PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO E TECNOLOGIA AMBIENTAL
José Costa Alencar
DIAGNÓSTICO E INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DO
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
DE IMPERATRIZ-MA
Santa Cruz do Sul
Abril de 2013
2
José Costa Alencar
DIAGNÓSTICO E INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DO SISTEMA DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE IMPERATRIZ-MA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Tecnologia Ambiental – Mestrado, área de Concentração em
Gestão e Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa Cruz
do Sul – UNISC, como requisito parcial para obtenção do
Título de Mestre em Tecnologia Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Diosnel Antonio Rodriguez Lopez
Santa Cruz do Sul
Abril de 2013
3
José Costa Alencar
DIAGNÓSTICO E INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DO SISTEMA DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE IMPERATRIZ-MA
Esta Dissertação foi submetida ao programa de
Pós-Graduação
em
Tecnologia
Ambiental
Mestrado, Área de Concentração Gestão Ambiental
e Tecnologia Ambiental, Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC, como requisito parcial para
obtenção do Título de Mestre em Tecnologia
Ambiental.
Dr. Jorge Diniz de Oliveira
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA/CESI
Dr. Ênio Leandro Machado
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC
Dr. Diosnel Antonio Rodriguez Lopez
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC
Orientador
Santa Cruz do Sul, Abril de 2013
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Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
5
AGRADECIMENTO
Agradeço a DEUS por me dar inspiração, discernimento e capacidade de
seguir sempre o caminho da verdade e poder contribuir com novas descobertas e
conquistas a serviço da humanidade.
A minha esposa e companheira Joselma Alencar, pela sua disponibilidade,
colaboração incondicional e espontaneidade permanente, contribuindo inclusive
nas orientações, pesquisas bibliográficas e levantamento de dados in loco, bem
como aos meus filhos Gabriel Marx e Nathália Jeane Alencar
Aos meus pais Espedito Costa Alencar (in memoria) Rita Costa Alencar, pelo
exemplo de caráter, responsabilidade e firmeza nas decisões, mesmo sendo
analfabetos contribuíram de forma decisiva em mais esta conquista profissional.
Aos meus irmãos Antonio, David, Expedito Filho, Ivonilde, José Francisco e
Maria das Neves Alencar, bem como ao amigo e parceiro Raimundo Batista de
Oliveira.
Ao grande amigo e professor Dr. Diosnel Antonio Rodriguez Lopez por sua
capacidade, habilidade, sabedoria e profissionalismo, como mestre e orientador de
trabalhos acadêmico e principalmente como cidadão.
Ao amigo e pesquisador, professor Dr. Jorge Diniz de Oliveira, Universidade
Estadual do Maranhão – Campus de Imperatriz – MA, pela disponibilidade de
dados e orientações técnicas sobre resíduos sólidos urbanos da cidade de
Imperatriz - MA.
A todos os professores do Mestrado em Tecnologia Ambiental, por
compartilharem seus conhecimentos e experiências profissionais e aos colegas da
turma pela parceria seriedade e descontração.
A Prefeitura Municipal de Imperatriz – MA, que através das Secretarias do
Meio Ambiente, da Agricultura e Abastecimento e da Infraestrutura e Transporte,
forneceu suporte técnico e informações sistêmicas sobre RSU – Resíduos Sólidos
Urbanos do município, bem como à empresa LIMP FORT – Engenharia Ambiental
Ltda. pelos dados quantitativos dos serviços de geração, coleta, transporte e
destinação final do lixo.
Ao IFMA – Instituto Federal do Maranhão, pelo empenho na liberação dos
servidores para a qualificação profissional.
6
RESUMO
Encontrar soluções para o Gerenciamento do Sistema de Resíduos Sólidos
Urbanos (GRSU) sempre foi um desafio para os gestores públicos. A falta de
ferramentas de apoio e de profissionais capacitados nas prefeituras têm sido
decisivos para dificultar a tomada de decisões sobre a sustentabilidade do sistema
de gestão de resíduos da maioria dos municípios do Brasil. A cidade de Imperatriz
no Estado do Maranhão não foge à regra. A mesma experimentou um crescimento
populacional acelerado e conturbado passando de 39.367 para 277.440 habitantes
entre 1960 e 1991, atingindo 250.063 habitantes em 2012 (IBGE, 2012). Este
crescimento populacional, associado a um processo de urbanização desordenada,
trouxe sérios problemas ambientais, em razão principalmente da ocupação de
áreas periféricas e suburbanizadas, com infraestrutura básica inexistente. Dessa
forma, o presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa que buscou
analisar de forma detalhada o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos no Município de Imperatriz – MA,utilizando a ferramenta tecnológica de
Análise de Ciclo de Vida (ACV) baseado na ISO 14.040. A análise ambiental dos
referidos cenários foi realizada com a aplicação do software IWM 2.5, cujos
resultados referentes à análise de inventário de materiais e energia foram
posteriormente tratados com o auxílio da ferramenta Excel, da Microsoft Office. A
avaliação de impactos consistiu na transformação das intervenções ambientais
obtidas no ICV, em categorias de impactos (efeitos ambientais potenciais) e foi
orientada segundo a norma ISO 14042. A avaliação dos impactos foi realizada
utilizando os fatores de impacto contidos no informe ReCiPe (2008), que por sua
vez é utilizada no Software SimaPro 7.0. Para a realização dos ensaios foram
analisados quatro cenários. O primeiro correspondeu à situação atual (coleta e
disposição em lixão dos RSU coletados). A segunda simulou a utilização de um
aterro sanitário como destino final dos resíduos coletados. O terceiro cenário
correspondeu à introdução de um processo de triagem e reciclagem de papel,
vidro, metais ferrosos e não ferrosos e plásticos. O último cenário trabalhado
correspondeu às condições do cenário 3 mais a adição de um processo de
compostagem de parte da matéria orgânica coletada. Os resultados mostraram que
o cenário 01 foi o mais impactante, sendo que seu potencial de aquecimento global
7
(PAG), entre outros fatores, correspondeu a 160.000 toneladas equivalentes de
CO2. Por sua vez, o cenário 4 apresentou o menor impacto, com um PAG de
34.815 toneladas equivalentes de CO2. Os resultados mostraram que o lixão é o
maior causador de impactos no sistema de gerenciamento de resíduos, com um
PAG superior entre 4 e 5 vezes a medida de proceder a compostagem.
Palavras – chaves: gerenciamento de resíduos, lixão, passivo ambiental, potencial
de aquecimento global, análise de ciclo de vida.
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ABSTRAT
Finding solutions for Municipal Solid Waste Management System has always been
a challenge for policy makers. The lacks of supporting tools and trained
professionals in city halls have been crucial to difficult decisions about sustainability
of waste management system of most municipalities in Brazil. The city of Imperatriz
in Maranhão. State is no exception. This city experienced a rapid population growth
and troubled from 39,367 to 277,440 inhabitants between 1960 and 1991, reaching
250,063 inhabitants in 2012 (IBGE, 2012). This population growth, coupled with
processes of unplanned urbanization brought serious environmental problems,
mainly due to occupation of both outlying and under urbanized areas with basic
infrastructure lacking. Thus, this paper presents the results of a study that seeks to
analyze in a systemic way the municipal solid waste management system in the
City of Imperatriz-MA using the technological tool of Life Cycle Assessment (LCA)
based on ISO 14040. The environmental analysis of these scenarios was
accomplished with the application of software IWM 2.5, the results of the analysis of
materials inventory and energy were subsequently treated with the help of the tool
Excel from Microsoft Office. The impact assessment consisted in transformation of
environmental interventions obtained at LCI, in impacts categories (potential
environmental effects) and was oriented according to ISO 14042. The impact
assessment was performed using impact factors contained in the report ReCiPe
(2008), which in turn is used by the software SimaPro 7.0. For the tests were
analyzed four scenarios. The first corresponds to the current situation (collection
and disposal of MSW collected in open dump). The second simulates the use of a
landfill as the final destination of the waste collected. The third scenario
corresponds to the introduction of sorting and recycling process of paper, glass,
ferrous and non-ferrous metals and plastics. The last scenario corresponds to the
working conditions of the scenario 3 plus the addition of a composting process of
organic matter collected. The results showed that the scenario 01 is the most
striking, and its global warming potential (GWP), among other factors corresponds
to 160,000 tonnes of CO2 equivalent. In turn, scenario 4 has the lowest impact, with
a GWP of 34,815 tonnes of CO2equivalent. In turn, scenario 4 had the lowest
impact, with a GWP of 34,815 tonnes of CO2 equivalent. The results showed that
9
the landfill is a major cause of impacts on the waste management system, with a
GWP higher than 4 to 5 times the measure to make compost.
Keywords: waste management, landfill, environmental liabilities, global warming
potential, Life Cycle Assessment.
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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
Abcv – associação brasileira de ciclo de vida
Abinee – associação brasileira da indústria elétrica e eletrônica
Abnt – associação brasileira de normas técnicas
Abrelpe – associação brasileira de empresas de limpeza publica
Acv – análise de ciclo de vida
Ce – comunidade européia
Cempre – compromisso empresarial para reciclagem
Cesi – centro de ensino superior de Imperatriz
Cnorp – cadastro nacional de operações de resíduos perigosos
Conama – conselho nacional do meio ambiente
Crea – conselho regional de engenharia e arquitetura e agronomia
Ctfa – cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental
Eca – ecotoxicidade aquática
Fndct – fundo nacional de desenvolvimento científico e tecnológico
Fnma – fundo nacional do meio ambiente
Hca – fator de toxicidade humana relativo ao ar
Hcw – fator de toxicidade humana relativo à água
Ibge – instituto brasileiro de geografia e estatística
Icv – inventário de ciclo de vida
Ipea – instituto de pesquisa econômica aplicada
Iso - international organization for standardization
Mbp – pré-tratamento mecânico e biológico
Mbt – tratamentomecânico e biológico
Mncr – movimento nacional dos catadores de recicláveis
Pa – potencial de acidificação
Pag – potencial de aquecimento global
Pdco – potencial de depleção da camada de ozônio
P. Diário – Percurso diário
Pe – potencial de eutrofização
Pgirs – plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos
Pgo – potencial de geração de ozônio
11
Pgrsu – programa de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
Pnad – pesquisa nacional por amostra de domicílio
Prns – política nacional de resíduos sólidos
Rsu – resíduos sólidos urbanos
Setac – sociedade de toxicologia e química ambiental
Sinima – sistema nacional de informação sobre meio ambiente
Sinir – sistema nacional de informações sobre gestão de resíduos
Sinisa – sistema nacional de informações em saneamento básico
Sinmetro – sistema nacional de metrologia, normalização e qualidade industrial
Sisnama – sistema nacional do meio ambiente
Smads – secretaria municipal de assistência e desenvolvimento social
Snis – sistema nacional de informações sobre saneamento
Snvs – sistema nacional de vigilância sanitária
Suasa – sistema unificado de atenção à sanidade agropecuária
Th – toxicidade humana
Ue – união européia
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: As fases de uma avaliação de ciclo de vida (modificado de ISO
14040:1997). ........................................................................................................... 39
Figura 2: Mapa de localização de Imperatriz. .......................................................... 45
Figura 3: Evolução da massa de lixo coletada entre 2006-2012 ............................. 54
Figura 4: Geração média anual de lixo no Município de Imperatriz......................... 55
Figura 5: Consumo de energia nos quatro cenários simulados............................... 56
Figura 6: Resultados do PAG dos 4 cenários considerados.................................... 58
Figura 7: Comparação do potencial de acidificação dos cenários simulados. ........ 59
Figura 8: Resultados de PE nos 4 cenários simulados. .......................................... 61
Figura 9: Potencial de depleção da camada de ozônio nos cenários simulados. ... 62
Figura 10: Potencial de geração de ozônio dos cenários simulados. ...................... 63
Figura 11: Toxicidade humana dos 4 cenários trabalhados. .................................... 64
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quantidade de RSU Gerado no Brasil ..................................................... 22
Tabela 2: Índice per capita de Coleta de RSU no Brasil .......................................... 22
Tabela 3: Distribuição da Quantidade Total de RSU Coletada (%) no Brasil. .......... 23
Tabela 4: Índice Evolutivo da Coleta de RSU (%) no Brasil .................................... 23
Tabela 5: Destinação final de RSU no Brasil (t/dia) ................................................. 24
Tabela 6: Quantidade de municípios por tipo de destinação adotada – 2011.......... 24
Tabela 7: Participação dos Materiais no total de RSU coletados no Brasil ............. 25
Tabela 8: Distribuição dos Municípios com iniciativas de Coleta Seletiva ............... 25
Tabela 9: Principais impactos ambientais da gestão de resíduos sólidos urbanos
CH4 CO2 VOCS ........................................................................................................ 31
Tabela 10: Substâncias mais comuns e os respectivos fatores de impactos nas
diversas categorias. ................................................................................................ 49
Tabela 11: Média de consumo de combustível e RSU coletado p/dia - 2006 a 2008
................................................................................................................................ 51
Tabela 12: Média de consumo de combustível e RSU coletado p/dia - 2009 a 2011
................................................................................................................................ 52
Tabela 13: Média de consumo de combustível e RSU coletado p/dia - 2012 .......... 52
Tabela 14: Valores de PA para cada etapa do cenário 03 em g/ano. ...................... 60
Tabela 15: Valores de PA para cada etapa do cenário 04 em g/ano. ...................... 60
Tabela 16: Uso do solo para aterramento dos RSU em cada cenário. .................... 65
14
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15
2
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ............................................................. 19
2.1
PANORAMA DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS NO BRASIL ................................................................................ 19
2.2
IMPACTOS AMBIENTAIS DOS SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS. ............................................................... 28
3
2.3
LEGISLAÇÃO PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ................. 31
2.4
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA DA GESTÃO DE RSU ........................ 36
METODOLOGIA ........................................................................................ 43
3.1
LOCAL DA PESQUISA ....................................................................... 43
3.2
CARACTERIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS EM
ESTUDO ....................................................................................................... 46
4
3.3
CENÁRIOS SIMULADOS ................................................................... 47
3.4
MODELO UTILIZADO E CÁLCULO DE IMPACTOS .......................... 47
RESULTADOS ........................................................................................... 50
4.1
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO E DO SISTEMA DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS URBANOS ATUAIS. ............................ 50
4.2
RESULTADOS DA COMPARAÇÃO DA SIMULAÇÃO DOS CENÁRIOS.55
5
CONCLUSÕES .......................................................................................... 66
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 68
7
ANEXOS .................................................................................................. 72
15
1
INTRODUÇÃO
A modernidade nos impõe cada vez mais desafios diante das inovações
tecnológicas, das descobertas e contradições. A humanidade chega ao século XXI
marcada pelo desperdício e por um desenvolvimento geralmente insustentável,
onde os recursos da biosfera são utilizados na maioria das vezes como algo
inesgotável, tendo inclusive que assimilar novos produtos, desconhecidos dos
ciclos naturais, os quais, geralmente não conseguem realizar sua reciclagem
dentro do tempo previsto, ultrapassando o limite dos fluxos naturais de matéria e
energia.
Considerando os diferentes cenários ambientais e, consequentemente o
despertar da preocupação com a escassez de recursos naturais e com os
problemas advindos de tal situação, a sociedade busca a construção de forma de
vida orientada desde o ponto de vista da sustentabilidade. Atualmente, o sistema
produtivo visa à implantação de processos capazes de atender, em tempo hábil, as
necessidades da sociedade atual, sem, no entanto, comprometer a qualidade de
vida e segurança ambiental de gerações futuras, promovendo ciclos produtivos
economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente corretos e
sustentáveis.
Diante de tal situação, a sociedade contemporânea e cada vez mais
consumista tem se confrontado com as dificuldades sem gerenciar seus resíduos,
dos mais diferentes tipos. A destinação final de resíduos tem se apresentado como
um dos principais problemas. Cada dia há uma maior necessidade de
implementação de ações e medidas de forma a diminuir o impacto ambiental dessa
etapa do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU). A curta duração do
ciclo de vida dos produtos contribui para a busca cada vez mais acentuada pelo
extrativismo descontrolado, contribuindo, portanto para a degradação do meio
ambiente.
Os
subprodutos
da
sociedade
são
normalmente
descartados
rapidamente e com maior frequência, lançados na natureza sem nenhum controle e
acondicionamento em conformidade com a legislação ambiental. Na verdade,
grande quantidade de materiais e energia, contidos em produtos descartados é
encaminhada de forma indiscriminada no fim do seu ciclo de vida para locais de
16
aterramento, sem considerar o seu potencial de reaproveitamento dentro do ciclo
produtivo ou para co-produção de energia.
Em muitos municípios brasileiros este problema geralmente é resolvido de
acordo com o ponto de vista do menor custo. Analisando o modelo até hoje
utilizado na gestão dos resíduos sólidos, pode se afirmar que o mesmo segue um
modelo higienista, considerando apenas a retirada do lixo e seu descarte, sendo
apenas a prefeitura responsável pelas ações do gerenciamento.
