UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Por: Aline da Rocha Moreira Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2004 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Administração da Qualidade por: Aline da Rocha Moreira 3 AGRADECIMENTOS Agradeço acima de tudo a Deus, pela força, amor e preparação de todas as bênçãos da minha vida. Ao meus pais, pela dedicação, amor e que incansavelmente me ajudam. Ao meu noivo, pela compreensão e amor. As minhas amigas Alaide e Anna Paula, que me ajudaram neste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia aos meus amigos e familiares que me ajudaram e apoiaram nesta jornada. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Conceitos importantes 11 CAPÍTULO II - Obstáculos na implantação de GQTS 20 CAPÍTULO III - A Grande virada 39 CAPÍTULO IV – Proposta de implantação de um programa de qualidade total 47 CONCLUSÃO 52 BIBLIOGRAFIA 55 ÍNDICE 59 FOLHA DE AVALIAÇÃO 63 6 RESUMO O presente trabalho tem como escopo a análise dos principais aspectos para implantação de sistemas de qualidade na prestação de serviços. Os conceitos aqui apresentados são aplicáveis a empresas diversas, inclusive indústrias pois os Serviços inserem-se hoje em todas as atividades. 7 INTRODUÇÃO A cada dia que passa observa-se a contínua migração do trabalho mecânico para o trabalho em serviços. O homem vem sendo substituído pela robotização e, dessa forma, o setor de serviços vem experimentando uma crescente expansão. Esta transição de uma economia baseada na produção para uma economia baseada em serviços é uma tendência não só no mercado americano. É um fato de proporções mundiais. Portanto, toda a visão administrativa voltada para o produto (controles estatísticos, entre outros), precisa ser adaptada à necessidade de gerar excelência na prestação de serviços. Nem todas as organizações governamentais podem definir os “serviços ao cliente” da mesma maneira. Muitas não podem se basear nos conceitos comuns do mundo dos negócios, que privilegiam a idéia da transação. Se um cliente vai a um restaurante fast-food e compra um hambúrguer, é relativamente fácil definir os elementos chave do valor que ele recebe: a qualidade da comida, o preço, o tempo de espera, a limpeza da loja, a cortesia, a amabilidade dos funcionários e assim por diante. Mas muito daquilo que os órgãos governamentais fazem não é visto pelos “clientes”,isto é, o público. Eles precisam, portanto, de uma forma própria de definir seus “serviços”, para estabelecer padrões de desempenho e mensurar seu sucesso. Outro forte conceito aqui também mencionado é o de Qualidade Total nos Serviços. Trata-se de um princípio de qualidade que coloca a estratégia corporativa, os sistemas e as pessoas ao redor dos desejos e das necessidades dos clientes. 8 CAPÍTULO I CONCEITOS IMPORTANTES – MOMENTOS DA VERDADE E CICLO DE SERVIÇOS. Momentos da Verdade e Ciclo de serviços são dois conceitos importantíssimos quando se fala em qualidade em serviços. MOMENTO OU HORA DA VERDADE: É qualquer momento em que o cliente entra em contato com qualquer aspecto da organização e obtém uma percepção da qualidade de seu serviço. Exemplificando o conceito podemos citar os seguintes momentos da verdade em um consultório odontológico: n O cliente telefona para marcar horário; n O cliente reserva horário; n O cliente chega ao consultório e estaciona; n O cliente fala com a recepcionista; n O cliente aguarda na sala de espera; n O cliente entra no consultório; n O cliente fala com o dentista; n O dentista atende o cliente. Cada momento destes consiste num elo que compõe a corrente do “Ciclo de Serviços”. Um serviço nunca será uma ação isolada, mas sempre a 9 reunião de vários aspectos que influenciarão na qualidade percebida pelo cliente. Portanto, CICLO DE SERVIÇOS - é o conjunto de Momentos da Verdade experimentados por um cliente ao adquirir um serviço. É importante a gerência dos ciclos de serviços, pois a qualidade total é resultado da qualidade das partes. Voltando ao exemplo citado, não adianta o