fenómeno migratório internacional é extremamente
importante na criação, expansão, dispersão e globalização dos novos movimentos
religiosos, com um grande destaque para as igrejas (neo) pentecostais, abrangendo o
triângulo religioso América Latina-Estados Unidos-Europa. O processo de globalização
e os grandes fluxos migratórios transcontinentais provocam significativas mudanças
sociais, culturais, religiosas e identitárias. A principal consequência deste fenómeno
migratório é que as sociedades contemporâneas estão cada vez mais plurais, do ponto de
vista étnico, cultural e religioso. A forte expansão pentecostal a partir da América
Latina para os Estados Unidos e Europa ocorre dentro da denominada „reverse mission‟.
Surgidas a partir do trabalho de evangelização do Protestantismo europeu e Pentecostal
norte-americano, as igrejas evangélicas, principalmente brasileiras, consideram-se
responsáveis pela importante «missão divina» de (re)cristianizar os Estados Unidos, que
se desviaram da moral e da prática protestante e a Europa, que passa por um forte
processo de secularização/laicização. O modelo de expansão mundial pentecostal segue
normalmente as diásporas imigratórias, partindo das regiões periféricas (como a
América Latina) para áreas centrais, nomeadamente EUA/Canadá, Europa e Japão. No
caso específico do Pentecostalismo brasileiro, a expansão ocorre através do forte fluxo
imigratório brasileiro, mas também através de missionários (católicos e principalmente
protestantes) para essas regiões mais desenvolvidas que, extrapolando a «fronteira
étnica brasileira», atuam com outros imigrantes e também com nacionais.
COMUNIDADE QUILOMBOLA DEZIDÉRIO FELIPPE DE
OLIVEIRA: compreendendo porque as igrejas evangélicas foram bem
recebidas pelo grupo
SARUWATARI, Gabrielly Kashiwaguti (UFGD)
[email protected]
CAPES
Temos visto que o movimento pentecostal e as suas igrejas têm crescido
significativamente nas últimas décadas no Brasil. Este fenômeno religioso já alcançou
algumas comunidades tradicionais como os de remanescente dos quilombos. A exemplo
disto, na cidade de Dourados no Mato Grosso do Sul, existe em sua zona rural uma
comunidade quilombola cuja conversão às igrejas evangélicas se deu com quase todos
130
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
os seus membros. O reconhecimento da comunidade enquanto remanescente de
quilombos aconteceu em 2005 quando seus membros já haviam se tornados
“evangélicos”. Anteriormente católicos, o grupo chegou a celebrar por décadas a festa
de Folia de Reis, em homenagem a São Sebastião, o padroeiro da comunidade.
Atualmente, a festa não acontece mais e a Igreja que mais se destaca dentro da
comunidade é a Adventista do Sétimo Dia. A família com o maior poder político
perante os “de fora” é a que frequenta esta igreja e, realiza há muitos anos, seus cultos
de modo peculiar: na varanda de suas casas e sem a presença de pastores. Esta mesma
família foi à única que não se dispersou para o centro da cidade nem para outras
cidades, permanecendo todos no território. Portanto, o que se objetiva neste trabalho é
entender o papel social e também político que a igreja, principalmente a Adventista do
Sétimo Dia, tem desempenhado na vida desses indivíduos. Pois, para o que está sendo
proposto, se faz fundamental compreender como a religião tem contribuído para a
manutenção e coesão da comunidade. Os dados recolhidos em campo têm mostrado que
a nova religião representou melhoras significativas seja na saúde, na educação e na
socialização do grupo – entre outros aspectos. Tais considerações podem, também,
contribuir para o entendimento de outros grupos e sociedades tradicionais como esta.
PÔSTER
AGÊNCIA E PENTECOSTALISMO: uma análise das relações de
gênero na Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD)
CARVALHO, Joyce Gomes de (UFRRJ)
[email protected]
FAPERJ
Este trabalho tem como objetivo analisar as relações de gênero na Igreja Evangélica
Assembleia de Deus dos Últimos Dias, localizada na Baixada Fluminense (RJ). O
recorte de gênero surge a partir do cenário na ADUD: expressivo número de homens na
composição de membros. Tendo em vista que historicamente as igrejas pentecostais
possuem na composição de seus membros maior predominância de mulheres, esse
fenômeno pode ser compreendido a partir do trabalho missionário (ou resgate, como é
usado pelas lideranças e membros) desenvolvido em presídios e comunidades de baixa
renda do estado. A existência de tensões no campo dos estudos de gênero, no que tange
a esfera religiosa, está em se pensar à presença de um conservadorismo religioso, que
por vez, reflete na negação da liberdade das mulheres, acionando o status quo de
irracionalidade. Esse viés analítico corrobora, até certo ponto, em minha análise, que
parte do pressuposto de que as doutrinas, previamente instituídas pela ADUD,
reproduzem uma prática normativa que determinam a partir do sexo, o desempenho de
papeis de gênero, reproduzindo a hierarquização das relações sociais. Porém, o esforço
reflexivo busca trazer para a discussão o conceito de agência abordado em paralelo ao
conceito de resistência, como chave interpretativa para as relações de gênero observadas
na ADUD, distanciando-se da leitura interpretativa realizada sob a ótica feminista.
131
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
ESTUDO DA RELAÇÃO DE ADAPTAÇÃO NAS DIFERENTES
VERTENTES DO PENTECOSTALISMO BRASILEIRO: análise da
Igreja da Onda de Cura Divina Deus é Amor e da Onda
Neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus
SABADIN, Ana Carina (UFSCar)
SANTANA, Heythor (UFSCar)
TAVARES, Laila (UFSCar)
FRAGALLE, Letícia (UFSCar)
MAGALHÃES, Marina (UFSCar)
ANTONI, Pietro (UFSCar)
DE PAULA, Raul (UFSCar)
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
[email protected], [email protected], [email protected]
A partir dos resultados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, obteve-se
mais uma comprovação da consolidação do crescimento da população evangélica no
país, sendo que, a maioria das pessoas que se declarara evangélica, são de origem
pentecostal. Apesar da origem em comum, o Pentecostalismo brasileiro é segmentado,
havendo, além de diferenças na pregação, concorrência entre as diferentes vertentes.
Paul Freston escreve sobre três principais ondas que surgiram em contextos históricos
específicos: a Clássica, a Cura Divina e a Neopentecostal – termo criado por Ricardo
Mariano. Este trabalho tem como principal objetivo a realização de uma análise da visão
das Igrejas da Cura Divina em relação às Igrejas Neopentecostais, e como elas se
adaptaram para não perderem fiéis para a terceira onda. Para isso, usar-se-á como base
para a pesquisa, além da pesquisa bibliográfica, a realização de estudos de casos em
duas Igrejas pentecostais na cidade de São Carlos/SP: a Igreja da onda de Cura Divina
Deus é Amor e a da onda Neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus.
Sessão III: Diferentes Faces do Catolicismo
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati (UFG)
LINGUAGEM E GESTOS NA GLOSSOLALIA: o falar em línguas
como experiência e crença religiosas em uma Comunidade da
Renovação Carismática Católica
ALMEIDA, Detian Machado de (UNEB)
SOUZA, Sueli Ribeiro Mota (UNEB)
[email protected], [email protected]
O falar em línguas estranhas é um fenômeno que pode ser encontrado em diversas
comunidades religiosas. Neste estudo, a glossolalia é entendida como linguagem e
gesto, onde o corpo participa ativamente da aprendizagem do fenômeno e da
132
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
experiência vivenciada da pessoa. Objetivo: descrever a cena de uma manifestação do
falar em línguas enquanto experiência religiosa em um grupo da Renovação Carismática
Católica da Paróquia Nossa Senhora do Resgate, no Bairro Cabula, na cidade de
Salvador, Bahia e descrever a glossolalia enquanto crença religiosa do grupo. Segundo
Durkheim, as crenças religiosas fazem parte de um sistema de ideias e hábitos que
fazem exprimem nas pessoas o grupo ao qual faz parte. Método: para a descrição da
cena, foram observadas as disposições corporais que constituíam a cena no momento da
glossolalia. Também foram percebidos o habitus presente no grupo, bem como a
descrição fonética – fonológica. Resultados: foram percebidas disposições corporais que
demarcavam a hierarquia dos atores presentes nas cenas. Havia gestos similares, que
constituíam um habitus do grupo. No campo fonético – fonológico, foi detectada a
predominância das consoantes líquidas /l/ e /r/. Conclusões: Notou-se que, mesmo cada
membro tendo sua própria experiência no falar em línguas, houve pontos em comum no
campo dos gestos e da linguagem. Há, portanto, uma modelagem corporal, um habitus,
no grupo estudado. Por fim, pode-se dizer que a glossolalia faz parte da crença religiosa
do grupo, uma vez que o grupo a reconhece enquanto marcadora do Espírito Santo
posto em movimento.
“OS FILHOS DE FRANCISCO”: gênero/poder nas ordens católicas
de Marília-SP
BERTO, Vanessa de Faria (UNESP)
[email protected]
Através do diálogo interdisciplinar entre a Antropologia, a Sociologia, a História, o
presente projeto, que se refere à minha atual pesquisa de doutorado, toma por base o
mundo de significados que emerge do cotidiano das Congregações Católicas do
município de Marília-SP e procura refletir acerca da construção das identidades do
feminino e do masculino e suas múltiplas implicações nas mais diversas instâncias do
social, pressupondo articulações entre práticas culturais, estruturas sociais e relações de
poder. A pesquisa se propõe a entender as dinâmicas das relações de gênero dentro de
congregações católicas de uma determinada sociedade (no caso, a cidade de Marília-SP)
– espaços onde decisões políticas são tomadas – e captar os “processos invisìveis” dos
quais homens e mulheres, membros do clero católico, utilizam para subverter os
diversos obstáculos que inevitavelmente se interpõem em seus caminhos, antes de
alcançar os níveis nos quais a influência e a autoridade são exercidas. Enfim,
compreender a forma como clérigos e clérigas estabelecem relações no âmbito religioso
e público, como transpassam a barreira do “permitido” pelas representações culturais e
o quão custoso significa romper com o tradicional.
IGREJA CATÓLICA E SECULARIZAÇÃO POLÍTICA: as
tentativas eclesiásticas de controle dos corpos e dos sexos
COSTA, Guilherme Borges Ferreira (USP)
[email protected]
O foco desta investigação está em observar, sociologicamente, algumas possibilidades
que a obra de Foucault nos fornece para uma “história do presente” dos atuais
posicionamentos políticos da hierarquia católica, especificamente no que tais
133
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
posicionamentos concernem à efetivação ou não de direitos sexuais e reprodutivos no
Brasil. Trata-se de mostrar a utilidade investigativa do arcabouço conceitual
foucaultiano para uma análise da atitude clerical atual em relação a esses novos campos
de legalidade, no interior dos quais entra em jogo a competência dos sujeitos na
condução de seus afetos. Mas não só o trabalho de Foucault parece ser ótimo para uma
pesquisa dos posicionamentos católicos sobre sexo e reprodução, como também parece
ser de grande valia quando a ideia é observar as razões pelas quais a Igreja Católica do
país perde gradativa influência na regulação sobre esses campos. No contraste esboçado
por Foucault entre as formas de subjetivação da Antiguidade e do cristianismo - e na
articulação desse contraste para uma caracterização do que constitui o ethos da
modernidade -, encontra-se aí todo um novo filão para se pensar temas como
secularização e laicização latino-americanas por vias não convencionais.
ENTRE A EXPERIÊNCIA E A RELIGIÃO: comparando Brasil e
Portugal por meio das vigílias de carismáticos católicos
FEITOSA, James de Sousa (UNESP)
[email protected]
A presente pesquisa, que perpassará a Renovação Carismática Católica (RCC) em
Portugal, é parte de uma pesquisa principal que tem como objeto as vigílias de oração
nos montes realizadas por carismáticos católicos em algumas cidades do Brasil. No
âmbito brasileiro, a pesquisa tem interpretado as vigílias como experiências religiosas
relativas às situações e performances liminares, próprias de uma contemporaneidade
marcada por tensões entre o tradicional e o novo, em que se ressignificam e se
reinterpretam aspectos presentes no campo religioso. Considerando o mesmo contexto
contemporâneo, a pesquisa terá como objetivo central observar a presença ou ausência
de situações e performances liminares como as vigílias nos montes por parte de
carismáticos católicos portugueses, para que se possa, em seguida, fazer comparações
entre os dois países e tentar melhor compreender o fenômeno na realidade brasileira.
Sabe-se que a religião é um universal cultural, mas sua vivência e forma têm diferentes
expressões em cada cultura. Nesse sentido, propõe-se uma análise comparativa entre o
catolicismo carismático brasileiro, centrado na experiência liminar e performática, em
que a figura do leigo ganha destaque e o laço hierárquico é frouxo, permitindo inclusive
o surgimento de vigílias nos montes, e, o universo carismático português,
essencialmente religioso, tradicionalista, caracterizado por uma forte ênfase devocional
no ritual litúrgico, de um contexto em que o movimento carismático tem pouca
penetração na hierarquia e com fronteiras estabelecidas com os evangélicos.
134
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
REPRESSÃO E CENSURA AO SEMINÁRIO CATÓLICO O SÃO
PAULO (1972-1978): as demandas populares fomentadas pela
Teologia da Libertação
LANZA, Fabio (UEL)
GUIMARÃES, Luiz Ernesto
NEVES JR, José Wilson A.
BRITO, Anderson Pereira
CORRÊA, Vinícius Soares
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
[email protected]
O presente trabalho analisa a partir da pesquisa documental as matérias censuradas do
jornal O São Paulo, meio de comunicação impresso e semanal da Arquidiocese de São
Paulo. Na década de 1970 os governos vinculados à Ditadura Militar instalaram a
“censura prévia” na Edição d‟O São Paulo, essa fase estava vinculada ao governo de
Dom Paulo E. Arns frente à Arquidiocese de São Paulo. Sob a égide da Teologia da
Libertação houve a busca de entender e formular respostas às novas demandas oriundas
da cidade que se constituía, paradoxalmente, com a riqueza e a pobreza, tendo em vista
o crescimento econômico e as mazelas sociais. Nesse contexto o discurso de lideranças
católicas ligadas à Teologia da Libertação, viés religioso que foi elaborado na América
Latina a partir da década de 1960 e que buscou estabelecer uma análise crítica à uma
sociedade cujas desigualdades sociais eram facilmente evidenciadas nas matérias
censuradas do Semanário. As análises das fontes documentais trazem uma crença
religiosa distante dos valores do catolicismo romanizado. Na perspectiva da Teologia da
Libertação, religião e política estabeleceram maior proximidade na América Latina,
uma parte do clero e dos teólogos da libertação propunham um novo formato de Igreja,
buscando uma identidade a partir das demandas populares, que no jogo político
institucional foi desvalorizado e não obteve apoio do discurso oficial do Vaticano.
Pode-se concluir que houve uma releitura e valorização da Declaração dos Direitos
Humanos (ONU-1948), em que o Brasil e o Vaticano são signatários, em favor da
ruptura com a política de Segurança Nacional e a repressão aos movimentos sociais:
trabalhadores, estudantes, associações de bairro, indígenas e trabalhadores rurais.
O EMPREENDEDORISMO ECONÔMICO-TELEVISIVO NO
CATOLICISMO BRASILEIRO
PLACERES, Giulliano (UFSCar)
[email protected]
A religião é um fenômeno com significativa presença na sociedade contemporânea,
cujas formas de manifestação aumentaram e se diversificaram. Empreendimentos como
emissoras de televisão, rádio e portais da internet fazem com que a maioria das
instituições religiosas não se estabeleçam somente em suas estruturas físicas na busca
por mais adeptos. Há um conjunto de relações sociais e econômicas envolvidas nesse
processo. As vastas redes de indivíduos interligados na comunicação social
compreendem clérigos e leigos voluntários, profissionalizados e empresários de
negócios midiáticos. Este trabalho se volta para os principais veículos comunicativos
135
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
católicos, do ponto de vista econômico, enfocando seus líderes e grupos empresariais
envolvidos. A pesquisa envolve os principais aspectos das relações sociais estabelecidas
nesses empreendimentos e a partir deles, bem como o que eles representam para a Igreja
Católica no contexto do mercado religioso brasileiro.
FORMAÇÃO SACERDOTAL E TRABALHO RELIGIOSO NO
UNIVERSO CATÓLICO
ROSSI, Renan (UFSCar)
[email protected]
Para a sustentação ou expansão de uma igreja dentro de um campo ou mercado
religioso, uma das coisas mais importantes é que esta igreja - além de manter ou mesmo
expandir seus espaços físicos e suas fileiras de seguidores -, venha também a garantir
um quadro de ministros razoável para atender às suas próprias demandas e a de seus
fiéis. A manutenção de um quadro de sacerdotes ministeriais não se limita a ter certo
número de "pastores" ou "padres" para cumprir com os trabalhos religiosos,
administrativos ou de aconselhamento interpessoal, mas encerra a qualificação desta
mão-de-obra ministerial, de modo que os funcionários do Sagrado possam atender a
estas demandas com competência o bastante, a ponto de cativar "as almas" dos
seguidores (efetivos ou em potencial) daquela igreja, de tal forma que estes não se
sintam "tentados" a procurar outra denominação religiosa que possa lhes oferecer
serviços religiosos mais adequados às suas necessidades. Neste ponto se dá a
importância da formação dos futuros sacerdotes. A comunicação oral aqui proposta trata
das especificidades da formação dos sacerdotes católicos que compõem o clero secular
(ou diocesano). A partir da experiência da Diocese de São Carlos/SP, procura-se nesta
comunicação analisar quais as dinâmicas, configurações, atores e conjunturas que
envolvem as instituições educacionais referentes ao processo de formação presbiteral
católica; no caso, os institutos de Filosofia, os seminários e as casas de formação.
IMPLICAÇÕES DO TRABALHO ASSISTENCIAL DE DUAS
ENTIDADES CATÓLICAS PAULISTAS
SILVA, Mariana Gama Alves da (UFSCar)
[email protected]
O termo terceiro setor é relativamente novo no Brasil e significa a mescla de trabalho
voluntário com atividade remunerada, portanto um setor que se situa entre o público e o
privado. Nesse setor, boa parte das iniciativas assistenciais é realizada pela Igreja
Católica, que viu seu espaço diminuir com a entrada de iniciativas de outras instituições
religiosas e com o aumento de serviços estatais nessa área. Portanto, analisar o modo
como essas diferentes instituições em conjunto com o setor público vem atuando no
terceiro setor contribui para compreender a presença e evolução da religião na esfera
pública. Esse trabalho discute aspectos de entidades assistenciais originadas de
instituições cristãs brasileiras, tendo o foco em duas entidades católicas: o Arsenal da
Esperança e a Instituição Padre Haroldo Rahm. Aborda o dia-a-dia dessas entidades, os
serviços prestados, trabalho e a motivação dos voluntários, bem como sua atuação junto
em fóruns e redes de organizações na esfera pública.
