UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO Kátia Graziela Costa Huber 0139967 Orquidário Gastão de Almeida Santos Parque Farroupilha (redenção) PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2010. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO Kátia Graziela Costa Huber RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO Orientador do Estágio: Eng. Agr. Paulo Fialho Meireles Tutor do Estágio: Prof. Dr. Gilmar Schafer COMISSÃO DE ESTÁGIOS: Lucia Brandão Franke – Depto. de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia Coordenadora Paulo Henrique de Oliveira – Depto. Plantas de Lavoura Mari Bernardi - Depto. de Zootecnia Lair Ferreira – Depto. de Horticultura e Silvicultura Elemar Antonio Cassol - Depto. de Solos Josué Sant’Ana – Depto. de Fitossanidade Fábio de Lima Beck – Núcleo de Apoio Pedagógico PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2010 2 DEDICATÓRIA A minha mãe Fátima (in memoriam) pelo grande amor, amizade, cumplicidade e felicidade que compartilhamos. E mesmo não fazendo mais parte desse mundo, tenho certeza que me acompanha, me protege e está feliz com a minha formatura. Ao meu pai Sílvio pelo amor e carinho. A minha irmã Daniela pela amizade, companhia, diversão e amor. Ao meu namorado Márcio que faz a minha vida muito mais feliz e florida com seu amor. 3 AGRADECIMENTOS A direção do Parque Farroupilha, ao Eng Agr Paulo Fialho Meireles pela ótima receptividade e aos funcionários do orquidário pelo apoio, confiança e pelo agradável ambiente de trabalho em equipe onde foi possível compartilhar ideias e conhecimentos. Aos professores Gilmar Schafer e Valmir Duarte. A faculdade de Agronomia da UFRGS pelo convívio com pessoas maravilhosas. 4 APRESENTAÇÃO O estágio curricular obrigatório é um dos momentos mais importantes no decorrer da vida acadêmica do estudante de Agronomia. Por essa razão eu escolhi trabalhar com plantas ornamentais, pois eu pretendo atuar profissionalmente nessa área e infelizmente tive pouca vivência na graduação. A escolha por Orquídeas vem de um desejo antigo de aprender mais sobre essas fascinantes plantas, majoritariamente epífitas, que despertam tanta admiração e paixão em pessoas do mundo todo e por essa razão existem tantos clubes de colecionadores e ciclos de Orquidófilos. Nas minhas pesquisas percebi que existem poucos profissionais da área agronômica atuando nesse mercado, ou seja, é um nicho interessante a ser explorado. No Orquidário Gastão de Almeida Santos do Parque Farroupilha (Redenção) eu pude vivenciar como funciona a manutenção de uma coleção de Orquídeas destinada à visitação pública. 5 SUMÁRIO 1. Introdução.......................................................................................................8 2. Descrição do meio físico e socioeconômico do município de Porto Alegre..................................................................................................................9 2.1 Clima..................................................................................................... ........9 2.2 Solos ......................................................................................................... 9 2.3 Aspectos socioeconômicos ......................................................................11 3. Instituição de realização do estágio ............................................................. 12 4. Revisão Bibliográfica sobre Orquídeas ........................................................ 13 5. Atividades realizadas no estágio .................................................................. 18 5.1 identificação e caracterização dos gêneros de orquídeas mais importantes existentes no Orquidário ........................................................... 18 5.2 Tratamentos Fitossanitários .................................................................... 29 5.3 Adubação ................................................................................................ 32 5.4 Confecções de mudas De Dendrobium Spp ........................................... 33 5.5 Controle de Aedes Egypti (Mosquito Da Dengue) ................................. 34 5.6 Atendimento ao público.......................................................................... 35 5.7 Participação em curso ........................................................................... 35 6. Conclusões................................................................................................... 35 7. Análise Crítica do estágio ............................................................................. 36 8. Bibliografia.................................................................................................... 