Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa
Editorial
Em 2012, a Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes assinou o Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), firmando o compromisso de assegurar a plena alfabetização
de todas as crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental.
Dentre as ações traçadas nesse pacto, destaca-se a formação continuada dos professores alfabetizadores, desenvolvida a partir de um processo de formação entre pares, na modalidade presencial.
Em 2013, os professores participaram de um curso com ênfase em Linguagem e carga horária de 120
horas. Em 2014, o curso foi estruturado em 160 horas, para aprofundamento e ampliação de temas
tratados em 2013, e com foco em Matemática, articulada a outros componentes curriculares.
Nesta edição, a Revista Educando em Mogi mostra um sucinto panorama da estruturação do
PNAIC-2014 e traz relatos de práticas em sala de aula dos professores, que estão participando das formações pela Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes. Esses professores mostram, por
meio de seus relatos, como as formações têm auxiliado no planejamento e desenvolvimento das aulas
de Matemática e, em alguns casos, como modificaram seus olhares para o ensino dessa disciplina.
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publicação da Secretaria de Educação de Mogi
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Foto de Guilherme Berti (CCS)
das Cruzes, por meio da Coordenadoria de
CTP, Impressão e Acabamento
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Colaboraram nesta Edição
A Revista Educando em Mogi nº 70 é uma
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Alana Aparecida Pereira R. Silva
Ipiranga - São Paulo - SP
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Tel.: (11) 2063.7000
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Comunicação Social, e não se responsabiliza
por conceitos emitidos em artigos assinados.
Índice
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PNAIC - 2014:
a matemática como foco de formação
20
34
8
A interdisciplinaridade
como ferramenta na aprendizagem
18
12
16
A matemática pode ser divertida
13
Brincando com os números:
desafio numérico
PNAIC em ação: desafios das salas
multisseriadas em escolas rurais
Jogos matemáticos na sala de aula
O jogo "Completando com formas geométricas"
e uma releitura da obra de Kandinsky
23
31
Trilha matemática do saci
26
30
Arte, música e geometria
27
É brincando que se aprende
Trabalhando com vitral
Alfabetizando em matemática
Linguagens, matemática e arte
35
O jogo “Descubra quem sou eu”
36
Desenvolvendo a aprendizagem
matemática por meio da interação
39
Um fechamento memorável
PNAIC 2014
A matemática como
foco de formação
Marcia Regiane Miranda
“O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC) é um compromisso formal assumido pelos governos Federal, do Distrito Federal, dos Estados e Municípios para assegurar a plena alfabetização de todas
as crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano
do ensino fundamental”. (BRASIL, 2014, p. 8)
As ações do Pacto apoiam-se em quatro eixos de atuação:
1) Materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio
pedagógico, jogos e tecnologias educacionais;
2) Gestão, controle social e mobilização;
3) Avaliações sistemáticas;
4) Formação continuada presencial para os professores, sendo esse último considerado o principal.
A adesão ao PNAIC pela Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes ocorreu em 2012 e os encontros de formação dos professores começaram em 2013.
Primeiramente, os professores participaram de um curso
de 120 horas com ênfase em Linguagem e, em 2014, o curso foi estruturado em 160 horas, para aprofundamento e
ampliação de temas tratados em 2013, e com foco em Matemática, articulada a outros componentes curriculares.
Em Mogi das Cruzes, os professores do 1º ao 3º ano
têm participação obrigatória e os professores com turmas
de 4º ou 5º ano têm participação facultativa.
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Os encontros presenciais são realizados em horário
de serviço e organizados da seguinte forma: quinzenalmente, às quartas ou quintas-feiras (4 horas), ou mensalmente, aos sábados (8 horas). Além disso, fazem parte
dessa formação atividades como plantão de dúvidas,
planejamento e aplicação de sequências didáticas, palestras, oficinas e um seminário.
A formação desses professores é dada pelos seus pares, denominados, na estrutura do Ministério da Educação, Orientadores de Estudos. Esses profissionais são
selecionados pelos municípios e por critérios predeterminados pela esfera federal.
A Secretaria Municipal de Educação de Mogi das
Cruzes conta com 18 Orientadoras de Estudos, que são
responsáveis pela formação de 594 professores em 2014.
Essas profissionais participam de um curso de 200 horas,
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ministrado por formadores selecionados e preparados
pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Parte dessa carga horária é realizada a distância, por meio da
plataforma Moodle. A parte presencial é distribuída em
6 encontros: 2 encontros na UFSCAR e 4 encontros nos
polos de formação. Mogi das Cruzes é um dos polos de
formação, constituído por 24 municípios e São Carlos é o
outro polo, com 55 municípios.
Além da preparação dada pela UFSCAR, em âmbito
municipal, esses Orientadores de Estudos frequentam
reuniões semanais de planejamento com a Coordenadora
Local. Nessas reuniões, são realizados estudos dos Cadernos de Formação, consensuadas ações e pautas dos
encontros presenciais dos professores alfabetizadores,
preparados os materiais e planejadas, coletivamente, as
estratégias de formação.
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Os Cadernos de Formação (2014) foram elaborados por profissionais reconhecidos na Educação Matemática e
constituem um suporte para as formações. Esse material é constituído por oito unidades, conforme quadro a seguir:
Fazem parte também desse material os seguintes cadernos complementares: Apresentação, Jogos na Alfabetização Matemática, Encarte – Jogos na Alfabetização,
Educação Inclusiva e Educação no Campo.
Além da utilização desse material como base para o
planejamento dos encontros dos professores, há ainda
uma preocupação em seguir as orientações recebidas
pela UFSCAR e em contemplar as três vertentes do
conhecimento do professor, segundo Shulman (1986):
o conhecimento do conteúdo da disciplina; o conhecimento didático do conteúdo da disciplina e o conhecimento do currículo.
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Segundo esse autor, o professor deve conhecer o conteúdo que vai ser ensinado. Desta forma, nas reuniões
semanais com as Orientadoras de Estudos, muitas vezes
são abordados tópicos específicos de Matemática, conforme conteúdos tratados no Caderno de Formação que está
sendo estudado. São esclarecidas dúvidas e colocadas na
pauta das formações para estudo de alguns tópicos de
Matemática considerados importantes. Convém ressaltar
que essa vertente compreende também o estabelecimento
de relações entre os diferentes tópicos da Matemática (relações internas) e as relações entre a Matemática e outras
áreas do conhecimento (relações externas).
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No que se refere ao conhecimento didático do conteúdo da disciplina, ou seja, a combinação do conhecimento
matemático e o modo de ensiná-lo, é amplamente tratado
nos Cadernos de Formação. Assim, nas pautas, esse aspecto aparece contemplado nas sugestões de jogos, nos
estudos sobre as formas de abordar os conteúdos matemáticos, nos relatos de professores, nas orientações didáticas dentre outros.
Com relação ao conhecimento do currículo, há sempre
uma preocupação em resgatar os Direitos e Objetivos de
Aprendizagem, abrangidos pelos Cadernos de Formação, e as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica - Matemática, material curricular da Secretaria
Municipal de Educação de Mogi das Cruzes.
Essas três vertentes são sempre tratadas nas formações
de modo articulado, embora aqui tenham sido apresentadas de maneira separada, e essa estrutura de planejamento tem trazido consequências positivas:
Diversos professores admitiram dificuldades em trabalhar Matemática com seus alunos, especialmente devido à fragilidade em sua formação inicial nessa disciplina.
Os encontros têm possibilitado ampliação do conhecimento e esclarecimento de dúvidas.
Os professores ficam motivados ao vivenciar algumas propostas de atividades e jogos. Pelos depoimentos
dos Orientadores de Estudos e dos próprios professores,
observaram-se entusiasmo e interesse. Isso reflete nas aulas de vários docentes que têm aplicado os jogos propostos pelo PNAIC com seus alunos.
Os Cadernos de Formação são permeados de relatos
que trazem boas experiências. Isso exemplifica possibilidades de trabalho em sala de aula, diferentes dos modelos tradicionalmente adotados, como, por exemplo, resolução exaustiva de listas de exercícios. O estudo desses
relatos tem suscitado muitas reflexões.
O currículo passa a ser visto como algo importante a
ser praticado e não algo simplesmente prescrito.
Marcia Regiane Miranda é mestre profissional em Ensino de Matemática (PUC/SP), especialista em Educação
Matemática (PUC/SP), graduada em Ciências-Matemática
(UBC), Pedagogia (UNINOVE) e Arquitetura e Urbanismo
(UMC). Atualmente é Coordenadora Local do PNAIC em
Mogi das Cruzes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Apresentação. Brasília: MEC, SEB, 2014. 72p.
SHULMAN, Lee. Those who understand: knowledge groth in teaching. Educational Research, n. 15, p. 4-14, 1986.
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A interdisciplinaridade
como ferramenta na
aprendizagem
Edvania Cristina Cipriano Rodrigues da Silva
Quando falamos em interdisciplinaridade, logo nos
vem a cabeça a ideia de que ela se organiza como um trabalho em que se “juntam” algumas áreas de conhecimento
para realizar um projeto. Na verdade, a interdisciplinaridade vai além da utilização desfragmentada de disciplinas para alcançar os objetivos propostos para aquele fim.
A finalidade maior de se trabalhar com um projeto ou
com conteúdos de forma interdisciplinar é fazer a integração das disciplinas sem que elas percam sua característica
individual. Essa afirmação pode ser observada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999):
A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas,
ao contrário, mantém sua individualidade.Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das
múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a
realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negociação de significados e registro
sistemático dos resultados. (BRASIL, 1999, p.89)
Foi a partir desse pensamento que demos início ao
trabalho junto aos alunos do 2º ano B, da Escola Municipal Monteiro Lobato. O nosso ponto de partida foi
a leitura do texto “A loja da Dona Raposa”. A partir da
leitura desse texto, foram organizadas diversas atividades para atingir os objetivos propostos em cada
área do conhecimento.
