OS ESFORÇOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE REDES ABSOLUTAS DE GRAVIMETRIA NA AMÉRICA DO SUL – PRIMEIROS RESULTADOS Denizar Bliztkow1 Gabriel do Nascimento Guimarães2 Ana Cristina Oliveira Cancoro de Matos1 Carlos Alberto Côrrea e Castro Júnior3 1Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia de Transportes [email protected]; [email protected] 2Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Geografia – Campus Monte Carmelo [email protected] 2Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Goiânia – GO [email protected] RESUMO O objetivo desse trabalho é apresentar os esforços para a implantação de redes absolutas de gravimetria na Argentina e no Brasil. O estado de São Paulo está sendo contemplado com uma rede de medidas absolutas com 15 novas estações e 3 reocupações: Cananeia, São Paulo e Ubatuba. As novas estações serão implantadas em locais estratégicos, como estações que constituam a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC). Deste modo, o usuário terá à disposição ao menos uma estação em um raio de 100 km. Na Argentina, duas campanhas foram realizadas em conjunto com o Instituto Geográfico Nacional totalizando 29 estações que compõem a Rede Absoluta de Gravimetria Argentina (RAGA). As medições foram conduzidas em locais próximos a pontos nodais da rede altimétrica daquele país. Um gravímetro absoluto modelo A-10 da Micro-g LaCoste, pertencente ao Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC) do Estado de São Paulo, foi utilizado para efetuar as medições. Este permite determinar o valor da aceleração de gravidade com precisão de 10 µgal e seu princípio de funcionamento é por queda livre. A sua eficiência e a sua precisão são superiores em relação aos gravímetros relativos existentes. Os resultados obtidos indicam alta qualidade da determinação da aceleração da gravidade com a A-10 em condições de campo. Além disso, confirmam a aplicabilidade do A-10 para a implantação e modernização das redes gravimétricas de referência. Com o estabelecimento das redes será possível obter uma maior eficiência e precisão nos levantamentos gravimétricos relativos tradicionais, como também no estudo da maré terrestre e da geodinâmica. Alguns problemas práticos são discutidos a respeito da utilização e do processo de funcionamento do equipamento. Palavras chaves: Gravímetro, Rede Absoluta, Aceleração da gravidade ABSTRACT The aim of this work is to present the efforts for deploying absolute gravimetric networks in Argentina and in Brazil. The State of São Paulo is being contemplated with a network of absolute measures with 15 new stations and 3 reoccupations: Cananeia, São Paulo and Ubatuba. The new stations will be deployed at strategic locations such as stations that form the Brazilian Network for Continuous Monitoring (RBMC). In this way, the user will have available at least one station within a radius of 100 km. In Argentina, two campaigns were conducted in conjunction with the National Geographic Institute totaling 29 stations that make up the Argentinian Absolute Gravimetric Network (RAGA). The measurements were conducted in places near of the nodal points of altimetric network in that country. An absolute gravimeter A-10 model of Micro-g LaCoste, belonging to the Cartographic and Geographic Institute (IGC) of the State of São Paulo, was used in the measurements. This makes it possible to determine the value of the acceleration of gravity with precision of 10 µgal and its principle of operation is in freefall. Its efficiency and its accuracy are superior in relation to existing relative gravimeters. The results obtained indicate high quality of determination of the acceleration of gravity with the A-10 in field conditions. Additionally, confirm the applicability of the A-10 to the deployment and modernization of gravimetric networks of reference. With the establishment of the networks will be possible to obtain a higher efficiency and accuracy in relative gravimetric surveys traditional as well as in the study of Earth tide and geodynamics. Some practical issues are discussed regarding the use and the equipments process operation. Keywords: Gravimeter, Absolute Network, Gravity Acceleration 1. INTRODUÇÃO Uma vasta gama de fenômenos na Terra, como os efeitos da atração luni-solar, as consequências dos movimentos sísmicos, os movimentos de precessão e de nutação do eixo de rotação, as mudanças na velocidade de rotação, os movimentos de placas tectônicas e os processos vulcânicos precisam ser estudados. Eles estão relacionados com a redistribuição de massa na crosta e/ou mudanças na forma da Terra. Além disso, o equilíbrio elástico gravitacional da Terra é afetado, resultando em um processo lento e de pequenas mudanças de gravidade ao longo do tempo. A ordem da amplitude é 10-8 a 10-9 g (entre 10µGal e 1µGal), onde g é a aceleração de gravidade (média de 9,8 m/s2 para a Terra). Ao nível de precisão melhor do que poucas partes por milhão, a gravidade é sensível às anomalias causadas pela variação da densidade do subsolo. Elas representam mudanças devido às causas naturais ou às atividades humanas. Por exemplo, aquelas oriundas da variação de armazenamento de água, minério, depósitos de petróleo e de gás, umidade do solo, mudanças nas escavações feitas pelo homem, fluxo de massa dos vulcões ativos, entre outros. Baseado nessas questões um dos objetivos desse trabalho é a implantação de uma rede gravimétrica absoluta no estado de São Paulo. O estado contava até 2013 com 4 estações gravimétricas absolutas (Valinhos, São Paulo, Cananeia e Ubatuba). O Instituto Geográfico e Cartográfico e o Laboratório de Topografia e Geodesia/EPUSP, por meio de um convênio entre as partes, está implantando uma rede de medidas absolutas com 15 novas estações no Estado e a reocupação de 3 estações: Cananeia, São Paulo e Ubatuba. As mesmas serão implantadas em lugares estratégicos como em localidades que possuam estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC). Deste modo, o usuário terá a disposição ao menos uma estação em um raio de 100 km. As medidas estão sendo conduzidas utilizando um gravímetro absoluto modelo A-10 da Micro-g LaCoste. Este permite determinar o valor da aceleração de gravidade com precisão de 10 µgal e seu princípio de funcionamento é por queda livre, onde um objeto é solto no interior de uma câmara de vácuo e sua posição é monitorada com muita precisão usando um interferômetro laser. A sua eficiência e a sua precisão são superiores em relação aos gravímetros relativos existentes. Ao término do estabelecimento das estações será possível obter uma maior eficiência e precisão nos levantamentos gravimétricos relativos tradicionais, como também no estudo da maré terrestre e da geodinâmica. Outro objetivo é apresentar a implantação da rede absoluta na Argentina. Para tanto, duas campanhas foram realizadas e ao final 31 pontos observados ou reobservados. As estações foram medidas em locais próximos a pontos nodais da rede altimétrica daquele país. Uma rede absoluta de gravimetria tem como funções colocar em escalas as redes pré-existentes, servir de referência única para todas as novas redes relativas, atender à calibração de gravímetros relativos e auxiliar nos estudos e pesquisas que exijam alta precisão, como a geodinâmica de marés terrestres e a variação secular da gravidade. Atualmente, alguns trabalhos sobre implantação de redes absolutas estão sendo realizados (KRYNSKI; DYKOWSKI, 2014 e BONVALOT, et al., 2014) 2. O GRAVÍMETRO MICRO-G LACOSTE A-10 O gravímetro Micro-g LaCoste A-10 é composto de uma câmara de vácuo com um sistema de queda livre de uma massa (prisma) – unidade superior, de um interferômetro a laser – unidade inferior e de uma unidade eletrônica de controle para assistência ao funcionamento do aparelho a qual é acompanhada de um computador. O gravímetro deve ser mantido regularmente ligado a uma corrente, seja uma bateria de 12V, seja direto na energia. A energia mantém a câmara de vácuo bem como a temperatura do interferômetro a laser (MICRO-G LACOSTE, 2009). Viajando em um veículo o sistema pode (deve) facilmente ser mantido pela bateria do veículo. Numa situação menos favorável deve-se manter pelo menos a bomba de íon conectada à energia. Num caso mais extremo onde o equipamento é despachado como carga, totalmente desconectado da energia, o retorno do mesmo a uma situação de medição fica mais demorado. Neste caso, o primeiro cuidado é restabelecer o vácuo na câmara de queda livre. Este não é o caso quando se desliga por tempo muito curto a bateria, por exemplo, para retirar o gravímetro do veículo e estacioná-lo no ponto de medição, ligando-o imediatamente à energia. O gravímetro ligado na bateria implica na atuação constante da bomba de íon e na manutenção das condições de operação. O início da operação de medição depende da alternativa utilizada no transporte. A Fig. 1 ilustra o gravímetro A-10/32 posicionado em uma estação. Fig. 1 – Gravímetro A-10/32 sob o pilar na estação absoluta de Valinhos. Uma vez posicionado o equipamento sobre um ponto de interesse e realizada toda a configuração necessária para o aparato entrar em funcionamento, utiliza-se do software g9 para acompanhar as medições. O pacote computacional fornece sofisticada coleta de dados, processamento e capacidade de análise incluindo correções necessárias (maré, sismo, laser, sensibilidade, entre outros) para garantir que as medições gravimétricas estejam dentro da precisão estipulada (MICRO-G LACOSTE, 2012). As Fig. 2 e Fig. 3 ilustram uma das telas disponíveis no software e mostram o comportamento da medida. No primeiro caso, é retratado a segunda série de um total de 100 quedas, onde todas as medições são aceitas. É visualizado também, o valor da aceleração da gravidade bem como o desvio padrão. Neste caso, nota-se que as medidas tiveram um desvio padrão pequeno (entre ± 100µGal). Já o segundo caso, ilustra a primeira série de um total de 120 quedas, onde as medições tiveram um maior desvio padrão. Neste caso, alguns pontos foram rejeitados pelo programa (pontos em vermelho). Caso o local da estação escolhida não apresente uma certa estabilidade, o resultado da medida poderá ser comprometido e permanecer como na Fig. 3. Fig. 2 – Tela do software g9 com uma sessão de 120 medidas e desvio padrão baixo. Fig. 3 – Tela do software g9 com uma sessão de 120 medidas e desvio padrão alto. Em verde as medições aceitadas e em vermelho as rejeitadas. 3. A REDE ABSOLUTA NO ESTADO DE SÃO PAULO O estado de São Paulo, possuía até 2013 quatro estações absolutas (Cananeia, São Paulo, Ubatuba e Valinhos). Estas medidas foram conduzidas nos anos de 1970. A partir do ano passado surgiu a possibilidade de remedir essas estações, além de efetuar novas medições no interior do estado. A implantação da rede absoluta de gravimetria pretende estabelecer estações em lugares estratégicos, como em localidades que possuam estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC). Deste modo, o usuário terá a disposição ao menos uma estação em um raio de 150 km. A Fig. 4 ilustra a disposição das estações; em vermelho as estações já existentes e que serão remedidas; e azul as estações já ocupadas e em verde as novas medições que ocorrerão no decorrer de 2014. Fig. 4 – Distribuição das estações absolutas no estado de São Paulo. Paralelamente a medida absoluta, é medido o gradiente. Para tanto, utilizou-se um gravímetro relativo modelo CG-5 SCINTREX. O gradiente da estação é a diferença de g medido pelo equipamento, a uma altura de 70,5 cm do solo, e o valor de g no piso. Por definição o gradiente é 0,30 mGal/m. Esse valor transformado para µGal e multiplicado pela altura do equipamento, chega-se a um valor de 212. Essa grandeza foi considerada para o cálculo do novo gradiente. O valor de g final corrigido (Tabela 1) é dado pela seguinte expressão: g finalcorrigido = gradiente novo + ( g absoluto medido − 212) (1) onde: g base − g topo * 70,5 gradiente novo = dif . de altura (2) Tabela 1 – VALORES DA ACELARAÇÃO DA GRAVIDADE PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. Estação g base g topo diferença gradiente g absoluto gradiente g final (µGal) (µGal) de altura (µGal/cm) medido novo corrigido (cm) (µGal) (µGal) (µGal) Jaboticabal 978513400 978513021 120 3,1583 978512508 223 978512518 S. J. do R. Preto 978516524 978516271 97 2,6082 978516192 184 978516164 Lins 978590004 978589801 73 2,7808 978589354 196 978589338 Franca 978393162 978392989 55 3,1455 978393160 222 978393170 São Carlos 978489991 978489795 65 3,0154 978489963 213 978489963 São Paulo 979999146 979998960 67 2,7761 978641871 196 978641854 Valinhos 980000145 979999834 80 3,8875 978563687 274 978563749 Após a rede absoluta do estado de São Paulo ser completada, serão disponibilizadas as monografias de cada estação (Fig. 5). Estas compreenderão informações básicas como o nome da estação, as coordenadas geodésicas (φ, λ, H), data da medição, imagens da localização do ponto e o valor da aceleração da gravidade, bem como sua precisão. Fig. 5 – Monografia da estação de Jaboticabal – SP. 4. A REDE ABSOLUTA NA ARGENTINA A implantação da rede absoluta Argentina foi conduzida em duas campanhas. A primeira em Janeiro de 2014 (17 medições realizadas) e a segunda em Abril (14 medições) do mesmo ano. Cada campanha teve duração em torno de 25 dias, sendo que o planejamento da logística foi crucial para o bom desempenho do trabalho. A principal dificuldade foi conseguir um equilíbrio do gravímetro para trabalhar em temperaturas, ora muito elevadas (acima de 35ºC), ora muito baixas (abaixo de 10ºC). O gravímetro A-10 é termicamente estabilizado para atuar em temperaturas que variam desde -20ºC até 40ºC. Entretanto, ajustes na temperatura do laser e do compartimento de queda livre devem ser realizados de forma que o aparato possa trabalhar em equilíbrio. A Fig. 6 ilustra a distribuição dos pontos no país vizinho. Fig. 6 – Distribuição das estações absolutas na Argentina. Da mesma forma que no estado de São Paulo, na Argentina mediu-se o gradiente com um gravímetro CG-5. Os resultados dos valores absolutos são apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – VALORES DA ACELARAÇÃO DA GRAVIDADE PARA A ARGENTINA. g Base g Topo diferença gradiente g absoluto novo (µGal) (µGal) de altura (µGal/cm) medido gradiente (cm) (µGal) (µGal) Ggil 980000323 980000004 107 2,9813 979517569 210 El Zonda 980000134 980000002 58 2,2759 979141513 160 Ituzaingo 980000286 980000002 105 2,7048 979122555 191 La Rioja 980000144 980000003 66 2,1364 979042226 151 Lag. Yema 980000233 979999996 81 2,9259 978882434 206 Mendonza 980000234 980000011 80 2,7875 979199358 197 Mercedes 980000388 979999999 127 3,0630 979239727 216 Puerto Iguazu 980000228 980000000 90 2,5333 978905298 179 Quimili 980000351 980000003 117 2,9744 979123118 210 Rosario 980000279 980000007 105 2,5905 979548262 183 San Cristobal 980000331 980000008 109 2,9633 979327331 209 Salta 980000225 980000012 83 2,5663 978409209 181 San Luis 980000177 980000002 61 2,8689 979316782 202 Tucumán 980000233 980000006 81 2,8025 978885840 198 Tandil 980000282 980000020 96 2,7292 979903519 192 Victoria Mac. 980000241 980000001 78 3,0769 979579788 217 Vila Maria 980000091 980000000 37 2,4595 979473409 173 Corrientes 980000280 980000002 88 3,1591 979165187 223 Payssandu 980000328 980000002 106 3,0755 979523307 217 (Uruguai) Miguelete 980000285 980000001 94 3,0213 979688041 213 Bahia Blanca 980000070 979999994 31 2,4516 980046052 173 Perito Moreno 980000211 980000000 72 2,9306 980624350 207 Tres Lagos 980000212 980000000 81 2,6173 980959724 185 La Esperanza 980000087 980000000 39 2,2308 981084529 157 San Julian 980000255 980000002 84 3,0119 980993706 212 Comodoro 980000146 980000005 52 2,7115 980663566 191 Rivadavia Rawsom 980000241 980000003 76 3,1316 980457814 221 Esquel 980000258 980000002 93 2,7527 980231528 194 Neuquen 980000609 980000003 336 1,8036 979965567 127 Victorica 980000212 979999999 77 2,7662 979752541 195 Roberts 980000078 980000001 35 2,2000 979723537 155 Estação g final corrigido (µGal) 979517567 979141461 979122534 979042165 978882428 979199342 979239731 978905265 979123116 979548232 979327328 978409178 979316772 978885825 979903499 979579792 979473370 979165197 979523312 979688042 980046013 980624345 980959697 981084474 980993707 980663545 980457822 980231510 979965482 979752524 979723480 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho apresenta os esforços iniciais para a implantação de redes gravimétrica absolutas na América do Sul. Após a análise dos resultados preliminares de ambas redes, algumas questões são levantadas, como por exemplo: Qual é o valor máximo de desvio padrão aceitável para o valor de g? Esse valor máximo deverá estar associado às condições e estabilidade do local de medida. É necessário definir tolerâncias e parâmetros de precisão a serem considerados nos resultados das medições. Outra questão a ser discutida trata da ligação internacional de valores da aceleração da gravidade. Com a possiblidade de ter um valor absoluto em regiões fronteiriças (e.g. Foz do Iguaçu) a ligação poderá ser conduzida utilizando um gravímetro relativo. O gravímetro A-10 permitirá que sejam realizadas reocupações nas estações absolutas ao longo do tempo, permitindo observar a variação da aceleração da gravidade. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Instituto Geográfico e Cartográfico do estado de São Paulo por ter disponibilizado o gravímetro absoluto para a realização das redes e ao Instituto Geográfico Nacional da Argentina, por disponibilizar toda a infraestrutura e facilidades durante as campanhas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BONVALOT, S.; GABALDA, G.; GATTACCECA, T.; et al., Field measurements of Absolute Gravity: current status, examples and perspectives. Third International Symposium of the Gravity Field Service – IGFS3 June 30 – July 6, Shanghai, China, 2014. KRYNSKI, J.; DYKOWSKI, P. The use of the A10-020 absolute gravimeter for the modernization of gravity control in Poland. Third International Symposium of the Gravity Field Service – IGFS3 June 30 – July 6, Shanghai, China, 2014. MICRO-G LACOSTE, Inc. A-10 Portable Gravimeter User’s Manual, July 2008, 59 pp. MICRO-G LACOSTE, Inc. g9 User’s Manual, April 2012, 54 pp.