para expressões culturais, pois acabam por edificar neles mesmos toda a história
cultural do ambiente onde se inserem.
O Centro Cultural Martim Cererê por varias gerações vem sendo reflexo do
caminho percorrido pela cultura goiana, sendo sinônimo de liberdade de expressão,
onde todas as manifestações culturais, por mais variadas que sejam, tem o seu espaço.
Atualmente o Centro Cultural Martim Cererê vem perdendo espaço na cena
cultural goiana, devido à deterioração das edificações causada pelo tempo de uso e a
falta de estrutura adequada para as diferentes atividades exercidas hoje em um centro
cultural.
A reestruturação do Centro Cultural tem o objetivo de resgatar a importância
dessa edificação na história da cidade, fazendo com que ela continue sendo um local
de encontros culturais e manifestações artísticas.
Através do estudo da história e criação dos centros culturais e como esses
chegam a ser edificados em Goiânia é possível compreender a importância que essas
edificações representam para a cidade e quais as necessidades atuais desses tipos de
ambiente.
Com auxílio de diferentes estudos de casos, observando não só o programa
de necessidades, mas também todo o conceito que cada uma das obras carrega, surge
à reestruturação do Centro Cultural Martim Cererê, adequando o ambiente para as
necessidades atuais, fazendo com que o mesmo volte a ser um símbolo da cultura
goiana.
2
Introdução
Os centros culturais representam muito mais do que apenas um ambiente
Complexo Cultural Martim Cererê
um centro cultural, com o auxílio dos estudos atuais feitos na área é possível traçar
algumas características e funções em comum desses espaços.
No Brasil, os principais autores que discutem sobre esse tema são Teixeira
Coelho, um dos primeiros do país a desenvolver uma pesquisa sobre centros culturais,
Luis Milanesi e a pesquisadora Maria Celina Soares de Mello e Silva.
Para MILANESI (1991) o centro cultural é um local que deve favorecer a criação
das obras de arte, o enriquecimento do patrimônio cultural, promover a informação
para o público, gerando assim uma formação cultural tanto do usuário do espaço
como do artista.
COELHO (1997) diz que os centros culturais devem ser espaços públicos com
acervo e equipamentos como cinemas e bibliotecas, sendo esses permanentes,
oferecendo aos usuários alternativas variadas de atividade. Ele define que quando um
espaço com essa formatação física está nas mãos da iniciativa privada, este deve ser
diferenciado dos centros culturais sendo denominado de espaço cultural.
MILANESI (1997) define três verbos fundamentais para todos os centros
culturais: informar, discutir e criar, os quais geram um ciclo de ação cultural, onde o
público tem acesso à informação e com esta pode discutir sobre cultura criando uma
opinião própria sobre o assunto em casa usuário, os quais após esse processo podem
voltar ao primeiro verbo “informar”, quando decidem expressar suas opiniões através
de alguma linguagem, formando assim o ciclo e possibilitando uma ação cultural
continua.
De acordo com SILVA (1998) um centro cultural sempre refletirá a cultura de
sua sociedade ou grupo social e realizará suas atividades em harmonia com esta
sociedade ou grupo. O centro cultural pode surgir como um serviço ou espetáculo
fruto de uma ação das possíveis relações da cultura com a arte, educação e lazer.
Os centros culturais devem ser ambientes livres para todas as expressões
artísticas, assim como um local que permita a discussão cultural entre as diferentes
visões culturais dos indivíduos de um espaço, fazendo com que estes ambientes não
sejam destinados apenas para o lazer, mas também para fornecer a identidade cultural
de uma região.
3
Definições sobre centros culturais
Segundo FREITAS (2007) não é possível conceituar claramente o que vem a ser
Complexo Cultural Martim Cererê
MILANESI (1997) e SILVA (1995) a Biblioteca de Alexandria é um dos primeiros espaços
a formar um complexo cultural, contendo um acervo variado de documentos, sendo
um local de estudos e culto as entidades.
