ERVAS AROMATIZANTES: BRINCANDO COM OS SENTIDOS
Paula Fernanda da Silva¹; Evanoel Fernandes Nunes2; Giulianna Paiva Viana de
Andrade Souza3.
1,2 Licenciandos em Ciências Biológicas e Bolsistas do PIBID/BIOLOGIA/UFRN;
3Prof.ª do Departamento de Bioquímica e Coordenadora do PIBID/ BIOLOGIA/ UFRN.
Centro de Biociências/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte Av. Senador
Salgado Filho, Lagoa Nova, 59072-970, Natal/RN.
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Resumo: A horta orgânica consiste no cultivo de verduras, frutas, legumes, temperos e
ervas sem o uso de agrotóxicos ou conservantes químicos. Entre os benefícios que
podem ser alcançados com a horta destacam-se o contato direto com os alimentos
naturais, contribuindo para uma alimentação saudável, além de ser uma prática
sustentável. Tendo em vista isso, alunos do PIBID-Biologia/ UFRN desenvolveram uma
oficina em uma escola da rede básica de ensino de Natal/RN, com alunos do ensino
fundamental. A atividade promoveu a criação de uma horta de ervas aromáticas, com a
finalidade de desenvolver ações extracurriculares que possibilitassem aos alunos a
construírem coletivamente uma horta no espaço escolar, além disso, sensibilizá-los
acerca dos malefícios a saúde causados pelo consumo de alimentos industrializados e
reduzir a aversão que os alunos possuem acerca de consumir ervas aromáticas e
hortaliças. A oficina foi desenvolvida em duas etapas, que trabalhou a importância dos
sentidos e sensibilização acerca dos alimentos industrializados e os processos de
produção destes alimentos que são agressivos ao meio ambiente, ressaltando-se os
benefícios de consumir alimentos naturais. Na segunda etapa, alunos participaram da
criação de uma horta escolar. Assim, a horta prever na escola um ambiente formativo e
de caráter interdisciplinar, em que o professor pode trabalhar assuntos como:
alimentação saudável, nutrição, ecologia que aliados ao trato com a terra e plantas,
geram situações de aprendizagem reais e diversificadas, representando um instrumento
com grande potencial no processo de ensino e aprendizagem dos alunos.
Palavras-chave:
Horta
escolar,
Alimentação
saudável,
Ervas
aromáticas.
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INTRODUÇÃO:
Dentre as necessidades formativas apontadas por professores de biologia e
ciências, em formação inicial e contínua, está à proposição de recursos didáticos
visando facilitar o processo de ensino e aprendizagem (SARMIERI, 2004).
Considerando isso, uma horta orgânica em ambiente escolar que tem como base a
sustentabilidade, é um recurso didático que proporciona mudanças comportamentais
dos alunos, como afirma Cribb (2010).
A horta orgânica consiste no cultivo de verduras, frutas, legumes, temperos e
ervas sem o uso de agrotóxicos ou conservantes químicos, e possuem diversos
benefícios como o contato direto com os alimentos naturais, contribuindo para uma
alimentação saudável, além de ser uma prática sustentável. A inserção da horta no
ambiente escolar pode representar um laboratório vivo que possibilita o incremento de
diversas atividades pedagógicas voltadas a educação ambiental e alimentar
(CYPRIANO et. al. 2013).
As atividades realizadas utilizando a horta escolar contribuem para os alunos
compreenderem o perigo na utilização de agrotóxicos para a saúde humana e para o
meio ambiente, além proporcionar uma compreensão acerca da necessidade de
preservação do meio ambiente escolar e desenvolver a capacidade do trabalho em
equipe e da cooperação, ocasionando maior contato com a natureza, além de
proporcionar a modificação dos hábitos alimentares dos alunos, (CRIBB, 2010). Assim,
os alunos podem refletir suas ações e mudar atitudes, expandido do espaço escolar para
todo o meio ambiente.
