ponto de vista O processo de seleção de um candidato deve ser planejado nos mínimos detalhes Por Adriana Bruno A melhor escolha elecionar candidatos a vagas existentes na empresa exige tempo, dinheiro e planejamento. Antes de procurar profissionais, o gestor da loja ou responsável pela contratação deve ter em mente o que se espera do candidato (perfil da vaga), como irá realizar a seleção, onde irá entrevistar os candidatos, entre outros. De acordo com o consultor de Educação Corporativa da Leme Consultoria, Fernando Battestin, todo processo organizacional deve ser planejado, ou seja, o varejista precisa saber se a vaga que está sendo aberta é uma vaga sazonal ou definitiva, já que isso tem influência para determinar que tipo de processo seletivo será utilizado, pois se trata de uma postura estratégica para o negócio. “O ponto de partida, depois dessa definição, é a escolha do perfil ideal para o preenchimento da vaga. O RH deve descrever todas as atribuições, responsabilidades e competências que este profissional tem de ter para atender aos requisitos de acesso. É importante ter a descrição de cargos atualizada, pois nesse documento encontram-se todas as informações básicas para iniciar o processo seletivo. Além disso, é preciso constar no planejamento quais e quantas fases e ferramentas vão ser utilizadas no processo seletivo”, orienta. O executivo lembra que um processo seletivo benfeito ajuda a diminuir a rotatividade na empresa. “Mas não adianta somente atrair de maneira correta os candidatos, selecioná-los e após contratá-los deixar em segundo ou terceiro plano as ações de desenvolvimento e retenção. No varejo, resultado deve andar de mãos dadas com o desenvolvimento e a retenção das pessoas”, diz. Outro ponto fundamental é ter um local adequado para receber os candidatos e planejar os horários de entrevistas para que o processo aconteça tranquilamente. “O ideal é que a s 12 Ponto da beleza 2012 loja comporte uma sala com cadeiras com braço para receber os candidatos à vaga, para que a entrevista corra normalmente e sem interferências. Outro fator importante é organizar o processo de forma que um ou mais candidatos não fiquem esperando o outro terminar a entrevista. O ideal é agendar as entrevistas com tempo de folga entre elas”, indica o gerente de relacionamento da Foco Talentos, Gustavo Nascimento. Por se tratar de um mercado concorrido e com grande Todo processo organizacional deve ser planejado, ou seja, o varejista precisa saber se a vaga que está sendo aberta é uma vaga sazonal ou definitiva, já que isso tem influência para determinar que tipo de processo seletivo será utilizado número de lojas, as perfumarias também devem levar em conta o aquecimento do mercado. Para a consultora da DMRH, Giuliana Hyppolito, esse aquecimento faz com que os candidatos tenham mais opções de escolha com relação à carreira, o que leva o varejista a alinhar internamente o perfil de candidato que busca para as diferentes posições em sua empresa. Fases do processo Depois de definido o perfil da vaga é hora de buscar o candidato. Anúncio em jornal, indicação, contratação de uma empresa especializada em recursos humanos, redes sociais, agência de emprego. São vários os meios para comunicar a Fotos: shutterstock/divulgação existência de uma vaga de trabalho, porém esse meio deve se adequar ao perfil da vaga a ser preenchida. Para Battestin, quando se pensa em vagas operacionais com perfil simples, as agências de emprego e anúncios em jornais de grande circulação dão um bom retorno, porém há custos para anunciar, mas, se a vaga for mais elaborada, com perfil mais complexo, os sites de emprego e jornais de grande circulação para poder econômico maior dão grandes resultados. O processo seletivo a priori pode ter três fases: entrevistas; aplicação de testes de conhecimento, capacidade e psicológiEtapas do processo seletivo O processo deve ter quatro etapas, no mínimo: 1. Análise de testes e análise curricular; 2. Etapa de contato telefônico para checar requisitos mínimos para a posição; 3. Entrevista com o RH ou dinâmica de grupo; 4. Entrevista final ou painel final com os gestores. Fonte: Giuliana Hyppolito, consultora da DMRH cos; e a dinâmica de grupo. “As fases podem ser divididas em dois ou mais encontros, dependendo da vaga e quantidade de candidatos. Normalmente, o principal responsável pelo andamento das fases é o RH, porém em algumas empresas varejistas, o RH não pode estar presente em todas as etapas por uma questão logística. Sendo assim, o gestor requisitante assume a responsabilidade pela condução do processo seletivo”, comenta Fernando Battestin. Encontrar no mercado profissionais que estejam alinhados com os valores da empresa não é tarefa das mais fáceis, porém, quando isso acontece, o ganho é bem maior do que o investimento. Um funcionário satisfeito trabalha feliz e demonstra esse sentimento ao atender o cliente da loja. “A equipe reflete a imagem da empresa, e ter pessoas satisfeitas