RAMOS (2007) descreve a biblioteca de Alexandria como um complexo de
palácios reais com anfiteatro, observatório, refeitório, jardim botânico, zoológico, e
salas de trabalho.
A evolução das bibliotecas para os atuais centros culturais tem o ponto de
partida na França, no fim da década de 50, suprindo a necessidade de espaços
dedicados ao lazer dos operários industriais. FREITAS (2007) se refere ao centro cultural
Georges-Pompidou (Centre National d‟Arte ET de Culture Georges-Pompidou) como a
edificação que reflete todo o processo de transformação desses espaços.
Segundo FREITAS (2007), nos anos 80 surgem, com incentivo dos governos, os
primeiros centros culturais brasileiros. Apenas no fim da década que a iniciativa privada
começa a investir nesses tipos de espaços. Já nos anos 90, tem-se um grande
crescimento de centros culturais no país devido ao incentivo fiscal recebido por esses
tipos de edificações.
Os mecanismos de incentivo fiscal sem dúvida
beneficiaram a criação de muitos empreendimentos culturais,
além de centros de cultura. Dentre aqueles criados durante os
anos
90
podemos
citar:
o
Centro
Cultural
Correios
(agosto/1993), no Rio de Janeiro; o Centro Cultural Banco do
Nordeste (julho/1998), o Centro Cultural FIESP (março /1998),
em São Paulo e o Centro Cultural Light (abril/1994), no Rio.
(FREITAS, 2007)
4
História dos centros culturais
A origem dos centros culturais se encontra na Antiguidade Clássica. Segundo
Complexo Cultural Martim Cererê
convidado por Henrique Santilo, governador do estado, para ser o secretário da
cultura. Alguns meses após assumir seu cargo, Goiânia é vista na mídia internacional
devido o acidente radiológico com o césio 137.
Em meio à tragédia que os goianos passavam, Kleber trabalha para
reestruturar a imagem da cidade e do cidadão goiano, por isso, nesse período Goiânia
recebe grandes nomes da arte nacional com o intuito de demonstrar ao mundo que
não havia necessidade de caos e pânico.
“Kleber comandou a campanha contra a discriminação,
trazendo para Goiânia grandes nomes da arte nacional (música
e teatro) para se misturar aos goianos, evidenciando ao País e
ao mundo que, apesar do sinistro radiativo, ele não trazia na
sua essência o caos vivido em Hiroshima e Nagasaki.” (GALLI,
2009).
GALLI (2009) descreve que assim que o acidente radiológico saiu de evidência
foram iniciados por Kleber diversos projetos dedicados à edificação de espaços
culturais e pela primeira vez a secretaria de cultura goiana ganhou força no poder
administrativo. Nesse período foram construídos o Centro Cultural Martim Cererê,
Centro Cultural Gustav Ritter, Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Centro Cultural
Marietta Telles Machado e a sede da Academia Goiana de Letras e alguns anos depois
sob o Governo de Darcy Accorci foi edificado o Centro Cultural Goiânia Ouro (Figura 1).
Atualmente, foram criados mais centros de cultura como o Centro Cultural
Oscar Niemayer, com uma área de aproximadamente 44 mil metros quadrados
construídos e o Centro de Cultura e Convenções, com capacidade para seis eventos
simultâneos e aproximadamente 51 mil metros quadrados.
5
História dos centros culturais goianos
De acordo com GALLI (2009), em 1986, Kleber Branquinho Adorno é
Complexo Cultural Martim Cererê
6
Figura 1 Centros Culturais Goianos (Fonte: Arquivo digital)
Complexo Cultural Martim Cererê
Godoy localiza-se na quadra F18 rua 94A no Setor Sul, um dos primeiros bairros de
Goiânia. O bairro teve sua ocupação mais efetiva por volta da década de 50, seguindo
o Plano de Urbanização de Goiânia e o Decreto-Lei 2.104, de 27 de julho de 1937.
