ANÁLISE DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS DOS ALUNOS DO 3º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL ACERCA DAS CORES DA COLETA SELETIVA
Maria Thamires Gomes de Melo¹
A diversidade problemas relacionados ao meio ambiente está se tornando
cada vez maior, dado o aumento da intervenção do homem no meio em que vive. A má
destinação dos resíduos sólidos é um dos problemas mais frequentes em nosso cotidiano
e que traz como consequências desde a poluição dos ambientes até a proliferação de
vetores transmissores de doenças. Uma das alternativas para mitigação dos problemas
relacionados a essa má destinação é a separação correta dos resíduos por meio da coleta
seletiva. Todavia, muitas pessoas desconhecem a verdadeira função das lixeiras que a
ela pertencem, além de não conhecerem e não associarem suas cores com o tipo de
resíduos que cada uma recebe, misturando-os na hora da destinação. Nessa perspectiva,
este artigo traz uma breve análise da atividade diagnóstica que realizei na fase inicial da
pesquisa que estou desenvolvendo no PIBID/UFRPE, com 32 alunos do 4º ano do
ensino fundamental, numa escola da rede pública de Garanhuns-PE, cujo objetivo
principal foi conhecer as concepções prévias dos alunos acerca das quatro cores mais
utilizadas nas lixeiras da coleta seletiva (verde, amarela, azul e vermelha) e dos resíduos
que à elas são relacionados. Apenas 29 alunos estavam presentes no dia, e dessa
quantidade, apenas 27 responderam à atividade. Ao serem analisadas as 27 respostas,
foi verificado que apenas 4 alunos acertaram todos os resíduos na lixeira correta, 4
acertaram a maioria, 2 acertaram metade; 12 erraram a maioria e 5 erraram todos. Logo
pode-se concluir que dentro do contexto escolar, ainda muito pouco se conhece acerca
desse processo e que este conhecimento torna-se necessário para que as lixeiras possam
ser utilizadas de forma correta em nosso cotidiano, fazendo com que a coleta seletiva
realmente aconteça de maneira efetiva e possa minimizar os problemas ambientais
causados pela ação antrópica, melhorando o ambiente e a qualidade de vida das
pessoas.
Palavras Chave: Cores, Coleta Seletiva, Lixeiras.
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Introdução
Na medida em que o homem aumenta a sua capacidade de intervenção na
natureza, aumenta também a quantidade de problemas resultantes dessa intervenção e o
lixo pode ser destacado como um dos mais comuns e mais preocupantes, por estar
tomando proporções cada vez maiores em nosso cotidiano.
O aumento no número de embalagens descartadas de maneira inadequada no
ambiente está gerando uma série de consequências ao ser humano e à natureza.
Entretanto, a coleta seletiva do lixo pode ser considerada uma das melhores alternativas
para solucionar o problema pois, além de separar o lixo de maneira correta, possibilita e
reutilização de materiais e, consequentemente, uma diminuição na quantidade de lixo
que segue para os lixões e aterros sanitários.
Todavia, muitas pessoas desconhecem a verdadeira função das lixeiras da coleta
seletiva, além de não conhecerem e não associarem suas cores com o tipo de resíduo
que cada uma recebe, muitas vezes acabam misturando os materiais e confundindo as
cores das lixeiras na hora da destinação.
Esse problema também ocorre nas instituições de ensino e muitos alunos não
conseguem fazer essa associação entre as cores e os resíduos. Dessa forma, cabe à
escola proporcionar oportunidades para que os mesmos assimilem essa relação,
aprendam as várias classificações do lixo e reconheçam a importância desse processo
para a melhoria a qualidade de vida das pessoas.
Uma ferramenta que pode auxiliar nessa assimilação é a inserção de uma
educação ambiental que permita a formação crítica e consciente dos alunos para eu
adotem atitudes responsáveis não apenas na sala de aula, mas na sociedade em que
estão inseridos.