dentista ser excelente se a recepção é ruim e a localização do consultório dificulta o acesso do cliente. CLASSIFICAÇÃO: Segundo Sérgio Almeida (1995), os momentos da verdade podem ser classificados da seguintes forma: MOMENTO DA VERDADE TRÁGICO Neste momento a organização parece desenvolver toda a sorte de aborrecimentos para irritar e realmente espantar o cliente, fazendo com que este não volte nunca mais. MOMENTO DA VERDADE APÁTICO Neste caso, embora não exista a presença de situações trágicas, também não há qualquer interesse em fazer algo mais pelo cliente. Os contatos caracterizam-se pelo estrito cumprimento de normas, rigidez de comportamento e frieza de atendimento. MOMENTO DA VERDADE ENCANTADO Este deve ser o momento almejado por todas as organizações que pretendam permanecer no mercado. Aqui se desenvolvem ações voltadas a 10 encantar o cliente, superando suas expectativas. Há todo um esforço direcionado para a melhoria contínua de métodos e processos no sentido de satisfazer cada vez mais o cliente. Além desta classificação, outro importante conceito refere-se ao Momento da Verdade Crítico, que seriam momentos fundamentais sob a ótica do cliente. Karl Albrecht, no seu livro Revolução nos Serviços (1992), exemplifica com muita propriedade tal conceito: “Um cliente (paciente) está no leito de um hospital, pois acaba de ser internado em preparação para uma cirurgia no dia seguinte. Um mulher vestida com um uniforme branco entra no quarto carregando uma bandeja com uma seringa hipodérmica e alguns outros implementos. O cliente olha e percebe que a seringa é para ele. (...) Para o cliente, este é um evento psicológico importante. Supera, em termos de impacto, muitas outras horas da verdade. Não é o mesmo que a hora da verdade representada pelo momento em que se atravessa a porta de entrada do hospital, ou se passa pela recepção e se é internado, ou se recebe uma bandeja com comida no quarto. Esta realmente conta. Esta é uma das horas da verdade críticas para o cliente.” (Albrecth, 1992, pg.45) Ligado ao importante fator de Momento da Verdade, encontra-se a “Expectativa” do cliente. A qualidade percebida pelo cliente está diretamente relacionada com a sua expectativa. Alta expectativa sugere baixa satisfação, ou dificuldade em satisfazer, pois o grau de exigência será sempre maior. No livro “Cliente, eu não vivo sem você”, de Sérgio Almeida (1995) é apresentada a seguinte equação como medida de satisfação do cliente: 11 SATISFAÇÃO = percepção/expectativa “a satisfação do cliente é uma relação entre o que ele viu (percebeu) e o que ele esperava ver (expectativa).” (Almeida, 1995, pg.15) Dessa forma, a prestação de serviços com qualidade envolve toda uma análise do ciclo de serviços, mapeando e classificando cada momento da verdade. O entendimento da percepção do cliente é a base que gera parâmetros para a gestão da qualidade em serviços. 12 CAPÍTULO II OBSTÁCULOS À IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE QUALIDADE De um modo geral, os obstáculos enfrentados para a implantação de Programas de Qualidade são os mesmos em qualquer organização. Ora, não é possível criar e manter um sistema voltado para a excelência de resultados baseado apenas em normas, métodos e controles estatísticos. O sustentáculo de um Programa de Qualidade são as pessoas, assim como são elas a mola propulsora de uma organização. É aí que as coisas se complicam. A seguir são discutidos as principais barreiras contra as quais se deve prevenir para a implantação de programas de qualidade. 