ILDA BASSO (Org.) JOSÉ CARLOS RODRIGUES ROCHA (Org.) MARILEIDE DIAS ESQUEDA (Org.) II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO LINGUAGENS EDUCATIVAS: PERSPECTIVAS INTERDISCIPLINARES NA ATUALIDADE BAURU 2008 S6126 Simpósio Internacional de Educação (2. : 2008 : Bauru, SP) Anais [recurso eletrônico] / 2. Simpósio Internacional de Educação / Ilda Basso, José Carlos Rodrigues Rocha, Marileide Dias Esqueda (organizadores). – Bauru, SP : USC, 2008. Simpósio realizado na USC, no mês de junho de 2008, tendo como tema : Linguagens educativas – perspectivas interdisciplinares na atualidade. ISBN 978-85-99532-02-7. 1. Educação – simpósios. 2. Linguagens educativas. I. Basso, Ilda. II. Rocha, José Carlos Rodrigues. III. Esqueda, Marileide Dias. VI. Título. CDD 370 BIBLIOTECA ESCOLAR E A GESTÃO ESCOLAR PÚBLICA Ana Paula Barroso da SILVA Universidade do Sagrado Coração Helena Gasparini GIANSANTE Universidade do Sagrado Coração Wandreson José RODRIGUES Universidade do Sagrado Coração RESUMO O texto que apresentamos é fruto de uma pesquisa bibliográfica em torno do tema da relação da gestão escolar e as bibliotecas escolares públicas. CoNtudo faz-se necessário abordaRmos a questão da leitura, que é um dos objetos de trabalho da biblioteca. Pois bem, a evolução da humanidade só foi possível devido à transmissão de informações no decorrer da história e o processo de escrita e leitura desempenha este papel muito bem. Assim, a leitura detém o poder de transformação e a nível individual essa transformação é a construção da autonomia e da criticidade. Portanto, a leitura se veste de um caráter político muito grande, uma vez que pode emancipar o indivíduo. A Biblioteca escolar configura-se como um suporte pedagógico de alta potencialidade, uma vez que é, ou deveria ser, um centro ativo de investigação e aprendizagem. Portanto, é difícil conceber a triste realidade da desvalorização do potencial educativo das bibliotecas por parte dos docentes, discentes e gestores que muitas vezes concederam as bibliotecas como simples depósito de livros. A constatação de desvalorização das bibliotecas advém, também, do fato da não existência de profissionais adequados, preparados e qualificados a trabalhar nas mesmas. O que se encontra, na maioria das vezes, é um professor readaptado, esperando a aposentadoria e que desconstrói o real papel do profissional da biblioteca que é o de organizar o acervo, orientar e estimular os professores e alunos na busca de informações e no despertar do gosto pela leitura, desta forma atuar como agente de cultura integrado com a escola e a comunidade. Mas, para o pleno funcionamento da biblioteca é necessário que haja a disponibilização de recursos humanos adequados e de recursos materiais, uma vez que a biblioteca carece de acervo, mobiliário, materiais de apoio e espaço físico. A respeito do espaço físico, esse recurso é tão deficitário que muitas vezes a biblioteca se transforma em sala de recurso, sala de vídeo, sala de reforço, grêmio estudantil, depósito e até em lugar onde se “jogam as tranqueiras” que não têm mais utilidade, ou seja, a biblioteca, muitas vezes, se configura em muitas coisas menos em espaço de leitura coletiva. Uma outra problemática da biblioteca é quando esta se torna o “elefante branco” da escola, isto é a biblioteca existe, é organizada, limpa, possui profissional preparado, mas não funciona por conta da guarda dos livros que não são os disponibilizados para os alunos; com isso, ela serve de “enfeite”, “adorno” para ser mostrada para visitas e supervisões e nos outros momentos ela se mantém estática, fechada, não funcional. Nas unidades escolares, é comum observar que as bibliotecas escolares não fazem parte do cotidiano dos alunos, embora alguns educadores tenham a preocupação em relação à melhor estratégia a ser usada para despertar em seus alunos o prazer da leitura, mesmo diante de uma sociedade que desvaloriza a leitura. A gestão escolar é outro aspecto significativo, uma vez que não volta seus olhares para o potencial educacional da biblioteca no processo de ensino aprendizagem, principalmente, no despertar o gosto pela leitura. Palavras-chaves: Educação; Bibliotecas; Bibliotecários; Gestão escolar pública. ASTRACT This text is the result of a literature search about