136
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PÔSTER
AS JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE E A EXPANSÃO DO
TURISMO RELIGIOSO
MORENO, Pedro (UFSCar)
[email protected]
O presente trabalho elucida o panorama da realização das Jornadas Mundiais da
Juventude (JMJ) a partir das últimas experiências, em Sidney (Austrália - 2008) e Madri
(Espanha - 2011), porém com foco fundamental na edição do Rio de Janeiro (Brasil 2013). Esse movimento, iniciado em 1986 pelo papa João Paulo II em Roma, ganhou
força e importância no calendário cíclico de eventos da Igreja Católica. Passou a reunir
milhões de pessoas nas cidades sede em cada edição. Esse cenário conformou uma
oportunidade ímpar de fluxos de investimentos e ganho de influência na batalha do
mercado religioso. Em 2013 no Rio de Janeiro, segundo expectativa do comitê de
organização local, espera-se em torno de dois milhões e meio de jovens de todas as
regiões do Brasil e do mundo, público e movimentação financeira que equiparam a JMJ
aos demais grandes eventos que acontecerão no Brasil, como a Copa do Mundo de
futebol e os Jogos Olímpicos. A transição e as esperadas transformações do controle da
Igreja Católica além da primeira viagem apostólica do papa Francisco, primeiro
pontífice latino-americano, motivam ainda mais os chamados peregrinos. A escolha do
Rio como a sede da JMJ carrega consigo inúmeros significados, pois segundo dados do
Censo-IBGE de 2010 verificou-se elevação no número de protestantes e dos que se
declaram "sem religião" no estado. Diante desses fatores, o trabalho busca intersecções
entre o fenômeno religioso e práticas empreendedoras e comerciais, tendo em vista a
concomitante realização da "Expocatólica", maior feira empresarial do seguimento
católico. O trabalho aborda ainda a estrutura preparatória e os negócios de turismo
voltados a atender esse mercado em franca expansão e organização no Brasil, além dos
interesses e relações das esferas de governo com o evento.
RENOVAÇÃO DO CATOLICISMO BRASILEIRO, ADAPTAÇÃO
AO MERCADO RELIGIOSO E APROPRIAÇÃO DE PRINCÍPIOS
EVANGÉLICOS NA MISSA TRADICIONAL
OLIVEIRA, Heythor Santana de (UFSCar)
OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de (UFC)
[email protected]
A igreja católica, assim como outras instituições sociais, se adapta as alterações trazidas
pela modernidade decorrente do século XX, com a expectativa de renovar e manter seu
quadro de padrão de fieis. Cria-se assim, uma tensão entre tradição e modernidade
repercutindo em alterações no catolicismo. Esse trabalho debate sobre o caráter
permeável do catolicismo, no recorte brasileiro, decorrente das transformações
estruturais do século XX e XXI, e da aproximação da igreja católica a alguns princípios
da crença evangélica. A decorrente perda de fiéis católicos para as igrejas de origem
evangélica em território brasileiro obriga o catolicismo a buscar uma apropriação de
algumas características típicas dos cultos Pentecostais e neopentecostais, afastando
alguns princípios da missa do catolicismo tradicional, como forma de atrair fiéis. Assim
será analisada a reformulação da própria missa católica tradicional, principalmente
sobre a vertente da relação evangélica com a renovação carismática da Igreja católica.
137
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Essas modificações serão descritas e analisadas sobre a formulação dessas novas
características do catolicismo brasileiro através da análise bibliográfica que debate sobre
o assunto, derivado da perspectiva de alteração estrutural descrita por essas
modificações. Para entender essas modificações será feito um estudo de caso sobre a
Arquidiocese da cidade de Fortaleza – CE. Esse recorte foi escolhido, pois Fortaleza é
exemplo de uma arquidiocese que foi liderada por Aloisio Loicheider (nomes de
referência da teologia da Libertação no Brasil), e agora tem fortes movimentos
carismáticos como o “Shalom” e a “face de Cristo”.
PRESENÇA INSTITUCIONAL CRISTÃ NO CONJUNTO DE
ENTIDADES TERAPÊUTICAS DE TOXICÔMANOS
ROSA, Lucas Rogério (UFSCar)
[email protected]
O trabalho assistencial na sociedade brasileira ainda é significativamente marcado pela
presença cristã. A Igreja Católica foi precursora das atividades assistenciais neste país,
bem como em muitos outros. Ela proveu educação, saúde e assistência social,
permanecendo quase absoluta nesse campo até o final do século XIX, quando o Estado
começou a se responsabilizar de fato por tais serviços públicos. Mesmo perdendo
espaço, a igreja prossegue realizando trabalhos assistenciais, disputando espaço também
nesse quesito com denominações evangélicas e instituições espíritas kardecistas. As
entidades assistenciais religiosas compõem com outras seculares o chamado terceiro
setor e estão no escopo do projeto de pesquisa “Cristianismo no Brasil em suas feições
econômicas e assistenciais com derivações polìticas”, apoiado pela FAPESP, do qual
este trabalho decorre. O trabalho advém do levantamento e da análise da presença de
entidades assistenciais católicas, evangélicas e espíritas na Federação Brasileira de
Comunidades Terapêuticas (FEBRACT), e também no Senso das Comunidades
Terapêuticas no Brasil, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
(SENAD). Avalia-se as peculiaridades e similitudes das entidades religiosas nesse
universo de organizações não governamentais.
Sessão IV: Religião e Política
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Antônio Mendes da Costa Braga (UNESP/Marília)
REDE DE MULHERES DE TERREIRO DE PERNAMBUCO:
Estado, políticas públicas e religiões afro-brasileiras
ALCHORNE, Murilo de Avelar (UFPE)
[email protected]
Buscaremos fazer uma reflexão da relação entre religiões afro-brasileiras e política no
Brasil contemporâneo a partir da Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco
(REMTEPE), surgida em 2006, em um esforço conjunto do Movimento de Mulheres
Negras/MNU. A REMTEPE vem ocupando um espaço significante que perpassa todos
138
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
os níveis governamentais, resultando do impacto de políticas públicas de combate à
desigualdade racial implementadas durante o governo Lula, que estabeleceram, como
uma das prioridades, as questões das “religiões de matriz africana e comunidades de
terreiro”, dentre as quais, priorizando o Candomblé. As “religiões afro-brasileiras”
estariam hipoteticamente em um caminho através do qual podem deixar de ser vistas e
valorizadas apenas no nível cultural simbólico, para se constituir em um espaço político
impulsionador de mudanças significativas na posição relativa dos segmentos negros e
mestiços da população na estrutura social do Brasil. Assim, buscaremos compreender o
significado da relação entre a REMTEPE-Estado brasileiro a partir de duas questões
perenes na história brasileira, mas que possuem especificidades no presente: 1) o
problema da integração do negro e das “religiões afro-brasileiras” na sociedade de
classes e no Estado democrático, e 2) o Candomblé como construção de África, essa,
elemento central na constituição de uma identidade racial-nacional brasileira, que serve
tanto para os movimentos negros como também está atrelada aos projetos políticos de
desenvolvimento econômico e à construção do lugar que o Brasil busca ocupar na
política/economia internacional, principalmente no tocante à penetração econômica de
empreendimentos brasileiros em África, a partir do combate ao racismo.
UMA ANÁLISE SOBRE PODER-RESISTÊNCIA DE LÍDERES
FEMININAS PENTECOSTAIS
BANDINI, Claudirene A. P. (UFSCar)
[email protected]
Como parte de uma pesquisa de doutorado intitulado, Costurando Certo Por Linhas
Tortas: um estudo de práticas femininas no interior de igrejas pentecostais, o presente
ensaio se propõe, a partir da construção teórica de gênero e sociologia da religião,
apresentar as práticas cotidianas de resistência e insubordinação às relações sociais que
identificam as mulheres à esfera doméstica e familiar; portanto uma discussão sobre o
poder-dominação entre líderes femininas pentecostais e líderes masculinos em torno do
poder religioso institucional. A fim de levantar alguns pontos de reflexão em relação ao
processo de construção e articulação das relações entre poder e resistência de gênero na
religião, três igrejas pentecostais foram investigadas, e, em todas elas o discurso oficial
reproduzia a ideia de que a capacidade de engravidar torna as mulheres fisicamente
incapazes de assumir algum tipo de cargo e de exercer algum tipo de atividade na igreja,
quando comparadas aos homens. Essa noção fortalece a associação entre a dominação
masculina e o poder religioso, pois a cumplicidade da própria comunidade e também
das mulheres permite que os homens se embasem nestes argumentos para legitimarem
suas posições na Igreja a partir da dita “fragilidade inata” das mulheres e diminuir a
concorrência pelo status religioso. Os elementos da “ideologia da natureza feminina”
comprovam que os homens não desejam perder o tipo de atenção e os serviços pessoais
que ainda estão habituados a receber de suas mães, esposas ou irmãs. Não reforçar essa
ideologia, abriria a possibilidade de perderem esse estilo de mulheres, pois o
empoderamento permitir-lhes-ia conquistar espaços e direitos, antes usufruídos somente
por eles.
139
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
POLÍTICAS PÚBLICAS COMPENSATÓRIAS E RELIGIOSIDADE
AFRICANA
CARVALHO, Bárbara Hilda Crespo Prado de (UENF)
[email protected]
Esse artigo visa estabelecer uma relação entre políticas públicas compensatórias e
autoafirmação identitária quilombola a partir das religiões de matrizes africanas, uma
vez que se percebe a religiosidade como elemento central para construção dessa
identidade. Percebemos que tais práticas religiosas constituíram um forte elemento de
resistência da herança cultural, representando uma ponte entre as adversidades
instantâneas provocadas pela escravidão e sua identidade por meio das reconstruções
simbólicas de seus elementos, possibilitando a sobrevivência da cosmologia,
organização social e valores diferenciados das sociedades europeias. Dessa forma,
busca-se discutir a atuação das políticas públicas nos mecanismos mantenedores do
racismo, entendendo raça para além de uma perspectiva biológica, na
contemporaneidade e a importância da valorização da cultura negra no reconhecimento
do seu passado histórico - mantido pela religião - para a autoafirmação, em que o
quilombola seja sujeito de direito, e a desconstrução do racismo no Brasil.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA E A PARTICIPAÇÃO DOS
EVANGÉLICOS
CASSOTA, Prisilla Leine (UFSCar)
[email protected]
Este artigo tem como objetivo elucidar sobre a atuação política de parlamentares ligados
às denominações pentecostais, da 16º Legislatura, da Assembleia Legislativa do estado
de São Paulo. Como o papel de atuação do parlamentar é extremamente vasto,
inicialmente, pretendemos dar atenção não às proposituras desses agentes, mas sim ao
seu poder de não aprovar leis. Para tanto, realizamos uma busca, principalmente, no site
da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - www.al.sp.gov.br, onde são
publicadas as atas das sessões plenárias, contendo as votações dos deputados estaduais e
as proposições destes deputados. No decorrer da pesquisa, ao analisar as atas das
sessões plenárias, em que ocorreram as votações nominais, não encontramos nenhum
tipo de organização dos parlamentares evangélicos em bancadas, ou algum tipo de
organização desse grupo que estivesse ligada ao pentecostalismo. Dessa forma, fez-se
necessário reformular as questões e a hipótese proposta inicialmente, de maneira que
passamos então a analisar o discurso desses políticos evangélicos em sites de
relacionamentos como também direcionamos nosso olhar para as proposituras destes.
Assim, podemos concluir que, apesar de grande parte do discurso político que envolve a
atuação desses deputados ser direcionado para um eleitorado que se identifique com o
cristianismo pentecostal, a atuação destes, na prática, pouco pode ser identificada com o
pentecostalismo. De modo geral, esses deputados acabam votando segundo, cada qual,
com o seu partido político, não existindo nenhum tipo de organização desses
evangélicos, como em “bancadas” dentro da Assembleia Legislativa, para tentar,
normativamente, impor os seus ideais pentecostais.
140
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A POLÍTICA RELIGIOSA “EVANGÉLICA”: o comportamento das
lideranças protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral
nas eleições de 2010
COSTA, Rogério da (UEL)
[email protected]
A presença de representantes religiosos (evangélicos) no cenário político nacional em
diversos estados demonstram a força desse segmento junto à população e reforça a sua
posição de ator político considerável na atual conjuntura política. Esse segmento em
suas tipologias e interpretações de mundo, apresentam um quadro não mais espiritual
somente. Partindo desta constatação, este trabalho se propõe a realizar uma reflexão do
atual contexto político e social referente à relação entre os religiosos na política,
buscando compreender: a que ponto estes em sua práxis movida pela sua visão de
mundo, pelo discurso de seus líderes religiosos e segundo seus interesses particulares,
corroboram para a conquista ou não de um representante político em determinado
pleito. Tomaremos por base, o ocorrido nas eleições de 2010, onde, houve um grande
levantamento de religiosos (evangélicos e Católicos) demonizando a postulante Dilma
Rousseff ao pleito de presidente do Brasil por uma série de posicionamentos que,
segundo eles; ferem os ensinamentos bíblicos. As principais questões em debate foram:
“a legalização do aborto” e a “união civil entre homossexuais”, pontos amplamente
discutidos e divulgados pela mídia. Motivados por estas questões, a eleição de 2010
ficou profundamente marcada por razões morais religiosas e acabaram por mudar o
discurso dos candidatos no segundo turno das eleições. Este ensaio também faz um
levantamento bibliográfico da história do PT - Partido dos Trabalhadores desde a
constituinte, tendo em vista que o mesmo sofreu nas campanhas eleitoras disputadas por
seu maior representante, Lula, que naquele momento histórico representava a esquerda.
Sem o apoio dos religiosos, Lula e o partido procuram a cada campanha eleitoral se
aproximar do voto religioso, e com o desgaste do então presidente Fernando Henrique
Cardoso, Lula consegue se eleger presidente apoiado pelas denominações com forte
poder midiático no Brasil; IURD e Assembleia de Deus. Nas eleições de 2010, os
religiosos temendo à aprovação de lei que regulariza a união civil entre homossexuais e
a descriminalização do abordo, levantam-se contra o PT, divulgando vídeos e pregando
nos púlpitos de todo o país que o PT era o "partido da morte". Nas eleições de 2010 com
a perda parcial do voto cristão, o Partido dos Trabalhadores busca através dos militantes
políticos em todo o território nacional desfazer o "mal entendido". Nisso a candidata
Dilma que segundo as pesquisas se elegeria no primeiro turno começa a mudar sua
agenda e seu discurso tentando então reconquistar o voto religioso. É neste ínterim que
o artigo transcorre, onde a Religião e religiosidades não definem uma campanha,
contudo ela se faz presente e marcante instrumentalizando a religião e a política. Não
diferente, nesses dias temos visto uma “guerra” declarada entre os polìticos
representantes do segmento religioso buscando seu espaço num estado laico e lutando
com os seguimentos liberais da sociedade. A pesquisa esta em andamento e pode
levantar questões relevantes para seu desfecho.
141
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E O DISCURSO ORAL DE
LÍDERES RELIGIOSOS: católicos paulistanos e protestantes
londrinenses (1964-1985)
GUIMARÃES, Luiz Ernesto (UEL)
LANZA, Fabio (UEL)
BOSCHINI, Douglas Alexandre (UEL)
[email protected], [email protected], [email protected]
Esta pesquisa apresenta como objetivo o estudo analítico e interpretativo sobre o
discurso oral de líderes religiosos sobre a Teologia da Libertação. As fontes orais foram
membros do clero da Igreja Católica da cidade de São Paulo e de igrejas protestantes de
Londrina-PR, no período da ditadura militar (1964–1985). A pesquisa analisou de forma
comparativa como a difusão da Teologia da Libertação ocorreu de formas diferentes em
regiões metropolitanas do país. Analisou-se e interpretou-se o discurso do clero que
atuava na região metropolitana de São Paulo, por meio de uma perspectiva
metodológica qualitativa que privilegia a fonte oral, no caso, o “discurso-memória” e os
arquivos do jornal Arquidiocesano O São Paulo. As expressões e versões emitidas pelos
entrevistados são partes de suas vidas, dessa forma, toda análise e interpretação são por
si mesmas um exercício que não pode perceber ou traduzir toda a profundidade vivida
por essas pessoas. Foram entrevistados os sujeitos católicos: D. Paulo Evaristo Arns, D.
Angélico S. Bernardino, D. Antônio C. de Queiroz e os protestantes: Carlos J. Klein,
Julio Zabatiero, Gerson Araújo; Luiz Caetano G. Teixeira e Almir dos Santos. Nas
investigações, ficou constatado que o discurso religioso sobre a Teologia da Libertação
não é uníssono em relação a esse período político da história brasileira. Na Arquidiocese
de São Paulo a Teologia da Libertação inspirou ações de fomento aos movimentos
sociais, sindicais e partidários, bem como, promoção do processo de democratização e
resistência às atrocidades militares. Pode-se perceber que a Teologia da Libertação em
Londrina alcançou segmentos mais elitizados da religião protestante, se fazendo
presente mais entre lideranças e professores de seminários, não atingindo a maior parte
fieis.
“PODERÁS PESCAR O LEVIATÃ COM ANZOL”: uma perspectiva
da participação religiosa na política nacional
MANDUCA, Vinicius (UFSCar)
[email protected]
A laicidade brasileira se deu não através de um processo histórico, mas de uma ruptura
promulgada já na primeira constituição republicana 1891. Apesar de não ocasionar uma
total separação entre a Igreja Católica e o Estado, a legalização permitiu o
reconhecimento e o estabelecimento de novas instituições religiosas no espaço público
nacional, abrindo caminho para a formação posterior do mercado religioso.
Gradativamente, a religião vem perdendo seu caráter de hereditariedade, passando a
compor um extenso campo de escolhas e disputando espaço com iniciativas seculares.
Esse novo cenário obriga as igrejas a levarem a disputa religiosa para outras instâncias.
Inicialmente a disputa atingiu o campo midiático mas, recentemente, tem se dado
também no campo político. O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa
FAPESP realizada entre 2011 e 2012, que buscou estabelecer um panorama da
142
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
participação religiosa na política brasileira através de um mapeamento realizado nas
Câmaras Municipais das capitais estaduais, nas Assembleias Legislativas, Câmara dos
Deputados e Senado Federal. Além do panorama participativo o trabalho apresenta
também quais são as formas de atuação e o perfil básico do político religioso brasileiro.
VOTO RELIGIOSO E OUTRAS NUANCES: diferentes formas de
utilização das redes interpessoais religiosas
SÁ, Lucas dos Santos Cabral de (UFES)
[email protected]
A utilização eleitoral das redes interpessoais religiosas para se eleger um candidato
constitui-se como um elemento fundamental no entendimento do fenômeno do voto
religioso. Entretanto, devemos nos atentar para o fato de que, em cada igreja ou
denominação, haverá diferentes mecanismos a serem acessados para se atingir tal fim.
Assim, para que as redes interpessoais de uma igreja tradicional possam ser utilizadas a
fim de se concentrar os votos dos fiéis em um candidato, os mecanismos mobilizados
pelos atores envolvidos no processo serão distintos daqueles que costumam se processar
em igrejas pentecostais e neopentecostais. Nas eleições de 2008 em Vitória - ES
verificou-se que o então candidato a vereador Fabrício Gandini conciliou em sua
estratégia dois elementos importantes que contribuíram para sua vitória: o uso das redes
interpessoais religiosas de sua igreja (Igreja Batista de Jardim Camburi) e a ênfase na
questão tributária, reforçada por sua participação no chamado „Movimento Pró-IPTU
Justo‟ e explorada em sua campanha televisiva. Esta convergência sugere que poderia
haver certos interesses coincidentes entre os fiéis de uma igreja evangélica tradicional e
os eleitores de outros segmentos para além da igreja, além de sinalizar que a
transmissão de influência dentro da igreja pode se dar de maneira distinta, se comparado
a outras tradições do evangelismo.