36 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapeamento das Unidades de Solo de Porto Alegre........................10 Figura 2. Orquídea com crescimento simpodial................................................16 Figura 3. Orquídea com crescimento monopidal...............................................16 Figura 4. Orquídeas do gênero Denbrobium spp no Orquidário do Parque Farroupilha.........................................................................................................19 Figura 5. Orquídea do gênero Cymbidium spp no Orquidário do Parque Farroupilha......................................................................................................21 Figura 6. Orquídea do gênero Oncidium spp no Orquidário do Parque Farroupilha......................................................................................................22 Figura 7. Orquídea do gênero Coelogyne spp no Orquidário do Parque Farroupilha......................................................................................................23 Figura 8. Orquídea do gênero Bifrenária spp no Orquidário do Parque Farroupilha....................................................................................................25 Figura 9. Orquídea Catlleya guttata x Catlleya labiata no Orquidário do Parque Farroupilha.....................................................................................................26 Figura 10. Orquídea do gênero Phalaenopsis spp Orquidário do Parque Farroupilha.....................................................................................................26 Figura 11. Retirada de folhas cloróticas de orquídeas no Orquidário do Parque farroupilha............................................................................................27 Figura 12. Manutenção das placas de identificação das plantas no Orquidário do Parque Farroupilha.......................................................................................28 Figura 13. Excesso de sombreamento no Orquidário do Parque Farroupilha.. 29 Figura 14. Folha atingida pela Alga Leaf Spot no Orquidário do Parque Farroupilha........................................................................................................30 Figura 15. Folhas atacadas por doenças fúngicas no Orquidário do Parque Farroupilha.........................................................................................................32 Figura 16. Folhas atacadas por cochonilha no Orquidário do Parque Farroupilha.........................................................................................................32 Figura 17. Confecção de muda de orquídea do gênero Dendrobium spp no Orquidário do Parque Farroupilha.....................................................................35 7 1. INTRODUÇÃO O estágio foi realizado no orquidário do Parque Farroupilha, localizado no município de Porto Alegre, RS, durante o período de 08/01/2010 a 08/03/2010 totalizando 300 horas de duração sob a orientação do Engenheiro Agrônomo Paulo Fialho Meireles da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto alegre - SMAM. O estágio teve como objetivo propiciar à acadêmica um aprofundamento nos conhecimentos sobre o cultivo de orquídeas e auxiliar na melhoria do orquidário com as práticas adquiridas no decorrer do curso de Agronomia. Bem como, vivenciar a rotina de manejo de uma coleção de Orquídeas destinada à visitação pública dentro de um parque municipal. 8 2. DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DA REGIÃO DE PORTO ALEGRE 2.1 CLIMA O clima de Porto Alegre é classificado como subtropical úmido (Cfa, segundo Köppen), tendo como característica marcante a grande variabilidade. A presença da grande massa de água do lago Guaíba contribui para elevar as taxas de umidade atmosférica e modificar as condições climáticas locais, com a formação de microclimas. O contínuo processo de cobertura da superfície do terreno por edificações e calçamento também gera microclimas específicos, observando-se até 4°C de variação térmica nas diferentes regiões da cidade. As chuvas são bem distribuídas, com a média anual permanecendo em torno de 1.300mm. Segundo a BBC Weather o mês mais chuvoso é setembro, com média de 132 mm, e o mais seco é novembro, com 79 mm. Janeiro e fevereiro têm a temperatura média mais alta do ano, chegando a 31°C, e junho e julho a mais baixa, com 9°C (PENTER, 2008). 2.2 SOLOS Segundo o DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DE PORTO ALEGRE (2008) os solos do município foram classificados conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa 1999), a fim de fornecer informações que permitam um planjamento racional e um desenvolvimento equilibrado do uso de suas terras. As unidades identificadas como mostra a Figura 1 são: *Unidade 1 - Argissolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos + Cambissolos Háplicos (Rg); 9 *Unidade 2 - Argissolos Vermelhos e Vermelho-amarelos (PV); *Unidade 3 - Neossolos Litólicos e Regossólicos + Cambissolos Háplicos + Argissolos Vermelhos e Vermelho-amarelos (Rg/PV); *Unidade 4 - Planossolos + Gleissolos + Plintossolos + Neossolos Flúvicos (Hid). Figura 1. Mapeamento das Unidades de Solo de Porto Alegre LEGENDA: PV 1: Grupo Indiferenciado de Argissolos Vermelo e Argissolos Vermelho 10 amarelos PV 2: Associação de Argissolos Vermelo ou Argissolos Vermelho amarelos com Cambissolos Háplicos CX: Associação Cambissolos Háplicos com Neossolos Litólicos ou Neossolos Regolíticos SG1: Associação de Planossolos Hidromórficos, Gleissolos Háplicos e Plintossolos Argilúvicos; SG2: Associação de Planossolos Hidromórficos, Gleissolos Háplicos e Neossolos Flúvicos. G1: Associação de Gleissolos e Neossolos Flúvicos; G2: Associação de Gleissolos, Planossolos e Tipos de Terreno; GX: Associação de Gleissolos Háplicos e Planossolos Hidromórficos RQ: Associação de Neossolos Quartzarênicos e Gleissolos; RU1: Neossolos Flúvicos; RU2: Associação de Neossolos Flúvicos e Tipos de Terreno. TT: Tipos de Terreno. 