esportes | pág. 16 Reprodução Reage, América! Pela quinta vez em dez anos, o América chega às semifinais do Campeonato Mineiro. A sensação é de dever foi cumprido, mas ainda falta futebol para incomodar os adversários cultura | pág. 14 Burocracia contra hip hop PBH cobra taxas e faz exigências que custam cerca de R$900 para a realização do Duelo de MC´s. Valor é cobrado pela primeira vez em sete anos da atividade Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Reprodução Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014| ano 1 | edição 30| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg minas | pág. 5 minas | pág. 7 Luz ainda mais cara em 2015 Noronha Rosa Ditadura Seleção de livros, filmes e canções relembra um dos períodos mais sombrios da história brasileira e joga luz à resistência contra a repressão cidades | pág. 3 Vagão “rosa” Proposta de vagões exclusivos para mulheres gera polêmicas. Usuárias defendem que assédio precisa ser combatido de forma mais ampla brasil | pág. 11 Violência no RJ Aumento de até 30% na conta de luz passará a vigorar a partir de 2015. Empresas produtoras de energia, como Cemig, vendem energia 25 vezes mais cara para distribuidoras. O esquema gerou um custo de R$13 bilhões aos cofres públicos. Especialistas explicam que aumento não acontece por falta de chuvas e sim por questão política Batalhão de PMs envolvidos na morte de Cláudia Ferreira participou também das chacinas de Vigário Geral e de Acari Noronha Rosa cidades | pág. 4 Quilombo em BH luta por território “A gente não sabe quanto tempo tem o quilombo, mas o jatobá ali no quintal tem 175 anos”, diz Maurício Moreira, morador do Quilombo Mangueiras, localizado na divisa de BH com Santa Luzia. A comunidade briga por 20 hectares para compor o território quilombola, mas compete com empreendimento megamilionário na Mata dos Werneck 02 | opinião Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 editorial | Minas Gerais editorial | Brasil Violência que discrimina O Blocão é a cara do nosso sistema político Vemos todos os dias nas páginas dos jornais e nas telas das televisões a violência. Muitas vezes, parece que atinge a todos igualmente. Mas é só prestar um pouquinho mais de atenção e veremos que a violência nos atinge de forma muito diferente quando somos brancos e quando somos negros, quando somos homens e quando somos mulheres, quando somos ricos e quando somos pobres. Temos acompanhado pela mídia a história de um jovem branco, rico, assassinado em um assalto. Esse fato provoca grande comoção nas pessoas. Ao mesmo tempo assistimos ao julgamento de policiais que mataram o jovem Jeferson, na Serra. Nesse caso, a reação não é de comoção, mas sim de dizer: “era bandido”, mesmo diante de inúmeras testemunhas dizendo que o jovem era trabalhador e não tinha envolvimento com nada ilegal. Também acompanhamos a história de Cláudia, auxiliar de serviços gerais que, depois de baleada em um tiroteio entre poli- Qual o único crime que Jeferson e Cláudia cometeram? Serem pobres, negros e morarem em uma favela ciais e traficantes na comunidade em que morava, foi arrastada por quilômetros por um camburão da polícia. Qual o único crime que Jeferson e Cláudia cometeram? Serem pobres, negros e morarem em uma favela. Diante de uma situação tão gritante, perguntamos: será que mais polícia resolve? Mais cadeia? Diminuir a maioridade penal? Pena de morte? Várias dessas coisas têm acontecido aqui em Minas: aumentaram a quantidade de policiais, construíram inúmeros presídios - que, diga-se de passagem têm gerado muito lucro para empresas que entraram na parceria publico privada - mas a violência só tem aumentado. O que tiramos de lição é que a violência é principalmente fruto da desigualdade social e que só a superaremos quando avançarmos no sentido de colocar a vida como o central na organização dessa sociedade e não o dinheiro. Um exemplo de país onde quase não há violência é Cuba. Como os cubanos chegaram a essa proeza? Distribuíram renda, promoveram e promovem políticas que garantem questões básicas como moradia, educação e saúde em pé de igualdade para todos e todas. Que Cuba nos inspire para que possamos também construir uma sociedade que defenda a vida das pessoas e não a propriedade. E que a violência não seja mais necessária como instrumento para manutenção das desigualdades. A crise entre o governo federal e parte da base aliada no Congresso Nacional, organizada em torno do autodenominado “Blocão”, traduz os limites do sistema político. Aprovação ou rejeição de projetos de lei, além de denúncias e investigações, são apenas moedas de troca por cargos e postos administrativos. Essa armadilha foi naturalizada e capacidade de governar virou sinônimo de ceder ao fisiologismo. Afinal, todos os presidentes da história republicana que perderam a maioria parlamentar caíram ou perderam qualquer capacidade de governar... Um sistema político em que o preço da governabilidade é alimentar o fisiologismo revela a impossibilidade de qualquer avanço social. Alguém duvida que as poderosas bancadas dos grupos econômicos sairão ainda mais fortalecidas nas próximas eleições? Estamos, então, num beco Caminho para mudar o sistema político é a convocação de uma Assembleia Nacional, Exclusiva e Soberana sem saída? Dos governos eleitos em nosso continente a partir dos anos 90, em repúdio à ofensiva neoliberal que destruiu as bases de desenvolvimento, somente na Venezuela, Equador e Bolívia foram convocadas assembleias constituintes, que enfrentaram a blindagem dos sistemas políticos. Nos demais países, seja pela ausência de correlação de forças, seja pela falta de vontade política (ou mesmo de ambas), os governantes que expressavam a luta contra o neoliberalismo conviveram com um ordenamento que impossibilita qualquer mudança. Assim, sobrevivem com o rebaixamento dos seus programas e a constante negociação com os verdadeiros donos do poder. Por isso, mudar o sistema político é uma prioridade da luta popular. Ninguém que deseja transformações pode se recusar a construir uma frente política para enfrentar nosso sistema político. Um sistema político absurdo, alvo do repúdio de milhares de pequenos cartazes empunhados pela juventude que saiu às ruas em junho, e constatado em inúmeras pesquisas de opinião. Insatisfação que é manipulada pelas forças mais conservadoras. O caminho para mudar o sistema político é a convocação de uma Assembleia Nacional, Exclusiva e Soberana. Para isso, a principal ferramenta é o Plebiscito Popular da Constituinte, para despertar a consciência da importância dessa bandeira para o país. O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado. [email protected] para anunciar : [email protected] / (31) 3309 3304 - (11) 2131 0800 conselho editorial minas gerais: Adília Sozzi, Adriano Pereira Santos, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Carlos Dayrel, César Augusto Silva, Cida Falabella, Cristina Bezerra, Dom Hugo, Durval Ângelo Andrade, Eliane Novato, Ênio Bohnenberger, Frederico Santana Rick, Frei Gilvander, Gilson Reis, Gustavo Bones, Jairo Nogueira Filho, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, José Guilherme Castro, Juarez Guimarães, Lindolfo Fernandes de Castro, Luís Carlos da Silva, Marcelo Oliveira Almeida, Maria Brigida Barbosa, Michelly Montero, Milton Bicalho, Neemias Souza Rodrigues, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Rilke Novato Públio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Sérgio Miranda (in memoriam), Temístocles Marcelos, Wagner Xavier. Administração: Valdinei Siqueira e Vinicius Moreno. Distribuição: Larissa Costa. Diagramação: Luiz Lagares. Revisão: Luciana Santos Gonçalves Editor-chefe: Nilton Viana (Mtb 28.466). Editora regional: Joana Tavares (Mtb 10140/MG). Repórteres: Maíra Gomes e Rafaella Dotta. Estagiária: Raíssa Lopes. Endereço: Rua da Bahia, 573 – sala 306 – Centro – Belo Horizonte – MG. CEP: 30160-010. Contato: [email protected]/ (31) 3309-3314 Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 Vereador pretende criar vagão só para mulheres Pergunta da semana POLÊMICA Projeto de Lei cria vagão de metrô reservado para mulheres, mas muitas rejeitam a proposta Reprodução Por Rafaella Dotta O vereador e presidente da Câmara de Belo Horizonte, Leo Burguês (PT doB), apresentou projeto para criar vagões de metrô exclusivos para mulheres. Apelidado de “vagão rosa”, a medida tenta encontrar solução para as “encoxadas” sofridas por mulheres em metrôs e ônibus, mas a proposta não está agradando a todos. A ideia do Projeto de Lei 893/2013 é obrigar todos os metrôs a reservarem um vagão especial, em que só mulheres poderão entrar. Nos demais vagões o sistema continuaria o mesmo, sendo frequentado por ambos os sexos. O objetivo da medida é “evitar, principalmente nos horários de pico, o constrangimento de mulheres, reservando um espaço separado”, declara o vereador. No Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, os vagões exclusivos já estão em funcionamento. No Rio de Janeiro, o mais antigo, funciona apenas nos horários mais críticos. Opinião contrária Muitas mulheres são contra a criação do “vagão rosa” e defendem que o assédio precisa ser combatido de maneira mais completa. “O nosso corpo só vai ser respeitado quando estiver entre mulheres? Quando saio do vagão a minha vida continua”, diz Clarisse Goulart, integrante do movimento Marcha Mundial das Mulheres. Ela afirma que a violência e o assédio precisam ser enfrentados no trabalho, na rua, dentro de casa, e não só no metrô. Para isso, é preciso Mais de dois mil servidores públicos da Prefeitura paralisaram as atividades na quarta (19) e fizeram assembleia e passeata para dar início à campanha salarial unificada 2014. Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 15%, reajuste no vale-alimentação para R$ 28, abertura de concursos públicos, fim das terceirizações na Prefeitura e melhoria dos serviços públicos. Após a assembleia, os secretários municipais de Planejamento, Thia- Um projeto de lei apresentado pelo vereador Léo Burguês (PTdoB) prevê a criação de um vagão exclusivo para mulheres no metrô de Belo Horizonte, apelidado de “vagão rosa”. De acordo com a proposta, o espaço será criado para evitar assédios e abusos a mulheres no metrô, principalmente em horários de pico. Você concorda com vagões exclusivos para mulheres? Vagão pretende ser solução para “encoxadas” sofridas por mulheres elaborar campanhas de conscientização para o respeito à mulher e melhorar o recebimento de denúncias de assédio. Usuária defende que saída é ter mais vagões, para que os passageiros não precisem ficar espremidos como acontece hoje, diminuindo o assédio “A mulher sofre uma ‘encoxada’ dentro do metrô, e se ela denuncia ou reage, ela é tratada como louca”, diz Clarisse. Por isso, acredita a feminista, a maioria das mulheres não faz boletins de ocorrência. Vagões insuficientes O metrô da região metropolitana de Belo Horizonte atende, hoje, a 200 mil passageiros por dia e tem quatro vagões em cada “carro”, de acordo com informações da empresa Metrominas S.A. Para Silviana Mendonça, que é diarista e usuária do metrô, a saída é ter mais vagões, para que os passageiros não precisem ficar “espremidos”, como acontece hoje. Ela acredita que isso poderia resolver os problemas dos passageiros e também diminuir o assédio às mulheres. “Voltar pra casa todo dia apertado é um sofrimento”, lamenta. Eu acho que essa medida será boa, mas evitará poucos assédios a mulheres. Isso porque os outros vagões do metrô continuarão a receber todos os sexos e as mulheres que optarem por eles ainda estarão sujeitas a esse tipo de abuso. Karine de Oliveira Moreira, 16 anos, estudante Metroviários cobram esclarecimentos Uma paralisação de 24h deixou a cidade de BH sem metrô na quarta (19). Os trabalhadores exigem esclarecimentos sobre a situação de trabalho após a estadualização do metrô. Ainda este ano, a administração do serviço deverá passar para a responsabilidade do Governo do Estado, para que posteriormente seja aberta uma licitação para a privatização. Em negociação entre o Sindicato dos Metroviários (Sindimetro) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), foi determinado que a CBTU em Belo Horizonte fizesse um parecer oficial sobre a estadualização do metrô até o dia 31 de março. Servidores da PBH lançam campanha salarial Por Bráulio Siffert cidades | 03 go Grego e de Recursos Humanos,Tammy se comprometeram a instituir uma Mesa Permanente de Negociação. O prazo dado para a prefeitura dar uma resposta é de 20 dias. No dia 9 de abril haverá uma nova assembleia geral unificada, também com paralisação, para avaliar a resposta. Conjuntura Mesmo com a crescente arrecadação da Prefeitura, pouco foi destinado nos últimos anos para melhorar as condições dos serviços e servidores públicos de BH. Faltam unidades escolares e de saúde, a terceirização vem aumentando, faltam profissionais e estão precárias as condições para a prestação dos serviços. Além disso, os salários estão defasados, com servidores recebendo menos que o mínimo. “ A população que mais necessita dos serviços públicos fica prejudicada quando encontra um servidor sem condições para atendê-lo e sem salários com poder de compra”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindibel), Israel Arimar. Na minha visão, isso não vai resolver. Primeiro que, na lógica da proposta, um vagão não atende a demanda, teriam que ter muito mais vagões, uma vez que o número de mulheres é bem maior do que o dos homens. E segundo que isso não resolve o problema. Os homens é que deveriam ser educados para não abusar, e não o contrário. Acho que, já que acontece assédio no metrô, deveriam colocar mais segurança dentro dos vagões. João Martins dos Santos, Supervisor de Operações da PBH 04 | cidades Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 Empreendimento coloca quilombo em risco MATA DOS WERNECK Disputados por diversos movimentos, local é território de resistência negra Fotos: Noronha Rosa Por Maíra Gomes São mais de 900 hectares de terra, a última área verde preservada dentro de Belo Horizonte. Localizada na divisa com Santa Luzia, o local é conhecido como Mata dos Werneck. Mas não pertence apenas à família Werneck. No terreno moram famílias quilombolas (como são chamados os descendentes dos trabalhadores escravizados que construíram territórios livres) há pelo menos 150 anos. “A gente não sabe explicitar quanto tempo tem o quilombo, mas o jatobá ali no quintal tem 175 anos”, conta Maurício Moreira dos Santos, presidente da Associação do Quilombo Mangueiras. Lá vivem hoje 22 famílias, cerca de 60 pessoas, todas descendentes do casal Vicência e Cassiano, primeiros a chegar no quilombo. Atualmente, o terreno é palco de guerra imobiliária. A implantação da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves e a transformação do aeroporto de Confins em terminal industrial mudaram o perfil da região, conhecida como Vetor Norte. Está previsto um mega empreendimento para a construção de 72 mil apartamentos, shopping center, hipermercado, escolas, postos de saúde, entre outras estruturas. Por outro lado, as ocupações Esperança, Vitória e Rosa Leão também estão no local, com mais de 15 mil famílias que exigem que seja cumprido o direito à moradia. Negociações apontam a possibilidade de construção de casas populares no empreendimento, mas sem garantia. Com tudo isso, o Quilombo Mangueiras também está sendo afetado. As famílias ocupam hoje dois hectares de terra, mas buscam na Justi- Cerca de 22 famílias vivem no quilombo há mais de 150 anos Maurício, presidente da associação, diz que eles vão exigir compensações Quilombo Mangabeiras ocupa dois hectares de terra, mas briga na Justiça por mais 17,8 hectares, para compor o território quilombola ça outros 17,8 para compor o território quilombola. Para o sucesso do empreendimento, será necessária a construção de uma via que dê acesso ao local. De acordo com o projeto, a via passará em parte desse território, atravessando os dois hectares e parte dos 17,8 pleiteados. 500 comunidades, um título da terra No estado de Minas Gerais, são quase 500 comunidades quilombolas, e apenas uma tem a titulação da terra. “A cultura quilombola é considerada patrimônio cultural da nação e é protegida pela Constituição. De 1988 até hoje o governo fez muito pouco”, critica o defensor. O caminho para a titulação de terras quilombolas é longo. Após a certificação da Fundação Cultural Palmares atestando que a comunidade é de fato remanescente de quilombolas, o processo passa para a responsabilidade do Incra, que inicia a delimitação do terreno e a pesquisa antropológica. É destinado um prazo para contestação dos proprietários e, se o território for mantido como estava no estudo, passa pela fase de desapropriação. O defensor público explica que o Quilombo Mangueiras está na fase do fim das contestações e em processo de desapropriação. “Mas o Incra está enrolando há mais de um ano. Para os Werneck, a área quilombola é um grande negócio, porque a indenização é paga em dinheiro. Mas o governo está cozinhando o processo”, critica. Possibilidade de negociação Maurício explica que a comunidade pensa em uma segunda possibilidade de conseguir a titulação, por negociação com os proprietários e empreendedores que inves- tem na Mata dos Werneck. “Se nós tivermos garantia da titulação do território completo, e mais uma lista com 26 compensações, podemos abrir mão da parte necessária para construir a via. Sem isso, não tem negociação”, afirma. Entre as compensações, a comunidade exige a construção de 26 casas, dois galpões para aulas e eventos e uma via de acesso interno no quilombo. “Para o empreendimento sair do papel, as restrições socioambientais têm que ser observadas. O caso dos quilombolas entraria na questão social”, defende o defensor público federal Estêvão Ferreira Couto, que acompanha o caso. “A infraestrutura deles é muito precária em termos de moradia e de acesso. Vejo que se for possível caminhar mais rápido pra a titulação, deve ser feita uma negociação sim, um acordo que permita uma compensação”, declara. A luta pelo território O defensor Estêvão aponta que o registro dos dois hectares, feito em 1928 e 1942, não garante a posse do terreno pelos quilombolas. Os dois hectares estão caracterizados como ADE (Área de Diretriz Especial), que garante apenas que nenhum empreendimento pode afetar a área. “É um título precário e provisório, pois se for feita alguma alteração na lei de Uso e Ocupação do Solo, o quilombo perde a segurança”, explica. Estêvão conta que é necessária a titulação das terras pelo Incra para que haja uma proteção jurídica. Ainda assim, Maurício explica que os dois hectares não são suficientes para a sobrevivência da comunidade. “É igual você na sua casa. Se você mora em apartamento, você não tem o território, tem só a terra. O território de vocês é o condomínio e o nosso é o resto da terra. Porque não existe comunidade quilombola que sobrevive sem o território”, explica. Por isso, a Associação pleiteia os outros 17,8 hectares. Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 minas | 05 Conta de luz mais cara em 2015 CEMIG, COPEL E CESP Empresas aumentaram preço da energia em 2400% Por Rafaella Dotta Estudos do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) confirmam que o consumidor terá um acréscimo de 18 a 30% na sua conta de luz a partir de 2015. “O aumento está sendo gerado pelas empresas Cemig, Copel (do Paraná) e Cesp (de São Paulo), que estão vendendo energia 25 vezes mais cara para as distribuidoras”, afirma Gilberto Cervinski, coordenador nacional do MAB e estudioso do assunto. Essas três empresas são responsáveis pela geração de grande parte da energia consumida no país. Elas estão vendendo o megawatt por R$ 822, enquanto outras empresas - que também usam a energia hidrelétrica - vendem a mesma quantidade por R$ 32, 89. “Como a Cemig, Cesp e Copel não renovaram os contratos com o governo federal, podem vender a energia mais cara no mercado de curto prazo”, explica Dorival Gonçalves, professor da Universidade Federal do Mato Grosso. Desde a primeira semana de fevereiro, essas três empresas - que, além de produzir (geradoras), também distribuem energia - aumentaram o valor do megawatt no mercado livre, que não é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Cervinski, para impedir que esse valor fosse repassado aos consumidores em período eleitoral, o governo federal está injetando R$ 13 bilhões no setor elétrico. Além disso, orientou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a auxiliar no empréstimo de mais R$ 8 bilhões para as empresas distribuidoras, que compram energia das geradoras. O acordo é que a partir de 2015 esse empréstimo comece a ser quitado. Para isso, o valor será repassado aos consumidores, que podem pagar até 30% a mais na conta de luz. Bandeiras tarifárias De acordo com informações da Agência Nacional de Energia Elétri- Fotos: Noronha Rosa Geanne da Silva é moradora da Pedreira Prado Lopes e compromete seu orçamento com as contas ca (Aneel), o reajuste chegará junto com o Sistema de Bandeiras Tarifárias. Nas contas de luz virão bandeiras vermelhas, amarelas ou verdes, dependendo das condições de produção de energia naquele mês. A bandeira vermelha significa acréscimo de R$ 3 para cada 100 kWh consumidos. A bandeira amarela será R$ 1,50 para cada 100 kWh consumidos. E a bandeira verde significa nenhum acréscimo na conta. “Aumento é por motivação política” Especialistas explicam que o aumento da energia não acontecerá por falta de chuvas, mas sim por uma questão política. Para eles, os empresários, juntos ao PSDB, estão organizando uma ofensiva ao governo federal e esperam dois resultados: desgastar a imagem da presidenta Dilma e lucrar. O engenheiro elétrico Dorival Gonçalves, professor da Universidade Federal do Mato Grosso, ex- plica que o aumento na conta de luz não é derivado de escassez de chuvas, nem pela geração de energia mais cara, como a térmica. “As hidrelétricas controladas pelos governos do PSDB (Minas Gerais, São Paulo e Paraná) estão cobrando o mesmo valor cobrado pelas térmicas”, declara Dorival. O professor explica que a geração de energia por hidrelétricas é a mais barata do mundo, enquanto as tér- micas requerem um custo maior de produção. “Enquanto outras geradoras vendem o megawatt a R$ 33, a Cemig, Copel e Cesp estão vendendo por R$ 822. É um absurdo”, reforça. Para Gilberto Cervinski, coordenador nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), essa postura é um recado dos empresários ao governo federal. “O que eles querem dizer é: nós queremos liberdade para cobrar o preço que quisermos”, afirmou Gilberto. A Cemig, perguntada sobre o aumento da conta em 2015, declarou que seguirá o reajuste anual feito pela Aneel. Mas ela confirma que está vendendo o megawatt por R$822,83, conforme relatório de Preço de Liquidação das Diferenças, da CCEE. Entenda o porquê do aumento Controle de hidrelétricas. As usinas hidrelétricas são propriedade da União. Elas são controladas por empresas ou consórcios, públicos ou privados, que recebem do governo um contrato de concessão, geralmente de 30 anos. Governo renova concessões. Em 2012, o governo federal renovou os contratos das hidrelétricas antigas, porém, colocou uma regra: o preço máximo de venda da energia tinha que ser R$ 32,89 por megawatt. Cemig não aceitou acordo. As empresas estatais de energia de Minas Gerais, São Paulo e Paraná não quiseram abaixar o preço e não aceitaram o contrato do governo federal. Preço alto da energia. Por não aceitarem a renovação, essas empresas (CEMIG, COPEL e CESP) estão vendendo sua energia livremente, chegando a cobrar 25 vezes mais caro que as outras. Quem paga é o consumidor. Para amenizar o custo para os consumidores, o governo federal está pagando parte desse gasto. Mas a previsão é que a conta de luz tenha aumento de 18 a 30% a partir de 2015. Juliana Moreira, auxiliar de cozinha, paga atualmente uma média de R$ 170 na conta de luz 06 | minas Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 PBH descumpre lei da jornada dos assistentes sociais DIREITOS Trabalhadores exigem redução para 30 horas semanais Por Marcela Viana A redução da jornada de trabalho para oferecer um atendimento com mais qualidade à população é o que exigem os assistentes sociais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que, na última terça (18), protestaram em frente à prefeitura para cobrar a implantação da Lei Federal 12.317/10. A Lei determina a carga horária semanal de 30 horas para assistentes sociais, sem redução salarial. Atualmente existem 16 ações contra a PBH para a aplicação da lei. Ainda não há decisões favoráveis, mas, como explica Fernando Máximo, advogado do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), as ações irão até o Superior Tribunal Federal, se preciso. “O município tem competência para legislar sobre seus servidores, mas isso não pode se sobrepor a uma lei que regula a profissão”, afirma. Os trabalhadores alegam que no dia a dia lidam com muitas questões de vulnerabilidade social, o que gera um cansaço físico e emocional. Além disso, como a atuação de assistentes sociais é complexa e exige constante atualização, a redução da jornada permitiria mais tempo para qualificações. O que faz um assistente social Muitas vezes confundido com o assistencialismo, o trabalho do assistente social não tem a ver com a caridade, e sim com a conscientização da população e da administração pública a respeito dos direitos sociais e humanos. Ao se formar no curso superior de Serviço Social, o assistente social está apto a lidar com os diversos problemas sociais provocados pela exploração do trabalhador. A pobreza, vulnerabilidade social e os preconceitos de cor e gênero são apenas algumas das situações com as quais lidam esses profissionais. “Temos uma formação apropriada para elaboração, execução, ava- O trabalho do assistente social nada tem a ver com a caridade e sim com direitos sociais e humanos liação e monitoramento de políticas sociais destinadas a vários segmentos da população, como criança, adolescente, idoso, trabalhador, e em áreas como assistência social, saúde, desenvolvimento urbano, sociojurídico, empresas”, explica o professor de Serviço Social do Cen- Marcela Viana Categoria fez mobilização na última semana por redução da jornada na PBH tro Universitário UNA e conselheiro do CRESS-MG, Cristiano Costa de Carvalho. A atuação desses profissionais está diretamente ligada à garantia de direitos à população. “Não lidamos só com a pobreza, mas com as questões sociais em geral, como a adoção e o direito das minorias sociais. Ao analisar o caso de um indivíduo ou grupo, consideramos su- as particularidades, mas, principalmente, o contexto social em que essas pessoas se encontram”, afirma Cristiano. “Por trabalhar com as mazelas da sociedade, o assistente social trata de questões complexas e desgastantes profissionalmente e, por isso, é importante a redução da jornada de trabalho e a necessidade de valorização do profissional”, diz. Sem visitas para mulheres detidas Por Maíra Gomes Em véspera de dias de visita, no Sistema Prisional, as portas de cadeias masculinas ficam lotadas, geralmente de mulheres, que chegam a acampar a noite toda na porta. “Com chuva ou o que quer que seja, as mulheres dormem na porta. Já nos dias de visita, aqui nem fila tem”, conta Helena (nome fictício), detida há seis meses no Complexo Penitenciário Estevão Pinto. “Quem não recebe visita não consegue alimentos, materiais de higiene ou cigarros para barganhar com outras presas”, preocupase Helena. Ela conta que as agentes penitenciárias muitas vezes não levam a sério reclamações de dores ou febre alta. “Há omissão de socorro aqui e é muito importante ter alguém pra contar lá fora”, declara. Reprodução Mulheres precisam passar por procedimentos constrangedores para os banhos de sol Diariamente, para o banho de sol de duas horas, as mulheres são obrigadas a passar por revistas íntimas, na ida e volta. O procedimento consiste em retirar toda a roupa e agachar três vezes de frente e três vezes de costas. O mesmo procedimento é exigido em dias de visita e para o uso semanal do telefone. “Você sabe o que é ter que tirar a roupa menstruada e agachar três vezes de frente e três de costas? É um constrangimento. O que elas acham que a gente ia fazer?”, indigna-se Helena. “O Estado acredita que o corpo da mulher não lhe pertence, que tem direito sobre ele. Tem lugares em que elas devem deitar em uma maca. Isso é muito humilhante”, completa Heidi Cerneka, uma das coordenadoras nacionais da Pastoral Carcerária. minas | 07 Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 História revista DITADURA Conheça filmes, discos e livros que mantêm viva a memória de um dos períodos mais sombrios do país Por João Paulo A ditadura brasileira instaurada por um golpe militar em 31 de março de 1964 está completando 50 anos. No momento em que muitos se esforçam para passar a limpo o período marcado pela interrupção da vida democrática no Brasil, algumas certezas passam a fazer parte da história do golpe. A primeira delas é que se tratou de um golpe não apenas militar, mas que contou com a participação ativa de vários setores conservadores da sociedade, das elites empresariais à grande imprensa, que se juntaram para derrubar o governo constitucional de João Goulart. O presidente havia apresentado à sociedade, em comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, um pacote de importantes reformas, entre elas a reforma agrária. Fazia parte também da ideologia que inspirava os setores golpistas o medo ligado ao avanço do comunismo no Brasil, já que as reformas de base propostas pelo presidente, que apontavam para a distribuição de renda, eram vistas como abertura ao radicalismo de esquerda, em tempos de Guerra Fria. Outro dado comprovado por documentos e gravações é a participação dos Estados Unidos, que, por causa de seu forte anticomunismo e interesses econômicos no país, ajudou a financiar o golpe e a treinar militares brasileiros, in- clusive as forças repressivas responsáveis pelos porões da