Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 1 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE DE VIBRAÇÃO (Parte de um trabalho elaborado por mim) 3.1 CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÃO O estudo da vibração diz respeito aos movimentos oscilatórios de corpos e às forças que lhes são associadas. Todos os corpos dotados de massa e elasticidade são capazes de produzir vibração. Deste modo, a maior parte das máquinas e estruturas está sujeita a certo grau de vibração e o seu projeto requer geralmente o exame do seu comportamento oscilatório. Os sistemas oscilatórios podem ser divididos em duas classes: lineares e não-lineares. Para os sistemas lineares estão desenvolvidos métodos matemáticos para o seu estudo que, ao contrario dos não-lineares, são bem conhecidos e de fácil aplicação. De uma forma geral, existem duas classes de vibração: a livre e a forçada. A vibração livre acontece devido a ação de forças inerentes a seu sistema, que no caso corresponde a sua freqüência natural de vibração. Enquanto que a vibração forçada ocorre devido a atuação de esforços externos, que se for de natureza oscilatória, o sistema será obrigado a vibrar na freqüência dessa excitação, e se esta coincidir com uma das freqüências naturais do sistema, ocorrerá o estado de ressonância, podendo causar, a partir daí, amplas e perigosas oscilações. Este efeito de ressonância pode ser o agente causador de terrível colapso em estruturas como de pontes, edifícios e asas de avião, daí torna-se importante o cálculo prévio das freqüências naturais do sistema no estudo de vibração. 3.1.1 Movimento Harmônico Movimento harmônico é um movimento que se repete em todos os particulares após certo intervalo de tempo, chamado de período de vibração, usualmente designado pelo símbolo T. Um diagrama do deslocamento x em relação ao tempo t pode ser apresentado de uma maneira bem simples, representando um movimento harmônico, de acordo com a Fig.3.1 abaixo. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 2 Figura 3.1 – Representação de um movimento harmônico. O movimento representado na Fig. 3.1 é expresso pela seguinte equação: x = A sen( 2.π t) T (3.1) na qual A é a amplitude de oscilação, medida a partir da posição de equilíbrio da massa, e T é o período, que usualmente é medido em segundos. O inverso do período é a freqüência de vibração f, expressa em Hz. Ainda podemos citar a freqüência angular w como sendo função do período ou freqüência, de acordo com equação abaixo: w= 2.π = 2.π . f T É conveniente, para o (3.2) caso do movimento de um ponto numa circunferência, adotar-se um eixo imaginário i e admitir que o raio da circunferência seja representado por uma quantidade complexa z chamada fasor (THOMSOM,1978). O fator z é expresso pela equação: z = Aei.θ = A cosθ + iA sen θ (3.3) a qual define os componentes real e imaginário. Com θ = wt , os componentes variam senoidalmente com o tempo: Im( z ) = A sen wt (3.4) Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 Re( z ) = A cos wt 3 (3.5) Partindo do movimento harmônico pode-se determinar a velocidade e a aceleração simplesmente por diferenciação, ou seja: Deslocamento: x = A sen(wt ) (3.6) π ) 2 Velocidade: ẋ = wA cos( wt ) = wA sen( wt + Aceleração: ˙ẋ = − w2 A sen( wt ) = w2 A sen( wt + π ) (3.7) (3.8) Perceba que quanto maior for o w (velocidade angular que é proporcional à freqüência), maior serão os valores de amplitude de vibração em velocidade e aceleração (pois os mesmos sofrem multiplicação). Se pretendermos, trabalhar com amplitude em deslocamento, temos um mesmo nível de leitura de amplitude de vibração em qualquer freqüência. Se pretendermos trabalhar com aceleração, então as freqüências mais altas evidenciarão mais os seus níveis de vibração e consequentemente “esconderão” os níveis de vibração de freqüências mais baixas. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 4 Figura 3.2 – Movimento harmônico: (a) deslocamento, (b) velocidade e (c) aceleração. Então podemos constatar que a velocidade e a aceleração também são harmônicas, com a mesma freqüência de oscilação do deslocamento, porém defasados de π/2 e π respectivamente (Fig.3.2). O matemático francês J. Fourier (1768-1830) mostrou que qualquer movimento periódico pode ser representado por uma série de senos e co-senos que são relacionados harmonicamente. Se adotarmos x(t) como uma função periódica de período T (ver Fig. 3.3), ela será representada pela seguinte série de Fourier (Eq. 3.9): x( t ) = (3.9) a0 + a1 cos w1t + a2 cos 2w1t + ... + b1 sen w1t + b2 sen 2 w1t + ... 2 Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 5 T x(t ) t Figura 3.3 – Exemplo de um movimento periódico. A partir da Eq. (3.9) obtém-se uma série de retas discretas correspondentes a w1, 2 w1, 3 w1, etc., com amplitudes correspondentes aos coeficientes a1 e b1, a2 e b2, a3 e b3, etc., que chamamos de espectro de Fourrier (Fig. 3.4). Da Fig. 3.4 tem-se: 2 Cn = an + bn tgφ = bn an 2 Figura 3.4 – Espectro de Fourier: (a) módulo “Cn” e (b) fase φn. (3.10) (3.11) Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 6 Com o espectro de Fourier, a análise harmônica de qualquer tipo de sinal se tornou bem mais fácil, e que se aprimorou mais depois do lançamento da Transformada Rápida de Fourier (Fast Fourrier Transform - FFT). Para evitar um defeito típico da interpretação da FFT chamado “alliasing” (não sei se a escrita está correta), então os sinais são filtrados em faixas de freqüência de acordo com o tipo de análise a ser feita (deslocamento, velocidade ou aceleração) 3.2 AQUISIÇÃO DOS SINAIS VIBRATÓRIOS A vibração em um determinado equipamento é codificada em sinal elétrico pelo sensor, que por sua vez transmite através de cabos condutores até o coletor/analisador. A partir daí o mesmo sinal elétrico é interpretado por um software que através de um programa passa a apresentá-lo na forma de sinal no tempo ou espectro de freqüência, tornando a análise das condições do equipamento bem mais fácil, vide figura 3.5, que esquematiza a instrumentação para coleta e análise de dados, segundo COELHO & HANSEN (1993). Figura 3.5 – Instrumentação para Coleta e Análise de Dados Atualmente existem vários programas para análise de vibração em manutenção preditiva, onde se podem definir quais os equipamentos a acompanhar e também os pontos de cada um que serão monitorados. Além do mais estes programas podem fornecer vários tipos de relatórios de acompanhamento e análise. A Fig. 3.6 ilustra, esquematicamente, um sistema de coleta e análise de vibração. (O filtro é o responsável por limitar as faixas de freqüencia de cada tipo de coleta de vibração que se pretenda trabalhar: deslocamento, velocidade ou aceleração) Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 Cabo condutor 7 Coletor / Analisador Massa desbalanceada Sensor de vibração Figura 3.6 – Diagrama esquemático para análise de vibração em um equipamento. 