UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU" EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL ENFERMIDADES DOS PEIXES Beatriz Gueiros Nunes Rio de Janeiro, fev. 2007 BEATRIZ GUEIROS NUNES Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal ENFERMIDADES DOS PEIXES Trabalho monográfico do curso de pós-graduação "Lato Sensu" em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção de título de Especialista em Higierne e Inspeção de Produtos de Origem Animal, sob a orientação do Prof. Sergio Carmona de São Clemente. Rio de Janeiro, fev. 2007 ENFERMIDADES DOS PEIXES Elaborado por Beatriz Gueiros Nunes Aluna do Curso de Especialização “Lato sensu” em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal Foi analisado e aprovado com grau: ............................. Rio de Janeiro,_____de_____________________de_______. _______________________________ Professor Dr.: Sergio Carmona de São Clemente Rio de Janeiro, fev. 2007 ii SUMÁRIO 1 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................6 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................8 ENFERMIDADES VÍRICAS ................................................................................8 2.1.1 Viremia Primaveral de Carpa ...................................................................9 2.1.2 Necrose Hematopoiética Viral................................................................10 2.1.3 Septicemia Hemorrágica Viral ...............................................................11 2.1.4 Necrose Eritrocitária dos Peixes.............................................................12 2.1.5 Necrose Pancreática Viral ......................................................................12 2.1.6 Outras Enfermidades de Origem Vírica .................................................13 2.2 ENFERMIDADES BACTERIANAS DOS PEIXES. ...............................................13 2.2.1 Enfermidades causadas por Aeromonas .................................................14 2.2.2 Furunculose ............................................................................................14 2.2.3 Septicemia Hemorrágica ........................................................................15 2.2.4 Columariose............................................................................................15 2.2.5 Corinebacteriose .....................................................................................16 2.2.6 Micobacteriose .......................................................................................17 2.2.7 Outras Enfermidades Bacterianas...........................................................17 2.3 ENFERMIDADES FÚNGICAS ...........................................................................18 2.3.1 Saprolegniose .........................................................................................18 2.3.2 Ictiofonose ..............................................................................................19 2.3.3 Branquiomicose ......................................................................................19 2.4 ENFERMIDADES PARASITÁRIAS ...................................................................20 2.4.1 Amilodiniose ..........................................................................................20 2.4.2 Ichthyobodose.........................................................................................20 2.4.3 Ictiofitiríase.............................................................................................21 2.4.4 Criptocarionose.......................................................................................22 2.4.5 Chilodonellose ........................................................................................22 2.4.6 Myxobollose ...........................................................................................22 2.4.7 Outros Protozoários ................................................................................23 2.5 HELMINTOS ECTOPARASITAS de BRÂNQUIAS .............................................24 2.5.1 Matacercariose........................................................................................24 2.6 OUTRAS HELMINTOSES .................................................................................24 2.6.1 Nematóides .............................................................................................24 2.6.2 Acantocéfalos .........................................................................................25 2.6.3 Cestóides.................................................................................................26 2.7 ENFERMIDADES CAUSADAS POR CRUSTÁCEOS ...........................................27 2.7.1 Argulose .................................................................................................27 2.7.2 Laernaeose ..............................................................................................27 2.8 ENFERMIDADES NÃO INFECCIOSAS .............................................................28 2.8.1 Doenças Nutricionais..............................................................................28 2.9 TRATAMENTOS ..............................................................................................31 2.9.1 Cloreto de Sódio .....................................................................................31 2.9.2 Acriflavina (Tripaflavina neutra)............................................................32 2.9.3 Solução de Amoníaco e Cloreto de Amônia. .........................................32 2.1 2.9.4 Formol ....................................................................................................33 2.9.5 Azul de Metileno ....................................................................................33 2.9.6 Permanganato de Potássio ......................................................................34 2.9.7 Inseticidas ...............................................................................................34 2.9.8 Antibióticos ............................................................................................35 2.9.9 Flagyl......................................................................................................35 2.9.10 Óxido de Di N- Butil Estanho ................................................................36 3 CONCLUSÃO........................................................................................................37 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................38 INTRODUÇÃO A piscicultura é um tipo de exploração animal que vem se tornando cada vez mais importante como fonte de proteínas para o consumo humano. O Brasil se insere no contexto internacional como um dos países com grande potencial para a piscicultura, pois além de possuir um vasto território, suas condições climáticas favorecem o implemento de cultivos de peixe de água doce. Observa-se cada vez mais o aumento no número de espécies a serem cultivadas, além da realização de pesquisas intensivas sobre novas espécies passíveis a serem criadas em cativeiro. Os cultivos de peixes podem ser feitos de três maneiras: regimes extensivos, semi – intensivos e intensivo. No primeiro caso ocorre apenas um pequeno aumento em relação à produtividade natural, tratando-se de uma cultura de pequena intensidade, com baixas densidades populacionais e na qual não se utiliza alimentação artificial. Já na piscicultura intensiva as culturas são de grande intensidade, implicando em densidades populacionais muito elevadas e em grande aumento de produtividade quando comparadas com as populações naturais. Neste tipo de piscicultura é usada basicamente alimentação artificial. Nas explorações semi-intensivas verificam-se características intermediárias entre as anteriores, e nelas os peixes obtêm alimento natural complementado por rações artificiais. Em qualquer dos casos observam-se modificações no sistema, que são de pouca expressão nas pisciculturas extensivas e extremamente pronunciadas no caso de intensivas. Todas as grandes concentrações de animais constituem sempre um fator que favorece o aparecimento de doenças, e os peixes não são exceção. Altas concentrações de peixe constituem em um ambiente favorável a surtos epizoóticos, devidos à presença de diferentes organismos patogênicos, que em condições naturais, teriam expressão mínima. Nessa situação esses patógenos passam a ter sua transmissão grandemente facilitada, ocorrendo um aumento na