II Simpósio de Ciências Biológicas
Universidade Católica de Pernambuco
Recife - Pernambuco
23 a 27 de agosto de 2010
25 - JARDIM BOTÂNICO DO RECIFE: DIVULGAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Karollyna Andrade Alves1, Juliana Menezes Julião1, Antonio Travassos Junior1
1Faculdade Frassinetti do Recife
RESUMO
As aulas de ciências e biologia desenvolvidas em ambientes naturais tem sido apontadas
como uma metodologia eficaz por desenvolverem e motivarem crianças e jovens nas
atividades educativas. A visitação do Jardim Botânico do Recife ocorre partindo de
iniciativas de professores com prévio conhecimento do local, que acompanham seus
alunos. O presente trabalho pretende oferecer a população conhecimento da existência do
Jardim Botânico do Recife, com uma abordagem de observação, anotações, entrevistas e
fotografias do serviço prestado.
Palavras-chave: educação ambiental; sistemas naturais; aulas de ciências.
O UÇ O
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o primeiro jardim botânico foi criado em Recife, Pernambuco, no período da
dominação holandesa (1630-1654). Sob a denominação de “Parque de Friburgo”, instituído
por Maurício de Nassau em 1642. (CARNEIRO, A. R.; SILVA, A. F. et all).
Desde a criação da CDB (Convenção sobre a Diversidade Biológica) em 1992, existe a
fundamentação das Normas Internacionais da Conservação em Jardins Botânicos,
Botânicos
documento que enfatiza a atuação dos Jardins Botânicos na pesquisa, conservação,
educação e desenvolvimento sustentável. (BRUNI, R. R.; PEIXOTO, A. L.)
Nas ultimas décadas, os jardins botânicos, espaços protegidos onde a pesquisa botânica e
ciências afins têm seu berço e desenvolvimento, passaram a intensificar ações para
promover, junto aos visitantes, a percepção dos impactos da ação humana sobre o meio
229
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
ambiente e a consciência sobre efeitos negativos da perda da biodiversidade, motivandoos a participar de um ciclo de desenvolvimento sustentável. (PEREIRA, T. N.; COSTA, M.
L.)
As aulas de ciência e biologia desenvolvidas em ambientes naturais tem sido apontadas
como uma metodologia eficaz tanto por desenvolverem e motivarem crianças e jovens
nas atividades educativas, quanto por constituírem um instrumento de superação da
fragmentação do conhecimento. As aulas de ciências devem ser aplicadas de forma a
auxiliar na aprendizagem dos conhecimentos científicos, principalmente os relacionados à
ecologia. (SENICIATO, T.; CAVASSAN O.) Os Jardins Botânicos representam assim, um
espaço de educação informal – não operacionalizada a partir de currículos tradicionais no processo da formação humana. Dos presentes em território nacional, todos são ligados
à Rede Brasileira de Jardins Botânicos q
que,, dentre outras coisas,, desenvolvem ações
ç
educativas visando ampliar a consciência do público sobre o meio ambiente. (MIANUTTI,
J.; TEIXEIRA, L. A.).
O presente trabalho pretende oferecer a população conhecimento a respeito do Jardim
Botânico do Recife e avaliar seu sistema de educação ambiental prestado ao público.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O jardim botânico do Recife foi visitado nos meses de junho e julho de 2010, nos dias
28/06; 20/07 e 29/07. Fazendo-se as observações e entrevistas aos funcionários e
expectadores nos dois primeiros dias e as fotografias necessárias ao final do mês de julho
junto com a visitação pelos alunos da Casa de Passagem.
Passagem De forma a se chegar a uma
conclusão dos possíveis melhoramentos ao acesso de visitantes, portadores ou não de
deficiências.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
N dia
No
di 29 de
d julho
j lh de
d 2010,
2010 o Jardim
J di Botânico
B tâ i do
d Recife
R if foi
f i visitado
i it d pelos
l alunos
l
d Casa
da
C
de Passagem, com idade entre 07 a 17 anos. Sendo acompanhados por um monitor e um
230
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
guarda florestal para uma turma de aproximadamente 30 pessoas foi realizado entrevistas
e fotografias.
De acordo com o monitor Ricardo, antes mesmo de se organizar uma melhor divulgação
do local, faz-se necessário o aumento da quantidade de profissionais para que se possam
dividir as tarefas sem que haja negligência de nenhuma área. Já que, se houver demais
grupos em distintas atividades, será necessário deslocar um profissional de seu setor
para a realização do trabalho com os visitantes. Como por exemplo, o guarda florestal que
passa a ser monitor por inexistência dos mesmos que não são contratados.
Segundo, Aline Kelly, 08 anos, visitante, a aula de campo foi “proveitosa” e
“entusiasmaste”. Com a motivação de voltar ao jardim botânico com seus pais para
desfrutar do passeio e do espaço verde.
Contradizendo as expectativas dos professores e monitores, Aline, 10 anos, também
visitante da mesma turma, classificou o local como “péssimo”, por conta de sua aversão
com a mata a qual denominou como “mato”. Mostrando o quanto é difícil à abordagem de
jovens em que já existe um preconceito a cerca do ambiente natural.
231
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
M
No presente momento o jardim botânico está utilizando o programa dos “3R – Reduzir,
Reutilizar e Reciclar”. Com a visitação agendada é solicitado aos alunos que levem uma
garrafa p
g
pet p
para cada aluno,, com a intenção
ç
de reaproveitamento
p
para o p
p
plantio de
mudas.
O jardim sensorial idealizado para portadores de deficiências visuais, proporciona aos não
deficientes uma percepção do mesmo nível de sensibilidade. Com uma venda aos olhos,
os demais participantes desenvolvem uma capacidade de tato, olfato, paladar e audição
da mesma forma que os deficientes visuais.
No entanto, as demais deficiências existem algumas carências. Como a falta acesso a
pessoas cadeirantes e a falta de linguagem para surdos e mudos.
