SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA CAUSA OPERÁRIA WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • FUNDADO EM JUNHO DE 1979 • ANO XXX • Nº 507 • DE 9 A 15 DE NOVEMBRO DE 2008 • R$ 3,00 AS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS E A SITUAÇÃO MUNDIAL QUAL O SIGNIFICADO DA VITÓRIA DE OBAMA? Os milhões de eleitores que votaram em Obama compraram, não há qualquer dúvida, gato por lebre. Ele, símbolo da nova geração do Partido Democrata, não é o homem da mudança que muitos esperam, mas apenas o homem da mudança que o imperialismo necessita. Por trás dele estão os velhos cabeças grisalhas que, junto com os republicanos, seguram as rédeas do mundo a serviço dos maiores trustes que a humanidade já viu. No entanto, a sua vitória reflete o completo esgotamento da política do imperialismo nas últimas décadas e uma crise sem precedentes dos opressores do mundo. Leia o editorial e a cobertura completa nas páginas 18 e 19. QUE OS PATRÕES PAGUEM PELA CRISE! COBERTURA COMPLETA NESTA EDIÇÃO: Não às demissões na General Motors! • Uma frente popular à americana? • Derrota de Bush, uma derrota política do imperialismo mundial • O começo do fim do Partido Republicano? Os efeitos da crise financeira mundial estão atingindo as montadoras no Brasil, que já estão cortando custos e reestruturando as suas produções. O corte de gastos e a reestruturação podem ser facilmente trocados pela pa- lavra que os patrões mais gostam de usar: demissão. Com a desculpa de que estão em grave situação financeira por conta da recessão mundial, as montadoras, para não perderem nada do lucro estratosférico que possuem, estão lançando mão do PDV (Plano de Demissão Voluntária), que é uma demissão camuflada que oferece migalhas para os trabalhadores que pedirem demissão. Página 6 FUNDIR PARA NÃO CAIR ROUBO RONDÔNIA Itaú e Unibanco vão realizar fusão para conter enorme crise Norte-americanas já exploram na área pré-sal na Bacia de Santos Dezenas de famílias ameaçadas CRISE NO CONGO por pistoleiros A profundidade da crise financeira no Brasil pôde ser sentida segunda-feira, dia três, com o anúncio da fusão do banco Itaú com o Unibanco. Foi propalada aos quatro ventos como a mais surpreendente notícia dos últimos tempos. Página 7 A presença de empresas estrangeiras na área pré-sal da Bacia de Campos é uma realidade. A Exxon Mobil, a maior empresa petrolífera dos EUA e do mundo está, junto com a Amerada Hess, perfurando o bloco BM-S-22 na Bacia de Santos. Página 6 “EU JÁ VI ESSE FILME ANTES...” Operação déjà vu da Polícia Federal prende diretor dos Correios Diretor Comercial dos Correios, Samir de Castro Hatem, é preso junto com outras 16 pessoas por formação de quadrilha e fraude em licitações para favorecer agências franqueadas. Página 10 A SANTA MÁFIA - PARTE III A obra contrarevolucionária da Opus Dei Cerca de 20 famílias do acampamento Terra Boa, em Rondônia, no município de Rio Crespo, reocuparam esta semana suas terras depois de terem sido expulsos delas no dia 21 de abril por 18 pistoleiros que invadiram o acampamento fortemente armados. Página 5 O conflito na África: diamantes, ouro e sangue A CAMPANHA REACIONÁRIA Mais um município de SP proíbe pílula do dia seguinte O município de Ilhabella proibiu em junho desse ano a distribuição e venda da “pílula do dia seguinte” para menores de 18 anos. Já são três as cidades do interior de SP a proibir a contracepção de emergência. Página 9 USP As tropas do general tutsi Laurent Nkunda avançaram em direção a Goma, a Oeste da República Democrática do Congo, onde tropas do governo afirmaram não garantir nenhuma segurança. A crise regional africana é um produto da crise mundial do imperialismo. Página 17 "AMARGO ESTÁ O MUNDO" Psol quer eleição clandestina para o A 70 anos do suicídio da grande poetisa argentina, Alfonsina Storni DCE da USP Sem nenhuma divulgação e discussão política, o Psol no DCE da USP “convoca” eleição para a nova diretoria. Página 14 Verdadeiro patrimônio da poesia argentina e latino-americana, Alfonsina Storni configurou-se como uma das mais expressivas vozes da geração poética que sucedeu o movimento de renovação das letras argentinas nas primeiras décadas do século XX. Página 20 LEIA OS EDITORIAIS DE CAUSA OPERÁRIA NA PÁGINA 3 No dia 2 de outubro completaram-se 80 anos da organização católica Opus Dei, uma organização até pouco desconhecida, apresentada geralmente como um tipo de seita católica ou até mesmo uma sociedade secreta. No entanto, a idéia de “seita” só serviu para ocultar o fato de que esta poderosa organização formou dentro da Igreja um lobby político decisivo e se fundiu ao longo dos seus oitenta anos com todos os governos de direita e extrema-direita, apoiando ditaduras militares na América Latina e o imperialismo mundial. Sua história foi construída em meio à corrupção, perseguição e assassinatos, incluindo até mesmo a suspeita de assassinato de um papa. Página 16 Só a classe operária pode dar uma saída para a crise econômica Diante do que é provavelmente a maior crise econômica pela qual passou o capitalismo, a burguesia está colocando claramente seu programa: o de esfolar ainda mais a população para salvar os bancos e empresas da falência. É o que significaram os pacotes bilionários dos CMYK PÁG. Nº 01 - JCO 507 governos norte-americanos, europeus e inclusive brasileiro. A burguesia, no entanto, sabe que essa crise não pode ter uma resolução efetiva, mas apenas de curto prazo e para o seu próprio bolso, não para o sistema de conjunto. • Obama • Lula apresenta sua solução para a crise: confiscar os trabalhadores • Rui Costa Pimenta: “Crise política e militar e O cineasta francês, crise mundial” Jean-Luc Godard CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 mação marxista or so de ffor Cur ormação Curso boração e publicação do manifesto comunista até a Revolução de 1848. Vale lembrar que nesse ano o “Manifesto Comunista”, escrito e elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels completa 160 anos desde sua publicação. Este curso será ministrado pelo presidente nacional do MARX - VIDA E OBRA Do Manifesto Comunista à Revolução de 1848 2 ferramenta para atuar na sociedade, de acordo com uma teoria científica que só tem razão de existir ao ser aplicada na prática. O cur- tivos e outras atividades como saraus, passeios etc. Participe do XXIII Acampamento de Férias da AJR , promovido pelo Partido da Causa Operária que será realizado na primeira quinzena de janeiro de 2008 com tema sobre a vida e obra de Karl Marx Em janeiro de 2009, o Partido da Causa Operária e sua organização de juventude, a AJR, Aliança da Juventude Revolucionária, irão realizar seu tradicional curso de férias. Esta será a 23ª edição do Acampamento de Férias, curso de formação marxista que preza pelo estudo e compreensão do marxismo. Este tradicional curso é realizado duas vezes ao ano, em janeiro e julho, há mais de dez anos pelo PCO e pela AJR. Este é um curso que alia a discussão política de alto nível em mais de dez dias onde o assunto é deba- ATIVIDADES Marx Vida e Obra parte II No próximo Acampamento de Férias que será realizado em janeiro, o curso apresentado será, “Marx – Vida e Obra parte II – Do Manifesto Comunista à Revolução de 1848”. Neste curso, será dada continuidade ao tema tratado no curso anterior, realizado em julho deste ano, a história da vida e a contribuição teórica do revolucionário, pai do marxismo, Karl Marx. Na primeira parte foi tratada a elaboração da filosofia de Marx, a filosofia marxista, o socialismo científico. Neste curso que será realizado em janeiro, será feito uma discussão em torno do período que vai da ela- tido sob vários aspectos de maneira aprofundada. Os Acampamentos de Férias da AJR reúnem jovens de todo o País que acampam em meio à natureza participando diariamente das atividades organizadas coletivamente, tais como a realização das refeições e também a limpeza e manutenção do local. Além do curso de formação marxista há também diversas atividades que promovem a integração e o lazer dos participantes, como a exibição de filmes, gincanas culturais, grupos de estudo, campeonatos espor- COMO ENTENDER A CRISE FINANCEIRA Férias da AJR será realizado na primeira quinzena de janeiro de 2009 no litoral paulista. Aos interessados, as aulas serão disponibilizadas na página do PCO na internet (www.pco.org.br). Participe! PCO, o companheiro Rui Costa Pimenta que também é editor do jornal Causa Operária. O curso tem como objetivo não apenas discutir e entender o marxismo como uma entre tantas correntes de pensamento, mas entender esta como uma so também será uma ótima oportunidade para entender a atual crise histórica do capitalismo que está se desenvolvendo com uma recessão mundial de proporções nunca antes vista na história da humanidade. O XXIII Acampamento de Informe-se sobre data, local e custo, entrando em contato com algum militante do PCO por meio do endereço eletrônico: [email protected] ou pelo endereço: Rua Miguel Stéfano, nº 349 - Saúde - CEP 04301-010 - São Paulo/SP ou então ligue para nós no telefone, (0xx11) 5584-9322. WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA Participe do curso sobre a atual crise Conheça a edição digital de Causa Operária Causa Opeo financiamento histórica do capitalismo por meio de uma rária conta tanto do jornal agora com impresso e sua análise marxista uma versão diversão digital, Em meio à discussão a respeito da atual crise financeira mundial, o PCO (Partido da Causa Operária) vai realizar neste mês de novembro, um curso sobre a recessão mundial e toda sua influência na sociedade. O PCO é o único partido que, por meio de sua imprensa regular, impressa, o jornal semanal Causa Operária e digital, o jornal diário na internet, o Causa Operária Notícias Online (CO Online), está prevendo esta crise há mais de dois anos com análises e notícias dando uma ampla cobertura para todos os acontecimentos que envolveram e ainda permeiam esta crise. Esta cobertura feita sempre com uma análise marxista dos fatos. Assim como todos os cursos ministrados pelo PCO, este não terá apenas o intuito de ser informativo, mas e principalmente prático. Além de uma análise precisa dos fatos e desdobramentos da crise, será feita a apresentação de uma política independente dos trabalhadores para atuarem contra os inúmeros ataques que já começam a ser contraponha aos interesses dos capitalistas. O curso tem a maior relevância, pois pretende aprofundar a compreensão sobre esta crise financeira usando como ferramenta o marxismo. O tema do curso será “O Colapso Financeiro e a Atualidade do Marxismo” que terá como palestrante, o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO e também editor do jornal Causa Operária. Venha participar do curso no auditório Friedrich Engels, na sede nacional e livraria do PCO em São Paulo. Ou então acompanhe a transmissão ao vivo pela internet no sítio do PCO (www.pco.org.br). Para maiores informações não deixe de ligar para (11) 5584-9322 ou então envie um email para [email protected] ou uma carta pelo endereço: Rua Miguel Stéfano, nº 349 - Saúde - CEP 04301-010 - São Paulo/SP sentidos pela classe operária e a população em geral como o aumento a inflação, o arrocho salarial, as demissões etc. que são impostos pela burguesia e pelos patrões. O PCO, sendo uma organização marxista e socialista preza pelo intenso debate de idéias para, principalmente, esclarecer as confusões que são veiculadas diariamente na imprensa burguesa, que atua como um braço da burguesia com o intuito de ocultar e distorcer os fatos para que os trabalhadores não saibam a verdadeira dimensão da crise e assim evitar qualquer tipo de mobilização que se gital e pode ser lido na íntegra via Internet. Quem assinar o jornal impresso, ganhará também a assinatura da edição digital. A assinatura do semanário custa R$ 150 e pode ser dividida em três parcelas contando também com uma promoção especial que garante desconto de 20% para o pagamento à vista. Participando da campanha de assinaturas, o leitor receberá em casa um exemplar por semana no período de um ano e também poderá acessar o site www.pco.org.br e ler a versão digital. A assinatura também poderá ser apenas da versão digital. Seu valor será menor que o da edição impressa e o pagamento poderá ser feito por boleto bancário, cartão de crédito ou até mesmo débito em conta. O Partido da Causa Operária RECEBA SEU EXEMPLAR EM CASA TODAS AS SEMANAS Assine o jornal Causa Operária Código do assinante jornal CAUSA OPERÁRIA CAMPANHA DE ASSINATURAS 2008 realiza a campanha de assinaturas todos os anos, visando a aumentar o número de leitores e fortalecer, dessa maneira, uma imprensa operária, socialista e independente da burguesia. A meta para a campanha deste ano é de cinco mil assinantes em nível nacional. A campanha é para quanto para o financiamento do Causa Operária Online, jornal diário do Partido na Internet. Para maiores informações, entre em contato com a sede do partido no seu estado ou com a Sede Nacional do Partido da Causa Operária na av. Miguel Stéfano, número 349, Saúde. CEP 040301-010, São Paulo, SP, pelo telefone (11) 5584-9322, ou por e-mail: [email protected]. Envie já o seu pedido Preencha a ficha de assinante nesta página e envie para o endereço abaixo, ou, se preferir, envie seu pedido pela internet, acesse o site: www.pco.org.br/causaoperaria. Sede Nacional do Partido da Causa Operária à Rua Apotribu, 111, Saúde. CEP 04302-000, São Paulo, SP; entre em contato também pelo telefone (11) 5584-9322, ou por e-mail: [email protected] (não preencha este campo) 1 ano de Causa Operária Preencha em letra de forma, de modo legível. (50 exemplares) + Nome acesso à edição digital de Causa Operária Rua Rua/Av Av. nº + Complemento Distrito um brinde especial por apenas: R$ 120,00 (20% de desconto à vista) Bairro Cidade Estado - CEP Fone (res.) ( Fone(trab.)( Caixa Postal ) ) - - ou 3 x R$ 50,00 País - CEP Fax ( ) Celular ( ) - E-Mail 1 E-Mail 2 CPF - RG - Escreva para o Causa Operária Causa Operária está baseado em um claro programa político e no marxismo e, por este motivo, esforça-se para ser uma tribuna das necessidades e dos anseios das massas exploradas de trabalhadores da cidade e do campo, dos negros, das mulheres e da juventude oprimida. Neste sentido, as páginas do nosso jornal estão abertas para que qualquer trabalhador faça dele um veículo das suas denúncias contra a exploração e opressão de qualquer setor da sociedade. Convidamos, ainda, nossos leitores a fazer desta página um espaço para discussão das idéias relacionadas a esta luta que julguem importante. (obrigatório fornecer o CPF e o RG para pagamento por boleto bancário ou débito em conta) ________________________, ______/______/______, ____________________________________________ Local Data Assinatura do assinante OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ CAUSA OPERÁRIA Fundado em junho de 1979 Semanário de circulação nacional Ano XXX - nº 507 - R$3,00 de 9 a 15 de novembro de 2008 Editor - Rui Costa Pimenta - Tiragem - seis mil exemplares - Redação - Av. Miguel Stéfano nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 040301-010 - Telefone (11) 55896023 - Sede Nacional - São Paulo - Av Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 04301-010, Fone (11) 5584-9322 - Correspondência - Todas as cartas, pedidos de assinaturas ou de informações sobre as publicações Causa Operária devem ser enviadas para a redação ou para o endereço eletrônico [email protected], página na internet - www.pco.org.br/causaoperaria 9 DE NOVEMBRO DE 2008 CAUSA OPERÁRIA Editoriais Só a classe operária pode dar uma saída para a crise capitalista D iante do que é provavelmente a maior crise econômi ca pela qual passou o capitalismo, a burguesia está colocando claramente seu programa: o de esfolar ain da mais a população para salvar os bancos e empresas da falência. É o que significou os pacotes bilionários dos governos norte-americanos, europeus e inclusive brasileiro. A burguesia, no entanto, sabe que essa crise não pode ter uma resolução efetiva, mas apenas de curto prazo e para o seu próprio bolso, não para o sistema de conjunto. A solução da crise pelos meios normais do capitalismo é inviável. É o que provam as estatizações feitas pelos governos dos principais países imperialistas, criticados pelas medidas “socialistas”. De fato, a crise só pode ser solucionada em oposição ao atual sistema, incapaz de dar respostas para a atual crise. No entanto, tal programa não pode ser colocado em prática pela burguesia, como o mostram as próprias estatizações, que serviram unicamente para socializar os prejuízos dos bancos e doar dinheiro aos banqueiros especuladores. Por isso, as fórmulas parlamentares, com reivindicações parciais do governo e a apresentação ou rejeição de propostas no Congresso, não podem ter qualquer futuro, uma vez que só poderão conduzir mais ou menos rapidamente a um único destino, que é o de amenizar as perdas da burguesia ou compensar essas perdas à custa da população. A única solução está numa mobilização massiva da classe operária por um programa que além de ser o único capaz de verdadeiramente dar uma resposta à crise, só pode ser colocado em prática pelos trabalhadores. Nesse sentido é fundamental que os trabalhadores se organizem e se unifiquem em torno de um programa que tenha como eixo o confisco dos bancos e estatização de todo o sistema financeiro; o fim dos subsídios aos grandes exportadores e o investimento nas necessidades da população; a não entrega da riqueza nacional, a começar pela estatização do petróleo nacional e de todas as suas etapas de prospecção e industrialização; a suspensão de todos os pagamentos referentes à dívida externa e interna; o fim das privatizações e cancelamento das já realizadas, a defesa do emprego e do salário dos trabalhadores com o controle operário da produção e a luta por um governo operário e camponês. Este programa de maneira nenhuma pode ser colocado em prática pela burguesia ou em acordo com ela, mas somente em oposição a esta. É preciso ter claro que somente os trabalhadores podem dar uma saída para a atual crise que ameaça fazer desabar o capitalismo. Obama Trade Center, Bush editou o chamado “Ato patriótico”, do inglês que previa a retirada de todas as liberdades democráticas dos cidadãos norte-americanos, sob o pretexto da “guerra contra o terrorismo”. A partir daí, a interceptação de mensagens eletrônicas, chamadas telefônicas e outras tornaram-se corriqueiras, bem como a legalização do uso da tortura em interrogatórios, da prisão por tempo indeterminado, da incomunicabilidade etc. etc. para os suspeitos de terrorismo. Ou seja, sob o pretexto do combate ao terrorismo, instaurou uma verdadeira ditadura contra sua própria população. Nunca a situação das massas norte-americanas foi tão precária, com desemprego e ataque às condições de vida pelos sucessivos governos norte-americanos. Mas essas eleições representaram também, e principalmente a derrota da ofensiva imperialista contra os povos. O imperialismo já em crise procurou nesses oito anos de governo Bush, sair do sufoco através do massacre de populações de países como o Iraque e o Afeganistão para saquear suas riquezas e estabelecer um novo quadro de poder regional e mundial. A resistência iraquiana e afegã à invasão imperialista, bem como a mobilização da população no mundo todo, desde a Ásia, em países como Paquistão, Birmânia, Nepal e Bangladesh; até a América Latina, onde entraram em crise todos os regimes pró-imperialistas, impuseram uma derrota a essa política. Derrota que a vitória de Obama expressa de modo indireto, mas que inegavelmente obrigará o imperialismo a dar uma guinada em sua política para poder manter a luta pelos seus interesses em escala doméstica e mundial. As eleições mostraram ainda uma forte tendência da população à esquerda, tendência que Obama vai procurar conter, mas que dado o tamanho da crise que se formou, será difícil de controlar. Abrese toda a uma nova etapa para os EUA e para o mundo que é preciso acompanhar. A vitória de Obama, “o primeiro presidente negro dos Es tados Unidos”, foi festejada em todo o mundo, principal mente pelos governos burgueses de toda espécie e sua imprensa. Segundo a imprensa capitalista, a enorme quantidade de pessoas que foi às ruas nos EUA para comemorar a eleição de Obama, representou a “vitória da democracia”. Essa propaganda visa a ocultar que a vitória de Obama significou na realidade a derrota da direita norte-americana, ou seja, a derrota da política fundamental do imperialismo norte-americano e da sua ofensiva mundial. Essa direita, completamente identificada com Bush, pretendia impor nesses oito anos em que governou um novo quadro político internacional, que representaria a superação da crise mundial do imperialismo. O imperialismo mundial festejou com fanfarras o “fim do comunismo” e, agora, se vê face a face com maior crise da história do capitalismo e o ponto baixo para a dominação imperialista mundial. Atacou as condições de vida da população norte-americana, levou uma política afinada com a Igreja em uma ampla ofensiva obscurantista na questão do aborto e da ciência e afundou a economia do País com os altíssimos custos impostos pelas sucessivas guerras, tanto do Afeganistão como do Iraque. O último golpe veio com o pacote de 700 bilhões de dólares para os banqueiros falidos com a crise econômica. Além das condições de vida, Bush procurou acabar também com os direitos democráticos, que foram durante décadas o principal mote dos governos norte-americanos, inclusive do próprio governo Bush. Ainda no primeiro mandato, após a queda das torres gêmeas do World Lula apresenta sua solução para a crise: confiscar os trabalhadores O s empresários e banqueiros estão muito satisfeitos com o governo Lula, e não é para menos. Todo o dinheiro que a população brasileira suou para ganhar e pagou em impostos nesses seis anos em que Lula governou, foi revertido em parte para o pagamento direto aos bancos por meio da dívida externa e em parte reservado em uma enorme poupança. Essa poupança que, dizia-se, seria revertida para benefício da população que involuntariamente investiu nela, está sendo confiscada rapidamente por Lula para salvar os banqueiros e empresários falidos diante da enorme crise econômica que está se espalhando por todo o mundo. No mês de outubro Lula preparou um pacote de 200 bilhões de reais para bancos e empresas, à semelhança do que fizeram os governos europeus e norte-americano, mas sem apresentar de fato como um pacote. Entre as medidas estavam a redução dos pagamentos compulsórios dos bancos ao Banco Central, os leilões de reservas e a autorização para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprarem qualquer outra instituição financeira ameaçada de falência. As empreiteiras, que sofreram enorme desvalorização durante a crise e ficaram reduzidas em ações a um décimo do seu antigo valor, também serão beneficiadas pelo pacote. Nesta quinta-feira, de uma só vez Lula anunciou um complemento do pacote que somará mais 40 bilhões de reais à doação anteriormente feita. Char ge da semana Charg Desta vez, as grandes beneficiadas serão as empresas. Isso apesar de o governo insistir em falar que a crise não chegou ao Brasil, ou que ela será fraca, passageira etc etc. Na realidade, a crise atingiu em cheio o País e se reflete claramente na queda de consumo e conseqüentemente de produção e na crise geral em que se encontram as empresas. O novo pacote prevê dinheiro para as montadoras, para os exportadores e para as empresas em geral na forma do adiamento do pagamento de impostos. Ainda mais criminoso é o fato de que o mesmo Lula que está doando centenas de bilhões de reais roubados da população brasileira para os bancos e grande empresários, anunciou cortes no Orçamento. Ou seja, além de confiscar o dinheiro, não garantindo sequer o emprego dos trabalhadores, quanto mais seus salários, vai cortar também nos serviços mais essenciais a estes, como moradia, educação e saúde, destruindo todo e qualquer amparo que a população anteriormente poderia ter em um cenário de enorme crise econômica como o que está se anunciando. As medidas de Lula, copiadas dos governos dos países imperialistas, demonstram claramente a decadência do sistema capitalista, onde os grandes capitalistas para sobreviver necessitam da intervenção cada vez maior do Estado. Os trabalhadores não devem aceitar que, na crise criada pelos próprios empresários e banqueiros, os bolsos desses sejam preenchidos com o dinheiro arrancado da sua magra carteira. 3 Crise política e militar e crise mundial RUI COSTA PIMENTA H á muitos momentos na história em que paradoxalmen te, a crise econômica é um reflexo direto da crise política. É o que vemos hoje na crise política e econômica mundial em marcha na esteira da crise da ocupação norteamericana no Iraque. O imperialismo, assim como a dominação colonial antes dele, é simplesmente impensável sem uma supremacia militar mundial. Após a II Guerra Mundial, tem sido o poder militar dos EUA o responsável pela estabilidade internacional em um período de crise histórica do capitalismo. Isso diz respeito também, diretamente, à estabilidade econômica. Sem polícia e repressão não haveria nem o capitalismo nem nenhum outro regime de exploração econômica. Um exemplo claro é o que ocorreu quando os EUA foram derrotados no Vietnã. A economia mundial estava em declínio desde o final dos anos 60, sem que isso viesse à tona em uma crise geral, até 1974, quando estourou a recessão conjunta dos principais países imperialistas. A situação era controlada pela dominação incontestável do imperialismo norte-americano sobre os demais países tanto política, como econômica e militarmente. A economia mundial deve ser compreendida como uma forma específica de relação de forças entre as classes sociais e Estados nacionais e não como mera equação econômica, como quer apresentar a burguesia mundial. A crise do imperialismo deverá trazer à superfície a insegurança latente no mercado financeiro internacional, que já se expressa na crise da Bolsa de Xangai e, mais propriamente, na crise da China, que é um dos pontos nevrálgicos da economia norte-americana e mundial, também como agudos sintomas de crise. Estamos caminhando para uma recessão nos EUA que é um reflexo evidente da fraqueza política do País. O enfraquecimento geral da economia norte-americana já emite sinais de que vai levar à desvalorização brutal do dólar, o que fará com que os bancos invistam pesadamente para segurar a moeda. A queda da bolsa de Xangai foi um dos fatores que evidenciou a gravidade da crise que está por vir. A crise avança através da combinação da desestabilização dos elementos que compõem a economia mundial. As tentativas do imperialismo mundial de superar a crise dos anos 70 resultaram, como era de se esperar em um agravamento da crise e, potencialmente, em um agravamento de todos os fatores de crise, como se pode ver na questão das finanças internacionais e da dívida pública dos estados. A crise do imperialismo mundial não é apenas um fenômeno conjuntural, mas na realidade histórico, fazendo parte de um longo processo de amadurecimento das contradições próprias do capitalismo que se manifestaram claramente nas cinco primeiras décadas do século XX, sofrendo depois um breve recuo para retomar a crise de uma plataforma superior. As crises localizadas, como do Iraque, da Palestina, da América Latina etc. não podem ser entendidas a não ser colocadas sobre o panorama mais amplo do processo histórico de crise mundial. Como eles disseram... “Uma rede de agentes que se formasse por si própria trabalhando para a criação e a difusão de um jornal comum, não "esperaria de braços cruzado" a palavra de ordem de insurreição; realizaria exatamente uma obra regular, que lhe permitiria maiores chances de sucesso, em caso de insurreição. Obra essa que reforçaria os laços com as massas operárias, em geral, e todas as camadas da população descontentes com a autocracia, o que é tão importante para a insurreição. É fazendo esse trabalho que aprenderíamos a avaliar, exatamente a situação política geral e, por conseguinte, a escolher o momento favorável à insurreição.” V. I. Lênin Que fazer? Datas 9 de novembro 1799 - Revolução Francesa: Golpe do 18 de Brumário de Napoleão. 9 de novembro 1988 - Greve da CSN é reprimida pelo governo Sarney. Um massacre que culminou na morte de três operários. 10 de novembro 1937 - Getúlio Vargas anuncia a instauração do Estado Novo no Brasil, na realidade um golpe de estado que estabeleceria uma ditadura que duraria até 1945 e foi responsável pela prisão de milhares de militantes comunistas e inclusive de muitos intelectuais importantes, como Graciliano Ramos 11 de novembro 1955 - Uma ala do Exército pretende impedir a posse de Juscelino Kubitscheck. A tentativa de golpe é neutralizada pelo general Lott. 12 de novembro 1927 – Leon Trotski é expulso do Partido Comunista Soviético Frases da semana “Quando se tem qualquer aperto orçamentário, corta-se nos projetos sociais. Infelizmente”, Jailton Nicácio, coordenador-geral de Acompanhamento e Avaliação Orçamentária da Prefeitura de Maceió refletindo a opinião de todas as prefeituras diante da crise financeira e dos cortes de gastos “Com os estoques de produtos não-vendidos aumentando em ritmo recorde devido às vendas fracas, mais cortes de produção e emprego devem acontecer nos próximos meses”, disse Chris Williamson, economista-chefe da agência de risco Makrit Economics "Em 2009, a economia da União Européia deve desacelerar até parar". Comunicado da Comissão Européia sobre os países da zona do euro estarem a beira da recessão. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 POLÍTICA ANÁLISE POLÍTICA SEMANAL As eleições norte-americanas e a situação política mundial As eleições norte-americanas acontecem em meio à maior crise econômica dos últimos 80 anos e à falência política do imperialismo nas suas empreitadas no Iraque e Afeganistão e abrem uma nova etapa para o regime político do imperialismo mais poderoso do planeta A campanha mais longa e mais cara da história deste país teve início em 2006, quando tudo indicava que as eleições do dia 4 de novembro seria um referendo sobre a presença das tropas no Iraque. Mas dois anos depois muita coisa mudou. A grande questão:o agora é saber como a maior potência econômica do mundo poderá suportar o mais grave colapso financeiro desde a Grande Depressão de 1929 e o pântano completo em que caiu a sua política em todo o mundo, um fator influenciando poderosamente o outro em uma espiral de crise sem precedente. Barack Obama, eleito no último dia 7, terá pela frente uma batalha ainda mais complexa do que a que está travada pelas tropas norte-americanas no Oriente Médio. Trata-se de uma guerra dentro dos EUA, onde a recessão promete levar o país a uma crise social sem precedentes que, certamente, levantará a classe operária mais poderosa do mundo contra o regime imperialista. Se em dois anos muita coisa mudou, em oito a situação política mundial é vertiginosamente diferente. Bush inaugurou seu governo com o maior atentado da história dos EUA e termina sendo o presidente mais impopular em meio ao maior movimento de quebra de bancos que já vimos nos últimos oitenta anos. Como citou o The New York Times em referência ao livro de Michael Mandelbaum, Democracy’s Good Name, este colapso ocorreu no contexto daquela que foi “talvez a maior transferência de riqueza desde a Revolução Bolchevique na Rússia, em 1917”. No entanto não é uma transferência da riqueza do rico para o pobre, como de fato fizeram os revolucionários russos. Só nos EUA foram sacados US$ 700 bilhões de dinheiro público para socorrer um punhado de banqueiros falidos. Europa e Japão também estão realizando o maior roubo da história. Certamente, quem arcará com esta crise será toda a humanidade, do mais pobre ao mais miserável. As forças que combatem o imperialismo O fracasso das guerras do Iraque e do Afeganistão parece pequeno perto da crise financeira. No entanto, não há qualquer dúvida de que estão na origem da explosão da crise atual. Ao contrário do que dizem os comentaristas da crise, da direita à esquerda, não se trata de uma mera crise das finanças, mas de um resultado da luta de classes e de uma crise do capitalismo em seu conjunto. A crise capitalista acentua a luta de classes que acentua a crise econômica em uma espiral de aprofundamento da crise. A luta do próprio povo norteamericano faz parte da crise. Assim como a derrota do imperialismo no Vietnã coincidiu e foi um acelerador e um detonador da crise capitalista dos anos 70 e 80, até hoje não superadas pelo capitalismo, que encerrou efetivamente o período de crescimento contraditório e artificial do período pós Segunda Guerra, as guerras atuais pesaram na balança contra o capitalismo norte-americano, servindo a sua derrota como poderoso estopim da crise. Palestina, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Bolívia, Nepal, Birmânia e vários outros países, a luta dos povos do mundo está por detrás desta decomposição capitalista. Os que previram apressadamente o fim do comunismo e da luta de classes são, agora, obrigados e dizer, constrangidos, que o capitalismo não está no fim. Que mudança de papéis! É preciso mudar tudo para manter as coisas no mesmo lugar Durante uma visita a uma sinagoga na Filadélfia, Obama não só apoiou a ajuda militar dos EUA a Israel como disse que irá aprofundar e reforçar esta política. “Quando for presidente, farei de tudo para ajudar e proteger Israel. Faremos o necessário para que Israel tenha os meios para se defender de ataques de lugares próximos, como da Faixa de Gaza ou de lugares distantes como Teerã”. Nem parece o Obama flexível e aberto ao diálogo que todos pensavam. O “combate ao terrorismo” parece não ter a mesma importância que antes. Tudo agora gira em torno do “combate à crise econômica”. Se antes as eleições giravam em torno da guerra do Iraque, hoje elas giram em torno do fracasso da era Bush. A falta de apoio à candidatura do Partido Republicano, e a impossibilidade de que este partido consiga reunir alguma força depois de oito anos do desastre político e social promovido pelo governo Bush, tendo a recessão e a guerra no Iraque como seus principais expoentes, joga mais pressão sobre os indicados pelo lado Democrata da disputa. É a mesma e não é a mesma. Bush colocou fogo no país e Obama é o bombeiro da crise, não da crise futuro, mas da crise em plena viagem com as velas enfunadas. Obama tem como um dos seus principais motes de campanha a promessa de retirada do Iraque. É claro que não é bem assim. Haverá um prazo, um processo lento e gradual. Finalmente, quem apóia hoje esta guerra que só custou muito dinheiro e não trouxe nenhuma gota de petróleo a mais? Mais importante do que perguntar o que o próximo presidente fará é perguntar o que será do Partido Republicano. Este sim está acabado. Tão acabado que faz os democratas parecerem, apesar de ser absurdo, verdadeiros progressistas. A alternância entre candidatos do Partido Republicano e do Partido Democrata na presidência do país, há mais de duzentos anos, é, na sua essência, um mecanismo de defesa e preservação do regime político imperialista. Democratas ou Republicanos, todas as candidaturas mantém seu compromisso com a estabilidade e a manutenção do regime político norte-americano. Bush e os republicanos são um retrato fiel da crise de conjunto do imperialismo. Está absolutamente claro, no entanto, que se encerrou toda uma etapa política que poderíamos traçar a partir dos governos republicanos dos anos 60 ou, mais modestamente, a partir do governo Reagan. Tudo indica que o regime político norte-americano esteja prestes a sofrer a maior mudança da sua história desde a guerra civil de meados do século XIX, com a emergência no cenário político de novas forças, novas organizações e novas poderosas e explosivas contradições. Os EUA enfrentam uma gravíssima crise econômica, enquanto que no resto do mundo perdem cada vez mais influência, sinal inequívoco do debilitamento do imperialismo depois de décadas de crise e de turbulência sem antecedente na história do mundo. O imperialismo não está perdendo só no Iraque e no Afeganistão, mas estão perdendo em todo o Oriente Médio, em toda a Ásia, na África, na América Latina e até na Europa e, principalmente, dentro de casa. Todos os seus enclaves também estão em crise, um reflexo da própria falência do imperialismo, causa e conseqüência da crise. O mundo não ficou mais perigoso após os atentados de 11 de setembro, como insiste Bush, mas os EUA ficaram mais perigosos para a política do imperialismo. Em oito anos, Bush conseguiu fazer com que o modelo da “democracia”, da “liberdade” e da “terra das oportunidades” se tornasse o único país do mundo a legalizar a tortura. Um país mais tirano do que qualquer ditador do “eixo do mal”. Em oito anos, satélites norteamericanos foram instalados em volta de todo o planeta, 760 bases do Pentágono foram instaladas em diversos países, onde se realizam torturas nos lugares mais remotos do mundo. Os imigrantes passaram a ser brutalmente perseguidos e mortos na fronteira com o México. Os árabes e muçulmanos se tornaram as novas bruxas, qualquer cidadão norte-americano pode ter o seu telefone grampeado e sua conta bancária revelada. Os EUA são os maiores produtores e exportadores de armas. Contam com inúmeras bases militares instaladas em diversos países. Possuem um poderoso arsenal nuclear capaz de atingir com precisão qualquer lugar do globo terrestre. Esta política, que já é um sinal de declínio e de crise, trouxe consigo ainda maiores contradições, uma vez que a sua função essencial era a de fazer a classe operária mundial, mas também a norte-americana de pagar pela crise. Ela se chocou fortemente com a resistência das massas, de Kandahar a Saint Louis e quebrou-se. Agora... Alguém terá que administrar tudo isso. Vai ter que inclinar a demagogia social e política do regime imperialista muito à esquerda para conter as tendências de luta presentes no centro do imperialismo mundial. Vai ter que dar um novo rumo à política internacional para preservar os interesses fundamentais do imperialismo mundial. Obama foi o escolhido pelo lobby imperialista para levar a cabo o grande desafio de todo imperialismo mundial: conter a revolução na terra das oportunidades. Vitória da democracia ou crise do regime político? Tendo reunido 63.084.590 votos, Obama ultrapassou seu adversário, o senador Republicano pelo estado do Arizona, John McCain, que ficou com 55.847.367 votos. Trata-se de uma vitória esmagadora, apesar das tentativas do Partido Republicano para manter uma pequena margem. O Partido Republicano sai das eleições liquidado por todo um período e com um enorme fracasso de toda a sua ofensiva política internacional. A votação apresenta, em contraste com as eleições de 2004, não apenas um crescimento dos democratas, mas acima de tudo um recuo significativo na base de apoio do Partido Republicano. Em 2004, George W. Bush se elegeu com 62.040.610 votos, enquanto seu adversário Democrata, John Kerry, ficou com 59.028.444. Ou seja, ao passo que os Democratas conseguiram aumentar sua votação em mais de quatro milhões de votos, os Republicanos encolheram mais de seis milhões. Desde o ano 2000, que resultou no primeiro mandato de George W. Bush, derrotado no voto popular por uma margem de cerca de meio milhão de votos, porém empossado após a decisão do colégio eleitoral, a votação do partido Republicano oscilou de 50,5 milhões de votos em 2000, para 62 milhões em 2004 e 55,8 milhões em 2008 em uma eleição em que podia entrever as tendências ao esgotamento do governo Bush e que foi denunciada como uma fraude. Os Democratas, por sua vez, alcançaram 50,9 milhões de votos em 2000, 59 milhões em 2004 e os atuais 63 milhões obtidos por Obama em 2008. Esta escalada nada tem a ver com uma preferência popular em relação aos democratas, mas reflete de maneira indireta e atenuada a profunda queda dos republicanos. As eleições foram marcadas também, por este mesmo motivo, pelo crescimento em geral da participação do eleitorado, que cresceu substancialmente desde o primeiro mandato de Bush. Obama se beneficiou deste crescimento do eleitorado e, segundo o New York Times, particularmente do crescimento da participação dos negros na eleição, uma vez que representam cerca de 13% dos votantes, comparados com os 11% nas eleições parlamentares de 2006, que garantiram uma maioria democrata na câmara dos deputados. A grande votação, assim como a mobilização das bases democratas em torno de Obama, mostra mais que as tradicionais manobras da burguesia imperialista norte-americana, mostra a tendência das massas a uma enorme guinada à esquerda que vai muito além do voto nos democratas. Esmagamento da política imperialista Os resultados não permitem atribuir a vitória à vontade de mudança como o fez o próprio Obama e como o faz toda a imprensa capitalista internacional para disfarçar o fundo do problema colocado pela eleição norteamericana. Seria igualmente infantil atribuir o resultado eleitoral à crise financeira ou ao criminoso pacote de Bush, amplamente repudiado na população, mas que também foi apoiado pelos democratas e pelo próprio Obama. O fenômeno fundamental que se manifesta nestas eleições, e que as eleições buscaram resolver, é o esmagamento da ofensiva política do imperialismo em escala nacional e mundial pela enorme resistência que lhe opuseram as massas do mundo inteiro. No centro destes acontecimentos está a resistência iraquiana e afegã à invasão imperialista, mas também a crise dos regimes pró-imperialistas em todo o mundo que agora atingiu um novo patamar com a crise econômica. Toda a festa em torno da vitória do “primeiro presidente negro” busca esconder este fato fundamental. Da mesma forma que o governo Carter representou a liquidação da ofensiva do imperialismo, em particular do imperialismo norte-americano, com as ditaduras na América Latina e em todo o mundo como resposta à Revolução Cubana e à crise dos anos 60, a vitória de Obama representa o reconhecimento pelo imperialismo da ofensiva política, ideológica e econômica iniciada com a crise dos países do Leste Europeu e que culminou na invasão do Iraque. Uma ofensiva que pretendia inaugurar uma “nova ordem mundial” e que os neo-conservadores anunciaram como sendo o “século americano”. O fracasso é completo e toda a encenação eleitoral post festum visa apenas e tão somente ocultar este fato fundamental da política mundial. O imperialismo norte-americano e mundial foi obrigado a dar uma guinada de 180 graus para enfrentar as conseqüências da crise. Obama neste sentido, não é uma vitória das massas, mas é o resultado indireto e confiscado da vitória obtida até aqui pelas massas contra o imperialismo antes das eleições e, como tal, deveria refletir-se nas eleições. O que revela claramente este fato é que Bush, identificado com a política que acaba de ser impugnada foi cuidadosamente escondido do eleitorado e de toda a propaganda eleitoral, justamente para não chamar a atenção de que foi esmagado e que o resultado eleitoral é, acima de tudo, um reflexo da profunda rejeição à sua política, que não é pessoal e nem mesmo uma política isolada de uma ala direitista, mas é política própria do imperialismo mundial na sua tentativa de recuperar-se da crise através de uma ampla ofensiva internacional contra as massas do mundo inteiro. O papel fundamental de Obama é o de controlar as fortes tendências de crise presentes dentro dos EUA onde é impossível já ocultar a tendência geral ao ascenso das massas. Neste sentido, Obama permitiu apenas que um dos partidos do imperialismo norte-americano canalizasse temporariamente, em meio a uma situação de crise interna, para o terreno do regime imperialista o enorme descontentamento popular para as do regime político onde, por um complexo mecanismo de filtro, este descontentamento se expressa no apoio a uma das duas candidaturas do establishment. Nisso, nada de novo sob o sol, exceto que Obama não era a primeira alternativa do imperialismo e surge como produto do colapso das alternativas, tanto dentro do partido republicano como do próprio partido democrata. Neste sentido, é significativo notar ainda a derrota imposta à Hillary Clinton durante as prévias do Partido Democrata neste ano, afastada pela preferência dos eleitores que se registraram para votar no partido. Hillary seria a nomeação natural dos Democratas para a disputa. A imprensa internacional chegou a assinalar ainda que, em grande medida, esta derrota no decorrer das prévias, se deu em função de um grande número de novos eleitores terem se registrado. Isto teria fortalecido a candidatura Obama dentro do Partido Democrata e se tornado uma condição para a vitória juntamente com o esvaziamento generalizado dos Republicanos. Na realidade, Clinton foi uma vítima da percepção que as cúpulas imperialistas têm da crise. O imperialismo sentiu que não seria capaz de controlar a crise com um governo democrata, mas bushista. Era necessária uma mudança mais profunda nos métodos. Não se sabe até que ponto foram obrigados a ceder à pressão interna do partido democrata contra os Clinton e a favor de Obama. Embora Obama não seja capaz de promover qualquer mudança efetiva, estando sob o controle de toda a cúpula Democrata e ligado aos interesses dos verdadeiros donos do mundo, os poderosos monopólios capitalistas norte-americanos, japoneses e europeus, saiu vitorioso, pois o colapso do conjunto da ala direita dos Democratas e dos Republicanos o permitiu. Isso significa que a vitória democrata foi um plano de contingência e não o funcionamento normal do regime imperialista. Daí que a tendência de crise do regime se manifeste tanto dentro do próprio Partido Democrata como dentro do Partido Republicano. O fim dos Republicanos? É incorreto dizer que a vitória do Partido Democrata é idêntica à do Partido Republicano. Isso é assim para definir a classe social no governo, ou seja, a burguesia imperialista, que não mudou. No entanto, não é suficiente para definir em que condições se dá o governo desta classe e este segundo fator é o decisivo neste momento. A vitória de Obama não é como foi a vitória de Bill Clinton, que em todos os sentidos praticamente deu continuidade ao governo do velho Bush, assim como Lula deu continuidade à política de FHC. A vitória de Obama expressa um princípio de instabilidade no regime político norte-americano. Expressa justamente como tentativa do imperialismo de controlar esta instabilidade e esta crise, mas de qualquer modo o importante neste caso é o enfraquecimento do regime político do imperialismo porque esta é a condição fundamental para o avanço da luta das massas. Os Republicanos sofreram um retrocesso em posições históricas do partido. Os estados de New Hampshire, Novo México, Carolina do Norte, Colorado e Virgínia foram os que reverteram os resultados das últimas eleições dando vitória aos democratas com a indicação de 46 delegados dos 349 obtidos por Obama. A vitória nos estados mais importantes e com o maior número de delegados, como a Flórida (27) Nova Iorque (31) e Califórnia (55) consolidaram a maioria necessária à vitória de Obama que já contava com uma vitória segura em estados que delegaram votos em favor dos Democratas nas últimas eleições, como Washington, Oregon, Minnesota e outros. A consolidação da maioria Democrata no Congresso norte-americano também retira em grande medida o poder da minoria republicana de exercer, por meio do parlamento, uma pressão decisiva sobre o novo governo. Os Democratas renovaram um terço de sua bancada no Senado garantindo a maioria na 4 câmara alta saltando de 51 para 56 cadeiras na casa. Figuras Republicanas de renome como Elizabeth Dole, da Carolina do Norte e John Sununu em New Hampshire foram engolidas pelo crescimento da votação democrata. A maioria de 60 cadeiras, suficientes para obstaculizar qualquer proposta dos Republicanos, está perto de ser atingida pelo Partido Democrata, que conta com 59 deputados, superando os 57 assentos na casa que possuíam em 1994, durante o governo de Bill Clinton. Os republicanos que contavam com 49 cadeiras, ficaram com 41. Na Casa dos Representantes, a câmara dos deputados norteamericana, a ampla maioria obtida já em 2006 foi confirmada. Os Democratas saem das eleições com 258 assentos, contra os 177 dos republicanos, em um total de 435. Pela primeira vez em 35 anos, os Democratas garantiram a representação dos estados do Noroeste norte-americano, além de todas as vagas correspondentes. Apesar da intensa campanha conduzida pela imprensa burguesa internacionalmente para transformar a eleição do novo presidente dos EUA em uma verdadeira festa internacional, demonstrando o suposto júbilo e congraçamento da população mundial ao ver vitorioso nas urnas o candidato negro e senador pelo estado de Chicago, Barack Obama, as eleições são uma expressão da profunda derrota sofrida pela política do imperialismo norte-americana e do impedimento imposto pela luta das massas mundialmente à continuação de seus planos. A intervenção das massas na crise A eleição de Obama não foi um fato isolado, mas é um capítulo tanto da longa crise do Partido Republicano e da política imperialista, bem como da evolução das massas em escala mundial e nacional. A reação popular ao pacote de salvação dos especuladores de Wall Street foi um sinal claro da evolução geral da população. Os analistas superficiais que vêem a crise capitalista como crise econômica ou como fato isolado em relação à luta de classes mundial, não compreendem que a crise na economia é uma parte no desenvolvimento geral da crise mundial do imperialismo dada pela resistência dos povos oprimidos e das massas em todo o mundo e dentro dos EUA e que a eleição de Obama é um sinal de que esta crise tende a se acentuar de maneira qualitativa no próximo período. Os sinais estão aí na crise do Estado de Israel, no desenvolvimento da crise latino-americana, no colapso do governo pró-imperialista do Paquistão e em muitos outros episódios menores. O desenvolvimento da luta das massas e da crise capitalista estão dialeticamente entrelaçados e o processo central por detrás da crise é a evolução da luta das massas em todo o mundo contra os aparelhos de contenção estabelecidos pela burguesia mundial. A onda revolucionária dos anos 70 e 80 foi contida por uma política mundial de frente popular combinada com uma política de violência por parte do imperialismo. A próxima etapa será marcada pelo aprofundamento desta contradição e com a crise dos mecanismos de contenção, inclusive nos países imperialistas. Detrás da ofensiva ideológica do imperialismo, agora já anacrônica, contra a revolução proletária, desenvolve-se um amplo processo de reagrupamento das massas através da experiência do último período com os amortecedores políticos democráticos em todo o mundo. A vitória de Obama, retirando de cena os falcões do imperialismo e colocando uma pomba para fazer ampla demagogia política e social é o mais importante sinal desta nova etapa política impulsionada pelo vendaval que varre a economia capitalista de um lado ao outro do globo. A derrota republicana não é apenas a derrota de um partido, mas da perspectiva fundamental do imperialismo representada por este partido. A função do partido democrata será a de levar adiante a mesma política em condições de crise e procurando controlar com seus próprios métodos as tendências das massas. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 RONDÔNIA Dezenas de famílias são ameaçadas por pistoleiros Camponeses do Acampamento Terra Boa ao retomarem suas terras foram ameaçadas de morte Cerca de 20 famílias do acampamento Terra Boa, em Rondônia, no município de Rio Crespo, reocuparam esta semana suas terras depois de terem sido expulsos delas no dia 21 de abril por 18 pistoleiros que in- Segundo uma nota da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia (LCP-RO), “estão acampados homens e mulheres de todas as idades que lutam pelo sagrado direito a um pedaço de terra para trabalharem e criarem Uma campanha pública contra a repressão brutal e a ameaça de morte deve ser levantada entre todos os trabalhadores, estudantes, assim como a denúncia contra todas as direções do movimento sem-terra que se calam diante do massacre. vadiram o acampamento fortemente armados e humilharam os camponeses, inclusive mulheres e crianças. Há uma semana duas caminhonetes lotadas de pistoleiros ameaçaram as famílias que se encontram próximo à linha C100, como são chamadas as pequenas estradas construídas pelos próprios sem-terra. seus filhos dignamente. Há vários meses que eles enfrentam a enrolação do INCRA e as ameaças e ataques de pistoleiros a mando de um consórcio de fazendeiros bandidos formado para perseguir e expulsar os camponeses. O Sr. José Pierre Matias, que se diz dono da área e de outras cinco áreas vizinhas, foi o man- dante de uma ataque contra o Acampamento Terra Boa no último 21 de abril” (Jaru, 4 de novembro de 2008). A área possui inúmeras terras griladas as quais o próprio INCRA em uma reunião com camponeses em Porto Velho em outubro confirmou não terem nenhum documento regularizado. No entanto, o INCRA se cala em favor dos latifundiários e impede a regularização das terras dos trabalhadores. A Liga dos Camponeses Pobres anunciou que “qualquer coisa que aconteça com qualquer um dos camponeses do Acampamento Terra Boa é de total responsabilidade do INCRA e da Ouvidoria Agrária e não ficará impune”. A área de Terra Boa foi visitada pelo repórter do Causa Operária em abril, quando as famílias continuavam sob ataque e logo após matéria criminosa da revista IstoÉ publicada em março na qual acusava os sem-terra ligados à LCP de formarem uma narco-guerrilha, se aproveitando da desinformação e do isolamento destas famílias dos centros urbanos de Rondônia e de todo o País. A campanha pública contra a repressão brutal e a ameaça de morte deve ser levantada entre todos os trabalhadores, estudantes, assim como a denúncia contra todas as direções do movimento sem-terra que se calam diante do massacre no campo se apoiando no INCRA e órgão do governo para impedir uma luta dos sem-terra de LUTA PELA TERRA Bahia: índios tupinambás são atacados pela Polícia Federal Segundo denúncia feita pela Liga Operária e pela Liga dos Camponeses Pobres, a Polícia Federal “entrou à força nas casas e na escola da comunidade e quebraram móveis e destruíram documentos, aterrorizaram e agrediram crianças e velhos, atiraram bombas, tomaram os instrumentos de trabalho. Os covardes agentes da PF dispararam tiros e feriram índios desarmados, efetuaram sobrevôos de helicóptero, e A Polícia Federal tem realizado incursões para agredir famílias montaram uma verindígenas sob a cobertura da imprensa burguesa dadeira operação de guerra para prender o famílias indígenas sob a cober- camponeses isoladas são ataca- cacique (...) A Policia Federal tura da imprensa burguesa que das com o apoio da desinforma- destruiu toda a aldeia, destruíram os carros que prestavam se centra somente em ações li- ção. O governo Lula é o governo da repressão aos sem-terra e indígenas. A Polícia Federal tem realizado incursões para agredir gadas aos movimentos dos semterra e indígenas ligados ao governo. Comunidades de indígenas e LUTA PELA TERRA Dois mil sem-terra ocupam fazenda no Paraná Uma grande ocupação de camponeses ocorreu na madrugada de segunda-feira (3) no Paraná. Mais de dois mil trabalhadores rurais sem-terra ocuparam a fazenda de foram encontradas pelo Ministério do Trabalho 17 pessoas em situação de escravidão, e os sem-terra reivindicam a expropriação do latifúndio. A propriedade possui 1.362 hec- prevê a expropriação para fins de reforma agrária das fazendas onde foram constatadas situações de escravidão. A proposta do MST, que serve para atrelar os trabalhadores ao Ministério do Trabalho do governo Lula e para frear a luta pela terra, no entanto, mostra ser parte de uma crise, mostrando que a direção do MST está sendo obrigada a realizar manobras no âmbito das ocupações de terra e não apenas em suas campanhas demagógicas com temas ligados à ecologia. A ocupação dos sem-terra ocorreu uma semana depois que 1.500 famílias A ocupação ocuparam um terreno e foram duramente reprimidas por cerca de mil dos sem-terra policiais em Curitiba. ocorreu uma plantação de cana e criação tares e é conhecida pelas de- semana depois que 1.500 fade gado, em Variante, núncias de trabalho escravo. mílias ocuparam um terreno Porecatu,Norte do Paraná, a A direção do MST se apóia e foram duramente reprimicerca de 460 quilômetros da na Proposta de Emenda à das por cerca de mil policiais capital Curitiba. Na fazenda Constituição 438/2001, que em Curitiba. POLÍTICA maneira independente. Esta campanha tem um caráter fundamental tanto na defesa da seqüência da luta dos sem- terra em Rondônia, mas também contra a ofensiva dos latifundiários no campo pela dissolução do movimento campo- 5 nês, que tenta impor uma contra-ofensiva à crescente reorganização do movimento dos semterra. RONDÔNIA Camponês é solto, mas continua sob vigilância da polícia e do INCRA A Polícia Federal e o INCRA lância de agentes da PF. Basta vermos a situação do estão mantendo em sigilo a Márcia Pereira, representan- presídio Urso Branco, com sulocalização e realizam interro- te do INCRA e da Comissão Paz perlotação, casos e mais casos gatórios sem a presença de um no Campo, está tentando iludir de torturas, prisões sem julgaadvogado, com o pretexto de Gerolino com a promessa de mento nem acompanhamento “proteger” um camjurídico, preponês da LCP. sos que já deApós ter sido viam estar mantido preso no em liberdaHospital João Paulo de. Situação II acorrentado gravíssima numa cadeira por que pode exsete dias e depois plodir a qualmais 37 dias no prequer mosídio Urso Branco, o mento. camponês Gerolino, E toda esta de 56 anos, um dos repressão do sem-terra que vive Estado a serno acampamento viço do latiUnião dos Bandeifúndio é ainda rantes, no estado de pior contra Rondônia, foi liberaqueles que, tado no dia 23 de como seu outubro, sendo que Gerolino, luApós ter sido mantido preso no Hospital João Paulo II havia um mandato tam por um acorrentado numa cadeira por sete dias o camponês de soltura desde o pedaço de terpassou mais 37 dias no presídio Urso Branco. dia 26 de setembro. ra e se opõe a Desde então, o setor de in- que irá assentá-lo em outra área grileiros inescrupulosos e povestigação ao crime organiza- e nada diz sobre a entrega das liciais corruptos. Quem está ludo da Polícia Federal e o IN- terras às famílias acampadas. tando por trabalho e terra não CRA estão mantendo em sigiToda esta ação é uma das deve ser perseguido. O fim do lo sua localização e realizam mais escandalosas que já ocor- latifúndio é uma das principais interrogatórios sem a presen- reu em Rondônia. Despejo e tarefas dos trabalhadores braça de um advogado, com o prisões sem mandatos judiciais, sileiros e a regularização dos aspretexto de “protegê-lo”. Uma violência e tortura da polícia sentamentos, além de possibicomissão de professores, es- contra os camponeses, prisão litar a sobrevivência das famítudantes, advogados e apoia- de réus primários e sem julga- lias assentadas, inibe a ação dos dores tiveram que insistir por mento no Presídio Urso Bran- jagunços e da polícia que atuvárias vezes para poderem co, cárcere privado. am a mando dos latifundiários, falar com Gerolino, mas a Mas esta prática é regra e de apoiados nas leis burguesas única coisa que conseguiram modo nenhum exceção em re- que representam apenas seus foi uma conversa sob a vigi- lação aos pobres em Rondônia. interesses. serviços à comunidade com transporte escolar, invadiram as casas quebrando as portas, janelas, telhados, camas, móveis, comeram a comida, destruíram os arquivos escolares, documentos dos alunos, a merenda escolar, tomaram até o leite destinado às crianças e queimaram a roça de cacau.”. No local, vivem 170 famílias indígenas, que sobrevivem da produção de farinha e que são constantemente atacados pelos latifundiários que querem dissolver a comunidade para ocupar e explorar suas terras, além de terminar com a concorrência da produção coletiva indígena. A luta indígena é a luta pela regularização das terras e a completa independência destas famílias do controle do governo sobre suas terras. Assim como a luta dos semterra, esta independência e autonomia para resguardar a sobrevivência destas famílias só pode se dar com uma luta igualmente organizada pela expropriação e o fim do latifúndio. LUTA PELA TERRA Três camponeses foram assassinados Mais uma ação dos pistoleiros dos latifundiários ocorreu na Bahia sem qualquer cobertura por parte da imprensa burguesa. No dia 15 de outubro, três camponeses foram assassinados no Município de Monte Santo, Bahia, por pistoleiros dos latifundiários. Tiago, de 48 anos, Luiz, de 24 anos e Josimar, de 23, eram acampados do assentamento Santa Luzia da Bela Vista e foram mortos no mesmo dia no qual ocorria uma reunião com o INCRA. Somente nesta região da Bahia no último ano, com este caso, seis sem-terra foram mortos sob a ação de pistoleiros, crimes estes que continuam completamente impunes e que são acobertados pela imprensa burguesa. Cada crime contra os semterra e cada ação dos latifundiários deve ser denunciada pela imprensa operária e independente como parte de uma campanha nacional pela punição aos assassinos dos sem-terra. Punição imediata aos torturadores e assassinos dos semterra! Pela libertação de todos os presos da luta pela terra! Reforma agrária: terra para quem nela trabalha e expropriação do latifúndio sem indenização do Estado! Novamente, o governador ses dos latifundiários, o que latifúndio e realizar de fato a do Paraná, Roberto Requião encobre a maioria dos casos Reforma Agrária e não espe(PMDB), aliado de Lula, ame- de trabalho escravo no País. rar nada dos órgãos do goveraça milhares de famílias com O atrelamento total da luta no como o INCRA que têm no sua guarda. dos sem-terra ao governo governo Lula superado o goOs latifundiários consegui- deve ser denunciado como verno FHC no impedimento ram na manhã de terça-feira única forma de expropriar o aos assentamentos de terra. uma liminar na Justiça determinando a reintegração de posse da área e a qualquer momento A HISTÓRIA DE os sem-terra poUMA CAMPANHA dem ser despejaELEITORAL dos a força e as DIFERENTE cenas de violência contra os traOU COMO O balhadores vistas POVO na semana pasAPRENDEU A sada podem se ACEITAR O repetir. MENSALÃO Enquanto os sem-terra são ameaçados pelos Documentário aliados de Lula, a “Impugnado”, sobre direção do MST as eleições de 2006 os ilude com proe a impugnação do jetos demagógicandidato cos do governo, presidencial do como esta tentaPCO, Rui Costa tiva de restringir Pimenta, produzido a reforma agrária pela Causa às fazendas com Operária TV, trabalho escravo, departamento da quando se sabe Secretaria que os fiscais Nacional de deste tipo de atiAgitação e Propavidade são funciganda do Partido onários do próda Causa Operária prio governo que não recebem LIVRARIA DO PCO: Av. Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, apoio algum para bater de frente São Paulo, CEP 04301-010, Fone (11), 5584-9322 com os interes- Adquira seu DVD IMPUGNADO! CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 POLÍTICA 6 ROUBO Norte-americanas já exploram na área pré-sal na Bacia de Santos As norte-americanas Exxon e a Amerada Hess dividem os 80% do bloco BM-S-22, o bloco “Ogum”, na região do pré-sal da Bacia de Santos e perfuram a área A presença de empresas estrangeiras na área pré-sal da Bacia de Campos é uma realidade. A Exxon Mobil, a maior empresa petrolífera dos EUA e do mundo está, junto com a Amerada Hess, perfurando o bloco BM-S-22 na Bacia de Santos. A Exxon foi formada em 30 de novembro de 1999, na fusão da Exxon com a Mobil, duas empresas resultantes da divisão da Standard Oil Company, que é dominada por uma das famí- lias mais ricas do mundo, os Rockefeller. O BM-S-22 está localizado ao sul do pólo de Tupi, abaixo do BM-S-9, região onde a Petrobras anunciou os blocos de Tupi e Iara. Só estes dois podem possuir 12 bilhões de barris de petróleo, segundo estimativa da Petrobrás. O bloco é uma área que é uma das mais promissoras em quantidade de Petróleo da bacia. “Fontes que conhecem os estudos geológicos da região avaliam que a área é uma das mais promissoras do pré-sal sob concessão de empresas, podendo, inclusive, superar as reservas de Tupi e Carioca” (Jornal do Brasil, 17/10/ 2008). O início da exploração do pré-sal está a todo o vapor e a entrega dos blocos para as empresas estrangeiras também. Está marcado para dezembro, além da 10ª rodada de privatizações de blocos petrolíferos pela Petrobras, um plano denominado de PlanSal, no qual a Petrobrás e as empresas estrangeiras irão negociar entre quatro paredes a divisão BURACO SEM FUNDO Lula vai dar R$ 4 bi para montadoras e GM vai demitir trabalhadores A farra com o dinheiro público, que está sendo todo entregue para que os capitalistas não sofram com a crise continua a todo vapor no governo Lula. O presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, confirmou ontem que a instituição vai injetar R$ 4 bilhões nos bancos das montadoras, para dar impulso ao financiamento de veículos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou essa ajuda para as montadoras, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, com empresários de diversas áreas. Para o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), o setor automotivo deve crescer 10% em 2009, após as medidas do governo. Segundo ele, o setor não precisa de crédito para a produção, mas para o consumidor. Após reunião ontem com Mantega, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que a Nossa Caixa também vai fazer empréstimos para bancos das montadoras. Serra admitiu que essa medida pode não ser suficiente para suprir a falta de crédito para o setor. “O dinheiro não é suficiente. Mas dá uma boa ajuda.” Segundo Lima Neto, o BB aproveitará recursos disponíveis do compulsório- parcela dos depósitos que as institui- ções financeiras são obrigadas a recolher no BC. Com a liberação do compulsório, o BB ficou com R$ 11 bilhões disponíveis para dar liquidez a outros bancos, mas só desembolsou R$ 3,8 bilhões até ontem. A Folha apurou que serão liberados mais R$ 800 milhões nesta semana e R$ 600 milhões na próxima. O valor pode chegar a R$ 6 bilhões, além da ajuda às montadoras. Existem duas formas de fechar a operação: ou o Banco do Brasil compra diretamente as carteiras de crédito dos bancos das montadoras ou faz um empréstimo, usando a carteira de financiamentos como garantia. do bloco Pré-sal. No bloco BM-S-22 na Bacia de Santos a Petrobrás, por exemplo, possui apenas 20% da sociedade, enquanto as norte-americanas juntas possuem 80%. A exploração no bloco será feita pela plataforma West Polaris, construída recentemente pela norueguesa Seadrill na Bacia de Guanabara. “Estamos felizes em começar nossa primeira operação em águas profundas no Brasil. É um importante marco para nós, já que temos três outras plataformas previstas para esta região nos próximos anos. O Brasil deve se tornar uma de Essa última modalidade funciona como o redesconto do Banco Central. O BB oferece um empréstimo e recebe como garantia a carteira de crédito, mas sem adquiri-la formalmente. Dos R$ 3,8 bilhões desembolsados, R$ 1,1 bilhão foi usado nesse modelo. Ao injetar recursos dos bancos das montadoras, o governo facilita o acesso ao crédito para compra de veículos. As vendas de automóveis caíram 11% no mês passado se comparadas com as de setembro. A redução em relação a outubro do ano passado foi de 2,12%, a primeira queda registrada no ano. Para as montadoras, disse o ministro da Fazenda, esta linha de crédito de R$ 4 bilhões, que será implementada via Banco do Brasil, deverá ser “mais do que suficiente” para normalizar o crédito. “Com essa medida, o setor está atendido em novembro e dezembro”, disse ele, lembrando que o setor responde por quase 25% do PIB industrial do país e que pertence a uma cadeira produtiva “movida a crédito”. QUE OS PATRÕES PAGUEM PELA CRISE nossas principais áreas de atuação”, disse, em nota, o presidente da Seadrill Managment AS, Alf Thorkildsen (revista Exame, 15/10/2008). A bacia na qual se encontra o bloco reservatório pode possuir pelo menos 5 bilhões de barris de petróleo e foi entregue de pronto para as empresas estrangeiras. As discussões levantadas pelo governo Lula sobre uma nova estatal do Petróleo serviram para esconder o fato de que a exploração do pré-sal já está a todo o vapor. Diante do roubo da maior riqueza nacional, toda a burocracia sindical se cala. Deve haver uma ampla denúncia da privatização do petróleo nacional que quer entregar o País para o capital estrangeiro, enquanto o governo Lula prepara cortes no Orçamento graças à crise econômi- ca. Não está nos planos do governo pró-imperialista de Lula, que entregou R$ 100 bilhões do dinheiro público para salvar os banqueiros da crise nas últimas semanas, utilizar a riqueza sem precedentes descoberta no País, que irá multiplicar a riqueza nacional e elevar o país entre as dez maiores potências do Petróleo. A descoberta do Petróleo brasileiro é uma oportunidade dos capitalistas internacionais realizarem a maior operação de rapina da história contra os brasileiros. A campanha contra a entrega do Petróleo está na ordem do dia a partir dos sindicatos dos petroleiros e em todas as categorias e deve ser uma das plataformas a serem levantadas diante da crise mundial e a recessão, junto à reivindicação de estatização geral do sistema financeiro. ENTREGA DO PATRIMÔNIO Não à privatização dos aeroportos Mais uma venda do patrimônio público está sendo organizada pelo governo Lula. Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), as previsões são de que as privatizações dos aeroportos brasileiros tenham início até o final do primeiro semestre de 2009. Os primeiros aeroportos que serão privatizados são o de Viracopos, localizado em Campinas, cidade do interior de São Paulo, e o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O diretor da ANAC, Ronaldo Serôa da Motta, disse que a licitação deve ocorrer nos próximos seis meses “Imagino que seis meses é um tempo bom para que a gente comece a lançar os editais. Não vejo necessidade de mais tempo. Mas veja bem, agora com a crise financeira e todas essas questões que surgiram no cenário, pode ser que os esforços sejam desviados” (Correio do Estado, 31/10/2008). A consideração do diretor da ANAC sobre o adiamento da privatização dos aeroportos de- do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), anunciou que o setor vai ter crescimento de mais de 7% na próxima década o que vai tornar a privatização uma mina de ouro para os capitalistas. Este setor está apresentando um crescimento gradativo nos últimos cinco anos, com taxa média de 10% por ano. O número de passageiros passou de 71,2 milhões em 2003 para 110,5 milhões em 2007. Isso indica um mercado que pode ser explorado, onde o lucro será fácil. O governo se baseia neste crescimento para levar os aeroportos à privatização, pois não estariam sendo feitos os investimentos necessários. O BNDES declarou que “Em decorrência desse descompasso [crescimento e investimento], nos últimos meses ficaram evidenciadas restrições operacionais e vulnerabilidades com graves conseqüências para os usuários dos serviços, empresas e agentes públicos. O setor de transpor- Não às demissões na General Motors! Os efeitos da crise financeira mundial estão atingindo as montadoras no Brasil que já estão cortando custos e reestruturando as suas produções. O corte de gastos e a reestruturação podem ser facilmente trocados pela palavra que os patrões mais gostam de usar: demissão. Com a desculpa de que estão em grave situação financeira por conta da recessão mundial, as montadoras, para não perderem nada do lucro estratosférico que possuem, estão lançando mão do PDV (Plano de Demissão Voluntária), que é uma demissão camuflada que oferece migalhas para os trabalhadores que pedirem demissão. A primeira montadora a anunciar o PDV foi a General Motors (GM) que vai aplicar o plano em duas de suas mais importantes fábricas. Em São José dos Campos e em São Caetano as férias coletivas já foram implantadas na GM de São Caetano, com 5 mil trabalhadores parados, em Gravataí, no Rio Grande do Sul, férias para 5.200 trabalhadores e em São José dos Campos, outros 4 mil. Os trabalhadores terão até o dia 28 de novembro para pedir demissão e receber uma esmola da empresa para abandonarem o emprego. A esmola será de três salários para os que têm até cinco anos de empresa e de seis salários para os que têm mais de 23 anos de empresa. Nestas fábricas estão concentrados mais de 20 mil funcionários sendo que 16,3 mil estão na produção. Este já é o segundo PDV que a fábrica de São José dos Campos lança este ano. Entre 17 e 30 de setembro cerca de 220 trabalhadores foram demitidos. A GM está anunciando o PDV depois que o governo Lula já declarou que vai repassar R$ 4 bilhões de dinheiro do povo para as montadoras. O que prova que a política do governo não é para os trabalhadores, mas para os patrões. Mesmo SÃO PAULO Kassab corta da população para engordar capitalistas do transporte O prefeito recém-reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), mais uma vez anunciou logo após as eleições, medidas para favorecer os empresários e atacar a população. Desta vez o prefeito anunciou um repasse de R$ 90 milhões para as empresas de transporte. O anúncio, feito na última sexta-feira (31/10), na realidade é o terceiro aumento em três meses. Em setembro, foram repassados R$ 90 milhões para os empresários e, em agosto, mais R$ 30 milhões. Estes são apenas os repasses para o que a prefeitura de São Paulo denomina como “compensação tarifária”, se apoiando na promessa de que não irá aumentar até 2009 a passagem na cidade. Esta é uma promessa vazia, já que a lei que regula o setor já concede o direito à prefeitura de aumentar a tarifa, tendo o último aumento sido feito em 2006. Na realidade, Kassab prepara um golpe contra os trabalhadores, a juventude e toda a população que utiliza os transportes públicos investindo nos capitalistas do transporte ainda alegando que não irá aumentar a tarifa quando esta tem todas as condições legais de aumentar a qualquer momento a caríssima tarifa dos transportes. O repasse total da prefeitura vem sendo multiplicado em dois anos e vai muito além do dinheiro que está sendo dado aos empresários alegando o suposto não aumento da tarifa. Os repasses totais às empresas de transporte já superam todos os por Kassab desde o início de seu mandato, há dois anos. A prefeitura prevê gastar R$ 600 milhões até o final do ano em subsídios às empresas privadas do transporte. Até agora, neste ano já foram repassados R$ 560 milhões às empresas. Os R$ 600 são o dobro do que quando Kassab assumiu a prefeitura, em 2006, quando repassou R$ 300 milhões. Na semana seguinte em que se reelegeu à prefeitura Kassab já deu mostras de qual será o seu programa pós-eleitoral: o de atacar os trabalhadores. Este declarou, depois de escondê-lo durante toda a campanha eleitoral, que pretende acabar até 2012 com todos os camelôs na cidade de São Paulo. A declaração teria sido feita no domingo retrasado pelo prefeito enquanto este acompanhava em seu apartamento no Jardim Europa, zona nobre da cidade. A informação vazou e foi pu- blicada no Jornal da Tarde. Kassab também declarou na última quarta-feira (29), que pode realizar cortes na prefeitura de São Paulo diante da crise, o que também ocultou por todo o período eleitoral. “Se identificarmos quedas nas receitas, vamos atuar em relação às despesas (...) Não vou dizer onde cortaria, mas jamais cortaria em transporte, saúde e educação, que são áreas prioritárias” declarou o prefeito ao jornal O Estado de S. Paulo no dia 30 de outubro. Logicamente que o prefeito não incluiu Saúde e Educação em sua lista negra para encobrir que este tem como prioridade engordar os capitalistas do transporte aos quais é intimamente ligado. Kassab reproduz de maneira deliberada a política que todos os governos burgueses tentarão aplicar diante da crise, que é a de tirar o máximo possível da população pobre e explorada até a última gota para financiar os empresários e banqueiros em falência. No caso dos camelôs esta é uma política deliberada para aumentar os lucros dos empresários do comércio que exigem do prefeito que os trabalhadores jogados ao desemprego e forçado ao trabalho com todo este dinheiro as montadoras vão demitir milhares de trabalhadores. É necessário que os trabalhadores metalúrgicos se organizem para lutar contra estes ataques que têm como objetivo central de fazer com que os trabalhadores paguem pela crise que os próprios capitalistas criaram. Contra as demissões, redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais sem redução dos salários. Escala móvel de salários para que o reajuste seja feito junto com o aumento da inflação. Contra o fechamento das fábricas, ocupar e que a produção fique sob o controle dos trabalhadores. nas ruas sejam reprimidos. Kassab é um representante direto dos capitalistas dos transportes e do comércio, tendo presidido a Federação paulista dos Comerciantes e tendo seu irmão Pedro Kassab como consultor das empresas de ônibus. Diante deste ataque e dos próximos que estão por vir, nos quais os capitalistas utilizarão a crise econômica como argumento para tirar ainda mais da população miserável, é preciso organizar especialmente entre os setores mais oprimidos pelas atuais medidas das prefeituras, como os estudantes, os camelôs, desempregados e todos os setores da classe trabalhadora, uma intensa campanha de manifestações contra as medidas de Kassab. Somente os trabalhadores e a juventude de maneira unificada podem colocar abaixo as máfias do transporte e colocá-las contra a parede para impedir o aumento da passagem e exigir que nenhum repasse seja feito aos capitalistas por meio do dinheiro da população que empobrece cada vez mais para engordar os multimilionários da cidade, graças à ditadura que se estabeleceu com o monopólio privado dos quais as figuras eleitas para as prefeituras nas últimas décadas foram meros testas-deferro. Nesta perspectiva é necessário levantar como principais bandeiras entre toda a população a reestatização de todo o transporte público na cidade de São Paulo e o passe-livre para a juventude e para desempregados. O projeto de privatização dos aeroportos inclui a liquidação dos principais e mais importantes aeroportos brasileiros. vido a crise financeira, pode ser facilmente desconsiderada, pois os governos querem liquidar o patrimônio público o quanto antes. Um exemplo ocorreu com a recente privatização de cinco trechos de rodovias paulistas entregues pelo governador José Serra (PSDB) para a exploração capitalista. Com a crise financeira o governo ganha o álibi perfeito para baixar o preço dos aeroportos e fazer o negócio da maneira como mais gosta, entregar quase de graça as riquezas do País para a os capitalistas lucrarem as nossas custas. Com a velha desculpa de que o setor precisa de investimentos e o “pobre” governo federal não tem como fazê-lo, apesar de que distribui bilhões aos bancos e empresas falidos, é necessário passar o controle, ou seja, a exploração, para os capitalistas desfrutarem do patrimônio nacional. O projeto de privatização dos aeroportos inclui a liquidação dos principais e mais importantes aeroportos brasileiros. Além do Galeão e de Viracopos, estão na lista do governo Lula, Congonhas, Guarulhos, o aeroporto de Brasília e outros como os de São José dos Campos, Jundiaí, Santos e Sorocaba. A empreitada é deixar todo o setor nas mãos dos capitalistas nacionais e estrangeiros que vão poder construir outros aeroportos, ampliar e gerir. O próprio governo, por meio te aéreo brasileiro requer uma análise que identifique suas necessidades e subsidie a formulação de medidas de rápida implementação, assim como diretrizes para o desenvolvimento futuro do setor” (Valor Econômico, 6/11/2008). O desavisado que lê uma declaração dessas pode até achar que o governo tem algum interesse real pelo progresso e bem estar do cidadão, mas com o total descaso que teve nos últimos anos com nenhum investimento público no setor este apreço do governo é pura ficção. Basta ver que a falta total de investimentos fez com que mais de 200 pessoas morressem no acidente de Congonhas. Há também a repressão e as péssimas condições dadas aos controladores de vôo que foram brutalmente acusados pelo governo como responsáveis pelo acidente. Com isto fica completamente possível constatar que a privatização dos aeroportos vai levar o setor a uma estagnação ainda maior e colocar toda a população sob o tacão de ferro das empresas que vão controlar livremente o setor impondo as piores medidas como péssimo atendimento, tarifas altíssimas, demissões de trabalhadores etc. É preciso organizar uma ampla campanha de denúncia e de mobilização contra mais este atentado aos interesses dos trabalhadores e da população em geral. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 FUNDIR PARA NÃO CAIR Itaú e Unibanco vão realizar fusão para conter enorme crise financeira Os dois bancos brasileiros vão realizar fusão indicando graves sinais da crise financeira e se transformarão no maior banco do País e do hemisfério sul A profundidade da crise financeira no Brasil pôde ser sentida segunda-feira, dia três, com o anúncio da fusão do banco Itaú com o Unibanco. Foi propalada aos quatro ventos como a mais surpreendente notícia dos últimos tempos. É na verdade sinal de grande aprofundamento da crise econômica brasileira, apesar de ser anunciada como medida que vai transformar o novo banco, Itaú Unibanco Holding, no maior do Brasil, o maior da América Latina e entre os 20 maiores do mundo. Somente de patrimônio são R$ 51,7 bilhões. Sendo que nos nove primeiros meses deste ano o faturamento acumulado, somente do Itaú, foi de R$ 8,1 bilhões. A fusão é do Itaú com o lhões em emissão de ações ordinárias. Também serão emitidas ações preferenciais que juntas totalizarão, 1.120.896 ações. É na verdade sinal de grande aprofundamento da crise econômica brasileira, apesar de ser anunciada como medida que vai transformar o novo banco Unibanco. As ações deste serão trocadas pelas do Itaú, quase que na relação de um para um. O Itaú vai repassar o Unibanco R$ 1,2 bilhão mais outros R$ 550 mi- Esta quantidade de ações corresponde a 27,4% de todas as ações do Itaú. A presidência do novo banco será dividida entre o Unibanco e o Itaú. O pri- CRISE NAS EXPORTAÇÕES Brasil exporta menos e tem prejuízo de US$ 98 milhões A balança comercial brasileira teve queda na quarta semana de outubro registrando um resultado negativo de quase US$ 100 milhões. Pela oitava vez neste ano, o Brasil apresentou volume maior de importações que de exportações. Em balanço divulgado no dia 28 de outubro pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a balança comercial apresentou resultado negativo na quarta semana do mês de ou- tubro. Na última semana, as exportações somaram US$ 4,023 bilhões e as importações apresentaram resultado superior de US$ 4,121 bilhões. A diferença negativa foi de US$ 98 milhões. Com relação ao balanço mensal de outubro o saldo é positivo, mas inferior ao mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2008, as exportações foram maiores em US$ 776 milhões, já em outubro de 2007 o resultado foi quatro vezes maior, US$ 3,432 bilhões. A soma total de outubro foi de US$ 14,964 bilhões e as importações foram de US$ 14,188 bilhões. As exportações estão caindo drasticamente nos últimos meses. Nos dez primeiros meses de 2008, a balança comercial está em alta de US$ 20,432 bilhões, mas teve grande queda em comparação ao mesmo período de 2007 que registrou alta de US$ 33,589 bilhões. Em um ano, o País deixou de arrecadar mais de NOTAS Governo francês libera 5 bilhões de euros para salvar prefeituras O Governo francês anunciou que irá liberar 5 bilhões de euros até o final do ano para salvar diversas prefeituras do país afetadas pela crise econômica global. Os créditos que serão encaminhados aos municípios deverão ser empregados nas operações de financiamento público orçadas somente para este ano. Elas terão um prazo de 20 anos para quitar a dívida, com taxas de juros a 0,66%. Diversas prefeituras francesas estão em situação financeira emergencial, pois nos últimos anos, haviam contraído créditos com ações de financiamentos imobiliários de alto risco que se revelaram papéis podres com o agravamento da crise no final deste ano. O dinheiro público para socorrer tais organismos deverá sair, metade de entidades bancárias em débito com o governo, e a outra metade do banco estatal francês Caisse dês Dépôts et Consignations CDC. Esta mega operação de desvio de verbas públicas faz parte de uma série de medidas encabeçadas pelo Estado francês desde o mês passado, para evitar uma iminente quebra de sua economia. Tais operações concedem garantias de financiamento da crise do sistema financeiro que devem chegar a 360 bilhões de euros na França, em meio ao maior fenômeno de desvio de verbas públicas para sustentar especuladores falidos que a história já presenciou. Juntamente com mega pacote norte-americano, já fracassado que encaminharia 700 bilhões de dólares aos bancos, e o também espantoso pacote japonês que chegou a liberar 1 trilhão de dólares para agiotas internacionais. A divulgação da liberação de verbas para os municípios agrava ainda mais o quadro de desmoralização do governo de Nicolas Sarkozy, pois no mesmo dia havia sido anunciado também dados que indicavam uma retração ainda maior da economia francesa em 2009. A França é atualmente a quinta maior economia do globo, sendo que a Alemanha e a Inglaterra já anunciaram que estão tecnicamente em recessão. IGP-DI revela avanço da inflação doméstica O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) apontou inflação de 1,09% no mês de outubro, 0,73 ponto percentual superior à apurada em agosto (0,36%). O índice ficou acima dos 0,87% esperados segundo o último relatório Focus. O indicador é composto de três índices. Segundo dois deles, há aceleração da inflação do mês de setembro para o de outubro. O que mais apresentou variação foi o IPA (Índice de Preços ao Atacado), que ficou em 1,36%, 0,92 ponto percentual acima do medido em setembro. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi o outro índice que subiu, ficando em 0,47%. O único que apresentou queda foi o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), com queda de apenas 0,18% ponto percentual. Crise irá suprimir R$ 700 milhões do governo do Espírito Santo Com os efeitos da crise financeira já sendo sentidos diretamente no Brasil, o governo Paulo Hartung (PMDB) disse que a crise financeira vai suprimir do governo capixaba pelo menos R$ 700 milhões. “Agimos rápido porque esta crise é avassaladora. Temos de nos preparar para atravessar a pior crise desde 1930,” disse o governador do Espírito Santo. Ao contrario do que vem dizendo o governo Lula, a crise já está afetando diretamente o Brasil e fazendo os governadores e prefeitos a cortarem gastos para o ano que vem. Além de a crise estar afetando as indústrias obrigando-as a dar férias coletivas, como foi o caso das produtoras de moto Yamaha e da Honda. Desemprego na Espanha registra maior nível em 12 anos Os sintomas da crise financeira estão cada vez mais sendo sentidos pela classe trabalhadora, para quem a burguesia procura transferir todos os seus efeitos. A subida da taxa de desemprego mostra isso. Na Espanha, registrou-se o maior índice de desemprego desde abril de 1996, chegando a 2,82 milhões de desempregados em outubro. O crescimento deste número também é alarmante: 7,34% maior do que o número apresentado referente ao período anterior. A taxa de desemprego também significa 11,4% da população economicamente ativa. Apenas no último ano, o número de desempregados aumentou 37,56%, o que representa cerca de 769 mil pessoas. A estimativa é que o desemprego avance ainda mais para os próximos períodos. meiro terá o cargo de Presidente do Conselho de Administração, na presença de Pedro Moreira Salles e o segundo, por meio de Roberto Egydio Setubal, o cargo de Presidente Executivo. Sob a fachada de fortalecimento das duas instituições como a competição no mercado internacional, ganho de escala em todos os segmentos de clientes, expansão da atuação no Brasil etc. como disse o ministro da Fazenda Guido Mantega, “É importante, pois solidifica os dois bancos. É normal que em um momento de turbulência, de problemas internacionais do setor financeiro, você tenha um movimento de fusões. São dois bancos tradicionais, dois bancos sólidos, que têm uma atuação importante para a atividade econômica” (Folha Online, 3/10/ 2008). Esta fusão indica, assim como as inúmeras fusões realizadas nos bancos e instituições financeiras dos Estados Unidos e Europa, que a crise está se intensificando entre o setor bancário que está recebendo bilhões em subsídios do governo para se manterem em pé. US$ 10 bilhões. Grande parte deste saldo negativo na economia deveu-se à importação de petróleo e gás natural. Na quarta semana de outubro as importações de petróleo bruto foram de US$ 436 milhões, equivalente a 32,7% de tudo que foi importado. Outros US$ 238 milhões foram gastos com a importação do gás natural. Esta foi a oitava queda neste ano das exportações frente às importações. A última tinha sido registrada na quarta semana de agosto. Apesar de estar com saldo anual positivo, há uma redução bastante grande das exportações em relação ao ano passado. São efeitos diretos da crise financeira no Brasil. Esta desaceleração vai acarretar em uma estagnação ainda maior da produção. Ford registra 30% de queda nas vendas nos EUA A Ford, mega montadora de veículos, divulgou na segundafeira (3), uma queda acentuada de 30,2% nas vendas de seus automóveis dentro do mercado norte-americano, um dos mais afetados pela crise econômica global. Esta queda, referente ao último mês de outubro, demonstra já claros sinais de desaceleração da maior economia do mundo, acentuando a desconfiança geral do consumidor em uma possível saída para a crise. A montadora registrou um prejuízo líquido de 8,7 bilhões de dólares somente no segundo trimestre deste ano. A Ford deve divulgar até o final da semana, quais foram seus prejuízos no terceiro trimestre, data do agravamento da crise financeira. A estimativa é que as perdas devem persistir ainda em longo prazo. Somente no mês de outubro, as vendas de veículos nos Estados Unidos despencaram de 190.195, do ano anterior, para 132.838, queda que se estende para todas as marcas de veículos comercializados da empresa. Longe de ser um caso isolado da Ford, a gigante General Motors também havia recentemente anunciado 45% em perdas no último mês nos Estados Unidos, e suspendendo em 100% suas atividades nos mercados europeus. Áustria nacionaliza banco Kommunalkredit por crise A Áustria anunciou a nacionalização do banco Kommunalkredit, a oitava entidade financeira do país, que está em graves problemas por causa da crise financeira internacional. O Kommunalkredit, entidade especializada no financiamento de projetos públicos de infra-estrutura, estava até agora nas mãos do austríaco Volksbank e do franco-belga Dexia. Foi determinado que o Estado austríaco assumirá 99,8% das ações da entidade por um preço simbólico de dois euros para evitar uma queda da entidade, que sofre a falta de crédito interbancário como resultado da crise. ECONOMIA 7 NO FUNDO DO POÇO Zona do euro está em recessão Segundo informações da ComissãoEuropéia, os 15 países que formam a Zona do Euro terá crescimento negativo em 2009. Na segunda-feira, dia três, a Comissão Européia declarou que os países que pontos. Esta marca indica perdas e forte recessão. Segundo o economista-chefe da Economics, Chris Williamson “com os estoques de produtos não-vendidos aumentando em ritmo recorde devido às vendas fracas, mais cortes de produção e emprego devem acontecer nos próximos meses” (BBC Brasil, 3/10/ 2008). Os países em pior situação econômica nesta região são também as maiores economias. Entre eles dois já estão em recessão, a França, onde as montadoras praticamente paralisaram toda a produção e a Inglaterra, que Em todos estes países, os mais ricos de toda lançou um paa Europa, a crise financeira está se cote de centeagravando gradativamente e gerando altos nas de bilhões índices de inflação, queda constante na de dólares, mas mesmo produção, aumento do desemprego, etc. assim não se compõem a Zona do Euro salvou . Outros que estão estão à beira da recessão. muito próximos desta situaSegundo o órgão, esta região ção são a Alemanha, o país terá crescimento negativo. mais rico da região, a EspaAs estimativas indicam redu- nha que está com desempreção no crescimento do PIB go acima de 12%, a Itália e (Produto Interno Bruto) de Portugal que prevê cresci2008 e 2009. Para o terceiro mento zero para o desempree quarto trimestres deste ano, go no próximo ano. Há tamas estimativas são de cresci- bém os países que estão pramento abaixo de zero, - 0,1% ticamente falidos, como a e para o ano de 2009 o cres- Islândia que estatizou os três cimento seria de apenas maiores bancos do país, a Ir0,1%, valor que deve ser con- landa, Áustria, Dinamarca e siderado praticamente nulo outros menores que estão gaou mesmo negativo, já que a rantindo com dinheiro públicrise tende a se desenvolver cos todos os depósitos dos nos próximos meses. bancos. Este é o pior resultado da Em todos estes países, os Zona do Euro desde a sua cri- mais ricos de toda a Europa, ação há nove anos. a crise financeira está se agraForam feitas análises em vando gradativamente e getodos os 15 países e os resul- rando altos índices de inflatados foram os piores dos úl- ção, queda constante na protimos 11 anos e praticamen- dução, aumento do desemte todas as áreas como pro- prego, etc. Esta crise já está dução, exportações, impor- se alastrando para os países tações, pedidos etc. Segun- do Leste europeu como a do o índice europeu Markit Rússia e da Ásia como o PaEconomics, a produção de quistão, e transformando o bens de consumo caiu para continente europeu em uma um nível abaixo de 50 pontos. bomba relógio prestes a exEste índice registrou 41,1 plodir. CRISE PÁRA O BRASIL Falta de crédito vai paralisar 300 obras no País Ao contrário das declarações do governo, crise de crédito no País vai gerar a paralisação de 300 obras de infraestrutura que necessitam de R$ 90 bilhões para serem concluídas. Mais de 300 obras de infraestrutura estão em vias de não acontecer devido à crise do crédito no País. No total são 324 empresas que estão com obras ainda não começadas. Estas obras são de vários setores como energia elétrica, ferrovias, portos, rodovias etc. E tendem a nem serem iniciadas pela falta de crédito. Para a construção destas obras seria necessário, pelo menos, R$ 90 bilhões. Deste montante, mais da metade, R$ 57 bilhões, ainda não foram captados para o início das obras. Parte deste financiamento das obras vão sair dos cofres públicos, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que financia até 70% das obras. Mesmo com a mamata oferecida pelo governo, as obras tendem a não serem iniciadas, pois o BNDES não tem verba suficiente para financiar de uma vez todas as obras. As empresas precisariam então ir atrás de recursos por outras vias, como bancos, agência financiadoras nacionais e internacionais etc. Como estas instituições estão completamente sem dinheiro sob os efeitos da crise financeira mundial os recursos para a construção destas obras será muito mais difícil. Entre as obras que estão embargadas está a das rodovias federais, que foram privatizadas no ano passado pelo governo Lula. A empresa que ganhou a concessão, a espanhola OHL, tem que realizar investimento de até R$ 1,9 bilhões entre 2008 e 2009. Para este ano seriam R$ 700 milhões e para o próximo ano R$ 1,2 bilhões. Nos cinco primeiros anos o total de investimentos deveriam ser de R$ 4,1 bilhões. A mesma situação das rodovias federais é observada na construção de três portos que já estão em construção, mas que com esta crise devem também ser paralisados. A solução para esta crise com certeza será os cofres públicos. Além do financiamento garantido do BNDES, o governo deve transferir ainda mais dinheiro para os capitalistas. O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, já foi reivindicar para o governo Lula a criação de mais uma poupança que sirva para socorrer os capitalistas nacionais e internacionais. Esta poupança seria formada por recursos dos fundos de pensão, fundos de investimentos e recursos de bancos brasileiros, como a Caixa Econômica Federal. O fundo teria um caixa de R$ 10 bilhões. Esta medida reforça a prioridade da política do governo Lula, que é atender e salvar os capitalistas da crise e aprofundar ainda mais a exploração dos trabalhadores. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 POLÊMICA 8 POLÊMICA A ESQUERDA DIANTE DA VITÓRIA DE OBAMA Ventríloquos da burguesia e vendedores de ilusões Defendendo seus interesses conservadores, os partidos do governo Lula e da “frente de esquerda” não conseguem ver além das aparências e propagam a miragem não apenas do caráter progressista de Obama como do “fortalecimento” do imperialismo e da inviabilidade da revolução justamente quando a crise mundial se abre plenamente Como acontece diante da maioria dos acontecimentos importantes, a esquerda burguesa e pequeno-burguesa brasileira ficou a léguas de conseguir ter uma avaliação realista dos resultados das eleições norte-americanas, limitando-se a repetir a interpretação que a burguesia e “seus” meios de comunicação e “analistas” procuraram oferecer para explicar a vitória de Barack Obama. Como ventríloquos da imprensa capitalista trataram de repetir frases e idéias estampadas na imprensa burguesa mundial tais como “a mudança chegou” (CNN, EUA, e Times, Inglaterra - 05/11/08); “vitória impressionante” (Washington Post, 05/11/ 08); fim da “barreira racial” (New York Times, 06/11/08) e “eleição histórica” (El País, 06/11/08). Também na Espanha, em editorial o jornal El Mundo destacou em manchete: “Obama mudou a cor da história”. Dando o tom, seguido pela esquerda burguesa e pequenoburguesa brasileira, a imprensa capitalista internacional não economizou palavras. O italiano Corriere della Sera, destacou as frases do dicurso do presidente eleito: “A mudança chegou” e “Mostramos que é possível um governo do povo e para o povo”; enquanto o francês Liberation, estampou: “Estados Unidos, a revolução Obama”. O cubano Gramma, destacou mais comedidamente que “Barack Obama completou uma jornada histórica” e depois de ter “desenvolvido uma surpreendente e meteórica campanha” (5/11/ 08). Lula: Obama, melhor que o “companheiro” Bush O Partido dos Trabalhadores não conseguiu ir além da exaltação a mais superficial e demagógica possível dos resultados, como nas declarações do presidente Luís Inácio Lula da Silva de que o resultado teria sido um “feito extraordinário”, pelo fato da vitória de Obama ter sido “a eleição de um primeiro negro na história dos EUA” e não poupou elogios a “uma pessoa que tem demonstrado a competência política do futuro presidente Obama” (do sítio do PT, na internet, 6/11/08). Mostrando um servilismo diante do presidente eleito da maior potência imperialista do mundo, o presidente Lula dirigiu elogios semelhantes aos que já dispensou ao próprio Bush e que provavelmente teria usado no caso da vitória de MCcain: “Espero que tenha uma relação mais forte com a América Latina”, “que tenha uma política voltada para o desenvolvimento produtivo” e “afirmou também estar confiante que será construída uma parceria construtiva” (idem). É importante lembrar que Lula “construiu” também uma “parceria construtiva” como o “companheiro” Bush. Da mesma forma, outro partido que integra o governo e a frente popular dirigida pelo PT, o PCdoB, destacou em seu sítio, declarações que apresentavam o resultado como uma “alívio pelo fim da ‘era Bush’” (Vermelho, 06/11/08) e a atividade eleitoral de amplos setores da mafiosa burocracia do sindicalismo dos EUA “unido em torno da campanha de Barack Obama e a favor de uma política econômica dirigida à criação de milhares de empregos”. Os “comunistas” saúdam o novo dirigente do imperialismo mundial pelos seus laços com a classe operária! O PCdoB mostra a política demagógica tradicional do partido democrata como uma realidade. Poderia haver uma posição mais pró-imperialista? Uma “mudança” para que tudo volte ao que era antes Desta forma, os partidos da frente popular que integram o governo Lula procuraram – como fazem cotidianamente diante das questões nacionais – reproduzir, não uma verdadeira análise baseada numa apreciação da realidade, mas a propaganda e os desejos da burguesia. Assim, tal e qual a própria campanha do Partido Democrata, apresentaram o resultado como uma “mudança” nos marcos do regime democrático norte-americano, expressando a vontade de que o maior governo imperialista do mundo possa ter condições de debelar a crise do ponto de vista dos interesses dos grandes capitalistas. Para estes partidos trata-se de defender a “estabilidade” do regime político capitalista e da “democracia” imperialista, e neste sentido é preciso fazer coro com a propaganda da imprensa capitalista de que a vitória de Obama seria um passo nessa direção por apontar em uma perspectiva de superação da crise atual. Como para os demais setores da burguesia, esta “esquerda” burguesa procura disseminar a crença de que as únicas “alternativas” à atual crise capitalista seriam aquelas apresentadas pelo próprio capitalismo e, mais particularmente, pelas diferentes alas do imperialismo. Na realidade, a alternativa para a crise é justamente aquilo que está na base da crise e do violento ataque contra as massas: os regimes democráticos reacionários e dominados pelo imperialismo como o dos EUA e o do Brasil. Estas correntes, graças às conquistas que fizeram para si e para os setores que representam politicamente, tornaram-se profundamente conservadoras e reacionárias e não podem – nem querem – enxergar no horizonte nada que não seja a continuação da atual dominação imperialista. Seu programa é a “democratização” da brutal opressão imperialista sobre a esmagadora maioria da humanidade e não a supressão do imperialismo. Assim, nem passa pela cabeça destes senhores que tenha se manifestado nas eleições norteamericanas a crise da ofensiva política do imperialismo em escala mundial, levada adiante nos últimos anos, isso porque seu governo, no Brasil, atua como colaborador desta ofensiva, dentro e fora do País, promovendo a expropriação das massas brasileiras em favor dos grandes monopólios (privatização do Petróleo, distribuição de dinheiro para os bancos etc.) e apoiando a ação do imperialismo contra as massas em outros países (como no caso da ocupação do Haiti; pressão sobre o governo da Bolívia ao lado da direita; apoio ao governo colombiano; pressão contra o governo Chávez etc.). Desta forma, suas “análises” servem apenas como ações complementares à enorme propaganda imperialista que procura ocultar que o resultado das eleições dos EUA reflete, ainda que de forma invertida – como todas as eleições – o esgotamento da ofensiva econômica, política e ideológica do imperialismo acerca da supremacia do governo “neoliberal” dos EUA, em um mundo supostamente marcado pela supremacia total e absoluta dessa potência. No limite, esta esquerda burguesa – e toda a burguesia – procuram apresentar a vitória de Obama, como um sinal de crise e de esgotamento da “era Bush”, frente ao que estaria colocada uma nova era “dos democratas”, “de Obama”, para quem sabe em seguida dar lugar a uma nova era “dos republicanos” “de um novo Bush”, ou seja, o funcionamento cíclico da política capitalista de alternância de partidos, assim como a devastadora crise capitalista expressa apenas o funcionamento cíclico da economia capitalista. Em outras palavras, nada nunca muda, a não ser para voltar onde estava. Esta é a teoria imperialita do mais absoluto confirmismo, repetida por muitos supostos esquerdistas. Para estes partidos capitalistas não existem outros caminhos que não sejam os supostamente estabelecidos pela burguesia e à classe operária, e a toda humanidade não restaria outra coisa que não seja segui-los ou quando muito “torcer” pela “alternativa” mais “democrática”, “mais competente” etc. Um “novo chefe” e uma “nova cara” para o imperialismo Procurando se situar “do outro lado” desses partidos, a esquerda pequeno-burguesa não consegue apreciar a situação como resultado de um processo dialético de luta de classes e procura apresentar a vitória de Obama como uma mera continuidade da situação anterior. Este é o caso do PSTU e dos grupos que circulam em sua órbita, no Conlutas. Para eles, Obama seria o “bombeiro da crise” ou apenas uma “nova cara” do imperialismo que “vem para, entre outras coisas, tentar melhorar a imagem dos EUA que Bush arranhou nas arenas nacional e internacional” (do sítio do PSTU, 05/ 11/08). Que “arranhão”! Estes grupos não mediram esforços para endeusar a vitória do democrata, chegando a apresentá-lo como novo “chefe do imperialismo mundial”, expressando sua crença nas instituições da democracia burguesa e no imperialismo que escolheria seus verdadeiros chefes não com base no poder econômico mas pelo método do sufrágio universal, garantido aos negros e à toda classe operária o direito de opinar (ainda que sob severas limitações) quem vai, de fato, chefiar o imperialismo. Algo poderia ser mais infantil? Lançando mão de afirmações óbvias como as de que o candidato do Partido Democrata, de Bill Clinton e dezenas de ex-presidentes dos EUA, apoiado por poderosos monopólios terá como “missão manter a dominação imperialista” e “preservar os interesses fundamentais do imperialismo”, procuram apresentar a tese de que o imperialismo necessitava de Obama e que, portanto, a sua presença na presidência nos Estados Unidos são será mais do que uma manobra do imperialismo, vitoriosa às custas de “ilusões vendidas aos trabalhadores”, como anuncia o Editorial do jornal Opinião Socialista, órgão oficial do PSTU (05/11/08). Deixando de lado uma verdadeira análise da realidade, dos Estados Unidos e de todo o mundo, esta esquerda pequenoburguesa, tal como faz a burguesia, procura apresentar a situação apenas como resultado da ação e da vontade dos atores políticos da própria burguesia. Não existiria por detrás destes e de todas as classes sociais uma realidade econômica (em primeiro lugar) e, conseqüentemente social, ou seja, da luta de classes, que condicionasse suas ações. O governo Obama não seria um resultado da luta de classes condicionado pelo imperialismo, seria o produto puro da vontade do imperialismo mundial. Uma análise política onde não há contradições ou luta ou resultado desta luta. Como ensinava Marx, é a economia e a luta de classe que ela impulsiona Simplesmente desconsideram o esgotamento do governo Bush, em si mesmo uma enorme derrota do imperialismo, com conseqüências revolucionárias, que não é obra do acaso, nem tampouco resultado da vontade do imperialismo de adotar uma “nova cara”, mas da profunda revolta das massas do mundo inteiro contra a política imperialista, a começar pelas massas iraquianas e do Afeganistão, que estão derrotando militarmente o mais poderoso exército de todos os tempos, e pela própria classe operária norte-americana (destacadamente o proletariado negro, os milhões de imigrantes) e a juventude que esgotaram e liquidaram o governo Bush não nas eleições, mas através da sua mobilização política de massas, uma luta que está muito longe de restringir-se apenas ao Partido Republicano e ao governo Bush, mas atinge todo regime “democrático” dos EUA e ao Partido Democrata, cuja ala oficial (Clinton e CIA.) foi a primeira a ser derrotada no processo de escolha do candidato do partido. As eleições são um resultado sobre a base deste esgotamento, desta crise e desta derrota e, portanto, condicionado por eles. Este elemento da análise faz toda a diferença para a política revolucionária diante da situação mundial. Afinal, estamos diante de um enfraquecimento ou de um fortalecimento do imperialismo? As eleições são condicionadas pela crise e abrem um período de crise ou encerram a crise e abrem um período de estabilidade? Esta forma “idealista” e metafísica de analisar a situação, ou seja, de apresentá-la como resultado da vontade onipotente de alguns poucos capitalistas, de apresentar todo o processo eleitoral norte-americano como uma mera manobra do imperialismo – que teria resolvido “mudar de cara” – mostra a incapacidade desta esquerda em analisar os acontecimentos de um ponto de vista marxista, como parte de um processo submetido a leis e determinado pela evolução da luta de classes. O mesmo fundamento tem as análises de que o governo Obama é uma operação preventiva. Tal análise deixa de fora o fato de que ele não apenas responde a uma situação de crise e mobilização futura, mas é ele mesmo um resultado da mobilização passada e presente. Assim, a luta de classes não é parte do processo político e da revolução, mas a revolução transforma-se em uma abstração para o futuro que nada tem a ver com o processo presente. Obama não é igual a Bush Na “análise” desta esquerda pequeno-burguesa, tudo seria a mesma coisa, não como orientação política estratégica, mas como processo da luta de classes. Seriam iguais Bush e Obama; a direita fascista da Bolívia e Evo Morales; a direita golpista do “não” do plebiscito venezuelano (que eles apoiaram) e o governo Chávez; o governo FHC e o governo Lula. Seriam apenas opções do imperialismo, totalmente independente da realidade e da luta de classes. A luta de classes não seria a que descreve Marx no Manifesto Comunista, mas uma abstração onde burguesia e proletariado enfrentar-se-iam em um determinado tempo abstrato como dois gladiadores em um arena. Confundem-se com o marxismo todas as avaliações que consideram a revolução como um processo exterior à luta de classes real, que se dá de modo permanente e determina todas as etapas da crise. Para os marxistas, no entanto, a análise política somente tem sentido como a análise do desenvolvimento da revolução proletária e isso, logicamente, em todos os momentos. Uma revolução que virá depois dos acontecimentos somente existe na cabeça dos esquerdistas pequeno-burgueses que se dizem marxistas. Justamente a definição fundamental é deixada de fora: o que expressa o processo político norte-americano e, dentro dele, as eleições, do ponto de vista da evolução geral da revolução mundial? A vitória de Obama está entrelaçada com a luta do povo iraquiano (revolução mundial), palestino (revolução mundial), boliviano (revolução mundial), paquistanês (revolução mundial) e norte-americano (revolução mundial). A vitória de Obama é uma manobra contra-revolucionária do imperialismo face à revolução e não uma manobra de uma força onipotente. Seu alcance, suas condições, suas conseqüências e suas limitações foram, são e serão determinadas pela evolução da luta de classes, ou seja, da revolução proletária, em escala mundial. contrário, Obama mais do que uma medida defensiva do capitalismo e sinal do seu impasse e da sua derrota e crise, seria um sinal do “fortalecimento” de sua enorme capacidade de renovação, o que se anuncia como um ponto de unidade fundamental com os partidos da “esquerda” do governo Lula (PT e PCdoB): a revolução, a vitória das massas frente ao imperialismo seria impossível, porque as massas são incapazes de ter uma ação independente da burguesia, atuam simplesmente à reboque de suas posições, comprando as “ilusões” que lhes são vendidas. A vitória de Obama não estaria expressando a luta entre a revolução proletária mundial, hoje, e a contra-revolução imperialista, mas apenas esta última. A revolução proletária coloca-se no futuro fora do tempo, de tal modo que o imperialismo quer se prevenir diante da sua possibilidade, mas não reage a ela aqui e agora... por que ela não existe senão como realidade imaginária, utópica. Haveria apenas uma diferença temporal, PT e PCdoB não acreditariam na possibilidade do afundamento do imperialismo e na vitória da revolução, com o triunfo da classe operária em tempo algum; já para o PSTU e seus satélites, essa realidade seria impossível agora e por todo um período, uma vez que o imperialismo, apesar da decadência histórica (agonia, segundo Leon Trótski) do capitalismo, estaria cada vez mais forte e de “cara nova”, mas quem sabe em algum dia longínquo? O denominador comum destas forças todas, que já expressou na sua análise da crise mundial, é o completo ceticismo diante da revolução e da luta dos povos e da classe operária mundial, que não seria um ator efe- tivo do processo político, mas apenas o imperialismo, os estados nacionais e os partidos burgueses e pequeno-burgueses. A função da análise, tanto das eleições norte-americanas como da crise capitalista, dois acontecimentos profundamente entrelaçados, não é outra que mostrar a vigência e os problemas do programa da revolução proletária mundial, não imaginária, mas a que as massas estão realizando neste momento e que progride na forma da mobilização de milhões, massas que adquirem experiência, se organizam e buscam um programa revolucionário, em todo o mundo e que deverá entrar em uma nova etapa em breve. A burguesia busca permanentemente instilar o ceticismo nas massas e nos militantes operários e do movimento de massas para ocultar-lhes a sua própria força e as possibilidades reais de desenvolvimento político. Por isso, a direita e toda a burguesia gritaram vitória diante do colapso da burocracia stalinista contra-revolucionária, mas a esquerda é incapaz de colocar em destaque o completo impasse, a crise e a derrota dos grandes vitoriosos de ontem. São partícipes do mesmo ceticismo da burguesia, porque são, em última instância, parte dela e buscam reduzir as massas e aos militantes à impotência com seus prognósticos superficiais de fortalecimento e onipotência do capitalismo. Os militantes que buscam o caminho da revolução devem aprender a conhecer o movimento histórico e político da revolução proletária, ou seja, da luta de classes, que é um movimento permanente, e apoiar-se nele como uma base de granito para que as suas lutas do dia a dia tenham uma clara perspectiva revolucionária e socialista. CAUSA OPERÁRIA ONLINE Leia o jornal diário do PCO na Internet No portal do Partido da Causa Operária na Internet você pode encontrar as informações sobre o partido, seu programa, estatuto, sua organização pelos diversos estados do País, textos teóricos e de análise política, a programação de atividades e a ligação para as páginas das outras organizações que apóiam a luta da classe operária; como o coletivo Rosa Luxemburgo, de mulheres do PCO, do coletivo João Cândido, de negros e da Aliança da Juventude Revolucionária. Além de todas as informações a respeito do Partido e de suas atividades, o portal do PCO abriga ainda o jornal diário do Partido na Internet, o Causa Operária Notícais Online. Tratando dos mais diversos assuntos com uma cobertura especial para os problemas políticos centrais da política nacional e internacional, além do tema de mulheres, negros e juventude, o Causa Operária Notícias Online traz ainda um grande número de matérias especiais com entrevistas e reportagens, além da cobertura regional, a publicação de cursos e palestras em áudio e reportagens em vídeo. Acompanhe diariamente o Causa Operária Notícias Online. O portal do PCO na Internet abriga ainda a Rádio Causa Operária e a Causa Operária TV que trazem diariamente reportagens, entrevistas e a reprodução das principais atividades de discussão política e formação marxista promovi- Revolução impossível? das pelo Partido da Causa Operária. Basta entrar na página do PCO na Internet para assistir a reportagem do dia e visitar as páginas da Rádio e da TV para ter acesso às matérias publicadas anteriormente bem como todo o arquivo multimídia disponível no portal do PCO. Para o PSTU e muitos dos grupos que o circundam,ao Acesse: www.pco.org.br CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 A CAMPANHA REACIONÁRIA Mais um município de São Paulo proíbe a pílula do dia seguinte O município de Ilhabella proibiu em junho desse ano a distribuição e venda da “pílula do dia seguinte” para menores de 18 anos. Já são três as cidades do interior de SP a proibir a contracepção de emergência Na véspera do recesso de julho, na última sessão da Câmara Municipal da cidade de Ilhabella, no interior de São Paulo, em junho desse ano, os vereadores aprovaram o fim da distribuição da pílula do dia seguinte pela rede pública de saúde e sua comercialização para menores de 18 anos. Mais uma vez, a direita passa por cima da constituição nacional para levar adiante os seus ataques contra as mulheres. O Projeto de Lei 37/2008, de autoria do vereador Beto Campos (PV) é draconiano e define que os estabelecimentos comerciais que descumprirem a lei terão seus alvarás cassados e os funcionários públicos que infringirem ou ajudarem a infringir o disposto, passarão por processo administrativo disciplinar a ser instaurado para apuração de responsabilidade e aplicação das penalidades. A principal alegação apresentada pelo vereador para justificar o projeto foi que “Esse tipo de pílula, na maioria dos casos, não atua apenas como anticonceptivo ou contraceptivo, mas, após ter se dado a concepção, funcionando, portanto, como abortivo”. (Jornal Canal Aberto, 03/06/08) Uma verdadeira pérola! No entanto, se assim fosse porque não entrar com um pedido de banimento do medicamento em escala nacional? A direita atua pela beirada, para evitar o debate. É o método típico dos inimigos do povo e dos trabalhadores. Apenas no estado de São Paulo já são três as cidades a proibirem ou restringirem o acesso das mulheres a métodos contraceptivos. Além de Ilhabella, que aprovou o projeto do vereador do PV, Jundiaí, aprovou a proposta do vereador Cláudio Miranda do Psol, e em Pirassununga o projeto foi do vereador José Arantes da Silva, do PSDC a lei proíbe também o DIU. Fica claro, também, que há um lobby orquestrado que atua debaixo da fachada de vários partidos, alguns de direita e outros que se dizem de esquerda. De acordo com levantamento feito pela Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR), além dos três municípios onde foi cassado o direito à contracepção de emergência, leis parecidas foram derrubadas em outros quatro municípios, e em outros 10 a proposta foi rejeitada. Em diversas outras cidades ainda existe esse tipo de proposta em tramitação. No Brasil Cidades como Pindamonhagaba, São José dos Campos, Jacareí e Cachoeira Paulista, no estado de São Paulo, já figuraram na lista das cidades onde a distribuição da pílula foi proibida, mas tiveram a lei derrubada. Porto Velho (RO), São José do Rio Preto (SP), Maringá (PR), Londrina (PR) e Joinville (SC) tiveram projetos de lei arquivados, retirados para revisão ou vetados. Taubaté já teve moção de repúdio da Câmara Municipal. Maringá (PR) tem aprovação para uso apenas em serviços públicos que atendem casos de violência sexual. No Recife, em fevereiro deste ano, a Igreja Católica local tentou impedir seu uso em todo o Estado, mas sua posição não foi acolhida pelo Ministério Público porque era manifestamente ilegal. (CCR) Na capital do estado projeto de autoria do atual Dep. Valdomiro Lopes (PSB), que acaba de ser eleito em segundo turno, prefeito da cidade de São José do Rio Preto, teve parecer favorável há dois anos; em Joinville e Londrina também há nova tentativa de proibição. No Congresso Nacional, uma lei de autoria do deputado direitista Luiz Bassuma (PTBA), proibindo a distribuição e recomendação pelo SUS e a venda da CE pelas farmácias. Fica evidente uma persistente tentativa de proibição da distribuição da pílula contraceptiva no Brasil. Que está diretamente aliada a campanha da igreja e dos setores conservadores na tentativa de retirar o direito ao aborto legal e tornar a REPRESSÃO NA NICARÁGUA prática totalmente proibida no país. Em toda América Latina, caçada aos direitos das mulheres Assim como no Brasil, as mulheres de outros países também estão sofrendo com essa perseguição. Em países como Argentina, Colômbia, México, Peru e Equador há a tentativa de proibição da distribuição da pílula de contracepção de emergência e já tiveram ou ainda têm processos em trâmite contra leis que proíbem desde a fabricação até a comercialização e distribuição gratuita do medicamento. No Chile, o problema ganhou proporção nacional e ministros vinculados à hierarquia da igreja católica chilena conseguiram aprovar lei no Tribunal Constitucional, inapelável, que declarou inconstitucionais as “Normas Nacionales de Reculación de la Fertilidad” em abril deste ano, proibindo, assim, a distribuição gratuita da pílula contraceptiva de emergência e de outros métodos contraceptivos. (CCR) O que confirma que está acontecendo uma verdadeira investida dos setores conservadores, especialmente na América Latina, para retirar das mulheres o direito de decidir sobre a maternidade, atacando seus direitos democráticos. Campanha que tem na Igreja Católica sua principal articuladora. A Igreja Católica é declaradamente contra a utilização de qualquer método contraceptivo e quer impor essa escravidão à todas as mulheres através do Estado burguês e suas instituições (o legislativo, a polícia etc.). A decisão pela maternidade deve ser da mulher. Não cabe à Igreja ou ao Estado burguês que não oferece nenhuma garantia às mulheres (como creches, licença maternidade adequada, saúde, isonomia salarial etc.) dizer quando e quantos filhos a mulheres devem ter. E muito menos quais os métodos ela deve utilizar pra seu planejamento familiar. Essa tentativa de impor leis e restringir o direito das mulheres, no que tange o acesso aos métodos contraceptivos, é tão conservadora e antidemocrática que vai contra a própria constituição burguesa que garante a distribuição, a recomendação pelo SUS e a comercialização pelas farmácias de método de anticoncepção de emergência. Panorama de leis e projetos de lei a respeito da distribuição da Contracepção de Emergência (CE) e outros métodos contraceptivos no Brasil: - Proibição da distribuição da CE para menores de 18 anos na rede do SUS, farmácias, drogarias e rede pública municipal: Ilhabela, SP, desde 27/06/ 2008; autor: Ver. José Roberto de Campos (Beto Campos) – PV; - Proibição da distribuição da CE na rede municipal e em Instituições Privadas coligadas ao Município por contrato, convênio, subvenção e auxílio material de qualquer natureza: Jundiaí, SP, desde 04/04/2008; autor: Ver. Cláudio Ernani Marcondes de Miranda – PSOL; - Proibição da distribuição da CE e do DIU na rede municipal de saúde ou Secretaria Municipal de Saúde: Pirassununga, SP, desde 28/04/2008; autor: Ver. José Arantes da Silva - PSDC/SP; - Proibição da distribuição da CE na rede municipal de saúde: Pindamonhagaba, SP; autor: Ver. Felipe César – PDT, derrubada em 2007; Cachoeira Paulista, SP, derrubada em 2008; - Proibição da distribuição da CE na rede municipal de saúde e/ou entidades conveniadas: São José dos Campos, SP; autor: Ver. Lino Bispo – PHS, derrubada em 2006; Jacareí, SP; autor: Ver. José Antero dede Paiva Grilo – PFL, derrubada em 2006; - Outras tentativas de promulgação da lei de proibição da CE nas redes municipais de saúde e/ou nacionais: São José do Rio Preto, SP; Porto Velho, RO; Maringá, PR; Londrina, PR; Joinville, SC, de autoria do vereador Lauro Kalfels (PSDB), em trâmite, lei que permite a venda apenas com receita médica; lei federal proibindo a CE no país, de autoria da Dep.Angela Guadagnin - PT/ SP (arquivada em 2008). entrevistas com funcionários e médicos dos sistemas de saúde público e privado, mulheres que sobreviveram à falta de atendimento e também familiares de mulheres que morreram como resultado da proibição. O Código Penal de 1893, colocava a Nicarágua numa posição pioneira, por resguardar o direito ao aborto caso a vida da mulher estivesse em risco, ou se a gravidez fosse resultado de estupro. E o governo de conciliação de classes de Daniel Ortega retirou esse direito, apesar de limitado, condenando-as, como esperava a Igreja, à clandestinidade, à prisão e à morte. A lei que proibiu totalmente o aborto foi aprovada em outubro de 2006, em meio às eleições presidenciais, com o apoio dos deputados sandinistas, após uma crise que havia colocado o presidente Enrique Bolaños frente a frente com grandes mobilizações operárias e estudantis um ano antes. A aprovação no Parlamento aconteceu dias antes das eleições em que Ortega recebeu apoio financeiro e político do Vaticano, com direito a cardeal comparecendo a atos públicos pedindo o voto dos católicos ao sandinista. O resultado foi o retorno de Daniel Ortega à presidência do país, em novembro, quando sancionou a lei aprovada no Congresso. Uma declaração divulgada no sítio da Presidência nicara- 9 PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO Nenhuma mulher deve ser presa ou punida por aborto Em todo país intensifica- responder a processo e, conse a repressão e a cada dia sur- forme prevê o Código Penal gem novas notícias de prisões brasileiro, se condenadas e fechamento de clínicas que podem pegar até três anos de realizam aborto. As mais re- detenção. E é com a ação da polícia centes vêm de minas e do Rio. No total essas ações policiais, que o governo Lula e a burem sua maioria fundamenta- guesia querem resolver esse da em denúncias anônimas, problema de saúde pública, fecharam seis clínicas e pren- que antes de qualquer coisa deram pelo menos seis pesso- é um direito democrático, as, entre as quais, duas mu- que em muitos países, espelheres supostamente presas cialmente os mais ricos, já foi conquistados pelas muem flagrante. No Rio, as clínicas foram lheres. Em diversos estados têm localizadas após denúncias anônimas. Duas delas funci- surgido notícias de prisões e onavam em Botafogo, na fechamento de clínicas. AlZona Sul. Uma estava em Vila guns casos são uma verdadeiIsabel, Zona Norte, e outra ra aberração como o caso do na Gamboa, no Centro. Se- Mato Grosso do Sul, onde o gundo a polícia, pelo menos fechamento de uma clínica quatro pessoas foram levadas resultou no indiciamento de para a delegacia, inclusive quase 10.000 mulheres por mulheres que estavam à espe- prática de aborto, com a acusação baseada nas fichas méra de atendimento. Na Clínica em Gamboa, dicas apreendidas pela polícia, não havia ninguém, mas an- documento sigiloso cuja privates que os policiais saíssem, cidade é protegida por lei. E o apareceu uma mulher para recente caso de Bauru, quanfazer um curativo. Ela foi do uma mulher foi presa denlevada para uma delegacia es- tro da própria casa, invadida pecializada onde teve de pres- por policiais e acusada de ter induzido o aborto de um feto tar depoimento. Em Minas, duas mulheres encontrado no banheiro. Toda essa repressão e perforam presas na cidade de Três Pontas mesmo sem te- seguição é fruto da campanha rem sido atendidas em uma suposta clínica de aborto fechada pelos policiais. Uma jovem de 18 anos encontrada no local teria confessado a “intenção” em realizar o aborEssa repressão e perseguição é fruto da to! Ainda as- campanha encarniçada da direita religiosa. sim, os policiais afirmam que ela e as mu- encarniçada da direita religilheres acusadas de serem fun- osa (que se encontra organicionárias da clínica, “serão zada não apenas nos partidos indiciadas por “tentativa de oficialmente de direita, mas aborto” e, se forem condena- também dos partidos da esdas, podem pegar de um a querda pequeno-burguesa, três anos de prisão”. (EPTV como é o caso da presidente do Psol, Heloísa Helena e de Sul de Minas, 31/10/08) Essa é a realidade de milha- diversos deputados e memres de brasileiras diante da ab- bros do PT, dos quais o desurda situação de repressão putado Luiz Bassuma é a prinpolicial do aborto. Acusadas cipal liderança da campanha) pelo “crime”, quando sobre- contra esse que é um direito vivem a abortos realizados fundamental para uma verdaem situação de total insegu- deira emancipação e libertarança, são presas, e devem ção das mulheres. está sendo feita por esses mesmos setores religiosos”. O governo sandinista de Frente Popular, transformou a Nicarágua no paraíso da Igreja. Mas como não é possível expulsar todas as mulheres como aconteceu com Eva no mito do jardim do Éden, elas güense diz que a nova lei aca- a burguesia e os setores con- são punidas, muitas vezes perba com normas “que permiti- servadores recorrem para dendo a própria vida. am a execução diária de crian- manter sua dominação de clasA proibição total do aborto ças inocentes no ventre mater- se através da intensificação da acontece apenas em outros no, em violação aberta da repressão e da opressão. três países da América Latina: Constituição, que protege a Desde que modificou a lei, Chile, El Salvador e Honduras. Ortega tem enfrentado deze- No Chile, foi a ditadura de Picriança não-nascida”. Ortega tinha se “converti- nas de manifestações de mu- nochet que derrubou a lei do do” ao catolicismo um ano lheres na capital, Manágua, aborto terapêutico, aumentanantes das eleições. Em 2005, exigindo a revogação da lei e a do a repressão e perseguição um cardeal reconheceu seu renúncia do presidente. às mulheres chilenas e dando enorme poder de influência para a Igreja Católica. Daniel Ortega está à frente do profundo conservadorismo religioso e desrespeito aos direitos democráticos das mulheres que tem sido levado à frente pela direita na Nicarágua e em toda América Latina. No Brasil, a investida da direita religiosa também procura atacar as mulheres restringindo No Brasil, a investida da direita religiosa também procura atacar as direitos. Esse mulheres restringindo direitos. ano, duas CoAs feministas nicaragüen- missões da Câmara dos Depucasamento de mais de 25 anos e durante sua campanha elei- ses também denunciam que tados rejeitaram o projeto de toral citou o Papa e foi fotogra- “Primeiro o Governo cedeu às descriminalização do aborto. fado assistindo à missa. Foi a pressões de setores religiosos Agora é o aborto em caso de oficialização do sandinismo para que o aborto terapêutico anencefalia que está sendo disque ascendeu das mobiliza- se tipifique como um delito e, cutido pelo Supremo Tribunal ções operárias e derrubou o em segundo lugar, a educação Federal. Além de absurdos proditador Somoza, em 1979, sexual nas escolas, segundo o jetos que pretendem retirar da como a Frente Popular, à qual próprio ministro da Educação, lei, como aconteceu na Nica- 82 mulheres morreram em 2007, um ano após governo alterar lei de aborto A proibição total do aborto foi aprovada na Nicarágua em outubro de 2006, em meio ao processo eleitoral para presidência do país que aconteceria em novembro, quando foi sancionada pelo presidente eleito Daniel Ortega. O relatório intitulado Over Their Dead Bodies (Por cima de seus cadáveres), da Human Rights Watch, denuncia que a proibição tem feito com que mulheres grávidas ou que sofreram abortos espontâneos tenham medo de procurar atendimento, mesmo para estes serviços considerados legais. Além de médicos e funcionários, temendo acusação através da nova lei, não providenciarem os cuidados necessários para o atendimento das mulheres nessas circunstâncias. Tal fato, só no ano de 2007, resultou na morte de pelo menos 82 mulheres. 80% delas em zonas pobres. Um dos casos aconteceu em abril de 2007, quando uma mulher de 24 anos procurou atendimento com uma gravidez ectópica (fecundação fora do útero, gravidez considerada de risco, que o aborto estaria assegurado pela legislação anterior para salvar sua vida), mas a demora dos médicos em prestar socorro, temendo retaliação, causou a sua morte. A lei prevê de seis a oito anos de prisão para as mulheres e os médicos que fizerem aborto. O estudo foi baseado em MULHERES rágua, o direito ao aborto em casos de estupro e risco de morte para a mãe, tornando aborto crime hediondo, comparado à tortura. Na Colômbia e no Peru, a discussão gira em torno de fatos e decisões nacionais e internacionais que procuram a ampliação do acesso ao aborto legal, que também é tema de debates constitucionais e legislativos na Bolívia e no Equador. Neste último, Rafael Corrêa também cedeu à Igreja e aprovou uma nova Constituição que em suas próprias palavras, “protege a vida desde a concepção”. A experiência da Frente Popular da Nicarágua, bem como a experiência com o governo Lula, do PT, no Brasil, confirmam que a conciliação de classes, apenas não é capaz de resolver os problemas minimamente democráticos do capitalismo nos países atrasados, como ainda é responsável pela intensificação da repressão, retirada de direitos e perseguição aos setores mais oprimidos, como temos visto, por exemplo, na repressão aos camponeses nos milhares de processos contra mulheres acusadas de fazer aborto, na repressão ao movimento estudantil através de processos e jubilamento de estudantes, no assassinato da população negra em ações policiais etc. A única alternativa diante de todos esses ataques é a aliança desses setores à luta da classe operária, pela construção de um verdadeiro partido operário, revolucionário e de massas, que levante a defesa das reivindicações mais sentidas da maioria da população, pela construção de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 MOVIMENTO OPERÁRIO 1 0 CORREIOS “EU JÁ VI ESSE FILME ANTES...” Operação déjá vu da Polícia Federal prende diretor dos Correios Diretor Comercial dos Correios, Samir de Castro Hatem, é preso junto com outras 16 pessoas por formação de quadrilha e fraude em licitações para favorecer agências franqueadas Na sexta-feira, uma investigação da Polícia Federal resultou na prisão temporária de 17 pessoas, entre as quais se encontra o atual diretor Comercial da ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - Samir de Castro Hatem. A operação, apelidada de déjá vu, que remete aos casos de reincidência de escândalos de corrupção na estatal, interceptou e-mails de funcionários (pessoas ligadas a Hatem) e proprietários de agências franqueadas onde se trocavam informações sobre licitações e contratos de grandes clientes. O objetivo da quadrilha era favorecer empresários nas licitações de compra de materiais e transferir contratos de grandes clientes dos Correios para as agências franqueadas, que são postos terceirizados, geralmente comandados por mafiosos e pessoas que são beneficiadas com a concessão do serviço mediante estreitas ligações com o alta cúpula dirigente da ECT. Há cerca de quatro meses, o diretor regional dos Correios de São Paulo, Marco Antonio Vieira da Silva, já havia sido afastado de seu cargo por conta das denúncias de favorecimento de “amigos” nos contratos de agências franqueadas. Na ocasião, Marco Antônio foi flagrado em conversa telefônica fazendo negociatas com Carlos Eduardo Fioravante Costa, então segundo homem do Ministério das Comunicações, pasta dirigida pelo PMDB, através da figura de Hélio Costa. Pouco antes, em 2005, a estatal virou manchete dos principais jornais que exibiam o exchefe de Contratação de Adminstração de Material, Maurício Marinho, cargo de confiança do PTB na empresa, recebendo propina para o favorecimento de li- citações. O escândalo resultou na instauração de uma CPI e na denúncia de uma enorme rede de corrupção e desvio de verbas, que envolvia diversos segmentos da administração pública e inúmeros parlamentares da base aliada do governo do PT que recebiam o chamado “mensalão” em troca do voto aos projetos do governo Lula no congresso nacional. Obviamente, a prisão Samir de Castro Hatem, que assim como os demais envolvidos nos esquemas de fraude e corrupção nos Correios, também foi indicado como pessoa de confiança de partidos da burguesia, como o PMDB de Romero Jucá (líder do governo no Senado), para ocupar cargo de direção na empresa, em nada vai acabar com essa verdadeira sangria do patrimônio público que é realizada de maneira sistemática pelos partidos do governo, verdadeiros parasitas do esforço dos ecetistas. Todo mundo sabe que a alta cúpula da empresa rapidamente é solta e, inclusive, volta para a empresa como aconteceu com Roberto Marinho, com os diretores regionais de Minas Gerais, do Amazonas e de diversos Estados, os quais foram afastados através de escândalos de corrupção, que provocaram prejuízos milionários na empresa e, passado o vendaval, se acertaram com o governo voltando novamente para a empresa, é o famoso cair para cima. Enquanto os mais de 100 mil trabalhadores comem o pão que o diabo amassou na empresa, com excesso de trabalho, doenças profissionais pela total falta de condições de trabalho a direção da ECT esvazia os cofres da empresa nas mais escandalosas negociatas para favorecer os amigos. Por isso a Corrente Ecetistas em Luta vem fazendo campanha há anos pelo fim dos cargos de confiança indicados de acordo com os interesses dos partidos que estão à frente do governo. Queremos a eleição pelos trabalhadores de todos os cargos de chefia para acabar com os crimes de colarinho branco que desviam milhões de reais para a escória que mama no governo e no congresso nacional enquanto os trabalhadores vivem na miséria e doentes. As fraudes das contas da empresa, segundo a própria Polícia Federal, podem chegar a 30 milhões por ano, levando-se em consideração apenas a atividade desta última quadrilha, comandada por Hatem. Essa quantia, que é fartamente distribuída por acordos de bastidores entre meia dúzia de indivíduos, foi retirada diretamente dos salários dos trabalhadores carteiros, OTT´s, motoristas, atendentes comerciais etc., como pode se ver no miserável acordo de 7,37% assinado pelo Bando dos Quatro da Fentect (PTPCdoB-PSTU-Psol) em jantares na casa do diretor de recursos humanos da empresa. Esses são acordos também assinados contra a vontade dos trabalhadores, acertados em reuniões as escondidas, como foi anunciado pela própria imprensa capitalista IstoÉ, que na edição da ultima semana elogia o método utilizado pelos negocia- dores da empresa de oferecer jantares íntimos aos sindicalistas do Bando dos Quatro para discutir “em tom mais ameno” o acordo coletivo. Em oposição a política do “toma lá, dá cá” da alta cúpula da direção da empresa e do governo Lula, que utiliza os mesmos métodos de favorecimento e corrupção com cargos e privilégios a burocracia dos sindicatos para trair os trabalhadores dos Correios nas campanhas salariais, toda a categoria deve exigir a eleição direta para todos os cargos de comando da empresa, de chefe de setor a presidente, com mandatos revogáveis e sob o controle dos próprios trabalhadores. Apenas dessa maneira é que os trabalhadores dos Correios podem efetivamente assumir a direção da empresa e garantir que os recursos gerados pelo seu trabalho, não sejam desperdiçados em caixa dois eleitoral, mesada para parlamentares corruptos ou para salvar grandes capitalistas e banqueiros que estão a beira da falência. CORREIOS NO INTERIOR DE SÃO PAULO Segurança é morto em agência dos Correios de Campinas No sábado passado morreu o vigilante Walter Rallas de 52 anos baleado na cabeça por assaltantes que tentaram roubar a agência dos correios do Jardim Metanópolis, na região do Campo Grande, município de Campinas. Os atendentes comerciais e clientes que estavam na agência se jogaram no chão ao perceberem que se tratava de um assalto. Os assaltantes que atiraram no vigia fugiram do local levando a sua arma, um revólver calibre 38. Este caso deixa muito claro o perigo que os atendentes comerciais sofrem nas agências dos correios, com a iminência de roubos, após a introdução dos bancos postais nestas agências. São centenas de casos de assaltos às agências de correios pelo Brasil inteiro. A direção da ECT que se preocupa somente com os lucros que são obtidos com o banco postal se faz de cega e ignora as reivindicações dos trabalhadores para acabar com a ameaça à vida dos atendentes. GOLPE DA ECT Empresa quer dar golpe nos trabalhadores em relação às horas extras Em boletim técnico a GINSP do Espírito Santo diz que estão ocorrendo registros indevidos de horas extras nos cartões de ponto. No texto ela diz que durante inspeções ordinárias (que são realmente inspeções “ordinárias” realizadas por inspetores “ordinários”) os “inspetores” têm detectado indícios de registros indevidos de horas extras e que isto seria motivo de preocupação. No documento a GINSP deixa claro que as horas extras não previamente “autorizadas” não poderão ser marcadas obrigando os companheiros a trabalharem de graça, mas não fala nada em relação às dobras e redistritamentos que, mesmo os que já foram aprovados não foram efetivados. Recentemente a empresa puniu um trabalhador de Colatina que, depois de muito tempo fazendo horas extras e sendo impedido de anotá-las, cansado de trabalhar de graça, num determinado dia acabou trazendo resíduo da rua para não ter que chegar depois do horário. Para citar um só exemplo de redistritamento aprovado e não realizado, temos o caso do CDD São Mateus, onde o “SD” constou a necessidade da criação de três novos distritos, isto em Junho, e até o momento nenhum foi criado. Esta situação acontece em praticamente todos os setores. Ou seja: os redistritamentos não acontecem deixando os distritos estourados; as dobras continuam; se voltar com resíduo da rua o trabalhador é punido e ainda perde nas metas de resto do GCR; se fizer Os trabalhadores atendentes comerciais, como também os carteiros e ott´s são merecedores do adicional de 30% de periculosidade, conforme fica claro na atividade que exercem, em função destes acontecimentos se repetirem quase todos os dias em algum lugar do Correio brasileiro. As negociações sobre a periculosidade dos trabalhadores do Correio feita pelo Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e Psol) da Fentect, foi uma capitulação sem fim. Primeiro acei- horas extras não pode anotálas no cartão de ponto ou vai ter que se ver com a GINSP; etc. Restam aos trabalhadores três opções, continuarem trabalhando de graça ou e lutar contra esta superexploração da ECT. Para resolver esta situação o sindicato estabeleceu o seguinte conjunto de propostas de luta: Ï% continuar colocando nos próximos boletins matérias a este respeito; Ï% distribuir uma carta aberta à população denunciando o trabalho escravo dentro dos correios; Ï% conversar com todos os trabalhadores nos setores para organizar uma campanha pelo redistritamento imediato e contra as dobras; Ï% carro de som nos setores falando da campanha salarial e sempre sobre este assunto; Ï% convocar todos os trabalhadores para as assembléias para organizar a campanha contra esta situação; Ï% enviar denúncia ao Ministério Público do Trabalho e DRT exigindo uma solução em relação ao trabalho escravo dentro da ECT. taram que a discussão fosse feita somente para os carteiros que estivessem trabalhando na entrega externa. Depois apoiaram o veto do presidente Lula ao projeto de periculosidade, aceitando o adicional de risco, que finalmente só deixou de ser abono depois de 2 greves, apesar das promessas da burocracia de que o congresso nacional e os deputados do mensalão iriam garantir a reivindicação. E por fim, aceitaram que o Adicional de Risco se transfor- masse em AADC – Adicional de Atividade de Distribuição e Coleta, onde o trabalhador carteiro terá pré-requisitos (metas, avaliação) para recebe o adicional. A criação do AADC muda totalmente o critério para o pagamento do adicional, uma vez que os 30% não são pagos de acordo com o risco trazido à saúde do trabalhador, como no projeto de periculosidade, o qual poderia ser estendido a toda a categoria, uma vez que os riscos à segurança dos ecetistas são generaliza- dos. Agora o adicional é vinculado à coleta e distribuição, ou seja, uma função definida com metas e pré-requisitos e não uma situação geral da categoria, a qual a empresa não teria como limitar o pagamento. - Os trabalhadores atendentes comerciais devem se organizar para levantar a reivindicação dos 30% de adicional de periculosidade; - Pelo fim do banco postal, o correio não é banco , sua função é a entrega de correspondência. CORREIOS VITÓRIA Sintect-ES reintegra trabalhadora demitida arbitrariamente O sindicato conseguiu a reintegração de uma trabalhadora que, antes de ser demitida, ocupava o cargo de Atendente Comercial. A demissão foi totalmente arbitrária, uma vez que a companheira foi demitida sem qualquer motivação, sendo que o Correio possui os mesmos privilégios de órgãos públicos, portanto tem também as mesmas obrigações, o que faz com que qualquer demissão por parte da empresa tenha que ser motivada. No caso da companheira em questão houve um agravante ainda maior. É que se trata de trabalhadora com deficiência física o que aumenta a exigência de motivação na hora de demitir. A avaliação da companheira feita de forma irregular, já que foi realizada por apenas um gestor, sendo que, segundo a legislação em vigor, são estabelecidos critérios objetivos de avaliação em se tratan- do de trabalhadores com deficiências físicas, portanto a avaliação deveria ter sido feita por uma equipe profissional para este fim (o que consta no próprio edital de concurso) e não por apenas um gestor como foi feito, tornando a avaliação totalmente subjetiva. Este caso serve para demonstrar o quanto a ECT é arbitrária. Na hora de demitir ela, que tanto faz propaganda em favor da legalidade, passa por cima das leis e demite companheiros doentes, deficientes físicos, entre outros, sem qualquer motivação ou através de avaliações completamente arbitrárias. Orientamos todos os trabalhadores a não assinarem, em hipótese alguma, qualquer tipo de punição ou demissão. Os companheiros que estiverem nesta situação devem imediatamente procurar o sindicato para que possamos reverter as medidas arbitrárias da ECT. Leia e assine o jornal CAUSA OPERÁRIA Informações: Rua Miguel Stéfano, nº 349, Saúde, São Paulo, Capital, CEP 04301-010, Fone: (11) 5584-9322, email: [email protected] BANCÁRIOS Fusão Itaú-Unibanco põe milhares de cabeças na guilhotina Burocracia sindical alega ter garantias dos banqueiros de que não fechará ausências, assim como “as raposas garantiram que não vão mais atacar os galinheiros” A fusão de dois dos maiores conglomerados financeiros do País, Itaú e Unibanco, deu lugar à criação do maior banco do hemisfério sul, passando a ocupar a sexta posição entre todos os bancos do planeta, em termos de valor de mercado, valendo aproximadamente U$ 41,3 bilhões, atrás apenas de cinco bancos norte-americanos. Com ativos de R$ 575 bilhões, mais de 4,8 mil agências e postos bancários e lucros que, apenas no último ano, superam os R$ 5,5 bilhões, a fusão trouxe uma enorme insegurança para os mais de 80 mil trabalhadores dos dois bancos. Isso porque todas as fusões e aquisições anteriores realizadas no setor tiveram como resultado um “enxugamento” do quadro de funcionários. O banco Itaú - que nos últimos anos realizou várias aquisições – é o recordista nacional de desemprego no setor, tendo demitido dezenas de milhares de bancários nos últimos anos. É por demais evidente que a medida tem um caráter defensivo. Os banqueiros se “unem” para fortalecer a defesa de seus interesses diante de um mercado profundamente abalado pela situação de insolvência de gigantes do sistema financeiro que só vêm sobrevivendo pelo socorro dado pelos governos capitalistas, como o de Lula, que tiram da população pobre para dar aos ricos. Mostrando seu compromis- so com os banqueiros sanguessugas, a burocracia sindical petista-cutista que pôs fim à greve dos bancários dias atrás sem sequer colocar o problema da garantia de emprego dos bancários se limitou em seus comunicados a anunciar que recebeu “garantias do Itaú de que não haverá fechamento de agências” (do comunicado da Contraf/CUT publicado no Portal da CUT, 03/ 11/08). Expressando sua crença inabalável nos banqueiros, o secretário-geral da Contraf/ CUT e funcionário do Itaú Carlos Cordeiro, afirmou “esperar” que “diferentemente das fusões anteriores, desta vez seja bom para a sociedade, com aumento dos postos de atendimento, da oferta de crédito e da diminuição de juros e tarifas” (idem) se limitando a anunciar que a entidade “também está agendando reunião com o Cade, organismo que regula e fiscaliza abusos de poder econômico”, ou seja, vai pedir às abutres dos órgãos do governo controlado pelos banqueiros que fiscalizem os banqueiros. Nada poderia ser mais inútil. Da mesma forma a diretoria do maior sindicato da categoria no País, dos bancários de São Paulo, reiterou que “O Itaú firmou compromisso de se reunir, o mais rápido possível, para tratar do futuro dos mais de 69 mil trabalhadores da holding. O contato também foi feito junto ao Unibanco, que tem aproximadamente 35 mil funcionários”, o presidente do Sindicato Luiz Cláudio Marcolino, afirmou o desejo de ter do novo banco “um processo que inclua negociações permanentes com as entidades sindicais para dar transparência e segurança”. É preciso denunciar esta cumplicidade, de sindicalistas que “vestem a camisa” dos bancos, ou seja, dos banqueiros, totalmente hostil aos in- teresses dos trabalhadores. Contra esta política é necessária a formação de comitês de luta dos bancários e de todos os trabalhadores, por suas reivindicações diante a crise financeira que inclua entre outras reivindicações a defesa da estatização, sem indenização, e o controle dos trabalhadores de todos o sistema financeiro, a estabilidade no emprego dos bancários, a redução de suas jornadas de trabalho, sem redução dos salários. VISITE A PÁGINA DO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA E DA CORRENTE ECETISTAS EM LUTA www.pco.org.br e www.pco.org.br/correios CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 1988-2008 20 anos do massacre da CSN Em novembro de 1988, o governo Sarney, decidiu dispersar a greve da Companhia Siderúrgica Nacional com o envio do Exército. Foi um verdadeiro massacre que culminou na morte de três operários da empresa. Os trabalhadores reivindicavam a readmissão dos trabalhadores demitidos, da até então estatal, CSN, a redução de 8 para 6 horas a jornada de trabalho para atividades ininterruptas e o reajuste salarial. À noite, cerca de 1300 soldados do exército e da PM começaram uma pancadaria na Praça Brasil, em Volta Redonda, para dispersar cerca de 2000 manifestantes. Só neste enfrentamento, por volta 40 pessoas ficaram feridas. A TV Bandeirantes mostrou imagens de dois soldados depredando um automóvel Volkswagen estacionado na rua - um deles quebrou o vidro traseiro a coronhadas, o outro arrebentou um alto-falante. Há testemunhas de que até mulheres foram perseguidas com baionetas. Uma câmera da TV Manchete foi quebrada por soldados, e o fotógrafo Oswaldo Prado, do jornal O Dia, teve braço fraturado. Declarações de trabalhadores da época mostram que a violência foi absurda: “Quando viam um bolinho de gente, batiam para valer”. Logo em seguida, os soldados se dirigiram para a CSN, armados com bombas de gás lacrimogêneo, blindados Cascavel e fuzis automáticos, para acabar com a ocupação que estava sen- do realizada por cerca de 3000 operários. Na invasão feita pelo exército e pela PM, foram mortos três operários, Walinir Freitas Monteiro, 27 anos, atingido pelas costas quando deixava um refeitório da empresa, Carlos Augusto Barroso, 19 anos, que desapareceu e foi encontrado, mais tarde, com o crânio esmagado e William Fernandes Leite, 22 anos, que morreu com um tiro no pescoço. “As três mortes são homicídios qualificados”, esta foi a posição do delegado Renato Coelho, responsável pelo inquérito que, em Volta Redonda, à época. A violência começou às 19h30 e só foi terminar depois da meia-noite, os soldados do Exército entraram na usina com fuzis FAL e dispararam sobre os trabalhadores. Para tentar encobrir o massacre e a violência, os trabalhadores foram acusados de estarem armados, de serem terroristas, de estarem vinculados à Cuba. Em seu comunicado oficial, em nome do Ministério do Exército, o general Lacombe acusou os grevistas de terem feito disparos com “armas de fogo”. Entretanto nada foi provado pois não se conseguiu achar uma única arma de fogo em poder dos operários na empresa. O momento político Na semana do massacre, havia no País mais de um mi- lhão de grevistas, a ameaça de uma greve dos eletricitários (cerca de 50 mil pessoas) em vários estados do País, greve dos petroleiros de oito Estados, a dos controladores de vôos das grandes capitais, funcionários públicos de todas as partes, professores, marítimos, buidores de gás, digitadores. Todas elas motivadas por uma inflação de quase 30% ao mês. Que no final de 88/89 chegou a cerca de 80% ao mês. No Rio de Janeiro, moradores revoltados com cortes de luz invadiram uma estação da Light na Zona Oeste da cidade e começaram um quebra-quebra. Duas horas depois de deflagrada a invasão, havia 38 ônibus destruídos nas imediações da estação da Light. Insatisfeitos com os salários recebidos, oficiais comandantes da PM mineira rebeleram-se contra o governador e simplesmente ignoraram suas ordens de deter um dos cabeças do movimento, o coronel reformado José Geraldo de Oliveira. Ao fim do episódio, que durou três dias, o governador cedeu à pressão e deu aumento à corporação que o hostilizou. A farsa do regime democrático A invasão da CSN fez cair a máscara do regime pós-ditadura. José Sarney, líder do regi- me militar no Congresso Nacional, foi colocado na Presidência da República por uma manobra da ala que representava os interesses dos bancos, dos grandes capitalistas e do imperialismo dentro do regime militar. A função do PMDB era a de resgatar todas as conquis- MOVIMENTO OPERÁRIO 1 1 tas essenciais dos grandes capitalistas obtidas sob o regime militar nas novas condições políticas. Esse governo cumpriu importante papel em reprimir as lutas operárias e populares, como ocorreu no caso de Volta Redonda, fruto da crise do regime e do fracasso do Quem eram eles Carlos Augusto Barroso Funcionário da CSN, trabalhava na empresa há quatro anos. Aos 16 anos, depois de terminar a 8ª série do 1º grau, ele ingressou como estagiário na Companhia Siderúrgica Nacional, onde aprendeu a ser mecânico de manutenção na sinterização. Nesse trabalho, trocava rolamentos, correias e rolos na esteira que transporta o minério de ferro que vai para o alto-forno. Seu pai se aposentou após trabalhar a vida inteira como mecânico da Companhia Siderúrgica Nacional. Como foi Quando foi encontrado, o rosto de Barroso estava inteiramente desfigurado, todo coberto de sangue. As costas, todas arranhadas. O crânio, afundado na parte de trás. Segundo o delegado Renato Coelho, responsável pelo inquérito, “ele foi espancado até a morte”. Um dos diretores do sindicato dos metalúrgicos de Volta afirmou que Barroso foi morto no caminho entre o refeitório e a aciaria: “na correria, ele tropeçou e caiu. Um soldado veio e rachou sua cabeça com uma coronhada de rifle.” (Veja, 16/11/88). O corpo foi encontrado sem qualquer identificação. Carlos Darc Ramos, cunhado de Barroso, foi quem reconheceu o corpo no necrotério: “Seu corpo estava quase irreconhecível”. William Fernandes Leite William trabalhava a um ano no setor químico da CSN e por não conseguir sustentar os estudos, abandonou o último ano do curso técnico. Segundo sua prima, “vivia dizendo que a situação do país era insustentável”. William, nesta época, se filiou ao PT. Como foi Na chamada aciaria, quando William levantou a cabeça foi alvejado pelos soldados caindo para trás - com uma bala encravada no seu pescoço. “Me acertaram de raspão”, disse ele, pouco antes de desmaiar. Na reali- governo que chegou a ter uma inflação de cerca de 80% ao mês. A crise gerada pelo massacre de Volta Redonda foi o que permitiu a eleição do Partido dos Trabalhadores em São Paulo, de Luiza Erundina para a prefeitura da cidade. dade, o tiro não tinha sido de raspão. William chegou ao hospital e morreu logo em seguida. Walmir Freitas Monteiro Walmir trabalhava há nove anos na CSN como caneleiro de alto-forno. Era um dos operários responsáveis pela colocação de tijolos refratários nos fornos para manter a temperatura ideal para a produção de aço. Era casado, dois filhos ainda pequenos - um menino de 3 anos e uma menina de 1 ano e meio. Cursava a 8ª série do 1º grau numa escola noturna. Como foi Quando Walmir saía do refeitório central da CSN com um grupo de colegas metalúrgicos, foi acertado por um tiro. A bala entrou pelo tórax, pouco abaixo do ombro, e perfurou o pulmão direito. Walmir foi levado pelos amigos à enfermaria, que já estava tomada pelo Exército. Os primeiros socorros na enfermaria foram insuficientes e às 23 horas, Walmir morreu em conseqüência de hemorragia aguda. ATO DA CUT Burocracia implora aos banqueiros em favor da FIESP Em plena AV. Paulista, um triste espetáculo de peleguismo explicito Algumas dezenas de sindicalistas, dirigentes da CUT e de sindicatos a ela vinculados, e um punhado de seus assessores e outros contratados, expuseram na Av. Paulista, centro de São Paulo, nesta terça-feira (04/11) a situação de degradação em que se encontra a quase totalidade da burocracia sindical, não só da CUT, mas de todas as “centrais” cuja criação é o resultado de uma política de incentivo (principalmente financeiro) da parte do governo Lula e dos grandes capitalistas a quem este presta serviços. A manifestação, realizada em frente à sede do Banco Real – onde está situado o escritório de Fábio Barboza, presidente da Febraban (Federação dos Bancos do Brasil) – serviu, segundo seus organizadores, para “cobrar dos banqueiros o fim da sabotagem ao desenvolvimento” e “teria usado de fina ironia e bom humor” para se opor “ao assalto dos banqueiros aos recursos do compulsório” e “teve como objetivo pressionar pela liberação do crédito, que os bancos estão retendo apesar das recentes medidas que aumentaram os recursos disponíveis como a diminuição dos depósitos compulsórios” (Portal da CUT, 04/11/08) No ato os sindicalistas “denunciavam” o “fato de os bancos estarem sentados em cima do dinheiro”, mas nem de longe se lembraram de assinalar que quem ofereceu este confortável “assento” foi justamente o governo do “sindicalista” Lula e do PT, partido da grande maioria dos “bem humorados” presentes. Pelo contrário, elogiaram tal política do governo que, segundo eles “liberou nos últimos dias R$ 46,2 bilhões em compulsórios” com nobres propósitos de “disponibilizar mais recursos para o crédito e manter o consumo interno aquecido”. No ato não havia nada que lembrasse sequer uma luta contra tais banqueiros e em defesa das reivindicações da classe trabalhadora diante da crise da política do governo Lula de dar bilhões para os banqueiros “sentarem em cima”, enquanto corta recursos da saúde, da educação, dos aposentados, do funcionalismo etc. Isto nem de longe parece ter passado pela cabeça desses “sindicalistas”. Uma encenação teatral (de verdade) e toda a “farsa” encenada pelos burocratas deixavam bem claros os propósitos patronais de tal manifestação. Em uma jaula, um personagem representando o “crédito” clamava por liberdade sendo acompanhado pelos “sindicalistas artistas” que gritavam “libera o crédito, libera o crédito!”. Outra representação teatral, de um grupo trazido pelo Sindicato dos Bancários, apresentava ao seu final por meio de uma fênix, o alegre retorno da economia a uma etapa de crescimento, ou seja, de maiores lucros para os capitalistas, depois da liberação do crédito pelos banqueiros, mostrando claramente em que a burocracia sindical deposita suas esperanças. Segundo os dirigentes sindicais, “os banqueiros malversaram o dinheiro”. Nas palavras do presidente da Central Única dos Trabalhadores, o sociólogo, Artur Henrique, contra esta “malvadeza” dos banqueiros seria necessário “incorporar com firmeza nas nossas mobilizações a bandeira da luta contra a especulação, para que o sistema financeiro cumpra com suas obrigações e deixe de ser um obstáculo à geração de emprego, à distribuição de renda e ao direito ao trabalho”. Qual seriam, nas apreciações deste “estudioso da sociedade”, as “obrigações dos banqueiros”? Seriam outras que não acumular capital às custas da especulação, da agiotagem etc. Em que mundo vive este senhor? Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf/ CUT) , Vagner Freitas, explicou que “os trabalhadores tem nos banqueiros um inimigo da sociedade, sanguessugas da nação, que só sabem aumentar os seus lucros”, coisa com a qual a maioria dos presentes não concordam, uma vez que esperam que eles “cumpram com suas obrigações”. A festival de hipocrisia não teve limites e os que apoiam abertamente a política de distribuição de dinheiros aos banquei- ros – e apenas queriam pedir que este dessem uma pequena parte desses recursos em empréstimo às empresas e à população, cumprindo seu papel e obtendo novos ganhos – jogaram ao vento frases como “não vamos permitir que haja dinheiro público para salvar banqueiro pilantra” ou “o trabalhador e a sociedade não vão pagar esta conta” Segundo palavras do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, o “ato no centro financeiro do país tem toda uma simbologia e visa pressionar os banqueiros para que deixem o país crescer”, expressando a enorme preocupação dos sindicalistas de que o dinheiro roubado da população pelo governo seja partilhado com seus patrões da indústria e de outros setores para que o capitalismo possa se recuperar e voltar a explorar com toda vitalidade os trabalhadores. Um sonho comum destes senhores com os patrões que entretanto está cada dia mais longe da realidade diante do enorme avanço da crise história do capitalismo que tende a desatar uma enorme mobilização dos trabalhadores que para se defen- FÉRIAS COLETIVAS GM anuncia férias coletivas para cerca de 14 mil metalúrgicos A General Motors anunciou aos trabalhadores, na última sexta-feira,o segundo período de férias coletivas em sua unidade de São José dos Campos (SP). A decisão já havia sido anunciada nas unidades de São Caetano do Sul (SP) e de Gravataí (RS). O primeiro período de férias coletivas começou em 20 de outubro e terminou neste domingo, dia 2. Nesse primeiro período de férias coletivas foram atingidos 12 mil trabalhadores da GM no estado de São Paulo. Na ocasião, a montadora negou que a decisão tinha sido tomada por conta da crise financeira, mas que se tratava apenas de uma adaptação ao desaquecimento da demanda de países compradores, especialmente África do Sul, México e Argentina. Esse segundo período de férias coletivas devem envolver de 3 a 4 mil metalúrgicos somente na unidade de São José, que emprega cerca de 10 mil trabalhadores. Dessa vez, a GM assumiu que o motivo das coleti- vas é a desaceleração do mercado interno brasileiro. Segundo a Reuters, em relação ao mesmo período do ano passado, as vendas de veículos novos no mercado interno retraíram 3,9%. Se comparadas as vendas com setembro a queda foi muito superior, atingindo 12%. No caso específico da GM, houve queda de 5% em relação ao mesmo período de 2007. Se na primeira vez que GM anunciou férias coletivas, junto com a Fiat, a Anfavea (Associ- ação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) negou, cinicamente, qualquer ligação inclusive com a crise norteamericana, agora não há mais como esconder que o motivo, tanto do primeiro período como do segundo período de férias coletivas, é a crise econômica que já atinge em cheio a economia brasileira. Em São José, irão parar os funcionários da linha de produção do Corsa, Montana e Zafira, do turno de veículos desmon- tados para exportação e da fábrica de motores. As férias acontecerão a partir da metade de novembro e a duração depende do turno. A maior duração será entre os metalúrgicos do turno de veículos desmontados para exportação que iniciam férias em 24 de novembro e só retornam ao trabalho no dia 5 de janeiro. Na unidade de Gravataí 5.200 trabalhadores, responsáveis pela produção de componentes usados pelos carros, entrarão ALEMANHA Metalúrgicos iniciam “greves relâmpago” em todo o país Na última sexta-feira, o maior sindicato dos metalúrgicos alemães, IG Metall, anunciou uma série de “greves-relâmpagos” localizadas que devem se estender pela semana. Na madrugada de sábado, quatro mil trabalhadores suspenderam as atividades na fábrica da Audi em Ingolstadt, no sul do País e outros mil metalúrgicos pararam outra fábrica da Audi em Neckarsulm, no sudoeste. Na quinta-feira, foi rejeitada pelo sindicato a proposta dos empregadores de reajuste de 2,9%. A reivindicação da categoria é um reajuste de 8%. Fica claro que as paralisações e a exigência de um aumento salarial maior fazem parte de um enfrentamento dos trabalhadores contra a crise econômica. Um trabalhador deu a seguinte declaração ao site de notícias euronews: “está tudo mais caro, o custo de vida, a eletricidade, o gás, a alimentação. É preciso economi- zar por todo o lado. É por isso que nós pedimos uma parte maior do bolo e é por isso que fazemos greve”. As “greves-relâmpago” são consideradas greves de aviso pelo sindicato, que ameaça convocar uma greve geral nacional da categoria caso as negociações não sejam concretizadas. O IG Metall representa 3,6 milhões de trabalhadores. O presidente do sindicato afirma que a proposta das empresas significa perda real dos salários. A burocracia sindical, como tradicional, declara que os ganhos dos trabalhadores estão vinculados aos ganhos dos capitalistas. Para eles “mais dinheiro para os trabalhadores é bom para a economia nacional”. O problema é que a internacional do capitalismo atingiu em cheio justamente os capitalistas. Inúmeras indústrias já começaram a sofrer perdas, em decorrência da crise internacional, esse é o motivo das dificuldades em ne- gociar. A burguesia, como já está acontecendo em dezenas de fábricas em todo o mundo, nos EUA, no Brasil e na própria Alemanha, vai tentar fazer os trabalhadores pagarem a conta da crise; o mundo já presencia empresas demitindo e/ou anunciando férias coletivas. Como no Brasil, os metalúrgicos alemães são submetidos a breves paralisações pela burocracia sindical. Essa política serve para canalizar a tendência derem terão que enfrentar além dos patrões, os seus servos no movimento sindical. Na parte final da mobilização, dirigentes da CUT e de entidades filiadas tentaram entrar no edifício do Real, para entregar a Fabio Barboza uma carta que trazia as reivindicações. As portas de ferro que separam o saguão dos elevadores foram fechadas. Os gerentes e diretores do Banco Real, não concordaram com a visita da burocracia e, deste modo, também participaram da “encenação”. Fingiram se importar com o teatro de marionetes da FIESP e por pouco também não caíram no coro “libera mais crédito,” solicitando aos sindicalistas que peçam ao governo Lula mais dinheiro para eles mesmos e para seus colegas capitalistas industriais. Talvez tenham desistido convencidos que estão da sabedoria popular que ensina que “melhor que tratar com os porcos é tratar com o dono da porcada” e, se podem pedir e obter mais crédito junto à Lula e ao Congresso “mensalão” porque tratar com os seus apoiadores que tão bem entendem o “papel social dos bancos”. em férias coletivas. Em São Caetano do Sul 5 mil metalúrgicos estarão em férias coletivas durante dez dias do mês de novembro. A empresa não informou oficialmente quantos veículos deixarão de ser produzidos, porém, somente na unidade de Gravataí 880 veículos saem da linha de montagem por dia. Os sinais são claros de que a crise financeira internacional vai atingir em cheio os empregos de milhões de pessoas em todo o mundo. Dados de vários institutos de pesquisa já apontam que a partir dos próximos meses, no Brasil, o mercado de trabalho deve apresentar uma onda de desemprego. de luta que se amplia entre os trabalhadores de todo o mundo, fruto da crise financeira. As greves isoladas e parciais impostas pela burocracia servem para mostrar o nível de insatisfação na base da categoria e as permanentes manobras da burocracia para tentar se manter à frente das entidades sindicais. Para enfrentar a crise é necessária a organização da luta em defesa dos empregos, redução da jornada de trabalho, reajuste trimestral dos salários. Em todo o mundo, os trabalhadores irão se levantar contra esses ataques e deverão enfrentar as amarras da burocracia sindical. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 TEORIA 1 2 70 ANOS DA IV INTERNACIONAL - PARTE II Carta aberta pela criação da Quarta Internacional. A todas as organizações e grupos revolucionários da classe operária Publicamos nesta edição a segunda e última parte da carta aberta pela fundação da Quarta Internacional como parte de uma seleção de artigos escritos pelo grande revolucionário russo Leon Trótski, durante os anos em que esteve exilado, combatendo a degeneração burocrática no seio do movimento operário internacional e nos quais expõe e discute a necessidade de refundar o movimento internacional da classe operária, de criar a Quarta Internacional Maio de 1935 No seio dos partidos e sindicatos reformistas surgem e se fortalecem grupos de oposição; alguns assumem a forma de organizações independentes. Dentro das seções da Internacional Comunista, em virtude do regime carcerário que impera ali, a oposição tem um caráter mais calado e clandestino, mas está se desenvolvendo igualmente. Inclusive, a necessidade de desatar constantemente novos expurgos e repressões dentro da União Soviética, demonstra que a burocracia é incapaz de desarraigar o espírito da crítica marxista que lhe é tão odioso. O espírito e as tendências de oposição atuais têm em sua maioria um caráter centrista, quer dizer, no meio do caminho entre o social-patriotismo e a revolução. Quando as organizações tradicionais das massas se encontram em processo de decomposição e demolição, o centrismo representa, em muitos casos, uma etapa transitória inevitável, inclusive para os grupos operários progressistas. Os marxistas devem ser capazes de encontrar o acesso a tais tendências e assim, mediante o exemplo e a propaganda, acelerar sua passagem à via revolucionária. Para eles é premissa indispensável a crítica implacável da direção centrista, a denúncia das tentativas de se criar uma Internacional Dois e Meio, e explicar incansavelmente que as tarefas revolucionárias de nossa época condenam de antemão ao fracasso estrepitoso toda unificação híbrida e amorfa. Atualmente, os centristas propagandeiam com insistência a palavra-de-ordem de unidade de todas as organizações operárias, prescindindo de seus programas e táticas; os reformistas, mais previdentes e justamente temerosos de ficarem marginalizados, também a exploram. Os centristas costumam substituir a idéia de uma nova internacional pela fusão das duas já existentes. Na realidade, a unidade com os reformistas e social-patriotas, tanto social democratas, como stalinistas, significa em última instância unidade com a burguesia nacional e, por conseguinte, a divisão inevitável do proletariado, tanto em nível nacional como internacional, sobretudo no caso da guerra. A autêntica unidade da internacional e de suas seções nacionais não se pode garantir se não for sobre bases marxistas revolucionárias e estas, por sua vez, só podem ser criadas “Os novos partidos e a nova Internacional devem ser construídas sobre novas bases: esta é a chave que permitirá realizar todas as demais tarefas. “ mediante a ruptura com os social-patriotas. Calar a respeito das premissas e garantias de princípios para a unidade proletária é unir-se ao coro dos que semeiam ilusões, enganam os operários e preparam novas catástrofes. Para caracterizar a posição humilhante e impotente das velhas internacionais basta recordar que o presidente de uma é agora o humilde ministro de seu rei, enquanto o verdadeiro amo da outra utiliza a organização proletária mundial como moeda para suas transações diplomáticas. Quaisquer que sejam as manobras de unificação que realizem estas duas burocracias igualmente corrompidas, não serão elas que selarão a unidade do proletariado, nem lhes há de corresponder assinalar a saída. Os esforços dos centristas para conciliar o inconciliável e remendar aquilo que está condenado à destruição estão predestinados ao fracasso. A nova época requer uma nova internacional. A primeira premissa para obter êxito neste caminho é a forte consolidação nacional e internacional dos autênticos revolucionários proletários, os discípulos de Marx e Lênin, sobre a base de um programa comum sob uma bandeira comum. Qualquer tentativa de prever um curso idêntico para todos os países seria fatal. De acordo com a situação nacional, com o grau de decomposição das velhas organizações da classe operária e, por último, com o estado e suas forças e no momento dado, os marxistas (socialistas revolucionários, internacionalistas bolcheviques-leninistas) podem constituir-se em organização independente, melhor fração de alguns dos velhos partidos e sindicatos. É claro que, qualquer que fosse a época ou o lugar, este trabalho de fração é só uma etapa na construção dos novos partidos da Quarta Internacional, partidos que podem surgir, tanto do reagrupamento dos elementos revolucionários das velhas organizações, como das organizações independentes. Mas, qualquer que seja o terreno e os métodos de funcionamento, devem falar em nome dos princípios sem confusão e de palavras-de-ordem revolucionárias claras. Não jogam esconde-esconde com a classe operária; não ocultam seus objetivos; não substituem a luta de princípios pela diplomacia e as manobras. A todo o momento, e em qualquer que sejam as circunstâncias, os marxistas dizem abertamente a verdade. O perigo da guerra, questão de vida ou morte para o povo, é a prova suprema para todo grupo e tendências da classe operária. “A luta pela paz”, “a luta contra a guerra”, “a guerra contra a guerra” e outras palavras-de-ordem iguais são O capitalismo está condenado à morte. A salvação da humanidade reside unicamente na revolução socialista. frases ocas e fraudulentas se não estiverem acompanhadas da propaganda e da aplicação dos métodos de luta revolucionários. A única maneira de acabar com a guerra é derrubando a burguesia. A única maneira de derrubar a burguesia é mediante uma revolução. Diante da mentira reacionária da “defesa nacional” é necessário levantar a palavra-deordem da destruição revolucionária do Estado nacional. Ao manicômio em que se converteu a Europa capitalista é necessário contrapor o programa dos Estados Unidos Socialistas da Europa, como um passo em direção aos Estados Unidos do Mundo. Os marxistas repudiam implacavelmente as palavras-deordem pacifistas de “desarmamento”, “arbitragem” e “amizade entre os povos” (ou seja, entre os governos capitalistas), que são o ópio das massas populares. As alianças das organizações operárias com os pacifistas pequeno-burgueses (o Comitê Amsterdã-Pleyel e outros empreendimentos similares) prestaram o melhor dos serviços ao imperialismo ao desviar a atenção da classe operária da realidade de suas lutas sérias, e enganá-la com imponentes alardes. A luta contra a guerra e o imperialismo não pode ser tarefa de qualquer “comitê” especial. Lutar contra a guerra significa preparar a revolução, e essa é tarefa dos partidos operários e da internacional. Os marxistas colocam esta grande tarefa à vanguarda proletária sem nenhum tipo de adornos. Diante da exasperante palavra-de-ordem de “desarmamento” contrapõem a palavra-de-ordem de ganhar o exército e armar os operários. Esta é, precisamente, uma das delimitações mais importantes que separam o marxismo do centrismo. Quem não se atreve a mencionar as tarefas revolucionárias a viva voz, jamais terá coragem de realizálas. No ano e meio que se passou desde a publicação do primeiro programa da Quarta Internacional, a luta por seus princípios e idéias não se detiveram em um só momento. As seções e grupos nacionais revolucionários acrescentaram: alguns ampliaram sua base e influência, outros conseguiram maior coesão e homogeneidade. Organizações de um mesmo país (Estados Unidos, Holanda) se unificaram; elaborou-se uma série de documentos programáticos e táticos. Este trabalho prosseguirá sem dúvida nas melhores condições se se relacionar e unificar em escala mundial sob a bandeira da Quarta Internacional. O perigo da guerra iminente não permite retardar esta tarefa em um só dia. Os novos partidos e a nova Internacional devem ser construídas sobre novas bases: esta é a chave que permitirá realizar todas as demais tarefas. O ritmo da nova construção revolucionária e o momento de sua consumação dependem evidentemente do rumo geral da luta de classes, das futuras vitórias e derrotas do proletariado. Os marxistas, no entanto, não são fatalistas. A iniciativa de uma minoria consciente, um programa científico, agitação audaz e incessante em nome de objetivos claramente formulados, crítica implacável a todas as ambigüidades: tais são alguns dos fatores mais importantes para a vitória do proletariado. Não se pode conceber a revolução socialista sem um partido coeso e com têmpera de aço. As circunstâncias são difíceis; os obstáculos, grandes; as tarefas, colossais; mas não existe o menor motivo para cair em pessimismo nem para se desesperar. Apesar de todas as derrotas do proletariado, o inimigo de classe segue em uma situação desesperada. O capitalismo está condenado à morte. A salvação da humanidade reside unicamente na revolução socialista. A mesma seqüência de internacionais possui sua própria lógica interna, que coincide com o ascenso histórico do proletariado. A Primeira Internacional elaborou o programa científico da revolução proletária, mas fracassou por carecer de uma base de massas. A Segunda Internacional tirou das sombras, educou e mobilizou milhões de operários mas, na hora decisiva, viu-se traída pela burocracia parlamentar e sindical corrompida pelo capitalismo em ascenso. A Terceira Internacional deu o primeiro exemplo de revolução proletária triunfante, mas foi afastada das rodas do moinho pela burocracia do estado soviético isolado e da burocracia reformista do Ocidente. Hoje, no marco da derrubada definitiva do capitalismo, a Quarta Internacional, sobre os ombros de suas antecessoras, enriquecida pela experiência de suas vitórias e derrotas mobilizará os trabalhadores do Ocidente e do Oriente para o assalto vitorioso às fortalezas do capital mundial. Proletários de todos os países, uni-vos! www.livrariadopco.estantevirtual.com.br Mais de 7.500 livros disponíveis na Internet Inaugurada há mais de quatro anos, a Livraria do Partido da Causa Operária, a única livraria de uma organização de esquerda do País, proporciona agora aos interessados, uma Loja Virtual, para o acesso mais rápido e fácil a todo o seu acervo, que conta com mais de 7.500 livros. 