esportes | pág. 16
Reprodução
Reage,
América!
Pela quinta vez em dez anos,
o América chega às semifinais
do Campeonato Mineiro. A
sensação é de dever foi cumprido,
mas ainda falta futebol para
incomodar os adversários
cultura | pág. 14
Burocracia
contra hip hop
PBH cobra taxas e faz
exigências que custam cerca
de R$900 para a realização
do Duelo de MC´s. Valor é
cobrado pela primeira vez em
sete anos da atividade
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Edição
Reprodução
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014| ano 1 | edição 30| distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefatomg
minas | pág. 5
minas | pág. 7
Luz ainda mais cara em 2015
Noronha Rosa
Ditadura
Seleção de livros, filmes e
canções relembra um dos
períodos mais sombrios da
história brasileira e joga luz à
resistência contra a repressão
cidades | pág. 3
Vagão “rosa”
Proposta de vagões
exclusivos para mulheres
gera polêmicas. Usuárias
defendem que assédio
precisa ser combatido de
forma mais ampla
brasil | pág. 11
Violência no RJ
Aumento de até 30% na conta de luz passará a vigorar a partir de 2015. Empresas produtoras de energia, como
Cemig, vendem energia 25 vezes mais cara para distribuidoras. O esquema gerou um custo de R$13 bilhões aos
cofres públicos. Especialistas explicam que aumento não acontece por falta de chuvas e sim por questão política
Batalhão de PMs envolvidos
na morte de Cláudia Ferreira
participou também das
chacinas de Vigário Geral e
de Acari
Noronha Rosa
cidades | pág. 4
Quilombo em BH
luta por território
“A gente não sabe quanto tempo tem o quilombo, mas o jatobá ali no
quintal tem 175 anos”, diz Maurício Moreira, morador do Quilombo Mangueiras, localizado na divisa de BH com Santa Luzia. A comunidade briga
por 20 hectares para compor o território quilombola, mas compete com
empreendimento megamilionário na Mata dos Werneck
02 | opinião
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
editorial | Minas Gerais
editorial | Brasil
Violência que discrimina
O Blocão é a cara do nosso
sistema político
Vemos todos os dias nas páginas dos jornais e nas telas das televisões a violência. Muitas vezes, parece que atinge a todos igualmente. Mas é só prestar um pouquinho mais de atenção e veremos que a
violência nos atinge de forma muito diferente quando somos brancos e quando somos negros, quando somos homens e quando somos
mulheres, quando somos ricos e quando somos pobres.
Temos acompanhado pela mídia a história de um jovem branco,
rico, assassinado em um assalto. Esse fato provoca grande comoção
nas pessoas. Ao mesmo tempo assistimos ao julgamento de policiais
que mataram o jovem Jeferson, na Serra. Nesse caso, a reação não é
de comoção, mas sim de dizer: “era bandido”, mesmo diante de inúmeras testemunhas dizendo que o jovem era trabalhador
e não tinha envolvimento com
nada ilegal.
Também acompanhamos a história de Cláudia, auxiliar de serviços gerais que, depois de baleada em um tiroteio entre poli-
Qual o único crime
que Jeferson e Cláudia
cometeram? Serem pobres,
negros e morarem em uma
favela
ciais e traficantes na comunidade
em que morava, foi arrastada por
quilômetros por um camburão da
polícia.
Qual o único crime que Jeferson e Cláudia cometeram? Serem
pobres, negros e morarem em
uma favela. Diante de uma situação tão gritante, perguntamos:
será que mais polícia resolve?
Mais cadeia? Diminuir a maioridade penal? Pena de morte?
Várias dessas coisas têm acontecido aqui em Minas: aumentaram a quantidade de policiais, construíram inúmeros presídios
- que, diga-se de passagem têm gerado muito lucro para empresas
que entraram na parceria publico privada - mas a violência só tem
aumentado.
O que tiramos de lição é que a violência é principalmente fruto da
desigualdade social e que só a superaremos quando avançarmos no
sentido de colocar a vida como o central na organização dessa sociedade e não o dinheiro.
Um exemplo de país onde quase não há violência é Cuba. Como
os cubanos chegaram a essa proeza? Distribuíram renda, promoveram e promovem políticas que garantem questões básicas como moradia, educação e saúde em pé de igualdade para todos e todas. Que
Cuba nos inspire para que possamos também construir uma sociedade que defenda a vida das pessoas e não a propriedade. E que a
violência não seja mais necessária como instrumento para manutenção das desigualdades.
A crise entre o governo federal e parte da base aliada no Congresso Nacional, organizada em torno do autodenominado “Blocão”, traduz os limites do sistema político. Aprovação ou rejeição de projetos
de lei, além de denúncias e investigações, são apenas moedas de troca por cargos e postos administrativos.
Essa armadilha foi naturalizada e capacidade de governar virou sinônimo de ceder ao fisiologismo. Afinal, todos os presidentes da história republicana que perderam a maioria parlamentar caíram ou
perderam qualquer capacidade de governar...
Um sistema político em que o preço da governabilidade é alimentar o fisiologismo revela a impossibilidade de qualquer avanço social. Alguém duvida que as
poderosas bancadas dos grupos
econômicos sairão ainda mais
fortalecidas nas próximas eleições? Estamos, então, num beco
Caminho para mudar
o sistema político é a
convocação de uma
Assembleia Nacional,
Exclusiva e Soberana
sem saída?
Dos governos eleitos em nosso continente a partir dos anos
90, em repúdio à ofensiva neoliberal que destruiu as bases de desenvolvimento, somente na Venezuela, Equador e Bolívia foram
convocadas assembleias constituintes, que enfrentaram a blindagem dos sistemas políticos.
Nos demais países, seja pela
ausência de correlação de forças,
seja pela falta de vontade política
(ou mesmo de ambas), os governantes que expressavam a luta contra o neoliberalismo conviveram com um ordenamento que impossibilita qualquer mudança. Assim, sobrevivem com o rebaixamento dos seus programas e a constante negociação com os verdadeiros
donos do poder.
Por isso, mudar o sistema político é uma prioridade da luta popular. Ninguém que deseja transformações pode se recusar a construir
uma frente política para enfrentar nosso sistema político.
Um sistema político absurdo, alvo do repúdio de milhares de pequenos cartazes empunhados pela juventude que saiu às ruas em junho, e constatado em inúmeras pesquisas de opinião. Insatisfação
que é manipulada pelas forças mais conservadoras.
O caminho para mudar o sistema político é a convocação de uma
Assembleia Nacional, Exclusiva e Soberana. Para isso, a principal
ferramenta é o Plebiscito Popular da Constituinte, para despertar a
consciência da importância dessa bandeira para o país.
O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições
regionais, em SP, no Rio e em MG. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos
fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.
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Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
Vereador pretende criar
vagão só para mulheres
Pergunta da semana
POLÊMICA Projeto de Lei cria vagão de metrô reservado para mulheres, mas muitas
rejeitam a proposta
Reprodução
Por Rafaella Dotta
O vereador e presidente da Câmara de Belo Horizonte, Leo Burguês (PT doB), apresentou projeto
para criar vagões de metrô exclusivos para mulheres. Apelidado de
“vagão rosa”, a medida tenta encontrar solução para as “encoxadas”
sofridas por mulheres em metrôs
e ônibus, mas a proposta não está
agradando a todos.
A ideia do Projeto de Lei 893/2013
é obrigar todos os metrôs a reservarem um vagão especial, em que só
mulheres poderão entrar. Nos demais vagões o sistema continuaria
o mesmo, sendo frequentado por
ambos os sexos. O objetivo da medida é “evitar, principalmente nos
horários de pico, o constrangimento de mulheres, reservando um espaço separado”, declara o vereador.
No Rio de Janeiro, São Paulo e
Distrito Federal, os vagões exclusivos já estão em funcionamento. No
Rio de Janeiro, o mais antigo, funciona apenas nos horários mais críticos.
Opinião contrária
Muitas mulheres são contra a
criação do “vagão rosa” e defendem que o assédio precisa ser combatido de maneira mais completa.
“O nosso corpo só vai ser respeitado quando estiver entre mulheres?
Quando saio do vagão a minha vida continua”, diz Clarisse Goulart,
integrante do movimento Marcha
Mundial das Mulheres.
Ela afirma que a violência e o assédio precisam ser enfrentados no
trabalho, na rua, dentro de casa, e
não só no metrô. Para isso, é preciso
Mais de dois mil servidores públicos da Prefeitura paralisaram as
atividades na quarta (19) e fizeram
assembleia e passeata para dar início à campanha salarial unificada
2014. Os trabalhadores reivindicam
reajuste salarial de 15%, reajuste no
vale-alimentação para R$ 28, abertura de concursos públicos, fim das
terceirizações na Prefeitura e melhoria dos serviços públicos.
Após a assembleia, os secretários
municipais de Planejamento, Thia-
Um projeto de lei apresentado
pelo vereador Léo Burguês (PTdoB) prevê a criação de um vagão
exclusivo para mulheres no metrô de Belo Horizonte, apelidado
de “vagão rosa”. De acordo com a
proposta, o espaço será criado para evitar assédios e abusos a mulheres no metrô, principalmente
em horários de pico.
Você concorda com vagões
exclusivos para mulheres?
Vagão pretende ser solução para “encoxadas” sofridas por mulheres
elaborar campanhas de conscientização para o respeito à mulher e
melhorar o recebimento de denúncias de assédio.
Usuária defende que saída
é ter mais vagões, para
que os passageiros não
precisem ficar espremidos
como acontece hoje,
diminuindo o assédio
“A mulher sofre uma ‘encoxada’
dentro do metrô, e se ela denuncia
ou reage, ela é tratada como louca”,
diz Clarisse. Por isso, acredita a feminista, a maioria das mulheres
não faz boletins de ocorrência.
Vagões insuficientes
O metrô da região metropolitana
de Belo Horizonte atende, hoje, a 200
mil passageiros por dia e tem quatro vagões em cada “carro”, de acordo
com informações da empresa Metrominas S.A.