3.2.1 Sensores de Vibração Os sensores de vibração são dispositivos que fazem a codificação de um sinal mecânico em um sinal elétrico representativo. Existem basicamente três tipos de sensores no mercado: de deslocamento, de velocidade e por fim o acelerômetro Sensor de deslocamento Dentre os vários tipos de sensores de deslocamento podemos citar os conhecidos “sensores sem contato” que são utilizados, na maioria dos casos, em mancais de deslizamento de máquinas, cujos rotores atuam em altas velocidades e possuem pequena massa relativa, contra uma carcaça de massa considerável. Os outros sensores em geral não teriam respostas satisfatórias aos impulsos vibratórios do eixo, pois as vibrações seriam bem atenuadas devido a grande diferença de massa existente entre rotor e carcaça, o que restringe suas utilizações. Os sensores sem contato são fixos nas caixas de mancais, onde transmitem um sinal oscilante de alta freqüência, aproximadamente 1,5 MHz, ao Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 8 eixo giratório da máquina, gerado por um oscilador/demodulador através de um cabo de extensão. À medida que o eixo se aproxima do sensor são induzidas correntes elétricas, chamadas de corrente de Eddy, através do material condutivo do eixo que extrai energia do sinal excitador. Então essa variação entre o eixo e o sensor devido a vibração fará produzir na saída do gerador/demodulador um sinal bem característico, que será representativo da vibração equivalente no eixo. A Fig. 3.7 mostra, esquematicamente, o sistema de aquisição conhecido como “sensor sem contato”. Sensor Vibração Sinal de saída Sinal de vibração modulado em alta freqüência Oscilador / demodulador Figura 3.7 - Esquema do sistema de medição de vibração por deslocamento através de “sensor sem contato” por corrente de Eddy. Sensor de velocidade Neste tipo de sensor temos uma bobina conectada a sua carcaça, envolvendo um imã permanente suspenso por mola. O sistema de suspensão da mola é projetado para apresentar baixíssima freqüência natural, tal que o sistema permaneça estacionário nas freqüências acima de 10 Hz. Quando o sensor de velocidade é conectado a uma superfície vibratória, o movimento relativo entre o imã estacionário e a bobina, que vibrará em sincronismo com a superfície, fará com que as linhas magnéticas do imã permanente cortem a bobina, induzindo na mesma um sinal de tensão proporcional a velocidade de vibração. O sensor de velocidade é na verdade um sistema que não necessita de sinal elétrico externo para atuar, pois ele gera o sinal elétrico representativo com uma baixa impedância e que pode ser enviado diretamente ao coletor/analisador. A estrutura básica de um sensor de velocidade está representada abaixo na Fig. 3.8. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 9 Conector Mola Bobina Imã permanente Meio amortecedor Figura 3.8 - Desenho esquemático de um sensor de velocidade. Sensor de aceleração (acelerômetro) O acelerômetro, quando fixo a uma superfície vibrante, produz em seus terminais de saída uma tensão ou descarga que é proporcional à aceleração na qual está submetido, ou seja, seu princípio de funcionamento está na utilização de discos cerâmicos piezoeléctricos, que por sua vez possuem a propriedade física de gerarem descargas elétricas quando solicitados a esforços. No projeto deste sensor, os elementos piezoelétricos são arranjados de tal forma que sejam submetidos a uma carga na forma de massa em uma mola pré-tensionada, onde todo este conjunto é montado assentado em uma base, sendo que o sistema massa-mola fica preso no topo e protegido por um invólucro resistente. A Fig. 3.9 ilustra de forma esquemática um acelerômetro do tipo compressão. Mola Massa Cristal piezoeléctric o Conector Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 10 Figura 3.9 - Sensor de aceleração (tipo compressão). 3.2.2 Coletores/Analisadores de Vibração Os coletores são instrumentos básicos de uso simplificado que devem fazer parte de qualquer programa de acompanhamento de vibrações. Um coletor típico possui baterias recarregáveis e/ou substituíveis, e ainda pode receber dados de vibrações do tipo deslocamento, velocidade e aceleração. Os coletores podem também possuir um software instalado, que permite uma pré-análise nos espectros obtidos quando não se pode dispor de um computador. Basicamente são executados o máximo possível de medições dos equipamentos na área de trabalho, e armazenados todos estes dados na memória do coletor, para que posteriormente sejam “descarregados” num “PC”, e analisados com maior comodidade em um ambiente mais favorável através de um software com mais recursos (COELHO & HANSEN, 1993). 