Em decorrência das frequentes mudanças de comportamento da sociedade
moderna, em relação à geração e disposição final dos resíduos urbanos, a solução
proposta por muitos gestores públicos consistia em queimá-los ou depositá-los em
ambientes distante do convívio social das cidades, normalmente em lixões a céu
aberto. Entretanto, nos últimos anos, constatou-se que muitos problemas passaram
a surgir em decorrência de tal metodologia, o que contribuiu para o surgimento de
manifestações populares de cunho nacional e internacional. Consequentemente,
mudanças e ajustes legais ocorreram, considerando a urgente necessidade de
adequar a convivência da humanidade com o novo cenário por ela construído.
Durante muito tempo, os resíduos sólidos urbanos foram tratados como um
problema de caráter sanitário. A falta de saneamento foi um fator limitante na
distribuição adequada da população nas cidades por séculos. Somente com o
advento da Revolução Industrial, no final do século XVIII e, principalmente a partir
do inicio do século XIX, época em que as cidades tiveram que absorver maior
contingente demográfico, é que medidas sanitárias de construção de redes de
esgotos e água tratada passaram a fazer parte das ações de Políticas Públicas nas
regiões de maior industrialização. Hoje o desafio é implantar sistemas de
gerenciamento
de
resíduos
sólidos
urbanos
capazes
de
promover
a
sustentabilidade, integrando deste modo: reciclagem de materiais e energia;
manutenção da qualidade dos recursos naturais – água, ar e solo; geração de
emprego e renda e propor novos mecanismos de sustentabilidade ambiental.
No Brasil, mais de 80% da população vive em áreas urbanas, as infraestruturas e os serviços não têm acompanhado o ritmo de crescimento das
cidades. Segundo Braga et al, (2003), o desenvolvimento das áreas urbanas e
17
industriais ocorreu sem planejamento, causando muita poluição e intensa
degradação ambiental, que atingiram níveis tão elevados que começaram a causar
impactos importantes sobre a saúde humana e comprometer a qualidade do
ambiente. Os impactos do manejo inadequado de resíduos sólidos e os da limpeza
urbana são enormes sobre a rotina da população, quer seja em relação à saúde
pública e à qualidade ambiental ou em relação aos aspectos estéticos e de turismo.
A forma mais comum de gerenciar resíduos sólidos se baseia no tripé coleta,
transporte e deposição final. Algumas prefeituras introduziram pequenas variações
neste modelo, como a inclusão do processo de triagem ou a compostagem da
matéria orgânica contida nos resíduos, as quais podem ser consideradas como
medidas isoladas e pontuais, sem realizar uma análise sistêmica de todo o
processo, o que pode comprometer a viabilidade técnica e econômica dessas
medidas adotadas. Um exemplo disto são as ações de muitas prefeituras, que na
década de 90 implantaram programas de coleta seletiva, baseadas apenas em
decisões políticas, sem o menor conhecimento das características básicas do lixo
do município, como quantidade produzida, composição física dos mesmos,
quantidade de material reciclável, áreas de geração, etc. A consequência disto foi o
fracasso e encerramento de muitos dos programas de coleta seletiva devido ao alto
custo envolvido, que não era compensado pelos resíduos coletados.
Na maioria das prefeituras a questão do lixo continua sendo tratada como
uma questão secundária, consequência do nosso estilo de vida, embora seja
necessário um gasto elevado para seu gerenciamento, dinheiro que normalmente
não é coberto pelos impostos cobrados para este fim, obrigando às prefeituras a
desviar verbas de outras áreas para enfrentar estes custos. Outro problema comum
é a falta de pessoal técnico qualificado, que possa ajudar na tomada de decisões
para melhorar o sistema de gerenciamento de resíduos. A grande quantidade de
resíduos sólidos produzidos, a diminuição das áreas adequadas para a disposição
final e o aperto da legislação ambiental, tem levado às prefeituras a se
confrontarem com sérias dificuldades perante a sociedade e ao poder público.
Uma forma de analisar os impactos produzidos pelo sistema de
gerenciamento de resíduos, que pode ajudar na tomada de decisões sobre esta
temática é a ferramenta da Análise de Ciclo de Vida (ACV), baseada na ISO 14040.
18
A análise do ciclo de vida, ou ACV, é uma ferramenta capaz de fornecer
informações necessárias para identificar os impactos causados por produtos e
serviços, permitindo a tomada de decisão sobre o que fazer para minorá-los. Essa
tomada de decisões se baseia na possibilidade que o ACV oferece em simular
cenários diferentes da situação atual, permitindo a comparação dos impactos de
todas as etapas consideradas.
O ACV pode ser utilizado para analisar sistemas produtivos, processos ou
serviços para com o meio ambiente, este último desde que seja possível
parametrizar esse serviço.
Coltro (2007), informa que empregando a ACV é possível avaliar a
implementação de melhorias ou alternativas para produtos, processos e/ou
serviços, sendo uma análise aplicada para obtenção de declarações ambientais e
desenvolvimento
de
produtos
de
menor
impacto
ambiental
(design
for
environment). Lemos & Barros (2006), corroboram com essa definição, informando
que a ACV objetiva aumentar a eficiência produtiva, pois através dela é possível
comparar diferentes processos de fabricação para um mesmo produto em termos
de utilização de recursos naturais e emissões ambientais.
O objetivo geral deste trabalho é realizar um estudo diagnóstico dos
impactos ambientais decorrentes do sistema do gerenciamento de resíduos sólidos
usando a técnica do ACV.
Como objetivos específicos desta pesquisa têm se:
•
Analisar os impactos ambientais do sistema atual de Resíduos Sólidos Urbanos
de Imperatriz – MA por meio do software IWM 2.5 para Inventário de Ciclo de
Vida.
•
Simular e comparar as modificações dos impactos ambientais da introdução de
novos cenários no sistema de gerenciamento de lixo dessa cidade, utilizando o
Software IWM 2.5 e fatores de impacto no informe ReCiPe (2008), que por sua
vez é utilizada no Software SimaPro 7.0.
19
2
2.1
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
PANORAMA DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
NO BRASIL
A revisão bibliográfica aqui apresentada está limitada apenas à questão dos
resíduos sólidos urbanos (lixo). Outros tipos de resíduos, como os da construção
civil, serviços da saúde, etc., não foram considerados, pois não é o foco desta
dissertação.
Um dos fatores que influencia a geração de lixo é a população urbana.
Segundo o IBGE (2010), a região Sudeste continua sendo a mais urbanizada do
Brasil, apresentando um grau de urbanização de 92,9%, seguida pelas regiões
Centro-Oeste (88,8%) e Sul (84,9%), enquanto as regiões Norte (73,5%) e
Nordeste (73,1%) têm mais de 1/4 dos seus habitantes vivendo em áreas rurais.
Rio de Janeiro (96,7%), Distrito Federal (96,6%) e São Paulo (95,9%) são as
Unidades da Federação com maior índice de urbanização. Os estados que
possuem os menores percentuais de população vivendo em áreas urbanas estão
concentrados nas regiões Norte e Nordeste, sendo o Estado Maranhão com
(63,7%), Piauí (65,8%) e Pará (68,5%) apresentam índices abaixo de 70% (IBGE –
2010).
De acordo com Lima (2004), muitos são os fatores que influenciam a origem
e formação do lixo no meio urbano e a distinção destes mecanismos é uma tarefa
complexa e de difícil realização. O autor cita alguns exemplos, dentre os quais
enfatizamos: números de habitantes km²; área destinada à produção; hábitos e
costumes da população; condições climatobotânica; variações térmicas e/ou
sazonais; estrutura intelectual e acesso á renda.
Segundo Grimberg e Blauth (1998), a análise da questão não pode ocorrer
sem atentar para outros determinantes, tais como: capacidade de consumo
associada aos diferentes grupos sociais; padrão de consumo de acordo com a
origem produtiva das mercadorias, industrializadas ou não, nível e padrão de
desenvolvimento econômico, este podendo apontar para a ação mais ou menos
predatória na relação sociedade/meio ambiente. Neste mesmo ponto de vista, é
20
abordado ainda que estes aspectos variem entre países, entre as diferentes
regiões de alguns países e mesmo entre estados e municípios que os formam.
Para Santos (2000), o crescimento das cidades ligado á urbanização, (Brasil
– segunda metade do século XX), às mudanças nos padrões produtivos e de
consumo e a ampliação da compreensão dos problemas ambientais e da
fiscalização neste setor, fizeram com que o desafio da gestão de resíduos
ganhasse maior complexidade, colocando novos elementos para pensar,
desafiando as antigas concepções sobre o lixo e os modelos de gestão até então
existentes. Portanto, a importância de refletirmos sobre outros mecanismos de
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.
Um sistema de gestão sustentável de resíduos sólidos deve ser
ambientalmente eficiente (reduzir ao máximo os resíduos gerados, bem como as
emissões gasosas e líquidas), economicamente suportável (o sistema deve operar
a custos que possam ser suportados por toda a sociedade) e socialmente aceite (o
sistema de gestão deve operar de modo a ser aceite pela maior parte da
comunidade, tendo em conta a educação e o desenvolvimento (McDougall, et al,
2001).
Um sistema de gestão sustentável de resíduos deve ser integrado, com
orientações para o mercado, flexível e socialmente aceitas. Um sistema integrado
de resíduos sólidos deve procurar:
•
adequar eliminação dos resíduos de modo a garantir a qualidade ambiental e
de vida das populações;
•
valorizar recursos associados aos resíduos sólidos;
•
permitir ao sistema de resíduos sólidos acompanhar e responder ao
desenvolvimento econômico e social da região;
•
operar escala suficiente grande;
•
integrar soluções num quadro de ações que permita a concretização das
prioridades estabelecidas;
•
tentar sempre reduzir os impactos ambientais e os custos.
21
As estratégias de gestão de resíduos obedecem a uma hierarquia de
prioridades que se baseiam na prevenção (redução, reutilização e recuperação),
seguida pela valorização (reciclagem material, tratamento biológico ou tratamento
térmico) e, por último, a eliminação.
De acordo com Leal et al, (2003), os problemas com o lixo também estão
relacionados a fases anteriores à disposição, ou seja, o descarte feito pelos
moradores, coleta e o transporte, que muitas vezes não estão estruturados de
maneira eficaz, ou não são prestados adequadamente pelas administrações
municipais ou empresas terceirizadas responsáveis pela execução do serviço. Os
resíduos sólidos que não são coletados ou tratados de maneira adequada, em
geral, também acabam sendo dispostos de forma e em áreas impróprias,
conhecidas como lixões. Quando isso ocorre o lixo torna-se causador de grandes
problemas ambientais, dentre os quais se destacam:
•
riscos à saúde das populações residentes nas proximidades, pois os lixões
tornam-se criadouros de vetores de diversas doenças;
•
contaminação do solo e de águas superficiais e subterrâneas;
•
lixões situados nas proximidades das áreas urbanas envolvendo problemas
com o mau cheiro, infestação por moscas, fumaça etc;
•
áreas rurais com disposição dos resíduos sem manejo adequado, sobretudo no
que diz respeito ao aterramento em valas, também causa sérios problemas.
Destaca-se a dispersão dos resíduos leves (por exemplo, sacolas e
saquinhos plásticos), que podem vir a ser consumidos por animais (domésticos ou
criados para comércio) e causar prejuízos econômicos aos seus proprietários.
Na Tabela 1 estão apresentados os dados de geração de resíduos no Brasil
no período 2010 – 2011. De acordo com a Tabela 1 a geração de RSU no país é
bastante expressiva, considerando a análise demonstrativa de dados comparativos
obtidos através de levantamento da Associação Brasileira de Empresa de Limpeza
Pública, percebe-se um aumento de 0,8% no índice de geração per capita de RSU
e um acréscimo de 1,8% na quantidade total gerada. Tais índices superam o
crescimento da população urbana registrado de 2010 para 2011, que foi de 0,9%.
22
Tabela 1: Quantidade de RSU Gerado no Brasil
Região
2010
Norte
RSU Gerado
(t/dia)/Índice
kg/hab/dia)
12.920 / 1,108
Nordeste
2011
11.833.104
RSU
Gerado
(t/dia)
13.658
50.045 / 1,289
39.154.163
50.962
1,302
Centro-Oeste
15.539 / 1,245
12.655.100
15.824
1,250
Sudeste
96.134 /1,288
75.252.119
97.293
1,293
Sul
20.242 / 0,879
23.424.082
20.777
0,887
BRASIL
195.090 / 1,213
162.318.568
198.514
1,223
População
Urbana (hab)
Índice
(kg/hab/dia)
1,154
Fonte: ABRELPE 2010 e 2011, PNAD (2001 a 2011) e IBGE 2011
De acordo com a ABRELPE (2011), o Brasil coletou 177.995 t/dia de lixo em
2011, o qual é 2,5% superior à massa de lixo coletada em 2010, que foi de 173.583
t/dia. A massa de lixo coletada em 2011 representa uma taxa de geração de 1,079
kg/dia.hab. Um resumo do índice de coleta por regiões do país está apresentado
na Tabela 2. A quantidade de lixo coletada em 2011 representa 89,66% da massa
gerada.
Tabela 2: Índice per capita de Coleta de RSU no Brasil
Região
2010
2011
RSU Coletado (t/dia)
RSU Coletado
Índice
/Índice (kg/hab/dia)
(t/dia)
(kg/hab/dia)
Norte
10.623 / 0,911
11.360
0,960
Nordeste
38.118 / 0,982
39.092
0,998
Centro-Oeste
13.967 / 1,119
14.449
1,142
Sudeste
92.167 / 1,234
93.911
1,248
Sul
18.708 / 0,804
19.183
0,819
BRASIL
173.583 / 1,079
177.995
1,097
Fontes: ABRELPE – 2010 e 2011 e IBGE 2011
A Tabela 3 apresenta a distribuição da quantidade de lixo coletada por
regiões no Brasil. A tabela mostra que as regiões sul e sudeste são responsáveis
por 64% de todo o lixo no país.
23
Tabela 3: Distribuição da Quantidade Total de RSU Coletada (%) no Brasil.
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
6%
22%
8%
53%
11%
Fonte – ABRELPE – 2011
A Tabela 4 apresenta a evolução da coleta de resíduos sólidos urbanos no
Brasil na última década. Dessa Tabela pode ser observado que a região Nordeste
apresenta a menor taxa de coleta entre as regiões do país.
Tabela 4: Índice Evolutivo da Coleta de RSU (%) no Brasil
Região
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Norte
88,12
88,67
66,71
69,07
71,28
73,56
78,70
80,12
82,22
83,17
Nordeste
65,69
66,96
66,73
67,86
68,68
69,51
73,45
75,37
76,17
76,71
Centro-Oeste
84,06
84,00
83,94
84,37
85,16
85,96
90,36
89,15
89,88
91,30
Sudeste
91,06
91,29
91,43
91,52
91,78
92,04
93,23
95,33
95,87
96,52
Sul
81,33
81,99
82,24
82,51
83,01
83,51
90,49
90,74
91,47
92,33
BRASIL
82,15
82,71
81,48
82,06
82,68
83,30
87,94
88,15
88,98
89,66
Fontes: PNDA – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios até 2010 – Censo 2010 para 2011
Embora a Tabela 4 mostre uma evolução expressiva da quantidade de
material coletado, os sistemas de gerenciamento de lixo utilizados no Brasil se
encontram atrasados em relação a outros países com maior grau de
desenvolvimento (BARROS, 2012). Dentre os principais tópicos com precariedade
destaca-se a disposição final descuidada. Segundo Barros (2012), poucos sistemas
buscam a sustentabilidade e a gestão integrada dos RSU, que possa melhorar a
qualidade de vida de uma comunidade.
Analisando as informações da Tabela 5 que trata da destinação final dos
RSU coletados no Brasil pode se observar que, em média, 58,1% do lixo coletado é
enviado para o aterro sanitário (ABRELPE, 2011). Porém, uma parte importante
ainda é destinada a aterro sem medidas de controle da poluição necessárias, como
aterros controlados e lixões. É importante ressaltar neste ponto que muitos aterros
controlados não passam de lixões com pequenas melhorias, sendo que seu
impacto sobre o meio ambiente é comparável com a dos lixões.
24
Tabela 5: Destinação final de RSU no Brasil (t/dia)
Período
Aterro Sanitário
Aterro Controlado
Lixão
2010
99.919
57,6%
42.231
24,3%
31.433
18,1%
2011
103.335
58,1%
43.032
24,2%
31.628
17,7%
Fonte: ABRELP 2010 e 2011
Esta questão se torna mais preocupante quando se analisa a destinação
final por regiões. A Tabela 6 apresenta este detalhamento, no qual pode ser
constatado que na região Nordeste a participação dos aterros controlados e lixões,
como forma de deposição final dos RSU, atingem 1.348 municípios.