Para Silviana Mendonça, que é diarista e usuária do metrô, a saída é ter
mais vagões, para que os passageiros
não precisem ficar “espremidos”, como acontece hoje. Ela acredita que isso poderia resolver os problemas dos
passageiros e também diminuir o assédio às mulheres. “Voltar pra casa
todo dia apertado é um sofrimento”,
lamenta.
Eu acho que essa medida será boa, mas evitará poucos assédios a mulheres. Isso porque
os outros vagões do metrô continuarão a receber todos os sexos e as mulheres que optarem
por eles ainda estarão sujeitas a
esse tipo de abuso.
Karine de Oliveira Moreira,
16 anos, estudante
Metroviários cobram esclarecimentos
Uma paralisação de 24h deixou a cidade de BH sem metrô na quarta (19). Os trabalhadores exigem
esclarecimentos sobre a situação de trabalho após a estadualização do metrô. Ainda este ano, a administração do serviço deverá passar para a responsabilidade do Governo do Estado, para que posteriormente seja aberta uma licitação para a privatização. Em negociação entre o Sindicato dos Metroviários (Sindimetro) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), foi determinado que a CBTU em
Belo Horizonte fizesse um parecer oficial sobre a estadualização do metrô até o dia 31 de março.
Servidores da PBH lançam campanha salarial
Por Bráulio Siffert
cidades | 03
go Grego e de Recursos Humanos,Tammy se comprometeram a instituir uma Mesa Permanente de Negociação. O prazo dado para a prefeitura dar uma resposta é de 20
dias. No dia 9 de abril haverá uma
nova assembleia geral unificada,
também com paralisação, para avaliar a resposta.
Conjuntura
Mesmo com a crescente arrecadação da Prefeitura, pouco foi destinado nos últimos anos para melhorar as condições dos serviços e
servidores públicos de BH. Faltam
unidades escolares e de saúde, a
terceirização vem aumentando, faltam profissionais e estão precárias
as condições para a prestação dos
serviços. Além disso, os salários estão defasados, com servidores recebendo menos que o mínimo.
“ A população que mais necessita dos serviços públicos fica prejudicada quando encontra um servidor sem condições para atendê-lo e
sem salários com poder de compra”,
ressaltou o presidente do Sindicato
dos Servidores Públicos Municipais
(Sindibel), Israel Arimar.
Na minha visão, isso não vai resolver. Primeiro que, na lógica da proposta, um vagão não
atende a demanda, teriam que
ter muito mais vagões, uma
vez que o número de mulheres
é bem maior do que o dos homens. E segundo que isso não
resolve o problema. Os homens
é que deveriam ser educados
para não abusar, e não o contrário. Acho que, já que acontece assédio no metrô, deveriam
colocar mais segurança dentro
dos vagões.
João Martins dos Santos,
Supervisor de Operações da PBH
04 | cidades
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
Empreendimento coloca
quilombo em risco
MATA DOS WERNECK Disputados por diversos movimentos, local é território de resistência negra
Fotos: Noronha Rosa
Por Maíra Gomes
São mais de 900 hectares de terra, a última área verde preservada
dentro de Belo Horizonte. Localizada na divisa com Santa Luzia, o
local é conhecido como Mata dos
Werneck. Mas não pertence apenas à família Werneck. No terreno
moram famílias quilombolas (como são chamados os descendentes dos trabalhadores escravizados
que construíram territórios livres)
há pelo menos 150 anos.
“A gente não sabe explicitar
quanto tempo tem o quilombo,
mas o jatobá ali no quintal tem 175
anos”, conta Maurício Moreira dos
Santos, presidente da Associação
do Quilombo Mangueiras. Lá vivem
hoje 22 famílias, cerca de 60 pessoas, todas descendentes do casal Vicência e Cassiano, primeiros a chegar no quilombo.
Atualmente, o terreno é palco de
guerra imobiliária. A implantação
da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves e a transformação do aeroporto de Confins em
terminal industrial mudaram o perfil da região, conhecida como Vetor
Norte. Está previsto um mega empreendimento para a construção
de 72 mil apartamentos, shopping
center, hipermercado, escolas, postos de saúde, entre outras estruturas.
Por outro lado, as ocupações Esperança, Vitória e Rosa Leão também estão no local, com mais de
15 mil famílias que exigem que seja
cumprido o direito à moradia. Negociações apontam a possibilidade de construção de casas populares no empreendimento, mas sem
garantia.
Com tudo isso, o Quilombo Mangueiras também está sendo afetado.
As famílias ocupam hoje dois hectares de terra, mas buscam na Justi-
Cerca de 22 famílias vivem no quilombo há mais de 150 anos
Maurício, presidente da associação, diz que eles vão exigir compensações
Quilombo Mangabeiras
ocupa dois hectares de
terra, mas briga na Justiça
por mais 17,8 hectares,
para compor o território
quilombola
ça outros 17,8 para compor o território quilombola. Para o sucesso do
empreendimento, será necessária a
construção de uma via que dê acesso ao local. De acordo com o projeto, a via passará em parte desse território, atravessando os dois hectares e parte dos 17,8 pleiteados.
500 comunidades,
um título da terra
No estado de Minas Gerais, são quase 500 comunidades quilombolas, e
apenas uma tem a titulação da terra. “A cultura quilombola é considerada
patrimônio cultural da nação e é protegida pela Constituição. De 1988 até
hoje o governo fez muito pouco”, critica o defensor.
O caminho para a titulação de terras quilombolas é longo. Após a certificação da Fundação Cultural Palmares atestando que a comunidade é de
fato remanescente de quilombolas, o processo passa para a responsabilidade do Incra, que inicia a delimitação do terreno e a pesquisa antropológica. É destinado um prazo para contestação dos proprietários e, se o território for mantido como estava no estudo, passa pela fase de desapropriação.
O defensor público explica que o Quilombo Mangueiras está na fase do
fim das contestações e em processo de desapropriação. “Mas o Incra está
enrolando há mais de um ano. Para os Werneck, a área quilombola é um
grande negócio, porque a indenização é paga em dinheiro. Mas o governo
está cozinhando o processo”, critica.
Possibilidade de negociação
Maurício explica que a comunidade pensa em uma segunda possibilidade de conseguir a titulação,
por negociação com os proprietários e empreendedores que inves-
tem na Mata dos Werneck. “Se nós
tivermos garantia da titulação do
território completo, e mais uma lista com 26 compensações, podemos
abrir mão da parte necessária para
construir a via. Sem isso, não tem
negociação”, afirma. Entre as compensações, a comunidade exige a
construção de 26 casas, dois galpões para aulas e eventos e uma via
de acesso interno no quilombo.
“Para o empreendimento sair do
papel, as restrições socioambientais têm que ser observadas. O caso
dos quilombolas entraria na questão social”, defende o defensor público federal Estêvão Ferreira Couto, que acompanha o caso. “A infraestrutura deles é muito precária
em termos de moradia e de acesso.
Vejo que se for possível caminhar
mais rápido pra a titulação, deve ser
feita uma negociação sim, um acordo que permita uma compensação”,
declara.
A luta pelo território
O defensor Estêvão aponta que o registro dos dois hectares, feito em
1928 e 1942, não garante a posse do terreno pelos quilombolas. Os dois
hectares estão caracterizados como ADE (Área de Diretriz Especial), que
garante apenas que nenhum empreendimento pode afetar a área. “É um
título precário e provisório, pois se for feita alguma alteração na lei de Uso
e Ocupação do Solo, o quilombo perde a segurança”, explica. Estêvão conta que é necessária a titulação das terras pelo Incra para que haja uma proteção jurídica.
Ainda assim, Maurício explica que os dois hectares não são suficientes
para a sobrevivência da comunidade. “É igual você na sua casa. Se você
mora em apartamento, você não tem o território, tem só a terra. O território de vocês é o condomínio e o nosso é o resto da terra. Porque não existe
comunidade quilombola que sobrevive sem o território”, explica. Por isso,
a Associação pleiteia os outros 17,8 hectares.
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
minas | 05
Conta de luz mais cara em 2015
CEMIG, COPEL E CESP Empresas aumentaram preço da energia em 2400%
Por Rafaella Dotta
Estudos do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) confirmam que o consumidor terá um
acréscimo de 18 a 30% na sua conta
de luz a partir de 2015. “O aumento
está sendo gerado pelas empresas
Cemig, Copel (do Paraná) e Cesp
(de São Paulo), que estão vendendo energia 25 vezes mais cara para as distribuidoras”, afirma Gilberto Cervinski, coordenador nacional
do MAB e estudioso do assunto.
Essas três empresas são responsáveis pela geração de grande parte da energia consumida no país.
Elas estão vendendo o megawatt
por R$ 822, enquanto outras empresas - que também usam a energia hidrelétrica - vendem a mesma quantidade por R$ 32, 89. “Como a Cemig, Cesp e Copel não renovaram os contratos com o governo federal, podem vender a energia
mais cara no mercado de curto prazo”, explica Dorival Gonçalves, professor da Universidade Federal do
Mato Grosso.
Desde a primeira semana de fevereiro, essas três empresas - que,
além de produzir (geradoras), também distribuem energia - aumentaram o valor do megawatt no mercado livre, que não é regulado pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo Cervinski, para impedir que esse valor fosse repassado
aos consumidores em período eleitoral, o governo federal está injetando R$ 13 bilhões no setor elétrico. Além disso, orientou a Câmara
de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a auxiliar no empréstimo de mais R$ 8 bilhões para as
empresas distribuidoras, que compram energia das geradoras.
O acordo é que a partir de 2015
esse empréstimo comece a ser quitado. Para isso, o valor será repassado aos consumidores, que podem pagar até 30% a mais na conta de luz.
Bandeiras tarifárias
De acordo com informações da
Agência Nacional de Energia Elétri-
Fotos: Noronha Rosa
Geanne da Silva é moradora da Pedreira Prado Lopes e compromete seu orçamento com as contas
ca (Aneel), o reajuste chegará junto com o Sistema de Bandeiras Tarifárias. Nas contas de luz virão bandeiras vermelhas, amarelas ou verdes, dependendo das condições de
produção de energia naquele mês. A
bandeira vermelha significa acréscimo de R$ 3 para cada 100 kWh consumidos. A bandeira amarela será
R$ 1,50 para cada 100 kWh consumidos. E a bandeira verde significa
nenhum acréscimo na conta.
