ILDA BASSO (Org.)
JOSÉ CARLOS RODRIGUES ROCHA (Org.)
MARILEIDE DIAS ESQUEDA (Org.)
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO
LINGUAGENS EDUCATIVAS:
PERSPECTIVAS INTERDISCIPLINARES NA ATUALIDADE
BAURU
2008
S6126 Simpósio Internacional de Educação (2. : 2008 : Bauru, SP)
Anais [recurso eletrônico] / 2. Simpósio Internacional de
Educação / Ilda Basso, José Carlos Rodrigues Rocha,
Marileide Dias Esqueda (organizadores). – Bauru, SP :
USC, 2008.
Simpósio realizado na USC, no mês de junho de 2008,
tendo como tema : Linguagens educativas – perspectivas
interdisciplinares na atualidade.
ISBN 978-85-99532-02-7.
1. Educação – simpósios. 2. Linguagens educativas. I.
Basso, Ilda. II. Rocha, José Carlos Rodrigues. III. Esqueda,
Marileide Dias. VI. Título.
CDD 370
BIBLIOTECA ESCOLAR E A GESTÃO ESCOLAR PÚBLICA
Ana Paula Barroso da SILVA
Universidade do Sagrado Coração
Helena Gasparini GIANSANTE
Universidade do Sagrado Coração
Wandreson José RODRIGUES
Universidade do Sagrado Coração
RESUMO
O texto que apresentamos é fruto de uma pesquisa bibliográfica em torno do tema da relação
da gestão escolar e as bibliotecas escolares públicas. CoNtudo faz-se necessário abordaRmos
a questão da leitura, que é um dos objetos de trabalho da biblioteca. Pois bem, a evolução da
humanidade só foi possível devido à transmissão de informações no decorrer da história e o
processo de escrita e leitura desempenha este papel muito bem. Assim, a leitura detém o poder
de transformação e a nível individual essa transformação é a construção da autonomia e da
criticidade. Portanto, a leitura se veste de um caráter político muito grande, uma vez que pode
emancipar o indivíduo. A Biblioteca escolar configura-se como um suporte pedagógico de
alta potencialidade, uma vez que é, ou deveria ser, um centro ativo de investigação e
aprendizagem. Portanto, é difícil conceber a triste realidade da desvalorização do potencial
educativo das bibliotecas por parte dos docentes, discentes e gestores que muitas vezes
concederam as bibliotecas como simples depósito de livros. A constatação de desvalorização
das bibliotecas advém, também, do fato da não existência de profissionais adequados,
preparados e qualificados a trabalhar nas mesmas. O que se encontra, na maioria das vezes, é
um professor readaptado, esperando a aposentadoria e que desconstrói o real papel do
profissional da biblioteca que é o de organizar o acervo, orientar e estimular os professores e
alunos na busca de informações e no despertar do gosto pela leitura, desta forma atuar como
agente de cultura integrado com a escola e a comunidade. Mas, para o pleno funcionamento
da biblioteca é necessário que haja a disponibilização de recursos humanos adequados e de
recursos materiais, uma vez que a biblioteca carece de acervo, mobiliário, materiais de apoio e
espaço físico. A respeito do espaço físico, esse recurso é tão deficitário que muitas vezes a
biblioteca se transforma em sala de recurso, sala de vídeo, sala de reforço, grêmio estudantil,
depósito e até em lugar onde se “jogam as tranqueiras” que não têm mais utilidade, ou seja, a
biblioteca, muitas vezes, se configura em muitas coisas menos em espaço de leitura coletiva.
Uma outra problemática da biblioteca é quando esta se torna o “elefante branco” da escola,
isto é a biblioteca existe, é organizada, limpa, possui profissional preparado, mas não funciona
por conta da guarda dos livros que não são os disponibilizados para os alunos; com isso, ela
serve de “enfeite”, “adorno” para ser mostrada para visitas e supervisões e nos outros
momentos ela se mantém estática, fechada, não funcional. Nas unidades escolares, é comum
observar que as bibliotecas escolares não fazem parte do cotidiano dos alunos, embora alguns
educadores tenham a preocupação em relação à melhor estratégia a ser usada para despertar
em seus alunos o prazer da leitura, mesmo diante de uma sociedade que desvaloriza a leitura.