the subject of the school management relation and the public school libraries. However, it is necessary to approach the issue of reading that is one of the library work projects. The evolution of mankind was possible only due to the transmission of information in the course of history and the process of writing and reading plays this role very well. This way, reading has the power of transformation and as an individual level this change is the construction of the autonomy and the criticism. Therefore, reading has a pretty big political character, once it can emancipate the individual. The school library presents itself as a pedagogical support with a great potential and it is, or it should be, an active center of investigation and learning. So, it is difficult to conceive the reality of lacking in value of educational potential of the libraries that comes from the teaching staff, the student body and the managers that many times granted the libraries as a simple books dump. We can notice that the lack in value comes also from the fact that there are not well-prepared and qualified professionals to work in these libraries. What we find, most of the time, is a readjusted teacher waiting for retirement that spoils the real professional role of the library which is to organize the collection, to guide and to stimulate the teachers and the students in search of information and to arouse the taste in reading, this way to act out like a culture agent integrated with the school and the community. But, in order to the full working of the library it is necessary to have the human and material resources available, once that the library doesn’t have the collection, furniture, support materials and space. About the space, this resource is so poor that many times the library turns into a resource room, a video room, a backing room, a school council, a deposit and even a place to “throw the stuff” that is not useful anymore, in other words, the library, several times, can be a place for many things, except a place to a reading in group. Another problem the library has is when it turns into “the white elephant” of the school, or rather, there is a library, it is neat and clean, there are wellprepared professionals, but it doesn’t work because of the books, they are not accessible so they are only decoration to be showed to visitors and supervisors, and in the other moments it is closed, it doesn’t work. It is common to note that the libraries are not part of the everyday life of the school, although some teachers have the concern related to a better strategy to be used to arouse the pleasure of reading in their students, even faced with a society that doesn’t make the reading a valuable thing. The school management is another significant aspect, once it is not so worried about the educational potential of the library in the education and learning process, mainly to arouse the taste of reading. Keywords: Education; Libraries; Librarians; Public school management. A biblioteca e o processo de ensino/aprendizagem As bibliotecas surgiram da necessidade de preservação da memória da civilização, como fonte de conhecimento para as gerações futuras. O seu papel atingiu o auge a partir da Revolução industrial, com o desenvolvimento das indústrias e das tecnologias, a necessidade de informações diversificadas, aliada à universalização da leitura e da escrita. Sua importância é indiscutível. Mas, antes de abordarmos tal importância, vamos defini-la. De acordo com o dicionário Aurélio (1986, p. 253): “biblioteca é uma coleção pública ou privada de livros e documentos, organizada para estudo, leitura e consulta”. Para CASTRILLON (apud Mayrink, 1991): É uma instituição do sistema social que organiza materiais bibliográficos, audiovisuais e outros meios e os coloca à disposição de uma comunidade educacional. Constitui parte integral do sistema educativo e participa de seus objetivos, metas e fins. A biblioteca escolar é um instrumento de desenvolvimento do currículo e permite o fomento da leitura e a formação de uma atividade científica. (CASTRILLON apud Mayrink, 1991 p. 304) A biblioteca escolar não é um anexo da escola, mas sim sua alma. Não se restringe a um simples depósito de materiais, mas é uma das mais poderosas forças educativas