3.2.3 Softwares Atualmente existem vários programas para análise de vibração em manutenção preditiva, onde se podem definir quais os equipamentos a acompanhar e também os pontos que serão monitorados. Além disso, estes softwares podem fornecer vários tipos de relatórios de acompanhamento e análise. Dentre estes softwares passamos a descrever sobre o software MASTERTREND, por este ser parte constituinte deste trabalho. - O MASTERTREND ... (em outro material falo mais sobre este item...) Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 3.3 11 PRINCIPAIS CAUSAS DE VIBRAÇÕES EM MÁQUINAS 3.3.1 Desbalanceamento O desbalanceamento é um fenômeno de não uniformidade de massa em torno de um centro de giro. Na maioria dos casos se detecta uma alta amplitude no espectro exatamente na freqüência de rotação do equipamento, sendo que nas direções radiais a sensibilidade é maior, embora possa ser detectada também nas direções axiais quando trata-se de rotores com construção estrutural em balanço. Como a amplitude de vibração é diretamente proporcional ao grau de desbalanceamento, se dobrarmos o valor da massa desbalanceadora, automaticamente também dobraremos a amplitude de vibração. Este fato é importante pois permite que a atividade de balanceamento dos rotores seja possível, a partir de instrumentos medidores de vibração. Um outro fato importante para que se possa ter certeza se uma alta vibração é ou não provocada por um desbalanceamento, é o fato de que sua amplitude é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade do rotor. Então quando se varia a rotação do mesmo até parar por completo, tem-se que obter uma curva de amplitude de vibração do tipo exponencial inversa. Em termos físicos podemos avaliar um desbalanceamento, considerando as seguintes variáveis: Centro de Giro (CG):é a linha imaginária no rotor, onde a rotação é nula; Centro de Massa (CM):é o ponto de equilíbrio das massas distribuídas. Se em um determinado rotor o centro de giro é igual ao centro de massa, não ocorre desbalanceamento. Na prática é impossível tal fato, pois sempre existirá uma diferença, mesmo que pequena. Na Fig. 3.10 representamos os resultados de uma massa desbalanceadora m em um rotor a uma distância r do seu centro de giro. A força centrífuga que a massa m provoca no sistema da Fig. 3.10 é dada por: Fc = m.rω 2 (3.12) Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 12 O produto da massa m pelo raio r é chamado de desbalanceamento e representado pela letra D: D = mr (3.13) ω r m C.M. C.G. Figura 3.10 - Representação de uma massa desbalanceadora ‘m’ a uma distância ‘r’ do centro de giro ‘C.G.’, com velocidade angular ‘ω’, fazendo com que ocorra também deslocamento do centro de massa ‘C.M.’. O balanceamento pode ser feito de duas formas: - Estático: Neste tipo de balanceamento a compensação de massas é feita num mesmo plano. É comumente usado em rotores em forma de disco e rotores montados externamente aos seus dois mancais. No balanceamento estático a linha de centro do rotor e a linha de centro da rotação devem está paralelas e excêntricas para que o equipamento esteja balanceado. - Dinâmico: Neste caso a compensação das massas é feita em planos distintos. A característica principal do balanceamento dinâmico é que a linha de centro do rotor não é paralela a linha de centro de rotação, podendo ou não