Dessa forma, objetivou-se com este artigo, conhecer as concepções prévias dos
alunos acerca das quatro cores mais utilizadas nas lixeiras da coleta seletiva (verde,
amarela, azul e vermelha) e dos resíduos que à elas são relacionados, como forma de
conhecer também, o nível de familiaridade desses alunos, com o esse processo
considerado uma das principais medidas mitigadoras para os problemas do lixo.
A Importância da Coleta Seletiva para o Contexto Escolar e para a Sociedade
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Uma das temáticas bastante discutida na atualidade tem sido a poluição, devido
as preocupações com os agravos causados ao meio ambiente. De acordo com a
Legislação brasileira (Lei 6.938/81, Art. 3, III) a poluição é definida como a degradação
da qualidade ambiental que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, segurança e o
bem-estar da população, que criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas, que afetem desfavoravelmente a biota, as condições estéticas ou sanitárias
do ambiente ou que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
estabelecidos.
Desta maneira, apontamos o “lixo” produzido pelo os seres humanos como um
dos principais agentes poluidores da natureza, constituindo-se um elemento de grande
risco para a saúde de todos os seres vivos e do planeta em si. Para Ferreira (1999) lixo é
aquilo que se varre da casa, que se joga fora, entulho, tudo o que não presta, sujeira,
imundície, coisas inúteis, velhas, sem valor. Entretanto, podemos dizer que o que é
considerado “lixo” para uns, pode não ser para outros. Uma vez que, o lixo pode ser
reaproveitado de diversas formas, sendo útil para muitas pessoas, como um conjunto de
materiais com valor econômico.
No entanto, o acumulo de lixo e o modo inadequado a qual ele vem sendo posto
no ambiente, vem acarretando a poluição do solo, da água e do ar, como também, a
proliferação de vetores de doenças, devido ao surgimento de fungos e bactérias.
Segundo Mota (2003) muitas das cidades brasileiras ainda utilizam a forma de dar
destino aos resíduos sólidos através de depósitos a céu aberto.
Essa alternativa é conhecida por lixão, se caracteriza pela descarga dos resíduos
sólidos sobre o solo, sem nenhuma medida de proteção ao meio ambiente e a saúde
pública, contaminando o próprio solo. Para Santos (2007) ao ser disposto no solo, o lixo
o polui pela introdução de microrganismos, pela atração de vetores, pela
impermeabilização decorrente dos materiais não biodegradáveis e pelo chorume, um
líquido escuro com fortes características físico-químicas e biológicas, por isso, de alto
potencial poluidor.
A qualidade do ar também vem sendo afetada pelo o lixo, papéis e sacolas,
podem gerar poluição atmosférica ao serem carregados pelo ar em movimento (ventos)
ou são queimados, lançando na atmosfera materiais particulados, como o óxido de
enxofre e o nitrogênio. Nessa perspectiva, Acurio et al. (1997) lembram que a poluição
do ar, provocada pelo lixo, representa ainda um outro problema: o fato de tal poluição
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atingir populações próximas ou distantes dos locais de disposição dos resíduos. Nos
estudos de casos, as maiores queixas das populações vizinhas a estas áreas referem-se a
distúrbios respiratórios, não só pela poeira suspensa, mas também pelo cheiro
desagradável e efeito irritante de algumas substâncias voláteis, que causam doenças
como cefaleia e náuseas.
No que se refere à água, os problemas originários do lixo estão relacionados
com a poluição dos recursos hídricos tanto superficiais quanto subterrâneos
Os resíduos sólidos contêm espécies químicas que podem ser carreadas pelas
chuvas e entrar em contato com os cursos d’água superficiais e subterrâneos
através de escoamento superficial e infiltração. Dessa forma, poderá haver o
comprometimento do uso dessas fontes e da biota aquática, com risco de
ocorrer intoxicações em um grande número de pessoas (SISINNO, 2002, p.
33).