Figura 2 Fotos Centro Cultural Martim Cererê (fonte: Dennis de Castro)
O
Setor
Sul
constitui-se
num
loteamento
de
características marcantes quanto á sua organização física, com
terreno pouco acidentado, de topografia suave com ligeira
inclinação para os fundos de vales que lhe são limites,
apresentando suas vias uma declividade média de 3%. (MANSO,
2001)
Segundo MENDONÇA (2001), as primeiras atividades culturais no local
atualmente ocupado pelo CCMC surgem por volta de 1987 com o projeto “Novas
Águas”, utilizando os reservatórios de água desativados da SANEAGO para fazer uma
espécie de festival de artes. O local seria reestruturado e reorganizado para as
apresentações artísticas, mas sem a intenção de estabelecer ali um centro cultural. Em
outubro de 1988 após o saldo positivo do projeto Novas Águas o Centro Cultural
Martim Cererê é implantado.
O arquiteto Gustavo Veiga foi o encarregado pelo projeto do centro cultural, o qual foi
aprovado e executado pela extinta Empresa Municipal de Obras Publicas (EMOP), atual
Agência Goiana de Transportes e Obras (AGETOP).
7
História do Centro Cultural Martim Cererê
O Centro Cultural Martim Cererê (CCMC), (Figura 2) projetado por Armando de
Complexo Cultural Martim Cererê
De acordo com MENDONÇA (2001) o projeto do centro cultural tinha como
ideia principal ter uma espécie de grande praça, onde as pessoas não só passariam
para ir aos teatros, mas também usariam como um local de convivência, troca de
experiências e desenvolvimento cultural. Os nomes dos espaços são originários da
língua do povo Xavante, e remetem as primeiras funções dos locais: Yguá, lugar de
guardar água, Pyguá, caverna de águas, Ytakuá, buraco na pedra, Karuhá, lugar de
comer.
Implantado em 20 de outubro de 1988 num lugar que
abrigava três caixas d'água da Saneago, o arquiteto Gustavo
Veiga criou o projeto de um centro cultural que modificava os
antigos reservatórios de água em teatros e ainda sugeriu a
instalação de outras áreas físicas para eventos culturais diversos.
Assim, os três
grandes
reservatórios
de concreto
que
armazenavam 500 mil litros de água cada, foram adaptados e
transformados nos teatros existentes hoje, o Yguá, Pyguá e
Ytakuá. (CORADIN, 2005)
No período de sua inauguração, MENDONÇA (2001) descreve que o centro
cultural era utilizado de acordo com a ideia inicial de simultaneidade, ou seja, eram
desenvolvidas atividades tanto nos teatros como no bar e ao ar livre ao mesmo tempo.
MENDONÇA (2001) diz que devido ao desinteresse político, o Centro Cultural
Martim Cererê já enfrentou um período em que a edificação foi praticamente
abandonada, onde sua estrutura foi se deteriorando devido à falta de cuidados e as
atividades artísticas antes existentes nesse local deixaram de existir por falta de
segurança e estrutura.
Em 1998 o CCMC passou por uma reforma e
revitalização dos espaços, o arquiteto Edeni Reis da Silva
devolvendo ao Centro Cultural Martim Cererê o caráter inicial...
8
elaborou o projeto de restauração do que havia sido destruído,
Complexo Cultural Martim Cererê
O Centro Cultural Martim Cererê foi tombado pelo Patrimônio
Histórico Cultural do Município de Goiânia através do decreto
nº 1136 de 04/04/97, com esse ficou garantindo uma proteção
maior ao espaço. (MENDONÇA, 2001)
Atualmente vários projetos relacionados à música alternativa têm como palco
o CCMC, as peças de teatro e apresentações artísticas para qual o projeto original foi
dedicado ainda tem espaço, assim como os cursos de formação. De acordo com a
AGEPEL (Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira) o centro cultural oferece
atualmente cursos de: iniciação teatral, para adolescentes entre 10 e 14 anos; oficina
teatral, acima de 15 anos; oficina de mímica, para jovens acima de 15 anos e formação
de atores, para pessoas com 1.º grau completo. Existe também espaço para os eventos
onde a discotecagem é o foco principal, transformando os espaços do teatro em pista
de dança.