O PAPEL DE BILLY GRAHAM, JERRY FALWELL E PAT
ROBERTSON NA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO
NOS ESTADOS UNIDOS
SOUZA, Marco Aurélio Dias de (UNESP)
FINGUERUT, Ariel (UNICAMP)
[email protected], [email protected]
Os EUA como nação não se separam em nenhum momento da influência religiosa. O
debate aparece dos pais fundadores aos momentos históricos mais decisivos (como a
Guerra Civil e os atentados de 11.09.01), culminando em uma discussão teóricas e em
consequências políticas e práticas concretas. Em termos teóricos há um forte debate que
envolve conceitos como o de “Guerra Cultural” e do que seria um “conservadorismo
genuinamente estadunidense” envolvendo tanto a política doméstica – principalmente
quanto ao papel do Estado em temas como a separação entre Estado e Religião, política
de impostos e de bem–estar social ou da própria ideia de “cultura americana”. A
influência religiosa também aparece na política externa – em seu debate em torno do
idealismo americano e sua busca por “mudança de regime” ou de “paz democrática” se
pautando por um ideal de excecionalidade que em última instancia busca por uma
legitimidade religiosa. Nesse trabalho buscaremos passar por este debate mais amplo
143
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
focando na trajetória dos três principais pastores do evangelismo contemporâneo nos
EUA. Billy Graham, Jerry Falwell e Pat Robertson que não só foram centrais na história
dos EUA dos últimos cinquenta anos e importantes pelo “despertar religioso” que
suscitaram mas, sobretudo, porque os três, com diferentes agendas e estratégias se
envolveram com a política (eleitoral). Neste sentido, enfatizaremos o envolvimento de
Billy Graham com as “cruzadas” de evangelização, de Jerry Falwell com a criação da
Liberty University a partir de 1971 e sua participação no movimento Moral Majority e
de Pat Robertson com a fundação da Regent University, um desdobramento da Christian
Broadcast Network (CBN) – um empreendimento midiático iniciado em 1978 que
possui sede em vários países ao redor do mundo.
RELIGIÃO, CRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO E A FORMAÇÃO
DO ESTADO LAICO
TEIXEIRA, Jacqueline Moraes (USP)
O tema aborto desperta amplo debate público ao abranger agentes de posições sociais
distintas. No cenário atual os argumentos entendidos como religiosos e a discussão de
algumas agências religiosas parecem centrais de modo a fortalecer, na arena política, o
debate acerca da legitimidade das relações entre Estado e religião, bem como, da
própria natureza do Estado laico. Este trabalho insere-se numa abordagem teórica que
busca pensar a temática das relações entre religião e esfera pública, entendida aqui
como um espaço de interações discursivas que se configura na medida em que algumas
práticas cotidianas ganham visibilidade por meio de produção de controvérsias.
Estabelecendo uma análise comparativa com a conjuntura social atual, que tende a
interpretar a criminalização do aborto como um impedimento para o Estado Laico,
apresento como recorte analítico o processo de criminalização do aborto na produção do
código penal brasileiro ainda na década de quarenta, perpassando alguns discursos que
defendiam e justificavam, tanto o controle do nascimento, como a criminalização do
aborto como parte importante de um programa de fortalecimento e constituição de um
Estado Laico. Com isso pretendo passar por algumas tensões discursivas e mudanças
sociais que alteraram historicamente os sentidos políticos da criminalização da prática
abortiva, que deixa de ser traço de reconhecimento jurídico de um Estado moderno para
se tornar sinal diacrítico de risco aos ideias de um Estado laico.
PÔSTER
A BANCADA RELIGIOSA E O “KIT GAY”: elementos de um fazerpolítico cristão
SABINO, Yuri (UEL)
[email protected]
O presente trabalho busca investigar as práticas e discursos presentes nos parlamentares
da “Bancada Religiosa”, deputados ligados a denominações religiosas de matriz cristã, e
seus embates com projetos de políticas afirmativas, sobretudo as de gênero. Para tanto,
tal análise partirá das críticas deste referido grupo, ao projeto elaborado em 2011 pelo
Ministério da Educação, intitulado “Escola Sem Homofobia” (recebendo a alcunha de
Kit Gay por estes parlamentares), contendo uma cartilha a ser distribuída nas escolas
144
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
públicas do país, a fim de conscientizar e promover a igualdade de gênero, que, devido à
pressão política desses parlamentares, fora vetado pela presidente Dilma Rouseff.
Valendo deste caso, buscarei compreender e problematizar uma prática marcada pela
hibridização entre a esfera religiosa e o campo político, caracterizada por uma formação
discursiva baseada em preceitos morais, onde a posição política deste grupo se
apresenta sob a forma de um dever moral-cristão.
GT 5: VIOLÊNCIA, ESTADO E CONTROLE DO CRIME
Sessão I: Marginalidades e Formas de Gestão Social
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Gabriel de Santis Feltran (UFSCar)
VIOLÊNCIA E REFORMA DO SETOR DE SEGURANÇA: o caso da
MINUSTAH no Haiti
AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz (UNESP)
[email protected]
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) foi criada em
2004 após grave crise interna provocada por grupos armados que resultou na queda do
Presidente e sua saída do país. O mandato determinoiu que a operação de paz deveria
garantir a segurança interna, realizar atividades de desenvolvimento institucional e atuar
no campo do Estado de Direito. O primeiro objetivo significou estabelecer uma situação
mínima de segurança no país, para permitir o auxílio ao governo haitiano na
implementação de uma série de políticas públicas como forma de desenvolver o país,
melhorar as condições de vida de sua população e dar estabilidade às suas instituições.
Dentre as atividades no campo da segurança como forma de reduzir a violência foram
inseridas a reforma da polícia nacional e dos sistemas judiciário e prisional. Com base
na análise de documentos das Nações Unidas, especialmente as resoluções do Conselho
de Segurança e relatórios do Secretário Geral, e de bibliografia especializada, o texto
faz algumas considerações sobre as violência interna, operações de construção da paz, a
situação do Haiti e a reforma do setor de segurança. Em seguida, apresenta as atividades
desenvolvidas pela MINUSTAH para diminuir a violência, reformar a polícia haitiana e
os sistemas prisional e judiciário. Concluindo, apresenta as dificuldades enfrentadas até
2012 para atingir esses objetivos.
145
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A URBANIZAÇÃO DOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS
FECHADOS: uma análise do Dahma
BIZZIO, Michele Rodrigues (UNESP)
[email protected]
CNPQ
O fenômeno dos condomínios residenciais fechados tornou-se um dado de âmbito
mundial, presente nas mais diversas metrópoles do mundo. No estado de São Paulo ele
tem aumentado de maneira vertiginosa desde o início da década de 70 do século XX.
Porém, este fenômeno não se limita à realidade das grandes cidades brasileiras. Desde
os anos 1990 vem ocorrendo a sua migração para as cidades médias do interior paulista,
reorientado o padrão de urbanização das cidades e consequentemente o seu sentido. O
presente trabalho busca apreender os nexos existentes entre o processo de fortificação e
o sentido que este confere para a cidade a partir da construtora Dahma, no espaço
urbano da cidade de São Carlos. Para tal empreendimento são utilizados conceitos da
teoria sociológica clássica que identificam na cidade moderna, ao dissolver os vínculos
tradicionais e comunitários, a possibilidade de desenvolvimento autônomo do homem e
a emergência de novos estilos de vida, assim como da segurança, da acessibilidade, da
liberdade e da igualdade. E da teoria sociológica contemporânea, com ênfase na obra do
sociólogo Zigmunt Bauman acerca da passagem da modernidade sólida para a
modernidade líquida, a abordagem da cidade enquanto campo de batalha entre o poder
local e o poder global que suscita a “mixofobia” – paradoxo entre os impulsos globais e
locais, em que por um lado a cultura multiforme e plurilinguística da cidade tende a
aumentar, e, por outro, o medo de se misturar com o outro também, possibilitando
tendências segregacionistas e a construção de fronteiras.
NOTAS SOBRE A GESTÃO DOS USUÁRIOS DE CRACK NA
CIDADE DE SÃO PAULO
SOUZA, Letícia Canonico de (UFSCar)
[email protected]
O presente trabalho discorre sobre a gestão dos usuários de crack na cidade de São
Paulo, tendo como ponto de partida o plano "Crack, é possível vencer", constituído em
nível nacional, o qual pretende a união de três eixos de ação: Autoridade, Cuidado e
Prevenção. Focando as formas de atuação dos grupos profissionais, representantes de
diversas lógicas estatais, diante dos usuários e usos do crack, fixando o olhar para a
gestão praticada por estes. Com isso trata sobre as formas de atuação e conflitos entre
diferentes saberes e abordagens diante dos usuários e usos da droga no âmbito do plano
de "combate" ao crack no momento de sua implementação. Para tanto está sendo
realizada pesquisa documental e de campo desde o começo do ano de 2013 com
distintos agentes que trabalham na gestão do uso e usuários do crack, como policiais,
assistentes sociais e agentes de saúde na região que ficou conhecida como
“cracolândia”, no centro da cidade de São Paulo.
146
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
OCULTAR MOSTRANDO: a cobertura do crime no telejornalismo
brasileiro
CUNHA, Carolina Flores Marasco da (UFPel)
[email protected]
O presente trabalho busca refletir acerca dos pressupostos teóricos do sociólogo francês
Pierre Bourdieu (1997) a cobertura jornalística, especialmente a realizada pela televisão,
sobre a ocorrência de determinados crimes. A observação se compõe pela identificação
dos temas sobre o dado assunto e o correspondente viés apresentado pelo Jornal
Nacional, telejornal de maior audiência da Rede Globo de Televisão – emissora que
detém a centralidade midiática no país. O texto tem como por objetivo dialogar com a
análise das estruturas participantes no processo de transmissão da informação através de
seis reportagens colhidas do telejornal em determinado período específico. O
desenvolvimento do estudo também possui como norte a dimensão de conceitos da
globalização através de Ortiz (1994), onde os meios de comunicação estão submersos a
uma realidade comercial e da “mentalidade-índice-de-audiência”. A pesquisa da mesma
forma se apoia na utilização da abordagem teórica de Roland Barthes (1971),
relacionada à categoria de fait-divers, da informação sensacionalista, e a de Douglas
Kellner (2001), na qual se materializa a ideia exposta na contextualização sobre a
cultura da mídia. As perspectivas apresentadas permitem a ancoragem para a relação
aos resultados obtidos na interpretação das reportagens analisadas do telejornal. Diante
disso, por meio das observações teóricas, a investigação tem ainda como finalidade
realizar a aproximação de conceituações sociológicas às características da mídia que,
por consequência, convergem para uma reflexão crítica dos meios de comunicação.
COTIDIANO ENTRE-MUROS: a (re)significação do olhar a partir da
arte e culturas marginais na prisão
GUADAGNIN, Renata (PUC/RS)
[email protected]
CAPES
Através do estudo proposto, objetiva-se realizar uma abordagem interdisciplinar da
prática (sobre)vivida no Cárcere e o diálogo entre Arte e Direito. A expressão artística e
cultural observada como forma de resistência/existência, demonstrando a possibilidade
de ser/existir ainda que no interior das grades de um estabelecimento prisional. Buscase, dessa forma, permitir a (re)significação do olhar estigmatizado sobre o preso para
um diálogo em alteridade, visando uma construção plural e crítica do pensar jurídico.
Compreender a arte como meio para a ruptura das barreiras que separam a cidade e os
muros do cárcere e uma (re)significaço do olhar sobre ele. Como instrumento de uma
inserção, (re)conhecimento social, quebra dos estigmas atribuídos ao preso e novas
formas de lidar com os refugos da modernidade e o tratamento penal quando da
execução da pena, despertando para o cotidiano real do cárcere, com ênfase nos projetos
desenvolvidos pela ONG Igualdade/RS no Presídio Central de Porto Alegre, e no
projeto MCS Para Paz desenvolvido pela Coordenadoria da Juventude da SUSEPE-RS,
na Penitenciária Modulada Estadual de Osório e em implementação na Penitenciária
Estadual de Arroio dos Ratos. Trata-se de pesquisa integrante do Programa de PósGraduação em Ciências Criminais da PUCRS em âmbito de Dissertação de Mestrado
147
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
iniciado em 2013/1, financiada pela CAPES. O projeto foi submetido ao Comitê de
Ética SUSEPE/RS e à Comissão de Ética da PUCRS no mês do maio, e encontra-se em
fase preliminar de pesquisa.
“SETE CORPOS DE SANGUE DERRAMADO”: reflexões sobre uma
chacina em São Carlos SP
OLIVEIRA, Luciano Márcio Freitas de (UFSCar)
[email protected]
O debate sobre as pessoas que vivem nas ruas das cidades ganhou importância na
agenda do Governo Federal a partir do ano de 2004, tendo como um dos fatores a
repercussão nacional referente ao massacre de sete moradores de rua na região central
da cidade de São Paulo. Passados oito anos, outra chacina chama atenção, a morte de
sete pessoas em espaços públicos em uma cidade do interior paulista. Este artigo
pretende discutir relação entre a chacina de sete pessoas nas ruas da cidade de São
Carlos (SP) em outubro de 2012 e a política de assistência social do município. O
argumento que norteará a discussão tem por base as transformações na política de
assistência social, orientada pela focalização aos mais pobres, a partir de meados dos
anos dois mil, repercutiu nas formas de atendimentos aos moradores de rua. Sugerimos
que essas mudanças propiciaram o surgimento de discursos e práticas voltadas para a
legitimidade de quem é considerado ou não morador de rua para os serviços de
atendimento. Nesse sentido, diferentemente do caso da cidade de São Paulo, onde
massacre de moradores de rua resultou no debate sobre a elaboração de políticas
públicas, em São Carlos após a chacina, o debate resultou na discussão sobre a
legitimidade das vítimas serem ou/não classificadas como moradores de rua,
demonstrando um dos aspectos decorrentes das mudanças na orientação das políticas
sociais no Brasil, especificamente a assistência social.
JUVENTUDES NEGRAS NO BRASIL: a interseccionalidade de
gênero, raça e juventude na busca por direitos sociais e políticos
PEREIRA, Juliano Gonçalves (NEAB/CEFET/RJ)
SILVA, Edmar Pereira da
SANTOS, Sônia Beatriz dos
[email protected], [email protected], [email protected]
CAPES
Nesse artigo, buscamos observar a interseccionalidade de gênero, raça e juventude nas
ações políticas da Juventude Negra, focando nossas análises nos espaços construção e
busca por direitos da Juventude da cidade de Montes Claros/MG. Consideramos a
categoria Juventude Negra no plural, ou seja, Juventudes Negras, devido às diversas
realidades que permeiam este segmento populacional e, sobretudo, pela forma como o
acesso aos direitos chegam de diferentes formas a estas/es sujeitos quando separados
por gênero e raça. A busca por acesso aos direitos tem sido o norteador das ações que
envolvem a participação política das Juventudes Negras, e central nos espaços de
discussão sobre a temática no Brasil. Na cidade de Montes Claros/MG ver-se uma
evolução das políticas públicas para a juventude, chegando a criação de uma Secretaria
Municipal de Juventude para aprofundar a discussão sobre a temática. As Juventudes
148
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Negras têm se organizado em movimentos importantes de transformação social, e focam
atenção especial aos grupos organizados em torno da cultura, e suas diferenças quanto
ao foco das mulheres jovens negras. Pretendemos com este artigo identificar e
conceituar Juventudes Negras dentro do discurso de Juventudes e refletir sobre como as
políticas endossadas a este segmento ainda focam temas como violência e mortalidade,
apresentando atenção a ações destinadas aos homens jovens negros.
DAS VIOLÊNCIAS: entre a gestão e o atendimento à população em
situação de rua
PEREIRA, Luiz Fernando de Paula (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
Este artigo trata do caso de um pequeno grupo que foi atendido entre março e julho de
2010 em um Centro de Referência Especializado ao Atendimento à População em
Situação de Rua (Centro-Pop) do município de São Carlos/SP, após uma intervenção do
poder público em um barracão abandonado. Tem por objetivo analisar determinados
desdobramentos de uma “perspectiva de gestão” e de uma “perspectiva de atendimento”
voltada à população em situação de rua. A partir disso, serão elencadas e descritas
diferentes manifestações de violência nesse processo, com destaque: i) à violência na
intervenção; ii) à violência entre os usuários dos serviços; iii) à violência nos espaços
institucionais e na rua; e iv) às consequências para o funcionários das instituições de
acolhimento.
REFLEXÕES SOBRE O EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE NEGRA
NO NORDESTE E AÇÕES DE INCIDÊNCIA POLÍTICA DO
CAMPO DA JUVENTUDE
SILVA, Jenair Alves da (UFRN)
DIOGO, João Paulo dos Santos (Universidade Estácio de Sá/FIB – Bahia)
[email protected], [email protected]
Os números sobre a violência contra a juventude brasileira vêm sendo apresentados
através da série de estudos Mapa da Violência desde 1998. Os recentes dados trazem o
Nordeste como região onde as taxas de homicídios de jovens são preocupantes,
colocando três estados do território, Alagoas, Pernambuco e Bahia, entre os dez
primeiros estados com maiores índices. Tendo como referência o Mapa da Violência
2011 – Os Jovens do Brasil, percebe-se que no país registrou a cada 100mil homicídios,
52,9mil vítimas entre 15 e 24 anos. No Nordeste, a taxa de jovens vítimas de homicídio
chega a 63,8mil a cada 100mil, desses 86,05% são jovens negros. Preocupados com
esse quadro, os movimentos sociais juvenis, especialmente os do campo do movimento
negro, promoveram ações com estratégias de dar visibilidade à questão como
“extermìnio” da juventude negra, colocando em pauta a violência institucional realizada
pelo poder de polícia/estado, não registrados no Mapa, mas sentido todos os dias,
principalmente nas periferias. Nessa perspectiva, surgiram as campanhas “Reaja ou Será
Morto – Reaja ou Será Morta”, em 2005, uma articulação dos movimentos sociais e
comunidades da capital e do interior da Bahia, a “Campanha Nacional Contra o
Extermìnio da Juventude Negra” iniciada em 2009, pelo Fórum Nacional de Juventude
149
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Negra, e a “Campanha Nacional Contra a Violência e Extermìnio de Jovens”,
promovida pela Pastoral da Juventude, também iniciada em 2009. Esse trabalho tem o
objetivo de debater sobre a violência contra a juventude negra no nordeste,
especificamente sobre os dados de homicídio desta região, como também sobre a
incidência política gerada por estas Campanhas, seus objetivos, principais ações e
resultados, de modo a traçar um panorama e refletir sobre os avanços e desafios.