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Em Língua Portuguesa, na qual o nosso foco principal
é a alfabetização e o letramento, realizamos uma roda de
conversa sobre o assunto do texto e sobre os animais que
aparecem nele, classificando-os quanto ao número de letras, sílabas e letra inicial, também de forma escrita.
Todo o trabalho de interpretação oral do texto fez com
que os alunos começassem a desenvolver alguns aspectos
importantes para o letramento:
Alfabetizar na perspectiva do letramento também é compreender que se ensina para que as
crianças sejam sujeitos capazes de expor, argumentar, explicar, narrar, além de escutar atentamente e opinar, respeitando a vez e o momento de
falar. Nesse sentido, entende-se a importância da
escola como instituição social responsável pela sistematização dos saberes. (BRASIL, 2012, p.11)
Na oralidade também trabalhamos alguns conceitos
referentes às Ciências Naturais e Sociais, pois exploramos
as características desses animais, relacionando cada um
deles ao seu habitat, tipo de alimentação e a forma como
interage com o ser humano.
Na Matemática, o foco foi o trabalho com as operações
de adição e subtração, contagem e sequência numérica.
Como estratégia, foi escolhido o “Jogo da Trilha” por entendermos que os jogos são importantes recursos didáticos para a aquisição do conhecimento.
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Antes do relato dessa atividade, consideramos conveniente explicar que a palavra "jogo" se origina do vocábulo latino ludus, que significa diversão, brincadeira,
e que é concebido como um recurso capaz de promover um ambiente planejado, motivador, agradável e
enriquecido, possibilitando a aprendizagem de várias
habilidades. Dessa forma, alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem podem aproveitar o jogo
como recurso facilitador na compreensão dos diferentes conteúdos pedagógicos.
O caderno do PNAIC “Jogos na Alfabetização Matemática” (BRASIL, 2014) relata que, se trabalharmos com os
jogos de forma adequada, possibilitaremos aos nossos
alunos o desenvolvimento de capacidade de organização, análise, reflexão e argumentação, além do desenvolvimento de conteúdos atitudinais como: aprender a trabalhar em grupo; respeitar as regras estabelecidas; lidar
com a perda e o ganho, entre outros.
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A trilha foi organizada na quadra da escola para facilitar a organização dos grupos. Os alunos representantes decidiam quem ia começar a jogar. O aluno jogava o dado e andava a quantidade de casas sorteada.
Eles iam jogando e, à medida que avançavam as casas,
somavam ou subtraiam de acordo com o que estava escrito na casa correspondente.
Era feito um revezamento entre todos os alunos do
grupo. Na trilha, os alunos também trabalharam com a
leitura, pois tinham que ler o comando dado pelo animal
correspondente àquela casa onde parou.
Ganhava o jogo o grupo que conseguia passar por todos os obstáculos e chegava ao final da trilha.
Essa atividade foi bastante produtiva, pois os alunos
começaram a perceber quais as dificuldades que tinham
em relação à contagem e às operações e buscavam estratégias, durante o jogo, para resolvê-las. Vygotsky, citado
por Rego (2000), fala que:
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“[...] é na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua
idade, além de seu comportamento diário. A
criança vivencia uma experiência no brinquedo
como se ela fosse maior do que é na realidade... o
brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência da criança”.
(REGO, 2000)
Para finalizarmos o nosso trabalho com essa temática
da interdisciplinaridade, realizamos algumas atividades
na área de Arte a partir da leitura citada no início deste
trabalho e do CD “A arca de Noé” (MORAES, 2013). Nessa
atividade os alunos comparavam os animais que apareciam no texto com os que apareciam na música, atentando para as suas características. Em seguida, os alunos
confeccionaram máscaras desses animais.
A partir de todas as atividades desenvolvidas podemos avaliar esse trabalho de forma positiva. A avaliação
partiu das respostas dadas pelos alunos ao longo do processo, pois deu para observar o que foi compreendido e
no que ainda precisaria avançar.
Um dos pontos analisado foi o momento em que fazíamos a sistematização dos conteúdos, quando os alunos diziam o que tínhamos trabalhado e o que tinham
aprendido até então. Em outra análise, foram observadas as produções realizadas em cada área do conhecimento, pois elas retratavam o que os alunos aprenderam naquele momento.
Edvania Cristina Cipriano Rodrigues da Silva é formada em Pedagogia com pós-graduação em Docência
do Ensino Superior e Gestão Educacional. Atualmente
é professora da EM Monteiro Lobato.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL, Ministério de Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa : planejamento escolar : alfabetização e ensino da língua portuguesa : ano 1 : unidade 2 /
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Brasília: MEC,
SEB, 2012.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Jogos na Alfabetização Matemática / Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. – Brasília: MEC, SEB, 2014.72 p.
CAVEQUIA, M.P. A escola é nossa: letramento e alfabetização, 1º ano. São Paulo: Scipione, 2011.
MORAES, V. Arca de Noé, Volume I. CD- áudio. Sony Music, 2013.
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
WAYSKOP G. Brincar na pré-escola. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.
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A matemática
pode ser
divertida
Cintia Coutinho Nepomuceno Lima
Ao ingressar, no ano passado, na rede pública de Mogi
das Cruzes, iniciei a formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). No decorrer do curso, pude presenciar boas práticas dos educadores e ter
bom aprendizado.
Em 2014, para minha surpresa, haveria o mesmo curso, porém voltado para o ensino da Matemática. Uma expectativa muito grande foi criada por mim e por alguns
professores, visto que o ensino da Matemática é um desafio para grande parte dos educadores. Como tornar a
Matemática prazerosa, sem ser tão desgastante e maçante para o educando?
Iniciei o curso e aos poucos fui percebendo que há sim
caminhos para um ensino prazeroso e divertido para nossos alunos. Uma das propostas do PNAIC é incentivar o
desenvolvimento de conceitos matemáticos por meio de
jogos. Aos poucos, a cada encontro, jogos eram sugeridos para o ensino de cada eixo da Matemática. Uma das
sugestões foi a confecção de uma “Caixa de Jogos Matemáticos”. Converso muito com meus alunos e, quando
apresentei a “caixa” para eles, a reação de todos me surpreendeu. Meus alunos ficaram ansiosos, principalmente
porque expliquei a eles que nossas aulas de Matemática
seriam um pouco diferentes dali em diante.
A cada aula e de acordo com o objetivo proposto, fui
apresentando alguns jogos para eles. O primeiro jogo foi
o “Ganha cem primeiro”. O objetivo é desenvolver o conceito de agrupamento na base 10 e a noção de unidades,
dezenas e centenas. Muitos dos meus alunos estavam
com dificuldades em compreender o valor posicional do
número, dúvida esta que foi sanada com o jogo.
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Outro jogo que utilizei foi o “Dominó dos Sólidos Geométricos”. O jogo tem o objetivo de relacionar imagens de
sólidos geométricos com objetos do dia a dia da criança.
Todos gostaram muito deste jogo, assim como têm
gostado muito mais das aulas de Matemática. A cada
aula, assim que um novo conceito é inserido, um novo
jogo é proposto às crianças.
Hoje elas esperam ansiosas pelas aulas em que utilizaremos a “Caixa de Jogos Matemáticos”. O aprendizado
está ocorrendo de forma muito mais prazerosa. Muitas
dúvidas estão sendo sanadas... BRINCANDO!!!!
Cintia Coutinho Nepomuceno Lima é professora
da EM Dr. Luiz Beraldo de Miranda.
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Brincando com
os números:
desafio numérico
Cristina Aparecida dos Santos Abib
A proposta do jogo “Desafio Numérico”, com regras
adaptadas dos jogos com fichas escalonadas do "Caderno
de Formação 3 – PNAIC 2014" (BRASIL, 2014), foi fundamental para oportunizar o avanço de um grupo de alunos
da minha classe de 4º ano, que estava com dificuldades na
compreensão do Sistema de Numeração Decimal (SND).
O objetivo foi trabalhar de forma lúdica, pois as crianças teriam oportunidade de aprender de forma diferente,
e estas necessitavam de apoio diferenciado nas aulas. Observei que o jogo ajuda a criança a perceber as regras do
SND, apropriando-se dos algarismos, relacionando a sua
quantidade ao valor que um mesmo algarismo representa em diferentes posições.
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Além da ludicidade, na qual as crianças podiam se
apoiar para aprender, eram necessárias as intervenções
do professor, validando as construções do aluno, percebendo se havia ato mecanizado ou devida construção
dos pensamentos matemáticos. As fichas escalonadas
auxiliaram na ampliação dos conhecimentos sobre o
SND e estimularam a construção dos pensamentos matemáticos, com significado para as crianças em suas relações com os números.
O desenvolvimento de uma atividade lúdica para a
apropriação de conhecimentos do sistema de numeração decimal permitiu que situações concretas fizessem
parte do cotidiano do aluno para a construção do pensamento matemático. Observei
que o professor, como mediador desse processo, ao realizar
as atividades com jogos, representa uma referência importante na maneira como as crianças
aprendem os números no contexto escolar, valorizando os
conhecimentos prévios na construção dos novos saberes.
As intervenções realizadas
foram fundamentais. Os questionamentos tiraram os alunos
da zona de conforto, colocando-os em conflito com suas
ideias. Na tentativa de resolução, os estudantes vão construindo seus saberes.
nº 70
. Educando em Mogi
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No jogo, os alunos brincaram com o
conhecimento e colocaram em prática
a função social dos números, ampliando as possibilidades de lidar com os
algoritmos e o campo numérico, passando de um universo estigmatizado
de difícil para um surpreendente universo das descobertas.
Para ensinar a matemática de forma
contextualizada, segundo os autores
Nacarato, Mengali e Passos (2009),
será necessário criar um ambiente propício à aprendizagem, com a relação
dialógica entre professor e alunos, a
comunicação, a negociação dos processos e a produção que ocupam papéis centrais:
[...] Trabalhar com a matemática na perspectiva que defendemos exige criar, em sala de aula,
contextos em que o aluno seja colocado diante de
situações-problema nas quais ele deve se posicionar e tomar decisões, o que exige a capacidade de
argumentar e comunicar suas ideias. Assim, a sala
de aula precisa tornar-se um espaço de diálogo, de
trocas de ideias e de negociação de significados exige a criação de um ambiente de aprendizagem.
