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O Papel do Cinema nas
Artes Visuais do Ensino Secundário
Estudo comparativo entre duas escolas e comunidades envolventes
Mestrado em Ensino de Artes Visuais para o 3º Ciclo e Secundário
Departamento de Pedagogia e Educação
Investigação Educacional 2011 - 2013
O Papel do Cinema nas
Artes Visuais do Ensino Secundário
Estudo comparativo entre duas escolas e comunidades envolventes
Docente | Professora Doutora Lurdes Moreira
André Mantas (m9848)
Filipe Araújo (m9431)
Ivan Gouveia (m9241)
Ricardo Braga Silva (m9394)
Junho de 2012
ii
ÍNDICE
Índice de imagens -------------------------------------------------------------------------------------------------- v
Índice de quadros ------------------------------------------------------------------------------------------------- vi
Índice de anexos -------------------------------------------------------------------------------------------------- vii
INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 1
PARTE 1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1. CULTURA VISUAL ------------------------------------------------------------------------------------- 5
1.1. Conceito de Cultura visual ----------------------------------------------------------------- 5
1.2. A Cultura Visual dos jovens na contemporaneidade ----------------------------------- 6
1.3. Cultura Visual e Escola --------------------------------------------------------------------- 7
2. O CINEMA E A ESCOLA ------------------------------------------------------------------------------ 9
2.1. A pedagogia através do Cinema ----------------------------------------------------------- 9
2.2. O Cinema na escola em Portugal -------------------------------------------------------- 10
3. O CINEMA NAS ARTES VISUAIS ----------------------------------------------------------------- 12
3.1. O Cinema no currículo das disciplinas de Artes Visuais no ensino secundário --- 12
PARTE 2 – ESTUDO EMPÍRICO
4. OBJETIVOS E METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ---------------------------------------- 16
4.1. Objetivos / Hipóteses --------------------------------------------------------------------- 16
4.2. Metodologia e Instrumentos de Pesquisa ------------------------------------------------ 18
5. AS ESCOLAS E A COMUNIDADE ENVOLVENTE -------------------------------------------- 20
5.1. Escola Secundária Gabriel Pereira, Évora --------------------------------------------- 20
5.1.1. Caracterização geral da escola e da comunidade envolvente ------------ 20
5.1.2. Instalações escolares ---------------------------------------------------------- 22
5.1.3. Organização e gestão da escola /Oferta educativa ------------------------- 24
5.1.4. Alunos, pessoal docente e não-docente ------------------------------------- 25
iii
5.1.5. Projeto Educativo e Plano Anual de Atividades --------------------------- 26
5.2. Escola Secundária de Tomás Cabreira ------------------------------------------------- 27
5.2.1. Caracterização geral da escola e da comunidade envolvente ------------ 27
5.2.2. Instalações escolares ---------------------------------------------------------- 29
5.2.3. Organização e gestão da escola / Oferta educativa ------------------------ 29
5.2.4. Alunos, pessoal docente e não-docente ------------------------------------- 31
5.2.5. Projeto Educativo e Plano Anual de Atividades --------------------------- 32
6. O CINEMA NA COMUNIDADE E NAS ESCOLAS --------------------------------------------- 33
6.1. Panorama do cinema nas cidades de Évora e Faro ----------------------------------- 33
6.2. Escola Secundária Gabriel Pereira, Évora --------------------------------------------- 55
6.2.1.Presença do cinema nos projetos e planos da escola / Recursos --------- 55
6.2.2. O Cinema no Departamento de Expressões -------------------------------- 55
6.3. Escola Secundária de Tomás Cabreira ------------------------------------------------- 64
6.3.1. Presença do cinema nos projetos e planos da escola / Recursos --------- 64
6.3.2. O Cinema no Departamento de Expressões -------------------------------- 66
7. ANÁLISE DE RESULTADOS E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO ------------------------ 67
7.1. Apresentação de resultados -------------------------------------------------------------- 67
7.2. Comparações entre as duas escolas ----------------------------------------------------- 68
7.3. Propostas de Intervenção ----------------------------------------------------------------- 69
7.4. Calendarização ---------------------------------------------------------------------------- 72
8. REFLEXÕES FINAIS --------------------------------------------------------------------------------- 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -------------------------------------------------------------------- 75
ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 77
iv
Índice de Imagens
Figura 1: Gráfico: Instituto Nacional de Estatística
Figura 2: Planta da Escola Secundária Gabriel Pereira
Figura 3: Dados estatísticos do Instituto do Cinema e Audiovisual, 2004
Figura 4: Dados estatísticos do Instituto do Cinema e Audiovisual, 2010
Figura 5: Logotipo FIKE – Festival internacional de Curtas-Metragens
Figura 6: Cartaz Oficial do FIKE – Ano 2011
Figura 7: Logotipo S.O.I.R., Joaquim António Aguiar
Figura 8: Programação semanal do Auditório Soror Mariana
Figura 9: Logotipo Cineclube da Universidade de Évora
Figura 10: Praça de Sertório, durante a exibição de cinema ao Ar Livre.
Figura 11: Logotipo Casa da Zorra
Figura 12: Logotipo Cineclube de Faro
Figura 13: Logotipo ARC – Associação Recreativa e Cultural de Músicos
Figura 14: Logotipo de Draculea, Café-Bar
Figuras 15, 16, 17, 18, 19: Cartazes “Noites de Dollywood”
Figura 20: Logotipo Universidade do Algarve
Figura 21: Cartaz 3º Mostra de Cultura Fílmica
Figura 22: Logotipo CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação
Figura 23: Logotipo Algarve Film Commission
Figura 24: Cartaz FICA 2010 - Festival Internacional de Cinema do Algarve
Figura 25: Logotipo 11º Festa do Cinema Francês
Figura 26: Logotipo LAMA – Laboratório de Artes e Média do Algarve
Figura 27: Logotipo Teatro Municipal de Faro
Figura 28: Logotipo JCE – Juventude Cinema e Escola
Figura 29: Estrutura do programa JCE
Figura 30: Logotipo Cinema Entre Linhas
Figura 31: Cartaz Clube da Rádio (ESGP)
v
Índice de Quadros
Quadro 1: Plano Anual de Atividades (ESGP) – Planificação de atividades ligadas ao audiovisual e
cinema
Quadro 2: Plano Anual de Atividades (ESTC) - Planificação de atividades ligadas ao audiovisual e
cinema
Quadro 3: Calendarização das fases de investigação do projeto
vi
Índice de Anexos
1 – Guião de Entrevistas (João Paulo Macedo e Graça lobo)
2 – Transcrição entrevista João Paulo Macedo
3 – Transcrição entrevista Graça Lobo
4 – Questionário Professores Artes Visuais
5 – Questionário alunos
6 – Projeto Educativo Escola Secundária Gabriel Pereira
7 – Plano Anual de Atividades Escola Secundária Gabriel Pereira
8 – Projeto Educativo Escola Secundária Tomás Cabreira
9 – Plano Anual de Atividades Escola Secundária Tomás Cabreira
10 – Entrevista a Graça Lobo, excerto retirado do Diário de Notícias
11– Planificação disciplina Desenho A (ESGP)
12 – Planificação disciplina Geometria Descritiva A (ESGP)
13 – Planificação disciplina História da Cultura e das Artes (ESGP)
14 – Planificação disciplina Oficina de Artes (ESGP)
15 – Planificação disciplina Oficina Multimédia B (ESGP)
16 – Planificação disciplina Desenho e Comunicação Visual (ESGP)
17 – Planificação disciplina Design de Interiores e Exteriores (ESGP)
18 – Planificação disciplina Desenho de Comunicação (ESGP)
19 – Planificação disciplina Desenho Assistido por Computador (ESGP)
20 – Planificação disciplina Materiais e Tecnologias (ESGP)
vii
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
INTRODUÇÃO
A cultura juvenil nas sociedades contemporâneas é cada vez mais visual. O desenvolvimento e
sociabilização das crianças e jovens tornou-se inseparável dos meios multimédia. A apropriação,
manipulação e transformação de imagens; a aprendizagem de conhecimentos através dos meios
audiovisuais; as relações geradas em redes sociais e de partilha de conteúdos, são uma realidade já
democratizada e integrada no seu crescimento. Sendo também inevitável que o desenvolvimento da
tecnologia e a influência dos meios audiovisuais no quotidiano tenderá a consolidar-se e expandir-se
no futuro, torna-se urgente que sejam fornecidos às crianças e jovens mecanismos que lhes permitam
conviver adequadamente com esses meios, fixando códigos para a construção de uma atitude crítica
perante as imagens e o mundo.
Os organismos europeus ligados à educação estão conscientes desta inevitabilidade. Na recente
Conferência Internacional “L’ Education aux Médias Pour Tous” 1 foi reforçada a ideia de desenvolver
em todos os cidadãos europeus uma cultura mediática, onde o acesso aos Média e a promoção de uma
política educativa que privilegie a formação e a utilização de modo ativo dos diversos meios
audiovisuais ganhem uma importância crescente.
Na educação artística, as artes visuais surgem como o território privilegiado para que sejam
explorados estes objetivos, por trabalharem diretamente com a imagem, logo, mais próximas do
universo dos jovens. E o Cinema, aparentemente, acaba por afigurar-se como uma das artes onde essa
aproximação pode ter resultados mais visíveis, por fazer parte da cultura juvenil. Assim o comprovam
as estatísticas acerca dos hábitos de consumo cultural dos jovens, apresentadas ao longo deste
relatório, e as próprias recomendações dos organismos europeus ao nível da educação pelas artes e
pelos Média, que reconhecem na linguagem artística e códigos bem definidos do cinema um espaço
fundamental para desenvolver as aprendizagens nos alunos.
É nesta perspetiva que baseamos a nossa investigação. A inclusão do cinema nos currículos
escolares é já uma realidade em alguns países europeus, como França ou Espanha. Em Portugal, apesar
de pontuais tentativas em anteriores legislaturas, permanece como exemplo uma experiência apenas a
nível regional. A presença do cinema nos currículos escolares e a sua integração nos projetos da escola
tem sido desenvolvida por alguns núcleos de investigação, procurando a recolha e sistematização de
dados e lançar propostas que visem valorizar o cinema nas escolas. São o caso do CIAC – Centro de
Investigação em Artes e Comunicação 2, que reúne investigadores da Universidade do Algarve e da
1
Conferência realizada em Bruxelas nos dias 2 e 3 de Dezembro de 2010, organizada pelo Conselho Superior de Educação pelos Media da Comunidade
francesa da Bélgica, no âmbito da presidência belga da União Europeia.
2
http://www.ciac.pt/
1
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Escola Superior de teatro e Cinema, ou do AIM – Associação de Investigadores da Imagem em
Movimento 3, que promovem a investigação ligada à literacia fílmica na educação. No 1º Congresso
Nacional de Literacia, Media e Cidadania 4, realizado na cidade de Braga em março de 2011, foram
apresentados vários projetos de investigação na área do cinema e educação nas escolas portuguesas.
Este objeto de estudo vai ao encontro das últimas recomendações da Comunidade Europeia que
apostam na valorização dos Média, e muito especificamente o Cinema, para o desenvolvimento de
competências nos alunos para uma literacia mediática.
O nosso principal objetivo neste estudo foi perceber como a escola e a comunidade envolvente
se relaciona com o cinema, através de projetos direcionados ou em parcerias, e se essa dinamização é
expressiva na escola. Esta expressividade pode ser observada no modo como a escola integra ou se
relaciona com os projetos da comunidade, através da sua inclusão no Projeto Educativo ou no Plano
Anual de Atividades. O Cinema surge nos programas em algumas disciplinas do secundário como
conteúdo ou recurso em várias unidades didáticas, como é o caso dos programas de Língua Portuguesa
ou Inglês. No entanto, a planificação de atividades ligadas ao Cinema pelo Departamento de
Expressões, onde se integram as Artes Visuais, interessou-nos mais na investigação, sendo que foi
nesse âmbito que nos centrámos. Neste âmbito procurámos identificar como os professores do grupo
de Artes Visuais vêm o cinema no processo de ensino-aprendizagem, se o valorizam e se o integram
nas suas metodologias de trabalho. Por outro lado, tentámos igualmente auferir a forma como os
alunos se relacionam com a multimédia e mais especificamente o cinema. Após a recolha e tratamento
de dados, procedemos a uma reflexão acerca dos resultados encontrados, numa lógica de comparação
entre as duas escolas e lançámos propostas de intervenção (a decorrer num fase mais avançada da
investigação) no sentido de desenvolver uma literacia mediática e fílmica nos alunos do secundário.
Como professores ou futuros professores de Artes Visuais, é este lado de intervenção no
terreno que nos interessa, esta capacidade de agir e desenvolver projetos nas escolas para que o
Cinema, como forma de arte e comunicação, ganhe o peso e a importância que merece. A investigação,
através de uma metodologia de investigação-ação, foi feita em duas escolas em zonas diferentes do
país, a Escola Secundária Gabriel Pereira, em Évora e a Escola Secundária de Tomás Cabreira, em
Faro. A opção por investigar em duas escolas prende-se com o facto de pretendermos refletir sobre os
resultados alcançados, comparando-os tendo em conta as duas realidades diferentes. Sabíamos à
3
4
http://aim.org.pt/
http://literaciamediatica.pt/congresso/
2
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
partida que Faro tem uma maior oferta a todos os níveis, no entanto, o que nos interessou perceber foi
como as escolas incorporam essa oferta e se essa própria cultura fílmica existe nos projetos
desenvolvidos na escola. A recolha de dados deu-se através da observação direta, pesquisa de
documentação e entrevistas. Para auferir os dados acima mencionados relativamente aos professores
dos departamentos de Artes Visuais, utilizámos também questionários. Quanto aos dados relativos aos
alunos, optámos por centrar a nossa pesquisa numa turma de 10º ano, de um Curso CientíficoHumanístico de Artes Visuais. Aqui surge a principal limitação do nosso estudo, pelo facto da recolha
de dados se centrar numa turma em cada escola, o que não é demonstrativo da totalidade da população
escolar. As duas turmas do 10º ano, em Évora e Faro, foram objeto de observação e estudo no âmbito
da nossa presença nas escolas. Dada a impossibilidade de um contato mais direto com outras turmas, e
também por constrangimentos de tempo e geográficos, decidimos centrar a investigação com estes
alunos. São turmas de um curso de prosseguimentos de estudos, observadas numa disciplina
obrigatória do currículo (Desenho A), e ambas no primeiro ano do ciclo secundário. Os dados acerca
dos alunos, além da observação direta, foram também obtidos através de questionários.
O relatório está estruturado em duas partes principais. Na primeira parte, dividida pelos
capítulos 1, 2 e 3, é introduzido o conceito de cultura visual e a sua relação com os jovens na
contemporaneidade. No alargado espetro da cultura visual, é referido o Cinema como exemplo e a
forma como a escola o integra no seu contexto. Optámos por descrever, ainda que genericamente, as
fases mais significativas da pedagogia através do cinema, e posteriormente, a pedagogia através do
cinema em Portugal. Por fim, sendo a nossa área de estudo, foi feito um levantamento completo sobre
a presença do cinema nos currículos das disciplinas de Artes Visuais do ensino secundário.
A segunda parte descreve o estudo empírico efetuado ao longo de todo o processo de
investigação. No capítulo 4 são descritos os objetivos, metodologias e instrumentos utilizados na
investigação. É delimitado o problema principal, assim como a formulação de algumas hipóteses. O
capítulo 5 descreve e caracteriza as duas escolas selecionadas para a investigação, através da sua
estruturação interna e relação com a comunidade envolvente. Na abordagem aos planos anuais de
atividades, o nosso interesse centrou-se mais nas atividades propostas ou que se relacionem com o
departamento de Expressões de cada escola. No capítulo 6 procurámos descrever a forma como as
duas comunidades, Évora e Faro, se relacionam com o Cinema, através do levantamento de
equipamentos, projetos ou parceria, e por fim, como as escolas incorporam ou integram projetos
ligados ao cinema. No último capítulo desta parte, o capítulo 7, são analisados os resultados obtidos,
3
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
sempre num nível de comparação entre as duas escolas. São igualmente lançadas propostas de
intervenção, com base nos dados obtidos e reflexões, a ser operacionalizadas a médio-longo prazo.
4
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
PARTE 1
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1. CULTURA VISUAL
1.1. Conceito de Cultura visual
O conceito de cultura visual, inseparável do mediatismo da imagem e da informação, veio criar
um novo paradigma nas sociedades contemporâneas ao nível da cultura e do conhecimento. É,
portanto, um fenómeno próprio e que só faz sentido nas sociedades atuais, onde a imagem e as
tecnologias da informação e comunicação acompanham cada vez a socialização dos indivíduos, desde
a infância.
Importa primeiro distinguir os conceitos de cultura visual, leitura de imagens ou alfabetismo
visual, que surgem muitas vezes associados, mas que se distanciam se analisarmos os contextos em
que surgiram e as diferentes perspetivas de quem fez deles a sua base de investigação. O termo leitura
de imagens destacou-se na década de 70 nas áreas da comunicação e artes devido à emergência dos
meios audiovisuais, privilegiando um processo percetivo na leitura de imagens através de fundamentos
ligados às teorias formalistas, da Gestalt e da semiótica.
O conceito de alfabetismo visual foi introduzido por Donis Dondis, que propôs um sistema
básico para a aprendizagem, identificação, criação e compreensão de imagens visuais. 5 Valorizando a
informação visual no comportamento humano, a autora propõe uma sintaxe visual através de
elementos básicos que podem ser apreendidos e compreendidos pelo indivíduo comum e
posteriormente utilizados para a criação e compreensão de mensagens visuais.
A crescente proliferação dos meios multimédia na arte ou na comunicação e a forma como eles
ocuparam um espaço essencial num mundo globalizado e em constante mudança, trouxeram e
definiram novas visualidades, dando origem ao conceito de cultura visual.
O conceito de cultura visual integra os aspetos de apropriação, consumo e interpretação de
imagens visuais em cada cultura, entendendo-as como fonte de transmissão e de conhecimento. Ao
estender o campo das imagens visuais à multimédia e cinema e ao valorizar e ter em conta a
5
Dondis, 2003
5
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
experiência perante a abordagem semiótica da imagem visual 6, a cultura visual afasta-se das correntes
mais académicas e tradicionais de estudo e investigação. Mitchell, enquadrando a cultura visual num
campo de estudos mais abrangentes, os Estudos Visuais, considera que “a cultura visual constitui um
ponto final na distinção entre imagens artísticas e imagens não artísticas; em si mesma, supõe uma
dissolução da história da arte em história das imagens.” 7 É um reflexo da sociedade do mundo atual,
onde o acesso à imagem e a sua constante manipulação torna verdadeiramente difusa esta distinção.
Para Mirzoeff, existe a necessidade em converter a cultura visual num campo de estudo devido
às dissonâncias que encontra entre a visualização de imagens, característica do mundo contemporâneo,
com a não compreensão daquilo que se observa. 8 É nesta perspetiva mais abrangente e multidisciplinar
que baseámos as nossas reflexões e orientações metodológicas. No entanto, convém referir que
Mirzoeff afasta-se de um enfoque nos estudos da cultura visual através do cinema, obras de arte ou
museus, por considerar que a visualidade do mundo contemporâneo centra-se na vida quotidiana,
sendo nesse espaço que são construídos significados. Por entender o Cinema como um hábito e um
aspeto perfeitamente enraizado na cultura das crianças e jovens e presente nas suas vidas quotidianas,
decidimos neste projeto centrá-lo nas reflexões para a aquisição de aprendizagens.
1.2. A Cultura Visual dos jovens na contemporaneidade
No mundo contemporâneo globalizado, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) são
a origem principal do nosso conhecimento acerca de tudo o que se passa. A rapidez de acesso à
informação, comunicação e partilha de informações e comunicações faz parte de uma sociedade em
constantes alterações e avanços a nível tecnológico, onde aqueles que não se integram sentir-se-ão
cada vez mais info-excluídos.
No domínio das TIC, a imagem audiovisual assume um papel fundamental. É impensável
separá-la da internet e até mesmo dos telemóveis, o principal meio de comunicação e partilha de
conteúdos da sociedade atual. O cinema, as novas formas de expressão artística que integram as
imagens multimédia, ou principalmente a televisão, estão enraizados nos hábitos de lazer ou culturais
na nossa sociedade. René Hughes denominou o passado século XX de “século da imagem”, referindo6
Como disse Isabel Capeloa Gil (Gil, 2001), a preferência e valorização da experiência perante a imagem visual, mais do que uma análise semiótica, é
uma característica da contemporaneidade; logo, a capacidade de entender elementos visuais sendo capaz de comunicar o seu sentido revela-se um
requisito essencial para os estudos sobre cultura visual.
7
8
Mitchell, 2001, p.28 (tradução minha)
Sardelich, 2004
6
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
se ao extraordinário poder da imagem sobre a nossa perceção do mundo. Neste século XXI, é
impossível ignorarmos que esse poder vai influenciar, mas também interagir, modificar e fazer parte da