A VIOLÊNCIA ESCOLAR EM MATÉRIAS DE JORNAL: um
imaginário construído em Belém-PA
SILVA, Livia Sousa da (UFPA)
MENDONÇA, Kátia Marly Leite (UFPA)
[email protected], [email protected]
CNPQ
O presente trabalho tem como objetivo investigar de que forma se constitui o imaginário
da violência escolar no texto midiático em Belém-Pa. Ao proceder à análise de textos
midiáticos impressos buscamos a compreensão dos constituintes imaginários
subjacentes à ideia de violência escolar conformada nesses discursos. Por acreditar
numa construção midiática perpassada de intencionalidades, que ao construir um
imaginário para a violência estará influenciando opiniões e decisões, quer seja no foro
particular ou da esfera pública; participando mesmo da construção da Violência Escolar
como objeto de estudo, de atenção e de intervenção. Para tanto, julgamos importante
conjugar estudos do campo da Sociologia do Imaginário e da Hermenêutica
Compreensivo-Dialógica (Gadamer; Paul Ricoeur). Como uma primeira incursão de
investigação nessa arena de significações, expomos um prelúdio da tessitura de tal
pesquisa.
PÔSTER
MÍDIA- RECURSO PARA UM FIM: o caso da MINUSTAH no Haiti
COSTA, Annelise Faustino da (UNESP)
[email protected]
FAPESP
Na sociedade atual, cada vez mais globalizada, é visível a influência dos meios de
comunicação social sobre o pensamento humano. Esses foram se constituindo ao longo
da história adquirindo cada vez mais importância e funcionalidade nas relações sociais,
tendo grande significado, podendo ser considerados principal fonte de informação e
formação pública atual. Nesse mundo “interconectado” ainda há a presença de conflitos
entre Estados, mas, principalmente, no interior destes. O Haiti, país mais pobre da
América, com uma turbulenta história, necessitou da intervenção da ONU para tentar
reparar seus graves problemas de desestruturação social e estatal. A atual operação de
paz no país, MINUSTAH, estabelecida em 2004, tem como objetivo construção de paz
por meio de políticas para estabelecimento da segurança e estabilidade, fortalecimento
político e dos direitos humanos. Um dos fatores de sucesso da operação está no campo
da comunicação social. A pesquisa analisa a situação da mídia no Haiti, sua utilização
pela MINUSTAH para atingir seus fins, tanto voltados para o público externo como
150
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
para os haitianos, a funcionalidade desse meio para resolver o conflito e sua capacidade
de interferir nas relações sociais haitianas. Utiliza bibliografia especializada,
documentos da ONU, questionários e entrevistas com atores envolvidos e relatórios de
organizações que atuam com a mídia no país. Verificamos o uso da mídia pelos
detentores do poder, a importância do rádio no país, decorrente do estado de pobreza da
população, e que esses meios são importantes ferramentas para a operação da ONU.
Dessa forma, a mídia, se utilizada de maneira adequada e observando as especificidades
do local, é um recurso valioso para atingir o fim de estabelecer a paz em áreas de
extrema violência no mundo.
DE “CRACOLÂNDIA” À CRISTOLÂNDIA: notas etnográficas da
política Batista de combate ao crack
FROMM, Deborah (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
A proliferação das chamadas “cracolândias” é problema atualmente debatido por
diversos atores sociais (administradores, políticos, intelectuais, jornalistas, etc.), que
mobiliza diferentes esferas da vida social (saúde, assistência, repressão, família etc.).
Com a criação pelo governo federal da Política Nacional de Enfrentamento ao Crack e
outras Drogas, cujo mote é “Crack, é possível vencer”, além de constantes operações
estaduais em cenários de uso, o crack tem assumido uma posição central no que diz
respeito ao controle e gestão de populações e espaços urbanos. No entanto, pouco tem
sido sistematicamente estudado acerca do crescente papel da Igreja, mais
especificamente de igrejas evangélicas, na assistência, evangelização e conversão dos
chamados “nóias”. Nesse sentido, o presente trabalho pretende descrever e analisar uma
política evangélica, exclusivamente batista, voltada para o crack, através de uma
pesquisa etnográfica no contexto específico da Missão Cristolândia, na região da Luz,
em São Paulo. Esse estudo, ademais, pretende abordar o modelo de atendimento e de
tratamento oferecido pelo projeto aos usuários de drogas, de modo a considerar as
tecnologias e saberes envolvidos na evangelização e conversão dos usuários, além da
forte presença de componentes territoriais no foco desta ação missionária. Argumentase que, longe de constituir uma ação isolada, a Missão Batista Cristolândia, pode ser
pensada como parte integrante de um projeto político-religioso de nação, empreendido
pelos batistas brasileiros (membros da Convenção Batista Brasileira) em acordo com o
caráter missionário e universal da fé cristã.
151
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão II: Polícia, Justiça e Prisões
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedora: Prof.ª Dr.ª Jacqueline Sinhoretto (UFSCar)
INVESTIGAÇÕES SOBRE A EXPANSÃO PRISIONAL NO
ESTADO DE SÃO PAULO: uma análise sobre a reestruturação do
poder punitivo (1993 - 2013)
BARROS, Rodolfo Arruda Leite de (UNESP)
[email protected]
A pesquisa investiga a expansão do sistema prisional no Estado de São Paulo ocorrida
nas duas últimas décadas (1993 - 2013) visando compreender de que modo o
crescimento da população encarcerada e das unidades não estão apontando para um
processo de reestruturação do poder punitivo no estado paulista. Desta maneira, o foco
incide sobre a possível emergência de novos atores sociais que atuam no âmbito
institucional e de que modo estes agentes públicos alteraram, ou não, as diretrizes das
políticas públicas direcionadas à área prisional no Estado. A pesquisa inicia-se a partir
de uma revisão bibliográfica de trabalhos sobre a temática prisional, os quais mostraram
diversos aspectos problemáticos do revigoramento punitivo, para, em seguida, avançar
na compreensão de três grandes tendências do sistema prisional paulista, a saber: a
militarização, a interiorização das prisões e a privatização do poder punitivo. Nossa
hipótese inicial é considerar que, na história de sucessivos „fracassos‟ das polìticas de
humanização e reforma do sistema prisional, simultaneamente a estas tentativas,
desenvolveram-se numerosos arranjos, adaptações e decisões políticas executadas pelo
governo estadual e seus agentes, que mantiveram e intensificaram a condução punitiva
da política estadual. Com o discurso de gerir e manter o controle das unidades
prisionais, o Estado investiu fortemente na construção de novas unidades e estas
decisões necessitam de maiores investigações. Embora um número considerável de
pesquisadores tenha avançado neste campo, considera-se que estes processos ainda são
pouco conhecidos, de modo que se torna necessária a produção de informações
relevantes sobre essas dinâmicas.
A POLÍTICA CRIMINAL BRASILEIRA DURANTE OS
GOVERNOS LULA-DILMA (2002-2012): continuidades e rupturas
CIFALI, Ana Claudia (PUC/RS)
[email protected]
CAPES-CNJ
O presente trabalho busca unir a análise das transformações das políticas de controle do
crime no contexto internacional ao surgimento de um governo nacional brasileiro
construído desde programas políticos que se configuram recorrendo a elementos da
tradição política de esquerda. Desde inícios dos anos 90, na América Latina, foi-se
construindo social e politicamente a insegurança pública como um dos grandes
problemas dos centros urbanos. A crise vê-se materializada tanto no aumento e no
152
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
surgimento de novas formas de criminalidade, como na perda de confiança nos atores
estatais tradicionalmente ligados ao controle do crime. Nos últimos anos, na América do
Sul, produziram-se mudanças políticas que residem na ascensão de governos nacionais
vinculados a uma orientação política de esquerda. Tais experiências buscam superar os
efeitos econômicos, sociais e culturais causados pela difusão do neoliberalismo e do
neoconservadorismo que atravessou o continente, mobilizados no marco dos governos
autoritários. No Brasil, tal mudança começou a construir-se a partir do triunfo do
Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições nacionais, com o início da gestão de Lula
da Silva, em janeiro de 2003, experiência política que se estende, com a reeleição de
Lula em 2006 e a eleição de Dilma Rouseff em 2010. Por tais razões, buscou-se
conhecer as orientações dos governos Lula-Dilma em relação à penalidade,
especificamente, no tocante à elaboração político-criminal e das políticas de segurança
pública. Pretende-se verificar as mudanças e continuidades em relação ao passado a
partir de quando assumiram, no plano do discurso político e administrativo; da
legislação penal, processual penal e de execução penal; das intervenções penais levadas
a cabo, bem como seus efeitos sociais e institucionais.
A JUSTIÇA INFANTO JUVENIL: a apreensão, o julgamento e a
internação na CASA – Centro de Atendimento Socioeducativo ao
Adolescente do Estado de São Paulo – Fundação CASA
GONÇALVES, Rosângela Teixeira (UNESP)
[email protected]
O presente trabalho traz a análise de prontuários de jovens egressos do Centro de
Atendimento Socioeducativo ao Adolescente – Fundação CASA. Os prontuários são
referentes à medida de internação e a medida de liberdade assistida e contemplam desde
a fase da apreensão policial, ao julgamento e as avalições sociais e psicológicas acerca
dos jovens autores de atos infracionais no período em que permaneceram internados na
instituição. As análises têm como objetivo mapear as práticas de agentes da lei como
policiais, juízes, advogados, defensores públicos, além do corpo técnico responsável
pela efetivação das medidas de privação de liberdade e em meio aberto e os discursos
que as diferentes instituição produzem acerca dos jovens em questão. Como conclusões
tem-se que o judiciário legitima as práticas de internação e punição para com a
juventude pobre, reforçando o ideal de punição para aqueles que estejam fora da
instituição escolar, advindos de famìlias categorizadas como “desestruturadas”, levando
assim ao esquadrinhamento da vida do indivíduo, por que a informação dada ao juiz, diz
muito mais respeito ao contexto da existência, de vida e disciplina do indivíduo, do que
o próprio crime que ele cometeu. Além disso, comportamentos tidos como normais de
pessoas privadas de sua liberdade, passam a ser considerados como patológicos por
psicólogos e assistentes sociais, e ainda, agentes policiais, agem com discricionariedade
na apreensão de adolescentes, exames de corpo de delito são realizados semanas após a
apreensão e a brevidade na transferência de jovens apreendidos pela polícia para
instituições especiais, não vem ocorrendo de forma efetiva, havendo casos de a
transferência ocorrer semanas depois da apreensão. Desse modo à justiça infanto-juvenil
vêm flagrantemente desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente em suas
práticas e ações.
153
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
EM DEFESA DA SOCIEDADE: análise do caso Isaías no Tribunal do
Júri da cidade de São Paulo
JESUS, Maria Gorete Marques (PPGS/USP)
[email protected]; [email protected]
Isaías foi acusado pelo homicídio de um preso no Centro de Detenção Provisória de
Pinheiros em 2001, quando cumpria pena por tráfico de drogas. O réu afirmava
categoricamente que era inocente e que estava sendo acusado injustamente. Durante o
julgamento, a acusação alegava que se o réu fosse absolvido, a sociedade estaria em
perigo porque o acusado pensaria que o crime compensa. Para a defesa, se o réu fosse
condenado, ele pensaria que o crime compensa porque mesmo sendo inocente, com
trabalho e inserido socialmente após anos cumprindo pena por outro crime, estaria
sendo condenado e que sua condenação geraria mais ódio da sociedade e, a partir daí,
cometeria crime. Nesta perspectiva, ambos traçaram um discurso em que o acusado era
considerado a partir da chave do criminoso. Para a acusação, o réu era um criminoso
que deveria ser condenado. Para a defesa, o réu era inocente mas, sendo condenado,
poderia se tornar de fato um criminoso. Por que será que o advogado tomou essa
postura, essa estratégia em sua arguição? Por que utilizou quase que a mesma estratégia
da acusação, de dizer que manter o acusado solto colocaria em risco a sociedade?
Ambos adotam uma estratégia de se colocarem em defesa da sociedade, pois, da
perspectiva da acusação, sendo absolvido o réu ficaria impune e cometeria mais crimes,
da perspectiva da defesa, sendo condenado, o acusado desistiria de ser reintegrado à
sociedade e voltaria a cometer crimes, ou seja, se tornaria um risco à sociedade.
Pretendemos, a partir da análise desse caso, debater com a literatura que problematiza a
questão da punição e trazer questões para reflexão.
FAZENDO RONDA: missões, práticas e ética policial da ROTA
MACEDO, Henrique de Linica dos Santos (UFSCar)
[email protected]
O presente trabalho é fruto da iniciação cientifica desenvolvida na Universidade Federal
de São Carlos (UFSCar), no qual buscou-se analisar a história da Rondas Ostensivas
Tobias Aguiar (ROTA), que é uma das funções exercidas pelo 1° Batalhão de Choque
da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP). Para tal, debruçou-se sobre o
período que compreende desde a sua criação até o início de 2013. O objetivo do
trabalho foi compreender quais os mandatos oficiais atribuídos a ROTA, e como estes,
foram e são influenciados por práticas policiais de caráter informal e como demandas
particularizadas orientadas por uma cultura organizacional, uma ética policial e
resquícios de práticas de um sistema inquisitorial os transformaram. Assim, pode-se
concluir que há uma “Doutrina de ROTA” que pauta as práticas da unidade, suas
estratégias de ação, modificando-se assim os mandatos oficiais a ela atribuídas.
154
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
„OS CRIMES DE SENSACÃO‟ E OS EMBATES SOBRE AS
DEFINICÕES DE PROVAS DE CULPABILIDADE CRIMINAL: as
discussões sobre os direitos dos cidadãos durante a Primeira República
brasileira
OLIVEIRA, Marília Rodrigues de (PUC/RJ)
[email protected]
CNPQ
Em dezembro de 1896, o diretor da Casa de Recolhimento Santa Rita de Cássia, Basílio
de Moraes, foi acusado de abusar sexualmente das meninas órfãs residentes na casa da
qual era diretor. O julgamento que ocorreu em abril de 1897 chegou a reunir 2000
pessoas, sendo o “mulato” condenado a 9 anos de prisão celular. Quase vinte anos
depois, em fevereiro de 1914, D. Edina do Nascimento é encontrada morta em seu
quarto com um ferimento de bala na cabeça. O que a princípio parecia um suicídio por
razões de ciúmes, aos poucos se configurou como uma suspeita que o seu próprio
marido a teria assassinado. Seis anos depois o tenente foi a julgamento e considerado
inocente. A princípio desconexos, estes crimes vastamente explorados pela imprensa
por causarem “sensação no púbico leitor" tiveram em comum a presença do advogado
Evaristo de Moraes, que levantara em ambos os casos um debate de importância para
construção do sistema jurídico brasileiro: quais elementos poderiam se definir enquanto
provas objetivas para indicação de responsabilidade criminal de um acusado? Seriam,
os muitas vezes incompletos pareceres científicos, ou os testemunhos, marcados
recorrentemente por ausências e interesses pessoais? Se o regime republicano afirmavase simbolicamente pelo fim dos privilégios sociais, os debates em torno da definição do
que poderia ser uma prova de culpabilidade criminal perpassavam uma questão mais
profunda. A construção de uma justiça coerente com os valores republicanos deveria
encontrar formas de julgar a todos de maneira igual, estabelecendo critérios de provas
racionais, que não levassem em conta paixões, privilégios de origem social, cor de pele
ou interesses pessoais. Desta forma, pretendo discutir a partir destes julgamentos com
diferentes sentenças e réus de segmentos sociais distintos, como os debates em torno da
definição de provas de culpabilidade criminal – protagonizados por jornalistas, leitores,
advogados e juízes - perpassavam também uma discussão fundamental durante as
primeiras experiências do novo regime político: os direitos dos cidadãos frente ao
Estado republicano.
OS JULGAMENTOS PELO TRIBUNAL DO JÚRI EM ASSIS-SP
SANTOS, João Henrique dos (FEMA)
[email protected]
Os julgamentos pelo Tribunal do Júri exercem no Brasil um grande fascínio. Como de
fato todos nós percebemos, há um impacto que os crimes de morte causam na
sociedade, por outro lado, os momentos dos julgamentos são de significativa
repercussão, algumas vezes, mais até do que o crime em si. Nesta comunicação,
direcionaremos o olhar para o Tribunal do Júri da cidade de Assis - SP, sobretudo os
julgamentos ocorridos no período de 2012-2013. A partir dos discursos produzidos no
espaço do Tribunal do Júri, analisaremos a contraposição entre tais discursos nos seus
elementos que são caracterizados pela luta entre sagrado e profano, racional e irracional,
155
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
vingança e redenção, punição e absolvição, exceção e regra, o teatro e suas diferentes
formas. No desenvolvimento da pesquisa de campo, com a finalidade de subsidiar este
estudo, começamos a refletir sobre algumas possibilidades de análise, sobretudo, uma
percepção do sequestro do tempo, ou suspensão do tempo, durante os momentos em que
ocorre um julgamento. Este sequestro do tempo, se dá a partir da tentativa de
reconstrução dos acontecimentos que envolveram o crime cometido, sempre estruturado
a partir da justaposição de discursos, produzidos pelas testemunhas, reús, advogados e
promotores. Deste modo, pensamos que este sequestro do tempo ocorre entre as
narrativas dos diferentes agentes do processo, suspendendo e ao mesmo tempo, criando
novas temporalidades conforme a intencionalidade dos envolvidos nos julgamentos.
SEGURANÇA PÚBLICA E RELAÇÕES RACIAIS: notas sobre a
formação de soldados e oficiais da PMESP
SCHLITTLER, Maria Carolina (UFSCar)
[email protected]
CAPES
A presente comunicação analisa como a segurança pública se relaciona com a questão
racial no processo de formação de soldados e oficiais da Polícia Militar do Estado de
São Paulo, o que integra as análises da pesquisa de doutorado, atualmente em curso,
intitulada “Segurança Pública e Relações Raciais no estado de São Paulo: o processo de
incriminação pelas polìcias”. A proposta aqui é entender como a temática das relações
raciais foi inserida na grade curricular da corporação e como é tratada por alguns
policiais militares responsáveis pelos cursos de formação, em diferentes hierarquias. Por
meio do trabalho de campo e pesquisa bibliográfica foi identificado que durante a
década de 2000 a PMESP introduziu a disciplina - inicialmente denominada - “Ações
Afirmativas e Igualdade Racial” em todos seus cursos de formação (a saber: formação
de soldados, sargentos, oficiais e formação de altos oficiais), o que pode estar
relacionado ao processo iniciado ainda na década de 1990, quando o Brasil passa a
assinar tratados internacionais de respeito aos Direitos Humanos e Direito Humanitários
Internacional aplicados ao treinamento de policiais, vinculados, principalmente, ao
Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Portanto, diante de uma literatura que indica o
uso da “racialização” como critério de decisão para uma ação policial é interessante
apreender como são produzidos os saberes, discursos e práticas da segurança pública no
processo de formação de seus membros para administrar as relações entre a PMESP e
grupos sociais específicos, no caso da presente pesquisa, o grupo caracterizado por
raça/cor, geração e território: notadamente jovens, negros e moradores de periferias.