232
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
4. CONCLUSÃO
O jardim Botânico do Recife possui uma área de aproximadamente 29 hectares, sendo
destes, 60% recoberto pela mata Atlântica. Proporciona atividades educacionais a
crianças, jovens, adultos, idosos e deficientes visuais didaticamente com a intervenção de
monitores visando o melhor aproveitamento do ambiente natural.
O espaço oferece trilhas ecológicas, sementeiras, orquidário, jardim sensorial, entre
outros aos visitantes que em sua maioria se compões de escolas para as atividades de
outros,
ciências.
Apesar da excelente área destinada ao ensino da conservação ambiental, como na
produção de mudas no horto florestal, museu do lixo e área de lazer, o jardim botânico
ainda é pouco visitado. Mesmo sendo patrimônio da Prefeitura do Recife, a falta de
di l
divulgação
ã publicitária
bli itá i faz
f com que o Jardim
J di Botânico
B tâ i do
d Recife
R if seja
j desconhecido
d
h id pela
l
população.
Como uma forma de solução para alguns dos problemas, seria a contratação de
profissionais ainda que estagiários para que se consiga uma intensidade da exploração da
área
preservada.
Assim
como,
especialistas
na
linguagem
de
sinais
para
acompanhamento de deficientes auditivos.
Faz-se a necessidade da construção de acesso a cadeirantes às áreas de lazer
oferecidas, em que não sejam necessariamente trilhas.
5. REFERÊNCIAS
CARNEIRO, A. R. ; SILVA, A. F.; GIRÃO, P. A. O Jardim Moderno de Burle Marx: Um
Patrimônio na Paisagem do Recife; Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFPE.
MIANUTTI, J.; TEIXEIRA, L. A. A educação Informal de Ciências no Jardim Botânico
Municipal de Bauru: Um Olhar à Luz da Psicologia Sócio-Histórica; Artigo
Acadêmico.
COSTA, M. L.; PEREIRA, T. N. Os jardins botânicos brasileiros – desafios e
potencialidades; Jardins Botânicos – Artigos.
CAVASSAN, O.; SENICIATO, T.; Aulas de campo em ambientes naturais e
aprendizagem em ciências – um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciência
e Educação, v. 10, n. 1, p. 133-147, 2004
BRUNI, R. R.; PEIXOTO, A. L. Jardins Botânicos; Jardins Botânicos – Artigos.
233
26 - PROJETO TRAVESSIA SUSTENTÁVEL: POR UM MUNDO MELHOR. ONTEM FUI
UMA PET HOJE SOU?
OLIVEIRA, D. R. F. - FAINTVISA / AESVISA
[email protected]
RESUMO
A importância do desenvolvimento sustentável, que tem na sua base um ambiente
saudável para as gerações futuras, induz a pensar como as organizações poderiam
retardar esse processo de descarte, e como transformar a matéria prima em material
biodegradável. Incorporando assim, uma prática ecológica sustentável. Tendo como
premissa promover a sustentabilidade e desenvolver com os alunos envolvidos, formas de
reutilização de embalagem PET pós-consumo para confecção de materiais reaproveitáveis,
minimizando assim os impactos ambientais decorrentes das formas de disposição final,
muitas vezes inconseqüente e incorreta das embalagens. Portanto, a proposta do projeto
sa o
oferecer
e ece mecanismos
eca s os que poss
possibilitem
b e aos a
alunos
u os u
uma
a forma
o a de renda,
e da, a
através
a és da
visa
venda destes materiais confeccionados. Contou com a participação de 10 escolas
localizadas no município de João Alfredo – PE, englobando 4543 alunos distribuídos em
todos os níveis de ensino. Foram arrecadadas 3151 garrafas PETs nos estabelecimentos
de ensino e convertidas em 986 materiais reaproveitáveis, forma importante de valorizar o
trabalho reciclado e a interação saudável com o meio ambiente.
ambiente Seu percurso deixou um
rastro de interesse da comunidade e do pólo moveleiro que tornou-se muito interessado
em aderir a confecção de puffs e poltronas.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Meio Ambiente; Reaproveitamento.
1. INTRODUÇÃO
Ã
Desenvolvimento sustentável é um conceito sistémico que se traduz num modelo de
desenvolvimento global que incorpora os aspectos de desenvolvimento ambiental no
234
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
modelo de desenvolvimento sócio-econômico. Foi usado pela primeira vez em 1987, no
Relatório Brundtland, um relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, criado em 1983 pela Assembleia das Nações Unidas.
Segundo Relatório Brundtland (1983), Desenvolvimento Sustentável procura satisfazer as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e
no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de
realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos
da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
A importância do desenvolvimento sustentável, que tem na sua base um ambiente
saudável para as gerações futuras, induz a pensar como as organizações poderiam
retardar esse p
processo de descarte,, e como transformar a matéria p
prima em material
biodegradável. Incorporando assim, uma prática ecológica sustentável.
A discussão fixa-se na preocupação com o descarte dos produtos gerados pelas novas
tecnologias (NT), que desenvolveram materiais mais leves, baratos e resistentes, dentre
eles o Polietileno Tereftalado (PET).
Como a embalagem faz parte do cotidiano das pessoas que vivem na sociedade
moderna, desenvolver pesquisas para melhorar as práticas que visam à utilização,
reaproveitamento, reciclagem e descarte deste artefato, faz-se necessário.
Tendo como premissa promover a sustentabilidade e desenvolver com todos os alunos
envolvidos, formas de reutilização de embalagem PET pós-consumo para confecção de
materiais
reaproveitáveis,
minimizando
dessa
maneira
os
impactos
ambientais
decorrentes das formas de disposição final, muitas vezes inconseqüente e incorreta das
embalagens. Sendo assim, a proposta do projeto visa oferecer mecanismos que
possibilitem aos alunos uma forma de renda, através da venda destes materiais
confeccionados.
De acordo com os PCNs (1997, p. 29), a Educação Ambiental busca contribuir para a
formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade
235
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e
da sociedade, local e global.
A necessidade, do uso consciente dos materiais biodegradáveis não surge apenas como
modismo ou uso criativo das potencialidades do material. Sua necessidade atinge
diretamente uma mudança no modo de pensar e de agir, pois graças às mudanças
tecnológicas e sociais surge uma reflexão urgente para a melhoria da qualidade de vida.