possibilidade de continuação do ciclo de vida. Esse processo, aliado a intensas atividades reprodutivas dos patógenos, necessariamente terá que ser impedido, pois poderá atingir níveis que se mostram incompatíveis para os hospedeiros. Além disso nesse regime de confinamento, os peixes ficam submetidos a um estresse crônico, resultante, entre outras causas, da alta densidade, da manipulação inerente aos cultivos e da degradação da qualidade da água por produtos estranhos ou produtos de excreção. Todos esses fatores refletem-se na homeostasia dos peixes, que fica mais ou menos limitada, de acordo com a intensidade dos estímulos que são submetidos. Este conjunto de estímulos, agindo sobre os vários sistemas biológicos e provocando uma reação a esses mesmos estímulos, tem como conseqüência, por parte dos animais enfraquecidos, respostas que implicam uma maior sensibilidade e menor resistência às infecções.Esses organismos em condições normais não seriam capazes de constituir uma grave ameaça ao sucesso das explorações. Sendo assim, é possível perceber que a grande maioria dos problemas sanitários que se colocam aos piscicultores são os provenientes da ação de vários fatores. Destes provém a complexidade que por vezes apresentam e que se reflete na dificuldade de definir as medidas profiláticas e terapêuticas adequadas. Este trabalho tem por objetivo apresentar algumas enfermidades relacionas aos peixes com intuito de contribuir para que não só as doenças relacionadas aos peixes bem como as zoonoses transmitidas por eles sejam divulgadas e assim combatidas, evitando surtos de doenças transmitidas por alimentos. REVISÃO DE LITERATURA ENFERMIDADES VÍRICAS Os vírus são agentes infecciosos, infinitamente pequenos, medindo cerca de 20 a 30 nm, não possuem metabolismo próprio. São constituídos se DNA ou RNA e somente se multiplicam dentro da célula do hospedeiro. Para a sua reprodução, penetram na célula do hospedeiro e utilizam o seu metabolismo. Sendo assim, torna-se impossível, em uma doença por eles causada, atacá-los medicamentosamente, sem matar a célula hospedeira. A sua inativação é feita através de anticorpos ou interferon. Os anticorpos inativam o vírus circulante e, quando o vírus abandona uma célula para paralisar outra, ocorre a atuação do interferon, impedindo sua reprodução. Porém, quando o sistema imunológico do animal encontra-se imunodeprimido, esse mecanismo torna-se deficiente e o vírus afeta outras células, provocando diferentes tipos de reações no organismo. Primeiramente, pode o peixe não exibir sinais clínicos, porém trata-se de um indivíduo portador, que está eliminando o vírus e, desse modo pode infectar outros peixes, ou ainda o hospedeiro desenvolve a enfermidade não resiste e vai á óbito ou então pode curar-se e ás vezes tornar-se também portador. Os vírus afetam principalmente as primeiras fases da vida dos peixes, sendo assim os ovos, as larvas e os alevinos são mais susceptíveis. Quando ocorre dos vírus infectarem os ovos, podem os peixes recém-eclodidos, apresentarem sinais clínicos da doença, enquanto que os adultos poderão sofrer infecção sem sintomas aparentes. Clinicamente as enfermidades víricas podem se apresentar como uma infecção geral, uma infecção local ou até mesmo ser assintomática. Quando a infecção se torna geral afeta a maior parte dos órgãos e tecidos, principalmente o sistema hematopoiético e o rim. Nas ditas locais, há um determinado tropismo por um tecido ou órgão específico, e nas viroses classificadas como assintomática, a infecção somente é descoberta por ocasião de controles virológicos sobre peixes aparentemente sadios. Segundo KINKELIN et al (1984), nas regiões de águas quentes, os vírus não constituem os principais agentes patógenos, a não ser o herpesvírus do peixe do gato e o vírus da bronquionefrite das enguias, que provocam alterações clínicas graves, porém permanecem limitados em suas repartições geográficas, o primeiro nos EEUU, e o segundo, no Extremo Oriente. Portanto, a sua disseminação deve ser impedida mediante a medidas profiláticas severas. As infecções gerais podem ser causadas por rabdovírus, herpesvirus e irdovirus. Os rabdovírus abrigam os principais vírus: da viremia primaveral da carpa (VPC); da septicemia hemorrágica viral (SHV); da necrose hematopoiética infecciosa (NHI), entre outros. Dentro da família dos herpesvirus pode-se destacar o herpesvírus do papiloma dos ciprínideos (Schubert, 1966), o herpesvírus do peixe gato ou herpesvírus dos salmonídeos (Wolf, 1983). Existem, ainda, muitos vírus sem classificação, como é o caso do vírus responsável pela necrose pancreática, vírus da necrose eritrocitária; vírus da necrose branquial da carpa; vírus do papiloma do salmão atlântico (Carlisie, 1977), do peixe gato (Plumb, 1977). Viremia Primaveral de Carpa Acomete, principalmente, os ciprinideos, sendo de curso agudo e elevada mortalidade. O vírus penetra no organismo e se difunde em todos os tecidos, ocasionando necrose dos hepatócitos e de células do músculo cardíaco. São observadas hemorragias focais em quase todos os órgãos.Os sinais clínicos mais evidentes são distensão abdominal, devido um exudato serofibrinoso ou sanguinolento, respiração lenta, movimentos incoordenados de natação. Secundariamente, pode haver contaminação por Aeromonas ou Pseudomonas, que provocam septicemia hemorrágica bacteriana. Ocorre ainda exoftalmia, enterite, peritonite, edema, prolapso de ânus, diarréia catarral e anemia (Negele, 1977). Segundo Fijan et al (1971), o diagnostico é feito pela presença de hemorragias petequiais em quase todos os órgãos, congestão na pele e nas brânquias, abdômen distendido e exoftolmia, porém o definitivo deve ser feito pelo isolamento e identificação do vírus. A doença é comum em alguns países do oeste europeu, principalmente na Inglaterra, em locais onde se criam ciprinideos. A porta de entrada para a penetração e replicação do rabdovirus é a guelra, Os peixes doentes disseminam o vírus no meio ambiente, através das fezes e muco para outros animais, contaminando os que são saudáveis e, os enfermos que se curam, tornam-se portadores crônicos do vírus. Como não existe tratamento, a melhor conduta é a prevenção, através de quarentena. Evitando, com isso, que a doença se dissemine sobre a população de peixes (Ahne, 1977). Necrose Hematopoiética Viral Doença que acomete alevinos e juvenis de salmões do Pacífico e truta arco-íris de piscicultura. Ocasionalmente, os indivíduos adultos podem se infectar, porém facilmente tornam-se portadores crônicos. Esse tipo rabdovírus apresenta alta patogenicidade, principalmente em águas com temperatura abaixo de 12ºC. Os sinais clínicos presentes são a variações em letargia e alto dinamismo, exoftalmia, distensão abdominal com líquido ascítico na cavidade peritonial e hemorragia petequial na base das brânquias, nadadeiras, anemia e prolapso do ânus. Os órgãos internos tornam-se pálidos e com petéquias, estômago e intestinos vazios. Histopatologicamente, observa-se necrose dos tecidos hematopoiéticos do baço, do rim e do fígado. A característica patognomônica desta enfermidade é a necrose no trato digestivo dos peixes (Bergmann, 2002). O diagnóstico é feito baseado na anamnese e no quadro clínico já descrito. Os animais exibem leucopenia, degeneração dos lucócitos e dos trombócitos e presença marcante de eritroblastos, sendo que o número de células sanguíneas está diminuído, quando comparados com peixes sadios (Amend et al, 1984). Para o isolamento do vírus utiliza-se trato digestivo, rim, fígado, líquido ovárico e seminal. Como medida preventiva, está a profilaxia dos ovos que deve ser feita através do banho de 10 (dez) minutos com solução de iodo orgânico a 100 ppm (Amend et al, 1984). Outro método profilático é elevar a temperatura da água para 18ºC, durante 4 a 6 dias, quando ocorre formação de anticorpos e interferon (Kinkelin et al, 1984). Septicemia Hemorrágica Viral O agente etiológico dessa enfermidade também é classificado como um rabdovírus. Afeta por excelência as larvas e juvenis de truta, principalmente as da espécie arco-íris. Os adultos de até 2 (dois) anos de idade , também podem ser afetados (Brudeseth e Castric et al, 2002). Segundo BRUDESETH e CASTRIC et al (2002), esta enfermidade é altamente contagiosa, ocasionando crescimento nas taxas de mortalidade, principalmente quando a temperatura da água está ao redor de 8°C. O quadro clínico se caracteriza por uma repentina e brusca alta taxa de mortalidade. As hemorragias petequiais são observadas nos rins, fígado e baço. Os peixes acometidos apresentam-se letárgicos, parcialmente escuros e com exoftalmia. Com a proximidade da morte, os animais apresentam natação descontrolada e aumento dos movimentos respiratórios, as brânquias e o fígado se tornam pálidos, podendo apresentar hemorragias. Os sinais patognomônicos são as hemorragias petéquiais na bexiga natatória, no peritônio, no tecido adiposo visceral e musculatura. Pode ainda ocorrer gastroenterite hemorrágica catarral, presença de ascite e putrefação do rim. Histopatologicamente, os tecidos hematopoiéticos, os túbulos renais e o tecido pancreático mostram degenerações e focos de necrose. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, no exame histopatológico e no isolamento do vírus do tecido renal, fígado, baço ou intestino. O tempo de incubação do vírus é dependente da temperatura da água: de 8ºC a 10°C, a incubação leva em torno de sete dias. As trutas que sobrevivem podem tornar-se portadoras do vírus, eliminando-o através da urina e das fezes. O vírus também pode ser encontrado nos ovos. Como medidas profiláticas, recomenda-se quarentena; separar os animais enfermo , desinfetar as instalações e os ovos de procedência duvidosa, devem ser desinfetados com iodo (100ppm de I 2, com ph 6,5 durante dez minutos). Necrose Eritrocitária dos Peixes Doença caracterizada por uma infecção degenerativa que acomete peixes marinhos (bacalhau e arenque) e peixes de água doce (truta arco-íris). Os sintomas são raros, porem existem relatos onde salmões originários do pacifico apresentaram palidez nas vísceras e o baço aumentado de volume. O diagnóstico é feito através de extensões sanguíneas coradas por Giensa, e nele observamos a destruição do núcleo da célula eritrocitária, com formação de corpúsculos de inclusão no citoplasma. As medidas profiláticas tornam-se prejudicadas por não se saber ao certo as propriedades do agente etiológico viral e suas vias de contágio. Necrose Pancreática Viral Enfermidade infecciosa de etiologia viral, altamente contagiosa, que afeta os alevinos da maioria dos salmonídeos. Atualmente, sua distribuição é mundial, podendo provocar taxas de até 80 % de mortalidade e sua morbidade varia de 20 a 26%. A transmissão ocorre através das vias digestivas, respiratória e aquática. Seu período de incubação é de 5 (cinco) a 8 (oito) dias,quando a temperatura da água está entre 12ºC (doze) – 14ºC (quatorze). O vírus atua principalmente sobre o pâncreas, sendo uma virose de curso septicêmico. Os animais mostram-se inquietos, nadam de forma espasmódica, em espiral ou ficam quietos no fundo do tanque. Ocorre escurecimento total do corpo, distensão do abdômen exoftalmia. O baço, o fígado e os rins apresentam-se pálidos, a vesícula biliar distendida, estomago e intestino vazios porem com muco esbranquiçado, hemorragias petequiais em vísceras e pâncreas. As medias profiláticas recomendadas são separar os alevinos e jovens dos peixes adultos, e não introduzir ovos e animais de estabelecimentos infectados ou suspeitos. Outras Enfermidades de Origem Vírica Entre outras enfermidades que supostamente são de origem vírica, destaca-se a papilomatose, afetando principalmente as carpas jovens, do continente europeu, da Ásia e Israel (Dujin, 1967). Como característica ocorrem proliferações benignas no epitélio e através da microscopia são observados corpúsculos de inclusão nuclear e citoplasmática (Schubert, 1966). A prevalência desta enfermidade está associada há alguns fatores, como a alta densidade de peixes por m², criando um ambiente de estresse, suprimindo o sistema imune do animal, tornado-o susceptível a doença (Mawdesley-Thomas e Bucke, 1967). Não há um tratamento efetivo para a papilomatose, sendo assim, a prevenção de doenças de origem viral ainda é um excelente método de controle para que não haja contaminação do plantel. A profilaxia através de um manejo adequado em peixes recém adquiridos, isto é, isolamento e eliminação de animais infectados, eliminação das condições que promovem estresse, e manutenção de limpeza e sanitização do ambiente contribuem para que a enfermidade não se instale (Schubert, 1966). ENFERMIDADES BACTERIANAS DOS PEIXES. São aquelas causadas por microorganismos unicelulares, procariontes, que na maioria das vezes, têm na pele ou no trato intestinal seu habitat natural. As bactérias podem causar elevada taxa de mortalidade, tanto em peixes da natureza, quanto aqueles mantidos em cultivo. Com o desenvolvimento deste modelo de criação, a piscicultura, regularmente esses animais sofrem estresse, favorecendo com isso o surgimento de numerosas enfermidades bacterianas. Enfermidades causadas por Aeromonas Segundo POPOFF (1984), o gênero Aeromonas é classificados como bacilo gram negativo de anaerobiose facultativa. A espécie de maior importância para piscicultura, por sua patogenicidade é a Aeromonas hidrophila. Esta espécie tem como habitat natural à água doce, rica em matéria orgânica e, em alguns casos faz parte da flora intestinal de alguns peixes. De um modo geral, está relacionada ao estresse, porém pode ser associada em algumas doenças como a septicemia hemorrágica vírica e a viremia primaveril das carpas.Surgem ainda correlacionadas a enfermidades em rãs, em mamíferos e no próprio homem (Figueirido e Plumb, 1977) Conforme descrito por FIGUEIRIDO e PLUMB (1977), os animais enfermos apresentam pele escura, ascite, extensas hemorragias na superfície do corpo e na base das nadadeiras. Através da necropsia, observamos órgãos intermos congestos e as vísceras hemorrágicas.O rim e o baço apresentam-se aumentados. Histopatologicamente há dificuldade em distinguir da infecção por Pseudomonas, pois em ambos os casos, o tecido hematopoiético, esplênico e renal encontra-se contraído e com necrose, o pâncreas, o músculo cardíaco e o fígado, mostram focos de necrose. A mucosa intestinal se desprende facilmente. O isolamento da A. hidrophyla é feito a partir de cultura em meios comuns de rim ou sangue de peixes enfermos.O tratamento é feito através de antibioticoterapia. Furunculose A Aeromonas salmonicida é o principal responsável pela furunculose, conhecida como enfermidade epidêmica dos salmonídeos, não deixando de atingir também outras espécies de peixes. Esta enfermidade é conseqüência da introdução de peixes portadores latentes, no plantel sadio. O desencadeamento pode se dar através de elevação na temperatura da água, concentração baixa de oxigênio e alta densidade.O corre em qualquer idade e entre os salmonídeos, a truta arco-íris é a mais resistente e o salmão do Atlântico o mais sensível. A furunculose faz parte do grupo das enfermidades septicêmicas produzidas por bactérias gram negativas.O quadro clinico e sua evolução dependem da virulência da cepa infectante, da idade e da temperatura. Na forma subaguda as lesões mais evidentes são abcessos que expurgam pus hemorrágico,sendo que ainda pode ser encontrado o agente causal em órgãos internos, como rim, baço e também no sangue. Na forma aguda, pode não ocorrer sintomas externos, e sim freqüentes inflamações e hemorragias de órgãos internos. Por se tratar de uma enfermidade epidérmica, é preciso recorrer a medicamentos, como a sulfamerazina, especialmente em trutas e a oxitetraciclina, para todos os outros salmonídeos.O tratamento deverá ser concluído pelo menos em até 3 (três) semanas antes do consumo desses peixes.(Reinchenbach, 1989). Septicemia Hemorrágica O agente etiológico causador desta enfermidade é Pseudomonas fluorescens. Geralmente é encontrado no solo, na água e em muitas vezes pode ser isolada em peixes já em estado de decomposição e em alimentos deteriorados. Clinicamente esta enfermidade não se distingue da causada por Aeromonas e esta intimamente relacionada com estresse ambiental, em especial o aumento da temperatura da água. O curso da septicemia pode ser agudo ou crônico, e os sinais mais característicos são lesões hemorrágicas sobre a pele e a morte rápida dos peixes doentes. Nos casos crônicos ocorre peritonite fibrinosa hemorrágica. Como tratamento recomenda-se aprimoramento das condições ambientais e injeções intraperitoniais de kanamicina.