Gabarito Tarefão - Ciências Humanas e suas Tecnologias – 13/05 Norberto QUESTÃO 01 No ano de 73 a. C., um grande número de escravos e camponeses pobres se rebelaram contra as autoridades romanas no sul da Itália. Os escravos buscavam retornar às suas pátrias. Depois de resistirem aos exércitos romanos durante dois anos, a maioria foi massacrada. (Traduzido e adaptado de P. Brunt, Social Conflicts in the Roman Republic) a) Compare a escravidão na Roma Antiga e na América Colonial, identificando suas diferenças. b) Quais foram as formas de resistência escrava nesses dois períodos? RESPOSTA ESPERADA a) A escravidão na Roma antiga era formada por prisioneiros de guerra (povos pertencentes às terras conquistadas pelo Império Romano). Os escravos exerciam funções diversas, inclusive atuavam como intelectuais, como professores. Já, na América colonial, os escravos eram basicamente índios e negros, capturados e transportados para as grandes fazendas ou para as minas, obrigados a realizarem trabalho forçado e braçal. b) Os escravos do antigo Império Romano se revoltavam, recusando-se a cumprir suas funções, os escravos da América colonial fugiam para o mato e lá constituíam pequenas comunidades longe da violência branca — os quilombos. QUESTÃO 02 No contexto das invasões bárbaras do século X, os bispos da província de Reims registraram: “Só há cidades despovoadas, mosteiros em ruínas ou incendiados, campos reduzidos ao abandono. Por toda parte, os homens são semelhantes aos peixes do mar que se devoram uns aos outros.” Naquele tempo, as pessoas tinham a sensação de viver numa odiosa atmosfera de desordens e de violência. O feudalismo medieval nasceu no seio de uma época conturbada. Em certa medida, nasceu dessas mesmas perturbações. (Adaptado de Marc Bloch, A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1982, p. 19.) a) Estabeleça as relações entre as invasões bárbaras e o surgimento do feudalismo. b) Identifique duas instituições romanas que contribuíram para a formação do feudalismo na Europa medieval. Explique o significado de uma delas. RESPOSTA ESPERADA a) Para estabelecer as relações entre as invasões bárbaras e o surgimento do feudalismo, o aluno poderia partir das informações que lhe foram fornecidas pelo enunciado, e que relacionam o surgimento do feudalismo à desordem e à violência da época, para chegar à explicação daquele processo. Nesse sentido, poderia mencionar, por exemplo, o êxodo urbano e a ruralização da sociedade, a descentralização e a fragmentação do poder político, o fortalecimento dos laços de dependência pessoal ou a privatização da defesa militar como traços da sociedade feudal que se relacionam com as invasões da Alta Idade Média. b) Essa pergunta requer do aluno a percepção do feudalismo como um processo histórico, na medida em que a questão enfatiza o que permanece do Império Romano na formação do sistema feudal na Europa medieval. Dentre as instituições do período romano que contribuíram para a formação do feudalismo, são exemplos: as vilas (grandes propriedades rurais auto-suficientes), o colonato (sistema de trabalho que criava uma relação de dependência entre um trabalhador e um senhor de terras), a Igreja (responsável pela preservação e transmissão de parte da cultura romana aos novos reinos germânicos). Questão 03 Leia com atenção os dois comentários abaixo sobre colonização: A colonização foi um meio de consolidação da dominação romana e a única medida políticosocial de longo alcance com que o estado romano conseguiu atenuar os desequilíbrios que afetavam o seu corpo social. (Adaptado de M. Weber, História Agrária Romana, Martins Fontes, 1994) O esforço de colonização dos portugueses distingue-se principalmente pela predominância do seu caráter de exploração comercial antes de tudo litorânea e tropical. (Adaptado de S. Buarque de Hollanda, Raízes do Brasil, 1936) a) Quais os principais objetivos da colonização romana? b) Compare o processo de colonização portuguesa com o processo de colonização romana, apontando as diferenças. RESPOSTA ESPERADA a)sobre a colonização romana, um tema pouco trabalhado nos livros didáticos, o aluno, ainda que soubesse pouco sobre o assunto, consegue responder se parafrasear ou “copiar” o texto de Weber, mostrando ter entendido o enunciado. b)o aluno também deve se valer do enunciado. Em contraste com os objetivos primariamente políticos e sociais da colonização romana, a colonização portuguesa tinha objetivos comerciais e econômicos, como o texto de Sérgio Buarque, no enunciado, deixa claro. O núcleo da resposta era a exploração mercantil da colonização portuguesa, que podia estar definida pelos termos mercantil, comercial, econômica, mercantilista, etc. Questão 04 No século XIII, um teólogo assim condenava a prática da usura: “O usurário quer adquirir um lucro sem nenhum trabalho e até dormindo, o que vai contra a palavra de Deus que diz: ‘Comerás teu pão com o suor do teu rosto.’ Assim o usurário não vende a seu devedor nada que lhe pertença, mas apenas o tempo, que pertence a Deus. Disso não deve tirar nenhum proveito.” (Adaptado de J. Le Goff, A Bolsa e a Vida, Brasiliense, 1989) a) O que é usura? b) Por que a Igreja medieval condenava a usura? c) Relacione a prática da usura com o desenvolvimento do capitalismo no final da Idade Média. RESPOSTA ESPERADA a) Usura é a cobrança de juro e/ou a prática do empréstimo de dinheiro a juro. b) os argumentos utilizados pela Igreja para condenar a usura: • tempo pertence a Deus, • condena o lucro sem trabalho, • a usura seria um pecado contra Deus e sua Criação, porque o trabalho faz parte do plano de Deus, • porque o trabalho do corpo e do espírito seriam as únicas e verdadeiras fontes de riqueza, c)• esta prática leva à expansão de uma classe de especuladores e credores que vivem do capital, • tal prática inicia uma separação entre os que detêm o capital e aqueles que trabalham, • o acúmulo de riquezas e/ou bens de capital são reinvestidos para gerar mais capital, o que acaba acarretando expansão das atividades econômicas, sobretudo dos empreendimentos comerciais. Jeová 5. Na Inconfidência Mineira, as ideias das Luzes fizeram-se presentes. Fonte de inspiração presumível, mas não referida explicitamente pelos conjurados, é Do Espírito das Leis, de Montesquieu, na qual há toda uma discussão sobre as espécies de governo, bem como críticas bem ácidas ao despotismo e à colonização espanhola. Das Luzes, os inconfidentes apropriaram-se também de princípios como o antidespotismo, o direito dos povos à rebelião, mais as críticas pontuais ao exclusivo colonial e ao peso dos tributos. VILLALTA, Luiz Carlos. As origens intelectuais e políticas da Inconfidência Mineira. In: RESENDE, Maria Efigênia Lage de; VILLALTA, Luiz Carlos. História de Minas Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. V. II. p. 586/7 (adaptado) . a) Apresente duas características centrais do pensamento Iluminista do século XVIII. b) Contextualize historicamente as condições existentes nas cidades Mineiras do período Colonial, surgidas a partir da expansão mineradora, que permitiram o diálogo de parte de suas elites com o pensamento Iluminista Europeu. Gab: a) A chegada dos colonizadores espanhóis não representou o início da presença humana no continente Americano. No que se refere à área sob influência direta da Espanha, existiram pelo menos três grandes civilizações organizadas de forma bastante complexa, e com elevados conhecimentos em áreas do saber como astronomia, matemática, agricultura e arquitetura. Espera-se que o candidato consiga indicar pelo menos a presença dos incas, maias e astecas no contexto sugerido. Também podem ser arrolados outros povos, como os Anasazi, os Mixtecas, os Zapotecas e os Toltecas como outros exemplos possíveis. b) O texto constrói uma imagem de derrota e humilhação de um líder Inca. Portanto, uma visão que aponta para as consequências negativas da expansão colonialista europeia, e mais precisamente a Espanhola, sobre as civilizações pré-colombianas; fruto não somente da violência direta utilizada pelos colonizadores contra os povos indígenas, mas também da chegada das doenças europeias que tiveram um caráter avassalador sobre tais sociedades. No caso específico dos Incas e dos Astecas, os resultados foram catastróficos. Espera-se que o candidato possa identificar, entre os aspectos negativos, a desorganização social, os altos índices de mortalidade, a escravidão e a servidão, a perda dos referenciais culturais e dos padrões de identidade étnica, além do abandono de conhecimentos técnicos e métodos agrícolas tradicionais, como as principais consequências negativas do colonialismo europeu. 6. Observe a pintura a seguir. Pedro Américo. “Tiradentes esquartejado”, 1983. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. A tela de Pedro Américo tematiza a morte de Tiradentes. Considerando a importância dessa pintura para o imaginário republicano; a) apresente um argumento que explique a apropriação da figura de Tiradentes pelos republicanos. b) explique como o quadro expressa essa apropriação. Gab: a) É possível apresentar vários argumentos sobre a apropriação da figura de Tiradentes pelos republicanos, dentre eles: · a necessidade da República, regime implantado no Brasil em 1889, em criar e estabelecer um imaginário republicano que se diferenciasse do monarquista. A maneira como Tiradentes morreu (enforcado e esquartejado) determinou a escolha, pois a figuração da morte permitia a elevação de Tiradentes a mártir. · a participação de Tiradentes na Inconfidência Mineira converteu-o em símbolo da luta pela independência. No século XIX, em várias províncias, verificou-se a existência de ideais republicanos, presentes também na Inconfidência Mineira. · considerando o forte vínculo cultural do povo brasileiro à tradição cristã e a circunstância da morte de Tiradentes (enforcamento e esquartejamento), os republicanos utilizaram o apelo religioso e místico. b) O quadro apela à tradição cristã do povo brasileiro, destacando a tragédia da morte de Tiradentes por meio do uso de símbolos do cristianismo como o crucifixo, por exemplo. Na pintura, o corpo de Tiradentes alude à representação da crucificação de Cristo. Outros elementos reforçam essa analogia, tais como a cabeça do Inconfidente disposta sobre o cadafalso, o crucifixo ao lado, a disposição das partes do corpo e a vestimenta. 7. Analise as imagens a seguir. INDEPENDÊNCIA OU MORTE ou O GRITO DO IPIRANGA, de Pedro Américo, óleo sobre tela, 1888. São Paulo: Museu Paulista. PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA, de FrançoisRené Moreaux, óleo sobre tela, 1844. Petrópolis: Museu Imperial. As duas pinturas representam a Proclamação da Independência do Brasil (1822) e a figura de D. Pedro I. Com base na análise comparativa das imagens, a) explique as diferenças de sentido nas representações das imagens do príncipe D. Pedro I, da guarda real e do povo, em cada uma das pinturas. b) descreva um elemento comum a ambas as pinturas que corrobora uma mesma concepção de his tória e explique que concepção de história é essa. Gab: a) O quadro de Pedro Américo representa D. Pedro I como um herói militar, posicionado ao centro da tela, erguendo a espada (símbolo justamente desse poder) e liderando a guarda real. A guarda é representada de forma destacada no primeiro plano, circundando D. Pedro I. Américo representa o povo à margem do acontecimento, na figura de um camponês que passa com seu carro de boi. Desse modo, o pintor atribui caráter militar à Proclamação da Independência. Já no quadro de Moreaux, D. Pedro I é representado como um herói popular, ao centro da tela, erguendo seu chapéu em meio à multidão formada por pessoas comuns. O povo é representado de forma destacada no primeiro plano, celebrando a proclamação e legitimando, assim, a ação de D. Pedro I. Moreaux representa a guarda apenas ao fundo da imagem, de forma secundária. Desse modo, o pintor atribui caráter civil ao evento. b) O elemento comum a ambas as pinturas é a centralidade da figura de D. Pedro I na Independência do Brasil. Ambos os quadros instituem o ato da Proclamação como o momento de fundação heroica do regime monárquico e do Brasil independente, assim como idealizam a figura de D. Pedro I, tornandoo o herói da Independência. Desse modo, corroboram para uma concepção de história que privilegia a concepção de herói, sobrepondo o indivíduo ao papel do coletivo e não compreendendo a história como algo processual ou social. Graça 8. Sobre o comércio internacional responda a) Qual é a relação existente entre comércio internacional e globalização? Resp – O comércio internacional é um dos aspectos mais importantes da globalização na medida em que aprofundou a integração e interdependência entre os países. b) Cite dois fatores que favoreceram a expansão do mércio internacional no pós-guerra. Resp – Revolução nos transportes Internacionalização da produção Criação do GATT 9. Sobre os grandes polos do comércio internacional cite características do 1. Polo Ásia-Pacífico Resp – é o maior polo de comércio do mundo e mantém superávits comerciais com