2013 6 e 8 de novembro Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Programa de Pós-Graduação em Letras XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS LÍNGUA E LITERATURA: LETRAS EM DEBATE Programação e Caderno de Resumos CORPO DIRETIVO DA UPM Chanceler: Rev. Dr. Davi Charles Gomes Reitor: Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto Vice-Reitor: Prof. Dr. Marcel Mendes Decano de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Moisés Ari Zilber Coordenadora Geral da Pós-Graduação: Profa. Dra. Angélica Tanus Benatti Alvim Diretor do Centro de Comunicação e Letras: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Letras: Profa. Dra. Ana Lucia Trevisan Comissão Organizadora da Mostra Profª. Drª. Glória Carneiro do Amaral Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi Profª. Drª. Neusa Maria O. B. Bastos Profª. Drª. Regina Pires de Brito Profª. Drª. Vera Lúcia Harabagi Hanna Comissão Científica da Mostra Prof. Dr. Alexandre Huady T. Guimarães Profª. Drª. Ana Lúcia Trevisan Profª. Drª. Aurora Gedra Ruiz Alvarez Profª. Drª. Diana Luz Pessoa de Barros Profª. Drª. Elaine Cristina P. Santos Profª. Drª. Elisa Guimarães Profª. Drª Glória Carneiro do Amaral Profª. Drª. Helena Bonito Couto Pereira Prof. Dr. José Gaston Hilgert Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira Profª. Drª. Lílian Lopondo Profª. Drª. Maria Helena de Moura Neves Profª. Drª. Maria Lúcia Marcondes Carvalho.Vasconcelos Profª. Drª. Maria Luíza Guarnieri Atik Profª. Drª. Marisa Philbert Lajolo Profª. Drª. Marlise Vaz Bridi Profª. Drª. Neusa Maria O. B. Bastos Profª. Drª. Regina Pires de Brito Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista Profª. Drª. Vera Lúcia Harabagi Hanna SECRETARIA Ana Carla Ferreira da Silva Caroline Fernanda B. Queiroz Renata Bruschi APOIO ACADÊMICO Denise Miranda Karen Stephanie Melo 2 XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS O presente Caderno de Resumos possibilita a divulgação dos trabalhos selecionados para participar da XVII Mostra de Pós-Graduação em Letras, evento anual, tradicionalmente realizado pelo Programa de PósGraduação em Letras, do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em torno do temário Língua e Literatura: Letras em Debate, este espaço se abre aos pós-graduandos em Letras (e áreas afins), de todas as instituições de ensino superior, interessados na divulgação de suas pesquisas, procurando estimular discussões relativas aos estudos linguísticos e literários e abordar aspectos ligados ao ensino de línguas e literaturas. Além de cerca de 30 sessões de comunicação oral, com a participação de mais de 120 mestrandos e doutorandos de diversas IES do Brasil, a edição deste ano da Mostra de Pós-Graduação em Letras traz, como convidadas, Kelcilene Grácia Rodrigues, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Regina Célia Pagliuchi da Silveira, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Além da premiação do tradicional Concurso de Redação voltado à educação básica, coordenado por Elisa Guimarães, o evento deste ano abarca, ainda, o lançamento de obras de três docentes do nosso Programa de Pós-Graduação em Letras – Marlise Bridi, Regina Pires de Brito e Ronaldo Batista – e também do livro de Luís Pessôa, doutorado pelo nosso Programa, cujo trabalho recebeu Menção Honrosa Capes – 2011, que integra a Coleção Saberes em Tese, da Editora Mackenzie. Que este encontro possa ser instigante e produtivo para todos! Comissão Organizadora 3 PROGRAMAÇÃO 4 XVII MOSTRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS PROGRAMAÇÃO 6 de novembro, quarta-feira Manhã 9h-10h20 – Comunicações orais Local: salas de aula – Edifício João Calvino 10h30 – Conferência A metáfora na poética de Manoel de Barros Profa. Dra. Kelcilene Grácia Rodrigues (UFMS) Local: Auditório do Edifício João Calvino Tarde 14h30- 15h50 – Comunicações orais 16h – 17h20 - Comunicações orais Local: salas de aula – Edifício João Calvino 17h30 – Centro Histórico e Cultural Mackenzie (Prédio 1) Coquetel – lançamento de livros Língua e identidade no espaço da lusofonia: aspectos de Timor-Leste e Moçambique (Editora Terracota), de Regina Pires de Brito A sugestão metafórica na obra de José Cardoso Pires (Vermelho Universitário), de Marlise Bridi Introdução à Historiografia da linguística (Cortez Editora), de Ronaldo Oliveira Batista Narrativas da segurança no discurso publicitário: um estudo semiótico (Editora Mackenzie), de Luís Pessôa 5 8 de novembro, sexta-feira Manhã 9h-10h20 – Comunicações orais Local: salas de aula – Edifício João Calvino 10h30 – Conferência Língua, Cultura e Ensino de Português para Estrangeiros: implícitos culturais e expressões lingüísticas Profa. Dra. Regina Célia Pagliuchi da Silveira (PUC-SP) Local: Auditório do Edifício João Calvino Tarde 14h30- 15h50 – Comunicações orais Local: salas de aula – Edifício João Calvino 16h – Cerimônia de Premiação XIII Concurso de Redação Vinícius de Moraes nas Letras Brasileiras (Coordenação Profa. Dra. Elisa Guimarães) Local: Auditório do Edifício João Calvino 6 Programação detalhada 06 de novembro – manhã 9h 9h 9h Sala 22 Sala 24 Sala 28 HISTORIOGRAFIA LINGUÍSTICA 1. ANÁLISE DO BREVE COMPENDIO DE GRAMMATICA PORTUGUEZA, DE FREI CANECA Adriana de Souza Ramacciotti (PUC-SP) 2 . CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO (PARTE I) Ivelaine de Jesus Rodrigues (PUC-SP) e Laura Lúcia de Oliveira Santos (PUC-SP) 3. CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO (PARTE II) Nelci Vieira de Lima (IP-PUC-SP) 4. SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: A FUNÇÃO DO ADVÉRBIO EM UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA Wemylla de Jesus Almeida (PUC/SP) ESTUDOS DISCURSIVOS E CULTURAIS 1. LITERATURA E CONSUMO: CENOGRAFIA E ETHOS EM WEB-MANCHETES Anderson Ferreira (PUC/SP) 2. O MENINO: A INTERDISCURSIVIDADE E O PROCESSO DISCURSIVO NO TEXTO DE CHICO ANYSIO Caio Vinícius Catalano (UPM) 3.O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Elen Del Sole (UPM) 4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE GENERALIZAÇÕES NO DISCURSO POLÍTICO BRASILEIRO Rodrigo Vilalba Caniza (UPM) LITERATURA E 1. AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E ARQUITETURA NO ROMANCE CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA, DE LÚCIO CARDOSO CLÉBER LUÍS DUNGUE (PUC/SP) 2. A ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA DA PEÇA BEIJO NO ASFALTO, DE NELSON RODRIGUES DANIEL DE THOMAZ (UPM) 3.A MANIPULAÇÃO DE LOLITA NO ROMANCE DE VLADMIR NABOKOVE NOS FILMES DE STANLEY KUBRICK E ADRIAN LYNE Fernanda Cristina Araújo Batista (UPM) 4. DRAMATURGIA E DRAMATURGO EM PROCESSOS COLABORATIVOS DE ESCRITA TEATRAL Jorge Wilson da Conceição (UPM) OUTRAS LINGUAGENS 7 9h 9h Sala 45 Sala 47 LEITURA E ESCRITA FORMAÇÃO DOCENTE E SALA DE AULA 1. PROGRAMA UNIVERSIDADE NA MELHORIA DA ESCRITA E DA LEITURA (UNIMEL): PERSPECTIVAS GRAMATICAIS Aila Maria Leite Figueiredo (UNICSUL) 2.ANÁLISE DAS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA Damares Souza Silva (PUC-SP) 3.O ENSINO DA COERÊNCIA TEXTUAL POR MEIO DO MICROBLOG TWITTER Tharsila Dantas Prates (PUC/SP) 4. A LEITURA E O PRAZER Victor Hugo da Silva Vasconcellos (PUC-SP) 1.O DESENVOLVIMENTO DA LITERACIA MULTIMODAL DE ESTUDANTES: CONTRIBUIÇÕES DE UMA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES ENVOLVENDO MÚLTIPLAS LINGUAGENS Nilma Alves Pedrosa (PUC-SP/CAPES) 2. A DIALOGICIDADE FREIREANA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA Priscila Reigada (UPM) 3. CARÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA EM FACE DO ENSINO PARA CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS: UMA AMOSTRAGEM DO PROBLEMA Thais Marchezoni da Silva (UPM) 4. AS REDES SOCIAIS COMO FÓRUM DE ACOMPANHAMENTO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS: UMA FERRAMENTA MIDIÁTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE Valéria Bussola Martins (UPM) 10h30 – Conferência - Auditório João Calvino 06 de novembro - TARDE 14h Sala 24 ESTUDOS DA LUSOFONIA E DE IDENTIDADE 1.A HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA CABO-VERDIANA RELATADA EM MÚSICA Ludmila Jones Arruda (UPM) 2.KANIMAMBO, MOÇAMBIQUE! TERRA DE FONES LUSOS E COSMOVISÃO BANTU Nancy A. Arakaki (PUC/SP) 3. OS SENTIDOS DO OLHAR SOBRE A IDENTIDADE: DIEGO RIVERA E OCTAVIO PAZ Mariana Calvo Mozer Manzieri (UPM) 8 14h 14h 14h 14h Sala 25 Sala 28 Sala 43 Sala 47 ESTUDOS DISCURSIVOS E CULTURAIS DISCURSO LITERÁRIO E SUAS VOZES DISCURSOS MIDIÁTICO E PUBLICITÁRIO FANTÁSTICO E MARAVILHOSO NA LITERATURA 1. “PORTUNHOL”: ALIADO OU INIMIGO NAS DIFERENTES INTERAÇÕES SOCIAIS? Ana Katy Lazare Gabriel (Faculdade de Educação - USP) 2. TERMINOLOGIA: UM ESTUDO DO VOCABULÁRIO DO CAMPO DA MEDICINA Andrea Sampaio Volpe (PUC-SP) 3. A NOÇÃO DE AUTOR NOS ARTIGOS DE OPINIÃO DE CLAUDIO DE MOURA CASTRO Carlos Alberto Baptista (PUC-SP) 4.MÍDIA E CULTURA: A INTRODUÇÃO DE VOCÁBULOS JAPONESES NO DICIONÁRIO PORTUGUÊS-BRASILEIRO Fred Izumi Utsunomiya (UPM) 1.A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO DA PERSONAGEM MARIA MOURA, DE RACHEL DE QUEIROZ Caroline Batista Fantini de Novais (PUC-SP) 2.ESPAÇO SOCIAL E LUGAR: CINZAS DO NORTE, DE MILTON HATOUM, E NADIE NADA NUNCA, DE JUAN JOSE SAER Cristhiano Motta Aguiar (UPM) 3. INTERTEXTUALIDADE NO CONTO “O TEXTO TATUADO”, DE SÉRGIO SANT’ANNA Giovana dos Santos Lopes (UPM) e Raul Ignacio Valdibia Arriagada (UPM) 4. ROMANCE MEMORIALISTA E AUTOBIOGRAFIA EM JOSÉ LINS DO REGO Karin Bakke de Araújo (UPM) 1. CENÁRIOS URBANOS, ATORES PERIFÉRICOS E NARRATIVAS MIDIÁTICAS André Ribeiro Passos de Arruda (UPM) 2. O MUNDO ATUAL E A SALA DE AULA Anne Cristina Barbosa Peres (UPM) 3.RECURSOS RETÓRICOS NA LINGUAGEM DO COMERCIAL DE TV Ester AnholetoPirolo (UPM) 4. DISCURSO EM IMAGENS DE MULHER NA PUBLICIDADE: DO PRETO E BRANCO AO COLORIDO Evelise Raquel Morari (UNICENTRO) 1. MARCAS DO FANTÁSTICO EM MACHADO DE ASSIS: UMA LEITURA DO CONTO “O ESPELHO: ESBOÇO DE UMA NOVA TEORIA DA ALMA HUMANA” Edner Morelli (UPM) 2.A TRANSIÇÃO ENTRE O UNIVERSO REAL E O MARAVILHOSO EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS Gisele Gomes Maia (UPM) 3.A PRESENÇA DO FANTÁSTICO NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA: UMA ANÁLISE DO CONTO O COLECIONADOR DE SOMBRAS, DE JOÃO BATISTA MELO Jônatas Amorim Henriques (UPM) 4.O REALISMO FANTÁSTICO EM A CAUSA SECRETA, DE MACHADO DE ASSIS Karin Juliana de Meira Grava Simioni (UPM) 9 06 de novembro - TARDE 15h45 Sala 16 FORMAÇÃO DOCENTE E SALA DE AULA 1. A FILOSOFIA EXISTENCIALISTA EM PAULO FREIRE NO TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA Aline Alves (UPM) 2. A EDUCAÇÃO NOS COLÉGIOS CONFESSIONAIS FEMININOS NO FINAL DO SÉCULO XIX E PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX Ana Paula Sapaterra (PUC-SP) 3. O MUNDO ATUAL E A SALA DE AULA Anne Cristina Barbosa Peres (UPM) 4. DESPERTANDO O PENSAMENTO CRÍTICO COM O USO DE CURTAS-METRAGENS ANIMADOS EM SALA DE AULA Erica de Moura (UPM) 15h45 15h45 Sala 24 Sala 25 TEXTO E LINGUAGEM DISCURSOS MIDIÁTICO E PUBLICITÁRIO 1. O DISCURSO DE BRAULIO TAVARES EM SEU TEXTO PUBLICADO NA ORELHA DA PEDRA DO REINO DE ARIANO SUASSUNA Cristiane BachiegaYamamura (UNICSUL) 2. TROPICALIZAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO NA DIVULGAÇÃO DAS NOVAS SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA: AS PREMISSAS IDEOLÓGICAS EM FOCO José Luiz Marques (UNICSUL) 3. HIPERTEXTO – COGNIÇÃO POR MEIO DO CONTEXTO E DA INTERAÇÃO Luciene Oliveira Costa dos Santos (PUC-SP) 4.REESCREVER SIM, COPIAR NÃO. Regianne Cruz Alkmim Dias (UPM) 1. A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NA PROPAGANDA DO TURISMO BRASILEIRO VEICULADA PELA EMBRATUR – NOS PRIMEIROS ANOS DO PROJETO AQUARELA - SOB A ÓTICA DA TEORIA DA ENUNCIAÇÃO Giselda Fernanda Pereira (UPM) 2. ARGUMENTOS RETÓRICOS E ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO DO ETHOS DO ANUNCIANTE NA PROPAGANDA INSTITUCIONAL: UMA QUESTÃO DE LEITURA Mônica Mendes e Silva Rocha (UPM) 3.O DISCURSO ANTIMARXISTA EM MAFALDA Mariana Fogaça Calviño (UPM) 4.A METÁFORA CONCEITUAL NA PROPAGANDA Noslen Nascimento Pinheiro (PUC/SP) 10 PRODUÇÃO DE SENTIDO 15h45 Sala 28 15h45 Sala 39 15h45 Sala 43 LITERATURA E OUTRAS LINGUAGENS 15h45 Sala 47 IDENTIDADE E CULTURA DISCURSO JORNALÍSTICO 1. A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E SUBJETIVAÇÃO DA LINGUAGEM NO PROJETO ICONOGRÁFICO DE “MATO GROSSO DO SUL – ESTADO DO PANTANAL” ANAILTON DE SOUZA GAMA (DINTER UPM/UFMS – UEMS) 2. A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NUMA PERSPECTIVA RETÓRICA Roberto Clemente dos Santos (UPM) 3.O PAPEL DA CENOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DO ETHOS: UM ESTUDO DOS DISCURSOS DOS PROFESSORES Jeanny Meiry Sombra Silva (UPM) 4.RETÓRICA, ARGUMENTAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO EM PROPAGANDAS INSTITUCIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE Sueli Aparecida Cerqueira Marciel (UNICSUL) 1. VERDADE E CONEXÃO: O ATUAL JORNALISMO IMPRESSO SOB O OLHAR DA SEMIÓTICA FRANCESA Adalberto Bastos Neto (UPM) 2. PERSONAGENS EM REPORTAGENS: UM ESTUDO DO TEXTO “O CASO BENSADON”, DE MARCOS FAERMAN André Cioli Taborda Santoro (UPM) 3. O ETHOS EM REVISTAS INSTITUCIONAIS Déspina Maria Iliadis Nogueira (UPM) 4.ILUSÕES PERDIDAS E O JORNALISMO DE BALZAC Francisco Redondo Periago (UPM) 1. FANFICS: O ROMANCE ONLINE Nicolle Lemos (UPM) 2. AGONIA E ÊXTASE: UMA LEITURA DA TRANSPOSIÇÃO PARA A FOTOGRAFIA E PARA O CINEMA DA OBRA LITERÁRIA LAVOURA ARCAICA Sandra Hahn (DINTER UPM-UFMS) 3. O MERCADO EDITORIAL E A PRODUÇÃO LITERÁRIA Sheila Darcy Antonio Rodrigues (UPM) 4. SEMIÓTICA DAS PAIXÕES: A INVEJA Renata Valente Ferreira Vilela (UPM) 1.A IDENTIDADE CULTURAL ESPANHOLA A LUZ DOS DICHOS Y REFRANES NA OBRA DON QUIJOTE DE LA MANCHA Iromar Maria Vilela (DINTER UPM-UFMS) 2.A ALTERIDADE NA (RE)CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NO DISCURSO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI Ivan Almeida Rozário Júnior (PUCSP) 3.A PERTENÇA IDENTITÁRIA NA CONCEPÇÃO DA LINGUAGEM Leila Maria Mansini Fiamoncine (UPM) e Maíra Bastos dos Santos (Mestre pela UPM) 17h30 – Centro Histórico e Cultural Mackenzie (Prédio 1) Coquetel - lançamento de livros 11 08 de novembro - MANHÃ 9h 9h 9h Sala 24 Sala 27 Sala 28 FORMAÇÃO DOCENTE E SALA DE AULA ESTUDOS DISCURSIVOS E CULTURAIS DISCURSO LITERÁRIO E SUAS VOZES 1. O ENSINO MÉDIO E OS ÓCULOS SOCIAIS: ESTRATÉGIAS SEMIÓTICAS EM SALA Fábio Irineu Fernandes Pereira (UPM) 2.AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: REVISANDO OS TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DOS TERCEIROS ANOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE INDICADORES Hamilton Fernandes de Souza (PUC-SP) 3.GÊNEROS DISCURSIVOS NAS PRÁTICAS ESCOLARES: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA EM DEBATE Hélio Rodrigues Júnior (PUC/SP) 4. ENTRANDO NA TOCA DO COELHO: ALICE, O PAÍS DAS MARAVILHAS E O MUNDO ATRAVÉS DO ESPELHO NA EDUCAÇÃO Higor Branco Gonçalves (UPM) 1. CONTEXTO FRONTEIRIÇO: ESPAÇO “ENTRE LÍNGUAS” Ione Vier Dalinghaus (DINTER UFMS/UPM) 2. SIGNIFICAÇÃO E TEMA: A “PRIMAVERA ÁRABE” Karen Dantas de Lima (UNICSUL) 3.UM PERCURSO DA IDEIA DE LIBERDADE NO BRASIL E NOS EUA PELA AD E PELOS ESTUDOS CULTURAIS: UM DIÁLOGO POSSÍVEL Regina Paula Ambrogi Avelar (UPM) 4. A VARIAÇÃO DA LINGUAGEM: O CASO DE BELA VISTA-MS Ana Ribeiro (DINTER UPM-UFMS) 1. O TEXTO TATUADO: UM ESTUDO SOBRE A LINGUAGEM Judith Tonioli Arantes (UPM) 2. O MITO DA CRIAÇÃO DO MUNDO NA LITERATURA DE FICÇÃO CIENTÍFICA: UM ESTUDO DO CONTO THE LAST QUESTION, DE ISAAC ASIMOV Karen Stephanie Melo (UPM) 3.DIALOGISMO EM “NUNCA APOSTE SUA CABEÇA COM O DIABO – CONTO MORAL” Maria da Luz Alves Pereira (UPM) 4. DOIS NARRADORES E UMA NARRATIVA: UMA LEITURA DO DUPLO EM UM SOPRO DE VIDA, DE CLARICE LISPECTOR Maria Eloísa de Souza Ivan (UPM/Uni-FACEF) 12 9h Sala 29 ESTUDOS DE ORALIDADE 1. EXPRESSIVIDADE DA FALA: O DESVELAR DAS EMOÇÕES NA CONSTRUÇÃO DO ATO TEATRAL A PARTIR DA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICO Isaías Santos (PUC-SP) 2.MARCAS DE ORALIDADE EM PRODUÇÕES NARRATIVAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Patricia Klein Gomes (UNICSUL) 3. A METAENUNCIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS E DE COMPREENSÃO NA INTERAÇÃO FALADA Sílvia Fernanda Souza Dalla Costa (UPM) 4. A CONSTRUÇÃO COGNITIVA DA INTERAÇÃO VERBAL: UMA ANÁLISE DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS CAUSAIS E CONCESSIVAS André Vinicius Lopes Coneglian (UPM) 9h 9h Sala 43 Sala 48 DISCURSO RELIGIOSO OUTRAS LINGUAGENS 1. O PERIÓDICO IMPRENSA EVANGÉLICA DO ANO DE 1872 NO PANORAMA DA FORMAÇÃO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA Amaya Obata Mouriño de Almeida Prado (DINTER UPM - UFMS) 2. DOIS MOMENTOS NA HISTÓRIA RECENTE DA LEITURA BÍBLICA: A BÍBLIA COMO LITERATURA A PARTIR DE ERIC AUERBACH E ROBERT ALTER Anderson de Oliveira Lima (UPM) 3.ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA BÍBLICA “A PARÁBOLA DOS TALENTOS” Fernando Luis Cazarotto Berlezzi (UPM) 4.LUTA PELO SIGNIFICADO: A IMAGEM DA ARENA EM BAKHTIN Francikley Vito (UPM) 1.DJANGO E A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA: A FORMAÇÃO DO MITO OCIDENTAL E O DRAMA DO NEGRO Douglas Sáppia (UPM) 2.A CATÁBASE NOS JOGOS ELETRÔNICOS: A JORNADA DO HERÓI DIGITAL Edmundo Gomes Junior (UPM) 3. A PONTE ENTRE SAMBA CANÇÃO, POP E ROCK CLÁSSICO NUMA INTERPRETAÇÃO DE CAETANO VELOSO Felipe Pupo Pereira Protta (UPM) 4. DIÁLOGOS ENTRE JOHN E ELIZABETH PROCTOR: ALGUMAS SINALIZAÇÕES DA CONSTRUÇÃO DA AUTOCONSCIÊNCIA DO HERÓI EM THE CRUCIBLE Glauco Corrêa da Cruz BacicFratric (UPM) 5. O RELACIONAMENTO CONJUGAL EM A MULHER SEM PECADO, DE NELSON RODRIGUES Rafael de Oliveira Reis (UPM) 13 10h30 – Conferência - Auditório João Calvino 08 de novembro - TARDE 14h30 14h30 14h30 Sala 24 Sala 27 Sala 28 FORMAÇÃO DOCENTE E SALA DE AULA DISCURSO JORNALÍSTICO OUTRAS LINGUAGENS 1.A ANÁLISE DO DISCURSO EM PESQUISA Humberto Luiz Dias (UPM) 2.METODOLOGIA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA PEDAGOGOS: concepções sobre o ensino de leitura e escrita Laísa Gabriela Larcher Crês (PUC-SP) 3.DISCURSO E PRÁTICA DOCENTE: A APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA Luci Fumiko Matsu Chaves (UPM) 4.EDUCAÇÃO E LEITURA DIALÓGICAS: RESSONÂNCIAS DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE E DE M. BAKHTIN Maria de Fátima Xavier da Anunciação de Almeida (UESMUPM) 1. “ENTRE ASPAS”: UMA ANÁLISE DAS FUNÇÕES METAENUNCIATIVAS DAS ASPAS EM EDITORIAIS DOS JORNAIS AGORA SÃO PAULO E FOLHA DE S. PAULO Marcelo Fleuri de Barros (UPM) 2. CRÔNICA JORNALÍSTICA: O GÊNERO JORNALÍSTICO POR EXCELÊNCIA Milton Gabriel Junior (PUC/SP) 3.HUMOR POLÍTICO NO GÊNERO DISCURSIVO: A CHARGE JORNALÍSTICA Rodrigo Leite da Silva (PUC-SP e UNINOVE) 4. REFLEXÕES ACERCA DOS ESTUDOS REALIZADOS SOBRE TEXTO E DISCURSO: O EFEITO DE SENTIDO PROVOCADO PELA CHARGE Tânia Regina Exposito Ferreira (UPM) 1. BRANCA DE NEVE TRANSMÍDIA: LITERATURA, CINEMA, JOGOS E PRODUTOS DÉBORA CIBELE DE BENEDETTO E SILVA (UPM) 2. DO LIVRO À TELEVISÃO: O PERCURSO DE MEMORIAL DE MARIA MOURA. Lídia Carla Holanda Alcântara (UPM) 3. A VIOLÊNCIA EM A COR PÚRPURA: SUA REPRESENTAÇÃO EM LIVRO E FILME Luciana Duenha Dimitrov (UPM) 4. A TRANSFORMAÇÃO DA HISTÓRIA SOB A ASCENSÃO DA MÍDIA DIGITAL: CHAPEUZINHO VERMELHO EM DUAS GERAÇÕES Thiago Pereira da Costa 14 14h30 14h30 Sala 29 Sala 39 DISCURSO LITERÁRIO E SUAS VOZES DISCURSO RELIGIOSO 1. DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS: IDENTIFICAÇÃO, ESTRANHAMENTO E A IMAGEM DO PROFESSOR EM “TRAPO” DE CRISTOVÃO TEZZA Leni Soares Vieira Fernandes (UPM) 2. CAOS URBANO E CONTEMPORANEIDADE NOS CONTOS DE MARCELINO FREIRE Márcia Moreira Pereira (UPM) 3. AS MARCAS DO INSÓLITO NA NARRATIVA DE JOSÉ J. VEIGA. Marleide Santana Paes (UPM) 4.ENTRE BORGES E LEMINSKI: AS NARRATIVAS LABIRÍNTICAS EM METAFORMOSE E EL JARDÍN DE SENDEROS QUE SE BIRFURCAN Rodrigo de Freitas Faqueri (UPM) 1. RELEITURAS DO TEXTO BÍBLICO DE II SAMUEL 12. 1518, 24-25 NAS ARTES PLÁSTICAS DE REMBRANDT E WILLEM DROST Lemuel de Faria Diniz (DINTER UPMUFMS) 2. AS CATEGORIAS DE CENAS DA ENUNCIAÇÃO E HIPERENUNCIADOR NO DISCURSO RELIGIOSO DE FREI ANTONIO DAS CHAGAS Ricardo Celestino (PUC-SP) 3.O CONHECIMENTO RELIGIOSO E A PESQUISA ACADÊMICANA ÁREA DA LINGUÍSTICA APLICADA Thiago de Melo Curci (UNITAU) 4.DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE EM NOVAS CARTAS PORTUGUESAS: LEITURA E POSICIONAMENTOS DIANTE DA CARTA MAGNIFICAT Thiele Aparecida Nascimento Piotto (UPM) 1. EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA: UMA POSSIBILIDADE Maria Inês Francisca Ciríaco (UPM) 2. GÊNEROS TEXTUAIS E LIVRO DIDÁTICO: EM BUSCA DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Viviane Nery Lacerda (UPM) 14h30 Sala 43 DISCURSO PEDAGÓGICO 3. A CORREÇÃO TEXTUAL-INTERATIVA NO ENSINO DA PRODUÇÃO DE GÊNEROS TEXTUAIS Paulo da Silva Lima (UPM) 4. UM ESTUDO SOBRE A PERSONAGEM DONA BENTA, DA OBRA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO, COMO MEDIADORA DE LEITURA Patrícia Aparecida Beraldo Romano (UPM) 15 14h30 Sala 48 ESTUDOS GRAMATICAIS 1. UM ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO DA GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DE NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA Juliana Borges de Medeiros (PUCSP) 2. A GRAMÁTICA REFLEXIVA: A PEDAGOGIA LÉXICOGRAMATICAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA Silvia Cristina Miranda (PUC-SP) 3. AS ANÁFORAS INDIRETAS NA FORMAÇÃO DA REDE REFERENCIAL: UMA ANÁLISE EM SEQUÊNCIAS TEXTUAIS DE ROMANCES BRASILEIROS Luciana Ribeiro de Souza (UPM/FAPESP) 4. A EXPLICITAÇÃO DO SUJEITO EU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO INFORMAL Felipe Goulart (UPM) 16h – Auditório João Calvino – Premiação XIII Concurso de Redação Vinícius de Moraes nas Letras brasileiras Coordenação: Profa. Dra. Elisa Guimarães 17h - Coquetel de encerramento 16 RESUMOS Os resumos aqui reproduzidos são de responsabilidade de seus autores. 17 VERDADE E CONEXÃO: O ATUAL JORNALISMO IMPRESSO SOB O OLHAR DA SEMIÓTICA FRANCESA Adalberto Bastos Neto (UPM) Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert O discurso jornalístico não pode ser entendido como uma mera transmissão de informações, um fazer-saber, pois é, antes de tudo, um ato discursivo, um contrato fiduciário estabelecido com base num fazer-crer. Na enunciação do jornal, a significação, com seus efeitos de verdade e realidade, é formada, discursivamente, na tensão entre enunciador e enunciatário. Logo, a eficácia persuasiva do jornal está profundamente ligada à maneira como os coenunciadores percebem o mundo. Antes de o discurso entrar em ato, uma carga afetiva modaliza o sujeito da enunciação e, depois, se espalha e se imprime por todas as etapas da geração do sentido. À luz dos pressupostos teóricos da semiótica francesa, interessa-nos, como objetivo geral neste trabalho, investigar como se dá esse processo de percepção do mundo do sujeito da enunciação anterior às escolhas enunciativas, depreendendo, assim, o modo de presença da enunciação jornalística.A história do jornalismo é marcada pelos avanços da tecnologia. Muitas foram as mudanças no modo de presença da enunciação jornalística provocadas pelo surgimento de novos meios de comunicação, como o rádio, a televisão e, agora, a internet. Sites de divulgação de documentos sigilosos como o Wikileaks, redes sociais, como o Twitter e o Facebook, têm trazido, cada vez com mais intensidade, novas formas de se pensar e de se fazer jornalismo. Existe hoje uma reconfiguração do discurso jornalístico impresso, com base nos recursos da internet. Numa forma de hibridação, os atuais suportes midiáticos implicam em novas formas de manifestação e de presença. Com base nessas considerações, pretendemos, como objetivo específico, investigar nas edições impressas dos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, a existência de características discursivas provenientes dos discursos da internet e, assim, mostrar, sob uma 18 perspectiva diacrônica, algumas das mudanças discursivas que reconfiguram o modo de presença desses dois jornais. ANÁLISE DO BREVE COMPENDIO DE GRAMMATICA PORTUGUEZA, DE FREI CANECA Adriana de Souza Ramacciotti (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Dieli Palma Vesaro Este trabalho tem por objetivo o estudo do Breve Compendio de GrammaticaPortugueza, de Frei Joaquim do Amor Divino Rabello e Caneca, escrito na primeira metade do século XIX. Esta pesquisa não tem intenção de analisar exaustivamente a obra, mas sim suscitar reflexão sobre seu valor na gramatização do Brasil. Frei Caneca foi um ativista político, envolvido na Revolução Pernambucana, em 1817, e na Confederação do Equador, em 1825. Em consequência disso, foi preso e condenado à morte. Durante a prisão em Salvador, escreveu o Breve Compendio de GrammaticaPortugueza, com fins pedagógicos, em uma linguagem simples para facilitar o aprendizado dos alunos. Esta pesquisabaseia-se teoricamente na História das Ideias Linguísticas e está dividida em: 1) contextualização sócio-histórica do Brasil na primeira metade do século XIX; 2) educação no Brasil, na primeira metade do século XIX; 3) importância de Frei Caneca; 3) análise da obra. Procuramos utilizar, como metodologia, a definição fenomenológica do objeto, sua neutralidade epistemológica e o historicismo moderado (Cf. Auroux, 1992, p. 13-4). Frei Caneca apoia-se na GrammaticaPhilosophica da LinguaPortugueza, de Jerónimo Soares Barbosa, seguindo a linha da Gramática Geral e Filosófica. Apesar de não mostrar inovações conceituais em relação às gramáticas anteriores, o Breve Compendio de GrammaticaPortugueza é a primeira gramática pedagógica brasileira. Nela, Frei Caneca valoriza a gramática reflexiva e intui a questão das variações linguísticas, defendidas hoje no ensino da gramática. 19 PROGRAMA UNIVERSIDADE NA MELHORIA DA ESCRITA E DA LEITURA (UNIMEL): PERSPECTIVAS GRAMATICAIS Aila Maria Leite Figueiredo (UNICSUL) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Tinoco Cabral O presente trabalho tem como finalidade propor uma reflexão sobre as perspectivas gramaticais presentes nas produções textuais dos alunos que estão inseridos no Programa de Extensão Universidade na Melhoria da Escrita e da Leitura (UNIMEL), que busca desenvolver a competência textual nos alunos, isto é, contribuir para que eles sejam capazes de reconhecer no texto elementos gramaticais que funcionam como sinalizadores da construção de sentido, possibilitando com que reflitam sobre o funcionamento da língua. Essa reflexão será fundamentada na Análise Textual do Discurso (Adam, 2008); e o corpus são as produções textuais dos alunos cujas análises buscarão verificar as perspectivas gramaticais presentes nas produções textuais e nas propostas. A apresentação será dividida em duas partes: na primeira, será apresentado o Programa Unimel e, na segunda, serão apresentadas as perspectivas gramaticais presentes nas produções textuais dos alunos, identificadas a partir das análises, que se fundamentarão em autores que trabalham com Linguística de Texto, como: Adam(2008), Koch (2009), Marcuschi (2003), Bechara (2000), Cunha (1985), Travaglia (2003), entre outros. 20 A FILOSOFIA EXISTENCIALISTA EM PAULO FREIRE NO TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA Aline Alves (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral Uma das questões que permeiam as discussões acerca do trabalho do professor em sala de aula no concernente à prática da leitura relaciona-se ao modo como essa prática é desenvolvida. De um modo geral, o que é proposto para que o aluno leia e como essa leitura é orientada estão vinculados às exigências dos vestibulares, que contemplam, em sua maioria, apenas autores consagrados pelos cânones. Nesse sentido, a partir de uma análise acerca da proposta educacional de Paulo Freire, influenciada pelo existencialismo de Jean-Paul Sartre, aliada às teorias sobre o processo do ato da leitura de Jean Foucambert, pretende-se promover uma reflexão sobre esta prática no que tange o papel do professor. A filosofia existencialista preconiza a existência em detrimento da essência, ou seja, sob essa vertente, um indivíduo existe, em primeira instância, para então se definir, no decorrer dessa existência. Assim, esse pensamento perpassa a tese de Freire, que considera o educando um sujeito em constante formação. Além disso, para o educador a leitura do mundo precede a leitura da palavra, por essa razão se faz essencial considerar as experiências existenciais do indivíduo, a fim de que o conteúdo lido produza sentido para ele. Simultaneamente, Jean Foucambert assume a leitura como um ato que ativa questionamentos próprios e exteriores e, por isso, leva o leitor, neste caso aluno, a conhecimentos novos, respostas aos questionamentos acionados. Deste modo, unir as acepções dos dois autores pode contribuir para uma reconsideração quanto aos conteúdos propostos para a leitura em sala de aula, repensando temáticas associadas à realidade que circunda o educando, preparando-o não apenas para provas de caráter eliminatório, mas especialmente para a vida, tomando como princípio que a leitura é instrumento de reflexão, intervenção e transformação do mundo. 21 O PERIÓDICO IMPRENSA EVANGÉLICA DO ANO DE 1872 NO PANORAMA DA FORMAÇÃO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL BRASILEIRA AmayaObataMouriño de Almeida Prado (DINTER UPM - UFMS) Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo Um importante conjunto de textos do sistema literário protestante no Brasil é o periódico Imprensa Evangelica, publicado entre 1864 e 1892. Na maioria dos números nota-se a presença de narrativas curtas que, ao tematizarem situações de contato de crianças com a doutrina evangélica, revelam preocupação com a divulgação do protestantismo também entre os jovens. Os números do ano de 1872, objeto da presente análise, contêm o conjunto mais antigo de textos destinados à infância nesse periódico, nos quais é possível identificar e elencar narrativas protagonizadas por personagens infantis que, por este motivo, poderiam ter sido objeto de interesse de pequenos leitores à época de sua publicação, ainda que o jornal Imprensa Evangelica não seja exclusiva e especificamente dirigido à infância. A proposta que aqui se articula pretende estabelecer aproximações comparativas entre as narrativas infantis do jornal e os textos que estudiosos e pesquisadores renomados apresentaram como fundadores do gênero. Partindo da indicação destes últimos, discute-se o lugar dos periódicos na formação da Literatura Infanto-juvenil brasileira, para então descrever de maneira sucinta as narrativas encontradas no corpus selecionado. Por último analisa-se com maior atenção um texto intitulado “O heroísmo no século VIII” levando-se em consideração, como fundamentação teórica, o conceito de sistema literário, tal como proposto por Antonio Candido desde 1955, no artigo “O escritor e o público” e desenvolvido em obras posteriores, entre elas Formação da Literatura Brasileira, de 1959. As dezoito narrativas observadas têm estrutura e configurações estéticas semelhantes àquelas que vão constituir os primeiros livros destinados à infância brasileira no cenário da formação de nossa Literatura Infanto-juvenil. 