A gestão escolar é outro aspecto significativo, uma vez que não volta seus olhares para o
potencial educacional da biblioteca no processo de ensino aprendizagem, principalmente, no
despertar o gosto pela leitura.
Palavras-chaves: Educação; Bibliotecas; Bibliotecários; Gestão escolar pública.
ASTRACT
This text is the result of a literature search about the subject of the school management
relation and the public school libraries. However, it is necessary to approach the issue of
reading that is one of the library work projects. The evolution of mankind was possible only
due to the transmission of information in the course of history and the process of writing and
reading plays this role very well. This way, reading has the power of transformation and as an
individual level this change is the construction of the autonomy and the criticism. Therefore,
reading has a pretty big political character, once it can emancipate the individual. The school
library presents itself as a pedagogical support with a great potential and it is, or it should be,
an active center of investigation and learning. So, it is difficult to conceive the reality of
lacking in value of educational potential of the libraries that comes from the teaching staff, the
student body and the managers that many times granted the libraries as a simple books dump.
We can notice that the lack in value comes also from the fact that there are not well-prepared
and qualified professionals to work in these libraries. What we find, most of the time, is a
readjusted teacher waiting for retirement that spoils the real professional role of the library
which is to organize the collection, to guide and to stimulate the teachers and the students in
search of information and to arouse the taste in reading, this way to act out like a culture agent
integrated with the school and the community. But, in order to the full working of the library
it is necessary to have the human and material resources available, once that the library
doesn’t have the collection, furniture, support materials and space. About the space, this
resource is so poor that many times the library turns into a resource room, a video room, a
backing room, a school council, a deposit and even a place to “throw the stuff” that is not
useful anymore, in other words, the library, several times, can be a place for many things,
except a place to a reading in group. Another problem the library has is when it turns into “the
white elephant” of the school, or rather, there is a library, it is neat and clean, there are wellprepared professionals, but it doesn’t work because of the books, they are not accessible so
they are only decoration to be showed to visitors and supervisors, and in the other moments it
is closed, it doesn’t work. It is common to note that the libraries are not part of the everyday
life of the school, although some teachers have the concern related to a better strategy to be
used to arouse the pleasure of reading in their students, even faced with a society that doesn’t
make the reading a valuable thing. The school management is another significant aspect, once
it is not so worried about the educational potential of the library in the education and learning
process, mainly to arouse the taste of reading.
Keywords: Education; Libraries; Librarians; Public school management.
A biblioteca e o processo de ensino/aprendizagem
As bibliotecas surgiram da necessidade de preservação da memória da civilização,
como fonte de conhecimento para as gerações futuras. O seu papel atingiu o auge a partir da
Revolução industrial, com o desenvolvimento das indústrias e das tecnologias, a necessidade
de informações diversificadas, aliada à universalização da leitura e da escrita. Sua importância
é indiscutível. Mas, antes de abordarmos tal importância, vamos defini-la. De acordo com o
dicionário Aurélio (1986, p. 253): “biblioteca é uma coleção pública ou privada de livros e
documentos, organizada para estudo, leitura e consulta”.
Para CASTRILLON (apud Mayrink, 1991):
É uma instituição do sistema social que organiza materiais bibliográficos,
audiovisuais e outros meios e os coloca à disposição de uma comunidade
educacional. Constitui parte integral do sistema educativo e participa de seus
objetivos, metas e fins. A biblioteca escolar é um instrumento de desenvolvimento
do currículo e permite o fomento da leitura e a formação de uma atividade científica.
(CASTRILLON apud Mayrink, 1991 p. 304)
A biblioteca escolar não é um anexo da escola, mas sim sua alma. Não se restringe a
um simples depósito de materiais, mas é uma das mais poderosas forças educativas de que a
escola dispõe. Se a escola é um mundo de novas descobertas, a biblioteca tem missão
fundamental nesse processo.