Tabela 6: Quantidade de municípios por tipo de destinação adotada – 2011
2011 – Regiões e Brasil
Destinação Final
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
BRASIL
446
CentroOeste
154
Aterro Sanitário
88
808
698
2.194
Aterro Controlado
109
502
148
640
365
1.764
Lixão
252
846
164
220
125
1.607
BRASIL
449
1.794
466
1.668
1.188
5.565
Fonte: ABRELP 2011
De acordo com a ABRELPE (2011), os 1.794 municípios dos nove Estados
da região nordeste geraram um valor médio de 50.452 toneladas/dia de RSU em
2011, das quais 76,71% foram coletadas. Seguindo tendência constatada em 2010,
o índice de coleta per capita cresceu 1,6% em 2011 comparativamente ao ano
anterior, sendo que a quantidade de resíduos coletados cresceu 2,6%, indicando
um aumento real na abrangência destes serviços.
O potencial de reaproveitamento de material dos RSU no Brasil é elevado. A
Tabela 7 apresenta a participação dos diferentes materiais na composição física
dos RSU. Analisando a Tabela 7 observa-se que 16,7% dos RSU têm potencial de
serem reaproveitados como matéria prima.
25
Tabela 7: Participação dos Materiais no total de RSU coletados no Brasil
Material
Participação (%)
Quantidade (t/ano)
Metais
2,9
1.610,499
Papel, Papelão e TetraPak
13,1
7.275.012
Plástico
13,5
7.497.149
Vidro
2,4
1.332.827
Matéria Orgânica
51,4
28.544.702
Outros
16,7
9.274.251
TOTAL
100,0
55.534,440
Fonte: ABRELPE 2011 e PNRS – Versão pós Audiências e Consulta Pública para Conselhos
Nacionais (Fevereiro/ 2012).
Apesar do potencial de reciclagem que apresentam os RSU do Brasil, pouco
tem se avançado no reaproveitamento desses materiais, com algumas exceções.
As latinhas de Al, por exemplo, atingiram uma taxa de 90% de reciclagem
(ABRELPE, 2011).
No Brasil o processo de separação prévia dos materiais recicláveis ainda é
tímido e, em se tratando das Regiões, Nordeste e Centro-Oeste, a situação é ainda
mais preocupante, como podemos constatar na Tabela 8.
Tabela 8: Distribuição dos Municípios com iniciativas de Coleta Seletiva
Região
Norte
Nordeste
Sim %
46,5
36,3
Não %
53,5
63,7
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
Brasil
28,1
80,1
78,8
58,6
71,9
19,9
21,2
41,4
Fonte: ABRELPE - 2011
Embora a coleta seletiva seja uma das principais estratégias para a redução
da quantidade de materiais enviada para aterros, a sua implantação deve ser
avaliada de forma cuidadosa, uma vez que isso apresenta desafios importantes. Tal
atividade deve seguir os princípios da sustentabilidade ambiental, social e
econômica (BARROS, 2012). Em muitas cidades, grande parte dos resíduos
recicláveis é retirada de antemão por catadores de maneira informal e não fazem
parte das estatísticas oficiais. Segundo o Movimento Nacional dos Catadoresde
recicláveis (MNCR), estima-se a existência de 20 mil pessoas envolvidas nessa
26
atividade e mais de 100 organizações desse ramo atuando na cidade de São
Paulo. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
(Smads), em 2005, 31% da população de rua eram catadores (Silva & Ribeiro,
2009).
A maioria dos catadores trabalha de forma independente, em condições
precárias de segurança e de saúde nas ruas da cidade (JACOBI e BENZEN, 2011).
Os resíduos domiciliares são dispostos na rua para a coleta em sacos plásticos, em
sua grande maioria entre 30 e 100 litros de capacidade, porém é frequente que a
população disponha de materiais aproveitáveis
como
jornais
e papelão
separadamente. Um número expressivo dos catadores usa carrinhos ou carroças
com capacidade de carga média em torno de 500 kg, podendo chegar a 800 kg, e
coleta nas regiões residenciais e comerciais que descartam mais recicláveis
(Instituto Pólis, 2009).
Por mais que muitos municípios tenham implantado a coleta seletiva,
baseados apenas em decisões política, a sustentação da mesma só é possível
com a injeção de dinheiro público. Este é o caso do Município de Vera Cruz – RS.
De acordo com o diagnóstico realizado no município para a elaboração do Plano de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos foi verificado que todo o material coletado e
vendido pela associação de catadores não seria suficiente para pagar a
infraestrutura necessária para apoiar a atividade (PGIRS-VERA CRUZ, 2012).
Logo, a prefeitura municipal deve retirar dinheiro do seu caixa para sustentar este
programa.
De todo o detalhado anteriormente pode ser visto que o gerenciamento de
RSU no Brasil se baseia apenas na retirada do lixo das fontes geradoras e seu
descarte mais rápido possível. Nenhum dos modelos estudados busca a
sustentabilidade desta ação.
De acordo com Jacobi e Besen (2011), os países ricos geram maiores
quantidades de resíduos e de lixo, possuem maior capacidade de equacionamento
da gestão integrada de RSU, por um somatório de fatores que incluem recursos
econômicos, preocupação ambiental da população e desenvolvimento tecnológico.
De acordo com estes mesmos autores, em cidades de países em desenvolvimento
27
com urbanização muito acelerada, verificam-se déficits na capacidade financeira e
administrativa dessas em prover infraestrutura e serviços essenciais como água,
saneamento, coleta e destinação adequada do lixo e moradia, e em garantir
segurança e controle da qualidade ambiental para a população.
Segundo o Cempre (2010), no aspecto financeiro, a coleta seletiva da cidade
de São Paulo, custava R$ 192,00 por tonelada ou o equivalente a R$
23.040,00/dia, e a R$ 691.200/mês. Enquanto a administração municipal investe
cerca de R$ 725 milhões/ano (SNIS, 2010), ou 60,41 milhões mensais
aproximadamente para coleta, transporte e aterramento, além do desperdício de
matérias primas que acabam sendo enterradas, em vez de retornarem ao ciclo
produtivo, investe irrisório 0,001% desse montante na coleta seletiva. De
investimentos insignificantes e resultados insuficientes, considerando-se o
potencial de material reciclável produzido por uma cidade global com padrões de
consumo equivalentes aos de países desenvolvidos.
Outro problema associado aos programas de coleta seletiva são a
ineficiência e a baixa abrangência. Estes dois fatores causam perdas econômicas
estimadas em R$ 749 milhões anuais em São Paulo (JACOBI e BESEN, 2011).
Mais de um milhão de toneladas de papel, papelão, plástico, aço, vidro e alumínio
são misturadas ao lixo convencional e aterradas quando poderiam ser separadas e
enviadas para a reciclagem (IPEA, 2010).
Segundo Jacobi e Benzen (2011), as questões técnicas, econômicas e
institucionais dificultam aos municípios brasileiros realizar uma gestão integrada e
sustentável dos resíduos de sua competência, tais como os resíduos urbanos e os
da construção civil e de serviços de saúde produzidos pelas próprias
municipalidades. Para estes autores, um dos aspectos não equacionados é a
sustentabilidade financeira dos serviços prestados. No Brasil, mais de 50% dos
municípios não cobram pelos serviços públicos de limpeza urbana, e, quando
cobrados, esses valores são insuficientes para cobrir as despesas com a prestação
dos serviços.
28
2.2
IMPACTOS AMBIENTAIS DOS SISTEMAS DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.
Os tipos de práticas de gestão de resíduos, adotados em cada país, são
principalmente em função de fatores econômicos, mas também são um reflexo de
aspectos técnicos, devido ao tipo de resíduos a ser tratado (GIUSTI, 2009). De
acordo com este autor o aterramento de matéria orgânica gera gás e lixiviados que
devem ser tratados de maneira adequados. Como a maioria dos aterros sanitários
capta menos de 50% dos gases de efeito estufa produzidos (este percentual pode
chegar até 90% quando os mesmos utilizam sistema de extração a vácuo para os
gases), (WASSERMANN et al, 2005). Na Europa, a UE Diretiva 1999/31/CE
relativa à deposição de resíduos tem estimulado o desvio de matéria orgânica para
compostagem ou aterro especializado, especialmente na Holanda, Suécia,
Dinamarca e Áustria (GIUSTI, 2009). A Incineração, para esse autor, não é uma
opção para material orgânico, devido ao seu teor de água.
Os sistemas de gerenciamento de resíduos apresentam impactos ambientais
em todas as etapas dos processos (SCHÜLER, 2008). Segundo MUCELLIN e
BELLINI (2008), entre os impactos ambientais negativos que podem ser originados
a partir do lixo urbano produzido estão os efeitos decorrentes da prática de
disposição inadequada de resíduos sólidos em fundos de vale, às margens de ruas
ou cursos d’água. Essas práticas habituais podem provocar, entre outras coisas,
contaminação de corpos d’água, assoreamento, enchentes, proliferação de vetores
transmissores de doenças, tais como cães, gatos, ratos, baratas, moscas, vermes,
entre outros. Some-se a isso a poluição visual, mau cheiro e contaminação do
ambiente.
Mas não somente o sistema de disposição final pode ocasionar impactos
negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente. O próprio sistema de coleta e
transporte de RSU pode ser responsável por emissões importantes de gases,
resultante da queima de combustíveis pelos caminhões destinados à coleta. De
acordo com Schüler (2008) e Neto (2007), a idade da frota, a falta de manutenção
adequada dos veículos e a qualidade dos combustíveis são responsáveis por
29
emissões de gases tais como CO2, CO, NOx, SO4, além de materiais particulados.
Muitos desses impactam diretamente ao ambiente ou à saúde humana.
Em muitos locais as usinas de triagem são utilizadas como pontos de
separação de lixo e de unidades de transbordo do material coletado. Estas
unidades geralmente acumulam o lixo, de forma temporária em suas instalações,
podendo produzir lixiviados, odores e proliferação de vetores. Os lixiviados
apresentam grande potencial poluidor uma vez que possuem elevadas cargas de
matéria orgânica, metais pesados, micro-organismos, etc. Estes elementos podem
afetar a qualidade do solo, das águas subterrâneas e superficiais, assim como
comprometer a saúde dos trabalhadores destas usinas.
Outro grande problema das usinas de triagem se verifica sobre a saúde dos
operadores das linhas de triagem, que muitas vezes trabalham sem as condições
mínimas de segurança. Para Giusti (2009), as questões de saúde são associadas a
cada etapa do manejo, tratamento e disposição de resíduos, de forma direta: por
meio de atividades de valorização e reciclagem ou outras ocupações no setor de
gestão de resíduos, por exposição às substâncias perigosas nos resíduos ou às
emissões provenientes de incineradores e aterros sanitários, vermes, odores e
ruídos ou indiretamente, por exemplo, através da ingestão de água contaminada,
solo e alimentos.
As usinas de compostagem apresentam uma excelente alternativa para o
gerenciamento de resíduos orgânicos, uma vez que elas transformam este material
em húmus. Além do mais, o desvio da matéria orgânica para a usina de
compostagem alivia a quantidade de material depositado nos aterros sanitários,
contribuindo para diminuir a quantidade de gases de aterro produzidos e aumentar
a vida útil dos mesmos (BOVEA et al, 2010, SHULER, 2008, NETO, 2007). Porém,
a usina de compostagem deve ter infraestrutura adequada para evitar a
contaminação de solos e emissão de odores. Segundo JUNKES (2002), os
impactos ambientais da compostagem constituem-se na redução dos resíduos
sólidos orgânicos de origem animal e vegetal que deixam de gerar gases e maus
odores, líquidos percolados, atraem animais como as moscas, ratos e baratas que
se instalam no ambiente de deposição, alimentam-se e proliferam-se nos restos
orgânicos e são normalmente vetores de doenças humanas como: tifo,
30
leptospirose, peste bubônica, diarreias infantis e outras igualmente perigosas. Por
meio da compostagem os resíduos orgânicos são decompostos, tornando
disponíveis os nutrientes para as atividades agropastoris e de jardinagem.
Dentre as etapas de gerenciamento de resíduos, o aterro representa a etapa
com maior potencial poluidor (NETO, 2007). Diferente dos outros processos, o
aterro pode estar presente por longo tempo, proporcionando um potencial poluidor
por muitos anos. Os aterros sanitários apresentam uma série de medidas de
engenharia destinadas ao controle da poluição do ar, do solo e das águas
subterrâneas. Porém, os lixões a céu aberto são fontes de emissões de
contaminantes para o meio ambiente (WASSERMANN, 2005).
No passado, o desempenho de um grande número de aterros e
incineradores tem sido bastante pobre, incluindo os aqueles construídos com uma
barreira de contenção (coberturas com argila ou com uma membrana sintética).
Roche (1996), apontou através de estudo sobre aterramento de resíduos que a
frequência de falhas em aterro no Reino Unido foi bastante elevada, resultando na
poluição das águas superficiais e subterrâneas, apesar do fato de que cerca de um
terço dos 4.000 locais pesquisados tinha um revestimento de argila. Como
resultado destas falhas técnicas, o público tem desenvolvido uma desconfiança das
opiniões de políticos e assessores técnicos.
Os planos para a construção de uma nova unidade de tratamento de
resíduos ou estação de tratamento têm enfrentado normalmente feroz oposição da
comunidade local, devido ao medo de possíveis efeitos adversos para a saúde, a
associação dessas instalações com os odores, ruído, intrusão visual, e da redução
de valor de terras e propriedades. A Tabela 9 mostra um resumo simplificado das
principais emissões conhecidas e impactos ambientais das atividades de gestão de
resíduos
associados. As
principais
vias
de
exposição
são
a
inalação
(principalmente devido às emissões provenientes de incineradores e aterros
sanitários), o consumo de água (no caso do abastecimento de água contaminada
com chorume), a cadeia alimentar (especialmente o consumo de alimentos
contaminados com bactérias e vírus através do espalhamento de esgoto e estrume,
bem como de alimentos enriquecidos com substâncias químicas orgânicas
persistentes que podem ser liberados por incineradores).
31
Tabela 9: Principais impactos ambientais da gestão de resíduos sólidos urbanos
CH4 CO2 VOCS
ÁGUA
Atividade
doaterro
Incineração
AR
Lixiviados
(metais
pesados,
compostos
sintéticos)
Queda-de
poluentes
atmosféricos
Compostagem
Lixiviados
Espalhamento
Bactérias,
vírus, metais
pesados
Derrames de
águas
residuais
SOLO
PAISAGEM
CLIMA
CO2, CH4, odor,
ruído, VOCS
Metais pesados,
Sintéticos,
ecompotosorgân
icos
Efeito visual
e vermes
A pior opção para
emissão de gases
de efeito estufa
SO2, NOX, N2O,
CHI, HF, CO,
CO2, dioxinas,
furanos, PAHS,
VOCS,odor,
ruído
CO2, CH4, VOCS ,
poeira, odor,
bioaerossóis
Bioaerossóis,
Poeira e odor
Poeira ,cinzas
eescórias
Efeito visual
Gases de efeito
estufa
Menor impacto
Efeito visual
Deposição de
resíduos em
aterro
Derramamentos
Vermes e
insetos
Pequenas emissões
degases de efeito
estufa
Menor emissão de
gases de efeito
estufa
Contribuição
significante de CO2
CO2, SO2, NOX,
poeira, odor,
ruido,
derramamentos
CO2 =dióxido de carbono; CH4 =metano; VOCs=compostos orgânicos voláteis; SO2=dióxidode enxofre;
NOx=óxidos de nitrogênio; N2O=óxidonutrous; HCI=ácidoclorídrico; HF= ácidohidrofluoric;
CO =carbonomnoxide; ePAHs=hidrocarbonetospolicíclicos aromáticos.
Reciclageme
transporte de
resíduos
2.3
LEGISLAÇÃO PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
A recém-aprovada e regulamentada Lei nº 12.305/2010 estabelece os
Planos de Resíduos Sólidos como instrumentos fundamentais para se alcançar a
gestão sustentável e integrada dos RSU. Além dos PGIRSU são definidos: Plano
Nacional de Resíduos Sólidos, os Planos Estaduais, os microrregionais, os de
região metropolitana ou aglomerações urbanas, os planos intermunicipais, planos
para grandes geradores e os de gerenciamento de resíduos sólidos.
Até então, a falta de uma ação legislativa específica abordando diretamente
a questão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), no país dava margem a grandes
distorções na solução deste grave problema. Com efeito, a ausência de uma lei,
regulando uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), fragiliza as
unidades da federação em relação à livre iniciativa política para definir prioridades,
32
estabelecer restrições e incentivos a atividades empreendedoras. Tal liberdade
acabou por provocar certo desequilíbrio entre os procedimentos adotados nos
diferentes municípios e estados da federação, bem como no Distrito Federal.
Com a publicação da Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, foram
definidas as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos; às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos
econômicos aplicáveis.
A PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo
Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010, dispõe de forma ampla quanto aos
pressupostos que estariam a ela sujeitos: as pessoas físicas ou jurídicas, de direito
público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos
sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao
gerenciamento de resíduos sólidos.
De acordo com Milaré (2011), a PNRS preencheu uma importante lacuna no
arcabouço regulatório nacional.
Essa iniciativa é o reconhecimento, ainda que
tardio, de uma abrangente problemática ambiental que assola o País, problemática
esta de proporções desconhecidas, mas já com diversos episódios registrados em
vários pontos do território nacional, e que tem origem exatamente na destinação e
disposição inadequadas de resíduos e consequente contaminação no solo, além da
dificuldade de identificação dos agentes responsáveis.
Ainda, para esse autor, esses registros indicam a gravidade de situações de
contaminação do solo e das águas subterrâneas, com risco efetivo à saúde pública
e à biota, além do comprometimento do uso de recursos naturais em benefício da
sociedade. Com efeito, os episódios de poluição do solo têm como característica
preponderante, o grande período de latência entre o fato causador, manifestação e
consequente percepção de efeitos mais graves no meio ambiente e, em algumas
vezes, na saúde da população do entorno, direta ou indiretamente exposta à
contaminação. De acordo com levantamentos divulgados na imprensa à época da
edição da Lei 12.305/2010, das 170 mil toneladas de resíduos produzidas
33
diariamente no País, 40% vão para lixões ou aterros irregulares, 12% não são
coletados e 48% são destinados a aterros sanitários.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, de forma clara, excluiu de seu
campo de atuação os rejeitos radioativos, os quais são regulados por legislação
específica e ressalvou a aplicação concomitante das Leis nº 11.445, de 5 de janeiro
de 2007, 9.974, de 6 de junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas
estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção
à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
A demonstração de que as normas isoladas pouco significam quando
implementadas sem a participação da sociedade está no próprio setor de pilhas e
baterias. Apesar da regulamentação da questão pelo Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA, através da Resolução nº 401, de 04 de novembro de 2008,
em substituição a Resolução CONAMA nº 257/1999, estamos longe de alcançar
patamares razoáveis de recolhimento dos respectivos resíduos dos mencionados
produtos, essenciais ao estilo de vida eletrônico que a sociedade moderna vem
adotando. Conforme a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica –
ABINEE, cerca de 1,2 bilhões de pilhas e 400 milhões de baterias de celular
comercializadas por ano no Brasil, no entanto, o reaproveitamento é mínimo, limitase a aproximadamente a 6 milhões de pilhas e baterias por ano, menos de 1% do
comercializado.
De acordo com a Lei nº 12.305/2010 - PNRS:
Art. 6º São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos a/o:
•
prevenção e a precaução;
•
poluidor- pagador e o protetor- recebedor;
•
visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
•
desenvolvimento sustentável;
•
ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades
34
humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade
de sustentação estimada do planeta;
•
cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e
demais segmentos da sociedade;
•
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
•
reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de
cidadania;
•
respeito às diversidades locais e regionais;
•
direito da sociedade à informação e ao controle social;
•
razoabilidade e a proporcionalidade.
A nova lei, no artigo 3º, IV, conceituou ciclo de vida do produto como uma
série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de
matérias primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final.
Conforme o inciso XVII do artigo 3º da Lei nº 12.305/2010, a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, são atribuições
individualizadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos
gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à
qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.
De acordo com o capítulo III, artigo 8º, são instrumentos da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, dentre outros:
I – os planos de resíduos sólidos;
II – os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos;
III – a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas
relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos;
IV – o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;
35
V – o monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;
VI – a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o
desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e
tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e
disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;
VII – a pesquisa científica e tecnológica;
VIII – a educação ambiental;
IX – os incentivos fiscais, financeiros e creditícios;
X – o Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico;
XI – o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
(SINIR);
XII – o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA);
XIII – os conselhos de meio ambiente e, no que couberem, os de saúde;
XIV – os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos serviços
de resíduos sólidos urbanos;
XV – o Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos (CNORP);
XVI - os acordos setoriais;
XVII - no que couberem, os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente,
entre eles:
a) os padrões de qualidade ambiental;
b) o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais;
c) o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
d) a avaliação de impactos ambientais;
e) o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA);
f) o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
XVIII - os termos de compromisso e os termos de ajustamento de conduta;
XIX - o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação entre
os entes federados, com vistas à elevação das escalas de aproveitamento e à
redução dos custos envolvidos.
36
Dessa forma, o PNRS poderá permitir o resgate da capacidade de
planejamento e de gestão mais eficiente dos serviços públicos de saneamento
básico. Ela indica a responsabilidade dos geradores, poder público e dos
consumidores. Consequentemente, do ponto de vista da lei, a gestão deixa de ser
voluntária e passa a ser obrigatória, e deverá incluir nos planos a não geração, a
redução da geração, a reutilização, a reciclagem, tratamento e disposição final.
2.4
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA DA GESTÃO DE RSU
O atual estado-da-arte da disposição de resíduos sólidos é baseada em o
conceito degestão integrada. Oregulamento da União Europeia (UE,2006), as
diretrizes da Lei nº 12.305/2010propõem um sistema hierárquico baseado em
quatro níveis subseqüentes: (1) redução da produção de resíduos sólidos, (2)a
recuperação de material, (3) recuperação de energia e (4)deposição em aterro.
Segundo De Feo e Malvano (2009), a pesar dos avanços realizados nesta
área, não há conhecimento suficiente sobre essa hierarquia para desenvolver um
sistema de gestão adequado devido às variáveis relacionadas aos aspectos
ambientais, sociais e econômicas juntamente com os aspectos técnicos.Na
verdade, ao se escolher osistema de gestão de resíduos sólidos mais
apropriadopara um determinado território, os tomadores de decisão terão que levar
em conta não só os aspectos técnicos e os custos de implementação, mas também
os impactos ambientais produzidos pelos processos de tratamento e eliminação,
bem como a opinião das comunidades locais.
Por uma questão de fato, o consenso da população local é um pré-requisito
para a implementação posterior de um plano de gestão de resíduos sólidos
(RAHARDYN et al, 2004; DE FEO et al, 2005). Variáveis ambientais, econômicas e
sociais estão fortemente correlacionadas com o processo que leva à escolha do
sistema de “melhor gestão” municipal de resíduos sólidos. Por exemplo, no local, a
comunidade poderia facilmente aceitar um sistema de gestão que minimize os
impactos ambientais e os custos de gestão (DE FEO et al, 2005).
37
Segundo Arena et al, (2003), a metodologia da avaliação de ciclo de vida
(ACV) é um método internacionalmente padronizado que foi desenvolvido a partir
de princípios de engenharia química e análise de energia.
De acordo com Rebitzer et al, (2004), a ACV é um quadro metodológico para
estimar e avaliar os impactos ambientais imputáveis ao ciclo de vida de um
produto, tais como as alterações climáticas, esgotamento de ozônio estratosférico,
criação do ozônio troposférico ("smog"), a eutrofização, acidificação, estresse
toxicológico em saúde humana e ecossistemas, o esgotamento dos recursos, uso
da água, utilização do solo, ruído e outros.
A ferramenta ciclo de vida pode ser usada como instrumento de gestão de
resíduos que avalia o desempenho de diferentes cenários para prover resultados
quantitativos, facilitando a compreensão do problema, influenciando na tomada de
decisão. Seus objetivos variam dos genéricos, por exemplo, testando a validade da
hierarquia do lixo (Reduzir, reutilizar e reciclar respectivamente), ou específicos,
comparando o desempenho ambiental de vários sistemas em uma comunidade
particular.
Alguns focam em determinar a opção com menor custo ambiental,
econômico e energético. Outros usam estudos de caso para examinar as utilidades
dos modelos de ACV e revelar as possibilidades e as limitações de ligá-los a
informações econômicas (CLEARY, 2009). Segundo a ISO 14040 (2006), um
estudo de ACV deve especificar claramente a função do sistema a ser estudado e
quantificar o peso dos impactos ambientais durante o ciclo de vida do produto no
contexto em que ele está inserido, com definidas características de desempenho.
Em 1990, a Sociedade de Toxicologia e Química Ambiental (SETAC), definiu
o conceito de ACV como uma metodologia para a realização de estudos de ACV
(AZAPAGIC, 1999). O termo ACV é usado com mais frequência para descrever
tudos os impactos ou abordagens do berço ao túmulo de um produto (CURRAN,
1996). Muitas dessas ferramentas foram desenvolvidas separadamente por
diferentes grupos de especialistas, a fim de apoiar a tomada de decisões no âmbito
dos processosde gestão ambiental (SETAC, 1996). A metodologia do ACV,
conforme definido pela SETAC ou pela ISO (International Organization for
38
Standardization), consiste de quatro etapas (CURRAN, 1996; SETAC, 1996): (1)
definição objetivo e escopo, (2) análise de inventário, (3) avaliação de impacto e (4)
avaliação de melhorias.
O ACV pode ser útil e convenientemente aplicado apenas para o ciclo de
vida referente à coleta, tratamento e deposição de sólidos. Neste caso particular, o
fluxo de referência é dado pela quantidade de resíduos produzidos por uma
comunidade, enquanto a saída é representada pela emissão de poluentes
relacionadas às várias partes do sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos.
Portanto, as técnicas de ACV, aplicadas ao sistema de gestão de RSU, podem ser
vistas como um instrumento para análise muito útil, que visa a avaliação de
possíveis ações (De FEO et al, 2005).
Existem duas normas ISO aplicadas a ACV que são usadas como guia para
execução deste trabalho:
•
ISO 14.040: Environmental management – Life Cycle Assessment –
Principles and framework (ISO 14040, 2006).
•
ISO 14.044:
Environmental management – Life cycle assessment –
Requirements and guidelines (ISO 14044:2006).
•
As normas acima substituíram as normas ISO 14040:1997, ISO 14041:1998,
ISO 14042:2000, e a ISO 14043:2000.
A primeira define os principais termos e descreve os princípios gerais para
as etapas da ACV, que são: definição de objetivo e escopo; análise do inventário,
avaliação de impactos e interpretação. A segunda norma explicita os requisitos e as
diretrizes para os estudos de ACV e para as quatro etapas da ferramenta.
No Brasil a ACV foi difundida através da internalização das normas da
família ISO 14040, editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), pelo desenvolvimento de estudos tanto de aplicação como de
aprimoramento da ACV para as condições brasileiras, realizados por universidades
e centros de pesquisas e pela criação da Associação Brasileira do Ciclo de Vida
(ABCV) em 2003 (ROCHA, 2009).
39
As duas normas brasileiras publicadas pela ABNT, em vigor, que dispõem
sobre ACV, são as seguintes:
•
ABNT NBR ISO 14040:2009 – Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Princípios e estrutura.
•
ABNT NBR ISO 14044:2009 – Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Requisitos e orientações.
Segundo a ISO 14040, uma Avaliação do Ciclo de Vida consiste em quatro
fases diferentes, mas relacionadas:
•
Definição de objetivo e escopo;
•
Análise de Inventário;
•
Avaliação de Impactos;
•
Interpretação;
Estas fases estão ilustradas na Figura 1.
OBJETIVO E
ESCOPO
ANÁLISE DO
INVENTÁRIO
AVALIAÇÃO
DE IMPACTO
Figura 1: As fases de uma avaliação de ciclo de vida (modificado de ISO
14040:1997).
Por uma questão de fato, a estratégia temática da Comissão Europeia sobre
a prevenção e reciclagem de resíduos descreve como adotar um ciclo de vida
como perspectiva essencial para a gestão sustentável de resíduos (KONECKNY e
PENNINGTON, 2007).
40
Nos países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, estudos sobre a ACV
vêm sendo desenvolvidos pelos diferentes campos e instituições de pesquisas,
através de trabalhos de mestrado e doutorado e por algumas empresas da
iniciativa privada. Destacam-se também: o projeto em andamento da Rede LatinoAmericana de Ciclo de Vida, coordenado pela Universidade de Brasília (UnB); a
Associação Brasileira de Análise do Ciclo de Vida (ABCV), sociedade sem fins
lucrativos que foi fundada em 2002 com uma proposta de discussão dos primeiros
trabalhos de Avaliação do Ciclo de Vida; a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), que possui um subcomitê específico para discussão das normas
sobre ACV.
Na literatura nacional e internacioanl podem ser encontrados vários autores
utilizando o ACV em diferentes países, para análises dos mais diferentes cenários.
Por exemplo, Heilmann e Winkler (2005), consideraram a cidade de Dresden –
Alemanha, com 480.000 habitantese estudaram as influências de diferentes
sistemas de coleta de resíduos (coleta em conteineres e de porta em porta) sobre o
desempenho ambiental do sistema municipal de gestão de resíduos em
comparação com uma situação de incineração total dos resíduos sem seleção.
Heilmann e Winkler (2005) descobriram que um sistema de coleta tipo
conteiners é ecologicamente preferível a um sistema de coleta de porta em porta.
Mesmo para baixas taxas de recuperação, o sistema de coleta por conteineres
apresentou melhor desempenho do que o sistema de coleta porta em porta, exceto
em termos de aquecimento global.
Salhofer et al, (2005), consideraram uma comunidade semelhante na
província de Salzburgo, na Áustria, e desenvolveram uma comparação entre quatro
cenários de gestão que combinavam dois níveis de reciclagem (mais reciclagem e
menos de reciclagem) com tratamento mecânico e biológico (MBT) e incineração.
Salhofer et al, (2005), apontaram que na região analisada, onde uma taxa alta de
reciclagem deveria ser alcançada, a reciclagem mostraria apenas pequenos
benefícios ambientais.
Wassermann et al, (2005), estudaram a relevância do impacto ambiental dos
antigosaterros, fazendo comparação com os mais rescentes, após tratamento
41
biológico e mecânico (MBP), considerando sete categorias de impactos sobre a
saúde humana e o meio ambiente. Wassermann et al, (2005), demonstraram que
os impactos ambientais das áreas com (MBP) são bastante baixos, perfazendo
apenas uma pequena fração dos impactos produzidos por tipos antigos de aterros
sanitários.
Em trabalhos realizados por Neto (2007) e Schuler (2008), foram analisados
diferentes cenários do sistema de gerenciamento de RSU das cidades de São Luiz
Gonzaga e Santa Cruz do Sul respectivamente, ambas no Estado do Rio Grande
do Sul. Os dois pesquisadores concluiram que o aterramento dos resíduos nos
lixões acarretava muitos problemas para o meio ambiente e a saúde humana.
Ainda, o trabalho destes pesquisadores demonstrou que a separação e reciclagem
de materiais acarretavam muitos benefícios ambientais, inclusive uma grande
economia de energia. Neto (2007) e Schuler (2008), também mostraram que os
efeitos da introdução de um aterro sanitário, como forma de aterramento dos
resíduos, foram muito importantes, principalmente em relação à diminuição do
potencial de aquecimento global, associado aos gases emitidos pelos aterros.
Mendes et al, (2004), compararam o impacto ambiental da incineração e da
deposição em aterro de resíduos sólidos urbanos da cidade de São Paulo. Eles
mostraram que uma mudança no tratamento de resíduos da deposição em aterro
para a incineração diminuiria o impacto ambiental global e, ao mesmo tempo,
permitiria a recuperação de energia.
Ozeler et al, (2006), desenvolveram e compararam diferentes cenários de
sistemas de gestão para os RSU de Ancara, na Turquia. Os resultados obtidos
nestes estudos levaram os autores a concluir que o ACV pode ser aplicado com
sucesso em sistemas de gestão de resíduos sólidos urbanos, como uma
ferramenta de apoio decisiva.
Morselli et al, (2005), consideraram uma unidade de incineração de RSU de
médioporte, com três linhas de incineração, que queima cerca de 450 toneladas /
dia de resíduos em Coriano (Rimini, Itália).
42
Morselli et al, (2005), enfatizaram que a ACV é uma abordagem útil para
tornar-se ciente dos impactos mais importantes do processo de incineração, bem
como dar informações essenciais sobre a sustentabilidade de um processo, em
comparação com um conjunto de outras atividades alternativas, em particular na
aplicação da gestão de resíduos. Viotti et al, (2005), propuseram um modelo para a
implantação da gestão integrada de resíduos sólidos urbanos, bem como uma
aplicação do modelo dirigida ao cenário específico que caracteriza o sistema de
gestão RSU adotados atualmente no distrito de Frosinone (Lazio, Itália). Viotti et al,
(2005), descobriram que os impactos mais severos estavam relacionados com o
metano produzido no aterro e sugeriram que tais efeitos possam ser
substancialmente reduzidos por meio de uma adequada política de controle de gás
de aterro.