Despertar essa reflexão depende muito de decisões e ações centradas em conceitos
teóricos e práticos. Medidas conscientes requerem uma visão focada em modelos
práticos que reforcem essas idéias deixando à margem a visão de conservação do meio
ambiente como algo distante.
A Educação Ambiental, promove a conscientização e esta se dá na relação entre “eu” e o
“outro”,,
pela
p
prática
p
social
reflexiva
e
fundamentada
teoricamente.
A
ação
ç
conscientizadora é mútua, envolve capacidade crítica, diálogo, a assimilação ativa da
realidade e das condições de vida (FREDERICO, 2006, p. 29).
A reciclagem é o termo genericamente utilizado para designar o reaproveitamento de
materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais
podem ser reciclados e reaproveitados,
reaproveitados os exemplos mais comuns são o papel,
papel o vidro,
vidro o
metal e o plástico. As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização
de fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de
resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incineração.
Como há um aumento cada vez maior e acúmulo de material, é urgente a ação realmente
eficiente para a eliminação das embalagens. O caminho realmente pertinente é o da
reciclagem, que poderá está atrelada a reutilização, em principio pode parecer algo fácil
de resolver, mas é preciso deixar claro que nem as pessoas muito menos as instituições
governamentais encontram-se preparadas para essa nova ação.
O conceito ideológico que permeia a definição de desenvolvimento sustentável (Fig. 1, por
exemplo) conciliando-se com a decisão de custo versus benefícios, retoma a necessidade
236
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
de repensar como produzir e aproveitar de forma eficiente os recursos, visto que estes
são escassos e as necessidades ilimitadas (SILVA, 2005, p. 16).
O
sistema
educacional
propõe
visão
esclarecida
sobre
os
meios
para
reciclagem/reaproveitamento e os caminhos para uma qualidade de vida melhor, mas se
não existe uma interação social e a ação educativa fica por vezes centrada em um campo
teórico muito afastado da realidade. Sendo isolados os conceitos o aluno não vê
necessidade de sua assimilação e todo trabalho educativo torna-se desvinculado de um
sentido realmente pertinente ao propósito que é a prática em sociedade.
Conforme Ruscheinsky (2002, p. 96), o grande desafio lançado aos educadores é vencer
a inércia do sistema e transformar a escola em um espaço capaz de formar indivíduos
para viver nessa nova era: a era sistêmica ou ecológica.
Pensar em uma mudança
ç radical da sociedade,, tendo como base uma p
perspectiva
p
ecológica, é uma utopia que não deve ser entendida como ingênua ou impossível, mas
como um conjunto de idéias que tendem a gerar atividades visando mudanças no sistema
prevalecente (REIGOTA, 2007, p. 22).
Claro que é preciso uma ação voltada às questões teóricas, pois sem elas a prática
centra se no “achismo”
centra-se
achismo e desvincula o caminho a ser seguido.
seguido As noções sobre formas de
reciclagem x reaproveitamento são extremamente pertinentes e não deixam dúvidas a
respeito não só de seus processos como também dos problemas pelo seu mau uso.
Sendo assim, é de fundamental importância reconhecer os mecanismos de sua interação.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.
A prática de análise foi realizada com os alunos do Ensino Regular e do Programa de
Aceleração de Estudos de Pernambuco – Projeto Travessia, na Escola da Rede Estadual
de Ensino: Nossa Senhora Auxiliadora (EENSA), localizada no município de João Alfredo
– PE.
O trabalho
t b lh foi
f i realizado
li d nos meses de
d Junho
J h de
d 2009 a Maio
M i de
d 2010.
2010 Nos
N dois
d i primeiros
i i
meses de início do projeto, os alunos do Ensino Regular e do Programa Travessia tiveram
237
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
palestras em todo o decorre do projeto, para a explanação de temas, como por exemplos:
desenvolvimento sustentável, reciclagem x reaproveitamento, impactos ambientais,
poluição, dentre outros, englobando desta forma temas presentes no currículo escolar.
Todo mês foram elaborados relatórios para dar prosseguimento e continuidade ao projeto.
Nos três últimos meses de 2009 foram coletadas garrafas PET pelos discentes e pela
comunidade escolar, além do mais, tivemos o envolvimento de outra escola da rede
estadual: Escola de Referência em Ensino Médio Jarina Maia; assim como, de escolas da
rede particular: Escola Nossa Senhora Aparecida, Escola Menino Jesus, Escola
Monsenhor Jonas Menezes e Silva, Escola Moura Santana e escolas da rede municipal:
Escola Cícero Moura, Escola Márcio Xavier, Escola Bento Jerônimo e Escola de Lajes;
um total de 10 escolas, todas localizadas no município de João Alfredo, mobilizando desta
forma 4543 alunos,, q
que estão distribuídos desde a creche,, ao terceiro ano do ensino
médio, ao quarto normal médio, arrecadando um total de 3151 mil garrafas PETs.
As garrafas passaram por um processo de limpeza e a partir de novembro de 2009, os
materiais começaram a ser elaborados, dentre eles: puff, poltrona, cadeira, vassoura,
portas-revistas/jornais, porta-guardanapo, porta-toalha, regador automático de plantas,
flores broches,
flores,
broches palhaços,
palhaços tic-tac,
tic tac presilha para cabelo,
cabelo totalizando 986 materiais
confeccionados pelos professores e alunos do ensino fundamental, médio e das duas
turmas do programa travessia, da EENSA (Tab. 1, por exemplo).
A culminância do projeto foi realizada nos dias 20 e 21 de maio de 2010, no pavilhão da
EENSA, para todas as escolas envolvidas, comunidade e escolas circunvizinhas. Foram
elaborados oito painéis montados no pavilhão da escola, dentre eles: Slogan do Projeto:
“Ontem fui uma PET, hoje sou?; Como posso preservar a natureza. Ações para o futuro;
Nossos Parceiros; Construindo um sonho; Recicle e preserve a vida;3 R’s; A natureza
agradece; Arte em forma de PET. Exposição de todos os materiais confeccionados pelos
alunos.