(NACARATO, A.M.; MENGALI, B.L.S.; PASSOS, C.B., 2009, p.81)
A atividade com jogos contribuiu para que esses alunos avançassem na compreensão do Sistema de Numeração Decimal, construindo saberes necessários para seguirem na aprendizagem matemática.
Cristina Aparecida dos Santos Abib
é professora da EM Profº Mario Portes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa: Construção do Sistema de Numeração Decimal. Brasília: MEC, SEB,
2014. 88p.
MOGI DAS CRUZES, Secretaria Municipal de Educação. Matrizes curriculares municipais para a
educação básica: 9 anos - Matemática. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME,
2010. 41p.
NACARATO, A. M.; MENGALI, B. L. S.; PASSOS, C. L. B. A matemática nos anos iniciais do ensino
fundamental: tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. (Tendências em
Educação Matemática)
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PLANO DE AÇÃO
Aonde chegar?
À ampliação do significado do número pelo reconhecimento de relações e
regularidades e à interpretação e produção de escritas numéricas, considerando as regras do SND.
Como e o que fazer para chegar?
Realizar o jogo “Desafio Numérico” com os alunos que apresentaram dificuldades na compreensão do SND, duas vezes por semana.
JOGO: DESAFIO NUMÉRICO
Objetivo do jogo: compor e decompor os números até a ordem da Dezena
de Milhar, reconhecendo a relação do algarismo com seu valor posicional e
realizar a leitura numérica.
Materiais: tapetinho com divisão até dezena de milhar; conjunto de fichas
escalonadas de 1 a 90.000; conjunto de fichas brancas de 1 a 9; sulfite e caneta
hidrocor para marcação dos pontos no quadro; envelope com opções de números; dado para seleção dos jogadores.
Número de participantes: 3 alunos
Regras do jogo: joga-se o dado definindo o desafiador, o jogador e o juiz.
O jogo tem três rodadas, com 5 números a serem sorteados pelo desafiador e
apresentados ao jogador em cada rodada. O envelope deve conter os números
a serem sorteados, com graus de complexidade diferentes, e apresentar no
verso o valor da pontuação que o aluno ganhará se acertar o desafio. No tapetinho, o jogador decompõe e compõe o número proposto. Após a construção
do aluno, o professor realiza questionamentos como:
Qual é a ordem do número 3? Qual é o valor que ele representa nesta posição?
Se ele estivesse na ordem da Dezena de Milhar, qual seria o seu valor? Como se
lê este número?
O juiz tem a função de verificar se a construção do jogador está correta,
além de registrar os pontos. Ao final das 3 rodadas, quem tiver o maior número de pontos, ganha. O professor pode fazer questionamentos para todos
os participantes.
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PNAIC em ação:
desafios das salas
multisseriadas em
escolas rurais
Cibele Máximo dos Santos Fonseca
A educação do campo tem conquistado espaço nas
discussões nos últimos anos. Sua história é marcada pelos movimentos e lutas sociais na busca pelo acesso de
todos a uma escola de qualidade. No entanto, ainda são
grandes as dificuldades enfrentadas pelas escolas rurais:
acessos difíceis; distância dos centros urbanos; falta de
recursos, seja material ou de pessoal, entre outros.
Outro aspecto a ser considerado são as salas multisseriadas. De acordo com pesquisas as salas multisseriadas são responsáveis pela iniciação escolar de um grande
número de brasileiros, especialmente nas áreas rurais.
Contudo, do ponto de vista pedagógico, têm sido mal interpretadas, gerando nos professores insatisfação com o
trabalho, pois “acreditam que seja necessário desdobrar-se em
tantas quantas forem as faixas etárias de seus alunos, realizando planejamentos separados”. (BRASIL, 2014, p.26)
Sou professora de escola rural e no início também fiquei
muito insegura com a organização e planejamento das aulas. Hoje acredito que as salas multisseriadas são complexas, porém não muito diferentes de uma sala regular.
Minha sala tem 20 alunos de 1º, 2º e 3º anos em uma
escola afastada do perímetro urbano. O desafio diário é
dar conta das necessidades individuais, conciliando com
as metas para cada ano. Por se tratar de uma sala de alfabetização, organizo as turmas por habilidades e grupos
produtivos, sem me prender ao ano em que cada um está.
Outra estratégia é trabalhar com “estações de atividades”, ou seja, monto quatro atividades diferentes dispostas nas estações e os grupos vão fazendo rodízio de acordo com o tempo estabelecido. Dessas atividades, elaboro
três para que sejam executadas com autonomia, já que
assim tenho mais liberdade e consigo atender um grupo
por vez em uma das estações, com atividades planejadas
para dar conta de dificuldades mais particulares.
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Educando em Mogi
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As atividades que serão relatadas foram aplicadas nesses moldes, quatro estações com duração de 30 a 40 minutos: jogo de damas, recorte e colagem, leitura e ilustração de histórias e, por fim, a estação com os jogos onde eu
fiquei. Trabalhei três jogos com o objetivo de desenvolver
a construção do conceito do sistema de numeração decimal, agrupamento e valor posicional. Para tanto, formei 4
grupos com 5 crianças, considerando as habilidades que
precisavam desenvolver.
Para o grupo 1, foi adaptado o jogo “Ganha 100 primeiro” para “Ganha 30 primeiro”. Esse grupo apresentava dificuldades com a construção de números acima de
10, agrupamentos e conceitos sobre unidade e dezena.
Para jogar, os estudantes usaram um dado e um tabuleiro de “soltos e amarrados”. O objetivo era conseguir
fazer três grupos de 10 palitos amarrados e registrar em
uma tabela as mudanças que ocorriam. O registro foi o
grande desafio e o foco das minhas intervenções. Era necessário fazer com que os alunos observassem que o número 12, por exemplo, é representado por 1 grupo de 10
palitos amarrados e 2 palitos soltos.
Foi interessante vê-los descobrir, por meio do registro,
que durante duas ou mais rodadas, o número de amarrados não se alterava. Assim, não precisavam contar novamente para saber quanto havia, isto é, aos poucos foram
percebendo que um amarrado tinha 10 palitos sempre.
Nos grupos 2 e 3, os alunos já conheciam o conceito de agrupamento e construção dos números até a
centena, pois haviam jogado “Nunca dez” com ábaco
e material dourado. Contudo, ainda se confundiam
com a decomposição e a noção de desagrupar. Assim,
o jogo proposto foi “Placar Zero”, que teve como foco
o desagrupamento, respeitando o valor posicional
com registro numérico.
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Nesse jogo, para ganhar a criança tinha que zerar todas as casas do tabuleiro. O amarradão representava a
centena; o amarradinho, a dezena e o solto a unidade. A
novidade do jogo foi o registro, já que além do numeral,
tinham que escrever a decomposição do número:
O maior desafio para eles foi administrar o registro, já
que o tabuleiro estava na ordem contrária do sistema de
numeração decimal, isto é, a unidade era a primeira casa
Outro desafio era registrar e fazer as operações mentalmente, apenas observando a disposição dos palitos.
Inicialmente foi demorado e com vários erros, mas com
as minhas intervenções foram diminuindo as dúvidas,
tornando o jogo mais dinâmico.
O grupo 4 era mais avançado que os outros, já resolviam operações e situações-problema com autonomia,
compreendiam o conceito de agrupamento e desagrupamento. Assim, adaptei o jogo para “Ganha 1000 primeiro”
e inseri novos elementos. Usei tabuleiro e palitos coloridos
em que cada cor representava um valor: amarelo = unidade; verde = dezena; vermelho = centena; azul = milhar.
O objetivo do jogo era ganhar o palito azul. Jogaram
com dois dados, um numérico e outro com as cores: amarelo, verde e vermelho, ou seja, a quantidade de pontos dependia não só dos números, mas também das cores. Nesse
jogo, o foco não eram os agrupamentos, mas sim as trocas
por um palito de outra cor quando se atingia 10 e, por isso,
o tempo de duração de cada partida variou bastante.
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da esquerda para a direita e assim sucessivamente.
No dia seguinte, retomei com a sala toda, por meio de
situações-problema, as questões discutidas durante as
atividades. Percebi que eles apresentaram maior compreensão para resolver os problemas, pois tiveram uma
vivência significativa anteriormente.
Importante ressaltar que é possível desenvolver essa
prática com outras disciplinas e em qualquer sala de aula
visto que, seja multisseriada ou não, a sala de aula é um
espaço de muitos acontecimentos, trocas e desafios. São
diferentes olhares, modos de ser e estar no mundo convivendo diariamente e uma sala rural não é, afinal, um
tipo diferente de sala, mas sim integrante de uma escola
“reconhecendo e ajudando a fortalecer os povos do campo como
sujeitos sociais”. (BRASIL, 2014, p. 26)
Cibele Máximo dos Santos Fonseca é licenciada em Pedagogia, com pós-graduação em
Psicopedagogia Clínica e Educacional e em Direito Educacional. Atualmente é professora do
Ensino Fundamental I e Educação Infantil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional.
Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. Secretaria da Educação Básica. Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Escola
do Campo. MEC, SEC, 2014.
nº 70
. Educando em Mogi
17
Jogos matemáticos
na sala de aula
Katia Shirlene Cursino
Vivian Piagentini Queluci
Para que haja a interpretação e produção de escritas
numéricas, os alunos necessitam passar pela vivência e
compreensão das regras do Sistema de Numeração Decimal (SND). E, para que isso acontecesse de forma prazerosa, por meio do lúdico, com a exploração dos números
naturais e compreensão das regras do SND, utilizamos
atividades concretas e contextualizadas baseadas em jogos matemáticos. Exploramos a ideia de que, por meio
de agrupamentos na base 10, era possível realizar quantificações com representações simbólicas, para formar os
números decimais de qualquer ordem e grandeza.