O “MÍNIMO NECESSÁRIO DE FORÇA PUNITIVA”: continuidades
e rupturas nos discursos sobre crime e punição nas leis 9.605/98
(crimes ambientais), 9.714/98 (penas alternativas) e 11.343/06 (tóxicos)
SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de (PUC/RS)
[email protected]
CAPES-PROSUP
A Lei 9.714/98, que ampliou as possibilidades de aplicação das penas restritivas de
direitos, conhecidas como penas alternativas, e também instituiu novas alternativas à
156
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
pena de prisão, teve alguns de seus dispositivos vetados sob o argumento de que não
contavam com “o mìnimo necessário de força punitiva”. No entanto, alguns desses
dispositivos vetados estão presentes na Lei 9.605/98, que estabeleceu os crimes
ambientais e as punições aplicáveis, e outros reapareceram na Lei 11.343/06, a nova lei
de drogas. Considerando as condições de emergência das diferentes políticas adotadas
no Brasil em relação às alternativas penais, há indícios de que discursos diversos foram
articulados na construção dessas políticas. Assim, quais as continuidades e rupturas
entre os discursos sobre crime e punição presentes na produção dessas três leis? Essa
questão é abordada a partir de ferramentas teóricas fornecidas por Michel Foucault para
a compreensão do discurso como uma prática e sua polivalência tática, articuladas às
reflexões de David Garland sobre as relações entre as configurações do campo do
controle do crime e as mentalidades e sensibilidades em relação ao crime e seus
sujeitos, bem como às discussões de Roberto Kant de Lima sobre as implicações das
representações hierárquicas existentes na cultura jurídica brasileira para as práticas das
agências de controle penal. Para responder o problema proposto, analisou-se o texto dos
projetos de lei, das justificativas, dos pareceres das comissões da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal e debates legislativos de cada uma dessas três leis, com
o auxílio do software de pesquisa qualitativa NVivo 10, a partir de oito indicadores:
“visões”, “sujeitos”, “justificativas”, “saberes”, “efeitos”, “aplicação”, “modalidades”,
“posicionamento”.
PÔSTER
ATOS INFRACIONAIS NAS VARAS DA INFÂNCIA E
JUVENTUDE NO ESTADO DE SÃO PAULO
(1991-2011)
BARBIM, Marina Graziela (UNESP)
SIQUINELLI, Larissa Delle Siquinelli (UNESP)
[email protected], [email protected]
PIBIC/CNPQ
O apelo favorável ao endurecimento penal e um controle do crime e do criminoso,
através do ECA e sua recepção pelos operadores técnicos do direito, estamos
investigando o processo de sentenciamento dos jovens de ambos os sexos que cometem
atos infracionais, identificando as razões pelas quais a doutrina da proteção integral
pode estar cedendo espaço para uma leitura da lei a partir da ótica da lei e da ordem.
Junto à Vara da Infância e Juventude numa cidade do interior do Estado de SP, cobrindo
o período de 1991 a 2011, a pesquisa com uma ampla revisão bibliográfica, obteve
análise do processo de constituição das instituições voltadas para o controle e punição
de jovens, com a reconstrução do debate em torno da doutrina de proteção integral e das
taxas de atos infracionais cometidos por jovens. Pudemos compreender qual o perfil dos
adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação; a tipologia dos atos
infracionais dos jovens que recebem essas medidas; os tipos de sentenças aplicadas e
outras características da medida de internação, o impacto das medidas socioeducativas
de internação nas instituições de cumprimento das mesmas; as representações dos
profissionais que atuam na área.
157
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Sessão III: Controle Social, Crime e Instituições Penais
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Luis Antônio Francisco de Souza (UNESP/Marília)
TEORIAS E GESTÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA: notas
preliminares entre as influências mundiais e brasileiras no estado de
Minas Gerais
BONESSO, Márcio (UFSCar/IFTM)
[email protected]
Esse trabalho tem o objetivo de problematizar discussões teóricas mundiais e de gestão
pública sobre o controle social da criminalidade - o debate acerca desse tipo de controle
sempre foi preocupação de pensadores acadêmicos e gestores públicos das cidades
modernas - ao contexto histórico contemporâneo do Estado de Minas Gerais. Tais
desdobramentos teóricos e intervencionistas suscitaram, ao longo do século XX e virada
do século XXI, problemas históricos específicos às ciências e aos gestores da
administração dos conflitos. Se no continente europeu e norte americano a atual
tendência das políticas punitivas está associada ao que os pensadores chamam de pósmodernidade, pode-se perguntar: como pensar a transposição desses modelos
internacionais para as heterogêneas regiões do Brasil, cujos elementos das chamadas
modernidade e pós-modernidade possuem especificidades bem diferentes daquelas
encontradas nos continentes citados e teorizados? Perseguindo algumas trilhas teóricas e
históricas apresentadas a seguir, objetiva-se constituir um panorama comparativo que
servirá de base instrumental para se pensar as gestões de controle social do crime no
Estado de Minas Gerais. No propósito de conter as taxas de crimes violentos que
aumentaram na metade da década de 1990, o governo de Minas Gerais criou no ano de
2003 um novo programa de gerenciamento das políticas de segurança pública baseado
no plano “choque de gestão” do governador Aécio Neves (PSDB). Nesse programa uma
nova gestão da segurança pública foi implantado no Estado, tornando-o um dos modelos
bem sucedidos de políticas públicas estaduais.
O USO DA VIOLÊNCIA DA ORDEM SOCIAL: uma análise do
bairro Furnas-Tremembé do município de São Paulo
FERNANDES, Alan (UNIFESP)
[email protected]
A pesquisa tem como objetivo investigar as formas de sociabilidade dos bairros em
estudo e de que forma a violência é instrumentalizada pelos indivíduos como
componente estrutural e estruturante de suas relações sociais, contrapondo-se à ética
institucional-legal. Exclusão social e alta privação material são o pano de fundo onde
homicídios, tráfico de drogas, violência doméstica, roubos e furtos são acontecimentos
corriqueiros e funcionais na comunidade em estudo, reconhecido, em 2009, como a
quarta região mais violenta na Região Metropolitana de São Paulo em número de
assassinatos. A chave teórica em que minha pesquisa se insere são os trabalhos de
Michel Misse, Alba Zaluar, Luiz Antonio Machado da Silva e Gabriel Feltran os quais,
158
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
valendo-se de etnografias urbanas, pretendem interpretar se e como o "mundo do crime"
agrega-se às formas de convivência, aproximando as éticas de "trabalhadores", marcada
pelos valores ligados ao fordismo e a antigas concepções de hierarquias sociais, aos de
"bandidos", caracterizada pelo hedonismo, pela acentuação de um "ethos masculino" e
pelo consumo. A preocupação com esse problema decorreu do período em que trabalhei
como comandante de policiamento nos bairros em estudo, servindo à Polícia Militar do
Estado de São Paulo quando, a despeito de crescentes investimentos nas áreas de
urbanismo, saúde e segurança, os índices criminais apresentavam insignificantes
alterações, mantendo-se em taxas bastante elevadas, o que problematizava os
paradigmas político-sociológicos de combate ao crime. A partir do contato com a
cultura daquelas pessoas, novas interpretações foram suscitadas, razão que motiva a
presente pesquisa. Para tanto, são utilizados métodos qualitativos de interpretação,
ligados à tradição da antropologia urbana.
ESPAÇO URBANO E REDES DE COMERCIALIZAÇÃO DAS
DROGAS ILÍCITAS
LAMOUNIER SENA, Lúcia (PPGCS-CEPESP/PUC Minas)
SAPORI, Luís Flávio (CEPESP/PUC Minas)
[email protected], [email protected]
O objetivo do artigo apresentado é analisar as diferentes estruturas de comercialização
das drogas ilícitas no varejo, levando em consideração a conformação social do espaço
urbano. Utilizando dados empíricos coletados na região metropolitana de Belo
Horizonte, o texto evidencia que esse mercado ilícito está estruturado em redes, de
modo que foram identificadas duas estruturas em rede de comercialização de drogas
ilícitas, denominadas de Rede de Empreendedores e Rede de Bocas. A rede de
empreendedores é uma estrutura descentralizada, que tem como referência central
hiperlinks que atuam na venda de drogas. A dinâmica dessa rede configura-se por um
conjunto de nós interligados a esse hiperlink, o empreendedor, com o objetivo inicial de
obter o produto por ele comercializado. Esse acesso ocorre através de um sistema de
referência mediado, principalmente, por relacionamentos com grupos de amigos ou
indicações, “amigos de amigos”. A Rede de Boca, por sua vez, é referência de um
espaço físico constituindo-se como ponto comercial para a venda de uma droga ilícita. É
o lugar, e não os indivíduos, que atua como hiperlink para a formação das conexões.
Constitui uma rede de comercialização hierarquicamente centralizada, uma “firma”,
reconhecida como pertencente a um patrão, figura central da rede ainda que não
pertencente ou presente no local em que a dinâmica de comercialização em que esta
rede se desenvolve. As características socioeconômicas do espaço urbano definem em
boa medida o tipo de rede de comercialização prevalecente. Nosso objetivo neste
trabalho é propor uma discussão que aborde a vulnerabilidade do espaço como um dos
elementos constitutivos das relações e práticas sociais que nele têm lugar, advindas de
uma determinada rede de comercialização. A vulnerabilidade aqui referida não diz
respeito ao sentido de predominância ou exclusividade econômico-produtiva em um
local (uma favela, por exemplo), mas que, uma vez existindo, tem capacidade de
disseminação de determinadas práticas de sociabilidade, de controle e uso da força do
Estado sobre o espaço como um todo.
159
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A FORMAÇÃO DE GRUPOS NAS PRISÕES: uma análise da
realidade do Presídio de Alcaçuz e Penitenciária Estadual de
Parnamirim
LIMA, Maria Mayara (UFRN)
OLIVEIRA, Hilderline Câmara de (UNIFACEX)
ALVES, Deyse Dayane (UFCG)
[email protected], [email protected], [email protected]
CAPES
O trabalho a ser apresentado busca o entendimento acerca da formação de grupos nas
prisões, tomando como análise a realidade do Presídio de Alcaçuz e Penitenciária
Estadual de Parnamirim, localizado no estado do Rio Grande do Norte. A formação de
grupos está intimamente ligada ao espaço social penitenciário, condicionada ao
processo de pena e ao contexto histórico que cada apenado carrega consigo. A
existência desses grupos revela a dinâmica entre apenados, líderes e subordinados,
dentro e fora do presídio. Há uma significação em termos de linguagem, regras e relação
entre os presos. O trabalho traz como revelação depoimentos de apenados a respeito da
hierarquia do local e como se dá a divisão desses grupos. Entende-se que a
subjetividade humana é fruto de um processo social e histórico da realidade a qual o
sujeito esteve inserido, geralmente, durante a primeira etapa de sua vida; notadamente, o
mesmo irá reproduzir seu papel de forma associada ao que entende como viver, ou
sobreviver, mesmo que signifique ir contra as regras e leis impostas pela sociedade, ou
mesmo criar suas próprias regras e constituir sua própria conduta. Dentro do universo
penitenciário não é diferente: na medida em que surge um líder, representado pelo poder
que influi dentro e fora dos muros penitenciários, seja pela droga, dinheiro e condição
penal que possui, surge também os seus seguidores, por respeito ou por medo àquele
sujeito, ou determinado grupo de poder. Para esse debate, temos apoio na literatura de
Bourdieu, Berger, Foucault, dentre outros, que nos permite adentrar na discussão do ser
humano, do ser indivíduo, sua adaptação ao local em que vive, do próprio espaço social
e de situações de conflito e consenso em suas relações sociais.
OPRESSÃO, GALINHAGEM E DISCIPLINA: dinâmicas e lutas no
interior da Fundação CASA
OLIC, Mauricio Bacic (UNESP)
[email protected]
O presente artigo tem como objetivo analisar o embate de forças no interior das
diferentes unidades de internação do Centro de Atendimento Socioeducativo ao
Adolescente (CASA), a partir das transformações político-administrativas que vem
acontecendo na instituição nos últimos anos. Por meio de observações empíricas
realizadas como professor da escola que funciona dentro do complexo Raposo Tavares
localizado na cidade de São Paulo, buscar-se-á descrever por meio de relatos
etnográficos, por um lado, a dinâmica dos dispositivos estatais empregados para
controlar a rotina das unidades, de modo a inibir possíveis agenciamentos políticos entre
os adolescentes. Estes dispositivos buscaram combinar um conjunto heterogêneo de
ações, tal como a readequação arquitetônica das unidades, a diminuição no número de
internos, além do emprego de técnicas intramuros; como as estratégias de zerar a casa e
160
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
o sistema de alas. Por outro lado, estas ações são indissociáveis das disposições
empregadas pelos adolescentes que, por sua vez, buscam contra efetuar a organização
imposta pelos agentes institucionais. Por meio de técnicas que visam enfraquecer o
coletivo de funcionários, os adolescentes anseiam transformar as unidades em locais
favoráveis a territorialização dos enunciados do Primeiro Comando da Capital. Nesta
perspectiva, portanto, os Centros de Atendimento da Fundação CASA se apresentam
como espaços em que intensos e constantes embates de forças acabam polarizando em
extremidades opostas os coletivos de funcionários e de internos. Opressão, galinhagem
e disciplina são as categorias nativas que expressam as modulações de como este campo
de luta se estabiliza, e determina, mesmo que provisoriamente, o proceder de cada
unidade.
A GUERRA COMO FORMA DE RELAÇÃO: uma análise das
rivalidades violentas entre gangues em um aglomerado de Belo
Horizonte
ROCHA, Rafael Lacerda Silveira (UFMG)
[email protected]
FAPEMIG
Este trabalho apresenta os resultados da dissertação de mestrado defendida em 2012
acerca das relações de rivalidade violenta, as chamadas guerras, entre gangues de uma
das localidades com maiores índices de homicídios no município de Belo Horizonte. A
pesquisa teve como principal objetivo compreender como essas guerras entre os grupos
se estruturam e se mantém durante longos períodos, e suas características como uma
forma de relação específica que movimenta lealdades e valores estruturantes a estas
gangues. Dentro do amplo conjunto de relações sociais formadas no interior e ao redor
desses grupos, analiso especialmente o processo de entrada dos integrantes, o
aprendizado e socialização dentro dessas gangues, os aspectos acerca da adoção de uma
identidade grupal e a formação de um conjunto de justificativas morais para a oposição
aos rivais, pontos centrais para compreender a participação na trama de confrontos
violentos com grupos semelhantes. A pesquisa teve como principal fonte de dados a
observação participante durante seis meses entre algumas destas gangues, assim como
entrevistas pontuais, em uma abordagem metodológica que possibilitou escutar dos
próprios integrantes suas definições acerca do seu grupo, dos rivais e das guerras, mas
também, experimentar a forma como estas definições operam no cotidiano dessas
gangues e seus componentes. Frente à configuração dispersa do tráfico de drogas local,
sem grandes lideranças ou disputas frequentes pelo controle de pontos de vendas
estratégicos, corriqueiramente apresentadas como motivação central dos conflitos
violentos entre gangues em outros contextos, coube, portanto, a busca por outras
explicações para o fenômeno da continuidade da rivalidade violenta entre estes grupos
que fossem para além do tráfico de drogas.
161
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
LÓGICAS ESTATAIS E DINÂMICAS CRIMINAIS NO INTERIOR
PAULISTA
SILVA, David Esmael Marques da (UFSCar)
[email protected]
CNPQ
Partindo da bibliografia atual sobre violência e administração de conflitos que aponta
para uma nova organização das dinâmicas criminais – com o protagonismo da
organização criminal PCC (Primeiro Comando da Capital) - sobretudo a partir da virada
para os anos 2000, e apoiado em uma pesquisa empírica composta por visitas à
equipamentos da administração municipal e entrevistas com agentes estatais ligados ao
Departamento de Serviço Social e Cidadania de Climatina, o presente trabalho discutirá
as percepções dos agentes estatais do referido município acerca destas dinâmicas
criminais, principalmente as percepções ligadas ao PCC, em cidade média do interior
paulista, bem como as relações possíveis entre agentes estatais e agentes ligados a tais
dinâmicas criminais que ocupam o mesmo território. Em outro sentido, discutirá as
relações entre políticas mais gerais, de âmbito federal ou estadual, e políticas locais
relacionadas ao controle do crime.
“SE O IRMÃO FALOU, MEU IRMÃO, É MELHOR NÃO
DUVIDAR”: políticas estatais e políticas criminais referentes a
homicídios na cidade de Luzia (2001-2011)
SILVA, José Douglas dos Santos (UFSCar)
[email protected]
No período entre 2001 e 2011 ocorreu uma significativa redução das taxas de
homicídios no Estado de São Paulo. Há uma polêmica no campo das Ciências Sociais
em torno das causalidades múltiplas e dos pressupostos analíticos que explicariam esse
fenômeno, uma especificidade paulista no quadro nacional. Em 2001 a cidade a ser aqui
estudada, localizada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), apresentou taxa de
homicídio de 51,57/100 mil habitantes; em 2010 chegou a 5,53/ 100 mil habitantes, um
décimo do valor inicial. Contudo, no ano de 2011, houve um novo aumento
significativo, para 18,11/100 mil habitantes no município. O objetivo deste projeto é
estudar as causalidades que condicionam a variação nas taxas de homicídios, entre 2001
e 2011. Estudar os fatores que, combinados, entre dinâmicas estatais e criminais,
condicionam a queda das taxas de homicídios entre 2001 e 2010 e analisar as
causalidades que, também combinadas entre dinâmicas estatais e criminais,
condicionam a elevação recente (2011). Os dados têm sido coletados pela atuação
profissional do pesquisador em diversas organizações locais, ao longo dos anos 2000.
Ainda assim, será realizada nova pesquisa documental em 2013, além de pesquisa
qualitativa no território.
162
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
“REPRESSÃO E JUDICIALIZAÇÃO”: estratégias estatais de
controle do crime em face às novas dinâmicas criminais
SILVESTRE, Giane (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
A presente comunicação, fruto da pesquisa de doutorado em andamento, discute as
relações entre o encarceramento massivo no estado de São Paulo sobre as ações estatais
de controle do crime. Nas duas últimas décadas, com o crescimento expressivo da
população encarcerada e do aumento do número de unidades prisionais, São Paulo
ganhou destaque com a emergência do Primeiro Comando da Capital – PCC, e novas
dinâmicas passaram a orientar as relações do “mundo crime”. Atualmente são mais de
200 mil pessoas presas e distribuídas em 156 prisões e diante deste contexto, pretendese analisar o modo como as instituições e os agentes estatais ligados ao controle e à
administração judicial do crime estão sendo afetados pela emergência deste novo ator.
A pesquisa, em fase de coleta de dados, partiu de dois casos empíricos que serviram na
identificação duas estratégias centrais (que não se excluem) no controle ao crime por
parte do Estado: i) um controle militarizado pautado, sobretudo, pelo enfrentamento
letal na administração dos conflitos e protagonizado pela Polícia Militar e; ii) um
controle judicial clássico pautado, tanto na priorização do encarceramento para
determinados crimes, quanto nos baixos índices de punição para os casos de letalidade
policial. Os dois casos ocorridos no interior de São Paulo (Pirassununga e Várzea
Paulista) exemplificam a atuação dos agentes estatais em cada uma das estratégias
citadas, analisando as relações e incidências entre ambas.