Contudo, sabe-se que diariamente grandes quantidades de lixo são produzidos
nas nossas residências, cabendo a nós a reponsabilidade de dá-lo um destino adequado
ou tomar medidas que se façam necessárias para evitar problemas ambientais. Desta
forma, precisamos evitar jogar lixo nas ruas, pois pode entupir bueiros, impedindo o
escoamento da água, causando enchentes e desabrigando pessoas; não fazer queima do
próprio lixo, porque haverá a liberação de gases que poluíram o ar; nem deposita-los na
água de rios e mares, visto que além da poluição da própria água, os animais aquáticos
podem confundir o lixo com alimento, o que pode adoece-los ou até mesmo leva-los a
morte.
Uma das principais alternativas para diminuir o problema do lixo é a
reciclagem. “Através da reciclagem, o lixo passa a ser visto de outra maneira, não como
um final, mais como o início de um ciclo em que podemos preservar o meio ambiente”
(MARODIN, MORAIS, 2004, p.3). É um produto que está sendo inovado, que ao invés
de ir parar no lixo, contribui com a diminuição da poluição. Portanto, necessitamos
colaborar com a coleta seletiva do lixo, que facilitará o processo de reciclagem pelas
indústrias, cooperativas e usinas.
Assim, adotar a reciclagem significa assumir um novo comportamento diante do
ambiente, conservando-o o máximo possível. Além de reduzir os resíduos urbanos,
permite o prolongamento da vida útil dos aterros sanitários e a geração de empregos
para catadores:
A reciclagem é considerada a [solução] mais adequada, por razões
ecológicas e também econômicas: diminui os acúmulos de detritos na
natureza, e a reutilização dos materiais poupa, em certa medida, os
recursos naturais não renováveis (SCARLAT, POINT, 1992, p. 57).
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De acordo com Alencar (2005) no âmbito educacional a reciclagem gera
oportunidades de mobilização e participação comunitárias, desenvolvendo nos cidadãos
a consciência ambiental e uma atitude de responsabilidade em relação ao lixo por eles
gerado. As atividades de reciclagem, quer sejam industriais ou artesanais, bem como as
centrais de triagem ou usinas de compostagem podem ter fortes vínculos com a
formação e educação ambientais de crianças. Essas instalações, além de serem unidades
de tratamento do lixo, podem funcionar como grandes laboratórios de Ciências,
oportunizando a aprendizagem de conceitos científicos, habilidades e valores
relacionados à reciclagem do lixo urbano.
Portanto, essas ações devem estar presentes na proposta da escola, podendo
perpassar pelas várias disciplinas que compõem o currículo escolar, evitando a
fragmentação dos saberes. Para Goldman (1979) um olhar interdisciplinar sobre a
realidade permite que entendamos melhor a relação entre seu todo e as partes que a
constituem. Na perspectiva de (JAPIASSU, 1976, p. 75):
Podemos dizer que nós reconhecemos diante de um
empreendimento interdisciplinar todas as vezes em que ele
consegue incorporar os resultados das várias especialidades, que
tomar de empréstimo a outras disciplinas certos instrumentos e
técnicas metodológicas, fazendo uso dos esquemas conceituais e
das análises que se encontram nos diversos ramos do saber [...]
(JAPIASSU, 1976, p. 75).
Sendo assim, a escola torna-se um ambiente para implementar a consciência de
que o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso
pelo homem dos recursos naturais disponíveis. Torna-se necessário que os alunos
reconheçam as cores que fazem parte desse processo tão importante pra mitigação dos
problemas ambientais e para que saibam utilizá-las em seu dia-a-dia, não apenas no
contexto escolar, mas sobretudo, fora dele. Para isso, é necessário que, mais do que
informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação
de valores, habilidades e procedimentos.
Metodologia
Esta pesquisa foi realizada durante a fase de diagnose da projeto que estou
desenvolvendo no PIBID/UFRPE, com 32 alunos do 4º ano do ensino fundamental,
numa escola da rede pública de Garanhuns-PE.