De acordo com TAVARES (1973):
Podemos assim resumir as finalidades duma biblioteca escolar: -informar; completar
e orientar os estudos; -continuar a tarefa do professor; -consolidar a aprendizagem; desenvolver o raciocínio dedutivo; -dar o hábito de pesquisa; ampliar e sedimentar
os conhecimentos; -dar amor e valorização ao livro. (TAVARES, 1973 p. 16)
Podemos dizer que sua atuação envolve muito mais que o anteriormente descrito. A
biblioteca escolar é um centro ativo de investigação e de aprendizagem. É um espaço
democrático com função educativa, de formação cultural do indivíduo e, também,
de
atendimento às necessidades da comunidade. Não é apenas depositária do saber estruturado,
mas elemento dinâmico, objeto de transformação cultural. O que pressupõe encará-la, além de
mero suporte das atividades escolares, como espaço aberto à comunidade, proporcionando
atividades culturais e sociais.
Nesta perspectiva, assume duas funções essenciais. A primeira delas é a função de
biblioteca escolar, envolvida no plano de todas as atividades da escola, dando suporte
pedagógico aos professores e alunos, dentro e fora da sala de aula. A outra é a função de
biblioteca-centro cultural da comunidade, de informação e recreação, fornecendo material
bibliográfico e audiovisual, além de espaço para o desenvolvimento de atividades de grupo.
No entanto, para atingir seu pleno funcionamento e efetiva atuação no processo de
ensino-aprendizagem, é necessário contar com a presença de recursos materiais e recursos
humanos especializados, sem os quais a biblioteca deixará de existir como tal e,
conseqüentemente, a escola perderá sua alma.
Segundo parecer de GARCIA (1989):
Entre os diversos meios educativos, encontra-se a biblioteca – recurso indispensável
para o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e formação do educando.
Pode-se afirmar que uma escola sem biblioteca é uma instituição incompleta, e uma
biblioteca não orientada para um trabalho escolar dinâmico torna-se um instrumento
estático e improdutivo dentro desse contexto. (GARCIA, 1989 p. 11)
Nos dias de hoje a importância da leitura vem se concretizando gradualmente para a
formação do indivíduo. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem a
apresentação de caminhos de renovação e qualificação. A leitura sempre teve um papel social
de grande interferência na sociedade, como pesquisa educacional e a evolução da leitura na
sociedade diante dos problemas sociais, políticos e econômicos.
Ainda na visão de GARCIA (1989):
Inserida no estágio de ensino que dedica cuidados especiais à criança e ao
adolescente, uma biblioteca funcional é aquela que desempenha uma função
específica dentro da programação e técnicas escolares. Ambiente carregado de
motivações é o local por excelência onde a criança aprende a gostar de ler, a se autoexpressar, a se educar. A ação dinâmica da biblioteca deverá servir ao programa
escolar; daí a necessidade de atividades em grupo, tais como: dramatizações, jogos,
hora do conto... (GARCIA, 1989 p. 14 e 15)
A desvalorização do potencial educacional das bibliotecas
A importância da biblioteca no processo educativo é inquestionável, porém mesmo
havendo exigência legal para se ter uma biblioteca nas escolas, o que se observa é que a
mesma não está devidamente integrada à escola brasileira. O que se encontra são depósitos de
livros ou um espaço para outras finalidades que não o de desenvolvimento de atividades
educacionais, cujas salas são apêndices das unidades escolares e quase sem bibliotecários,
isso quando há biblioteca na escola.
Segundo GARCIA (1989):
... A biblioteca é vista muitas vezes como um lugar em que são armazenados livros
para leitura; um lugar destinado a alunos considerados indisciplinados, ou ainda, um
lugar de disseminação da informação. Por sua vez, o bibliotecário é visto como um
elemento que executa tarefas meramente técnica e a sua formação pedagógica,
cultural e social é deixada de lado. (GARCIA, 1989 p. 13)
A biblioteca, servindo adequadamente ao processo de aprendizagem, se torna ícone
do desenvolvimento autônomo do aluno. Por isso, a gestão escolar deveria mobilizar meios
que culminassem na plena utilização e exploração da biblioteca a fim de
promover a
interação do aluno com outros meios de aprendizagem extra-sala de aula.