PÔSTER
MEDO E MODERNIDADE: o imprescindível diálogo
CHIARADIA, Raquel Cristina Abdalla (UGF)
[email protected]
Este trabalho possui como axioma o medo numa perspectiva de mundo ocidental. Será
trabalhada a ideia do medo enquanto elemento subjetivo, uma emoção que acompanha
nossa existência e alguns de seus desdobramentos na sociedade contemporânea. Sendo
assim, este artigo se compromete em relacionar tal sentimento com o tão aclamado
projeto de civilização durante a modernidade, que pretendeu construir um mundo feliz,
livre, seguro, ordenado e destemido por meio do esclarecimento. No entanto, sabe-se
que as utopias modernas acabaram fracassando, e que estas mesmas utopias é que
promoveram uma sociedade em que se tem uma sensação crescente de insegurança e faz
com que os indivíduos sintam-se, com frequência cada vez maior, amedrontados. Para
exibir a explanação do conteúdo, a técnica de pesquisa que será aplicada é de natureza
qualitativa, através da pesquisa bibliográfica e observação documental. A escolha das
referências se dá devido à abordagem qualitativa presente nas produções textuais.
Visando provar o raciocínio deste trabalho, pode-se afirmar que a hipótese e os
documentos trabalhados são compatíveis porque explicam e fundamentam as
conclusões desta pesquisa: como consequência das percepções mencionadas
anteriormente – insegurança e medo – deparamo-nos com a angústia, o consumo
163
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
desenfreado em equipamentos e produtos que tentam garantir tanto a segurança de cada
um quanto os lucros exorbitantes neste ramo do mercado, um processo de
individualização que se fortalece e, por isso, amplia as fronteiras entre as pessoas.
A VIOLÊNCIA EM UBERLÂNDIA: narrativas entre a periferia e a
penitenciária
EVANGELISTA, Cleiber Wesley (UFU)
SILVA, Leandro Oliveira (UFU)
[email protected], [email protected]
O trabalho trata da produção do território da violência na cidade de Uberlândia e nas
cidades do seu entorno compondo a região do Triangulo Mineiro. O crescimento da
violência urbana, em suas múltiplas modalidades - crime comum, crime organizado,
violência doméstica, violação de direitos humanos - vêm se constituindo uma das
maiores preocupações da sociedade brasileira contemporânea nas duas últimas décadas
chegando mais recentemente nas cidades de médio porte. Em parte por que, neste
campo, revelam-se sensíveis tensões em múltiplos planos de análise social. O trabalho
aborda a violência de um ponto de vista geográfico, isto é, espacial. Mas não é a
espacialização do fenômeno da violência, o local onde ela ocorre. É a territorialização, a
formação do território da violência, o que implica em realimentar a violência pela via da
inércia espacial e pelo papel do espaço no processo de segregação ditada por um lado
pelo poder público e por outro pela população com a criação de uma série de
dispositivos de segurança De um lado, a extrema valorização do espaço urbano. De
outro a exclusão social de camadas da população e de atividades a ela ligadas. Esse
espaço sem lei torna-se o reduto da ilegalidade, passa a ser o quartel general da
ilegalidade e tem na população, pobre o seu exército de reserva. Como lócus de análise
o trabalho pretende realizar um relato etnográfico comparativo entre o espaço da
Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga e do bairro Morumbi. A penitenciária...
Surgiu em 2003, localizada setor leste zona rural e com decorrer dos anos vários jovens
do bairro Morumbi esteve nesta penitenciaria e aumentando cada dia mais com a
exclusão social que passa a ser nítida na periferia. O bairro Morumbi nasceu do
conjunto habitacional Santa Mônica Dois, na periferia do setor leste foi classificada pela
Secretária Estadual de Defesa Social de Minas Gerais como a primeira área de risco da
cidade pelos altos índices de crimes violentos, sobretudo de homicídios.
164
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GT 6: RURALIDADES E MEIO AMBIENTE
Sessão I: Terra e Trabalho Rural
Dia 27/08/13 – às 14h
Debatedora: Dr.ª Beatriz Medeiros de Melo
TERRA DE VIDA E DE TRABALHO: pensando o campesinato por
meio de seus valores
FERREIRA, Karoline Coelho (UFS)
[email protected]
As principais teorias do campesinato nos mostram diferentes paradigmas conceituais e
realidades empíricas, que, embora guardem singularidades significativas, apontam que
muitos grupos campesinos têm conseguido resistir às alterações provocadas pelo
contato direto com a sociedade envolvente. Considerando a importância das relações
familiares, de trabalho e a forma de lidar com a terra, o presente trabalho visa refletir de
que forma tais relações estão vinculadas a ideia de “valores camponeses”, que as
sustentam entre seus pares ainda hoje. A reconstrução destes valores está diretamente
relacionada às modificações nos grupos camponeses ocasionadas pelas mudanças no
cenário político e econômico ao qual estão vinculadas.
Partindo desta perspectiva foi realizado um estudo etnográfico com um grupo de
pequenos agricultores do Território Sul do estado de Sergipe, experimentadores do
método “Camponês a camponês”, que propõe a realização de intercâmbios
agroecológicos em que os agricultores debatem questões, do ponto de vista técnico de
produção agrícola e questões sociais e políticas do contexto em que se inserem,
trocando demandas e soluções do cotidiano de trabalho e família entre os demais que
partilham de uma realidade comum. Tal observação possibilitou identificar a
reprodução de um ideal camponês comum ao descrito pelas teorias do campesinato,
suscitando a investigação da reconstrução dos valores camponeses, nas atividades de
intercâmbio, onde se identificou um processo de (re)construção de uma identidade
camponesa entre estes agricultores por meio de laços de reciprocidade sociabilizados
enquanto estratégias, resignificadas por eles, de resistência ao modelo de agricultura de
mercado com que se deparam em suas trajetórias.
MODO DE VIDA RURAL NIKKEI: aspectos da formação do japonês
caipira
HASEGAWA, Aline Yuri (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
Por meio da reconstituição estética e filosófica da relação dos japoneses com a natureza,
isto é, qual imagem de natureza é elaborada a partir da cosmologia japonesa, será
possível compreender os elementos abstratos que constituem a relação dos nikkei –
165
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
imigrantes japoneses – com a terra. Essa relação é a base material para a constituição de
um modo de vida específico, historicamente constituído. Por isso, além da visão da
natureza, é necessário levar em consideração, na constituição deste componente
identitário étnico, a experiência imigratória. Associada a essa relação específica com a
natureza, que os imigrantes nikkei traziam em sua bagagem cultural e que nos ajuda a
compreender o significado profundo da resistência deles em vender ou arrendar suas
terras inclusive em contextos de avanço da agroindústria canavieira, podemos apontar
também uma relação ecológica do homem com seu meio fornecido pelo modo de vida
caipira. Não pretendemos, de maneira alguma, incorrer em generalizações
preconceituosas acerca do “caipira”. Consideramos, inclusive, que esta é uma categoria
de difícil definição e em disputa pelos intelectuais que se debruçam sobre este tema.
Porém, optamos por percorrer brevemente um caminho que passasse por sua discussão
justamente pois esta foi uma categoria informada pelo trabalho de campo. Num
equilíbrio entre os costumes, a natureza e a vida grupal houve o encontro de elementos,
afinidades eletivas, da cultura caipira e do sistema filosófico japonês. Consistem, assim,
em ferramentas conceituais para a compreensão da complexidade do que entendo por
modo de vida rural nikkei.
O CAMPONÊS E O SEU PROTAGONISMO: o exemplo do MST e a
sua luta pela permanência e garantia de qualidade de vida nos
assentamentos de reforma agrária do município de Nossa Senhora da
Glória- SE
JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de
[email protected]
CAPES
O presente trabalho é resultado de ações acadêmicas realizadas pelo programa
institucional de iniciação à extensão (PIBIX) da Universidade federal de Sergipe (UFS)
no período de graduação em ciências sociais bacharelado. É importante destacar que,
essa atividade de extensão universitária tinha como foco a questão dos direitos sociais e
a categoria qualidade de vida em nove assentamentos rurais do município de Nossa
Senhora da Glória no estado de Sergipe. A pesquisa-ação, a partir da realização de
grupos focais, em conjunto com observações diretas e participantes, foram as formas de
desenvolvimento de nosso trabalho de campo. O trabalho que apresentaremos tem a
pretensão de contribuir para o conhecimento de um grupo social importante na história
da luta pela terra, enquanto um direito social. Trata-se do Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST), ademais apresentar as (novas) dinâmicas de protagonismo do MST
na busca pela implementação de direitos sociais em seus respectivos assentamentos,
bem como a luta pela garantia de sua permanência, preservação e manutenção de seu
modo de viver camponês.
166
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
Condições de trabalho e empregabilidade na citricultura no Estado de
São Paulo
MACIEL, Lidiane Maria (UNICAMP)
FAPESP
Esta comunicação atenta para as condições de vida e trabalho da população que atua na
safra de cítricos no Estado de São Paulo. A força de trabalho utilizada pelo setor é
essencialmente de migrante, uma população empobrecida que habita as cidades
próximas aos laranjais ou que realizam migrações sazonais no período da safra. O
estudo parte da união de duas pesquisas quali-quantitativas realizadas entre os anos de
2009 – 2012, nas cidades de São Carlos e Matão no Estado de São Paulo – destino
migratório – e Jaicós no Estado do Piauí – origem migratória. No Estado de São Paulo
nos últimos quarenta anos o setor de cítricos se fortaleceu dado à vinculação ao mercado
internacional, que compra oitenta porcento de sua produção. O Brasil é responsável pelo
abastecimento de cinquenta porcento desse mercado. O potente setor criou um sólido
mercado de trabalho que necessita de muita mão de obra pouco especializada, e então é
nos rincões do interior do nordeste brasileiro e nas periferias urbanas das cidades citadas
que o setor alimenta sua necessidade de mão de obra. Assim, objetivo do trabalho a ser
apresentado é trazer através de um breve esboço sobre a citricultura no Estado de São
Paulo – da ruralidade nomeada como “agronegócio” – os agentes esquecidos ou
invisibilizados pelas análises macroestruturais sobre o setor, no caso os (as)
trabalhadores (as) e suas condições sociais de existência.
O CEARÁ E A SECA DE 1877-79: migração e fome no interior
nordestino
MAIA, Janille Campos
[email protected]
CAPES
O presente trabalho é um esforço de sistematização da minha pesquisa de mestrado,
cujo objetivo principal é analisar os impactos ambientais produzidos pela seca na
Província do Ceará nos anos 1877-79, principalmente no que diz respeito ao
deslocamento interno destas populações sertanejas. A década de 1870 foi marcada por
uma crise climática em escala mundial. Uma das consequências foi a fome gerada em
países de diferentes continentes: Índia, China, norte da África e Nordeste do Brasil
sofreram um período de grande seca que devastou parte de suas populações.
Considerando a gravidade da Grande Seca de 1876-79 no mundo, torna-se fundamental
entender a seca enquanto um fenômeno climático que produz impactos culturais,
sociais, políticos e econômicos. Nesse sentido, os dados relatados por Mike Davis
revelam que as catástrofes ambientais da década de 1870 atingiram um número de
vítimas considerável nos países assolados pela estiagem. No Brasil, a preocupação
maior era no Ceará, onde a colheita do ano anterior, depois da escassez de chuvas do
inverno, também foi fraca. Na tentativa de compreender as estratégias utilizadas por
estes sertanejos, o cerne deste trabalho é verificar as dinâmicas de vida desses
cearenses, numa perspectiva que leve em consideração a relação destes com seu
ambiente. A partir da utilização de um referencial teórico da História Ambiental e dos
167
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
estudos sobre migração, território e espaço, busca-se entender de que forma este fluxo
migratório está relacionado com os desastres naturais que enfrentavam estes cearenses.
RURALIDADES EM UM CONTEXTO DE MODERNIDADE
PERIFÉRICA: uma leitura a partir do acampamento João do Vale em
Açailândia Maranhão
RODRIGUES, Fabiano dos Santos (UFCG)
[email protected] / [email protected]
CAPES
O presente artigo procura fazer a partir de um contexto de modernização periférica, no
Acampamento João do Vale no município de Açailândia Estado do Maranhão, um
exercício de leitura a partir de contribuições teóricas sobre ruralidades e outras
elaborações teóricas inerentes a tal discussão, como desenvolvimento, pluriatividade,
estratégias e modos de vida singular. Levando amplamente em consideração o contexto
das mudanças e intervenções desenvolvimentistas na região estudada como um todo.
Tais intervenções têm sido materializadas com a implantação de grandes projetos
econômicos como siderurgia, mineração, pecuária extensiva e silvicultura e que tem
influenciado fortemente as relações e a vida dos moradores do Acampamento João do
Vale. Após incursões de pesquisa de campo, observando e sentido evidências que se
manifestam muito fortemente de um espaço em que se constitui na mesclagem de
elementos tradicionais e modernos em que estes elementos em certa medida são
assimilados ou impostos socialmente acreditamos que nas devidas gradações as
elaborações teóricas de ruralidades são de grande significância para uma leitura dessas
novas dinâmicas inerentes ao mundo rural contemporâneo, em especial o caso analisado
aqui.
“TERRAS NAS MÃOS DOS PEQUENOS”: relações produtivas e
sociabilidade dos pequenos fornecedores de cana e terra para as usinas
de açúcar e álcool do interior paulista
ROVIERO, Andréia (UNESP)
[email protected]
CAPES
O projeto tem como objetivo mapear, entender e discutir a relação dos pequenos
proprietários, produtores e fornecedores de cana-de-açúcar para usinas de
processamento da Região de Araraquara e Jaboticabal. Pretendo estudar o pequeno
produtor agrícola enquanto agente produtivo que se adapta as transformações que vem
acontecendo na agricultura. E entender o papel desses “novos agentes rurais” que atuam
dentro da produção usina/destilarias, desenvolvendo uma nova relação com a terra. No
cenário em que a produção canavieira é dominante, tornam-se imprescindíveis estudos
mais específicos voltados para a figura do fornecedor de terras ou de cana-de-açúcar
para as usinas de processamento. Para entender a agricultura local é fundamental
ampliar a discussões do espaço rural, de como se discute o considerado “novo rural
brasileiro” perante as novas perspectivas que se instauram, e, as atividades e
sociabilidades constituìdas em “campos” que não fazem a separação entre rural e
168
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
urbano. Pretende-se discutir a relação entre agentes produtivos do mundo rural, ou seja,
a relação: produtor-usina/ produtor-terra, buscando entender as condições produtivas e
contratuais entre as empresas (usinas) e os fornecedores de cana, com ênfase nos
pequenos produtores, e, ainda, entender a relação dos produtores com a propriedade da
terra, sua produção e escolhas, ou seja, seu papel e impacto dentro do contexto
socioeconômicos da região de Araraquara e de Jaboticabal.
SUPERANDO LIMITES: o caso dos assentados rurais no PA Che
Guevara
SANTOS, Priscila Tavares dos (UFF)
CAPES
As peculiares condições ambientais dos projetos de assentamento rural no país
constituem-se enquanto aspectos limitantes à efetivação e sucesso dos investimentos
objetivando a gestão produtiva do lote e manutenção das condições de reprodução do
grupo familiar. O caso dos assentados rurais no PA Che Guevara veem-se forçados a
criar alternativas para reverter o quadro de exaustão do solo, água e demais recursos
naturais e assegurarem condições mínimas necessárias à reprodução social do grupo
familiar. Além do investimento em adubação do solo, em irrigação e na restauração da
vegetação e da área de reserva, os assentados são impelidos a enfrentar situações de
desqualificação insinuantes de uma pressuposta incapacidade de gestão pelo não saber.
Para romper com os efeitos dessa atribuição preconceituosa que a eles é por vezes
dirigida, mediante investimento na sistematização do saber prático, invisto no
reconhecimento do saber local, considerando as práticas de produção neste
assentamento. Para este exercício, valorizei fatores situacionais que estimulam a
reflexão e a retenção de conhecimentos pelos assentados, considerando os diferentes
modos de agir e de pensar. Valorizo a capacidade de gestão dos fatores de produção e
como se mobilizam e direcionam a força de trabalho, mediante condições de
possibilidade de incorporação de recursos financeiros, segundo orientação que atribuem
aos sistemas produtivos.
TRANSFORMAÇÕES NO ESPAÇO RURAL AMAZÔNICO: o
plantio de dendê em comunidades camponesas do baixo Tocantins,
município de Moju/PA
VIEIRA, Ana Carolina C. (UFPA)
MAGALHÃES, Sônia Barbosa (UFPA)
[email protected], [email protected]
MCTI/CNPq/MEC/CAPES
Desde meados dos anos 70 do século XX a Amazônia Brasileira é foco de forte
intervenção estatal, o que não foi diferente na região do Baixo Tocantins, no Estado do
Pará. Desde o início do século XXI transformações de uso do solo e paisagem, com a
entrada de incentivos governamentais à produção de dendê (Elaeis guineenses Jacq),
estimulam a chegada do agronegócio na região e o envolvimento de camponeses no
processo produtivo desta oleaginosa. (MAGALHÃES et al, 2012) Neste trabalho
nomeia-se camponeses os produtores familiares que cultivam a terra para a produção de
produtos alimentares, em que o trabalho familiar é a garantia da prosperidade da família
169
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
e possuem autonomia em relação ao mercado. (VELHO, 1974; CHAYANOV 1981;
GARCIA JR, 1983; HEBETTE, 1996) Esses arranjos produtivos e institucionais
acarretam na transformação do espaço rural, implica em mudanças do uso do solo,
sendo este o tema desenvolvido pelo presente trabalho. Por meio de dados qualitativos e
quantitativos pretendeu-se analisar essas transformações e como elas interferem na
capacidade de resiliência e prosperidade de 150 famílias camponesas do município de
Mojú, região do Baixo Tocantins-PA, que abarcaram no processo produtivo do dendê,
para fins alimentícios, em parceria com o Grupo Agropalma SA. Concluímos que essas
diferentes intervenções afetam diretamente as formas de apropriação e uso da terra,
causando impactos diretos nos relacionamentos sociais e territoriais provocando
mudanças sociais e ambientais, promovendo a expansão do agronegócio em detrimento
do espaço e modo de vida do campesinato amazônico.
PÔSTER
O DISCURSO DAS ÁGUAS: estudo de caso da cobrança pelo uso da
água no interior paulista
CHAMPREGHER, Raiza (UFSCar)
[email protected]
FAPESP
O controle social do uso dos recursos naturais sofreu importantes transformações nas
últimas três décadas. A gestão da água, em particular, foi drasticamente modificada a
partir da década de 1990, quando foi implementado no Estado de São Paulo um modelo
descentralizado, participativo e integrado de gestão de recursos hídricos, inspirado na
governança francesa das águas. A gestão desse recurso passou a ser realizada a nível
regional através dos comitês de bacia hidrográfica – órgãos consultivos e deliberativos,
com participação paritária do Estado, municípios e sociedade civil. Nesse modelo, dois
aparatos são fundamentais para a gestão da água, quais sejam: a outorga de direitos de
uso e a cobrança pelo uso da água. Tal cobrança é baseada em princípios da economia
ambiental neoclássica, e tem como objetivo a indicação do nível de escassez do recurso
e a promoção de seu uso racional através de estratégias de precificação. O presente
trabalho visa, então, identificar quais são os argumentos recorrentes na defesa da
cobrança pelo uso da água no âmbito das bacias hidrográficas e, também, relacionar os
eixos argumentativos encontrados aos discursos hegemônicos sobre a gestão do recurso.