(Meyer e Collar, 1994). Columariose Enfermidade causada pelo Flexbacter columnaris, causando uma afecção difundida em escala mundial entre os peixes de água doce, incluindo até os ornamentais. A doença se inicia com lesões na pele, nadadeira e brânquias, e dependendo da espécie da bactéria, podem provocar extensas necroses, com surgimento de infecções secundárias por fungos. As brânquias, inicialmente, apresentam uma coloração vermelho-escuro e posteriormente tornam-se pálidas e viscosas. O quadro patológico se caracteriza pela inflamação e às vezes pelo espessamento das lamelas branquiais, que podem fusionar-se, e ainda pela conseqüência da inflamação os opérculos podem apresentar-se abertos. O material coletado dessa região exibe, em geral, a disposição das bactérias em coluna. A profilaxia é o mais indicado, melhorando as condições gerais do meio principalmente o oxigênio, controlando atividade de matéria orgânica na água e diminuindo a temperatura, já que o tratamento com antibióticos é difícil em virtude dos peixes não se alimentarem. Corinebacteriose É uma enfermidade bacteriana renal, causada pelo Renibacterium salmoninarum, um pequeno bacilo gram positivo difteróide, que afeta os salmonideos de natureza e os de cultivo. Nos casos típicos, seu curso é crônico, porém quando a temperatura da água atinge entre 13º C e 18º C, pode apresentar-se na forma aguda e causar alta mortalidade. Os animais doentes adquirem coloração escura, e presença de pequenas vesículas, na região dorsal dos peixes, que contém material cremoso de coloração avermelhada, com restos de tecido e grande número de bactérias coriniformes. No rim, observa-se processo inflamatório granulomatoso e o fígado, geralmente, tornase pálido. Ainda há presença de hemorragia na cavidade abdominal e exoftalmia. As medidas profiláticas ainda são tomadas como controle para a doença, adquirindo peixes para reposição de locais isentos de enfermidade, não alimentar os peixes com vísceras e resto de peixes mortos, pois provocaria a disseminação da doença. Micobacteriose As micobacterioses são enfermidades causadas pelas micobactérias. São classificadas como bacilos retos, álcool-ácido resistente e podem ser encontradas três espécies: Mycobacterium marinum, M. fortuitum e M. chelonei. O M. marinum tem seu habitat desconhecido, porem o peixe portador do bacilo é considerado responsável pelas infecções em aquários. Seu cultivo é feito em temperaturas entre 25ºC e 35ºC, ou superior, e cresce em meios comuns para isolamento de micobactérias. Os sintomas da enfermidade variam muito, desde a perde de peso, necrose e cistos em órgãos internos, até inflamações cutâneas.Quando a doença é aguda, ocorre o enfraquecimento dos animais ao extremo e, com freqüência, estes são vistos na superfície da água. Quando a doença se transforma em crônica, as bactérias se encapsulam, formando focos cinzentos ou esbranquiçados no fígado e rim. Nesses casos, a qualquer momento, pode produzirse reativação das bactérias e, assim, surgem casos agudos da enfermidade. Histopatologicamente podem ser observados os granulomas em que são encontrados bacilos álcool-ácido positivos. A enfermidade é típica de manejo inadequado. Sendo assim, a prevenção consiste em melhorar as condições de vida e nos casos graves, na eliminação dos peixes infectados. Outras Enfermidades Bacterianas Pode ocorrer, ainda a enfermidade causada pela Edwarsiella tarda. São pertencentes ao grupo das enterobacteriaceas, sendo gram negativas. Habitam em águas contaminadas com matéria orgânica, e seu cultivo pode ser feito em meios sólidos comuns. Afetam ciprinideos, ictalurideos e enguias. Os sinais clínicos descritos são lesões cutâneas de pequeno tamanho que pode estender-se até a musculatura, peritonite fibrinosa e necrose de fígado e rim. Além de presença de vesículas gasosas de odor desagradável na musculatura e no rim. Na histopatologia observa-se necrose focal na musculatura, em tecidos hematopoiéticos e no fígado.As lesões são superficiais, mas podem culminar com perfuração da cavidade abdominal. No tratamento, há indicação para sulfamidas e oxitetraciclina, porém, primeiramente, deve-se melhorar a higiene do local, não utilizar fezes para adubar os tanques, controlar a densidade e a qualidade da água. A nocardiose é uma enfermidade produzida pela Nocardia asteróides, que é um actinomiceto gram positivo. O bacilo da N. asteróides, já foi isolado em peixes tropicais, em truta arco-íris e em alguns peixes de água doce. Os sinais clínicos desta enfermidade são anorexia, distensão da boca ou do abdome, presença de granulomas compactados na superfície das vísceras e muitas vezes no mesentério. Há necrose miofibrilar nos músculos esqueléticos, hemorragias e infiltração celular inflamatória generalizada. Não se sabe ao certo sua porta de entrada bem como também seu controle. ENFERMIDADES FÚNGICAS Dentro os fungos da Família Phycomycetos, a Saprolegna sp é mais freqüente, ocorrendo principalmente após manuseio inadequado, em altas densidades, variações bruscas de temperatura, modificações das condições físico-quimica da água, e em animais debilitados. Saprolegniose Enfermidade dermatomicótica mais conhecida. Ocorre nos peixes de água quente, em qualquer época do ano e pode atingir também as brânquias. Este fungo contamina inclusive os ovos de peixes em incubatório, iniciando através de ovos que já estão mortos atingindo posteriormente os ovos sãos. A pele sã e a mucosidade exercem ação letal sobre o desenvolvimento dos esporos, somente quando esse mecanismo de defesa se altera, ou por uma enfermidade interna ou por erro no manejo, é que os esporos podem germinar na pele desses peixes penetrando e formando em seu interior um micélio fungoso, com aspecto de algodão. Pode muitas vezes adquirir uma coloração acinzentada ou marrom, à medida que o barro ou argila se adere aos filamentos, caracterizando uma particular freqüência em animais que sofrem lesões cutâneas em decorrência de transporte inadequado, manuseio em período reprodutivo ou despesca. Na histopatologia, observa-se que o fungo invade o extrato esponjoso da derme, estendendo sobre a epiderme, provocando erosões. A invasão relativamente superficial da derme conduz rapidamente a um desequilíbrio dos fluidos orgânicos e a uma falência na circulação periférica, devido a uma impossibilidade para manter o volume do sangue circulante. Em casos crônicos pode ocorrer infecção bacteriana secundária. O tratamento é feito através de banhos em solução de sal, depois de permanganato de potássio. Porém só terá êxito se a causa for eliminada, mantendo os animais em condições adequadas de cultivo, alimentação adequada, evitar super população e água de boa qualidade. Ictiofonose Este tipo de micose ocorre internamente e produzem numerosos e diminutos cistos esféricos contendo grande quantidade de esporos em diferentes órgãos, principalmente fígado e coração. Os sintomas variam segundo a gravidade da lesão e órgão afetado, uma vez que nessa enfermidade, até o cérebro pode ser afetado. A infecção inicial pode ser devido à ingestão de material infectado. O tratamento é inexistente, sendo assim é extremamente necessário adotar todo o tipo de medidas preventivas. Branquiomicose O agente causal é o fungo do gênero Branchiomyces spp.Acomete principalmente os ciprinideos, causando necrose das brânquias devido ao crescimento do fungo dentro dos vasos sanguíneos. Os sintomas são a coloração castanha amarelada das brânquias e aparecimento de cápsulas fúngicas, às vezes visíveis macroscopicamente. As hifas fúngicas penetram nas brânquias do hospedeiro provocando estase sanguínea, hiperpalsia, fusão das lamelas e necrose, como resultado de uma trombose associada a teleangectasia e necrose vascular. Particularmente em animais jovens, causam elevada mortalidade, chegando as baixas à 50%. A causa desta infecção esta diretamente relacionada à elevação da temperatura da água, alta densidade, pequena renovação de água e intenso desenvolvimento de algas que ocasiona aumento da matéria orgânica no tanque. Até o momento se desconhece um tratamento efetivo, portanto a profilaxia é extremamente importante, eliminando peixes mortos, evitando a superalimentação principalmente em águas de alta temperatura. ENFERMIDADES PARASITÁRIAS Os parasitos que podem afetar os peixes são muito abundantes e incluem membros dos diferentes grupos zoológicos. Assim há parasitismo por fungos, protozoários, helmintos, moluscos, hirudíneos e crustáceos. Todavia, a presença desses parasitos nos peixes cultivados dependera, em grande parte, das condições do cultivo, da procedência dos peixes e do ciclo vital dos parasitos. É bem sabido que as infecções parasitarias dos peixes aumentam principalmente quando se mantém os peixes em densidade