“Aumento é por motivação política”
Especialistas explicam que o aumento da energia não acontecerá por falta de chuvas, mas sim por
uma questão política. Para eles, os
empresários, juntos ao PSDB, estão
organizando uma ofensiva ao governo federal e esperam dois resultados: desgastar a imagem da presidenta Dilma e lucrar.
O engenheiro elétrico Dorival
Gonçalves, professor da Universidade Federal do Mato Grosso, ex-
plica que o aumento na conta de
luz não é derivado de escassez de
chuvas, nem pela geração de energia mais cara, como a térmica.
“As hidrelétricas controladas pelos governos do PSDB (Minas Gerais, São Paulo e Paraná) estão cobrando o mesmo valor cobrado pelas térmicas”, declara Dorival. O
professor explica que a geração de
energia por hidrelétricas é a mais
barata do mundo, enquanto as tér-
micas requerem um custo maior de
produção. “Enquanto outras geradoras vendem o megawatt a R$ 33,
a Cemig, Copel e Cesp estão vendendo por R$ 822. É um absurdo”,
reforça.
Para Gilberto Cervinski, coordenador nacional do Movimento de
Atingidos por Barragens (MAB), essa postura é um recado dos empresários ao governo federal. “O que
eles querem dizer é: nós queremos
liberdade para cobrar o preço que
quisermos”, afirmou Gilberto.
A Cemig, perguntada sobre o aumento da conta em 2015, declarou que seguirá o reajuste anual
feito pela Aneel. Mas ela confirma
que está vendendo o megawatt por
R$822,83, conforme relatório de
Preço de Liquidação das Diferenças, da CCEE.
Entenda o porquê do aumento
Controle de hidrelétricas. As usinas hidrelétricas são propriedade da União. Elas são
controladas por empresas ou consórcios, públicos ou privados, que recebem do governo um contrato de concessão, geralmente de 30 anos.
Governo renova concessões. Em 2012, o governo federal renovou os contratos das
hidrelétricas antigas, porém, colocou uma regra: o preço máximo de venda da energia tinha que
ser R$ 32,89 por megawatt.
Cemig não aceitou acordo. As empresas estatais de energia de Minas Gerais, São
Paulo e Paraná não quiseram abaixar o preço e não aceitaram o contrato do governo federal.
Preço alto da energia. Por não aceitarem a renovação, essas empresas (CEMIG, COPEL e
CESP) estão vendendo sua energia livremente, chegando a cobrar 25 vezes mais caro que as outras.
Quem paga é o consumidor.
Para amenizar o custo para os consumidores, o governo federal está pagando parte desse gasto. Mas a previsão é que a conta de luz tenha aumento
de 18 a 30% a partir de 2015.
Juliana Moreira, auxiliar de cozinha, paga atualmente uma média de R$ 170 na conta de luz
06 | minas
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
PBH descumpre lei da jornada dos
assistentes sociais
DIREITOS Trabalhadores exigem redução para 30 horas semanais
Por Marcela Viana
A redução da jornada de trabalho para oferecer um atendimento com mais qualidade à população
é o que exigem os assistentes sociais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que, na última terça (18),
protestaram em frente à prefeitura
para cobrar a implantação da Lei
Federal 12.317/10. A Lei determina
a carga horária semanal de 30 horas para assistentes sociais, sem redução salarial.
Atualmente existem 16 ações
contra a PBH para a aplicação da
lei. Ainda não há decisões favoráveis, mas, como explica Fernando Máximo, advogado do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel),
as ações irão até o Superior Tribunal Federal, se preciso. “O município tem competência para legislar
sobre seus servidores, mas isso não
pode se sobrepor a uma lei que regula a profissão”, afirma.
Os trabalhadores alegam que no
dia a dia lidam com muitas questões de vulnerabilidade social, o
que gera um cansaço físico e emocional. Além disso, como a atuação
de assistentes sociais é complexa e
exige constante atualização, a redução da jornada permitiria mais
tempo para qualificações.
O que faz um assistente social
Muitas vezes confundido com o
assistencialismo, o trabalho do assistente social não tem a ver com a
caridade, e sim com a conscientização da população e da administração pública a respeito dos direitos
sociais e humanos.
Ao se formar no curso superior
de Serviço Social, o assistente social está apto a lidar com os diversos problemas sociais provocados
pela exploração do trabalhador. A
pobreza, vulnerabilidade social e
os preconceitos de cor e gênero são
apenas algumas das situações com
as quais lidam esses profissionais.
“Temos uma formação apropriada para elaboração, execução, ava-
O trabalho do assistente
social nada tem a ver com a
caridade e sim com direitos
sociais e humanos
liação e monitoramento de políticas sociais destinadas a vários segmentos da população, como criança, adolescente, idoso, trabalhador,
e em áreas como assistência social,
saúde, desenvolvimento urbano,
sociojurídico, empresas”, explica o
professor de Serviço Social do Cen-
Marcela Viana
Categoria fez mobilização na última semana por redução da jornada na PBH
tro Universitário UNA e conselheiro do CRESS-MG, Cristiano Costa
de Carvalho.
A atuação desses profissionais
está diretamente ligada à garantia
de direitos à população. “Não lidamos só com a pobreza, mas com as
questões sociais em geral, como a
adoção e o direito das minorias sociais. Ao analisar o caso de um indivíduo ou grupo, consideramos su-
as particularidades, mas, principalmente, o contexto social em que essas pessoas se encontram”, afirma
Cristiano.
“Por trabalhar com as mazelas da
sociedade, o assistente social trata de questões complexas e desgastantes profissionalmente e, por isso, é importante a redução da jornada de trabalho e a necessidade
de valorização do profissional”, diz.
Sem visitas para mulheres detidas
Por Maíra Gomes
Em véspera de dias de visita, no
Sistema Prisional, as portas de cadeias masculinas ficam lotadas, geralmente de mulheres, que chegam
a acampar a noite toda na porta.
“Com chuva ou o que quer que seja, as mulheres dormem na porta.
Já nos dias de visita, aqui nem fila
tem”, conta Helena (nome fictício),
detida há seis meses no Complexo
Penitenciário Estevão Pinto.
“Quem não recebe visita não
consegue alimentos, materiais de
higiene ou cigarros para barganhar com outras presas”, preocupase Helena. Ela conta que as agentes
penitenciárias muitas vezes não levam a sério reclamações de dores
ou febre alta. “Há omissão de socorro aqui e é muito importante ter
alguém pra contar lá fora”, declara.
Reprodução
Mulheres precisam passar por procedimentos constrangedores para os banhos de sol
Diariamente, para o banho de
sol de duas horas, as mulheres são
obrigadas a passar por revistas íntimas, na ida e volta. O procedimento consiste em retirar toda a roupa
e agachar três vezes de frente e três
vezes de costas. O mesmo procedimento é exigido em dias de visita e
para o uso semanal do telefone.
“Você sabe o que é ter que tirar
a roupa menstruada e agachar três
vezes de frente e três de costas? É
um constrangimento. O que elas
acham que a gente ia fazer?”, indigna-se Helena.
“O Estado acredita que o corpo
da mulher não lhe pertence, que
tem direito sobre ele. Tem lugares
em que elas devem deitar em uma
maca. Isso é muito humilhante”,
completa Heidi Cerneka, uma das
coordenadoras nacionais da Pastoral Carcerária.
minas | 07
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
História revista
DITADURA Conheça filmes, discos e livros que mantêm viva a memória de um dos períodos mais sombrios do país
Por João Paulo
A ditadura brasileira instaurada por um golpe militar em 31 de
março de 1964 está completando 50 anos. No momento em que
muitos se esforçam para passar a
limpo o período marcado pela interrupção da vida democrática no
Brasil, algumas certezas passam a
fazer parte da história do golpe.
A primeira delas é que se tratou de um golpe não apenas militar, mas que contou com a participação ativa de vários setores conservadores da sociedade, das elites empresariais à grande imprensa, que se juntaram para derrubar
o governo constitucional de João
Goulart. O presidente havia apresentado à sociedade, em comício
na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, um pacote de importantes reformas, entre elas a reforma
agrária.
Fazia parte também da ideologia que inspirava os setores golpistas o medo ligado ao avanço
do comunismo no Brasil, já que as
reformas de base propostas pelo
presidente, que apontavam para
a distribuição de renda, eram vistas como abertura ao radicalismo
de esquerda, em tempos de Guerra Fria.
Outro dado comprovado por
documentos e gravações é a participação dos Estados Unidos, que,
por causa de seu forte anticomunismo e interesses econômicos no
país, ajudou a financiar o golpe e
a treinar militares brasileiros, in-
clusive as forças repressivas responsáveis pelos porões da tortura.
Quando as tropas de Minas Gerais se deslocam em direção ao
Rio de Janeiro, em 31 de março de
1964, o golpe se tornou realida-
O QUE VER
Cabra marcado para morrer
Documentário sobre as ligas camponesas no Nordeste. Foi interrompido em 1964 com o golpe militar e retomado 20 anos depois (Direção de
Eduardo Coutinho, 1985)
Jango
Documentário relata por meio de depoimentos e cenas
de época a trajetória política de João
Goulart, do início
da carreira no Sul
até o golpe militar
de 1964 (Direção de
Silvio Tendler, 1984)
Pra frente Brasil
Enquanto o Brasil
vibra com a vitória
na Copa do Mundo
de 1970, um cidadão é confundido
com um ativista, é
preso e torturado
(Direção de Roberto Farias, 1983)
Batismo de sangue
No fim dos anos 1960, um convento
de dominicanos se torna local de resistência à ditadura e vira alvo da repressão, que prende e tortura frades,
levando Frei Tito ao suicídio
(Direção de Helvécio Ratton, 2007)
Uma longa viagem
Intercalando ficção e realidade, recria as viagens que
o irmão da cineasta, Heitor, fez entre 1969 e 1978,
quando foi enviado pela família ao exterior para evitar seu envolvimento com a luta armada contra a ditadura militar (Direção de Lúcia Murat, 2012)
O QUE LER
Brasil nunca
mais
Relata como atuou
a repressão durante a ditadura militar, listando os
principais torturadores e identificando os presos e
torturados durante o período
Combate nas
trevas
O autor, o historiador e militante político
Jacob Gorender, revela como as organizações de esquerda reagiram ao golpe militar, mostrando inclusive suas diferenças
internas
K. – Relato de uma busca
Romance de Bernardo Kucinski, narra a
busca de um pai pela filha desaparecida
durante a ditadura militar. Inspirada na
história real da irmã do romancista
de. Em menos de 72 horas, se instaurou um ambiente de repressão,
perseguições e prisões. A classe
média, que havia participado de
marchas convocadas por setores
conservadores da Igreja, come-
morou. João Goulart, para evitar a
guerra civil, buscou o exílio.