Os
visitantes
assistiram
a
vídeos
educativos
baixados
do
You
(http://www.youtube.com/?gl=BR&hl=pt), como por exemplo: Jornal Nacional –
238
Tube
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Reciclagem do PET; Iluminação a custo zero – Lâmpada de garrafa PET; Jornal Hoje –
Piscina de garrafa PET; Construindo uma casa de PET; PET de luxo; Vídeo clipe com
ações do homem na natureza.
Para comprovação do projeto foram armazenadas 822 fotografias desde seu início até
sua conclusão e filmagem no dia da culminância que contém de forma clara informações
sobre
todo
o
decorrer
do
projeto.
Foi
criado
um
blog
(ontemfuiumapethojesou.blogspot.com) que servirá como um espaço de livre fluxo de
idéias, onde se possa publicar todo o decorrer do projeto e dar continuidade ao mesmo.
Toda a metodologia utilizada realmente visou o novo foco do olhar e o renovar de
mudanças. Não há como deixar de ressaltar que em todo, é apenas um pequeno passo,
mas um rumo ao desenvolvimento e afloramento de idéias significativas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A principal mudança observada foi à formação do senso crítico e a valorização das
potencialidades dos materiais descartáveis. Assim, motivar as potencialidades cognitivas
tornou-se uma ação educativa que visa à expansão e uso na prática social do dia a dia.
O que ficou claro quando começou a exploração do conteúdo sobre reciclagem x
reaproveitamento, foi o descaso com que os alunos olharam o tema, pois como o
município de João Alfredo se estabelece basicamente na zona rural, tem-se a falsa idéia
de que a preservação ambiental não é necessária, uma vez que não há perigo de
inundações ou entupimento de bueiros. Infelizmente a ideologia que vigora é a de que só
é necessária uma ação quando se está com o problema à frente.
Assim a questão prática surgiu como apoio à formação do novo conceito de preservação
e estabeleceu-se em sala de aula a montagem da oficina de reciclagem, visando formas
de reaproveitar as garrafas PETs em materiais para uso. Surgiu assim um novo horizonte
para a formação da significação e estabeleceu-se um querer legitimado por parte dos
alunos. A curiosidade também foi algo muito aproveitado uma vez que a montagem de
239
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
cada objeto potencializava uma fonte nova de informações e de reflexão. Afinal foram 986
materiais confeccionados, a partir de 3151 garrafas arrecadadas, mobilizando desta forma
4543 alunos.
Não há como deixar de registra que durante esses processo também fortaleceu-se o
sentido de interação do grupo e conseqüentemente o trabalho tornou-se mais
significativo. As oficinas proporcionaram não só a formação de novas habilidades, mas
também a melhoria da auto-estima dos discentes. De todos os materiais arrecadados
foram confeccionados os mais variados tipos de objetos, desde utensílios domésticos
para decoração até materiais de uso pessoal. O que mais chamou a atenção foram os
puffs, as cadeiras e as poltronas. O resultado de todos esses esforços resultou na
culminância do projeto e na criação de um blog, cuja principal função é incentivar outras
pessoas a p
p
produzirem os objetos
j
e a deixar no ambiente comentários p
para o
aprimoramento de idéias e consequentemente discussões a cerca de temas relacionados
à preservação ambiental, tendo a sustentabilidade legitimamente atrelada a todo o
processo, despertando o interesse de demais unidades de ensino para com a proposta.
O mais interessante era a mudança perceptiva que surgiu ao longo do projeto e como
houve uma nova forma de se encarar o PET e seu uso.
uso A partir daí buscou-se
buscou se reformular
através de medidas simples a exploração do conceito de educação ambiental e de como
o mesmo significa uma mudança de comportamento possível.
Figura 1. Esquema representativo dos vários componentes do
desenvolvimento sustentável. Fonte: Silva (2005, p. 16)
240
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
4. CONCLUSÃO
A educação ambiental é uma nova proposta educacional para levar o
cidadão à reflexão do que é necessário para melhorar a qualidade de vida preservando o
meio ambiente.
O principal argumento para reforçar o projeto foi à necessidade de validar práticas a
disciplina, uma vez que ficou claro que os conteúdos abordados não chamavam a
atenção por se darem apenas no campo teórico.
teórico Outro ponto que provocava a
desatenção era a distância que se distendia entre o conteúdo e a vida prática. Assim
nasceu o embrião do projeto, que a principio seria algo simples só para efeito escolar e
acabou atingindo dez escolas do município de João Alfredo. O mesmo teve duração de
onze meses e em seu percurso deixou um rastro de interesse da comunidade e do pólo
moveleiro
l i que tornou-se
t
muito
it interessado
i t
d em aderir
d i a confecção
f
ã de
d puffs
ff e poltronas.
lt
O
Os
alunos envolveram-se tanto na campanha que foram arrecadadas 3151 garrafas e
convertidas em 986 materiais.
241
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
A visão que se quis transmitir é a de que preservar a natureza não é algo difícil ou fora da
realidade, mas que deve existir um querer para sua realização e uma profunda
consciência social.
social Já dizia Antonie Lavoisier: “Na
Na natureza nada se perde,
perde nada se cria,
cria
tudo se transforma.”
5. REFERÊNCIAS
FREDERICO, C, B. Trajetória e fundamentos da Educação Ambiental. 2 ed. São
Paulo: Cortez,
Cortez 2006.
2006
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Meio Ambiente e Saúde Temas
transversais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC. SEF, 1998.
REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
RUSCHEINSKY, A. Educação Ambiental: Abordagens múltiplas. 1 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
SILVA, C. L.; MENDES, J. T. G. Reflexões sobre o desenvolvimento sustentável.
Agentes e interações sob a ótica multidisciplinar. Editora Vozes. PETRÓPOLIS, 2005,
p. 16.
YOU
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Construindo
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PET.
Disponível
<http://www.youtube.com/watch?v=EVWRHt7tYlI>. Acesso em: 13 mar. 2010.