Arena et al., (2003), realizaram uma comparação analítica entre três
cenários selecionados, com referência a algumas categorias fundamentais de
impactos, incluindo energia e materiais consumidos, as alterações climáticas, a
acidificação do ar, água e emissões, bem como a produção de resíduos sólidos. Os
resultados quantificaram o fraco desempenho do aterramento, se comparado com
as alternativas existentes.
Apesar de todas as vantagens que a ACV pode apresentar na avaliação de
um sistema de gestão, esta ainda apresenta algumas limitações:
•
A natureza dos pressupostos adaptados na ACV pode ter um caráter subjetivo;
•
Os modelos utilizados para a análise do inventário ou para a avaliação de
impactos ambientais são limitados pelos pressupostos adotados e podem não
estar disponíveis para todas as aplicações de estudo;
•
O rigor dos estudos de ACV pode estar condicionado pela disponibilidade ou
qualidade dos dados relevantes;
•
Considera apenas o critério ecológico, mas não os critérios econômicos e
sociais (PEREIRA, 2005);
•
A fase de avaliação de impactos ainda tem um caráter subjetivo, não podendo
servir de base para regulamentação legislativa sobre limite de emissões
(PEREIRA, 2005).
43
3
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho consistiu, numa
primeira fase, na identificação e caracterização da área geográfica objeto da
dissertação, na pesquisa de inventário dos resíduos urbanos produzidos na Região
de estudo ao nível das quantidades e tipologias. Numa fase seguinte foi concebido
um conjunto de diferentes cenários de gestão, identificadas as infraestruturas de
gestão e quantificado o sistema de coleta e transporte. Numa fase final foi realizada
uma avaliação ambiental de mais três cenários com base numa aplicação
informática para a realização do inventário de emissões para o ambiente e
finalmente o cálculo dos impactes ambientais associadas a cada cenário, usando a
metodologia de Análise de Ciclo de Vida (ACV). A seguir se detalha cada etapa da
metodologia adotada.
3.1
LOCAL DA PESQUISA
O local de realização desta pesquisa foi no Município de Imperatriz - MA.
Essa unidade territorial está localizada na porção oeste do Estado do maranhão, na
microrregião 38ª, tendo como limites os municípios de Cidelândia, São Francisco
do Brejão, João Lisboa, Davinópolis, Governador Edilson Lobão e com o Estado do
Tocantins. Situado entre as coordenadas geográficas –5°06' e 5°42' de latitude sul
/– 47°24' e 47°54' de longitude oeste, com altitude média – 95 metros, área
geográfica – 1.538,21 Km², região situado na Amazônia Legal, com clima tropical,
influenciado pelas correntes atmosféricas: mTc – massa Tropical continental
(quente e seca) e mEc – massa Equatorial continental (quente e úmida),
pluviometria média de 1.450mm, duas estações do ano bem definidas, uma seca
outro chuvosa, esta última com chuvas torrenciais, onde as temperaturas variam
entre 200C e 380C, com pico de 400C.
O relevo com formação tabular (planaltos e chapadas), solo latossolo
vermelho
e
quartzoso
associados
a
uma
grande
Bacia
Hidrográfica
–
Tocantins/Araguaia, micro bacias secundárias no centro urbano e formações
lacústricas, cobertura vegetal latifoliada e arbórea, além de campos e várzeas e de
gramíneas.
44
A fundação do município de Imperatriz – MA ocorreu em 16 de julho de 1852
e, na segunda metade do século XX sofreu acelerado e conturbado crescimento
populacional, o qual em 1960 sua população era de 39.367 habitantes. Com a
construção BR 010 e, principalmente em razão da mineração (ouro e ferro) no
centro leste do Estado do Pará, a população do município alcançou 277.440
habitantes em 1991 e, com a fragmentação do território a partir da década de 1990,
houve uma desaceleração do processo demográfico, contribuindo, portanto para
um novo cenário populacional, ou seja, em 2012 o município apresentou 250.063
habitantes, área territorial de 1.538,21 Km², PIB – Produto Interno Bruto em torno
de R$ 2 bilhões de reais, distribuídos em serviços, indústria, agropecuária e tributos
(IBGE, 2012). Na Figura 2 está apresentado um mapa da localização de Imperatriz.
A estrutura urbana do município, apesar de apresentar ruas e avenidas
latitudinais e longitudinais, dispõe apenas de 30% de redes de esgoto, que em sua
maioria encontra-se obstruída, portanto, incapaz de suportar a drenagem das
águas pluviais e efluentes domésticos, contribuindo, portanto, para a canalização
de suas vertentes diretamente para o Rio Tocantins, sem nenhum tipo de
tratamento dos resíduos. A maioria das empresas instaladas na cidade de
Imperatriz – MA, bem com feiras livres e demais agentes geradores de resíduos
sólidos urbanos, não apresentam proposta de acondicionamento e destinação final
do lixo. É comum a presença de depósitos temporários de lixo no final de algumas
ruas e, principalmente em praças e terrenos baldios, os quais atraem animais
domésticos, abutres e catadores de materiais recicláveis, além é claro, servirem de
vetores de doenças e odores.
A empresa prestadora de serviços de limpeza urbana do município, LIMP
FORT Engenharia Ambiental Ltda, destina parte da equipe de trabalho
exclusivamente para recolher os RSU dos depósitos temporários, denominados de
entulho, poda de árvores, arrastão e pontos negros, os quais representam cerca de
1/3 dos resíduos recolhidos diariamente pelo serviço de coleta, transporte e
destinação final, que sempre é o lixão.
45
Figura 2: Mapa de localização de Imperatriz.
Imperatriz convive com um lixão há mais de 30 anos, no qual são
descartados todos os tipos de resíduos captados pelo sistema de coleta. Além dos
RSU, também são descartados de forma indiscriminada resíduos da construção
civil, pneus, resíduos de oficinas mecânicas e resíduos industriais, os quais
aumentaram bastante a partir de 2010 e, principalmente a partir de 2012, em razão
46
da construção de novas vias de acessos a alguns bairros, bem como a ampliação
da área de abrangência do serviço de coleta dos resíduos.
Em 2010, com a aprovação do Código de Postura do Município e forte
atuação do CREA – MA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia do Maranhão, regras foram estabelecidas para as novas edificações.
Com isso, fica mais evidenciado o processo de verticalização do espaço urbano da
cidade de Imperatriz no Estado do Maranhão. Até então, não havia nenhuma
norma clara para definir e/ou autorizar a edificação e ocupação de um determinado
espaço, o que contribuiu para a irregularidade na definição da dimensão mínima de
cada lote de terreno na área urbano.
Somente a partir deste novo cenário e, principalmente com a instalação de
inúmeros estabelecimentos comerciais e industriais no município, é que o processo
de definição de novos critérios técnicos para a edificação destes empreendimentos,
bem como o licenciamento prévio e definitivo para ocupação e uso do espaço
construído, é que de fato se pode constatar uma melhoria significativa da estrutura
urbana da cidade de Imperatriz – MA.
3.2
CARACTERIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS URBANOS EM
ESTUDO
Os dados usados para a simulação obtidos dos cenários de gerenciamento
de RSU foram obtidos perante as Secretarias Municipais: Infraestrutura e
Transportes, Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento da Cidade de
Imperatriz – MA, bem como as informações complementares fornecidas pela
empresa LIMP FORT – EngenhariaAmbiental Ltda, as quais disponibilizaram dados
quantitativos referentes à coleta.
Para a caracterização do sistema de transporte, coleta e destinação final dos
resíduos sólidos, foram realizadas entrevistas com o gerente da Empresa
responsável pelos serviços de limpeza pública desse Município. Os dados obtidos
repesentam distância médias percorridas pelos veículos para a coleta e transporte
47
dos materiais até o lixão, consumo médio de óleo diesel, capacidade de carga e
modelos de veículos utilizados.
3.3
CENÁRIOS SIMULADOS
Para a realização deste trabalho foram utilizados 4 cenários.
O primeiro cenário corresponde à situação atual do sistema de gerenciamento
de resíduos. Para isso foram usados dados relacionados à coleta, transporte e
destinação final de todo o material coletado para um lixão.
O segundo cenário corresponde a uma modificação do cenário 1, introduzindo
um aterro sanitário como forma de destinação final, com coleta de 90% do chorume
produzido, tratamento biológico do mesmo com 85% de eficiência em relação à
matéria orgânica contida, com coleta e queima de 50% (v/v) dos gases produzidos.
Estes parâmetros foram escolhidos por serem valores típicos para o funcionamento
de um aterro sanitário (BOVEA et al, 2010).
O terceiro cenário corresponde ao segundo cenário, acrescido de uma usina
de triagem onde haverá a separação dos materiais, os quais serão reciclados em
indústrias distantes a 30 km do ponto de separação. As taxas de reciclagem
simuladas correspondem a: papel – 50% (p/p), plástico – 50% (p/p), metais –
80%(p/p) e vidro – 80%(p/p).
O quarto cenário equivale ao terceiro cenário mais a implantação do processo
de compostagem de 70% (p/p) da matéria orgânica presente no lixo.
3.4
MODELO UTILIZADO E CÁLCULO DE IMPACTOS
O modelo utilizado para as simulações das informações foi o softwaere IWM
2.5 que é uma ferramenta de gestão ambiental que permite realizar o Inventário de
Ciclo de Vida de um sistema de gerenciamento de resíduos, calculando o
inventário de emissões.
48
Nesse estudo, foi utilizado o programa IWM-2.5 (Integrated Waste
Management Model 2) versão 2.5, desenvolvido por MC Dougall (2001). Esse
modelo é um software baseado na ISO 14040, permite que sejam modeladas as
etapas da coleta, tratamento, compostagem, incineração, reciclagem e disposição
final dos resíduos sólidos municipais. O modelo prediz cargas ambientais totais do
sistema de gerenciamento do resíduo municipal e inclui um parâmetro econômico
paralelo. O mesmo foi projetado como uma ferramenta de suporte de decisão para
gerenciadores de resíduo nos governos e na indústria, que precisam decidir entre
várias opções diferentes de gerenciamento de resíduo.
O fluxo dos resíduos sólidos através do seu ciclo de vida é seguido no
modelo. Cada uma das fases do ciclo de vida de resíduos é representada por uma
caixa contendo perguntas de entrada a partir das quais define o sistema de gestão
de resíduos sólidos considerado. O modelo é alimentado com informações sobre o
lixo, energia (combustíveis e energia elétrica) e outras matérias primas utilizadas. O
modelo então totaliza o consumo e aprodução de energia, emissões ao arà água,
volume da disposição final, recuperação de materiais e sua composição, a fim de
produzir o inventário de ciclo de vida para o resíduo da região escolhida.
Para definir a conversão dos valores obtidos no inventário de ciclo de vida
em impactos ambientais foram realizadas simulações com base nos fatores de
caracterização de impacto utilizados pelo Software SimaPro® da Pré Consultants e
publicados no relatório ReCiPe 2008, versão 1.08, com valores revisados em
fevereiro de 2013. Na Tabela 10 estão resumidos os valores dos fatores de impacto
utilizados neste trabalho para os impactos ambientais considerados.
49
Tabela 10: Substâncias mais comuns e os respectivos fatores de impactos
nas diversas categorias.
Substâncias
PAG
(horizonte de 10
anos) [kg CO2equiv.
ano-1]
Categorias de impactos
PA [kg SO2 equiv.
PE [kg PO43 equiv.
ano-1]
ano-1]
TH
[ton tecido. ano-1]
HCA
Amoníaco (NH3)
1,88
Ácido clorídrico (HCl)
0,88
Ácido fluorídrico (HF)
1,6
HCW
0,35
Ácido sulfídrico (H 2S)
0,78
Arsênio (As)
4,7
1,4
Cádmo (Cd)
580
2,9
Cromo (Cr)
6,7
0,57
Cobalto (Co)
24
Cobre (Cu)
0,24
Chumbo (Pb)
160
Manganês (Mg)
120
Mercúrio ((Hg)
120
Níquel (Ni)
470
Estanho (Sn)
0,017
Vanádio (V)
120
Zinco (Zn)
0,033
Nitrogênio (N)
0,7
Dióxido sulfúrico (SO2)
1
0,13
0,78
1,2
21
Clorobenzenos (C6 H5 Cl)
0,19
Clorofenóis
11
Policlorobifenis (PCB)
370
Benzeno (C6 H6)
3,9
Benzopireno (C20 H12)
17
Naftaleno (C14H10)
0,7
Fenantreno (C14H10)
1,7
Dióxido de carbono (CO2)
Monóxido de carbono
(CO)
Óxido nitroso (N 2O)
4,7
0,42
Oxido de nitrogênio (NOx)
Metano (CH4)
0,179
32
1
0,012
270
Amônia (NH4)
0,33
0,002
Nitrato (NO3)
0,1
0,00078
1
0,000041
Fosfato (
PO43)
DQO
PA – potencial de acidificação; PE – potencial de eutrofização;
PAG – potencial de aquecimento global
TH – toxicidade humana; ECA – ecotoxidade aquática;
HCA – fator de toxicidade humana relativo ao ar
HCW – fator de toxicidade humana relativo à água
0,022
50
4
RESULTADOS
4.1
CARACTERIZAÇÃO
DO
MUNICÍPIO
E
DO
SISTEMA
DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS URBANOS ATUAIS.
O local de realização desta pesquisa foi no Município de Imperatriz – MA,
localizado na porção oeste do Estado do maranhão, na microrregião 38ª, tendo
como limites os municípios de Cidelândia, São Francisco do Brejão, João Lisboa,
Davinopolis, Governador Edilson Lobão e o Estado do Tocantins. Está situado com
altitude média – 95 metros, área geográfica de 1.538,21 Km², região situado na
Amazônia Legal, com clima tropical, influenciado pelas correntes atmosféricas: mTc
– massa Tropical continental (quente e seca) e mEc – massa Equatorial continental
(quente e úmida), pluviometria média de 1.450mm, duas estações do ano bem
definidas, uma seca outro chuvosa, esta última com chuvas torrenciais, onde as
temperaturas variam entre 20ºC e 38ºC, com pico de 40ºC.
Para a caracterização do sistema de coleta, transporte e destinação final
foram realizadas entrevistas com o gerente da empresa LIMP FORT – Engenharia
Ambiental Ltda, o qual disponibilizou dados que repesentam, distância média
percorrida pelos veículos para a coleta e transporte de resíduos até o lixão,
consumo médio de óleo diesel, capacidade de carga e modelos de veículos
utilizados. Os dados obtidos para consumo de combustível, tipo de caminhão
utilizado, capacidade e distância percorrida estão apresentados nas Tabela 11, para
o período 2006 a 2008.
De acordo com os dados fornecidos pelas Secretarias Municipais:
Infraestrutura e Transportes, Meio Ambiente e da Agricultura e Abastecimento da
Cidade de Imperatriz – MA, juntamente com a empresa LIMP FORT Engenharia
Ambiental Ltda, responsável pelo sistema de limpeza pública, a produção diária
atual de RSU do município é de 274 toneladas, o que equivale a 1,095
kg/habitante, superior à média nacional que é de 1,079 kg por habitante
(ABRELPE, 2011).
A partir dos dados apresentados a segui, diariamente são coletados e
encaminhados para o lixão municipal todos os resíduos produzidos pela população
51
(lixo doméstico, industrial, hospitalar, etc.), sem nenhum tipo de tratamento, sendo
usados caminhões compactadores e caçamba, os quais percorrem diariamente
cerca de 88 km em cada viagem, abrangendo coleta e transporte até o lixão. Em
média esses veículos percorrem 66 km dentro da cidade para a realização da
coleta e 22 km em estradas estaduais para transportar o material coletado até o
lixão.
Tabela 11: Média de consumo de combustível e RSU coletado p/dia - 2006 a
2008
Und
Equipamento
01
Compactador
01
Caçamba
01
Caminhão
baú
Finalidade
Carga
P. Diário - km
Diesel – litros/dia
Coleta
domiciliar
Coleta
domiciliar
Coleta
hospitalar
10m3
12 x 88 = 1.056
1.056 / 1.8 = 587
6m3
9 x 88 = 792
792 / 2.2 = 360
4m3
1 x 22 = 22
22 / 2.2 = 10
Total de consumo diário / diesel
957 litros
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda/2012
Conforme apresentado na
Tabela 12, durante o período de 2009 a 2011, o sistema de coleta dos RSU
do município de imperatriz – MA mostrou uma elevação na quantidade, ou seja,
foram transportados diariamente entorno de 140 toneladas de materiais através
dos caminhões compactadores, percorrendo um total de 1.232 km, com consumo
de 655 litros de diesel. Com o uso de caminhões caçambas foram percorridos
1.056 km para transportar 72 toneladas de lixo, consumindo 480 litros de
combustível. Para o transporte de lixo hospitalar foi percorrido mais 44 km e
consumidos 20 litros de diesel. Durante a segunda amostra de dados sobre o
sistema de coleta de RSU do município de Imperatriz – MA ficou evidenciado um
52
percurso 2.232 km, realizado pelos veículos envolvidos nos serviços e consumo
médio diário de 1.185 litros de diesel.