os demais polos. Destaque para Japão, China, Tigres Asiáticos, EUA e Canadá 2. Polo Europa Resp – É o segundo maior polo do mundo . O comércio desse polo ocorre sobretudo entre os próprios países da Europa devido às regras fáceis de comércio estabelecidas entre eles pela UE. 10. Sobre os blocos econômicos responda a) Qual é o maior objetivo desses blocos. Resp – Unir países com o objetivo de estimular um comércio facilitado e dinamizar as suas economias. b) Cite um outro objetivo dos blocos Resp – Dificultar a competição internacional no seu interior através de políticas protecionistas como barreiras e subsídios 11. Com relação ao Mercado Comum do Sul responda a) Expliquec omo ele é classificado. Resp – É classificado como União Aduaneira. Os países reduzem ou eliminam tarifas e adotam uma Tarifa Externa Comum para o comércio fora do bloco. b) Cite os membros efetivos e associados desse bloco Res- Efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela Associados : Chile, Bolívia, Perú e Equador Brizola Railton 15. No livro I da República de Platão, o sofista Trasímaco faz a seguinte consideração. - Ó Heracles! Aí está a habitual ironia de Sócrates... Eu sabia disso e aos presentes já havia prevenido que tu não quererias responder, que fingirias nada saber e tudo farias, menos responder, se alguém te fizesse uma pergunta. PLATÃO. República.Trad. de Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 18. Explique o que é ironia e com qual finalidade Sócrates a utiliza. RESPOSTA: Os diálogos socráticos começam com uma pergunta (ironia) que antecede outras perguntas que marcarão todo o diálogo. O objetivo da ironia é demonstrar ao presunçoso interlocutor que ele não sabe o que pressupõe saber e conduzi-lo através do método dialógico à busca da verdade, utilizando para tanto a maiêutica (parto de ideias). 16. O mundo sensível é cópia imperfeita do mundo das ideias. É o mundo físico, material. Única realidade que nossos sentidos podem perceber. Foi criado por um deus artesão, o Demiurgo, que o fez a partir do modelo ideal, o mundo inteligível. Explique o que é mundo inteligível. RESPOSTA: Realidade metafísica, imaterial, ideias perfeitas: justiça, beleza, amor, piedade, governo. Formas geométricas puras e modelos universais de todas as coisas. Mundo do qual o nosso não passa de uma cópia imperfeita. Realidade que somente nossa inteligência pode alcançar. Mundo de onde vem as almas. 17. Explique o que ação social, conceito central da sociologia de Max Weber. Ação Social: É uma modalidade específica da ação, ou seja, é uma conduta humana (que pode consistir num ato externo ou interno; numa condição ou numa permissão) em que o próprio agente associa um sentido a sua ação, desde que a ação seja orientada conforme a conduta dos outros e em consonância com eles. A “ação social”, portanto, é uma ação em que o sentido indicado por seu sujeito, refere-se à conduta de outros, orientando-se por esta em seu desenvolvimento. É toda conduta humana em que o próprio agente associa um sentido a sua ação, desde que a ação seja orientada conforme a conduta dos outros e em consonância com eles. Para que isso se torne inteligível é preciso ver o que Weber entende por “sentido”. 18. Defina poder, segundo a teoria sociológica weberiana. “PODER significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento desta resistência”. 19. Defina dominação legítima e aponte seus tipos ideais. “DOMINAÇÃO é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, entre determinadas pessoas indicáveis.” Três tipos puros de dominação legítima: a legal, a tradicional e a carismática. 20. Aristóteles organizou os saberes gregos em CIÊNCIAS PRODUTIVAS OU TÉCNICAS, PRÁTICAS E TEORÉTICAS. As ciências práticas são a ética e a política. A ética é uma orientação racional para as ação do indivíduo a fim de que sua felicidade potencial seja atualizada (realizada). Já a política é uma orientação racional ao governante para que seja justo e garanta o bem comum. A felicidade só pode ser conquistada verdadeiramente agir virtuoso. Defina virtude, segundo Aristóteles. Dê exemplos de virtude. RESPOSTA: Virtude é o justo meio entre dois extremos, considerados respectivamente vícios do excesso e da falta. A temperança é um exemplo, pois está entre a libertinagem e a insensibilidade. A coragem é outro exemplo, pois está entre a temeridade e a covardia.