2.1 CULTURA E CLIMA A cultura organizacional é um fator de forte influência a ser analisado. Um projeto apresentado para uma grande empresa previa a implantação completa em 5 anos. Ao analisarem mais profundamente o projeto observouse que a meta atingível seria de no mínimo 7 a 8 anos, ou até mais. Ora, não seria possível mudar a cultura de uma empresa de mais de 100 anos em apenas 5. Além disso, a maioria dos funcionários possuía, em média, 15 anos de serviço. Há toda uma cultura instalada e que já se cristalizou na cabeça das pessoas. Imaginem um gerente que há 10 ou 15 anos gerencia observando com rigor a hierarquia que ele reconhece como um importante valor. Num determinado dia o presidente resolve implantar um programa de qualidade mudando o enfoque para ênfase na gestão participativa, onde todos podem opinar. Será que este gerente vai agir no dia seguinte dentro desta nova visão? Com certeza nem mesmo no mês seguinte ele conseguirá mudanças significativas no seu modo de gerenciar. O processo de mudança 13 é doloroso e lento iniciando-se pela conscientização para depois passar para a ação. É preciso que as metas e propostas de um programa de qualidade levem em consideração a cultura existente na empresa, inserindo novos valores sem abalar a psicodinâmica já instalada. Agredir a cultura não é o melhor caminho para elevar a qualidade e produtividade. Para trabalhar a cultura é necessário sensibilidade, respeito e tempo. Sensibilidade para compreender os valores e princípios que regem a organização e a partir daí adaptar métodos, conceitos e técnicas à realidade do ambiente analisado. Respeito para com as pessoas e os valores que sustentaram suas conquistas até o momento e que necessariamente não precisam ser totalmente eliminados ou alterados. É preciso destacar e valorizar o que já existe de bom. Tempo é uma variável que não se domina quando se fala em processos de mudança. Não adianta sair atropelando as pessoas estabelecendo metas inatingíveis. Não observar o tempo necessário à assimilação das mudanças é correr o risco de se perder a efetividade das ações, pois o programa torna-se um fim em si mesmo e não um meio de melhoria. As pessoas estarão apenas cumprindo metas esquecendo do objetivo principal que é a melhoria da qualidade para cliente internos e externos. “Para conseguirmos fazer com que quase todas as pessoas elevem seus padrões individuais e suas expectativas quanto a si próprios e uns dos outros, precisa existir uma atmosfera adequada.” (Albrecht 1992, pg.47) 14 Além de se observar a cultura da empresa é preciso criar condições favoráveis para se iniciar um processo de mudança. Alguns requisitos fundamentais para um clima propício envolvem os seguintes aspectos: · Sentimento relativamente forte de otimismo; · Crença de que o projeto vale a pena; · Nível razoável de trabalho em equipe e cooperação; · Senso razoável de lealdade e identificação com a organização. Somente com a presença destes elementos é que as pessoas poderão motivar-se a empregar tempo e esforços num objetivo comum. A organização que quiser realmente implantar um programa de qualidade terá que buscar alcançar este clima mostrando com ações efetivas que as pessoas são valorizadas e que as melhorias almejadas serão para todos e não somente para a empresa. Este argumento de convencimento não se consegue com discursos mas com práticas e políticas desenvolvidas com honestidade. A direção terá que ter credibilidade (e isso só se consegue com uma série histórica de atos que garantam a idoneidade da administração) para conquistar o comprometimento e liderar o processo de mudança. 2.2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO “(...) uma organização não pode ter uma cultura positiva e voltada para o sucesso quando a qualidade de vida no trabalho é baixa para muitos de seus membros.” Karl Albrecht, 1992, pg.23 15 A qualidade de vida no trabalho estrutura-se em oito dimensões: 1- Compensação justa e adequada; 2- Condições de trabalho seguras e salutares; 3- Oportunidade imediata de utilizar e desenvolver a capacidade humana; 4- Oportunidade para continuidade de crescimento e desenvolvimento; 5- Integração social nas organizações de trabalho; 6- Constitucionalismo na organização de trabalho (democracia na relações de trabalho); 7- Espaço de trabalho dentro da vida como um todo (equilíbrio entre vida profissional e particular); 8- Relevância social da vida no trabalho (orgulho em pertencer à empresa decorrente da boa imagem que esta possui no cenário social.). A empresa que quer manter altos índices de desempenho e melhorar a qualidade de seus serviços continuamente deve atentar para a necessidade de equacionar os objetivos organizacionais, individuais e sociais. As dimensões descritas acima representam todo um composto a ser observado para criar o ambiente ideal para a qualidade de vida no trabalho. Pode-se dizer que a QVT é a viga mestra de um Programa de Gestão pela Qualidade Total, pois a satisfação do cliente externo só é verdadeiramente possível estando o cliente interno atendido, motivado. 