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2010
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Disponível
<http://www.youtube.com/watch?v=slH_2gtvXKU>. Acesso em: 13 mar. 2010.
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______. Jornal Nacional. Piscina feita de garrafas PET. Disponível
<http://www.youtube.com/watch?v=0pcjbm_tpJ4>. Acesso em: 13 mar. 2010.
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Disponível
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<http://www.youtube.com/watch?v=qPywR0aDl9U&feature=PlayList&p=D6D2E8ADCDE4
htt //
t b
/ t h?
P R0 Dl9U&f t
Pl Li t& D6D2E8ADCDE4
B584&playnext_from=PL&playnext=1&index=4>. Acesso em: 13 mar. 2010.
242
27 - DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS ACIDENTES OFÍDICOS DE IMPORTÂNCIA
MÉDICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO ATENDIDOS NO CEATOX-HR (1992-2009)
José Arturo Costa Escobar1, Juliana Mendes Correia2, Pedro de Lima Santana Neto3,
Milena Sardou Sabino Pinho3, Maria Lucineide Porto Amorim3
1Programa
g
de Pós-Graduação
ç
em Psicologia
g
Cognitiva,
g
, Universidade Federal de
2
Pernambuco, Recife-PE, Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami, Universidade
Federal de Pernambuco, Recife-PE, 3Centro de Assistência Toxicológica, Hospital da
Restauração, Recife-PE.
RESUMO
Acidentes ofídicos caracterizam-se como problema de saúde pública, causando danos e
sofrimento ao acidentado, podendo levar a óbito. Estima-se uma média de 20000
acidentes/ano no Brasil, a maioria provocada por serpentes do gênero Bothrops. Os
levantamentos epidemiológicos em Pernambuco são incompletos, e aqueles voltados aos
protocolos do CEATOX-HR encontram-se atualmente defasados. Nosso estudo atualiza o
peçonhentos
ç
atendidos desde a
conhecimento acerca de todos os acidentes ofídicos p
fundação do referido centro toxicológico, e lança nova luz na compreensão dos padrões de
acidentes no estado. No período de 1992-2009 foram atendidos 821 casos de importância
médica, média de 45,6 casos/ano. Os acidentes crotálicos predominaram nas cidades
abrangidas pela I Gerência Regional de Saúde (GERES), enquanto os acidentes
botrópicos aumentam em frequência nas cidades distantes da Zona da Mata,
Mata em regiões
áridas. Mais da metade dos casos atendidos no CEATOX foram oriundos de cidades
abrangidas por outras GERES. Os casos de óbito se deveram principalmente a fatores
como o tempo levado desde o acidente ao atendimento, à distância de deslocamento e a
faixa etária, do que pelo gênero de serpente envolvida no acidente. Evidencia-se aqui a
necessidade de um levantamento mais amplo, a fim de elucidar completamente o ofidismo
no estado de Pernambuco.
Palavras-Chave: Ofidismo; Epidemiologia; Viperidae.
243
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
1. INTRODUÇÃO
Os acidentes ofídicos representam um grave problema de Saúde Pública devido à ação
de suas peçonhas sobre o organismo, com risco de óbito. Há no Brasil quatro gêneros de
elevada importância médica: Crotalus (cascavéis), Bothrops (jararacas), Lachesis
(surucucus) e Micrurus (corais-verdadeiras). Estes gêneros apresentam 16% de espécies
peçonhentas ocorrentes no território nacional que provocam envenenamentos com
necessidades de intervenções médicas apropriadas (Herpetologia, 2009; Lira-Da-Silva,
Mise, Casais-E-Silva et al., 2009).
Cerca de 20000 acidentes ofídicos são registrados anualmente no Brasil (13,5/100000
hab.), sendo 12,7% destes na Região Nordeste (6,84/100000 hab.). No entanto, o
Nordeste apresenta maior taxa de mortalidade (0,81%), sendo a taxa de letalidade
nacional de 0,45%.
,
Os acidentes botrópicos
p
constituíram 73,1%
,
da totalidade de
acidentes no Brasil (ou 90,5%, considerando apenas os acidentes de importância
médica). A letalidade nacional por gênero de serpentes foi de 1,87% para Crotalus,
seguido de Bothrops (0,31%), Lachesis (0,95%) e Micrurus (0,36%) (Ministério Da Saúde,
1999).
Segundo dados do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação),
Notificação) no
período de 1999-2003, o Nordeste apresentou 15345 casos de acidentes por serpentes,
em média 3069 casos/ano, com incidência de 4,57 casos/100000 habitantes. A Bahia foi o
estado que apresentou maior número de casos e maior incidência média, seguida do
Maranhão, Alagoas, Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte.
Os estados com maiores taxas de letalidade foram Rio Grande do Norte, Piauí e
Pernambuco (Lira-Da-Silva, Mise, Brazil et al., 2009). É importante salientar a
incompletude da inserção de informações dificultando o conhecimento epidemiológico dos
acidentes ofídicos (Bochner e Struchiner, 2002; Albuquerque, Fernandes et al., 2005; LiraDa-Silva, Mise, Brazil et al., 2009).
Estudos epidemiológicos anteriores no estado de Pernambuco indicaram taxa de 47% de
acidentes botrópicos na Região Metropolitana do Recife, com letalidade de 0,6%, em
244
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
1992-1994 (Guarnieri, Andrade et al., 1996). Levantamentos mais abrangentes no estado
com dados do SINAN registraram média de 313,3 acidentes/ano (1995-1997). A
incidência estadual foi calculada como sendo 4,23/100000 hab. Foi observada prevalência
de acidentes botrópicos no estado de 58,5%, seguido dos acidentes crotálicos de 13,5%,
elapídicos (2%) e laquéticos (0,4%). Em 25% dos casos não foi informado o gênero
causador do acidente e 0,6% dos casos foi provocado por serpentes não peçonhentas.