Exemplos dessas atividades são os festivais como o Vaca Amarela, realizado
pela Fósforo Cultural, o Bananada, realizado pela Monstro Discos, o projeto Quinta
9
Ativa e o projeto bastidores. (Figura 3)
Complexo Cultural Martim Cererê
10
Figura 3 Montagem de flyers de eventos no CCMC (fonte: Arquivo pessoal)
Complexo Cultural Martim Cererê
94-A, não possuindo estacionamento próprio. Suas principais edificações são os três
teatros, Ytakuá o teatro de arena, com capacidade de 500 pessoas, o Yguá com
capacidade para 500 pessoas sentadas e o Pyguá, com capacidade para 200 pessoas
sentadas, ambos sem cadeiras fixas.
As edificações secundárias são constituídas pelo bar Karuhá, estruturado com
um balcão com uma pequena cozinha aos fundos, dois banheiros laterais, depósito, a
bilheteria, os banheiros femininos e masculinos e a administração. (Figura 4)
Figura 4 Planta baixa e corte CCMC (Fonte: arquivo digital)
11
Estrutura e entorno do Centro Cultural Martim Cererê
O CCMC está localizado no Setor Sul na quadra F18, com seu acesso pela Rua
Complexo Cultural Martim Cererê
O Centro Cultural se localiza próximo a Praça Cívica, tendo em sua
proximidade vias estruturadoras de grande fluxo, como a Rua Oitenta e Quatro, Rua
Oitenta e Dois, Rua Oitenta e Três e a Rua Oitenta e Seis. (Figura 5)
Figura 5 Principais Vias do entorno (fonte: Arquivo pessoal)
A Rua 94-A, responsável pelo acesso do CCMC, possui o trafego de veículos
em ambos os sentidos, assim como a Rua 104-F e a Rua 104, ao contrário da rua Dr.
Olinto Manson Pereira, a qual permite acesso da Rua Oitenta e Três para a Rua Oitenta
12
e Quatro. (Figura 6)
Complexo Cultural Martim Cererê
„
Figura 6 Vias estruturadoras e sentido de fluxo (Fonte: Arquivo pessoal)
O Setor Sul, onde o terreno em estudo está localizado, foi um dos primeiros
bairros da cidade a ser ocupado, sendo assim, praticamente todas as áreas loteadas são
edificadas. O gabarito predominante é de um a quatro pavimentos, como demonstra a
figura x. Uma das características do projeto desse setor são as praças e os culs-de-sac,
13
as quais podem ser observadas na área em estudo, (Figura 8).
Complexo Cultural Martim Cererê
Figura 8 Mapa de gabarito (1), mapa de ocupação (2) (Fonte: Arquivo pessoal)
Apesar de se localizar em um bairro com característica residencial o entorno
do terreno do Centro Cultural apresenta uma grande porcentagem de edificações com
atividades comerciais. Existe também nessa área uma Escola Penitenciaria, Centro de
Figura 7 Mapa de uso do solo (Fonte: Arquivo Pessoal)
14
Excelência do Sistema de Execução Penal. (Figura 7)
Complexo Cultural Martim Cererê
A quadra F18, onde se encontra o CCMC, possui inclinação máxima de 3,2%
no sentido Leste Oeste e de 2,7% no sentido Norte Sul. (Figura 9)
CORTE BB’
Figura 9 Mapa de topografia e cortes (Fonte: Arquivo pessoal)
Segundo FERNANDES (2006), Goiânia por estar localizada na latitude Sul 16°
tem uma variação anual, entre o solstício de verão e solstício de inverno, de 47° no
ângulo de incidência dos raios solares. As fachadas das edificações de maior insolação
15
são as voltadas para o Leste e para o Oeste. (Figura 10)
Complexo Cultural Martim Cererê
Figura 10 Incidência solar em Goiânia (Fonte: FERNANDES p.26)
De acordo com o Uso do Solo (anexo 1), a área ocupada pelo CCMC pode
comportar edificações com no máximo nove metros de altura ate a laje de cobertura,
devendo ter 15% de índice de permeabilidade e ocupação do subsolo variando entre
90% e 50% de acordo com a altura das edificações.