nossa forma de ver e olhar o mundo. Este aspeto é perfeitamente observável nas crianças e jovens, pois
vivem imersos nas imagens audiovisuais, configurando-se como parte da sua cultura. A aquisição de
informações ou a interiorização de conceitos faz-se através da imagem, de uma forma imediata que
simplesmente traduz o ritmo e a cultura de vida dos jovens.
Além da apropriação das imagens, as crianças e jovens têm cada vez mais cedo aptidões para a
manipulação e transformação dessas mesmas imagens, pois o rápido acesso a conhecimento e
ferramentas que lhes permite essas capacidades é uma realidade.
Martin Kemp afirmou que "(...) uma tarefa urgente da educação visual é ajudar os jovens a
adquirir critérios que lhes permitam decidir se devem ou não confiar numa dada imagem (...) Ensinálos a serem críticos e não a consumi-las" 9. Kemp referia-se a uma educação visual num sentido
abrangente, presente nos diversos meios de sociabilização e aprendizagem da criança, e não
especificamente na instituição escolar. No entanto, é à Escola que esta questão assume-se como um
grande desafio, tornando-se um local privilegiado para uma alfabetização visual cada vez mais
necessária.
1.3. Cultura Visual e Escola
Se ignorar que os nossos jovens vivem numa cultura essencialmente visual e não tirar partido
dessa riqueza, o fosso criado entre os jovens e a escola tenderá a ser cada vez maior e irreversível. É na
escola que as crianças e jovens passam grande parte do seu tempo, além de ser o espaço privilegiado
de transmissão de saberes e desenvolvimento de competências; logo, ela deve procurar adaptar-se a
esta realidade.
Durante muito tempo a escola preocupou-se pouco com as suas vivências dos alunos exteriores
à própria instituição escolar, assumindo a tarefa de transmissão de conhecimentos através do professor,
visto como o único detentor dos saberes. Em oposição a esta perspetiva cognitiva da aprendizagem
surgiram as teorias construtivistas, onde a aprendizagem passou a ser abordada como uma construção
pessoal em que o sujeito se torna o mais importante gerador de conhecimento, dando sentido e
significado ao que o rodeia num processo mediado e orientado pelo professor.
9
Disponível em http://jornal.publico.pt/noticia/26-11-2010/se-leonardo-da-vinci-fosse-vivo-estaria-apaixonado--pelo-cinemaentrevistamartin-kemp20690460.htm, acedido em 20 março 2012
7
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Dayrell vai de encontro a esta perspetiva, ao considerar que a escola deixou de ser um espaço
separado da sociedade, onde o jovem era obrigado a “esquecer” o mundo exterior e aprender os
conteúdos que lhe transmitiam na sala de aula.
10
O autor afirma que “Na frequência quotidiana da
escola, o jovem transporta consigo o conjunto de experiências sociais vivenciadas nos mais diferentes
tempos que (…) constituem uma determinada condição juvenil que vai influenciar, e muito, a sua
experiência escolar e os sentidos que lhe atribui”. 11
Assumindo uma “invasão” inevitável da vida social das crianças e jovens na escola, torna-se
urgente que a instituição escolar integre a cultura onde os jovens estão inseridos no processo de ensino
- aprendizagem. No entanto, apesar da crescente valorização das competências através do
construtivismo, a escola continua muitas vezes a negar esta evidência, ignorando que, ao proceder de
outra forma, provoca o afastamento dos jovens.
10
11
Dayrell, 2007
Dayrell,2007, p.214
8
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
2. O CINEMA E A ESCOLA
2.1. A pedagogia através do Cinema
“I believe that the motion picture is destined to revolutionize our educational system and that in a few years it will supplant
largely, if not entirely, the use of textbooks. (…). The education of the future, as i see it, will be conducted through the
medium of the motion picture... where it should be possible to obtain one hundred percent efficiency.”
Thomas Edison 12
É necessário contextualizar esta afirmação no espaço e no tempo, no sentido de entendermos o
seu caráter visionário e as implicações na educação e formação dos jovens na contemporaneidade.
Quando os irmãos Lumière apresentaram a primeira sessão do cinematógrafo em 1895 estariam
longe de acreditar que a nova invenção encerraria em si inúmeras potencialidades pedagógicas. Após
as primeiras exibições, as opiniões escritas pelos intelectuais dividiam-se entre a previsão de um
invento visionário, ou o ceticismo de uma invenção com os dias contados. Não tendo uma linguagem
própria e absorvendo diversas artes, o cinema foi durante muito tempo objeto de reflexão. Foi nesta
fase, durante o final do século XIX e os inícios do século XX, que alguns autores falaram em possíveis
finalidades educativas. Em 1898, o teórico polaco Boleslaw Matuszewsky reconheceu o cinematógrafo
como um instrumento de aprendizagem para o ensino da História, salientando no entanto não ser ele,
por essência, um objeto de prazer para as crianças, mas sim um objeto ao serviço da ciência e do
progresso. Em 1904, o jornalista checo Karel Scheinpflug escreve também sobre as funções
pedagógicas do cinematógrafo, embora mostre-se cético em relação à sua eficácia. Já em 1907, Charles
Urban defendeu o cinematógrafo como um instrumento científico e educativo.
Uma visão clara e objetiva da capacidade do cinema em adaptar-se e imiscuir-se no decorrer
dos tempos e intervir na educação parece estar expressa na afirmação citada de Thomas Edison. Sendo
um criador e explorador de patentes de diversos aparelhos ligados à ótica e imagem em movimento,
Edison referia-se à imagem animada no seu todo, mas expressa num meio que viria a consolidar-se
como uma forma de arte, que é o Cinema. Parece-nos evidente o reconhecimento de Edison do poder
da imagem animada na educação e formação dos jovens. Como afirma Reia Batista 13, se o termo
“motion picture” for substituído por “multimédia”, estamos perante um discurso semelhante aos que se
ouvem na contemporaneidade.
O poder da imagem cinematográfica é inegável. Basta pensarmos nos regimes ditatoriais que o
utilizaram como meio privilegiado para a disseminação da sua ideologia, ou o caso de Samora Machel,
12
13
Reia Batista, 1997. Citação reproduzida por CUBAN, L,(1986), Teachers and machines. Teachers college press, p.9, New York
Reia Batista, 1997
9
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
em Moçambique, que assumiu o cinema como meio para a instrução e educação do seu povo em todo
o país. Sendo um poderoso meio de comunicação e encerrando inúmeras potencialidades pedagógicas,
o Cinema foi objeto de interesse em alguns países que, desde então, têm desenvolvido um extenso
trabalho na área da pedagogia fílmica. Numa dissertação sobre o cinema em contexto escolar,
Félix 14aponta alguns exemplos fundamentais quando nos referimos a uma pedagogia através da
imagem. Indica o National Film Board, no Canadá, que desde a sua criação teve uma ação pedagógica
bastante ativa, tornando-se “num caso ímpar da pedagogia fílmica no mundo” 15 Refere igualmente o
British Film Institute, que desde 1933 tem desenvolvido ações com vista a desenvolver uma pedagogia
fílmica, traduzido na criação de materiais pedagógicos e formação de professores, assim como a
abertura de um curso experimental de cinema para alunos do secundário. Por fim, o autor indica o caso
da França, onde o Centre National de la Cinématographie e a Cinémathèque Française investiram na
formação e sensibilização de crianças e jovens para a arte cinematográfica desde a década de 80, sendo
uma referência importante a inclusão de uma opção artística de Cinema e Audiovisual nos três últimos
anos do ensino secundário.
2.2. O Cinema na escola em Portugal
Em Portugal existem referências à utilização do cinema como recurso educativo desde o final
da década de 1910, notando-se uma preocupação dos governos da primeira república em valorizar o
cinema na sua vertente educacional. Com o eclodir do regime fascista, o cinema passa a ser, a exemplo
de outros países, utilizado como instrumento de propaganda. A escola não passou imune, por ser
considerada como um dos mais poderosos meios de transmissão das doutrinas do governo. Foi já
durante o regime pós – 25 de Abril que se verificaram os mais importantes sinais da valorização da
pedagogia fílmica. Segundo Félix,
“O esforço mais evidente de iniciar uma aprendizagem da linguagem cinematográfica, surgiu da
iniciativa de Roberto Carneiro enquanto ministro da educação do XI governo constitucional, quando
propôs a criação de videotecas escolares, construída metodicamente, numa colecção chamada “Os
Filmes na Escola” 16
Nesta legislatura foi criado um Grupo de Trabalho de Cinema e Audiovisual, que iniciou uma
reforma do ensino artístico onde o cinema ocuparia um lugar de destaque, definindo-o como disciplina
14
Félix, 2011
Idem, 2001, p.23
16
Idem, 2011, p.53
15
10
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
opcional no 3º ciclo e secundário. Para o secundário foi proposta a criação das disciplinas no 10º ano
de Iniciação à Linguagem do Cinema e Audiovisual, História do Cinema Mundial e Cinema Português,
e Evolução Estética e Sociológica do Cinema e Audiovisual no 12º ano. Também resultante deste
grupo de trabalho, o programa “Cinescola” previa a criação de parcerias entre as salas de cinema e as
escolas para divulgação do cinema europeu. Apesar das importantes recomendações do grupo de
trabalho, ambos os projetos não continuaram nas legislaturas seguintes.
Os Cineclubes, nomeadamente o de Avanca, Viseu ou Faro, tiveram um importante papel no
desenvolvimento de projetos sobre cinema com as escolas, através de programas que têm contribuído
para o desenvolvimento da literacia fílmica nas crianças e jovens portugueses.
Um caso único de sucesso dá-se no final dos anos 90 com a criação no Algarve do JCE
(Juventude, Cinema e Escola). Sob o lema “Ver, Aprender e Amar Cinema”, o projeto procura iniciar
as crianças a partir do 2º ciclo na linguagem e cultura fílmica através do visionamento de filmes em
salas de cinema, procedendo-se depois a uma abordagem dos conteúdos relacionados com o filme,
história e linguagem técnica do cinema, em integração com os currículos das disciplinas. Este projeto
resultou na criação da disciplina de Cinema como opção artística no grupo das artes visuais no 3º ciclo,
verificando-se a sua implementação em escolas que nunca estiveram no JCE, demonstrando assim a
força que tem ganho na região. No final do ano letivo de 2009/2010, tinham passado pelo JCE 60
escolas (sendo 67 as escolas do 2º e 3º ciclo e secundário), mais de 65 mil alunos e cerca de 1250
professores. 17
"Um dos mais ambiciosos projetos do começo do século XXI em Portugal (...) Não há registo
de outra experiência nacional como a da criação da disciplina de Cinema, no que concerne às
possibilidades de crescimento e de ligações dentro da Educação para os Media” 18 Esta foi uma das
conclusões de um estudo da Universidade do Minho que se incluiu este projeto num estudo sobre a
educação pelos média em Portugal. Apesar de ser um projeto a nível regional, configura-se atualmente
como
17
18
Félix, 2001
Félix, 2001
um
dos
mais
abrangentes
na
área
da
pedagogia
fílmica.
11
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
3. O CINEMA NAS ARTES VISUAIS
3.1.O Cinema no currículo das disciplinas de Artes Visuais no ensino secundário
As artes visuais no currículo no ensino secundário são fundamentais para a criação de
condições para que os jovens adquirem conhecimentos e competências no âmbito da cultura fílmica.
Sendo o cinema um meio integrador de diversas artes, e fazendo parte da história da cultura e das
Artes, ele torna-se um meio poderoso para a abordagem de conhecimentos, conceitos e valores ligados
ao desenvolvimento das sociedades. Ao mesmo tempo, o estudo da sua linguagem técnica e posterior
experimentação prática fornece aptidões para a compreensão e descodificação das mensagens visuais,
sob diversas formas, que fazem parte da vida das crianças e jovens.
O cinema surge enraizado de uma forma intensa na cultura visual dos jovens em Portugal.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística referentes ao período entre 2006 e 2010, foi o
hábito cultural mais consumido pelos portugueses, em particular pelos jovens, atingindo um número
superior a 16 000 espetadores por ano só em 2010. 19
Nos currículos do ensino secundário, o cinema, não sendo uma área curricular, encontra-se
integrado nos currículos das disciplinas de artes visuais no ensino secundário. Enquanto surge como
conteúdo em algumas disciplinas; noutras é indicado como recurso para a abordagens de alguns
conteúdos. O grupo de Artes Visuais é composto por nove disciplinas divididas pelos Cursos
Científico – Humanísticos de Artes Visuais, Ciências e Tecnologias e de Línguas e Literaturas, pelos
Cursos Tecnológicos de Equipamento, Multimédia e pelos Cursos Artísticos Especializados de Artes
Visuais, Dança, Música e Teatro ou de outras áreas, conforme a oferta da escola.
Na disciplina Desenho A é referido nas competências a desenvolver que “o aluno conseguirá
ler criticamente mensagens visuais de origens diversificadas e agir como autor de novas mensagens,
utilizando a criatividade e a invenção”
20
Encontramos aqui terreno para enquadrar o Cinema como
fonte de origens de mensagens visuais, embora o texto não o refira explicitamente. No 12ºano, o
cinema surge explicitado nas sugestões metodológicas específicas em Imagens Animadas, através da
construção de um livro com ilusão de movimento. Existe também a sugestão de uma unidade didática,
Animação, onde o aluno deve planear e concretizar uma sequência para um filme de animação.
Na disciplina Oficina de Artes pretende-se uma abordagem das áreas de expressão e
concretização plásticas, associadas aos fenómenos da comunicação visual. Nas áreas de
desenvolvimento e concretização do projeto artístico é indicado o Cinema.
19
20
Disponível em http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main, acedido a 15 março 2012
Programa de Desenho A, p. 10, In http://www.dgidc.min-edu.pt/ensinosecundario/index.php?s=directorio&pid=2&letra=D, acedido a 16 março 2012
12
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Nas disciplinas Geometria Descritiva A e B, a capacidade de perceção dos espaços, formas
visuais e suas posições relativas, surge como uma das finalidades estruturantes. Não existe qualquer
referência ao Cinema, embora possa ser explorado aquando do estudo da resenha histórica da
Geometria Descritiva, através dos diferentes métodos de representação visual do Homem.
A nível teórico, a disciplina de História e Cultura das Artes apresenta nas competências gerais a
preservação e valorização do património artístico e cultural, consolidando o sentido de apreciação
estética, para mobilizar os conhecimentos adquiridos na crítica da realidade contemporânea. O
programa tem uma composição em onze módulos, de onde faz parte A Cultura do Cinema, como “o
espaço psicológico ao alcance das grandes massas, inovação central da primeira metade do século” 21.
Na categoria biografia sugere-se o personagem Charlot como a mais popular e transversal personagem
ficcional, propondo-se uma ligação com a biografia do ator. Deverá ser abordado como um ícone do
cinema relacionando-se os temas do vagabundo, a felicidade, a crítica social e a superioridade da
mímica sobre a palavra. O Cinema, enquanto triunfo do sonho e do mito e como nova linguagem
artística com códigos e sintaxe própria, surge como objeto de estudo privilegiado na categoria local.
Como conteúdos no tronco comum e nas áreas artísticas dos cursos mais especializados, ainda na
Cultura do Cinema, são abordadas as grandes rupturas, nomeadamente as vanguardas artísticas.
Nos cursos tecnológicos a disciplina de História das Artes assume uma vertente mais prática e
pluridisciplinar. No programa do 10º ano, módulo A Arte Pré-Histórica, é sugerido o filme “A Guerra
do Fogo” (1981), de Jean-Jacques Annaud para uma observação crítica sobre os principais aspetos
ligados à dinâmica territorial das comunidades pré-históricas. No módulo A Arte Romana é sugerido
“Gladiador” (2000), de Ridley Scott, para um debate interdisciplinar sobre as imagens, cenários,
organização da história e valores em presença. No 11º ano, no módulo A Arte Gótica, surge “O Nome
da Rosa” (1986), de Jean-Jacques Annaud para debater a função / papel da arte, nomeadamente do
livro e da iluminura na Idade Média. No módulo A Arte do Renascimento, é referido o filme “As
Cólicas de um Arquitecto” (1987), de Peter Greenaway, sugerindo-se uma discussão sobre a distância
que separa o objeto da sua concretização artística. Por fim, em A Arte Barroca são sugeridos alguns
filmes para uma melhor contextualização e compreensão da época em estudo, como “Barry Lyndon”
(1975), de Stanley Kubrick ou “Prospero’s Book” (1991), de Peter Greenaway.
No programa do 12º ano, módulo A Arte impressionista e pós-impressionista, são sugeridos
alguns filmes para a consolidação de conteúdos e conceitos. São eles “Van Gogh” (1991), de Maurice
21
Programa de História da Cultura e das Artes, p.10, In http://www.dgidc.min-edu.pt/ensinosecundario/index.php?s=directorio&pid=2&letra=H,
acedido a 16 março 2012
13
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Pialat; “Sonhos – Episódio dos Corvos” (1990), de Akira Kurosawa e “Os Silêncios de Manet” (1989),
de Didier Baussey. No módulo O Modernismo, surge o Cinema como conteúdo, com indicações
específicas de realizadores como objeto de estudo. Os conceitos de Sétima Arte, Star Film ou Star
System são abordados, embora os dois últimos sejam considerados apenas complementares nas
aprendizagens. É explorado o cinema entre as duas guerras, o papel de Chaplin e Charlot, as
manifestações cinematográficas no surrealismo com Luis Buñuel e Salvador Dali, a multiplicação de
géneros e o papel de Hollywood e os casos específicos de Orsan Wells, John Ford, René Clair, Carl
Dreyer, F. Murnau, Fritz Lang ou Sergei Eiseinstein.
No módulo Tendências Atuais da Arte Contemporânea, surge o cinema underground como
conteúdo complementar às aprendizagens e o cinema desde a 2ª Guerra Mundial, nomeadamente o
star-system norte-americano e o cinema de autor. É ainda proposto o estudo do cinema europeu, assim
como o cinema emergente de outras nacionalidades e a sua afirmação. Por fim, propõe-se uma
abordagem das tendências estéticas atuais nas artes e nos espetáculos, surgindo o cinema na sua estrita
relação com outras manifestações artísticas.
É nas disciplinas dos cursos tecnológicos de Multimédia que o cinema surge como objeto de
estudo prático. O programa de Oficina Multimédia A, 10º e 11º anos, refere que “A mutação das
tecnologias, dos média e da comunicação visual resultam num forte e cada vez mais rápido impacto na
sociedade contemporânea.” 22 O programa analisa as tecnologias analógicas num contexto da história
da arte e o reconhecimento das tecnologias digitais num esquema de novas difusões mediáticas,
abordando conteúdos relacionados com a multimédia. O módulo Animação, prevê que o aluno seja
capaz de analisar uma narrativa e criar um argumento, expresso numa story-board. Deve já adquirir
alguns conhecimentos relativos à compreensão e manutenção dos diferentes ritmos na estruturação das
narrativas, assim como dominar algumas técnicas que fazem parte da linguagem do cinema, como
zoom e travelling, fade-in e fade-out, ou o uso de filtros de cor nos projetores e domínio da luz. As
aprendizagens iniciam o aluno no domínio da animação, aprofundando os seus conhecimentos no
digital no 11º ano. Os alunos devem analisar os vários elementos que constituem um projeto
multimédia, entendendo-os numa perspetiva global.
No 11ºano, no módulo Cinema Animado Analógico, surgem as técnicas de animação com
desenho, figuras ou objetos, stop-motion ou pixilização. No módulo Vídeo, os alunos trabalham
22
Currículo Oficina Multimédia A, p.2, In In http://www.dgidc.min-edu.pt/ensinosecundario/index.php?s=directorio&pid=2&letra=O, acedido a 16
março 2012
14
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
conteúdos relacionados com a linguagem cinematográfica, como a narrativa, sinopse, planificação ou
story-board, assim como a captação de vídeo e o seu tratamento. No módulo Animação Digital é
indicada a realização de sequências de animação através de software específico.
No 12º ano, em Oficina de Animação e Multimédia, o aluno deve trabalhar com vídeo, imagem
e som, adquirindo conhecimentos e desenvolvendo competências nesta área. Em Oficina Multimédia
B, sendo lecionada num curso de vertente mais teórica, pretende-se trabalhar os conteúdos na prática,
mas fundamentados em conceitos nucleares a nível teórico. Os conteúdos de vídeo digital e animação
são trabalhados no programa.
15
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
PARTE 2
ESTUDO EMPÍRICO
4. OBJETIVOS E METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
4.1. Objetivos / Hipóteses
A escola não pode, nem deve, estar afastada dos interesses dos seus principais destinatários: as
crianças e jovens que a frequentam. As mudanças e alterações ocorridas nas sociedades atuais, como já
vimos, levam a que a cultura juvenil seja essencialmente visual. É uma cultura mediatizada, onde a
rápida informação e o acesso à imagem, assim como a sua manipulação e transformação, fez alterar
um paradigma que altera o próprio processo de aprendizagem dos alunos. A escola já deixou de ser, há
muito, a única instituição de transmissão de saberes. Hoje em dia, e cada vez mais cedo, as crianças e
jovens aprendem e adquirem conhecimentos através das TIC. Cabe à escola, numa atitude mais
construtivista do ensino, utilizar esses saberes dos alunos, integrando-os e tirando partido da sua
riqueza de conhecimento e aptidões.
No espetro alargado do mundo das imagens, o Cinema não pode ser ignorado. No caso
específico de Portugal, os dados mostram que é o hábito cultural mais consumido pelos espetadores,
em particular os jovens. Os dados do instituto Nacional de Estatística, no gráfico abaixo apresentado,