de que a escola dispõe. Se a escola é um mundo de novas descobertas, a biblioteca tem missão fundamental nesse processo. De acordo com TAVARES (1973): Podemos assim resumir as finalidades duma biblioteca escolar: -informar; completar e orientar os estudos; -continuar a tarefa do professor; -consolidar a aprendizagem; desenvolver o raciocínio dedutivo; -dar o hábito de pesquisa; ampliar e sedimentar os conhecimentos; -dar amor e valorização ao livro. (TAVARES, 1973 p. 16) Podemos dizer que sua atuação envolve muito mais que o anteriormente descrito. A biblioteca escolar é um centro ativo de investigação e de aprendizagem. É um espaço democrático com função educativa, de formação cultural do indivíduo e, também, de atendimento às necessidades da comunidade. Não é apenas depositária do saber estruturado, mas elemento dinâmico, objeto de transformação cultural. O que pressupõe encará-la, além de mero suporte das atividades escolares, como espaço aberto à comunidade, proporcionando atividades culturais e sociais. Nesta perspectiva, assume duas funções essenciais. A primeira delas é a função de biblioteca escolar, envolvida no plano de todas as atividades da escola, dando suporte pedagógico aos professores e alunos, dentro e fora da sala de aula. A outra é a função de biblioteca-centro cultural da comunidade, de informação e recreação, fornecendo material bibliográfico e audiovisual, além de espaço para o desenvolvimento de atividades de grupo. No entanto, para atingir seu pleno funcionamento e efetiva atuação no processo de ensino-aprendizagem, é necessário contar com a presença de recursos materiais e recursos humanos especializados, sem os quais a biblioteca deixará de existir como tal e, conseqüentemente, a escola perderá sua alma. Segundo parecer de GARCIA (1989): Entre os diversos meios educativos, encontra-se a biblioteca – recurso indispensável para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e formação do educando. Pode-se afirmar que uma escola sem biblioteca é uma instituição incompleta, e uma biblioteca não orientada para um trabalho escolar dinâmico torna-se um instrumento estático e improdutivo dentro desse contexto. (GARCIA, 1989 p. 11) Nos dias de hoje a importância da leitura vem se concretizando gradualmente para a formação do indivíduo. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem a apresentação de caminhos de renovação e qualificação. A leitura sempre teve um papel social de grande interferência na sociedade, como pesquisa educacional e a evolução da leitura na sociedade diante dos problemas sociais, políticos e econômicos. Ainda na visão de GARCIA (1989): Inserida no estágio de ensino que dedica cuidados especiais à criança e ao adolescente, uma biblioteca funcional é aquela que desempenha uma função específica dentro da programação e técnicas escolares. Ambiente carregado de motivações é o local por excelência onde a criança aprende a gostar de ler, a se autoexpressar, a se educar. A ação dinâmica da biblioteca deverá servir ao programa escolar; daí a necessidade de atividades em grupo, tais como: dramatizações, jogos, hora do conto... (GARCIA, 1989 p. 14 e 15) A desvalorização do potencial educacional das bibliotecas A importância da biblioteca no processo educativo é inquestionável, porém mesmo havendo exigência legal para se ter uma biblioteca nas escolas, o que se observa é que a mesma não está devidamente integrada à escola brasileira. O que se encontra são depósitos de livros ou um espaço para outras finalidades que não o de desenvolvimento de atividades educacionais, cujas salas são apêndices das unidades escolares e quase sem bibliotecários, isso quando há biblioteca na escola. Segundo GARCIA (1989): ... A biblioteca é vista muitas vezes como um lugar em que são armazenados livros para leitura; um lugar destinado a alunos considerados indisciplinados, ou ainda, um lugar de disseminação da informação. Por sua vez, o bibliotecário é visto como um elemento que executa tarefas meramente técnica e a sua formação pedagógica, cultural e social é deixada de lado. (GARCIA, 1989 p. 13) A biblioteca, servindo adequadamente ao processo de aprendizagem, se torna ícone do desenvolvimento autônomo do aluno. Por isso, a gestão escolar deveria mobilizar meios que culminassem