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Foi aplicada uma atividade diagnóstica com os 29 alunos que estavam presentes
no dia da aplicação, cujo objetivo era associar 12 figuras de resíduos, com as quatro
cores mais utilizadas no processo de Coleta Seletiva do Lixo.
Foram destinados 30 minutos para desenvolvimento desta atividade. Após
concluído o tempo, as atividade foram recolhidas e analisadas de acordo com a
associação feita por cada aluno.
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Resultados
Apenas 29 alunos estavam presentes no dia, e dessa quantidade, apenas 27
responderam à atividade. Ao serem analisadas as 27 respostas, foi verificado que apenas
4 alunos acertaram todos os resíduos na lixeira correta, 4 acertaram a maioria, 2
acertaram
metade;
12
erraram
a
maioria
e
5
erraram
todos.
Considerações Finais
Diante dos resultados obtidos, pode-se verificar que, apesar da reciclagem ser
um tema que permeia a atualidade, ainda muito pouco se conhece acerca do processo
de coleta seletiva no ambiente escolar, ambiente este que é indispensável para a
formação da consciência crítica do cidadão.
Ainda muito pouco se entende o significado que este processo possui para nossa
sociedade e a importância a ele atribuída e pouquíssimo se identifica e se compreende o
significado das cores que nele estão envolvidas.
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O resultado dessa pesquisa me fez perceber o quanto se faz necessária a inserção
da educação ambiental nas escolas, tendo em vista que é através dela que essas lacunas
na formação ambiental serão preenchidas. É através dela que podemos trilhar um
caminho rumo a extinção dos problemas ambientais, principalmente aqueles
relacionados ao lixo e á falta de cuidado do homem para com a natureza e com o meio
social em que está inserido.
Será através da educação ambiental contínua e contextualizada com a realidade
do aluno, que poderemos construir uma sociedade formada por cidadãos com consumo
consciente e com atitudes comprometidas com o bem estar da sociedade em que estão
inseridos, se preocupando também com o bem estar das gerações futuras.
Cabe à escola, principalmente aos educadores, buscar essa formação, lutar pela
formação socioambiental de seus alunos, tornando-os assim, cidadãos críticos prontos
para atuar de modo responsável não apenas no ambiente escolar, mas sobretudo, fora
dele.
Referências Bibliográficas
ACURIO, G.; ROSSIN, A.; TEIXEIRA, P. F.; ZEPEDA, F. Diagnóstico da situação
da gestão de resíduos urbanos na América Latina e no Caribe. Lima/Peru: BD/OPS,
1997.
ALENCAR, M. M. M. Reciclagem de lixo numa escola pública do município de
Salvador. Salvador: Faculdade Jorge Amado, 2005.
FERREIRA, A. B. de H. Dicionário Aurélio eletrônico século XXI. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1999.
GOLDMAN, Lucien. Dialética e cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago,
1976.
MARODIN, V. S.; MORAIS, G. A. Educação ambiental com os temas geradores lixo
e água e a confecção de papel reciclável e artesanal. Anais do 2º congresso brasileiro
de extensão universitária. Belo Horizonte. UEMG. Disponível em: <http://
www.ufmg.br/educa/>. Acesso em : 10 de junho de 2014.
MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. Rio de Janeiro: Albes, 2003.
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SCARLATO, F. C.; PONTIN, J. A. Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e educação.
São Paulo: Atual, 1992.
SANTOS, G. O. Análise histórica do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos
de Fortaleza como subsídio às práticas de educação ambiental. Monografia de
especialização. Universidade Estadual do Ceará, 2007.
SISINNO, C. L. S. Destino dos resíduos sólidos urbanos e industriais no estado do
Rio de Janeiro: avaliação da toxicidade dos resíduos e suas implicações para o
ambiente e para a saúde humana. Tese de doutorado. Fundação Oswaldo Cruz/Escola
Nacional de Saúde Pública, 2002.
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