Serviço Geológico
do Brasil – CPRM
Avaliação dos desastres naturais em
Minas Gerais
Dezembro 2013 – Janeiro 2014
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
Objetivo
O presente relatório tem por finalidade avaliar os desastres
naturais ocorridos no Nordeste de Minas Gerais, através do
que foi visto e feito pelas equipes da CPRM – Serviço
Geológico do Brasil, que vistoriaram as cidades mais atingidas:
Aimorés, Resplendor, Capelinha, Governador Valadares,
Mantena, Ipatinga, Timóteo e Coronel Fabriciano, durante os
atendimentos emergenciais que se seguiram após os intensos
eventos climáticos ocorridos durante o mês de Dezembro de
2013.
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Além de resumir as ações coordenadas entre as equipes para
atender a demanda das Coordenadorias Municipais de Defesa
Civil, e aos representantes dos governos municipais.
Desde o princípio todas as ações foram tomadas em conjunto
com a defesa civil a níveis municipal, estadual e federal, tanto
em campo quanto na sala de situação do Centro de
Monitoramento e Operação na Cidade Administrativa em Belo
Horizonte.
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Metodologia
O propósito inicial da presença das equipes da CPRM era de
suprir qualquer deficiência de conhecimento técnico
especializado, que colaborasse com a segurança e bem estar
tantos das vítimas quanto das equipes que trabalhavam nos
resgastes. Também nos propusemos a visitar todos os locais
onde havia dúvidas quanto à estabilidade do terreno, que
pudesse ameaçar a vida das pessoas.
Portanto, durante estes eventos, o trabalho consistiu em
observar os indícios em áreas que já haviam ocorrido
deslizamentos, buscando avaliar se haveria recorrência, caso a
situação das fortes chuvas permanecesse.
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O mesmo estava valendo para as áreas de inundação,
incluindo algumas localidades onde o rio já havia retornado ao
seu nível normal.
As visitas a estas áreas foram feitas junto com funcionários das
Defesas Civis Municipais, integrantes do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Minas Gerais, integrantes da Força
Nacional, além do apoio da Defesa Civil Estadual, Prefeituras,
secretarias municipais, e principalmente os moradores
indicando locais e relatando os eventos.
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A cada vistoria eram observadas as condições das construções
e seu entorno, situação topográfica, declividade do terreno,
escoamento de águas pluviais e de águas servidas, além de
indícios de processos em potencial.
Residências que apresentavam trincas, problemas estruturais,
ou localizadas em linha de atingimento, foram interditadas, e
os moradores recomendados a não retornarem. O mesmo
valeu para locais onde após o término das fortes chuvas era
visível à presença de água minando do solo.
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Dia 23 de Dezembro de 2014:
Participação na 7ª Reunião Estratégica de Coordenação do
PEP 2013/2014, no Prédio Minas da Cidade Administrativa
em Belo Horizonte, integrada pelos Pesquisadores em
Geociências da CPRM; Anselmo de Carvalho Pedrazzi, Júlio
César Lana, Lenilson José Souza de Queiroz e Rafael Silva
Ribeiro, além de integrantes do CBM-MG, da CEDEC-MG,
do DER-MG, INMET e outros membros de diversos níveis
do Governo Estadual de Minas Gerais.
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Durante a reunião o 1º Ten. BM Figueiredo relatou sobre a
necessidade de geólogos para apoio e avaliação urgente,
principalmente, para os municípios de Capelinha e Aimorés
devido o risco de movimentos de massa. Sendo assim, foi
acertado que a CPRM – Serviço Geológico do Brasil se
comprometeria a prestar todo o apoio necessário para que
se identificassem as áreas ao risco geológico instalado
gerado pelos recentes eventos climáticos, a fim de que se
minimizassem os impactos negativos sobre a população.