Tabela 12: Média de consumo de combustível e RSU coletado p/dia - 2009 a 2011
Und
Equipamento
01
Compactador
01
Caçamba
01
Caminhão
baú
Finalidade
Carga
P. Diário - km
Diesel – litros/dia
Coleta
domiciliar
Coleta
domiciliar
Coleta
hospitalar
10m3
14 x 88 = 1.232
1.232 / 1.8 = 685
6m3
12 x 88 = 1.056
1.056 / 2.2 = 480
4m3
2 x 22 = 44
44 / 2.2 = 20
Total de consumo diário / diesel
1.185 litros
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda/2012
Durante o ano de 2012, em razão da abertura de novas vias de circulação,
construção de novos bairros e ampliação do serviço de coleta de RSU do município
de Imperatriz – MA, mesmo não havendo dados sobre a coleta de lixo hospitalar, o
volume de lixo sofreu um acréscimo importante, conforme retrata a Tabela 13.
Tabela 13: Média de consumo de combustível e RSU coletado p/dia - 2012
Und
Equipamento
01
Compactador
01
Caçamba
Finalidade
Carga
P. Diário - km
Diesel – litros/dia
Coleta
domiciliar
Coleta
domiciliar
10m3
18 x 88 = 1.584
1.584 / 1.8 = 880
6m3
15 x 88 = 1.320
1.320 / 2.2 = 600
Total de consumo diário / diesel
1.480 litros
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda/2012
Os resíduos transportados pelos caminhões compactadores foram cerca de
180 toneladas, os quais percorreram 1.584 km e consumiram 880 litros de diesel.
Para o transporte de 90 toneladas de toneladas de lixo de poda, entulho e arrastão,
53
foram necessários 15 caçambas com carga de 6 toneladas, percurso total de 1.320
km e consumo de 600 litros de diesel. Em 2012, foram percorridos 2.904 km
diariamente e consumidos 1.480 litros de combustível.
Um resumo dos dados entre 2006 e 2012, correspondentes às massas
coletadas mensalmente de cada tipo de resíduos nesse período de tempo, está
apresentada na Figura 1. Os materiais coletados e encaminhados para o lixão são
caracteriazados como: domiciliar, podas, lixo de pontos de acumulação, de feiras e
entulho. Da Figura 3também pode ser observada que a produção diária média
aumentou no intervalo de 2006 até 2012, pasando de 158 t/d para 274 t/d
respectivamente. Esta variação representa um aumento de 73% em relação ao ano
de 2006. Na Figura 32fica ainda evidenciado que entre 2008 e 2009 houve uma
redução da geração de lixo em comparação a 2007. Esta redução está associada
ao encolhimento da economia do Brasil, em consequencia da crise financeira que
se instalou no mundo. Tal observação está referendada no levantamento realizado
pela ABRELPE (2011), que mostra uma retração da geração de lixo no Brasil neste
mesmo període de tempo. De acordo com Bovea et al, (2010), dentre os fatores
que determinam a taxa de geração de lixo se encontram o nível educacional, o
poder aquisitivo da população, a renda per capita e a situação da economia, dentre
outros. Em épocas de retração econômica é comum que os cidadãos restrigam
seus gastos gerando, com isso, menos lixo.
54
300
250
Toneladas
200
150
100
50
0
2006
2007
2008
2009
Ano
2010
2011
2012
Figura 3: Evolução da massa de lixo coletada entre 2006-2012
Na Figura 3 mostra novamente a retração da produção de lixo em 2008 e
2009. Segundo o IBGE (2010), a população da cidade aumentou 7% entre 2006 e
2012. Logo, o aumento de 73% na taxa de geração de lixo é 10 vezes maior que a
taxa de crescimento população no mesmo período. Esta elevação na taxa de
geração de RSU não pode ser acreditada unicamente à situação econômica do
país. Com base nas informações fornecidas pela Prefeitura Municipal de Imperatriz
- MA e pela empresa LIMP FORT Engenharia Ambiental Ltda, esta responsável
pelo serviço de limpeza pública, o aumento está alavancado, entre outros fatores,
em razão da ampliação do serviço de coleta, das melhorias na infraestrutura da
cidade, permitindo que bairros e áreas afastadas, que anteriormente não eram
regularmente atendidas pelos serviços fossem incluídas.
55
120000
100000
Toneladas
80000
60000
40000
20000
0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Ano
Figura 4: Geração média anual de lixo no Município de Imperatriz.
4.2
RESULTADOS DA COMPARAÇÃO DA SIMULAÇÃO DOS CENÁRIOS.
Os resultados do consumo total de combustíveis, dos quatro cenários
trabalhados, estão apresentados na Figura 5, onde os valores em vermelho
representam energia não consumida (negativos), os quais significam economia do
recurso considerado. Segundo Moberg et al. (2005), valores negativos indicam
impactos evitados. As tabelas com os resultados individuais dos Inventários de
Ciclo de Vida obtidos em cada cenário estão apresentados no ANEXO II.
56
Energia Gasta (GJ)
50.000,0
0,0
(50.000,0)
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
(100.000,0)
(150.000,0)
(200.000,0)
(250.000,0)
(300.000,0)
(350.000,0)
Figura 5: Consumo de energia nos quatro cenários simulados
A comparação dos valores mostra que não há diferença no consumo de
energia entre os cenários 01 e 02, uma vez que a distância percorrida para a coleta
e destinação final dos resíduos é a mesma nos dois cenários. No entanto, ao
analisar os cenários 03 e 04 observa-se uma economia significativa de energia
produzida pelos dois sistemas. No cenário 03 a coleta, triagem e aterro consomem
um total de 28.590 GJ. Porém, a reciclagem dos materias triados mostra uma
economia de 210.609 GJ. Esta economia ou ganho de energia está baseada na
comparação entre a energia gasta na reciclagem de materiais secundários e a
produção dos mesmos a partir de fontes primárias. No total, a introdução da
triagem e a reciclagem de materiais valiosos como papel, plásticos e metais
representa uma economia de energia de 180.595 GJ. Segundo Bovea et al, (2010),
a reciclagem permite evitar as cargas de poluição e seus impactos ambientais, uma
vez que evita o consumo de material virgem de acordo com a taxa de substituição
de 1:1.
Considerando a introdução da compostagem no cenário 04, a economia de
energia é ainda superior a do cenário 03. A maior economia de energia se justifica
em razão de grande parte da matéria orgânica coletada ser desviada do
aterramento para a compostagem, o que significa uma economia de energia no
57
trasporte de material. Esta mesma observação foi realizada por Schüler (2008) e
Neto (2007). No cenário 04 a economia de energia representa a quantia de
344.882,0 GJ no total, o que é 91,1% maior que a do cenário 03. Embora esta
economia de energia não seja percebida no caixa da prefeitura, a mesma
representa uma economia para a matriz energética do Brasil.
O combustível consumido durante as etapas de triagem, transporte, coleta
dos resíduos contribui para o impacto em todos os cenários que foram analisados,
uma vez que não há como evitar qualquer impacto ambiental atribuível a esses
processos.
Os resultados do Potencial de Aquecimento Global (PAG) dos quatro
cenários estão apresentados na Figura 6.
Em função da falta de coleta e tratamento dos gases produzidos pelo lixão, o
cenário 01 apresenta um PAG de 161.933.345 kgequiv de CO2/ano (ou 161.933
tonequiv de CO2/ano). Já a introdução de um aterro sanitário como meio de
destinação final contribui para a diminuição do PAG em 38,8%, atingindo um valor
de 99.046.402 Kgequiv de CO2/ano. A coleta e tratamento de 50% dos gases de
aterro produzidos se mostra uma medida importante para a redução deste impacto.
O impacto poderia ser redizido ainda mais se a perda de gases por difusão
de dentro do aterro fosse diminuída. Esta perda por difusão é consequencia da
forma de cobertura utilizada nos aterros do Brasil, onde a mesma é realizada
apenas com camadas de argila e de terra. Ainda, a coleta de gases no aterro é
realizada apenas por sistemas baseados na advecção de gases por diferença de
pressão. O ponto crítico de um aterro é que o mesmo não é um sistema totalmente
isolado ou totalmente inerte e que trabalha como um reator anaeróbio durante
longo tempo. Muitos elementos emitidos pelos materiais aterrados transpassarão
as barreiras do aterro sanitário, causando impactos negativos.
58
PAG [Kg equiv. CO2/ano]
180.000.000
160.000.000
140.000.000
120.000.000
100.000.000
80.000.000
60.000.000
40.000.000
20.000.000
0
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
Figura 6: Resultados do PAG dos 4 cenários considerados.
A introdução do processo de triagem e reciclagem no cenário 03 apresenta
uma redução bastande expressiva em relação ao cenário 02. O PAG do cenário 03
atinge um valor final de 85.642.142 Kgequiv de CO2/ano, demosntrando portanto,
que a retirada de materiais celulósicos (papel) do fluxo destinado ao aterramento,
pode contribuir de maneira significante em relação ao controle deste parâmetro.
Comparando o cenário 03 em relação ao cenário 01, o PAG sofre diminuição de
47%.Porém, o maior percentual de queda do PAG ocorre no cenário 04, em razão
do material orgânico que é encaminhado para o processo de reciclagem. A redução
é de 78% em comparação ao cenário 01. O valor do PAG represntado pelo cenário
04 é de 34.815.464 Kgequiv de CO2/ano.
Em todos os cenários considerados a contribuição da coleta foi de 1.670.124
Kgequiv de CO2/ano, associado à queima de combustível fóssil.
A comparação do Potencial de Acidificação (PA) dos cenários simulados
estárepresentada na Figura 7.
59
PA [ Kg Equiv. SO2/ano]
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
Figura 7: Comparação do potencial de acidificação dos cenários simulados.
De acordo com o exposto anteriormente o potencial de acidificação está
relacionado à emissão de gases do tipo NOx, N2O, SOx, SO2, HCl e HF, além de
amônia e sulfato, todos eles transformados em equivalentes grama de SO2.
O potencial de acidificação do cenário 01 corresponde a 25.239,0 Kgequiv
SO2/ano. Desse total, 23.436,8 Kgequiv SO2/ano refer-se à etapa de coleta e 1.802,4
Kgequiv SO2/ano à de aterramento. Os valores mostram que a queima de gases
durante a coleta é o principal vilão da emissão de materiais acidificantes (92,8%),
sendo que o lixão emite apenas o equivalente 7,2%. O principal gás responsável
pelo PA deste cenário é o NOx, derivado da queima incompleta de combustíveis
fósseis.
A introdução do aterro sanitário, com coleta e queima de 50% dos gases
gerados apresentou uma elevação do PA do cenário 02, em comparação ao
60
cenário 01. Este aumento se deve à queima incompleta dos gases no aterro, que
acabam emitindo uma maior quantidade de NOx. As etapas de coleta e aterramento
mostraram valores de PA de 23.436,8 e 2.044,4 Kgequiv SO2/ano respectivamente.
Em comparação com o cenário 01, a coleta e queima dos gases no aterro sanitário
apresentou um aumento de 13,4%, relativo à produção de gases do lixão.
A introdução da triagem e reciclagem de materiais separados contribuiu para
uma redução de 59,8% do PA do sistema, comparado ao cenário 01. Na Tabela 14
está apresentado um resumo dos valores de PA de cada etapa considerada no
cenário 03.
Tabela 14: Valores de PA para cada etapa do cenário 03 em g/ano.
Coleta
Triagem
Aterro
Reciclagem
Total
23.436,8
149,0
1.900,4
(15.217,8)
10.268,5
Dos valores apresentados na Tabela 14, a coleta mantém o mesmo valor
observado nos cenário 01 e 02. Porém, os valores negativos da reciclagem em
decorrência da não emissão de SO2 e NOx por uso de material secundário,
contribuiram como ganho ambiental do sistema, reduzindo o valor de PA do
mesmo.
Um resumo do PA do cenário 04 está apresentado na Figura 6.
Tabela 15: Valores de PA para cada etapa do cenário 04 em g/ano.
Coleta
Triagem
Compostagem
Aterro
Reciclagem
Total
23.436,8
149,0
1.754,2
1.050,7
(15.217,8)
11.172,9
Os valores da Figura 7 mostram um aumento de 8,8% em relação ao cenário
03, uma vez que na compostagem existe emissão de gases que contribuem no
potencial de acidificação do sistema. Mesma assim, o valor final de PA apresenta
uma redução de 55,7%. Desde que o uso intensivo de combustíveis fósseis produz
emissões caracterizadas por altos valores de PA (ou seja, NOx, SOx), produzir
eletricidade a partir de outras fontes como os gases de aterro sanitário, bem como,
61
a recuperação de energia a partir de resíduos e aumentar a reciclagem de
materiais, com economia de energia conseqüentes, pode ser particularmente
interessante, a fim de reduzir a contribuição brasileira para esta categoria de
impacto.
A Figura 8 apresenta também os resultados referentes à categoria de
impacto ambiental potencial de eutrofização, onde foram considerados os
parâmetros fosfato, NO3, DQO e NH4+ (emissões líquidas), NOx e NH3 (emissões
gasosas).
PE [ Kg equiv. PO4/ano]
6.000
4.000
2.000
0
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
-2.000
-4.000
Figura 8: Resultados de PE nos 4 cenários simulados.
O principal gás a contribuir no PE do sistema é o gás NOx, uma vez que ele
é emitido em grande quantidades na queima de combustível, entre outros. Na
Figura 8 há ainda a demonstração de forma clarada importância do processo de
reciclagem. O ganho ambiental do cenário 3 corresponde a uma economia de
2.836 Kg
equiv
de PO4/ano. Já a introdução da compostagem no cenário 04 mostrou
uma diminuição do ganho ambiental, em razão das emissões de gases
provenientes da compostagem, os quais também são responsáveis pela
acidificação, como o NOx.
62
O impacto ambiental Potencial de Depleção da Camada de Ozônio (PDCO)
está representado na Figura 9. Os principais compostos contribuintes para este
impacto são os hidrocarbonetos clorados. Os valores graficados na Figura 9
mostram que o pior cenário é o número 01. A introdução do aterro sanitário com
queima de gases e a reciclagem diminuiram em 38 e 40,1% respectivamente o
PDCO associado aos cenários 02 e 03. A redução apresentada pelo cenário 03
está justificada pela queima de gases no aterro e pela reciclagem de material
celulósico da massa de material aterrado.
Porém, a compostagem, com o desvio de matéria orgânica do aterro,
apresentou a maior diminuição deste potencial impacto ambiental, fazendo com
que o a sua redução fosse equivalente a 68%.
Depleção da Camada de Ozônio [Kg equiv. CFC-11/ano]
40
35
30
25
20
15
10
5
0
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
Figura 9: Potencial de depleção da camada de ozônio nos cenários
simulados.
O potencial de geração de ozônio (PGO) de cada cenário está apresentado
na Figura 10. Os principais contribuintes para este impacto ambiental são: CO,
CH4, NOx, SOx e os hidrocarbonetos totais.
63
Geração de Ozônio [Kg equiv. NMVOC/ano]
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
-20.000
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
Figura 10: Potencial de geração de ozônio dos cenários simulados.
A Figura 9 mostra que o controle das emissões atmosféricas no cenário
auxilaiam na diminuição no PGO de 113.891,7 para 73.937,0 Kg
equiv
NMVOC/ano.
Isso se justifica pela queima dos gases coletados no aterro sanitário, diminuindo
principalmente
a
emissão
de
CH4.
O
uso
da
triagem
e
reciclagem
tambémcontribuem para a redução deste potencial no cenário 03. O maior ganho
ambiental é apresentado no cenário 04, onde a compostagem retira uma grande
quantidade de matéria orgânica do aterro, controlando com isso a produção de
gases pelo processo aeróbio no aterro.
Os resultados do impacto ambiental TH relacionados à emissão atmosférica
estão apresentados na Figura 11: Os principais elementos neste impacto ambiental
são o NOx, SOx e os hidrocarbonetos totais.
64
TH HCA [Kg equiv. Tecido/ano] ]
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
-20.000
CEN 01
CEN 02
CEN 03
CEN 04
-40.000
Figura 11: Toxicidade humana dos 4 cenários trabalhados.
Como já foi constatado nos demais impactos, o cenário 01 é o pior em
relação à toxicidade humana, devido à emissão sem controle dos gases produzidos
no lixão. A introdução da coleta e queima de gases no cenário 02 reduz os valores
de TH em 32%. Os impactos potenciais sobre a TH permanecem elevados com a
introdução do aterro clássico usado no Brasil. Emissões de benzeno para a
atmosfera, a partir da difusão pela cobertura do aterro de parte do gás produzido e
dos compostos orgânicos voláteis no sistema de tratamento de gases dos aterros,
são os principais causadores desse impacto.