16 2.3 NECESSIDADE DE LIDERANÇA Um fator primordial para a eficácia de um Programa de Qualidade em serviços é a existência de uma forte liderança da Direção da organização. Liderança consiste na capacidade de inspirar confiança e conquistar o apoio das pessoas. Esta capacidade é dada em função de atitudes coerentes com o discurso apresentado. Mais do que visão administrativa, liderar envolve uma profunda habilidade de inter-relacionamento pessoal. Demonstrar interesse para com as pessoas, conhecê-las além de seus cargos e funções é o caminho para ganhar o comprometimento com as metas organizacionais. Ocorre que da forma como as empresas estão atualmente estruturadas provoca uma grande dificuldade para gerentes, supervisores e direção inserir em sua cultura este espírito de liderança. A visão tradicional reconhece apenas o líder formal que dirige seus subordinados com a força de um cargo (autoridade formal). Em geral, as metas organizacionais estabelecidas demonstram pouca ou nenhuma preocupação com quem vai executá-las. Para desenvolver a liderança na empresa é preciso basear a seleção para cargos de Direção em critérios que analisem habilidades emocionais e não apenas técnicas. Outro meio para avaliar a capacidade de liderança consiste no instrumento de avaliação de desempenho onde subordinados avaliam superiores. Algumas empresas já realizam este tipo de avaliação e conseguem resultados significativos no sentido de orientar o profissional para uma atuação mais competente na administração de pessoas. 17 2.4 RIGIDEZ NORMATIVA Algumas organizações estão estruturadas de forma estritamente normativa. Há um rigor excessivo no cumprimento de normativos, inclusive com regras punitivas no caso de descumprimento ou desvios. O que se observa nestas organizações é a dificuldade das pessoas exercerem o bom senso. As normas estão acima de todas as coisas. “Na organização artrítica, as pessoas não estão autorizadas a pensar.(...) Neste tipo de organização, não fazer nada errado torna-se mais importante do que fazer alguma coisa certa.” Karl Albrecht 1992, pg.78 A rigidez normativa compromete a possibilidade de mudanças, de analisar outros caminhos para a solução de problemas e o atendimento das necessidades do cliente torna-se lento quando foge ao que foi estabelecido. Para alcançar êxito na implantação de qualidade em serviços é preciso trabalhar na cultura da organização “artrítica” a necessidade de mudar a visão no tratamento de falhas e erros. Um nissei que foi trabalhar no Japão dando depoimento sobre sua experiência na revista Veja, destacou bem essa diferente visão: “No Brasil quando ocorre algum erro, procura-se o culpado para puni-lo. Aqui, quando acontece algum erro procura-se não o culpado mas as causas do erro.” Punir um “Culpado” não elimina os vícios e erros que estejam ocorrendo em um processo, uma vez que não foram enfocadas as causas. Bus- 18 car analisar todos os fatores que prejudicam o bem desempenho é o caminho para a melhoria contínua. 2.5 CONFLITOS INTERNOS Outra barreira a ser trabalhada para atingir a Qualidade em Serviços envolve a eliminação de conflitos internos na organização. Estes conflitos podem ser : - decorrentes de valores, crenças, tradições e até formação profissional que criam comportamentos que denotam um preconceito com relação à prestação de serviços. - referentes a incentivos divergentes entre qualidade e custos e qualidade e produção. As pessoas são bombardeadas com metas e “slogans” estabelecendo objetivos paralelos. Dessa forma o cliente final acaba ficando em segundo plano, quando a lucratividade da empresa depende diretamente da satisfação deste. - relativos às disputas de poder entre pessoas ou entre departamentos e setores da organização ou ainda entre a Direção Geral e os funcionários. De ordem psico-social este tipo de problema é de difícil solução. Cabe a Direção Geral da organização não ignorar tal tipo de problema e com conversa franca conquistar uma base de sustentação forte para a implantação de um programa de qualidade. 