22 A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E SUBJETIVAÇÃO DA LINGUAGEM NO PROJETO ICONOGRÁFICO DE “MATO GROSSO DO SUL – ESTADO DO PANTANAL” Anailton de Souza Gama (DINTER UPM/UFMS – UEMS) Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros Esta pesquisa de cunho bibliográfico tem como objetivo estabelecer, de maneira prática, o percurso de uma teoria de texto: a Semiótica Narrativa e Discursiva, elaborada por Algirdas Julian Greimas, aplicando-a na análise da iconografia representativa sul-mato-grossense, buscando estabelecer uma construção de sentidos para os signos implantados no Estado de Mato Grosso do Sul a partir do Governo Popular de Zeca do PT, em 1998, relacionando esses signos ao processo de construção identitária sul-mato-grossense. Convém assinalar que o fazer da semiótica é aspectualizadoimperfectivamente, o que significa que não constitui uma teoria pronta e acabada, mas um projeto e, por isso, está a todo momento repensando-se, modificando-se, refazendose, corrigindo-se. Tomando como referência Barros (1990, 2003), Chevalier &Gheerbrant (2000), Lopes (1995) e Fiorin (2002), analisamos na iconografia representativa sul-mato-grossense, através de algumas pistas de análise, possíveis levantamentos de campos lexicais e semânticos, da coerência narrativa e do percurso gerativo de sentido todo o processo narrativo/discursivo e figurativo da construção dos actantes e suas ações. Verifica-se que a iconografia representativa nos remete a comportamentos, verdades, realidades, ideologias, enfim, aspectos que nos evidenciam modalizações desses sujeitos de estado no que tange ao ser e fazer que constituem a complexidade enunciativa, mesmo parcialmente observada, do objeto em questão. 23 “PORTUNHOL”: ALIADO OU INIMIGO NAS DIFERENTES INTERAÇÕES SOCIAIS? Ana Katy Lazare Gabriel (Faculdade de Educação - USP) Orientador: Prof. Dr. Vojislav AleksandarJovanovic Esta comunicação visa verificar a função da linguagem nas diferentes interações sociais entre a população boliviana e a população paulista e, em especial verificar como tais interações ocorrem em contexto escolar. Tal pesquisa está baseada nos postulados de Bourdieu (1986) e da Silva (2009) sobre o uso da linguagem e a comunicação eficaz do português utilizado pela comunidade boliviana que é influenciado por fatores dominantes, dentre eles, o poder do MERCOSUL, as implicações sociais da dependência econômica industrial em oficinas de vestuário e El Sistema. Pelo viés da linguística, esta comunicação tem base teórica na linguística textual e nos estudos sobre o ensino/aprendizagem de português para estrangeiros conforme postulado de Silveira (1998) sobre o uso da abordagem comunicativa com enfoque intercultural como elemento facilitador que pode ser utilizado para solucionar entraves culturais e ideológicos presentes em língua. Se por um prisma o uso do “Portunhol” preocupa os professores de português como língua estrangeira, por outro reflete positivamente na preservação da identidade cultural boliviana e em sua interação social, fator que pode ser utilizado no ensino de português como língua estrangeira. Certamente o ensino de português como língua estrangeira não está dissociado do ensino de cultura, uma vez que a língua é um código social de uma comunidade que implica visões culturais e ideológicas. Assim, no entendimento de Silveira (1998) o aprendiz adquirirá a língua alvo no momento em que experienciar, compreender e interagir com as formas de pensamento e conduta cultural dos falantes da nova língua. Para esta comunicação fora utilizada a metodologia etnográfica de base qualitativa que envolveu sessões colaborativas e entrevistas semiestruturadas com bolivianos que frequentam o CAMI (Centro de Apoio ao Migrante). Os resultados parciais demonstraram que a comunicação intercultural contribui como elemento facilitador em situações de entraves culturais e normativos presentes nas diferentes interações sociais. 24 A EDUCAÇÃO NOS COLÉGIOS CONFESSIONAIS FEMININOS NO FINAL DO SÉCULO XIX E PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX Ana Paula Sapaterra (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero Este trabalho tem por objetivo analisar a educação nos Colégios Confessionais Femininos que se instalaram no Brasil, em especial o Colégio Nossa Senhora de Sion, em São Paulo, considerado um modelo ideal de educação, disciplina e glamour para as meninas pertencentes a ricas famílias da sociedade paulista. Desse modo, fez-se um levantamento histórico, cultural e social do final do século XIX e primeira metade do século XX, com o objetivo de entender como se portava a mulher nesse período, que função tinha na sociedade, e por que a escolha de Instituições Católicas pela elite paulista para o ensino de suas filhas, futuras damas da sociedade. Para tal, optou-se pela escolha da História das Ideias Linguísticas (Auroux, Fávero, Molina) como vertente teórica para subsidiar este trabalho. 25 A VARIAÇÃO DA LINGUAGEM: O CASO DE BELA VISTA/MS Ana Ribeiro (DINTER-UPM; UFMS) Orientador: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves A realização desta pesquisa teve como objetivo um estudo sociolinguístico do município de Bela Vista/MS, com base no falar de seus moradores e, sendo assim, detectar as variações linguísticas e extralinguísticas provenientes das influências da língua espanhola, por se tratar de uma região de fronteira com o Paraguai. Entende-se que a variação linguística faz parte da história das línguas e que estes fenômenos variacionistas estão diretamente relacionados a fatores diversos, como origem geográfica, idade, sexo e escolaridade do falante, dentre outros fatores. Os dados que compuseram o corpus do presente trabalho foram coletados por meio de entrevistas com base no questionário do Atlas linguístico de Mato Grosso do Sul, gravadas "in loco", com duração aproximada de quarenta minutos. Foram entrevistados 16 informantes cuja escolaridade não ultrapassava o quarto ano do ensino fundamental. A interpretação dos dados comprovou que Bela Vistas/Brasil não sofre influências significativas do espanhol falado no Paraguai no que tange à variação linguística neste município. Desse modo, este trabalho é apenas um ponto de partida para que futuras pesquisas sociolinguísticas deem continuidade a estudos mais detalhados sobre a realidade linguística desta e de outras regiões de fronteira. 26 DOIS MOMENTOS NA HISTÓRIA RECENTE DA LEITURA BÍBLICA: A BÍBLIA COMO LITERATURA A PARTIR DE ERIC AUERBACH E ROBERT ALTER Anderson de Oliveira Lima (UPM) Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel Apresentamos dois momentos decisivos na história recente da leitura bíblica, que foram as publicações de duas obras importantes que abordaram os textos bíblicos a partir de uma perspectiva literária. A primeira dessas obras foi Mimesis de Eric Auerbach, e a outra A Arte da Narrativa Bíblica de Robert Alter. Examinaremos algumas das principais contribuições dos dois autores e destacaremos a dependência que há entre eles, para daí enumerar os principais pressupostos que definem a prática de leitura que diz ler a Bíblia como literatura. 27 LITERATURA E CONSUMO: CENOGRAFIA E ETHOS EM WEBMANCHETES Anderson Ferreira (PUC/SP) Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento Ao desempenhar uma função mercadológica, a literatura de massa precisa, além de um conteúdo que satisfaça ao consumidor final, de uma Indústria Cultural alinhada às diversas redes de comunicação e informação. Na contramão dessa lógica, encontra-se a literatura pensada como patrimônio cultural, cuja valorização perpassa pelos aspectos éticos, estéticos e de linguagem e que, embora precise de uma rede de comunicação e informação para circular, não advém dela. Destacamos, como exemplo, o livro Toda Poesia do poeta, tradutor e professor Paulo Leminski. O livro supracitado esteve na lista dos mais vendidos no mês de março de 2013 nas redes da Livraria Cultura, deixando para trás best-sellers consagrados nesse período. Dito isso, nosso estudo visa a analisar a construção da cenografia e da constituição do ethos discursivo em web-manchetes acerca da vendagem do livro de Leminski. Objetiva-se verificar os efeitos de sentido possíveis nos enunciados selecionados e identificar as marcas de subjetividade nas amostras escolhidas. Para tanto, separamos seis web-manchetes retiradas de pesquisa na web no site de busca Google, considerando que elas noticiam um “acontecimento extraordinário”, a saber: o fato de um livro de poesia de um poeta morto há 20 anos ter superado em vendas um bestseller que vendeu mais de 40 milhões de livros em todo mundo. Nosso estudo fundamenta-se na Análise do Discurso de linha francesa, particularmente, nas propostas feitas por Dominique Maingueneau atinente à cenografia e ao ethos discursivo. Notamos em nossas análises que o enunciador, por meio da cenografia, apresenta uma batalha entre o poeta e a literatura de mercado, já que o confronto se dá no campo do consumo, o ethos do enunciador é constituído como aquele que valoriza a literatura em detrimento à mercadoria representada pelo best-seller. 28 PERSONAGENS EM REPORTAGENS: UM ESTUDO DO TEXTO “O CASO BENSADON”, DE MARCOS FAERMAN André Cioli Taborda Santoro (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir os conceitos necessários para a compreensão de um processo diretamente relacionado à aproximação entre o discurso jornalístico e o discurso literário: a construção de personagens. Como hipótese principal, propomos que o uso de personagens se apresenta como uma estratégia fundamental na elaboração de discursos jornalísticos aprofundados, como a grande reportagem. O objeto de análise é a reportagem policial “O Caso Bensadon”, de Marcos Faerman, publicada no Jornal da Tarde em 10 de abril de 1971. A metodologia de análise se fundamenta em linhas conceituais complementares. Em um primeiro plano, recorremos ao campo da literatura. Autores como AntonioCandido (1970), Beth Brait (2006) e Oswald Ducrot / Tzvetan Todorov (1991) foram usados para compor uma base conceitual relativa à utilização de personagens nas obras literárias e em outras formas de expressão. No campo jornalístico, utilizamos as considerações de Carlos Rogé Ferreira (2003), que se dedicou a uma investigação sobre a função social e comunicativa da reportagem e do livro-reportagem, a obra de Edvaldo Pereira Lima (2004), que tem estudos sobre os mecanismos de produção e as possibilidades de classificação desse tipo de obra, e os conceitos de Sergio Vilas Boas (2003) sobre perfis, biografias e personagens reais em narrativas jornalísticas. Os resultados preliminares da pesquisa indicam que o uso de personagens na narrativa jornalística, especialmente na produção da reportagem e do livro-reportagem (suporte ao qual nos dedicamos de forma mais abrangente em outra parte da pesquisa), não se restringe a uma estratégia de refinamento estético do texto, mas amplia o caráter informativo desse tipo de discurso. 29 CENÁRIOS URBANOS, ATORES PERIFÉRICOS E NARRATIVAS MIDIÁTICAS André Ribeiro Passos de Arruda (UPM) Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães Esta pesquisa de mestrado, em andamento, buscará estabelecer uma reflexão em torno das produções midiáticas dos jovens das periferias de São Paulo. Aquelas cujos suportes são as mídias contemporâneas que conjugam as produções em texto, imagem e som, “cruzando” linguagens na produção da mensagem. Analisar-se-á os enunciados apresentados nas falas dos sujeitos que constroem as narrativas estudadas, a partir dos conceitos de Dialogismo (interatividade constitutiva – Maingueneau,2002), enunciação, discurso e ideologia, tendo como base o referencial teórico da análise do discurso de linha francesa e da teoria bakhtiniana. Os sujeitos assumem posições com relação aos seus interlocutores diretos e aos seus co-enunciadores – “fenômeno da modalização” (MAINGUENEAU,2002). Os enunciados construídos convocam outros sujeitos a posicionarem-se. Ao mesmo tempo que estes enunciados estabelecem uma relação dialógica com outros enunciados externos a “situação enunciativa” apresentada (Fiorin,2008). A partir da análise das narrativas audiovisuais, procurar-se-á verificar como transparecem nos discursos, diferentes formações discursivas. Quais formações sociais estariam presentes nas vozes dos sujeitos. E se estas constituiriam fonte importante na construção das identidades dos adeptos das práticas discursivas estudadas. Na proposta bakhtiniana, ideologia pode ser pensada a partir do “signo ideológico” visto como reflexo da realidade (Bakhtin/Volochínov,2010). Beth Brait evoca o conceito bakhtiniano de “movimento” ao explicar o que esta proposto na discussão do circulo de Bakhtin sobre ideologia, ao estabelecer que a “ideologia oficial” (dominante) e a “ideologia do cotidiano” (múltipla): “...formam um contexto ideológico completo, único...” (Brait:2010). As fontes documentais estudadas até o momento são curta-metragens, em vídeo digital, elaborados por jovens participantes de projetos sócio-culturais de organizações do terceiro setor (ONG´s predominantemente) que trabalham com a linguagem 30 do audiovisual, tendo como proposta o trabalho em vídeo como: forma de inclusão social, como construção de memória, exercício da cidadania - ao abordar temáticas específicas – e/ou a profissionalização (ou semiprofissionalização) em cinema e tv. 31 A CONSTRUÇÃO COGNITIVA DA INTERAÇÃO VERBAL: UMA ANÁLISE DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS CAUSAIS E CONCESSIVAS André Vinicius Lopes Coneglian (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves A interação verbal é estruturada por normas e convenções socioculturalmente estabelecidas, em que, estão presentes o falante e o ouvinte, com suas respectivas informações pragmáticas e intenções comunicativas, como já explicou Dik (1997). A essa estruturação funcional, corresponde a construção cognitiva da interação verbal formalizada na Base Comunicativa (Basic Communicative Space Network, BCSN), uma especificação da teoria dos espaços mentais, proposta em Sanders et al (2009). No modelo da BCSN, parte-se do pressuposto de que na interação os espaços correspondentes à interação falante-ouvinte (ato de fala), à inter-relação dos processos de arrazoamento do falante (epistêmico) e à formalização do evento conceptualizado (conteúdo) estão disponíveis “gratuitamente”. O conjunto formado por esses três espaços corresponde à noção de ancoragem enunciativa, já o conjunto dos dois primeiros espaços, ao centro dêitico de comunicação, por esse motivo a BCSN apresenta-se como um modelo que explica a construção subjetiva do significado na linguagem. Neste trabalho, apresenta-se uma análise das orações adverbiais causais e concessivas do português brasileiro em uso circunscrita nesse modelo cognitivo da interação verbal. Como amostra de análise, escolheram-se as orações adverbiais causais introduzidas por já que e as orações adverbiais concessivas introduzidas por se bem que. Objetiva-se mostrar que, nas orações adverbiais causais, o item juntivojá que é descritivo no objeto de conceptualização, portanto, subjetivo; na orações adverbiais, o item juntivose bem que é argumentativo no sujeito de conceptualização, portanto, intersubjetivo. Por fim, discute-se a validade do modelo proposto pela BCSN para o tratamento das orações causais e das orações concessivas, argumentando que principalmente para as orações concessivas, nas quais existe uma inconsistência entre as expectativas do ouvinte e a construção do evento por parte do falante, o caráter subjetivo da BCSN não é o suficiente para explicar a construção do significado no enunciado concessivo. 32 TERMINOLOGIA: UM ESTUDO DO VOCABULÁRIO DO CAMPO DA MEDICINA Andrea Sampaio Volpe (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza Essa pesquisa situa-se no campo da Lexicografia e está delimitada a estudos que tematizam a Terminologia: um campo de estudos que se ocupa dos chamados vocabulários de especificidades - aqueles que qualificam o vocabulário geral das línguas humanas. O objeto dessa investigação está delimitado à terminologia e incide sobre o vocabulário do campo da medicina: aquele que qualifica ou tipifica o (s) modo(s) de denominar para dizer conhecimentos de mundos próprios dessa área científica ou tecnológica. Segundo Moirand (1993, o terminólogo, ao contrário do lexicógrafo, precisa considerar que o vocabulário por ele investigado tem por referência um léxico e uma sintaxe específica; razão por que o objetivo geral da pesquisa está voltado para a compreensão dos processos que possibilitam identificar o grau de especificidade dessa modalidade de uso. Tem-se por pressuposto que o desconhecimento da abrangência terminológica desse campo do saber inviabiliza a negociação desses significados das palavras usadas nas interações entre o médico e a maior parte dos seus pacientes. Um dos objetivos específicos da pesquisa está voltado para a seleção de um corpus que, analisado pelo ponto de vista da etimologia, possibilitará ao pesquisador identificar os modelos de composição desse vocabulário, pelo resgate das raízes e radicais do vocabulário greco-latino, por um lado. Por outro lado, busca-se descrever os termos medicinais mais frequentes em português de modo a permitir associações entre seus significados, no espaço ocupado pelos discursosinscritos nas fronteiras da comunicação entre os cientistas, os tecnólogos e o público que dele faz ou precisa aprender a fazer uso. A esse objetivo segue-se à organização desse vocabulário por campos semânticos, considerados os graus de equivalência com a construção de campos discursivos propriamente ditos, para situar os graus de popularização desse vocabulário. 33 O MUNDO ATUAL E A SALA DE AULA Anne Cristina Barbosa Peres (UPM) Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães Ao longo da história, o homem criou diversos meios para aprimorar o convívio e a comunicação. Se olharmos para trás, observaremos que muitos instrumentos, que, foram considerados extraordinários são vistos como instrumentos comuns – televisão, telefone, rádio - presentes no cotidiano de qualquer sociedade.Buscar novas estratégias que possam ajudar os alunos a estudar, pesquisar e ler é função do professor. O computador empregado como um recurso educacional, com a finalidade de incluir e acrescentar informações no ensino pode ser um grande aliado no processo ensino- aprendizagem.Estamosdiante de uma sociedade em transformação, antes tínhamos uma sociedade automatizada e fomos modificando-nos, ao longo do século XX e início do século XXI, para uma sociedade tecnológica, assim como a sociedade apresentada por Gil Vicente, no Auto da Barca do Inferno, também sofria grandes transformações e apresentava grandes descobertas e conquistas. O intuito da leitura e da reescrita dessa obra vicentina é despertar e motivar o adolescente para ler o cânone literário e identificar os valores permanentes no ser humano.Passam eras, passam civilizações, passam gerações, no entanto, eles continuam os mesmos, são como alguns textos literários: atemporais. Diante desse novo mundo, a introdução das TICs na educação deve ir além da visão limitada somente aos benefícios técnicos e à conexão com a internet. Essa introdução deve evidenciar uma preocupação do ponto de vista pedagógico, ou seja, deve desafiar o aluno a criticar, problematizar, questionar, a fim de que ele construa seu próprio conhecimento. Como fundamentação teórica temos os PCNEMs, Setzer, Ferrete, Moran, Costa, Soares e Lima e, por fim, Paulo Freire. 34 A LINGUAGEM INVISÍVEL DA TIPOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO EM CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS ALL TYPE Brunelly Lopes da Silva (UPM) Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães O signo linguístico, ou seja, a representação gráfica da palavra atrelada a sua acepção de matéria ou elemento circunscrito no mundo natural precede sua própria representação sonora. Sabe-se que a imagem foi a unidade de maior representatividade na comunidade primitiva e, com o advento das tecnologias digitais, seu desenvolvimento tem ocorrido de maneira gradativa, de maneira igualmente proporcional ao seu intenso reconhecimento para a sociedade atual, todavia, o que carece a muitos, sobretudo àqueles menos comprometidos com o aspecto visual, é o “saber ver”, isto é, a competência por detrás do ato de depreender o substrato simbólico da imagem e o quid de sua abstração, em detrimento do simples olhar, por vezes desprovido de interpretação. O objeto de análise da pesquisa em questão é a função atual da Tipografia no contexto da linguagem visual como elemento-chave na construção de sentido e, portanto, pilar de sustentação da verbo-visualidade. A forma da palavra, aliás, geralmente está atrelada à estética visual quando, na realidade, ela contribui para a construção de sentido tanto quanto o próprio conteúdo textual. O que se propõe, então, é a percepção do elemento gráfico como um signo que transpõe a psicologia da Gestalt e, por conseguinte, traz consigo, em seu interior, diversas vozes que dialogam entre si e com o contexto sócio-históricointerdiscursivamente. Há muitas fontes tipográficas que fazem parte da história e representam essa relação em sua forma. A questão por detrás da proposta em questão, em suma, é o “saber ver”, ou seja, uma a nova percepção visual. Para tanto, cabe a esta pesquisa abarcar a existência de efeitos de sentido na combinação entre texto e imagem, por meio do ingresso no arcabouço da análise do discurso de linha francesa, possibilitando um viés dialógico a partir da análise de companhas publicitárias all type, isto é, essencialmente tipográficas. 35 O MENINO: A INTERDISCURSIVIDADE E O PROCESSO DISCURSIVO NO TEXTO DE CHICO ANYSIO Caio Vinícius Catalano (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Dentro do universo literário, muitos são os textos que conseguem despertar o entusiasmo pela leitura, fazendo com que o leitor tenha algum prazer pela organização das palavras, frases e orações ali apresentadas. Mesmo textos curtos, compostos de poucos períodos e sem elaborações sintáticas mais sofisticadas, conseguem transmitir ao interlocutor uma gama de sensações, legitimadas pela tessitura textual. Um dos questionamentos mais pertinentes nessa relação diz respeito a descoberta dos atrativos textuais. Qual a fórmula da qual o enunciador faz uso para deixar seu espaço discursivo tão convidativo e interessante? Como se engendram todos os recursos discursivos dentro desses enunciados? Este trabalho tem como objetivo a análise do texto O menino, do humorista Chico Anysio, procurando elucidar como a interdiscursividade tem papel fundamental no processo discursivo do enunciador na formação de seu enunciado. Buscou-se verificar como a articulação e relação de discursos contraditórios, presentes na formação discursiva, complementam-se e completam-se para gerar o sentido maior do texto, estabelecendo uma relação fundamental, ilustrativa de dialogismo. Outro ponto importante a ser verificado foram as estratégias discursivas utilizadas pelo sujeito enunciador, que através de articulações e organizações gramaticais conseguiu deixar o seu espaço enunciativo mais atrativo para o enunciatário, conquistando a adesão através da dualidade de discursos, ao mesmo tempo em que aumenta a carga semântica de seu texto, objetivando um maior entendimento e compreensão do enunciado. O embasamento teórico são os pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa de Dominique Maingueneau referentes ao interdiscurso e os estudos de Mikhail Bakhtin acerca do dialogismo, fenômeno constitutivo do discurso, assim como alguns conceitos que compõem esse processo, como plurivalência e mobilidade do signo. 36 A NOÇÃO DE AUTOR NOS ARTIGOS DE OPINIÃO DE CLAUDIO DE MOURA CASTRO Carlos Alberto Baptista (PUC-SP) Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento O presente trabalho visa a estudar a noção de autor nos artigos de opinião de Claudio de Moura Castro. O economista publica, mensalmente, na Revista Veja e seus textos geralmente abordam assuntos relacionados à educação. Esses artigos são, com frequência, recebidos com críticas severas, principalmente, de educadores, pois consideram que a opinião do autor se baseia apenas em dados estatísticos, desvinculada da prática pedagógico-educacional.Na interação discursiva entre produção e recepção desses textos, cria-se uma imagem polêmica de autor. Por causa da vinculação de seu estatuto de autor a uma instituição discursiva específica - da economia - e também pela sua condição de autor de um gênero de discurso, configura-se uma autoria específica. Nessa ótica, pretendemos examinar como opera a noção de autor no artigo de opinião de Claudio de moura Castro e como o gênero de discurso e as instituições das quais essa interação discursiva participa interagem nessa operação. Para tanto, a pesquisa fundamenta-se no estudo sobre a funçãoautor de Foucault (1997) e nas pesquisas de Rodrigues (2001) e Alves Filho (2005;2006) sobre autoria e gêneros do discurso. Nosso enfoque é enunciativodiscursivo, recorrendo aos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, que possibilitam um abordagem interdisciplinar, articulando texto às condições sócio-históricas de produção do discurso. As condições sócio-discursivas em que se inserem o artigo de opinião permitem que se edifique uma autoria híbrida, afetada pelo caráter sócio-profissional do autor. Assumir a posição de autor articulista implica na valorização da fala, emergindo o ethos da credibilidade e autoridade. 37 A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO DA PERSONAGEM MARIA MOURA, DE RACHEL DE QUEIROZ Caroline Batista Fantini de Novais (PUC-SP) Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira Nossa história revela como as mulheres foram tratadas de maneira diferenciada e inferior aos homens. A imagem feminina hoje é investigada a partir de marcas persuasivas seculares, que não estão necessariamente explícitas, mas se revelam implicitamente na construção argumentativa. Na conquista da emancipação feminina, há exemplos de mulheres como Maria Moura, uma das personagens mais intrigantes de Rachel de Queiroz que, através de uma construção discursiva baseada no universo patriarcal, transpassa sua condição de “sinhazinha”, assumindo uma postura de mulher que luta pelos seus ideais. A partir do exposto, questiona-se: como, no plano discursivo, a influência masculina contribuiu para a constituição do ethos feminino da personagem? Analisar, na perspectiva da Retórica, a constituição do ethos da personagem Maria Moura, através das estratégias retóricas responsáveis pela eficácia do discurso e de sua potencialidade persuasiva. Analisaremos Amossy em Imagens de si no discurso (2005), para justificar a afirmação: “quanto mais o homem aprimora a sua capacidade de lidar com a linguagem maior será a sua condição de transfigurar a posição de ‘ser natural’ para ‘ser social’”. Para fundamentar as bases da ciência retórica, lançaremos mão da obra de Aristóteles, bem como Retóricas de ontem e hoje (2004), de Lineide Mosca, para justificar como a Retórica implicou em controvérsias, discussões e como consequência, de novas opiniões. A pesquisa será descritiva-quantitativa. A seleção de material – o romance, além do gosto pessoal, contém elementos discursivos para que possamos compreender a estrutura do ethos feminino. Passos: uma leitura geral, referente ao plano discursivo, para que possamos analisar o ethos e o espaço onde ocorre a prática discursiva. Descreveremos sobre a construção do ethos configurada no romance. Em seguida, abordaremos a metodológica e, por fim, destacaremos possíveis estudos que a análise retórica proporciona. 38 AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E ARQUITETURA NO ROMANCE CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA, DE LÚCIO CARDOSO Cléber Luís Dungue (PUC/SP) Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Junqueira Em Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso, é possível demarcar um projeto literário que dialoga com a arquitetura, que se pauta por um certo percurso também feito pelo arquiteto. A vocação arquitetônica do texto é reforçada já na folha de rosto do livro, na qual se encontra a planta da casa e a localização de outros espaços importantes da narrativa. O signo “casa”, que aparece no título, remete o olhar do leitor para uma estranheza: antropomorficamente, ela é o ser cujo assassinato (com efeito, a sua destruição) será recuperado, remontado ou recontado por meio de gêneros textuais diversos (cartas, diários, confissões, depoimentos) e a partir da percepção de personagens que se alternam como voz de enunciação: André, Nina, Valdo, Betty, Ana, Timóteo, Padre Justino, o médico, o coronel e o farmacêutico. Em certa medida, a destruição da casa, pode ser vista como resultante dos descaminhos do desejo, mas também da fragilidade da sua estrutura. Cardoso dizia que por meio desse livro pretendia derrubar a casa mineira, com seu conservadorismo decadente, que resguarda preconceitos, hipocrisias e a excessiva preocupação com as aparências. Assim pensando nas especificidades literárias de cada espaço da casa, nosso estudo orienta-se pelas seguintes interrogações: é possível pensar em uma poética do espaço a partir da observação dos planos internos e externos da casa? De que modo os espaços dizem dos personagens? Como a degradação da casa dos Meneses e do corpo da protagonista Nina dialogam com a perspectiva arquitetônica? De que modo se dá a passagem da arquitetura da casa para a arquitetura do texto? Nesse sentido, visando a relações de suplementaridade entre a arquitetura e o texto literário, vamos observar, entre outras coisas, como se realizam as aproximações e distanciamentos entre o espaço arquitetônico e o narrativo. Para tanto, serão importantes os estudos de Gaston Bachelard, Le 39 Coubusier e Evaldo Coutinho sobre o espaço da casa. Os textos desses autores trazem importante contribuição para se entender a sintonia entre a planta da casa dos Meneses e o projeto literário de Cardoso. Já o texto de Escrever, de Marguerite Duras, nos ajuda a pensar a casa como um topos literário que aproxima a escrita do processo de construção arquitetural. 