interceptarem-se. Existem dois tipos de equipamento para este tipo de balanceamento: um deles é instalado em oficinas onde o rotor é balanceado fora do conjunto; o outro é portátil e próprio para execução desse trabalho no campo, onde as máquinas encontram-se instaladas, evitando a necessidade de desmonta-las , deixando desbalanceamento residual mínimo (REZENDE, 1982). um Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 13 Dentre os equipamentos que realizam balanceamento destacamos aqui um dos mais atuais, VIBROTEST 60, em campo, que possibilita balanceamento em um e dois planos de rotores sob condições de operação, considerando automaticamente o comportamento não linear da máquina e eliminação dos efeitos de batimento. Este equipamento possibilita ainda a detecção do desbalanceamento e outras falhas relacionadas com a freqüência de rotação, através do módulo de rastreamento de harmônicas permitindo ao usuário avaliações rápidas, em banda estreita, dos componentes de vibração síncrona do rotor em modo de funcionamento permanente assim como nos modos de aceleração e desaceleração. Permitindo ainda relatório abrangente do balanceamento com a função VIBRO-REPORT (UPTIME, 2000). A Fig. 3.11 apresenta um exemplo prático de um espectro mostrando um caso de desbalanceamento. Nela pode-se verificar uma alta amplitude de vibração exatamente na freqüência de rotação do equipamento. RMB – ROTOR DO EXAUSTOR 03 PONTO 3 (HORIZONTAL) MANCAL 24 Espectro de freqüência 14-JAN-99 14:06 RMS Velocidade em mm/Sec 21 18 Valor Global = 20.08 V-DG RMS = 20.05 Carga = 100.0 % ω = 2500 rpm ω = 41.44 rps 1x 15 12 9 6 3 0 0 6000 12000 18000 Freqüência em RPM 24000 30000 Freq: 2500.3 Ordr: 1.001 Spec: 17.26 Figura 3.11 - Espectro mostrando caso de desbalanceamento em um rotor de um exaustor que gira a 2500 rpm, vibrando na sua freqüência de rotação a 17,26 mm/s RMS. 3.3.2 Desalinhamento O desalinhamento é outra grande causa de desgastes prematuros nos componentes de máquinas. Fisicamente corresponde a não linearidade nas linhas de centro de giro de dois eixos acoplados. Então podemos detectar alta vibração na freqüência de rotação do equipamento e suas harmônicas, evidenciando o tipo de desalinhamento: angular e/ou paralelo. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 14 Desalinhamento angular As linhas de centro dos eixos formam um ângulo e se interceptam (Fig. 3.12). Esse tipo de desalinhamento se caracteriza por apresentar alta vibração axial na rotação do eixo, como também pode apresentar altas vibrações nas freqüências múltiplas (1x rpm, 2x rpm, etc.). Figura 3.12 - Esquema de um desalinhamento angular, mostrando dois eixos que se interceptam formando um ângulo. A figura 13 ilustra um exemplo de um espectro, mostrando o “time history” de um ponto axial de um motor elétrico, enfatizando os picos de freqüência harmônicos da rotação do motor. Vale perceber que na freqüência de rotação, 1x, o pico tem uma amplitude maior (cerca de 2,7 mm/s), seguido de 2x . RMB - VENTILADOR centrífugo MC-01 -M2A MOTOR 3.0 RMS Velocidade em mm/Sec Route Spectrum 14-APR-00 16:02 1x 2.7 OVRALL= 3.87 V-DG RMS = 3.87 LOAD = 100.0 RPM = 1787. RPS = 29.78 2.4 2.1 1.8 1.5 1.2 2x 0.9 0.6 0.3 0 0 10000 20000 Freqüência em CPM 30000 40000 Freq: 1760.9 Ordr: .985 Spec: .415 Figura 3.13 - Espectro mostrando um caso de desalinhamento angular entre dois eixos acoplados, com freqüência de rotação de 1750 rpm, evidenciando que na Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 15 direção axial o nível de vibração nesta mesma freqüência é bem mais considerável: 2,7 mm/s RMS. Desalinhamento paralelo Neste caso as linhas de centro são paralelas e não se interceptam (Fig. 3.14). A vibração dominante aparece na direção