Observamos que a organização dessa quantificação se
deu tendo em mente a base 10, representada por cores
no jogo “Agrupamento para mudar de nível” (azul: representando uma unidade; amarela: representando uma
dezena; vermelha: representando uma centena). A cada
grupo de dez elementos, era possível efetuar a troca por
um símbolo que representava a quantidade numérica.
Para organizar o mecanismo de trocas sucessivas, era necessário se pensar na posição desses grupos.
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Educando em Mogi
. nº 70
Com uso de lápis ou caneta, ao longo do jogo, propusemos que as crianças registrassem quantas fichas azuis e
amarelas já ganharam (a ficha azul valia 1 e a amarela, 10).
Estimulamos que as crianças registrassem, de forma que
compreendessem seus registros, marcando as rodadas e
as trocas. Durante o registro, observamos se o aluno:
A cada dez fichas azuis, realizava a troca por uma
ficha amarela;
Previa, ao lançar os dados, se daria para trocar fichas ou não, se ia ou não alcançar um colega, ou se ainda
podia ganhar ou se já tinha perdido (isso mobiliza noções iniciais de probabilidade);
Preservava as quantidades e verbalizava também
quantas fichas azuis e amarelas tinham em cada rodada;
Conseguia comparar as quantidades obtidas pelos
jogadores de seu grupo.
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JOGO: AGRUPAMENTO PARA MUDAR DE NÍVEL
Adaptação do Caderno 3 (BRASIL, 2014, p.66-70)
Objetivo do jogo: ganha quem primeiro tiver 1 ficha vermelha. Para tanto, há
necessidade de, por jogada, ganhar fichas, a serem trocadas por 1 amarela e, a
cada 10 amarelas, trocar por uma vermelha.
Materiais: mínimo de 15 fichas azuis por aluno; mínimo de 10 fichas amarelas
por aluno; 4 fichas vermelhas; 1 dado; papel e caneta para registro.
Número de jogadores: 4 jogadores.
Regras do jogo: na primeira rodada, o primeiro jogador lança o dado e pega a
quantidade de fichas azuis que foi sorteada. Então, passa a vez para o próximo
jogador, que repete o procedimento e passa para o seguinte, fazendo o registro.
Ao concluir a organização de suas fichas, passa o dado para o colega seguinte
dizendo: “Eu autorizo a jogar”. Nas rodadas seguintes, vai se repetir a ordem da
jogada até que um dos jogadores complete 10 fichas de cor azul. Ao completar
10, o jogador muda de nível. Isto significa que ele vai trocar 10 fichas azuis por
uma amarela e depois trocar 10 amarelas por 1 vermelha.
Nossa mediação foi pautada pelo acompanhamento
das corretas trocas das fichas. No momento do desenvolvimento da atividade lúdica, perguntamos às crianças:
Quantas fichas há de cada cor? Se fossem trocar suas fichas
azuis por amarelas, quantas ficariam? Quantas faltam para alcançar a ficha vermelha? Quantas amarelas faltam para ganhar?
Como o jogo demora certo tempo para que haja um
ganhador, o professor pode alterar o final do jogo, como
por exemplo: estipular que “ganha quem conseguir 3 dezenas”, ou “5 dezenas”.
CONCLUSÃO
Por meio das experiências vividas no jogo em questão, observamos o crescimento dos alunos no que se
refere ao pensamento matemático, visto que os questionamentos feitos por eles iam além das regras e considerações sobre o jogo.
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Katia Shirlene Cursino é formada em Magistério e licenciada em Pedagogia. Atualmente é
professora da EM Des. Armindo Freire Mármora.
Vivian Piagentini Queluci é formada em Magistério, licenciada em Matemática e Pedagogia
e pós-graduada em Orientação Educacional.
Atualmente é professora da EM Des. Armindo
Freire Mármora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria
de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa: Construção do Sistema
de Numeração Decimal. Brasília: MEC, SEB, 2014. 88p.
MOGI DAS CRUZES, Secretaria Municipal de Educação. Matrizes curriculares municipais para a educação básica: 9 anos - Matemática. Secretaria Municipal
de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010. 41p.
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. Educando em Mogi
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O jogo
"Completando com
formas geométricas"
e uma releitura da
obra de Kandinsky
Viviane Santos Barreto de Morais
Com a preocupação em realizar atividades lúdicas para uma
melhor compreensão do conteúdo a ser trabalhado no 1º ano do
Ensino Fundamental, procurei criar um jogo matemático que fosse
associado às disciplinas de Artes e Linguagem.
No "Caderno de Formação 5 – PNAIC 2014" (BRASIL, 2014) são sugeridas atividades de geometria; então, procurei em minha escola
materiais sobre esse assunto. Escolhi para o jogo que criei a Torre
de Hanói e os Blocos Lógicos. Os alunos já conhecem esses materiais, portanto, aproveitá-los seria uma alternativa.
O primeiro passo para a socialização do jogo foi sentar em roda,
possibilitando o acesso à informação, interação, troca de ideias e
participação em uma atividade coletiva significativa.
Como há poucas peças na sala e os alunos demonstraram interesse em participar, procurei dividir os alunos em duplas. Duas
crianças ficariam com os Blocos Lógicos e as outras duas com as
Torres de Hanói. Todos os alunos participaram. No momento do
jogo, para uma melhor compreensão, pedi para os alunos observarem os amigos, suas estratégias e jogadas.
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Educando em Mogi
. nº 70
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O JOGO "COMPLETANDO
COM FORMAS GEOMÉTRICAS"
VARIAÇÕES
Materiais: duas Torres de Hanói; um dado; duas folhas de sulfite coloridas (amarela e vermelha) e duas tampinhas (amarela e vermelha).
Materiais: as formas grandes dos Blocos Lógicos; duas
folhas de sulfite brancas (cada folha será dividida em doze
partes traçadas); um dado e duas tampinhas brancas.
Número de jogadores: 2
Número de jogadores: 2
Objetivo do jogo: vence quem conseguir todas as formas geométricas e completar as “torres”.
Objetivo do jogo: vence quem conseguir formar as
quatro pilhas de formas geométricas.
Descrição: cada jogador recebe um tabuleiro (vermelho ou amarelo) e dispõe as peças aleatoriamente,
colocando a sua tampinha em cima de uma das figuras. Joga-se o dado e inicia o jogo quem tirar o número
maior. A tampinha poderá caminhar no tabuleiro (sulfite vermelho ou amarelo) para qualquer lado (horizontal e vertical), não podendo caminhar na diagonal, nem
voltar uma casa, andando somente para frente.
O jogador não poderá pegar qualquer peça aleatoriamente. A peça grande deve vir primeiro, depois a média
e, por último, a pequena. Por exemplo, se o jogador conseguiu pegar o círculo grande, ele terá as opções de pegar
o círculo médio, quadrado grande, triângulo grande ou
retângulo grande.
Quem conseguir formar todas as torres primeiro
será o vencedor.
Descrição: cada jogador recebe uma folha sulfite quadriculada (doze quadrados), escolhe a espessura das
suas formas geométricas (fina ou grossa) e as dispõe no
tabuleiro aleatoriamente. Coloca sua tampinha em cima
de uma das figuras. Joga-se o dado e inicia o jogo quem
tirar o número maior. A tampinha poderá caminhar no
tabuleiro (sulfite branco) para qualquer lado (horizontal
e vertical), não podendo caminhar na diagonal, nem voltar uma casa, andando somente para frente.
O jogador não poderá pegar qualquer peça. As cores
prevalecem neste jogo. As pilhas de peças deverão ser formadas pelas seguintes cores: amarela, azul e vermelha. Por
exemplo, para a criança ganhar o jogo terá que formar quatro pilhas: 1 - círculo amarelo, azul e vermelho; 2 - quadrado amarelo, azul e vermelho; 3 - triângulo amarelo, azul e
vermelho e 4 - retângulo amarelo, azul e amarelo.
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. Educando em Mogi
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RELEITURA DE OBRA DE ARTE
Após o trabalho com os jogos matemáticos, partimos
para a releitura da obra de Wassily Kandinsky. Realizamos uma roda de conversa após a leitura da biografia do
artista e a demonstração de três de suas obras: "Composição X", "Sobre Pontos" e" Círculos Concêntricos".
As crianças receberam sulfites e utilizaram canetas coloridas para realizar traços aleatoriamente. Quando os desenhos ficaram prontos, borrifei álcool nas folhas para que
formasse um efeito de cores misturadas. Os alunos se surpreenderam com o resultado. Dividimos uma folha branca
grande em doze quadrados demarcados com linhas. Cada
aluno escolheu um espaço na folha grande para colar o seu
quadrado (recortei cada sulfite formando um quadrado).
No outro dia, complementamos a atividade com a
colagem dos círculos. Expliquei aos alunos que iríamos
colar todos os círculos coloridos (pequeno, médio e grande), sendo que nenhum poderia ficar escondido. Depois
de um momento de silêncio na sala, uma aluna sugeriu
que deveríamos colar um círculo em cima do outro, como
na obra de Kandinsky.
Então, lancei outro desafio para a sala: quantos círculos caberiam em cada quadrado? Foram várias tentativas.
Desenhei o quadro (dividido em doze partes) e todos os
círculos na lousa, contamos os grupos de círculos e realizamos a distribuição. Para muitos na sala, esta foi a melhor forma para compreender esse processo.
Dividi a sala em três grupos: uma turma ficaria com
os círculos pequenos, outra com os círculos médios e o
terceiro grupo, com os grandes.
Iniciei essa etapa da atividade, colando um círculo
grande em um espaço da folha. Esse seria o ponto de partida para orientar os alunos na colagem das demais figuras (círculos), porque cada criança deveria se atentar para
os comandos da professora.