19 CAPÍTULO III A GRANDE VIRADA - Mudança de Enfoque que garante a Qualidade. Paradigma é um conjunto de normas e regulamentos que determinam a forma de visualizar e agir no meio ambiente. Um fenômeno que pode destruir a organização é a paralisia de paradigma, que seria a crença de que não existe outra verdade do que aquela já estabelecida, não havendo portanto, espaço para mudanças, adaptação às novas tendências e melhoria de processos. Um grande paradigma da organização atual é a sua estrutura hierárquica muito calcada ainda na visão industrial. Adequar a visão industrial, voltada para o produto, à realidade do mercado (o cliente é “rei”) consiste numa inversão da pirâmide hierárquica. Não significa destruir e eliminar a hierarquia, mas simplesmente alterar alguns conceitos e valores. Perceber que mais importante que atender o chefe ao telefone é atender um cliente que aguarda. Perceber que o lucro da empresa não resulta da satisfação dos gerentes, diretores e presidentes, mas da satisfação das pessoas que se utilizam de seus serviços. As metas da organização devem ser estabelecidas em função do que o mercado está exigindo, o que o cliente quer. A função da direção não é dar ordens e ser a elite pensante para uma massa executante, mas sim transformar toda e empresa num organismo inteligente e autônomo. Deve-se criar condições para a gestão participativa e para dar à linha de frente meios concretos de sanar problemas e atender às expectativas das pessoas que sustentam toda a organização - os clientes. 20 Invertendo a Pirâmide organizacional Cliente Funcionários Gerência Diretoria Presidência O cliente vem em primeiro lugar! Os cargos de direção e chefia desenvolvem liderança, apoio, e consultoria para que a base possa bem atender ao cliente! 21 CAPÍTULO IV PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE QUALIDADE TOTAL Após a análise de conceitos e fatores de influência na implantação de um programa de Qualidade em Serviços, apresenta-se a seguir um pequeno projeto contendo uma visão estrutural da Gestão pela Qualidade Total, passos preliminares, fases de desenvolvimento e conteúdos programáticos. 4.1 ESTRUTURA DE GQT A Gestão pela Qualidade Total, GQT, estrutura-se em três “Q’s”: Qualidade de Conformidade - tem como medida os padrões e objetivo, o “zero defeito”; Qualidade de Adequação - tem como medida o “benchmarking” (procurar os melhores processos, comparando e adaptando o que for melhor) e objetivo, a superação dos padrões; Qualidade de Vida - tem como medida o “Clima Organizacional” , visando a parceria e comprometimento dos funcionários. O Método para alcançar os objetivos propostos é a melhoria contínua ou seja, fazer girar o ciclo PDCA - Plan (planejar), Do(executar), Check (checar, controlar) e Act (agir corretivamente). O primeiro “Q” refere-se à relação Empresa x Cliente. O segundo “Q” representa a relação Empresa x Produto e o terceiro “Q” mostra a relação Empresa x Funcionário. Buscar a melhoria contínua destas relações é a forma de se alcançar a Qualidade “TOTAL”! Os resultados para a empresa que conseguir implantar esta estrutura organizacional será a redução de custos, o aumento de receita e conseqüentemente a lucratividade financeira e moral. 