2.3 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS A capital do estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre está inserida na região fisiográfica da depressão central. Possui uma área de aproximadamente 476 km², circundada por morros, possui planícies e é limitada pela orla fluvial do lago Guaíba. Faz divisa de município ao norte com os municípios de Triunfo, Nova Santa Rita, Canoas e Cachoeirinha; ao sul com Viamão e Lago Guaíba (Barra do Ribeiro); ao leste com Alvorada e Viamão e a oeste com o lago Guaíba (Eldorado do Sul, Guaíba e Barra do Ribeiro). Porto Alegre possui uma população de 1.436.123 habitantes, IBGE (2009) sendo a décima cidade mais populosa do Brasil, com um PIB per capita 11 de 23.534 reais. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Porto Alegre é de 0,865, 9ª melhor qualidade de vida do país. Segundo dados do IBGE, o PIB de Porto Alegre em 2007 era de 33,43 bilhões de reais e seu PIB per capita 23.534 reais. De acordo com a ONU e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Porto Alegre teve em 2001 o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais. Em agosto de 2010 Porto Alegre foi a capital com o custo da cesta básica mais elevado, chegando a 240,91 reais. Em vários indicadores de custo de vida em 2009 Porto Alegre ficou entre as capitais mais caras, como em serviços e suprimentos domésticos, transporte, vestuário e calçados, mas estava entre as mais baratas para lazer e entretenimento (PREFEITURA DE PORTO ALEGRE, 2010). 3. INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO O estágio foi realizado no orquidário do Parque Farroupilha que é vinculado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) de Porto Alegre. Esta secretaria foi criada em 1976 e é o órgão executivo responsável pela proteção do sistema natural e pelo controle da qualidade ambiental no município. Historicamente, a SMAM priorizou a ampliação e a gestão de áreas verdes urbanas. A partir da década de 90, estruturou-se para promover políticas de proteção ao meio implantável e controlar as atividades impactantes. Atualmente o trabalho de fiscalização da SMAM está centrado no Licenciamento Ambiental. O orquidário do Parque Farroupilha foi inaugurado em 18 de setembro de 1953. Nos primeiros anos, o orquidário contava com doações de plantas de orquidófilos e também com orquídeas confiscadas pelo Instituto Brasileiro de Defesa Florestal IBDF (atual Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA), as quais eram comercializadas ilegalmente. Atualmente o orquidário conta com aproximadamente 1000 exemplares de 25 gêneros diferentes. 12 O orquidário é constituído de uma estufa, uma sala para os funcionários e uma sala para palestras. É coordenado pelo Eng. Agr. Paulo Fialho Meireles e possui dois funcionários responsáveis pela organização e manutenção. OBJETIVOS DO ORQUIDÁRIO GASTÃO DE OLIVEIRA SANTOS: • Reunir pessoas que gostem de orquídeas; • Preservar a família Orchidaceae; • Transmitir ensinamentos sobre o cultivo; • Realizar exposições florais; • Ministrar cursos sobre orquídeas; • Opção de lazer aos usuários do parque farroupilha, sendo aberto á visitação diária; 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE ORQUÍDEAS As orquídeas são todas as plantas que compõem a família Orchidaceae, pertencente à ordem Aspargales uma das maiores famílias de plantas existentes com mais de 25 000 espécies registradas até o momento. O Termo Orchis, que significa testículos, foi usado pela primeira vez por Theophrastus (C. 372 - 287 a.C.), filósofo grego, discípulo de Aristóteles. Theophrastus comparou as raízes tuberosas de algumas orquídeas mediterrâneas com os testículos humanos. Por este motivo, desde a Idade Média, propriedades afrodisíacas são atribuídas as orquídeas. As orquídeas são geralmente cultivadas pela beleza, exotismo e fragrância de suas flores. Embora seu cultivo venha da época de Confucius (C. 551 - 479 a.C), a sua comercialização teve início na Europa no final do século XVIII. Hoje, uma indústria moderna envolve centenas de milhares de dólares anualmente em todo o mundo, sobretudo na Ásia, Europa e Estados Unidos. Algumas plantas são comercializadas não por sua beleza, mas devido ao uso na alimentação humana. A mais importante para a indústria é a baunilha, 13 como são conhecidas algumas espécies do gênero Vanilla, largamente utilizadas na aromatização de bolos, sorvetes, balas e doces. Outro exemplo é o Salepo, um líquido turvo, rico em mucilagem e de sabor adocicado, extraído das raízes tuberosas de algumas espécies. Por muitos séculos, na Pérsia e Turquia, vem sendo utilizado no preparo de uma saborosa bebida quente e também como espessante para sorvetes (INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2010). A família Orchidaceae existe em todos os continentes, exceto na Antártida, predominando nas áreas tropicais. Segundo o instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro o Brasil é um dos países mais ricos em orquídeas, comparável somente à Colômbia e ao Equador. Estudos recentes registram cerca de duas mil e trezentas espécies no território brasileiro. Há orquídeas com as mais variadas dimensões, desde plantas extremamente pequenas, com flores do tamanho de uma cabeça de alfinete até plantas com mais de três metros de altura, capazes de produzir hastes florais de comprimento superior a quatro metros. Formas tão diferente podem ser englobadas numa única família devido ao fato de possuírem uma estrutura floral