O Congresso elegeu em votação
nominal o chefe do Estado Maior,
marechal Humberto Alencar Castello Branco para a presidência
do Brasil. As reformas de base foram revogadas. O Brasil entrou na
era da ditadura, que iria durar 21
anos, sempre em meio a luta e resistência por parte dos setores
progressistas da sociedade brasileira.
O que seguiu já é história: fechamento do Congresso, extinção dos partidos políticos, prisão,
tortura e morte dos adversários,
combate às organizações de estudantes, censura à imprensa e às
artes, entrega da economia aos interesses do empresariado nacional e internacional, intervenção
nas universidades, decretação de
ilegalidade das greves, perseguição dos sindicatos, fim das eleições diretas para presidente, governadores e prefeitos de capitais.
Há muitas formas de se conhecer o que se passou naquele período, seja por meio de livros, teses universitárias e produção cultural. Livros, filmes, peças de teatro e canções ajudam a manter viva a memória de um dos períodos
mais sombrios da vida brasileira,
como também da heroica resistência. É uma boa forma de entender o passado e se preparar para
garantir no presente a chama corajosa da liberdade, da democracia e da justiça social.
O QUE OUVIR
Marighella, o
guerrilheiro
que incendiou o
mundo
Biografia de Carlos
Marighella, um dos
mais importantes líderes da resistência
ao golpe militar. Do
jornalista Mário Magalhães
1968 – O ano
que não acabou
Reportagem de
Zuenir Ventura,
mostra o impacto do AI-5 na vida social, política
e cultural do Brasil, com a radicalização da ditadura
militar
Alegria, alegria
De Caetano Veloso, foi uma das canções mais marcantes da era dos festivais (1967)
Cálice
De Milton Nascimento e Gilberto Gil.
Denuncia a censura
vigente no Brasil. Só
foi lançada em disco
em 1978 (1973)
Pra não dizer
que não falei de
flores
De Geraldo Vandré,
a mais conhecida
das canções de protesto. Foi censurada pelos militares
(1968)
O bêbado e a
equilibrista
De João Bosco e
Aldir Blanc, se tornou um hino da
mobilização pela
anistia (1979)
Mosca na sopa
De Raul Seixas, resposta alegórica e contundente, do rock ao regime de militar
(1973)
08 | opinião
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
Foto da semana
PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?
Mande sua foto para [email protected].
Lidyane Ponciano
Acompanhando
Na edição 29 ...
14 de março: um dia de protestos
...E AGORA
Professores e demais trabalhadores da educação realizaram paralisação em todo o país durante os dias 17, 18 e 19 de
março. O movimento realizou uma série de atos e exigiu, entre outras reivindicações, o cumprimento da lei do piso e
destinação de 10% do PIB para a educação pública.
Maria Aparecida (Papá)
Anivaldo Matias
Fim da cobrança previdenciária
Reforma da política brasileira Está em tramitação na Câmara Federal a Proposta
de Emenda Constitucional nº 555, que extingue gradualmente a cobrança da contribuição previdenciária de 11% que é descontada dos servidores aposentados e dos pensionistas.
O servidor ativo paga 11% de sua remuneração total para, ao cabo de 30 ou 35 anos, gozar a aposentadoria. No entanto, mesmo depois de aposentado,
continua pagando. Como esse pagamento não tem
nenhuma contrapartida para quem paga, está caracterizado o confisco.
Em novembro do ano passado, depois de uma
grande mobilização e a forte expectativa de que a PEC
555 seria pautada, vimos a presidente chamar os líderes e dizer que não podiam aprovar nenhuma medida que implicasse aumento de despesa ou redução de
receita, citando expressamente a PEC 555.
Essa cantilena continua sendo repetida este ano.
Mas os números do Orçamento Geral da União dão
uma clara visão do que se passa: em 2013, foram destinados 24% das receitas para a Previdência Pública e
40,3% para pagamento dos juros da dívida, que correspondeu a R$ 718 bilhões. Para este ano, estão previstos gastos correspondestes a 19% para Previdência
e 42% para o pagamento de juros da dívida, o que corresponde a R$ 1 trilhão. Esses números provam que o
governo está fazendo uma escolha, para que os bancos batam seus recordes de lucros.
A previdência integra o sistema da seguridade social que comporta a saúde, a assistência social e a previdência social. Assim, para se falar honestamente de
déficit ou superávit da previdência, é necessário considerar todas as receitas constitucionais previstas para o custeio da seguridade e não citar algumas fontes
apenas, para induzir a uma conclusão falsa.
Maria Aparecida N. L. e Meloni (Papá), é auditora fiscal em Minas Gerais e presidente da Associação
dos Funcionários Fiscais do Estado de Minas Gerais.
O Brasil precisa com urgência de uma Reforma do
Sistema Político, para que tenhamos Casas Legislativas que representem, de fato, os interesses de todos os
segmentos da sociedade, em seus diversos níveis (federal, estadual e municipal).
Hoje as Casas Legislativas representam o poder
econômico, em detrimento daqueles que elegem por
meio do voto. Nas eleições para deputado federal, em
2010, das 500 campanhas mais caras em todo o Brasil,
389 candidatos foram eleitos.
Daí a descrença da população e sua grande apatia
em relação à política. Estima-se que um candidato a
deputado federal para se eleger, salvo raríssimas exceções, deverá gastar cerca de R$ 15 milhões na campanha. Empresas visam lucro, o financiamento de candidatos é um investimento. Calcula-se que o valor investido pelo setor privado nas campanhas retorna
multiplicado por 8 a 10 vezes.
É importante ressaltar também a sub-representação feminina nos parlamentos. O Brasil hoje ocupa
a 156ª posição em número de mulheres parlamentares, antecedido por quase todos os outros da América
e ainda o Irã, considerado um dos países mais fechados do planeta.
Defendemos a proposta de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, por Lei de iniciativa popular. O Congresso já demonstrou que não pretende
mudar o Sistema Político atual, cabe a nós cidadãos
fazermos isso por iniciativa popular.
Vamos todos participar coletando assinaturas para
esse Projeto de lei de Iniciativa Popular: em seu trabalho, sua casa, sua igreja, sua comunidade. Acesse a
página reformapoliticademocratica.com.br, imprima
e reproduza o formulário e o distribua a seus amigos.
Não ao financiamento privado. Por um parlamento que represente todos os segmentos da sociedade.
Anivaldo Matias integra o Movimento de Combate
a Corrupção Eleitoral (MCCE).
As manifestações realizadas
pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) mobilizaram na sexta-feira passada (14) dez estados do país. Em
Minas, o MAB paralisou a circulação dos trens da Vale por dez
horas e se reuniu com representantes do Governo. Os atingidos
debateram com o poder público os processos de licenciamento de barragens no estado e ficaram responsáveis pela elaboração de um documento - que será apresentado na próxima assembleia, ainda sem data marcada - com as condicionantes
que estão sendo descumpridas
pelo governo.
Na edição 10...
Machismo
UFMG
e
polêmica
na
...E AGORA
Em resposta à denuncia de assédio sexual feita pelo Centro
Acadêmico de Ciências Sociais
da UFMG, o professor Francisco Coelho dos Santos, conhecido como Chico, entrou com um
processo por danos morais contra o Centro Acadêmico e quatro
integrantes e exige R$26.500 de
indenização. Uma primeira audiência realizada na terça-feira
(18) iniciou o processo. Na próxima, testemunhas serão ouvidas. A sindicância realizada pela coordenação da universidade concluiu que não houve assédio nem abuso, mas que pode
ter havido falta de urbanidade
(falta de bons modos). O Centro Acadêmico fez a denúncia
de abuso em outubro de 2013 e
recebe o apoio de mais de 100
ex-alunos e outros professores
do curso validando a ação contra Chico.
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
entrevista | 09
“Há uma janela histórica para se
pautar a reforma política”
PLEBISCITO Advogado explica intenção e processo de consulta popular sobre reforma política
Por Joana Tavares
Cerca de 100 entidades do país vão realizar, na semana de 1 a 7
de setembro, uma consulta à população a respeito do sistema político. Conhecido como plebiscito popular, a consulta não tem valor legal, mas é uma forma de pressionar o poder público para que preste atenção às demandas colocadas
pela população. Segundo explica o
advogado e professor de direito da
Universidade de Brasília Gladstone
Leonel, essa ferramenta já foi utilizada outras vezes no Brasil, como
no caso da campanha contra a Alca
(Área de Livre Comércio das Américas), em 2002, que teve mais de 10
milhões de votos contrários ao projeto de acordo comercial com o Estados Unidos. Agora, as organizações sociais vão fazer apenas uma
pergunta: “Você é a favor de uma
constituinte exclusiva e soberana
sobre o sistema político?”.
Gladstone afirma que o processo do plebiscito já começou, com a
organização de comitês locais e debates públicos. “Ao longo de 2014, a
campanha vai se estender. A ideia
é que o povo brasileiro tenha um
contato forte com esses termos. É
importante as pessoas se apropriarem disso, verem a importância de
tratar de uma constituinte e das
transformações do sistema político”, afirma.
Brasil de Fato - O que é um plebiscito, qual sua efetividade?