Tendo em vista que a agricultura e demais atividades econômicas do meio rural estão
atreladas ao uso de recursos hídricos e, principalmente, as populações rurais têm
percepções particulares da sua relação com a água, optou-se pela realização de um
estudo de caso no interior paulista, especificamente no Comitê de Bacia Hidrográfica
Tietê-Jacaré. Neste trabalho utilizou-se métodos qualitativos de pesquisa social, através
de entrevistas, pesquisa documental e bibliográfica.
170
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
UNIDADE DE PROTEÇÃO INTEGRAL E OS INSTRUMENTOS DE
RESISTÊNCIA DA POPULAÇÃO LOCAL FRENTE AO MITO QUE
PREGA A INCOMPATIBILIDADE ENTRE PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL E PRESENÇA HUMANA NO PARQUE ESTADUAL
DA PEDRA BRANCA
DIAS, Marcia Cristina de Oliveira (UFRRJ)
[email protected]
FAPERJ
O Brasil é o país que possui a maior biodiversidade do planeta – 20% do total de
espécies existentes no planeta. E, se por um lado, em nome do desenvolvimento, muitas
áreas naturais são degradadas, por outro, a responsabilidade do Brasil em preservar a
natureza leva à criação de inúmeras Unidades de Conservação. A criação de UCs do
tipo Parque ou Reserva, baseada no mito naturalista que presume a incompatibilidade
entre presença humana e conservação da natureza (DIEGUES, 2000) afeta
completamente a vida dos nativos destas áreas. Utilizando como recorte o PEPB –
Parque Estadual da Pedra Branca, criado em 1974 e localizado no município do Rio de
Janeiro, este trabalho busca evidenciar as transformações sociais, políticas e econômicas
que ocorrem em decorrência da criação de um Parque. A partir da união entre teoria e
prática, trabalho de campo e leituras bibliográficas relacionadas ao tema, tentei mostrar
como, diante da ameaça de expulsão, os agricultores desta área buscam no
associativismo, na adoção de novas técnicas de cultivo e na ressignificação de antigas,
conquistarem o direito de permanecer no território que consideram como o território
deles, geográfico e culturalmente. Minha vivência, ainda que por um curto período de
tempo, com os agricultores familiares do PEPB possibilitou-me perceber que tudo o que
eles querem é ser respeitados e mostrar ao Poder Público que, se esta área ainda está
conservada é justamente pelo fato de que foram estes nativos que, ao longo do tempo
conservaram a natureza através da prática de uma agricultura sem agrotóxicos e que
sempre privilegiou o uso sustentável do solo e dos mananciais de água. Em certa
reunião ouvi de um agricultor a seguinte frase: “sempre fomos orgânicos e não
sabìamos”.
Sessão II: Do Rural ao Ambiental: novos temas e dilemas conceituais
Dia 28/08/13 – às 14h
Debatedor: Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins (UFSCar)
Sustentabilidade e a análise sociológica: revisão de artigos selecionados
BACCHIEGGA, Fábio (UNICAMP)
CAPES
Nas últimas décadas, o tema da sustentabilidade vem alcançado enorme visibilidade nas
mais diferentes esferas, como na mídia, na opinião pública e nas agendas de políticas
públicas. Assim, devido ao seu alcance e seu caráter inter/trans – disciplinar
171
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
acreditamos ser necessário e urgente estender suas esferas de análise, como dentro do
campo da Sociologia. Neste trabalho que pretendemos apresentar, aproveitando as
informações de levantamentos bibliográficos e com apoio de diferentes estudos sobre o
tema, buscaremos realizar uma análise quantitativa e qualitativa de artigos científicos
selecionados que abordam o tema da sustentabilidade no âmbito das publicações na área
das Humanidades no Brasil buscando uma comparação com a produção realizada em
outros centros de estudos da América Latina, no intuito de tecer um panorama da
produção do pensamento latino americano sobre a temática da sustentabilidade. Nos
estudos quantitativos, buscaremos analisar a relevância da questão da sustentabilidade
dentro dos estudos com interface em Ambiente e Sociedade em publicações de
Humanidades da América Latina. A ideia seria compreender quais países que
apresentam maior produção sobre o tema e sistematizar os dados buscando comparações
dessa produção cientifica. Já na chamada análise qualitativa, buscaremos um enfoque
sobre a produção brasileira, e analisaremos alguns artigos com o uso da chamada
Análise de Conteúdo, um instrumento metodológico que visa a análise da mensagem
(artigos) e da produção de inferências chega-se ao chamado Método Lógico-Semântico
(Análise de Conteúdo), mesclando áreas da linguística e da hermenêutica, buscando
compreender como é feito o tratamento da temática da sustentabilidade e quais os
principais referenciais da Sociologia Ambiental.
ENTRE A SUSTENTABILIDADE E A REALIDADE: o caso do
Proálcool (1975-2003)
BERTAZI, Marcio Henrique (UNESP)
[email protected]
FAPESP
A comunicação tem como objetivo apontar a complexa relação que se estabeleceu entre
o campo e a cidade no contexto da agricultura canavieira no estado de São Paulo, da
decretação do Proálcool (1975) ao desenvolvimento da tecnologia flexfuel (2003), no
bojo das discussões a respeito da sustentabilidade do etanol como combustível. Criado
no bojo da ditadura militar brasileira (1964-85), o Proálcool representou uma dupla
esperança no contexto da crise energética (1973): ao campo, uma possibilidade de
aumento dos lucros aos detentores de terra e capital, ancorados na histórica certeza de
liberação de créditos por parte do Estado; e à cidade, cujo parque automobilístico
encontrava-se em expansão, ávido por um combustível pouco oneroso e com garantida
disponibilidade. A análise do período permite averiguar que a aclamada sustentabilidade
do álcool foi, antes de tudo, questionável. As consequências socioambientais no
período, de fato, tornaram-se bastante graves: acentuação da migração rural em direção
às cidades com deficientes infraestruturas locacionais; poluição atmosférica (tráfego
intensivo nos centros urbanos e queima da cana-de-açúcar no campo) e massivo
aumento da utilização dos agrotóxicos no cultivo. A aclamada sustentabilidade dos
combustíveis renováveis, defendida inclusive pelo Estado, no caso do álcool, se deu
justamente pela insustentabilidade, às custas da agressão ainda maior para com o meio
ambiente; da pauperização dos trabalhadores rurais, desprovidos das mínimas condições
de sobrevivência numa cidade que não os recebe de braços abertos e de um campo que
quer explorá-los à exaustão; e do aumento expressivo da frota automobilística nas
cidades, causando conflitos urbanos com os quais as prefeituras contemporâneas tem se
debruçado sem sucesso na resolução.
172
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
POLÍTICAS PÚBLICAS E MODERNIZAÇÃO: avanços e limites do
Plano Desenvolvimento Sustentável Mais Pesca e Aquicultura no
Território do Baixo Vale do Itajaí e Tijucas
SILVEIRA, Dauto J. da (UFP)
SILVA, Osvaldo H. da
[email protected], [email protected]
CAPES
Este artigo versará sobre as Políticas Públicas implementadas durante a vigência do
“Plano de Desenvolvimento Sustentável: mais Pesca e Aquicultura entre 2007 e 2011”
no “Território da Pesca Vale Baixo do Itajaì e Tijucas”, Santa Catarina. Parte da
condição segundo a qual a criação de tais políticas é uma tentativa de aumentar a renda
e emprego dos pescadores artesanais mediante a modernização da cadeia de produção
da pesca e aquicultura. O nosso objetivo será perquirir as implicações que estas políticas
públicas trouxeram para os pescadores artesanais no supracitado território. Para tanto,
buscaremos dados com as respectivas Colônias de Pescadores, como também das
Secretarias de Pesca e Aquicultura dos Municípios envolvidos na região e da
Superintendência do Ministério da Pesca e Aquicultura em Santa Catarina. O artigo faz
parte de uma pesquisa mais ampla que desenvolvemos no doutorado do Programa de
Pós Graduação em Sociologia da UFPR.
O TURISMO RURAL COMO ESTRATÉGIA PARA
DIVERSIFICAÇÃO DA RENDA DO AGRICULTOR FAMILIAR
FREITAS, Geane Ferreira (UEPB)
[email protected]
O rural brasileiro vem passando por mudanças significativas ocasionado pelo processo
de modernização agrícola. Em virtude disso ambiente rural passou a não ser só agrícola,
mas abriu para o desenvolvimento de novas atividades não agrícolas. Diante dessa
pluriatividade, turismo rural surge em expansão no território brasileiro como estratégia
capaz de contribuir para o aumento da renda dos agricultores familiares e como também
uma oportunidade de permanência no ambiente rural. O governo criou o Programa
Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (PRONAF) uma linha de crédito
direcionado para financiar os empreendimentos relacionados ao turismo rural e pode
ajudar o agricultor com capital de giro inicial para desenvolver a atividade. Neste
trabalho analisará as estratégias adotadas pelos agricultores familiares em relação ao
turismo rural e uma descrição das políticas governamentais de créditos para o
financiamento do turismo rural a agricultor familiar.
173
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
A DIMENSÃO (AGRO)ECOLÓGICA DA SUSTENTABILIDADE
DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM
GUARAQUEÇABA – PR
KOMARCHESKI, Rosilene (UFPR)
DENARDIN, Valdir Frigo (UFPR)
[email protected], [email protected]
Associação Alfasol/Santander e PROEXT/MEC
No intuito de desvendar alternativas de desenvolvimento local compatíveis com a
realidade de comunidades de pequenos produtores de farinha de mandioca de
Guaraqueçaba – PR, o presente estudo parte da concepção de ecodesenvolvimento,
proposta por Ignacy Sachs. Tais produtores vivem em um contexto socioeconômico e
ambiental ímpar, onde figuram, de um lado, a riqueza da biodiversidade da Mata
Atlântica (98% da área são unidades de conservação) e, de outro, as reduzidas
possibilidades de desenvolvimento econômico, sendo um dos menores Índices de
Desenvolvimento Humano do Estado. Tendo em vista o potencial agrícola e natural
local, o presente estudo teve como objetivo analisar a dimensão ecológica da
sustentabilidade local, suas condicionantes e possibilidades de desenvolvimento local de
modo a integrar os objetivos da conservação à geração de renda destes produtores. Para
tanto, utilizou-se referencial teórico acerca dos pressupostos do ecodesenvolvimento e
da questão rural contemporânea, abordando dois aspectos gerais da dimensão ecológica:
o de ordem ecológica; e o de ordem territorial. Então, delimitaram-se variáveis de
análise utilizadas para a pesquisa em bases de dados secundários e em campo, esta
última realizada através de visitas e entrevistas a 19 produtores das comunidades de
Açungui e Potinga. Como resultado, identificou-se que a dimensão ecológica da
sustentabilidade local, por um lado, sobrepõe-se às dimensões social e econômica,
recebendo mais atenção por parte de projetos e políticas públicas executados na região,
minando assim a tradicional produção de farinha local. De outro lado, tal dimensão
emerge como possibilidade de desenvolvimento local quando considerada pelo prisma
do potencial agroecológico e da diversificação de produção e de fontes de renda.
PARA ALÉM DO PARADOXO DE GIDDENS: percepções cognitivas
da questão ambiental no município de Brotas/SP
MADUREIRA, Gabriel Alarcon (UFSCar)
[email protected]
CAPES
Anthony Giddens, sociólogo britânico formulador da teoria da estruturação, elabora
uma categoria analítica que nomeia a ausência de ações políticas e cotidianas em
relação à crise ambiental. Segundo ele, quando medidas concretas de proteção ao meio
ambiente forem postas em práticas não haverá mais tempo suficiente de reverter o
quadro de colapso ambiental, configurando o autodenominado Paradoxo de Giddens.
Tal perspectiva da questão ambiental acaba por torná-la normativa e universal. A
pesquisa toma essa categoria analítica como ponto de partida para uma abordagem
relacional da questão ambiental através da própria teoria da estruturação. Assim, meio
ambiente, crise climática e natureza passam a ser consideradas como princípios
estruturais: como regras e recursos mobilizados na reprodução e transformação da vida
174
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
social e, portanto, como objetos de disputas de nomeação e de ressignificação
discursiva. Para analisar sociologicamente o aspecto relacional da questão ambiental
estabeleceu-se o município de Brotas-SP como estudo de caso. Tal localidade específica
apresenta uma convergência entre as múltiplas concepções da questão ambiental, a
profissionalização do turismo e a ressignificação discursiva do próprio espaço rural.
Para a realização da pesquisa foram utilizadas as seguintes técnicas: entrevistas
semiestruturadas, técnica de bola de neve, levantamento documental, fotodocumentação
e questionário socioeconômico. O debate crítico a partir de Giddens permitiu a análise
de quatro processos sociais de ressignificação no município de Brotas: a) O Rio JacaréPepira; b) Do “buraco” ao atrativo turístico: valoração ambiental e privatização da
natureza; c) Do Radical à Disneylândia: transformações do turismo em torno da
questão ambiental; e d) A Estrada do Patrimônio.
A FORMAÇÃO DE FRENTES DE INTERESSES NAS AUDIÊNCIAS
PÚBLICAS SOBRE O NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
MIGUEL, Jean Carlos Hochsprung (UNICAMP)
VELHO, Léa Maria Leme Strini (UNICAMP)
[email protected], [email protected]
CAPES
O Código Florestal brasileiro é um conjunto de leis promulgado em 1934 que resultou
em um processo político-histórico que, em sua fase recente – 2009 a 2012 – reuniu no
Congresso Nacional representantes de diferentes grupos de interesses em torno das
questões relacionadas à preservação das florestas e ao modelo de produção agropecuária
do país. Neste período, várias audiências públicas foram realizadas pela Câmara dos
Deputados Federais e pelo Senado com o objetivo de colher opiniões de representantes
de diferentes segmentos do poder público, das instituições de pesquisa, das ONG`s
ambientalistas, das organizações agropecuárias, dentre outros. Tendo como foco estas
audiências públicas, este trabalho pretende apresentar através de uma análise dos
discursos proferidos em 46 destas reuniões quais frentes de interesses se formaram nas
discussões entre os diferentes atores participantes. Nesta apresentação, os alinhamentos
dos atores serão indicados com relação aos principais temas discutidos nas audiências
dentre eles: Código Florestal e a queda da produção de alimentos; as leis florestais e a
guerra comercial internacional na agricultura; a criminalização dos produtores rurais; a
diferenciação dos produtores rurais no projeto do novo Código; a descentralização das
leis florestais; consolidação e a recomposição das Reservas Legais e APP‟s. Ao final,
indica-se que, com relação a esses temas, nas audiências públicas os interesses que,
aparentemente, se polarizavam entre ruralistas e ambientalistas envolveram uma grande
variedade de atores em diferentes nuances das discussões das controvérsias em questão.
175
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
AS AÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E AS
POLÍTICAS PÚBLICAS NO ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO
AMBIENTAL NA MICRORREGIÃO DE PONTA GROSSA
SILVA, Lenir Aparecida Mainardes da (UEPG)
TAWFEIQ, Reshad (UEPG)
[email protected], [email protected]
CAPES
Tendo em vista as perspectivas e ameaças trazidas pela “questão ambiental”, em razão
dos diversos problemas sociais e ambientais que esta comporta, o presente trabalho se
propõe a identificar e discutir as contradições entre o sistema econômico vigente e as
preeminentes necessidades e demandas socioambientais. Tem como objetivo principal
também demonstrar quem é a sociedade civil organizada e engajada no enfrentamento
da questão ambiental na microrregião de Ponta Grossa. Ainda, demonstra-se agenda
política da sobredita sociedade civil organizada, sua pauta de discussões, suas principais
preocupações e seu papel neste contexto sócio-econômico-ambiental de enfrentamento e
superação da questão ambiental, ao passo que podem exercer forte pressão e influência
na consecução e efetividade das políticas públicas voltadas para esta demanda.
Demonstra-se, por fim, a relação entre a atividade desenvolvida por estes grupos e o
exercício da cidadania. Como reflexo da necessidade de se cercar melhor o objeto de
pesquisa, utilizou-se a teoria crítica e o método dialético como norte teóricometodológicos. Ainda, valeu-se da pesquisa bibliográfica e documental, numa
abordagem qualitativa, e da entrevista como instrumento de coleta de dados.
TURISMO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR: uma análise do
distrito de Campo do Coelho, Nova Friburgo - RJ
WEURMELING, Renata de Souza (UFRRJ)
[email protected]
Durante os últimos anos o espaço rural brasileiro vem sofrendo grandes transformações
e a partir de meados dos anos 80 verifica-se a emergência cada vez maior de atividades
rurais não-agrícolas, assim como o fenômeno da pluriatividade. Diante dessas
transformações, em especial a combinação da produção agrícola na unidade com outra
atividade, agrícola ou não, percebe-se que a população rural vem se ocupando cada vez
menos com as atividades de natureza agrícola. Atualmente o crescimento do Turismo
Rural e a importância do mesmo tem despertado o interesse da esfera política no Brasil.
A partir de 2002, no governo do ex-presidente Lula, o governo passa a considerar o
Turismo Rural como uma modalidade importante para o desenvolvimento do turismo
brasileiro e novas medidas com enfoque nos pequenos produtores são contempladas
pelas políticas públicas. Considerando este cenário, este trabalho tem como objeto geral
analisar o processo de desenvolvimento do Turismo Rural associado à Agricultura
Familiar no distrito de Campo do Coelho- Nova Friburgo/ Rio de Janeiro a partir do
Projeto Rural Legal. A pesquisa tem como objetivos específicos apresentar o novo
cenário do espaço rural brasileiro, analisar o Turismo Rural como vetor de
desenvolvimento local, apresentar o panorama da Agricultura Familiar em Nova
Friburgo e verificar se existem políticas públicas voltadas para o Turismo no distrito de
Campo do Coelho. A importância dessa pesquisa reside no fato de que o Turismo Rural
176
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
associado à Agricultura Familiar pode contribuir no desenvolvimento local do distrito
de Campo do Coelho, uma vez que a atividade poderá dinamizar a economia local,
revitalizar o espaço rural e valorizar o modo de vida do pequeno agricultor.
A RECONSTRUÇÃO DA RURALIDADE SOB O PARADIGMA DO
ECOCENTRISMO NATURALISTA E DO ESTADO
PLURINACIONAL LATINO-AMERICANO
WOLFF, Ana Carolina (UNESP)
[email protected]
O presente trabalho trata da ruralidade enquanto resultado de uma construção social, um
produto não intencional e nem previsível, da ação humana que se traduz em saberes,
manejos, técnicas, valores, funções, sentidos e significados que constituem um
verdadeiro patrimônio cultural intangível a ser preservado. Em termos de proteção do
meio ambiente, em especial o cultural, o Brasil está munido de uma legislação de nível
excelente para os parâmetros internacionais, o que significa, na realidade, que o país se
mantém atualizado em relação aos avanços realizados pela UNESCO sobre a matéria.
