ID: 39126984 15-12-2011 Tiragem: 17920 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,94 x 30,63 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 ‘Troika’ quer taxas moderadoras na saúde ainda mais caras Governo prevê encaixar 199 milhões em 2012, mas a ‘troika’ exige que a receita das taxas moderadoras chegue aos 250 milhões no próximo ano. Catarina Duarte [email protected] Os aumentos das taxas moderadoras anunciados nos últimos dias podem afinal vir a ser ainda mais gravosos. O Diário Económico sabe que o valor global da receita das taxas moderadoras que o Governo já anunciou, de 199 milhões no próximo ano, não satisfaz as exigências da ‘troika’. Na segunda revisão ao cumprimento do memorando de entendimento, que ocorreu no mês passado, os chefes da missão do Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, exigiram ao Governo uma receita adicional em taxas moderadoras de 150 milhões de euros em 2012, apurou o Diário Económico. Com os aumentos já anunciados, o Governo está a prever uma receita adicional de apenas 99 milhões. Isto significa que caso o Governo cumpra à risca as exigências da ‘troika’ terá de avançar com taxas mais caras para compensar o desvio de 51 milhões. Mas a factura que os portugueses terão de pagar pelos cuidados de saúde poderá ainda ser agravada em 2013: é que, de acordo com a ‘troika’, o Executivo terá de somar à receita arrecadada no próximo ano, mais 50 milhões de euros no ano seguinte. Hoje as taxas moderadoras rendem ao Estado cerca de 100 milhões de euros. Com os aumentos já anunciados, o Governo espera uma receita adicional de 99 milhões. Mas a ‘troika’ quer mais: 150 milhões extra. Fonte oficial do Ministério da Saúde confirmou ao Diário Económico que “a ‘troika’ indicou mais do que os cem milhões inscritos no Orçamento do Estado”. “Portanto, ficamos na média dos valores”, acrescentou a mesma fonte frisando: “As restantes indicações [para 2013] não são definitivas, uma vez que ainda estamos em negociações”. O ministro Paulo Macedo anunciou que o preço das urgências nos hospitais e das consultas nos centros de saúde vão duplicar, O ministro Paulo Macedo garantiu ontem que a portaria que regula os novos preços das taxas moderadoras será publica no final desta semana ou início da próxima. e o Diário de Notícias avançou esta semana que as consultas hospitalares podem vir a custar três vezes mais. Face aos valores agora exigidos pela ‘troika’, o Executivo poderá avançar com valores ainda mais elevados. Recorde-se que esta semana o primeiro-ministro veio afirmar que o Governo está “muito longe de esgotar o ‘plafond’ de crescimento das taxas moderadoras” aplicadas no Serviço Nacional de Saúde. E o Diário Económico sabe que a portaria que vem regular os novos preços ainda está a aguardar luz verde do Ministério das Finanças. O ministro da Saúde veio ontem esclarecer que os valores reais só serão conhecidos aquando da publicação da portaria “no final desta semana, início da próxima”. NOVAS TAXAS MODERADORAS Preços vão duplicar e nalguns casos triplicar em 2012. Serviço Preço actual Preço em 2012 Urgencia polivalente 9,6 20 Urgência básica 8,6 15 Consulta centro de saúde 2,25 Cuidado por pesssoal não médico 0 Consulta nos hospiatais distritais Consulta nos SAP Consulta nos hospitais centrais 5 5 3,1 3,8 10 10 4,6 10 Fonte: Ministério da Saúde, Diário Económico e Diário de Notícias Mais de sete milhões isentos de uma parte das taxas PREVISÃO DO GOVERNO 199 milhões O Governo prevê arrecadar 199 milhões de euros com as taxas moderadoras em 2012, ou seja, a receita duplica uma vez que as taxas rendem hoje cerca de 100 milhões de euros. EXIGÊNCIA DA ‘TROIKA’ 250 milhões A ‘troika’ exige ao Executivo uma receita adicional de 150 