Existem no perímetro do Centro Cultural duas áreas com potencial de uso para
a reestruturação do mesmo, sendo elas: a praça localizada ao Sul, com
aproximadamente 3900m² e a área ocupada pela Escola Penitenciária (Centro de
16
Excelência do Sistema de Execução Penal). (Figura 12)
Complexo Cultural Martim Cererê
A Escola Penitenciária ministra cursos de formação para agentes prisionais, de
acordo com a entrevista feita com Joseleno Borges de Sales (anexo 2), coordenador de
projetos da instituição, a estrutura atual da escola não comporta a quantidade de
usuário e já foi enviado a Secretaria de Educação um pedido de transferência para um
local maior.
17
Figura 11 Áreas do entorno do CCMC (Fonte: Arquivo pessoal)
Complexo Cultural Martim Cererê
espaço dentre os eventos culturais goianos, devido a falta de estrutura, festivais como
o Noise, 5ª ativa e Bananada que tiveram suas primeiras edições realizadas no Centro
Cultural atualmente são realizados em outros espaços.
A ultima reforma ocorrida no centro cultural foi executada em 1998, desde
essa data as estruturas existentes vem se desgastando tanto pela ação do tempo
quanto pelo uso.
A reestruturação do Centro Cultural Martim Cererê tem o objetivo de adaptar
o ambiente existente as novas demandas culturais e tecnológicas, resgatando ao local
o conceito de ambiente de livre expressão e convivência.
O programa de necessidades é formatado a partir dos usos atuais dos espaços
do centro cultural, onde as principais edificações do local são dedicadas a
apresentações teatrais e shows.
Complementando estes usos, são implantados um cinema e de uma escola de
formação artística, visando a multifuncionalidade dos espaços e o fluxo contínuo de
usuários pela área.
A escola de artes e tecnologia do espetáculo complementa o ciclo de
atividades exercidas em um centro cultural, transformando o Centro Cultural Martim
Cererê em um Complexo Cultural.
Para a funcionalidade de todos os ambientes propostos estruturas de apoio
como bar, bilheteria, estacionamento e sanitários são adicionadas ao programa de
necessidades.
18
A Proposta
O Martim Cererê, apesar de sua história de incentivo a cultura, vem perdendo
Complexo Cultural Martim Cererê
Archi 5 projeta para a bailarina Débora Colker o centro de treinamento de sua
companhia de dança. O Centro de Movimento Deborah Colker está localizado no
Bairro da Gloria, Rio de Janeiro, desde 2005.
Um dos principais objetivos do Archi 5 era preservar e revitalizar a edificação
histórica atribuindo novos valores não só a edificação como também ao núcleo
histórico da cidade.
GRUNOW (2006) descreve que as paredes externas e a parede central da
edificação foram mantidas, garantindo assim a identidade da edificação. O interior foi
trabalhado evidenciando a diferença entre a arquitetura existente e as novas
intervenções; materiais como vidro e metal foram utilizados para contrastar com a
alvenaria existente. (Figura 13).
Figura 13 Detalhe da escada (Fonte: http://www.arcoweb.com.br/)
19
Estudo de caso 01 - Centro de Movimento Débora Colker
Utilizando a estrutura de um sobrado do século XIX, o grupo de arquitetos
Complexo Cultural Martim Cererê
A parte frontal da edificação segue os limites impostos pela dimensão
horizontal da fachada e se expande ao fundo utilizando-se de uma área lateral.