Segundo Morgado (2006), a horta em ambiente escolar possibilita o
desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas, no que diz respeito à educação
ambiental e alimentar, concretizando a inter-relação entre teoria e prática numa forma
contextualizada e tornando a aprendizagem prazerosa, coletiva e cooperativa para os
agentes envolvidos. Além disso, a horta em ambiente escolar também possui caráter
interdisciplinar e formativo, que geram situações de aprendizagem reais e
diversificadas. É válido ressaltar que por intermédio da utilização de hortas a educação
acontece além dos seus espaços tradicionais, ou seja, os conhecimentos obtidos na
escola estão e/ou podem estar relacionados com a vivência fora dela. (CYPRIANO et.
al. 2013).
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Destacamos ainda que por ser um laboratório vivo, a utilização de hortas no
espaço escolar tem grande potencial interdisciplinar.
Dentre as várias hortaliças cultivadas em hortas, destacam-se as ervas
aromáticas que são plantas geralmente de pequeno porte cujas folhas ou outras partes
da planta exalam algum tipo de aroma. Possuem diversos fins: culinários, medicinais, e
cosméticos. Vale ressaltar que são importantes fornecedoras de proteínas, vitaminas (A,
C e complexo B), minerais (cálcio, fósforo, sódio, potássio e ferro), fibras, componentes
voláteis (óleos essenciais) e substâncias fitoquímicas (substâncias bioativas presentes
nas plantas em pequenas quantidades, que atuam como antioxidantes, bactericidas,
antivírus), sendo bastante benéfica a saúde.
Tendo em vista a importância de utilização de horta no espaço escolar, foi
desenvolvida uma oficina “ervas aromatizantes: brincando com os sentidos” que teve o
objetivo de verificar o quanto os sentidos, especialmente o olfato e o paladar
influenciam na escolha alimentar, assim como conhecer a importância das ervas
aromáticas na alimentação e sensibilizar dos malefícios a saúde causado pelo consumo
de alimentos industrializados.
METODOLOGIA:
A oficina foi dividida em duas etapas. No primeiro momento, os alunos foram
questionados acerca de seus hábitos alimentares como estratégia de levantamento de
seus conhecimentos prévios. Em seguida, foi realizada uma dinâmica, onde foram
expostos extratos de ervas aromáticas e alimentos contendo algumas dessas ervas em
uma bancada. Os olhos de seis alunos participantes da oficina foram vendados. Os
alunos foram então desafiados a identificar as diferentes ervas utilizando os sentidos:
olfato e paladar (Figura 1A). Suas respostas e sensações relatadas foram registradas em
uma tabela de anotações para logo após serem socializadas suas impressões com todo o
grupo e posteriormente registrados graficamente.
Seguindo isto, foi realizado uma abordagem expositiva dialógica onde foi
exposto o poder do olfato e do paladar na escolha dos alimentos e que muitas vezes
escolhemos os alimentos que nem são tão saudáveis, mas que apresentam um ótimo
sabor ou um excelente cheiro como, por exemplo, os alimentos industrializados (Figura
1B). Contudo, a alimentação industrializada oferece diversos riscos à saúde, aliado a
um processo produtivo muitas vezes agressivo ao meio ambiente. Também foi
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ressaltada a importância de se consumir alimentos naturais, de alguns valores
nutricionais e o combate de algumas doenças através de uma tabela informativa.
Em seguida, os alunos foram instrumentalizados para a criação da horta, entre os
assuntos abordados incluiu-se a forma de adubação, o modo de plantio e a colheita.
Também foi trabalhado o fato de que a maioria das ervas aromáticas requerem
condições de cultivo semelhantes, como: um mínimo de seis horas de sol por dia, como
também um solo com boa drenagem e rico em nutrientes.
Na segunda etapa da oficina, os alunos colocaram a mão na massa no processo
de criação de uma horta, desde a preparação do solo a plantação e cuidado com o
ambiente criado. Durante essa etapa da oficina os alunos sempre estavam sobre a
orientação dos bolsistas do Pibid e de um professor da escola (Figura 2). Essa ação teve
como produto final a criação de uma horta de ervas aromáticas.
RESULTADO E DISCUSSÃO:
A oficina promoveu além da sensibilização e aquisição de novos conhecimentos,
o contato direto dos alunos com a terra, desde a preparação do solo, plantio e cuidado
para o desenvolvimento até colhê-las, possibilitou ainda, a reflexão para mudanças reais
na alimentação e cuidado com o ambiente escolar e a natureza.
Sobre a dinâmica, as anotações das tabelas da oficina foram demonstradas
através de gráficos para melhor visualização dos resultados. Quando perguntados sobre
qual o nome da erva, utilizando apenas o sentido do olfato para todas as ervas, 67% dos
alunos erraram e apenas 33% acertaram (Gráfico 1). Quando questionados se o cheiro
era agradável ou não, para todas as ervas 50% disseram que sim, 33% não acharam o
cheiro agradável e apenas 17% acharam o cheiro pouco agradável (Gráfico 2).
Utilizando o paladar quando questionados quais as ervas aromáticas que
continham em cada alimento, 33% acertaram e 67% erraram quando a erva foi o
orégano 100% dos alunos erraram quando a erva foi o coentro e hortelã (Gráfico 3).
Quando questionados sobre o sabor, para todas as ervas 50% disseram que era gostoso e
50% não gostaram do sabor (Gráfico 4).
Esses dados mostram que a maioria dos alunos não tinham conhecimento das
ervas aromáticas em questão, provavelmente por não terem o hábito de se alimentar das
mesmas com frequência. Após a discussão acerca dos malefícios dos alimentos
industrializados e a importância de ter uma alimentação saudável foi possível verificar
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que os alunos foram sensibilizados através dos relados dos mesmos. Na segunda etapa
"mão na massa", os alunos participaram com entusiasmo da criação da horta concluindo
com sucesso a oficina.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos na oficina evidenciaram a importância de uma horta
orgânica na escola como ambiente que proporciona o desenvolvimento de várias
atividades pedagógicas, práticas e interdisciplinares, que aliadas com o contato direto
com a terra geram atitudes sustentáveis. Através da horta escolar também pode-se
sensibilizar os alunos acerca de consumir uma alimentação saudável, ressaltando ainda
a valorização do trabalho do aluno.
REFERÊNCIAS:
CRIBB, S.L. S. P. Contribuições da Educação Ambiental e horta escolar na promoção
de melhorias ao ensino, à saúde e ao ambiente, 2010.
CYPRIANO, Raphael Jonas; ZITO, Adriano Fernando; FONTES, Maria do Carmo;
SILVA, Fernando Antônio Pereira da. HORTA ESCOLAR: UM LABORATÓRIO
VIVO. Revista Educação Ambiental em Ação. Ano XI, nº 42, 2013.
SARMIERI VS, Justina LA. Fatores inibidores da atividade pedagógica. In: Encontro
Nacional de Didática e Prática de Ensino, 12. Curitiba; 2004.
MORGADO, F. S. A horta escolar na educação ambiental e alimentar: experiência do
Projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis, Florianópolis, 2006.
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ANEXO 1
Gráfico 1: Porcentagem das respostas relacionadas a identificação da erva aromática utilizando o olfato.
Gráfico 2: Porcentagem das respostas relacionadas ao cheiro das ervas aromáticas era agradável ou não.
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Gráfico 3: Porcentagem das respostas com relação a identificação pelo paladar da erva que estava no
alimento.
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Gráfico 4: Porcentagem de respostas sobre se o alimento que continha as ervas era gostoso ou não.
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COENTRO
ORÉGANO
ANEXO 2
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(A)
(B)
Figuras 1: Primeira etapa da oficina. (A) aplicação da dinâmica; (B) apresentação expositiva dialogada.
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Figuras 2: Segunda etapa da oficina, criação da horta de ervas aromáticas em ambiente escolar.
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