Alguns dos comandos foram: o círculo azul grande deverá ser colado acima do círculo grande vermelho; o círculo amarelo deverá ser colado abaixo do círculo grande
azul; e assim por diante. Depois, pedi para alguns alunos
darem as comandas aos amigos que iriam colar as figuras. Foram utilizadas as linguagens: acima/abaixo; direita/esquerda; em cima.
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Educando em Mogi
. nº 70
Viviane Santos Barreto de Morais é professora alfabetizadora da EM Profª Maria Colomba Colella Rodrigues.
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Trilha
matemática
do saci
Ana Maria de Paula
Sandra Nazaret de Paula Assis Nunes
A EMR Profª Ana Maria de Azevedo Viné Carrare, onde foram
feitas as atividades, é uma unidade multisseriada que atende alunos do 1º ao 5º ano.
Na busca de solucionar questões de aprendizagem, elaboramos o “Projeto de Agrupamento Produtivo”. Assim, temos nossos alunos agrupados por habilidades, considerando a teoria de
Vygotsky, da Zona de Desenvolvimento Proximal, pois em nossas
atividades pedagógicas encontramos alunos com diferentes hipóteses de aprendizagem trabalhando juntos, independentemente
do ano em que estão formalmente matriculados. Para tanto, observamos a proximidade de seus conhecimentos, afinidade no trabalho e possíveis ganhos na relação.
Na atividade “Trilha Matemática do Saci” aqui relatada, todos
os nossos alunos vivenciaram a Matemática, a Arte e a Literatura
de maneira colaborativa, lúdica e solidária. Essa colaboração aparece nos trabalhos desde a concepção do jogo, no desenho inicial,
na elaboração física, na montagem em EVA, no corte dos materiais,
na escolha dos temas para as perguntas, nos comandos ao longo da
trilha e elaboração das regras.
Ao longo da manufatura do jogo, pudemos observar grande envolvimento e desenvolvimento da autonomia de forma geral. Nas
primeiras experimentações do jogo, ficou muito clara a motivação
em participar de uma brincadeira que foi construída desde o início
por todos. Observamos, ainda, o crescente respeito pelo outro, a
valorização da participação de todos e a apropriação efetiva dos
conhecimentos contidos nas fichas.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
nº 70
. Educando em Mogi
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Na elaboração das questões, foram escolhidos temas
da Matemática ambientados com o folclore brasileiro.
Assim, personagens como Saci, Iara, Curupira, Boitatá,
Boto, entre outros, direcionaram a trilha, seus obstáculos
e desafios. Folclore, Geometria, Números Naturais, Ordinais e as Operações Matemáticas foram temas do bimestre e, consequentemente, ao final dos jogos conseguimos
avaliar inclusive o desempenho individual com relação a
esses conteúdos. Todo o processo foi observado, dirigido
e registrado por nós, professoras, de maneira sistematizada, o que permitiu concluir que as atividades tiveram
êxito na construção do conhecimento.
O trabalho coletivo dos nossos alunos de diferentes
faixas etárias e níveis de conhecimento é uma constante.
Investimos regularmente nessas ações, por acreditarmos
que na aproximação do conhecimento há ganhos indiscutíveis e, ainda, segundo Borin (1996), muitos alunos
temem Matemática e possuem bloqueios que podem ser
resolvidos por meio de jogos matemáticos.
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Educando em Mogi
. nº 70
Concluímos que se aprende muito fazendo, observando o outro, perguntando como se faz, buscando soluções
e, sobretudo, brincando.
Objetivo Geral: por meio da experimentação do jogo,
levar os alunos de 1º ao 5º ano à aprendizagem de Geometria Básica, SND, Agrupamentos e Conhecimentos de
Lendas do Folclore Brasileiro.
Objetivos Específicos: possibilitar a resolução de situações problemas por meio de cálculo mental; desenvolver a capacidade de respeito às regras; desenvolver a habilidade de elaboração e construção de jogos, assim como
o eficiente registro dos mesmos; levar ao conhecimento
das lendas do folclore brasileiro; desenvolver autonomia
na aprendizagem e respeito ao outro.
Avaliação: observação, registros sistematizados e portifólio de fotos do processo.
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PROCESSO FÓLIO
DA TRILHA MATEMÁTICA DO SACI
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN
(2001, p.49), os jogos provocam um desafio genuíno no
aluno, apresentando-se como gerador de interesse e prazer, devendo, portanto, fazer parte da cultura escolar.
Partindo desta ideia, nosso trabalho pedagógico iniciou-se com uma sensibilização quanto ao conceito de
“Jogo de Trilha”, percebemos que os alunos conheciam
relativamente, mas que desconheciam detalhes dessa
modalidade de jogo. Resolvemos, então, em primeiro lugar, trabalhar esse jogo e suas peculiaridades.
Para que construíssem essa experiência inicial, utilizamos o jogo de trilha de tabuleiro do “Projeto Escola
no Campo Syngenta”, que é um material existente nas
escolas rurais de Mogi das Cruzes. Após a leitura das
regras e vivência do jogo de trilha de tabuleiro, partimos
para a elaboração de nossa “Trilha de Corpo”, que tem
como característica principal ser montada no chão, com
possibilidade de andar pelas casas com passos e saltos.
Em primeiro lugar, de forma coletiva, fizemos os primeiros esboços em desenho de como seria essa trilha e
a escolha de possíveis materiais. Concebemos um jogo
construído com: 27 placas de EVA colorido; 2 dados grandes numerados; fichas com perguntas elaboradas pelos
professores de acordo com os conteúdos trabalhados e
numeradas de um a doze, de acordo com a soma dos dois
dados; regras do jogo descritas pelos alunos (trabalhadas
como gênero textual); obstáculos e comandos indicados
pelas personagens do folclore brasileiro; formas geométricas em colares para a identificação dos jogadores.
A construção do jogo levou cinco dias, divididos em
elaboração, experimentações, erros e acertos, registros e
trabalhos manuais propriamente ditos. O jogo mostrou-se
eficiente, corroborando com as falas de Smole (2006), que
afirma que por meio do jogo, ganha o aluno em desenvolvimento e autonomia quanto à Matemática, ganha ainda
o professor, pois as atividades lúdicas possibilitam variações nas ações pedagógicas.
O envolvimento com o jogo foi generalizado e a permanência dele enquanto atividade tem sido reivindicada pelos alunos. Assim, estamos variando os temas de
forma multidisciplinar, contemplando as diferentes áreas do conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ABRANTES, P. Avaliação e educação matemática. Rio de Janeiro: MEM/USU Gepem,1995
BORIN, J. Jogos e resoluções de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. São Paulo IME-USP,1996
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – Matemática. Brasília: MEC, 2001, p.49.
PIAGET. J (1982). A psicologia da criança. São Paulo: Difel.
SMOLE, K., DINIZ, M. I. , Materiais manipulativos para o ensino do Sistema de Numeração Matemática. São Paulo: Edições Mathema, 2012
SMOLE, K., DINIZ, M.I. e MILANI, E. Jogo para 6º ao 9º anos. Cadernos do Mathema. Vol 2. Porto Alegre: Artmed, 2006
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1984.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Ana Maria de Paula é pedagoga, bacharel em História e professora alfabetizadora na
EMR Profª Ana Maria de Azevedo Viné Carrare.
Sandra Nazaret de Paula Assis Nunes é
pedagoga, psicopedagoga, fonoaudióloga e
professora alfabetizadora na EMR Profª Ana
Maria de Azevedo Viné Carrare.
nº 70
. Educando em Mogi
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Arte, música e
geometria
Alana Aparecida Pereira Rodrigues Silva
Objetivo: ampliar o gosto pela música e desenvolver a
criatividade ao criar desenhos com figuras geométricas.
Conteúdo: apreciação musical, figuras geométricas.
Desenvolvimento: apresentei aos alunos de uma
turma de 3º ano a obra de Vilas Lobos. Conversei sobre
quem foi ele e as contribuições para a música brasileira.
Ouvimos a música 'Trenzinho Caipira" e, após a apreciação musical, incentivei os alunos a pensar no que a música queria revelar. Logo perceberam que se tratava de um
trem, o som, o ritmo e as sensações.
No dia seguinte ouvimos a música novamente, desta
vez cantada. Conversamos sobre a letra e a relação do
transporte com nossa vida diária. Em outro momento
apresentei a canção de Cecília Cavallieri: "Maria Fumaça". Realizamos o exercício de progressão de tonalidades.
Voltamos a falar desse transporte e os benefícios do mesmo durante o desenvolvimento do Brasil.
Aproveitei o momento e conversei com os alunos sobre
o compositor brasileiro Adoniram Barbosa. Ouvimos a
música "Trem das Onze" com o grupo Demônios da Garoa.
Foi muito interessante, pois os alunos amaram a música, acharam-na muito alegre. Com a letra em mãos, começaram a cantar. Dividi os alunos em grupos, entreguei
a eles algumas figuras geométricas previamente desenhadas que eles deveriam colorir e recortar. Depois, eles deveriam unir as peças e formar um trem, contextualizando
os momentos de apreciação musical das aulas anteriores.
Avaliação: de modo geral, os alunos gostam muito de
música, ficam atentos e apreciam sem dificuldade. No dia
em que apresentei o Trem das onze, foram embora cantarolando a canção, fiquei muito feliz. A música "Trenzinho
Caipira" revelou aos alunos a sensação do campo e provocou a admiração pela maneira como eram usados os
instrumentos musicais. Já a obra "Maria Fumaça" descontraiu o grupo pela brincadeira cantada que foi proporcionada. Durante a atividade com as figuras geométricas, os
alunos foram bastante precisos no recorte e pintura.
Quando formaram a figura do trem, uma boa parte realizou sem dificuldades, porém alguns alunos que apresentam
dificuldade em matemática e língua portuguesa também
revelaram muita inabilidade em montar a figura solicitada.
Fiquei muito satisfeita com o trabalho
realizado, ouvimos, apreciamos, representamos, dialogamos e cantarolamos.
Alana Aparecida Pereira Rodrigues Silva
é orientadora de estudo e professora na EM
Doracy Baptista de Campos Pereira.