na plena utilização e exploração da biblioteca a fim de promover a interação do aluno com outros meios de aprendizagem extra-sala de aula. MACEDO (2000) assim define o espaço da biblioteca: BIBLIOTECA é um ambiente de aprendizagem, portanto, um espaço de/para EDUCAÇÃO que, em função das interações, poderá ser de educação formal ou nãoformal. O usuário é aprendiz, pois continuamente “aprende a aprender” enquanto usa a informação. (MACEDO, 2000 p. XIV) Ora, se as bibliotecas surgiram como uma necessidade de se preservar o patrimônio memorial de uma civilização, não é justo que os livros fiquem guardados como objetos, porque esse acervo cultural é antes de mais nada, fonte de conhecimento para as gerações futuras. E isso requer uma alfabetização voltada para a aquisição da cultura. Segundo MACEDO (2000): O fato de o termo “alfabetização” integrar de modo explícito as missões básicas da biblioteca pública deve estar suscitando uma série de indagações, de modo a construir mais um desafio com o qual os bibliotecários de um país em desenvolvimento terão de enfrentar. (MACEDO, 2000 p. 23) A (não)formação dos profissionais das bibliotecas Para o bom funcionamento de uma biblioteca, destaca-se entre os fatores básicos, a presença de um bibliotecário. Segundo TAVARES (1973): Para o êxito de uma biblioteca, elemento importante é o bibliotecário, intermediário entre o livro e o leitor; graças ao seu trabalho eficiente é que a biblioteca pode existir. Da sua ação, do seu conhecimento depende a biblioteca para ser dotada e estar preparada para atender às necessidades dos alunos. (TAVARES, 1973 p. 27) Assim, não se pode restringir o bibliotecário a qualquer indivíduo, cujo papel é apenas guardar o acervo a sete chaves, ou simplesmente, entregar livros. É preciso que se entenda por bibliotecário o profissional ideal para atuar nas bibliotecas escolares, que tenha qualificação profissional em Educação e Biblioteconomia e cuja função é organizar racional e objetivamente a biblioteca, de acordo com suas finalidades, transformando a biblioteca em lugar adequado, atraente, vivo, pronto a servir com eficiência ao propósito de participação ativa no processo educacional, estando efetivamente integrado à escola e à comunidade, fornecendo informações precisas sobre os materiais procurados e estimulando os alunos a despertar o prazer pela leitura, orientando e sensibilizando os professores quanto ao uso da biblioteca e por fim atuar como agente cultural, promovendo exposições e oficinas de leitura. Enfim, sua finalidade é ressuscitar o arquivo morto, criando subsídios para que os leitores possam ler a vida, o mundo; seja no passado ou no presente, e se instrumentalizando para o futuro. Para tanto, como afirma TAVARES (1973): Ele precisa ser agradável e gostar de servir; ter consciência de que precisa ser útil, pois do seu trabalho muito dependerá o resultado dos estudos de centenas de crianças, ser paciente e muito hábil. Ter entusiasmo pelo seu trabalho e consciência da responsabilidade da sua função, muito ajudarão para que ele desempenhe sua missão com sucesso. (TAVARES, 1973 p. 28) Mas infelizmente, a presença deste profissional nas bibliotecas escolares públicas é um ideal distante de ser concretizado. Isto porque na carreira do magistério, não existe o profissional bibliotecário. Em seu lugar estão os professores readaptados que, por doença, fastio pedagógico, ou velhice são “jogados” nas bibliotecas e nelas permanecem aguardando a tão sonhada aposentadoria. Assim, sua função se limita, quando muito, a guarda-livros, como se estes fossem objetos acorrentados e trancafiados. Ou seja, esses profissionais atuantes nas bibliotecas não são instruídos do real papel da biblioteca e do bibliotecário. Segundo parecer de GARCIA (1989): Nas escolas onde não houver o profissional qualificado, o professor adido ou readaptado poderá responder pela biblioteca, conforme Artigos 54 e 56, dos Regimentos das Escolas Estaduais de 1º e 2º Grau (atualmente Ensino Fundamental e Ensino Médio). Na ausência desses elementos, um professor ou outro funcionário poderá prestar atendimento aos usuários, desde que tenha o domínio mínimo de condições para realizar o trabalho que lhe foi atribuído. Ele deve ser um elemento sempre atento às atividades que serão