Gladstone Leonel - Um plebiscito é uma possibilidade que o povo tem de decidir a respeito de determinados assuntos. Há um tipo
de plebiscito previsto na Constituição, chamado pelo poder público.
No entanto, em alguns momentos
da história, os movimentos sociais
e o povo optaram por fazer plebiscitos populares, para mostrar alguma
demanda popular, não oficial. Não
necessariamente o que for decidido nos plebiscitos populares tem
um valor um valor vinculativo, ou
seja, vai valer como lei ou algo nesse sentido. Mas, por outro lado, tem
um poder de pressão da sociedade para chamar a atenção a respeito de determinados temas. A gente tem inúmeras experiências, como o plebiscito contra a Alca, que
fez com que a sociedade se organizasse pra inviabilizar o implemento
da aliança. [Realizado em 2002 por
Felipe Canova
mais de 100 entidades, o plebiscito
teve o voto de 10 milhões de pessoas contra a proposta da Área de Livre Comércio para as Américas].
O que é uma Constituinte?
A Constituinte é um momento que o povo tem de reformulação
da sua Constituição, que é a carta maior de um país, que delibera a respeito do ordenamento jurídico da nação. É um momento de
disputa de poder, de reestruturação
das formas de poder estabelecidas.
A Constituinte exclusiva do sistema político, como vem sendo pleiteada pelos movimentos sociais,
vem apontar para um problema e
para uma necessidade de reforma
política. Uma reforma estrutural,
que mexa com a dinâmica da estrutura constitucional. Ela vem demonstrar e apontar uma necessidade de maior participação popular
no processo político. Aponta, por
exemplo, para a questão do financiamento de campanhas, que gera
muitos problemas, pois gera uma
perspectiva de dependência do sistema político junto ao mercado.
Qual o processo para a instalação
dessa Constituinte?
A proposta é que o plebiscito seja uma escola, que demonstre a necessidade da constituinte. O pressuposto é que sejam eleitos representantes específicos para isso, que
se crie uma assembleia para discutir os temas da reforma política. Uma vez modificada a estrutura, ela é referendada e aí, enfim, se
modifica a estrutura constitucional
ou as pautas constitucionais que
estão sendo pleiteadas. Mas, como
eu disse, mesmo que a população
apoie esse plebiscito popular, não
“A Constituinte é um
momento que o povo
tem de reformulação da
sua Constituição, que é a
carta maior de um país,
que delibera a respeito do
ordenamento jurídico da
nação”
necessariamente ele vai ser acatado pelos representantes políticos.
Mas a pressão é importante para sinalizar a vontade das pessoas, para
além do voto nas eleições.
“O plebiscito vem
demonstrar e apontar uma
necessidade de maior
participação popular no
processo político”
Que outras experiências já existiram de constituintes?
A última experiência no Brasil
foi na Constituição de 1988, no processo de transição da ditadura para a democracia. Em outros países
da América Latina há experiências
bem sucedidas disso, como na Venezuela, Bolívia, Equador, Chile. Isso é muito interessante, porque essas experiências foram precedidas
de lutas políticas e sociais. Na Venezuela, por exemplo, houve uma
ofensiva do neoliberalismo na década de 1990. O povo reagiu, foi às
ruas, e o processo culminou com
a elaboração da nova Constituição do país. No Equador, houve um
momento de retomada das estruturas do Estado por parte dos movimentos sociais e indígenas, que
acabou levando à eleição de Rafael Correa. Da mesma forma na Bolívia, com a guerra da água e a guerra do gás, veio uma insurgência popular que mais pra frente elegeu o
Evo Morales. Com esses processos,
viu-se uma necessidade não só de
eleger um novo presidente, mas de
mudar estruturalmente o país. E aí
uma nova Constituição foi colocada. Isso vem sendo recorrente na
América Latina. No Brasil, com as
manifestações de 2013 e com o povo pleiteando maior participação
política, se observa também uma
janela histórica pra que o tema entre na agenda política do país e para
que, de fato, as forças progressistas
consigam efetivar a demanda de reestruturar o sistema político.
Existe alguma possibilidade de
essas mudanças acontecerem já
nas eleições de 2014?
Provavelmente não, porque esse processo começa a ser debatido
com mais força na sociedade agora, apesar de já existirem inúmeras iniciativas nesse sentido. Mas
a campanha nacional do plebiscito popular da constituinte exclusi-
“O pressuposto é que sejam
eleitos representantes
específicos para isso, que se
crie uma assembleia para
discutir os temas da reforma
política”
va do sistema político começa mesmo com força este ano. Ao longo de
2014, a campanha vai se estender, a
ideia é que o povo brasileiro tenha
um contato forte com esses termos.
É importante as pessoas se apropriarem disso, verem a importância
de tratar de uma constituinte e das
transformações do sistema político.
Quem sabe assim a gente consiga
ter uma pressão sobre os poderes
públicos suficiente pra conseguir
aprovar de fato um projeto e uma
proposta de Constituinte exclusiva
e soberana, que atenda às demandas do povo do país.
10 | brasil
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
Sem acordo sobre neutralidade,
votação do Marco Civil é adiada
INTERNET Divergência se dá sobre a regulamentação do princípio
Rede Brasil Atual
A votação do Projeto de Lei 2.126,
de 2011, que cria o Marco Civil da
Internet, ficou para a próxima terça-feira (25). Adiada mais uma vez,
a data da votação foi decidida após
reunião, realizada na quarta (19),
entre o governo e líderes partidários da Câmara dos Deputados. Como tramita em regime de urgência
constitucional, cujo prazo de votação se esgotou, enquanto o trâmite da matéria não for concluído, nenhum outro projeto avança na Casa,
o que ocorre desde outubro do ano
passado.
A principal polêmica que tem gerado o adiamento da votação é sobre o princípio da neutralidade de
rede, previsto no projeto. O ponto
proíbe a venda de pacotes diferenciados de acesso e bloqueio de alguns sites ou aplicativos pelas empresas que gerenciam conteúdo
(provedores de aplicação). Segun-
do o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, representante do governo na reunião, os líderes partidários
concordam com o princípio da neutralidade, mas a divergência está em
como essa neutralidade será regulamentada, se por lei ou por decreto
presidencial.
O ministro garante que o governo vai manter a proposta de regulamentação por decreto, mas, antes
de editá-lo, a presidenta Dilma Rousseff terá de ouvir a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
e o Comitê Gestor da Internet. “Para ouvir tanto a sociedade quanto
um órgão técnico”, esclarece. A necessidade de ouvir esses setores deverá constar no projeto. A oposição,
no entanto, insiste que a regulamentação da neutralidade seja feita por
meio de lei.
As empresas de telecomunicações querem uma mudança no
princípio da neutralidade para poder impor pacotes com direitos di-
Reprodução
Ministro garante que o governo vai manter a proposta de regulamentação por decreto
ferenciados de acesso de acordo
com o valor pago pelo cliente, posição que é defendida também pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ),
principal opositor ao texto defendido pelo Planalto.
Mesmo com mudanças na redação, partidos de oposição e o PMDB,
um dos principais críticos do texto,
não pretendem recuar. Os peemedebistas, liderados pelo deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e com
apoio do DEM, apresentou, na semana passada, uma proposta que
prevê a retirada da garantia de neutralidade, para se contrapor ao projeto de Molon.
brasil | 11
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
Morte de Cláudia: “o ápice de uma
tragédia”
DIREITOS HUMANOS Entidades repudiam criminalização da pobreza e pedem pela desmilitarização da polícia
Gilka Resende
do Rio de Janeiro (RJ)
“O chefe de polícia falou que os
policiais serão punidos por arrastarem a Cláudia. Mas eles fizeram
mais. O que aconteceu com ela foi
o ápice de uma tragédia. Antes,
eles entraram atirando no morro.
Eles xingaram os moradores. Foi
uma atrocidade!”, protesta Diego
Gomes, de 30 anos, primo da auxiliar de serviços gerais Claudia Ferreira, baleada no último domingo
(16), durante uma operação policial no Morro da Congonha, em
Madureira, zona norte do Rio de
Janeiro. Para organizações sociais,
o caso, que comoveu toda a sociedade, reforça a necessidade de rever a atual política de segurança
pública.
“O ato reflete a barbárie recorrente nas operações policiais com
a população negra das comunidades de periferia, constantemente vítima da violência policial de
forma desmedida”, destacou carta
assinada pela Comissão de Igualdade Racial da OAB, pelo Conselho Nacional de Direitos das Mulheres, dentre outras. Além de falar em “criminalização de pobres”,
o texto chama atenção para práticas racistas da Polícia Militar.
Antes de ser arrastada por pelo
menos 350 metros, pendurada pela roupa em uma viatura, Cláudia
da Silva Ferreira, de 38 anos, foi
atingida por dois tiros na comunidade onde vivia. A PM alegou que
os agentes já a encontraram baleada. Vizinhos, no entanto, garantem que não houve troca de tiros.
Acreditam em execução.
“Pensaram que minha mãe era
bandida”, disse Taís Lima, de 18
anos. Ela conta ainda que foi agredida ao tentar impedir que levassem sua mãe “toda torta” na caçamba. O primo Diego questiona, ainda, o trajeto feito pelos policiais. “Eles deram uma volta sem
precisar. Por outro lado chegariam
em 10 minutos”, avalia.
“Cláudia estava viva quando a
pegaram. Ela resmungava”, destaca Diego. “A gente preza pelo ser
humano. Ninguém tem que ser arrastado como um saco”, completa. Com a afirmação, ele segue o
exemplo do viúvo de Cláudia, Alexandre Fernandes da Silva, de 41
anos. Em meio à comoção do enterro, realizado na terça-feira (18),
afirmou que “nem o pior traficante
Fernando Frazão ABr
Policiais têm presença ostensiva em comunidades do Rio de Janeiro
do mundo merecia um tratamento desses”.
A trabalhadora deixa quatro filhos. Para a família de Cláudia, caso não fosse a repercussão do vídeo mostrando a conduta dos policiais, sua morte não seria investigada. Seria, então, considerada mais uma por auto de resistên-
cia, ou seja, por resistir à prisão.