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Educando em Mogi
. nº 70
Prefeitura de Mogi das Cruzes
É brincando
que se aprende
Segundo Piaget, a atividade lúdica é o berço
obrigatório das atividades intelectuais da criança.
Elas não são apenas uma forma de desafogo
ou algum entretenimento para gastar energia
das crianças, mas meios que contribuem e
enriquecem o desenvolvimento intelectual.
Renata Monteiro
A experiência aqui relatada aconteceu com uma
turma do 2º ano. Iniciamos com a leitura deleite “Dez
casas e um poste que Pedro fez", de Hermes Bernardi Jr.,
livro que foi utilizado numa prática de leitura numa
das formações do PNAIC. Em seguida, fizemos uma
roda de conversa na qual comparamos as casas, os
moradores e as associamos às nossas.
Os alunos gostam muito de desenhar e pediram
para fazer a rua que o Pedro fez. Organizamo-nos em
grupos, para que cada grupo fizesse uma casa e seu
morador. Eu fiz a rua e o poste no papel pardo para
que eles montassem a rua.
Durante a atividade, observei o conhecimento que
possuíam acerca das figuras planas. Apliquei os jogos: Formas no tabuleiro e Bingo de Formas, com o
objetivo de desenvolver a linguagem relativa a figuras geométricas planas; habilidades visuais e motoras; discriminação e memória visual; e reconhecimento de figuras planas. Foram apresentadas as figuras
planas (círculo, quadrado, retângulo e triângulo) aos
alunos que estavam organizados em grupos de seis,
para que pudessem manipular, comparar e observá-las por algum tempo.
Em seguida, dirigimo-nos para o pátio, que tinha
um enorme tabuleiro de xadrez pintado no chão.
Sentamos em volta do tabuleiro e definimos a ordem
de participação dos grupos. Todos estavam ansiosos
para saber o que faríamos no tabuleiro, então, expliquei as regras do jogo.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
nº 70
. Educando em Mogi
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“Ensinar por meio de jogos é um caminho para o
educador desenvolver aulas mais interessantes,
descontraídas e dinâmicas, podendo competir
em igualdade de condições com inúmeros
recursos a que o aluno tem acesso fora da
escola, despertando ou estimulando sua vontade
de frequentar com assiduidade a sala de aula e
incentivando seu envolvimento no processo ensino
e aprendizagem, já que aprende e se diverte,
simultaneamente”. (Silva, 2004)
FORMAS NO TABULEIRO
Material: círculo, retângulo, quadrado, triângulo, um
dado convencional e um dado figuras geométricas.
Objetivo: chegar primeiro ao final do tabuleiro.
Como jogar: dois alunos devem jogar os dados e os
outros quatro se posicionar no início do tabuleiro segurando as formas. O aluno que lança o dado das formas
diz o nome da forma sorteada, definindo o primeiro jogador. O aluno que está com o dado numérico lança-o para
saber quantas casas o aluno que segura a forma sorteada
avançará. Sai do tabuleiro aquele que não identificar corretamente a figura sorteada pelo aluno que jogou o dado.
Por exemplo: o aluno sorteia e fala "círculo" e o aluno no
tabuleiro que está com outra forma se identifica como
tendo o círculo.
Há anos trabalhando com materiais manipulativos,
percebi que quando o aluno constrói o seu material para
jogar, dá às peças sua cara, a incorporação da aprendizagem se torna mais significativa.
Sendo assim, pedi aos alunos que trouxessem nove
marcadores menores que suas mãos para o jogo de bingo
No dia seguinte, os alunos apresentaram seus marcadores: carrinhos, materiais do estojo, brinquedinhos e até
os “esquecidinhos” se ajeitaram com as tampinhas das
canetinhas coloridas.
Deixamos os marcadores expostos nas carteiras e iniciamos a confecção das cartelas. Cada aluno recebeu uma
folha com três círculos, três triângulos, três retângulos e
três quadrados, que deveriam ser pintados de amarelo,
azul e vermelho. Depois, solicitei que distribuíssem as
formas em suas carteiras.
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Educando em Mogi
. nº 70
Enquanto eles manipulavam as peças, foram formuladas hipóteses com os colegas sobre a disposição correta
sobre a carteira. Uns achavam melhor separar por formato, outros por cor, outros já diziam que era melhor misturar para ficar colorido e, por último, um gritou que tinha
formado um robô.
Assim, eles ficaram brincando com as peças enquanto
verificavam o que cada um queria montar e suas explicações. Houve também aqueles que acreditavam que sua
forma de expor estava correta e queriam convencer os outros a fazerem o mesmo. O próximo passo foi distribuir
folhas coloridas para que as crianças montassem suas
cartelas seguindo as orientações: três colunas, com três
figuras em cada. Após a colagem, eles deveriam colocar as figuras excedentes na caixa para sorteio. Cartelas
prontas, marcadores a postos, iniciamos o jogo.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
"O jogo é, portanto, sob as suas formas essenciais
de exercício sensório motor e de simbolismo, uma
assimilação do real à atividade própria, fornecendo a
esta seu alimento necessário e transformando o real
em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso,
os métodos ativos de educação das crianças exigem
que se forneça às crianças um material conveniente,
a fim de que, jogando elas cheguem a assimilar as
realidades intelectuais que, sem isso, permanecem
exteriores à inteligência infantil". (Piaget, 1976)
BINGO DE FORMAS
Material: 1 folha de atividades; 1 folha colorida A4;
1 caixa para sorteio; 9 marcadores para a cartela.
Regra: quem preencher primeiro a cartela é o ganhador do jogo.
Escolhemos uma aluna para ficar com a caixa e cantar o bingo. Os alunos sempre ficam ansiosos para saber
se vão conseguir ganhar, então, ficam atentos às regras e
tudo à sua volta. Sendo assim, o jogo pode desempenhar
uma função impulsionadora do processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Percebo que a aprendizagem se faz presente e é muito importante que se estabeleça uma sequência didática
acerca dos jogos, em que a roda de conversa, os registros
coletivos ou em grupo se fazem necessários para que se
consolidem os conteúdos e o jogo não seja apenas uma
atividade desconectada do processo de aprendizagem.
Jogando, os alunos podem colocar desafios e questões
para serem por eles mesmos resolvidos, dando margem
para que criem hipóteses de soluções para os problemas
colocados. Para Kishimoto:
A utilização do jogo potencializa a exploração
e a construção do conhecimento, por contar com a
motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho
pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a
influência de parceiros, bem como a sistematização
de conceitos em outras situações que não jogos. Ao
utilizar, de modo metafórico, a forma lúdica (objeto
suporte de brincadeira) para estimular a construção
do conhecimento, o brinquedo educativo conquistou
um espaço definitivo na educação infantil.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Por meio do jogo o aluno se situa no espaço em que
vive, constrói a ideia de si e do outro, experimenta, fala,
age, interpreta, interage, enfim, desenvolve habilidades
essenciais para uma melhor compreensão do mundo.
O ensino da Matemática no qual os alunos aprendem pela construção de significados pode e deve ter
como aliados os jogos e os materiais manipulativos,
desde que as atividades propostas permitam a reflexão
por meio de boas perguntas e pelo registro oral ou escrito das aprendizagens.
Renata Monteiro é professora alfabetizadora
da EM Dr. Luiz Beraldo de Miranda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SILVA, Mônica. Jogos Educativos. Campinas.
Papirus, 2004.
PIAGET J. Trad. Lindoso DA, Psicologia e Pedagogia. Ribeiro da Silva RM. RJ: Forense Universitária; 1976
KISHIMOTO, citado por Lucena, Ferreira de. Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil, Campinas:
Papirus, 2004.
nº 70
. Educando em Mogi
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Trabalhando
com vitral
Catia de Oliveira Catirina
Este trabalho foi realizado com uma turma de 3º ano
do ensino fundamental formada por 32 alunos, com idades entre 9 e 11 anos. Ao longo de 2014, essa turma tem
participado de várias situações de aprendizagens lúdicas,
em que são utilizados, de acordo com o eixo trabalhado,
os jogos fornecidos nas formações do PNAIC.
A sequência didática teve início com o seguinte questionamento: Vocês conhecem vitral?
A turma não conhecia e foram apresentados alguns
trabalhos com técnica vitral a eles. Então, foi lida uma
reportagem extraída da internet, que definia o que era vitral e citava Conrado Sorgnicht Filho como um dos principais nomes vinculados a essa técnica no Brasil.
Após roda temática para socializar as opiniões, levei
para a sala de aula uma caixa de blocos lógicos e questionei: Vocês sabem o nome dessa caixa?
Várias respostas foram dadas: “caixa das formas", "caixa da geometria", "eu sei pro, conheço essa caixa, chama-se caixa de blocos lógicos”.
A próxima pergunta foi: Vocês acham que estas peças têm
algo em comum com a técnica de vitral?
A resposta foi: “Sim, nessas imagens têm muitas formas geométricas!”.
Ainda em roda, a turma dialogou sobre a nomenclatura e os atributos das formas expostas. É importante salientar que posteriormente o tema “formas geométricas”
seria aprofundado. Foi, então, lançado o desafio de, em
grupos ou individualmente, produzirem o próprio vitral.
Todos aceitaram com entusiasmo. Assim, foram entregues a eles: blocos lógicos, color set preto e pedaços de
celofane colorido pra criar trabalhos com liberdade.
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Educando em Mogi
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Conforme minha avaliação, o trabalho desenvolvido
propiciou aprendizagem interdisciplinar: em Língua
Portuguesa, os alunos participaram da roda de leitura sobre a técnica vitral; em Arte, eles tiveram a oportunidade
de criar composições baseadas na técnica estudada; em
Matemática, visualizaram e identificaram algumas figuras geométricas, bem como levantaram hipóteses sobre
os atributos das formas ali presentes.