desenvolvidas pelos professores, auxiliandoos na função pedagógica. Deve ter criatividade, interesse, um certo conhecimento em organização de bibliotecas, para que os serviços prestados visem a um arranjo que facilite o manuseio do acervo e o atendimento ao leitor. (GARCIA, 1989 p. 19 e 20) A ausência de profissionais adequados compromete a eficácia da biblioteca e o Governo não só tem consciência deste fato como também tem consciência de que a eficácia de programas de distribuição de acervos bibliográficos não possui o mesmo alcance se não existe esse profissional dentro do ambiente escolar. Segundo parecer de BRASIL (2006) sobre um relatório de um programa de acervos bibliográficos: A ausência de profissionais nas bibliotecas existentes, somada ao fato de que boa parte das escolas sequer possui espaço físico para biblioteca, limita o alcance dos objetivos do programa, tanto pela dificuldade de acesso aos acervos como pela conservação e guarda nem sempre adequadas do material. (BRASIL, 2006 p. 61) Como conseqüência desta não-formação dos atuais profissionais das bibliotecas escolares públicas, temos bibliotecas desorganizadas, desprovidas de serviços bibliotecários adequados, que afugentam os usuários e comprometem sua função no processo de ensinoaprendizagem. Já que a literatura é um importante recurso para que se desenvolva na escola a democracia e a cidadania, a biblioteca deve cumprir suas funções culturais e educativas e para isso é necessário que o bibliotecário participe ativamente do processo educacional, auxiliando os professores em suas atividades curriculares e para tanto, é preciso que ele faça da biblioteca um espaço agradável, a fim de atrair os alunos. Caso esse profissional não seja qualificado para essa tarefa, a biblioteca pode se tornar um local de exibição, porém sem função significativa. Segundo parecer de SILVA (1989): E daí poderá surgir muita frustração, caso a biblioteca venha a se transformar em mero “enfeite” da escola, tendo como responsável uma pessoa sem nenhuma sensibilidade para com a promoção da leitura. (SILVA, 1989 p. 27) A gestão escolar e o (não)funcionamento da biblioteca escolar A gestão escolar tem uma função importantíssima para a eficácia da biblioteca escolar, pois é a gestão que deve desprender forças para aquisição de recursos físicos e humanos a fim de garantir o funcionamento da biblioteca como espaço educativo. O espaço físico adequado é primordial para o funcionamento da biblioteca, afinal sem uma sala, sem livros e sem mobília não existe biblioteca. Para tanto a gestão deve requerer às estruturas hierárquicas esses recursos físicos e caso não seja atendida deve procurar auxílio do setor privado. Quanto aos recursos humanos é necessário que a gestão desenvolva junto com o profissional da biblioteca e toda a equipe escolar um plano de atuação da biblioteca, bem como é cabível à gestão a fiscalização do cumprimento do plano. É interessante que a gestão convide pessoas da comunidade que se mostrem aptas, a auxiliar o papel de profissional da biblioteca de modo a promover um melhor desenvolvimento do trabalho, evitando o sobrecarga de atividades do profissional da biblioteca e a construção da consciência coletiva da importância do papel da biblioteca no processo de aprendizagem. Sobre a importância do espaço físico adequado, o Governo Federal se manifestou em um relatório e segundo parecer de BRASIL (2002): A falta de um espaço adequado para guardar e utilização dos acervos tende a comprometer a qualidade do trabalho pedagógico que essas escolas podem realizar. Dessa forma, é preciso oferecer apoio especial às escolas carentes para atenuar o quadro de dificuldades e aproximá-las de uma situação mais favorável. (BRASIL, 2002 p. 11) Dentro de uma biblioteca a criança, mesmo que não saiba ler, consegue desenvolver a arte de contar e re-contar histórias e dessa forma, é preciso desenvolver o hábito de leitura em pré-escolares, destacando a importância das bibliotecas como meio gratuito de acesso aos livros. Hoje a biblioteca cultiva esta preocupação pedagógica e, é por isso, que cada vez mais, profissionais da educação estão dispostos a levá-la para a sala de aula, pois a biblioteca escolar tem suas funções a desempenhar: função educativa, que incentiva os alunos