Sem menosprezar a atuação deste órgão internacional, o presente trabalho questiona se
não seria possível ir além, na direção, por exemplo, da legislação boliviana que ao
promulgar a “Lei da Pacha Mama” introduziu uma concepção indìgena ancestral da
natureza como ser que tem direito à vida, consolidando, pois, a transição do paradigma
antropocentrista produtivista para o ecocentrista naturalista. Essa transição é capaz de
gerar mudanças no entendimento do papel da agricultura e da própria relação do homem
com a natureza, fazendo surgir um novo conceito de ruralidade que segue a lógica das
recentes propostas latino-americanas de rejeição da democracia e do constitucionalismo
modernos, assentados na reprodução homogênea e nos mecanismos representativos
majoritários, e de luta por um Estado Plurinacional latino-americano de construção de
consensos que tem marcos epistemológicos - o pluralismo e a diversidade – capazes de
contribuir para a eficácia da tutela da ruralidade como patrimônio cultural intangível na
medida em que defende direitos fundamentais que funcionem não somente como freios
aos riscos da estabilidade, mas como emancipadores das sociedades em busca de
identidade.
177
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
INDICE DE PRIMEIROS(AS) AUTORES(AS)
178
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
NOME
GT
Página
AGUIAR, Marcio Mucedula
GT 1 – Sessão 1
33
AGUILAR, Sérgio Luiz Cruz
GT 5 – Sessão 1
145
AGUIRRE, Alexandra
GT 1 – Sessão 3
51
AKEL, Georgia (PÔSTER)
GT 1 – Sessão 3
56
ALCHORNE, Murilo de Avelar
GT 4 – Sessão 4
138
ALCOCER, Laura Marcondes Ferraz (PÔSTER)
GT 3 – Sessão 1
100
ALMEIDA, Detian Machado de
GT 4 – Sessão 3
132
ALVES, Paula
GT 1 – Sessão 4
58
ALVES, Tatiana Teixeira (PÔSTER)
GT 3 – Sessão 3
113
ANDRADE, Luiz Fernando Costa de
GT 1 – Sessão 1
34
ARAGON, Luiza
GT 1 – Sessão 2
43
ARAUJO, George Freitas Rosa de
GT 3 – Sessão 3
107
ARAUJO, Marcelo da Silva
GT 4 – Sessão 1
121
ARAUJO, Marivânia Conceição
GT 1 – Sessão 3
51
AUGUSTINHO, Aline Michele Nascimento
GT 3 – Sessão 3
108
AZEVEDO, Leonardo Francisco de
GT 3 – Sessão 2
100
AZEVEDO, Paulo
GT 1 – Sessão 4
58
AZEVEDO, Pedro Costa
GT 4 – Sessão 2
127
BACCHIEGGA, Fábio
GT 6 – Sessão 2
171
BAHIA, Ryanne F. Monteiro
GT 2 – Sessão 2
75
BANDINI, Claudirene A. P.
GT 4 – Sessão 2
139
BAPTISTA, Jamile Carla (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 1
125
BARBIM, Marina Graziela (PÔSTER)
GT 5 – Sessão 2
157
BAROUCHE, Tônia
GT 2 – Sessão 3
84
BARROS, Rodolfo Arruda Leite de
GT 5 – Sessão 2
152
BELTRAME, Gabriella
GT 2 – Sessão 1
67
BENEDITO, Camila de Pieri
GT 3 – Sessão 3
108
BERTAPELI, Vladimir
GT 4 – Sessão 1
121
BERTAZI, Marcio Henrique
GT 6 – Sessão 2
172
BERTELLI, Giordano
GT 1 – Sessão 2
43
BERTO, Vanessa de Faria
GT 4 – Sessão 3
133
179
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
BIZZIO, Michele Rodrigues
GT 5 – Sessão 1
146
BOGADO, Adriana Marcela
GT 3 – Sessão 3
109
BONALDI, Eduardo
GT 1 – Sessão 4
59
BONESSO, Márcio
GT 5 – Sessão 3
158
BORDA, Erik (POSTER)
GT 1 – Sessão 1
42
BORGES, Virginia
GT 1 – Sessão 2
44
BRAGA, Patrícia Benedita Aparecida
GT 3 – Sessão 2
101
BRITO, Sérgio Roberto Urbaneja
GT 3 – Sessão 2
102
BRITTO, Denise Fernandes
GT 2 – Sessão 2
76
CAMARGO, Bruna Quinsan (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 1
126
CAMPREGHER, Raiza (PÔSTER)
GT 6 – Sessão 1
170
CANONICO, Letícia
GT 5 – Sessão 1
146
CARMO, Priscila Pacheco (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 2
81
CARVALHO, Bárbara Hilda Crespo Prado de
GT 4 – Sessão 4
140
CARVALHO, Joyce Gomes de (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 2
131
CARVALHO, Jucineth G. E. S. V. de
GT 2 – Sessão 3
84
CARVALHO, Rodrigo de
GT 3 – Sessão 4
115
CASSIANO, André V. da Nóbrega (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 3
90
CASSOTA, Prisilla Leine
GT 4 – Sessão 4
140
CAVALCANTE, Isaac Ferreira (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 2
82
CESARINO, Flavia Tortul
GT 4 – Sessão 2
127
CHIARADIA, Raquel
GT 5 – Sessão 3
163
CIFALI, Ana Claudia
GT 5 – Sessão 2
152
CONCEIÇÃO, Eliane Barbosa da
GT 1 – Sessão 1
34
CORDEIRO, Tiago Gomes
GT 3 – Sessão 1
92
COSTA, Annelise (PÔSTER)
GT 5 – Sessão 1
150
COSTA, Guilherme Borges Ferreira
GT 4 – Sessão 3
133
COSTA, Jacqueline
GT 1 – Sessão 1
35
COSTA, Otávio Barduzzi Rodrigues da
GT 4 – Sessão 2
128
COSTA, Rogério da
GT 4 – Sessão 4
141
CRUZ, Milton
GT 2 – Sessão 1
68
CUNHA, Carolina Flores
GT 5 – Sessão 1
147
180
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
DA SILVEIRA, Dauto J.
GT 6 – Sessão 2
173
DAMAS, Helton Luiz Gonçalves
GT 3 – Sessão 1
93
DANTAS, Daniele Cristina
GT 3 – Sessão 4
115
DARÓS, Marilene Liége
GT 2 – Sessão 1
68
DEODATO, Eder
GT 1 – Sessão 4
59
DIAS, Marcia Cristina de Oliveira (PÔSTER)
GT 6 – Sessão 1
171
DUMONT, Tiago Vieira Rodrigues
GT 3 – Sessão 1
93
DUTRA, Débora Vogel da Silveira
GT 3 – Sessão 2
102
EID, Farid
GT 2 – Sessão 1
69
EVAGELISTA, Cleiber Wesley (PÔSTER)
GT 5 – Sessão 3
164
FANTINATO, Manuela
GT 1 – Sessão 3
52
FEITOSA, James de Sousa
GT 4 – Sessão 3
134
FEITOSA, Ricardo
GT 1 – Sessão 4
60
FERNANDES, Alan
GT 5 – Sessão 3
158
FERREIRA, Karoline Coelho
GT 6 – Sessão 1
165
FLOR, Cauê Gomes
GT 1 – Sessão 2
44
FLORES, Mariana Seno (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 3
90
FRANÇOSO, Luis Michel
GT 1 – Sessão 3
52
FREITAS, Geane Ferreira
GT 6 – Sessão 2
173
FROMM, Deborah (PÔSTER)
GT 5 – Sessão 1
151
GALLO, Fernanda Vendramini
GT 4 – Sessão 2
129
GALVANIN NETO, Tito
GT 3 – Sessão 1
94
GALVÃO, Cassia Bömer
GT 2 – Sessão 3
85
GAVERIO, Marco (POSTER)
GT 1 – Sessão 1
42
GESSA, Marilia
GT 1 – Sessão 2
45
GODOY, Marilia Gomes Ghizzi
GT 1 – Sessão 5
63
GOMES, Cleber
GT 1 – Sessão 3
53
GONÇALVES, Marilene Parente
GT 2 – Sessão 2
76
GONÇALVES, Rosangela Teixeira
GT 5 – Sessão 2
153
GONZALEZ ZAMBRANO, Catalina
GT 1 – Sessão 1
36
GUADAGNIN, Renata
GT 5 – Sessão 1
147
GUIMARÃES, Luiz Ernesto
GT 4 – Sessão 4
142
181
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
GUIMARÃES, Mariana T.
GT 3 – Sessão 2
103
HASEGAWA, Aline Yuri
GT 6 – Sessão 1
165
HENNING, Ana Clara Correa
GT 3 – Sessão 1
94
IBRAHIM, Ismael (PÔSTER)
GT 1 – Sessão 3
56
JÁCOMO, Luiz Vicente Justino
GT 4 – Sessão 1
122
JESUS, Claudia Kathyuscia Bispo de
GT 6 – Sessão 1
166
JESUS, Maria Gorete Marques
GT 5 – Sessão 2
154
KOMARCHESKI, Rosilene
GT 6 – Sessão 2
174
LAMOUNIER, Lucia
GT 5 – Sessão 3
159
LANZA, Fabio
GT 4 – Sessão 3
135
LEAL, Luã
GT 1 – Sessão 3
53
LEÃO, Natalia
GT 1 – Sessão 4
60
LERSCH, Thelma Beatriz Carvalho Cajueiro
GT 1 – Sessão 1
36
LIMA, Angela Maria de Sousa
GT 2 – Sessão 2
77
LIMA, Bruna Della Torre C.
GT 3 – Sessão 3
110
LIMA, Maria Mayara de
GT 5 – Sessão 3
160
LIMA, Priscilla
GT 1 – Sessão 4
61
LIMA, Selma
GT 1 – Sessão 5
64
MACEDO, Henrique
GT 5 – Sessão 2
154
MACEDO, Marcio
GT 1 – Sessão 2
46
MACIEL, Lidiane Maria
GT 6 – Sessão 1
167
MADUREIRA, Gabriel Alarcon
GT 6 – Sessão 2
174
MAGALHÃES, Rafaela Melo
GT 4 – Sessão 1
122
MAIA, Janille Campos
GT 6 – Sessão 1
167
MAK, Denise
GT 4 – Sessão 1
123
MANDUCA, Vinicius
GT 4 – Sessão 4
142
MARTINS, Amanda Coelho (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 2
82
MARTINS, Marques Alves
GT 4 – Sessão 1
123
MASSUIA, Rafael. R.
GT 1 – Sessão 3
54
MATOS, Ísis Oliveira Bastos
GT 3 – Sessão 1
95
MAUERBERG JR, Arnaldo
GT 3 – Sessão 4
116
MEDEIROS, Priscila
GT 1 – Sessão 1
37
182
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
MEDEIROS, Thais Helena
GT 2 – Sessão 1
69
MELO, Betania
GT 1 – Sessão 5
65
MELO, Marina Félix de
GT 3 – Sessão 3
110
MENEZES, Diego Matheus Oliveira de
GT 2 – Sessão 1
70
MENEZES, Vitor Matheus Oliveira de (PÔSTER)
GT 3 – Sessão 2
107
MIGUEL, Jean Carlos Hochsprung
GT 6 – Sessão 2
175
MORAIS, Danilo
GT 1 – Sessão 1
37
MORAIS, Edson Elias de
GT 4 – Sessão 2
129
MORENO, Meire Ellen
GT 3 – Sessão 3
111
MORENO, Pedro (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 3
137
MOTTA, Luana Dias
GT 3 – Sessão 1
95
MOURA, Rosene de Jesus (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 1
74
NACKED, Rafaela
GT 1 – Sessão 2
46
NASCIMENTO, Larissa
GT 1 – Sessão 2
47
NELI, Marcos Acácio
GT 2 – Sessão 2
77
OLIC, Mauricio Bacic
GT 5 – Sessão 3
160
OLIVEIRA FILHO, Marco Aurélio
GT 2 – Sessão 1
70
OLIVEIRA, Arlete
GT 2 – Sessão 3
85
OLIVEIRA, Daniela Ribeiro
GT 2 – Sessão 2
78
OLIVEIRA, Heythor Santana de (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 3
137
OLIVEIRA, Luciano Márcio Freitas de
GT 5 – Sessão 1
148
OLIVEIRA, Marília
GT 5 – Sessão 2
155
OLIVEIRA, Wellington Cardoso de
GT 4 – Sessão 1
124
PAIVA, Larissa Nunes
GT 3 – Sessão 1
96
PASSOS, Daniela Oliveira Ramos dos
GT 2 – Sessão 2
78
PATRIOTA, Beatriz (PÔSTER)
GT 1 – Sessão 3
57
PELLEGRINO, Lucas Nunes (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 1
74
PEREIRA, Juliano Gonçalves
GT 5 – Sessão 1
148
PEREIRA, Luiz Fernando
GT 5 – Sessão 1
149
PINHEIRO, Marcos Filipe Guimarães
GT 4 – Sessão 1
124
PINTO, Renata Pires
GT 1 – Sessão 4
61
PIRES, Aline Suelen
GT 2 – Sessão 2
79
183
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
PLACERES, Giulliano
GT 4 – Sessão 3
135
PORTELA JR, Aristeu
GT 3 – Sessão 3
111
POSSEBON, Daniela
GT 2 – Sessão 1
71
PROLO, Felipe
GT 3 – Sessão 4
117
QUEIROZ, José Fernando
GT 3 – Sessão 1
96
RABESCO, Rafaela
GT 3 – Sessão 4
117
RANGEL, Felipe
GT 2 – Sessão 2
79
RIBEIRO JR, Ribamar
GT 1 – Sessão 5
65
RIOS, Flavia
GT 1 – Sessão 1
38
ROCHA DE FREITAS, Gabriela
GT 2 – Sessão 2
80
ROCHA, Décio Vieira da
GT 3 – Sessão 4
118
ROCHA, Rafael Lacerda Silveira
GT 5 – Sessão 3
161
RODRIGUES, Donizete
GT 4 – Sessão 2
130
RODRIGUES, Fabiano dos Santos
GT 6 – Sessão 1
168
RODRIGUÊS, Leonardo Henrique Gomes
GT 3 – Sessão 2
103
ROIM, Talita
GT 1 – Sessão 3
55
ROSA, Lucas Rogério (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 3
138
ROSA, Patrícia
GT 4 – Sessão 1
125
ROSA, Rafaela Euges
GT 3 – Sessão 2
104
ROSSI, Renan
GT 4 – Sessão 3
136
ROSSI, Vanberto
GT 1 – Sessão 4
62
ROVIERO, Andréia
GT 6 – Sessão 1
168
RUGGIERI NETO, Mário Thiago
GT 3 – Sessão 4
118
SÁ, Lucas do Santos Cabral de
GT 4 – Sessão 4
143
SABADIN, Ana Carina (PÔSTER)
GT 4 – Sessão 2
132
SABINO, Yuri (POSTER)
GT 4 – Sessão 4
144
SANTOS, Adrielma S. dos (PÔSTER)
GT 3 – Sessão 3
114
SANTOS, Deborah Schimidt Neves dos
GT 3 – Sessão 2
104
SANTOS, Elisangela
GT 1 – Sessão 1
39
SANTOS, Gilberto de Assis Barbosa
GT 1 – Sessão 2
48
SANTOS, João Henrique
GT 5 – Sessão 2
155
SANTOS, Jose Ricardo Marques
GT 1 – Sessão 1
39
184
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
SANTOS, Priscila Tavares dos
GT 6 – Sessão 1
169
SANTOS, Valdirene Ferreira
GT 3 – Sessão 2
105
SARUWATARI, Gabrielly Kashiwaguti
GT 4 – Sessão 2
130
SCHLITTLER, Maria Carolina
GT 5 – Sessão 2
156
SEVES, Natália Cabau
GT 3 – Sessão 4
119
SILVA, Alenilcon Pereira da
GT 2 – Sessão 3
86
SILVA, Cinthia
GT 1 – Sessão 2
48
SILVA, David Esmael Marques da
GT 5 – Sessão 3
162
SILVA, Eliane
GT – Sessão 2
49
SILVA, Jenair Alves
GT 5 – Sessão 1
149
SILVA, João Charlesdan
GT 2 – Sessão 1
72
SILVA, João Paulo da
GT 3 – Sessão 1
97
SILVA, José Douglas dos Santos
GT 5 – Sessão 3
162
SILVA, Leandro Oliveira
GT 3 – Sessão 1
97
SILVA, Leinir Aparecida Mainardes da
GT 6 – Sessão 2
176
SILVA, Livia Sousa da
GT 5 – Sessão 1
150
SILVA, Luiz Antonio Coêlho
GT 2 – Sessão 1
72
SILVA, Maria Aparecida Ramos da
GT 3 – Sessão 4
119
SILVA, Mariana Gama Alves da
GT 4 – Sessão 3
136
SILVA, Newton
GT 2 – Sessão 3
87
SILVA, Ricardo Lima
GT 2 – Sessão 3
87
SILVA, Rodrigo Pereira da
GT 3 – Sessão 3
112
SILVA, Wanessa
GT 1 – Sessão 4
63
SILVESTRE, Giane
GT 5 – Sessão 3
163
SIQUEIRA, Lucas (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 3
91
SIQUEIRA, Wellington (PÔSTER)
GT 2 – Sessão 2
83
SOUZA, André
GT 2 – Sessão 3
88
SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de
GT 5 – Sessão 2
156
SOUZA, Luana Silva de
GT 3 – Sessão 3
112
SOUZA, Marco Aurélio Dias De
GT 4 – Sessão 4
143
SOUZA, Sérgio
GT 1 – Sessão 1
40
SOUZA, Valtey Martins
GT 1 – Sessão 2
49
185
IV Seminário do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
TAFURI, Diogo Marques
GT 1 – Sessão 1
41
TAVARES NETO, João
GT 2 – Sessão 2
81
TEIXEIRA, Jacqueline Moraes
GT 4 – Sessão 4
144
TENCHENA, Sandra Mara
GT 1 – Sessão 3
55
TINCANI, Daniela
GT 1 – Sessão 1
41
TRUJILLO MIRAS, Julia
GT 1 – Sessão 5
66
VARGAS, Carlos Alberto Castillo
GT 3 – Sessão 2
106
VIANA, Aline Silveira
GT 3 – Sessão 1
98
VIEIRA, Ana Carolina C.
GT 6 – Sessão 1
169
VITAL, Graziela
GT 2 – Sessão 1
73
VITORINO, Diego
GT 1 – Sessão 2
50
WAGNER, Bruna Kucharski
GT 3 – Sessão 1
99
WEURMELING, Renata de Souza
GT 6 – Sessão 2
176
WOLFF, Ana Carolina
GT 6 – Sessão 2
177
ZAMBELLO, Aline Vanessa
GT 3 – Sessão 4
120
ZAMIAN, Gabriel (PÔSTER)
GT 1 – Sessão 3
57
ZAPATA, Sandor
GT 2 – Sessão 3
88
ZUCCOLOTTO, Eder
GT 2 – Sessão 3
89
186
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Caderno de Resumos - Mapa da UFSCar