MACEDO (2000) assim define o espaço da biblioteca:
BIBLIOTECA é um ambiente de aprendizagem, portanto, um espaço de/para
EDUCAÇÃO que, em função das interações, poderá ser de educação formal ou nãoformal. O usuário é aprendiz, pois continuamente “aprende a aprender” enquanto usa
a informação. (MACEDO, 2000 p. XIV)
Ora, se as bibliotecas surgiram como uma necessidade de se preservar o patrimônio
memorial de uma civilização, não é justo que os livros fiquem guardados como objetos,
porque esse acervo cultural é antes de mais nada, fonte de conhecimento para as gerações
futuras. E isso requer uma alfabetização voltada para a aquisição da cultura.
Segundo MACEDO (2000):
O fato de o termo “alfabetização” integrar de modo explícito as missões básicas da
biblioteca pública deve estar suscitando uma série de indagações, de modo a
construir mais um desafio com o qual os bibliotecários de um país em
desenvolvimento terão de enfrentar. (MACEDO, 2000 p. 23)
A (não)formação dos profissionais das bibliotecas
Para o bom funcionamento de uma biblioteca, destaca-se entre os fatores básicos, a
presença de um bibliotecário.
Segundo TAVARES (1973):
Para o êxito de uma biblioteca, elemento importante é o bibliotecário, intermediário
entre o livro e o leitor; graças ao seu trabalho eficiente é que a biblioteca pode
existir. Da sua ação, do seu conhecimento depende a biblioteca para ser dotada e
estar preparada para atender às necessidades dos alunos. (TAVARES, 1973 p. 27)
Assim, não se pode restringir o bibliotecário a qualquer indivíduo, cujo papel é apenas
guardar o acervo a sete chaves, ou simplesmente, entregar livros. É preciso que se entenda por
bibliotecário o profissional ideal para atuar nas bibliotecas escolares, que tenha qualificação
profissional em Educação e Biblioteconomia e cuja função é organizar racional e
objetivamente a biblioteca, de acordo com suas finalidades, transformando a biblioteca em
lugar adequado, atraente, vivo, pronto a servir com eficiência ao propósito de participação
ativa no processo educacional, estando efetivamente integrado à escola e à comunidade,
fornecendo informações precisas sobre os materiais procurados e estimulando os alunos a
despertar o prazer pela leitura, orientando e sensibilizando os professores quanto ao uso da
biblioteca e por fim atuar como agente cultural, promovendo exposições e oficinas de leitura.
Enfim, sua finalidade é ressuscitar o arquivo morto, criando subsídios para que os
leitores possam ler a vida, o mundo; seja no passado ou no presente, e se instrumentalizando
para o futuro.
Para tanto, como afirma TAVARES (1973):
Ele precisa ser agradável e gostar de servir; ter consciência de que precisa ser útil,
pois do seu trabalho muito dependerá o resultado dos estudos de centenas de
crianças, ser paciente e muito hábil. Ter entusiasmo pelo seu trabalho e consciência
da responsabilidade da sua função, muito ajudarão para que ele desempenhe sua
missão com sucesso. (TAVARES, 1973 p. 28)
Mas infelizmente, a presença deste profissional nas bibliotecas escolares públicas é
um ideal distante de ser concretizado. Isto porque na carreira do magistério, não existe o
profissional bibliotecário. Em seu lugar estão os professores readaptados que, por doença,
fastio pedagógico, ou velhice são “jogados” nas bibliotecas e nelas permanecem aguardando a
tão sonhada aposentadoria. Assim, sua função se limita, quando muito, a guarda-livros, como
se estes fossem objetos acorrentados e trancafiados. Ou seja, esses profissionais atuantes nas
bibliotecas não são instruídos do real papel da biblioteca e do bibliotecário.
Segundo parecer de GARCIA (1989):
Nas escolas onde não houver o profissional qualificado, o professor adido ou
readaptado poderá responder pela biblioteca, conforme Artigos 54 e 56, dos
Regimentos das Escolas Estaduais de 1º e 2º Grau (atualmente Ensino Fundamental
e Ensino Médio). Na ausência desses elementos, um professor ou outro funcionário
poderá prestar atendimento aos usuários, desde que tenha o domínio mínimo de
condições para realizar o trabalho que lhe foi atribuído. Ele deve ser um elemento
sempre atento às atividades que serão desenvolvidas pelos professores, auxiliandoos na função pedagógica. Deve ter criatividade, interesse, um certo conhecimento
em organização de bibliotecas, para que os serviços prestados visem a um arranjo
que facilite o manuseio do acervo e o atendimento ao leitor. (GARCIA, 1989 p. 19 e
20)
A ausência de profissionais adequados compromete a eficácia da biblioteca e o
Governo não só tem consciência deste fato como também tem consciência de que a eficácia
de programas de distribuição de acervos bibliográficos não possui o mesmo alcance se não
existe esse profissional dentro do ambiente escolar.