Desconsiderando os casos não informados e não peçonhentos, os acidentes botrópicos
constituíram 78,7% e os crotálicos 18%, sendo o primeiro prevalente em todas as antigas
DIRES (Diretorias Regionais de Saúde). A letalidade no estado foi de 0,85%, sendo 0,72%
para Bothrops e 2,38% para Crotalus (Aquino, 1999).
Levantamentos epidemiológicos dos acidentes ofídicos peçonhentos em outros estados
do Nordeste apresentaram
p
todos a p
prevalência de casos p
provocados p
pelo g
gênero
Bothrops em relação aos acidentes por Crotalus (Feitosa, Melo et al., 1997; Albuquerque,
Costa et al., 2005; Albuquerque, Fernandes et al., 2005; Mise, Lira-Da-Silva et al., 2007;
Lemos, Almeida et al., 2009).
Visto a escassez de conhecimento epidemiológico de acidentes ofídicos no Nordeste e no
estado de Pernambuco,
Pernambuco o presente estudo representa um passo na direção do
conhecimento pleno dos acidentes ofídicos no estado, considerando um mapeamento por
municípios e por tipos de acidentes em todos os registros ofídicos na I Gerência Regional
de Saúde (GERES), centro de referência no atendimento toxicológico, abrangendo 10,3%
da totalidade de municípios do estado. Dessa maneira foi objetivo do estudo apresentar
os resultados referentes aos acidentes ofídicos quanto ao ano de ocorrência, tipos de
serpentes envolvidas e distribuição espacial no estado, discutindo com os escassos
estudos epidemiológicos do estado, sendo parte dos resultados do levantamento
epidemiológico dos acidentes registrados no CEATOX-HR (I GERES), realizado por nosso
grupo de pesquisas.
245
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estado de Pernambuco apresenta 11 Gerências Regionais de Saúde (GERES)
distribuídas por todo o território estadual (Figura 1-A).
1 A) Essas são responsáveis por
oferecer o tratamento adequado às intoxicações diversas ocorridas nas cidades
abrangidas por cada unidade, inclusive para aquelas provocadas por acidentes com
animais peçonhentos. O estado de Pernambuco é também subdividido em seis diferentes
regiões bioclimáticas: Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste, Sertão e São
Francisco (Figura 1-B). Os casos de acidentes ofídicos do presente estudo foram
levantados a partir dos registros de protocolos do Centro de Assistência Toxicológica do
Hospital da Restauração (CEATOX-HR), localizado na cidade do Recife, Pernambuco,
Brasil, indexado a I Gerência Regional de Saúde (I GERES), unidade de abrangência aos
casos de intoxicação em 10,3% das cidades do estado (n= 19) (Ministério Da Saúde,
2007). Cabe considerar que o CEATOX-HR é o centro de excelência no atendimento
ofídico. Consideramos os protocolos de acidentes no período de 1992-2009, perfazendo
todos os acidentes ofídicos de importância toxicológica registrados desde a fundação do
CEATOX-HR até o momento atual.
A
B
Figura 1. A) Distribuição dos municípios do estado de Pernambuco quanto às Gerências Regionais de Saúde
(GERES). Legenda: I, verde claro; II, azul escuro; III, amarelo; IV, lilás; V, vermelho; VI, azul claro; VII, roxo;
VIII, rosa choque; IX, verde escuro; X, marrom, e XI, azul acinzentado. B) Divisão bioclimática no estado de
Pernambuco. Legenda: Região Metropolitana, roxo; Zona da Mata, marrom (inclui a Região Metropolitana);
Agreste, rosa claro; Sertão, amarelo; São Francisco, verde claro.
Casos de acidentes ofídicos não-peçonhentos ou sem importância médica foram
excluídos da análise. A presente análise de dados buscou identificar os casos
apresentados pelo CEATOX-HR de acordo com as cidades e GERES de origem dos
acidentes, ano, sazonalidade, tipos de serpentes envolvidas e óbitos. Os dados foram
analisados no pacote estatístico SPSS versão 13.0.
246
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período de 1992-2009 foram notificados 821 casos de acidentes causados por
serpentes peçonhentas no CEATOX-HR,
CEATOX HR atendendo em média 45,6
45 6 casos/ano.
casos/ano A maioria
foi provocada pelo gênero Crotalus (n= 524; 63,8%), seguido de Bothrops (n=234; 28,5%),
Lachesis (n= 20; 2,4%) e Micrurus (n= 7; 0,9%). Em 36 casos não foi informado o tipo de
serpente envolvida, constituindo um total de 4,4%. A subnotificação foi baixa em
comparação com outros estudos (Feitosa, Melo et al., 1997; Albuquerque, Costa et al.,
2005; Albuquerque, Fernandes et al., 2005; Lemos, Almeida et al., 2009). Acidentes
oriundos de outros estados também foram atendidos no CEATOX-HR (4,5% do total).
Considerados apenas os acidentes ocorridos nas cidades abrangidas pela I GERES
observamos a frequência de 352 acidentes (42,87% do total de casos registrados). Os
acidentes crotálicos foram prevalentes (77%), seguido dos botrópicos (15%), elapídicos e
laquéticos, com taxas iguais (1%). Em 6% dos casos não foi informado o gênero da
serpente. A taxa anual de acidentes na I GERES foi 19,56 casos/ano (0,49/100000
habitantes). A incidência para as demais GERES não foi calculada visto que não foram
coletados dados dos acidentes de outras unidades de tratamento, e a apresentação
desses resultados apenas
p
se demonstrarão confusos e irreais.
Segundo Aquino (1999), os acidentes botrópicos predominaram no estado (78,7%) e na I
DIRES (65,4%). Nossos resultados mostraram predominância de acidentes por cascavéis,
também prevalentes na I GERES (86%), no período de 1995-97. Tal discrepância entre
este estudo e nossos resultados pode ser explicado devido ao número de cidades
indexadas na I DIRES anteriormente,
anteriormente cuja divisão de municípios diferenciava-se
diferenciava se das
atuais GERES. O mesmo autor verificou que a I DIRES apresentou média de 33
casos/ano, o dobro do encontrado em nosso estudo (1/100000 hab.). Não foi possível
localizar documentos com a distribuição dos municípios pernambucanos de acordo com
as DIRES utilizadas no trabalho de Aquino (1999).