22 4.2 MISSÃO, VISÃO E VALORES A busca da qualidade no desenvolvimento de produtos e serviços compreende antes de tudo uma reflexão que permita orientar a organização na definição dos rumos de seu negócio. É como saber qual a língua que se deseja falar ou estabelecer as regras de um jogo - o jogo da Qualidade. É preciso saber “aonde” se quer chegar e “como” fazer para atingir os objetivos traçados. Quando não há essa definição corre-se o risco da existência de conflitos entre metas e objetivos, entre indivíduo e organização. Tal filosofia representa uma mudança de foco, onde a organização volta-se para o mercado externo, procurando visualizá-lo e ouvi-lo, e não mais se concentra no simples aprimoramento de produtos esperando que os clientes a eles se adaptem. Daí a importância da definição de Visão, Missão e Valores a fim de direcionar os esforços de melhoria para o efetivo alcance da Qualidade em produtos e serviços. VISÃO, NEGÓCIO, MISSÃO E VALORES A VISÃO consiste em traduzir a Atividade-Fim de uma forma ampla, abrangente, que alcance o direcionamento de ações futuras. Uma visão inovadora pode prover um caminho para as mudanças comportamentais e mobilizar os funcionários em torno delas. A definição de uma Visão atende às seguintes necessidades: - mudanças, - atitudes criativas; e senso de direção. O NEGÓCIO de uma organização é o seu espaço sócio-econômico de atuação. Pode-se ter uma Visão estreita ou ampliada do Negócio, o que lhe servirá de orientação. 23 A MISSÃO ajuda-nos a “Focar no essencial” e a definir “Políticas e Rumos do Negócio”. Orienta e delimita as ações da organização, definindo a que ela se propõe. Exprime a razão da sua existência. Deve funcionar como uma bússola dirigindo as pessoas para atender às expectativas relativas à existência da organização. Os VALORES revelam o “Caráter” da organização e contribuem para evitar conflitos. São como balizadores para o processo decisório e para as ações relativas ao cumprimento da Missão. 4.3 FASES DE IMPLANTAÇÃO Vários são os programas que apresentam diferentes modelos de implantação: módulos de treinamento auto-instrucional, consultorias externas, etc... O que todos têm em comum e que é fundamental é que se deve trabalhar três importantes subsistemas organizacionais Cultural - abordando valores e crenças; Técnico - analisando problemas; Político - desenvolvendo a visão empresarial. A metodologia de implantação pode-se desenvolver em 4 grandes fases: Sensibilização, Fundamentos Básicos e Ferramentas, Sustentação e Aperfeiçoamento Específico. A fase de sensibilização compreende a preparação, iniciando pela Direção, para a assimilação de novas posturas. Envolve conscientização e comprometimento. 24 A fase seguinte destina-se a capacitar o corpo funcional para a implementação gradativa. Trata-se de educar a organização transmitindo valores e conhecimentos de ordem técnica e filosófica. A Sustentação consiste em reuniões periódicas para troca de experiências e informações com o objetivo de garantir a manutenção do processo. Aperfeiçoamento Específico abrange cursos estritamente dirigidos a temas de interesse para a qualidade de serviços em que se observa a carência de treinamento. Segundo Karl Albrecht (1992), um programa de qualidade em serviços compõe-se de cinco fases básicas: 1 - Compreender o cliente; 2 - Definir sua estratégia de serviço; 3 - Educar a organização; 4 - Implantar as melhorias a nível operacional; 5 - Tornar a mudança permanente. Estas cinco fases estão perfeitamente inseridas na proposta anteriormente apresentada, constituindo apenas um enfoque mais restrito. Em todo caso, destaca-se a necessidade de se adaptar propostas de implantação à realidade da organização para que se logre êxito. 4.4 CONTEÚDOS Os conteúdos a serem tratados na fase de implementação propriamente dita devem conter temas filosóficos e técnicos. É importante que a parte de conscientização esteja sempre presente criando um clima de inte- 25 gração propício ao desenvolvimento do processo. Os temas principais são os seguintes: Conceitos básicos de qualidade; Princípios da GQT; Programas 5S; Gestão Participativa; Gerência de Processos; Ferramentas Estatísticas. 