elevada, tornando-os debilitados devido ao estresse e, portanto, susceptíveis a doenças. Em decorrência desta situação há uma elevada mortalidade no plantel. Dos fatores ambientais, a temperatura pode ser considerada o mais importante, seguido de concentração de oxigênio na água e da iluminação presente no ambiente. Amilodiniose Enfermidade causada pelo Amyloodinium sp, que é um flagelado responsável por epizootias fatais em peixes de aquários marinhos tropicais ou em cultivos de peixes marinhos. O agente causador da enfermidade invade a pele e as brânquias, e se alimenta de células epiteliais. Ichthyobodose O Ichthyobodo necator é um protozoário que apresenta forma de rim e possui dois flagelos de tamanhos diferentes, que vive obrigatoriamente no interior de peixes. É responsável por grandes perdas econômicas, sua distribuição cosmopolita afetando todos os peixes de água doce. Este protozoário adere na pele dos peixes, causando necrose das células epiteliais, hemorragias e invasão por agentes oportunistas. Quando a infestação é intensa produz irritação da pele com hipersecreção de muco dando aspecto de um revestimento acinzentado, batem contra a parede e perdem escama, abrindo caminho para infecções secundarias por bactérias e fungos. Os cultivos de salmonídeos podem ser infestados por Ichthyobodo, e trazer sério problema devido os alevinos serem os mais susceptíveis.Afetam freqüentemente as brânquias provocando uma congestão aguda seguida de morte. Ictiofitiríase A Ictiofitiriase é causada pelo Ichthyophithirius multifilis e é conhecida como enfermidade dos pontos brancos. O seu agente é cosmopolita e sem dúvida é uma das principais afecções dos peixes de água doce, quentes ou frias. É responsável por grandes perdas e é muito freqüente também em peixes de aquário. O parasito pode ser encontrado em qualquer parte do corpo, mas infesta normalmente a epiderme, nadadeiras e brânquias. Quando a infestação é muito alta, atinge a córnea e os epitélios da boca e do esôfago. Os peixes adquirem uma coloração acinzentada e morrem, em parte por falência na osmorregulaçao. O diagnostico é feito ao microscópio utilizando esfregaços a fresco de pele e de brânquias, onde se observa o parasito, rodeado de cílios e com núcleo em forma de ferradura. A prevenção desta enfermidade baseia-se essencialmente em manter os peixes em boas condições de saúde para que sua imunidade possa desempenhar seu papel. Os animais devem estar nutridos, em condições sanitárias desejáveis e realizar quarentena nos animais recém adquiridos. Os peixes de aquário podem ser tratados sem a utilização de medicamentos, bastando manter a temperatura ao redor de 28º C e o fundo do aquário isento de substrato, desse modo os parasitos saem do corpo do peixe e não conseguem encistar, dentro de aproximadamente 15 (quinze) dias o ciclo estará interrompido. Além disso transferem aspecto repugnante ao peixe impossibilitando a sua comercialização. Criptocarionose É também chamada de enfermidade dos pontos brancos, porém afeta os peixes tropicais marinhos. Assemelha-se muito com a ictiofitiriase e seu agente etiológico é Cryptocaryon irritans. O diagnóstico também é semelhante. Chilodonellose A Chilodonella é um ectoparasito muito importante, pois acomete grande variedade de espécies de peixes de água doce e de aquário de valor comercial. Este parasito se alimenta de células epiteliais, e é muito comum sua ocorrência em baixas temperaturas. Para as carpas, salmonideos e ictalurideos este agente pode produzir congestão branquial e morte. Myxobollose O Myxobollus cerebralis é um dos mais importantes para os salminideos, acometendo a cartilagem cerebral, causando a doença do “torneo”, responsável por grandes perdas econômicas. Atualmente, esta difundida na maioria dos países que tem cultivos de truta e sua disseminação é feita através de trutas vivas, congeladas ou até mesmo na água que acompanha os ovos. No Brasil até o momento não há relato dessa doença. Na fase larvária os parasitos se alimentam de cartilagem cefálica, principalmente aquela que cobre a cápsula auditiva, e é por isso que os alevinos apresentam dificuldade de equilíbrio e nadam em espiral. Posteriormente os parasitos acometem a raquis, o que da origem a deformações e escurecimento do extremo corporal. A mortalidade chega aos 10% (dez) entre os alevinos. Os peixes adultos podem ser acometidos pelo parasito, porém não necessariamente morrem, devido à quantidade de cartilagem ser pequena. Esses adultos podem ser portadores assintomáticos, pois as larvas e os esporos encapsulam nas cavidades ósseas tornando-os responsáveis pela disseminação da doença. Ao que tudo indica as trutas arco-íris com mais de 6 (seis) meses são resistentes a enfermidade, portanto recomenda-se como profilaxia que os alevinos ate esta idade sejam criados em tanques de alvenaria para depois, se for o caso coloca-los em tanques de terra. Outros Protozoários O protozoário mais importante que parasita o tubo digestivo dos peixes é o gênero Hexamita. São encontrados freqüentemente em raspados de muco da região pilórica e do intestino dos salmonideos. É um parasito pequeno, em forma de pêra, com 3 (três) pares de flagelos anteriores e 1 (um) par posterior. Os coccídeos que pertencem ao gênero Sporozoa, parasitam as células intestinais.Muitas espécies de Eimeria têm sido isoladas do trato digestivo de peixes de água doce e marinha. A Eimeria subepithelialis é responsável pela coccidiose nodular em carpas. Os animais doentes apresentam baixos rendimentos, edemaciação e raras vezes a morte. Histologicamente observam-se os esporângios na submucosa, alcançando o tecido conjuntivo até a superfície da luz intestinal formando nódulos brancos de 1 (um) a 3 (três) mm de diâmetro. Ainda há uma enterite nas carpas que ocorre no primeiro ano de vida, causada pela Eimeria carpelli. Todos os estágios de desenvolvimento do parasito ocorrem nas células epiteliais intestinais, produzindo úlceras e acúmulo de detritos celulares na luz intestinal, e a presença de esporos, que dão ao muco uma coloração amarelada. Os peixes acometidos sofrem uma edemaciação previa antes da morte, aqueles que não morrem tornam-se portadores latentes da enfermidade para o resto da vida. A profilaxia consiste em desinfetar bem o tanque, principalmente o fundo. HELMINTOS ECTOPARASITAS de BRÂNQUIAS Matacercariose Enfermidade causada por metacercárias, que são parasitos digenéticos que encistam ne pele e nas nadadeiras de peixes de água doce e marinho. Ao redor dos cistos observa-se depósitos de melanina dando um aspecto enegrecido aos cistos. Conhecida como “blackspot”, doença dos pontos negros. Os peixes quando estão altamente infestados apresentam um aspecto desagradável e perdem valor comercial. A profilaxia nesse caso se faz através da eliminação de caracóis, pois são hospedeiros intermediários que apresentam a metacercária em seu organismo. OUTRAS HELMINTOSES Nematóides Os nematóides parasitam os peixes e necessitam de pelo menos um outro hospedeiro, inclusive as ordens : Trichuridae, Ascarídea, Spiruridea, Filarudea e Dioctophymidea. São ovíparos e seus ovos embrionados ou não, são eliminados com as fezes do hospedeiro.Quando eclodem liberam uma larva nadadora que deve ser ingerida por um hospedeiro intermediário, que geralmente é um artrópode, como é o caso das famílias Camallanoidea e Dracunculoidea. A larva se desenvolve no hospedeiro intermediário e o ciclo pode completar quando um peixe se alimenta desse hospedeiro infestado, onde o nematóide passa a fase adulta. Se o peixe atua como hospedeiro paratênico, a larva penetra através da parede intestinal para invadir as vísceras e a musculatura local, onde conseguem se encistar. Os nematóides do gênero Philometra representam problemas para os cultivos de carpas. São encontrados na pele e nadadeiras. A Philometra lusiana da carpa cresce sob as escamas, particularmente na parte anterior do corpo. As fêmeas adultas são vivíperas e eliminam as larvas na água, são ingeridas por copépodo, que por sua vez é ingerido por um peixe. As larvas dos nematóides ascarídeos (Contracaecum, Thynnarcaris e Anisakis) são encontradas principalmente na cavidade abdominal de muitos peixes marinhos. O Contracaecum é responsável pela morte dos alevinos de arenques mantidos em aquário. Os primeiros hospedeiros intermediários deste parasito são os crustáceos e os hospedeiros definitivos podem ser o peixe, ave ou mamífero marinho. As larvas de Anisakis podem produzir cistos