a buscar conhecimento; a formar hábitos, cuidar e manusear; e a função cultural, pois complementa a educação formal, ampliando o conhecimento do aluno acerca do mundo e das culturas existentes nele, já que cada livro proporciona uma viagem ao leitor. Com todas essas afirmações acerca da importância da biblioteca no processo de ensino, há de se valorizar as bibliotecas escolares, principalmente às das escolas mais carentes, onde se tornam uns dos únicos meios de informação. Ainda segundo parecer de BRASIL (2002): ...o apoio a escolas mais carentes pode lhes proporcionar melhores condições de utilizar os acervos, por meio de orientações de como superar dificuldades operacionais, como falta de espaço físico para a biblioteca da escola e inexistência de bibliotecário. Com isso, espera-se um aumento das oportunidades de aprendizagem para alunos dessas escolas que têm dificuldade de incorporação dos acervos na prática pedagógica. (BRASIL, 2002 p. 13) Considerações finais Não restam dúvidas do bem que a leitura proporciona, e que as escolas, mesmo diante de tantas dificuldades, devem procurar buscar os padrões do Referencial Curricular Nacional para a Educação, de forma que as suas bibliotecas cumpram o seu papel social, que é dar asas à imaginação, incentivando as crianças, a voar nas páginas dos livros. E este contato em local adequado para essa integração (criança – livro), trará efeitos positivos, não apenas como o hábito de leitura, mas também a responsabilidade, o cuidado, a independência, a cooperação, dentre outros. Entre as diversas atividades dentro de uma biblioteca, é interessante observar como é a participação do bibliotecário, de forma que o mesmo possa estar sempre presente, estimulando as visitas dos alunos, auxiliando os professores nas diversas disciplinas da unidade escolar, buscando sempre despertar e fortalecer o hábito de leitura nos alunos. Também é importante que o bibliotecário ofereça subsídios aos professores, fornecendo-lhe informações atualizadas e aos alunos, ofereça fontes de pesquisa, ampliando os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Com toda essa importância do bibliotecário o Governo Federal realizou um levantamento sobre a demanda desse profissional em ambientes escolares e assim se pronunciou em um relatório oficial BRASIL (2006): A ausência de responsável pela biblioteca, conforme constatado na auditoria realizada em 2001, continua sendo um risco à guarda e conservação adequada dos acervos distribuídos pelo PNBE. O bibliotecário/responsável pela biblioteca é um importante ator do programa, haja vista caber a ele a administração, organização, guarda e mobilização do acervo das bibliotecas. Em 2001 a falta de responsável pela biblioteca foi apontada por 35,4% das escolas como dificuldade para a guarda e conservação dos livros. Os dados da pesquisa revelaram que apenas 39,2% das escolas contavam com um bibliotecário como responsável pelos livros da escola. (BRASIL, 2006 p. 59) Cabe então à gestão escolar não desprezar o potencial da biblioteca como espaço educativo e desempenhar esforços de modo a garantir recursos físicos e humanos afim de promover o funcionamento da biblioteca e a melhoria da qualidade dos serviços prestados pela mesma em prol da construção de indivíduos autônomos, críticos e agentes atuantes da cidadania. Referências BRASIL. Tribunal de Contas da União. Avaliação do Programa Nacional Biblioteca na Escola. PNBE. Brasília DF: Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo, 2002. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Relatório de monitoramento: Programa Nacional Biblioteca da Escola. PNBE. Brasília DF: Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo, 2006. GARCIA, N. A. R.; AMATO, M. A. A biblioteca na escola. In: GARCIA, E. G. (Org.)Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989. MACEDO, Neusa Dias de. ; SEMEGHINI-SIQUEIRA, Idméa. Biblioteca pública/biblioteca escolar de país em desenvolvimento: diálogo entre bibliotecária e professora para recenstrução de significados com base no manifesto da UNESCO. São Paulo, 2000. SILVA, E. T. Biblioteca escolar: quem cuida? In: GARCIA, E. G. (Org.) Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989. TAVARES, Denise Fernandes. Biblioteca escolar. São Paulo: INL, 1973.