Os ambientes se desenvolvem pelos três pavimentos através de uma
circulação linear estruturada em um corredor principal. (Figura 14))
20
Figura 14 Plantas baixas CMDC (Fonte: Arquivo pessoal)
Complexo Cultural Martim Cererê
No térreo alem da recepção também esta localizado os ambientes de
cenotécnica e galpão de ensaios, permitindo assim a movimentação dos cenários e
equipamentos utilizados pela companhia de dança em seus espetáculos.
Nos outros pavimentos o espaço se divide entre salas de aula e ambientes
administrativos, seguindo a mesma distribuição linear do pavimento térreo.
REBATIMENTO
Assim como no Complexo Cultural Martim Cererê a arquitetura do Centro de
movimento Deborah Colker é desenvolvida a partir de intervenções em uma edificação
histórica, com o objetivo de adapta-lá a uma nova função e agregando valores a
edificação.
O programa de necessidades do Centro de Movimento e como ele se
desenvolve no espaço proposto reflete as necessidades de uma escola de dança
contemporânea, com espaços flexíveis para a variedade de expressões artísticas e
novas tecnologias presentes nas manifestações culturais atuais.
O Complexo Cultural Martim Cererê busca atender não só as necessidades
básicas de ambientes culturais, mas também a nova demanda por espaços multiusos e
21
flexíveis.
Complexo Cultural Martim Cererê
(2008) recebeu o projeto das Flores-Árvores compondo assim o jardim coberto de
aproximadamente 5000m².
O Orquideorama está localizado no Jardim Botânico de Medellin, Colombia. A
autoria do projeto é dos escritórios Plan B e JPRCR.
A estrutura do Orquideorama é composta por 12 módulos denominados
Flores Árvores, onde cada um desses módulos são formados por 6 pétalas sustentadas
por madeira de pinho e aço, atingindo 15 metros de altura.
Figura 15 Vista do usuário do Orquideograma (Fonte: http://www.plataformaarquitectura.cl)
Segalla (2008) descreve que o projeto busca a junção entre o ambiente natural
e artificial através do conceito de estruturas orgânicas e bioconstruções, onde não só a
estrutura das Flores Árvores como também a disposição das mesmas no espaço
formama integração entre espaço construído e espaço natural.
Na visão do usuário as Flores árvores formam em conjunto uma linha
horizontal superior contínua ligada ao solo por elementos verticais, remetendo a
22
Estudo de caso 02 - Orquideorama
O Orquideorama do Jardim Botânico de Medellín, Colômbia, segundo SEGALLA
Complexo Cultural Martim Cererê
estrutura formada por um conjunto de árvores, onde as copas se juntam
formando um elemento horizontal único e os caules representam a força vertical.
A tecnologia dessas estruturas se dá através de um conjunto de colunas
metálicas presentes no caule, que além de sustentarem o módulo são dutos elétricos e
hidráulicos, escoando a água das chuvas e proporcionando pontos de energia.
O sistema canaliza e despeja as águas das chuvas nas
tubulações que levam até a base da construção. O hexágono
central de cada módulo é coberto com material sintético que
protege as plantas de chuva, granizo e raios solares diretos.
(SEGALLA, 2008)
REBATIMENTO
O atual ambiente do Centro Cultural Martim Cererê é composto por um
conjunto de edificações rodeadas por grandes árvores. É necessário a integração entre
esses elementos tanto para o conforto do usuário com a proteção contra intempéries
quanto para o equilíbrio arquitetônico entre todos os elementos existentes e os novas
23
edificações projetadas.
Complexo Cultural Martim Cererê
cidade de São Paulo, Brasil. A edificação abriga um centro de cultura lazer que reúne
teatros, quadras de esporte, espaço de exposições dentre outro ambientes.