mostram o número de espetadores, por ano, de 2006 a 2010. Nesta escala de cinco anos, o Cinema é
explicitamente aquele que reúne o maior número de espetadores, bastante diferenciado da Música,
Dança ou Teatro.
Figura 1
16
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Fonte: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main, acedido a 15 março 2012
Com as TIC, o acesso ao cinema adquiriu uma facilidade que não pode ser ignorada. Através
da televisão, DVD ou internet, as crianças e jovens têm possibilidade de adquirir conhecimentos e
visualizar filmes, mesmo sem uma deslocação à sala de cinema. Com as aprendizagens cada vez mais
autónomas de programas de edição de imagem e vídeo, a manipulação ou transformação de imagens
tornou-se igualmente uma realidade, e a difusão ou partilha de cinema alargou-se através da internet,
nomeadamente nas redes sociais. Esta imersão no mundo das imagens e a facilidade de acesso ao
cinema, assim como os conhecimentos adquiridos pelas crianças e jovens, não são sinónimo de uma
perfeita leitura ou interpretação de imagens. A facilidade de acesso e a utilização e imersão nas TIC
não são dados adquiridos para uma verdadeira literacia mediática. A criança ou o jovem deve ser
ensinada a interpretar e descodificar as imagens que vê; e é neste sentido que a escola, através de uma
educação pelos média, tem um papel fundamental.
A opção pelo Cinema como principal base para uma educação pelos média tem sido valorizada
pelas Comissões Europeias na Área da Educação. A recente proposta da Secretaria de Estado da
Cultura do Governo de Portugal, que visa integrar nos planos curriculares desde o ensino básico
projetos ligados ao cinema português, vem neste sentido. Assiste-se nestes diretrizes, a nível europeu,
a um reconhecimento do Cinema em duas dimensões: primeiro, o cinema faz parte integrante da
cultura juvenil, atingindo resultados expressivos em relação ao seu consumo, em casa ou sala de
cinema; segundo, o cinema é uma forma de arte e comunicação, com uma linguagem artística e
técnicas próprias, integrador de diversas artes e uma fonte inesgotável de conhecimento e saberes
através das suas temáticas.
Foi nesta perspetiva do cinema como objeto base para a aprendizagem e educação no âmbito
mediático que nos centramos na presente investigação. O cinema pode ser utilizado para a abordagem
de um número infindável de conteúdos; além disso, o estudo e análise através da linguagem
cinematográfica pode ser um poderoso meio para transmitir aos alunos instrumentos de descodificação
das imagens que contatam regularmente (cinema, televisão, publicidade, internet).
De que forma o cinema é operacionalizado no Projeto Educativo e Plano Anual de Atividades
de uma escola? A oferta existente na comunidade onde a escola está inserida influencia essa
operacionalização? A dinamização do Cinema, na comunidade e na escola, influencia os
conhecimentos dos alunos a nível da linguagem cinematográfica e de cultura cinéfila? Qual o papel
dos professores, nas disciplinas de Artes Visuais?
17
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Estas são as questões problemáticas que se situam na base do nosso projeto de investigação.
4.2. Metodologia e Instrumentos de Pesquisa
A metodologia utilizada será de investigação-ação; no entanto, as propostas práticas de
intervenção, embora já pré-definidas neste relatório, destinam-se a ser operacionalizadas a médio
prazo, no decorrer do atual ano letivo e consequentemente no próximo.
Centrámos o estudo em duas escolas, a Escola Secundária Gabriel Pereira, em Évora, e a
Escola Secundária de Tomás Cabreira, em Faro. As ofertas culturais das duas cidades, nomeadamente
o cinema (através de projetos da cidade ou na própria escola) são bem distintos, o que nos pareceu
conveniente para perceber qual a sua influência nas metodologias praticadas nas escolas e nos próprios
conhecimentos dos alunos. O levantamento de dados realizou-se através da pesquisa em documentação
existente nas escolas, e disponível online nos sites das mesmas, e no caso do cinema da comunidade,
através dos meios de divulgação das associações ou instituições em causa. A fidedignidade dos
documentos e recursos de divulgação foi essencial para a validade do nosso processo de investigação,
através da análise de toda a documentação acedida, sem esquecer o contato direto nas escolas e com a
comunidade. De referir que os documentos orientadores da Escola Secundária Tomás Cabreira, pelo
facto da mesma se encontrar atualmente ainda em reconstrução, não foram ainda atualizados ou
definidos, daí a impossibilidade de acedermos a algumas informações ou imagens, tais como a planta
da escola.
Foram efetuadas igualmente duas entrevistas a individualidades nas duas cidades, que têm
pautado as suas atuações no desenvolvimento de projetos que unam o cinema à escola. Selecionámos
assim, na área de Évora, o diretor do Cineclube da Universidade de Évora e do FIKE - Festival
Internacional de Curtas-Metragens de Évora, além de ser secretário-geral adjunto da federação
Internacional de Cineclubes João Paulo Macedo, e pela área de Faro, Graça Lobo, Coordenadora
Regional do Programa JCE – Juventude, Cinema e Escola e membro da direção do Cineclube de Faro.
Os guiões das entrevistas (Ver ANEXO 1) foram elaborados no sentido de percebermos a importância
que o cinema pode adquirir na escola, e numa perspetiva mais abrangente, no desenvolvimento integral
dos alunos como cidadãos. Procurámos também que essa importância fosse relativizada num nível
mais abrangente, nomeadamente na extensão dos projetos desenvolvidos nas duas cidades ao resto do
país, assim como as propostas a nível do Governo de Portugal. As entrevistas foram transcritas e
encontram-se registadas em anexo. (Ver ANEXO 2 e 3)
18
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
No processo de investigação acerca das metodologias utilizadas e visão sobre os materiais
audiovisuais e cinema pelos professores do Departamento de Expressões, além da análise dos
documentos orientadores, como as planificações de departamento ou da disciplina, construímos
igualmente alguns instrumentos para a recolha de dados, nomeadamente questionários. Optámos por
elaborar dois questionários, um para professores e outro para alunos, a ser aplicados nas duas escolas.
Quanto aos professores, escolhemos apenas aplica-lo nos professores do grupo 600 – Artes Visuais,
por se centrarem neles a nossa análise e reflexão neste projeto. O questionário é dividido em duas
partes; numa primeira, procuramos perceber se os professores utilizam recursos audiovisuais na sua
prática letiva, quais são esses recursos, e com que fim os utiliza. Na segunda parte especificamos as
questões para o cinema, questionando as situações em que o mesmo foi abordado nas disciplinas que o
professor leciona. Por fim, optámos por uma pergunta de resposta escrita, no sentido do professor
identificar alguns títulos de filmes que tenha utilizado. O nosso objetivo é comparar as respostas com
os títulos de filmes que vêm expressos nos programas; se o professor respeita ou inova através de
outras ideias. (Ver ANEXO 4).
No questionário para os alunos, a ser aplicado nas duas turmas do 10º ano de Artes Visuais,
procuramos perceber quais as suas áreas de interesse a nível cultural, e mais especificamente o cinema,
qual a frequência com que se deslocam a este espaço. Numa segunda parte, tentamos identicar se o
aluno utiliza software de edição de imagem ou vídeo, em casa ou em contexto escolar. (Ver ANEXO
5) Numa fase posterior da nossa investigação, pretendemos auferir também os conhecimentos que os
alunos demonstram em termos de literacia cinematográfica. Estes questionários aos alunos destinam-se
à recolha de informações, que complementem aquelas que forem recolhidas através da observação
direta em contexto de sala de aula.
Na fase final da investigação, todos os dados recolhidos serão organizados através de gráficos.
O nosso objetivo foi ter um recurso visual, prático e objetivo, que nos auxiliasse na comparação entre
os dados obtidos relacionados com Évora e Faro. A comparação destes dados e os resultados obtidos
serão essenciais para uma melhor definição das propostas de intervenção.
19
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
5. AS ESCOLAS E A COMUNIDADE ENVOLVENTE
5.1. Escola Secundária Gabriel Pereira, Évora
5.1.1. Caracterização geral da escola e da comunidade envolvente
A Escola Secundária Gabriel Pereira, situada na cidade de Évora, remonta ao início do séc. XX
e aos princípios da República. Foi fundada a 17 de Setembro de 1914 sob o nome de Escola de
Desenho Industrial da Casa Pia de Évora e direcionou desde sempre a sua oferta educativa para as artes
manuais e tecnologias. No ano em que foi fundada, lecionavam-se os seguintes cursos: Elementar de
Comércio, Elementar de Agricultura, Carpintaria ou Marcenaria, Serralharia e Alfaiataria ou Sapataria.
Nessa altura, a escola funcionava no antigo edifício da Casa Pia, o Colégio do Espírito Santo, que
pertence atualmente à Universidade de Évora.
Em 1919, ainda a funcionar no mesmo edifício, a escola apropriou-se do nome de Gabriel
Pereira, em honra ao ilustre eborense Gabriel Victor do Monte Pereira (1847 – 1915). O patrono da
Escola distinguiu-se como estudioso e profundo conhecedor da História e Arqueologia de Portugal
mas também na tradução de vastíssimas obras e autores como Estrabão e Plínio. Foi ainda InspetorMor das Bibliotecas e Arquivos Nacionais. Em 1931 foram adicionados os cursos de Carpintaria Civil,
Serralharia Civil, Tapeçaria, Costura e Bordados e Curso de Comércio. Passado alguns anos, nos finais
dos anos 40, há uma alteração do nome para Escola Industrial e Comercial de Évora, tendo criado os
seguintes cursos: Ciclo Preparatório, Formação de Serralheiros, Formação de Montadores de
Eletricista, Formação de Carpinteiro/Marceneiro, Formação Feminina, Geral de Comércio, Secção
Preparatória para os Institutos Industrial Comercial, Especialização de Mecânica Agrícola, Mestrança
de Encarregados de Obras Oficinas. No início dos anos 1950, a escola passa a funcionar no Convento
de Santa Clara.
No ano letivo de 1972-73 foram criados os Cursos Gerais de Ensino Técnico, funcionando
nesta escola os cursos de Geral de Administração e Comércio, Geral de Formação Feminina, Geral de
Mecânica e Geral de Eletricidade. No ano letivo seguinte foram criados os Cursos Complementares do
Ensino Técnico, funcionando os cursos de Complementar de Contabilidade e Administração,
Complementar de Secretariado e Relações Públicas, Complementar de Mecanotecnia e Complementar
de Eletrotecnia. No ano letivo de 1975-76 foi criado o Curso Secundário Unificado que se inicia com o
20
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7º Ano de Escolaridade, e finalmente em 1979, através da portaria n.º 608 de 22 de Novembro, o seu
nome é alterado para Escola Secundária Gabriel Pereira, a sua designação atual.
Em 2008, integrou a 1.ª fase do Programa de Modernização das Escolas Secundárias,
permitindo a adaptação ou a criação de novos espaços físicos.
A Escola Secundária Gabriel Pereira tem uma longa tradição na formação e qualificação
técnica que continua a manter. Após o 25 de Abril de 1974 e a consequente Reforma do Ensino em
1976, esta visão continuou, através dos cursos das Áreas Técnicas, mais tarde com os cursos Técnico –
Profissionais e Profissionais, Cursos Tecnológicos e, atualmente, com os Cursos Profissionais. A
Escola destaca-se também pela oferta ao nível da Educação de Adultos e do ensino das Artes Visuais,
tradição também já longa no seu historial.
Os princípios que definem a orientação educativa da Escola Secundária Gabriel Pereira para o
triénio 2010-3013, que visam continuar a ação num quadro de educação pública de rigor e excelência,
com total disponibilidade para encarar as exigências de uma autonomia responsável, baseiam-se em
parte nas relações entre o passado e o futuro. A definição no Projeto Educativo de princípios
orientadores, objetivos, estratégias e medidas, visam continuar o trabalho na escola desde a sua
formação, através da oferta de cursos na área tecnológica e artística, e adaptando-se aos novos desafios
que se aproximam.
A cidade de Évora, situada no Alentejo e a uma distância de cerca de 130 km de Lisboa, é o
principal pólo urbano da região, com cerca de 41 159 habitantes. A dinâmica social e económica da
cidade tem conseguido contrariar a tendência da região no seu conjunto, mantendo um crescimento
idêntico ao de outras cidades médias portuguesas.
A cidade conserva ainda bastantes traços dos seus tempos mais antigos, incluindo monumentos
de várias épocas. O centro histórico de Évora faz parte da lista da UNESCO das cidades património
mundial, declarada em 1986. No seu interior, circundado entre muralhas, encontram-se importantes
edifícios históricos como o Aqueduto da Água de Prata, construído no séc. XVI para abastecer a
cidade de água e que se desenvolve por mais de 8 km, a Catedral, uma construção gótica, completada
no século XIII e que inclui atualmente no sue interior o Museu de Arte Sacra, a Capela de S. Brás, um
exemplo interessante de gótico mourisco no Alentejo, construída no séc. XV, o Paço de Vasco da
Gama, que foi residência de Vasco da Gama aquando da sua nomeação de Conde da Vidigueira e de
Vice-Rei da Índia, o Paço dos Condes de Basto, um primitivo alcácer mourisco e residência dos reis da
dinastia Afonsina, a Igreja de S. Francisco, com elementos manuelinos e que contém no seu interior a
21
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Capela dos Ossos, a Igreja dos Loios, a Galeria das Damas do Palácio de D. Manuel, onde Gil Vicente
representou sete dos seus Autos dedicados às rainhas D. Maria de Castela e D. Catarina da Áustria e o
Templo Romano, do séc. I a III DC, mais conhecido por Templo de Diana e que permanece um
monumento único do género em Portugal.
Outros monumentos de interesse histórico e patrimonial na cidade são o atual edifício do
Colégio Espírito Santo da Universidade de Évora, o antigo colégio dos Jesuítas construído pelo
cardeal-Rei Henrique em 1559, a Fonte renascentista do Largo das Portas de Moura, a Praça de
Giraldo, o centro urbano da cidade, e a nível de monumentos neolíticos, o Cromeleque dos Almendres
e a Anta do Zambujeiro, situada a 15 km de Évora.
A nível da oferta de Museus, a cidade conta com o Museu de Évora, com uma coleção de
pintura do século XVI e XVI, esculturas em pedra da Idade Média e do Renascimento, além de
cerâmicas, azulejos e joelharia de diferentes períodos, e os Museus de Arte Sacra, Museu de Artes
Decorativas, Museu de Carruagens ou Museu do Brinquedo, fazem parte do restante.
A nível da oferta de Arte Moderna e Contemporânea, a cidade conta com menores
equipamentos e ações. A Universidade de Évora, através dos cursos de Artes Visuais, promove
exposições e seminários neste âmbito, mas é na Fundação Eugénio de Almeida que existe um espaço
maior para a divulgação de obras de arte moderna ou de artistas contemporâneos. A Fundação tem um
plano de ação nos domínios cultural e educativo, social e espiritual, visando o desenvolvimento
humano pleno.
A cidade tem assumido, através das suas políticas e ações, uma vocação patrimonial, cultural,
universitária, e de serviços, com qualidade ambiental, que procura potenciar toda a área envolvente à
própria cidade.
5.1.2. Instalações escolares
O acesso à Escola Secundária Gabriel Pereira, em relação à cidade de Évora, é relativamente
fácil, na medida em que se situa numa zona onde parecem concentrar algumas das instituições de
ensino de Évora. A escola em si apresenta-se num complexo bastante organizado, onde chama logo à
atenção o edifício principal, no qual se situa o polivalente/sala de convívio e alguns gabinetes
correspondentes ao trabalho administrativo (sala de professores, papelaria, bar e biblioteca escolar) nos
pisos térreo e superior. Ainda de mencionar e não menos importante, podemos encontrar três
22
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
instalações sanitárias no piso térreo deste edifício (uma para alunos e duas para pessoal docente e não
docente perto da sala de professores).
Em termos de material didático e recursos tecnológicos à disposição, a escola dispõe de um
“arsenal” relativamente vasto. Além dos pátios grandes, permitindo um fácil acesso a todos os locais
da escola, existem ainda três edifícios menores (refeitório, cozinha e secretaria), que vão dar acesso ao
edifício principal, dispostos ao longo de corredores exteriores e que posteriormente, vão dar às salas de
aula mais ligadas às áreas das Ciências e Tecnologias; Ciências Socioeconómicas; Línguas e
Humanidades (pavilhões “A1”, “A2” e “A3”). Os três restantes edifícios circundantes, dizem respeito
às áreas ditas mais práticas como as Artes Visuais e o Desporto. Seguido do edifício principal,
podemos encontrar as ditas Oficinas, pertencentes a dois edifícios que acabam por estar ligados,
denominadas por “O1” e “O2”. O primeiro tem à disposição quatro salas (tecnológica/visual), cada
uma com uma área relativamente grande, de forma a possibilitar o bom funcionamento dos materiais e
a mobilidade dos alunos e professores. O segundo tem apenas duas salas com uma área maior que as
anteriores, não havendo assim falta de espaço para trabalhar. É ainda de referir, que cada um dos
edifícios ligados às Oficinas tem ao dispor algumas arrecadações, de forma a poder guardar os
materiais utilizados em sala de aula.
Logo ao lado direito e adjacente às Oficinas encontra-se o Ginásio a meu ver, para além das
Oficinas, um dos maiores se tivermos em conta todos os edifícios pertencentes à escola. Para a prática
do desporto, encontra-se à disposição dos alunos quatro balneários (dois femininos e dois masculinos),
duas instalações sanitárias (uma para os alunos e outra para os professores e funcionários) e um
gabinete para o funcionário que está encarregue do respetivo edifício.
As ditas áreas mais teóricas, como já tínhamos referido antes, encontram-se nos pavilhões
“A1”, “A2” e “A3”. É de salientar que cada um destes pavilhões tem um pequeno átrio central,
permitindo aos alunos e professores circularem no espaço de forma mais harmoniosa. O denominado
“A3”, situado do lado esquerdo do pavilhão principal, é composto por três pisos respetivamente, nos
quais podemos encontrar dezassete salas de aula e três instalações sanitárias para alunos, distribuídas
pelos referidos pisos. Para além destas salas, tem ainda o gabinete do funcionário, um laboratório de
Física e um de Química no piso térreo, mais duas salas de Tecnologia/Visual no segundo piso. Ainda
de referir no mesmo piso a existência de uma sala de informática que se destaca pela sua área
relativamente maior comparada com as restantes.
Ao sair do pavilhão principal temos o pavilhão “A2”, composto por dois pisos que, semelhante
ao “A3”, contém também salas de aula, neste caso seis e duas instalações sanitárias para alunos,
23
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
distribuídas por cada um dos pisos. Neste pavilhão podemos ainda encontrar um museu, dois gabinetes
ligados aos serviços de administração (Conselho Executivo) mais um laboratório no piso térreo e dois
gabinetes ligados ao serviço de psicologia da escola no piso superior.
O pavilhão “A1” é composto por dois pisos no qual se encontram sete salas de aula e duas
instalações sanitárias para alunos. No mesmo pavilhão podemos ainda referir a existência de dois
laboratórios no piso térreo, mais um anfiteatro, um gabinete e uma mediateca, no piso superior.
Para finalizar a descrição física deste espaço escolar pensamos ser interessante realçar os
variados recursos que a escola põe a deposição já antes mencionados. Assim sendo, no que respeita ao
lazer, a escola dispõe de uma biblioteca, uma mediateca, um bufete com espaço suficiente e
convidativo à descontração, um bar e ainda um refeitório.
Na imagem abaixo pode ser visualizada a planta da Escola Secundária Gabriel Pereira:
Figura 2
5.1.3. Organização e gestão da escola /Oferta educativa
Atualmente a oferta educativa da Escola Secundária Gabriel Pereira dispõe do ensino diurno e
noturno. Encontra-se dividida em três modalidades educativas que são os cursos CientíficoHumanísticos, os Cursos Profissionais e o Ensino Noturno.
24
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Nos cursos gerais destinados a progressão dos estudos, os científico-humanísticos, a escola
oferece as opções de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas, Línguas e Humanidades e
Artes Visuais.
Em relação aos cursos profissionais a oferta é bastante diversificada, sendo estes de saída com
diploma de nível III da União Europeia e visam abordar uma componente educativa mais técnica e
dirigida ao mercado de trabalho. Assim sendo os quatro cursos disponíveis denominam-se de Técnico
de Manutenção Industrial / Aeronaves (10º, 11º e 12º anos); Técnico de Gestão de Equipamento
Informáticos (12º ano); Técnico de Informática de Gestão (10º e 11º anos) e Técnico de Design de
Interiores e Exteriores (10º ano).
O ensino noturno oferece o Curso EFA B3 (Básico) Escolar; Curso EFA B3 (Básico) Dupla
Certificação; Curso NS (Secundário) Escolar; Curso NS (Secundário) Dupla Certificação; Módulos
Capitalizáveis e Vias de conclusão do nível secundário de educação ao abrigo do Dec. Lei nº 357/2007
de 29 de Outubro.
Além das anteriores ofertas educativas aqui descritas a Escola Secundária Gabriel Pereira
também dispõe de um Centro de Novas Oportunidade que integra o objetivo de assegurar a todos os
cidadãos maiores de 18 anos uma oportunidade de qualificação e certificação, de nível básico ou
secundário, adequada ao seu perfil e necessidades, numa determinada área territorial de intervenção.
5.1.4. Alunos, pessoal docente e não – docente
A escola dispõe de um total de 38 funcionários não docentes, entre Assistentes Operacionais e
Assistentes Técnicos. O Conselho Geral, órgão máximo da escola, é constituído por 23 elementos
entre, sendo o Presidente do Conselho Geral; um Diretor da Escola; sete representantes do Pessoal