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Dia 26 de Dezembro de 2013:
Deslocamento da equipe 1 formada pelos Pesquisadores em
Geociências Anselmo de Carvalho Pedrazzi da CPRM/ERJ,
Júlio César Lana CPRM/SUREG-BH e Rafael Silva Ribeiro
CPRM/SUREG-BH com destino ao município de Aimorés.
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Dia 27 de Dezembro de 2013:
Início dos trabalhos de Campo em Aimorés, onde ocorreram
3 eventos de cheias e inundações dos Rios Doce e
Manhuaçu, ao longo de 5 dias, a partir do dia 18/12/2013 e
em diversos pontos, movimentação de massa e erosão.
Durante esse trabalho foram identificados 9 áreas com risco
alto e muito alto, sujeitas a movimentos de massa,
principalmente deslizamentos planar solo/solo e solo/rocha.
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Aimorés
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BR – 474, KM 5
27/12/2013
30/12/2013
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A nona área foi afetada por corrida de detritos, deslizamentos
planares solo/rocha e rolamento de blocos e/ou matacões.
Pelo menos 50 imóveis afetados. Os eventos de inundação
elevaram os níveis d’água dos rios do município em até 1,50
metros, mas que uma vez de volta aos seus leitos não
representavam perigo a população a menos que fortes chuvas
voltassem a ocorrer.
Deslocamento da equipe 2 formada pela Pesquisadora em
Geociências Larissa Montandon CPRM/SUREG-BH, pelo
Pesquisador em Geociências Rafael Araújo CPRM/SUREG-BH e
pelo Analista em Geociências Antônio Carlos Senna Penna
CPRM/SUREG-BH, com destino ao município de Capelinha.
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Dia 28 de Dezembro de 2013:
Início dos trabalhos de campo em Resplendor pela equipe 1,
onde chuvas intensas atingiram a região causando cheias e
inundações no Rio Doce e demais afluentes da região, a partir
do dia 18/12/2013 e em diversos pontos, movimentação de
massa e erosão.
Durante esse trabalho foram identificados 5 áreas com risco
alto e muito alto, sujeitas a movimentos de massa. Os
processos atuantes foram deslizamentos planar solo/solo e
solo/rocha. Dezenas de imóveis foram afetados.
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Resplendor
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Dia 28 de Dezembro de 2013:
Início dos trabalhos de campo em Capelinha pela equipe 2, com
7 áreas afetadas identificadas com risco alto e muito alto a
movimentos de massa, como deslizamento planar solo/solo e
erosão do terreno. Dezenas de imóveis afetados.
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Capelinha
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Dia 30 de Dezembro de 2013:
Início dos trabalhos de campo em Governador Valadares pela
equipe 1, foram delimitadas 5 áreas com risco alto e muito
alto a eventos de enxurradas ou movimentos massa,
principalmente deslizamentos planar solo/solo e solo/rocha.
A quinta área é afetada também por rolamento de blocos
e/ou matacões. Mais de 100 imóveis afetados.
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Governador Valadares
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Dia 01 de Janeiro de 2014:
Início dos trabalhos de campo em Mantena pela equipe 1,
onde foram delimitadas 7 áreas com risco alto e muito alto a
eventos de cheias e movimentos de massa, na maioria por
deslizamento planar solo/solo. Os eventos de inundação
elevaram os níveis d’água dos rios do município em até 1,80
metros, mas que uma vez de volta aos seus leitos não
representavam perigo a população a menos que fortes
chuvas voltassem a ocorrer. Mais de 120 imóveis afetados.
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Mantena
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Dia 02 de Janeiro de 2014:
Deslocamento da equipe 3 formada pela Pesquisadora em
Geociências Adriana Gomes de Souza CPRM/ERJ e pelo
Pesquisador em Geociências Ítalo Prata de Menezes da
CPRM/SUREG-BH com destino ao município de Ipatinga.
Retorno da equipe 1 a Belo Horizonte.