idêntica. Numa flor típica da orquídea há sempre três sépalas (verticilo externo) e três pétalas (verticilo Interno), embora algumas destas partes possam aparecer fundidas ou bastante reduzidas. Uma das pétalas, o labelo, é diferente das outras, quase sempre maior e mais vistoso; geralmente a flor cresce de tal modo que o labelo é o segmento inferior. Projetando-se do centro da flor, surge um órgão carnudo e claviforme, o ginostêmio ou coluna, como resultado da fusão dos órgãos masculinos (estames) e femininos (carpelos). Este conjunto caracteriza uma orquídea. A antera localiza-se no extremo da coluna e contém os grãos de pólen, agrupados em dois a oito massas, chamadas políneas. Imediatamente abaixo da antera fica uma pequena depressão de superfície viscosa, o estigma, ou órgão receptivo feminino, no qual as políneas são depositadas durante a polinização. Sob a coluna está o ovário, que, após a fecundação, se desenvolve e forma uma cápsula contendo sementes. Uma única cápsula de orquídea pode conter um milhão de sementes, tão finas como o pó de talco (INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2010). 14 Majoritariamente epífitas, as orquídeas crescem sobre as árvores usando-as somente como apoio para buscar luz não são plantas parasitas nutrindo-se apenas de material em decomposição que cai das árvores e acumula-se ao emaranhar-se em suas raízes. Dependendo do local onde vivem as orquídeas são divididas em quatro grandes grupos: Epífitas: são aquelas que se desenvolvem sobre as árvores, mas usando-as apenas como suporte, ou seja, como local onde possam receber níveis adequados de luz. Isto mostra que as orquídeas não são parasitas, como muitas pessoas acreditam. Terrestres: crescem sobre o solo, ao qual fixam suas carnosas raízes e buscam seus nutrientes. Rupícolas: vivem sobre pedras, a pleno sol. Muitas vezes protegem a ponta das raízes mergulhando-as por baixo do limo que nasce nas fendas das rochas. Mas não é raro ver orquídeas deste tipo vivendo sobre rochas quentes, sem que a insolação provoque danos às raízes. Saprófitas: muito raras, são desprovidas de clorofila e sobrevivem de restos vegetais ou animais em decomposição. Elas encontram muitas formas de reprodução: na natureza, principalmente pela dispersão das sementes mas em cultivo pela divisão de touceiras, semeadura in-vitro ou meristemagem (SILVA, 2005). As orquídeas possuem dois tipos de crescimento: SIMPODIAIS: são as plantas que apresentam crescimento limitado, ou seja, após o termino do crescimento de um caule ou pseudobulbo, o novo broto desenvolve-se formando o rizoma e um novo pseudobulbo, num crescimento contínuo (Figura 2). MONOPODIAIS: são plantas com crescimento ilimitado, ou seja, com crescimento contínuo (Figura 3). Suas folhas são lineares, rígidas e carnosas, muitas vezes sulcadas ou semicilíndricas e dispostas simetricamente no caule da planta (NEVES, 2008). 15 Figura 2. Orquídea com crescimento simpodial Fonte: PUC-CAMPINAS (2010) Figura 3. Orquídea com crescimento monopoidal Fonte: PUC-CAMPINAS (2010) 16 Dentre os métodos de propagação a cultura de tecidos é frequentemente utilizada para a propagação clonal em massa de híbridos e espécies de orquídeas, possibilitando a obtenção de plantas de alta qualidade fitossanitária em curto período de tempo (ARDITTI e ERNST, 1993). A cultura assimbiótica ou semeadura in vitro, de orquídeas, constitui técnica bastante relevante do ponto de vista comercial e também ecológico. As plantas produzidas desta forma são altamente interessantes para programas de reintrodução de espécies nativas em áreas de preservação ambiental. A cultura assimbiótica resulta em maiores percentuais de germinação, em comparação com a germinação em condições naturais, a qual é dependente da infecção por fungos micorrízicos, simbiontes muitas vezes espécie-específicos (MARTINI, 2001). A propagação através de sementes é uma técnica mais adequada para condições de laboratório como a esterilidade absoluta é necessária para o sucesso das sementes de orquídeas que são semelhantes ao pó ao contrário de sementes normais. A propagação também é feita através de keikis que são pequenas plantas que se desenvolvem em pseudobulbos, tipo canas antigas, que devem ser destacados quando tiverem dois ou três pseudobulbos e raízes de 5 a 10 cm. Essas mudas são idênticas à planta mãe, portanto, esse método é utilizado para a propagação de: Phalaenopsis, Vanda e Dendrobium. A forma de cultivo de orquídeas, em qualquer lugar do mundo, procura reproduzir o ambiente do hábitat natural das plantas. Inicialmente utilizava-se xaxim como substrato de cultivo (atualmente proibido), sendo este, substituído por fibra de coco ou casca de acácia. Um dos métodos mais utilizados para o cultivo de orquídeas é através da construção de um ripado ou telado que corte a luz solar em mais ou menos 50%, em local não sujeito a geadas ou ventos excessivos. Ter-se-á construído assim um micro-ambiente de condições ideais para o cultivo dessas plantas. Também ocorre o cultivo de orquídeas em estufas (preferencialmente no sul do país), para proteção das plantas contra as geadas que ocorrem no inverno. Em outras áreas do país as estufas são 17 usadas como ambiente moderador. Suas vantagens são: controle de rega, luz, melhor proteção contra pragas, temperatura e umidade mais estáveis (SILVA, 2005). Como nenhuma outra família de plantas, as orquídeas despertam interesse em colecionadores que se ajuntam em associações orquidófilas, presentes em grande parte das cidades por todo o mundo. Estas sociedades geralmente apresentam palestras frequentes e exposições de orquídeas periódicas, contribuindo muito para a difusão do interesse por estas plantas e induzindo os cultivadores profissionais a reproduzir artificialmente até espécies que poucos julgariam ter algum valor ornamental, contribuindo para diminuir a pressão sobre a coleta das plantas ainda presentes na natureza. 5. ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO 5.1 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS GÊNEROS DE ORQUÍDEAS MAIS IMPORTANTES EXISTENTES NO ORQUIDÁRIO DENDROBIUM SPP Composto por aproximadamente 1000 espécies, distribuídas desde a Índia e Sri-Lanka até o Japão, Filipinas, Malásia, Indonésia e chegando a Papua, Nova Guiné, Austrália e Nova Zelândia. Como todo grande gênero, possui quatro subgêneros e 41 seções, para tornar a determinação das espécies mais fácil. A maioria das espécies é epífita, porém é difícil determinar características vegetativas para todo gênero, visto que existem espécies com pseudobulbos lineares, outras com roliços e outras com formato terete. O mesmo acontece com as hastes, que podem ser uniflorais ou multiflorais, laterais ou apicais, e com as flores que podem ser pequeninas ou grandes, de todas as cores imagináveis (menos preta). Possuem as sépalas juntas à base 18 da coluna. As condições de cultivo variam de acordo com a região de origem das espécies. Portanto, antes de cultivar qualquer espécie de Dendrobium (Figura 4) é necessário conhecer sua origem e condições de seu habitat. Existem algumas regras que podem ser empregadas para todas as espécies, que são: boa circulação de ar, boa luminosidade, rega constante durante o período de crescimento vegetativo e, durante o período de dormência, somente umidade ambiente ou água suficiente para que os pseudobulbos não desidratem. Principais espécies: Den. amethystoglossum, Den. anceps, Den. atroviolaceum, Den. bellatulum, Den. canaliculatum, Den. chrysotoxum, Den. cruentum, Den. crumenatum, Den. cuthbertsonii, Den. dearei, Den. discolor, Den. forbesii, Den. finisterrae, Den. harveyanum, Den. infundibulum, Den. kingianum, Den. lawesii, Den. leonis, Den. lindleyi (ex agregatum), Den. lineale, Den. macrophyllum, Den. nobile, Den. p seudoglomeratum, Den. polysema (NEVES, 2008). Figura 4. Orquídeas do gênero Denbrobium spp no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) CYMBIDIUM SPP É um gênero composto por 44 espécies, distribuído pela Ásia e Austrália. 19 As espécies são geralmente terrestres ou epífitas, porém algumas também são rupícolas e podem facilmente ser reconhecidas por seus pseudobulbos proeminentes com várias folhas lineares. Plantas bastante floríferas, com flores de labelo trilobado, com calosidade central. Todas as espécies possuem duas políneas. Estas espécies são bastante utilizadas para hibridação de flores para corte, sendo que as espécies chinesas e indianas são as mais utilizadas. As plantas desenvolvem-se vigorosamente e devem ser regadas e fertilizadas com freqüência. Necessitam de muita luminosidade, porém não apreciam o pleno sol. As espécies com flores grandes, espalhadas desde o Himalaia até a China, requerem um período de frio para iniciar a floração, sendo que a temperatura noturna não deve passar de 12 °C e a rega devem ser reduzidas. Exige uma combinação de adubos orgânicos e químicos. Estas espécies (Figura 5) geralmente são vigorosas e cultivadas em grandes vasos. As espécies terrestres com flores pequenas encontradas no Himalaia, China e Japão, não requerem um período de frio tão extenso e pronunciado, sendo que devem ser cultivadas sob temperaturas baixas a intermediárias por todo o ano. Espécies tropicais com flores pequenas devem ser cultivadas sob o calor durante todo o ano e não necessitam de um período de frio pronunciado. Estas espécies possuem flores em hastes pendentes e por isso são mais bem cultivadas em cachepôs (NEVES, 2008). 20 Figura 5. Orquídea do gênero Cymbidium spp no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) ONCIDIUM SPP Este é mais um dos grandes gêneros, com aproximadamente 600 espécies distribuídas por toda a América tropical, desde o México até o norte da Argentina. Caracteriza-se por grande diversidade morfológica de suas espécies, porém de forma geral possui pseudobulbos semelhantes aos das Miltonias e Odontoglossum, com hastes florais provenientes da base dos pseudobulbos (Figura 6). Nos quais se encontram duas folhas. Suas flores sempre são de cores predominantemente amarela ou marrom com pintas e sua maior característica é a presença de calosidade na parte distal do labelo, além de possuir junto ao estigma, duas saliências semelhantes a duas asas. Seu labelo origina-se na base da coluna. Possuem duas políneas. A grande maioria das espécies é epífita, porém existem também espécies terrestres e rupícolas. Podem ser encontradas em regiões com altitudes que variam desde o nível do mar até 4000 metros, sempre em florestas úmidas. Devem ser cultivadas em estufas de clima intermediário, em 21 vasos de barro ou plástico sempre com excelente drenagem sempre com água abundante durante todo o ano. Principais espécies: Onc. ampliatum, Onc. barbatum, Onc. baueri, Onc. bicolor, Onc. bifolium, Onc. cebolletae, Onc. cheirophorum, Onc. concolor, Onc. crispum, Onc. divaricatum, Onc. enderianum, Onc. fimbriatum, Onc. flexuosum, Onc. forbesii, Onc. gardnerii, Onc. hastatum, Onc. hastilabium, Onc. lanceanum, Onc. leinigii, Onc. luridum, Onc. nubigenum, Onc. onustum, Onc. ornithorhynchum, Onc. planilare, Onc. sarcodes, Onc. silvanum, Onc. spiopterum, Onc. stacyi, Onc. stenotis, Onc. tiyrinum, Onc. varicosum. Crescem nas áreas ensolaradas das florestas, sobre ramos e gravetos de árvores (NEVES, 2008). Figura 6. Orquídea do gênero Oncidium spp no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) COELOGYNE SPP Embora asiático, é muito cultivado no Brasil (Figura 7). Epífita de crescimento simpodial, com mais de 100 espécies, para uma boa floração 22 necessitam de uma diferença de, no mínimo, 10 graus de temperatura entre o dia e a noite. Como suas hastes florais surgem em épocas de chuva, deve-se proteger a planta da chuva sob pena dos botões apodrecerem (NEVES, 2008). Figura 7. Orquídea do gênero Coelogyne spp no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) BIFRENÁRIA SPP Gênero que foi subdividido e conta com aproximadamente 6 espécies, distribuídas pelo Brasil. As plantas do gênero caracterizam-se por possuírem pseudobulbos ovóide-quadrangulares, com uma ou duas folhas levemente fibrosas. As flores crescem a partir da base dos pseudobulbos em hastes uniflorais (Figura 8). São espécies epífitas, que crescem em florestas tropicais úmidas, em locais com altitude de 200 a 700 metros. A maior parte das espécies está concentrada no sudeste brasileiro e possui flores grandes e em pequeno número. Devem ser cultivadas em temperaturas intermediárias, com boa umidade e luz. São plantas de fácil cultivo, porém com pouca floração. Principais Espécies: B. tropurpurea, B. harrisoniae, B. tetrágona, B. thyriantina 23 (NEVES, 2008). Figura 8. Orquídea do gênero Bifrenária spp no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) CATTLEYA SPP Etimologia: em homenagem a WILLIAM CATTLEY, horticulturista inglês do século XIX. Este é um gênero composto por aproximadamente 48 espécies, distribuídas por toda a América tropical. Caracteriza-se por possuir pseudobulbos cilíndricos com vários nódulos, com folhas apicais e carnudas (Figura 9). As espécies são normalmente epífitas, ocorrendo em florestas úmidas em altitudes que variam do nível do mar até 1500 metros de altitude. A maioria das espécies é encontrada no alto de grandes árvores e deve ser cultivada sob condições intermediárias, com boa umidade ambiente. Podem ser separadas em dois grupos: um formado por plantas bifoliadas e outro por plantas unifoliadas. Este último com espécies cujas flores normalmente são maiores e em menor número, enquanto as bifoliadas possuem geralmente flores menores em maior número. Principais espécies: C. 24 aurantiaca, C. bicolor, C. dowiana, C. guttata, C. intermédia, C. labiata, C. loddigesii, C. lueddemanniana, C. mossiae, C. máxima, C. nobilior, C. percivaliana, C. schilleriana, C. trianae, C. walkeriana, C.warneri, C. warscewiczii, C. eldorado (NEVES, 2008). Figura 9. C. guttata x C. labiata no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: LUIS SOUZA (2008) PHALAENOPSIS SPP O gênero compreende cerca de 50 espécies epífitas, ocasionalmente rupícolas, distribuídas por toda a Ásia tropical, desde o sul da Índia até o leste de Papua, Nova Guiné e do norte da China e Taiwan até o sul da Austrália. São plantas monopodiais, com folhas largas e suculentas, de porte pequeno, com grossas e suculentas raízes. As inflorescências são produzidas por entre as folhas, com hastes florais que possuem apenas poucas flores até espécies com hastes com mais de 100 flores, com várias cores e formas. Todas as espécies possuem labelo trilobado. As Phalaenopsis (Figura 10) constituem um dos gêneros mais 25 cultivados, tanto por colecionadores como por horticultores, principalmente para o mercado de flores de corte, visto que suas plantas possuem crescimento rápido e suas flores são muito duráveis e também porque algumas espécies podem passar diversos meses em floração contínua. Devem ser cultivadas em vasos com substrato que retenha umidade, uma vez que, por não possuírem pseudobulbos, não têm mecanismos para armazenagem de água. O vaso ideal é o de plástico. Além disso, devem ser cultivadas com pouca luminosidade e muita circulação de ar, pois deste modo você conseguirá florações mais belas e abundantes e reduzirá a incidência de pragas e doenças. Principais espécies: Phal. amabilis, Phal. aphrodite, Phal. Cornucervi, hal. fasciata, Phal. hieroglyphica, Phal. lobbii, Phal. Lueddemanniana, Phal. manii, Phal. mariae, Phal. sanderiana, Phal. schilleriana, Phal. violácea. (NEVES, 2008). Figura 10. Orquídea do gênero Phalaenopsis spp Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) 26 DEMAIS ATIVIDADES REALIZADAS No primeiro dia de estágio procurou-se conhecer as instalações do orquidário e de que maneira o manejo diário era realizado, através da orientação dos funcionários do Orquidário. Após a primeira semana de adaptação e realização das tarefas indicadas pelo funcionário. Procurou-se observar de maneira mais crítica o trabalho que estava sendo feito e o meio em que as orquídeas estavam sendo cultivadas. Portanto através de pesquisas a bibliografias e conversas com o Engenheiro Agrônomo foram sugeridas alternativas para um melhor manejo e melhoramento do orquidário. Além disso, o