FERRAZ (2008) descreve a edificação como duas torres de concreto uma com
“buracos de caverna” e outra com janelas aleatórias ao lado existe uma terceira torre
cilíndrica com 70 metros de altura. As torres são ligadas por passarelas de concreto
protendido com vãos de 25 metros.(Figura 16)
Figura 16 Conjunto de edificações SESC Pompéia (Fonte: www.sescsp.com.br)
Segundo FERRAZ (2008) o projeto de Lina comunica com o local e faz com
que os espaços abertos sejam convidativos para o convívio dos usuários, na parte
interna da edificação as características estruturais da antiga fábrica são mantidas
contrastando
com
a
os
ambientes
propostos..
(Figura
17)
24
Estudo de caso 03 – SESC Pompéia
Projetado por Lina Bo Bardi em 1977, o SESC Pompéia esta localizado na
Complexo Cultural Martim Cererê
A rua aberta e convidativa, os espaços de exposições, o
restaurante público com mesas coletivas, o automóvel banido
com rigor, as atividades a céu aberto culminando com a “praia
do paulistano” em que se transformou o deck de madeira no
verão, tudo fez do SESC Pompéia uma cidadela de liberdade,
um sonho possível de vida cidadã.
O Centro é como um verdadeiro oásis em maio à
barbárie de desconforto urbano de nossa sofrida São Paulo.
(FERRAZ, 2008)
25
Figura 17 Área aberta SESC Pompéia (Fonte: www.sescsp.com.br)
Complexo Cultural Martim Cererê
O programa de necessidades se desenvolve de maneira livre no interior da
edificação, ateliês de atividades manuais, e espaços multiusos possuem e outros
ambientes possuem apenas divisórias baixas. (Figura 18)
Figura 18 Ambientes internos da edificação (Fonte: www.sescsp.com.br)
REBATIMENTO
Assim como o SESC Pompéia o Complexo Cultural Martim Cererê utilizara
ambientes internos livres, com o foco na multifuncionalidade e áreas externas com foco
na convivência dos usuários.
Outro aspecto referente ao projeto do Complexo Cultural é a utilização da
26
estrutura já existente de uma edificação readequando-a aos novos usos propostos
Complexo Cultural Martim Cererê
uma sala de cinema, bar, áreas de apoio aos usuários e a escola de formação cultural.
(tabela 1)
O Teatro Yguá tera capacidade para 500 pessoas em pé e palco com 70m²
permitindo o desenvolvimento de atividades teatrais e shows em palco e áreas de
apoio aos profissionais como camarins e e vestiário.
O Cinema Pyguá, com capacidade para 500 pessoas em pé, e 172 pessoas
sentadas, possuirá assentos removíveis e um palco com 15m² permitindo a
flexibilidade do espaço e. (tabela 3)
O teatro Ytakuá, em dia de eventos em palco tera capacidade de 750
pessoas em pé e contará com estruturas de apoio como camarins e e vestiário e
depósitos. (tabela 4)
O Bar Karuhá, será equipado com uma cozinha semi industrial, depósito de
alimentos, camara fria, caixa e balcão de atendimento. Sendo funcional tanto nos
eventos de publico máximo como nos eventos de menor porte. (tabela 5)
A escola de artes e tecnologia do espetáculo, Rowahudu1, contará com um
setor administrativo, sala de dança, salas de música, estúdio de fotografia, laboratórios
de tecnologia do espetáculo e biblioteca. (tabela 6)
As áreas de bilheteria, dml, sanitários e estacionamento constituirão os
ambientes de apoio do Complexo Cultural. (tabela 7)
1
Anexo 03
27
Programa de necessidades
O Centro Cultural Martim Cererê contara com dois teatros multifuncionais,
Complexo Cultural Martim Cererê
demonstraram a importância das áreas livres, voltadas para a convivência dos usuários,
presentes no entorno das edificações.
