DOMINGO - O Estado do Maranhão - São Luís, 11 de dezembro de 2011 7 NATAL Aproveite a festa da empresa e ainda ganhe pontos com o chefe É possível se divertir na confraternização da empresa, mas é preciso bom senso para não perder a linha e passar vexame na frente do chefe; veja lista com dicas para se sair bem na festa, se divertir e reforçar sua imagem no trabalho S ÃO PAULO - O analista de pós-venda Bruno Fonseca, 25 anos, não se lembra exatamente do que fez na festa de fim de ano da empresa onde trabalhava em 2010. Só sabe que bebeu demais e acordou dentro de uma ambulância. "O mais difícil foi aturar o pessoal tirando sarro na segunda-feira seguinte", conta, envergonhado. Seu chefe direto, que nem estava na festa, ficou sabendo do episódio. "Tive sorte porque ele deu risada, encarou numa boa, me olhou com um jeito de 'não faça mais isso' e deixou pa- ra lá", diz Fonseca. Depois de dar algum vexame na festa da firma, especialistas das áreas de recursos humanos e de etiqueta corporativa são unânimes ao recomendar: faça o possível para que todos esqueçam o que aconteceu. "O funcionário não deve ficar pedindo desculpas, tentando se justificar", aconselha a consultora de imagem e etiqueta corporativa Lícia Egger. "A melhor política é ficar de boca fechada. Quando um colega se aproximar para fazer alguma piada, dê um sorriso, fale que aquilo não vai se repetir e encerre o assunto", sugere. Além de render boas histórias e piadas, especialistas das áreas de recursos humanos e de etiqueta corporativa garantem que a confraternização também pode ser uma ótima oportunidade para melhorar a imagem de um funcionário dentro da corporação. "É uma reunião pública. Por isso, as pessoas avaliam e comparam os comportamentos dos colegas mesmo estando fora do escritório", afirma Adriana Gomes, coordenadora do núcleo de estudos e negócios Momento de descontração, a confraternização da empresa não é o momento certo para exageros Etiqueta Sem forçar a barra "Chegar com alegria e mostrar que a confraternização também é importante para você transmite uma ótima impressão. Afinal, é também um momento importante para a empresa", aponta a consultora de etiqueta corporativa Lícia Egger. "Mas a única pessoa que pode criticar a festa é seu chefe", alerta a consultora, que enfatiza que não se deve ficar reclamando ou fazendo piadinhas o tempo todo. "É como uma família, só quem pode falar mal da sua é você", brinca. Mário Custódio, especialista em recrutamento, também recomenda o alto astral. "Evite reclamar da festa e dos colegas durante a confraternização. Ficar longe de quem está malhumorado também é uma boa alternativa", aponta. Moderação Mostrar apreço pela festa é a regra número um. A indicação número dois é não exagerar na dose. "As pessoas devem se manter sóbrias para articular as ideias, conversar melhor. Quem se diverte, independentemente da bebida, demonstra que é uma pessoa equilibrada", diz Lícia Egger. Além de não encher a cara, fique atento aos excessos com a comida e com a dança. "Há quem coma tanto que parece que está há dias sem se alimentar... Comer até passar mal não é permitido", aponta Adriana Gomes. E tudo bem em dançar e se divertir, mas é melhor evitar dançar aquele funk provocante na frente do seu chefe. Assuntos Em um ambiente onde todos passam o dia trabalhando juntos, algumas vezes as conversas de negócios acabam sendo inevitáveis, mas o ideal é não se concentrar apenas nelas. "Tente levar mais como um bate-papo, com conversas rápidas e espontâneas. Na dúvida sobre o que falar, pergunte sobre os planos de fim de ano do seu interlocutor", sugere Custódio. Outra dica do especialista em recrutamento é evitar temas que gerem controvérsia. Agradecer a quem organizou a festa também renderá pontos positivos. "Se não der para fazer isso no dia, você pode mandar um e-mail bem sucinto na volta ao trabalho." Discrição O melhor jeito de chamar atenção de forma positiva é tentando não chamar atenção, garante a consultora Lícia Egger. "Não queira ser a estrela da festa. A estrela deve ser o colaborador homenageado, se houver, o presidente, o diretor que está organizando o evento", afirma. De acordo com ela, ser discreto inclui a forma de se vestir, que deve ser elegante e profissional. "Se houver algum código de vestimenta, respeite-o. As mulheres devem evitar decotes profundos e saias muito curtas. Se a confraternização for em um sítio, por exemplo, o recomendado é não exagerar nos shorts e não mostrar a barriga", aconselha. "Quem usa uniforme, às vezes, fica irreconhecível quando está bem arrumado, mas a festa da empresa não é lugar de exibição do corpo", completa. Paquera E paquerar, pode? Caso a sua empresa não tenha restrições quanto a relacionamentos entre funcionários, a paquera está liberada – mas sem indelicadezas e, principalmente, nada de arroubos da paixão. "Tudo depende da cultura da companhia. Algumas veem com maus olhos, outras até proíbem relacionamentos entre colegas. Nesse caso, o melhor mesmo é evitar qualquer aproximação", aconselha Adriana Gomes. da área de gestão estratégica da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Paradoxo - Adriana Gomes reconhece que as festas de confraternização criam uma espécie de paradoxo ao ofertar grandes volumes de bebida e, ao mesmo tempo, exigir um comportamento mais contido do que em uma festa de outros círculos. "As empresas são pródigas em oferecer tudo o que ajuda na diversão. É preciso lembrar, porém, que se trata de momento profissional, além de so- cial", lembra Adriana Gomes. Mas não tenha medo da se divertir na festa. De acordo com Lícia Egger, essas comemorações são organizadas com o intuito de criar uma confraternização com os colegas, e não pensadas como um teste. No entanto, o comportamento do funcionário está, sim, sujeito a avaliações. "Hoje, as empresas tomam muito cuidado com a própria imagem. Em um momento mais descontraído, é possível perceber se os funcionários têm uma postura adequada para levar o nome da empresa para fo- ra do ambiente de trabalho", explica a consultora. Mário Custódio, especialista em recrutamento da empresa Robert Half, lembra que o grau de relevância da festa na carreira do profissional é subjetivo e que não será exclusivamente pelo comportamento naquele momento que alguém será reconhecido ou promovido na empresa. "O que importa mesmo é se a pessoa é comprometida e competente. Nós construímos nossas carreiras com base na reputação que criamos no longo prazo", assegura.