radial a 2x a freqüência de rotação do eixo, sendo que na direção axial poderá apresentar alta vibração exatamente na freqüência de rotação (Fig. 3.15). Figura 3.14 – Esquema de um desalinhamento paralelo. RMB - MOINHO CRUZETA MC-01 -M2A MOTOR 3.0 Route Spectrum 14-APR-00 16:02 RMS Velocidade em mm/Sec 2.7 OVRALL= 3.87 V-DG RMS = 3.87 LOAD = 100.0 RPM = 1787. RPS = 29.78 2.4 2x 2.1 1.8 1.5 1.2 0.9 1x 0.6 0.3 0 0 10000 20000 Freqüência em CPM 30000 40000 Freq: 1760.9 Ordr: .985 Spec: .415 Figura 3.15 - Espectro mostrando um caso de desalinhamento paralelo entre dois eixos acoplados, sendo que a duas vezes da rotação do eixo, 3500 rpm, o nível de vibração é bem mais evidente: 2,0 mm/s RMS. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 16 Recomendação: A excentricidade entre as partes do conjunto segundo REZENDE, 1982, não deve exceder 0.02 mm a cada 20 mm de diâmetro do flange, e a inclinação inferior a 0.01 mm a cada 20 mm do flange. Porém é recomendado que se consulte o fabricante do equipamento para melhor esclarecimento com relação a esta tolerância e deve-se se certificar de que o conjunto está bem nivelado. 3.3.3 Ressonância Para entender o que é o fenômeno de ressonância, torna-se necessário compreender a definição de freqüência natural, que por sua vez é aquela na qual uma determinada massa vibra, após sofrer um deslocamento do seu ponto de equilíbrio. Forças excitadoras tais como àquelas geradas por eixos desalinhados ou componentes desbalanceados, são periódicas de freqüência ‘ω‘. Quando estas agem em estruturas elásticas que possuem freqüências naturais ‘ωo’, a interação dessas freqüências pode produzir vibrações extremamente elevadas. Então o efeito em que ocorre uma vibração forçada exatamente na freqüência natural do material dá-se o nome de ressonância (COELHO & HANSEN,1993). É possível determinar as freqüências naturais de uma estrutura por meio de teste de impactos. A idéia do teste é a de que quando um objeto sofre um impacto, as freqüências naturais ou ressonantes são excitadas. Se um espectro é levantado enquanto o objeto está vibrando devido ao impacto, picos espectrais aparecem definindo as freqüências naturais do objeto. Nos coletores/analisadores se realiza o teste de impactos fixando um acelerômetro ao objeto de teste (máquina ou estrutura). Numa segunda etapa ajusta-se o coletor/analisador para o nível de trigger adequado, pois quando se martela a estrutura provoca-se no transdutor um transiente elétrico que corresponde a resposta de vibração da máquina, e este impacto deve ser suficiente para vencer o nível de trigger elétrico. Enquanto a estrutura não for sofrer o impacto do martelo, se terá uma situação de “não disparo”, quando esta for martelada a mensagem de “não disparo” desaparecerá por alguns segundos e um espectro de onda em função do tempo é exibido. Calculado o espectro deste sinal o coletor/analisador mostrará as possíveis freqüências naturais do sistema. Os coletores/analisadores permitem que se armazene vários resultados de testes e se faça uma média dos sinais, podendo chegar a resultados mais precisos ( SKF, 1997). Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 RMB - EXAUSTOR EX-01 -M1V MOTOR 10 RMS Velocidade em mm/Sec 17 Route Spectrum 14-APR-00 16:12 OVRALL= 8.01 V-DG RMS = 7.98 LOAD = 100.0 RPM = 3500. RPS = 58.33 1x 8 6 4 2 0 0 10000 20000 Freqüência em CPM 30000 40000 Freq: 3550.0 Ordr: 1.014 Spec: 7.678 Figura 3.16 - Espectro mostrando um caso de ressonância estrutural, que se torna evidente devido ocorrer alta vibração apenas na radial – vertical do mancal. 