Segundo parecer de BRASIL (2006) sobre um relatório de um programa de acervos
bibliográficos:
A ausência de profissionais nas bibliotecas existentes, somada ao fato de que boa
parte das escolas sequer possui espaço físico para biblioteca, limita o alcance dos
objetivos do programa, tanto pela dificuldade de acesso aos acervos como pela
conservação e guarda nem sempre adequadas do material. (BRASIL, 2006 p. 61)
Como conseqüência desta não-formação dos atuais profissionais das bibliotecas
escolares públicas, temos bibliotecas desorganizadas, desprovidas de serviços bibliotecários
adequados, que afugentam os usuários e comprometem sua função no processo de ensinoaprendizagem.
Já que a literatura é um importante recurso para que se desenvolva na escola a
democracia e a cidadania, a biblioteca deve cumprir suas funções culturais e educativas e para
isso é necessário que o bibliotecário participe ativamente do processo educacional, auxiliando
os professores em suas atividades curriculares e para tanto, é preciso que ele faça da
biblioteca um espaço agradável, a fim de atrair os alunos. Caso esse profissional não seja
qualificado para essa tarefa, a biblioteca pode se tornar um local de exibição, porém sem
função significativa.
Segundo parecer de SILVA (1989):
E daí poderá surgir muita frustração, caso a biblioteca venha a se transformar em
mero “enfeite” da escola, tendo como responsável uma pessoa sem nenhuma
sensibilidade para com a promoção da leitura. (SILVA, 1989 p. 27)
A gestão escolar e o (não)funcionamento da biblioteca escolar
A gestão escolar tem uma função importantíssima para a eficácia da biblioteca escolar,
pois é a gestão que deve desprender forças para aquisição de recursos físicos e humanos a fim
de garantir o funcionamento da biblioteca como espaço educativo. O espaço físico adequado é
primordial para o funcionamento da biblioteca, afinal sem uma sala, sem livros e sem mobília
não existe biblioteca. Para tanto a gestão deve requerer às estruturas hierárquicas esses
recursos físicos e caso não seja atendida deve procurar auxílio do setor privado.
Quanto aos recursos humanos é necessário que a gestão desenvolva junto com o
profissional da biblioteca e toda a equipe escolar um plano de atuação da biblioteca, bem
como é cabível à gestão a fiscalização do cumprimento do plano.
É interessante que a gestão convide pessoas da comunidade que se mostrem aptas, a
auxiliar o papel de profissional da biblioteca de modo a promover um melhor
desenvolvimento do trabalho, evitando o sobrecarga de atividades do profissional
da
biblioteca e a construção da consciência coletiva da importância do papel da biblioteca no
processo de aprendizagem. Sobre a importância do espaço físico adequado, o Governo
Federal se manifestou em um relatório e segundo parecer de BRASIL (2002):
A falta de um espaço adequado para guardar e utilização dos acervos tende a
comprometer a qualidade do trabalho pedagógico que essas escolas podem realizar.
Dessa forma, é preciso oferecer apoio especial às escolas carentes para atenuar o
quadro de dificuldades e aproximá-las de uma situação mais favorável. (BRASIL,
2002 p. 11)
Dentro de uma biblioteca a criança, mesmo que não saiba ler, consegue desenvolver a
arte de contar e re-contar histórias e dessa forma, é preciso desenvolver o hábito de leitura em
pré-escolares, destacando a importância das bibliotecas como meio gratuito de acesso aos
livros.