O tratamento de gás por meio da queima com “flares” ou em planta de
reaproveitamento de gases removem uma grande fração do benzeno do gás de
aterro, que conduz a um impacto reduzido substancialmente em comparação com
a TH relacionada ao lixão. No entanto, os resultados mostram que os impactos
sobre a TH permanecem como uma grande preocupação mesmo com a
implementação dos aterros tradicionais. A cobertura superior de solo utilizado em
todos os aterros no Brasil tem, de fato, uma eficácia relativamente baixa para
remover/controlar o benzeno, e os outros gases causadores da TH.
65
A contribuição da reciclagem e da compostagem mostra ganhos ambientais
maiores. No cenário 03, a reciclagem apresenta um ganho ambiental em relação à
emissão de SOx e NOx, levando no contexto geral a uma redução de 80% no
potencial de TH em relação ao cenário 01. Contudo, é a introdução do processo de
compostagem, com a conversão de matéria orgânica em húmus, que maior ganho
ambiental apresenta. Como já fora citado anteriormente, o desvio de matéria
orgânica do fluxo que vai para o aterro, contribui para a redução das emissões
atmosféricas, sendo, portanto, decisivo para a diminuição da TH associado ao
processo.
Analisando a quantidade de resíduos destinados ao aterro (vide Tabela 16) e
utilizando um peso específico de material compactado de 1000 kg/m³, pode se
calcular o uso de solo para o aterramento, considerando um espçocom 10 metros
de altura.
Tabela 16: Uso do solo para aterramento dos RSU em cada cenário.
Cenário 01
Cenário 02
Cenário 03
Cenário 04
10.643,9 m²
10.643,9 m²
8.284,8 m²
3.523,2 m²
Os resultados mostram que a implementação de medidas como
reciclagem e compostagem pode reduzir o uso do solo para o aterramento de lixo
em 67%.
66
5
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho com a simulação de quatro cenários
permitem concluir:
De uma maneira geral os resultados mostraram que, a implantação de
processos de triagem, reciclagem e compostagem associados a um aterro
sanitário, apresentam menores impactos ambientais se comparados ao cenário
atual, no qual todo o material coletado é encaminhado a um lixão. Em relação ao
cenário 01, o cenário 04 mostra uma redução de 78% no PAG, 55,7% no PA, 100%
no PE, 68% no PDCO, 100% do PGO, 100% TH e 67% do uso do solo para
aterramento. Porém, é importante salientar outros resultados que este trabalho
apresenta.
A frota utilizada na coleta dos resíduos sólidos é responsável pela emissão
de grandes quantidades de gases e consumo de milhares de litros de óleo diesel.
Neste trabalho, a emissão de gases causadores do efeito estufa pela frota de
veículos da empresa LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda em Imperatriz - MA,
equivale a 10% do total calculado no cenário 01. Dessa forma a frota deve receber
uma manutenção adequada e ser dimensionada para realizar a coleta e o
transporte do lixo coletado com a maior eficiência possível, de modo a permitir
economia de combustível e redução das emissões atmosféricas.
Dentre as etapas de gerenciamento, a disposição final no lixão é a que
apresenta os maiores impactos ambientais. Esses elevados impactos estão
associados às emissões gasosas e de efluentes característicos dos lixões, que não
possuem nenhum sistema de controle da poluição. Do ponto de vista ambiental o
lixão apresenta elevado potencial de aquecimento global, de eutrofização, de
acidificação, de geração de ozônio e de depleção da camada de ozônio, se
comparado aos outros sistemas de gerenciamento simulados. Do ponto de vista
humanitário, o seu elevado potencial de toxicidade humana é preocupante, uma
vez que no lixão de Imperatriz – MA há um grande número de pessoas, que
trabalham como prestadores de serviços (fiscais, monitores e motoristas), da
Prefeitura Municipal e empresa LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda, assim
como catadores de materiais recicláveis.
67
A utilização de um aterro sanitário como forma de destinação final, nos
moldes utilizados no Brasil (cobertura final apenas com solo e captação de gases
por diferença de pressão), embora apresente menores impactos ambientais se
comparados com lixão, deve assegurar uma elevada eficiência de coleta dos gases
de aterro e de lixiviados, uma vez que baixas taxas de captura comprometem o
desempenho ambiental global do sistema de gerenciamento de resíduos.
Outro fator importante associado à instalação do aterro como destinação
final de lixo está relacionado ao tratamento de gases capturados nele. A simples
queima de gases, na forma praticada no Brasil, embora diminua a emissão de CH4,
pode aumentar a emissão de gases do tipo dioxinas e NOx. Este último gás pode
elevar o potencial de eutrofização e de acidificação do sistema de gerenciamento
de resíduos. Para um melhor aproveitamento dos gases de aterro, deve ser
avaliada a instalação de sistema de extração forçada e o aproveitamento
energético dos gases captados.
A implantação de um processo de triagem e reciclagem permite desviar
materiais recicláveis e reaproveitáveis do fluxo destinado ao aterro, contribuindo,
com isso, para a economia de recursos naturais. Ainda, a reciclagem de materiais
separados traz consigo economia de energia e de emissões atmosféricas
importantes, que conduzem por sua vez a ganhos ambientais significativos.
A decomposição anaeróbica da matéria orgânica presente no lixo produz
grandes quantidades de CH4 e de CO2, mas também outros gases como
hidrocarbonetos clorados, CO, N2O e outros causadores de vários impactos. A
compostagem de parte da matéria orgânica contida no lixo contribui de forma
importante na redução das emissões atmosféricas ocorridas no lixão e,
conseqüentemente, na redução dos impactos ambientais associados ao sistema de
uma forma geral.
Além de contribuir para o controle das emissões atmosféricas, a
compostagem, assim como a reciclagem, influenciam de forma direta, aumentando
a vida útil do aterro, uma vez que evita a disposição de grandes quantidades dos
materiais. No cenário 04, a necessidade de área para aterramento do lixo é 67%
menor que a do cenário atual.
68
6
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72
7
ANEXOS
73
Anexo 01: (A) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
DOMICILIAR
L. PONTO
ARRASTÃO
HOSPITALAR
ENTULHO
PODA
Total Diário
TOTAL - MÊS
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
FEV
3164,87
150,20
372,06
29,11
0,00
178,78
129,84
3895,02
MAR
4214,00
251,18
224,85
19,44
356,93
101,12
172,25
5167,52
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2006
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
3812,26 4217,85 3643,20 3615,80 3726,26
423,69
391,83
0,00
123,35
76,76
229,58
217,43
119,96
325,01
431,77
24,93
31,97
28,77
23,78
29,66
58,21
345,30
0,00
0,00
0,00
217,18
183,18
130,74
234,97
143,36
158,87
179,59
130,76
144,09
146,93
4765,85 5387,56 3922,67 4322,91 4407,81
SET
3815,48
86,41
503,99
32,87
0,00
130,67
152,32
4569,42
OUT
4241,19
146,72
429,77
42,30
0,00
158,21
167,27
5018,19
NOV
4508,13
240,97
580,49
27,71
32,47
230,97
187,36
5620,74
DEZ
4755,49
424,27
657,73
29,63
0,00
256,74
204,13
6123,86
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
Anexo 01: (B) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – 2007
TON
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
DOMICILIAR TON 4728,74 3992,04 4407,79 4154,43 4087,95 3848,04 3941,84 4058,21 3943,44 4208,46 4334,15 4892,31
L. PONTO
TON 675,48 579,36 510,72 406,45 681,69 796,68 617,41 547,40
820,64
717,73 719,79
574,30
ARRASTÃO TON 501,63 449,02 606,45 565,27 279,98
40,87
0,00
19,32
4,76
0,00
3,53
0,00
HOSPITALAR TON
46,30
36,16
36,16
47,12
43,05
26,00
26,22
27,57
25,47
26,76
27,15
29,31
ENTULHO
TON
0,00
97,55
18,73
30,63
53,96 236,26
2,82
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
PODA
TON 268,76 297,90
279,11 341,29 224,66 172,06 770,83 721,43 2.978,15 1.058,13 1041,06 1.041,06
Total Diário TON 207,56 181,74 194,68 184,84 174,05 170,67 178,64 179,13
259,08
199,99 204,19
217,89
TOTAL - MÊS TON 6220,61 5452,03 5840,23 5545,19 5371,28 5119,91 5359,12 5373,93 7772,46 6999,99 6125,68 6536,98
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
74
Anexo 01: (C) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
DOMICILIAR
L. PONTO
ARRASTÃO
HOSPITALAR
ENTULHO
PODA
Total Diário
TOTAL - MÊS
TON
JAN
FEV
MAR
TON 4924,56 4397,50 4667,10
TON 468,92 866,86 764,59
TON
00,00
4,87
82,79
TON
31,98
27,28
28,47
TON
00,00
00,00
00,00
TON
00,00
00,00
00,00
TON 180,85 176,55 184,76
TON 5425,46 5296,51 5542,95
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2008
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
4758,60 4590,85 3950,76 4359,05 4172,78 3923,78 4541,60 4293,95
1081,77 1008,09 779,15 804,74 1049,22 780,34 928,04 812,20
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
28,14
29,38
28,59
27,82
29,83
32,55
29,78
27,38
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
195,61 187,61 158,62 173,05 175,06 157,89 183,31
171,11
5868,51 5628,32 4758,50 5191,61 5251,83 4736,67 5499,42 5133,53
DEZ
4893,67
1235,39
00,00
30,84
00,00
00,00
20533
6159,90
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
Anexo 01: (D) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
DOMICILIAR
L.PONTO
ARRASTÃO
HOSPITALAR
ENTULHO
PODA
Total Diário
TOTAL - MÊS
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2009
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
4536,45 3929,75 4461,20 4352,59 4255,68 4024,12 4004,03 4084,72 4550,34 4780,64 4586,42
1655,74 1124,75 1182,20 708,53 569,77 519,28 718,20 636,80 924,11 812,22 638,06
0,00
0,00
106,22 255,79 269,91 203,86 168,25 138,44
0,00
0,00
83,09
32,25
34,41
39,53
39,69
33,92
43,55
39,07
39,65
37,79
39,07
38,44
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
272,46 147,28 152,12 123,55 164,55 127,74 156,19
118,11
82,46
99,41
156,10
216,56 174,54 198,04 182,67 176,46 163,95 169,52 167,25 186,49 191,04 183,40
6496,90 5236,19 5941,27 5480,15 5293,83 4918,55 5085,74 5017,72 5594,70 5731,34 5502,11
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
DEZ
5375,10
695,35
0,00
40,50
00,00
150,56
208,71
6261,51
75
Anexo 01: (E) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
TON
DOMICILIAR TON
L. PONTO
TON
ARRASTÃO TON
HOSPITALAR TON
ENTULHO
TON
PODA
TON
Total Diário TON
TOTAL - MÊS TON
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2010
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
4865,35 4438,16 5125,90 4846,79 4860,68 4305,17 4874,79 5885,98 5968,68 6010,55 6142,85 6545,63
794,22 301,76 656,89 390,53 873,02 1786,85 734,85 702.06 608,04 805,21 808,68 533,58
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
41,01
34,99
44,39
40,30
44,15
40,32
45,74
55,55
51,78
54,33
51,97
53,60
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
120,14
97,71
141,81 112,72 104,67 116,07
117,83 247,52 214,61 231,54 224,98 242,82
194,02 162,42 198,96 179,67 196,08 208,28 192,44 229,70 228,10 237,414 244,15 244,06
5820,72 4872,62 5968,99 5390,34 5882,52 6248,41 5773,21 6891,11 6843,11 7122,42 7324,51 7322,03
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
Anexo 01: (F) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
TON
DOMICILIAR TON
L. PONTO
TON
ARRASTÃO TON
HOSPITALAR TON
ENTULHO
TON
PODA
TON
Total Diário TON
TOTAL - MÊS TON
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2011
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
6116,32 5592,32 6194,37 6199,58 6914,02 6814,57 6725,75 6902,93 6990,93 7462,71 7755,39
860,14 879,37 803,18 760,28 798,85 774,67 601,11 698,45 688,58 617,70 549,96
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
49,30
57,30
61,64
59,87
49,47
25,00
26,29
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
212,44 248,64 407,22 390,16 294,80 228,10 200,94 214,78 234,13
93,35
100,47
241,27 226,021 248,88 246,99 268.57 261,41 260,07 260,53 263,78 272,45 280,19
7238,20 6780,63 7466,41 7409,89 8057,14 7842,34 7802,32 7816,16 7913,64 8173,76 8405,82
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
DEZ
7537,63
765,15
00,00
00,00
00,00
600,79
296,78
8903,57
76
Anexo 01: (G) – Dados referentes ao sistema de gerenciamento de resíduos de Imperatriz – MA.