A sazonalidade dos acidentes indicou maior freqüência de março a maio, representativos
46,6% dos casos nos dezoito anos investigados. Tais dados foram semelhantes às
247
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
sazonalidades apresentadas por Aquino (1999), que encontrou o maior número de
acidentes (40,2%) nos mesmos meses. Nossos resultados mostram que acidentes
crotálicos se concentram nos meses de março a maio,
maio botrópicos,
botrópicos mais esparsos,
esparsos entre
abril e agosto. Os acidentes laquéticos, nos meses de março a maio e setembro a
outubro, enquanto elapídicos ocorreram entre setembro e dezembro (Figura 2).
Figura 2. Distribuição dos acidentes ofídicos atendidos no CEATOX-HR (I GERES) no período de 1992 a
2009, segundo o ano de atendimento, mês e gêneros de serpentes envolvidas, n= (C= Crotalus, B= Bothrops,
L= Lachesis, M= Micrurus e NI= Não Informado).
Para verificar diferenças entre os gêneros de serpentes causadoras de acidentes e suas
interações com os anos, realizamos análises de variância (Kruskal-Wallis) considerando
como fator principal a variável Tipo de Acidente (4: crotálico, botrópico, laquético e
elapídico) e variável dependente Ano (18: 1992 a 2009). Nesta análise excluímos os
casos onde o tipo de acidente não foi informado (n= 785).
785) Encontramos diferenças
estatisticamente significativas para a interação entre tipo de acidente e ano (χ2= 13,795;
g.l.= 3; p= 0,003). Análises a posteriori de Mann-Whitney U mostraram diferenças
significativas apenas entre os acidentes provocados por Crotalus e Bothrops (p= 0,001).
Considerando que os acidentes ofídicos tratados no CEATOX-HR deveriam se restringir
para as cidades pernambucanas abrangidas pela I GERES, observamos que mais da
metade dos casos (52,6%) provêm de outras cidades abrangidas pelas demais GERES,
248
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
sendo 4,5% dos casos oriundos de outros estados (n= 37), 42,9% dos casos (n= 352)
oriundos da I GERES e em 3% dos casos (n= 25) não foi informado a GERES de origem.
Aquino (1999) observou elevado número de casos atendidos no CEATOX-HR
CEATOX HR oriundos de
outras DIRES (39,6%). Nenhum acidente foi registrado em cidades abrangidas pela VIII
GERES.
Com o intuito de identificar as diferenças entre a variável GERES em relação ao tipo de
acidente, realizamos análise de variância (Kruskal-Wallis) considerando a variável GERES
como fator principal e Tipo de Acidente como variável dependente. A interação entre a
GERES e o tipo de acidente foi estatisticamente significativa (χ2= 178,009; g.l.= 10;
p<0,001). Análises a posteriori de Mann-Whitney U revelaram diferenças entre a I e II, IV,
V e VI GERES e outros estados (p<0,001); I e X e XI GERES (p<0,01); II e III GERES
(p<0,001), III e IV, V, VI, X e XI GERES e outros estados (p<0,001); e, VI e VII GERES
(p= 0,015). Tais achados demonstram a prevalência dos acidentes ofídicos de acordo com
a divisão bioclimática das regiões no estado, o que pode orientar a distribuição do soro
antiofídico nas unidades de tratamento em cada GERES, bem como facilitar a
identificação e tratamento dos acidentes (Tabela 1).
Tabela 1.
1 Distribuição dos acidentes ofídicos atendidos no CEATOX-HR
CEATOX HR no período de 1992 a 2009,
2009 de
acordo com o tipo de acidente e as GERES de origem dos acidentes. (*NI= não informado).
249
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Podemos caracterizar que a prevalência de acidentes crotálicos na Zona da Mata, ou dos
acidentes botrópicos nas regiões áridas (Agreste e Sertão) deve-se à predominância de
espécies de acordo com o clima.
clima Nossos resultados se diferenciam daqueles
apresentados por Aquino (1999) no sentido de que o autor observou maior número de
acidentes botrópicos em todas as regiões bioclimáticas, no entanto, corroboram com o
número de acidentes botrópicos nas regiões áridas. Os últimos levantamentos sugerem
que os acidentes crotálicos apresentavam uma taxa de aumentos capaz de superar os
acidentes botrópicos na Zona da Mata (Guarnieri, Andrade et al., 1996; Aquino, 1999), o
que está sendo evidenciado no presente estudo.
Desde a fundação do CEATOX-HR, o ano de 2003 apresentou a maior taxa de acidentes.
Os acidentes crotálicos prevaleceram em praticamente todos os anos e apenas em 2005
os acidentes botrópicos ultrapassaram os crotálicos. Observamos no período pesquisado
a ocorrência de acidentes em 114 cidades pernambucanas (61,6% de todos os
municípios), com maior frequência de casos em Cabo de Santo Agostinho (52 casos),
Jaboatão dos Guararapes (51 casos) e Recife (48 casos), abrangidas pela I GERES. Os
acidentes elapídicos foram raros (n=7), apenas nas cidades de Bonito (IV GERES),
Macaparana
p
((II GERES),
), Cabo de Santo Agostinho,
g
, Jaboatão dos Guararapes,
p , Recife e
São Lourenço da Mata (I GERES), cada uma com um caso, sendo um não informado a
cidade de origem. Os acidentes laquéticos ocorreram em 11 cidades, a maioria
pertencentes às GERES I e III. Em Lagoa do Ouro (V GERES), Santa Cruz da Baixa
Verde (XI GERES) e Timbaúba (II GERES) prevaleceram os acidentes laquéticos. A
maioria dos acidentes elapídicos e laquéticos ocorreu na Região Metropolitana e Zona da
Mata, e apenas a cidade de Jaboatão dos Guararapes apresentou ocorrência de ambos
os tipos de acidentes. Também foi observada a ocorrência de acidente elapídico em uma
cidade do Agreste, bem como acidentes laquéticos foram observados em uma cidade do
Agreste e uma do Sertão (Figura 3-A).