milhões de euros no próximo ano, mais 100 milhões do valor actual da receita com taxas moderadoras. O Ministério da Saúde garante que mais de sete milhões de portugueses serão dispensados de algumas taxas moderadoras. A maior fatia de isenções será para as pessoas com insuficiência económica: são perto de 5,2 milhões de pessoas, cujo rendimento mensal não ultrapassa os 628 euros. A juntar a este grupo, que não terá de pagar qualquer taxa, estão ainda as grávidas (45 mil), as crianças com menos de 12 anos (880 mil) e as pessoas com incapacidade superior a 60% (81 mil). O novo regime de isenções determina ainda que um segundo grupo (com cerca de 183 mil pessoas) fique dispensado de pagar taxas moderadoras só nos centros de saúde. Aqui incluem-se, entre outros, bombeiros e dadores de sangue. Também os doentes crónicos (890 mil) ficam dispensados de pagar taxas pelos cuidados que digam respeito à doença que os afecta. De acordo com as contas feitas pelo ministro da Saúde, “100 milhões de euros [de aumento da receita das taxas moderadoras] a dividir por cerca de três milhões de portuguesas dará cerca de 30 euros, o que quer dizer que cada português pagará em média mais 2,5 euros dos que não estão isentos”. ■ Factura do Ir ao centro de saúde ou ao hospital vai custar mais caro. Já a partir do próximo mês as taxas moderadoras vão aumentar de preço e o universo de portugueses isentos do seu pagamento será alterado. Mas o Governo vai limitar cada ida ao hospital a uma taxa máxima de 50 euros. 1OS PREÇOS VÃO AUMENTAR? Sim, as taxas moderadoras vão ficar mais caras. A portaria ID: 39126984 15-12-2011 Tiragem: 17920 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,07 x 31,02 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 Paulo Figueiredo Durante a segunda avaliação à aplicação do memorando de entendimento, no mês passado, a ‘troika’, liderada por Poul Thomsen do FMI, fixou valores para a receita das taxas moderadoras. hospital limitada a 50 euros por doente com os novos preços ainda não foi publicada, mas o ministro da Saúde já anunciou que uma consulta no centro de saúde passa a custar cinco euros (agora era 2,25 euros) e uma ida às urgências sobe para 20 euros (hoje custa 9,60 euros). 2 VÃO SER CRIADAS NOVAS TAXAS? Haverá novas taxas moderadoras para os cuidados prestados por enfermeiros, nutricionistas ou psicólogos. Os preços devem chegar aos cinco euros. 3 QUAL É O VALOR MÁXIMO A PAGAR POR UMA IDA AO HOSPITAL? O Governo decidiu acabar com a cumulatividade das taxas. Ou seja, independentemente do número de exames médicos e actos clínicos prestados a cada doente de cada vez que der entrada num hospital, a conta não irá além dos 50 euros. 4 QUEM É QUE FICA ISENTO? Ficam dispensados de pagar Os doentes que derem entrada num hospital referenciados pelo médico do centro de saúde ficam isentos do pagamento de taxas moderadores. taxas os portugueses com rendimentos mensais inferiores a 628 euros. Também estão isentas as grávidas, crianças até 12 anos, pessoas com incapacidade superior a 60%, entre outras, e os doentes crónicos nos tratamentos relativos à doença que os afecta. 5 HÁ OUTRAS EXCEPÇÕES? Sim. Quando o doente entra numa urgência referenciado pelo médico do centro de saúde não terá de pagar taxa moderadora. ■ C.D. ID: 39126984 15-12-2011 Tiragem: 17920 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,16 x 5,24 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3 Troika quer taxas moderadoras na Saúde ainda mais caras Na segunda revisão ao cumprimento do memorando de entendimento, que ocorreu no mês passado, os chefes da missão do FMI, Comissão Europeia e BCE exigiram ao Governo uma receita adicional em taxas moderadoras de 150 milhões em 2012. ➥ P10