na musculatura do hospedeiro, dando um aspecto repugnante ao consumidor. Quando ingeridos através de peixes crus ou mal cozidos podem originar um granuloma eosinofílico intestinal, de interesse médico. As larvas de ascarídeos podem passar de um peixe para o outro e disseminar no cultivo, como também podem ser transmitidos através de alimentação, quando restos de peixes marinhos não tratados são oferecidos como alimento. Uma medida profilática adotada é a de congelar esse alimento a 20ºC para matar as larvas. As larvas de Eustrongylides podem ser encontradas encistadas no interior da cavidade abdominal de muitas espécies de peixes de água doce, distribuídos por todo o mundo. Seu aspecto é repugnante em função do tamanho da larva, cerca de 10 cm de comprimento e da coloração vermelha. O hospedeiro intermediário é provavelmente um oligoqueto tubífido e o hospedeiro definitivo são as aves. Casos humanos são descritos em várias partes do mundo, através da ingestão de peixes crus, a maioria dos casos nos Estados Unidos Os nematóides o gênero Capillaria são encontrados muitas vezes no intestino dos peixes de aquário , onde são capazes de provocar úlceras e edema. Os trematódeos digenéticos adultos como também os nematóides habitam os intestinos dos peixes, entretanto são muito pouco responsáveis por enfermidades. Acantocéfalos Os acantocéfalos são geralmente vermes cilíndricos, longos e que não tem tubo digestivo. São dotados de trompas de fixação, provida de ganchos, porem não se tem observado como agente patogênico grave de peixes, a não ser lesões locais na mucosa intestinal, sem retardo no crescimento. O Acanthocephalus jacksoni produz altos prejuízos para o cultivo de alvelinos e truta arco-íris, em função de grande numero de ulceras com hemorragias e necrose. Cestóides Os cestóides são também endoparasitos que necessitam ao menos de um hospedeiro, que pode ser intermediário ou definitivo, e são encontrados no interior do intestino do hospedeiro. As larvas de cestóides são freqüentes nos peixes e muitas vezes formam cistos nas vísceras e na musculatura. Dentro da classe Cestoidea incluem as ordens: Proteocephalidae, Tetraphyllidea, Trypanorhynchidea e Caryphyllidea. Todos os cestóides são ovíparos e, portanto eliminam seus ovos com as fezes do hospedeiro definitivo, onde por sua vez podem incubar na água e dar origem a uma larva nadadora. No grupo de cestóides que parasitam peixes marinhos, os ovos são ingeridos pelo hospedeiro intermediário e a eclosão ocorre no intestino. A larva atravessa a parede do intestino do hospedeiro intermediário e do peixe, continuando a se desenvolver na cavidade abdominal, encistando as vísceras e a musculatura, onde se desenvolve até atingir o estado de procercoide. O ciclo evolutivo desse grupo se completa ao ser ingerido por um hospedeiro definitivo secundário, que pode ser um peixe, ave ou mamífero, onde o parasito alcança o estagio adulto. Nos cestóides cariofileideos e proteocefálideos, a fase do desenvolvimento até o estagio plerocercoide ocorre no hospedeiro intermediário invertebrado, um copépodo, e o ciclo evolutivo se completa quando esse último for ingerido por um peixe hospedeiro susceptível, alojando em seu intestino sem lhe causar grandes prejuízos. O parasito Bothriocephalus gowkomgenesis, é um cestóide, da ordem Pseudophyllidea, que mede 20 (vinte) cm de comprimento. Acomete carpa, principalmente as com menos de 1 (um) ano de idade e que se alimentam de plâncton. Seus sintomas são apatia, anorexia e abdômen distendido, podendo apresentar enterite hemorrágica com destruição do epitélio intestinal. Os cestóides, principalmente as formas larvares que parasitam cavidade abdominal e massa muscular de peixes marinhos em sua maioria não trazem problemas ao consumidor entretanto a sua presença levam ao descarte do peixe em nível industrial pelo aspecto repugnante que transferem a matéria prima ou ao produto. ENFERMIDADES CAUSADAS POR CRUSTÁCEOS São conhecidas como Argulose, Ergaliose e Laernaeose. Os agentes são os branquiureos (Argulus sp) e os copepodídeos (Ergasilus e Laernaea) que são artrópodes e pertencem a classe Crustácea. São parasitos que apresentam apêndices articulados e cobertos de quitina rígida ou semi-rígida; muito danosos e disseminados por todo o mundo, se fixam na superfície externa de peixes de água doce ou marinha. Os copepodídeos apresentam ciclo evolutivo complexo, com vários estádios larvais diferentes. Os ovos eclodem e eliminam larvas nadadoras que passam por muitos estágios “nauplius”. O ultimo estagio nauplius origina o primeiro estagio copepoideo. Argulose Os Argullus são ectoparasitos que se localizam em toda a pele e nadadeiras de muitas espécies de peixe. São chamados vulgarmente de “piolho de peixe”. Possuem ganchos e ventosas que servem de órgãos de fixação e trompa que serve de órgão de alimentação. Esta trompa penetra na epiderme e nos tecidos subjacentes do hospedeiro. As lesões produzidas podem necrosar e dar origem a infecções secundárias. O ciclo é direto. Os ovos são depositados na água e eclodem dando origem a uma nadadora que deve encontrar o hospedeiro apropriado dentro de no máximo 3 (três) dias. A transmissão é vertical, e o numero de infestação é alto com grande mortalidade de peixes principalmente os jovens. Laernaeose Os copepodídeos são os mais freqüentes dos crustáceos que parasitam os peixes, sendo a Laernae um dos copepodídeos da ordem Lermaeoidea um dos mais perigosos para peixes jovens e alevinos de água doce. A espécie mais importante de água doce é a Laernaea elegans, e não tem hospedeiro especifico. Em sua descrição anatômica, possue uma cabeça que lembra uma âncora, sendo essa porção que penetra na musculatura do hospedeiro, podendo às vezes penetrar na cavidade corporal e até fixar-se no fígado. O parasito produz uma lesão ulcerosa, chegando a formar nódulo fibroso. Os peixes parasitados perdem peso e tem aspecto desagradável. A reprodução da Laernaea ocorre somente em temperaturas acima de 14ºC, o que em regiões de clima quentes o copepodídeo dá origem a graves infestações durante o ano todo. ENFERMIDADES NÃO INFECCIOSAS Doenças Nutricionais As doenças nutricionais dificilmente ocorrem quando os peixes estão em seu habitat. Já os peixes em cultivo, o alimento fornecido deve atender às necessidades destes, para que o crescimento seja adequado. Os peixes são eficientes convertedores de alimento e para muitos tipos de ração produzem 1kg de peixe para cada 1,6kg de alimento. Os requerimentos nutricionais para peixes são semelhantes aos dos mamíferos, porem há algumas diferenças importantes. Sendo assim, quando são mal balanceadas, acarretam deficiências nutricionais, cujos sintomas, no criatório são: inapetência, diminuição no crescimento, aparecimento de animais defeituosos, queda de resistência a enfermidades e altos índices de mortalidade. As deficiências de nutrição são difíceis de diagnosticar, pois freqüentemente os sintomas podem ter causas variadas. Muitos criadores alimentam seus peixes com resíduos de sua propriedade e isso aumenta a possibilidade de deficiência ou desequilibro nutricional. A desnutrição absoluta ou inanição pode ocorrer por: falta de alimento, administração de ração mal balanceada, erro ao calcular a quantidade de alimento a ser dado, falha mecânica nos alimentadores automáticos, recusa proveniente da dificuldade mecânica de deglutição e anorexia. Certos alevinos, como o salmão do Atlântico, e larvas de robalo, recusam o alimento e podem sobreviver até 1 (um) mês, dando a impressão ao exame clinico, de sofrerem de alguma enfermidade infecciosa. Detectam-se nos peixes que passam fome, carne mais escura e de consistência mais mole que o normal. Os alevinos tomam aspecto de alfinete, ou seja, cabeça grande e corpo delgado e as brânquias são pálidas. À necropsia os animais mostram escassez de gordura abdominal e anemia. A dieta dos peixes deve conter gorduras e proteínas, que lhes são as fontes primarias de energia. Os requerimentos protéicos variam de espécie para espécie e com a fase de desenvolvimento do animal. Enquanto a maioria dos peixes utiliza proteína vegetal, há peixes como, por exemplo, os salmonídeos, que necessitam de proteína animal. As proteínas são necessárias para a manutenção, crescimento, reprodução e renovação dos tecidos. Quando a ração é deficiente em aminoácidos essenciais, os animais apresentam retardo no crescimento e, se a deficiência é dividida ao triptofano, os animais apresentam