Docente; dois representantes do Pessoal não Docente; quatro representantes dos pais e encarregados de
educação; dois representantes dos alunos; três representantes do Município e três representantes da
Comunidade Local.
A Direção é o órgão de administração e gestão da escola nas áreas pedagógica, cultural,
administrativa, financeira e patrimonial. É composta por cinco elementos: Um Diretor, um Subdiretor
e três Adjuntos. O Conselho Pedagógico é o órgão de coordenação e supervisão pedagógica e
orientação educativa da escola, nomeadamente nos domínios pedagógico-didático, da orientação e
acompanhamento dos alunos e da formação inicial e contínua do pessoal docente e não docente. Fazem
25
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
parte deste conselho quinze elementos distribuídos pelos vários departamentos, bem com os
representantes das outras entidades constituintes da comunidade escolar
O Conselho Administrativo é o órgão deliberativo em matéria administrativo-financeira da
escola, nos termos da legislação em vigor. O seu mandato é de quatro anos e atualmente constituído
por três representantes: um Diretor, Subdiretor e um Chefe dos Serviços de Administração.
Os departamentos curriculares da escola estão repartidos por 4 áreas científicas: Departamento
de Matemática e Ciências Experimentais, Departamento de Línguas, Departamento de Ciências
Sociais e Humanas e o Departamento de Expressões. Além dos restantes órgãos existem ainda outras
estruturas Denominadas de Departamento de Orientação Educativa, Departamento de Educação e
Formação Profissional, Departamento de Educação de Adultos e Gabinete de Formação, Avaliação
Interna e Acompanhamento de Projetos.
5.1.5. Projeto Educativo e Plano Anual de Atividades
O Projeto Educativo da Escola Básica Gabriel Pereira (Ver ANEXO 6) centra-se sobretudo na
identidade que a escola tem construído ao longo dos anos, nomeadamente através da diversidade da
oferta educativa, equilibrando os cursos dirigidos para o prosseguimento de estudos ou os cursos
vocacionados para o ingresso no mercado de trabalho. O projeto pretende assim assegurar as
expetativas da comunidade educativa, apostando na tradição, mas com uma visão de futuro que se
impõe à escola pública.
Sendo assim, a escola definiu como princípios orientadores no seu Projeto Educativo a
promoção da qualidade de ensino na perspetiva da formação integral; a promoção de condições de
segurança e bem-estar em todo o espaço escolar; a valorização da participação e espírito de iniciativa e
comunidade; o desenvolvimento do espírito crítico, estético, cultural e científico; o reforço da
cooperação do espírito crítico, estético, cultural e científico; o reforço da cooperação entre os diversos
serviços, estruturas e órgãos de Administração e Gestão Escolar; a promoção de uma cultura de
autoavaliação e de interação com a comunidade local.
Salientamos o reforço no desenvolvimento do espírito estético expresso por diversas vezes no
Projeto Educativo, notando-se uma valorização desta dimensão em que as disciplinas do grupo de
Artes Visuais têm um papel fundamental.
O Plano Anual de Atividades (Ver ANEXO 7) procura operacionalizar as medidas expressas
no Projeto Educativo, constituindo-se como o suporte das prioridades aí estabelecidas. O documento
26
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
está estruturado em quatro grandes objetivos estratégicos: a promoção do sucesso educativo,
conhecimento multidisciplinar e formação integral do aluno; a valorização dos recursos humanos; a
manutenção e aprofundamento entre a escola e a comunidade e o incentivo ao envolvimento dos
alunos, docentes, não-docentes, pais e encarregados de educação na vida escolar e nos órgãos de
administração e gestão da escola. Neste sentido, o Plano operacionaliza uma série de atividades através
dos vários departamentos curriculares e gestão da escola, que passam pelas atividades artísticas e
desportivas, conferências, palestras e workshops, exposições no espaço escolar, intercâmbios nacionais
ou internacionais através de projetos, reforço dos projetos, clubes e concursos pela escola, protocolos,
parcerias e diversas visitas de estudo.
As atividades surgem no Plano Anual de Atividades agrupadas por período letivo, ou ao longo
do ano letivo.
5.2. Escola Secundária de Tomás Cabreira
5.2.1. Caracterização geral da escola e da comunidade envolvente
A Escola Secundária de Tomás Cabreira foi criada em 1888, sendo então designada de Escola
de Desenho Industrial Pedro Nunes; uma origem que nos remete, à partida, para uma componente
técnica e artística que se tem vindo a desenvolver na região ao longo dos anos. Só em 1979 passou a
ter a atual designação, em homenagem ao estadista e republicano natural das terras do Algarve. A
escola está situada no centro da cidade, junto a áreas emblemáticas como a Alameda João de Deus, o
Tribunal de Faro ou a Biblioteca Municipal João Ramos Rosa. O edifício principal data de 1908,
construído para o Liceu Nacional de faro que aí funcionou até 1948.
Ao longo dos anos a Escola tem contribuído para a formação de quadros médios na região,
especialmente nos domínios tecnológico e artístico, o que lhe conferiu reconhecimento e prestígio,
dada a sua ligação ao mercado de trabalho, às empresas e instituições locais e regionais. Este prestígio
foi reconhecido publicamente em 2003, através da atribuição da Medalha da Cidade, grau ouro, e pela
homenagem e salva evocativa pelo Governo Civil de Faro e Câmara Municipal de Faro em 2008, nas
celebrações do 120º aniversário da escola.
Atualmente, a Escola Secundária de Tomás Cabreira continua a apostar numa oferta educativa
especialmente direcionada para as tecnologias e artes através de cursos e áreas de aprendizagem únicos
na região. Apesar do reconhecimento do prestígio, a escola sofre algum preconceito devido à
associação da sua imagem ao historial ligado à oferta de cursos de carácter mais técnico, sempre
27
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
conotados com situações de insucesso ou indisciplina. 23 Associa-se também a ideia de que os alunos
que se matriculam neste tipo de cursos não têm qualquer vocação para a área na qual acabam por obter
uma certificação profissional. Apesar da confirmação de alguns casos neste domínio, os dados, tal
como refere o Projeto Educativo de Escola, demonstram que se trata, de facto, de um preconceito, pois
os casos de indisciplina são pontuais e os alunos nos cursos de carácter mais prático terminam a
formação com resultados que se podem considerar de sucesso.
A cidade de Faro, sede de concelho e distrito, tem uma população de 41307 habitantes
divididos pelas freguesias da Sé e São Pedro. Tal como o demonstraram os Censos de 1991 e de 2001,
a cidade assistiu a um aumento exponencial de população nos últimos anos devido à criação do
Instituto Politécnico e da Universidade do Algarve, ao que se acresce outros fatores como a imigração.
Faro possui um inegável valor histórico a nível de património cultural e natural. A sua localização
privilegiada junto ao Parque Natural da Ria Formosa atrai milhares de turistas durante todo o ano. Ao
nível das ofertas culturais, a cidade tem assistido nos últimos anos ao aparecimento de diversas
associações, instituições e acordos que procuram dinamizar a cidade. Assim aconteceu com a Capital
Nacional da Cultura em 1995 (que deixou como principal marca o Teatro Municipal de Faro) ou o
AllGarve, que desenvolveu durante três anos uma extensa programação cultural no distrito. Além do já
referido teatro, a cidade conta ainda com o Teatro Lethes, o Auditório Pedro Ruivo, o Capa – Centro
de Artes Perfomativas do Algarve, a Biblioteca Municipal Ramos Rosa ou a Acta – Companhia de
Teatro do Algarve. O Cineclube de Faro é a associação mais antiga da cidade e continua até hoje a
promover a relação do cinema com a comunidade local e escolar. A cidade tem ainda o Museu
Municipal de Faro, dedicado ao passado histórico da região e com exposições temporárias de arte
contemporânea, o Museu Regional do Algarve, este de carácter mais etnográfico e a Galeria Trem,
para exposições de arte temporárias.
Ano plano desportivo e de lazer a cidade tem uma piscina municipal, pista de atletismo, um
skate park, numerosos ginásios de desporto e equipamentos de manutenção espalhados em alguns
locais propícios à prática desportiva na cidade.
Em termos económicos, o sector terciário predomina, nomeadamente o comércio e atividades
ligadas ao turismo.
Quanto à oferta de serviços escolares, a cidade conta com seis escolas básicas do 1º ciclo,
quatro escolas do 2º e 3ºciclo, três escolas secundárias e duas escolas particulares do 1º e 2ºciclos.
23
Esta associação negativa da imagem da escola foi referenciada no relatório do IGE de 2009 como um dos pontos fracos.
28
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Conta também com uma Universidade, dividida entre o Instituto Politécnico e várias faculdades, uma
Escola Profissional de Hotelaria e Turismo e várias escolas particulares de ensino de línguas.
5.2.2. Instalações escolares
As instalações escolares ocupam uma área de 14000 m2, distribuídos pelo edifício central e por
dois outros onde funcionam, respetivamente, o ginásio, os espaços oficinais, o refeitório e dois campos
de jogos. No edifício central situa-se a Direção, os Serviços de Administração Escolar, de Ação Social
Escolar, de Psicologia e Orientação e Núcleo de Apoio Educativo, a Reprografia, Biblioteca, o
Auditório Principal, Os Laboratórios de Física e Química e Biologia, salas de Informática, de Estudo,
de Diretores de Turma, de Receção de Pais / Encarregados de Educação, salas de trabalho e de
professores, o Polivalente, Associação de Estudantes, além das salas de aula. No edifício secundário
situa-se o ginásio, outro auditório e alguns espaços específicos, como as salas destinadas ao teatro e à
dança. No terceiro edifício, acém das salas de aula normais, estão situados os espaços específicos para
Artes, Design, Eletrónica, Mecânica e Mecatrónica.
A escola encontra-se atualmente em obras, através da construção ou modernização de novos
espaços. O antigo edifício central, que será renovado mantendo as suas características arquitetónicas,
passará a albergar o Órgão de Administração e Gestão, os Serviços de Administração Escolar, o
Centro Novas Oportunidades, sala de professores e salas de trabalho para docentes para os Serviços
Especializados de Apoio Educativo, pessoal não docente, Associação de Pais, entre outros. Foram
construídos ainda três novos edifícios com diversas valências, incluindo as artes visuais e artes do
espetáculo, áreas laboratoriais e informáticas, oficinas de eletricidade/eletrónica, mecatrónica e
instalações para a prática da educação física e ainda a Biblioteca, o Auditório e a áreas para alunos,
bufete e cantina. Em todo o campus da Escola está disponível acesso wireless à internet.
5.2.3. Organização e gestão da escola / Oferta educativa
O Conselho Geral, órgão máximo da escola, é constituído por vinte e um elementos: sete
representantes do pessoal docente, dois representantes dos funcionários não docentes, quatro
representantes dos pais e encarregados de educação, um representante dos alunos do ensino diurno, um
29
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
representante dos alunos do ensino noturno, três representantes do município e três representantes da
comunidade local. O Diretor participa nas reuniões do Conselho Geral, sem direito a voto.
O Diretor é coadjuvado no exercício das suas funções por um subdiretor e por dois adjuntos.
Preside ainda ao Conselho Pedagógico e Administrativo. O Conselho Pedagógico é composto por
catorze membros: o Diretor, os coordenadores dos quatro departamentos curriculares, um representante
dos pais e encarregados de educação, um representante dos alunos, o coordenador do ensino regular e
cursos artísticos especializados, o coordenador do ensino recorrente noturno, o coordenador dos cursos
profissionais, o coordenador dos cursos de educação e formação, o coordenador da biblioteca escolar,
um representante dos projetos de desenvolvimento educativo e um representante das estruturas de
orientação e apoio educativo. Os representantes dos pais e encarregados de educação e dos alunos só
participam nas reuniões da Comissão Especializada do Conselho Pedagógico.
O Conselho Administrativo é constituído pelo Diretor, Subdiretor e Coordenadora Técnica.
A constituição de turmas deve obedecer a critérios de natureza pedagógica e enquadrados
legalmente. No sentido da inclusão e da promoção pela equidade e justiça, a escola desenvolve a um
trabalho específico nos domínios do Ensino Especial, Apoio Socioeducativo e de Tutorias. As
atividades nestes domínios enquadram-se na legislação aplicável, consoante o tipo de necessidade
educativa e de aprendizagem detetadas no aluno.
Os Serviços Especializados de Apoio Educativo abrangem situações de necessidades
educativas especiais decorrentes de limitações ou incapacidades sistemáticas e prolongadas,
relacionando-as com situações de natureza social ou familiar, que possam dificultar a aprendizagem. O
processo envolve uma equipa multidisciplinar (docentes especializados, psicólogo e terapeutas, entre
outros) que trabalham com os alunos, articulando esse trabalho com os Conselhos de Turma
respetivos, com a Direção e outros intervenientes da comunidade educativa. Nos três últimos anos
letivos anteriores frequentaram a escola quatro alunos com deficiência auditiva, pelo que faziam parte
da equipa uma formadora e uma tradutora / intérprete de Língua Gestual Portuguesa. Os alunos
concluíram o curso científico – humanístico de artes visuais e prosseguiram os estudos no ensino
superior no presente ano letivo.
O Apoio Socioeducativo visa responder a dificuldades de aprendizagem de carácter temporário,
identificando os constrangimentos ao processo de ensino e aprendizagem, na sequência da apreciação
feita em Conselho de Turma. É concretizado através de aulas de Apoio Pedagógico Acrescido e
frequência da Sala de Estudo. A Tutoria é uma modalidade de apoio pedagógico transdisciplinar,
individual ou em grupo, pontual ou sistemática. Assume as vertentes de diagnóstico, de apoio e
30
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
encorajamento. Destina-se a situações de desajustamento psicológico, relacional, emocional ou social
(frequentemente com origens externas à escola) ou a situações em que se verifica a ocorrência de prérequisitos insuficientemente consolidados, que impeçam a aprendizagem.
Os Departamentos Curriculares dividem-se pelo Departamento de Línguas, Ciências Sociais e
Humanas, Matemática e Ciências Experimentais e Expressões.
A oferta educativa, através do ensino diurno e noturno, divide-se entre os Cursos Cientifico –
Humanísticos, os Cursos Profissionais, os Cursos Artísticos Especializados e os Cursos de Educação e
Formação. Nos Cursos Científico Humanísticos, a escola tem uma oferta de formação na área das
Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais.
Nos Cursos Profissionais a escola oferece um variado leque de opções no âmbito da área
artística, como Artes do Espetáculo, Audiovisuais e Produções dos Media ou Design, na área da gestão
e Comércio, como os cursos de Comércio, Marketing e Publicidade, Contabilidade e Fiscalidade,
Gestão e Administração, Secretariado e Trabalho Administrativo ou Ciências Informáticas, na área
tecnológica, através dos cursos de Eletricidade e Energia, Eletrónica e Automação ou Química, a ainda
um curso profissional em Proteção do Ambiente.
Nos Cursos Artísticos Especializados a escola oferece os cursos de Design de Comunicação,
Design de Produto, Comunicação Audiovisual e Produção Artística.
Os Cursos de Educação e Formação dos tipos 4 e 5 e de formação complementar, nas áreas de
eletricidade e energia, informática e administração e comércio deverão continuar a constar da nossa
oferta educativa, dando assim resposta aos alunos com historiais de insucesso nos restantes cursos,
proporcionando mais uma alternativa para a conclusão do ensino secundário. Continua a ser propósito
da escola constituir-se como um Centro de Novas Oportunidades, oferecendo Cursos de Educação e
Formação de Adultos de formação escolar e de dupla certificação nas áreas da Eletricidade e Energia,
Ciências Informáticas, Secretariado, Animação Sociocultural e Trabalho Administrativo de nível
Básico (B3) e Secundário, bem como Formações Modulares no âmbito do projeto Português para
Todos, na área do Português Língua Não Materna, alargando, no futuro, a outras áreas de formação.
5.2.4. Alunos, pessoal docente e não-docente
Atualmente a Escola tem 688 alunos no Ensino Diurno e 179 no Ensino Noturno. Dos alunos
do Ensino Diurno, 44,6 % são do Ensino Regular, 45,2 % dos Cursos Profissionais, 7,9 % dos Cursos
Artísticos Especializados e 2,3 % dos Cursos de Educação e Formação.
31
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
A escola tem no presente ano letivo 112 professores, sendo 78,6% pertencentes ao quadro da
escola, afigurando-se como um corpo docente estável. Mais de 55 % do total do corpo docente leciona
há mais de 16 anos; cerca de 39 % leciona há mais de 21 ano e cerca de 16 % leciona há mais de 26
anos. A Escola dispõe de um total de 43 funcionários não docentes, entre Técnicos Superiores,
Assistentes Técnicos e Assistentes Operacionais.
5.2.5. Projeto Educativo e Plano Anual de Atividades
O Projeto Educativo pretende consagrar a orientação educativa da escola (Ver ANEXO 8),
explicitando os princípios, valores, metas e as estratégias segundo as quais esta se propõe cumprir a
sua função educativa, constituindo-se, assim, como um instrumento estratégico fundamental para o
cumprimento da sua missão.
Os eixos estratégicos são sintetizados em três grandes áreas de atuação: Uma escola de sucesso,
que visa melhorar o sucesso e a qualidade da oferta educativa numa lógica de desenvolvimento integral
dos alunos: Uma escola de valores, procurando contribuir para o desenvolvimento da cidadania e
igualdade de oportunidades para todos os alunos, valorizando os alunos e a promoção da participação
ativa dos Pais e Encarregados de Educação, e por fim, a Promoção de boas práticas e da imagem da
Escola que apela ao pleno envolvimento da comunidade educativa.
A Educação Artística é um dos vetores do plano de formação da escola, centrado na qualidade
pedagógica e boas práticas de ensino.
O Plano Anual de Atividades é um documento estratégico que concretiza os objetivos
preconizados no Projeto Educativo (Ver ANEXO 9). O documento refere que não é um plano fechado,
pois além das propostas apresentadas no início do ano letivo por cada departamento, estará também
aberto a outras propostas surgidas no decorrer do ano. O Plano está estruturado segundo os núcleos de
ação que operam na escola, em vez de uma simples descrição cronológica. São eles:
- Intervenção na organização e funcionamento da Escola;
- Exercício da cidadania e projeção da Escola no exterior;
- Plano Tecnológico;
- Biblioteca Escolar;
- Departamentos Curriculares e respetivas propostas de visitas de estudo e saídas ao exterior;
- Projetos de Desenvolvimento Educativo;
- Serviço de Psicologia e Orientação e Educação Especial;
32
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
- Mapa-Resumo das despesas/receitas previstas.
6. O CINEMA NA COMUNIDADE E NAS ESCOLAS
6.1. Panorama do cinema nas cidades de Évora e Faro
Uma comparação da oferta a nível de cinema das cidades de Évora e Faro revela grandes
diferenças, quer a nível das salas para projeção de cinema, quer a nível da oferta de várias instituições
e associações relacionadas com o cinema. A análise a seguir apresentada pretendeu focar-se nestes dois
aspetos: os recursos para a exibição de filmes e a consequente rotina dos habitantes no consumo de
cinema e as atividades ligas ao cinema dinamizadas nas cidades.
Para melhor compreender o panorama cinematográfico da cidade de Évora e Faro ao longo dos
últimos anos, uma das fontes importantes a analisar foi precisamente os dados estatísticos fornecidos
pelo ICA, desde o ano 2004 a 2010, data da última recolha de amostragem. Esta estatística tem por
base a comparação entre distritos. Podemos concluir que no distrito de Évora, no ano de 2004 existiam
4 ecrãs em 3 recintos diferentes, perfazendo um total de 738 lugares. Ao longo desse ano, foi obtida
uma receita bruta de 411 mil euros, através da presença de 106.558 espetadores e durante 2213 sessões
realizadas. Quanto a Faro, os números divergem substancialmente. No ano de 2004 existiam 29 ecrãs
em 8 recintos diferentes, tendo sido obtida uma receita bruta de 4 779 927,64 euros, através da
presença de 1 152 957 espetadores, em 39 519 sessões realizadas.
Figura 3
33
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Comparativamente, no ano de 2010, registou-se uma clara evolução. Em Évora,
contabilizaram-se 10 ecrãs, distribuídos por 9 recintos diferentes e com um total de 2253 lugares para
o público. Nesse mesmo ano, foi ainda possível averiguar que a receita bruta diminuiu claramente,
tendo sido apenas cerca de 49 mil euros. A cidade contou com a presença de 18.637 espectadores ao
longo de 795 sessões. Quanto a Faro, o número de ecrãs subiu para 36, em 8 recintos diferentes e com
um total de 5 610 lugares para o público. O número de espetadores atingiu os 1 023 904, com uma
receita de cerca de 5 188 000 euros.
Figura 4
Dados estatísticos do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual)
Fonte: http://www.ica-ip.pt/pagina.aspx?pagina=392, acedido a 18 Março 2012
De seguida, fora do domínio dos equipamentos e salas de cinema, apresentamos uma descrição
sumária das atividades relacionadas com Cinema nas cidades de Évora e Faro, sejam a cargo de
organizações do município ou instituições independentes.
34
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Évora
FIKE - Festival Internacional de Curtas-Metragens
Figura 5
Fonte: http://i-cdn.fikeonline.net/media/2011/img/fike-logo.png
Website: http://www.fikeonline.net