26 CONCLUSÃO A gestão de Qualidade na área de serviços possui uma complexidade maior do que na área industrial. Para definir padrões de excelência para um produto tangível basta elaborar pesquisa de mercado e determinar numericamente as características desejadas pelo cliente. Um padrão de excelência em serviços envolve questões bem mais complicadas como lidar com o que seria a parte abstrata da organização - cultura, clima, grupos informais. Trabalhar apenas ferramentas técnicas para análise e melhoria de processos é perder esforço e tempo para conquistar um resultado medíocre. É fundamental que a organização seja previamente analisada, sentida e que haja uma consciência das dificuldades que podem ser encontradas na implantação de um Programa de Qualidade em Serviços. Ignorar os obstáculos naturais e possíveis pode frustrar o processo e desmotivar as pessoas. É preciso identificar líderes com perfil adequado a promover a implantação de um Programa de Qualidade. Os requisitos para escolha destes líderes envolvem habilidades técnicas e humanas. O profissional da qualidade deve ser um otimista e ter antes de tudo constância de propósito. Colocar o cliente em primeiro lugar, tanto o externo como o interno é o ponto de partida para uma “grande virada”, invertendo a pirâmide organizacional. Com essa mudança de visão a estrutura administrativa existe para apoiar a base e garantir os meios para a satisfação do cliente. Todos os produtos devem ser analisados do ponto de vista do cliente, estabelecendo um ciclo que registra cada “momento da verdade”(“interface” cliente-empresa). Os desafios contidos numa proposta de implantação de um Programa de Qualidade em Serviços são muitos, mas a melhoria contínua de produtos e processos torna-se cada vez mais uma necessidade premente. Os custos de implantação podem ser considerados altos, entretanto, analisando a relação custo-benefício, os custos da “não-qualidade” são bem maiores. Ressalte-se ainda que cumprida todas as fases de implantação deve-se procurar manter a preocupação permanente com a qualidade dos serviços, pois a 27 expectativa do cliente altera-se continuamente e a própria empresa está sujeita a mudanças. “Na Era dos Serviços, o serviço não é apenas alguma coisa sobre a qual os administradores devem pensar de vez em quando; ele é a administração.” Karl Albrecht 1992, pg.64 28 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Sérgio. Cliente eu não Vivo sem Você. O que você não pode deixar de saber sobre qualidade em serviços e clientes. Salvador (BA). Editora Casa da Qualidade, 1995. ALBRECHT, Karl. Revolução nos Serviços . Como as Empresas podem revolucionar a maneira de tratar os seus clientes. Livraria Editora Pioneira. São Paulo (SP), 1992. CORRÊA, Henrique Luiz e GIANESI, Irineu G. N..Administração Estratégica de Serviços. Operações para a Satisfação do cliente. Fundação Vanzolini. Editora Atlas S/A, 1994. São Paulo (SP). DREBTCHINSKY, Julio. Implementação de Sistemas da Qualidade (Série ISO 9000).1 ed. Editora Saraiva, 1996. São Paulo (SP). MOLLER, Claus. O Lado Humano da Qualidade. Maximizando a Qualidade de Produtos e Serviços Através do Desenvolvimento das Pessoas. Pioneira Editora, 1995. 9º ed. São Paulo (SP). 29 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 SUMÁRIO 5 RESUMO 6 INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I 8 Conceitos importantes – momentos da verdade e ciclo de Serviços CAPÍTULO II 12 Obstáculos na implantação de GQTS 2.1 - Cultura e Clima 12 2.2 - Qualidade de Vida no Trabalho 14 2.3 - Necessidade de Liderança 16 2.4 – Rigidez normativa 17 2.5 – Conflitos internos 18 CAPÍTULO III 19 A grande virada - mudança de Enfoque que garante a Qualidade CAPÍTULO IV 21 Proposta de implantação de um programa de qualidade total 4.1 - Estrutura de GQT 21 4.2 - Missão, Visão e Valores 22 4.3 – Fases de Implantação 23 4.4 – Conteúdos 24 30 CONCLUSÃO 26 BIBLIOGRAFIA 28 ÍNDICE 29 FOLHA DE AVALIAÇÃO 31 31 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Título da Monografia: QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Autor: ALINE DA ROCHA MOREIRA Data da entrega: 01/10/2004 Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Conceito Final: