PRODUÇÕES DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVAS: INVESTIGANDO O
USO DO CONECTOR MAS
Ana Claudia Wittholter (ICV/UNIOESTE/PRPPG), Débora Raquel Massmann
(Orientador) e-mail: Dé[email protected]
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Foz do Iguaçu-PR/
Centro de Educação e Letras
Grande Área: Linguística, Letras e Artes
Sub-área: 8.01.00.00-7 - Lingüística
Palavras-chave: Conector “mas”; Argumentação; Redação
Resumo:
A argumentação se estabelece na superfície discursiva através de
diferentes mecanismos linguísticos, como, por exemplo, construções
interrogativas, impessoais, pessoais, modalizações e negações, entre outras.
Nesta pesquisa, interessamo-nos, especificamente, pelos conectores,
conhecidos também como as marcas da argumentação, eles trazem consigo
uma grande responsabilidade no que diz respeito à organização do discurso
argumentativo. Aqui, trataremos diretamente do conector argumentativo “mas”,
por apresentar-se como aquele mais completo, mais complexo e mais
empregado. Para realizar este estudo, selecionamos redações de alunos da
rede privada de ensino, pretendendo descrever e analisar as diferentes funções
desempenhadas pelo “mas” na superfície discursiva. Apresentaremos os
resultados obtidos mostrando como todas as funções do “mas”, apresentadas
nesta pesquisa, estiveram presentes no corpus.
Introdução
A redação é a forma de avaliação da produção escrita preferencial dos
maiores vestibulares do Brasil. Neste tipo de produção textual, é necessário
desenvolver argumentos que comprovem a opinião do vestibulando sobre um
determinado assunto, logo é necessário que ele consiga organizar suas idéias
e persuadir o leitor com o que foi formulado, ou seja, o enunciador, em nosso
caso o vestibulando, precisa encadear argumentos a sua tese e deve fazer isso
empregando diferentes construções argumentativas e diferentes marcadores
de argumentação. Dentre estes marcadores, que denominaremos aqui como
conectores, o “mas” apresenta-se como aquele mais completo, mais complexo
e mais empregado. Maingueneau (1993) afirma que “os conectores
argumentativos desdobram efeitos de sentidos originais nos contextos
singulares em que se inserem” (Maingueneau, 1993, p. 65-66). Por
conseguinte, os conectores são responsáveis pela articulação de enunciados e,
também, assumem caráter coesivo que garante a progressão textual, por meio
de diversas tonalidades de sentido.
Portanto, neste trabalho, pretende-se descrever e analisar as diferentes
funções desempenhadas pelo “mas” na superfície discursiva.
Através deste estudo, pode-se contribuir para a compreensão sobre as
estratégias de argumentação utilizadas pelos alunos na produção de textos
dissertativo-argumentativos, mais precisamente, no que concerne à presença
do conector argumentativo “mas”, popularmente conhecido apenas como uma
conjunção adversativa, mas que neste trabalho será analisado de maneira a
tentar comprovar que seu uso pode provocar efeitos de sentido interessantes e
variados em um texto.
Materiais e métodos
A perspectiva de estudo deste trabalho é composta por uma pesquisa
bibliográfica e de campo. A pesquisa bibliográfica visou reunir o referencial
teórico no qual estão dispostas as teorias que competem para o embasamento
teórico e para a discussão dos dados. E a pesquisa de campo consiste na
análise do conector “mas” nas redações.
O material de pesquisa que foi analisado e discutido é composto por um
corpus de nove redações produzidas por alunos da rede privada de ensino de
Foz do Iguaçu, que foram obtidas através de um simulado avaliativo.
A preferência por redações justifica-se pelo fato de que este gênero
discursivo é, ao mesmo tempo, polêmico e indispensável para alunos
aspirantes à universidade.
Primeiramente, procuramos identificar a utilização do conector “mas” nas
redações, em seguida, identificamos as diferentes funções desempenhadas por
este conector na superfície textual conforme especificações estabelecidas no
referencial teórico.
Resultados e Discussão
Dos nove textos coletados, todos apresentaram ocorrência do conector,
portanto o corpus escolhido é representativo, pois, partimos do pressuposto de
que o “mas” é um elemento constantemente presente nos textos de alunos de
variadas fases de escolarização.
Através da análise desenvolvida, foi identificada a presença do conector
“mas” em diferentes funções ao longo das redações, como, por exemplo, de
refutação, argumentação, concessão, reforço-ênfase e fática. Portanto, o “mas”
está presente em diferentes situações de enunciação, o que comprova que a
função desempenhada por cada um deles, pode ser conceituada através das
propostas desenvolvidas por Ducrot (1980) e Adam (1990). Ao todo, em nosso
corpus, foram identificados quinze empregos do conector “mas”. Foram
encontrados três conectores “mas” com a função Refutativa, dois com a função
Argumentativa, dois com a função Reforço-ênfase, três com a função Fática e
três com função Concessiva.
Conclusões
A presente pesquisa teve como objetivo descrever e analisar as
diferentes funções desempenhadas pelo conector “mas” na superfície
discursiva. Procuramos compreender as especificidades deste conector,
usando um corpus de nove redações, que serviram de suporte para a análise
do “mas” cujas funções foram depreendidas a partir de um exame da
microestrutura textual.
De uma maneira geral, pode-se considerar que as analises
desenvolvidas obtiveram resultados satisfatórios, pois mesmo com um corpus
limitado podemos observar que o conector “mas” se fez presente em todas as
nove redações, desenvolvendo funções de refutação, argumentação,
concessão, reforço-ênfase e fática.
O que se coloca como reflexão aqui, é a necessidade do aluno em
compreender a importância do emprego dos conectores argumentativos em
sua redação, pois é através deles que ele vai encadear os enunciados do seu
discurso e obter um bom resultado no vestibular. Embora nossa pesquisa trate
especificamente do conector “mas”, por ele se tratar do conector argumentativo
por excelência, ela revela um ramo de pesquisa muito mais complexo e
interessante.
Agradecimentos
Agradeço à professora Débora Raquel Massmann pela ajuda e confiança
depositada. Aos amigos sinceros de estudo. E, à minha mãe, pela força e amor
absoluto.
Referências
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