Além disso, os protestos de moradores deram visibilidade ao caso.
Revoltada, a comunidade desceu
o morro, fechou vias e tacou fogo
em ônibus. “O sentimento que fica
é de dor, de revolta e de se sentir
injustiçado”, concluiu Diego. A família pretende processar o Estado.
Polícia nem deveria retirar a vítima do local,
diz militante
MEMÓRIA Batalhão de PMs envolvidos no caso participou também das Chacinas de Vigário Geral e de Acari
Na operação, ocorrida no domingo (16), outra pessoa morreu e uma terceira foi ferida e presa. A PM alegou que essas vítimas
teriam envolvimento com o tráfico. Admitiu também que a conduta dos oficiais que jogaram Cláudia no porta-malas foi equivocada.
Para a corporação, seria mais adequado usar o banco de trás da viatura.
Patrícia Oliveira, da Rede de Comunidades e Movimentos contra
a Violência, discorda. “Existe uma
recomendação da Secretaria de
Direitos Humanos que diz que os
policiais devem prestar socorro no
local e não podem deslocar os feridos. É preciso ter perícia. O deslocamento deve ser feito por bombeiros ou pelo Samu”, lembra.
Ela aponta, ainda, para a neces-
sidade de se desmilitarizar a polícia. Em nota, a Rede, que reúne familiares de vítimas de violência,
criticou a ‘justificativa’ dada pelos
policiais envolvidos no crime, que
estão presos em Bangu 8. Eles disseram em depoimento que Cláudia foi colocada na caçamba porque foram cercados de forma hostil por moradores.
“Esse é mais um sintoma do processo de transformação pela qual
passam aqueles que resolvem ir
para a polícia. São transformados
em máquinas de matar”, pontuou
o movimento via redes sociais. “O
batalhão dos oficiais tem um histórico de violência. O 9º BPM, de
Rocha Miranda, esteve envolvido
nas Chacinas de Vigário Geral e de
Acari, nos anos 90”, lembrou Patrícia. (GR)
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12 | mundo
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
Espanha registra cinco mulheres
assassinadas em 48h
VIOLÊNCIA Entre os casos, está o de uma brasileira assassinada pelo ex-parceiro no País
Basco
Nos últimos dias, cinco mulheres
foram achadas mortas em distintos
pontos da Espanha, supostamente
assassinadas por seus parceiros ou
ex-parceiros. Na quarta-feira (19),
se conheceram as duas últimas vítimas da violência machista, uma na
cidade autônoma de Melilla e outra
em Madrid. A capital espanhola registrou mais uma mulher assassinada e os outros dois casos ocorreram na Catalunha e no País Basco.
Há duas semanas morreram quatro
mulheres em dois dias somente no
estado de Andaluzia.
Para a vice-secretária geral do
PSOE (Partido Socialista), Elena
Valenciano, a situação é de “emergência nacional”. Já a secretária de
Estado de Serviços Sociais e Igual-
dade, Susana Camarero, disse que
os partidos vão dialogar sobre a situação. No período de um ano, 18
mulheres morreram devido à violência de gênero, segundo cálculos
o El País.
Entre os casos, está o da brasileira Andina Pereira de Brito, encontrada morta com sinais de violência em Mungia. Um de seus filhos,
menor de idade, encontrou a mãe
inconsciente em casa e chamou os
serviços de emergência, que tentaram reanimá-la sem êxito. As suspeitas indicam que ela foi estrangulada por seu ex-parceiro Joseba Andoni, um cidadão espanhol. O juiz
responsável pelo caso decretou a
sua prisão na quarta-feira (19).
(Da Redação, com informações
do El País)
Cameron quer expulsar
Rússia do G8
O primeiro-ministro britânico,
David Cameron, afirmou na quarta-feira (19) que os países do G7
devem discutir “a exclusão permanente da Rússia” do G8 no caso de serem adotadas mais ações
que desestabilizem a Ucrânia.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convocou
um encontro do G7 para a próxima segunda-feira (24), paralelamente à reunião sobre segurança nuclear que será realizada em
Haia, na Holanda, para discutir o
aumento da crise provocada pela
anexação da Crimeia à Rússia.
“Penso que é importante agirmos em concertação com os nossos aliados e parceiros e penso
que devemos discutir se exclu-
ímos ou não a Rússia de forma
permanente do G8 se forem tomadas outras medidas”, disse Cameron no Parlamento.
O G8 é constituído pela Rússia e pelos membros do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos,
França, Itália, Japão e Reino Unido.
O presidente russo, Vladimir
Putin assinou, na terça-feira (18),
o tratado de anexação da Crimeia, considerado legal, por unanimidade, pelo Tribunal Constitucional da Rússia. No domingo
(16), quase 97% dos eleitores que
foram às urnas na península votaram a favor da separação da Ucrânia e anexação à Rússia. (Agência
Brasil)
Gates Foudation
“Penso que é importante agirmos em concertação com os
nossos aliados e parceiros”, afirmou o britânico.
Nacho Gómez – Casa de América
Para a vice-secretária geral do PSOE, Elena Valenciano, a situação é de “emergência nacional”.
Venezuelana cria comissão da
verdade para apurar conflitos
AMÉRICA LATINA Deputada opositora é uma das
investigadas por suspeita de incitar a violência
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, inaugurou na terça-feira (18)
uma comissão da verdade para investigar os protestos ocorridos nas
ruas de várias cidades do país. O
grupo também pretende estabelecer responsabilidades para as 29
mortes registradas até o momento.
Além disso, a maioria da casa
aprovou solicitação para que a deputada opositora Maria Corina Machado seja investigada por envolvimento nas manifestações. “Essa deputada é cúmplice, incitadora
de assassinatos nesse país”, afirmou
Cabello, em referência a Machado.
Cabello disse ainda que “essa comissão terá bom acompanhamento internacional” e convidou “especialistas em direitos humanos do
mundo, para que venham, e o mundo inteiro saiba o que aconteceu”.
A apresentação da comissão contou com poucos deputados da oposição, que decidiram boicotar a iniciativa.
Políticos opositores lançaram em
25 de janeiro uma plataforma chamada “A Saída”, que defende protestos e ações contra o governo do
presidente venezuelano Nicolás
Maduro, com o objetivo de derrubá-lo pelas “vias democráticas”. Em
12 de fevereiro, quando uma manifestação opositora no centro da capital venezuelana terminou com o
assassinato de três pessoas, uma
onda de violência surgiu no país.
(Opera Mundi)
Andrés Azpúrua/Flickr
Uma onda de violência surgiu, após
políticos opositores lançarem em 25 de
janeiro uma plataforma chamada “A Saída”
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
A NOVELA COMO ELA É
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
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Sucesso (gír.)
Sanfoneiro e
intérprete de "Eu Só
Quero Um Xodó"
© Revistas COQUETEL
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Rota de
voo como
a Rio-São
Paulo
Ou, em
inglês
Os
últimos
a saber
(pop.)
Matériaprima da
indústria
de papel
Cede
com fins
caritativos
De novo!
Ramalho
Ortigão,
escritor de
"As Farpas"
"Peão", na
notação
do xadrez
Não funcionando;
fora do ar
(o sistema)
"Alea
jacta (?)",
frase de
César
Pensamento que melhora a vida
Instrumento usado
na fiação de tecidos
Rescindir (contrato
de arrendamento)
Boné do
uniforme
militar
Garupa
Nesta semana, em Joia Rara, novela das 18h da Rede Globo, Pérola entrou em um profundo estado de meditação para salvar o seu avô,
Ernest, em coma depois de sofrer um acidente. A menina mentaliza
tanto a recuperação do antigo vilão da história que entra em transe e
fica desacordada. Sabemos que a personagem de Mel Maia tem um
espírito evoluído por ser a reencarnação de um monge budista. E o
seu amplo conhecimento e bondade, sem dúvida, foram responsáveis
pela redenção de Ernest neste fim de novela.
Passados (os
tempos)
Substância
aromática
usada em
perfumes
Aqui, em
francês
A situação
humana,
para
Kafka (Lit.)
Stock (?),
competição automobilística
Instrumento comum
na aula de
Geometria
Cereal sem
glúten, de
origem
africana
Fiquei pensando no poder que a mente tem. Dizem que meditar
aumenta a energia vital do corpo e que, por isso, a meditação pode até
curar. Eu não sei muito dessas coisas. Nem sei se acredito muito nelas.
Mas já percebi que o pensamento está bem relacionado ao nosso estado de espírito. Muitas vezes, diante de uma situação de nervosismo,
eu começo a trazer para a minha cabeça ideias como “não quero perder o controle” e, de repente, me sinto como uma pluma pairando no
ar. A raiva simplesmente vai embora. Por outras vezes, penso nas conquistas e aprendizados que alcanço dia a dia e me encontro feliz, celebrando comigo mesmo.
Categoria
"Muitos",
em "poliglota"
Carlos
Nejar,
poeta
Olhe aqui!
(?) Zulu,
lendário
lutador de
vale-tudo
Adorno metálico da
bota do caubói
(?) Jazira, emissora
de TV do Catar
Diz-se da
obra do
perfeccionista
"(?)" Paula, ex-jogadora de
basquete
2/or. 3/car — est — ici. 4/uvas. 5/magic — nardo. 7/absurda.
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de 75 jogos
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Jogos que você já
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BANCO
variedades | 13
Meditar me parece uma boa saída para a vida corrida que levamos.
Por duas razões: primeiro como forma de esvaziar a cabeça, de descansá-la. Segundo como forma de direcionar os sentimentos, quase
sempre manifestados sem reflexão. Longe disso tudo que eu digo ser
um “segredo”. É mais uma chamada de atenção para o exercício de
pensar.
Voltando ao caso da novela, o que espero é que a menina e pessoas
com as habilidades dela continuem a mentalizar o bem, trazendo vida onde há pedido de socorro. E nós, seres bem humanos, que saibamos usar a cabeça para nos sentirmos melhor.
Mande email para [email protected] e me conte sobre
suas experiências de meditação.
Até semana que vem!
AMIGA DA SAÚDE
Mande sua dúvida: [email protected]
Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde
Fui assediada quando tinha 7 anos por um tio.