tortura. Quando as tropas de Minas Gerais se deslocam em direção ao Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964, o golpe se tornou realida- O QUE VER Cabra marcado para morrer Documentário sobre as ligas camponesas no Nordeste. Foi interrompido em 1964 com o golpe militar e retomado 20 anos depois (Direção de Eduardo Coutinho, 1985) Jango Documentário relata por meio de depoimentos e cenas de época a trajetória política de João Goulart, do início da carreira no Sul até o golpe militar de 1964 (Direção de Silvio Tendler, 1984) Pra frente Brasil Enquanto o Brasil vibra com a vitória na Copa do Mundo de 1970, um cidadão é confundido com um ativista, é preso e torturado (Direção de Roberto Farias, 1983) Batismo de sangue No fim dos anos 1960, um convento de dominicanos se torna local de resistência à ditadura e vira alvo da repressão, que prende e tortura frades, levando Frei Tito ao suicídio (Direção de Helvécio Ratton, 2007) Uma longa viagem Intercalando ficção e realidade, recria as viagens que o irmão da cineasta, Heitor, fez entre 1969 e 1978, quando foi enviado pela família ao exterior para evitar seu envolvimento com a luta armada contra a ditadura militar (Direção de Lúcia Murat, 2012) O QUE LER Brasil nunca mais Relata como atuou a repressão durante a ditadura militar, listando os principais torturadores e identificando os presos e torturados durante o período Combate nas trevas O autor, o historiador e militante político Jacob Gorender, revela como as organizações de esquerda reagiram ao golpe militar, mostrando inclusive suas diferenças internas K. – Relato de uma busca Romance de Bernardo Kucinski, narra a busca de um pai pela filha desaparecida durante a ditadura militar. Inspirada na história real da irmã do romancista de. Em menos de 72 horas, se instaurou um ambiente de repressão, perseguições e prisões. A classe média, que havia participado de marchas convocadas por setores conservadores da Igreja, come- morou. João Goulart, para evitar a guerra civil, buscou o exílio. O Congresso elegeu em votação nominal o chefe do Estado Maior, marechal Humberto Alencar Castello Branco para a presidência do Brasil. As reformas de base foram revogadas. O Brasil entrou na era da ditadura, que iria durar 21 anos, sempre em meio a luta e resistência por parte dos setores progressistas da sociedade brasileira. O que seguiu já é história: fechamento do Congresso, extinção dos partidos políticos, prisão, tortura e morte dos adversários, combate às organizações de estudantes, censura à imprensa e às artes, entrega da economia aos interesses do empresariado nacional e internacional, intervenção nas universidades, decretação de ilegalidade das greves, perseguição dos sindicatos, fim das eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos de capitais. Há muitas formas de se conhecer o que se passou naquele período, seja por meio de livros, teses universitárias e produção cultural. Livros, filmes, peças de teatro e canções ajudam a manter viva a memória de um dos períodos mais sombrios da vida brasileira, como também da heroica resistência. É uma boa forma de entender o passado e se preparar para garantir no presente a chama corajosa da liberdade, da democracia e da justiça social. O QUE OUVIR Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo Biografia de Carlos Marighella, um dos mais importantes líderes da resistência ao golpe militar. Do jornalista Mário Magalhães 1968 – O ano que não acabou Reportagem de Zuenir Ventura, mostra o impacto do AI-5 na vida social, política e cultural do Brasil, com a radicalização da ditadura militar Alegria, alegria De Caetano Veloso, foi uma das canções mais marcantes da era dos festivais (1967) Cálice De Milton Nascimento e Gilberto Gil. Denuncia a censura vigente no Brasil. Só foi lançada em disco em 1978 (1973) Pra não dizer que não falei de flores De Geraldo Vandré, a mais conhecida das canções de protesto. Foi censurada pelos militares (1968) O bêbado e a equilibrista De João Bosco e Aldir Blanc, se tornou um hino da mobilização pela anistia (1979) Mosca na sopa De Raul Seixas, resposta alegórica e contundente, do rock ao regime de militar (1973) 08 | opinião Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 Foto da semana PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar? Mande sua foto para [email protected]. Lidyane Ponciano Acompanhando Na edição 29 ... 14 de março: um dia de protestos ...E AGORA Professores e demais trabalhadores da educação realizaram paralisação em todo o país durante os dias 17, 18 e 19 de março. O movimento realizou uma série de atos e exigiu, entre outras reivindicações, o cumprimento da lei do piso e destinação de 10% do PIB para a educação pública. Maria Aparecida (Papá) Anivaldo Matias Fim da cobrança previdenciária Reforma da política brasileira Está em tramitação na Câmara Federal a Proposta de Emenda Constitucional nº 555, que extingue gradualmente a cobrança da contribuição previdenciária de 11% que é descontada dos servidores aposentados e dos pensionistas. O servidor ativo paga 11% de sua remuneração total para, ao cabo de 30 ou 35 anos, gozar a aposentadoria. No entanto, mesmo depois de aposentado, continua pagando. Como esse pagamento não tem nenhuma contrapartida para quem paga, está caracterizado o confisco. Em novembro do ano passado, depois de uma grande mobilização e a forte expectativa de que a PEC 555 seria pautada, vimos a presidente chamar os líderes e dizer que não podiam aprovar nenhuma medida que implicasse aumento de despesa ou redução de receita, citando expressamente a PEC 555. Essa cantilena continua sendo repetida este ano. Mas os números do Orçamento Geral da União dão uma clara visão do que se passa: em 2013, foram destinados 24% das receitas para a Previdência Pública e 40,3% para pagamento dos juros da dívida, que correspondeu a R$ 718 bilhões. Para este ano, estão previstos gastos correspondestes a 19% para Previdência e 42% para o pagamento de juros da dívida, o que corresponde a R$ 1 trilhão. Esses números provam que o governo está fazendo uma escolha, para que os bancos batam seus recordes de lucros. A previdência integra o sistema da seguridade social que comporta a saúde, a assistência social e a previdência social. Assim, para se falar honestamente de déficit ou superávit da previdência, é necessário considerar todas as receitas constitucionais previstas para o custeio da seguridade e não citar algumas fontes apenas, para induzir a uma conclusão falsa. Maria Aparecida N. L. e Meloni (Papá), é auditora fiscal em Minas Gerais e presidente da Associação dos Funcionários Fiscais do Estado de Minas Gerais. O Brasil precisa com urgência de uma Reforma do Sistema Político, para que tenhamos Casas Legislativas que representem, de fato, os interesses de todos os segmentos da sociedade, em seus diversos níveis (federal, estadual e municipal). Hoje as Casas Legislativas representam o poder econômico, em detrimento daqueles que elegem por meio do voto. Nas eleições para deputado federal, em 2010, das 500 campanhas mais caras em todo o Brasil, 389 candidatos foram eleitos. Daí a descrença da população e sua grande apatia em relação à política. Estima-se que um candidato a deputado federal para se eleger, salvo raríssimas exceções, deverá gastar cerca de R$ 15 milhões na campanha. Empresas visam lucro, o financiamento de candidatos é um investimento. Calcula-se que o valor investido pelo setor privado nas campanhas retorna multiplicado por 8 a 10 vezes. É importante ressaltar também a sub-representação feminina nos parlamentos. O Brasil hoje ocupa a 156ª posição em número de mulheres parlamentares, antecedido por quase todos os outros da América e ainda o Irã, considerado um dos países mais fechados do planeta. Defendemos a proposta de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, por Lei de iniciativa popular. O Congresso já demonstrou que não pretende mudar o Sistema Político atual, cabe a nós cidadãos fazermos isso por iniciativa popular. Vamos todos participar coletando assinaturas para esse Projeto de lei de Iniciativa Popular: em seu trabalho, sua casa, sua igreja, sua comunidade. Acesse a página reformapoliticademocratica.com.br, imprima e reproduza o formulário e o distribua a seus amigos. Não ao financiamento privado. Por um parlamento que represente todos os segmentos da sociedade. Anivaldo Matias integra o Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE). As manifestações realizadas pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) mobilizaram na sexta-feira passada (14) dez estados do país. Em Minas, o MAB paralisou a circulação dos trens da Vale por dez horas e se reuniu com representantes do Governo. Os atingidos debateram com o poder público os processos de licenciamento de barragens no estado e ficaram responsáveis pela elaboração de um documento - que será apresentado na próxima assembleia, ainda sem data marcada - com as condicionantes que estão sendo descumpridas pelo governo. Na edição 10... Machismo UFMG e polêmica na ...E AGORA Em resposta à denuncia de assédio sexual feita pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UFMG, o professor Francisco Coelho dos Santos, conhecido como Chico, entrou com um processo por danos morais contra o Centro Acadêmico e quatro integrantes e exige R$26.500 de indenização. Uma primeira audiência realizada na terça-feira (18) iniciou o processo. Na próxima, testemunhas serão ouvidas. A sindicância realizada pela coordenação da universidade concluiu que não houve assédio nem abuso, mas que pode ter havido falta de urbanidade (falta de bons modos). O Centro Acadêmico fez a denúncia de abuso em outubro de 2013 e recebe o apoio de mais de 100 ex-alunos e outros professores do curso validando a ação contra Chico. Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 entrevista | 09 “Há uma janela histórica para se pautar a reforma política” PLEBISCITO Advogado explica intenção e processo de consulta popular sobre reforma política Por Joana Tavares Cerca de 100 entidades do país vão realizar, na semana de 1 a 7 de setembro, uma consulta à população a respeito do sistema político. Conhecido como plebiscito popular, a consulta não tem valor legal, mas é uma forma de pressionar o poder público para que preste atenção às demandas colocadas pela população. Segundo explica o advogado e professor de direito da Universidade de Brasília Gladstone Leonel, essa ferramenta já foi utilizada outras vezes no Brasil, como no caso da campanha contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), em 2002, que teve mais de 10 milhões de votos contrários ao projeto de acordo comercial com o Estados Unidos. Agora, as organizações sociais vão fazer apenas uma pergunta: “Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?”. Gladstone afirma que o processo do plebiscito já começou, com a organização de comitês locais e debates públicos. “Ao longo de 2014, a campanha vai se estender. A ideia é que o povo brasileiro tenha um contato forte com esses termos. É importante as pessoas se apropriarem disso, verem a importância de tratar de uma constituinte e das transformações do sistema político”, afirma. Brasil de Fato - O que é um plebiscito, qual sua efetividade? Gladstone Leonel - Um plebiscito é uma possibilidade que o povo tem de decidir a respeito de determinados assuntos. Há um tipo de plebiscito previsto na Constituição, chamado pelo poder público. No entanto, em alguns momentos da história, os movimentos sociais e o povo optaram por fazer plebiscitos populares, para mostrar alguma demanda popular, não oficial. Não necessariamente o que for decidido nos plebiscitos populares tem um valor um valor vinculativo, ou seja, vai valer como lei ou algo nesse sentido. Mas, por outro lado, tem um poder de pressão da sociedade para chamar a atenção a respeito de determinados temas. A gente tem inúmeras experiências, como o plebiscito contra a Alca, que fez com que a sociedade se organizasse pra inviabilizar o implemento da aliança. [Realizado em 2002 por Felipe Canova mais de 100 entidades, o plebiscito teve o voto de 10 milhões de pessoas contra a proposta da Área de Livre Comércio para as Américas]. O que é uma Constituinte? A Constituinte é um momento que o povo tem de reformulação da sua Constituição, que é a carta maior de um país, que delibera a respeito do ordenamento jurídico da nação. É um momento de disputa de poder, de reestruturação das formas de poder estabelecidas. A Constituinte exclusiva do sistema político, como vem sendo pleiteada pelos movimentos sociais, vem apontar para um problema e para uma necessidade de reforma política. Uma reforma estrutural, que mexa com a dinâmica da estrutura constitucional. Ela vem demonstrar e apontar uma necessidade de maior participação popular no processo político. Aponta, por exemplo, para a questão do financiamento de campanhas, que gera muitos problemas, pois gera uma perspectiva de dependência do sistema político junto ao mercado. Qual o processo para a instalação dessa Constituinte? A proposta é que o plebiscito seja uma escola, que demonstre a necessidade da constituinte. O pressuposto é que sejam eleitos representantes específicos para isso, que se crie uma assembleia para discutir os temas da reforma política. Uma vez modificada a estrutura, ela é referendada e aí, enfim, se modifica a estrutura constitucional ou as pautas constitucionais que estão sendo pleiteadas. Mas, como eu disse, mesmo que a população apoie esse plebiscito popular, não “A Constituinte é um momento que o povo tem de reformulação da sua Constituição, que é a carta maior de um país, que delibera a respeito do ordenamento jurídico da nação” necessariamente ele vai ser acatado pelos representantes políticos. Mas a pressão é importante para sinalizar a vontade das pessoas, para além do voto nas eleições. “O plebiscito vem demonstrar e apontar uma necessidade de maior participação popular no processo político” Que outras experiências já existiram de constituintes? A última experiência no Brasil foi na Constituição de 1988, no processo de transição da ditadura para a democracia. Em outros países da América Latina há experiências bem sucedidas disso, como na Venezuela, Bolívia, Equador, Chile. Isso é muito interessante, porque essas experiências foram precedidas de lutas políticas e sociais. Na Venezuela, por exemplo, houve uma ofensiva do neoliberalismo na década de 1990. O povo reagiu, foi às ruas, e o processo culminou com a elaboração da nova Constituição do país. No Equador, houve um momento de retomada das estruturas do Estado por parte dos movimentos sociais e indígenas, que acabou levando à eleição de Rafael Correa. Da mesma forma na Bolívia, com a guerra da água e a guerra do gás, veio uma insurgência popular que mais pra frente elegeu o Evo Morales. Com esses processos, viu-se uma necessidade não só de eleger um novo presidente, mas de mudar estruturalmente o país. E aí uma nova Constituição foi colocada. Isso vem sendo recorrente na América Latina. No Brasil, com as manifestações de 2013 e com o povo pleiteando maior participação política, se observa também uma janela histórica pra que o tema entre na agenda política do país e para que, de fato, as forças progressistas consigam efetivar a demanda de reestruturar o sistema político. Existe alguma possibilidade de essas mudanças acontecerem já nas eleições de 2014? Provavelmente não, porque esse processo começa a ser debatido com mais força na sociedade agora, apesar de já existirem inúmeras iniciativas nesse sentido. Mas a campanha nacional do plebiscito popular da constituinte exclusi- “O pressuposto é que sejam eleitos representantes específicos para isso, que se crie uma assembleia para discutir os temas da reforma política” va do sistema político começa mesmo com força este ano. Ao longo de 2014, a campanha vai se estender, a ideia é que o povo brasileiro tenha um contato forte com esses termos. É importante as pessoas se apropriarem disso, verem a importância de tratar de uma constituinte e das transformações do sistema político. Quem sabe assim a gente consiga ter uma pressão sobre os poderes públicos suficiente pra conseguir aprovar de fato um projeto e uma proposta de Constituinte exclusiva e soberana, que atenda às demandas do povo do país. 10 | brasil Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 Sem acordo sobre neutralidade, votação do Marco Civil é adiada INTERNET Divergência se dá sobre a regulamentação do princípio Rede Brasil Atual A votação do Projeto de Lei 2.126, de 2011, que cria o Marco Civil da Internet, ficou para a próxima terça-feira (25). Adiada mais uma vez, a data da votação foi decidida após reunião, realizada na quarta (19), entre o governo e líderes partidários da Câmara dos Deputados. Como tramita em regime de urgência constitucional, cujo prazo de votação se esgotou, enquanto o trâmite da matéria não for concluído, nenhum outro projeto avança na Casa, o que ocorre desde outubro do ano passado. A principal polêmica que tem gerado o adiamento da votação é sobre o princípio da neutralidade de rede, previsto no projeto. O ponto proíbe a venda de pacotes diferenciados de acesso e bloqueio de alguns sites ou aplicativos pelas empresas que gerenciam conteúdo (provedores de aplicação). Segun- do o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, representante do governo na reunião, os líderes partidários concordam com o princípio da neutralidade, mas a divergência está em como essa neutralidade será regulamentada, se por lei ou por decreto presidencial. O ministro garante que o governo vai manter a proposta de regulamentação por decreto, mas, antes de editá-lo, a presidenta Dilma Rousseff terá de ouvir a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Comitê Gestor da Internet. “Para ouvir tanto a sociedade quanto um órgão técnico”, esclarece. A necessidade de ouvir esses setores deverá constar no projeto. A oposição, no entanto, insiste que a regulamentação da neutralidade seja feita por meio de lei. As empresas de telecomunicações querem uma mudança no princípio da neutralidade para poder impor pacotes com direitos di- Reprodução Ministro garante que o governo vai manter a proposta de regulamentação por decreto ferenciados de acesso de acordo com o valor pago pelo cliente, posição que é defendida também pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), principal opositor ao texto defendido pelo Planalto. Mesmo com mudanças na redação, partidos de oposição e o PMDB, um dos principais críticos do texto, não pretendem recuar. Os peemedebistas, liderados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e com apoio do DEM, apresentou, na semana passada, uma proposta que prevê a retirada da garantia de neutralidade, para se contrapor ao projeto de Molon. brasil | 11 Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 Morte de Cláudia: “o ápice de uma tragédia” DIREITOS HUMANOS Entidades repudiam criminalização da pobreza e pedem pela desmilitarização da polícia Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ) “O chefe de polícia falou que os policiais serão punidos por arrastarem a Cláudia. Mas eles fizeram mais. O que aconteceu com ela foi o ápice de uma tragédia. Antes, eles entraram atirando no morro. Eles xingaram os moradores. Foi uma atrocidade!”, protesta Diego Gomes, de 30 anos, primo da auxiliar de serviços gerais Claudia Ferreira, baleada no último domingo (16), durante uma operação policial no Morro da Congonha, em Madureira, zona norte do Rio de Janeiro. Para organizações sociais, o caso, que comoveu toda a sociedade, reforça a necessidade de rever a atual política de segurança pública. “O ato reflete a barbárie recorrente nas operações policiais com a população negra das comunidades de periferia, constantemente vítima da violência policial de forma desmedida”, destacou carta assinada pela Comissão de Igualdade Racial da OAB, pelo Conselho Nacional de Direitos das Mulheres, dentre outras. Além de falar em “criminalização de pobres”, o texto chama atenção para práticas racistas da Polícia Militar. Antes de ser arrastada por pelo menos 