40 ESPAÇO SOCIAL E LUGAR: CINZAS DO NORTE, DE MILTON HATOUM, E NADIE NADA NUNCA, DE JUAN JOSE SAER Cristhiano Motta Aguiar (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira Este trabalho, fruto de pesquisa de doutorado em andamento, propõe uma leitura comparada dos romances Cinzas do Norte, do brasileiro Milton Hatoum, e Nadie Nada Nunca, do argentino Juan Jose Saer. O eixo estruturador do debate será realizado a partir das ideias de espaço e lugar. No caso do escritor amazonense, sua obra pode ser lida como um projeto ficcional que procurará, a cada romance, refletir a respeito da formação de uma espacialidade construída a partir de tensões sociais, econômicas e ecológicas. Neste sentido, as formulações de Henri Lefebvre e Edward Soja a respeito do espaço social serão importantes nesta dicussão. Acompanhar a formação de um espaço social oriundo de uma modernização conservadora, sustentamos, conecta a obra de Hatoum a certas preocupações do Romance de 30, principalmente na sua vertente muitas vezes chamada de Regionalista. Se, contudo, a obra de Hatoum é regionalista, será uma questão que abordaremos com cautela. Por outro lado, encontraremos na obra de Juan Jose Saer uma tentativa de “desproduzir” o espaço social. Assim como Cinzas do Norte não se reduz ao “nacional” ou ao “social”, a “desprodução” do espaço social em Nadie Nada Nuncanunca deixará de levar em conta um contexto social e político. No caso de Saer, interessa ao seu narrador, como bem diz Beatriz Sarlo, “narrar a percepção”. Nesta atenção fenomenológica ao espaço presente na obra de Saer, sustentamos que existe uma crítica às noções tradicionais (e por vezes autoritárias) de Lugar, Nação e Região. Logo, no tocante às discussões a respeito do Lugar, as ideias de Marc Augé sobre Lugarese Não lugares serão uma das bases teóricas da discussão proposta. 41 O DISCURSO DE BRAULIO TAVARES EM SEU TEXTO PUBLICADO NA ORELHA DA PEDRA DO REINO DE ARIANO SUASSUNA Cristiane Bachiega Yamamura (UNICSUL) Orientadora: Profa. Dra. Guaraciaba Micheletti Sob a perspectiva dos estudos estilísticos, a presente comunicação analisa o texto de Braulio Tavares, publicado na orelha do livro Romance d’a Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (2012), de Ariano Suassuna. Para tanto, optamos por tratá-lo como resenha, uma vez que sua linguagem – de ordem rebuscada e formal – revela a voz de um enunciador pesquisador e estudioso deste romancista nordestino. Subsidiar-nos-emos da “Estilística da Palavra” e da “Estilística da Enunciação” propostas por Nilce Sant’Anna Martins (2003), a fim de identificarmos o estilo do resenhista, considerando seu posicionamento frente à obra de Suassuna, conforme a constituição de um ethos discursivo que se favorece de escolhas lexicais, cujos adjetivos se destacam nessa construção. Desse modo, consideraremos, também, os estudos de Émile Benveniste (1988) e Dominique Maingueneau (2005). Observando a intenção do enunciador ao apresentar o Romance, o trabalho será organizado em duas partes. Na primeira, far-se-ão algumas considerações teóricas gerais sobre as teorias que fundamentarão a análise de modo a favorecer a compreensão da discursividade articulada ao gênero. Destacaremos as avaliações/julgamentos do enunciador, conforme nos são reveladas à medida que se utiliza de uma grandiloquência para descrever a obra e marcar sua opinião. Na segunda parte, apresentar-se-á a análise do discurso de Braulio Tavares, evidenciando as marcas de intencionalidade reveladas pela construção de um ethos identificado como sendo conhecedor daquele escritor e que, consequentemente, enaltece o Romance. E é esse ethos especialista e capaz de julgar (avaliar e apreciar) o Romance, que gera credibilidade ao seu coenunciador. 42 ANÁLISE DAS DIFICULDADES DE LEITURAE ESCRITA Damares Souza Silva (PUC-SP) Orientadora:Profa. Dra. Melania Moroz O presente estudo teve como objetivo avaliar o repertório de leitura de 40 alunos que freqüentam a 3 série do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual e que, segundo seus professores, apresentam desempenho insatisfatório, identificando-se os tipos de dificuldades existentes. Adicionalmente, avaliaram-se dois repertórios relativos à escrita: o de cópia e o de construção de palavras ditadas. Os dados foram coletados com a aplicação do Instrumento de Avaliação de Leitura - Repertório Inicial (IAL-I), com o auxílio do Software Mestre. Apoiando-se no paradigma de equivalência de estímulos, o IAL-I avalia o desempenho dos alunos, a partir de relações entre três modalidades de estímulos: Som (A), imagem/figura(B), Texto (C). Além de avaliar a leitura, o IAL-I avalia dois repertórios relacionados à escrita: a cópia e a construção de palavras ditadas. Os dados coletados pelo referido instrumento mostraram que os participantes identificaram, de modo satisfatório, as letras do alfabeto e os itens da relação (CC) (palavra escrita- palavra escrita). Um nível de baixo desempenho foi apresentado quando os alunos foram submetidos às tarefas da relação (BC) (figura- palavra escrita), (CB) (palavra escrita - figura), (AC) (palavra ditada - palavra escrita); foi constatado um índice de maior dificuldade quando os itens de tais relações apresentavam palavras com sílabas complexas. Quanto aos erros observados, verificou-se que alguns participantes confundiam as letras b, p, e d e também as letras m e n. Os participantes invertem o uso do s e do z, em palavras com sonorização semelhante; há também troca de letras nas palavras compostas por /s/, /ss/, /ç/ e por /r/, /rr/. Foi constatado que há interferência do aspecto fonológico das palavras e que há o desconhecimento dos alunos sobre as regras ortográficas que envolvem o uso das referidas letras, na leitura e na escrita. 43 A ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA DA PEÇA BEIJO NO ASFALTO, DE NELSON RODRIGUES Daniel De Thomaz (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos A questão das adaptações das obras literárias para o cinema é objeto de pesquisa no meio dos estudos literários. Diversos autores, entre eles o norteamericano Robert Stam, procuram identificar em suas análises aspectos que identifiquem a permanência ou não da estrutura original da obra nessa decodificação de uma linguagem para outra. Muitas vezes, a essência é mantida, mas aspectos de cada obra tais como aqueles que sofreram deslocamentos de tempo e espaço ou apropriação ideológica, são alterados de forma significativa, constituindo assim, senão uma co-autoria, uma nova obra, independente e original nascida dessa relação dialógica entre livro e filme. O presente estudo se propõe a identificar essas características na adaptação da peça teatral de Nelson Rodrigues, “O Beijo no Asfalto”, de 1961, para o filme, de mesmo nome, dirigido por Bruno Barreto e produzido vinte anos depois da criação da peça, em 1981. A partir da análise fílmicada produção cinematográfica brasileira nos anos 80, o pesquisador Ismail Xavier em seu livro “O Olhar e a Cena” (Cosac &Nayf, 2003), aponta com precisão características marcantes do período que cunhou como “segunda onda de adaptações”, ocorrido entre os anos 1978 e 1983. Além da forte influência da televisão no chamado “cinemão”, patrocinado pelas verbas públicas da Embrafilme, o autor discute outros vieses que sofreram significativas transformações na adaptação de Barreto. Entre eles, o naturalismo, presente na gênese da chamada “tragédia carioca”, termo atribuído pelo crítico Sábato Magaldi à produção rodriguiana a partir do final dos anos 50, e a rentabilização do erotismo, esta completamente ausente na obra original e na maior parte da produção teatral do autor. 44 BRANCA DE NEVE TRANSMÍDIA: LITERATURA, CINEMA, JOGOS E PRODUTOS Débora Cibele de Benedetto e Silva (UPM) Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães Aproximadamente cem anos após sua primeira publicação em Contos de Fadas para Crianças e Adultos, de Jacob e Wilhelm Grimm, o conto Branca de Neve ganha, em 1937, uma versão fílmica produzida pelos estúdios Disney; trata-se da animação Branca de Neve e os Sete Anões, a primeira animação de longa-metragem da história do cinema. O enorme sucesso de Branca de Neve e os Sete Anões confere a essa versão o caráter de uma das versões definitivas do conto original registrado pelos Irmãos Grimm. Além disso, a versão Disney acaba por influenciar inúmeras produções posteriores a ela. A partir de seu filme, a empresa Disney lança extensões da história em diferentes mídias, como atrações em parques temáticos e uma linha de produtos diversos. Tal prática reflete a mentalidade transmidiática que caracteriza a empresa e que é destacada e justificada em sua declaração de missão: “usando um portfólio de marcas para diferenciar nosso conteúdo [...] nós almejamos desenvolver o entretenimento e os produtos mais criativos e rentáveis do mundo”. Por transmídia, entende-se o transmitir de mensagens, temas ou histórias através de diferentes plataformas de mídia que se complementam, cada uma com igual importância. Com Branca de Neve e os Sete Anões, uma nova maneira de interação com o os contos de fadas é inaugurada: suas extensões transmidiáticas proporcionam ao público maior poder de interação com as personagens e com o universo da narrativa e, além disso, podem ocasionar um aumento de nichos de consumidores da história. Um estudo acadêmico sobre os filmes e extensões transmidiáticas produzidos pela Disney pode nos levar a compreender de que maneira o público, de modo geral, relaciona-se com os contos na atualidade. Para tanto, o presente trabalho propõe um diálogo entre literatura, cinema e comunicação, e apresenta um percurso analítico que parte da análise literária do conto dos Grimm, avança para reflexões acerca da versão fílmica produzida pelo estúdio Disney e, finalmente, debruça-se sobre algumas das extensões transmidiáticas de Branca de Neve e os Sete Anões. 45 O ETHOS EM REVISTAS INSTITUCIONAIS Déspina Maria Iliadis Nogueira (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito A proposta deste estudo é analisar a construção do Ethos na comunicação institucional do Mackenzie, presente em dois textos da Revista Mackenzie, os quais abordam as comemorações de aniversário da Universidade Presbiteriana Mackenzie em dois momentos: os 50 anos e os 60 anos de fundação da Universidade. A escolha por esses dois momentos obedeceu aos seguintes critérios: 1. a importância das datas comemorativas para a Universidade, resultando em ampla cobertura jornalística; 2. presença do Ethos Discursivo na comunicação institucional, espelhado nas diretrizes da missão, visão e valores de uma instituição presbiteriana – o Instituto Presbiteriano Mackenzie, fortemente presente na linguagem da revista, mesmo considerando o período de 10 anos existente entre um evento e outro. Esta análise pretende responder à seguinte questão: De que maneira a cobertura feita nas comemorações dos 50 e 60 anos da Universidade Presbiteriana Mackenzie pela Revista Mackenzie foi instrumento revelador do Ethos? Para isso, procuramos demonstrar, por meio da análise de elementos linguísticos e extralinguísticos, o estabelecimento de traços característicos do “Ethos” e verificar que a linguagem institucional da Revista Mackenzie é perpassada por um discurso único, identificado nos textos expostos e que corroboram com a imagem que a Instituição apresenta. Os referenciais teóricos que norteiam este trabalho têm por base a Análise do Discurso Francesa, especialmente a proposta de Maingueneau. 46 DJANGO E A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA: A FORMAÇÃO DO MITO OCIDENTAL E O DRAMA DO NEGRO Douglas Sáppia (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Lílian Lopondo Desde a estreia em 1992, com o título “Cães de Aluguel”, Quentin Tarantino mostrou-se ao público na qualidade de crítico do juízo estético no tratamento da narrativa fílmica, no âmbito da crise de criatividade da Indústria da Cultura. Dois anos mais tarde, surge sua obra-prima, “PulpFiction”, a render-lhe o ícone de cineasta de filmes de violência, cujas cenas de sangue são forma de expressão. Não obstante, reside em “DjangoUnchained” (2013), o aspecto que o distingue dos demais roteiros originais do diretor (já experimentado em “InglouriousBastards”, 2009): mistura entre realidade histórica e ficção, isto é, uma História alternativa da sociedade ocidental. Assim, investiga-se o fundamento histórico desta última produção cinematográfica em razão de fugir à lógica narratológica de grande parte dos filmes de Tarantino. Nesse sentido, observa-se que, em tese, o roteiro de Django traz uma trama que retrata o conflito étnico que desencadeou a guerra civil americana, no concernente à busca pela liberdade, a segregação e as conseqüências socioeconômicas das discussões abolicionistas, ao passo que ridiculariza organizações racistas com ironia e violência inerentes à linguagem do Cinema. À medida que o enredo se desdobra, o protagonista se constitui como um mito de libertação americano, ameaçando os senhores de propriedades rurais do sul estadosunidense com frases de efeito: “expect me likeyouexpect Jesus to come back”. Esta análise se baseia na economia crítica acerca da relação entre Cinema e Indústria, sob a ótica dos escritos de Anatol Rosenfeld. Django se configura, portanto, como uma paródia da formação brutal da consciência norte-americana, que à época já era considerada nação de progresso, o que se dá em vista de um forte componente contextual juntamente a aproximação do fato aos elementos oriundos do universo discursivo numa perspectiva historiográfica, pautada na interpretação das respectivas mentalidades. 47 A CATÁBASE NOS JOGOS ELETRÔNICOS: A JORNADA DO HERÓI DIGITAL Edmundo Gomes Junior (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma análise das estruturas narrativas dos jogos GodofWar,Castlevania e Dante’s Inferno, no que concerne à manifestação da catábase, conceito magistralmente trabalhado por R. M. Rosado Fernandes no volume XLV da revista HVMANITAS (1993), inspirado na obra de Xenofonte. Ao trabalhar os mitos em aulas de Literatura foi possível notar que a maioria dos alunos, sobretudo os meninos, eram familiarizados com alguns heróis e personagens mitológicas graças a esses jogos. Foi detectado, porém, que em sua maioria há alteração dos mitos ou do conceito original do protagonista da obra que inspirou o jogo, como no Inferno de Dante, por exemplo, onde o poeta é transformado num cavaleiro das cruzadas. Tais mudanças trazem o questionamento se o jogo, mesmo como assumidamente entretenimento de massa, serve como objeto estético de análise e como instrumento de acesso ao texto original. O universo digital ainda é uma incógnita aos círculos acadêmicos, sobretudo em termos epistemológicos, porém sua indústria mobiliza bilhões, tornando-se nos últimos anos a indústria de entretenimento mais lucrativa. A análise da estrutura narrativa dos jogos eletrônicos demonstra, porém, que mesmo sob a forma mais moderna de contar uma estória, os heróis dos videogames ainda seguem a estrutura da jornada do herói, descrita por Joseph Campbell em O poder do mito e o sistema de objetos modais identificados por A. J. Greimas. Dentre os jogos analisados, podemos notar que a catábase, isto é, a descida ao mundo inferior, torna-se um ponto fundamental da narrativa lúdica, seja para a obtenção do objeto modal, ou para o precedente da anábase, em que o herói sai do inferno fortalecido. 48 MARCAS DO FANTÁSTICO EM MACHADO DE ASSIS: UMA LEITURA DO CONTO “O ESPELHO: ESBOÇO DE UMA NOVA TEORIA DA ALMA HUMANA” Edner Morelli (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral Este trabalho possui o intento de realizar uma leitura do conto O espelho (1882) de Machado de Assis, pautando-se em alguns dispositivos teóricos da literatura fantástica. Para isso, apresentaremos, sumariamente, o ponto de partida histórico do gênero, assim como algumas marcas estruturais desse tipo de narrativa, apoiando-se, basicamente, nos estudos de Todorov (1975). Em seguida, exporemos nossa aproximação analítica entre o texto machadiano e a teoria proposta. Convém ressaltar brevemente que o método científico deste trabalho apoia-se na articulação bibliográfica entre a teoria do gênero fantástico e a análise literária do conto machadiano. Quando pensamos na obra de Machado de Assis, surge certo estranhamento ao estabelecer relações de sua produção com a categoria do fantástico, por razões óbvias e já sabidas: Machado de Assis representa, dentro de uma tradição literária brasileira, o escritor realista por excelência. Porém, se nos atentarmos para algumas de suas narrativas, percebemos ligações com o gênero em destaque. É lícito ressaltar que essa aproximação pretendida aqui não se faz de maneira verticalizada, no entanto, marcas da literatura fantástica fazem-se presentes em algumas narrativas machadianas. Só para ficarmos com alguns exemplos, podemos trazer à baila o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, os contos A Igreja do Diabo, Entre Santos etc. Nossa problematização pretendida é justamente perceber em que medida o conto O espelho insere-se em dispositivos próprios da literatura fantástica? De acordo com a articulação realizada aqui entre a teoria apresentada e a leitura crítica realizada, fizeram-se evidentes algumas marcas estruturais, ei-las: o elemento da hesitação entre o leitor e o objeto narrado tão caro às narrativas fantásticas, assim como a categoria do narrador em primeira pessoa, conferindo ao discurso narrado a confiabilidade e autoridade verossímeis necessárias do gênero, são alguns elementos encontrados em nossa leitura. Além do mais, o conto em questão projeta-se em multiplicações especulares dos elementos da narrativa (tempo, 49 espaço e personagem), sendo que a fragmentação totalizante do conto corrobora para o núcleo sobrenatural da trama, outra marca da literatura fantástica. 50 O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Elen Del Sole (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna No ensino de língua estrangeira, além da capacidade cognitiva e da aptidão, é relevante que o aluno desenvolva “um desejo de identificar-se com os membros da cultura estudada” (Acton e Felix in Valdes, 1990). Esse movimento em direção à identificação com os membros da nova cultura propicia uma orientação integrativa e é considerado como de grande valia na motivação e no progresso do aluno na aprendizagem da língua estrangeira. Guiora (1990) denominou “limiar da aculturação” (“acculturation threshold”) o processo pelo qual o estudante de língua estrangeira atravessa a fim de adquirir significados cognitivos e sociais para que a aquisição da língua incorpore a cultura estudada de forma efetiva. Ao longo desse processo de aculturação, há a criação do que se pode chamar de uma “nova identidade”. Sob essa perspectiva, no decorrer do processo de aculturação no ensino de uma língua estrangeira e ao estabelecer uma identificação com a língua de chegada, a aprendizagem tem maiores chances de ser bem-sucedida. A nova persona que o aluno desenvolve seria a expressão mesma da aculturação em seus primeiros estágios de sucesso. O objetivo desta pesquisa em curso é o de registrar a ocorrência dessa “nova identidade” no processo de aculturação. A finalidade é a de analisar como habilidades interculturais podem ser desenvolvidas ao longo do processo de aculturação em ambiente de ensino. O método utilizado é o da observação direta de aulas para adultos brasileiros em cursos de ensino de inglês que fazem uso de material intercultural. A observação versa sobre como comportamentos relacionados ao etnocentrismo e ao descentralismo refletem-se no discurso e na competência comunicativa do aluno. 51 DESPERTANDO O PENSAMENTO CRÍTICO COM O USO DE CURTASMETRAGENS ANIMADOS EM SALA DE AULA Erica de Moura (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Vera LúciaHarabagi Hanna Esta pesquisa procura ressaltar a potencialidade do trabalho com o curtametragem animado na escola. Analisa a relevância para os alunos de focarem a atenção também nos aspectos culturais da língua-alvo e não apenas na estrutura da mesma. Esclarece a importância dos alunos voltarem sempre o olhar para a sua própria cultura quando forem expostos a uma cultura estrangeira. Estabelece uma relação entre cultura e ideologia e entre material autêntico e pensamento crítico. Explora a potencialidade do trabalho com o material autêntico em aula, fazendo uso da riqueza dos filmes como exemplo. Contrasta o uso de longa e curta-metragem na escola e a utilização do filme liveaction com a animação. Procura despertar o pensamento crítico dos alunos com propostas de atividades baseadas em desenhos animados com alto valor cultural. Apresenta diversas formas de introduzir o curta-metragem animado em sala de aula, focando na aula de inglês como língua estrangeira. Utiliza como base teórica os textos de MCLAUGHLIN & DEVOOGD (2004), dos estudos sobre pensamento crítico; MORAN (2001), dos estudos culturais; MODRO (2008), dos estudos sobre cinema; ALENCAR (1978), dos estudos do curtametragem; HERDEG (1976), dos estudos da animação; utiliza os curtas animados Oxygen (2009) e Work (2010), como exemplos didáticos.Conclui que o uso do curta-metragem não substitui necessariamente o do longa-metragem, mas que o curta pode contribuir muito para a reflexão dos alunos. Além disso, conclui que o uso da animação não exclui o filme liveaction da escola; entretanto o primeiro pode enriquecer a aula quando for analisado mais profundamente. 52 RECURSOS RETÓRICOS NA LINGUAGEM DO COMERCIAL DE TV Ester AnholetoPirolo (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez O presente trabalho tem como objetivo verificar como o uso de diferentes linguagens contribui para evidenciar a tese que os anúncios publicitários defendem. Para isso, analisaremos as estratégias de persuasão de um anúncio publicitário em vídeo do Shopping Pátio Higienópolis, um dos centros de comércio mais sofisticados da capital de São Paulo, que circulou na mídia televisiva. A partir de um alicerce teórico fundamentado em estudiosos do discurso, da retórica e das linguagens publicitária e fílmica, propomo-nos a examinar, além da linguagem verbal, as propriedades verbo-audio- performático-visuais, ou seja, a mise-en-scène, as falas, a performance dos atores, a escolha da música, dentre outras formas de expressão empregadas para a persuasão do espectador. Escolhemos um anúncio veiculado na TV, pois textos como esse provocam um grande impacto na opinião e no comportamento do público. A partir da análise, podemos depreender que os recursos retóricos dos textos dessa natureza não são apenas aqueles inerentes a qualquer linguagem; aqui, são indispensáveis, pois funcionam como ferramenta de persuasão. Verificamos ainda o quanto esse tipo de discurso é autoritário e o quanto confirma as estereotipias já postas na sociedade. Além disso, a didaticidade proposta pela TV facilita o entendimento dos valores propagados nos comportamentos e no modo de ver o mundo dos espectadores. Por essas escolhas, a porta está aberta para que se perpetuem valores coletivos já cristalizados, pois se esses valores coincidem com os desejos do público-alvo, certamente o texto chegará a seu principal objetivo: o de aumentar as vendas dos anunciantes. 53 DISCURSO EM IMAGENS DE MULHER NA PUBLICIDADE: DO PRETO E BRANCO AO COLORIDO Evelise Raquel Morari (UNICENTRO) Orientadora: Profa. Dra. Denise G. Witzel Nosso olhar e atenção sobre esse corpus estarão voltados para o discurso. Para isso, apoiar-nos-emos nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso, fundada por Michel Pêcheux, na França. Particularmente, mobilizaremos um conceito basilar desse campo teórico, qual seja, a memória discursiva. Nessa perspectiva teórica, o discurso é entendido como algo que possui existência no social; é marcado histórica e ideologicamente. Trata-se, portanto, de uma perspectiva que possibilita analisar o discurso, tomando-o diferentemente da língua, do texto ou mesmo da fala, mas tendo em conta que ele necessita de elementos linguísticos ou não linguísticos para ter uma existência material. Diante disso, toma-se como objeto de análise duas peças publicitárias, uma veiculada na década de 1960 e outra, mais recente, veiculada em 2011, para investigar modos de subjetivação da mulher em diferentes épocas. Um discurso que traz as vozes da tradição sobre o papel da mulher como coadjuvante na história do mundo, de um ser conhecido como “segundo-sexo”, “segunda categoria”. E outro discurso que subjetiva a mulher como “dona de si”, protagonista de sua história, de grandes feitos. Notamos nas duas peças, a repetição e a afirmação, que são determinantes na publicidade. Notamos também nas peças publicitárias, que sempre são mostradas moças jovens e bonitas para que as consumidoras sintam-se ‘enfeitiçadas’ pelo produto anunciado e passem a consumi-lo, para que assim consigam ser/ter o que lhes é apresentado. Para finalizar, concluímos que mesmo atualmente, os lugares que cabem a cada um estão bem definidos. Observando o intervalo de produção entre uma peça e outra, encontramos diferenças, porém, encontramos acontecimentos que se entrecruzam com os discursos passados. 54 O ENSINO MÉDIO E OS ÓCULOS SOCIAIS: ESTRATÉGIAS SEMIÓTICAS EM SALA Fábio Irineu Fernandes Pereira (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Um dos mais acalorados debates da atualidade, no que tange à formação secundarista, são os desafios do professor de língua portuguesa para despertar seus educandos, principalmente os de Ensino Médio, para a necessidade do aprofundamento na leitura, verbal e não-verbal, frente a um sistema midiático cada vez mais profissional e manipulador. Como elevar os alunos a um outro patamar, unindo o conteúdo tradicional às novas tendências, haja vista que é preciso, ainda, prepará-los para os vestibulares, cada vez mais exigentes e multifacetados? A presente comunicação visa a compartilhar uma das estratégias utilizadas neste ano, com alunos do 3° Ano E.M., do Colégio Rumo, baseada na análise imagética do discurso midiático de massa. Para tanto, analisar-se-á uma capa da revista veja, publicada à véspera do segundo turno da eleição presidencial de 2002, tendo como arcabouço teórico a Teoria da Análise do Discurso, tomando como sustentáculo, em especial, os óculos sociais(Blikstein) e a formação social (Pêcheux), além das formações discursivas(Foucault), ferramentas indispensáveis para a percepção dos elementos verbais e não-verbais materializados no corpus. A experiência revelou imensa facilidade dos discentes para captar os mais diversos signos e associá-los à ideologia contida no discurso. Ao término da análise, percebeu-se que os alunos foram capazes de identificar os traços discursivos que compunham a capa, desconstruindo o discurso da revista, experiência essa que se revelou satisfatória ao extremo. 55 A EXPLICITAÇÃO DO SUJEITO EU NO PORTUGUÊS BRASILEIRO INFORMAL Felipe Goulart (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves Sendo o português uma língua cujo paradigma conjugacional traz desinências específicas para cada pessoa verbal, também com formas distintas para o singular e o plural, seria de esperar que fosse canônico nesse idioma o apagamento do sujeito pronominal. Esse hábito não parece, no entanto, ser consagrado no português brasileiro, variante em que o preenchimento do sujeito pode ocorrer mesmo quando, à primeira vista, não se verifica a presença de qualquer circunstância que torne tal explicitação funcionalmente necessária – sobretudo na oralidade informal. Limitando-se à 1ª pessoa do singular, este trabalho busca identificar e descrever os fatores condicionadores da escolha entre preencher o sujeito eu na superfície textual ou omiti-lo. Partese sem hipóteses pré-formuladas a respeito de tais condicionadores: o corpus será analisado em função de diversos fatores com o intuito de encontrar algum determinantena escolha entre sujeito preenchido e sujeito zero. Reserva-se, ainda, como possível veredito final, a classificação da variação como livre, caso nenhuma circunstância demonstre condicionar consistentemente a escolha em questão. Embora a base teórica seja primariamente funcional (com espaço especial para o conceito de foco), também serão de auxílio conceitos sociolinguísticos, como a variação diafásica e a monitoração. Na busca por um material de análise que refletisse a realidade da linguagem em sua forma mais espontânea, não marcada por autocensura ou preocupação com a forma, recorre-se a um gênero novo como corpus: os videologs. Trata-se, prototipicamente, de vídeos caseiros publicados na internet em que um falante discorre sobre assuntos variados, com apresentação estética limitada a edições simples. É certo que nenhum material pode oferecer a mesma ausência de monitoração que se verifica em uma gravação de falantes que não sabem estar sendo gravados, mas este trabalho considera que a atmosfera dos videologs é suficientemente informal para que a análise possa ser feita de forma satisfatória. 