3.3.4 Folgas Mecânicas As folgas mecânicas geram inúmeros picos harmônicos (vibrações a 1x rpm, 2x rpm, 3x rpm, etc. relativos a freqüência de rotação do equipamento – ver Fig. 3.17) e geralmente são acarretados devido à base trincada e/ou parafusos soltos/folgados (ver Fig. 3.18). RMB - DEGERMINADORA DG-08 -E4H MANCAL 5.0 RMS Velocity in mm/Sec Route Spectrum 17-MAR-00 10:19 3x 4.5 OVRALL= 5.63 V-DG RMS = 5.60 LOAD = 100.0 RPM = 752. RPS = 12.54 4.0 3.5 3.0 2.5 1x 2.0 2x 1.5 8x 1.0 0.5 0 0 6000 12000 Frequency in CPM 18000 24000 Freq: 750.01 Ordr: .997 Spec: 1.799 Figura 3.17 - Espectro característico de folga mecânica no mancal do equipamento, evidenciando os vários picos harmônicos. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 18 Figura 3.18 - Desenho esquemático de uma base com parafusos folgados gerando folga. 3.3.5 Defeitos em Rolamentos RMB - MOINHO CRUZETA MC-02 -E1H MANCAL 1.8 Route Spectrum 17-MAR-00 09:30 RMS Aceleração em G-s 1.6 OVRALL= 38.21 V-DG RMS = 6.04 LOAD = 100.0 RPM = 3500. RPS = 58.33 1.4 1.2 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 60 120 180 Freqüência em kCPM 240 300 Freq: 1.837 Ordr: .525 Spec: .02930 Figura 3.19 - Espectro característico de falha de rolamento, evidenciando os picos harmônicos da freqüência de 1837 rpm, representativa de falha nos elementos rolantes (esferas). Os rolamentos são elementos de máquinas bastante estudados em termos de vibração e a razão disto é que raramente se encontra uma máquina onde não os utilizem. Os defeitos de rolamento podem gerar quatro freqüências fundamentais características: uma devido a defeito na pista externa, outra na interna, outra nos separadores ou gaiolas e por fim outra devido a defeito nos elementos rolantes (esferas ou roletes). Nas equações apresentadas abaixo, os cálculos das freqüências fundamentais características de defeito para cada elemento, consideram o rolamento de esfera com rotação no anel interno. As freqüências e amplitudes no espectro de vibração provocado por defeitos nos Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 19 rolamentos, variam em função do tipo e estágio de deterioração do elemento (SILVA, 1999 apud BRAUN & DATNER, 1975). Defeito nas esferas (ball spin frequency): 2 DP fr B 2 BSF = . 1 − cos θ 2.B 60 DP (3.14) Defeito no separador ou gaiola (fundamental train frequency): FTF = fr B cosθ 1− 120 DP (3.15) Defeito na pista interna (ball pass frequency inner): BPFI = n. fr B cosθ 1+ 120 DP (3.16) Defeito na pista externa (ball pass frequêncy out): Onde: BPFO = n. fr B cosθ 1− 120 DP DP: diâmetro “pitch”, B: diâmetro da fr: freqüência de rotação, θ: ângulo de (3.17) esfera, contato, n: número de esferas. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 20 3.3.6 Falha de Engrenamento As vibrações produzidas nos dentes de engrenagens, devido a imperfeições de contato ou ações dinâmicas associadas, produzem freqüências múltiplas da fundamental, que é dada como sendo a freqüência de rotação do eixo vezes o número de dentes das engrenagens, ainda podendo surgir no espectro freqüências harmônicas da rotação. Considere que uma engrenagem (n° 1) tenha t1 dentes e está engrenada a outra engrenagem (n° 2) com t2 dentes (COELHO & HANSEN,1993). f1 = freqüência da engrenagem n° 1 = t1 x N (Rotação do eixo) f2 = freqüência da engrenagem n° 2 = (t1/t2) x f1 RMB - EXTRUSORA EXT-01 -R1V REDUTOR 1.4 Route Spectrum 14-APR-00 14:09 RMS Aceleração em G-s 1.2 OVRALL= 5.56 V-DG RMS = 1.96 LOAD = 100.0 RPM = 1725. RPS = 28.76 38x 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 37x 39x 0 0 20 40 60 80 Freqüência em kCPM 100 120 140 Freq: 65.54 Ordr: 37.95 Spec: .996 Figura 3.20 - Espectro característico de falha de engrenamento, evidenciando o pico de nível maior correspondente ao de 38 vezes a rotação de seu eixo, que também corresponde ao número total de dentes da engrenagem menor do redutor de velocidade. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 21 3.3.7 Altas Vibrações Devido ao Fluxo Hidrodinâmico O fluxo do fluido que passa pelas pás dos rotores tanto de bombas quanto de turbinas, provocam uma freqüência bem característica, que é equivalente ao número de pás multiplicado pela freqüência de rotação do mesmo e, em alguns casos, seus harmônicos também aparecem (COELHO & HANSEN,1993). Para NEPOMUCENO, (1989), o plano dominante quando se trata de bombas é o radial, na direção da tubulação de descarga, a amplitude se apresenta flutuante e aparecem harmônicas da freqüência das pás, quando existe mais de uma saída de descarga. Um exemplo de aumento das vibrações devido ao processo hidrodinâmico em uma bomba é mostrado na Fig. 3.21. RMB - BOMBA BB-04 -E4H MANCAL 18 Route Spectrum 14-APR-99 15:52 RMS Velocidade em mm/Sec 16 OVRALL= 14.54 V-DG RMS = 14.39 CARGA = 100.0 RPM = 1750. RPS = 29.16 14 12 6x 10 8 6 4 2 1x 0 0 10000 20000 Freqüência em CPM 30000 40000 Freq: 10500 Ordr: 6.002 Spec: 10.20 Figura 3.21 - Espectro característico de falha devido ao fluxo hidrodinâmico, onde pode ser constatado alto nível exatamente a seis vezes a rotação do rotor, que por sua vez também possui seis pás. Engº Fabiano Vieira (Assessor Técnico - Montagem de Baterias) Setor: UGB 03 / UN 01 22 O alinhamento de conjuntos é comumente realizado de duas formas: - Alinhamento com relógio comparador: O procedimento para alinhamento desta forma, segue as seguintes etapas: a) Antes de realizar o alinhamento propriamente dito, deve-se fazer um préalinhamento e posicionar as máquinas com as separações axiais corretas. b) As medidas tomadas com os relógios comparadores devem ser feitas girando os dois eixos ao mesmo tempo, para que a falta de concentricidade e/ou irregularidades nas superfícies dos cubos, não mascare os valores obtidos. c) As medições devem ser feitas o mais próximo possível das linhas de centro vertical e horizontal, dos cubos do acoplamento, usando marcações que devem ser feitas nas faces dos cubos a cada 90°. d) Antes da tomada de medidas, deve-se apertar firmemente os parafusos dos pés dos equipamentos que estão sendo alinhados. e) Deve-se sempre antes de iniciar a tomada de medidas, tocar levemente no suporte, a fim de verificar se os relógios estão firmemente fixados ao mesmo. f) O giro para tomada de medidas deve parar no ponto de partida, onde os relógios deverão marcar o zero inicial. Caso isso não ocorra, refaça as leituras. g) Nas medidas tomadas com o relógio na radial, a soma algébrica das leituras verticais, deve ser igual a soma algébrica das leituras horizontais. h) A subtração algébrica das leituras verticais e horizontais, dividida por dois, fornece respectivamente, o desalinhamento vertical e horizontal entre as máquinas. g) Durante o alinhamento, normalmente fixamos uma máquina e alinhamos a outra por esta. j) Os calços usados no alinhamento devem estar completamente planos, limpos, cortados sem rebarbas e com suas quinas aparadas para evitar dobras durante a colocação (FRANÇA & SOARES, 1987). - Alinhamento á laser: Neste tipo de alinhamento as características do conjunto (distâncias entre máquinas e cabeçotes, rotação do conjunto, giro dos sensores etc.) são definidos para o coletor de dados. Presos os sensores (possuem um emissor e um receptor de laser) aos eixos das máquinas, realiza-se um giro no acoplamento não ultrapassando o definido no coletor, em seguida esses dados são transferidos ao coletor, que interpreta os dados, e informa as distâncias que devem ser alteradas nas direções horizontais e verticais. Realizadas as alterações e tomadas novas medidas o coletor define a qualidade do alinhamento através de gráfico, que mostra zonas de aceitação do alinhamento.