escoliose. Os carboidratos podem ser essencialmente digeridos pelos peixes, quando são moléculas simples, porém a medida que estas tornam-se grandes e mais complexas, a digestibilidade diminui rapidamente. Os efeitos adversos de uma dieta altamente energética são notados através de degeneração hepática, conseqüente do acumulo de glicogênio. Isto é observado especialmente em ciprinideos cultivados. Os lipídeos e gorduras são componentes de ração altamente energéticos e sua deficiência acarreta nos alevinos e jovens, diminuição da velocidade de crescimento, emagrecimento e pode ainda favorecer infecções. Nos samonideos, observa-se ainda alta taxa de mortalidade, despigmentação, necrose das nadadeiras, infiltração gordurosa do fígado, anemia grave observada através da palidez das brânquias, coração de forma arredondada e fígado aumentado de tamanho, com bordos arredondados. Histopatologicamente notam-se infiltaçao gordurosa dos hepatocitos e degeneração do tecido hematopoiético do baço e do rim. Os ácidos graxos servem como veículos para absorção de vitaminas lipossolúveis e fornecem alguns componentes essenciais à dieta. Os lipídeos têm grande influencia sobre o sabor e textura, tanto nos alimentos, quanto do próprio peixe. Além disso, participam em outros aspectos do metabolismo, inclusive hormônios, de que são geralmente constituintes. As vitaminas podem ser lipossolúveis (A., D, E, K) e hidrossolúveis (B,C). São substâncias orgânicas complexas, essenciais para a maior parte dos processos metabólicos. As vitaminas lipossolúveis podem ser armazenadas no organismo e, depois lentamente serem metabolizadas. Este fato faz com que se houver ingestão excessiva, ocorra a hipervitaminose devido ao seu grande acúmulo. Já as vitaminas hidrossolúveis são metabolizáveis, portanto, não mostram problema de acúmulo, pois são eliminadas na urina. Avitaminose é uma doença que pode levar os peixes a morte. A deficiência de vitamina A, ou retinol, provoca crescimento lento, cegueira, edema e hemorragias na base das nadaderias. A hipervitaminose A produz metaplasia das células epiteliais, aumento do fígado, do baço e osteopatia. Tais alterações são reversíveis quando não se encontram muito adiantadas. Quanto à vitamina D ou calciferol, em peixes não se tem demosntrado que seja absolutamente necessária. A vitamina E ou tocoferol, é um importante oxidante que impede a rancificação da ração.A sua deficiência causa principalmente miopatia e degeneração gordurosa do fígado. A vitamina K tem nos peixes a mesma função que nos outros vertebrados. Ou seja, esta envolvida com o mecanismo de coagulação do sangue.A sua deficiência aumenta o tempo de coagulação, provocando hemorragias e, conseqüentemente, anemia. A vitamina B¹, ou tiamina, é catalizadora do metabolismo dos carboidratos, indispensável para os processos digestivos, reprodutivos e para o funcionamento normal do sistema nervoso central e periférico. A sua falta leva a sinais clínicos, tais como letargia, crescimento lento, melanose e hemorragias na base das nadadeiras. A excitabilidade é um dos sintomas mais característicos, podendo estar alterada a natação. Os cortes histológicos de cérebro mostram hemorragia e degeneração dos núcleos das zonas periventriculares. A deficiência de vitamina B² ou ribovlavina é observada através da pigmentação mais escura, catarata ou capacidade do cristalino, vascularização da córnea, podendo levar a cegueira. Pode ainda ser notada hemorragia nas narinas, nos olhos e nos opérculos. A deficiência de vitamina B 6 ou piridoxina é importante nos peixes que têm um elevado metabolismo protéico, uma vez que atua como coenzima na desaminação de aminoácidos. Sendo assim, é importante para alevinos e peixes jovens, que estão em fase ativa de crescimento. Os sinais clínicos observados na sua deficiência são movimentos natatórios irregulares e tetania O ácido pantotênico participa como coenzima no metabolismo das gorduras e dos carboidratos. Sua deficiência leva à inapetência, hiperplasia e esclerose das lamelas branquiais primárias. Esta enfermidade é chamada de enfermidade nutricional das brânquias. Os peixes exibem dificuldade respiratória e anemia. Com suplementação dessa vitamina, a recuperação ocorre rapidamente. A deficiência de biotina em trutas pode produzir espessamento epidérmico, excesso de muco que muitas vezes toma aspecto azulado. A deficiência de acido fólico ocasiona letargia, crescimento lento, e ainda anemia eritrocitaria, macrocítica, podendo ser observados eritrócitos parcialmente divididos, isso porque o acido fólico é uma coenzima que atua na hematopoiese. A deficiência de vitamina B ¹² ou cobalamina, não tem sido observada em peixes, pois é encontrada naturalmente nos tecidos granulares nas vísceras de peixes. A deficiência de colina leva a hemorragias, principalmente, nos rins, infiltração gordurosa hepática e hepatomegalia. A deficiência de vitamina C conduz à cicatrização deficiente, ao desenvolvimento anormal das brânquias, à escoliose e lordose nos peixes, podendo ainda, em trutas arco-íris, em alguns salmões e em Ictalurus puctatus, ocasionar atraso no crescimento e edema. As deficiências nutricionais causadas pelos minerais também são danosas. No caso do magnésio, quando se encontra em quantidades não satisfatórias, surge alteração do rim denominada de nefrocalcinose e, quando há diminuição de zinco, ocorre retardamento no crescimento, associado à catarata bilateral. A deficiência de ferro acarreta problemas de anemia, sem afetar o crescimento. TRATAMENTOS Os tratamentos relacionados a seguir são muito praticados em aquarismo e com algumas ressalvas em peixes de valor comercial, porém sempre com orientação medico veterinário. Cloreto de Sódio O sal comum é um dos tratamentos mais antigos, é bastante efetivo e, quando bem usado, pode ser de ajuda valiosa contra um grande numero de infecções externas.Os banhos de sal não devem ser realizados em recipientes metálicos (principalmente zinco ou galvanizados), pois são tóxicos pros peixes. O sal recomendado é aquele isento de iodo. O mecanismo de ação que atua sobre os protozoários, monogêneos, e inclusive bactérias, é por diferença de pressão osmótica, fazendo com que os parasitas após certo tempo, desprenda-se do hospedeiro e logo morram.A posologia recomendada por CARNEVIA (1993) é a seguinte: banho profilático 2-5g/l por tempo indefinido, banho de grande duração 5-10g/l por tempo indefinido e banho curto 15-30g/l durante 15-30 min em intervalo de 2 (dois) dias. Acriflavina (Tripaflavina neutra) È uma substancia de coloração alaranjada, quando estiver com coloração avermelhada, não deve ser utilizada, pois a solução estará ácida, ocasionando sérios problemas aos peixes. A solução de acriflavina deve ser guardada no escuro, para que não se torne inativa. Esta droga é utilizada amplamente em infecções externas por monegenóides, protozoários, bactérias e fungos e, quando a posologia é usada adequadamente, propicia bons resultados. A dose e o tempo recomendados, para peixes ornamentais são as seguintes: Em banho de grande duração recomenda-se 1 a 10 ppm durante 3 dias, repetindo 6 dias após, em banho curto, 500 ppm de acriflavina durante 30 minutos, repetindo também 6 dias após. Não é recomendado banhos mais prolongados ou doses maiores, pois está substância provoca esterilidade temporal em peixes vivíparos e ovíparos. Este tratamento não deve ser utilizado no controle de fungos de ovo, devido provocar mortalidade destes e nascimentos de peixes com má formação. Esta droga é considerada pela FDA de alto risco, não sendo seu uso aprovado nos E.E.U.U. Solução de Amoníaco e Cloreto de Amônia. È recomendada para tratar peixes infestados por monogêneos de pele e de brânquias. Amoníaco a 25% pode ser administrado 10 a 20 ml/l, durante 0,5 a 2 minutos. E também, para infecções bacterianas de pele e brânquias, como, por exemplo, na doença bacteriana das brânquias, pode-se utilizar em peixes tropicais, solução de amoníaco em água sob a forma de banhos curtos nas concentrações de 500 ppm durante 5 a 20 minutos, repetindo após 10 dias e para Carassius e carpas concentrações de 1000 ppm durante 5 a 20 minutos repetindo este tratamento somente após 10 dias. A solução de cloreto de amoníaco numa concentração de 10000 ppm pode também ser usada sob a forma de banho curto durante 10 a 15 minutos repetindo 10 dias. Estas soluções também não são recomendadas pela FDA. Formol É amplamente utilizado em tratamentos de peixes, contra