trabalhando para você é fundamental para a formação do conceito da loja para o cliente e para o mercado”, comenta Gustavo Nascimento. No segmento de perfumarias, a rotatividade de atendentes é comum, o que torna o processo seletivo para essa vaga mais constante. Um erro cometido por algumas empresas é acreditar que o cargo exige um perfil simples, fácil de contratar e com muita opção no mercado. O consultor de Educação Corporativa da Leme Consultoria, Fernando Battestin, lembra que o atendente é a porta principal para o cliente, é a primeira impressão e pode determinar a escolha pela compra na loja. “O atendente deve ter uma excelente postura, ótima comunicação, poder de persuasão, conhecimento sobre o produto que está vendendo, além é claro de ótima percepção e conhecimentos em técnicas de vendas, para saber identificar o perfil do seu cliente. O varejista deve promover frequentemente ações de treinamentos para a equipe de atendimento sentir-se mais madura e preparada para fazer as abordagens corretamente de acordo com o perfil do cliente. O processo seletivo para contratar atendente deve ser criterioso, além da tradicional entrevista, contemplar a aplicação de testes de matemática, português (comunicação) e psicológicos, para avaliação de perfil e dinâmicas de grupo para simular situações cotidianas de vendas”, orienta. Se por um lado a empresa busca profissionais que atendam às suas necessidades, por outro os candidatos também têm suas expectativas com relação à empresa e uma delas é a política salarial. Saber como o seu concorrente está remunerando a 2012 Ponto da beleza 13 ponto de vista O processo seletivo a priori pode ter três fases: entrevistas; aplicação de testes de conhecimento, capacidade e psicológicos; e a dinâmica de grupo. As fases podem ser divididas em dois ou mais encontros, dependendo da vaga e quantidade de candidatos equipe é um passo para determinar se a sua empresa está na direção certa. “O piso mínimo da categoria deve ser a primeira coisa a ser pensada pela empresa, antes que se possa definir a política salarial. Além disso, é bom ressaltar que os funcionários sempre valorizam o pacote de benefícios oferecido, seja convênio médico, cesta básica, auxílio-educação. Esses benefícios são vistos como um complemento ao salário pago”, comenta Nascimento. Para Fernando Battestin, ao definir uma política de cargos e salários, o varejista deve levar em conta fatores como: economia da região; planejamento e objetivos da empresa; tipo de mercado em que a empresa está inserida; competitividade do setor e da região, tamanho da empresa.” Além desses fatores externos, não podemos nos esquecer do fator interno, que também é extremamente importante: equilíbrio interno de cargos, para que os funcionários não se sintam injustiçados perante os próprios colegas quanto àquilo que ganham em relação ao que executam. Remuneração pode estar atrelada a resultados No varejo a remuneração atrelada ao cumprimento de metas é comum. Em um segmento altamente competitivo, essa busca por resultados reflete no bolso tanto da empresa, que fatura mais quando a equipe está engajada, como da equipe, que receberá bônus por metas alcançadas. Para chegar a essa equação, Fernando Battestini diz que a empresa deve ser competitiva internamente (entre os funcionários) e externamente (em relação ao mercado). “Todo tipo de prêmio é bem-vindo e surte um efeito positivo momentâneo. A participação nos lucros e resultados é um bom exemplo de premiação, mas sozinha é pouco. Precisa criar outros 14 Ponto da beleza 2012 estímulos para atingir as metas crucialmente importantes. Cada varejista deve adaptar a premiação de acordo com sua realidade de mercado. Pessoas remuneradas e incentivadas de forma justa trarão maiores resultados para a organização”, diz. A avaliação da equipe pode ser medida por meritocracia, ou seja, quando os profissionais são avaliados por sua performance e entrega, e dependendo de sua avaliação, recebem premiação preestabelecida. “Algumas empresas desenvolvem ferramentas padrão, específicas para sua realidade e outras utilizam ferramentas de mercado. De modo geral, são ferramentas que permitem a mensuração de comportamentos esperados versus comportamentos apresentados”, explica Giuliana Hyppolito. Saber como o seu concorrente está remunerando a equipe é um passo para determinar se a sua empresa está na direção certa A avaliação de desempenho tradicional não deve mais ser usada sozinha. É o que diz Fernando Battestin. Para ele, a avaliação 360 graus está sendo bem utilizada nas empresas. “Neste caso o colaborador é avaliado pelo seu superior, colegas de trabalho, clientes externos e até fornecedores. Para o ramo de varejo é uma ferramenta poderosa, pois o vendedor, pode ser avaliado pelos seus clientes atendidos, que geram uma satisfação ou insatisfação sobre seu atendimento, que tem ligação direta para o resultado, além dos outros envolvidos que citei anteriormente”, finaliza o executivo.