Hoje tenho relações com meu namorado com
certa dificuldade. Tenho a impressão que o
trauma ainda está em mim. O que eu faço?
Marta Elizabeth, 34 anos, telemarketing
Querida Marta, isso que aconteceu com você é muito grave, apesar de infelizmente ser
bastante comum. E uma violência que precisa ser denunciada e os agressores têm que
ser punidos. Para nós, mulheres, a experiência sexual geralmente é permeada por muitos
preconceitos e mitos, além de
agressão explícita, como a que
você viveu. É importante que
você compreenda que isso tudo não é natural. É uma forma de opressão que mexe com
nossa autoestima e segurança. Vencer esse trauma é uma
forma de se libertar, um passo
necessário para que você possa construir uma sexualidade mais prazerosa e saudável.
A solidariedade de outras mulheres te ajudará muito. Procure conhecer o feminismo. Pode
ser necessária também a ajuda
de profissionais da saúde.
Amiga, tenho percebido muitos produtos com
o símbolo dos transgênicos (placa amarela com
T preto), desde óleo de soja, biscoitos e chicletes
até as rações. Fico com receio de comprar, mas é
quase inevitável. Eles podem fazer mal à saúde?
Laíza Silva
Cara Laíza, existe um decreto
(4680/03) que obriga o uso desse símbolo quando o produto
tem mais de 1% de organismos
geneticamente
modificados
(transgênicos) em sua composição. Entende-se que a pessoa
tem o direito de saber que está consumindo um produto que
pode apresentar riscos para a
saúde. O consumidor pode optar por usar ou não, embora isso seja cada vez mais difícil ,com
o aumento desenfreado de produtos assim. Os poucos estudos
realizados sobre o assunto mos-
tram que o consumo de transgênicos pode levar a um aumento de alergias, aumento de
resistência a tratamentos com
antibióticos e alterações no peso de fígado e rins de cobaias,
porém nada conclusivo. O Brasil é o segundo maior produtor
de transgênicos do mundo. Sabe-se que isso também está intimamente ligado a um grande consumo de agrotóxicos e a
muitos lucros para o agronegócio. Não é a toa que os estudos
não conseguem concluir nada.
Querida amiga, iniciei minha vida sexual com
homens, mas há seis anos só fico com mulheres. Após o término de um relacionamento, voltei a ficar com homens. Será que não sou mais
lésbica? O que está acontecendo comigo?
Juliana Mirela, dermatologista, 28 anos
Não está acontecendo nada de errado, Juliana. Seu desejo sexual é
variado, o que é natural. A heterossexualidade (desejo somente pelo
sexo oposto) como única vivência
aceitável tanto para homens quanto para mulheres foi construída na
nossa sociedade pelo sistema patriarcal (sistema de dominação dos
homens sobre as mulheres). Porém
a natureza humana é diferente disso. Precisamos vencer os preconceitos ainda muito presentes quando
se trata das diversas vivências sexuais que saem desse padrão.
14 | cultura
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
“Exigimos respeito”
DUELO DE MC´S Cobrança de taxas impedem realização de encontros, que ocorriam há sete anos
Por Maíra Gomes
Eu Respeito. Tu Respeitas. Ele
Respeita. Nós respeitamos. Vós Respeitais. Eles Respeitam o Duelo de
Mc´s”. Esta frase está presente em
materiais de divulgação e camisetas do encontro, que acontece há
sete anos embaixo do viaduto Santa
Tereza, no centro de Belo Horizonte. Após tanto tempo de atividade, o
Coletivo Família de Rua, que organiza o encontro, conquistou o respeito da capital para o Hip Hop, estilo antes confinado às periferias.
Mas, ao que parece, o respeito
não se estendeu à administração
da cidade. “Nunca foi fácil, mas este
ano estamos realmente impedidos.
Estamos em março e ainda não tivemos nenhum encontro”, diz Pedro
Valentim, da Família de Rua, que
articula também a realização do
Game Of Skate, atividade mensal do
esporte.
Fechado para obras desde o início do ano, o viaduto Santa Tereza não é mais uma opção para a realização das atividades. Em acordo
com a Regional Centro-Sul e a Coordenadoria da Juventude, o grupo
selecionou outros dois locais, a Praça João Pessoa, no Santa Efigênia, e
a Praça Sete. No entanto, ao entrar
em contato com a Gerência de Licenciamento da Regional Centro
Sul da PBH, passo necessário para
qualquer evento realizado em locais
públicos, a Prefeitura não garantiu a
isenção das taxas, alegando restrições da legislação eleitoral.
Durante os sete anos de encon-
tros, o grupo sempre obteve a isenção dessas taxas, bem como a garantia dos banheiros químicos pela Belotur. Pedro frisa que inclusive em anos eleitorais o direito foi
garantido. “Nós questionamos essa portaria, já que em 2008, 2010 e
O coletivo Família de Rua
estima que cada encontro
deve custar R$900, valor
que o grupo não pode
pagar. “Seriam quase R$4
mil por mês. É impossível
a gente dar conta disso”,
afirma
2012 isso nunca foi nos dito. Sempre
tivemos isenção”, conta.
Valores
As taxas cobradas pela PBH são
relativas ao licenciamento, no valor
de R$144, além de R$0,85 por metro quatro utilizado, além da obrigatoriedade de locação de banheiro
químico, que custa uma média de
R$600 por edição. Pedro conta que
o custo total de cada encontro deve ser R$900, valor que o grupo não
pode pagar. “Seriam quase R$4 mil
por mês. É impossível a gente dar
conta disso”, afirma.
Para a realização do Duelo ou do
Game, os custos do Coletivo são basicamente com o transporte dos
equipamentos de som e outras pequenas coisas. Tradicionalmente,
uma latinha é passada entre o pú-
Mídia Ninja
Por sete anos, Duelo ocupou o Viaduto Santa Tereza
blico para a arrecadação de fundos,
que cobrem os gastos. Os encontros contam ainda com trabalho voluntário, como os técnicos de som.
“Mais uma vez, estamos reféns da
arbitrariedade e falta de respeito da
prefeitura, que está impedindo a dinâmica e a vivacidade da cultura
Hip Hop e do skate nos espaços públicos. Exigimos respeito”, declara o
grupo em nota à imprensa.
Promoção da Cultura
O Família de Rua alega que o caráter dos eventos deve ser considerado pela PBH ao determinar a cobrança das taxas. “Trazemos discussões sobre a juventude ocupar a
cidade, ter o direito de ir e vir dentro dela, usar os espaço para a cultura”, aponta Pedro Valentim. Ele
frisa que o Duelo teve papel fundamental de despertar o olhar dos belo-horizontinos para o viaduto Santa Tereza, que estava abandonado.
“Quando se fala do caráter independente é isso. Propostas que querem
acontecer para que as pessoas se
encontrem e possam consumir cultura produzida pelo povo e não tenham que pagar por isso”, acredita.
Em resposta à imprensa sobre o
caso, o Procurador Geral do Município Rúsvel Beltrame afirmou que
eventos sem fins lucrativos e de caráter apartidário podem conseguir
isenção de taxas em períodos eleitorais. Casos específicos devem ser
analisados pela Procuradoria. O
procurador não se posicionou sobre
o pedido da Família de Rua.
No dia 11 de março, o grupo
protocolou ofício com pedido de revisão dos critérios para a cobrança da taxa. Como ainda não houve
resposta, será realizada uma edição
do Duelo de Mc´s na sexta (21), em
frente à Prefeitura de BH, às 17h.
damente o mundo como não via antes. Marcelo é um diretor que
mexe com a nossa sensibilidade. A
delicadeza das sutilezas que o cinema dele mostra através dos olhos
da menina é de uma conscientização emocional inigualável. Apren-
der a conviver com as diferenças é
algo fundamental para nosso convívio em sociedade, mas devemos ficar atentos em não confundir diferença com desigualdade.
*Rogerio Cavalcante e Castro é
ator e dramaturgo
A regra do jogo social
Por Rogerio Cavalcante e Castro*
ciedade de forma econômica não é
pouca coisa.
O filme “Eles voltam”, de Marcelo
O diretor habilmente coloca a
Lordello, nos apresenta o óbvio ulu- protagonista Cris, uma menina de
lante das diferenças econômicas e 12 anos de classe média alta, frente
sociais. Porém, essa obviedade das a frente com um mundo que ela jadesigualdades criou uma distância mais conheceria e, muito menos, japaradoxal entre os mundos.
mais conviveria. Só o acaso fez esÉ nesse vespeiro que Lordello sa possibilidade ter se tornado real.
cutuca pra mostrar como se daria o Ocorre que Cris, ainda pré-adoleschoque de mundos separados ape- cente, a partir de um momento liminas pela condição econômica. Só te de sobrevivência, mergulha neste
que aqui, esse encontro chega de mundo socialmente tão diverso do
forma espontânea, ou seja, a desi- seu e observa tudo atentamente. Vegualdade não é o núcleo da fusão: mos famílias humildes, pobres, mas
ninguém serve a ninguém e não há que nos dão uma lição de solidarieneste encontro patrões e emprega- dade, igualdade e dignidade humados. Ambos os lados passam a en- na.
xergar melhor o outro, vendo-o coPartindo desse princípio que só
mo um ser humano real. Visualiza- nos desvendamos na convivência
mos com isso que separar uma so- igualitária, a menina passa a ver lin-
Reprodução
Filme está em cartaz no Cine 104
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
agenda do Fim de semana
CAPOEIRA
TEATRO
II Festival de Capoeira
BH de Pernas Pro Ar. O
projeto pretende contribuir para a formação
e qualificação de capoeiristas de BH oferecendo oficinas, apresentações artísticas e
rodas de bate-papo
com mestres antigos
e atuais. Sábado (22) e
domingo (23), das 14h
às 18h, no Centro Cultural Padre Eustáquio
(Rua Jacutinga, 821).
Espetáculo Horizontinos Cidade Inventada, inspirado em fatos
e personagens da história de Belo Horizonte, e os primeiros anos
de existência da cidade. Sábado (22), às
20h, no Espaço Artístico Cultural Cor(tição)
Teatro Negro e Atitude (Rua João Gualberto de Abreu, 170, Venda Nova).