Catia de Oliveira Catirina é professora
alfabetizadora da EM Prof. Mário Portes.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
Alfabetizando
em matemática
Milena Andere
É de suma importância que os professores participem
com frequência de cursos de formação que possibilitem
ampliação dos conhecimentos pedagógicos e de processos de aprendizagem.
A prefeitura de Mogi das Cruzes aderiu ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) em
2012. Em 2013, iniciou a formação na área de alfabetização e letramento. Os encontros proporcionavam conhecimento sobre as fases da escrita e como auxiliar os alunos
no processo de aquisição de leitura e escrita. Neste ano de
2014, a formação é para alfabetização matemática.
“A elaboração e execução dessas práticas requer que
se pense em modos de organização do trabalho pedagógico que situem o aluno em um ambiente de atividade
matemática, possibilitando que ele aprenda, além de
codificar e decodificar os símbolos matemáticos, a realizar variadas leituras de mundo, levantar conjecturas
e validá-las, argumentar e justificar procedimentos”.
(BRASIL, 2014, p. 5)
Os encontros têm sido produtivos e vêm ampliando
a visão dos professores sobre o ensino da Matemática.
Além de enfatizar conceitos e teorias da aprendizagem
matemática, os professores têm aprendido como trabalhar jogos e atividades lúdicas para serem aplicados e
sistematizados em sala de aula. A aplicação dos jogos
em sala de aula surge como uma oportunidade de buscar a socialização dos alunos, a cooperação mútua, a
participação das equipes na elucidação do problema
proposto pelo professor.
Prefeitura de Mogi das Cruzes
nº 70
. Educando em Mogi
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“Ser professor, hoje, significa não somente
ensinar determinados conteúdos, mas
sobretudo um ser educador comprometido
com as transformações da sociedade,
oportunizando aos alunos o exercício dos
direitos básicos à cidadania”.
(SOUSA, 2008)
O jogo também proporciona desenvolvimento de habilidades cognitivas, estratégias, raciocínio lógico, sendo
significativo no processo de ensinagem.
A Caixa de Jogos Matemáticos do PNAIC, confeccionada pelos professores na oficina realizada em julho deste
ano, viabiliza a aprendizagem de conceitos matemáticos
atrelados ao lúdico, o que torna a aquisição e ampliação
do conhecimento matemático mais interessante.
Cada jogo propicia o domínio de diferentes conhecimentos elencados nos Direitos de Aprendizagem - PNAIC.
A ideia é não deixar o estudante participar da atividade de
qualquer jeito, devemos traçar objetivos a serem cumpridos, metas a alcançar, regras gerais que deverão ser respeitadas. O aluno não pode encarar o jogo como uma parte
da aula em que não irá fazer uma atividade escrita ou não
precisará prestar atenção no professor, promovendo assim
uma conduta de indisciplina e desordem, mas precisa ser
conscientizado de que aquele momento é importante para
sua formação, pois ele usará de seus conhecimentos e suas
experiências para participar, argumentar, propor soluções
na busca dos resultados esperados pelo docente.
As brincadeiras precisam estar presentes na sala de
aula, criando um ambiente formativo e alfabetizador. As
diferentes formas de planejamento, articuladas desde a
organização até o fechamento da aula, orientam as ações
do professor. O trabalho com jogos na sala de aula requer
planejamento antecipado e muitas vezes a confecção de
material concreto para a realização das atividades.
Com os jogos pudemos trabalhar os direitos de aprendizagem da Matemática atrelados às Matrizes Curriculares Municipais, em seus objetivos e procedimentos abaixo elencados.
Na oficina de julho, os professores prepararam o material que pudesse ser utilizado em jogos, contemplando os
direitos de aprendizagem acerca de:
Em minha sala de aula, organizei os alunos em grupos
formados por 4 crianças, fazendo um circuito de jogos.
A ideia era que cada grupo pudesse participar dos jogos
elaborados, que foram:
Números e operações - identificar números em diferentes contextos e funções, criar estratégias para quantificar, comparar e comunicar quantidades de elementos, resolver problemas de estruturas aditivas e multiplicativas.
Construção do conceito de SND (Sistema de Numeração Decimal) - compreendendo a base 10 e as trocas na
operação subtração.
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Educando em Mogi
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AONDE CHEGAR...
À construção do significado do número a partir de seus diferentes usos no contexto social;
À interpretação e produção da escrita numérica, levantando hipóteses sobre elas, com base na
observação de regularidades;
À resolução de situações-problema e na
compreensão dos significados das operações
fundamentais;
Ao desenvolvimento de procedimentos de cálculo - mental, escrito, exato, aproximado;
Ao desenvolvimento de estratégias de verificação e controle dos cálculos.
COMO CHEGAR...
Por meio de jogos confeccionados durante a
formação continuada.
Trilha da adição
Trilha da subtração
Gato da multiplicação
Quanto falta para 6?
Chega primeiro nos 100
Fichas escalonadas
Vinte e um
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Durante a aula, pude observar que os alunos souberam trabalhar em grupo, ajudando os colegas em caso
de dúvidas, trocando informações e conhecimento sobre
o jogo. Aqueles que ainda tinham dificuldade em realizar adição com reserva puderam compreender melhor
a questão de somar um número a mais na dezena, bem
como a troca, a partir do momento que utilizaram o material dourado para o jogo da trilha.
A maioria dos alunos apresentava dificuldades quanto à troca da dezena nas subtrações com recurso. Com
ajuda do grupo e fazendo uso do material concreto, tiraram suas dúvidas e entenderam melhor esse processo.
No jogo Fichas Escalonadas os alunos puderam adequar
sua leitura dos números conforme a ordem e classe que o
numeral ocupava.
Segundo Constance Kamii, em seu livro “A criança e
o número”, uma criança ativa e curiosa não aprende Matemática memorizando, repetindo e exercitando, mas
resolvendo situações-problema, enfrentando obstáculos
cognitivos e utilizando conhecimentos que sejam de sua
inserção familiar e social. Daí a importância do trabalho
lúdico que propicie ao aluno contato com um material
concreto, que oportunize aplicabilidade dos conceitos assimilados, de forma contextualizada e significativa.
Num segundo momento, fizemos a sistematização das
aprendizagens com cada aluno contribuindo com seu relato sobre como jogar, o que achou de cada jogo, qual era
mais fácil/difícil e quais as dificuldades encontradas.
Após a aplicação dos jogos, analisei os aspectos desenvolvidos e pude perceber que alguns objetivos foram
amplamente alcançados, por meio da socialização e comunicação das ideias matemáticas e da troca de saberes
entre os participantes do grupo.
AO CHEGAR FAZ NECESSÁRIO SABER SE...
Lê e escreve números, utilizando conhecimentos sobre a escrita posicional;
Compara e ordena quantidades que expressem
grandezas;
Interpreta e expressa os resultados da comparação e da ordenação;
Resolve situações-problema que envolvam
contagem e medida, significados das operações e
seleção de procedimentos de cálculo;
Aplica corretamente as técnicas de construção
do algoritmo das operações.
Milena Andere é formada em Pedagogia e
pós-graduada em Gestão Escolar na Educação Básica. Atualmente é professora de Ensino Fundamental na EM Marlene Muniz Schmidt
e de Educação Infantil na EM Leopoldino Cardoso de Moraes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa: Organização do trabalho pedagógico. Brasília: MEC, SEB, p.72, 2014.
KAMII, Constance. A criança e o número. Tradução: Regina A de Assis. 28ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2001.
SOUSA, Maria Goreti da Silva. A formação continuada e suas contribuições para a profissionalização de professores dos
anos iniciais do ensino fundamental de Teresina - Pi: revelações a partir de histórias de vida. 2008, 130 f. Dissertação (Mestrado
em Educação - UFPI).
Matrizes Curriculares Municipais de Mogi das Cruzes - Matemática. Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes
- PMMC, 2010.
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Linguagens,
matemática e arte
Rosangela Miranda de Souza e Silva
Para atender as especificidades de cada aluno, mediante as suas necessidades educativas especiais, no Atendimento Educacional Especializado (AEE) sempre buscamos estratégias por meio de adaptação de materiais para
desenvolver nos alunos suas habilidades, com atividades
complementares e/ou suplementares.
No ensino de matemática não é diferente. Utilizando
materiais e jogos de representação concreta, os alunos
encontram mais facilidade na aquisição de conceitos necessários para que haja aprendizagem. Há materiais de
pesquisa e sugestões disponibilizados pelo PNAIC que
favorecem esse trabalho.
Alguns alunos proporcionam grandes desafios, levando-nos a buscar novas estratégias e nos surpreendendo todos os dias, fortalecendo a ideia de que cada
um tem seu jeito de aprender. Entre eles, um em especial,
o Joseph, hoje com deficiência visual, entre outros agravantes, tem retomado o gosto pelas atividades escolares, mediante a proposta de educação inclusiva e atendimento especializado direcionado às suas necessidades
com materiais adaptados.
Comecei a pesquisar sobre atividades indicadas para
melhor atendê-lo e encontrei, entre muitos, um material interessante feito com palitos de sorvete para que as
crianças construíssem letras, números e formas, que também atendia a proposta de trabalho do PNAIC. Fiz algumas adaptações e começamos a trabalhar com a construção de formas associadas a elementos da paisagem
em que estávamos inseridos. O material é constituído de
palitos coloridos de sorvete com velcro nas extremidades.
O aluno se familiarizou com o material; eu perguntei o
que poderíamos construir, ele sugeriu as formas geométricas que havíamos trabalhado: quadrado e triângulo.
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Ao ser perguntado se seria possível construir uma
casa com aquelas formas, ele organizou as formas construídas. A atividade possibilitou que fosse feita uma
composição, e por meio do tato, ele pode descrever o
que foi construído.
'O importante é ter em mente que para que haja sucesso no processo de ensino e aprendizagem, seja em matemática ou outras áreas do conhecimento, tanto na sala
regular quanto no AEE, os professores devem levar em
conta duas verdades: não subestimar a capacidade dos
alunos em aprender e compreender que cada um aprende do seu jeito e no seu tempo, fazendo uso das ferramentas de que dispõe, sejam elas física, cognitiva, psicológica
ou neurológica, cada um mediante a sua realidade.