Com o objetivo de manter e evidenciar esses ambientes de convivência a
escola Rowahudu e outros ambientes do Complexo Cultural se agrupam em uma única
edificação sob pilotis, desocupando assim a área térrea e mantendo-a livre para os
usuários.
A edificação surge como um prisma simples demarcando e dando identidade
a fachada leste do Complexo Cultural.
Os brise de madeira que cobrem toda a fachada leste e Oeste e a
comunicação visual das fachadas norte e sul remetem a referência existente do Centro
Cultural com a cultura indigena Xavante.
A abertura localizada acima do espelho d‟agua, que rasga toda a edificação,
permite não só a ventilação e iluminação do edifício, mas também um maior
isolamento das salas de música dos demais ambientes da escola.
O acesso ao Complexo Cultural e a Escola se dá pela parte central da
edificação, entre os pilotis, onde os usuários são encaminhados aos outros ambientes
sob estruturas de sombreamento.
Apesar serem mantidas as edificações dos antigos teatros do Martim Cererê,
os mesmos são reestruturados adequando-se melhor aos novos usos propostos.
35
O Projeto
O estudo da área e atividades exercidas no Centro Cultural Martim Cererê
Complexo Cultural Martim Cererê
CORADIN, Érika. Martim Cererê, um grande palco de atividades artísticas. Jornal da
Imprensa.
Outubro,
2005.
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FERNANDES, António Manuel C. P. Clima, Homem e Arquitetura. Goiânia: Trilhas
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36
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SÁ, Cristina C. da Costa. Aldeia de São Marcos: transformações na habitação de uma
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SEGALLA, Vinícius. Organismo Vivo. Arquitetura e Urbanismo, AU. Brasil, nº 172, p. 54 –
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SILVA, Maria Celina Soares. Centro cultural – construção e reconstrução de conceitos.
1995. Dissertação de mestrado em Memória Social e Documento - Centro de Ciências
Humanas - UNI-RIO.
FERRAZ, Marcelo. Numa velha fábrica de tambores. SESC-Pompéia comemora 25 anos.
Publicado
originalmente
em:
VITRUVIUS,
Abril
de
2008.
Disponível
em:
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/08.093/1897 Acesso em: 05 de
37
abril.
Complexo Cultural Martim Cererê
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Anexo 01 – Uso do solo
Complexo Cultural Martim Cererê
Data: 02/ 09/ 2010
Entrevistado: Joseleno Borges de Sales.
Cargo: Coordenador de projetos.
Quais as atividades são desenvolvidas na escola?
R: A principal atividade desenvolvida aqui é a formação de agentes prisionais, com
estudos e pesquisas sobre execução penal, temos também projetos como o “Violência
Não”, “Tecendo a Liberdade” e a” Justiça Terapêutica”.
Quantos alunos frequentam atualmente essa instituição de ensino?
R: Temos aproximadamente 350 (trezentos e cinquenta) alunos.
Em quais períodos são ministradas as aulas?
R: Nos temos aulas pela manhã, no vespertino e alguns cursos no noturno.
Essa edificação sempre foi utilizada como escola penitenciaria?
R: Não, antigamente aqui funcionava o colégio estadual Bernardo Saião.
A estrutura física atual da escola é adequada para os cursos ministrados?
R: Os cursos e aulas são teóricos precisando apenas das salas de aulas.
O numero de sala de aulas é suficiente para a quantidade de alunos atuais?
R: Não, faltam salas de aulas, ate já foi enviado um pedido para a Secretaria de
Educação para a transferência da escola penal para um colégio maior.
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Anexo 02 - Entrevista
Local: Escola Penitenciaria – Centro de Excelência do Sistema de Execução Penal
Complexo Cultural Martim Cererê
Pyguá: Caverna de águas
Rowahudu: Ensinamento; ensino
Yguá: Lugar de guardar água
Ytakuá: Buraco na pedra
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Anexo 03 – Dicionário Xavante/ Português
Karuhá: Lugar de comer
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