350 metros, pendurada pela roupa em uma viatura, Cláudia da Silva Ferreira, de 38 anos, foi atingida por dois tiros na comunidade onde vivia. A PM alegou que os agentes já a encontraram baleada. Vizinhos, no entanto, garantem que não houve troca de tiros. Acreditam em execução. “Pensaram que minha mãe era bandida”, disse Taís Lima, de 18 anos. Ela conta ainda que foi agredida ao tentar impedir que levassem sua mãe “toda torta” na caçamba. O primo Diego questiona, ainda, o trajeto feito pelos policiais. “Eles deram uma volta sem precisar. Por outro lado chegariam em 10 minutos”, avalia. “Cláudia estava viva quando a pegaram. Ela resmungava”, destaca Diego. “A gente preza pelo ser humano. Ninguém tem que ser arrastado como um saco”, completa. Com a afirmação, ele segue o exemplo do viúvo de Cláudia, Alexandre Fernandes da Silva, de 41 anos. Em meio à comoção do enterro, realizado na terça-feira (18), afirmou que “nem o pior traficante Fernando Frazão ABr Policiais têm presença ostensiva em comunidades do Rio de Janeiro do mundo merecia um tratamento desses”. A trabalhadora deixa quatro filhos. Para a família de Cláudia, caso não fosse a repercussão do vídeo mostrando a conduta dos policiais, sua morte não seria investigada. Seria, então, considerada mais uma por auto de resistên- cia, ou seja, por resistir à prisão. Além disso, os protestos de moradores deram visibilidade ao caso. Revoltada, a comunidade desceu o morro, fechou vias e tacou fogo em ônibus. “O sentimento que fica é de dor, de revolta e de se sentir injustiçado”, concluiu Diego. A família pretende processar o Estado. Polícia nem deveria retirar a vítima do local, diz militante MEMÓRIA Batalhão de PMs envolvidos no caso participou também das Chacinas de Vigário Geral e de Acari Na operação, ocorrida no domingo (16), outra pessoa morreu e uma terceira foi ferida e presa. A PM alegou que essas vítimas teriam envolvimento com o tráfico. Admitiu também que a conduta dos oficiais que jogaram Cláudia no porta-malas foi equivocada. Para a corporação, seria mais adequado usar o banco de trás da viatura. Patrícia Oliveira, da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, discorda. “Existe uma recomendação da Secretaria de Direitos Humanos que diz que os policiais devem prestar socorro no local e não podem deslocar os feridos. É preciso ter perícia. O deslocamento deve ser feito por bombeiros ou pelo Samu”, lembra. Ela aponta, ainda, para a neces- sidade de se desmilitarizar a polícia. Em nota, a Rede, que reúne familiares de vítimas de violência, criticou a ‘justificativa’ dada pelos policiais envolvidos no crime, que estão presos em Bangu 8. Eles disseram em depoimento que Cláudia foi colocada na caçamba porque foram cercados de forma hostil por moradores. “Esse é mais um sintoma do processo de transformação pela qual passam aqueles que resolvem ir para a polícia. São transformados em máquinas de matar”, pontuou o movimento via redes sociais. “O batalhão dos oficiais tem um histórico de violência. O 9º BPM, de Rocha Miranda, esteve envolvido nas Chacinas de Vigário Geral e de Acari, nos anos 90”, lembrou Patrícia. (GR) VAMOS BUSCAR NOSSA VALORIZAÇÃO Sind-Saúde Minas Gerais CUT/CNTSS Av. Afonso Pena, 578 - 17º andar - Centro/BH-MG (31)3207-4800 / www.sindsaudemg.org.br • Revisão da Carreira • Isonomia • Reajuste Salarial • Promoção por escolaridade Assembleia Geral da Saúde 25/03 10 horas • hall da CAMG • 30 horas ) ra (terça-fei (Cidade Administrativa de Minas Gerais - Prédio Gerais) Campanha Salarial 2014 Wikimedia Commons 12 | mundo Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 Espanha registra cinco mulheres assassinadas em 48h VIOLÊNCIA Entre os casos, está o de uma brasileira assassinada pelo ex-parceiro no País Basco Nos últimos dias, cinco mulheres foram achadas mortas em distintos pontos da Espanha, supostamente assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros. Na quarta-feira (19), se conheceram as duas últimas vítimas da violência machista, uma na cidade autônoma de Melilla e outra em Madrid. A capital espanhola registrou mais uma mulher assassinada e os outros dois casos ocorreram na Catalunha e no País Basco. Há duas semanas morreram quatro mulheres em dois dias somente no estado de Andaluzia. Para a vice-secretária geral do PSOE (Partido Socialista), Elena Valenciano, a situação é de “emergência nacional”. Já a secretária de Estado de Serviços Sociais e Igual- dade, Susana Camarero, disse que os partidos vão dialogar sobre a situação. No período de um ano, 18 mulheres morreram devido à violência de gênero, segundo cálculos o El País. Entre os casos, está o da brasileira Andina Pereira de Brito, encontrada morta com sinais de violência em Mungia. Um de seus filhos, menor de idade, encontrou a mãe inconsciente em casa e chamou os serviços de emergência, que tentaram reanimá-la sem êxito. As suspeitas indicam que ela foi estrangulada por seu ex-parceiro Joseba Andoni, um cidadão espanhol. O juiz responsável pelo caso decretou a sua prisão na quarta-feira (19). (Da Redação, com informações do El País) Cameron quer expulsar Rússia do G8 O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou na quarta-feira (19) que os países do G7 devem discutir “a exclusão permanente da Rússia” do G8 no caso de serem adotadas mais ações que desestabilizem a Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convocou um encontro do G7 para a próxima segunda-feira (24), paralelamente à reunião sobre segurança nuclear que será realizada em Haia, na Holanda, para discutir o aumento da crise provocada pela anexação da Crimeia à Rússia. “Penso que é importante agirmos em concertação com os nossos aliados e parceiros e penso que devemos discutir se exclu- ímos ou não a Rússia de forma permanente do G8 se forem tomadas outras medidas”, disse Cameron no Parlamento. O G8 é constituído pela Rússia e pelos membros do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. O presidente russo, Vladimir Putin assinou, na terça-feira (18), o tratado de anexação da Crimeia, considerado legal, por unanimidade, pelo Tribunal Constitucional da Rússia. No domingo (16), quase 97% dos eleitores que foram às urnas na península votaram a favor da separação da Ucrânia e anexação à Rússia. (Agência Brasil) Gates Foudation “Penso que é importante agirmos em concertação com os nossos aliados e parceiros”, afirmou o britânico. Nacho Gómez – Casa de América Para a vice-secretária geral do PSOE, Elena Valenciano, a situação é de “emergência nacional”. Venezuelana cria comissão da verdade para apurar conflitos AMÉRICA LATINA Deputada opositora é uma das investigadas por suspeita de incitar a violência O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, inaugurou na terça-feira (18) uma comissão da verdade para investigar os protestos ocorridos nas ruas de várias cidades do país. O grupo também pretende estabelecer responsabilidades para as 29 mortes registradas até o momento. Além disso, a maioria da casa aprovou solicitação para que a deputada opositora Maria Corina Machado seja investigada por envolvimento nas manifestações. “Essa deputada é cúmplice, incitadora de assassinatos nesse país”, afirmou Cabello, em referência a Machado. Cabello disse ainda que “essa comissão terá bom acompanhamento internacional” e convidou “especialistas em direitos humanos do mundo, para que venham, e o mundo inteiro saiba o que aconteceu”. A apresentação da comissão contou com poucos deputados da oposição, que decidiram boicotar a iniciativa. Políticos opositores lançaram em 25 de janeiro uma plataforma chamada “A Saída”, que defende protestos e ações contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, com o objetivo de derrubá-lo pelas “vias democráticas”. Em 12 de fevereiro, quando uma manifestação opositora no centro da capital venezuelana terminou com o assassinato de três pessoas, uma onda de violência surgiu no país. (Opera Mundi) Andrés Azpúrua/Flickr Uma onda de violência surgiu, após políticos opositores lançarem em 25 de janeiro uma plataforma chamada “A Saída” Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 A NOVELA COMO ELA É PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS www.coquetel.com.br Sucesso (gír.) Sanfoneiro e intérprete de "Eu Só Quero Um Xodó" © Revistas COQUETEL Serviço que cobre o reparo de um produto Cópia de documento original Segurança das celebridades Planta com raiz aromática Merlot e malbec Rota de voo como a Rio-São Paulo Ou, em inglês Os últimos a saber (pop.) Matériaprima da indústria de papel Cede com fins caritativos De novo! Ramalho Ortigão, escritor de "As Farpas" "Peão", na notação do xadrez Não funcionando; fora do ar (o sistema) "Alea jacta (?)", frase de César Pensamento que melhora a vida Instrumento usado na fiação de tecidos Rescindir (contrato de arrendamento) Boné do uniforme militar Garupa Nesta semana, em Joia Rara, novela das 18h da Rede Globo, Pérola entrou em um profundo estado de meditação para salvar o seu avô, Ernest, em coma depois de sofrer um acidente. A menina mentaliza tanto a recuperação do antigo vilão da história que entra em transe e fica desacordada. Sabemos que a personagem de Mel Maia tem um espírito evoluído por ser a reencarnação de um monge budista. E o seu amplo conhecimento e bondade, sem dúvida, foram responsáveis pela redenção de Ernest neste fim de novela. Passados (os tempos) Substância aromática usada em perfumes Aqui, em francês A situação humana, para Kafka (Lit.) Stock (?), competição automobilística Instrumento comum na aula de Geometria Cereal sem glúten, de origem africana Fiquei pensando no poder que a mente tem. Dizem que meditar aumenta a energia vital do corpo e que, por isso, a meditação pode até curar. Eu não sei muito dessas coisas. Nem sei se acredito muito nelas. Mas já percebi que o pensamento está bem relacionado ao nosso estado de espírito. Muitas vezes, diante de uma situação de nervosismo, eu começo a trazer para a minha cabeça ideias como “não quero perder o controle” e, de repente, me sinto como uma pluma pairando no ar. A raiva simplesmente vai embora. Por outras vezes, penso nas conquistas e aprendizados que alcanço dia a dia e me encontro feliz, celebrando comigo mesmo. Categoria "Muitos", em "poliglota" Carlos Nejar, poeta Olhe aqui! (?) Zulu, lendário lutador de vale-tudo Adorno metálico da bota do caubói (?) Jazira, emissora de TV do Catar Diz-se da obra do perfeccionista "(?)" Paula, ex-jogadora de basquete 2/or. 3/car — est — ici. 4/uvas. 5/magic — nardo. 