funcionário que atuava no orquidário era novo na função. Inicialmente foi recomendado pelo funcionário recolher e varrer as folhas caídas nas bancadas e no chão impossibilitando assim que fungos e bactérias permanecessem no local para posterior contaminação das orquídeas. As plantas com folhas cloróticas eram removidas (Figura 11). Figura 11. Retirada de folhas cloróticas de orquídeas no Orquidário do Parque farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) 27 Muitas plantas encontravam-se sem as placas de identificação ou apagadas (Figura 12). Portanto confecção de novas placas foi feita pela estagiária. Portanto esse trabalho permitiu uma maior familiaridade com os gêneros existentes e a observação das condições fitossanitárias das plantas. Figura 12. Manutenção das placas de identificação das plantas no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) Dentre as atividades a rega era realizada diariamente em virtude das altas temperaturas do verão de 2010. Porém, muitos vasos encontravam-se muito encharcados e assim prejudicando o desenvolvimento das orquídeas então a estagiária seguindo uma recomendação do Círculo Gaúcho dos Orquidófilos sugeriu que as regas fossem realizadas um dia sim outro não juntamente com a verificação do substrato para verificar se o mesmo encontrava- se úmido. O orquidário encontrava-se muito sombreado (Figura 13) e com a presença marcante de musgos nas bancadas e até mesmo no piso o deixando em muitas partes escorregadio. Esse excesso de sombreamento gerava umidade em excesso que era o catalisador para doenças fúngicas e algas. A estagiária sugeriu a poda das árvores de eucaliptos acima do orquidário. Essa solicitação foi aceita pelo Engenheiro Agrônomo, porém a equipe de poda de árvores de grande porte não estava disponível no momento, mas o pedido ficou 28 na lista de espera de serviços do parque. Figura 13. Excesso de sombreamento no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) 5.2 TRATAMENTOS FITOSSANITÁRIOS O excesso de umidade do local o tornava propicio para o surgimento de algas em orquídeas do gênero Phaius tankervilleae. A alga encontrada é conhecida como Algal Leaf Spot (Figura 14) e tem como agente causador: Cephaleuros virescens Kunze. Esta análise foi feita no laboratório de fitopatologia da UFRGS com o auxilio do professor Valmir Duarte. 29 Figura 14. Folha atingida pela Alga Leaf Spot no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) O controle dessa alga foi realizado com a retirada das folhas afetadas e aplicação de Calda bordalesa. A calda bordalesa é um produto à base de sulfato de cobre, cal hidratada e água. A fórmula utilizada foi a seguinte: 5g de sulfato de cobre, 5g de cal hidratada, 1 litro de água. Para o preparo da calda foram utilizados dois recipientes plásticos. O sulfato de cobre e a cal hidratada foram dissolvidos separadamente. Primeiramente foi colocado no pulverizador a solução de sulfato de cobre e em seguida a de cal hidratada. Recomenda-se aplicar imediatamente, atendendo a uma temperatura de 25° C ou menos e umidade relativa do ar acima de 60%. (NEVES, 2008) Muitas das plantas existentes no orquidário principalmente as do gênero dendrobrium ssp apresentavam manchas em suas folhas, com aspectos circulares formadas por diversos anéis pretos, caracterizando assim presença de doença fúngica (Figura 15), Pythium ultimum e Phytophthora cactorum (GIORIA, 2008). Estas plantas receberam o tratamento com calda bordalesa. 30 Figura 15. Folhas atacadas por doenças fúngicas no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) Figura 16. Folhas atacadas por cochonilha no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) 31 As plantas com cochonilhas (Dactylopius coccus) (Figura 16) foram tratadas com: 1 litro de óleo mineral leve juntamente com 150g de sabão neutro mais ½ litro de água. O sabão foi cortado em pedaços e dissolvido na água quente. Após foi adicionado o óleo mineral aos poucos, até a total homogeneização. O produto foi dissolvido em 25 litros de água e pulverizado (FURLAN, 2009). Para o controle de insetos o funcionário utilizava uma mistura de água em uma garrafa PET de dois litros com baganas de cigarro. Segundo ele relatou o fumo do cigarro repelia os insetos. Então a estagiária recomendou a fórmula, descrita abaixo, que utilizava também o fumo como ingrediente principal. Além disso, este tratamento é bastante utilizado por orquidófilos. Calda de fumo (Inseticida) Ferve-se 100g de fumo de rolo picado em um litro e meio de água, acrescentando-se uma colher de chá de sabão de coco em pó e borrifam-se as plantas infectadas (NEVES, 2008). 5.3 ADUBAÇÃO Para a fase de crescimento das mudas o adubo recomendado deve conter mais nitrogênio: (30- 10-10) ou (20-8-8). Para a fase de crescimento geral pode-se utilizar o (20- 20-20) já no período que antecede a floração utiliza-se a fórmula que contenha mais fósforo (CÍRCULO GAÚCHO DOS ORQUIDÓFILOS, 2010). Nas plantas adultas foram utilizados 5 ml de adubo NPK liquido (18-1818) diluído em 1 litro de água e pulverizado sobre toda a planta. Essa aplicação foi repetida a cada 15 dias. O ideal é que ocorra adubação apenas nos meses quentes ou quando as orquídeas estão em pleno desenvolvimento vegetativo, usando NPK para adubação (SILVA, 2005). 