Rosangela Miranda de Souza e Silva é
professora e atua no Atendimento Educacional Especializado na EM Adolfo Martini
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Sem a curiosidade que me
move, que me inquieta, que
me insere na busca, não
aprendo, nem ensino.
(Paulo Freire)
O jogo
“Descubra quem sou eu”
Fernanda Aparecida de Souza Rezende
Ao me deparar com as dificuldades dos alunos em relação à compreensão do funcionamento de numeração
decimal e o valor posicional do algarismo, resolvi utilizar
o recurso das fichas escalonadas.
Tinha como objetivos explorar o conceito de número
nas suas várias manifestações e suas representações simbólicas, em especial, a escrita, e promover a compreensão
de que a escrita dos números está diretamente relacionada à contagem por agrupamentos, sendo que o número
pode ser composto e decomposto em outros números.
Inicialmente, apresentei as fichas escalonadas aos alunos, que se encontram agrupadas por cores de acordo
com sua ordem posicional. Ficou definido que as unidades utilizariam a cor azul; as dezenas, a cor vermelha; e
as centenas, a cor amarela.
Após o contato lúdico, a sala foi dividida em dois grupos denominados amarelo e vermelho, entregou-se uma
folha de registro, uma caixa de perguntas e deu-se início
à gincana “Descubra que número sou eu”.
Um aluno da equipe amarela pegou uma pergunta e
a leu em voz alta. A questão deveria ser respondida pela
equipe vermelha, usando as fichas escalonadas e registrados na folha de pontuação e assim, sucessivamente, até
que todas as questões fossem respondidas.
As perguntas foram escritas em papel vermelho e amarelo para diferenciar os grupos no momento do sorteio.
Ao término de todas as questões, os alunos escreveram por extenso os resultados das questões resolvidos
durante a gincana. Venceu o grupo que obteve a maior
pontuação. A gincana proporcionou a compreensão do
valor posicional dos numerais, realizando sua composição e decomposição e utilizando conceitos de números
sucessores e antecessores.
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Meu objetivo era que os alunos assimilassem a questão
proposta nos desafios, conseguindo chegar a uma resposta, valendo-se das fichas escalonadas e realizando sua
leitura e escrita.
Os alunos se empenharam durante a gincana, demonstrando interesse em buscar as respostas corretas a cada
desafio lançado. Os sorteios das questões geraram uma
ansiedade por haver cores diferentes e, ao ser sorteado,
eles ficavam torcendo para que a cor da sua equipe fosse
a escolhida. Alguns apresentaram dificuldades em encontrar a resposta correta, mas compreenderam o uso das
fichas escalonadas. O entendimento da composição dos
números foi muito rico, resultando em uma aprendizagem significativa.
MODELO DE PERGUNTAS
UTILIZADAS NA GINCANA
Quem Sou Eu?
Sou o sucessor de 299.
Sou o antecessor de 490.
Estou entre 199 e 201.
Fernanda Aparecida de Souza Rezende
é professora da EM Antônio Pedro Ribeiro.
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Desenvolvendo
a aprendizagem
matemática
por meio da
interação
Eliana Regina Barbosa Mizuguchi
Erika Cristina Araújo Domingues
Vivian Almeida Morganti Evangelista
A utilização dos jogos no ensino da matemática vem
recebendo grande valorização no que diz respeito à prática pedagógica. Sabemos que a aprendizagem é possível
quando estruturada a partir de conhecimentos significativos, que estimulem o raciocínio e proporcionem meios
para sua utilização no cotidiano.
Desta forma, trabalhar com jogos é criar condições
para a socialização, proporcionando o levantamento
de conflitos, bem como o desenvolvimento individual
e coletivo de soluções para estes.
Por meio do jogo da trilha, apresentado neste trabalho, foi possível explicitar e explorar as possibilidades
de diálogo entre as diferentes áreas do saber, estimular a
linguagem oral e a escrita numérica, bem como trabalhar
a sequência numérica, contagem, quantificação, ordem
crescente e decrescente.
O jogo da trilha possui um formato que pode ser adaptado de acordo com as necessidades, o contexto de cada
faixa etária e a turma, levando-se em consideração os direitos de aprendizagem de matemática para cada ano.
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Educando em Mogi
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Prefeitura de Mogi das Cruzes
Com os alunos do 1º ano, foram utilizadas as regras
convencionais, em que cada jogador avança o marcador
de acordo com os pontos obtidos nos dados.
Com os alunos do 2º ano, foi trabalhada a estrutura
inicial e, na sequência, as operações da adição e subtração
utilizando-se dois dados.
Com os alunos do 5º ano, utilizamos cartões com as quatro operações básicas, que seriam sorteados pelos alunos a
cada jogada e só avançariam se acertassem a operação.
Num segundo momento, utilizamos a trilha no
chão, confeccionada em tecido. Os alunos foram divididos em seis equipes de forma que em todas havia
alunos das turmas de 1º, 2º e 5º anos. Foram utilizados
cartões com as quatro operações, levando-se em consi-
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deração os conceitos matemáticos adquiridos por cada
ano. Nessa fase, um aluno sorteava um cartão contendo a operação matemática a ser solucionada; poderia
resolver sozinho e andaria os pontos obtidos no dado.
Caso necessitasse do auxílio da equipe e apresentasse
a resposta correta, avançaria uma casa; se errasse, não
moveria o pião humano.
Durante as atividades, houve entrosamento entre as
equipes. Os maiores auxiliavam os menores, porém não
descartavam sua responsabilidade e, juntos, pensavam
em estratégias para cálculos mais precisos, o que lhes
renderia o avanço em relação às casas do jogo. Outro fator que não pode ser descartado é o reconhecimento dos
sinais matemáticos e sua utilização.
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“A elaboração e a utilização de jogos e situaçõesproblema em sala de aula podem ser importantes
aliadas no processo de construção de conhecimentos,
pois ao ser pensado e elaborado o jogo como
instrumento pedagógico e de aprendizagem, pode
contribuir para que o professor diagnostique os
processos e dificuldades apresentados
pelas crianças durante a sua resolução”.
(SILVA , 2006)
No caso da trilha na mesa, o aluno deveria estar atento
ao comando do professor, realizar a operação solicitada
e, quando em grupo, sentir segurança para tentar solucionar a operação sozinho, pois, dessa forma, avançariam
um maior número de casas.
No jogo o aluno sofre as consequências de sua escolha,
cria novas estratégias, raciocina sobre o que lhe é passado. O lúdico auxilia o professor a descobrir o que de fato
o aluno sabe, além de ser um excelente recurso de aprendizagem, tornando a aula mais dinâmica e acessível, e os
conteúdos menos temidos ou frustrantes.
O aluno demonstra interesse pelos conhecimentos
propostos, utilizando diferentes estratégias para a resolução dos problemas.
Eliana Regina Barbosa Mizuguchi é graduada em Letras e pós-graduada
em Gestão do Currículo para Professores e Coordenadores. Atualmente é
professora da EM Profª Maria Eugênia Fochi de Araújo.
Erika Cristina Araújo Domingues é graduada em Pedagogia e professora
da EM Profª Maria Eugênia Fochi de Araújo.
Vivian Almeida Morganti Evangelista é graduada em Ciências Físicas e
Biológicas (Biologia) e em Pedagogia; é pós-graduada em Alfabetização e
Letramento, em Psicomotricidade e em Ludopsicopedagogia. Atualmente é
professora da EM Profª Maria Eugênia Fochi de Araújo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SANTOS, F.L. A matemática lúdica, o jogo e a criatividade. Educare/Educere, 14, 105-116, 2003.
SILVA, L. G. Jogos e situações-problema na construção das noções de lateralidade, referências e
localização espacial. In: CASTELLAR, S. (org.). Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São
Paulo: Contexto, 2006, p. 137-156.
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Um fechamento
memorável
Andréa Pereira de Souza
Ao considerar a importância da formação docente, o Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa em Mogi das Cruzes cumpre seu papel indelével em 2014.
Durante a auspiciosa manhã do dia 8 de novembro, cerca de 650 professores da
rede municipal se reuniram para mais um encontro, desta vez sob a formatação de um
seminário, com apresentações culturais, mediações e relatos de experiências, tendo
como propósito detalhar as transposições didáticas que tiveram a matemática como
seu eixo de trabalho.
Depois de um ano bastante produtivo, chegara o momento de finalizar as
programações com um evento que recuperasse as vivências de alguns educadores,
como uma pequena mostra do que a formação proporcionou.
A Secretária Municipal de Educação abriu os trabalhos, promovendo uma
importante reflexão sobre o papel docente e os resultados dessa ação, especialmente
no que se refere aos processos de aprendizagem, sem perder de vista os índices
nacionais que apontam para as urgências de nosso cotidiano escolar.
Os relatos de experiência foram permeados por duas apresentações culturais:
alunas da Escola Municipal João Antônio Batalha brindaram-nos com uma graciosa
dança, com foco em grandes celebridades musicais. O ritmo escolhido pelo grupo foi a
zumba. A professora Isabela Djanina Barbero, da Escola Municipal Professora Lourdes
Lopes Romeiro Iannuzzi, emocionou os participantes com sua destreza ao violino,
demonstrando um caminho virtuoso que aproxima a Arte e a Educação.
Coube ao professor Adriane Romero Branco a tarefa de encerrar o evento, mediando
outras reflexões sobre a validade de se estudar com afinco a matemática, destacando
sua pertinência na vida de cada um de nós. A proposta interativa com que o convidado
conduziu sua participação ratificou as nossas impressões de que a agenda seguida
pelas formações do PNAIC, em Mogi das Cruzes, foi aprovada pelos docentes da rede e
cumpriu seu papel de dar aos estudos matemáticos um novo status de ludicidade.
Andréa Pereira de Souza é responsável pela Divisão de
Orientação Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes.
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