7/absurda. A Q B I O N de 75 jogos C Capa Dura A V A S I DO S A I E ST N T E A N I CI U R D A O T S E + C E Acabamento em Espiral E I I C S A formato S O R G O NOVO Solução P G O A N U T R A D E I R A D P E R A R O C P E O A B S A A T C L A P A S S O R A L M A I M O R Jogos que você já conhece em um 34 A D R O R M A I S N O G U E I N N C H A O M S P A P R BANCO variedades | 13 Meditar me parece uma boa saída para a vida corrida que levamos. Por duas razões: primeiro como forma de esvaziar a cabeça, de descansá-la. Segundo como forma de direcionar os sentimentos, quase sempre manifestados sem reflexão. Longe disso tudo que eu digo ser um “segredo”. É mais uma chamada de atenção para o exercício de pensar. Voltando ao caso da novela, o que espero é que a menina e pessoas com as habilidades dela continuem a mentalizar o bem, trazendo vida onde há pedido de socorro. E nós, seres bem humanos, que saibamos usar a cabeça para nos sentirmos melhor. Mande email para [email protected] e me conte sobre suas experiências de meditação. Até semana que vem! AMIGA DA SAÚDE Mande sua dúvida: [email protected] Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Fui assediada quando tinha 7 anos por um tio. Hoje tenho relações com meu namorado com certa dificuldade. Tenho a impressão que o trauma ainda está em mim. O que eu faço? Marta Elizabeth, 34 anos, telemarketing Querida Marta, isso que aconteceu com você é muito grave, apesar de infelizmente ser bastante comum. E uma violência que precisa ser denunciada e os agressores têm que ser punidos. Para nós, mulheres, a experiência sexual geralmente é permeada por muitos preconceitos e mitos, além de agressão explícita, como a que você viveu. É importante que você compreenda que isso tudo não é natural. É uma forma de opressão que mexe com nossa autoestima e segurança. Vencer esse trauma é uma forma de se libertar, um passo necessário para que você possa construir uma sexualidade mais prazerosa e saudável. A solidariedade de outras mulheres te ajudará muito. Procure conhecer o feminismo. Pode ser necessária também a ajuda de profissionais da saúde. Amiga, tenho percebido muitos produtos com o símbolo dos transgênicos (placa amarela com T preto), desde óleo de soja, biscoitos e chicletes até as rações. Fico com receio de comprar, mas é quase inevitável. Eles podem fazer mal à saúde? Laíza Silva Cara Laíza, existe um decreto (4680/03) que obriga o uso desse símbolo quando o produto tem mais de 1% de organismos geneticamente modificados (transgênicos) em sua composição. Entende-se que a pessoa tem o direito de saber que está consumindo um produto que pode apresentar riscos para a saúde. O consumidor pode optar por usar ou não, embora isso seja cada vez mais difícil ,com o aumento desenfreado de produtos assim. Os poucos estudos realizados sobre o assunto mos- tram que o consumo de transgênicos pode levar a um aumento de alergias, aumento de resistência a tratamentos com antibióticos e alterações no peso de fígado e rins de cobaias, porém nada conclusivo. O Brasil é o segundo maior produtor de transgênicos do mundo. Sabe-se que isso também está intimamente ligado a um grande consumo de agrotóxicos e a muitos lucros para o agronegócio. Não é a toa que os estudos não conseguem concluir nada. Querida amiga, iniciei minha vida sexual com homens, mas há seis anos só fico com mulheres. Após o término de um relacionamento, voltei a ficar com homens. Será que não sou mais lésbica? O que está acontecendo comigo? Juliana Mirela, dermatologista, 28 anos Não está acontecendo nada de errado, Juliana. Seu desejo sexual é variado, o que é natural. A heterossexualidade (desejo somente pelo sexo oposto) como única vivência aceitável tanto para homens quanto para mulheres foi construída na nossa sociedade pelo sistema patriarcal (sistema de dominação dos homens sobre as mulheres). Porém a natureza humana é diferente disso. Precisamos vencer os preconceitos ainda muito presentes quando se trata das diversas vivências sexuais que saem desse padrão. 14 | cultura Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 “Exigimos respeito” DUELO DE MC´S Cobrança de taxas impedem realização de encontros, que ocorriam há sete anos Por Maíra Gomes Eu Respeito. Tu Respeitas. Ele Respeita. Nós respeitamos. Vós Respeitais. Eles Respeitam o Duelo de Mc´s”. Esta frase está presente em materiais de divulgação e camisetas do encontro, que acontece há sete anos embaixo do viaduto Santa Tereza, no centro de Belo Horizonte. Após tanto tempo de atividade, o Coletivo Família de Rua, que organiza o encontro, conquistou o respeito da capital para o Hip Hop, estilo antes confinado às periferias. Mas, ao que parece, o respeito não se estendeu à administração da cidade. “Nunca foi fácil, mas este ano estamos realmente impedidos. Estamos em março e ainda não tivemos nenhum encontro”, diz Pedro Valentim, da Família de Rua, que articula também a realização do Game Of Skate, atividade mensal do esporte. Fechado para obras desde o início do ano, o viaduto Santa Tereza não é mais uma opção para a realização das atividades. Em acordo com a Regional Centro-Sul e a Coordenadoria da Juventude, o grupo selecionou outros dois locais, a Praça João Pessoa, no Santa Efigênia, e a Praça Sete. No entanto, ao entrar em contato com a Gerência de Licenciamento da Regional Centro Sul da PBH, passo necessário para qualquer evento realizado em locais públicos, a Prefeitura não garantiu a isenção das taxas, alegando restrições da legislação eleitoral. Durante os sete anos de encon- tros, o grupo sempre obteve a isenção dessas taxas, bem como a garantia dos banheiros químicos pela Belotur. Pedro frisa que inclusive em anos eleitorais o direito foi garantido. “Nós questionamos essa portaria, já que em 2008, 2010 e O coletivo Família de Rua estima que cada encontro deve custar R$900, valor que o grupo não pode pagar. “Seriam quase R$4 mil por mês. É impossível a gente dar conta disso”, afirma 2012 isso nunca foi nos dito. Sempre tivemos isenção”, conta. Valores As taxas cobradas pela PBH são relativas ao licenciamento, no valor de R$144, além de R$0,85 por metro quatro utilizado, além da obrigatoriedade de locação de banheiro químico, que custa uma média de R$600 por edição. Pedro conta que o custo total de cada encontro deve ser R$900, valor que o grupo não pode pagar. “Seriam quase R$4 mil por mês. É impossível a gente dar conta disso”, afirma. Para a realização do Duelo ou do Game, os custos do Coletivo são basicamente com o transporte dos equipamentos de som e outras pequenas coisas. Tradicionalmente, uma latinha é passada entre o pú- Mídia Ninja Por sete anos, Duelo ocupou o Viaduto Santa Tereza blico para a arrecadação de fundos, que cobrem os gastos. Os encontros contam ainda com trabalho voluntário, como os técnicos de som. “Mais uma vez, estamos reféns da arbitrariedade e falta de respeito da prefeitura, que está impedindo a dinâmica e a vivacidade da cultura Hip Hop e do skate nos espaços públicos. Exigimos respeito”, declara o grupo em nota à imprensa. Promoção da Cultura O Família de Rua alega que o caráter dos eventos deve ser considerado pela PBH ao determinar a cobrança das taxas. “Trazemos discussões sobre a juventude ocupar a cidade, ter o direito de ir e vir dentro dela, usar os espaço para a cultura”, aponta Pedro Valentim. Ele frisa que o Duelo teve papel fundamental de despertar o olhar dos belo-horizontinos para o viaduto Santa Tereza, que estava abandonado. “Quando se fala do caráter independente é isso. Propostas que querem acontecer para que as pessoas se encontrem e possam consumir cultura produzida pelo povo e não tenham que pagar por isso”, acredita. Em resposta à imprensa sobre o caso, o Procurador Geral do Município Rúsvel Beltrame afirmou que eventos sem fins lucrativos e de caráter apartidário podem conseguir isenção de taxas em períodos eleitorais. Casos específicos devem ser analisados pela Procuradoria. O procurador não se posicionou sobre o pedido da Família de Rua. No dia 11 de março, o grupo protocolou ofício com pedido de revisão dos critérios para a cobrança da taxa. Como ainda não houve resposta, será realizada uma edição do Duelo de Mc´s na sexta (21), em frente à Prefeitura de BH, às 17h. damente o mundo como não via antes. Marcelo é um diretor que mexe com a nossa sensibilidade. A delicadeza das sutilezas que o cinema dele mostra através dos olhos da menina é de uma conscientização emocional inigualável. Apren- der a conviver com as diferenças é algo fundamental para nosso convívio em sociedade, mas devemos ficar atentos em não confundir diferença com desigualdade. *Rogerio Cavalcante e Castro é ator e dramaturgo A regra do jogo social Por Rogerio Cavalcante e Castro* ciedade de forma econômica não é pouca coisa. O filme “Eles voltam”, de Marcelo O diretor habilmente coloca a Lordello, nos apresenta o óbvio ulu- protagonista Cris, uma menina de lante das diferenças econômicas e 12 anos de classe média alta, frente sociais. Porém, essa obviedade das a frente com um mundo que ela jadesigualdades criou uma distância mais conheceria e, muito menos, japaradoxal entre os mundos. mais conviveria. Só o acaso fez esÉ nesse vespeiro que Lordello sa possibilidade ter se tornado real. cutuca pra mostrar como se daria o Ocorre que Cris, ainda pré-adoleschoque de mundos separados ape- cente, a partir de um momento liminas pela condição econômica. Só te de sobrevivência, mergulha neste que aqui, esse encontro chega de mundo socialmente tão diverso do forma espontânea, ou seja, a desi- seu e observa tudo atentamente. Vegualdade não é o núcleo da fusão: mos famílias humildes, pobres, mas ninguém serve a ninguém e não há que nos dão uma lição de solidarieneste encontro patrões e emprega- dade, igualdade e dignidade humados. Ambos os lados passam a en- na. xergar melhor o outro, vendo-o coPartindo desse princípio que só mo um ser humano real. Visualiza- nos desvendamos na convivência mos com isso que separar uma so- igualitária, a menina passa a ver lin- Reprodução Filme está em cartaz no Cine 104 Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 agenda do Fim de semana CAPOEIRA TEATRO II Festival de Capoeira BH de Pernas Pro Ar. O projeto pretende contribuir para a formação e qualificação de capoeiristas de BH oferecendo oficinas, apresentações artísticas e rodas de bate-papo com mestres antigos e atuais. Sábado (22) e domingo (23), das 14h às 18h, no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 821). Espetáculo Horizontinos Cidade Inventada, inspirado em fatos e personagens da história de Belo Horizonte, e os primeiros anos de existência da cidade. Sábado (22), às 20h, no Espaço Artístico Cultural Cor(tição) Teatro Negro e Atitude (Rua João Gualberto de Abreu, 170, Venda Nova). É TUDO DE GRAÇA! INFANTIL Projeto Eu, Criança no Museu! apresenta show de calouros. Domingo (23), às 11h, no Memorial Minas (Praça da Liberdade). MÚSICA Noite Funk no Centro Cultural. A casa recebe dançarinos e MC’s em uma noite de música e apresentação de coreografias. Sexta (21), às 19h, no Centro Cultural Lindéia Regina (Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445, Lindéia). cultura | 15 segunda a Quinta-Feira MÍDIA LIVRE 1º encontro de Midialivrismo de BH, que tem como objetivo reunir os midiativistas da capital e região para criarem mecanismos para democratizar e descentralizar a mídia e construírem narrativas fortes e independentes. Quarta (26), às 20h, no Espaço Comum Luiz Estrela (Rua Manaus, 348, Santa Efigênia). TEATRO EXPOSIÇÃO ACTO 3: Encontro de Teatro reúne as companhias teatrais Espanca!, de Belo Horizonte, Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba, Grupo XIX de Teatro, de São Paulo e Grupo Magiluth, de Recife, que apresentarão peças de seus repertórios. Segunda (24) e terça (25), das 17h às 22h, no Teatro Espanca (Rua Aarão Reis, 542, Centro). Exposição do fotógrafo Cyro Almeida sobre a comunidade Dandara. As obras configuram um diário íntimo, registro da convivência do artista com os moradores durante o período em que morou nas casas de algumas famílias da comunidade. De 22/03 a 04/05, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro). CINEMA O projeto Cinecentro projeta filmes relacionados às linhas de pesquisa da UFMG. A programação conta com “Cidade dos Sonhos”, de David Lynch, “Abre los Ojos”, de Alejandro Amenábar, e os documentários “Um Passo de Lado” e “Fine Lune”, de Namaria Fernandes e Michael Charron. Terças e quintas até 27/03, às 19h, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174, Centro). esporte | na geral Jogos Sul Americanos Com um total de 255 medalhas, 109 de ouro, 68 de prata e 78 de bronze, o Brasil ficou na a primeira posição da 10ª edição dos Jogos Sul Americanos. Em segundo ficou a Colômbia, com 166 medalhas, e em terceiro a Argentina, com 159. Foram 13 dias de disputa entre 4.000 atletas de 14 países. Proposta de calendário do Bom Senso FC Obra da Copa superfaturada em mais de R$ 400 milhões Final do Nordestão Em evento realizado na segunda-feira (17), o Bom Senso FC apresentou sua proposta de calendário. Estudo realizado apontou que existem 583 clubes no país que fecham suas portas seis meses por falta de jogos. Na outra ponta, os grandes clubes chegam a 85 jogos por ano, prejudicando o nível técnico dos jogos e aumentando as lesões. A proposta do Bom Senso é criar a Série E, que teria 452 clubes, divididos em 36 grupos de 12. As Séries C e D também teriam alterações. A 4ª divisão passaria a ter 144 clubes, e a 3ª, 48. Outra importante alteração se daria com as competições estaduais. A proposta dos atletas é que elas sejam realizados em junho, num formato estilo Copa do Mundo, comportando oito datas. Com isso, estima-se que os clubes menores teriam um calendário de, no mínimo, 30 partidas por ano, garantindo o emprego de atletas e comissão técnica durante o ano todo. Na outra ponta, o máximo de partidas que um clube de elite faria seria 74. Em uma investigação sobre os gastos das obras da reforma do estádio Mané Garrincha para Copa do Mundo de 2014, o Tribunal de Contas do Distrito Federal descobriu indícios de superfaturamento que pode chegar a R$ 431 milhões. Os diversos contratos feitos com empreiteiras, empresas de transporte de materiais e com demais seguimentos relacionados à reforma do estádio praticamente dobrassem os gastos estimados inicialmente. Todas estas irregularidades foram apuradas em cinco processos e ainda podem aumentar, pois o cálculo foi feito de acordo com análises de meados de 2013. O caso do estádio Mané Garrincha – o mais caro da Copa é mais um dos tantos de superfaturamento de obras. O que não podemos perder de vista são as ações das grandes construtoras e empreiteiras que financiam campanhas eleitorais a fim de abocanhar licitações de grandes obras como a do Mané Garrincha. O título da Copa do Nordeste 2014 será entre Sport e Ceará. Os dois times levaram a melhor nos jogos da semifinal. O Sport venceu os dois jogos contra o Santa Cruz (2x0 e 2x1) e o Ceará. Apesar de perder o segundo jogo para o América de Natal por 2x0, classificou-se ao vencer o primeiro confronto por 4x0. Os jogos da final ocorrerão nos dias 02 e 09 de abril. ? ?? ? Você Sabia A primeira partida de futebol no Brasil ocorreu em 15 de abril de 1895, na Várzea do Carmo em São Paulo, entre os trabalhadores de duas empresas que atuavam na cidade. O placar do jogo foi Companhia de Gás 2 x 4 Cia. Ferroviária São Paulo Railway. 16 | esporte Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014 OPINIÃO Cruzeiro Um campo manchado de sangue imagem de arquivo Wallace Oliveira Enquanto envio este comentário para publicação, o Cruzeiro ainda não enfrentou o Defensor no Mineirão. Nesse jogo, uma derrota praticamente elimina as chances de classificação, ao passo que uma vitória mantém a Raposa na disputa e dá novo ânimo à equipe. Na próxima rodada, o Cruzeiro enfrentará o Universidad de Chile no Estádio Nacional Júlio Martinez, onde o clube mineiro venceu a terceira partida da decisão da Libertadores de 1976, contra o River Plate, sagrando-se pela primeira vez campeão do torneio. Pouca gente sabe que esse mesmo palco da glória celeste, infelizmente, também foi um grande campo de concentração do terror, na recente ditadura civil-militar comandada por Augusto Pinochet. A partir de setembro de 1973, quando os militares assassinos deram o golpe, mais de 40.000 perseguidos políticos foram aprisionados nas dependências do estádio, a fim de sofrerem torturas, interrogatórios e, em muitos casos, o fuzilamento. Das arquibancadas, quem aguardava o suplício podia ver cadáveres de companheiros sobre as caçambas de caminhões que os despejariam em algum lugar obscuro. Em novembro do mesmo ano, a Seleção do Chile receberia a União Soviética pela repescagem das eliminatórias da Copa de 1974. Os soviéticos, no entanto, se recusaram a pisar naquele solo manchado de sangue. Como a FIFA não aceitou mudar o local do jogo, os atletas chilenos tiveram que entrar em campo sem adversário, tocar a bola sem marcação e chutar contra as redes sem goleiro, enquanto milhares de torcedores sem cérebro vibravam com uma “vitória” feita de gols sem vida. Na definição do escritor Eduardo Galeano, aquela foi a partida mais patética da história do futebol. OPINIÃO Atlético Nada de novo sob o sol Bruno Cantini imagem de arquivo OPINIÃO América Rogério Hilário Obrigação cumprida Bráulio Siffert Ter estrutura, folha salarial, tradição e torcida muito maiores do que os times do interior de Minas obriga o América a sempre se classificar à frente de todos eles no campeonato estadual. Neste ano, o América começou promissor, piorou, mas se recuperou ainda a tempo de se classificar. Fez sua obrigação, mas ainda não joga um futebol convincente – como aliás Cruzeiro e Atlético também não jogam. Nos últimos dez anos, é a quinta vez que o Coelhão avança às semifinais, mas apenas em 2012 chegou à final. Ou seja, o passado recente do América é ruim. A propó- sito, os resgates históricos são importantes para balizar o nosso presente e o nosso futuro, mas já é hora de o América e os americanos se desgarrarem do passado e se orientarem para um futuro em busca de um time que incomode ainda mais os “grandes”. Mais uma vez, entre as quatro que disputarão as semifinais do Campeonato Mineiro, teremos três equipes da capital e apenas uma do interior. E, novamente, pouco podemos esperar do alienígena (ou será azarão). Haja vista a vitória por 3 a 0 dos reservas do Atlético no último domingo. Bem como o América tem boas chances, mas de manter-se como coadjuvante diante da hegemonia de Atlético e Cruzeiro no futebol do estado. Sem dúvida, é muito difícil superar os campeões da Libertadores e do Brasileiro, melhores times do Brasil em 2013. Os campeonatos estaduais seguem na mesmice. Em outro arroubo de erudição, talvez resgate do ecumenismo, dá pra dizer “Nihil novi sub soli ou nihil sub sole no- vum”. Ou seja, nada de novo sob o sol, trecho da vulgata atribuída a Salomão. Tamanha rotina, bem como, na atual conjuntura, o fato de Galo e Cruzeiro priorizarem a competição continental, desmotiva a torcida. Isto é evidente na média de público, uma das mais baixas de todos os tempos. É desolador ver Independência e Mineirão, cujas reformas custaram mais de R$ 1 bilhão de investimento público, às moscas, mesmo com ingressos mais baratos. Os estádios se renovaram, mas os outros clubes não evoluíram. Certa vez, editando esportes no jornal Hoje em Dia, ao atender telefonema de torcedor americano irado e meio chapado, escutei esta: “Vocês também estão no esquema Rapogalo”. É, repito, não sou eu. É a estrutura do futebol mineiro como um todo.