56 A PONTE ENTRE SAMBA CANÇÃO, POP E ROCK CLÁSSICO NUMA INTERPRETAÇÃO DE CAETANO VELOSO Felipe Pupo Pereira Protta (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi Classificar o artista (autor e intérprete) Caetano Veloso e sua obra como plurais não é novidade. Caetano vem há mais de quatro décadas transitando por diversos gêneros musicais e estilos, nacionais e internacionais, o que só pontua esse caráter camaleônico. Ao unir trechos de canções representativas do samba de carnaval brasileiro, do pop americano e do rock clássico inglês numa mesma faixa, devido à temática comum a elas (independente de tudo que as possa separar, em termos de gênero, estilo, tempo, espaço e idioma) num potpourri interpretado de um jeitinho brasileiro mundialmente reverenciado: o banquinho e o violão, Caetano Veloso, beirando o improvável, acaba por enriquecer seu repertório, sua obra e a cultura brasileira como um todo, rompendo padrões estabelecidos e questionando os limites de uma arte nacional. Proceder-se-á a uma análise linguístico-discursiva da canção em questão, baseada na teoria da literatura e na análise do discurso. 57 A MANIPULAÇÃO DE LOLITA NO ROMANCE DE VLADIMIR NABOKOV E NOS FILMES DE STANLEY KUBRICK E ADRIAN LYNE Fernanda Cristina Araújo Batista (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik Este trabalho é um recorte de nossa dissertação de mestrado e seu objetivo é analisar um trecho do romance Lolita (1955), de Vladimir Nabokov, e de duas adaptações fílmicas dessa obra, a de Stanley Kubrick, de 1962, e a de Adrian Lyne, de 1997. O trecho estudado corresponde à manipulação que tanto Lolita quanto Humbert realizam um sobre o outro quando ela é convidada a participar da peça teatral “Caçadores Encantados”, a ser encenada na escola em que estuda. A escolha do corpus deve-se à polêmica que surge na relação entre as três obras no que diz respeito à organização da narrativa, que foi alterada devido à diferente recepção e interpretação da obra literária ao longo das décadas de existência e, também, em razão da transposição da narrativa literária para a mídia cinematográfica em diferentes épocas, quando os cineastas contavam com diferentes recursos e níveis de censura. No início da década de 1960, quando Stanley Kubrick adaptou o romance, Humbert era visto como um criminoso cruel e pérfido; então, o diretor não se atreveu repetir em imagens o que Nabokov havia criado em palavras por receio de não conseguir lançar o filme. Já em meados da década de 1990, quando Adrian Lyne realizou o seu Lolita, a censura era mais branda e o diretor decidiu sugerir e mostrar mais que Kubrick. Dessa forma, os efeitos de sentido gerados em cada um dos filmes diferem tanto entre si quanto com relação aos criados pelo romance e são essas diferenças que buscamos analisar baseando-nos na teoria desenvolvida por Robert Stam acerca da adaptação cinematográfica, a qual defende que cada adaptação, por consistir numa nova obra, pode reinterpretar o texto original de maneira livre, sem ter a obrigação de ser servil a ele. 58 ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA BÍBLICA “A PARÁBOLA DOS TALENTOS” Fernando Luis Cazarotto Berlezzi (UPM) Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel O presente trabalho pretende demonstrar a teoria do significado proposta pelo linguista lituano Algirdas JulienGreimas, que considera o trabalho de construção do sentido como um percurso gerativo, que vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e concreto, em que cada um dos três níveis de profundidade é passível de descrições autônomas. Para exemplificar a teoria semiótica greimasiana, escolheu-se o texto bíblico descrito no Evangelho de Mateus, denominado “A parábola dos talentos”. Parábolas são consideradas narrativas figurativas e foram utilizadas constantemente por Jesus Cristo durante seu ministério. A palavra portuguesa "parábola", vem diretamente do grego "parabolé", um vocábulo composto que significa "pôr ao lado de", com o sentido de "comparar", a fim de servir especificamente como uma ilustração de alguma verdade ou ensino. Uma parábola é uma forma de discurso para ilustrar uma lição que se deseja ensinar. Usando uma definição bem conhecida, poderíamos dizer que uma parábola é “uma história terrena com um significado celestial”, pois usa elementos conhecidos para explicar algo desconhecido. Originalmente, a parábola era uma narrativa curta, usando detalhes da vida cotidiana para ilustrar noções morais, sendo um eficaz recurso pedagógico porque exprimia as coisas em termos compreensíveis e facilitavam a sua recordação. Desta forma independente do tempo e da época poderiam ser compreendidas por seus ouvintes ou leitores. A parábola dos talentos, escolhida para esta análise trata–se de uma narrativa curta, mas rica – com uma estrutura narrativa bem desenvolvida, que possibilita examinar, ainda que sucintamente, os componentes sintáxico e semântico de cada um destes três níveis: nível fundamental, nível narrativo e nível discursivo.Serão explicitados os mecanismos implícitos de estruturação e de interpretação de texto. 59 LUTA PELO SIGNIFICADO: A IMAGEM DA ARENA EM BAKHTIN Francikley Vito (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi As reflexões que serão apresentadas neste trabalho têm como intuito principal fazer uma breve, e ainda embrionária, exposição com respeito ao uso que o pensador russo Mikhail Bakhtin faz da imagem da arena em seus escritos e sua importância na construção do significado dos vários discursos; usa-se para isso uma narrativa contida em um dos documentos cristãos do Novo Testamento, o Evangelho de Lucas. 60 ILUSÕES PERDIDAS E O JORNALISMO DE BALZAC Francisco Redondo Periago (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi O romancista francês Honoré de Balzac destacou em sua obra “Ilusões Perdidas” o submundo da competitividade entre os periódicos e jornalistas parisiense no século XIX. O autor aponta circunstâncias de juízo crítico sobre o poder exercido pela imprensa que, por meio de atitudes antiéticas, buscava influenciar a população contra adversários e políticos que não condiziam com a visão editorial de determinado jornal. Balzac evidencia o jogo de interesses por meio de articulações que favoreciam a troca de favores e o tráfico de influência. Alguns jornalistas utilizavam a chantagem e a corrupção em benefício próprio, principalmente em busca de fama e dinheiro. O romance de Balzac fornece mostra uma realidade vivenciada pela na imprensa contemporânea, percebe-se que suas críticas à imprensa parisiense do século XIX, ilustram a realidade apresentada por vários periódicos atuais que não escondem os interesses políticos e econômicos dentro da linha editorial que defendem. O objetivo do trabalho foi detectar e analisar alguns casos jornalísticos da imprensa atual que estejam dentro do perfil apresentado por Balzac em sua obra “Ilusões Perdidas”. Assim, verificou-se a contemporaneidade do romance com a realidade da imprensa de nossos dias. Foram realizadas coletas de dados em determinadas edições da Revista Veja e do jornal o Estado de S. Paulo. Também foram realizadas pesquisas bibliográficas na área de jornalismo como suporte para argumentação. Um dos fundamentos para o exercício do Jornalismo nos dias atuais é a imparcialidade que se destaca como elemento ético e moral para a publicação de uma determinada notícia. A imparcialidade está explicita em diversos manuais de redação e estilo de diversos meios de comunicação. Também é citada como elemento crucial no código de ética do jornalista. Com base nessa teoria, o artigo bases que puderam colaborar com as perturbações que desiludiram Balzac da atividade jornalística. 61 MÍDIA E CULTURA: A INTRODUÇÃO DE VOCÁBULOS JAPONESES NO DICIONÁRIO PORTUGUÊS-BRASILEIRO Fred Izumi Utsunomiya (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros A língua portuguesa, como qualquer outra língua em contato com outras culturas, é um ente em constante transformação, sendo ela própria, fruto da interatividade com outros idiomas que a originaram sobre uma base do latim vulgar. Esse fenômeno de transformação linguística – que levou centenas de anos – ainda se encontra em constante desenvolvimento e, em sua vertente brasileira, pode-se afirmar que, além das interações sociais entre falantes, o contato das pessoas com os meios de comunicação de massa – a mídia – acelera e intensifica esse processo. A partir desse panorama, este texto discutirá o papel da mídia das últimas décadas na incorporação de palavras de origem japonesa baseado num argumento de interação cultural-midiática desses termos. A língua, a cultura e a mídia estão intrinsecamente relacionadas, e a língua, por ser um componente cultural também em constante transformação, sofre influência direta dos meios de comunicação e das novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Produtos culturais, como jornais, revistas e programas de TV,assim como filmes, revistas de histórias em quadrinhos, games e sites da Internet tornam-se veículos de divulgação cultural, tão ou mais intensos que os contatos sociais pessoais previstos nas relações de trocas linguísticas. O maior contingente de imigrantes japoneses e de seus descendentes localiza-se no Brasil. Essa presença é fundamental para a divulgação da cultura e vocabulário entre os brasileiros, mas é insuficiente para a sua assimilação em nível nacional, devido à distribuição irregular dos nikkeis no país. A presença de produtos culturais na mídia é uma das explicações da disseminação de muitos dessas palavras japonesas que já fazem parte do vocabulário português-brasileiro. Foram identificadas mais de cem palavras de origem japonesa que já constam no dicionário português do Brasil. 62 INTERTEXTUALIDADE NO CONTO “O TEXTO TATUADO”, DE SÉRGIO SANT’ANNA Giovana dos Santos Lopes (UPM) Raul Ignacio Valdibia Arriagada (UPM) Orientadores: Profa. Dra. Lílian Lopondo Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira A obra de Sérgio Sant’Anna tem sido classificada como notória e de grande referência aos temas urbanos. O estilo experimental do autor é apresentado por meio de narrativas de caráter subversivo, embora mude constantemente seus temas. Amor, morte, erotismo, fé, arte são temas já apresentados em suas narrativas, geralmente contos. Neste trabalho, é analisado o conto “O texto tatuado”, publicado pela primeira vez na Revista Granta, nº 04 (2009), sob o viés da abordagem contemporânea, com o objetivo de construir um diálogo crítico acerca dos elementos como o espaço e o não lugar, assim como o estranhamento e a identificação das personagens, e a intertextualidade com o cinema, de modo específico, o diálogo construído com o filme “O livro de cabeceira”, de Peter Greenaway (1996). As personagens do conto são envolvidas sob um forte erotismo, ao mesmo tempo em que são identificadas pela descrição dos lugares e das relações que obtêm por meio destes; da mesma forma que tal erotismo confere o intertexto com o cinema de Greenaway. Para tanto, serão utilizados os arcabouços teóricos de Augé, Calvino, Merten e Duralde como finalidade de construir uma análise de cunho crítico e contemporâneo, conforme as características da obra de Sant’Anna. 63 A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NA PROPAGANDA DO TURISMO BRASILEIRO VEICULADA PELA EMBRATUR – NOS PRIMEIROS ANOS DO PROJETO AQUARELA - SOB A ÓTICA DA TEORIA DA ENUNCIAÇÃO Giselda Fernanda Pereira (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito Este trabalho tem por finalidade analisar a construção de sentido em duas propagandas veiculadas pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), durante os primeiros anos de implantação do Plano Aquarela – uma nova estratégia de marketing turístico criada pelo consultor espanhol Joseph Chias, cujo objetivo é promover o Brasil no cenário internacional com uma nova marca para o país e uma matriz gerencial de ações. A nova imagem busca, nessas primeiras propagandas, convencer os brasileiros de que a futura participação do país como sede para a Copa Mundial de Futebol e para as Olimpíadas é um negócio “imperdível”. Após descrever as mudanças históricas nas campanhas da EMBRATUR, apresentaremos os principais resultados do plano de marketing espanhol, criação da “Marca Brasil” – no passado, com uma logotipia não uniforme, evidenciada pela descontinuidade –, e a partir das propagandas, verificaremos como a língua é mobilizada à luz das teorias de Émile Benveniste para construir uma apresentação do Brasil. Desejamos partir da hipótese de que as marcas que denunciam a subjetividade na linguagem possibilitam analisar a relação e a interação entre o enunciador e o enunciatário. O que a ótica da Teoria da Enunciação nos mostrará é que o texto, como objeto de análise, revela como o locutor coloca a língua em ação; e através da análise da apropriação da língua pelo locutor, é possível explicitar os mecanismos da língua e seu funcionamento, identificar o sentido ou, melhor dizendo, a produção de sentido. Assim, vamos verificar como a linguagem foi articulada para a produção de sentidos e quais mecanismos possibilitaram essa produção, e quais sentidos podemos apreender. 64 A TRANSIÇÃO ENTRE O UNIVERSO REAL E O MARAVILHOSO EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS Gisele Gomes Maia (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo O objetivo deste trabalho é analisar a obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, na perspectiva da transição entre dois universos presentes na obra: o “real” e o “onírico”, bem como os elementos maravilhosos e fantásticos que perpassam ambos. A alternância entre esses universos é marcada pela queda de Alice na toca do coelho, no entanto, aspectos reais e maravilhosos se misturam nos dois espaços, como sugerimos por meio de constituintes do texto como a linguagem e, também, elementos paratextuais, como a ilustração. 65 DIÁLOGOS ENTRE JOHN E ELIZABETH PROCTOR: ALGUMAS SINALIZAÇÕES DA CONSTRUÇÃO DA AUTOCONSCIÊNCIA DO HERÓI EM THE CRUCIBLE Glauco Corrêa da Cruz BacicFratric Orientadora: Lílian Lopondo O objetivo de nosso trabalho é analisar os diálogos finais entre as personagens John Proctor e Elizabeth Proctor, presentes no quarto e último ato da tragédia “The Crucible”, a qual encena o processo de histeria coletiva, vivenciado na cidade norte-americana de Salem, no estado de Massachusetts, que culminou com um processo de caça à bruxaria, do qual John Proctor foi vítima, condenado à morte por enforcamento, após ter se negado a confessar um pacto com forças demoníacas, na segunda metade do século XVII. A tragédia em questão foi composta no ano de 1953 e dirigida pelo dramaturgo norteamericano Arthur Miller. Com base na teoria do filósofo da linguagem, Mikhail Bakhtin, sobre como personagens podem tomar consciência de seus mundos a partir da interação com o outro, que se dá por meio da palavra, visaremos, a partir da análise pormenorizada desses diálogos, identificar o processo de construção da autoconsciência de John Proctor, personagem protagonista da encenação, visando a descrever seu posicionamento filosófico diante do outro que, nesse contexto específico, é representado pela figura de Elizabeth Proctor. 66 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: REVISANDO OS TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DOS TERCEIROS ANOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DE INDICADORES. Hamilton Fernandes de Souza (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza Este ensaio apresenta uma proposta pedagógica para a revisão de textos escritos por alunos dos terceiros anos do Ensino Médio. No primeiro dia de aula, o professor solicitou um tema para produção: “Qual é a expectativa para o curso de Língua Portuguesa, neste ano letivo? A partir de uma ficha de avaliação, elaborada pelo professor, contendo os seguintes itens: tema, pontuação, concordância, regência, ortografia, acentuação, paragrafação, organização, caligrafia, coesão e coerência em que o professor codifica: plenamente satisfatório (PS), satisfatório (S), insatisfatório (I) e N.A. (não alfabetizado) os textos foram analisados. Partindo do Currículo de Língua Portuguesa do Estado de São Paulo (2011), Competências e Habilidades para o Enem, Schneuwly e Dolz (2010), Bakhtin (2010), Marcuschi (2001), Bunzen et.al. (2006) fizemos este projeto junto à E.E. Professor Miguel Reale, em Diadema, quatro terceiros anos, com duração de 40 horas, visando à organização do texto escrito, bem como a importância da revisão. A seguir, entregou os textos produzidos, digitados, obedecendo à forma pela qual eles foram escritos. Distribuiu-os pela sala e solicitou que lessem e fizessem a revisão do texto em dupla, observando sempre que a ideia fosse mantida. O professor pediu para que os alunos apresentassem sugestões para reescrita e socializassem com o grupo. Houve o momento de organização e sistematização das ideias apresentadas, por parte do professor, pesquisa em gramáticas, dicionários, livros didáticos, internet do celular para complementação do trabalho. A partir deste trabalho, os alunos começaram aobservar a importância de um plano de escrita, tema título, rascunho, leitura compartilhada, revisão do texto e reescrita. 67 GÊNEROS DISCURSIVOS NAS PRÁTICAS ESCOLARES: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA EM DEBATE Hélio Rodrigues Júnior (PUC/SP) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Este artigo situa-se numa concepção socioconstrutivista interacional e fundamenta-se no conceito de gênero discursivo de Bakhtin (2003) e na organização da prática pedagógica com projetos de produção de gêneros discursivos, desenvolvida por Dolz (2004) e Schneuwly (2004), na interface da transposição didática. O trabalho com tipos de texto ainda é perpetuado, mesmo não sendo essa a orientação dos PCN (1998), levando-nos a considerar o ensino de gêneros discursivos como um possível caminho para a formação da competência comunicativa no aluno e, ademais, percebemos a dificuldade dos professores em fazer a transposição didática, da teoria à prática em sala de aula. As observações mencionadas evocam o seguinte questionamento: como transpor a proposta dos PCN quanto à produção escrita do aluno, na última série do Ensino Fundamental? Nessa perspectiva, delineamos os nossos objetivos: (i) investigar como está sendo feita a transposição didática da proposta dos PCN para a produção escrita em aulas de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental; (ii) propor situações de produção de textos às luzes dos gêneros discursivos, a partir de sequências didáticas; (iii) analisar o desenvolvimento da competência comunicativa escrita do anulo numa abordagem de ensino de língua materna por gêneros discursivos. O corpus formou-se a partir da pesquisa de campo realizada numa escola estadual do Estado de São Paulo, mais precisamente na Baixada Santista, com aulas de um grupo de dez professores de Língua Portuguesa, bem como, de redações de alunos ao longo do percurso do último ano de escolaridade do Ensino Fundamental (8 série/9 ano). Chegamos à conclusão de que as sequências didáticas são ferramentas muito ricas para o ensino de Língua Portuguesa e, utilizando-as adequadamente, é possível desenvolver um trabalho de ensino à luz da transposição didática. 68 ENTRANDO NA TOCA DO COELHO: ALICE, O PAÍS DAS MARAVILHAS E O MUNDO ATRAVÉS DO ESPELHO NA EDUCAÇÃO Higor Branco Gonçalves (UPM) Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista O trabalho visa analisar literariamente alguns dos símbolos existentes nos livros Alice no País das Maravilhas (1865) e Alice Através do Espelho (1871), escritos por Lewis Carroll, pseudônimo de Charles LutwidgeDodgson (18321898), e apresentar uma proposta didática acerca do estudo dessas obras, focando especificamente na docência de aulas de Língua Portuguesa para alunos do 9º ano (8ª série) do Ensino Fundamental. Ao longo da apresentação, serão expostas, brevemente, algumas informações sobre o contexto sóciohistórico da escritura das narrativas carrollianas, a saber, a era vitoriana inglesa, além de dados biográficos e psicológicos do escritor, uma vez que, neste caso em especial, o entendimento da vida e do ethos de Carroll é de fundamental importância para um maior aprofundamento da leitura das Alices. Após essa contextualização inicial, os dois livros em questão terão algumas de suas partes-chave sucintamente analisadas à luz da Teoria da Literatura, da Psicologia, da Neurologia, da História e do Esoterismo a fim de que se possa ter uma ideia do quão plurissignificativos e ricos esses textos são. Por fim, será apresentado um plano de trabalho cuja premissa diferencial é a produção de histórias em quadrinhos e que objetiva a introdução dos alunos de 9º ano aos estudos literários de maneira que lhes sejam estimulados o gosto e o prazer pela leitura, haja vista que as Alices, além de obras de grande qualidade estética, são até hoje ótimas fontes de entretenimento para todas as faixas etárias. 69 A ANÁLISE DO DISCURSO EM PESQUISA Humberto Luiz Dias (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi A análise do discurso como elemento fundamental de várias áreas profissionais leva aos seus interessados não apenas a uma pesquisa contemplativa como também a uma necessidade de evidenciar elementos, apresentar proposições, levantar hipóteses e investigar o que já foi publicado e seguido por muitos indivíduos. Seja na área linguistica, nas ramificações da oratória, nas diferentes mídias que aplicam a expansão das vertentes lançadas, a análise do discurso se faz presente por uma questão que urge definições, contextualizações e também novos olhares que possam acrescentar ao processo de evolução humana nesse âmbito que envolve a existência. A análise do discurso ocorre diante do momento em que enunciador e enunciatário estabelecem uma comunicação que nem sempre é apenas escrita e envolve a fala, os recursos visuais a partir de uma denominação textual. Pode-se intitular texto tudo aquilo que se refere a uma unidade de sentido, logo, encontra-se texto em um editorial, nos ambientes de mídia, na televisão, nos jornais, nos gráficos, nas figuras e fotos, desenhos e várias outras situações.Este artigo possui a finalidade de abordar a análise do discurso sob os teóricos que apresentaram definições e diretrizes a respeito do tema e apresentar a relevância das pesquisas que se aplicam a muitos caminhos previstos e não previstos para a leitura, escrita, conversação e suas aplicabilidades nas formas e meios de comunicação. 70 CONTEXTO FRONTEIRIÇO: ESPAÇO “ENTRE LÍNGUAS” Ione VierDalinghaus (DINTER UFMS/UPM) Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert Em espaços fronteiriços as línguas em contato constroem diferentes formas de dizer. Essa condição “entre línguas” (STURZA, 2010) está sempre permeada de questões políticas, históricas e culturais. Em meio a este rico campo de pesquisas, revelam-se conflitos e preconceitos linguísticos e é nas fronteiras secas que se encontram as condições ainda mais propícias para que uma língua ocupe o lugar de enunciação da outra. Isto ficou evidente na nossa pesquisa de Mestrado concluída em 2009, em cujo estudo buscou-se saber como acontece o ensino do português em uma escola pública que atende mais de noventa por cento de alunos brasiguaios. Pretende-se, nesta nova etapa de estudos do doutorado, dar continuidade à pesquisa em contextos fronteiriços, porém com um enfoque diferente: a interpretação da materialidade linguísticoenunciativa com vistas à análise da conversação. O suporte teórico está em Benveniste (1989); Marchuschi (2001); Fiorin (1996); Barros (2006), Hilgert (2002), além de outros autores. O projeto se encontra ainda em fase embrionária e o corpus a ser analisado será composto por transcrições de programas de rádios (espanhol hispano-americano) e de transcrições originadas da Espanha (espanhol peninsular). Objetiva-se identificar as relações linguísticas e culturais nos espaços selecionados para a pesquisa; verificar como estas relações se constroem em meio a tanta diversidade e analisar as diferentes maneiras de dizer na fronteira, comparando as formas de cortesia e descortesia de falantes do espanhol peninsular e hispano-americano. A pesquisa incluirá também o levantamento de estudos já realizados nas fronteiras Brasil/Paraguai e Brasil/Bolívia. Ressalta-se a relevância deste trabalho especialmente pela escassez de estudos deste gênero em contextos fronteiriços. 71 A IDENTIDADE CULTURAL ESPANHOLA A LUZ DOS DICHOS Y REFRANES NA OBRA DON QUIJOTE DE LA MANCHA Iromar Maria Vilela (UFMS/UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito A proposta deste trabalho se baseia na análise dos dichos y refranespresentes na obra Don Quijote de la Mancha e a consequente verificação dos aportes à cultura e à identidade Hispânica. De acordo com Cevasco (2003), existem várias maneiras de abordar as relações mais evidentes entre estudos culturais e literários e pensar os estudos de cultura como extensão do campo dos estudos literários. Segundo J. Leyva (2004), refranes y dichos são: “Anónimos, ya que ignoramos su autoria y origen; populares, puesademás de proceder de lasabiduríacomúndelpueblohayconocimiento general de ellos; tradicionales, por haberse transmitido degeneraciónengeneración desde elnacimiento de lalenguacastellana; universales, al trascendersudifusión por encima de fronteras y países, losrefranesconstituyen um tesoro vivo (...) joyas de nuestro acervo cultural.” O provérbio é uma asserção sobre a maneira como funcionam as coisas, sobre como funciona o mundo, dizendo o que é verdadeiro. O enunciador apoia-se nele para introduzir uma situação particular em um quadro geral preestabelecido, delegando ao co-enunciador a tarefa de determinar a relação existente entre os dois. (Maingueneau,2002) Assim, o provérbio “A cada puercolellegasu San Martín”, “Su San Martín se lellegará, como a cada puerco”, assegura Don Quijote, isso porque nas proximidades do dia do Santo acontece a matança caseira dos porcos, forma tradicional de abastecer a despensa para o inverno que se aproxima. A enunciação proverbial é fundamentalmente polifônica; o enunciador apresenta sua enunciação como uma retomada de enumeráveis enunciações anteriores, as de todos os locutores que já proferiram aquele provérbio. (Maigueneau, 2002). Este trabalho faz parte da proposta de estudo de doutorado em fase inicial. 72 EXPRESSIVIDADE DA FALA: O DESVELAR DAS EMOÇÕES NA CONSTRUÇÃO DO ATO TEATRAL A PARTIR DA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICO Isaías Santos (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Sandra Madureira O presente trabalho investiga questões de expressividade da fala com apoio em análise de natureza fonético-acústica, ou seja, possui caráter interdisciplinar, e aborda áreas como literatura, filosofia, linguística e fonética do português brasileiro. Como objeto de pesquisa, temos a locução do poema “Caso do vestido” de Carlos Drummond de Andrade por um ator profissional, o qual realizou uma leitura dramática da narrativa relatada no poema, interpretando as emoções dos personagens que nela estavam envolvidos. A análise fonético-acústica compreendeu a extração de medidas de frequência fundamental em Hz (f0 mínimo, máximo e extensão), a duração de unidades VVs e de pausas em milissegundos (ms). Para compreender as estratégias prosódicas usadas pelo ator profissional, recorremos também a bibliografia e entrevistas dadas pelo mesmo às mídias e a pesquisadores e jornalistas, assim constatamos que o conhecimento profundo dos sentidos do poema, como a exata expressão na tarefa de leitura dramática eram estratégias para a boa performance do ator profissional, sendo essa boa performance justamente aquela que impacta o público. Para a conceituação das emoções, levou-se em conta a descrição proposta por Spinoza (2009), no livro terceiro de sua Ética (“demonstrada à maneira dos geômetras”). Os resultados indicaram extensão de f0 diminuída na expressão de humilhação, f0 elevado na expressão de escárnio e variações de taxa de elocução em relação às emoções identificadas no poema. As pausas serviram a variadas funções, entre elas, funções discursivas e expressivas. Desse modo, compreende-se que os estudos das emoções e da prosódia podem cooperar para o sucesso de profissionais como atores, professores, locutores e entre outros. 73 A ALTERIDADE NA (RE)CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NO DISCURSO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI Ivan Almeida Rozário Júnior (PUC-SP) Orientador: Prof. Dr. Dino PRETI A pesquisa desenvolvida – e defendida em 2012, no Curso de Mestrado em Linguística, do Programa de Pós-Graduação em Linguística, vinculado ao Centro de Ciências Humanas e Naturais, da Universidade Federal do Espírito Santo, é fruto de um processo dialógico, envolvendo personagens e fatores significativos, portanto, motivadores, como, por exemplo: a atuação na área da Educação há doze anos, em escolas da periferia da Grande Vitória, além da constante interação com adolescentes em alto grau de vulnerabilidade social. O percurso da pesquisa buscou compreender, por meio do pensamento do Círculode Bakhtin, a alteridade que se revela no enunciado do adolescente em conflito com a lei, partindo da perspectiva dialógica e da relação de alteridade constituída, no processo de intervenção socioeducativa, culminando na reflexão de um processo de exotopia. Nesse percurso de análise interpretativa – traçado por algumas categorias bakhtinianas, tais como: dialogismo, estilo, apreciação valorativa, vozes responsabilidade/responsividade alheias, – da subjetividade/alteridade, produção textual exotopia, autobiográfica, denominada “escrita de si”, pode-se dizer que a relação de alteridade é capaz de provocar no adolescente uma postura axiológica, que o conduz à retomada de sua própria consciência, reconhecendo-se como sujeito constituído nas/das relações dialógicas, possibilitando-lhe ressignificar-se como sujeito responsável/responsivo. 74 CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO (PARTE I) Ivelaine de Jesus Rodrigues (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero Laura Lúcia de Oliveira Santos (PUC-SP) Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Ferreira Neste artigo, objetivamos, sob uma perspectiva histórica, refletir sobre os caminhos da formação do professor de língua portuguesa, como língua materna, no Brasil e em Portugal. Dessa forma, pretendemos comparar os dois quadros de formação docente, a fim de responder ao seguinte questionamento: Em que medida as práticas pedagógicas e a formação do professor em Portugal podem contribuir, e até mesmo servir como modelo, para o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas e para a formação do professor brasileiro? Podemos, então, afirmar que a prática pedagógica portuguesa, no tocante à formação inicial para a docência, traz-nos como nova perspectiva a questão da autoavaliação, como prática reflexiva e crítica, capaz de dar bases ao professor para um melhor desempenho profissional. Sendo assim, procedemos à seguinte divisão didática deste artigo: a introdução, nomeada Considerações Iniciais; tópico 1. A formação do professor brasileiro na perspectiva histórica, no qual sintetizamos os caminhos da formação docente em nosso país desde o período colonial até os nossos dias; tópico 2. Realidades pedagógicas de além-mar: a formação do professor em Portugal, como no tópico anterior, neste, traçamos uma breve síntese do percurso histórico da formação do professor em Portugal; Considerações finais, na qual apresentamos as possíveis contribuições portuguesas às nossas práticas pedagógicas e ressaltamos que as realidades são distantes, as aproximações possíveis, mas a interlocução é necessária. Após a análise, concluímos que apenas a observação não altera a prática docente, pois a mudança decorre da sua autoavaliação. Ao refletir sobre sua atuação - mediante a observação feita pelos colegas - o profissional poderá ajustar suas estratégias e seu modo de 75 conduzir a aula. Dessa forma, é fundamental afirmar que o trabalho de observação somente será produtivo se o professor observado aceitar as intervenções como críticas construtivas à sua prática, contribuindo, assim, positivamente para sua formação. 76 O PAPEL DA CENOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DO ETHOS: UM ESTUDO DOS DISCURSOS DOS PROFESSORES JeannyMeiry Sombra Silva (UPM) Orientadoras: Profa. Dra. Rosemeire Leão S. Faccina Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros A competência retórica do professor é muito importante no cotidiano escolar, não só o que diz ou o que faz influenciam o seu discurso, mas também a maneira de dizer e fazer (comportamento). Essa preocupação com o discurso e com o comportamento com a finalidade de persuadir o ouvinte é designada, conforme Maingueneau (2008, p. 16) pelo termo ethos: “o ethos, por natureza, é um comportamento que, como tal, articula verbal e não verbal, provocando nos destinatários efeitos multi-sensoriais”. Amossy (2005, p. 10) afirma que “os antigos designavam pelo termo ethos a construção de uma imagem destinada a garantir o sucesso no empreendimento oratório”. Em seguida, complementa que “participando da eficácia da palavra, a imagem quer causar impacto e suscitar adesão”. Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado, que tem como objetivo geral analisar o ethos que emana dos discursos dos professores em situações de comunicação em sala de aula. Para esse recorte analisamos as respostas transcritas dos professores referentes a duas perguntas: “você considera que sua atuação em sala de aula estimula comportamentos positivos e desejáveis dos alunos? Justifique” e “Em sua opinião, o que considera um aluno indisciplinado?”. Para apreensão do ethos utilizamos como categoria de análise a cenografia. De acordo com Maingueneau (2008, p. 115), cenografia refere-se a uma “encenação” ou representação da situação de encenação do enunciado, isto é, uma cena construída pelo discurso. Assim, observamos as coordenadas discursivas (dêixis) dos textos produzidos pelos professores, analisando, paralelamente, por meio de algumas marcas linguísticas, o conteúdo ideológico presentes em seus discursos. 77 A PRESENÇA DO FANTÁSTICO NA LITERATURA CONTEMPORÂNEA: UMA ANÁLISE DO CONTO O COLECIONADOR DE SOMBRAS, DE JOÃO BATISTA MELO Jônatas Amorim Henriques (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez O escritor mineiro João Batista Melo é conhecido pela crítica como um dos autores mais inventivos da literatura brasileira contemporânea. Apontado como um dos integrantes da chamada Geração 90, sua obra apresenta fortes influências do realismo mágico e da literatura fantástica. Seus livros já receberam prêmios importantesno país e sua criação literária é reconhecida pelo cuidadoso trato com a palavra – que se mostra sempre na busca da concisão mais expressiva. No conto O colecionador de sombras (2008), encontramos a narrativa de uma personagem que, em meio ao caos urbano e a inevitável ruína de sua família se depara com a repentina e violenta morte de sua mãe no trânsito da cidade. Durante estes acontecimentos, a personagem é guiada por um estranho homem que irá desvendar o destino das sombras daqueles que tiveram o mesmo fim. O texto faz parte de seu livro homônimo que apresenta doze contos sobre temas recorrentes da literatura contemporânea, como a vida urbana, a tensão social, aviolência e o individualismo da cidade grande. Diante desse contexto literário, o presente trabalho tem como objetivo analisar os elementos insólitos constitutivos do conto de João Batista Melo a partir da teoria literária desenvolvida por Tvezan Todorov a respeito do fantástico e do estranho, além de apontar para o conceito de não-lugar a partir da antropologia da supermodernidade proposta por Marc Augé. A análise do tema, do estilo, do espaço e do foco narrativo servirá de base para investigar como se constitui o fantástico na narrativa de Melo, que efeitos de sentido ele produz nas categorias sob exame e que possibilidades de interpretação esse fenômeno gera no conto. 78 DRAMATURGIA E DRAMATURGO EM PROCESSOS COLABORATIVOS DE ESCRITA TEATRAL Jorge Wilson da Conceição (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral Sob o título Dramaturgia Contemporânea: um olhar sobre a construção do texto em processos colaborativos, esta pesquisa de Doutorado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, junto à linha de pesquisa Literatura e suas relações com outras linguagens, busca investigar a dramaturgia elaborada em processos colaborativos na Cidade de São Paulo e analisar o papel do dramaturgo nas produções teatrais. Qual é o papel do dramaturgo dentro do processo? Como ele próprio se vê? Como se dá a criação do texto? E no que diz respeito a incorporação, apropriação ou reelaboração de sugestões dos outros criadores das cenas (atores, diretores, cenógrafo, iluminador, figurinista, etc.)? Como é o processo de aceitação dessas interferências do grupo ou da direção, como corte de cena, por exemplo? Como se dá a recepção das propostas de texto levadas para a sala de ensaio por parte dos atores e da direção? É a essas, e outras questões que forem surgindo no percurso, que buscaremos responder nesse estudo, que está em fase inicial de desenvolvimento. Através de um estudo histórico, buscaremos entender: o papel do texto no teatro e a trajetória que culmina no contemporâneo; o teatro contemporâneo; o conceito de processo colaborativo e seu percurso histórico em produções brasileiras. Além disso, vamos analisar práticas de artistas e grupos que trabalham de forma colaborativa. Para completar, buscaremos ouvir as vozes de dramaturgos e diretores teatrais por meio de entrevistas. Este estudo busca contribuir com a dramaturgia contemporânea, artistas e grupos de teatro da Cidade de São Paulo, bem como pesquisas nos campos da Literatura e do Teatro. 79 TROPICALIZAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO NA DIVULGAÇÃO DAS NOVAS SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA: AS PREMISSAS IDEOLÓGICAS EM FOCO José Luiz Marques (UNICSUL) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral As empresas de tecnologia que desejam vender produtos no mercado brasileiro precisam realizar uma adaptação (mercadológica e financeira) desses produtos encontrar soluções para lançá-los no mercado, a isso as empresas chamam de tropicalização. Esses lançamentos são acompanhados de materiais promocionais, para atingir o consumidor local. Buscamos investigar se essa tropicalização também ocorre nos discursos dos folders de divulgação de tecnologias de ponta. Para tanto, investigamos o como esses processos de comunicação estão considerando os contextos sociais, seus reflexos ideológicos. Partimos da análise dos discursos contidos folders (papel) que anunciam tecnologias de ponta distribuídos por três empresas da área, a saber, uma norte-americana, uma latino-americana e uma brasileira. O corpus foi selecionado em um dos maiores eventos de tecnologia da informação realizado no Brasil, o CIAB FEBRABAN 2013 (feira de tecnologia bancária). Com base nos fundamentos postulados por Van Dijk (2006), entre outros, as análises partem do contexto social em que os gênero folder se insere, exploram as ideologias e os valores retóricos utilizados (Preleman, 2004), no processo argumentativo (Miller, 2012), procurando verificar como esses textos funcionam do ponto de vista argumentativo (Cabral, 2010). As análises permitem apontar as implicações de se anunciar em um suporte papel, as mais modernas soluções tecnológicas, para um público alvo, que nasceu com a “world wide web” e as soluções tecnológicas que acompanharam sua criação.Observamos na tropicalização desses discursos, entre outras, traduções pura e simples para a língua portuguesa, considerando a língua apenas como instrumento, com a intenção de introduzir conceitos tecnológicos e uma quase total desconsideração contexto sociocultural envolvido na produção do texto, notamos também a forte presença institucional, o jogo de dominação, alianças, submissões e resistências contidas nesses discursos. 80 O TEXTO TATUADO: UM ESTUDO SOBRE A LINGUAGEM Judith Tonioli Arantes (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan Em sua obra Seis propostas para o próximo milênio, Ítalo Calvino discorre sobre alguns aspectos das narrativas que ele acredita, e justifica por meio de textos, serem importantes nas narrativas do próximo milênio. Esta obra, escrita no século XX, propõe, entre outros aspectos, a “Rapidez”, segundo esta proposta, uma narrativa contém elementos que unem suas diversas partes, elementos que conduzem o fio da narrativa e que se dão no nível da palavra escrita e das ideias de um texto. Tal aspecto pode ser verificado no conto “O texto tatuado”, de Sérgio Sant’Anna, escritor contemporâneo. Este conto, publicado originalmente pela Revista Granta em sua 4ª edição em Outubro de 2009, carrega em si certo tom que equilibra-se entre o estético e o erótico. A linguagem utilizada na escritura do conto pode ser considerada tanto como ambígua quanto como contendo dois paralelos que são importantes para a análise do conto: “alto/baixo” e “oculto/revelado”. E, nesta forma como a linguagem é utilizada ao longo do conto, torna-se possível verificar a proposta “Rapidez” de Calvino na obra citada. Para que se dê tal análise, a primeira versão do conto, publicada pela Revista Granta será utilizada. Contudo, é necessário que se aborde brevemente a segunda versão, publicada em 2011 na obra O livro de Praga: narrativas de amor e arte, de autoria de Sérgio Sant’Anna de forma a verificar também nesta versão a proposta de Calvino. 81 UM ESTUDO DESCRITIVO-ANALÍTICO DA GRAMÁTICA METÓDICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DE NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA Juliana Borges de MEDEIROS (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero Esta pesquisa tem por objeto de estudo a Gramática Metódica da Língua Portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida, tematizada nos movimentos contextuais de produção dessa obra. Apesar de ser criticado pelo seu purismo, em relação às normas gramaticais e ortográficas, Napoleão ainda é considerado um dos gramáticos mais representativos da Língua Portuguesa, no século XX. O objetivo principal desta pesquisa visa buscar respostas para a postura conservadora e nacionalista do autor, acompanhado de seu desejo de preservação da gramática tradicional. Especificamente: 1) descrever o momento político, social, econômico e cultural do período de maior produção do autor; 2) examinar a Gramática. A relevância desta pesquisa é justificada pela postura arraigada do autor às teorias conservadoras, mantendo-se resistente às inovações teóricas de seu tempo. Esta investigação está alicerçada nos pressupostos teóricos da História das Ideias Linguísticas, disciplina que analisa o modo como o saber linguístico é interpretado e desenvolvido no curso do tempo. Quanto aos objetivos, os resultados obtidos indicaram que, na referida obra, o momento histórico e político brasileiro influenciou na postura conservadora e nacionalista do autor. O procedimento metodológico adotado é o teórico-descritivo e dedutivo. Para tanto, foram seguidos os seguintes passos: levantamento e análise do suporte teórico a ser estudado; seleção e constituição do corpus de análise; e, análise do corpus, de acordo com os objetivos específicos. Não obstante, podemos concluir que esta pesquisa precisa ter continuidade, pois a investigação realizada foi centrada apenas em uma das obras de Napoleão Mendes de Almeida. 82 SIGNIFICAÇÃO E TEMA: A “PRIMAVERA ÁRABE” Karen Dantas de Lima (UNICSUL) Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto B. Andrade Sob a perspectiva da Análise dialógica do discurso, à luz do princípio bakhtiniano, segundo o qual há uma inter-relação entre significação e tema (BAKHTIN, 2012), cotejaremos na expressão “primavera árabe” o seu processo evolutivo social. Para abordarmos o problema de significação na linguagem, depreendemos a palavra, como postulado pelo Círculo, enquanto signo ideológico portador de significado instituído no dinamismo dialógico. Por meio da enunciação o signo em sua disposição de mobilidade específica, em determinada esfera do cotidiano, numa situação discursiva única e irrepetível, reflete uma realidade concreta expondo o índice de valor inerente a comunicação e destaca dentre todas as possibilidades de caráter semântico e polissêmico da palavra, aquela que a tornará um tema. Assim, um tema é a capacidade de significar a palavra, a forma linguística em signo ideológico, num contexto sócio-histórico que considera todos os elementos exteriores da enunciação e a orientação apreciativa. Mostraremos, então, na organização da expressão “primavera árabe” os elementos linguísticos que a compõem, como tais palavras possuem significação genérica e reiterável, como o nível da infraestrutura reverbera na modificação da expressão como fenômeno ideológico, em seu contexto sócio-histórico, apoiado na estabilidade do signo e dá conta de sua evolução social na superestrutura. Discutiremos que os elementos de todos os níveis imbricados convergem para um entendimento acerca do fenômeno sócio-histórico que representa, conforme propõe os estudos bakhtinianos, não dissociando forma linguística, signo ideológico, condições de interação e organização do corpo social quando da enunciação na qual o tema se realiza. Este estudo está inserido no Grupo de Pesquisa Teorias e Práticas Discursivas e Textuais, na linha Discurso, Gênero e Memória do Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul. 83 O MITO DA CRIAÇÃO DO MUNDO NA LITERATURA DE FICÇÃO CIENTÍFICA: UM ESTUDO DO CONTO THE LAST QUESTION, DE ISAAC ASIMOV Karen Stephanie Melo (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Atik A ficção científica é o gênero que trata da relação do homem com a ciência e tenta, muitas vezes, prever o futuro da humanidade e do mundo. Um tema comum a esse tipo de literatura é a influência do computador e da inteligência artificial no cotidiano e na vida dos homens. Essa questão foi explorada de forma bastante peculiar pelo autor Isaac Asimov, pois seus textos, diferentemente de muitos outros escritos, aproximadamente, no mesmo período, como Do androidsdreamofelectricsheep? (1968), de Philip K. Dick e 2001, Space Odissey(1968), de Arthur C. Clarke, trata a influência das máquinas como algo positivo e benéfico para os seres humanos. Na opinião de Asimov, TheLastQuestion(1956) é o melhor conto já escrito por ele, relatando mais de trezentos milhões de anos na história. O texto mostra a dependência do homem em um supercomputador, que é capaz de responder qualquer questão que lhe seja proposta, exceto uma: como impedir o fim da humanidade e do mundo. Assim, o autor mostra uma vagarosa extinção do homem que, apesar de toda capacidade e meios tecnológicos disponíveis, percebe não ser capaz de evitar o fim da própria existência. Do mesmo modo, observa-se uma progressivo esforço do computador por um auto aprimoramento e pela busca da perfeição. O presente trabalho propõe um estudo do conto de Isaac Asimov, procurando analisar em que medida a narrativa estabelece um diálogo com o relato bíblico da criação do mundo, evidenciando, assim, a visão materialista e o viés científico que esse processo adquire no gênero. 84 ROMANCE MEMORIALISTA E AUTOBIOGRAFIA EM JOSÉ LINS DO REGO Karin Bakke de Araújo (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Alvarez Pela oportunidade privilegiada de contar com um romance ficcional de cunho memorialista e com um texto confessadamente autobiográfico, ambos contendo uma trama que se passa na mesma época e no mesmo local, contemplando a primeira infância de um menino de engenho paraibano até a sua ida para a escola como aluno interno no início do século XX, analisamos as diferenças entre o que o autor considerou como memória autobiográfica, em Meus verdes anos, e o que ele se permitiu acrescentar ou modificar na obra ficcional memorialista, Menino de Engenho. Com base em conceitos desenvolvidos por Antonio Candido e Mikhail Bakhtin, escolhemos dois episódios narrados nas obras em pauta, cotejando suas diferenças significativas, para concluir que, na obra ficcional, que tem como protagonista o menino Carlos de Melo, a ação é cuidadosamente estruturada, notando-se uma priorização dramática. Na obra autobiográfica, ao contrário, os acontecimentos são representados em cenas livremente anunciadas, sem preocupação com seu papel dramático ou com a continuidade da ação. Essa distinção de procedimentos estéticos se comprova na análise dos textos que apresentamos trazendo a solução da construção textual da morte comovente e dramática da mãe e da valentia do menino Carlos de Melo, que minimiza o poder e a força do chefe dos cangaceiros na obra ficcional, o que não acontece no texto autobiográfico: a mãe tem uma morte natural e o menino fica impressionado com o poder e a força do cangaceiro Antônio Silvino. 85 O REALISMO FANTÁSTICO EM A CAUSA SECRETA, DE MACHADO DE ASSIS Karin Juliana de Meira Grava Simioni (UPM) Orientador: Profa. Dra. Aurora Gedra Ruiz Machado de Assis, renomado autor do Realismo brasileiro, destacou-se não somente por suas obras já tão exaustivamente lidas e estudadas por leitores no Brasil e ao redor do mundo (porém, não menos querido e admirado), como também pela publicação no segmento do Realismo Fantástico, o que já viria a ser uma tendência de autores contemporâneos a ele, como Edgar Allan Poe. O objetivo deste trabalho é oferecer um convite para a reflexão sobre o que pode ser verificado na leitura e estudo de A Causa Secreta: o fato de ser um conto tipicamente realista e que se aprofunda no âmbito do Fantástico, o qual, segundo Todorov, demonstra as transformações, enfatizando as perversões nos personagens, mais ainda, expõe ações na narrativa que o leitor, em um primeiro momento, não consegue explicar, interagir, entender, sente estranheza, desconforto, ocorrendo algumas “coincidências”, indo para a vertente do Estranho Puro, acontecimentos que poderiam ser facilmente explicados pelas leis da razão, porém assumem um caráter insólito. Sigmund Freud será mencionado devido a sua contribuição sobre o conceito de “unheimlich” – “(...) o fator essencial na origem do sentimento da estranheza à incerteza intelectual; de maneira que o estranho seria sempre algo que não sabe como abordar”. Estes e outros assuntos relacionados serão esmiuçados, lembrando que a obra não apresenta nada de sobrenatural. Tudo se explica racionalmente, no plano da matéria. O que realmente ocorre são fatos que provocam medo, horror, repugnância, o que não deixa de ser uma provocação para a reflexão, objetivo primeiro de toda obra realista. 86 METODOLOGIA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA PEDAGOGOS: CONCEPÇÕES SOBRE O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA Laísa Gabriela Larcher Crês (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria Elias O presente trabalho apresenta uma reflexão a respeito da formação do Pedagogo para o ensino de Língua Portuguesa nas séries iniciais da escolarização. Será apresentada uma discussão a respeito da identidade do curso de Pedagogia, o qual tem como objetivo, além de preparar o profissional para lidar com o desenvolvimento do sujeito de forma global, inserir o aluno no campo teórico dos conteúdos de ensino. Mesmo sabendo que a qualidade de sua formação para lidar com os fatores psicossociais serão indispensáveis para a garantir um processo de aprendizagem eficaz, também é importante destacar que estes profissionais serão nossos primeiros professores de língua materna, e a forma como foram apresentados no curso de graduação aos objetos de ensino desta disciplina poderá influenciar na qualidade da competência leitora e escritora de nossos alunos. Por meio de uma investigação sobre os principais objetos de ensino das Metodologias de Língua Portuguesa dos cursos de Pedagogia de quatro grandes universidades paulistas, serão apresentados alguns princípios teóricos que permeiam as ementas destas disciplinas, os quais certamente condicionarão a prática dos professores formados nestas instituições a respeito do ensino de língua materna. Para isto, serão utilizadas, sobretudo, as premissas de estudo de Cagliari (2002) sobre alfabetização e linguística, Baldi (2010) sobre leitura e escrita nas séries iniciais e de Koch eElias (2012) a respeito de ler, escrever e compreender. Além disso, será apresentada uma comparação do que os PCN de Língua Portuguesa propõem como objeto de ensino para o Ensino Fundamental I, e se estas universidades contemplam o que é proposto neste documento. 87 A PERTENÇA IDENTITÁRIA NA CONCEPÇÃO DA LINGUAGEM Leila Maria MansiniFiamoncine (UPM) Maíra Bastos dos Santos (Mestre pela UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito Refletir sobre o conceito de Lusofonia e a Identidade linguística de jovens estudantes do ensino médio no Brasil, de escolas e classes sociais diferentes, a partir da exibição do documentário Língua – Vidas em Português. Como suporte teórico os estudos de Stuart Hall (2006) que traz sujeitos da contemporaneidade em um processo de fragmentação. 88 RELEITURAS DO TEXTO BÍBLICO DE II SAMUEL 12. 15-18, 24-25 NAS ARTES PLÁSTICAS DE REMBRANDT E WILLEM DROST Lemuel de Faria Diniz (UPM) Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira Este trabalho pretende discutir as relações transmidiais verificadas na transposição do texto bíblico de II Samuel 12. 15-18, 24-25 e as telas Betsabéia no banho e Betsabé recebe a carta de Davi, respectivamente, de Rembrandt e Willem Drost. A partir da análise do texto bíblico supracitado, objetiva-se conhecer o processo de transposição do texto sagrado para a pintura, valendo-se de uma metodologia comparativa. Dentro desse contexto vigente, há que se considerar que, segundo Irina Rajewskyi (2005, p. 56), teórica da Intermidialidade, a transposição midiática é o processo “genético” de converter um texto composto em uma mídia em outra mídia, conforme as possibilidades materiais e as convenções vigentes dessa nova mídia. Assim, o texto “original” [um texto literário, um filme, etc.] é a “fonte” do novo texto [textoalvo] na outra mídia. Nestes termos, observa-se que, no âmbito desta análise, o texto literário-bíblico é a “fonte” midiática para a criação das telas dos pintores, ambos holandeses. Dentre os resultados obtidos, têm-se a constatação de que em ambos os quadros a narratividade presente fica implícita no repertório de leitura de cada espectador, que precisa considerar que a carta que tanto Rembrandt como Willem Drost colocam na mão de BateSeba não é descrita no texto veterotestamentário, embora sua existência talvez possa ser subentendida quando se lê que Davi enviou os mensageiros dele para levar a bela mulher ao palácio. Hipóteses à parte, o que interessa nesse ponto é que o engenhoso artifício do pintor contém uma condensação narrativa que se assemelha à técnica bíblica de sumarizar determinados acontecimentos com o objetivo de acentuar um sentido específico. 89 DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS: IDENTIFICAÇÃO, ESTRANHAMENTO E A IMAGEM DO PROFESSOR EM “TRAPO” DE CRISTOVÃO TEZZA Leni Soares Vieira Fernandes (UPM) Orientador: Prof. Dr. João Cesário Leonel Ferreira O objetivo do trabalho é analisar a imagem do professor na obra “Trapo” de CristovãoTezza: a razão pela escolha desse papel social como identidade do protagonista e como essa identidade é construída. Considerando, principalmente, o discurso do protagonista, um professor aposentado, observamos sua transformação nessa metaficção: sua vida muda drasticamente quando Trapo, um rebelde adolescente poeta se suicida. Incorporando conceitos teóricos sobre identidade na pós modernidade de Stuart Hall e sobre a função social do educador de acordo com Paulo Freire, estudamos as duas vozes narrativas de perspectivas diferentes que se mesclam, concatenando a narrativa sobre a vida do professor Manuel com cartas, poemas e bilhetes escritos por Trapo. Analisamos a relevante reconstrução da identidade de Manuel a partir do momento em que olha para dentro de si mesmo e, também presta atenção na impressão que causa às pessoas a sua volta. A interação pessoal ou através da coletânea de escritos que lhe caem nas mãos, com pessoas diferentes pela faixa etária, cultura, formação e personalidade, abala sua existência e Manuel vê-se impulsionado a reformular seus conceitos e adotar uma postura mais aberta a pessoas, atividades e comportamentos novos. É exatamente este aspecto que é visto por Hall como uma característica do homem contemporâneo: não temos uma identidade essencial ou permanente. O professor conscientiza-se de que viveu até aquele momento apenas de acordo com o que os outros esperavam dele, sem desfrutar da convivência com os alunos, por exemplo, para aprender também e que apenas passou conhecimentos adiante, e não realmente ensinou seus alunos. Faltou a Manuel, o que Paulo Freire chama de reflexão crítica, não apenas sobre sua prática docente, mas também sobre sua vida. O professor compreende que sua identidade pode ser ampliada e que tem a possibilidade de optar por novas formas de viver. 90 DO LIVRO À TELEVISÃO: O PERCURSO DE MEMORIAL DE MARIA MOURA. Lídia Carla Holanda Alcântara (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik O presente trabalho tem como objetivo estudar a transposição do romance de Rachel de Queiroz, intitulado Memorial de Maria Moura, publicado em 1992, para a minissérie televisiva da Rede Globo de mesmo título, a qual foi ao ar em 1994. Para a realização desta pesquisa, serão utilizados teóricos que falaram sobre a transposição de obras da literatura para as telas da televisão (e do cinema), como Ana Balogh, Randal Johnson, Tânia Pellegrini e Ismail Xavier. Além disso, pela obra em questão ser uma minissérie, será traçado um pequeno percurso sobre as minisséries no Brasil, bem como um breve estudo sobre as adaptações feitas para esse gênero de programa televisivo, visto que “dentro da tradição das minisséries brasileiras, que é posterior a das novelas, mas também está bem sedimentada, a adaptação tem sido uma das estratégias mais frequentes” (BALOGH, 2002, p. 130). Será, também, abordada a questão da fidelidade, o quão importante é (ou se é, de fato, importante) a obra transposta ser igual ou muito semelhante à obra escrita, levando em conta que, como afirmou Johnson (2003, p. 42), “a insistência na ‘fidelidade’ [...] ignora diferenças essenciais entre os dois meios”. Como, afinal, transpor para as telas algo tão subjetivo e poético como a literatura? Como fazer isso sem, de fato, perder a poeticidade, a essência de uma obra? Será que é possível? Como fazer a aproximação entre esses dois meios? Essas são algumas das perguntas que servirão de base e nortearão este trabalho, o qual estudará como as palavras se traduzem para a pequena tela, como acontece “a passagem de um texto caracterizado por uma substância de expressão homogênea – a palavra – para um texto no qual convivem substâncias de expressão heterogêneas [...]” (BALOGH, 2004, p. 48). 91 DISCURSO E PRÁTICA DOCENTE: A APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA Luci FumikoMatsu Chaves (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos Este trabalho é parte da experiência desta educadora e apresenta resultados parciais de uma pesquisa com professores de uma Instituição Privada do Ensino Superior do Distrito Federal. Propostas de reformas educacionais na última década do Séc. XX apontam mudanças para atender às demandas de uma nova sociedade. Os reflexos advindos dessa circunstância atingem a aprendizagem podendo ocorrer fragilização, inconstância e ineficácia desta prática pedagógica. O cenário educacional carece de políticas educacionais que sustentem a necessidade da formação inicial e continuada, bem como a adaptação a um novo modelo de educação que atenda às exigências da pósmodernidade. Daí, esta pesquisa busca refletir sobre a Condição docente: discurso e prática do professor do Ensino Superior – a aproximação necessária -, serão discutidos aspectos relacionados à importância da interação do discurso do docente do ensino superior com sua prática pedagógica. A base teórica sobre prática pedagógica e discurso está fundamentada em Freire (1976, 1977, 1987, 1992, 2005) e em Fairclough (2008). Que repercussões dialógicas são evidenciadas na prática pedagógica dos professores pesquisados? OBJETIVOS: Refletir sobre a Condição docente: discurso e prática do professor do Ensino Superior – a aproximação necessária -, serão discutidos aspectos relacionados à importância da interação do discurso do docente do ensino superior com sua prática pedagógica. É um estudo de natureza qualitativa, que prevê como técnicas de pesquisa: análise documental, questionários com questões fechadas e/ou abertas para os sujeitos que a compõe somam 16 professores de uma Instituição do Ensino Superior Privado de Brasília/DF (oferta os cursos de licenciaturas e bacharelados nas áreas das ciências humanas, exatas e biológicas, e pertence à rede de ensino superior privado do Distrito Federal), e 32 alunos, sendo dois de cada um destes professores pesquisados. A pesquisa encontra-se na fase de análise documental, iniciando, também, a análise dos dados coletados até o momento. Esta análise preliminar e parcial trata do documento oficial da 92 Avaliação Institucional, as variáveis selecionadas foram as relacionadas a situações da prática pedagógica. Os resultados parciais apontam para a necessidade da interação entre discurso e prática docente. 93 A VIOLÊNCIA EM A COR PÚRPURA: SUA REPRESENTAÇÃO EM LIVRO E FILME Luciana DuenhaDimitrov Orientador Dra. Helena Bonito Couto Pereira Ao se considerar a assertiva de Marco Abel (2007) em que este atenta para o fato de que é a própria obra de arte que propicia um contexto que nos permite entender adequadamente uma dada situação histórica, a inaceitável mutilação feminina relatada porNettie em A cor púrpura (Walker, 1982 – Spielberg, 1985) se torna, ironicamente, aceitável. Vivendo na África há décadas, em uma das cartas que escreve a Celie, Nettie, pesarosamente, revela à irmã a incapacidade dos missionários em ter “(...) ajudado a parar (...) a marcação ou corte tribal nas faces das jovens mulheres [Olinka]” (WALKER, 1982, p.177). Os trechos desta e de outras cartas em que a mutilação e suas consequências são descritas trazem à tona imagens violentas que acabam por se tornar positivas, ao se considerar o quão precisamente refletem o mundo que representam, assim como o contexto dentro do qual a dada violência ocorre (ABEL, 2007, p.xii). No entanto, os estudos sobre a adaptação cinematográfica revelam, entre outras questões, que “a imagem tem (...) seus próprios códigos de interação com o espectador, diversos daqueles que a palavra escrita estabelece com o seu leitor” (PELLEGRINI, 2003, p.16). Outra questão evidenciada no estudo de adaptações é que ao passo que a obra literária significa, a obra fílmica expressa (JOHNSON,1982, p.15). Ora, torna-se, então, evidente que a violência sofrida pelas mulheres daquela tribo africana descrita no romance de Alice Walker é (re)apresentada de maneira distinta no filme de Steven Spielberg. Tomando como base essa violência, o objetivo desse breve estudo consiste, assim, em estabelecer algumas das confluências e das divergências existentes entre tal representação na obra literária e na obra fílmica. 94 AS ANÁFORAS INDIRETAS NA FORMAÇÃO DA REDE REFERENCIAL: UMA ANÁLISE EM SEQUÊNCIAS TEXTUAIS DE ROMANCES BRASILEIROS Luciana Ribeiro de Souza (UPM/FAPESP) Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena de Moura Neves A rede referencial de um enunciado é constituída por elementos fóricos (sintagmas, pronomes, zero) que uma vez introduzidos no texto podem ou não serem retomados. A retomada de um elemento fórico por outro do texto pode ocorrer de forma explícita ou implícita. No primeiro caso, configura-se uma anáfora direta (quando um elemento do texto mantém uma relação estrita com outro(s) elemento(s) do texto), enquanto, no segundo caso, institui-se uma anáfora indireta, que se caracteriza “pelo fato de não existir no cotexto um antecedente explícito, mas, sim, um elemento de relação que se pode denominar de âncora e que é decisivo para a interpretação” (KOCH; ELIAS, 2012: 128). A anáfora indireta é uma estratégia endofórica de ativação de referentes novos e não uma reativação de referentes já conhecidos, o que constitui um processo de referenciação implícita (MARCUSCHI, 2001). Partindo desses pressupostos, este trabalho tem por objetivo verificar como são instituídas as anáforas indiretas no estabelecimento da rede referencial de diferentes sequências textuais (descritiva e dissertativa) de romances brasileiros. A busca inclui uma interpretação sobre a contribuição desse processo remissivo para manter a continuidade e o sentido do enunciado. 95 HIPERTEXTO – COGNIÇÃO POR MEIO DO CONTEXTO E DA INTERAÇÃO Luciene Oliveira Costa dos Santos (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Vanda Maria Elias da Silva Diante da evolução tecnológica em vigor, este trabalho parte do interesse em entender como se dá a articulação entre hipertexto, contexto e interação. A base teórica utilizada é fundamentada em obras de Bakthin (1997); Charlot (2000); Hanks (2008); Marcuschi (2004); Marquesi, Cabral, Elias e Villela (2010); Lévy(1995); Van Dijk (1992). Dessa forma, esta comunicação expõe uma breve reflexão sobre as novas lógicas que regem a linguagem a partir da utilização do hipertexto, o qual se apresenta fundamentalmente baseado na interação. Além disso, ela discute o quanto o contexto influencia essa escrita virtual, seja na produção, seja na recepção. Isso confirma a pertinência temática que este estudo traz. Na interação por meio da escrita em ambiente virtual são estabelecidas estratégias comunicativas voltadas tanto para reprodução cultural como também para renovação. Diferente do que se tinha como ambiente de escrita em momentos anteriores, o meio virtual implica, no hipertexto, a compreensão de novo modo de escrita, de novas práticas, de novos processos de construção de conhecimento. Estruturado sobre relações, sobre conexões, como já foi dito, o hipertexto existe num processo de interlocução, de diálogo, que se estabelece entre o sujeito e o texto. Estudo bibliográfico de caráter ensaístico, este trabalho não pretende esgotar o tema, mas sim direcionar um aprofundamento de pesquisa e uma ampliação do debate apresentado. Enfim, neste resumo, a breve análise é um ponto de partida para a compreensão de três aspectos fundamentais: de que maneira o texto digital demanda novas práticas e novas estruturas de linguagem, como se dá a influência do contexto sobre o hipertexto e, dentre esses dois últimos elementos, em que nível de importância está a interação. 96 A HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA CABO-VERDIANA RELATADA EM MÚSICA Ludmila Jones Arruda (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito Inserido nos estudos de Lusofonia, o presente trabalho pretende analisar alguns aspectos históricos presentes na música de intervenção Cabo- Verdiana compostas entre 1935-1975, período em que compreende o Estado Novo em Portugal. O retrospecto da colonização portuguesa e as condições impostas às colônias nesse período resultaram na luta dos povos africanos pela independência. Com o objetivo de reafirmar a sua identidade, Cabo Verde, revela em suas produções culturais e literárias valores que mais o caracterizam – tais como a mestiçagem e a questão linguística – elevando o que é africano e o que de fato faz parte da vida do cabo-verdiano. É importante salientar, que muitas dessas canções de protesto só chegaram ao conhecimento do público após a Revolução dos Cravos, ocorrida em abril de 1974, devido à censuraimposta pelo governo salazarista. Ainda nesse período, na última fase da colonização portuguesa, por razões várias, como a fome, a seca e a falta de trabalho, o povo cabo-verdiano foi obrigado a emigrar em busca de melhores condições de vida. Com base nas pesquisas de António Carreira (1984), e nos estudos de Gabriel Fernandes (2002; 2006) e Leila Hernandez (2002), pretende-se discutir os principais motivos e os destinos procurados pelos ilhéus nessa fase, para que se possa, a partir dos conceitos de identidade e os aspectos históricos vividos no país, compreender a letra e o tema das canções de intervenção contidas no CD “Música de Intervenção Cabo-Verdiana”, lançado em 1999. Ressalta-se que a música de Cabo Verde é mundialmente conhecida tornando-se um dos aspectos culturais mais valorizados do país. 97 “ENTRE ASPAS”: UMA ANÁLISE DAS FUNÇÕES METAENUNCIATIVAS DAS ASPAS EM EDITORIAIS DOS JORNAIS AGORA SÃO PAULO E FOLHA DE S. PAULO Marcelo Fleuri de Barros (UPM) Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert A linguagem é constitutivamente heterogênea, podendo essa heterogeneidade se mostrar ou não no fio dos discursos. São variadas as formas de ela se mostrar, destacando-se, entre elas, o uso das aspas. Trata-se de um recurso aparentemente corriqueiro e simples, mas suas funções na construção dos sentidos dos textos são complexas e nem sempre fáceis de identificar por parte dos leitores. Na comunicação que faremos, tendo como base a dissertação de Mestrado que estamos concluindo, pretendemos identificar alguns desses usos, particularmente do ponto de vista de suas funções. Faremos essa identificação em editoriais de jornais, especificamente em editoriais da Folha de S. Paulo e do jornal Agora São Paulo. Para nosso estudo constituímos um corpus de editoriais que, nos dois jornais, no mesmo dia, tratassem do mesmo tema. A escolha dos dois jornais se deveu ao fato de um e outro se destinarem a leitores com características distintas, isto é, em princípio, com competências leitoras diferentes. Ora, essa diferença determina que os jornais construam seus textos com características distintas para um e outro público leitor, seja no que respeita à escolha dos recursos lexicais, seja no que se refere às estratégias sintáticas e outras. Diante disso, sabendo que a compreensão e a interpretação metaenunciativa das aspas é de responsabilidade e competência do leitor, partimos da hipótese de que também é distinto o emprego das aspas em um e outro jornal. Detectar as diferenças desse emprego em editoriais desses jornais, na perspectiva da competência interpretativa de seus leitores, é o grande objetivo de nossa dissertação. Em nossa comunicação queremos expor alguns aspectos de nosso trabalho. 98 CAOS URBANO E CONTEMPORANEIDADE NOS CONTOS DE MARCELINO FREIRE Márcia Moreira Pereira (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira A literatura brasileira contemporânea apresenta perspectivas diversas, possibilita abordagens distintas, dialoga com variados modos de representação. Se o percurso dessa literatura for estabelecido em tempo cronológico, por exemplo, ela se torna ainda mais multifacetada; nota-se essa questão em momentos históricos pelos quais passamos da década de 1950 para cá. Em termos de definição da literatura brasileira contemporânea, há, contudo, um elemento que parte da crítica define como uma espécie de catalisador das obras e autores que a compõem: a representação do espaço urbano. Passamos, de algumas décadas para cá, por grandes transformações, muitas delas ligadas à cidade grande, como a vinda do homem do campo para capital, as inquietações e perturbações dos indivíduos que vivem nesses grandes centros e o hibridismo presente neles. Desse modo, nota-se que o espaço urbano representado na literatura contemporânea já não é mais o local ameno e estático de outros tempos (PELLEGRINI, 2008), local muitas vezes representado como mero pano de fundo em literaturas anteriores; o espaço agora é a cidade grande com todas suas distorções e com heterogeneidade. A proposta dessa comunicação é analisar alguns contos de um dos nome de expressão dessa tendência literária: Marcelino Freire. Pretendemos, nesse sentido, analisar os contos "Da paz" (de Rasif - Mar que arrebenta, 2008) e "Crime" (de Amar é crime, 2010), privilegiando questões diversas como urbanidade, identidade, violência, opressão, transgressão e oralidade, sob a perspectiva, de um lado, da teoria dos estudos culturais (PRYSTHON, 2003; BONNICI, 2005) e, de outro, da pós-modernidade (PELLEGRINI, 2008; AUGÉ, 1994; HALL, 2003; SANTOS, 2000). Enfatizaremos aspectos próprios da realidade urbana, não apenas como tema das narrativas analisadas, mas como elementos que configuram tanto sua estrutura ficcional (personagens, tempo, espaço etc.) quanto sua escritura literária (PELLEGRINI, 2008; SCHOLLHAMMER, 2009; PINTO, 2012; GOMES, 2000). 99 DIALOGISMO EM “NUNCA APOSTE SUA CABEÇA COM O DIABO – CONTO MORAL” Maria da Luz Alves Pereira (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Lílian Lopondo O presente trabalho propõe fazer uma análise do conto “Nunca aposte sua cabeça com o diabo — conto moral”, de Edgar Allan Poe (1809-1849), a fim de observar e descrever a sua relação dialógica com o gênero fábula.Essecontonarra a história de um sujeito que aposta a cabeça com o diabo e acaba perdendo a aposta. O narrador homodiegético, que tem destaque como personagem secundária estreitamente solidária à central, é amigo da personagem protagonista, o Sr. TobbyDammit, um homem de “bomhumor”, que tem muitos vícios. O pior deles é ser afeito às apostas, prática que o leva à morte. Ao atribuir ao título a moral, o enunciador convida o enunciatário para adentrar um recinto tão aplaudido e conhecido. A expressão explicativa — conto moral — vem a ser um convite ao enunciatário a respeito do gênero fábula, e o que está grafado levanta a questão se se poderia ser uma narrativa tradicional ou não. Com versatilidade, o que o enunciatário pretende enunciar constitui, portanto, outro modo narrativo, que poderia ter sido conferido às fábulas tradicionais. Partindo da verificação das inversões, dos acréscimos, das supressões, dos deslocamentos e da cosmovisão do texto matriz, pretende-se chegar à identificação das relações dialógicas entre o texto de Poe e o gênero fábula. Elegemos como referencial teórico os estudos de Mikhail Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da linguagem (1988) e Estética da criação verbal (2010). Este trabalho justifica-se por ser parte integrante da minha tese e porque pretende contribuir para a compreensão do dialogismo em Poe. 100 EDUCAÇÃO E LEITURA DIALÓGICAS: RESSONÂNCIAS DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE E DE M. BAKHTIN Maria de Fátima Xavier da Anunciação de Almeida (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos Neste trabalho, realizamos uma reflexão teórica para pensarmos nas ressonâncias trazidas pelas teorias de educação e de leitura que fossem bases à prática educativa do/a professor/a de português. Apropriamo-nos dos referenciais de educação de Paulo Freire e do pensamento filosófico-linguístico de M. Bakhtin e de pensadores de seu Círculo linguístico, uma vez que o/a professor/a de português, no continuum de sua formação, necessita de se apropriar de teorias de educação e de leitura para fundamentar a sua prática docente. Assim, saberá o que ensinar, para que e por que ensinar leitura(s) na escola. O trabalho pedagógico do/a professor/a de língua materna com a leitura na escola, prescinde de teorias de leitura e de educação para fundamentar a prática docente. Isso significa dizer que em toda prática educativa há um posicionamento político, pois não existe prática educativa neutra, apolítica. (FREIRE, 2001) Demonstramos a nossa tese apresentando os fundamentos de educação de Freire e de leitura (linguagem) de Bakhtin. A dialogicidade, para Freire (2013) é a essência da educação como prática da liberdade, da educação problematizadora. Desse modo, o diálogo é um fenômeno humano, que se configura na palavra, sendo essa um meio para que o realize. Já M. Bakhtin teoriza a leitura como compreensão responsiva, por isso, ativa, do tema da enunciação, ou seja, no ato de ler – compreender/construir sentidos - o leitor necessita compreender os sentidos completos, únicos da enunciação dentro do contexto de sua produção. As ressonâncias das teorias de educação em Paulo Freire e de leitura (linguagem) em Bakhtin, que podem fundamentar a prática educativa do/a professor/a de português, ao trabalhar a leitura na escola, mostram-nos concepção de diálogos distintos, entretanto, são fundamentos teóricos que tratam o homem como sujeito ativo e crítico diante do conhecimento e da produção de sentidos. 101 DOIS NARRADORES E UMA NARRATIVA: UMA LEITURA DO DUPLO EM UM SOPRO DE VIDA, DE CLARICE LISPECTOR Maria Eloísa de Souza Ivan (UPM/Uni-FACEF) Orientadora: Profa. Dra. Maria Luíza Guarnieri Atik Iniciado em 1974, o livro póstumo Um sopro de vida (pulsações), de Clarice Lispector, vem a público em 1978. Escrito “em agonia” (Borelli, 1981), a obra retoma a densidade introspectiva que caracteriza a escrita clariceana, repete o paradoxo existencial vida e morte tão recorrente em sua obra, revela-se como obra de princípio e fim, uno e múltiplo, enfim, nos guia por vários caminhos conhecidos, ou não. Assim, neste projeto, retomamos aspectos os quais não foram explorados na nossa pesquisa de mestrado por não fazerem parte dos objetivos daquele trabalho, mas que foram percebidos como relevantes para um estudo posterior. Dentre eles, podemos citar a manifestação do duplo como elemento estruturante da narrativaUm sopro de vida (pulsações),1978, escolhida como corpus desta pesquisa. A temática do duplo sempre esteve presente na cultura ocidental, variando de acordo com o momento histórico. Renovado na modernidade, o mito do duplo também revela o homem estilhaçado, tendo como uma de suas possíveis representações a cisão do Eu em um “ego” e um “alter ego”. Desse modo, orientando-nos pelas reflexões de Rank, Clément Rosset, Bravo, entre outros, a pesquisa que aqui se apresenta propõe, como questionamento, investigar de que modo a imagem do duplo se materializa como um elemento estruturante da narrativa clariceana, mais especificamente em Um sopro de vida, e em que medida esse recurso discursivo se manifesta no contraponto Autor-narrador/Ângela Pralini, seu duplo, investigando também como esse narrador se manifesta nas oscilações de pessoa, na ampliação da função de narrar, nas escolhas vocabulares, no viés adotado: quem é o duplo de quem? 102 EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA: UMA POSSIBILIDADE Maria Inês Francisca Ciríaco (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito O objetivo deste trabalho é refletir sobre questões que permeiam o pensamento do educador e filósofo Paulo Freire acerca da proposta de uma prática educativa problematizadora. Pensar sobre educação num momento em que a sociedade vive imersa em um sistema capitalista, midiático e manipulador, dominado por forte aparelho ideológico com base na alienação e controle, fortalecendo as diferenças e a desigualdade entre os indivíduos, fruto da ambição humana, não é algo simples, de maneira que, discutir a educação brasileira é pensar em liberdade, inclusão social, valores humanos, reflexão e criticidade, formando cidadãos conscientes de seus papéis na transformação da sociedade, não somente através de habilidades técnicas, mas também da solidariedade, responsabilidade e criatividade. Dessa forma, para melhor compreendermos esta situação tomaremos como suporte teórico alguns conceitos propostos pelo autor, na perspectiva da construção de uma educação que vá além da dita “bancária”, e que permita mesmo numa sociedade marcada pelo capitalismo exacerbado, excludente e dominador, estabelecer relações dialógicas que proporcionem uma educação verdadeiramente libertária, desenvolvendo nos indivíduos a capacidade de reflexão crítica sobre si mesmos e sobre o mundo, a fim de se transformarem assim como a realidade que os cercam. 103 OS SENTIDOS DO OLHAR SOBRE A IDENTIDADE: DIEGO RIVERA E OCTAVIO PAZ Mariana Calvo Mozer Manzieri Camilla Cafuoco Moreno (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Gloria Carneiro do Amaral O presente trabalho desenvolve o diálogo existente entre textos de naturezas distintas, ou seja, estuda o dialogismo existente na literatura e na pintura mural. Para tanto, utiliza-se, como corpus de análise, um capítulo que compõe o livro El laberinto de lasoledad, de Octavio Paz, intitulado “De laindependencia a larevolución”, em que o autor propõe uma reflexão sobre a constituição da formação identitária e ideológica do ser mexicano do século XX. Como corpus de análise imagética estão presentes dois murais de Diego Rivera, intitulados The marriageoftheartistic expression. Of the North and South of the continent e La lluvia. A base teórica utilizada para o desenvolvimento do trabalho compreende autores que discutem questões políticas, identitárias e ensaísticas, tais como Krauze, Fuentes e Vasconcellos, e autores que discutem a questão dialógica e intertextual, como Bakthin, Ferrara, Kristeva e Barros. Para embasar a análise imagética, recorreu-se às considerações de Gomes Filho, Dondis, Arnhei e, Manguel. 104 O DISCURSO ANTIMARXISTA EM MAFALDA Mariana Fogaça Calviño (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan Pelegrino O trabalho analisa o discurso antimarxista em uma das tirinhas da personagem Mafalda, do autor argentino Quino. Por meio de pensamentos de Bakhtin e Volochínov, a proposta apresenta como a personagem é influenciada pela ordem sócio-política vigente e como repudia a teoria reacionária de Karl Marx, dialogando com questões históricas e sociais. Os quadrinhos de Mafalda retratam as suas indagações: ela questiona o efeito estufa, a política nacional, os acordos internacionais, o capitalismo, mas também o socialismo, enfim, indagar é o que ela faz de melhor. E um destes temas construídos sutilmente em Mafalda é o que será chamado de “Elemento Reacionário” – que seria uma das ideias defendidas por Marx – mas a personagem o critica, enaltecendo o “Elemento Revolucionário”. Se todo signo é ideológico, todo discurso também o é. E o objeto de estudo deste trabalho está preenchido com uma ideologia antimarxista e antirreacionária, que refuta o Elemento Revolucionário. É importante destacar que a palavra Revolução é trabalhada desde a época de Aristóteles, mas o Elemento Reacionário é algo advindo do Socialismo Reacionário de Marx. E para comprovar o dialogismo no discurso de Mafalda, são apresentadas respostas às indagações sobre “Como a personagem foi influenciada a pensar de maneira revolucionária?”, “Por que ela critica o modelo reacionário?” e “Qual a influência de Marx no seu discurso?”. 105 AS MARCAS DO INSÓLITO NA NARRATIVA DE JOSÉ J. VEIGA. Marleide Santana Paes (UPM) Orientadora:Profa. Dra. Glória Carneiro do Amaral A proposta do projeto de pesquisa é a compreensão literária com vertentes narrativas sob as bases do insólito, visando perscrutar os avatares do argumento “supra-real” na produção literária contemporânea, bem como o efeito estético que estas obras podem ter sob o leitor. Desde século XIX até a contemporaneidade muitas foram as teorias desenvolvidas acerca da Literatura Fantástica, não obstante, por mais discussões que o campo da teoria literária tenha promovido a respeito do referido tema, ainda existem muitas arestas propensas a longos embates sobre os limites de tal gênero cujo argumento narrativo transita sobre as bases do insólito. A obra literária escolhida neste trabalho para ser analisados os marcadores do fantástico na ficção literária é Torvelinho Dia e Noite (1985) do autor Goiano José J. Veiga.Pretendeseaveriguar os princípios que regem o insólito na literatura contemporânea a partir da presença de elementos fantástico e /ou maravilhoso, mas que dialoga com as diversificadas construções de identidades que podem ser reveladoras do caráter do homem contemporâneo, confuso, perante uma sociedade efetivamente fragmentada que tem como referencial um mundo prosaico em cujo insólito é concomitantemente operante. 106 CRÔNICA JORNALÍSTICA: O GÊNERO JORNALÍSTICO POR EXCELÊNCIA Milton Gabriel Junior (PUC/SP) Orientadora: Profa. Dra. Regina Célia Pagliuchi da Silveira Esta comunicação está situada na área da Análise Crítica do Discurso, Linguística Textual-Discursiva e da sócio-retórica e tem por objetivo analisar as sequências textuais nos textos denominados colunas, a fim de verificar se pertencem ao gênero crônica; além de investigar e apresentar como as crônicas jornalísticas se organizam no plano textual-discursivo verificando se esses textos se tipificaram em um novo conjunto de gêneros. Tem –se por pressupostos inter-relacionar os postulados de Bazerman (2009), os esquemas textuais-discursivos de Adam (2010) e as categorias analíticas Discurso, Sociedade e Cognição da Análise Crítica do Discurso, van Dijk (1990, 1997, 2012). Focaliza-se no material utilizado, colunas dos jornais paulistanos.O método adotado para análise é o teórico-analítico. Justifica-se a análise, uma vez que os estudos realizados sobre as crônicas nacionais apenas trataram de sua organização textual ou da materialidade linguística “guiada” pela situação de enunciação, não há um estudo que inter-relacione a linguística textual e a linguística do discurso buscando apresentar a construção textual-discursiva das crônicas jornalísticas, apresentando assim a composição do plano descritivo da estrutura composicional, das tipologias, das sequências típicas e assim compreender os aspectos da materialidade linguística, o que levou a recategorização do gênero crônica. Os resultados obtidos indicam que a crônica está em mutação, agindo e interagindo no meio social ao criar realidades ou fatos sociais.As crônicas jornalísticas constituem ações sociais construídas pela linguagem, uma vez que cria um sistema de valores e significações através do texto produzido.Ao analisar as ações sociais, conseguimos verificar os mecanismos de textualização delimitando o interdiscurso, o intertexto e o gênero, constatando que a crônica possui função e lugar social específico, com valor recorrente, ao criar um sistema de valores e significações construídas na sua organização textual-discursiva. 107 ARGUMENTOS RETÓRICOS E ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO DO ETHOSDO ANUNCIANTE NA PROPAGANDA INSTITUCIONAL: UMA QUESTÃO DE LEITURA Mônica Mendes e Silva Rocha (UNICSUL) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lucia Tinoco Cabral O presente estudo situa-se na linha de pesquisa Texto, Discurso e Ensino: processos de leitura de produção do texto escrito e falado, e tem como tema Argumentos Retórico e Estratégias Linguísticas na Construção do ethos do Anunciante na Propaganda Institucional, tendo em vista a leitura na escola. Justificamos a escolha do tema com base na constatação das dificuldades enfrentadas por alunos do ensino básico diante da leitura de textos argumentativos e nas recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais em Língua Portuguesa, que destacam a importância da formação de um leitor critico. O trabalho objetiva buscar elementos que possam contribuir para a formação do leitor crítico, especificamente, para leitura de textos argumentativos. Para tanto, apresenta o levantamento e análise de argumentos retóricos e de estratégias linguísticas que concorrem para a construção do ethos do anunciante em um corpus de propagandas institucionais. O trabalho fundamenta-se na Linguística Textual (Koch 2002, Vilela 1999, Marcuschi); na Nova Retórica (Perelman&Olbrechts-Tyteca 2002, Reboul 2004, Abreu 2006), considerando uma visão discursiva (Bakhtin 2003, Maingueneau 2004, Amossy 2005) e enunciativa da linguagem (Kerbrat-Orecchioni 1997). A pesquisa possibilita verificar, em corpus composto de quatro propagandas institucionais, argumentos retóricos baseados na estrutura do real, articuladores textuais e estratégias de modalização, explorando como esses elementos concorrem para a construção do ethos do anunciante. Considerando a amplitude do tema o trabalho abre novas perspectivas para o ensino da leitura e para novas pesquisas na área. 108 KANIMAMBO, MOÇAMBIQUE! TERRA DE FONES LUSOS E COSMOVISÃO BANTU Nancy A. Arakaki (PUC/SP) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Unindo-nos à corrente lusófona daqueles que acreditam que a Língua Portuguesa não é de ninguém, é de todos aqueles que amam expressar-se nessa língua também em espaços bantófonos, elaboramos uma breve reflexão sobre o Português Moçambicano (PM): uma variedade do Português que floresceu em Moçambique enriquecido pelo substrato bantu. Para atender nosso objetivo, escolhemos a obra “Léxico de usos de Armando Jorge Lopes (AJL)” e procuramos realizar uma análise crítica à luz dos pressupostos metodológicos da Historiografia Linguística (Koerner, 1996). Sendo assim, traçamos o “clima de opinião” do período em que AJL produz sua obra - final do século XX – considerando a viabilidade de estudo historiográfico do tempo presente porque sustentado pelo rigor metodológico e teórico (Bastos & Palma, 2008) da Sociolinguística (Preti, 2003, Elia, 1987) cujos parâmetros serviram à arquitetura da mesma. Buscamos extrair da referida obra traços distintivos que contrastam a variedade PM das variedades PE (Português Europeu) e PB (Português Brasileiro). Cientes de que justapor todas as variedades da Língua Portuguesa equivale à simples apresentação de um conjunto heteróclito (Elia, 1987) que em nada contribui para a distinção do PM historicamente constituído, optamos por distinguir no léxico o complexo fenômeno linguístico de moçambicanidade – fones lusos e cosmovisão bantu - que distingue essa variedade (PM) das demais. 109 CONTRIBUIÇÕES PORTUGUESAS ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA EM FOCO (PARTE II) Nelci Vieira de Lima (IP-PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Barbosa Bastos Objetivamos, sob uma perspectiva histórica, refletir sobre os caminhos da formação do professor de língua portuguesa, como língua materna, no Brasil e em Portugal. Dessa forma, pretendemos comparar os dois quadros de formação docente, a fim de responder ao seguinte questionamento: Em que medida as práticas pedagógicas e a formação do professor em Portugal podem contribuir, e até mesmo servir como modelo, para o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas e para a formação do professor brasileiro? Podemos, então, afirmar que a prática pedagógica portuguesa, no tocante à formação inicial para a docência, traz-nos como nova perspectiva a questão da autoavaliação, como prática reflexiva e crítica, capaz de dar bases ao professor para um melhor desempenho profissional. Sendo assim, procedemos à seguinte divisão didática deste artigo: a introdução, nomeada Considerações Iniciais; tópico 1. A formação do professor brasileiro na perspectiva histórica, no qual sintetizamos os caminhos da formação docente em nosso país desde o período colonial até os nossos dias; tópico 2. Realidades pedagógicas de alémmar: a formação do professor em Portugal, como no tópico anterior, neste, traçamos uma breve síntese do percurso histórico da formação do professor em Portugal; Considerações finais, na qual apresentamos as possíveis contribuições portuguesas às nossas práticas pedagógicas e ressaltamos que as realidades são distantes, as aproximações possíveis, mas a interlocução é necessária. Após a análise, concluímos que apenas a observação não altera a prática docente, pois a mudança decorre da sua autoavaliação. Ao refletir sobre sua atuação - mediante a observação feita pelos colegas - o profissional poderá ajustar suas estratégias e seu modo de conduzir a aula. Dessa forma, é fundamental afirmar que o trabalho de observação somente será produtivo se o professor observado aceitar as intervenções como críticas construtivas à sua prática, contribuindo, assim, positivamente para sua formação. 110 FANFICS: O ROMANCE ONLINE Nicolle Lemos (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Trevisan Seja pelo viés da leitura, seja pelo viés da autoria, há uma ferramenta poderosa usada pelo ser humano para romper paradigmas e saciar o imaginário: a ficção. Dentro da esfera ficcional, múltiplas possibilidades narrativas se revelam. E dentre elas, emergem as fanfics. Produções literárias comuns entre os adolescentes, redigidas e divulgadas por eles, as fanficsse caracterizam pelo amplo espírito criativo, frequentemente baseado no desejo do autor de dar continuidade a obras já existentes (seriados televisivos, filmes, livros) ou de “romancear” a vida de uma figura a quem admira (um grupo musical, um artista ou até mesmo um personagem). Por se tratar de um desejo compartilhado com muitos dos leitores, a relação estabelecida entre eles e os autores revela uma identificação e uma ausência de hierarquia incomuns nas conexões clássicas vistas entre autor, leitor e texto. A organização editorial e os recursos literários utilizados na concepção e publicação das histórias, sempre feitas na internet, em sites voltados exclusivamente para interessados em fanfics, também constituem um fenômeno que merece olhar atento. O estudo proposto tem como intuito, portanto, a apresentação e análise de uma fanfic, bem como de seu contexto estrutural e alcance, avaliando a perspectiva que orienta este tipo de produção textual e a reciprocidade do público. Finalmente, é pertinente aqui também a discussão do valor estético de tais produções e o espaço que ocupam no universo literário contemporâneo. Visto que o reconhecimento editorial e a publicação destes textos se tornam cada vez mais intensos, é importante olhar tais produções sob a perspectiva de critérios tidos como legitimadores no âmbito literário. 111 O DESENVOLVIMENTO DA LITERACIA MULTIMODAL DE ESTUDANTES:CONTRIBUIÇÕES DE UMA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES ENVOLVENDO MÚLTIPLAS LINGUAGENS Nilma Alves Pedrosa (PUC-SP/CAPES) Orientadora: Profa. Dra. Jeni Silva Turazza Este estudo é parte integrante de uma pesquisa de Mestrado em andamento e tem por objetivo descrever a aplicação de uma sequencia de atividades (SA) voltada para a promoção do desenvolvimento literácico multimodal (LM) de estudantes. A literacia é um constructo social, mediado pela linguagem e indissociável de práticas culturais e linguísticas (Barton, 2007). Particularizamos nossa discussão na LM conforme Pereira (2008), Love (2004) e Vasudevan (2006) por esta envolver diversos instrumentos semióticos na construção do conhecimento possibilitando articular rede de significados. Neste contexto, entendemos que a LM integra uma multiplicidade de textos e discursos, solicitando diferentes modos de representação além da escrita. Nesse contexto, organizamos a SA distribuídas em 16 horas, aplicadas a uma turma do 9º ano de uma Escola Municipal de São Paulo. A SA é composta por atividades de estudo de texto e discurso, leitura eescultura de papel de personagens literários envolvendo a obra Auto da barca do inferno. Em sua organização fomos guiados pela questão: Quais as contribuições de atividades envolvendo a leitura de literatura; modelagem de personagens feitos de material reciclado utilizando as técnicas de papiercollèe, papiermachê e biscuit; e produção de textos orais e escritos para o desenvolvimento da LM de estudantes? Os dados foram coletados a partir de filmagens da aplicação da SA e dos trabalhos produzidos pelos alunos: textos escritos e esculturas de papel das personagens. Os resultados sinalizaram que o acesso dos estudantes às múltiplas linguagens propostas na SA gerou soluções lúdicas e recreativas paralelas ao mundo do livro, que foram impactantes na motivação dos estudantes e em sua colaboração mutua, e podem potencializar a competência literária, as criatividades e imaginações dos estudantes na ampliação e reelaboração de seus conhecimentos existentes. Por fim, acreditamos que estudos como estes podem contribuir para o desenvolvimento da LM dos estudantes. 112 A METÁFORA CONCEITUAL NA PROPAGANDA Noslen Nascimento Pinheiro (PUC/SP) Orientador: Prof. Dr. João Hilton Sayeg de Siqueira Este trabalho propõe uma análise de caráter reflexivo de um dos recursos de que a propaganda dispõe para cumprir seu propósito comunicativo: a metáfora conceitual. Procuraremos demonstrar a metáfora conceitual como recurso persuasivo, bem como um recurso de aproximação entre locutor e interlocutor. O discurso publicitário é bastante vulnerável às questões de inter-relações textuais, pois o receptor não apreende apenas o que é exposto no texto. A depreensão e assimilação do discurso são processadas além, por meio de outros textos que estabelecem a construção do sentido. Assim, ao selecionar os termos que constroem a mensagem, o redator visa à imagem gerada a partir do léxico escolhido, visto que ele instiga o caráter imaginativo e sensorial do leitor, e este possui seu próprio repertório linguístico, seu conhecimento de mundo, sua vivência e suas competências associativas. Nessa esfera, ao considerarmos a arquitetura da mensagem também no ambiente da recepção, a partir da participação do leitor e de seu repertório cultural, é plausível asseverar que o público é coautor do texto. Nesse contexto, a teoria da metáfora conceitual formulada por George Lakoff e Mark L. Johnson em 1970 propõe que nossas construções metafóricas são licenciadas e motivadas pela nossa cultura. Para esses linguistas, as metáforas são representações mentais que refletem o modo de ver o mundo. Assim sendo, como nas expressões linguísticas, os mapeamentos metafóricos também são possíveis nos textos publicitários, pois a linguagem cotidiana deixa transparecer metáforas que estruturam e desvendam certos textos propagandísticos. A persuasão passa a ser vista aqui, então, a partir da perspectiva do uso da metáfora não apenas como adorno, mas como um recurso de aproximação ao público-alvo e, a partir daí, uma estratégia para cumprir o intento da propaganda. Para comprovar estes pressupostos, serão exibidos e analisados os títulos de anúncios publicitários veiculados em revistas de grande circulação, nos quais a metáfora é o cerne da formulação do texto. 113 UM ESTUDO SOBRE A PERSONAGEM DONA BENTA, DA OBRA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO, COMO MEDIADORA DE LEITURA Patrícia Aparecida Beraldo Romano (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo Dona Benta é personagem constante na obra infantil de Monteiro Lobato como a avó-leitora-contadora de histórias preocupada com a visão crítica que seus netos deverão ter das leituras que ela faz ou das histórias que lhes conta e que lhes despertam, num primeiro momento, o gosto por viver, cada vez mais, dentro do mundo da imaginação proporcionado por esses textos. Há em dona Benta uma visão de mundo e de educação libertadora, para ficarmos com uma expressão de Paulo Freire. Em tempos cada vez mais preocupados com o que leem e como leem as crianças e os jovens, a avó Benta seria uma personagem-modelo de mediadora de leitura, nomenclatura tão em moda atualmente, em especial, nos programas de leitura do governo federal? Esse trabalho pretende trazer para discussão questões que possam aproximar dona Benta das possíveis mediadoras de leitura desejadas pelas escolas da educação básica. Os livros distribuídos pelos programas de governo agora chegam aos colégios, mas como os professores têm lidado com esses textos em sala de aula? As obras chegam até os alunos, são lidas e discutidas? Há leitura desses textos pelos professores-mediadores? Há preocupação com a formação leitora dos alunos? Para falarmos sobre essas questões, nos pautaremos nas discussões de Zilberman (2009), Paiva (2012), Compagnon (2010), Yunes (2003), dentre outros teóricos, além de adentrarmos em textos infantis da saga lobatina nos quais a figura da avó-mediadora se faz presente. 114 MARCAS DE ORALIDADE EM PRODUÇÕES NARRATIVAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Patricia Klein Gomes (UNICSUL) Orientadora:Profa. Dra. Ana Lucia Cabral Tinoco Vinculado à linha de pesquisa Texto discurso e ensino: processos de leitura e produção de texto escrito e falado e ao grupo de pesquisa Teorias e práticas discursivas e textuais, o presente trabalho tem por objetivo a apresentação de pesquisa em desenvolvimento cujo escopo é a utilização de marcas de oralidade na produção textual de alunos do Ensino Fundamental, especialmente os organizadores temporais e marcadores espaciais em textos narrativos. Estabelecemos como pergunta de pesquisa: quais estratégias para produção textual podem diminuir o uso de marcas de oralidade na produção textual de alunos do Ensino Fundamental. Nosso objetivo centra-se, por conseguinte, na busca de estratégias para diminuir o emprego de marcas de oralidade em textos escritos produzidos por alunos das séries iniciais no Fundamental, área em que atuamos. Considerando tal objetivo o corpus de análise constitui-se de textos narrativos produzidos por alunos das séries inicias do Ensino Fundamental. Acreditamos que a pesquisa possa contribuir para o desenvolvimento da competência escritora no Ensino Fundamental, fase por nós entendida como base para o desenvolvimento da proficiência em produção de texto. Apoiar-nos-emos nos estudos de Marchuschi (2008), sobre oralidade e escrita; Sparano et al (2012), Koch (2004) Marquesi e Cabral (2008) para as questões de texto e escrita. Estudos realizados por Ferreiro e Siro (2010) sobre educação também contribuirão para fundamentar nossas análises. Ao considerarmos a escrita um ato social, que será aprendida por meio de interações e “modelos” estabelecidos pelos usuários da língua, consideramos relevante nos aproximar dos estudos de Vygostsky , para quem o desenvolvimento do sujeito tem início nas interações sociais, o sujeito é mesmo “ um resultado das formas de relação” (Vygotsky, 1991, p.119). Diante dos tantos desafios a serem superados pelas crianças no desenvolvimento de sua proficiência escritora, consideramos relevante um trabalho que possibilite analisar quais marcas de oralidade se evidenciam em produções de textos 115 narrativos, apontando possíveis estratégias que possam ser utilizadas em atividades pré textuais. 116 A CORREÇÃO TEXTUAL-INTERATIVA NO ENSINO DA PRODUÇÃO DE GÊNEROS TEXTUAIS Paulo da Silva Lima (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Elisa Guimarães Pinto O ensino da língua portuguesa tem servido de base para muitas pesquisas relacionadas ao processo de produção textual na escola. Isso tem acontecido, principalmente, porque a grande maioria dos estudantes que conclui a educação básica apresenta muitas dificuldades para produzir textos coesos e coerentes. Por isso, neste trabalho pretendemos demonstrar que é possível o uso de estratégias de ensino capazes de levar o aluno a se tornar proficiente na produção de textos. Assim, contrariando a proposta de correção que já se convencionou na escola pública, sendo o papel do professor apenas emitir notas ao texto do aluno, sem haver uma troca de informações capaz de levar o estudante a aperfeiçoar sua escrita, propomos a correção textual-interativa, por meio de sequências didáticas. Em nossa proposta esse tipo de correção deve ser feito com base em uma lista de constatação/controle. Pretendemos ainda, a partir de uma revisão interativa, preencher algumas lacunas deixadas por outras maneiras de intervenção nos textos escolares. Com essa atividade, acreditamos que o professor tem reais possibilidades de atuar interativamente por meio da escrita com seu aluno. Assim, propomos uma intervenção no ensino de dois gêneros escritos (resenha e dissertação escolar), buscando desenvolver verdadeiras práticas de linguagem na sala de aula em uma escola pública do Ensino Médio na cidade de Marabá-PA. Para isso, nos embasamos teoricamente em Marcuschi (2001), Signorini (2006), Gonçalves &Bazarim (2009), Nascimento (2009), Ruiz (2010), Dolz&Schneuwly (2010), entre outros. Até o momento já desenvolvemos duas sequências didáticas com os gêneros referidos e estamos analisando as capacidades de linguagem presentes nos 30 textos que fazem parte do corpus. Os resultados parciais demonstram que a correção textual-interativa, via lista de constatações, proporcionou aos alunos uma produção de texto mais adequada em relação às situações de linguagem propostas. 117 A DIALOGICIDADE FREIREANA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA Priscila Reigada Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna O presente trabalho tem por finalidade apresentar um olhar freireano para o ensino de língua inglesa como segunda língua, levando em consideração o conhecimento prévio e a experiência do aluno mediatizados pelo diálogo. Parece que o ensino de língua inglesa em nosso país é abordado de maneira similar ao ensino de língua portuguesa, nossa língua mãe. Soa dissonante tão fato, uma vez que referidos alunos são falantes nativos de português e possuem uma bagagem cultural, vocabular e social inúmeras vezes maior do que a bagagem concernente à língua inglesa. É necessário haver uma aproximação do aluno perante a língua ministrada, de acordo com Paulo Freire há uma maneira efetiva de tal aproximação ocorrer: o diálogo oriundo de uma investigação temática.Todo discente deve sentir-se um sujeito problematizador. Para que isso aconteça, o educador deve estimular o pensamento crítico do educando, não fazendo dele apenas um objeto de depósito de conhecimento, a educação bancária deve dar lugar à educação libertadora. Por esta razão, o desenvolvimento discente fica comprometido caso o professor de língua inglesa passe listas de verbos, de vocabulário e explique a gramática sem contextualizar com a realidade do aluno. O que se é pretendido com esse breve estudo é mostrar aos docentes de língua inglesa que sua disciplina deve ser mediatizada pelo diálogo entre educador-educando de maneira que os temas tratados em aula refiram-se à realidade dos educandos, transformando, assim, os alunos em sujeitos problematizadores competentes em língua inglesa. O que tentará ser mostrado é que com um pouco de fé, amor, esperança, humildade e confiança um docente pode instaurar um diálogo honesto com seus discentes e fazer com que eles alcem voos maiores do que apenas completar espaços em branco ou responder a perguntas de múltipla escolha. 118 O RELACIONAMENTO CONJUGAL EM A MULHER SEM PECADO, DE NELSON RODRIGUES Rafael de Oliveira Reis (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Marlise Vaz Bridi A presente pesquisa cujo título é “O relacionamento conjugal em A mulher sem pecado, de Nelson Rodrigues” propõe, sob a base da Teoria da Paródia, uma análise de como os discursos e as ações do casal direcionam-se para a destruição do relacionamento conjugal. A análise de A mulher sem pecado será realizada com intuito de investigar de que modo o relacionamento conjugal é parodiado, destacando as ações e os diálogos entre Olegário e Lídia, personagens da peça teatral, e as ações e diálogos entre os casais de personagens de romances românticos que servirão como elementos parodiados. Para a análise, focaliza-se o olhar nos diálogos e acontecimentos dos romances, A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo e Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, que são parodiados por Nelson Rodrigues, a partir do panorama social em que foi escrita a peça. O drama é um gênero do discursivo literário que em sua construção estética requer uma segmentação quanto ao que está sendo contado, são levados em consideração os atos, os cenários, os diálogos, tudo o que envolve o espetáculo. Na peça teatral o texto que é elaborado carece da retórica como parte integrante do processo de comunicação, a fim de que, o objetivo de convencer e conceder significados ao texto seja alcançado através das particularidades do discurso dramático. De acordo com Pallottini (2006), um texto dramático diferencia-se pelo conteúdo que se pretende exprimir. Tal conteúdo é objetivado a partir de ideias, sensações, emoções, lembranças, observações, que emanam do ser humano frente a suas relações, esse texto não visa somente o entretenimento, possui também a finalidade de tornar o espectador um ser que seja apto para compreender com maior perspicácia o que os significados representam e instigá-lo a refletir e agir mediante as questões sociais que vive. 119 REESCREVER SIM, COPIAR NÃO. Regianne Cruz Alkmim Dias (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Elisa Guimarães Pinto A pesquisa visa investigar o papel do professor na correção dos textos dos alunos, por acreditar que as correções podem modificar o texto do aluno. Intenciona-se perceber em que medida as “correções” feitas pelo professor influem na constituição e no sentido final dos textos dos alunos. Será feita pesquisa em duas escolas; uma da rede pública e outra da rede privada, os textos produzidos pelos alunos de ambas serão analisados, bem como questionários aplicados aos professores de língua portuguesa das referidas escolas. Com a prática da reescrita, os alunos perceberão as diferenças entre o texto anterior e o reescrito, além de favorecer a prática do raciocínio, elaboração e reelaboração e reestruturação de trechos, e a sanar os erros que por ventura o aluno tem o hábito de cometer. Como fundamentação teórica, inicialmente serão utilizados obras que versem sobre reescrita dos seguintes autores: Bakhtin (1997), Figueiredo (1994) e os PCNs. 120 UM PERCURSO DA IDEIA DE LIBERDADE NO BRASIL E NOS EUA PELA AD E PELOS ESTUDOS CULTURAIS: UM DIÁLOGO POSSÍVEL Regina Paula Ambrogi Avelar (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna Por tratar-se de um estudo histórico, este trabalho aborda as implicações transculturais referentes à liberdade como um tema sócioculturalmente marcado na identidade de um povo. Analisamos a posição do sujeito (ethosdiscursivo) e os papeis assumidos por ele considerando-se a bivocalidade locutor/alocutário na dialogização do discurso dos seguintes discursos: o discurso de George Washington (1789); o discurso de D. Pedro I de 1823; o discurso de Franklin D. Roosevelt “As quatro liberdades” de 1941, e o discurso de Getúlio Vargas de 1943, entitulado “As comemorações da Independência Nacional e entrada do Brasil na guerra”; sempre buscando a voz da liberdade no processo de apagamento de vozes que naturalmente intervêm no discurso. A 1ª etapa dessa pesquisa consistiu em um breve levantamento de conceitos da Análise do Discurso (AD) referentes às noções de discurso e discurso político, seus elementos constitutivos, suas coordenadas espaço-temporais, além de um panorama da noção de ethos discursivo – da noção aristotélica à perspectiva dos estudos culturais – com o intuito de analisarmos os ethe construídos nos discursos analisados, para tentarmos desvelar a voz de liberdade que eles vinculavam. A 2ª etapa trouxe conceitos sobre transculturalidade, interculturalidade e multiculturalidade pela perspectiva dos Estudos Culturais para que traçássemos um paralelo entre as ideias de liberdade para os povos norte-americano e brasileiro. Dentre as etapas em andamento atualmente, destacamos o levantamento de estudos focados no diálogo entre a AD e os Estudos Culturais já que embasam nossas análises. Desejamos, também, observar se os efeitos de sentido suscitados pelo emprego do termo liberdade nos discursos permitem ou não relações com autores contemporâneos para aventarmos o percurso de um possível legado histórico da ideia de liberdade para esses povos. Finalmente, será elaborado um capítulo de contextualização histórica dos discursos proferidos para que os elementos extratextuais não sejam excluídos das análises. 121 SEMIÓTICA DAS PAIXÕES: A INVEJA Renata Valente Ferreira Vilela (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Diana Luz Pessoa de Barros O trabalho em questão procura verificar, através da análise de duas letras de músicas da atualidade, de que forma a Semiótica das Paixões reconhece o objeto textual como uma máscara sob a qual devem ser encontradas as leis que determinam o discurso, através da inveja, entendendo que a Semiótica nos permite interpretar os discursos dos diferentes textos, sejam eles verbais ou não verbais. Será apresentado o percurso de geração de significação nos níveis narrativo e discursivo das músicas “Zoião”, do rapper Emicida e “Invejoso”, de Arnaldo Antunes. Este estudo foi apresentado à disciplina Análise do Discurso, que compõe a grade de disciplinas do Programa de PósGraduação em Letras - Stricto Sensu - e mostrará, por meio da teoria estudada, o tipo de contrato estabelecido pelos sujeitos analisados, como os termos enunciativos são representados nas canções e as principais diferenças e semelhanças de análise nos textos selecionados. Em termos gerais, tal teoria tem o texto como foco de estudo e o considera como objeto de significação e de comunicação, examinando sua expressão, conteúdo e contexto de produção. No plano do conteúdo, é analisado por meio de um percurso gerativo de significação, em que se estuda o texto do plano mais abstrato (nível fundamental) ao mais concreto (nível discursivo). No estudo, serão apresentados os caminhos da ação, da manipulação e da sanção, instaurados pelos sujeitos envolvidos nas narrativas.A análise está pautada na teoria semiótica de linha francesa desenvolvida por Algirdas JulienGreimas e aqui no Brasil, apresentada por vários semioticistas como Diana Luz Pessoa de Barros, José Luiz Fiorin e Luiz Tatit. 122 AS CATEGORIAS DE CENAS DA ENUNCIAÇÃO E HIPERENUNCIADOR NO DISCURSO RELIGIOSO DE FREI ANTONIO DAS CHAGAS Ricardo Celestino (PUC-SP) Orientador: Prof. Dr. Jarbas Vargas Nascimento Em contribuição aos estudos enunciativo-discursivos propostos pela Análise do Discurso de linha francesa, de Dominique Maingueneau, temos a proposta de analisar o discurso religioso ``Carta Espiritual IV``, composto na segunda metade do século XVII, no período do Barroco Português, por Frei Antonio das Chagas, com os objetivos de examinar as categorias de cenas da enunciação e hiperenunciador, de modo que compreendamos como elas legitimam o gênero carta espiritual como discurso doutrinário religioso e espiritual. Identificamos que carta espiritual é um importante gênero de doutrinação religiosa do século XVII e que se trata Chagas de um grande cultista do barroco seiscentista português, mas que tanto obra quanto autor foram pouco estudados nas ciências da linguagem, na perspectiva enunciativo-discursiva. Temos como ponto de partida a reflexão de que na enunciaçãohá a emergência de uma categoria que encena o que é dito e define os papéis dos enunciadores, bem como o contrato estabelecido pelo gênero no espaço enunciativo. Denominamos tal categoria de cenas da enunciação, constituídas, segundo Maingueneau, por uma tríade composta por cena englobante, cena genérica e cenografia. Na cenografia, identificamos a categoria de hiperenunciador, que emerge de um discurso particitado que autoriza um SUJEITO-UNIVERSAL constituído na prática social seiscentista a legitimar e homologar os enunciados institucionalizados do campo discursivo religioso como orientações doutrinárias religiosas e espirituais inquestionáveis tanto pelo enunciador quanto pelo coenunciador. Os enunciados particitados da Carta IV são consolidados e compreendidos a partir da memória discursiva em comum dos envolvidos na enunciação, que corroboram com os mesmos posicionamentos institucionais. Contribuem comoespaço discursivo em nossa pesquisa a literatura barroca, a religiosidade e a espiritualidade seiscentistas e as condições sócio-políticas de Portugal do século XVII. 123 A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO NUMA PERSPECTIVA RETÓRICA Roberto Clemente dos Santos (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Ao tomar por objeto de análise a retórica, observar-se que muitas vezes o termo é utilizado superficialmente.Existem duas linhas distintas da retórica que devem ser compreendidas. Uma que se alicerça em uma visão da persuasão como a ornamentação da palavra que seria a arte de bem falar e escrever, que tinha como maiores representantes os sofistas que se preocupavam em mostrar como vencer um debate com a análise de ornamentações linguísticas, independentemente de qualquer coisa, a palavra é utilizada para vencer não se preocupando com o lado moral. Segundo Reboul (2004, p.10) “a finalidade dessa retórica não é encontrar o verdadeiro, mas dominar através da palavra; ela não está devotada ao saber, mas sim ao poder.” E a segunda, oriunda de Aristóteles que redefiniu a função da retórica ao colocar em cena a importância de se reconhecer o auditório e sua crença definindo-a como um instrumento de persuasão. A persuasão está ligada à sedução. Através da persuasão, o orador reforça os seus argumentos despertando emoções, de modo a criar uma adesão emotiva às suas teses. Pondera-se que há uma articulação entre o textual, no campo organizacional e o discurso, campo ideológico, pois o discurso se materializa na relação social por meio da língua e não está livre das considerações históricas, pois considera o sujeito como um ser situado em um local determinado, com um conhecimento prévio que é próprio de sua formação, no decorrer da vida. Brandão (2004) pontua que a articulação dos processos ideológicos e dos fenômenos linguísticos é o discurso. Considerando essa citação, pode-se elencar os procedimentos textuais na construção e na confirmação de recursos retóricos como possíveis estratégias discursivas que organizam a linha de raciocínio do orador como adjetivações, alternância entre pessoas e os sintagmas adverbiais, por funcionarem como modalizadores argumentativos. 124 ENTRE BORGES E LEMINSKI: AS NARRATIVAS LABIRÍNTICAS EM METAFORMOSE E EL JARDÍN DE SENDEROS QUE SE BIRFURCAN Rodrigo de Freitas Faqueri (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos Contrária aos critérios de estudo estabelecidos por outras ciências, a Literatura é o processo imaginário que tece e rege as regras de análise. Bastazin (2006: 37) afirma que “o trabalho com a palavra origina ideias que, entretecidas, criam o objeto poético”. Desse modo, ao entretecerem-se e entrecruzarem-se, as palavras adquirem novos sentidos e formas, metamorfoseando-se com a tessitura do texto na diversidade do mundo, dos povos, das culturas. Componentes desses percursos traçados pela Literatura e mecanismos propulsores desse processo progressivo são os mitos e suas sucessivas reatualizações. Prova disso é a constante presença deles nos textos literários antigos ou contemporâneos. Sendo assim, de dois textos contemporâneos é que esta pesquisa se vale, buscando evidenciar por meio de quais mecanismos é feita a reatualização mítica e como eles adquirem essa característica de transformação contínua, que é a metamorfose. Assim, estudam-se as reatualizações míticas existentes nos corpora Metaformose: uma viagem pelo imaginário grego (1994), de Paulo Leminski e El jardín de senderos que se bifurcan(2005 [1941]), de Jorge Luis Borges, que serão relacionadas dialogicamente entre si. Ambos os autores trabalham o mito do labirinto em suas obras, não somente a narrativa mítica, mas também a própria estrutura labiríntica que fornece aos textos um elo maior com a significação do mito. Borges e Leminski não se prendem somente em uma tentativa de reatualizar o mito de Teseu e do Minotauro, mas vão além quando incorporam à maneira de produzir seus textos a estrutura narrativa labiríntica, dando novos caminhos e aberturas para o enredo criado. Dessa maneira, a pesquisa foi elaborada por meio de pressupostos teóricos cujos alicerces estão estabelecidos nas ideias sobre o dialogismo e a intertextualidade, sobre os estudos de mito e da reatualização mítica e teorias sobre as estruturas narrativas, em que estão fundamentados conceitos de hipotexto e hipertexto. 125 HUMOR POLÍTICO NO GÊNERODISCURSIVO: A CHARGE JORNALÍSTICA Rodrigo Leite da Silva (PUC-SP e UNINOVE) Orientadora: Profa. Dra. Regina Célia P. da Silveira A presente pesquisa tem como escopo o estudo do humor na construção textual da charge jornalística, com vistas a analisar em que sentido este gênero conduz seus leitores a uma atitude leitora marcada pela reflexão das representações sociais vigentes por intermédio da crítica da política nacional, tendo a notícia como ponto de partida para sua constituição. Tem-se por problematização verificar se a organização textual do humor presente neste gênero contribui para construir a opinião de seus leitores. Assim, os objetivos delimitam-se em: identificar as características que contribuem para organização textual do gênero charge, no que se refere à presença do humor, como crítica social da política brasileira; analisar a presença do humor no gênero charge, como transmissão de valores ideológicos, na apresentação de novas crenças, acerca do cotidiano político do povo brasileiro. A metodologia utilizada foi a teórico-analítica delimitada pela utilização das categorias contexto, intertextualidade e inversão. Os resultados obtidos demonstram que a construção textual do humor risível, no gênero discursivo charge jornalística, se dá pela interlocução das categorias delimitadas pelo contexto, pela intertextualidade e pela inversão, simultaneamente, organizando as opiniões que devem ser adotadas pelos seus interlocutores, acerca do que veiculam sobre a situação da política nacional, pois organizam um cenário atrativo, marcado pela mescla entre os elementos pictóricos e verbais, suavizados pelo risível. 