DOMICILIAR
L. PONTO
ARRASTÃO
HOSPITALAR
ENTULHO
PODA
Total Diário
TOTAL - MÊS
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
TON
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - 2012
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
6116,32 6592,32 6894,37 6699,58 6984,02 6894,57 6925,75 6982,93 7990,93 7462,71 7755,39
860,14 879,37 803,18 860,28 898,85 874,67 801,11 898,45 888,58 817,70 749,96
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
00,00
252,44 258,64 407,22 493,16 395,80 348,10 308,94 384,78 364,13
99,35
110,47
240,96 257,67 270,15 268,43 275,95 270,57 267,86 275,53 308,12 279,32 287,19
7228,90 7730,33 8104,77 8053,02 8278,67 8117,34 8035,80 8266,16 9243,64 8379,76 8615,82
Fonte – LIMP FORT – Engenharia Ambiental Ltda
DEZ
-
77
Anexo 02: (A) – Simulação: Cenários 01 e 02 – Lixo Total
Colunas1
Non-hazardous
Hazardous
Industrial-energy
Industrial-bins
Industrial-bags
Leachate-treatment
Recycling-credits
Total
Volume
Units
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
m3
Collection
0,00
0,00
3,00
0,00
0,00
0,00
0,00
3,00
2,00
Sorting
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Biological
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Thermal
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Landfill
100025,00
0,00
0,00
0,00
0,00
338,00
0,00
100363,00
106437,00
Recycling
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Total
100025,00
0,00
3,00
0,00
0,00
338,00
0,00
100366,00
106439,00
Sorting
6.371,0
0,0
5,0
0,0
0,0
0,0
0,0
6.376,0
6.007,0
Biological
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Thermal
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Landfill
81.007,0
0,0
0,0
0,0
0,0
312,0
0,0
81.319,0
88.860,0
Recycling
0,0
0,0
(1.172,0)
0,0
0,0
0,0
(12.446,0)
(13.618,0)
(12.021,0)
Total
87.378,0
0,0
(1.164,0)
0,0
0,0
312,0
(12.446,0)
74.080,0
82.848,0
Anexo 02: (B) – Simulação: Cenário 03 – Lixo Total
Non-hazardous
Hazardous
Industrial-energy
Industrial-bins
Industrial-bags
Leachate-treatment
Recycling-credits
Total
Volume
Units
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
m3
Collection
0,0
0,0
3,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3,0
2,0
78
Anexo 02: (C) – Simulação: Cenário 04 – Lixo Total
Non-hazardous
Hazardous
Industrial-energy
Industrial-bins
Industrial-bags
Leachate-treatment
Recycling-credits
Total
Volume
Units
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
tonnes
m3
Collection
0,0
0,0
3,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3,0
2,0
Sorting
6.371,0
0,0
5,0
0,0
0,0
0,0
0,0
6.376,0
6.007,0
Biological
29.101,0
0,0
26,0
0,0
0,0
0,0
0,0
29.128,0
31.353,0
Thermal
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Landfill
16.201,0
0,0
0,0
0,0
0,0
175,0
0,0
16.377,0
17.897,0
Recycling
0,0
0,0
(2.125,0)
0,0
0,0
0,0
(20.103,0)
(22.228,0)
(19.937,0)
Total
51.674,0
0,0
(2.090,0)
0,0
0,0
175,0
(20.103,0)
29.655,0
35.322,0
79
Anexo 02: (D) – Simulação: Cenário 01 – Efluentes
BOD
COD
SuspendedSolids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Cyanide
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Sulphide
Zinc
Units
Collection
Sorting
Biological
Thermal
Landfill
Recycling
Total
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
2,0
73,0
1415284,0
228,0
0,0
0,0
0,0
0,0
54,0
6532,0
0,0
63,0
0,0
13245611,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13926,0
0,0
0,0
0,0
16,0
1,0
467225,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
65795166,0
65795168,0
49936,0
47446,0
47442,0
24433,0
0,0
9014,0
1,0
498261,0
332,0
1,0
332,0
1644879,0
1423,0
1281,0
0,0
9251,0
2253751,0
1494,0
14,0
4033,0
0,0
0,0
8654,0
0,0
16130,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
65795168,0
65795241,0
1465220,0
47674,0
47442,0
24433,0
0,0
9014,0
55,0
504794,0
332,0
64,0
332,0
14890490,0
1424,0
1281,0
0,0
9251,0
2267677,0
1494,0
14,0
4033,0
17,0
1,0
475879,0
0,0
16131,0
80
Anexo 02: (E) – Simulação: Cenário 02 – Efluentes
Units
BOD
COD
SuspendedSolids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Cyanide
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Sulphide
Zinc
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
Collection
2,0
73,0
1415284,0
228,0
0,0
0,0
0,0
0,0
54,0
6532,0
0,0
63,0
0,0
13245611,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13926,0
0,0
0,0
0,0
16,0
1,0
467225,0
0,0
0,0
Sorting
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Biological
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Thermal
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Landfill
9540299,0
9540300,0
29654,0
6883,0
6879,0
3543,0
0,0
1307,0
1,0
72351,0
48,0
1,0
48,0
448275,0
206,0
186,0
0,0
1341,0
327014,0
217,0
2,0
585,0
0,0
0,0
8654,0
0,0
2339,0
Recycling
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Total
9540301,0
9540373,0
1444939,0
7111,0
6879,0
3543,0
0,0
1307,0
55,0
78883,0
48,0
64,0
48,0
13693885,0
207,0
186,0
0,0
1341,0
340940,0
217,0
2,0
585,0
17,0
1,0
475879,0
0,0
2339,0
81
Anexo 02: (F) – Simulação: Cenário 03 – efluentes
Units
BOD
COD
SuspendedSolids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Cyanide
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Sulphide
Zinc
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
Collection
2,0
73,0
1415284,0
228,0
0,0
0,0
0,0
0,0
54,0
6532,0
0,0
63,0
0,0
13245611,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13926,0
0,0
0,0
0,0
16,0
1,0
467225,0
0,0
0,0
Sorting
1,0
26,0
6028,0
938,0
0,0
0,0
0,0
1,0
5902,0
34,0
12,0
479,0
0,0
84993,0
59,0
30,0
0,0
0,0
1885,0
30,0
0,0
30,0
134,0
354,0
28222,0
0,0
59,0
Biological
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Thermal
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Landfill
9044967,0
9044968,0
26078,0
6360,0
6356,0
3273,0
0,0
1208,0
1,0
66843,0
44,0
1,0
44,0
401820,0
191,0
172,0
0,0
1239,0
302131,0
200,0
2,0
540,0
0,0
0,0
7560,0
0,0
2161,0
Recycling
5785149,0
-202353900,0
3992565,0
12907527,0
-2089726,0
609,0
0,0
-3162,0
-2119814,0
11155,0
-4499,0
-183882,0
-133,0
57404686,0
-22982,0
-6919,0
-5926094,0
-347,0
-214818,0
-11377,0
9,0
-11021,0
3667689,0
-38346,0
26185568,0
60,0
-21617,0
Total
14830119,0
-193308833,0
5439956,0
12915053,0
-2083370,0
3882,0
0,0
-1954,0
-2113857,0
84564,0
-4442,0
-183340,0
-88,0
71137109,0
-22732,0
-6718,0
-5926093,0
892,0
103124,0
-11147,0
11,0
-10450,0
3667840,0
-37992,0
26688575,0
60,0
-19397,0
82
Anexo 02: (G) – Simulação: Cenário 04 – Efluentes
Units
BOD
COD
SuspendedSolids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Cyanide
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Sulphide
Zinc
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
Collection
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-30268,0
83
Anexo 02: (H) – Simulação: Cenário 01 – Emissões
Particulates
CO
CO2
CH4
NOx
GWP
N2O
SOx
HCl
HF
H2S
TotalHC
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Ammonia
Arsenic
Cadmium
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475.879,0
0,0
16.131,0
85
Anexo 02: (I) – Simulação: Cenário 02 – Emissões
Particulates
CO
CO2
CH4
NOx
GWP
N2O
SOx
HCl
HF
H2S
TotalHC
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Ammonia
Arsenic
Cadmium
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Copper
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Mercury
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2.339,0
87
Anexo 02: (J) – Simulação: Cenário 03 – Emissões
Particulates
CO
CO2
CH4
NOx
GWP
N2O
SOx
HCl
HF
H2S
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ChlorinatedHC
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Ammonia
Arsenic
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Nickel
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1.726,0
182,0
0,0
0,0
0,0
0,0
34,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,0
1,0
0,0
3,0
2,0
Biological Thermal
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Landfill
46.492,0
6.876.820,0
23.626.180.054,0
3.255.198.230,0
1.302.730,0
91.985.343.076,0
1,0
246.854,0
638.062,0
107.890,0
1.659.898,0
17.068.783,0
372.862,0
0,0
0,0
0,0
46,0
5,0
0,0
42,0
0,0
0,0
0,0
623,0
Recycling
(4.837.093,0)
(26.394.902,0)
(7.840.896.895,0)
(10.915.405,0)
(29.928.616,0)
(8.028.379.618,0)
134.648,0
(21.287.797,0)
(36.197,0)
21.765,0
1.739,0
0,0
0,0
0,0
402.197,0
(76.503,0)
(158,0)
62,0
335,0
64.431,0
0,0
8,0
(2.493,0)
(243,0)
Total
(4.106.765,0)
(10.549.545,0)
17.428.005.715,0
3.246.303.111,0
801.005,0
85.642.141.564,0
134.744,0
(18.554.289,0)
606.920,0
129.837,0
1.661.637,0
17.068.783,0
372.862,0
0,0
402.231,0
(76.503,0)
(112,0)
68,0
335,0
64.474,0
1,0
9,0
(2.489,0)
382,0
88
BOD
COD
SuspendedSolids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Cyanide
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Sulphide
Zinc
Units
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
Collection
2,0
73,0
1.415.284,0
228,0
0,0
0,0
0,0
0,0
54,0
6.532,0
0,0
63,0
0,0
13.245.611,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13.926,0
0,0
0,0
0,0
16,0
1,0
467.225,0
0,0
0,0
Sorting
1,0
26,0
6.028,0
938,0
0,0
0,0
0,0
1,0
5.902,0
34,0
12,0
479,0
0,0
84.993,0
59,0
30,0
0,0
0,0
1.885,0
30,0
0,0
30,0
134,0
354,0
28.222,0
0,0
59,0
Biological Thermal
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
Landfill
9.044.967,0
9.044.968,0
26.078,0
6.360,0
6.356,0
3.273,0
0,0
1.208,0
1,0
66.843,0
44,0
1,0
44,0
401.820,0
191,0
172,0
0,0
1.239,0
302.131,0
200,0
2,0
540,0
0,0
0,0
7.560,0
0,0
2.161,0
Recycling
5.785.149,0
(202.353.900,0)
3.992.565,0
12.907.527,0
(2.089.726,0)
609,0
0,0
(3.162,0)
(2.119.814,0)
11.155,0
(4.499,0)
(183.882,0)
(133,0)
57.404.686,0
(22.982,0)
(6.919,0)
(5.926.094,0)
(347,0)
(214.818,0)
(11.377,0)
9,0
(11.021,0)
3.667.689,0
(38.346,0)
26.185.568,0
60,0
(21.617,0)
Total
14.830.119,0
(193.308.833,0)
5.439.956,0
12.915.053,0
(2.083.370,0)
3.882,0
0,0
(1.954,0)
(2.113.857,0)
84.564,0
(4.442,0)
(183.340,0)
(88,0)
71.137.109,0
(22.732,0)
(6.718,0)
(5.926.093,0)
892,0
103.124,0
(11.147,0)
11,0
(10.450,0)
3.667.840,0
(37.992,0)
26.688.575,0
60,0
(19.397,0)
89
Anexo 02: (L) – Simulação: Cenário 04 – Emissões
Particulates
CO
CO2
CH4
NOx
GWP
N2O
SOx
HCl
HF
H2S
TotalHC
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Ammonia
Arsenic
Cadmium
Chromium
Copper
Lead
Manganese
Mercury
Nickel
Zinc
Units
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
Collection
671.353,0
8.936.251,0
1.628.484.312,0
1.982.305,0
29.303.645,0
1.670.124.918,0
39,0
2.454.067,0
3.330,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,0
1,0
Sorting
Biological
Thermal
12.483,0
92.239,0
0,0
32.286,0
543.519,0
0,0
14.238.244,0 142.779.718,0
0,0
37.981,0
278.093,0
0,0
123.246,0
1.871.104,0
0,0
15.053.188,0 148.708.825,0
0,0
56,0
288,0
0,0
32.587,0
270.502,0
0,0
1.726,0
8.962,0
0,0
182,0
931,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
34,0
174,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
1,0
5,0
0,0
1,0
3,0
0,0
0,0
1,0
0,0
3,0
14,0
0,0
2,0
10,0
0,0
Landfill
Recycling
Total
25.780,0
(11.310.683,0)
(10.508.828,0)
3.742.819,0
(39.269.063,0)
(26.014.188,0)
12.836.287.104,0 (16.447.700.978,0) (1.825.911.600,0)
1.768.401.299,0
(16.578.059,0)
1.754.121.619,0
730.533,0
(68.932.205,0)
(36.903.677,0)
49.972.714.493,0 (16.991.137.524,0) 34.815.463.900,0
0,0
(629.991,0)
(629.608,0)
136.015,0
(25.175.828,0)
(22.282.657,0)
346.632,0
(104.808,0)
255.842,0
58.611,0
23.622,0
83.347,0
901.746,0
(3.249,0)
898.498,0
9.272.686,0
0,0
9.272.686,0
202.559,0
0,0
202.559,0
0,0
0,0
0,0
0,0
(53.416,0)
(53.208,0)
0,0
(104.178,0)
(104.178,0)
25,0
(230,0)
(204,0)
3,0
87,0
90,0
0,0
471,0
471,0
23,0
87.955,0
87.985,0
0,0
0,0
4,0
0,0
3,0
5,0
0,0
(3.921,0)
(3.904,0)
338,0
(496,0)
(145,0)
90
BOD
COD
SuspendedSolids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Dioxins/Furans
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Cyanide
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Sulphide
Zinc
Units
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
g
Collection
2,0
73,0
1.415.284,0
228,0
0,0
0,0
0,0
0,0
54,0
6.532,0
0,0
63,0
0,0
13.245.611,0
0,0
0,0
0,0
0,0
13.926,0
0,0
0,0
0,0
16,0
1,0
467.225,0
0,0
0,0
Sorting
1,0
26,0
6.028,0
938,0
0,0
0,0
0,0
1,0
5.902,0
34,0
12,0
479,0
0,0
84.993,0
59,0
30,0
0,0
0,0
1.885,0
30,0
0,0
30,0
134,0
354,0
28.222,0
0,0
59,0
Biological
Thermal
2.605.568,0
0,0
4.407.077,0
0,0
90.756,0
0,0
4.804,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3,0
0,0
30.167,0
0,0
450.793,0
0,0
61,0
0,0
2.450,0
0,0
2,0
0,0
995.441,0
0,0
303,0
0,0
151,0
0,0
2,0
0,0
0,0
0,0
10.225,0
0,0
152,0
0,0
0,0
0,0
152,0
0,0
687,0
0,0
1.810,0
0,0
164.039,0
0,0
2,0
0,0
304,0
0,0
Landfill
4.713.929,0
4.713.930,0
15.325,0
3.454,0
3.484,0
1.776,0
0,0
658,0
1,0
36.086,0
24,0
1,0
24,0
234.403,0
106,0
96,0
0,0
677,0
162.849,0
109,0
1,0
299,0
0,0
0,0
4.471,0
0,0
1.185,0
Recycling
11.239.333,0
(191.720.219,0)
463.073,0
12.854.760,0
(2.031.861,0)
851,0
0,0
(7.477,0)
(3.123.629,0)
(11.176,0)
(6.783,0)
(283.304,0)
(142,0)
51.567.389,0
(34.974,0)
(7.471,0)
(5.926.132,0)
(548,0)
(393.519,0)
(17.790,0)
19,0
(16.698,0)
3.639.348,0
(98.540,0)
21.803.841,0
90,0
(31.817,0)
Total
18.558.834,0
(182.599.114,0)
1.990.467,0
12.864.184,0
(2.028.376,0)
2.627,0
0,0
(6.816,0)
(3.087.506,0)
482.268,0
(6.686,0)
(280.311,0)
(116,0)
66.127.837,0
(34.506,0)
(7.195,0)
(5.926.130,0)
130,0
(204.634,0)
(17.500,0)
20,0
(16.216,0)
3.640.186,0
(96.375,0)
22.467.798,0
92,0
(30.268,0)
91
Anexo 02: (M) – Simulação: Cenários 01 a 04 –Consumo de Combustível
CENARIO I E II
Elec-consumed
Elec-generated
Elec-recycling
Petrol
Diesel
Nat-gas
Total
CENARIO III
Elec-consumed
Elec-generated
Elec-recycling
Petrol
Diesel
Nat-gas
Total
CENÁRIO IV
Elec-consumed
Elec-generated
Elec-recycling
Petrol
Diesel
Nat-gas
Total
Units
kWh
kWh
kWh
litres
litres
m3
GJ
Units
kWh
kWh
kWh
litres
litres
m3
GJ
Units
kWh
kWh
kWh
litres
litres
m3
GJ
Collection
Sorting
Biological Thermal Landfill
Recycling
Total
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
540.020,0
0,0
0,0
0,0 10.003,0
0,0
550.023,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
27.133,0
0,0
0,0
0,0
503,0
0,0
27.636,0
Collection
Sorting
Biological Thermal Landfill
Recycling
Total
0,0
190.183,0
0,0
0,0
0,0
0,0
190.183,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
(43.416.979,0)
(43.416.979,0)
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
540.020,0
1.902,0
0,0
0,0 8.738,0
28.330,0
578.989,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
27.133,0
1.018,0
0,0
0,0
439,0
(210.609,0)
(180.595,0)
Collection
Sorting
Biological Thermal Landfill
Recycling
Total
0,0 1.900.183,0 9.720.083,0
0,0
0,0
0,0
101.620.266,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0 (7.807.140.092,0) (7.807.140.092,0)
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
5.400.020,0
10.902,0
320.593,0
0,0 50.167,0
430.458,0
6.230.140,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
270.133,0
1.018,0
6.353,0
0,0
260,0
(381.829,0)
(344.882,0)
92
Anexo 02: (N) – Resultados da simulação de emissões atmosféricas do cenário 01 (em g/ano)
Parâmetros (g/ano)
Coleta
Aterro
Total
Particulados
671.353,0
12.435,0
683.788,0
CO
8.936.251,0
384.802,0
9.321.053,0
CO2
1.628.484.312,0
15.536.434.535,0
17.164.918.847,0
CH4
1.982.305,0
6.891.751.672,0
6.893.733.977,0
NOx
29.303.645,0
542.777,0
29.846.422,0
PAG
1.670.124.918,0
160.263.219.870,0
161.933.344.788,0
N2O
39,0
1,0
40,0
SOx
2.454.067,0
45.455,0
2.499.522,0
HCl
3.330,0
1.140.319,0
1.143.648,0
HF
0,0
228.051,0
228.052,0
H2S
0,0
3.508.484,0
3.508.484,0
TotalHC
0,0
35.084.839,0
35.084.839,0
ChlorinatedHC
0,0
613.985,0
613.985,0
Cadmium
0,0
98,0
98,0
Chromium
0,0
12,0
12,0
Lead
0,0
89,0
90,0
Mercury
0,0
1,0
1,0
Nickel
1,0
0,0
1,0
Zinc
1,0
1.316,0
1.316,0
93
Anexo 02: (O) – Resultados da simulação de emissões aquosas do cenário 01 (em g/ano)
Parâmetros (g/ano)
Coleta
Aterro
Total
BOD
COD
Suspended Solids
TOC
AOX
ChlorinatedHC
Phenols
Aluminium
Ammonium
Arsenic
Barium
Cadmium
Chloride
Chromium
Copper
Fluoride
Iron
Lead
Mercury
Nickel
Nitrate
Phosphate
Sulphate
Zinc
2,0
73,0
1.415.284,0
228,0
0,0
0,0
0,0
54,0
6.532,0
0,0
63,0
0,0
13.245.611,0
0,0
0,0
0,0
13.926,0
0,0
0,0
0,0
16,0
1,0
467.225,0
0,0
65.795.166,0
65.795.168,0
49.936,0
47.446,0
47.442,0
24.433,0
9.014,0
1,0
498.261,0
332,0
1,0
332,0
1.644.879,0
1.423,0
1.281,0
9.251,0
2.253.751,0
1.494,0
14,0
4.033,0
0,0
0,0
8.654,0
16.130,0
65.795.168,0
65.795.241,0
1.465.220,0
47.674,0
47.442,0
24.433,0
9.014,0
55,0
504.794,0
332,0
64,0
332,0
14.890.490,0
1.424,0
1.281,0
9.251,0
2.267.677,0
1.494,0
14,0
4.033,0
17,0
1,0
475.879,0
16.131,0
94
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Dissertação Alencar versão final