32 5.4 CONFECÇÕES DE MUDAS DE DENDROBIUM SPP No período do estágio foram confeccionadas 30 mudas da orquídea do gênero dendrobium spp que é a mais abundante do orquidário. A confecção de mudas foi realizada colocando-se isopor no fundo do pote de plástico seguido de casca de coco como principal substrato e brita. As espécies de dendrobium são facilmente reproduzidas por um método extremamente fácil e bem popular de propagação que é através dos keikis, que são pequenas plantas que se desenvolvem em pseudobulbos, tipo canas antigas, que devem ser destacados quando tiverem dois ou três pseudobulbos e raízes de 5 a 10 cm. Essas mudas são idênticas à planta mãe. A divisão das plantas, ao replantar, não é um bom método de reprodução. Se a divisão é feita com um rizoma muito curto, o choque da planta pode ser muito grande. A tendência moderna é replantar e deixar um intervalo de umas três semanas antes de fazer a divisão no próprio vaso e não regar dentro de uma semana. Como em todas as orquídeas simpodiais, a regra dos três pseudobulbos deve ser seguida. Isto produz um melhor efeito estético e as flores serão de melhor qualidade (BAKER, 2007). 33 Figura 17. Confecção de muda de orquídea do gênero Dendrobium spp no Orquidário do Parque Farroupilha Fonte: KÁTIA HUBER (2010) 5.5 CONTROLE DE AEDES EGYPTI ( MOSQUITO DA DENGUE) Como no ano de 2008 a vigilância sanitária verificou a presença da larva do mosquito da dengue (Aedes aegypti) nas bromélias no entorno do orquidário, foi realizado o controle deste mosquito. Para a realização deste controle, foi utilizada uma solução de água sanitária (hipoclorito) diluída em água comum. Essa solução era constituída de seis tampas cheias de água sanitária misturada com quatro litros de água comum. A aplicação ocorria uma 34 vez por semana no início da tarde, através de um pulverizador disponível no orquidário. 5.6 ATENDIMENTO AO PÚBLICO Durante o estágio os frequentadores do parque consultavam os técnicos e a estagiária para tirar dúvidas sobre a identificação de espécies, gêneros e principalmente como realizar o manejo das orquídeas que possuíam em casa. As escolas que visitavam o parque também recebiam um acompanhamento e informações básicas, porém mais relacionadas à ecologia e a preservação das plantas. 5.7 PARTICIPAÇÃO EM CURSO A SMAM juntamente com o Círculo Gaúcho de Orquidófilos realizou um curso no orquidário do parque sobre o manejo e conservação de orquídeas e teve como palestrantes: um Engenheiro Agrônomo e três Orquidófilos. Os assuntos abordados abrangeram formas de cultivo como: adubação, confecção de mudas e tratamentos fitossanitários. 6. CONCLUSÕES Na realização do estágio os objetivos propostos foram atingidos. Dentre eles, adquirir maior “intimidade” com o universo das orquídeas seguido da necessidade constante de pesquisa bibliográfica. O estágio também propiciou a experiência do trabalho em equipe e aplicação de novas propostas e métodos de manejos não empregados anteriormente. O Engenheiro Agrônomo orientador conferiu autonomia a estagiária para 35 programar suas atividades o que tornou o estágio mais produtivo e enriquecedor. A burocracia que ainda existe em empresas públicas e assim dificulta o trabalho. Como exemplo disso: a solicitação de poda das árvores de grande porte presentes no orquidário ficou na lista de espera sem data definida para realização do trabalho. 7. ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO Fui muito bem recebida pela direção do parque e funcionários que demonstraram boa vontade e interesse ao ouvir as minhas críticas, dúvidas e recomendações. A grande rotatividade de funcionários no orquidário prejudica o seu andamento, pois os trabalhos muitas vezes iniciados por uma equipe ficam inacabados. O tempo de trabalho dos funcionários no orquidário poderia ser mais bem utilizado. A falta de apoio financeiro por parte dos órgãos públicos gera dificuldades como a falta de ferramentas e insumos (fertilizantes) para um melhor manejo do orquidário. 8. BIBLIOGRAFIA ARDITTI, J.; ERNST, R. Micropropagation of orchids. New York , 682p. 1993. BAKER, M. L. ; BAKER, C. O. Orchid Species Culture: Dendrobium, 2007. CÍRCULO GAÚCHO DE ORQUIDÓFILOS. Disponível na internet em: http://www.orquideas-cgo.com.br/ . Acesso 18 jan. 2010. 36 FURLAN, M. R. Revista Tempo Verde, ano XX, Nº 150. 15p, 1997. GIORIA, R. Pragas e Doenças na Orquidofilia, 2008. Disponível na internet em: <http://br.geocities.com/clubedaorquidea/RicardoGioria.html. Acesso em 10 mar. 2010. IBGE. Cidades, Porto Alegre. Disponível na internet em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 05 mar. 2010. INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Disponível na internet em: http://www.jbrj.gov.br/saibamais/orquideas/linksinteressantes.htm. Acesso em 12 mar. 2010. MARTINI, C. P. Propagação de orquídea Gongora quinquenervis por semeadura in vitro, 2001. Disponivel na internet em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100204X2001001000015. Acesso em 12 nov. 2010. NEVES, J. P. Apostila: Muito Além do Xaxim, 2008. PARQUE FARROUPILHA-REDENÇÃO. Disponível na internet em: http://www.aredencao.com.br/orquidareo.htm. Acesso em 10 março 2010. PENTER, C. Inventário Rápido da Fauna de Mamíferos do Morro Santana, Porto Alegre, RS. IN Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, n. 1, 119p. , 2008. PREFEITURA DE PORTO ALEGRE. Disponivel na internet em: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smf/. Acesso em 20 nov. 2010. SILVA, W. O Cultivo de Orquídeas no Brasil, 2005. 37 38