126 CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE GENERALIZAÇÕES NO DISCURSO POLÍTICO BRASILEIRO Rodrigo Vilalba Caniza (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Existe uma importante questão no cerne teórico em que se imbricam as realidades social, discursiva e política: o uso das generalizações. Em comunicação, o problema da generalização inicia quando se procura definir algo, pois definir implica numa limitação. Algumas definições são fundamentais para atuação no campo político, mas incorrem em generalizações definidoras fixas que, no mutável panorama ideológico atual, frente à variedade de interesses a serem representados, bem como diante da alternância de alianças e enfrentamentos, acabam necessariamente gerando contradições, posteriormente apagadas do enunciado para não comprometer a imagem de coerência do representante. Assim, torna-se impossível ignorar o caráter essencialmente estratégico do uso das generalizações como promotoras do apagamento distintivo de uma identidade que, de outro modo, se instalaria no texto, tornando a contradição explícita e contribuindo com a formação de uma imagem pública incoerente. Compreender quais são os efeitos do uso de generalizações no discurso político brasileiro ajuda a entender o modo como se constitui o campo político e como esse se relaciona com as instâncias sociais que deve representar. O objetivo deste artigo é observar o modo como a generalização é estrategicamente utilizada em alguns enunciados produzidos por representantes público brasileiros. Como corpus, são considerados depoimentos de parlamentares e autoridades públicas comentando eventos como o julgamento do “mensalão” e os protestos que ganharam as ruas de várias capitais brasileiras em junho último. Esses depoimentos foram extraídos de periódicos como “Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”. Os resultados permitem apontar que, nesses depoimentos, a generalização se instala já nas instâncias essenciais do enunciado, provocando uma oposição simplificadora que determina o papel do falante (autoridade) e o papel de um outro sempre mais ou menos indefinido (” manifestante” ou “adversário”). 127 Para fundamentação teórica deste artigo, foram utilizados trabalhos de Maingueneau, Charaudeau, Guimarães, Araújo e Fiorin. 128 AGONIA E ÊXTASE: UMA LEITURA DA TRANSPOSIÇÃO PARA A FOTOGRAFIA E PARA O CINEMA DA OBRA LITERÁRIA LAVOURA ARCAICA Sandra Hahn (DINTER UPM-UFMS) Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Guarnieri Atik Os estudos sobre a intermidialidade lançaram uma nova luz sobre as obras literárias que foram transpostas para a mídia do cinema ou para outras mídias como a fotografia. O objetivo do estudo que desenvolvi busca fazer uma leitura nessa perspectiva. A obra literária de Raduan Nassar, Lavoura Arcaica, levada de um sistema midiático para outro, traz para os Estudos Literários uma reflexão inovadora. O enfoque em uma cena do filme e o trabalho ensaio fotográfico do livro: Fotografias de um filme, de Walter Carvalho, abriu uma nova percepção da obra de arte. A estratégia estética presentes no filme e na fotografia vem comprovar que há uma fonte inesgotável de leituras possíveis da obra de arte. O embasamento teórico vem dessa nova área, os estudos sobre a interarte do teórico de ClausClüver e Irina Rajeviski. 129 O MERCADO EDITORIAL E A PRODUÇÃO LITERÁRIA Sheila Darcy Antonio Rodrigues (UPM) Orientador: Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães Um texto literário pode ser reconhecido como uma obra de valor artístico, que representa os anseios e questionamentos relativos às grandes questões universais da humanidade e, como forma de arte, a literatura tem o poder de proporcionar ao leitor, uma série de novas experiências, que o levam a vivenciar distintas realidades e acontecimentos, sem a necessidade do experimento físico destas situações. Porém, quando do advento da criação da imprensa de tipos móveis por Johannes Gutemberg, em 1455, instalou-se no Ocidente uma nova tecnologia que permitiu a criação em maior quantidade e com maior rapidez de impressos que podiam ser divulgados, e também ser comercializados, e, a partir de então, intensificaram-se os interesses nas relações transacionais/comerciais envolvendo materiais impressos por esse novo método, nascendo, assim, o que se hoje denomina de mercado editorial. Este mercado, como qualquer outro mercado comercial, está em constante busca de novos produtos para atender a demanda de seus consumidores, de modo que, sempre existem novidades para serem absorvidas pelo público leitor, fato que, muitas vezes, gera a necessidade de se produzir um determinado material, para se responder a uma demanda do referido mercado. Por meio dessas observações, torna-se interessante a observação da relação entre o mercado editorial e a produção literária, a fim de que se possa compreender de que modo ela afeta a produção literária. Para que se possa atingir o objetivo proposto é observado um referencial teórico relacionado tanto à área de Administração de Empresas, baseado nos autores Philip Kotler, Geraldo Duarte e Regis Mackenna, quanto ao próprio mercado editorial literário, que se valerá dos autores Steven Roger Fischer e Laurence Hallewell. 130 A GRAMÁTICA REFLEXIVA: A PEDAGOGIA LÉXICO-GRAMATICAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA Silvia Cristina Miranda (PUC-SP) Orientadora: Profa. Dra. DieliVesaro Palma Ensinar língua materna ao próprio falante parece uma questão muito simples, mas na prática não é assim. Se antes, o professor de língua era, na verdade, um professor de gramática, hoje, depois de tantas teorias linguísticas, ensinar gramática se transformou no seu maior desafio. Na perspectiva da Educação Linguística, a formação do professor deve abarcar além da pedagogia do oral, da leitura e da escrita, a pedagogia léxico-gramatical que inclui o ensino da metalinguagem por meio de atividades reflexivas sobre os recursos da língua. Considerando esses aspectos, o tema deste artigo é a gramática reflexiva. Esta pode ser compreendida como a reflexão sobre os recursos linguísticos que explicitam tanto a estrutura quanto o funcionamento da língua. No ensino escolar, prevê atividades que levam o aprendente a reconhecer, identificar e escolher os recursos linguísticos para colocá-los em uso tanto na modalidade oral quanto na escrita. Nesse sentido, é representada por atividades focalizadas nos efeitos de sentido que este ou aquele elemento linguístico possa produzir em determinada situação comunicativa. 131 A METAENUNCIAÇÃO COMO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS E DE COMPREENSÃO NA INTERAÇÃO FALADA Sílvia Fernanda Souza Dalla Costa (UPM) Orientador: Prof. Dr. José Gaston Hilgert As operações metaenunciativas são procedimentos linguístico-discursivos nos quais o falante se reporta ao dizer em si e não ao dito, apresentando um movimento de autorreflexividade no ato de enunciação. Este trabalho apresenta o recorte de uma pesquisa situada no âmbito dos estudos da enunciação e investiga as estratégias utilizadas na interação falada para que ocorra a compreensão, buscando alcançar os sentidos almejados pelo falante que enuncia. O objeto de estudo deste trabalho são os procedimentos de metaenunciação, isto é, as atividades linguístico-discursivas realizadas no ato da enunciação, nas quais o falante se reporta ao seu próprio dizer ou ao dizer de seu interlocutor, nas interações faladas. Particularmente, na abordagem destes procedimentos, interessa a perspectiva em que constituem estratégias de produção de sentido e, ao mesmo tempo, recursos da construção da compreensão. O objetivo é analisar estratégias de metadiscursividade, de natureza metaenunciativa, na construção de textos falados. Como corpus, utilizaram-se dois inquéritos D2 (diálogo entre dois informantes), do Projeto NURC/RS. Como procedimentos, realizou-se audição e leitura dos inquéritos selecionados e, após análise, deles extraíram-se as ocorrências de metaenunciados; na sequência, analisaram-se alguns excertos discutidos a partir das categorias das diferentes atividades metaenunciativas encontradas no corpus, à luz da teoria de Authier-Revuz (1998; 2004), as não-coincidências do dizer. Faz-se ainda a discussão dos efeitos de sentido produzidos por tais expressões, à luz dos conceitos de enunciação, metadiscursividade e metaenunciação. Observou-se nas ocorrências que o falante assume dupla função na enunciação: ao mesmo tempo em que enuncia, permanece atento a seu dizer, realiza observações sobre este dizer na medida em que julga que suas construções podem causar problemas de compreensão. Ou seja, a metaenunciatividade no texto falado em geral atua como atividade profilática na 132 resolução de problemas de compreensão e no monitoramento dos sentidos e da compreensão por parte dos interlocutores. 133 RETÓRICA, ARGUMENTAÇÃO E EFEITOS DE SENTIDO EM PROPAGANDAS INSTITUCIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE. Sueli Aparecida Cerqueira Marciel (UNICSUL) Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Tinoco Cabral A Propaganda Institucional não visa persuadir explicitamente o público alvo.Está relacionada com a responsabilidade social de uma organização perante seu público, pautando-se por temas relativos ao bem estar dos diversos públicos com os quais se relaciona, demonstrando uma preocupação com o contingente humano do qual depende e pelo qual deseja ser lembrada. O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo analítico de propagandas institucionais veiculadas em revistas de grande circulação. Nosso corpus constitui-se de propagandas institucionais da área da saúde. Para as análises fundamentamo-nos nos estudos de Retórica. Meyer (2007); Perelman (1993); Breton (2003); Abreu (2003), cujos postulados enriquecem nossas análises, que focalizarão a construção do ethos das empresas anunciantes, as escolhaslinguísticas das propagandas e os efeitos de sentido perante o auditório (público alvo). As análises permitem observar que as empresas da área da saúde apelam para diferentes lugares retóricos na construção de seu ethos. Para este trabalho selecionamos uma institucional de um plano de saúde do hospital Albert Einstein no qual a manipulação e o entendimento de que o orador e o auditório têm, interpondo-se entre si, somente a linguagem, e que a forma como essa linguagem é utilizada pelo orador é que moldará a resposta do auditório de acordo com a admissão das teses propostas por esse orador, considerando-se que a imagem desse orador fundamental no quebra cabeça da (anunciante) é peça argumentação, sua idoneidade, respeitabilidade, deve ser capaz de convencer sem questionamentos. Ao mesmo tempo a linguagem observada nas propagandas institucionais de nosso corpus advém de escolhas linguísticas conscientes, que nos revelam elementos importantes de compreensão da utilização desse instrumental argumentativo. 134 REFLEXÕES ACERCA DOS ESTUDOS REALIZADOS SOBRE TEXTO E DISCURSO: O EFEITO DE SENTIDO PROVOCADO PELA CHARGE Tânia Regina Exposito Ferreira (UPM) Orientadora:Profa. Dra. Elisa Guimarães Pinto A partir de estudos realizados sobre texto e discurso: fundamentos teóricos, diferentes perspectivas, desenvolvimentos atuais e situação no Brasil, pretende-se analisar a charge veiculada no site do Correio do Estado no dia 19/10/2012 sob o título “Nos bastidores do STF”, no qual se observam os dois ministros do Supremo Tribunal Federal numa conversa informal sobre um possível adultério. O referido enunciado associado à fisionomia dos enunciadores provoca certo humor, e isto ocorre porque implícito está o julgamento do “mensalão”,que ficou assim conhecido e popularizado como esquema de compra de votos de parlamentares, deflagrado no primeiro mandato do governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT – Partido dos Trabalhadores) de 2003 a 2006. Os dois ministros assumem posturas diferentes no julgamento dos envolvidos no mensalão, e a charge reforça a atitude de um deles quanto sua postura no julgamento dos envolvidos no mensalão, o que provoca o efeito de humor no charge, a qual será analisada sob o ponto de vista da enunciação no desenvolvimento do trabalho. 135 CARÊNCIAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA EM FACE DO ENSINO PARA CRIANÇAS DE 6 A 10 ANOS: UMA AMOSTRAGEM DO PROBLEMA Thais Marchezoni da Silva (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna O presente trabalho visa à análise da formação do profissional de Letras atuante como professor(a) de inglês para crianças entre 6 e 10 anos de idade. Num primeiro momento da pesquisa, examinamos textos legais, estudos de teóricos e pesquisadores que sustentaram nosso julgamento de que há peculiaridades em relação ao processo de ensino-aprendizagem da faixa etária em questão. Apegados a essa constatação, preocupamo-nos, num segundo momento, em expor como acontece esse processo quanto à língua inglesa. Para que houvesse essa exposição, julgamos importante relacionar as teorias de aquisição de língua materna e língua estrangeira, o que propiciou nossa aproximação da abordagem sociointeracionista, que objetiva maximizar a aprendizagem da língua-alvo, uma vez que esta proporcionará uma maior utilização do idioma no cotidiano do aluno. Com o processo de interação em foco durante as aulas, verificamos a importância que possui a formação do profissional que lecionará o idioma a essas crianças, cujo papel será mediar o processo de ensino e aprendizagem. A fim de conhecer e analisar a experiência docente de professores de inglês, que lecionam para crianças, aplicamos um questionário que consta de perguntas relacionadas: à formação, ao material didático, às aulas, à criança como aprendiz, dentre outras. Com base nas informações obtidas apresentamos algumas considerações que, esperamos, contribuam para conscientizar os órgãos responsáveis e professores de inglês a respeito de possíveis implicações no ensino do idioma para crianças devido às carências na formação deste profissional. Fundamentamo-nos em documentos legais que regem a Educação Básica Nacional e em teóricos como Brown (2007), Venturi (2008), Moreira (1997), dentre outros. 136 O ENSINO DA COERÊNCIA TEXTUAL POR MEIO DO MICROBLOG TWITTER Tharsila Dantas Prates (PUC/SP) Orientadora: Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi O Twitter é um microblog (www.twitter.com) que permite comentários de até 140 caracteres, com a possibilidade de adicionar links, vídeos e imagens diversas. Criado em 2006, ele permite que o usuário siga os perfis que quiser e também que seja seguido. Com mais de 30 milhões de contas no Brasil, o microblog pode ser uma ferramenta para o ensino da coerência textual em sala de aula. Mas como manter a coerência textual em enunciados curtos – os chamados tweets? Neste trabalho, as regras e fatores para a coerência textual de Charolles (1978), Beaugrande&Dressler (1981), Beaugrande (1997) e Koch &Travaglia (2011; 2012) são exemplificados com os comentários publicados por Dilma Rousseff e José Serra durante a última eleição presidencial, na semana que antecedeu o primeiro e o segundo turnos, em 2010. Os dois candidatos possuíam perfis ativos no microblog. Pensando na utilização da ferramenta em sala de aula, o professor poderá estimular os seus alunos a escreverem com coerência, observando certos fatores, como os linguísticos (fatores de coesão), os pragmáticos (fatores contextualizadores e perspectivos), o conhecimento de mundo, o conhecimento partilhado entre produtor e receptor do texto, as inferências, a informatividade, a focalização, a consistência e relevância, a intertextualidade, entre outros. Essas são características presentes em textos coerentes e que também podem ser observadas – como veremos nos comentários de Dilma e Serra – em enunciados curtos, de até 140 caracteres. Com a possibilidade de “tuitar”, “retuitar” e replicar os comentários de outros perfis, o professor pode aliar a familiaridade dos estudantes com esses recursos digitais à produção textual em sala de aula. 137 O CONHECIMENTO RELIGIOSO E A PESQUISA ACADÊMICA NA ÁREA DA LINGUÍSTICA APLICADA Thiago de Melo Curci (Unitau) Orientadora: Profa. Dra. Miriam Bauab Puzzo Os trabalhos acadêmicos são orientados, quanto à sua metodologia e formatação, por manuais de metodologia do trabalho científico, que, por sua vez são fundamentados em normas de formatação e concepções filosóficas modernas. O conhecimento teológico é descartado por estes manuais quando se trata de sua validade em trabalhos acadêmicos. Esta posturaignora as parcerias e contribuições existentes no passado e no presente entre o conhecimento teológico, religioso, e o conhecimento acadêmico, científico. O objetivo central desse estudo é mostrar como o conhecimento religioso deve ser levado em consideração para solucionar problemas não resolvidos pelas ciências humanas, especialmente nas ciências da linguística aplicada. Exemplifica-se este fato em casos como o estudo das dimensões que envolvem a leitura e a escrita pela abordagem do Interacionismo Sociodiscursivo, por levarem em considerações aspectos culturais e afetivos na aprendizagem. A análise é realizada a partir da metodologia usada por Bakhtin, analisando teorias aparentemente antagônicas, apresentando suas falhas, retomando suas teses coerentes e exemplificando a nova possibilidade de enxergá-las. Nesta pesquisa isso é feito levantando os equívocos nos pressupostos dos manuais metodológicos, levantando os pressupostos teológicos relevantes que são ignorados (especificamente antropologia filosófica cristã), e apontando situações em que o conhecimento teológico se faz pertinente a questões relevantes no estudo da língua, literatura e aprendizagem. Para a análise foram selecionados quatro manuais metodológicos; a concepção limitada sobre aprendizagem e moral apresentada por Piaget relacionando cognição, afetividade e moral na aprendizagem; o aspecto religioso na aprendizagem para a ISD; aspectos religiosos levados em consideração por Bakhtin em análises literárias; e o conhecimento religioso baseado nas concepções da antropologia filosófica cristã. Os resultados mostram ser possível e, até mesmo necessário, reconhecer no conhecimento 138 teológico, neste caso na antropologia filosófica cristã, uma possibilidade de elucidação sobre questões levantadas pelos estudos da língua, literatura e aprendizagem. 139 A TRANSFORMAÇÃO DA HISTÓRIA SOB A ASCENSÃO DA MÍDIA DIGITAL: CHAPEUZINHO VERMELHO EM DUAS GERAÇÕES Thiago Pereira da Costa Orientador: Profa Dra. Marisa Philbert Lajolo O presente trabalho tem por tema as mudanças na leitura em suporte digital. Nosso objetivo é analisar duas obras, em livro impresso e em livro digital, a fim de observar as implicações dos diferentes suportes na leitura e interação do leitor com a obra. Para tanto, valemo-nos de teorias provenientes de estudos de áreas diversas, porém adequadas a um estudo interdisciplinar. Primeiramente, faremos uma breve retomada mostrando pontos relevantes na história do livro (cf. Chartier, 1998, 2002, 2009, 2010), depois nos deteremos nas especificidade do suporte digital, baseando-nos em contribuições da comunicação (cf. Levy, 1996, 2010; Santaella, 2004, 2011) e, por fim, a relação entre o leitor e obra será apoiada em postulações de Cândido sobre o sistema literário.A obra escolhida é Chapeuzinho Vermelho que será analisada, como afirmado, em duas edições, uma impressa e outra digital para iPad. Podemos observar que há complexas relações entre os dois tipos de obra e seus públicos, dentre as quais podemos citar a interação e participação naconstrução do caminho da estória, a difusão e distribuição das obras, as implicações da diagramação (design) na leitura e popularização da obra. Dessa forma, questões culturais são pontuadas, interligando os aspectos linguísticos, literários, históricos e comunicativos do trabalho proposto. O caminho escolhido aponta para a importância que a codificação digital passa a representar para os textos fictícios, na era dos textos eletrônicos e interativos. É exatamente aí que a literatura ganha mais emoção e hesitação entre o real e o imaginário, criando um forte impacto em seu público. 140 DIALOGISMO E INTERTEXTUALIDADE EM NOVAS CARTAS PORTUGUESAS:LEITURA E POSICIONAMENTOS DIANTE DA CARTA MAGNIFICAT Thiele Aparecida Nascimento Piotto (UPM) Orientadora:Profa.Dra. Elaine Cristina Prado dos Santos A pesquisa tenciona abordar o diálogo existente entre a carta Magnificat, presente na obra Novas Cartas Portuguesas (1972), de Maria Isabel Barreno, Maria Tereza Horta e Maria Velho da Costa, e o texto bíblico conhecido pelo mesmo nome. A obra permeia o contexto social de Portugal, que vivia um regime repressivo e ditatorial, de guerras e de uma sociedade pautada pelos moldes patriarcais. Com base nas teorias do Dialogismo e Intertextualidade, é possível analisar com quais recursos as autoras da carta logram estabelecer o diálogo em questão. Faz-se interessante realizar tal análise, pois elas se utilizam da Bíblia em um país oficial e majoritariamente cristão para dar voz às mulheres condicionadas a dadas determinações sociais. Além de destacar a participação feminina na sociedade, a mesma narrativa envolve diversas críticas ao contexto histórico e social de Portugal, como a repressão e “fuga” que o casamento representava, por condicionar a mulher a uma resignação forçada e proporcionar ao homem uma oportunidade de privação dos deveres militares, necessários a uma nação em guerra. A simples menção ao texto bíblico, que o nome proporciona, já se fazimpactante para a sociedade portuguesa, tradicionalmente católica, no entanto, a proposta de um novo Magnificat atinge mais incisivamente a rígida tradição da religião (católica) em Portugal. Além disso, a obra como um todo se baseia em outro diálogo intertextual, nesse caso, com as Cartas Portuguesas, de Mariana Alcoforado, que se tornou uma figura de grande valor simbólico por ser uma freira que escrevia cartas apaixonadas. Trata-se da manifestação do sentimento impetuoso da mulher cuja sociedade lhe exige um comportamento de subserviência, discrição e devoção. Com base em textos de Bakhtin, Volochinov, Fiorin e das próprias autoras, a pesquisa abordará, por meio das ferramentas do Dialogismo, a elaborada estrutura narrativa e o alcance da obra. 141 AS REDES SOCIAIS COMO FÓRUM DE ACOMPANHAMENTO DOS ESTÁGIOS CURRICULARES SUPERVISIONADOS: UMA FERRAMENTA MIDIÁTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE Valéria Bussola Martins (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Maria Lucia Marcondes Carvalho Vasconcelos Ao longo da Licenciatura em Letras, o futuro docente de Língua Portuguesa cumpre o Estágio Curricular Supervisionado. O Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução CNE/CP no 1/2002, estabeleceu que esse estágio deve se realizar em escola de Educação Básica; que um regime de colaboração entre os sistemas de ensino deve ocorrer e que todo o processo deve ser avaliado conjuntamente pela escola formadora e pela escola na qual se concretiza o estágio. Entretanto, além do parco diálogo entre as instituições envolvidas, constata-se que poucos alunos têm grandes motivações para redigir os relatórios de estágios que acabam por se constituir em instrumentos inócuos, frequentemente lidos apenas pelos docentes das disciplinas vinculadas aos estágios. É a partir dessa constatação que surgiu a ideia de utilizar o Facebook como fórum de discussão das experiências vivenciadas pelos estagiários, enriquecendo, assim, esse processo atualmente desgastado. Além do relato quase que em tempo real das ocorrências escolares, os futuros educadores puderam criar coletivamente sugestões de práticas pedagógicas mais motivadoras e eficazes. Para contemplar o presente problema, que objetiva investigar qual é o papel do Estágio Curricular Supervisionado na formação dos professores de Língua Portuguesa e qual é a eficácia dos relatórios de estágio, toma-se como corpus de análise relatórios impressos de estágio de instituições de Ensino Superior da cidade de São Paulo e os comentários postados diariamente, pelos estagiários, no Facebook. Utiliza-se como referencial teórico o pensamento de Freire; Masetto; Sacristán; Demo e Kirkpatrick. Por fim, considera-se a necessidade de se repensar a formação dos docentes de Língua Portuguesa e a forma de execução do Estágio Curricular Supervisionado. 142 A LEITURA E O PRAZER Victor Hugo da Silva Vasconcellos (PUC-SP) Orientador: Profa. Dra. Valeuska França Cury Martins A leitura é um ato cognitivo complexo que envolve as capacidades do ser humano como: memória, imaginação, relação entre o conhecimento de mundo e o novo conhecimento. Como o prazer poderia ajudar nessa atividade complexa? A leitura, antes de tudo, deve ser uma atividade lúdica. Uma leitura sem prazer pode prejudicar o desempenho de compreensão? As propostas do estudo são explicitar de que forma o prazer participa do ato da leitura e de que maneira contribui para uma leitura proficiente. Desse modo, a proposta metodológica de trabalho será teórica. Partir-se-á de elementos teóricos para fundamentar o prazer na leitura a partir dos conceitos da psicanálise. As emoções possuem papel importante na cognição. A psicologia tem demonstrado resultados nessa relação. O desejo e a vontade impulsionam a busca pelo conhecimento, pela leitura (objetivo desta pesquisa) sem medir esforços para saciar essa vontade. Assim, os canais cognitivos se focam e o prazer possibilita a interação entre agente e atividade, leitor e texto. Com o prazer, a preocupação não existe, permitindo a possibilidade de ampliação do "campo de visão" do cérebro sobre o objeto, facilitando a cognição. Os sentimentos funcionam como um motor que impulsiona a ação, visão esta desenvolvida nas mais notáveis teorias sobre sentimentos e emoções na psicologia. Assim, os canais cognitivos se abrem em busca de alinhar a realidade com o verossímil e ter as sensações de prazer pelas imagens que o texto traz, como também se mobilizar para a construção do sentido do texto. O prazer auxilia na construção do conhecimento e concretiza-se pela efetivação daquele. 143 GÊNEROS TEXTUAIS E LIVRO DIDÁTICO: EM BUSCA DE UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Viviane Nery Lacerda (UPM) Orientadora: Profa. Dra. Regina Pires de Brito O presente trabalho tem como propósito mostrar como os gêneros textuais podem ser utilizados como instrumentos para uma aprendizagem significativa, uma vez que para se alcançar um resultado eficaz no processo de ensino e aprendizagem é necessário que desenvolva não só de forma a dar conta de um conteúdo, mas também que o faça de modo criativo e significativo. Com base nos fundamentos da Educação Linguística, este trabalho propõe-se a analisar a presença dos gêneros textuais em uma coleção didática. Observou-se neste estudo, quea partir dos gêneros textuais atividades contextualizadas e significativas são apresentadas para que a compreensão, interpretação, produção textual e estudo da língua sejam efetuados; além disso, notou-se que as atividades propostas se relacionam com o conteúdo do capítulo, no qual estão inseridas, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades e competências esperadas para as séries em questão. Do ponto de vista teórico, este estudo fundamenta-se na obra de estudiosos como: Bechara (2009), Travaglia (2003; 2006), Marcuschi (2005, 2008), Costa (2005), Dolz, Noverraz e Schneuwly (2010). 144 SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: A FUNÇÃO DO ADVÉRBIO EM UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA Wemylla de Jesus Almeida (PUC/SP) Orientadora: Profa. Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos Esta pesquisa reflete sobre o processo de ensino da sintaxe da Língua Portuguesa, em especial, da Função do Advérbio, no Brasil, na segunda metade do século XIX. Buscamos traçar o percurso historiográfico no ensino, tomando como corpus a obra de estudo Syntaxe e construcção da Lingua Portugueza, de Thomaz da Silva Brandão (1888). Nessa perspectiva, embasamos nosso estudo em Historiografia Linguística (HL), especificamente, com Köener (1996), partindo dos seus três princípios: o princípio da contextualização que trata do clima de opinião, ou espírito da época, de tal modo que aborda os aspectos intelectuais, socioeconômicos, políticos e culturais. Além disso, o princípio da imanência que busca estabelecer um conhecimento total tanto histórico quanto crítico, se necessário filológico, do texto em apreciação e, por fim, o princípio de adequação faz aproximações modernas do vocabulário técnico do trabalho em estudo. Assim sendo, para a adequação, utilizamos a obra de estudo Novas lições de análise sintática, de Adriano da Gama Kury (1984), a fim de contribuir ao enriquecimento do ensino de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. Assim sendo, a Historiografia Linguística torna-se fundamental ao estudo da Língua Portuguesa, uma vez que serve como base às informações gramaticais que temos hoje, por isso, a HL não pode ser desprezada aos pesquisadores da própria língua. Para tanto, enfocando a organização das partes das obras de estudos gramaticais, no que tange ao tema linguístico função do advérbio, procedemos à seleção, ordenação, reconstrução e à interpretação do corpus. Ressalta-se que a presente pesquisa encontra-se em seu estágio inicial. 145