É TUDO DE GRAÇA!
INFANTIL
Projeto Eu, Criança
no Museu! apresenta
show de calouros. Domingo (23), às 11h,
no Memorial Minas
(Praça da Liberdade).
MÚSICA
Noite Funk no Centro Cultural. A casa recebe dançarinos
e MC’s em uma noite
de música e apresentação de coreografias.
Sexta (21), às 19h, no
Centro Cultural Lindéia Regina (Rua Aristolino Basílio de
Oliveira, 445, Lindéia).
cultura | 15
segunda a Quinta-Feira
MÍDIA LIVRE
1º encontro de Midialivrismo de BH, que tem
como objetivo reunir
os midiativistas da capital e região para criarem
mecanismos para democratizar e descentralizar a mídia e construírem narrativas fortes e
independentes. Quarta (26), às 20h, no Espaço Comum Luiz Estrela
(Rua Manaus, 348, Santa
Efigênia).
TEATRO
EXPOSIÇÃO
ACTO 3: Encontro de
Teatro reúne as companhias teatrais Espanca!, de Belo Horizonte,
Companhia Brasileira de
Teatro, de Curitiba, Grupo XIX de Teatro, de São
Paulo e Grupo Magiluth,
de Recife, que apresentarão peças de seus repertórios. Segunda (24) e
terça (25), das 17h às 22h,
no Teatro Espanca (Rua
Aarão Reis, 542, Centro).
Exposição do fotógrafo Cyro Almeida sobre
a comunidade Dandara. As obras configuram
um diário íntimo, registro da convivência do artista com os moradores
durante o período em
que morou nas casas de
algumas famílias da comunidade. De 22/03 a
04/05, no Palácio das
Artes (Avenida Afonso
Pena, 1537, Centro).
CINEMA
O projeto Cinecentro projeta filmes
relacionados às linhas de pesquisa
da UFMG. A programação conta com
“Cidade dos Sonhos”, de David Lynch, “Abre los Ojos”, de Alejandro Amenábar, e os documentários “Um Passo de Lado” e “Fine Lune”, de Namaria
Fernandes e Michael Charron. Terças
e quintas até 27/03, às 19h, no Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont,
174, Centro).
esporte |
na geral
Jogos Sul Americanos
Com um total de 255 medalhas,
109 de ouro, 68 de prata e 78 de
bronze, o Brasil ficou na a primeira posição da 10ª edição dos Jogos Sul Americanos. Em segundo
ficou a Colômbia, com 166 medalhas, e em terceiro a Argentina,
com 159. Foram 13 dias de disputa entre 4.000 atletas de 14 países.
Proposta de calendário do
Bom Senso FC
Obra da Copa superfaturada
em mais de R$ 400 milhões
Final do Nordestão
Em evento realizado na segunda-feira (17), o Bom Senso FC
apresentou sua proposta de calendário. Estudo realizado apontou que existem 583 clubes no
país que fecham suas portas seis
meses por falta de jogos. Na outra ponta, os grandes clubes chegam a 85 jogos por ano, prejudicando o nível técnico dos jogos
e aumentando as lesões. A proposta do Bom Senso é criar a Série E, que teria 452 clubes, divididos em 36 grupos de 12. As Séries
C e D também teriam alterações.
A 4ª divisão passaria a ter 144 clubes, e a 3ª, 48. Outra importante
alteração se daria com as competições estaduais. A proposta dos
atletas é que elas sejam realizados em junho, num formato estilo Copa do Mundo, comportando oito datas. Com isso, estima-se
que os clubes menores teriam um
calendário de, no mínimo, 30 partidas por ano, garantindo o emprego de atletas e comissão técnica durante o ano todo. Na outra
ponta, o máximo de partidas que
um clube de elite faria seria 74.
Em uma investigação sobre os
gastos das obras da reforma do estádio Mané Garrincha para Copa do Mundo de 2014, o Tribunal
de Contas do Distrito Federal descobriu indícios de superfaturamento que pode chegar a R$ 431
milhões.
Os diversos contratos feitos com
empreiteiras, empresas de transporte de materiais e com demais
seguimentos relacionados à reforma do estádio praticamente dobrassem os gastos estimados inicialmente. Todas estas irregularidades foram apuradas em cinco processos e ainda podem aumentar, pois o cálculo foi feito de
acordo com análises de meados
de 2013. O caso do estádio Mané
Garrincha – o mais caro da Copa é mais um dos tantos de superfaturamento de obras.
O que não podemos perder
de vista são as ações das grandes construtoras e empreiteiras
que financiam campanhas eleitorais a fim de abocanhar licitações
de grandes obras como a do Mané
Garrincha.
O título da Copa do Nordeste 2014
será entre Sport e Ceará. Os dois times
levaram a melhor nos jogos da semifinal. O Sport venceu os dois jogos contra o Santa Cruz (2x0 e 2x1) e o Ceará.
Apesar de perder o segundo jogo para o América de Natal por 2x0, classificou-se ao vencer o primeiro confronto por 4x0. Os jogos da final ocorrerão
nos dias 02 e 09 de abril.
?
??
?
Você
Sabia
A primeira partida de futebol no Brasil ocorreu em
15 de abril de 1895, na Várzea do Carmo em São Paulo, entre os trabalhadores de duas empresas que atuavam na cidade. O placar
do jogo foi Companhia de Gás 2 x 4 Cia.
Ferroviária São Paulo Railway.
16 | esporte
Belo Horizonte, de 21 a 27 de março de 2014
OPINIÃO Cruzeiro
Um campo manchado de sangue
imagem de arquivo
Wallace Oliveira
Enquanto envio este comentário para publicação, o Cruzeiro ainda não enfrentou o Defensor no
Mineirão. Nesse jogo, uma derrota praticamente elimina as chances
de classificação, ao passo que uma
vitória mantém a Raposa na disputa e dá novo ânimo à equipe. Na
próxima rodada, o Cruzeiro enfrentará o Universidad de Chile no Estádio Nacional Júlio Martinez, onde o clube mineiro venceu a terceira partida da decisão da Libertadores de 1976, contra o River Plate, sagrando-se pela primeira vez campeão do torneio.
Pouca gente sabe que esse mesmo palco da glória celeste, infelizmente, também foi um grande
campo de concentração do terror,
na recente ditadura civil-militar comandada por Augusto Pinochet. A
partir de setembro de 1973, quando os militares assassinos deram o
golpe, mais de 40.000 perseguidos
políticos foram aprisionados nas
dependências do estádio, a fim de
sofrerem torturas, interrogatórios
e, em muitos casos, o fuzilamento.
Das arquibancadas, quem aguardava o suplício podia ver cadáveres de
companheiros sobre as caçambas
de caminhões que os despejariam
em algum lugar obscuro.
Em novembro do mesmo ano, a
Seleção do Chile receberia a União
Soviética pela repescagem das eliminatórias da Copa de 1974. Os soviéticos, no entanto, se recusaram
a pisar naquele solo manchado
de sangue. Como a FIFA não aceitou mudar o local do jogo, os atletas chilenos tiveram que entrar em
campo sem adversário, tocar a bola sem marcação e chutar contra as
redes sem goleiro, enquanto milhares de torcedores sem cérebro vibravam com uma “vitória” feita de
gols sem vida. Na definição do escritor Eduardo Galeano, aquela foi
a partida mais patética da história
do futebol.
OPINIÃO Atlético
Nada de novo sob o sol
Bruno Cantini
imagem de arquivo
OPINIÃO América
Rogério Hilário
Obrigação cumprida
Bráulio Siffert
Ter estrutura, folha salarial, tradição e torcida muito maiores do que
os times do interior de Minas obriga o América a sempre se classificar
à frente de todos eles no campeonato estadual. Neste ano, o América começou promissor, piorou, mas
se recuperou ainda a tempo de se
classificar. Fez sua obrigação, mas
ainda não joga um futebol convincente – como aliás Cruzeiro e Atlético também não jogam.
Nos últimos dez anos, é a quinta vez que o Coelhão avança às semifinais, mas apenas em 2012 chegou à final. Ou seja, o passado recente do América é ruim. A propó-
sito, os resgates históricos são importantes para balizar o nosso presente e o nosso futuro, mas já é hora de o América e os americanos se
desgarrarem do passado e se orientarem para um futuro em busca de
um time que incomode ainda mais
os “grandes”.
Mais uma vez, entre as quatro
que disputarão as semifinais do
Campeonato Mineiro, teremos três
equipes da capital e apenas uma do
interior. E, novamente, pouco podemos esperar do alienígena (ou será
azarão). Haja vista a vitória por 3 a
0 dos reservas do Atlético no último
domingo. Bem como o América tem
boas chances, mas de manter-se como coadjuvante diante da hegemonia de Atlético e Cruzeiro no futebol
do estado. Sem dúvida, é muito difícil superar os campeões da Libertadores e do Brasileiro, melhores times do Brasil em 2013.
Os campeonatos estaduais seguem na mesmice. Em outro arroubo de erudição, talvez resgate
do ecumenismo, dá pra dizer “Nihil
novi sub soli ou nihil sub sole no-
vum”. Ou seja, nada de novo sob o
sol, trecho da vulgata atribuída a Salomão. Tamanha rotina, bem como,
na atual conjuntura, o fato de Galo e Cruzeiro priorizarem a competição continental, desmotiva a torcida. Isto é evidente na média de público, uma das mais baixas de todos
os tempos. É desolador ver Independência e Mineirão, cujas reformas custaram mais de R$ 1 bilhão
de investimento público, às moscas,
mesmo com ingressos mais baratos.
Os estádios se renovaram, mas os
outros clubes não evoluíram.
Certa vez, editando esportes no
jornal Hoje em Dia, ao atender telefonema de torcedor americano irado e meio chapado, escutei esta:
“Vocês também estão no esquema
Rapogalo”. É, repito, não sou eu. É a
estrutura do futebol mineiro como
um todo.
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Luz ainda mais cara em 2015