protozoários e monogênos. Também pode ser usada para desinfecção de instalações e utensílios, mesma concentração de 30 ml de formol para 1000 l de água. Não se deve usar soluções que contenham precipitado branco no fundo do recipiente, pois se trata do paraformaldeído que se forma espontaneamente, em soluções de formalina e que é altamente tóxico para os peixes. Para evitar este precipitado devese guardar o formol em recipientes opacos e em locais ligeiramente aquecidos. Para utilizar este formol que contem o paraformaldeído, deve-se filtra-lo com papel de filtro, retirar a parte superior sem agitar o precipitado. Em aquarismo, também pode ser utilizados banhos de grande duração com concentrações de 15 a 25 ppm por tempo indeterminado e banho de curta duração com 200-300 ppm por 20 a 30 minutos a cada 8 dias. O formol é indicado para tratar pacus, Piaractus mesopotamicus, infestados por Ichthyobodo necator. Empregam-se banhos de curta duração utilizando-se concentração de 250 ppm por 6 minutos. O tratamento deve ser vigiado, atentando-se para o estado clínico dos animais, repetindo o tratamento somente após 2 dias. O formol ocasiona nos peixes diminuição de oxigênio e uma acentuada irritação branquial com excesso de muco, ocorrendo, portanto, deficiência respiratória. Quando os peixes estiverem com infecções branquiais graves, deve se ter precaução, pois podem morrer devido à deficiência respiratória, portanto o tratamento deve ser em água bem areada. Em águas abaixo de 15ºC pode-se utilizar banhos a 300 ppm, já em peixes tropicais de águas a mais de 20ºC, é aconselhável não exceder de 200 ppm para banhos curtos, devido a água reter menos oxigênio quanto mais alta sua temperatura, por outro lado a toxicidade do formol aumenta. O formol não deve ser utilizado junto com azul de metileno, pois forma combinações altamente tóxicas. Azul de Metileno È um dos tratamentos mais utilizados para peixes de aquário, podendo algumas vezes servir para o tratamento de fungos e protozoários externos. A dose utilizada de cloreto de metitionina dissolvida em água sob a forma de banhos de grande duração é de 1 a 2 ppm por tempo indeterminado, podendo esta dose ser dividida em 2 vezes. Em banhos de curta duração utiliza-se 10 a 15 ppm durante 15 minutos a cada 2 dias.Este tratamento é indicado para ictiofitiaríase e oodiníase. Este fármaco apresenta aumento da capacidade respiratória dos peixes devido a transformação da metahemoglobina sanguínea em hemoglobina, portanto, é muito útil em casos de opacidade contagiosa da pele e brânquias, onde ocorre insuficiência respiratória. Permanganato de Potássio É utilizado para infestações causadas por ectoparasitos como os protozoários e os fungos e em infecções bacterianas na pele e nas brânquias. Seu mecanismo de ação está condicionado na liberação de oxigênio em estado ativo que mata rapidamente os parasitos. O ph da água deve ser conhecido, pois em águas neutras ou alcalinas pode ocorrer um precipitado de oxido de manganês sobre as brânquias causando lesões no epitélio. Para evitar esse transtorno recomenda-se uma forte aeração durante o tratamento. Pode ser usado através de banho de imersão com 1000 ppm durante 10 a 40 segundos; banho de curta duração com 5-20 ppm durante 30 minutos a 1 hora com intervalos de 3 dias e banho de grande duração com 0,5-2 ppm de permanganato de potássio por tempo indeterminado, com intervalo de 3 dias. O efeito dessa substância e seu êxito como tratamento diminui na presença de matéria orgânica dos aquários e dos tanques. Inseticidas Quanto aos inseticidas Carnevia (1993) tem recomendado em aquarismo Masoten® (Bayer) para combater infestações por copépodos, aegulideos, lernea e monogeneoideos. Este inseticida é biodegradável em 7 dias e é hidorsouluvel. As carpas, trutas e enguias quando submetidas a tratamento com Masomte® não devem ir pra consumo antes de 20 dias. Em peixes que estão aptos para ser consumidos e apresentam infestações por esses parasitos, os organofosforados devem ter sua administração estritamente controlada por um médico veterinário, em virtude de ocorrer contaminação do produto. Este produto pode sr utilizado para tratamentos de argulose, girodactilose, contra ergalioses e sanguessugas e em tricodinose. O prazo de carência entre a aplicação e o consumo dos peixes é de 21 dias, para carpas, enguias e trutas. Para tratamento de longa duração de carpas e enguias em tanques, usar contra argulose 1 g/ 2-4m³ repetir após 3 a 4 semanas. Para tratamento contra girodactilose, 1g / 4m³ , repetindo após 2-3 semanas quando a infestação for em carpas, trutas e enguias; contra ergaliose de trutas 1g / 6-7 m³, em infestações por sanguessugas nas carpas 1g / 1,5- 3 m³ e para tricodiniase de carpa e enguia 1g/ 440 l de água. Em função da susceptibilidade das espécies e do quadro clinico apresentado pelos peixes é necessário antes de fazer o tratamento realizar um ensaio com alguns exemplares. Antibióticos O uso de antibióticos deve ser sob prescrição do medico veterinário, uma vez que seu uso indiscriminado traz sérios problemas; como por exemplo, o uso de baixas doses ou administração durante tempos prolongados, podem tornar as bactérias resistentes. A oxitetraciclina (terramicina) e a clortetraciclina (auromicina) são os antibióticos mais utilizados em peixes e tem ação contra a maioria das bactérias gram-negativas, além de ter seu custo acessível. As doses recomendadas da tetraciclina por Carnevia (1993), quando a administração é por via oral é de 7.500 ppm na ração durante 10 dias e quando a administração é injetável intraperitonial a dose é de 30 mg/kg peso vivo. A oxitetraciclina pode ser usada na ração para tratamento de furunculose em truta arco-íris, 50 mg/ kg de peso vivo durante 30 dias. Flagyl É um medicamento a base de matronidazol, que se utiliza contra protozoários intestinais, como o Hexamita sp. As doses recomendadas, administradas em banho de curta duração são 500 ppm de flagyl durante 20-30 minutos ou administração oral através de 1000 ppm durante 3 dias. Óxido de Di N- Butil Estanho É utilizado na luta contra veres gastro-intestinais, tais como trematódeos, cestódeos e acantocéfalos. A administração é oral, via ração contendo 3000 ppm do produto durante 3 dias seguidos, para peixes de aquário. Para trutas infestadas por acantocéfalos a recomendação é de 25g/ 100kg de ração durante 4 dias, repetindo após 1 semana. Quando a infestação for em carpas e trutas por trematóides digenéticas a posologia é a mesma usada em acantocefalose, com cuidado de repetir somente 2 dias. CONCLUSÃO O desenvolvimento da piscicultura em nível mundial levou ao investimento em pesquisas para que fossem aprimorados e criados medicamentos visando à profilaxia e o tratamento específico para peixes. A presença de agentes etiológicos macroscópicos e de certas lesões, independente se causam doenças ou não, podem levar ao descarte do peixe pelo aspecto repugnante transferido ou pelo potencial zoonótico que apresentam. A globalização atinge também o mercado alimentício sendo de grande importância atualmente preservar a inocuidade dos alimentos produzidos. A indústria pesqueira brasileira ascende de forma gradativa e produtiva tornando assim de grande valia que cada vez mais haja informação sobre as doenças que possam ser transmitidas por esses animais, para que não só os profissionais relacionados a área de inspeção sejam cautelosos em sua avaliação como também os consumidores estejam atentos a qualquer possibilidade de intoxicação. As grandes concentrações de animais constituem um fator que favorece o aparecimento de doenças, e os peixes não se constituem em exceção. REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Kinkelin P., Bernard, J., and Hattenberger-Baudouy, A.M. (1984) Immunization against viral diseases occurring in cold water. Symposium on Fish Vaccination, Paris, Office International Epizooties, February 1984, pp 167-174. Schubert, G.H. (1966) The infective agent in carp pox. Bull.Off. Int. Epizoot, pp1011-1022. Wolf, K. (1983). Biology and properties of fish and reptilian herpesviruses. In: The Herpersviruses. Vol. 2 ( Roizman, b., ed.).Plenum Press, New York, pp319-366. Carlisle J.C., Roberts, R.J. An Epidermal papilloma of the Atlantic salmon. I. Epizootiology, Pathology and Immunology. F. Wilde. Dis; 13,230-4 (1977) Plumb, J.A.(1971) Tissue distribution of channel catfish virus. J. Wildlife Dis. 7:213-216. 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