Hoje a biblioteca cultiva esta preocupação pedagógica e, é por isso, que cada vez mais,
profissionais da educação estão dispostos a levá-la para a sala de aula, pois a biblioteca
escolar tem suas funções a desempenhar: função educativa, que incentiva os alunos a buscar
conhecimento; a formar hábitos, cuidar e manusear; e a função cultural, pois complementa a
educação formal, ampliando o conhecimento do aluno acerca do mundo e das culturas
existentes nele, já que cada livro proporciona uma viagem ao leitor. Com todas essas
afirmações acerca da importância da biblioteca no processo de ensino, há de se valorizar as
bibliotecas escolares, principalmente às das escolas mais carentes, onde se tornam uns dos
únicos meios de informação.
Ainda segundo parecer de BRASIL (2002):
...o apoio a escolas mais carentes pode lhes proporcionar melhores condições de
utilizar os acervos, por meio de orientações de como superar dificuldades
operacionais, como falta de espaço físico para a biblioteca da escola e inexistência
de bibliotecário. Com isso, espera-se um aumento das oportunidades de
aprendizagem para alunos dessas escolas que têm dificuldade de incorporação dos
acervos na prática pedagógica. (BRASIL, 2002 p. 13)
Considerações finais
Não restam dúvidas do bem que a leitura proporciona, e que as escolas, mesmo diante
de tantas dificuldades, devem procurar buscar os padrões do Referencial Curricular Nacional
para a Educação, de forma que as suas bibliotecas cumpram o seu papel social, que é dar asas
à imaginação, incentivando as crianças, a voar nas páginas dos livros. E este contato em local
adequado para essa integração (criança – livro), trará efeitos positivos, não apenas como o
hábito de leitura, mas também a responsabilidade, o cuidado, a independência, a cooperação,
dentre outros.
Entre as diversas atividades dentro de uma biblioteca, é interessante observar como é a
participação do bibliotecário, de forma que o mesmo possa estar sempre presente,
estimulando as visitas dos alunos, auxiliando os professores nas diversas disciplinas da
unidade escolar, buscando sempre despertar e fortalecer o hábito de leitura nos alunos.
Também é importante que o bibliotecário ofereça subsídios aos professores, fornecendo-lhe
informações atualizadas e aos alunos, ofereça fontes de pesquisa, ampliando os
conhecimentos adquiridos em sala de aula. Com toda essa importância do bibliotecário o
Governo Federal realizou um levantamento sobre a demanda desse profissional em ambientes
escolares e assim se pronunciou em um relatório oficial BRASIL (2006):
A ausência de responsável pela biblioteca, conforme constatado na auditoria
realizada em 2001, continua sendo um risco à guarda e conservação adequada dos
acervos distribuídos pelo PNBE. O bibliotecário/responsável pela biblioteca é um
importante ator do programa, haja vista caber a ele a administração, organização,
guarda e mobilização do acervo das bibliotecas. Em 2001 a falta de responsável pela
biblioteca foi apontada por 35,4% das escolas como dificuldade para a guarda e
conservação dos livros. Os dados da pesquisa revelaram que apenas 39,2% das
escolas contavam com um bibliotecário como responsável pelos livros da escola.
(BRASIL, 2006 p. 59)
Cabe então à gestão escolar não desprezar o potencial da biblioteca como espaço
educativo e desempenhar esforços de modo a garantir recursos físicos e humanos afim de
promover o funcionamento da biblioteca e a melhoria da qualidade dos serviços prestados
pela mesma em prol da construção de indivíduos autônomos, críticos e agentes atuantes da
cidadania.
Referências
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Avaliação do Programa Nacional Biblioteca na
Escola. PNBE. Brasília DF: Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo,
2002.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Relatório de monitoramento: Programa Nacional
Biblioteca da Escola. PNBE. Brasília DF: Secretaria de Fiscalização e Avaliação de
Programas de Governo, 2006.
GARCIA, N. A. R.; AMATO, M. A. A biblioteca na escola. In: GARCIA, E. G.
(Org.)Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989.
MACEDO, Neusa Dias de. ; SEMEGHINI-SIQUEIRA, Idméa. Biblioteca pública/biblioteca
escolar de país em desenvolvimento: diálogo entre bibliotecária e professora para
recenstrução de significados com base no manifesto da UNESCO. São Paulo, 2000.
SILVA, E. T. Biblioteca escolar: quem cuida? In: GARCIA, E. G. (Org.) Biblioteca escolar:
estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989.
TAVARES, Denise Fernandes. Biblioteca escolar. São Paulo: INL, 1973.
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