A prevalência de acidentes crotálicos ocorre em praticamente todas as cidades,
entretanto, em 43 destas os acidentes botrópicos foram mais freqüentes. A II, IV, V, VI e X
250
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
GERES apresentaram prevalência de acidentes botrópicos sobre os crotálicos. Na I
GERES apenas a cidade de Goiana apresentou maior numero de acidentes botrópicos.
Os Acidentes botrópicos se estenderam desde a Região Metropolitana e Zona da Mata,
Mata
concentrando-se principalmente em cidades do Agreste, Sertão e São Francisco (Figura
3-B). Os acidentes crotálicos concentraram-se nas cidades da Região Metropolitana e
Zona da Mata, embora tenham sido observados casos no Agreste, São Francisco e
Sertão, em menor proporção que os acidentes botrópicos. Os acidentes crotálicos foram
prevalentes na I, III, VII e IX GERES (Figura 3-C).
Em recente publicação sobre os levantamentos de serpentes de interesse médico na
Região Nordeste é citado ocorrência de cinco espécies de jararacas no estado de
Pernambuco (Bothrops erythromelas, B. leucurus, B. lutzi, B. moojeni e Bothriopsis
bilineata), uma única espécie de cascavel (Crotalus durissus cascavella) e surucucu
(Lachesis muta), além de três espécies de corais-verdadeiras (Micrurus coralinus, M.
ibiboboca e M. lemniscatus), representando 17% das espécies peçonhentas do país.
Cabe notar também que C. durissus cascavella, B. erythromelas e B. leucurus são
espécies cosmopolitas nos estados nordestinos (Lira-Da-Silva, Mise, Casais-E-Silva et al.,
2009).
) Nossos resultados p
possibilitam especular
p
que as espécies
q
p
responsáveis
p
pelos
p
acidentes botrópicos na Zona da Mata devem ser B. moojeni e B. leucurus, e no Agreste e
Sertão por B. erythromelas. Na região do São Francisco é possível que os casos sejam
devidos a B. lutzi e B. erythromelas. Os acidentes elapídicos ocorrentes na Zona da Mata
devem ser ocasionadas por M. lemniscatus, enquanto os poucos casos das regiões áridas
devem envolver M.
M ibiboboca (Soares-Da-Silva,
(Soares Da Silva 2001; Lira-Da-Silva,
Lira Da Silva Mise,
Mise Casais-E-Silva
Casais E Silva
et al., 2009). As serpentes citadas acima, juntamente com demais espécies nãopeçonhentas de interesse médico provocam os diversos acidentes em Pernambuco
(Ministério Da Saúde, 1999; Correia, Santana-Neto et al., 2010).
251
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
A
B
C
Foram notificados 12 óbitos nos casos atendidos no CEATOX-HR de 1992-2009, sendo
58,3% (n= 7) provocados por serpentes do gênero Crotalus. Os óbitos por Bothrops
aconteceram em cidades da II (n= 1), IV (n= 3) e XI GERES (n= 1). Os acidentes
crotálicos provocaram mortes em cidades da I (n=2), III (n= 1), IV (n= 1), V (n= 1), VII (n=
1)) e XI GERES ((n= 1).
) Análises de variância ((Kruskal-Wallis)) foram realizadas
considerando a variável independente Óbito (2: não e sim) e variáveis dependentes Sexo
(3: não informado, masculino e feminino), Ano (18: 1992 a 2008), Tipo de Acidente (5: não
informado, crotálico, botrópico, elapídico e laquético), GERES (13: não informado, I, II, III,
IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI e outros estados), Tempo decorrido do acidente (4: não
informado < 2h,
informado,
2h 2-4h
2 4h e > 6h) e Idade (6: não informado,
informado < 15,
15 16-29,
16 29 30-44,
30 44 45-59
45 59 e >
60). Observamos diferenças estatisticamente significativas para as interações entre Óbito
e Tempo decorrido do acidente (χ2= 6,272; g.l.= 1; p= 0,012), Óbito e GERES (χ2= 7,098;
g.l.= 1; p= 0,008) e Óbito e Idade (χ2= 8,928; g.l.= 1; p= 0,003).
Observamos que seis acidentes fatais aconteceram em pessoas com mais de 60 anos,
quatro desses provocados por Bothrops. Um acidente botrópico fatal ocorreu na faixa
etária de 45-59 anos. Um acidente crotálico fatal aconteceu na faixa etária < 15 anos e
252
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
quatro acidentes crotálicos fatais acontecerem em faixa etária entre 16 a 44 anos. Assim,
os acidentes fatais decorrem da demora no atendimento e tratamento devido às
distâncias de deslocamento dos acidentados,
acidentados bem como da idade,
idade sendo mais
susceptíveis a óbito os idosos, fato também apontado por outros autores (Aquino, 1999;
Albuquerque, Costa et al., 2005).
4. CONCLUSÃO
Os acidentes crotálicos prevaleceram nos casos registrados no Centro de Assistência
Toxicológica do Hospital da Restauração, unidade responsável pelo atendimento dos
acidentes na I Gerência Regional de Saúde, prevalecendo na Zona da Mata, enquanto os
acidentes botrópicos, nas regiões mais áridas.
Os acidentes elapídicos e laquéticos se concentraram na Zona da Mata.
As unidades de tratamento ofídico no interior de Pernambuco necessitam de maior
divulgação nos municípios pernambucanos, visto o elevado número de casos tratados no
CEATOX-HR, oriundos de municípios abrangidos por outras GERES.
Os óbitos provocados por serpentes dos gêneros Bothrops e Crotalus devem-se a fatores
como demora no atendimento e idade,, sendo maiores de 60 anos os mais susceptíveis.
p
Os dados epidemiológicos acerca dos acidentes ofídicos em todo o estado encontram-se
desatualizados, no entanto, o presente estudo representa um avanço com vistas a obter
no futuro o conhecimento pleno do ofidismo no Estado. É necessário priorizar a
qualificação e atualização de equipes de epidemiologia com intuito de atingir esse fim.
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254
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