MODO DE VIDA E ATIVISMO SOCIAL
Bolsa Milton Santos
PROJETO: PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO
AUTORA: FLÁVIA DAMARES SANTOS BATISTA (UFBA)
ORIENTADORES: MARIA AUXILIADORA DA SILVA E CLIMACO DIAS
ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS
SUB-ÁREA: GEOGRAFIA
SUB-SUB-ÁREA: GEOGRAFIA HUMANA
INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda questões ligadas às dinâmicas populacionais, a partir de
uma análise dos padrões opostos de ocupação do espaço urbano em dois bairros
periféricos de Salvador – Pirajá e Valéria.
Os bairros em estudo são bairros vizinhos localizados ao norte da cidade do
Salvador, situados na área chamada “miolo” da cidade, próximos a BR 324.
apresentam características semelhantes, com uma população majoritariamente
de baixa renda.
OBJETIVO GERAL
Refletir a heterogeneidade existente em bairros teoricamente homogêneos,
analisando as ocupações planejadas (conjuntos habitacionais) e as ocupações
espontâneas (as “invasões”).
OBJETIVOS ESPECIFICOS
• Análise dos conjuntos habitacionais mais recentes nos bairros em questão - o
Conjunto Habitacional Vista da Bahia e o Vista do Mar, em Pirajá; o Village, Inema
e o Maré, em Valéria.
• Análise da área de ocupação espontânea – Comunidade do Pantanal.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
• Leituras teóricas
• Pesquisa direta com a população
- Aplicação de questionário na população
- Aplicação de questionário nas associações
• Participação nas reuniões da associação de moradores (no bairro de Pirajá).
• Elaboração de tabelas a partir da análise dos questionários aplicados.
Foto 4
Foto 3
Portanto, a existência de diferentes grupos sociais dentro de um mesmo bairro
implica que as relações sociais, o cotidiano e a percepção que cada morador
tem é bem peculiar, refletindo também na forma de interação com a cidade de
uma maneira geral. E os anseios para resolver os objetivos pontuais
influenciam na participação no ativismo de bairro. Quanto maior a necessidade
de se buscar melhorias pontuais para sua comunidade, maior é a participação
nas reuniões das associações de moradores, pois as mesmas deveriam atuar
como elo de ligação entre a comunidade e o Estado.
DIFERENÇAS NO COTIDIANO
Ocupação Econômica dos Moradores
Tipo de Ocupação
Espontânea
Tipo de Ocupação (Econômica)
Trabalho
Trabalho
Sem
Outros
Formal
Informal
Ocupação
11,1%
77,8%
0,0%
11,1%
Planejada
RESULTADOS
Através da descrição das formas de apropriação desses espaços percebe-se que
além de serem áreas distintas dentro de um mesmo bairro, possuem
características bem diferenciadas. São essas características, dentre outros fatores,
que indicam as diferenças na qualidades de vida ou modo de vida dos seus
habitantes.
Carlos (1994) relata os contrastes que uma cidade pode mostrar, explanando
sobre a heterogeneidade entre modos de vida e formas de morar que podem ser
observados em uma cidade. Esta formulação serve, também, para fazer uma
análise na escala do bairro ou da área em estudo.
Foto 1
Conjunto Habitacional Vista da Bahia,
em Pirajá
Comunidade do Pantanal, em Pirajá.
Conjunto Habitacional Vista da
Bahia, em Pirajá.
33,3%
20,1%
13,3%
33,3%
Fonte: Pesquisa de Campo
Elaboração: Flávia D. S. Batista, 2006.
Níveis de Escolaridade
Tipos de
ocupação
Fundamental
Incompleto
Escolaridade
Fundamental
Médio
Completo
Incompleto
Médio
Completo
Superior
Espontânea
66,7%
0,0%
11,1%
22,2%
0,0%
Planejada
13,3%
13,3%
13,3%
53,4%
6,7%
Fonte: Pesquisa de Campo
Elaboração: Flávia D. S. Batista, 2006.
Foto 2
Comunidade do Pantanal, em Pirajá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Heterogeneidade – homogeneidade fragmentada.
• Grupos sociais que se diferenciam pela forma de apropriação do espaço.
• Modos de vida diferentes em um mesmo bairro.
Salienta-se que mesmo tendo um cotidiano diferenciado devido a
heterogeneidade dos modos de vida, a população desses bairros também
enfrentam problemas comuns, pois cada grupo é uma parte que compõe um
todo; o bairro, que por sua vez faz parte de um todo ainda maior que é a
cidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Na foto 1 visualiza-se uma ocupação planejada, onde houve todo um
planejamento antes da construção das habitações, dotada de infra-estrutura
adequada. Percebe-se na foto 2 um terreno onde vigora a autoconstrução, sem
infra-estrutura adequada dentre outras peculiaridades. Observou-se que a
população desses bairros periféricos não é tão homogênea como é afirmado
comumente.
Mesmo que as discrepâncias não sejam tão grandes, há uma heterogeneidade
visível que pode ser observada na infra-estrutura de determinadas ruas, no
ordenamento dos traçados das mesmas, onde é permitido ou não o acesso de
veículos, no poder aquisitivo de seus moradores e até na forma como o Estado
assiste a determinadas localidades dentro de um mesmo bairro.
CARLOS, Ana Fani A. A Cidade. 4° edição. São Paulo: Contexto. 1994.
DAMIANI, Amélia Luisa. População e Geografia. 5° edição. São Paulo. Contexto. 2001.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: espaço e tempo - razão e emoção. 3° edição. São Paulo.
Hucitec. 1999.
_____Técnica, Espaço, Tempo. Globalização e Meio Técnico-científico- informacional. 4° Edição.
São Paulo. Hucitec. 1998.
SERPA, Ângelo (organizador). Fala Periferia! Uma reflexão sobre a produção do espaço periférico
metropolitano. Salvador: UFBA. 2001.
SOUSA, Marcelo Lopes de. Planejamento urbano e ativismos sociais/ Marcelo Lopes de Sousa e
Glauco Bruce Rodrigues. São Paulo. UNESP. 2004
VASCONCELOS, Pedro de Almeida. Salvador: Transformações e Permanências (1554-1999). Ilhéus:
Editus. 2002.
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