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Dias 03 a 06 de Janeiro de 2014:
Realização dos trabalhos de campo em Ipatinga pela equipe 3. O
município apresenta condições favoráveis à geração de áreas de
risco alto e muito alto referentes a deslizamentos de solo. A
ocupação desordenada resultou no desenvolvimento de 31
pontos de risco alto e muito alto. Mais de 190 imóveis afetados.
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Ipatinga
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Dia 07 de Janeiro de 2014:
Deslocamento da equipe 1* para o município de Timóteo.
Deslocamento das equipes 2** e 3 para o município de
Coronel Fabriciano. Início dos trabalhos de campo.
Participação na 8ª Reunião Estratégica de Coordenação do PEP
2013/2014, no Prédio Minas da Cidade Administrativa em Belo
Horizonte, integrada pela Pesquisadora em Geociências da
CPRM Natália Dias Lopes, que deixou os demais participantes a
par da atuação da CPRM.
*Ausência do geólogo Anselmo de Carvalho Pedrazzi.
** Ausência do geógrafo Antônio Carlos Senna Penna.
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Vale ressaltar do que foi discutido, um retrospecto deste
período chuvoso, mais precisamente os dias compreendidos
entre 17 a 30 de dezembro de 2013, no qual foram registrados
77 municípios em Situação de Emergência e 02 em Estado de
Calamidade Públicas sendo 79 decretações de estado de
anormalidade, 33 comunicados de atingimento, mas os
próprios municípios conseguiram dar resposta frente aos
eventos adversos, totalizando assim 112 munícipios,
contabilizando 22 óbitos.
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Coronel Fabriciano
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Dia 08 e 09 de Janeiro de 2014:
Continuação dos trabalhos de campo em Coronel Fabriciano. A
ocupação desordenada resultou no desenvolvimento de 30
pontos de risco alto e muito alto a eventos de cheias e
deslizamento planar solo/solo. Centenas de imóveis afetados.
Continuação dos trabalhos de campo em Timóteo identificando
23 setores de risco alto e muito alto a eventos de movimento de
massa tais como deslizamentos planares solo/solo e solo/rocha,
queda e rolamento de blocos, além de erosão do terreno,
solapamento de margem e no setor TM-01, o risco de
inundações. Centenas de imóveis afetados.
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Timóteo
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Conclusão:
Após a avaliação dos dados obtidos durante os atendimentos
emergenciais, notou-se que os principais processos
desencadeados foram inundações, deslizamentos planar e
corridas de detritos.
Nos dois primeiros casos, os desastres foram acelerados por
ações antrópicas:
No caso das inundações, ocupação das planícies de inundação
dos rios e reduções da capacidade de escoamento através de
pontos de estrangulamento e assoreamento.
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No caso dos deslizamentos planares (translacionais) o que
mais contribuiu foi a construção em cortes e aterros e um
sistema de drenagem ausente ou precário.
Somente as corridas de detritos não tiveram interferências
antrópicas como agravante ou elemento desencadeador,
tendo sido causadas apenas por elementos climáticos e
geológicos.
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Assim sendo, concluí se que a não aplicação das políticas de
controle urbano, previstas na lei de ocupação dos solos e
planos diretores; o desrespeito a preservação e restrição
em Áreas de Preservação Permanentes (APPs); a falta de
investimentos em moradias populares e em obras de
infraestrutura pública; aliadas a ignorância ambiental e falta
de educação dos populares, são os verdadeiros desafios a uma
sociedade protegida contra desastres naturais.
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Apesar atuação heroica das COMDECS e CBMs, ainda é
sensível despreparo e desaparelhamento dos mesmos,
frente a grandes desastres, principalmente em recursos
humanos com conhecimento técnico especializado.
Também sofremos com o pouco valor que se dá
tradicionalmente à medidas preventivas, embora muito se
tem feito a exemplo do CEMADEN e do Sistema de Alerta de
Cheias da bacia do Rio Doce.
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Anselmo de Carvalho Pedrazzi
Geólogo – Pesquisador em geociências
Escritório Rio de Janeiro
[email protected]
www.cprm.gov.br
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Anselmo Pedrazzi