Mostra e competição de curtas-metragens nacionais e internacionais;

Desenvolvimento de atividades ligadas ao cinema durante os dias do evento.
O FIKE é um Festival Internacional de Curtas-Metragens independente e organizado pelas
associações culturais sem fins lucrativos Cineclube da Universidade de Évora e Páteo do Cinema Núcleo de Cinema da Sociedade Operária de Instrução e Recreio Joaquim António de Aguiar (Pessoa
Coletiva de Utilidade Pública Reconhecida) e pela Estação Imagem.
A primeira edição do FIKE aconteceu no ano de 2001, tendo sida repetida anualmente até ao
presente. A multiculturalidade do festival é comprovada pela origem dos filmes a concurso. Na última
sessão estiveram presentes curtas oriundas de países e culturas tão diversas como Bulgária, Estónia,
Suécia, França, Alemanha, Holanda, Reino Unido, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Coreia do Sul
ou Irão, para além, claro, de Portugal.
Figura 6
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-7oOfltnCfdU/TqLOpj7XHPI/AAAAAAAAAsM/eTdGGOI4JgA/s1600/cartaz%2BFIKE%2B2011.jpg
35
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
S.O.I.R. Joaquim António de Aguiar
Figura 7
Fonte: http://www.fikeonline.net/media/img/logos/200/soir.gif
Website: http://soirjaa.wordpress.com/

Organização de eventos culturais com especial incidência sobre o cinema e o teatro;
36
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Auditório Soror Mariana
Website: http://auditorio.blogspot.com/
Morada: Rua Diogo Cão, 8, 7000-872 Évora, Portugal
E-mail: [email protected]

Espaço dedicado à exibição de cinema, atualmente um filme por semana (entrada paga);

60 Lugares para o público.
Figura 8
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-WFqAKHs8rBI/T1jHYsKxBBI/AAAAAAAAAu8/OFJJQYkWPQ/s1600/cartaz_prog_mar%25C3%25A7o.JPG
37
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Cineclube da Universidade de Évora
Figura 9
Fonte: http://www.cineclube.uevora.pt/cine_logo2.gif
Website: http://www.cineclube.uevora.pt/

Espaço dedicado à cultura de obras conhecidas das História do Cinema;

Exibição de cinema independente, principalmente Português e Europeu;
O Cineclube da Universidade de Évora nasce essencialmente com o objetivo de possibilitar o
acesso a formatos e géneros cinematográficos ausentes na exibição comercial. Por outro lado, terá de
ser gerador de cumplicidades e de desafiar os Departamentos, os Núcleos e Associações, no sentido de
promover uma maior (e melhor) utilização do Cinema na Universidade de Évora.
Ao pretender equipar o Auditório com som e projeção cinematográfica, o Cineclube procura
criar um espaço privilegiado para as iniciativas ligadas ao cinema. Um espaço de lazer e cultura, onde
se poderá ver "aquele filme" e onde poderão decorrer aulas em que a imagem é o suporte da forma e
do conceito.
Neste século XXI, caracterizado pela globalização e integração europeia, a memória, o
conhecimento e a cultura serão as únicas formas de preservação da matriz de valores e hábitos
culturais característicos de uma sociedade Humana e Humanista como a portuguesa. O enquadramento
da nossa realidade neste contexto só pode acontecer com uma base sólida de conhecimento e de
cultura. Para que o conhecimento e o convívio com as diferenças culturais nos permita uma resposta
capaz aos novos desafios.
Paralelamente à exibição cinematográfica o Cineclube organizará exposições temáticas na
Galeria de Exposições temporárias, conferências e debates com realizadores, atores, críticos de
cinema, etc. O Cineclube incluirá ainda a promoção de outras atividades culturais, bem como a
colaboração com outras entidades para a realização de projetos comuns, criação de parcerias com
instituições públicas ou privadas visando a criação de sinergias capazes de permitir a manutenção de
um nível de funcionamento e exigência compatível com os objetivos propostos.
38
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Sessões Cinema ao Ar Livre
Figura 10
Fonte: http://www.metronews.com.pt/wp-content/themes/comfy-plus/scripts/phpThumb/phpThumb.php?src=/wpcontent/uploads/2011/07/Cinema-no-Ver%C3%A3o_2.jpg&w=630&h=500&q=80
Local: Praça de Sertório

Exibição de curtas-metragens ao ar livre, durante o Verão, apelando à forma mais tradicional
de “ver filmes” na cidade.
De Julho de Setembro de 2011 a Câmara Municipal de Évora apresentou a 6ª edição de mais uma
temporada do evento “Cinema no Verão” na Praça de Sertório. Trata-se de uma projeção ao ar livre e
de acesso gratuito a todos os cidadãos e turistas, que desejem participar nas sessões. A iniciativa conta
com a exibição de filmes portugueses e estrangeiros.
O certame, uma coprodução entre a Câmara Municipal de Évora, o Cineclube da Universidade de
Évora, o Pátio do Cinema - SOIR Joaquim António d’Aguiare o FIKE-Festival de Curtas Metragens de
Évora, já vai na 6ª edição e continua a juntar mais público todos os anos, para uma experiência de
cinema ao ar livre, que já não é tão comum nos nossos dias, mas que há umas décadas atrás era a única
forma de se “ver” cinema.
Programação oficial de 2011, retirado da Agenda Cultural de Évora:
“Um dia de cada vez”, de Mike Leigh
“Quem quer ser Milionário”, de Danny Boyle
“Uma História de Encantar”, de Kevin Lima
“Um Amor de Perdição”, de Mário Barroso
“Gran Torino”, de Clint Eastwood
“O Último dos Homens”, de Murnau (filme-concerto com Arsénio Martins Ensemble)
“Aquele Querido Mês de Agosto”, de Miguel Gomes
39
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Casa da Zorra
Figura 11
Website: http://zorraproducoesartisticas.weebly.com
Horário de funcionamento: De quarta-feira a sábado, aberto a partir das 21:30

Organização e exibição semanal de eventos artísticos.
A Zorra Produções Artísticas é uma Cooperativa Cultural que vocaciona o seu trabalho nos
campos do cinema, teatro, performance, música, artes plásticas e através de projetos artísticos de
intervenção social.
40
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Faro
Cineclube de Faro
Figura 12
Fonte: http://www.sulinformacao.com/wp-content/uploads/Logo-Cineclube-de-Faro1.jpg
Website: http://cineclubefaro.blogspot.com

Organização e exibição semanal de ciclos temáticos de cinema.

Espaço de pesquisa e investigação na área do cinema
O Cineclube de Faro é um dos mais antigos do país, e permanece como a associação mais
antiga da cidade de Faro. Iniciou a sua primeira sessão a 6 de abril de 1956, e desde aí tem mantido
uma atuação ininterrupta na divulgação de cinema junto da comunidade e em estreita ligação com as
associações locais e com as escolas, nomeadamente através da rede JCE (Juventude, Cinema e Escola).
O Cineclube inaugurou recentemente novas instalações na cidade de Faro, onde é possível a
exibição de ciclos de cinema num pequeno auditório. Tem disponível uma extensa biblioteca e dvdteca
que está acessível aos estudantes de qualquer nível de ensino e aos investigadores na área do cinema.
As sessões regulares realizam-se todas as terças-feiras no auditório do Instituto Português da
Juventude, com uma apresentação inicial do filme em causa no início de cada sessão. Nos meses de
verão as sessões são transferidas para espaços mais amplos e ar livre, como os claustros do Museu
Municipal, o Bar “Os Artistas” ou no Pátio das Letras.
41
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Associação Recreativa e Cultural de Músicos
Figura 13
Fonte: http://www.barlavento.pt/upload/multimedia/TN1327926934.jpg
Website: http://www.arcmusicos.org/

Associação de defesa, divulgação e promoção de atividades cultural, em especial a música

Ciclos de Cinema Temáticos com debate
A Associação Recreativa e Cultural de Músicos tem desenvolvido a sua ação na cidade de Faro
com especial destaque na área da Música. No entanto, no sentido de um alargamento das atividades
culturais, iniciou no ano de 2010 os Ciclos de Cinema Temáticos, seguidos de debate. A entrada é
livre.
42
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Draculea, Café-Bar
Figura 14
Fonte: http://porosidade-eterea.blogspot.pt/2010/07/outras-sugestoes-para-os-proximos-dias.html
Website: http://draculeacafebar.blogspot.pt/

Espaço de convívio e promoção de atividades culturais

Ciclos de Cinema Temáticos com debate
Espaço dinamizado por ex-alunos e alunos de Artes Visuais da Universidade do Algarve,
frequentado maioritariamente por jovens e alunos universitários da área artística. Pretende ser um
espaço de convívio onde possam interagir várias manifestações artísticas. Desde sempre, o cinema tem
ocupado lugar de destaque na programação desde espaço, desde as sessões temáticas comentadas ou a
utilização de filmes ou excertos de filmes em sessões de poesia. Semanalmente é organizada uma
“Noite de Artes Criativas”, que engloba também o vídeo e o cinema. Um evento mais específico
surgiu com as “Noites de Dollywood”, onde um anfitrião convidado apresenta um ou dois filmes,
seguindo-se no final uma tertúlia. De referir que este evento está aberto ao público em geral; basta
propor um filme a apresentar através da página do Facebook. Até à presente data, o Draculea
organizou a 5ª sessão das “Noites de Dollywood”.
43
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Figuras 15, 16, 17, 18, 19
Fonte: http://draculeacafebar.blogspot.pt/
44
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Universidade do Algarve
Figura 20
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_0ONE-ZMEHJc/SSKeSMvj9jI/AAAAAAAAAXM/N9bS0hCc22E/s400/ualg_logo.png
Website: http://www.ualg.pt/
A Universidade do Algarve foi fundada à cerca de 30 anos e resultou da união das duas
instituições previamente existentes: a Universidade do Algarve, criada pela Lei n.º 11/79 de 28 de
Março e o Instituto Politécnico de Faro, criado pelo decreto-lei n.º 513-T/79, de 26 de Dezembro.
Atualmente, a Universidade do Algarve oferece vários cursos na área das artes e comunicação
onde o cinema está integrado nos currículos e plano de estudos.
Escola Superior de Educação e Formação
Website: http://www.ese.ualg.pt/

Licenciatura em Imagem Animada
O curso de licenciatura em Imagem Animada, com uma duração de três anos e inaugurado no
presente ano letivo, pretende formar animadores, profissionais criativos capazes de exercer um
conjunto de atividades, no âmbito geral da produção de documentos visuais e audiovisuais para
cinema, televisão, jogos e telemóveis, suportada por linguagens, metodologias e sistemas de produção
de ilusão de movimento aparente.

Mostra de Cultura Fílmica
Website: http://www.facebook.com/pages/Mostra-de-Cultura-F%C3%ADlmica/113009135408000
Evento resultante da cadeira de Cultura Fílmica da Licenciatura em Ciências da Comunicação,
da Escola Superior de Educação e Comunicação. Mostra de filmes e contacto direto com os
45
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
realizadores, produtores ou atores. A Mostra estende-se à cidade vizinha de Olhão, com o apoio do
Cineclube de Olhão.
Figura 21
Fonte: http://leyanopatiodeletras.blogspot.pt/2011_05_01_archive.html
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Website: http://www.fchs.ualg.pt/index.asp

Licenciatura em Artes Visuais e Estudos Artísticos, ambos com uma forte componente na área
do Cinema

Mestrado Em Comunicação, Cultura e Artes: Especialização em Estudos da Imagem / Ciências
da Comunicação, também com uma forte componente curricular na área do cinema e com
projetos de investigação nesta área

Mestrado em Estudos Artísticos

CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação
Figura 22
Fonte: http://www.dcbdesign.pt/galeria/big/ciac1.jpg
Website: http://www.ciac.pt/
O CIAC resulta da fusão de dois centros não financiados: o Centro de Investigação em Ciências da
Comunicação e Artes (Universidade do Algarve) e o Centro de Investigação em Teatro e Cinema (Escola
46
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Superior de Teatro e Cinema do IPL). Tem como objetivo desenvolver investigação aplicada e redes de
investigação em artes e comunicação e implementar laboratórios de criação artística nas áreas do Teatro,
Cinema e outras artes.
Atualmente o CIAC tem 4 linhas de investigação: Artes e (Novas) Tecnologias, Problemas da
Educação e Divulgação Artística e Tecnológica, Estudos Historiográficos, Críticos, Teóricos e
Culturais sobre as Artes e os Media, Linguagens, Suportes e Materiais e Literacias das Artes e dos
Media. O CIAC apoia diversos projetos ligados ao Cinema, nomeadamente a realização de curtas e
longas-metragens. Tem nos últimos meses promovido a edição de livros pelos investigadores e
apoiado a organização de palestras ligadas ao cinema.
Em 2010 realizou-se em Faro o I Encontro Anual da AIM – Associação da Imagem em
Movimento, que contou com várias colaborações de investigadores do CIAC na área do Cinema. De
salientar igualmente as palestras que o CIAC dinamiza, abertas à comunidade universitária e não só,
com temas relacionados com Cinema.
47
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Algarve Film Comission
Figura 23
Fonte: http://www.eticalgarve.com/images/parceiros/algarvefilm.jpg
Website: http://www.algarvefilm.com/site/index.php

Apoio a diversas produções cinematográficas e organização de eventos ligados ao cinema
O Algarve Fil Commision procura apoiar os projetos cinematográficos, nacionais ou
internacionais, que procuram no Algarve uma base sólida para a produção ou filmagens. Tem uma
parceria com ETIC – Escola Técnica de Imagem e Comunicação, polo de Portimão.
48
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Festivais de Cinema
- FICA (Festival Internacional de Cinema do Algarve) / Associação organizadora
Figura 24
Fonte: http://www.cm-lagos.pt/portal_autarquico/lagos/v_pt-PT/pagina_inicial/destaques/30+edicao+do+fica.htm
Website: http://www.algarvefilmfest.com/

Extensão em Faro do Festival Internacional de Cinema do Algarve
- Festa do Cinema Francês
Figura 25
Fonte: http://www.festadocinemafrances.com/12a/?page_id=2821

Extensão em Faro da festa do Cinema francês
49
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Mostra de Curtas – Metragens
Figura 26
Fonte: http://photos-h.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-ash4/217272_211309748895565_211309512228922_804537_6817097_a.jpg
Website: http://www.laboratoriodeartesemediadoalgarve.blogspot.com/

Laboratório de artes, que promove ações ligadas ao Cinema
O LAMA – laboratório de Artes Criativas é uma recente associação cultural fundada na cidade de
Faro. Desde o ano de 2010 organiza uma Mostra e Concurso de Curtas-Metragens, com concertos ao
vivo.
50
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Teatro Municipal de Faro e Teatro Lethes
Figura 27
Fonte: http://www.tvmdesigners.pt/imgs/2006/4-Teatro%20Municipal%20de%20Faro/1a.jpg
Website: http://www.teatromunicipaldefaro.pt/teatro/default/default.asp
Website: http://www.teatromunicipaldefaro.pt/teatro/teatrolethes/default.asp

Ciclos de cinema ou sessões temáticas
O Teatro Municipal de Faro e o Teatro Lethes, ambos dinamizados pelo município de Faro,
recebem eventos do CIAC ou Algarve Film Comission. Por vezes, apresentam Ciclos de Cinema sob
várias temáticas. O Teatro Municipal de Faro, por exemplo, recebeu no ano de 2010 um conjunto de
curtas-metragens de jovens estudantes de Cinema de uma Escola Alemã, com a presença dos
realizadores.
51
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Projeto JCE (Juventude, Cinema e Escola)
Figura 28
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_Uo5lV4NQpBw/SxhLxYEmnuI/AAAAAAAAAsU/XyiKHcM8c3k/s200/JCinemaE%5B1%5D.jpg

Ensino sistemático e sequencial de um conjunto de conteúdos temáticos e cinematográficos do
1º ciclo ao ensino secundário
O JCE (Juventude, Cinema e Escola) funciona através de uma parceria entre a Direção
Regional de Educação do Algarve (DreAlg) e o Cineclube de Faro. Existente há 14 anos, permanece
como único e inovador no que diz respeito às relações entre o cinema e a escola. Abrangendo escolas
básicas e secundárias, propõe uma série de atividades no âmbito da história e técnica do cinema, que
passam pelo visionamento e análise filmes e a sua exploração em estreita articulação com as diversas
áreas disciplinares. Os objetivos principais passam pelos seguintes pontos:

Testar a Capacidade de Observação.

Implementar a análise e avaliação dos filmes.

Conhecer a linguagem, técnica e história do cinema.

Reconhecer o Cinema como Meio de Comunicação e Expressão Artística

Promover a interdisciplinaridade e o trabalho de projeto.
As sessões (três vezes por ano, sendo os filmes selecionados pela coordenação do projeto) são
realizadas em sala de cinema, onde os alunos têm uma introdução oral a carga da professora Graça
Lobo, coordenadora regional do JCE (Ver ANEXO 10). A análise dos filmes é feita posteriormente em
sala de aula, com recurso a fichas informativas e DVD’s didáticos. Os conteúdos a explorar a partir
dos filmes foram elaborados tendo em conta os programas das disciplinas nos vários níveis de ensino,
pelo que a interdisciplinaridade é possível. Todos os trabalhos produzidos pelos alunos baseados nas
aprendizagens, quer tenham sido feitos na escola ou em casa, vão a concurso na Festa do Cinema, que
se realiza sempre no final de cada ciclo de ensino (6º, 9º e 12º ano). Esta festa, realizada em cada ano
numa cidade diferente no Algarve, pretende promover o convívio e partilha de ideias e produções
pelos professores e alunos da rede JCE. Além dos trabalhos a concurso, são dinamizadas palestras e
um Cine Quiz, aberto a todas as turmas, sobre linguagem cinematográfica.
52
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
O JCE tem desenvolvido também diversas ações de formação destinadas aos professores
participantes no projeto, sob a temática do Cinema. A sua implementação nas escolas do Algarve
esteve na origem da criação da disciplina de Cinema como opção artística no 3º ciclo.
Website da disciplina: http://www.cinemano3ciclo.blogspot.com/
A estruturação do programa JCE pode ser definida da seguinte forma:
Figura 29
Fonte: http://www.drealg.min-edu.webside.pt/content_01.asp?BtreeID=02/05&treeID=02/05/00/00&auxID=menudir
Pretende-se que os alunos, num percurso que vai desde o 2º ciclo até ao final do ensino
secundário, adquirem conhecimentos que promovam uma literacia cinematográfica. O saber
interpretar um filme reconhecendo os seus códigos e técnicas, relacionando com as diversas artes e
a cultura em geral, e consequentemente amar o cinema, é uma finalidade do programa JCE desde a
sua implementação há 14 anos atrás.
53
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Projetos “Ver para Ler” e “Cinema Entre Linhas”
Figura 30
Fonte:
http://3.bp.blogspot.com/_gWlyGcRQqF0/TU_vZa575yI/AAAAAAAACWU/RWJZl6YioAk/s1600/logo+cinema+entre+linhas%255B1
%255D.jpg
Website: http://www.drealg.min-edu.pt/content_newsdet.asp?newsID=3176&auxID=news
Ambos os projetos procuram relacionar o cinema com a literatura. O “Ver para Ler” é um
projeto da Direção regional de Educação do Algarve e o “Cinema Entre Linhas” é um projeto da
Biblioteca Municipal de Faro, co- financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. As principais ações
dos projetos, dinamizados essencialmente nas escolas da cidade, passam pelo seguinte:

Sessões de Cinema comentadas, para vários públicos

Workshops para alunos, professores e público em geral (Como fazer uma curta metragem)

“Leitura e Escrita, Criatividade e Ação”, do Ver Para Ler (a partir de filmes)

Projeções de filmes e conversas com atores, produtores e realizadores

Ciclo de “Conversas sobre Literatura e Cinema”, com vários convidados

Concurso de Curtas-metragens para o 3º ciclo e Secundário
A cidade de Faro possui ainda, no Fórum, a SBC Cinemas, com 12 salas, sendo duas para
projeções em 3D. É de referir que as cidades localizadas a poucos kms de Faro, como Olhão, Loulé ou
Tavira, oferecem igualmente uma vasta área na área do Cinema.
6.2. Escola Secundária Gabriel Pereira, Évora
6.2.1.Presença do cinema nos projetos e planos da escola / Recursos
54
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
A biblioteca da Escola Secundária Gabriel Pereira tem alguns equipamentos ligados ao
audiovisual, a que se junta uma extensa listagem de DVD’s disponíveis para os alunos. Os
equipamentos disponíveis para os alunos, além dos livros, revistas e filmes, são os seguintes:






9 Computadores;
20 Mesas de trabalho com 54 lugares individuais;
1 Espaço de leitura com 7 lugares individuais;
2 Espaços de vídeo (ecrã 19 polegadas com colunas embutidas, leitor de DVD, 2 lugares
individuais);
1 Máquina Fotográfica;
1 Projetor de Vídeo;
Os filmes disponíveis para visualização no próprio espaço ou através de aluguer encontram-se
divididos pelos seguintes géneros:







Comédia;
Policial, Espionagem, Suspense
Atualidade, Jornalismo, Notícias;
Educativo, Instrutivo, Informativo, Filmes Patrocinados;
Não Ficção por Assuntos;
Filmes/Programas animados;
História, Dramas Sociais, Filmes de Época.
6.2.2. O Cinema no Departamento de Expressões
O cinema está pouco presente na planificação do Departamento de Expressões. Na listagem
abaixo, são apresentadas as disciplinas que compõem o grupo de Artes Visuais na oferta escolar,
verificando-se que apenas surgem metodologias ligadas ao Cinema na planificação de Oficina
Multimédia B.
55
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Metodologias cinematográficos propostos nas planificações das disciplinas
Desenho A (Ver ANEXO 11)
Nenhuma metodologia apontada.
Geometria Descritiva A (Ver ANEXO 12)
Nenhuma metodologia apontada.
História da Cultura e das Artes (Ver ANEXO 13)
Nenhuma metodologia apontada.
Oficina de Artes (Ver ANEXO 14)
Nenhuma metodologia apontada.
Oficina Multimédia B (Ver ANEXO 15)
Metodologia baseados em objetos multimédia concretos.
Desenho e Comunicação Visual (Ver ANEXO 16)
Nenhuma metodologia apontada.
Design de Interiores e Exteriores (Ver ANEXO 17)
Nenhuma metodologia apontada.
Desenho de Comunicação (Ver ANEXO 18)
Nenhuma metodologia apontada.
Desenho Assistido Por Computador (Ver ANEXO 19)
Nenhuma metodologia apontada.
Materiais e Tecnologias (Ver ANEXO 20)
Nenhuma metodologia apontada.
56
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
A nível geral, o Plano Anual de Atividades definiu para o presente ano letivo algumas
atividades ligadas aos audiovisuais e ao Cinema.
*Documento retirado e adaptado a partir do Plano Anual de Atividades (PAA) oficial do ano letivo
2011-2012, retirado do website da Escola Secundária Gabriel Pereira http://www.esgp.edu.pt/,
acedido a 11 novembro 2011
Ações
Objetivos
Responsáveis
Destinatários
Recursos
materiais
Auditório da
Escola;
Filmes em DVD
Calendário
Ciclo de Cinema
Espanhol – Projeção
de filmes, iniciados
com breve
apresentação dos
realizadores e
seguidos de um
pequeno debate, no
auditório da Escola.
- Fomentar o conhecimento
da cultura e da língua
espanholas;
- Dar a conhecer um leque
de filmes de realizadores de
língua espanhola da
atualidade;
- Fomentar o sentido crítico
e a liberdade de expressão.
Ana Maria
Calado e
Fátima Teles
Toda a
comunidade
escolar
MUDE (Museu do
Design e
da Moda)
FIL (Feira
Internacional de
Lisboa): Intercasa
Concept
2011 / Lisboa Design
Show
- Fomentar a cultura visual
dos alunos em geral e
especifica em relação às
artes gráficas, à arquit. de
int. e ext. e aos processos de
design;
- Promover o espírito crítico
a partir da análise de
produtos
- Proporcionar aos alunos a
vivência de contextos e o
desenvolvimento de
posturas e dinâmicas
adequadas a uma eficaz
integração no mundo
profissional do design.
Luísa Gancho
e
Ana Teresa
Sousa
11ºN e 12ºO
(Cursos
Profissionais
Design);
12ºI (Curso
Artes Visuais)
14 Outubro de
2011
Debate sobre:
”Comunicação
alternativa e
obstáculos à
comunicação”
- Compreender a
importância da
comunicação nas relações
humanas;
- Sensibilização para a
temática da diferença e das
necessidades educativas
especiais;
- Elucidação do conceito de
inclusão.
Margarida
Pereira e Carla
Freitas
(docente da
Escola Sec.
De Santiago
do Cacém)
Alunas surdas
e uma turma
da área de
Turismo da
Escola de
Santiago do
Cacém
7 de Novembro
de 2011
Andy Warhol: Os
mistérios da Arte.
Exposição e Atelier de
serigrafia. FEA
- Conhecer diferentes
produções da Pop Arte.
Paula
Marques,
Carmen
Balesteros
11ºI- Artes
Visuais
23 de outubro
Visita de estudo à
exposição Andy
Warhol no Fórum
Eugénio de Almeida
- Diversificar ambientes e
contextos de aprendizagem;
- Contribuir para a formação
integral dos alunos;
Cláudia
Portela,
Isabel Mira
Alunos de
Inglês de 12º
Ano das
Turmas A, B,
Textos e
imagens
Uma vez por
mês, nas
quartas-feiras à
tarde
11 e 18 de
Novembro de
2011
57
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
- Proporcionar a
oportunidade de contato
com agentes culturais de
divulgação e ensino de
línguas/culturas;
- Sensibilizar os alunos para
formas diversas de
expressão artística na área
das artes visuais;
- Conhecer a obra de Andy
Warhol e relacionar a Pop
Art com o contexto sócio
cultural dos Estados Unidos
e do Reino Unido nas
décadas de 50/60;
- Facilitar a abordagem de
conteúdos programáticos
através da obra de arte.
C,
D, E, F, H.
Visita ao Museu da
EletricidadeExposição
Ilustrarte e Casa das
Histórias
- Cascais
- Desenvolver a
sensibilidade estética;
- Conhecer a obra de uma
das maiores artistas
portuguesas
contemporâneas;
- Promover uma atitude de
abertura à arte
contemporânea;
- Desenvolver nos alunos
capacidades de observação e
leitura da linguagem
icónica;
- Compreender a função e
importância cultural de um
museu;
- Conhecer o processo de
desenvolvimento das
diversas fontes de energia.
Antónia
Pereira,
Ana Teresa
Sousa,
Helena
Zacarias
Alunos das
turmas 12º M;
12º O; 12º N;
11º N
Visita de estudo ao
Convento de Mafra
- Visita guiada ao
convento;
- Ida a teatro.
Sem- sibilizar para o estudo
da obra “Memorial do
Convento”, de José
Saramago;
- Promover a perceção do
universo espácio-temporal
da ação;
- Relacionar os espaços
ficcionais e reais;
- Compreender os contrastes
sociais que transparecem da
monumentalidade da obra;
- Desenvolver o gosto pela
leitura;
- Fomentar o gosto pelo
património nacional;
- Desenvolver o juízo crítico
e a sensibilidade literária e
estética.
Ana Agoas
12.º J
Fundação Calouste
Gulbenkian /
Centro Cultural de
Belém /
- Desenvolver a
sensibilidade estética nos
alunos através do contacto
direto com obras de Design
Carlos Guerra
Leonor Serpa
Branco
10º I/J
25 de Janeiro
Enc. de
Educação
23/ 02/ 2012
Março 2012
58
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Lisboa
e Artes Plásticas;
- Contribuir para a formação
integral dos alunos,
- Promover o
desenvolvimento das suas
capacidades e sentido
crítico.
Casa das Histórias de
Paula
Rego / Cascais
Museu Nacional de
Arte
Antiga / Lisboa
- Desenvolver a capacidade
crítica a partir da análise
direta da experiência
estética;
- Reconhecer estilos
artísticos de diferentes
períodos da história da arte.
Paula Marques
11ºI/H
18 de Abril de
2012
Visita de estudo às
exposições de arte
oferecidas pela
Fundação Eugénio de
Almeida (turmas de
10ºano que optarem
pelo ponto 3.2 do
programa – A
dimensão
estética)
Partindo do contexto
sociocultural a que
pertencemos, sensibilizar
para as questões estéticas e
respetivas problemáticas
programáticas
Maria José
Guerra,
Margarida
Pereira,
Constantino
Almeida,
Antónia
Pereira
Alunos de 10º
ano de
Filosofia
Terceiro
período
A comunidade local
como espaço aberto
ao conhecimento e
integração de uma
aluna surda:
- Ida ao teatro;
- Visitas:
- Biblioteca Pública;
- Templo Romano;
- Museu de Évora;
- Núcleo de Artes da
UE
- Fomentar o gosto pela
Língua e Cultura
Portuguesas;
- Conhecer espaços
relacionados com conteúdos
lecionados;
- Promover a
interdisciplinaridade;
- Motivar e sensibilizar a
aluna para a abordagem de
conteúdos lecionados nas
várias disciplinas;
- Levar a aluna a participar
em atividades recreativas e
de lazer, visando a interação
entre esta e a comunidade
ouvinte;
- Promover o sucesso
educativo e a formação
integral da aluna;
- Possibilitar o seu contacto
com diferentes realidades
locais.
- Maria do
Carmo
Mendonça
- Ana
Margarida
Pereira
- Ana Clara
Sousa
- Fernando
12º L
Ao longo do
ano lectivo
“Perspetivar para
decidir” – encontro
entre alunos e
profissionais na área
das artes visuais
- Promover uma escolha
consciente do percurso
universitário;
- Consciencializar para o
mundo do trabalho;
- Promover o auto e hétero
conhecimento;
- Confrontar-se com
perspetivas, alternativas,
experiências e expectativas.
Ana Agoas
SPO
Enc. de
Educação
12.º J
Quadro 1
Instal ções
e
equipamen
tos da
ESGP
Março/ 2012
59
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
*Informações retiradas e adaptadas a partir do website da Escola Secundária Gabriel Pereira, http://www.esgp.edu.pt/, acedido a 11
novembro 2011
Figura 31
60
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Filme de quinta
"O menino selvagem"
(no auditório da escola, pelas 13.30)
Direção: François Truffaut - Les Films du Carrosse, United Artists
Ano: 1970
País: França
Género: Drama
Duração: 83 min. / p&b
Título Original: L'Enfant Sauvage
Argumento: François Truffaut e Jean Gruault, baseado no livro "€œLes Enfants Sauvages: Mythe et
Realité" de Lucien Malson
Atores: François Truffaut, Jean-Pierre Cargol, Françoise Seigner, Jean Dasté, Annie Miller, Claude
Miller,Paul Villé
Sinopse: Em 1798, uma criança abandonada, que se comporta como um verdadeiro animal selvagem,
é encontrada numa floresta e colocada a cargo de um professor que acredita, ao contrário dos restantes
colegas, que a consegue educar.
Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=yddJBd6D2lo&feature=player_embedded, acedido em 3 março 2011
--Filme de quinta
"Ladrões de Bicicletas" de Vittorio de Sica (1948)
(no auditório da escola, pelas 13.30)
Direção: Vittorio De Sica
Ano: 1948
País: Itália
Género: Drama
Duração: 93 min. / p&b
Título Original: Ladri di Biciclette
Título em inglês: The Bicycle Thief
Sinopse: Logo depois da Segunda Guerra Mundial, Itália está destruída e o povo passa necessidades
básicas. Ricci consegue um emprego de colador de cartazes na rua, mas necessita uma bicicleta. Com a
sua mulher Maria, ele consegue dinheiro para comprar uma, mas no primeiro dia de trabalho roubamlhe a bicicleta.
Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=FZm7WuIVPtM&feature=player_embedded
61
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
DATA: Quinta, 24 Fevereiro 2011
Com um agradecimento especial ao Prof. Manuel Paulino, pela gravação, edição e disponibilização
destes vídeos.
Fotografia Documental (2011)
Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=-1suEis2L2g&feature=player_embedded
--DATA: Quarta, 23 Fevereiro 2011
Filme de quinta
"Juno" de Jason Reitman (2007)
Diretor: Jason Reitman
Ano: 2007
País: EUA
Género: Comédia / Drama / Romance
Duração: 96 min. / cor
Título Original: Juno
Título em inglês: Juno
Argumento: Diablo Cody
Atores: Ellen Page, Michael Cera and Jennifer Garner
Sinopse: Diante de uma gravidez não planeada, uma adolescente toma uma decisão incomum sobre
o feto.
Fonte:http://www.youtube.com/watch?v=K0SKf0K3bxg&feature=player_embedded
---
62
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
CINEMA NA ESCOLA
A Escola organiza no presente ano letivo sessões cinema, duas vezes por mês, no auditório. As
sessões serão sempre às quintas e começarão sempre às 13. 30, acabando antes das 15 horas. Até à
elaboração deste relatório, apenas estava definido o título para a primeira sessão.
1ª sessão - 17 de Fevereiro - Belleville Rendez - Vous de Sylvain Chomet
2ª sessão – 24 de Fevereiro
3ª sessão – 3 de Março
4ª sessão – 17 de Março
5ª sessão – 5 de Abril
6ª sessão – 28 de Abril
7ª sessão – 5 de Maio
8ª sessão – 26 de Maio
9ª sessão – 2 de Junho
10ª sessão – 16 de Junho
63
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
6.3. Escola Secundária de Tomás Cabreira
6.3.1. Presença do cinema nos projetos e planos da escola / Recursos
O cinema tem uma forte presença na Biblioteca Escolar da Escola Secundária de Tomás
Cabreira, seja através de recursos visuais ou literários ou em ações dinamizadas pela equipa
responsável. Atualmente a biblioteca tem catalogado cerca de 500 filmes em DVD e ainda em VHS,
divididos nas seguintes categorias:













Comédia
Drama / Romance
Policial / Suspense / Espionagem
Ficção Científica / Terror
Western
Guerra
Aventura
Épico
Histórico
Biográfico
Musical
Animação
Educativo
As categorias onde existem mais títulos são as de comédia e drama /romance. A categoria
Educativo refere-se a um conjunto de DVD’s do Festival Indie com curtas-metragens em animação e
imagem real adaptadas aos vários níveis de ensino, e respetivas fichas de atividades. Todos os filmes
podem ser visionados no espaço da biblioteca, nas televisões ou computador, ou ser requisitados para
casa. Existe um espaço destinado aos livros sobre Cinema, embora os títulos sejam reduzidos, com
especial incidência sobre o cinema português e linguagem e técnica do cinema. Também na secção de
música, existem cerca de 10 cd’s de bandas sonoras de filmes.
A equipa responsável pela biblioteca escolar organiza Sessões Temáticas de cinema,
comentadas por um dos elementos. As sessões funcionam com inscrição e são realizadas no auditório
na escola, embora no presente ano letivo a situação não esteja regularizada devido ao atraso das obras
do auditório. A primeira sessão do ano, com o filme “Feliz Natal” (2005), de Christian Carion, foi
realizada na biblioteca, embora as condições sejam reduzidas em termos de visibilidade e conforto.
Existe a preocupação em associar o tema de um filme a uma data ou época festiva, de modo a fomentar
a participação dos alunos num debate após o seu visionamento. Além dos aspetos temáticos, existe a
64
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
65
preocupação em explorar no debate alguns aspetos relacionados com a linguagem e técnicas utilizadas
no filme.
A biblioteca, em parceria com a Biblioteca Municipal António Ramos Rosa, dinamiza também
o projeto “Cinema Entre Linhas”. No ano letivo passado, foram visionados dois filmes no auditório da
Biblioteca Municipal, um para o 3º ciclo e outro para o secundário. Os alunos da Escola Secundária
Tomás Cabreira viram o filme “O Deus das Moscas” (1990), de Harry Hook, seguindo-se a
participação em oficinas de leitura e escrita a partir do filme. No presente ano letivo foi dinamizada
uma Oficina de Escrita de Argumento e está em curso um concurso de curtas-metragens (Ver
ANEXO). Ao nível do exercício da cidadania e projeção da escola no exterior está prevista a
divulgação da oferta curricular e dos resultados da escola, colaborando com a Associação dos Antigos
Alunos, com o intuito de melhorar a imagem da mesma. Como recurso, o Plano prevê que sejam
elaborados matérias em multimédia.
No quadro seguinte é apresentado o resumo das atividades do Plano Anual de Atividades
ligadas ao cinema.
Cidadania
e projeção
da Escola
no
exterior
- Recursos
multimédia
/cinema
para
divulgação
da imagem
da escola
Biblioteca
Escolar
- Sessões de
cinema
temáticas
comentadas
- Parceria
com a
Biblioteca
Municipal
António
Ramos
Rosa, no
projecto
Departamentos Curriculares
JCE –
Juventude,
Cinema e
Escola
Línguas
Ciências
Sociais e
Humanas
Matemática e
Ciências
Expressões
- Colaboração
com a
Biblioteca nas
sessões
temáticas de
cinema
-Visionamento
de cinema
falado em
língua inglesa,
e exploração
dos conteúdos
Visionament
o de filmes
/produtos
multimédia
na “Festa dos
Direitos
Humanos”
- Realização
de filmes
baseados
nesta
temática, no
- Projeto
Zenius: sessão
de cinema
imersivo, com
o filme
“Planeta
Imersivo”
- Festival
TELL
(projectos em
várias áreas
artísticas,
como o
cinema)
- Eppur si
Muove:
Mostra de
cinema e
trabalhos
- Visionamento
de filmes em
três momentos
- Exploração
dos filmes
relacionado com
os conteúdos de
várias
disciplinas
- Produção de
um filme
- Exposição dos
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
“Cinema
Entre
Linhas”
disciplinares
projeto
“Viver os
direitos
humanos”
- Idas a
sessões de
cinema no
exterior, com
a temática
dos direitos
humanos
tridimensionai
s que integrem
o movimento,
relacionando
as artes com a
eletrónica e
mecânica
trabalhos
Quadro 2
A nível dos projetos de desenvolvimento educativo, o JCE – Juventude, Cinema e Escola é um
dos mais interdisciplinares porque envolve conteúdos de várias áreas disciplinares. O projeto,
reconhecendo o cinema como expressão artística e meio de comunicação, integrador de vários saberes,
procura implementar a análise de filmes para conhecer a linguagem, técnica e história do cinema. No
Plano é reforçada a colaboração que se pretende com os diversos departamentos. A turma inscrita é o
11º 2. Pretende-se que um dos trabalhos finais resultantes do projeto seja em formato filme. Todos os
trabalhos serão expostos no espaço escolar.
6.3.2. O Cinema no Departamento de Expressões
Como se pode ver no quadro acima, o Departamento de Expressões, desenvolvendo atividades
em conjunto com os outros departamentos, procura promover a identidade cultural e artística da escola
através da participação do Festival TELL, uma coprodução entre a Cassiopeia, Teatro Municipal de
Faro e Teatro Municipal de Portimão, visando a integração e desenvolvimento de projetos em várias
manifestações artísticas, incluindo o cinema. O projeto “EPPUR SI MUOVE” propõe uma mostra
simultânea de cinema e trabalhos tridimensionais que tenham alguma relação com o movimento,
implícito ou explícito, e que envolva várias artes com a eletrónica, eletricidade ou mecânica.
66
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7. ANÁLISE DE RESULTADOS E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
7.1. Apresentação de resultados
As realidades em termos de oferta cinematográfica nas cidades de Évora e Faro divergem
consideravelmente. Estas divergências são expressas no número de salas de cinema pelo distrito e o
consequentemente número de exibições, espetadores e valores acumulados. Não desvalorizando estes
dados e números, por estarem intimamente ligados aos hábitos culturais e acesso dos filmes aos
habitantes locais, a nossa investigação procurou, desde cedo, centrar-me mais nos projetos da
comunidade ligados ao cinema. Através do levantamento de todas as iniciativas, pudemos concluir que
a oferta na área do cinema na cidade de Faro é muito superior à da cidade de Évora. Para isso
contribuíram as iniciativas de algumas associações e organismos que têm desenvolvido um trabalho na
região há vários anos, como o Cineclube de Faro, que sendo a associação mais antiga da cidade, tem
procurado divulgar o cinema em vários domínios, não esquecendo as intervenções no âmbito da
formação de públicos. O caso da Direção Regional do Algarve, em parceria com o Cineclube de Faro,
é outro exemplo significativo. Através do Programa JCE- Juventude, Cinema e Escola, tem
desenvolvido trabalho no âmbito da literacia cinematográfica, num espetro que envolve quase todas as
escolas do Algarve desde há 14 anos.
Estes projetos, a que se juntam as ofertas de ensino superior da Universidade do Algarve e as
consequentes iniciativas através de seminários e palestras 24, assim como as diversas associações que
incluem o cinema nas suas atividades, têm transformado o Algarve, e em particular a cidade de Faro,
num terreno propício ao Cinema nas suas múltiplas vertentes. A sua relação com a comunidade é
estreita, o que se torna visível com a forte afluência de público aos diversos Festivais de Cinema ou
Mostras de Cinema que são organizados na cidade. A própria opção da ETIC – Escola Técnica de
Imagem e Comunicação em abrir um polo no Algarve, a abertura da licenciatura em imagem Animada
na Escola Superior de Educação e Comunicação de Faro ou a Algarve Film Commission, que procura
apoiar a produção fílmica no Algarve, são exemplos paradigmáticos da importância que o cinema tem
tido na região algarvia, e em particular na cidade de Faro.
A realidade na cidade de Évora é diferente. Mesmo com uma interessante programação na área
da cultura, reconhecida aliás pela organização do Prémio Autores 2012 da RTP, com o Prémio
24
Os Mestrados e Doutoramentos na área da Imagem, oferecidos pela Universidade do Algarve, têm sido responsáveis por projetos ligados ao cinema
através dos alunos-investigadores que intervêm na cidade. Este aspeto deve ser tido em conta, contribuindo significativamente para a dinamização do
Cinema em Faro.
67
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Especial 25, as ofertas a nível do cinema são bastante reduzidas em comparação com a cidade de Faro.
O Cineclube da Universidade de Évora, coorganizador do FIKE – Festival internacional de Curtasmetragens, tem sido o principal responsável pela dinamização de atividades que visem o Cinema. Estas
diferenças entre a oferta no âmbito do Cinema entre as cidades de Évora e Faro vão refletir-se, em
parte, nos projetos dinamizados pelas escolas. Tendo projetos comunitários em que o público-alvo é o
escolar, a cidade de Faro apresenta resultados mais expressivos neste âmbito.
7.2. Comparações entre as duas escolas
Na análise efetuada à presença do cinema nos Projetos Educativos e Planos Anuais de
Atividades nas duas escolas de intervenção, encontramos expressas as atividades que a própria
comunidade desenvolve neste âmbito. No caso de Faro, projetos como o JCE – Juventude, Cinema e
Escola, ou o “Cinema entre Linhas”, encontram-se implementados na Escola Secundária Tomás
Cabreira. Mesmo não tendo um número de turmas significativo (apenas uma turma de Artes Visuais do
11º ano), é de assinalar a presença da rede JCE na escola, já que a sua maior base de incidência é nas
escolas do ensino básico. No próprio Plano Anual de Atividades estão previstas palestras a cargo de
professores e investigadores da Universidade do Algarve e CIAC – Centro de Investigação em Artes e
Comunicação, acerca de temáticas ligadas au audiovisual e cinema. É reflexo de um articulação que a
escola, através dos órgãos de gestão e dos departamentos curriculares, tenta fazer com os projetos da
comunidade.
Numa comparação atenta entre os Planos Anuais de Atividades da Escola Secundária Gabriel
Pereira e da Escola Secundária Tomás Cabreira são visíveis as diferenças no que diz respeito à
inclusão do cinema nos projetos, atividades e currículos disciplinares. Enquanto na escola em Faro o
cinema e a linguagem cinematográfica surgem incluídos em projetos (como o JCE) como conteúdo; na
escola em Évora ela afigura-se explicitamente apenas num Ciclo de Cinema Espanhol e na
planificação anual da disciplina de Oficina Multimédia B. Em Faro, as atividades ligadas ao cinema ou
à imagem audiovisual são em maior número, assistindo-se também a uma tentativa de
interdisciplinaridade entre os vários departamentos. Refira-se que este é um dos objetivos do
Departamento de Expressões, mais concretamente no grupo de Artes Visuais.
25
Disponível em http://www.laxantecultural.com/premio-autores-2012-nomeados-e-vencedores/, acedido em 20 março 2012
68
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Entender estas questões no seio do Departamento de Expressões em cada escola foi nosso
objetivo desde o início. Na análise aos questionários aos professores de Artes Visuais, a serem
realizados a médio prazo, pretendemos detetar como estes professores, independentemente das ações
planificadas pela escola, integram e utilizam o cinema nas suas disciplinas. A recolha e análise destes
dados permitir-nos-á perceber o grau de sensibilização destes docentes em relação à importância do
cinema nas suas metodologias de ensino-aprendizagem. O mesmo sucederá com a análise às respostas
dos alunos, auferindo os seus hábitos de utilização de programas de edição de imagem e vídeo e a
importância que dão ao cinema nas suas aprendizagens. Pretendemos, numa fase posterior, relacionar
os dados recolhidos com as dinâmicas da escola e da comunidade em relação ao cinema, procurando
concluir se houve, ou não, influencia nas respostas dos professores e alunos.
7.3. Propostas de Intervenção
Passamos de seguida à descrição sumária de algumas das principais propostas de intervenção
que definimos para as escolas, no sentido de dinamizar a relação entre o cinema e as vivências e
aprendizagens dos alunos. Salientamos, de novo, que estas propostas, sendo orientações metodológicas
passíveis de reflexão por vários agentes educativos, serão redefinidas e reformuladas após a recolha
concreta e definita dos resultados aos questionários dos professores de Artes Visuais e alunos das duas
turmas do 10º ano.
Propostas concretas de inclusão do cinema nos currículos das disciplinas de artes Visuais
Numa primeira análise à presença do Cinema no currículo das disciplinas de artes visuais é
possível verificar que o mesmo assume uma dupla função: como recurso didático para motivação ou
aprofundamento de conteúdos e como objeto de trabalho sendo o próprio Cinema um conteúdo em si.
O primeiro caso é transversal a todas as áreas; de facto, tem sido esta a forma como o cinema tem sido
mais utilizado no contexto da sala de aula em qualquer disciplina.
Os programas de História da Cultura e das Artes e História das Artes são explícitos neste ponto,
ao sugerir alguns filmes para ilustrar os temas abordados. Quanto à segunda função, encontramos uma
exemplificação nos currículos da Multimédia, onde o cinema em imagem real ou animação é um
conteúdo a explorar, mas também na disciplina de Desenho, através das sequências animadas, embora
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O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
o programa não concretize a vertente digital com a realização do filme propriamente dito. Não sendo
uma área curricular no grupo das artes visuais, apenas um conteúdo em algumas disciplinas, o cinema
pode ganhar outra dimensão e ser valorizado se pensarmos na questão da interdisciplinaridade. Nesta
perspetiva, pode ser trabalhado em qualquer disciplina, mesmo fora do âmbito das artes visuais, seja
como recurso didático ou como objeto de trabalho na abordagem dos conteúdos.
Numa observação mais atenta aos currículos, são possíveis caminhos para a inclusão do
Cinema nas aprendizagens, mesmo em disciplinas menos explícitas como é o caso da Geometria
Descritiva. Em Desenho ou Oficina das Artes, por exemplo, o cinema pode ser utilizado como objeto
de estudo nos conteúdos, particularmente o cinema de animação. Através de vários exemplos de
filmes, seria possível o aluno estudar o tipo de desenho ou técnicas plásticas e iniciar um processo
criativo de exploração ou reinterpretação dessas técnicas. O cinema surgiria assim como o ponto de
partida para o estudo da sintaxe visual, presente nos currículos das duas disciplinas. Sendo o recurso a
obras da história da arte referido várias vezes no programa, o Cinema deve ser visto como parte
integrante dessas obras. No caso das disciplinas de História da Cultura das Artes e História das Artes,
o cinema acaba por ser um método privilegiado na abordagem dos períodos históricos. É também
referido nos currículos que deve ser explorada uma vertente prática através do contacto direto com
oficinas, galerias, museus, monumentos ou espetáculos, ou a participação de workshops. Este aspeto
ultrapassa a visão do cinema como recurso didático na sala de aula ou auditório da escola e estende-o a
outras alternativas como uma ida ao cinema ou outro tipo de contato mais próximo.
Em Geometria Descritiva, a preocupação com a natureza das imagens que visualizamos no diaa-dia em livros, televisão ou cinema, deve estar na base no estudo dos sistemas de representação. A
história da representação da imagem, desde a pintura e fotografia até à sensação de terceira dimensão
através do cinema pode ser demonstrada com o auxílio de filmes onde o tema é objetivamente
abordado, mas também na própria história do cinema. Através de alguns filmes de Georges Méliès, por
exemplo, pode ser explorada a forma como o cineasta, numa lógica de filmagem através de “tableuxvivant” ou plano único e imóvel ainda ligado ao teatro, iniciou a representação de profundidade através
da pintura no cenário. No tema da representação de formas e sólidos para se conseguir um efeito de
visualização 3D, é possível uma abordagem às imagens estereoscópicas nos primórdios do cinema,
onde se procurava obter um efeito de tridimensionalidade, até à evolução atual do cinema em formato
3D. O filme “O Gabinete do Dr. Calighari” (1920), de Robert Wiene, pode também ser um recurso
para o estudo da representação dos planos e sombras. O modo distorcido e improvável como foram
representados no filme, além da inevitável abordagem às características do cinema expressionista
70
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
alemão, pode ser a base de estudo para o estudo dos tipos de projeção e os princípios base dos sistemas
de representação diédrica e axonométrica.
Reforço da interdisciplinaridade
A própria génese do cinema coloca-o num terreno interdisciplinar. Sendo uma expressão
artística onde integra várias artes e onde as suas temáticas podem se estender por várias áreas do saber,
este aspeto do Cinema não deve ser ignorado. Ele está presente em muitos programas curriculares de
disciplinas mesmo fora do âmbito das Artes Visuais. Nas propostas do Plano Anual de Atividades a
interdisciplinaridade do Cinema pode ser reforçada. Para isso, é exigido dos vários Departamentos
Curriculares uma articulação nas planificações, de modo a integrar o Cinema num sentido transversal
nas atividades.
Reforço da ligação com a(s) comunidade(s) através de participações em concursos, projetos e
parcerias
A ligação da escola à comunidade onde se insere está explícita nos projetos Educativos da
Escola Secundária Gabriel Pereira e da Escola Secundária Tomás Cabreira. Essa ligação pretende
abranger toda a comunidade educativa com a população local e os vários organismos e instituições.
Neste sentido, os projetos relacionados com o cinema devem fazer parte da preocupação das escolas
aquando da planificação do Plano Anual de Atividades. Os projetos e parcerias com todas as
instituições que desenvolvem trabalho na cidade na área do cinema seriam benéficos para a
dinamização das relações entre o cinema e a escola. Esta visão deve ultrapassar o domínio regional e
estender-se a nível nacional e internacional. A participação em concursos nacionais e internacionais, o
intercâmbio e troca de experiências com outras escolas ou associações, são algumas das possibilidades
neste âmbito.
71
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7.4. Calendarização
Ação
Data
Revisão de Literatura
Contínua
Escolha da Amostra
29 de fevereiro de 2012
Recolha de Dados da Comunidade
3 de março de 2012
Recolha de Dados da Escola
21 de março de 2012
Recolha de Dados da Turma (Évora)
07,14 e 21 de março de 2012 - 11 e 18 de abril de 2012
Recolha de Dados da Turma (Faro)
05, 12, 16 e 19 de março de 2012
Questionários a alunos e professores (Évora) 13 de abril de 2012
Questionários a alunos e professores (Faro)
13 de abril de 2012
Entrevista João Paulo Macedo
13 de março de 2012
Entrevista Graça Lobo
23 de março de 2012
Análise de dados
Após 13 de abril 2012
Redação do relatório
Até 27 março 2012
Quadro 3
72
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
8. REFLEXÕES FINAIS
Clarembeaux refere que a educação fílmica deveria apoiar-se em três pólos complementares e
intrinsecamente ligados: ver, analisar e fazer filmes. 26 O ver ilustra a democratização que o cinema
sofreu com os novos meios de comunicação audiovisual, onde o acesso ao património cinematográfico
está acessível e multiplicou-se de muitas formas, sendo através da internet que muitos jovens têm
acesso quer à informação quer ao próprio filme. O analisar de um filme pode situar-se no domínio da
imaginação, além da observação e compreensão de aspetos técnicos ou históricos. Há assim uma
leitura interpretativa da obra e o lançamento de propostas possíveis para outra criação a partir do filme.
Na última fase, do fazer, o autor refere a cultura de auto-produção em diversos meios que as crianças
têm adquirido como potencial para a realização de obras. O cinema deve deixar de ser encarado como
objeto estático e passivo para ser a base de trabalho em diversas áreas. Se estendermos ainda mais os
conceitos definidos por Clarembeaux, eles aplicam-se a uma visão globalizante e integradora que se
pretende no desenvolvimento de competências no ensino de artes visuais. O ver e analisar filmes têm
um sentido interdisciplinar e integrador das vivências dos jovens de hoje em dia; a multiplicação de
vivências e experiências dentro de diversas áreas, não esquecendo a partilha de informação em redes
sociais na Web, assumem um importante papel na cultura dos jovens, marcando-a profundamente
através da visualidade.
A inclusão do Cinema nas disciplinas das artes visuais pode ser uma realidade. A experiência
demonstrada com a criação de Cinema no 3º ciclo tem demonstrado as vantagens da sétima arte na
escola, demonstrando que pode ter lugar no currículo nacional sendo uma possível ponte para o
desenvolvimento de conteúdos nas diversas áreas. No entanto, as mudanças de legislaturas e as
sucessivas reformas educativas inviabilizam um percurso sério e pensado sobre a integração do cinema
como área curricular na escola. Das tentativas concretizáveis feitas ao longo dos anos destacamos o
JCE e a disciplina de Cinema no Algarve como casos de sucesso, embora se encontrem em perigo na
presente proposta de reforma educativa que pretende reduzir este tipo de projetos e valorizar os
conteúdos em vez das competências. Por vezes, é através dos clubes e projetos extracurriculares que os
alunos têm acesso a experiências que lhe são vedadas nas aulas, por não se enquadrarem em
parâmetros mais “académicos”. Os clubes ou projetos ligados ao Cinema são disso exemplo, sendo na
maioria das vezes nesses espaços que os alunos contatam com filmes que, de outra forma, ser-lhe-iam
negados em contexto de aprendizagem na sala de aula.
26
Clarembeaux, 2010. p.26
73
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
É possível que seja através do Cinema, simultaneamente reconhecido como arte; como um
símbolo da cultura juvenil; mas também como um aglutinador e integrador das mais diversas artes, que
sejam encontradas condições para que se organizem e eduquem as mentes das crianças e jovens de
hoje em dia, envolvidas como estão numa profusão de imagens visuais.
Thomas Edison conseguiu prever o poder que os meios audiovisuais teriam sobre os jovens,
mas não conseguiu prever que a própria escola teria alguma dificuldade em acompanhar essa nova
cultura visual, atuando muitas vezes como uma barreira à sua intromissão no espaço escolar. Cabe
principalmente à escola e aos agentes políticos que definem as políticas educativas estar sensíveis ao
poder integrador do Cinema, definindo estratégias sérias e fundamentadas para a sua integração nos
currículos, ou inovando na forma como pode ser operacionalizado nos programas curriculares já em
prática.
74
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
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O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
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http://www.cm-evora.pt/
http://www.ica-ip.pt/
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http://www.cinemano3ciclo.blogspot.com/
http://www.drealg.min-edu.pt/content_newsdet.asp?newsID=3176&auxID=news
76
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
ANEXOS
77
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Resultados dos Questionários (Alunos - Algarve)
1.
Géneros
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Masculino
Feminino
2.
Idades
14
12
10
8
6
4
2
0
15 Anos
16 Anos
17 Anos
78
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
3.
Actividades Culturais
20
15
10
5
0
Artes
Plásticas
Cinema
Dança
Literatura
Música
Museus
4.
Frequência ida ao cinema
14
12
10
8
6
4
2
0
Muitas Vezes
Regularmente
Raramente
Nunca
Teatros
Outros
79
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
5.
Programas assistir televisão
23
17
15
9
6
6
6.
Equipamento em casa
25
20
15
10
5
0
Computador
Scanner
Máquina
Fotográfica /
Filmar
Telemóvel
Tablet
80
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7.
Curso que frequentas
Curso Científico-Humanístico de Artes Visuais
Curso Profissional
Curso de Ensino Artístico Especializado
0
3
21
8.
Opção artística no 3º ciclo
10
4
4
0
Música
Educação
Técnológica
Educação Visual
Cinema
1
Teatro
81
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
9.
Já produzis-te audiovisuais?
15
8
Sim
Não
TIC ; 1
Edição de Som;
1
Edição de
Video; 2
82
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
10.
Já produzis-te audiovisuais para
disciplinas na escola?
15
8
Sim
Não
Moral ; 1
Area de
Projecto; 1
Português; 1
TIC; 2
83
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
11.
Softwares que tenhas utilizado
7
6
5
Adobe Photoshop
Windows Movie Maker
Outros (Powerpoint.)
84
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Resultados dos Questionários (Alunos - Évora)
1.
Géneros
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Masculino
Feminino
2.
Idades
16
14
12
10
8
6
4
2
0
15 Anos
16 Anos
17 Anos
85
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
3.
Actividades Culturais
30
25
20
15
10
5
0
4.
Frequência de ida ao cinema
18
16
14
12
10
Série1
8
6
4
2
0
Muitas Vezes
Regularmente
Raramente
Nunca
86
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
5.
Programas assistir televisão
26
16
16
16
12
8
3
6.
Equipamento em casa
30
25
20
15
10
5
0
Computador
Scanner
Máquina
Fotográfica /
Filmar
Telemóvel
Tablet
87
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7.
Curso que frequentas
Curso Científico-Humanístico de Artes Visuais
Curso Profissional
Curso de Ensino Artístico Especializado
0
27
8.
Opção artística no 3º ciclo
18
7
2
Música
Educação
Técnológica
Educação Visual
0
0
Cinema
Teatro
88
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
9.
Já produzis-te audiovisuais?
17
10
Sim
Não
Entrevistas; 1
Videoclips; 1
Montagem; 2
Curtametragem; 2
Músicas; 2
Animação; 2
89
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
10.
Já produzis-te audiovisuais para
disciplinas na escola?
16
11
Sim
Não
Ciências
Naturais; 1
TIC; 4
Area de
Projecto; 7
90
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
11.
Softwares que tenhas utilizado
17
10
8
Adobe Photoshop
Windows Movie Maker
Outros (Sony Vegas,
Paint,etc..)
91
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Resultados dos Questionários (Professores - Algarve)
1.
Género
6
2
Masculino
Feminino -
2.
Idades
5
2
1
20 a 30
30 a 40
40 a 50
50 a 60
92
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
3.
Disciplinas
3
3
3
2
2
1
0
1
0
93
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
4.
Utilizaça audiovisuais?
Não
Sim
100%
Tipos
6
5
5
4
2
2
0
94
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
5.
Utilização dos meios audiovisuais
para...
Transmissão de
Conhecimentos;
5
Despertar
Curiosidade; 3
Motivação; 5
Nenhum; 0
Outros ; 1
6.
Em que situação
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Como Conteudo
Programático
Na Abordagem de Para aprendizagem
contéudo
especifica
Nenhuma
95
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7.
Em que situação/contexto
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Durante as Próprias Aulas
em hórarios alternativos
8.
Oferta cinematográfica
0%
Ótima
33%
34%
Razoavél
Limitada
Inexistente
0%
33%
Costumo utilizar a minha
Própria coleção de filmes
96
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
9.
Títulos de obras
Lutero; 1
Vatel; 1
A vida é
bela; 1
8mile; 1
Marie
Antoinete; 1
o Nome da
rosa; 1
97
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Resultados dos Questionários (Professores - Évora)
1.
Género
4
3
Masculino
Feminino -
2.
Idades
4
2
1
20 a 30
30 a 40
40 a 50
50 a 60
98
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
3.
Disciplinas
4
2
1
1
1
1
1
1
1
99
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
4.
Utilizaça audiovisuais?
Não
Sim
100%
Tipos
6
5
4
3
3
2
2
1
100
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
5.
Utilização dos meios audiovisuais
para...
Transmissão de
Conhecimentos;
6
Despertar
Curiosidade; 6
Motivação; 6
Nenhum; 0
Outros ; 0
6.
Em que situação
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Como Conteudo
Programático
Na Abordagem de Para aprendizagem
contéudo
especifica
Nenhuma
101
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
7.
Em que situação/contexto
7
6
5
4
3
2
1
0
Durante as Próprias Aulas
em hórarios alternativos
8.
Oferta cinematográfica
0%
Ótima
20%
0%
Razoavél
40%
Limitada
Inexistente
40%
Costumo utilizar a minha
Própria coleção de filmes
102
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
9.
Títulos de obras
Lutero; 1
Vatel; 1
A vida é
bela; 1
8mile; 1
Marie
Antoinete; 1
o Nome da
rosa; 1
103
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Análise do resultado dos questionários aos alunos e professores
Os inquéritos foram realizados entre os dias 16 e 20 de abril de 2012 na Escola Secundária Gabriel
Pereira, em (ESGP) Évora, e na Escola Secundária Tomás Cabreira (ESTC), em Faro, em duas turmas
do 10º ano na disciplina de Desenho A. Os professores do grupo de Artes Visuais (600) nas duas
escolas responderam igualmente ao inquérito a eles destinado, no mesmo período de tempo.
Dois aspetos marcaram a realização e análise destes inquéritos, constituindo-se como limitações à
investigação. Relativamente aos alunos, a turma observada na escola de Faro (10º3) não está integrada
no Projeto JCE – Juventude, Cinema e Escola. A única turma na escola envolvida neste projeto tinha
um horário de aulas incompatível coma disponibilidade para as observações. A recolha de dados numa
turma do JCE revelar-se-ia, caso fosse possível, mais positivo para a investigação. Relativamente aos
professores, não foi possível obter resultados de cerca de metade dos docentes de Artes visuais na
escola em Faro, por motivos de indisponibilidade dos mesmos em tempo útil.
Inquéritos aos alunos
Relativamente à prática de atividades culturais, a Música e as Artes Plásticas preenchem as
preferências dos alunos nas duas escolas. Na ESTC, a Música é mesmo a atividade que mais preenche
os tempos livres dos alunos. A disciplina de opção artística frequentada pelos alunos no 3º ciclo parece
influenciar o tipo de atividades culturais que os alunos mais se dedicam (uma grande maioria
frequentou a disciplina de Música no 3º ciclo, na ESTC). Um caso curioso é a quantidade de alunos
que frequenta o cinema e museus na cidade de Évora, em número maior que os alunos de Faro. De
referir que nesta cidade os equipamentos a este nível são menores do que na cidade de Faro.
Os dados relativos às idas no cinema são expressivos. A maioria dos alunos de Évora afirma que
raramente se desloca à sala de cinema, enquanto os alunos em Faro revelam que o fazem regularmente.
Parece-nos evidente que o cinema está nos hábitos culturais dos alunos de ambas as turmas, embora os
alunos de Évora assistem maioritariamente cinema na televisão. Este facto parece estar relacionado
com a falta de salas de cinema na cidade de Évora. O hábito do cinema encontra também
expressividade em ambas as turmas na pergunta sobre o que costumam assistir na televisão. Os filmes
são o programa mais visto pelos alunos de ambas as turmas, seguindo-se as telenovelas e o
entretenimento. Cerca de metade dos alunos de Évora referiu assistir a documentários na televisão. Os
noticiários são o programa menos visto em ambas as turmas.
Quando questionados acerca da produção autónoma de audiovisual, os alunos nas duas escolas
responderam em maior número negativamente. Enquanto na ESTC a maioria das respostas refere-se à
edição de vídeo, os alunos da ESGP revelam mais ecletismo, ao apontar entrevistas, videoclips,
animação e edição de curtas-metragens. A maioria dos alunos nas duas turmas também responde
negativamente quando questionada sobre a produção de trabalhos audiovisuais em trabalhos de
qualquer disciplina. De salientar que em ambas as turmas não são referidas disciplinas do grupo de
Artes Visuais (Em Faro realizaram em TIC, e em Évora em Área de Projeto). Na indicação de
software, o Windows Movie Maker obteve mais respostas em ambas as turmas, seguindo-se o Adobe
Photoshop. Ao indicarem outros programas, os alunos da ESGP revelaram mais opções enquanto os da
ESTC apenas referiram o PowerPoint. De salientar o facto de todos os alunos que responderam ao
inquérito terem computador nas suas residências.
104
O PAPEL DO CINEMA NAS ARTES VISUAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO
Inquéritos aos professores
Analisando os resultados nas duas escolas, todos os professores responderam afirmativamente quando
questionados sobre a utilização de recursos audiovisuais. Em ambas as escolas os filmes (incluindo
animação) ocupam a maior parte das respostas, seguindo-se a internet e software específico na ESTC.
Quanto aos aspetos os docentes consideram mais importantes na utilização dos recursos, a questão da
motivação obteve mais respostas nas duas escolas. Acerca da utilização específica do cinema nas aulas
que lecionam, nos dois casos a resposta mais dada foi “como conteúdo”. Nas duas escolas, todos os
professores mostram os filmes no decorrer dos tempos letivos.
As opiniões acerca da oferta de recursos nas escolas situam-se entre o razoável e o limitado. Mais
professores em Faro afirmam utilizar filmes da sua coleção pessoal. Na indicação de títulos, a escolha
revelou-se diversificada. Alguns professores da ESTC indicaram títulos que constam nos programas
das disciplinas, enquanto em Évora as escolhas foram mais variadas.
105
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