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Pelo caráter do código e pela época em que ele foi aprovado, durante a vigência do regime dito democrático, demonstra de forma clara que se existe um lugar na sociedade brasileira em que ditadura não caiu, este lugar são as universidades. O código de ética do corpo discente, do começo ao fim, deixa os estudantes totalmente subordinados à decisão da burocracia dos professores que dirigem a universidade. Qualquer professor pode aplicar uma punição a um estudante, como pode ser observado no seguinte artigo: “Artigo 5 – São competentes para aplicar a pena de repreensão os membros do corpo docente que presenciaram a prática de quaisquer das irregularidades elencados no artigo 1, em especial os próreitores e os chefes de departamento ou disciplina”. Assim como no regime de poder dentro da universidade, os estudantes ficam sujeitos às arbitrariedades dos professores que podem punir os es- tudantes por descumprirem o código. Este fato é agravado porque o código pune, com a cobertura da moralidade, não somente atos políticos contra a reitoria, mas até mesmo um determinado comportamento dos estudantes. As penas para os estudantes são três: repreensão, suspensão e expulsão. Abaixo estão alguns artigos que podem levar um estudante a ser punido, demonstrando o grau de repressão existente dentro da universidade. “Artigo 1 – Será aplicada a pena de repreensão quando o aluno: “I desrespeitar membro do corpo docente, discente ou administrativo, ou usuário de serviços da instituição. “II Não exercer com zelo e dedicação suas atividades escolares. “III Utilizar ou pretender utilizar meios idôneos na execução de atos ou trabalhos escolares em benefício próprio ou de outrem. “IV Perturbar as atividades da universidade. “V Apresentar-se com trajes inadequados nas atividades escolares. “Artigo 2º Será aplicada a pena de suspensão quando o aluno: “I - reincidir em falta para a qual é prevista a pena de repreensão; “II - causar dano ao patrimônio da Universidade, caso em que, além da penalidade, ficará obrigado à correspondente indenização; “III - ofender, caluniar ou difamar membro do corpo gal substância tóxica; “VIII - portar arma; “IX - praticar insubordinação grave. “§1º A penalidade de suspensão variará de três a trinta dias, dependendo da gravidade da falta cometida e demais circunstâncias que envolverem a irregularidade. As ações políticas dos estudantes são reprimidas com a desculpa de “insubordinação grave”, depredação do patrimônio da universidade”, entre outros argumentos. docente, discente ou administrativo, ou usuário dos serviços da Instituição; “IV - retirar, sem permissão da autoridade competente, objeto ou documento da Universidade; “V - praticar ato atentatório à moral ou aos bons costumes; “VI - apresentar-se intoxicado ou embriagado nas atividades escolares; “VII - portar de forma ile- “§2º A suspensão implicará na consignação de falta aos trabalhos escolares, durante o período em que perdurar a punição. “Artigo 3º Será aplicada a pena de eliminação nas seguintes hipóteses: “I - reincidência em falta punível com suspensão; “II - agressão física ou moral a docente, servidor ou aluno, ou usuário dos serviços da Instituição; “III - adulteração de documento, ou utilização de documento falso. “§1º Não será objeto de punição o ato de agressão que decorrer de legítima defesa devidamente comprovada. “§2º A eliminação importará no cancelamento da matrícula, nos termos do inciso II do artigo 31 do Regimento Geral”. Na prática, como estamos vendo agora com as sindicâncias abertas contra estudantes que ocuparam a reitoria, as ações políticas dos estudantes são reprimidas com a desculpa de “insubordinação grave”, depredação do patrimônio da universidade”, entre outros argumentos. Pelas suas características,o código abre a possibilidade de punir qualquer estudante, bastando a burocracia universitária querer, pois nele são condenados desde a insubordinação até aspectos comportamentais. Pelo fim do Código de Ética Este é mais um exemplo de como funciona a estrutura de poder na universidade. Todo poder está concentrado em uma cúpula de professores que dirigem a universidade atendendo seus interesses REPRESSÃO NA UNIFESP UNIFESP Burocracia corrupta julgará se estudantes serão expulsos Punir a burocracia corrupta e não os estudantes Enquanto a burocracia universitária, acusada de desviar uma quantia de quase 200 milhões de reais da verba da universidade, está completamente impune, os estudantes que ocuparam a reitoria da universidade estão respondendo um processo de sindicância e outro criminal. Não bastasse isto, algo que por si só já é um grande absurdo, o processo que poderá decidir sobre a expulsão dos estudantes envolvidos no processo será julgado pela própria burocracia universitária que apoiou o reitor Ulysses Fagundes Neto, mesmo depois das denúncias, e que participou ou diretamente ou como cúmplice dos casos de corrupção. O processo, além de ser um enorme ataque aos direitos políticos dos estudantes é uma fraude do início ao fim. A comissão é composta quase que na sua totalidade por professores que apoiaram a gestão anterior e os estudantes que estão prestando depoimento estão sofrendo um verdadeiro assédio moral por parte destes professores. As perguntas feitas por estes professores na comissão são to- das no sentido de condenar os estudantes, algumas delas são: “por que vocês quebraram tudo durante a ocupação?”, “por que agrediram os seguranças?”, “por que entraram com os rostos tampados?” etc. Pode–se perceber que nem de longe esta comissão está interessada em apurar os fatos, os estudantes como culpados já é fato dado por estes professores. Um caso que fica claro de como são estes processos de sindicância está acontecendo na própria Unifesp. Dois estudantes do campus Guarulhos estão sendo acusados injustamente de retirar as câmeras que foram instaladas para monitorar os estudantes na universidade. O processo ainda está em andamento e as testemunhas dos acusados ainda não foram ouvidas e eles ainda podem apresentar defesa por escrito, no entanto a comissão disciplinar já encaminhou a pena de suspensão e o ressarcimento do valor das câmeras. Segundo o procedimento padrão da Unifesp, a comissão disciplinar “apura os fatos” (leia-se condena os estudan- tes) e remete a decisão aos pró-reitores ou ao reitor, em caso de expulsão. Isto significa que os estudantes que estão sendo reprimidos por lutar contra a burocracia corrupta da universidade podem ser expulsos pela ordem de Walter Albertoni, atualmente candidato a reitor e antigo pró-reitor na gestão Ulysses e que entre outras coisas está sendo investigado de corrupção pelo Ministério Público. A burocracia universitária da Unifesp não tem condições políticas nem morais de julgar qualquer estudante. Os professores envolvidos nos escândalos de corrupção, direta ou indiretamente, querem condenar os estudantes em um processo totalmente fraudulento para tentar inibir a ação independente do conjunto dos estudantes que estão vendo com as inúmeras denúncias o verdadeiro funcionamento da universidade, onde os corruptos administram a instituição em causa própria e de grupos capitalistas e os estudantes que não concordam com estes atos tem seus direitos políticos simplesmente cassados. ELEIÇÕES-FARSA PARA A REITORIA DA UNIFESP Enquanto os estudantes que lutaram contra a política da reitoria estão sendo ameaçados de expulsão e sendo intimados pela polícia federal, a corrupta burocracia universitária permanece impune. A situação política da Unifesp, que tem sua administração mergulhada em inúmeras denúncias de corrupção impunes e os estudantes que lutaram contra a atual estrutura de poder sofrendo inúmeras perseguições por parte desta mesma administração é um grande exemplo de como funciona o regime político dentro da universidade. Somente este ano, os escândalos de corrupção envolvendo a burocracia universitária chegaram à quantia de quase R$ 200 milhões de reais. Foram de viagens à Disney, em Orlando, com dinheiro do cartão corporativo, até o desvio de verba de mais de 178 milhões de reais do orçamento dos anos de 2005 e 2006. Nem o dinheiro que deveria ser destinado ao precário Hospital São Paulo (hospital administrado pela Unifesp) passou em branco. Na época em que o ex-reitor, Ulysses Fagundes Neto, era diretor do departamento de pediatria da universidade foram desviados R$ 600 mil reais, conforme denúncia apresentada pela imprensa e investigada pelo ministério público. Embora tenham cometido todos estes crimes, a burocracia universitária, a começar por Fagundes Neto, permanecem impunes e ao que tudo indica os resultados dos processos abertos contra eles, continuarão assim. Não apenas permanecem impunes como o mesmo grupo político faz continua na reitoria e pessoas que se envolveram diretamente nos desvios de verba estão concorrendo ao cargo de reitor, como é o caso de Walter Albertoni e de Luís Eugênio, que desistiu da candidatura no início da semana. Situação oposta vivem os estudantes que lutaram contra a corrupção da burocracia universitária e a destruição do ensino promovida por ela. Os estudantes que ocuparam a reitoria da universidade no dia 14 de junho estão respondendo a um processo de sindicância e agora estão sendo chamados a depor em um processo criminal, acusados de crime fazendário, o que pode incluir entre outras coisas, desde crime contra o patrimônio público até formação de quadrilha. O contraste da situação da corrupta burocracia, que mes- particulares. Na Unifesp é o reitor, segundo o próprio código de ética quem é responsável por tomar a decisão de aplicar ou não a penalidade de expulsão a um estudante em processo de sindicância, o que é algo absolutamente antidemocrático, porque concentra o poder da decisão nas mãos de uma única pessoa que sequer foi eleita para ocupar o cargo, mas indicado pelo presidente da República. Na Unifesp são inúmeros os casos de sindicâncias abertos contra estudantes. Os casos vão desde os estudantes que ocuparam a reitoria até um caso no campus de Santos, onde um aluno está respondendo um processo devido a um desentendimento com uma professora. O caráter ditatorial da universidade tem sua origem na dominação que os professores exercem sobre a universidade, que não é nada mais que o domínio do estado sobre a instituição. Os estudantes da Unifesp devem lutar pelo fim do código de ética como uma reivindicação contra a repressão que os estudantes sofrem dentro da universidade, que tenta através do governo e da burocracia dos professores impedir manifestações estudantis em diversas áreas, principalmente a política. mo depois de todas as denúncias continua com os mesmos privilégios e a situação dos estudantes é uma prova cabal que todo o sistema policial estabelecido no interior da universidade com a desculpa moral de preservar a segurança dos estudantes serve apenas para tentar manter o poder da burocracia universitária. A instalação de câmeras, aumento do número de seguranças, presença constante da polícia, regimento interno da época da ditadura militar, etc., tudo isto está sendo usado para intimidar e inibir a luta estudantil. Com a crise da burocracia universitária, uma manifestação da crise do regime político, os estudantes estão rompendo com o sistema de coação política e ideológica existente dentro das universidades. Isto vem ameaçando o domínio da burocracia dos professores e tem um grande significado político porque a onda ascendente de todo o movimento estudantil a nível nacional expressa o rompimento da burguesia com a pequenaburguesia, uma condição fundamental para o desenvolvimento das lutas operárias no País. Neste sentido, a luta contra o regime universitário dirigido por uma burocracia ligada aos professores e contra a repressão ao movimento estudantil deve ser uma prioridade e é fundamental para conquistar a independência política do movimento estudantil em relação à burguesia e a liberdade de manifestação política dentro das universidades. CINISMO DA BUROCRACIA NA UNIFESP Eleições: quem será o novo Ulysses? Walter Albertoni: promessa de dar continuidade à gestão Ulysses O debate realizado na última segunda-feira, dia três de novembro, entre os candidatos a reitor da Unifesp, Walter Albertoni e Aron Jurkiewicz, demonstrou que a única disputa em jogo é para ver quem vai dar continuidade à política da gestão anterior de Ulysses Fagundes Neto. Depois da desistência dos candidatos Luís Eugênio Mello e Nestor Schor, o último desistiu para apoiar Albertoni e se candidatar para a eleição de vice-reitor, que ocorrerá em 2009, restaram somente os dois candidatos. Assim como nas eleições para o estado burguês, os dois candidatos se limitaram praticamente a fazer promessas de campanha. Uma outra marca do debate foi justamente a que os dois candidatos fazem parte da mesma burocracia que dirige a universidade. Embora o candidato Aron Jurkiewicz tente se apresentar como um professor que não esteve presente na gestão anterior, ao contrário de Albertoni que era pró-reitor de extensão e teve que renunciar junto com Ulysses Fagundes Por outro lado, Albertoni, que conta com o apoio da maioria dos professores e da burocracia universitária, apresentou no debate diversos pontos que são apenas a continuidade da política de Ulysses, encobertos com demagogia eleitoral. Os estudantes devem ampliar a campanha pelo boicote às eleições explicando através de uma ampla agitação e propaganda que a eleição é A única disputa em jogo é para ver quem uma farsa, pois vai dar continuidade à política da gestão quem escolhe o reitor é Lula, anterior de Ulysses Fagundes Neto através da india continuação do Reuni, para cação pela lista tríplice. O concitar um exemplo. Aron é liga- trole da burocracia dos profesdo ao governo Lula e ocupa um sores sobre a universidade é a cargo de confiança no Ministé- razão pela qual na eleição e em rio da Ciência e Tecnologia, o todas as outras oportunidades que explica o fato de no debate a comunidade acadêmica, prindemonstrar inúmeras vezes cipalmente os estudantes, não apoio à política do governo fe- pode decidir sobre os rumos da deral para a educação. instituição. Neto, portanto um oposicionista, ficou claro que isto não passa de propaganda eleitoral. Durante o próprio debate o candidato concordou com vários pontos da gestão anterior, como A candidatura de Walter Albertoni, pró-reitor na gestão Ulysses e obrigado a renunciar junto com este por causa dos escândalos de corrupção, revela que a eleição na Unifesp tem como único objetivo manter a mesma burocracia que domina a universidade no poder. Uma das principais propostas do candidato Albertoni revela isto. Ela consiste em dar continuidade a reforma do estatuto nos mesmos moldes que começou durante a gestão de Fagundes Neto. Devido à expansão coma abertura de novos campi, a Unifesp está sendo obrigada a reformar seu estatuto, adequando-o à sua nova realidade. Para realizar esta tarefa, a reitoria, ainda durante a antiga gestão, resolveu fazer este processo excluindo totalmente a comunidade acadêmica, encaminhando ao Consu (Conselho Universitário) a proposta de formação de uma comissão com membros do próprio Conselho Universitário para elaborar uma proposta e encaminhar para que fosse apro- vada posteriormente pelo próprio Consu. A manobra para excluir a comunidade acadêmica era tamanha que chegaram a se opor à moderada proposta de que pessoas que não são do Consu participassem da comissão de reforma do estatuto. Esta comissão, dominada pelos professores do Consu foi presidida pelo então pró-reitor de extensão,Walter Albertoni. O agora candidato Walter Albertoni apresenta como uma de suas propostas centrais a continuidade da reforma do Estatuto nos mesmos moldes da anterior. Contra a manobra da reitoria de tentar pôr panos quentes na crise através da convocação de uma eleição-farsa, a AJR defendeu a proposta de convocação de um congresso estatuinte com representação proporcional dos três setores (funcionários, professores e estudantes), ou seja, com maioria estudantil. A proposta de um congresso estatuinte também está dirigida diretamente contra a comissão de reforma do estatuto escolhida pela reitoria. Por isso, não é uma proposta de solicitação à reitoria para realizar um Congresso, pelo contrário, está dirigida diretamente aos estudantes. É uma proposta de auto-organização dos estudantes para que estes se fortaleçam e se organizem para paralisar o poder que o Consu e a burocracia acadêmica tem sobre a universidade. Os candidatos na disputa e suas propostas apresentadas, como Albertoni e sua proposta de dar continuidade à reforma do estatuto excluindo a comunidade acadêmica, demonstram que a eleição para reitor da Unifesp é um jogo de catas marcadas. A campanha pelo boicote à farsa-eleitoral deve procurar esclarecer cabalmente o caráter da eleição, demonstrando que a comunidade acadêmica não tem nenhum poder de decisão neste processo eleitoral e o verdadeiro caráter das propostas dos candidatos, que é o de dar continuidade a política do ex-reitor Ulysses Fagundes Neto. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 USP Psol quer eleição clandestina para o DCE da USP Sem nenhuma divulgação e discussão política, o Psol no DCE da USP “convoca” eleição para a nova diretoria Para cumprir formalmente o estatuto da entidade, que prevê a convocação das eleições para nova diretoria em um mês, numa manobra pro forma, o Psol enviou um aviso eletrônico dia 23 de outubro que as eleições foram marcadas por eles. “ Eleições do DCE: 25, 26 e 27 de novembro As eleições para o DCE Livre da USP e Representação Discente nos Conselhos Centrais estão marcadas. As eleições ocorrerão dias 25, 26 e 27 de novembro, em todas as unidades da USP. O prazo para inscrição das chapas é dia 7 de novembro, até às 23h na sede do DCE. O Regimento Eleitoral aprovado no Conselho de Centros Acadêmicos segue em anexo. Procure se informar e participe!” Em primeiro lugar, esta lista de e-mails do DCE só atinge os que já participam de atividades do movimento estudantil e passaram o e-mail para o DCE, um número ínfimo de estudantes. Em segundo lugar, é ridículo que uma entidade estudantil de uma universidade do tamanho da USP, com mais de 80 mil estudantes realize um processo eleitoral... por email. As datas indicadas a portas fechadas em reuniões que nunca ninguém fica sabendo, não se tornam sequer públicas, já impedindo virtualmente a participação de todos no processo. O regimento eleitoral e o estatuto da entidade para serem encontrados precisam de um verdadeiro trabalho de busca nas entidades, o que demonstra que não há regras nem leis. Para o Psol, assim como seus seguidores do PSTU, tudo é determinado por conveniências e privilégios particulares. Não há divulgação nenhuma sobre os critérios para a participação das eleições e dos prazos para inscrições de chapas, debates, votação. É evidentemente um processo para manter a maioria dos estudantes fora e desinteressada pela entidade. Estas medidas facilitam a dominação e o controle pela burocracia estudantil, que presta favores à reitoria. Como ficou comprovado com a ocupação da reitoria da USP entre os meses de maiojunho de 2007, esta situação só se sustenta enquanto não há uma verdadeira mobilização dos estudantes. A prestação de serviços à reitoria e ao governo só pode ser mantida com a distância e o esvaziamento da entidade. O bando dos quatro tem a mesma política e se reveza de acordo com a situação, quando há a necessidade de um grupo mais esquerdista tomar à frente. Foi o caso da ocupa- ção da USP, quando o PTPCdoB que estavam no DCE cederam o lugar ao PsolPSTU, que atacaram sistematicamente o movimento para isolá-lo e logo depois derrotálo com o acordo de punição. O papel contrarevolucionário da frente popular O DCE deveria ser o centralizador e organizador da luta dos estudantes na univer- sidade e impulsioná-la. A ocupação da reitoria da USP desvendou o funcionamento das engrenagens da Frente Popular, isto é, da política levada adiante pelo governo burguês de Lula e a série de organizações atreladas direta e indiretamente a ele no movimento estudantil. Neste sentido, é necessário denunciar o golpe dado pela burocracia estudantil ao evitar a participação dos estudantes no processo eleitoral para se manter na entidade esvaziada. A participação e mobilização de um grande número de estudantes é que pode garantir a abolição da burocracia estudantil na entidade, uma casta, e constituir um movimento estudantil forte, capaz de impedir os ataques cada vez mais constantes à universidade pública e a repressão à sua livre organização e manifestação. ESALQ Estudantes tratados como criminosos Nesta segunda-feira aconteceria uma reunião com a diretoria e estudantes que estão sofrendo processo, mas não aconteceu porque as alunas não tinham um advogado. Diretoria quer punição máxima: expulsão. O tribunal da diretoria da ESALQ continua na sua luta contra os estudantes e a universidade. Nesta segunda-feira, foi marcada uma reunião com os três estudantes junto à diretoria para conversar sobre o processo. Sem a presença dos advogados das estudantes, a diretoria não continuou a reunião. Disse para as alunas arrumarem um advogado rapidamente, como se fossem criminosas. Conforme matéria já publicada por este jornal, as três alunas foram inocentadas pela polícia por não existirem provas suficientes. A paranóia da diretoria é tão grande que a intimação que os estudantes receberam diz que a diretoria da ESALQ quer a punição máxima para o caso, cujo crime só existe na cabeça da burocracia universitária. UERJ Psol e PSTU continuam apoiando parlamentares O DCE, Aduerj (associação de docentes) e Sintuperj (sindicato dos funcionários), representantes dos três setores da universidade Federal do Rio de Janeiro, dirigidos pela frente popular PSOL-PSTU, participaram nessa semana de uma audiência pública da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Participaram os deputados Comte Bittencourt (PPS), Marcelo Freixo (PSOL) e Alessandro Molon (PT). O reitor não compareceu à audiência, mas enviou o Coordenador de Planejamento Orçamentário da UERJ, Luís Teixeira. O objetivo dessa audiência, segundo o DCE, foi “discutir soluções para a crise de descaso pela qual a UERJ passa, receber denúncias e apurar a situação do orçamento, do reajuste salarial, do Plano de Carreira Docente e, lógico, do cumprimento daquilo que foi acordado entre a Reitoria e o nosso movimento de Ocupação”. Os deputados carreiristas, de partidos que atacam constante- mente o ensino público e gratuito, como no caso da Reforma Universitária, entre outras, fizeram demagogia apoiados pelas entidades estudantis e sindicais da UERJ, supostamente de oposição ao go- Essa manobra é uma tentativa de desviar o foco do movimento, que deve ser a verdadeira luta dos estudantes pelos próprios estudantes e não direcionar para os corruptos da ALERJ. verno. Mais uma vez esses partidos utilizam a UERJ para realizar propaganda de políticos e jogar a luta dos estudantes em espaços (Assembléia Legislativa, CESEP etc.) onde não há o interesse na melhoria das condições da universi- UFPB Não à privatização do Restaurante Universitário A universidade brasileira vive hoje sua pior crise. O que vemos é a decadência geral do ensino (baixa qualidade dos cursos, falta de verbas para atividades mais elementares, fechamento de cursos inteiros, etc.), o drástico corte de verbas do governo para a educação, retrocesso das atividades de pesquisa, o fechamento e cobranças de taxas nos restaurantes universitários, o descaso com a moradia estudantil, o incentivo a fundações privadas, o financiamento do ensino pago com dinheiro público, entre outros. Esta situação demonstra sem dúvidas que o processo de privatização da universidade pública está a todo vapor. Tais investidas contra a educação resultaram na perda gradativa do direito à assistência estudantil. Assim, os diversos Restaurantes Universitários foram sendo gradativamente privatizados. Uma operação que abriu espaço para que setores da inici- dade, mas com carreiras políticas e benefícios da burocracia, como foi feito com a ocupação da reitoria. Devemos lembrar que o DCE tomou conta da ocupação da reitoria utilizando ativa privada tivessem o direito de lucrar à custa dos estudantes, transferindo o dinheiro direto dos alunos para o bolso dos empresários. O sucateamento do RU da Universidade Federal da Paraíba pode ser constatado pela falta de estrutura que não consegue atender à demanda dos estudantes, obrigando os mesmos a enfrentarem gigantescas filas para terem acesso ao seu direito: alimentação gratuita! O descaso da política de assistência estudantil da reitoria reflete no fechamento para reforma do segundo espaço do RU que já dura mais de um ano. Na UFPB já esta em marcha não apenas o sucateamento, mas também a privatização do RU. Existe um projeto atual do Reitor Polari que visa à cobrança de taxas ditas simbólicas para o acesso à refeição que deveria ser um direito dos estudantes. Não se trata apenas de taxas simbólicas, mas de um conjunto de ataques à como palanque eleitoral de seus candidatos e jogou a ocupação e o congelamento do vestibular em esferas que os estudantes em espaços totalmente manipulados e ditatoriais, como o CESEPE, onde os estudantes são insigassistência estudantil promovida e a privatização aliança entre o governo e a reitoria e seus fieis escudeiros: a burocracia universitária e a burocracia estudantil. Nesse sentido, é necessário defender o fim de todas as taxas que dificultam a participação dos estudantes nas universidades, ou seja, livre acesso ao Restaurante Universitário. A situação enfrentada pelos novos campi ainda é pior, pois só existem projetos demagógicos na reitoria, uma vez que a construção do RU e das residências universitárias não passa de vaga promessa. A falta de condições mínimas de permanência levará, inevitavelmente, um número grande de estudantes a abandonar a universidade. Esta é a política do governo: cortar gastos à custa de um ensino público cada vez pior e sucatear as universidades para justificar as suas privatizações. Os estudantes da UFPB tem uma enorme luta a travar contra o sucateamento e as privatizações dos RU‘s. Apenas a unidade e a mobilização das amplas massas estudantis pode garantir o direito pleno à assistência estudantil. nificantes e o espaço é controlado pela reitoria. Agora faz a mesma coisa após a ocupação. Tentam assim iludir os estudantes que os deputados carreiristas intimamente ligados as falcatruas da Assembléia Legislativa possam intervir na luta. Quando ocorreu o incêndio na UERJ em 2007, essa mesma comissão esteve com o Reitor Vieralves para ver os estragos... e até agora nenhum problema foi resolvido, mostrando qual é o resultado desta política de se apoiar em parlamentares. Essa manobra é uma tentativa de desviar o foco do movimento, que deve ser a verdadeira luta dos estudantes pelos próprios estudantes e não direcionar para os corruptos da ALERJ. Os estudantes devem se organizar de forma independente, apoiados na sua própria luta e repudiar a política de jogar suas reivindicações nas mãos dos parlamentares, pois estes estão extremamente comprometidos com a política de destruição da educação. MOVIMENTO ESTUDANTIL 1 4 USP - LETRAS CAELL deve ser aberto à participação dos estudantes No curso de letras da USP, assim como em todo o movimento estudantil atualmente, o Centro Acadêmico é controlado pela burocracia estudantil, que tem como conseqüência de sua política um abismo entre a direção da entidade e os interesses dos estudantes, provocando o esvaziamento completo da entidade. Para manter seu “feudo” e controle da entidade contra a luta dos estudantes, o PSTU realiza as eleições-farsa de forma a evitar que os estudantes participem. O CAELL deveria promover a divulgação do processo eleitoral para a sua diretoria, permitindo que os estudantes possam participar e ter controle das eleições e que o futuro da entidade seja decidido democraticamente. Para que a entidade seja aberta à participação de todos os estudantes, sem ser impedido por uma burocracia a serviço da reitoria, é preciso realizar eleições democráticas. Neste sentido, as eleições devem ter como eixo trabalhar pela participação da maioria dos estudantes na vida do Centro Acadêmico, iniciando nas eleições, que deve ser um período de mobilização com um amplo debate político entre os estudantes. A burocracia estudantil da qual o PSTU é integrante não quer fazer um balanço da ocupação da reitoria da USP, por 51 dias, maior movimento dos estudantes dos últimos 30 anos em defesa da universidade. Uma mobilização que colocou o governo Serra contra a parede e iniciou uma nova etapa no movimento estudantil, sendo um movimento feito pelos estudantes por fora das entidades, onde suas direções se mostraram uma verdadeira barreira para as lutas. O CAELL, por exemplo, paralisado nas mãos do PSTU, não teve nenhuma participação na mobilização. Para colocar abaixo a verdadeira oligarquia estudantil que se consolidou nos CA’s, a diretoria deve ser proporcional e todos os estudantes que tiverem propostas e interesse em participar, devem ter o direito e, portanto, qualquer estudante ou grupo de estudantes deve ter o direito de inscrever uma chapa, sem a imposição de um número mínimo. Além disso, os estudantes devem lutar por um Centro Acadêmico que seja não por curso, mas representante de toda a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), para fortalecer o movimento dos estudantes de conjunto, e enfraquecer a burocracia que se sustenta na falta de participação dos estudantes. O centro acadêmico por curso facilita a dominação da panelinha formada no centro acadêmico e dificulta a unificação dos estu- DITADURA DO ENSINO PAGO Lista negra da educação entra em vigor em todo o País A iniciativa já foi aderida por mais de 700 escolas brasileiras, desde creches a universidades, que utilizam do serviço para barrar matrículas de “inadimplentes”, reduzindo ainda mais o acesso à educação. O constante sucateamento do ensino público e a falta de vagas nas escolas obriga a população a recorrer ao ensino privado como alternativa para manter os estudos em dia. Porém, os grandes capitalistas, verdadeiros tubarões do ensino, facilitados pelo governo federal, se utilizam da falta desta condição para elevar às alturas os preços das mensalidades, colocando muitos estudantes e pais de estudantes na situação de inadimplentes. A “lista negra” é inconstitucional. As escolas passariam a ter acesso a informações que serviriam apenas para coibir o estudante de ser matriculado em outros estabelecimentos, inclusive, mais baratos. Além disso, a população seria jogada de um lado para o outro no sistema educacional, pois de um lado encontra escolas públicas de péssima qualidade, sem a menor estrutura para receber uma grande demanda de estudantes, assim, ao apostar em uma alternativa, como a rede privada, se vê impedido de estudar. Segundo o assessor-chefe do Procon de São Paulo, Carlos Coscarelli, o cadastro é completamente ilegal, tomando por base a lei nº 9870 de 1999, que delimita o que é financeiro da questão social na educação. A lei impede que a escola possa bloquear uma matrícula por causa de inadimplência, ou reter documento e impedir que o estudante assista aulas ou faça provas. Serão cadastrados os pais ou responsáveis que tiverem um atraso no pagamento da mensalidade de pelo menos 90 dias. Além disso, o inadimplente não tem acesso à lista, sem saber, portanto, que seu nome está cadastrado. Pior do que no próprio sistema oficial onde o nome da pessoa fica “sujo”, mas ela tem acesso a isso e ele pode ser “limpo”, neste sistema somente as escolas poderão utilizar o servi- dantes, cuja luta é contra uma administração comum; a direção da FFLCH Apenas evitando a participação da ampla maioria dos estudantes é que será mantido o “grupo de amigos” na diretoria das entidades. Para que o Centro Acadêmico seja um instrumento para as lutas estudantis é necessária uma ampla mobilização para retirar a burocracia estudantil que é uma correia de transmissão da política da reitoria no movimento. Somos contra qualquer interferência da reitoria no movimento estudantil e no direito à livre organização dos estudantes. O ranqueamento, por exemplo, é o resultado do sucateamento da universidade pública e da Letras. Após passar por um processo de vestibular que impede o acesso da maioria da juventude à universidade, os estudantes da Letras são obrigados a fazer um segundo vestibular, como conseqüência aos sucessivos cortes de verbas promovidos pelo governo estadual e sancionados pelo governo federal que impedem que os cursos se estruturem minimamente. Propomos a realização de um congresso para a aprovação de novos estatutos mais democráticos e que contenham a ampla participação dos estudantes no CAELL. Propomos também a realização de novas eleições no início do ano para renovar o centro acadêmico e transformá-lo em um verdadeiro instrumento da luta dos estudantes. Defendemos que o centro acadêmico publique um órgão informativo regular e realize assembléias, reuniões e plenárias amplamente divulgadas para garantir desta forma uma ampla participação dos estudantes. - Não ao ranqueamento! - Mais verbas e contratação imediata de professores para a Letras! - Retirada imediata da PM do campus! - Total liberdade de organização e manifestação para os estudantes e o movimento estudantil - Cancelamento de todas as sindicâncias - Revogação de todas as punições! - Manutenção dos espaços estudantis - Fim das câmeras, do controle da entrada e todos os mecanismos totalitários de controle da vida estudantil - Defesa do ensino público e gratuito! - Mais verbas para a universidade pública! - Fim dos ataques à assistência estudantil (bandejão, moradia, bolsas) - Ampliação e melhoria das condições de estudo. ço. Sem saber que o nome está incluído na lista, o estudante pode receber das mais variadas desculpas das escolas que, para não contrariar a lei apresentada pelo Procon, pode alegar qualquer coisa e negar a matrícula, e nem o inadimplente poderá “acertar as contas”, uma vez que não sabe porque seu nome está sendo negado. “É importante lembrar que, mesmo inadimplente, o consumidor tem direitos. Ele não pode ser incluído em qualquer banco de dados sem ser avisado e ter a chance de negociar”, alegou Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor - Pro Teste. O ensino de qualidade é uma ficção no País, isso porque o maior interesse do governo não é o de oferecer os melhores cursos ou investir na educação de fato, mas sustentar os grandes tubarões do ensino. A educação foi transformada num grande pólo comercial, em mercadoria. O governo, ao invés de investir nas escolas e universidades públicas, para que estas possam receber cada vez mais estudantes, incentiva a população a financiar a máfia do ensino, dando ainda o dinheiro público para as instituições privadas e isenções fiscais. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 MOVIMENTO ESTUDANTIL 1 5 MORADIA DA UNICAMP Por uma administração dos próprios moradores! Um dos pontos mais polêmicos foi em relação às reformas. Os RD’s argumentaram que algumas mudanças estruturais das casas afetam diretamente na rotina dos moradores, Na última quarta, 5, ocorreu a casa onde guarda seus perten- como é o caso do espaço da a reunião do Conselho Delibe- ces e um espaço privado de cada “laje”, onde os moradores das rativo (CD) para discutir e de- estudante. Ter uma cópia das casas de piso superior instalacidir sobre os problemas da chaves sem, no mínimo ter vam o varal de roupas, já que Moradia. autorização dos moradores da este é o único espaço ao ar liAtualmente, a administração casa, é invasão de privacidade. vre desse tipo de casa. A preda Moradia é feita por um ConEm relação aos novos uten- feitura do campus, que é quem selho Deliberativo, composto sílios (fogões, geladeiras, ca- está coordenando as reformas paritariamente por professores deiras, mesas e colchões) que na Moradia, decidiu instalar um e estudantes, sendo cinco repre- chegaram e que foram distri- telhado neste mesmo local. sentantes de cada categoria, e buídos sem critério, deixando Assim, muitos moradores reum Conselho Executivo, com- muitas casas a ver navios, a clamaram de tal mudança, pois posto pela administradora e administração alegou que antes não havia mais onde estender funcionários da reitoria. de fazer o pedido, um funcio- suas roupas. Ao ser colocado Mesmo tendo, aparente- nário teria passado, em horá- que mudanças desse gênero, mente, o mesmo número de rio comercial, nas casas para que afetariam a rotina das cavotos entre professores e fun- fazer um levantamento da ne- sas, fossem decididas em concionários, o prefeito do cam- cessidade. Porém, muitos junto com os moradores, o pus, integrante da mesa, alegou moradores passam a maior prof. Édson, prefeito do camlogo no início da reunião que os parte do dia na Unicamp, como pus, alegou que não faria e nem Representantes Discentes (RD) um estudante normal. O le- esperaria assembléia de moranão teriam direito a voto porque vantamento deveria ter sido dores nenhuma para decidir ainda não foram referendados discutido entre os moradores, sobre as reformas, ainda sugeno Conselho Universitário para que o senso fosse realiza- riu que os moradores constru(Consu). Sendo assim, os mo- do no melhor horário confor- íssem um “grande varal coleradores não conseguiriam se me a rotina da moradia. Além tivo”. Os RD’s tentaram, então, fazer represenexplicar novamente que os estudantes moram tar na reunião, colocando em nas casas, que eles saxeque, inclusibem melhor do que os professores que mal ve, os pontos de pauta incluídos comparecem às reunipelos moradoões mensais da moradia sobre o que seria meres. Durante a selhor para os próprios mana que antemoradores, e que a decisão em conjunto decedeu a reunião do CD, os RD’s veria ser mantida, ou no Vista panorâmica da moradia Unicamp. pediram a inclumínimo haver um esforço para isso. A ressão de cinco pautas, mas, foram justamente disso, algumas casas que posta da burocracia foi: “As estas as menos discutidas. constavam na listagem como casas são da Unicamp e conceEm um dos primeiros infor- casos prioritários, como da didas a vocês”. mes apresentados, a adminis- B8-A (casa sem quarto onde a tradora, Josely, informou que a administração entulhou quatro A moradia não é administração teria uma cópia de moradoras irregularmente), um instituto! todas as casas devido aos pro- foram simplesmente riscados blemas de furtos. A moradia da lista, não havendo, portanA moradia não pode ser tranão é um instituto onde a dire- to, nenhum critério pré-estabeção tem as chaves das portas, lecido do recebimento dos no- tada como um laboratório de a Moradia é um conjunto de vos utensílios. Agora, os mo- informática da Unicamp, em casas onde moram estudantes radores terão que esperar mais que os computadores são cedide baixa renda que dependem do pelo menos quatro meses para dos aos estudantes. A moradia, espaço para continuar seguindo serem “agraciados” com fo- de fato, pertence à Unicamp, mas antes disso, está sob a resseus estudos, sendo, portanto, gões e geladeiras. Durante a reunião do Conselho Deliberativo, a burocracia universitária tentou a todo momento impor regras na Moradia que não correspondem aos interesses dos moradores UNICAMP ponsabilidade dos estudantes que vivem lá. São os estudantes que se esforçam para manter o local agradável, em contato com a comunidade, que se preocupam em desenvolver projetos para a melhor utilização dos espaços coletivos. Só conhece a rotina da moradia, quem mora lá. Portanto, esta burocracia, que mal freqüenta a moradia, que sequer entende as regras de vivências criadas pelos próprios moradores, não tem as mínimas condições para deliberar sobre a casa dos estudantes. A própria burocracia teve que admitir isso quando a questão do fechamento do Ateliê sem a consulta dos moradores foi levantada. O Ateliê é um espaço de trabalho que foi transformado em um problema para a administração. A questão é que a maioria dos estudantes que utilizam o local, procuram desenvolver projetos artísticos para o Ateliê, e isso ocorre já desde 2002. A proposta da administração para o uso do Ateliê é que a chave ficasse na portaria e que o segurança abrisse e fechasse a porta, ou seja, os moradores não teriam acesso livre ao espaço que foi construído, e sendo o último espaço coletivo de acesso livre aos estudantes, os moradores se colocaram contra. O prefeito do campus foi obrigado a concordar com os moradores, mas alegou que não queria deixar a responsabilidade sob nenhum segurança do campus, para evitar problemas para ele, ou seja, sua proposta gira em torno de um interesse pessoal e não do conjunto dos moradores. Mesmo depois de muita discussão, a burocracia enrolou e procurou se esquivar do problema a todo custo, não decidindo nada de fato no final. Mais verba para a Moradia! Uma das questões que gerou mais discussão foi em relação ao orçamento da moradia. Como é de praxe nessas reuniões do Conselho, a administração não apresentou novamente o orçamento da moradia. Todas as reuniões os RD’s exigem as planilhas de gastos da moradia, mas a administração sempre arruma uma desculpa para não apresentá-la. A administradora procura se justificar apresentando oralmente e superficialmente os gastos da moradia. Segundo ela, mais da metade da verba é gasta com o pagamento dos funcionários da limpeza e administração, e o restante é distribuído entre jardinagem e compra de materiais. Nesta reunião foi apresentado um aumento de 50% no consumo da água das casas entre o mês passado e este mês. Tão logo a burocracia começou a culpar os moradores e apresentar novas taxas de cobrança, foi denunciado pelos próprios moradores que há anos reclamam das constantes torneiras, vasos e chuveiros quebrados, e que sempre que solicitam o conserto à manutenção, os funcionários alegam que não há material disponível e que os moradores devem se responsabilizar pela compra de novas torneiras, borrachas, pias e descargas. Muitas das vezes, os moradores não têm condições de arcar com os gastos, ou não conseguem comprar os materiais, pois as aulas são no mesmo horário do comércio, perdurando o problema por meses seguidos. A proposta da burocracia é que fosse realizada uma campanha de conscientização, e que se o problema fosse mantido, que as taxas e cotas de consumo fossem revistas. O que ocorre na verdade, é que a SANASA, empresa de água e saneamento ambiental de Campinas, montará uma nova estação de tratamento em Barão Geraldo (Distrito onde se localiza a Unicamp), e que assim que entrasse em funcionamento cobraria um serviço a mais da Unicamp. Antes que a Unicamp gaste mais com o básico da qualidade de vida, ou seja, o saneamento básico, a burocracia já se articula para jogar a culpa em cima dos estudantes. A falta de verba na moradia já colocou por diversas vezes os moradores em risco. A verba que a moradia recebe mal cobre os gastos com salários de funcionários e jardinagem, que dirá dos problemas internos e estruturais, como é o caso das torneiras e janelas que quebram com freqüência. Mesmo sabendo da dificuldade em administrar o orçamento de maneira adequada, a administração insiste em não apresentar o orçamento aos moradores. A verba da moradia deve ser administrada pelos moradores, para que seja investida de maneira a atender as necessidades prioritárias do local. Por uma administração dos moradores! Invasão de privacidade, arbitrariedades e falta de estrutura são fruto de uma administração feita por uma casta minoritária de professores ligados diretamente à burocracia do Estado. O único interesse dos professores em administrar a moradia, é o trampolim carreirista, o aumento do salário e a contenção da organização dos estudantes, uma vez que a maior parte das mobilizações do movimento estudantil, como a ocupação da reitoria e o movimento TABA (ocupação de dois anos do ciclo básico), foram tocadas pelos moradores. Como ficou explícito durante a reunião do Conselho Deliberativo, a burocracia procura administrar a moradia conforme seus interesses, e não para atender as necessidades dos moradores em busca de uma vivência de qualidade na moradia. As deliberações da moradia devem ser realizadas pelos moradores. Somente os moradores sabem quais são as reais necessidades da Moradia, portanto são os únicos capazes de administrar o local de maneira a buscar um desenvolvimento maior pela vivência entre estudantes, buscando uma “morada” de qualidade. Desde o desenvolvimento de projetos, até a compra de materiais para a manutenção preventiva. MORADIA DA UNICAMP Engenharia Mecânica abre as Administração nega Centro portas para empresas privadas de Vivência para moradores Depois do expressivo aumento de vagas do curso de Engenharia Mecânica da Unicamp - de 60 vagas em 2002 passou-se a admissão de 140 estudantes em 2003 -, que não foi acompanhado de maneira nenhuma pelo aumento de verbas e de infra-estrutura, o curso se viu com uma queda de qualidade evidente. A ampliação não foi acompanhada nem do aumento do corpo docente, nem do aumento da infraestrutura para dar conta do contingente de estudantes. As salas de aula ficaram lotadas e os laboratórios tanto de engenharia quanto de informática não suportavam a quantidade de estudantes. A única “solução” que tanto a burocracia governamental quanto universitária enxergaram foi a de deixar que empresas privadas financiem o que o Estado deveria garantir. Assim, a sala de computadores da Mecânica foi privatizada e ganhou o nome da empresa que a financiou: tornou-se a Sala Schaeffler. A princípio, pareceu aos olhos dos estudantes que se tratava de um bom negócio. A sala ganhou equipamentos mais avançados, foi instalado ar condicionado e a sala foi toda renovada, tornando-se mais agradável para os estudantes. O que se viu depois foi uma mostra do que, de fato, ocorre quando se privatiza um espaço que era público. A sala deixou de ser um domínio dos estudantes e passou a restringir o acesso aos estudantes. A sala serve aos estudantes de Engenharia Mecânica e Mecatrônica. Estes últimos utilizam os computadores mais ainda devido à linha que segue o curso, e tem suas aulas dadas no período noturno. A sala, antes de ser privatizada, ficava aberta durante toda a noite. Era comum ver estudantes virarem a noite dentro da sala, fazendo trabalhos acadêmi- cos. Há também alguns programas que demoram horas para terminar de fazer cálculos e dar os resultados esperados. Então, muitas vezes, os estudantes deixavam as máquinas trabalhando durante a noite e somente no dia seguinte iam terminar os trabalhos com os dados assim obtidos. Acontece que, logo depois de privatizarem a sala, esta passou a ser fechada a partir das 22h30, de segunda a sextafeira, além de simplesmente não abrir nos fins de semana. Quando chega o horário, todas as máquinas desligam automaticamente e a sala é fechada. Assim, o que a princípio pareceu um “presente” para os estudantes, no fim mostrou-se como um Cavalo de Tróia, revelando seu verdadeiro caráter. A desculpa apresentada pela diretoria para o fechamento da sala, como de costume, foi a questão da “segurança”: a sala deveria ficar fechada para que ninguém roubasse nada dela. Essa tem sido a desculpa mais usada para o aumento da repressão contra todos os setores que representam a maioria, estudantes, camponeses e operários. É a mesma desculpa que visa pôr polícia dentro das universidades para perseguir o movimento estudantil, a polícia nos bairros para prender operários e pistoleiros no campo para assassinar os trabalhadores sem-terra. O problema da privatização dos espaços públicos vai ainda mais longe. Nenhuma empresa aceita financiar algo sem ganhar nada em troca. É muita ingenuidade acreditar que uma empresa daria dinheiro para financiar algo sem garantir nenhum retorno para si (como tentou afirmar o Psol ao aceitar dinheiro da Gerdau para fazer campanha no Sul nessas últimas eleições). O interesse das empresas em financiar universidades públicas é a compra da pesquisa em tal instituição. A empresa entra com o dinheiro e a universidade entra com os cérebros, mãode-obra qualificada e barata, como são os estagiários, ou mesmo pesquisas feitas de graça pela universidade, que são doadas para que a empresa use a tecnologia desenvolvida para obter mais lucros. Não apenas a pesquisa será feita para a empresa, mas a única pesquisa possível de ser realizada será a que interessar a empresa. Os estudantes de ambos os cursos - Mecatrônica e Mecânica - se mobilizaram para discutir o problema e lançar propostas para que a sala voltasse a ser acessível para os estudantes quando eles precisassem. Após conversar com a diretoria, esta garantiu que a sala voltaria a estar aberta em períodos de provas e entregas de trabalho, que são os períodos em que a sala é mais solicitada. Ou seja, os estudantes foram obrigados a pedir “por favor” para usar “de vez em quando” uma sala que deveria pertencer a eles. A privatização dos espaços da universidade pública nada mais é do que a dominação da ciência pela burguesia de forma mais acabada, que a utilizará não para seu desenvolvimento e aplicação para solucionar problemas da humanidade, mas sim para obtenção de lucros e satisfação de interesses de uma minoria em detrimento da maioria. É necessário ressaltar ainda que o processo que ocorreu no curso de Engenharia Mecânica da Unicamp é o mesmo que ocorre em nível nacional: os governos procuram sucatear ao máximo o ensino público, por exemplo cortando verbas, para depois usar como pretexto o estado lamentável em que foi deixada a universidade para promover sua privatização. O acesso livre aos espaços coletivos da moradia acabaram. A administração se negou a devolver o último Centro de Vivência aberto depois de fechar o Ateliê. Os estudantes da moradia da Unicamp estão planejando há alguns meses um projeto de integração dos moradores. O projeto tem como objetivo a reativação do CV-04 (Centro de Vivência) que visa a criar um espaço para lazer e discussões. O CV-04 é um dos últimos espaços de vivência coletivos da moradia. Atualmente existem salas de estudo, Centros de Vivência (CV) e as Torres. Todos estes espaços estão ocupados com projetos de extensão organizados pelos próprios moradores, porém o CV-04 ainda estava livre para receber um novo projeto. Desde 2005, os moradores enfrentam dificuldades em utilizar o CV-04. Isso porque até quatro anos atrás o espaço estava desativado devido a uma infestação de abelhas que colocavam os moradores em risco. Depois de se livrar das abelhas, a moradia passou a utilizar o CV como depósito de materiais. Em 2006, os moradores organizaram o II Festival Artístico-Cultural Virada da Lua e exigiram a reutilização do CV-04 para lazer dos moradores. O CV foi desocupado e lá foram instalados um fogão industrial, uma cozinha e banheiros para o uso coletivo dos projetos dos moradores. Com as reformas dos blocos, a administração no início do ano de 2007, assinou um contrato com a empresa de construção sem consultar os moradores, permitindo a utilização do CV04 novamente como depósito das obras. Com isso, os moradores estão impedidos de reativar o CV e colocar o projeto de integração em prática. Essa foi uma medida arbitrária da administração da moradia, pois além de tomar uma decisão que influencia diretamente na vida dos moradores sem consultá-los, colocou em risco todas as casas ao redor. As reclamações dos vizinhos do CV04 são recorrentes. Em diversas reuniões do Conselho Deliberativo foi denunciado que os funcionários da empresa responsável pelas reformas estariam utilizando o campo de futebol em frente ao CV para realizar festinhas particulares, além de usar o campo como estacionamento, estragando o gramado. O espaço foi tomado por madeiras e demais materiais de construção, o que permite a formação de ninhos de ratos e animais peçonhentos próximo às casas. Este não foi o único espaço coletivo tomado pela administração. O Ateliê é um espaço conquistado pelos moradores depois de muita luta. É um espaço de convívio e de trabalho dos moradores. É no Ateliê, por exemplo, onde são criados os materiais de alegoria do carnaval de rua de Barão Geraldo (Distrito onde se encontra a Unicamp), também é no Ateliê que funciona a “TV Piolho”, televisão livre dos estudantes da Unicamp. Durante todo esse ano os moradores sentiram dificuldades em acessar o espaço. Isso porque a chave, que antes era controlada por quem trabalhava no Ateliê passou a ficar sob o domínio da segurança, dificultando o acesso livre dos moradores. No início deste semestre, a segurança, orientada pela administração, fechou o espaço sem consultar se quer os moradores que trabalham no local. O fechamento do Ateliê prejudicou não só a reunião de moradores que ocorria no local, mas todo o trabalho artístico dos moradores e deixou a televisão dos estudantes fora do ar, sem contar o bloqueio dos materiais que estavam guardados no espaço. Em uma reunião com a administração no último dia 30 de outubro, sobre o projeto de integração, a administração se negou a negociar com a empresa para a devolução do CV-04. Durante a reunião, a administradora Josely tentou “empurrar” o projeto para outros espaços, como por exemplo, as Torres. Uma medida inviável, uma vez que as paredes da Torre são as mesmas dos quartos das casas, não podendo assim haver barulho no local. O projeto prevê uma sala de jogos, exibição de filmes e reuniões e não pode ser realizado em qualquer lugar, e muito menos onde possa prejudicar outros moradores. Outra tentativa da administradora Josely, foi o de fazer o projeto acontecer junto à biblioteca. Outra proposta inaceitável, pois seria ocupado um espaço que também foi conquistado a duras penas e pensado para ser uma biblioteca e se desenvolver nesse sentido. Os moradores não podem aceitar que a administração continue tomando tais medidas autoritárias. Tanto o CV-04 quanto o Ateliê devem ser imediatamente devolvidos aos moradores e geridos por estes. Assim como as deliberações da moradia, seja de mudança de espaço, seja de orçamentos ou regras de vivência devem ser decididas por quem mais tem interesse sobre a moradia, ou seja, os próprios moradores. São os moradores que enfrentam as dificuldades cotidianas da moradia, são eles que moram, estudam e vivem lá, ao contrário dos professores que se propõem a estar na administração por uma questão carreirista e que não dependem do local para manter um vínculo com a universidade e poder estudar, os moradores são os únicos capazes a administrar o local de maneira democrática e que atenda prioritariamente às suas necessidades, uma vez que são os únicos verdadeiros interessados. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 1928-2008 PARTE III HISTÓRIA 16 A SANTA MÁFIA A obra contra-revolucionária da Opus Dei de 1966, o general Juan Carlos Onganía (1966-1970), membro da Opus Dei, liderou um golpe de Estado após um período de “retiro” religioso numa das escolas da “Obra”. Sob a sua tutela destruiu uma série de conquistas sociais até então em vigor, como a escola laica. Sempre que os militares estiveram no poder a Opus Dei esteve muito à vontade. Na ditadura do general Jorge Videla (19761981), este conferiu muitos favores e elegeu vários membros A América Latina é um dos prin- peruana durante duas décadas”. da Opus Dei para as instituições cipais redutos da Igreja Católica, Em janeiro de 2001, o próprio do regime. Mas nos tempos de que se apóia sobre as estruturas escritor peruano conservador “democracia” a organização políticas e econômicas atrasadas Vargas Llosa disse na Univer- também foi muito favorecida. do continente. Não por acaso VLGDGH 3HUXDQD GH &LrQFLDV No governo de Carlos Menem houve várias ditaduras militares Aplicadas que “a Opus Dei é (1989-1999), vários dos seus minas últimas décadas. A Igreja um setor muito minoritário, mas nistros eram numerários da Opus exerce nesta parte do mundo poderoso, totalmente integrado Dei7DPEpPGXUDQWHRJRYHUQR IRUWHLQÀXrQFLDLGHROyJLFDHQWUH na ditadura e que vai ser um obs- justicialista de Néstor Kirchner a classe operária e apoiou todas táculo para a democratização”. (2003-2008), o ex-ministro da as ditaduras de direita contra o Fugimori é um supranumerário e Justiça, Gustavo Béliz, foi um ascenso revolucionário dos tra- durante seu governo foi apoiado reconhecido ministro da Opus balhadores. Uma das principais pelo direitista Partido Renova- Dei. Ele já havia representado o frentes da direção da Igreja na ção Nacional, cujo presidente é governo Menem e foi um dos caAmérica Latina foi o combate à o numerário Rafael Rey. beças da “Obra” na Argentina. FUHVFHQWHLQÀXrQFLDGD7HRORJLD O arcebispo de El Salvador, A Opus Dei está por trás de golda Libertação, escola fundada Fernando Saenz Lacalle, um dos pes e tentativas de golpes contra pelo teólogo peruano Gusta- principais numerários da Opus os governos que não lhe convo Gutiérrez, levado à frente Dei IRL XP LPSRUWDQWH DUWt¿FH vinham e que não convinham também pelo norte-americano de todas as ditaduras militares e ao imperialismo e à burguesia Cornell West e pelo brasileiro sabe de todos os assassinatos e local. Em ação conjunta com /HRQDUGR %RII$ 7HRORJLD GD desaparecimentos de milhares de Washington e a CIA, a podero/LEHUWDomRIRLEDVWDQWHLQÀXHQWH membros que foram da oposição, sa seita católica esteve por trás entre as Comunidades Eclesiais incluindo membros da própria da tentativa frustrada de golpe de Base (CEB) a partir da dé- Igreja, como a morte do arce- contra o presidente venezuelano Hugo Chávez. O ex-embaixador dos EUA em Caracas até agosto de 2004, Charles Shapiro, e o ex-assessor do presidente norte-americano para assuntos latino-americanos, Otto Reich, são membros destacados da Opus Dei. O frustrado golpe de abril de 2002 fora planejado por memEURVTXDOL¿FDGRVGDOpus Dei. O empresário Pedro Carmona, que havia se auto proclamado presidente quando Chávez deixou o poder por dois dias, é da Opus Dei e a proclamação política sobre o anúncio do golpe foi redigida por sua organização. O deputado José Rodriguez Iturbe – nomeado ministro das Relações Exteriores durante o Golpe de Estado e membro da Opus Dei - é também um dos principais opositores de Chávez e está por trás de todas as conspirações contra o regime venezuelano, assim como o cardeal Baltazar Porras, também um golpista. A estatal petrolífera PDVSA foi cada de 70. Considerado pela bispo Óscar Romero. Escolhido durante muito tempo controlada cúpula eclesiásticas como um como arcebispo por seu conser- por membros ativos da Opus Dei ensinamento “marxista” por suas vadorismo, uma vez nomeado e desempenhou um papel central preocupações sociais e pela sua aderiu às denúncias durante a de sabotagem econômica. SROtWLFDGHHVTXHUGDD7HRORJLD Guerra Civil de El Salvador. Foi da Libertação nada mais é que assassinado em 24 de março de O Chile da Opus Dei uma ideologia liberal, de esquer- 1980 por um atirador de elite do Foi, no entanto, no Chile, o caso da burguesa, recoberta com um exército salvadorenho. certo verniz de vocabulário mar- Durante a crise financeira do mais importante da participação xista, em voga em todas as cores Uruguai em meados de julho da Opus Dei no regime militar. da esquerda latino-americana de 2002, vários membros da O Chile constituiu-se como a durante anos e, até mesmo, na família Peirano (donos do El segunda casa da Opus Dei depois própria burguesia nacionalista e Observador) foram presos, to- da Espanha, tanto que até hoje liberal. No entanto, o Vaticano dos membros da Opus Dei. Esta FRQWD FRP JUDQGH LQIOXrQFLD passou a combater essas idéias família está estreitamente ligada nas instituições bancárias e na com vigor, dando a tarefa à Opus ao Banco de Montevidéu, Banco indústria do País. Dei. A organização foi bastante Velox e várias outras instituições A “Obra” iniciou seus trabalhos contundente também no combate ¿QDQFHLUDVGR3DUDJXDLH%UDVLO no Chile com o golpe militar do ao movimento pró-aborto. Só no Banco de Montevidéu general Augusto Pinochet, após $³6DQWD0i¿D´FRPRSRGHVHU essa família desviou mais de a queda do presidente eleito referida esta organização, desen- US$ 390 milhões. Controlam pela frente popular, Salvador volveu-se com muita facilidade, também outros jornais e revistas Allende, que se suicidou no dia do golpe, em 11 de setembro de como se viu, durante o regime uruguaias. fascista espanhol de Francisco Na ditadura militar, a Opus Dei 1973. Para dar sucesso ao golpe, Franco. No continente america- esteve ligada à seita de Moon [do grande parte das armas adquiriQRWDPEpPQmRWHYHGL¿FXOGDGH sul-coreano Sun Myung Moon, das pelas Forças Armadas chilede se desenvolver. Em todos os ³DXWRSURFODPDGRWHUFHLUR¿OKR nas foi fabricada pela Industrial países obteve estreita relação de Deus depois de Adão e de Je- Engineering Designers Limited, com os governos e com os negó- sus Cristo”], um sustentáculo do controlada pela Opus Dei. A emFLRVGDFLUDQGD¿QDQFHLUD general fascista Gregório Alva- SUHVDIRLIXQGDGDSHORLUODQGrVH Na Nicarágua, durante a pre- rez (1981-1985). O governo do QXPHUiULR6HDPXV7LPRQH\TXH VLGrQFLD GH (QULTXH %RODxRV ex-presidente Luis Alberto La- foi professor de engenharia na (2002-2007), a Opus Dei man- calle (1990-1995) elegeu vários University College, em Dublin. teve uma ligação bem estreita membros da Opus Dei para o seu Pouco antes de morrer, José MaFRP HVWH JRYHUQR 7HYH QR gabinete. O ex-ministro da Saú- ria Escrivá de Balaguer disse que governo o ex-presidente do de, Carlos Delpiazzo, aprovou as dezenas de milhares de assasConselho Superior Eleitoral, Ro- neste governo medidas como a sinatos praticados pela ditadura berto Rivas, conhecido por todos suspensão da campanha contra a foram “necessárias”, admitindo como um membro da “Obra” e AIDS. Outro ministro, Mariano HOHPHVPRRTXHRV¿pLVFmHVGR mais conhecido ainda por seu Brito, proibiu as fecundações golpe negaram até hoje. envolvimento com corrupção e in vitro e o ex-diretor do Banco Sob o regime dos militares, a desaparecimentos de cheques na Central, Ramon Diaz, também Opus Dei enviou na década de 60 o sacerdote espanhol José instituição para qual trabalhou. foi um membro da Opus Dei. 1HVWHPHVPRSDtVRFDQDOGH79 O presidente de Honduras, o pró- 0LJXHO,EDxH]/DQJORLVSULQFLestatal também esteve envolvido imperialista Rafael Leonardo pal ideólogo da seita na América em corrupção, com denúncias Callejas (1990-1994), país onde Latina. Ele arregimentou dois contra membros da Opus Dei. José Maria Escrivá de Balaguer importantes apoiadores de PiNo Peru, os anos dourados da esteve exilado por alguns anos, nochet, Jaime Guzman e Alvaro Opus Dei aconteceram durante FRQFHGHXR³WtWXORGH¿OKRSUHGL- Puga, que logo se tornariam o governo contra-revolucionário lecto das Honduras” ao fundador editores do jornal El Mercurio. 2SDGUH,EDxH]/DQJORLVGHVHPde Alberto Fujimori, que lhe deu da “Obra”. o seu apoio irrestrito. Um dos No Haiti, o governo deposto do penhou neste jornal a curiosa mais ativos membros da “seita”, ex-padre Jean-Bertrand Aristi- função de “crítico literário”. o cardeal de Lima, Juan Luis de, que era contra a Opus Dei, Além do próprio Pinochet, ouCipriani, foi o braço católico foi alvo de várias conspirações tros dois dos principais membros dos assassinatos e perseguições contra este governo. Ele mesmo da Junta Militar, o general Jaime cometidos pelo sinistro ex-presi- D¿UPD WDPEpP TXH IRUoDV GRV Estrada Leigh e o almirante José dente peruano. O próprio cardeal EUA o haviam seqüestrado para Merino, foram membros supranão só admitiu as práticas deste tirá-lo do poder. Vive atualmente numerários ou cooperadores da Opus Dei. Dias após o golpe, governo como as defendeu: “As na África do Sul. mortes, os desaparecimentos e A Opus Dei está presente nos Escrivá viajou para Santiago do os abusos fazem parte da con- principais acontecimentos da Chile para celebrar uma ação frontação vivida pela sociedade história da Argentina. Em junho de graças em honra ao seu mais No dia 2 de outubro completaram-se 80 anos da organização católica Opus Dei, uma organização até pouco desconhecida, apresentada geralmente como um tipo de seita católica ou até mesmo uma sociedade secreta. No entanto, a idéia de “seita” só serviu para ocultar o fato de que esta poderosa organização formou dentro da Igreja um lobby político decisivo e se fundiu ao longo dos seus oitenta anos com todos os governos de direita e extremadireita, apoiando ditaduras militares na América Latina e o imperialismo mundial. Sua história foi construída em meio à corrupção, perseguição e assassinatos, incluindo até mesmo a suspeita de assassinato de um papa QRYR³¿OKRHVSLULWXDO´$XJXVWR Pinochet. 7RGR R SODQR RUTXHVWUDGR SHOD CIA foi estudado e planejado no detalhe no interior do Instituto de Estudos Gerais, pertencente à Opus Dei. Os fundadores deste instituto foram Álvaro Puga, Herman Cubillos, Pablo Barahona e Jaime Guzmán, todos membros da Opus Dei. Estes WUrVFXPSULUDPSDSpLVGHFLVLYRV na ditadura de Pinochet. Álvaro Puga foi o porta-voz de Pinochet, Herman Cubillos, ministro dos Negócios Estrangeiros e Pablo Barahona, ministro da Economia e presidente do Banco Central, tendo ainda Jaime Guzman como redator da nova Constituição. Barahona, também membro da Escola de Chicago, de Milton Friedman, foi responsável pela destruição das conquistas trabalhistas e sociais chilenas, levando a população às suas piores condições de vida. Pinochet morreu sem ser condenado por nenhum de seus crimes. Chegou a ser preso em regime domiciliar em Londres, mas logo em seguida um juiz espanhol, o Vaticano e a Opus Dei usaram de todo seu poder para mover o processo contra seu “filho espiritual” e o levando de volta para o Chile. Vale lembrar que no aniversário de 50 anos de casamento de Pinochet, celebrado em 1993, o papa João Paulo II enviou suas felicitações. No aniversário seguinte, em 1994, chegou a enviar por meio de uma videoFRQIHUrQFLD QRYDV IHOLFLWDo}HV ao seu “defensor da fé”. A Opus DeiSRVVXLDWpKRMHPXLWDLQÀXrQFLDHQWUHDV)RUoDV$UPDGDVH universidades chilenas. Dei a se ordenar sacerdote foi o Monsenhor Pedro Barreto Celestino, que após um período em Roma recebeu do próprio Escrivá sua ordenação sacerdotal, em 1971. Na verdade, o fundador da Opus Dei passou um tempo no Brasil, entre 22 de maio e 7 de junho de 1974, em São Paulo. Suas missas foram proferidas no Parque Anhembi, onde chegou a reunir cerca de WUrV PLO SHVVRDV H WDPEpP QR auditório Mauá, onde reuniramse duas mil pessoas. É claro que Escrivá não se apresentava como o fundador da organização que deu suporte ao regime fascista espanhol, aos golpes militares na América Latina e no Brasil e aos assassinatos e esquemas de FRUUXSomR QD SUDoD ¿QDQFHLUD em todo o mundo.. Em 28 de maio daquele mesmo ano, José Maria Escrivá foi acompanhado SRU ¿pLV H RXWURV PHPEURV GD Opus Dei durante uma romaria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. 'XUDQWH TXDVH WUrV GpFDGDV D Opus Dei trabalhou para consolidar seus trabalhos no País. A partir de 1975 já realizavam várias atividades culturais e VRFLDLVSDUDDJUHJDUPDLV¿HLV A essa altura já haviam inaugurado sedes no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Londrina, Brasília, Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Niterói e muitas outras cidades, onde atuaram com trabalhos menores, porém sempre centralizados pela Opus Dei em São Paulo. Até a década de 70, a Opus Dei dividia ainda a simpatia dos católicos de H[WUHPDGLUHLWDFRPD7UDGLomR )DPtOLDH3URSULHGDGH7)3 Segundo a própria organização, A “Obra” no Brasil a Opus Dei conta atualmente no Brasil com 1.700 membros, A Opus Dei não deixou de ter incluindo muitos padres e sacerEDVWDQWH LQÀXrQFLD QR PDLRU H dotes nas igrejas e dioceses. mais importante País da América Latina. Seus trabalhos no Nas entranhas Brasil tiveram início a partir da burocracia de 1957, em Marília, no estado de São Paulo, quando o então A Opus Dei tem forte presença bispo D. Hugo Bressane de nas universidades, principalAraújo insistiu com José Maria mente na USP (Universidade Escrivá que fosse instituído um de São Paulo), nas Faculdades centro da Opus Dei no País. Foi de Direito e Medicina. Vários então que alguns membros da membros e cooperadores da “Obra” se dirigiram ao Brasil, Opus Dei fazem parte do corpo o padre Jaime Espinosa Anta, o docente universitário, como o médico José Luís Alonso Nieto numerário Inácio Poveda Velase o advogado Félix Ruiz Alonso, co e o diretor Eduardo Marchi. considerados os fundadores da O professor da Faculdade de 0HGLFLQD/XL](XJrQLR*DUFH] Opus Dei no Brasil. Nesta mesma cidade foi fundado Leite, é um dos mais ativos ideótambém um centro feminino, logos da seita, divulgando incluiniciado com os trabalhos da VLYHSDQÀHWRVFRQWUDDHGXFDomR professora Gabriela Malvar Fon- mista. Existem membros da seca, da nutricionista Rosário Opus Dei também na Unicamp $ORQVRHGD¿OyVRID0DULD&ODUD (Universidade de Campinas), UFRJ (Universidade Federal do Constantino. Como previsto, um ano depois Rio de Janeiro) e UnB (Univera Opus Dei foi erguida em São sidade de Brasília). Paulo, capital, num apartamento Além das universidades, a Opus improvisado na rua Piauí, mas Dei possui também grande logo depois, em fevereiro de LQÀXrQFLD QR PHLRMXUtGLFR-i 1959, abriu um novo centro da na década de 50 essa era uma 5HVLGrQFLD8QLYHUVLWiULDGR3D- das suas principais instâncias caembu, na rua Gabriel dos San- de atuação. Um dos principais tos, nº 370. Como em Marília, membros em São Paulo foi José um centro feminino também foi Geraldo Rodrigues Alckmin, inaugurado, em maio de 1960, QRPHDGRPLQLVWURGR67)6XQD5HVLGrQFLD8QLYHUVLWiULD-D- SHULRU 7ULEXQDO )HGHUDO SHOR camar, na Rua Gabriel Monteiro governo Médici, em 1972, e tio da Silva, nº 613. Os trabalhos de do ex-governador de São Paulo fundação da Opus Dei seguiam Geraldo Alckmin, este também as mesmas estratégias desde a membro da Opus Dei. sua criação na Espanha por José 2FXSDPWDPEpPFDUJRVQR7ULMaria Escrivá, fundando centros bunal de Justiça de São Paulo. da Opus Dei HP UHVLGrQFLDV Ao menos 25% a 40% dos juízes universitárias para atrair jovens de primeira instância no estado são da Opus Dei, assim como estudantes de classe média. Outros membros da Opus Dei entre os promotores paulistas. vindos da Espanha e de Portugal Muitos processos e acusações chegaram ao Brasil. O padre FRQWUD LQÀXHQWHV MXt]HV H SURXavier de Ayala Delgado e um motores envolvidos na criação grupo de missionários impul- de milícias em são Paulo e no sionaram um trabalho de propa- Rio de Janeiro são arquivados ganda secreta da “Obra”. Jovens com a articulação dos membros universitários, profissionais da Opus Dei7DOpRFDVRGRDUliberais, operários (estes arre- quivamento do processo contra gimentados fundamentalmente Saulo Abreu Filho, ex-secretário para servirem como numerários, de segurança durante o governo ou seja, aqueles que se dedicam Alckmin, acusado de organizar integralmente à manutenção de verdadeiros esquadrões da morsuas sedes e centros), solteiros, te contra trabalhadores. casados participavam periodi- 1RUDPR¿QDQFHLURQmRpGLItFLO camente de cursos de formação LGHQWL¿FDUDVOLJDo}HVGD³2EUD´ e doutrinação católica. Partici- brasileira com a espanhola, pavam de “retiros espirituais” e de onde surgiu e o seu alinhacírculos cristãos. Muitos centros mento com o chamado modelo masculinos e femininos foram neoliberal decretado pelos cafundados em São Paulo ao longo pitalistas depois do período das da década de 60. Já em 1967, ditaduras militares. WUrV DQRV DSyV R JROSH PLOLWDU Com seus membros empregados a Opus Dei possuía no Brasil na cúpula do Banco Santander, vários centros escolares e cursos esta instituição comprou o Banesde teologia, como o Centro de pa e o Meridional, enquanto que Convívios Sítio da Aroeira, em o BBVA (Banco Bilbao Vizcaya Santana do Parnaíba, município Argentária) recebeu os ativos do da Grande São Paulo. No mu- Banco Excel-Econômico e do nicípio de Cotia, existiu nesta PROER (Programa de Estímulo mesma época a Casa Moinho, à Reestruturação e ao Fortaleque realizava os mesmos tipos cimento do Sistema Financeiro Nacional) durante o governo de de atividades. O primeiro brasileiro da Opus Fernando Henrique Cardoso. Seu monopólio atinge também a imprensa. Não só no Brasil, mas em muitos outros países latino americanos, como o El Observador, no Uruguai; o El Mercurio, no Chile; o La Nación, na Argentina e O Estado de S. Paulo, no Brasil. O membro mais importante da Opus Dei na imprensa brasileira é o professor de pós-gradução da Universidade de Navarra, Carlos Alberto di Franco, numerário e comentarista do Estadão e da Rádio Eldorado. Outro importante membro é o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro da Gazeta do Povo, no Paraná. O principal nome da organização no Brasil é jurista Ives Gandra da Silva Martins. Assim, como ele, um número exSUHVVLYRGH¿JXUDVLQÀXHQWHVQR interior da burguesia pertecem discretamente à seita católica facistóide. Nos últimos anos, depois que os planos do imperialismo norte-americano e da Opus Dei fracassaram na Venezuela, a organização investe politicamente em Joaquím Lavín, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil. Mas nenhum dos dois conseguiu emplacar na política nacional dos seus respectivos países. Lavín perdeu a eleições presidenciais para Michelle Bachelet e Alckmin perdeu para Lula. Com eles a Opus Dei tenta criar um vínculo mais estreito com os governos da Colômbia e do Peru, onde ainda contam com bastante força política. Com o carimbo do Vaticano, a Opus Dei, um dos pilares da Igreja Católica e da propagação a ideologia de extrema-direita e do imperialismo, realiza neste momento uma campanha profundamente reacionária contra os direitos básicos das mulheres e contra métodos científicos avançados para a cura de doenças, como o uso das célulastronco e embriões em pesquisas FLHQWt¿FDVHWF Desta campanha, notoriamente impulsionada pela Igreja Católica e, por meio dela, obviamente pela Opus Dei, participam como expoentes não apenas os tradicionais elementos da direita burguesa, mas também elementos que se apresentam como sendo de esquerda ou de partidos de esquerda, como o deputado petista Luiz Bassuma, a presidenta do Psol, Heloísa Helena e vários outros parlamentares destes dois partidos. A Igreja quer, às custas do sofrimento da população impor uma ditadura para as mulheres e a população em geral. Com o aval do governo Lula e de todos os outros governos corruptos, a campanha dirigida pela Igreja Católica contra o direito ao aborto e pela sua transformação em crime iniciou a perseguição de cerca de 10 mil mulheres que estão sendo investigadas, WUrVPLOGDVTXDLVMiFRQGHQDGDV pelo “crime de aborto” no Mato Grosso do Sul. A campanha em questão, apresentada como “em defesa da vida” é uma clara tentativa repressiva para intimidar e colocar em estado de sítio metade da população, com a repressão policial, abençoada pela moralidade hipócrita da Igreja e dos fascistas da Opus Dei cujo respeito à vida se pôde ver na Espanha, no Chile e em tantos outros lugares. A campanha não se limita ao aborto, mas abrange os anticoncepcionais, o sexo fora do casamento, o divórcio e vários outros direitos das mulheres que busca atacar e para o qual o aborto nada mais é que a porta de entrada, uma vez que serve para uma exploração cínica e criminosa com os sentimentos das mães etc. O caso mostra com clareza que a campanha realizada no Congresso Nacional, parte do lobby reacionário da Igreja Católica e de setores do imperialismo mundial contra a legalização do aborto no Brasil é, antes de tudo, uma campanha pelo aumento da repressão. Os trabalhadores da cidade e do campo, o movimento popular e operário em todo o País, bem como a juventude, as mulheres e os negros devem prestar a máxima atenção aos desenvolvimentos desta campanha pelo aumento da repressão no país conduzida pelo imperialismo mundial, pelos grandes capitalistas nacionais, pela direita e pela Igreja. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 CRISE NO CONGO CRISE DO IMPERIALISMO Em conflito: diamantes, ouro e sangue As tropas do general tutsi Laurent Nkunda avançaram em direção a Goma, a Oeste da República Democrática do Congo, onde tropas do governo afirmaram não garantir nenhuma segurança. A crise regional africana é um produto da crise mundial do imperialismo As últimas semanas foram marcadas pelo conflito entre as tropas do general tutsi Laurent Nkunda e as forças do governo da República Democrática do Congo na porção oriental do país e pela tentativa de negociação intermediada pela ONU Organização das Nações Unidas). Um acordo de paz firmado entre o governo e as tropas de Nkunda foi suspenso em agosto deste ano, impulsionando uma nova onda de conflito aberto. No final de outubro, as tropas de Nkunda, um tutsi, do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP) declararam cessarfogo, após quatro dias de conflitos. O CNDP acusava o Exército do Congo de ter colaborado com as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), que inclui milícias da etnia hutu e Kagame, também tutsi e, ao que indicam as informações da imprensa internacional, é um apoiador de Nkunda na expectativa de conseguir que o governo congolês desarme as milícias hutus que ameaçam a região da fronteira com o seu país. No auge do conflito O general Nkunda chegou a tomar o controle de várias das principais cidades do País, assim como algumas bases estratégicas das tropas governamentais congolesas, o que forçou milhares de aldeãos a fugir para locais mais seguros. Em declaração à agência de notícias Reuters, o comandante responsável pelas operações do Exército congolense em Kivu Doze mortos foram encontrados em Kibati. O cessar-fogo declarado uma semana antes foi, na prática, suspenso. ex-soldados ruandenses que participaram do genocídio contra os tutsis no País em 1994. O massacre contra os tutsi em Ruanda há quase 15 anos atrás, com quase 800 mil mortos, é o pano de fundo para a crise atual. Uma expressão regional de uma crise que envolve em um plano mais geral os interesses contraditórios de duas alas do imperialismo mundial. O presidente ruandês, Paul Norte, a região da qual a cidade de Goma é capital, o coronel Delphin Kahimbi, disse que “a situação é muito séria”. “Não vai passar muito tempo para que saiamos daqui”, acrescentando que as forças tutsis estão “fortemente armadas”. Oficiais das tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) informaram que seus soldados tiveram que fugir e evacuar cerca de 50 estrangeiros que se encontravam em Rutshuru. “O exército não pode garantir a segurança. Há um pânico total na cidade”, explicou o porta-voz da ONU, Evo Brandau. Praticamente a repetição do que fizeram em 1994 na vizinha Ruanda, deixando para trás a população indefesa nas mãos de um grupo fortemente armado e insuflado pelo próprio imperialismo detrás da ONU: levam os brancos e ricos europeus e ocidentais e deixam para trás, para que se matem entre si, negros miseráveis de armas na mão. Alguns dos estrangeiros retirados são funcionários da organização Médicos Sem Fronteiras, que disseram à Reuters terem ouvido explosões do local onde estavam, no principal hospital da cidade. “Em Rutshuru a população foge para o Norte”. 45 mil deslocados pelo conflito Desde o reinício dos conflitos armados em agosto, mais de 45 mil pessoas já fugiram segundo estimativas das Nações Unidas em direção aos campos de refugiados ou para outros países fronteiriços, como Ruanda e Uganda. Segundo um informe divulgado pelo International Rescue Committe (Comitê Internacional de Resgate, IRC), cerca de 45 mil pessoas morrem a cada mês na República Democrática do Congo em conseqüência direta ou indireta da crise que tomou conta do país e que se desenrola desde a chamada Segunda Guerra do Congo, em 1998. Metade das vítimas são crianças que padecem por causa de doenças como malária e outras epidemias. A fachada “democrática” para uma carnificina A missão da ONU no Congo é a maior do mundo, com cerca de 17 mil soldados instalados no país desde fevereiro de 2000. No entanto, quanto maior sua capacidade militar, maior é a sua crise. A ONU está submersa em crises gravíssimas. Em abril deste ano, a BBC publicou uma reportagem investigativa sobre o envolvimento de tropas da ONU em contrabando de armas, ouro e marfim com guerrilheiros na República Democrática do Congo. Até onde foi investigado, constatou-se que forças provenientes da Índia e do Paquistão que fazem parte da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC) negociaram com os rebeldes várias vezes no ano passado. As tropas paquistanesas estão envolvidas em negociações com as milícias da Frente Nacional Integracionista (FNI), na qual trocavam armas por ouro, marfim e segurança. Já as forças indianas foram denunciadas por manter acordos com as Forças Democráticas de Libertação da Ruanda (FDLR), grupo armado que atua no Congo desde o geno- "A queda do governo marcaria o final de uma desastrosa intervenção apoiada pelos EUA". vam, milícias islâmicas retomaram ao longo deste ano uma série de ações contra o Exército e as tropas etíopes apoiadas pelo imperialismo. O governo está a um passo de ser derrubado. Os insurgentes islâmicos controlam neste momento grande parte do Sul e Centro da Somália e continuam realizando ataques na capital Mogadíscio. A Etiópia iniciou sua intervenção militar em dezembro de 2006 com o objetivo de minar a insurgência na Somália e evitar que ela se espalhasse para os demais países árabes do continente africano. No entanto, dois anos depois, os soldados estão deixando o país. Já no mês passado, um carregamento de armas e tanques deixou Mogadíscio. Esta retirada teve de ser feita por ar, uma vez que por terra seria impossível. Após as forças etíopes terem tomado a capital em dezembro de 2006, expulsando a União das Cortes Islâmicas (UCI), hoje os soldados só controlam três peque- Mesmo com todo o aparato fornecido pelo imperialismo norteamericano e pela CIA, os soldados se renderam. Além das tropas etíopes, cerca de 3.200 soldados da União Africana da Uganda e Burundi também ocupam a Somália. Estes são vítimas de fortes ataques. O jornal independente escocês Sunday Herald publicou um artigo no mês passado no qual afirma que “a queda do governo marcaria o final de uma desastrosa intervenção apoiada pelos EUA. Durante seis meses em 2006, a Somália se manteve numa relativa calma. Um certo ar de paz e segurança havia voltado a Mogadíscio. A razão foi o isolamento da União das Cortes Islâmicas, uma coalizão de líderes islâmicos que haviam expulsado da cidade os senhores da guerra”. “Os elementos mais radicais da União das Cortes Islâmicas juraram lançar uma Guerra Santa contra o inimigo tradicional da Somália, a Etiópia. Os EUA con- sideram a União das Cortes Islâmicas como um ‘braço da AlQaeda’, uma crença que não compartilham a maioria dos analistas e diplomatas”. Embora a Somália tenha uma economia pobre – resultado de décadas de guerras patrocinadas pelo imperialismo - sua posição geográfica é extremamente importante para a economia e para a política imperialista. Localizada no “chifre da África”, a Somália está próximo ao Golfo Pérsico, região que mais produz petróleo no mundo e importante rota marítima para os navios petroleiros que passam pelo Canal de Suez, no Egito - também próximo à Somália – distribuindo a matéria-prima para Europa e EUA. A Somália foi, no final do século XIX, uma colônia dividida pela Itália e Reino Unido. Os ingleses controlavam o Noroeste e os italianos o Sudeste. Nas duas primeiras décadas do século XX vários levantes foram realizados contra a ocupação colonial. Liderou essas rebeliões Mohamed Abdallah Hasan, que após 20 anos de guerrilha fora derrotado. Formam-se ao mesmo tempo várias organizações nacionalistas que impulsionam a luta contra o colonialismo. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Itália ocupa a Somália Britânica, mas logo em seguida não só são expulsos pelos ingleses como os italianos perdem a Somália Italiana. Entre 1947 e 1950, a Itália renuncia sua posse colonial e prepara a concessão da independência de sua parte somali. Em 1960, os britânicos fazem o mesmo, criando então a República da Somália. Em 1969, um golpe militar leva ao poder o general Siad Barre. Influenciada pela burocracia soviética nos anos 70 e 80, a ditadura entrou em colapso após o fim da URSS, que levou à queda de Siad Barre, em 1991. A Somália tem um conflito histórico com a Etiópia. Em 1977, uma disputa pela posse do deserto de Ogaden levou o Exército etíope a ocupar o território, eclodindo a Guerra do Chifre da África. Oga- Armas silenciadas... por quanto tempo? Após ter atingido um pico na última semana, o conflito arrefeceu e o grupo de Nkunda deu declarações à imprensa internacional no sentido de que preten- gada da delegação da ONU. Pelo menos 12 mortos foram encontrados na cidade de Kibati. O cessar-fogo declarado uma semana antes foi, na prática, suspenso. Na medida em que avança a crise internacional do imperialismo, os elos mais fracos da cadeia de países tendem a sucumbir diante da pressão. A coincidência dos acontecimentos dos últimos meses no Congo com a rápida evolução O general Nkunda chegou a tomar o controle de várias das principais cidades do País. do estado de choque da economia internacional não se deve a fatores aleatórios, fortuitos. Trata-se de um epísódio da decomposição da estabilidade dos regimes políticos mais instáveis e suscetíveis à crise por estarem justamente debilmente apoiados em uma economia dependente e fragilizada pela própria ação do imperialismo. Na negociação que deve se desenvolver nos próximos dias está a oposição que o CNDP mantém ao acordo que o governo congolês pretende fechar com a China de cerca de US$ 9 bilhões, no qual o país asiático terá acesso às vastas riquezas minerais do País em troca de uma ferrovia e uma estrada. A própria região onde os episódios mais violentos do conflito ocorreram é a maior produtora de minérios e pedras preciosas do país. A República Democrática do Congo é um dos maiores produtores mundiais de diamantes e foi – e vem sendo – profundamente espoliado pelo imperialismo desde os anos 1980. governo de Abdullahi Yusuf Ahmed e do premiê Ali Mohammed Ghedi, embora reconhecidos pelos países imperialistas, não tinham nenhuma autoridade interna. Economicamente, a Somália é um dos países mais miseráveis do mundo. A pecuária é a principal fonte de renda nacional, representando 40% do PIB (Produto Interno Bruto). A criação de camelos é responsável pelo maior rebanho do mundo. A pesca e o cultivo da banana também são uma das principais fontes de renda, mas tudo que é cultivado não fica no país. Grande parte da população vive como nômade e da criação de gado. Um fraco setor industrial fabrica alguns produtos agrícolas, mas responde por apenas 10% do PIB. Por causa da guerra civil, a maioria das fábricas foram fechadas e abandonadas. Em 2006, um conjunto de milícias islâmicas formou a União ber armas da Eritréia, enquanto que o governo somali estava sendo armado pela Etiópia, dando a aparência de ser um conflito regional, isolado, porém, a verdade é que o imperialismo fomenta a guerra para destruir os redutos armados islâmicos e manter sua política de domínio e exploração sobre as riquezas naturais e sobre toda a região e países vizinhos. Os EUA foram incapazes de intervir diretamente em 1993 e agora financiam as tropas dos governos títeres da África sob a ultrapassada desculpa da “luta contra o terrorismo”. As tropas etíopes conseguiram inicialmente expulsar a UCI da capital e de outras cidades, mas o quadro atual reverteu-se completamente. A ação de piratas nas águas da costa somali é o mais novo fenômeno da crise. Dezenas de navios foram seqüestrados nos últimos meses. Desde o mês de julho, ao menos oito ataques piratas foram As tropas etíopes abandonam a Somália nas regiões da capital e algumas ruas da cidade de Baidoa, onde fica a sede do governo. Dos 15 mil a 18 mil soldados etíopes que atuaram no auge do conflito, restam agora apenas 2.500. As tropas etíopes continuam sofrendo pesados ataques. O Exército somali foi completamente incapaz de controlar a situação. 319 “capacetes azuis” em três anos, por abusos e exploração sexual. de colaborar com as forças da ONU para criar um “corredor humanitário” que permita que a escassa ajuda do órgão internacional chegue ao interior do país, além de “discutir assuntos políticos com o governo”, como disse o próprio comandante miliciano Nkunda à rede norteamericana CNN. Nkunda afirmou à A República Democrática do Congo é um dos rede britânica BBC que maiores produtores mundiais de diamantes. vai manter seus milicianos no Congo para cídio de 1994. Esta não é a primeira vez que “proteger a minoria tutsi o país as forças da ONU são acusadas dos ataques dos rebeldes hutus de corrupção. Em 2007, um in- de Ruanda”. Nesta semana, novos conforme da organização revelou que a ONU havia investigado flitos ocorreram após a che- COLAPSO CHIFRE DA ÁFRICA Quase nenhum jornal noticiou o colapso no chifre da África. Apesar do enorme esforço para mostrar a crise no continente como um mal menor, a retirada etíope marca o fracasso da intervenção estrangeira patrocinada pelo imperialismo. Após serem expulsos de grande parte das regiões que controla- INTERNACIONAL 1 7 den é uma região somali localizada a Sudeste da Etiópia, na fronteira com a Somália. A região foi finalmente incorporada pela Etiópia em 1988. Os senhores da guerra, financiados pelo imperialismo, tomaram conta de um país completamente acabado e fragmentado em inúmeros pedaços, sem nenhuma sombra de unidade nacional. A situação somali sempre foi de guerra permanente, na qual dezenas de milhares de civis foram mortos diretamente e outros milhares mortos pela fome provocada pelo conflito e pela seca. Exemplo disso foi o surgimento da Somalilândia, que declarou sua independência da Somália em 1991. Nenhum governo estrangeiro, no entanto, reconheceu a sua independência. Foi, então, que em 1992, diante de um país prestes a ruir, o imperialismo colocou em marcha uma operação para tentar estabilizar a Somália sob o seu controle e estabelecer um enclave na região. Liderada pelos EUA sob o disfarce de uma missão humanitária da ONU - qualquer semelhança com o Haiti não é mera coincidência - a operação foi um desastre. Dezoito soldados norte-americanos foram mortos, baixas suficientes para os EUA fugirem do país e deixarem a ONU sozinha. Esta se retirou em março de 1995. Entre 1998 e 1999 pelo menos quatro cisões foram registradas na Somália, contornos que até hoje não são nada claros. A região de Puntland (ou Somália do Sudoeste), por exemplo, declarou sua autonomia, mas não se sabe quais são exatamente suas limitações geográficas. Sob o Governo Nacional de Transição foi eleito em outubro de 2004 o presidente Abdullahi Yusuf Ahmed. Devido à instabilidade, a eleição foi realizada em Nairóbi, capital do Quênia, pois Mogadíscio estava ocupada por líderes tribais. Não havia nenhuma força militar nacional e os serviços públicos não funcionavam. O País estava sob poder dos chefes tribais, os chamados “Senhores da Guerra”, portanto, o Os senhores da guerra, financiados pelo imperialismo, tomaram conta do país. das Cortes Islâmicas. Após vários conflitos, em junho do mesmo ano foi assinado uma trégua junto ao governo, mas um mês depois os principais focos da insurgência foram derrotados. Em julho de 2006 a UCI passou a controlar todo o Sudeste do país e a capital. O governo pediu então ajuda de tropas internacionais, que conseguiram a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU de uma força estrangeira para apoiar o governo de Yusuf. A ONU acusou a UCI de rece- registrados na costa somali. Segundo dados do Ofício Marítimo Internacional, no primeiro semestre de 2008 foram praticados pelo menos 24 ataques. Em abril deste ano, outro barco de luxo francês foi seqüestrado com mais de 30 turistas. Conhecida pelas situações de guerra e fome, cenário chocante das crianças doentes e subnutridas, semi-mortas pela inanição, a Somália representa um retrato fiel da política imperialista e do que sobrou com a sua exploração. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 UMA MANOBRA AUDACIOSA DIANTE DA CRISE Vitória de Obama, um estelionato político Os milhões de eleitores que votaram em Obama compraram, não há qualquer dúvida, gato por lebre. Ele, símbolo da nova geração do Partido Democrata, não é o homem da mudança que muitos esperam, mas apenas o homem da mudança que o imperialismo necessita. Por trás dele estão os velhos cabeças grisalhas que, junto com os republicanos, seguram as rédeas do mundo a serviço dos maiores trustes que a humanidade já viu “Yes, We Can” (Sim, Nós Podemos) e “Change: We Can Believe In” (Mudança: Nós podemos acreditar). Estes foram os dois motes usados pelo senador Barack Hussein Obama, 47 anos, durante os 21 meses de campanha eleitoral discursando e via- justiça e da liberdade, é, no entanto, o único país do mundo constitucionalmente a favor da tortura. Durante oito anos - com duas eleições fraudadas - George W. Bush foi mais que um presidente. Foi o comandante-em-chefe das Forças Armadas, um ditador a 2002. Estava lá um homem aliado com a direita dizendo que “Lulinha não quer briga. Lulinha quer paz e amor”. Nos EUA, cabe à Obama a gigantesca tarefa de restaurar o poder do imperialismo sobre o mundo, tirar os EUA do buraco e salvar o status quo do regime político. O regime e a imprensa capitalista venderam na campanha eleitoral uma mercadoria que não vão entregar. O Partido Democrata não é e nunca foi o partido da mudança, mas um dos partidos mais antigos do mundo, fundado em 1836, racha do Partido Democrata-Republicano, este fundado por Thomas Jefferson em 1793. Sempre foi o partido que salvou o Partido Republicano de sua ruína. Desta vez não é diferente. A mudança, talvez, seja o fato do partido de Bush estar mais desmoralizado do que nunca. Mais do mesmo Por detrás do novo Obama estão os velhos cabeças grisalhas que seguram as rédeas do mundo. jando por todos os 50 estados da federação norte-americana. O maior movimento eleitoral desde as presidenciais de 1960 e o número recorde de eleitores mostrou, mais do que nunca, que oito anos de governo Bush foram capazes de levar os EUA para a maior crise de toda a sua história. Ironicamente, a nação mais “democrática” do mundo, farol da serviço dos trustes e da política dos petrodólares. Nesse sentido, por mais que Obama tenha um nome “estrangeiro” e seja um presidente negro num país marcado pela segregação racial e a xenofobia, sua mudança é pura propaganda eleitoral. Um discurso muito semelhante, inclusive, ao discurso de Luís Inácio Lula da Silva, quando venceu as eleições em Confirmada a vitória, Barack Obama discursou diante de milhares de partidários, em Chicago, Illinois, estado pelo qual foi eleito senador. Em seu discurso, disse para o público: “A mudança chegou à América”. Obama não é um político avulso, com as mãos livres para governar. Se fosse assim não passaria nem perto da Casa Branca, a não ser pelo lado de fora dos portões. Enquanto isso, as apostas sobre o novo gabinete que entrará em vigor a partir do dia 20 de janeiro já foram dadas. Mudança? Claro que não. Mais do mesmo. Dentre os mais cogitados para ocupar as pastas, assessores de campanha, democratas e republi- UM BILHÃO DE DÓLARES CAMPANHA BILIONÁRIA canos são citados, principalmente ex-integrantes do governo Bill Clinton (1993-2001). Um dos nomes mais aguardados será o próximo secretário do Tesouro. Poderá ser o ex-secretário do Tesouro na era Clinton, Robert Rubin, atual diretor do Citigroup, ou Lawrence Summers, presidente da Harvard University. Poderá ser também o atual presidente do Federal Reserve de Nova York, Tim Geithner, ou então o presidente do Federal Reserve dos EUA, Paul Volcker. Na Secretaria de Defesa, ocupada atualmente pelo ex-diretor da CIA, Robert Gates, os nomes mais cotados são o do ex-secretário de Estado de George W. Bush e militar da reserva, Colin Powell. Eleito chefe do Estado-Maior Conjunto, assumido em 1990, Powell planejou a invasão do Panamá em 1989 e a operação Tempestade no Deserto durante a Guerra do Golfo. Para o comando do Pentágono poderá assumir o republicano milionário Chuck Hagel, lobista em Washington e organizador da campanha vitoriosa de Ronald Reagan à Presidência em 1980. Outro nome poderá ser o do também republicano Richard Lugar, quase escolhido para a vice-presidência de Reagan. Também está entre os favoritos o ex-secretário da Marinha de Guerra no governo Bill Clinton, Richard Danzig. O ex-candidato democrata à Casa Branca, John Kerry, e o governador do Novo México, Bill Richardson, um dos dois, poderá assumir o cargo de secretário de Estado. Também está sendo considerado o senador republicano por India- INTERNACIONAL 1 8 na, Richard Lugar. (El Pais, 5/11/2008). Ou seja, de Entre os cogitados para o De- fato, Obama levará adiante a “luta partamento de Justiça está o ex- contra o terrorismo” e, sem dúvisecretário de Justiça de Clinton, da, o pacote de medidas levantaEric Holder. Segundo a imprensa, também concorrem à indicação os governadores da Virginia, Tim Kaine, de Massachusetts, Deval Patrick, e do Arizona, Janet Napolitano. O ex-vice presidente Al Gore, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz e um Oscar, por fazer propaganda dema- “Eu nunca farei concessões no que diz gógica em defesa do respeito à segurança israelense”. meio-ambiente, poderá ser representante do gover- das após os atentados de 11 de seno na área ambiental, já que Oba- tembro, a Lei Patriota (Patriotic ma defende uma revisão da po- Act), que dentre várias medidas resição dos EUA sobre o Protoco- acionárias, prevê a prisão para lo de Quioto. “combatentes inimigos” por tempo indeterminado, sem acusação formal e sem direito ao habeas corUm novo pus. Prevê também a violação de comandante-emcontas bancárias de qualquer cidachefe dão e a instalação de escutas telefônicas. O próprio Obama disse De saída, o presidente George que irá tirar as tropas do Iraque até W. Bush disse que “todos os nor- 2010 para realocá-las no Afeganiste-americanos podem estar orgu- tão e no Paquistão. Quem sabe também no Irã e na Síria? Nada muda, tudo muda lhosos de como as eleições fizeram história”. E acrescentou: “Algumas coisas não mudarão. O governo dos EUA seguirá protegendo o povo americano com seu novo ‘Comandante-em-Chefe’” Este continuísmo, inevitável na situação de crise atual do imperialismo, é hoje o calcanhar de Aquiles do regime político. O governo Bush foi derrotado devido a esta política. Portanto, cabe a Obama, e esta é a sua tarefa fundamental, procurar levar adiante esta política por outros meios, que sejam capazes de fazer frente à maré montante contra ela que levou à decomposição completa do seu antecessor. A ALA ESQUERDA DA DIREITA Quanto custa morar na Casa Branca? Uma frente popular à americana? Só o candidato democrata milhões de doadores que contri- Senado. Claro que essa campaconseguiu arrecadar US$ 640 buíram com US$ 200 ou menos. nha, embora eclipsada pela eleição milhões, dos quais gastou um Esta ofensiva eleitoral jamais presidencial, não foi de graça. pouco mais de US$ 573 milhões. vista, com escritórios e comitês Segundo dados do Centro para Já o candidato republicano ar- eleitorais em cada cidade, volun- Políticas Responsáveis, os 1.361 recadou bem menos, pois acei- tários pedindo voto casa por candidatos democratas e republitou fundos públicos para a elei- casa e uma campanha publici- canos à Câmara Baixa arrecadações e com o limite legal de US$ tária colossal é impulsionada es- ram US$ 883,2 milhões e gasta84 milhões para este fim. Foram sencialmente pelos maiores ram até o final de outubro US$ arrecadados US$ 360 milhões, capitalistas da Terra. 748,3 milhões. Os 172 candidados quais US$ 293 milhões foAté meados de outubro a tos dos dois maiores partidos norram gastos, praticamente meta- campanha de Obama havia gas- te-americanos ao Senado arrecade do aparato eleitoral daram US$ 363,7 que Obama arrecamilhões e gastadou. Os números foram US$ 311,6 ram divulgados pela milhões. comissão Federal EleiQuem são os toral. principais financiSe forem, no enadores destas camtanto, incluídos todos panhas? O Centro para Políticas Resos pré-candidatos deponsáveis responmocratas e republicade que em primeinos nestes 21 meses ro lugar estão os de campanha, foram “aposentados” arrecadados ao todo disfarce para políUS$ 1,6 bilhão, dos ticos burgueses quais foram gastos até (US$ 204 mio final de outubro US$ lhões); advogados 1,3 bilhão. (US$ 181 miEm comparação Esta ofensiva eleitoral jamais vista é impulsionada lhões); banqueiros com as eleições de pelos maiores capitalistas da Terra. 2004, o republicano (US$ 123 miGeorge W. Bush e o democrata tado cerca de US$ 240 milhões lhões); donos de empreiteiras Al-Gore gastaram no total US$ um publicidade para televisão e (US$ 105,4 milhões) e empresá655 milhões. Somando todos os rádio, sendo US$ 77 milhões rios do setor da saúde (US$ 69,6 pré-candidatos de ambos países gastos só nas primeiras duas milhões). o resultado é de US$ 718 mi- semanas de outubro. Seu conUm bilhete de ingresso muito lhões. Em 2000, o gasto total corrente McCain gastou em caro para quem quer participar entre todos os candidatos pre- publicidade para TV e rádio US$ deste “processo democrático”. sidenciais foi de US$ 343 mi- 116 milhões. Além de Obama e McCain, pelo lhões. A campanha de 2008 foi Pode-se dizer que os candida- menos outros dez candidatos a mais longa e mais cara da his- tos presidenciais arrecadaram também concorreram à Casa tória dos EUA. tanto dinheiro que possuem em Branca, mas nem somando todos Será que a explicação para média oito dólares para cada voto. eles, que praticamente se passam esta campanha bilionária está no Além dos presidenciáveis, al- por anônimos, nem de longe mailing que os cabos eleitorais guns estados elegem deputados chegam perto da milionária camde Obama montaram na Inter- em 435 cadeiras na Câmara Bai- panha em torno dos dois partidos net? Foi criada uma rede de três xa e um terço dos 100 lugares no representantes do imperialismo. O artigo revelou ainda, após As manifestações em apoio à de Obama, colocando em movitória de Obama nas eleições, vimento um dos maiores, senão a campanha eleitoral, como cuiocorridas em todo o mundo, o maior, aparelho sindical do dadosamente mais de 25 mil voluntários da Califórnia, Ilinois podem ser interpretadas de di- mundo. “A AFL-CIO tem um regis- e Nova Iorque foram enviados versas maneiras, mas há uma conseqüência comum a todas as tro de 250 mil voluntários e para os estados em disputa para interpretações: a enorme pres- quatro mil membros pagos de- reforçar a campanha. As metas da campanha consão que o mundo inteiro vai signados para 20 estados de combate na corrida presidenci- duzida pela burocracia sindical exercer sobre o seu mandato. Obama assume a presidência al, 12 disputas no Senado e 60 mais rica do planeta incluíam 70 em uma situação em que o go- campanhas parlamentares. Em milhões de telefonemas, 10 miverno formado pelo impopular alguns estados, como Minneso- lhões de visitas, 57 milhões de correspondências Partido Democrata, e a distribuição de uma das duas alas do 27 milhões de panimperialismo que não fletos nos locais de está desvinculada da trabalho tratando sua contraparte, os rede questões ecopublicanos, muito menômicas. nos do verdadeiro loEmbora nem bby industrial e finanObama, muito ceiro internacional, responsáveis por todas menos o Partido as articulações de basDemocrata estetidores e pela política jam ligados à clasdita real do governo, se operária norteisto é, para aquilo que O novo governo é uma expressão das tendências americana por um será feito de fato, além vínculo mais procontraditórias e da crise política. dos discursos. fundo do que o paO apoio à sua candidatura ta, Oregon e New Hampshire, gamento à vista pelos serviços pode ser traduzido como se fosse os sindicatos estão envolvidos de milhares de cabos eleitorais, expressão de uma situação con- em ambas as campanhas presi- o novo governo é uma exprestraditória. Afinal, o que seria dencial e para o Senado, e em são das tendências contraditóexatamente um governo popular New Hampshire estão trabalhan- rias e da crise política e social de um partido direitista e impe- do também na campanha para a existente no país e este fato deve dar lugar a um novo derialista? No entanto, longe de ter Casa dos Representantes. se tornado popular por qualquer “Outros estados em disputa senvolvimento político no interealização ou mesmo promessas para os sindicalistas foram rior dos sindicatos norte-amejunto à população, a operação Ohio, Wisconsin, Indiana, ricanos. A medida do esforço para montada para eleger Obama Pensylvania e Michigan. Virgiatesta a integração da burocra- nia e Carolina do Norte, dois dos criar um vínculo entre a popucia sindical norte-americana ao estados onde há menos sindi- lação trabalhadora norte-ameripartido do imperialismo e do es- calizações no país, também es- cana, profundamente descontavam na lista”. tablishment. tente com a situação interna, Em um resumo, a estimati- bem como a política externa de Um artigo publicado no jornal do Partido Comunista dos EUA, va da AFL-CIO era de que os seu país, e uma das alas que foi People’s Weekly World, mostra sindicatos afiliados gastassem co-responsável pela situação como a burocracia sindical um total de 250 milhões de atual atesta por si a profunda abraçou a campanha pela eleição dólares na campanha. crise existente. IRAQUE, AFEGANISTÃO, PAQUISTÃO... Qual será a política de Obama para a crise internacional? Se haverá alguma mudança no governo Obama será no nome do próximo país que será atacado pelo imperialismo. Sua promessa de retirar as tropas do Iraque “imediatamente”, como havia dito, poderá acontecer em 2010, mas nenhum detalhe do real nível desta ocupação foi informado. Antes de Bush deixar o poder, políticos iraquianos e norteamericanos já discutem há meses um plano comum de retirada das tropas estrangeiras. O projeto indica que as tropas norte-americanas deixarão as cidades e povoados até o final de 2011. Além disso, prevê também a imunidade aos soldados ocupantes diante dos tribunais iraquianos, isentando os militares de responder sobre qualquer ato criminoso que tenham cometido fora de suas bases. O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, assim como o próprio presidente de saída, George W. Bush, são defensores absolutos do projeto. Não é estranho? Se dois dos maiores terroristas de Estado apóiam a retirada de suas tropas do Iraque, é porque este acordo não significará a retirada de fato dos soldados. Trata-se de um acordo de fachada. Embora ainda não seja público, o projeto do acordo EUAIraque vazou para a Internet e muitas páginas puderam publicá-lo na sua íntegra em inglês. Muitas destas páginas foram retiradas do ar após publicarem o seu conteúdo. São ao todo 21 páginas e 27 artigos do chamado “Acordo sobre as atividades e a presença das Forças Armadas dos EUA e sua retirada do Iraque”. O documento não discute uma retirada completa das tropas norte-americanas do Iraque. Ao invés disso, os EUA querem se manter indefinidamente nas bases militares instaladas no País ou, como afirma o próprio texto, “as instalações e as áreas acordadas”. Isto significa que os EUA continuarão apoiando e treinando as forças iraquianas. Portanto Obama não irá desocupar o país. Além disso, o 44º presidente norte-americano está disposto a centrar fogo no Afeganistão e no Paquistão. Obama realizou a campanha eleitoral mais cara da história dos EUA. Muito deste dinheiro veio do lobby sionista de extremadireita norte-americana. Obama declarou durante sua campanha: “Serei claro. A segurança de Israel é sacrossanta. Não é negociável. Os palestinos precisam de um Estado contíguo e unido, e isto os permitirá prosperar, mas qualquer acordo com o povo palestino deve conservar a identidade de Israel como um Estado judeu com fronteiras seguras, reconhecidas e defensáveis. Jerusalém continuará sendo a capital de Israel e deve permanecer unida”. “Eu nunca farei concessões no que diz respeito à segurança israelense. Não quando ainda há vozes que negam o Holocausto, não enquanto terroristas seguem comprometidos com a destruição de Israel, não enquanto até livros didáticos no Oriente Médio negam que Israel sequer exista” (BBC, 4/6/2008). Ainda nos últimos dias em que disputavam a candidatura no Partido Democrata, Hillary disse que sabe que “o senador Obama será um bom amigo de Israel”. E ainda: “sei que o senador compartilha da minha visão de que o próximo presidente tem de dizer ao mundo que a posição americana é imutável. Os Estados Unidos estão ao lado de Israel agora e para sempre” (idem). O alinhamento do candidato democrata com o lobby sionista significa o compromisso com a política que pretende levar a guerra ao Irã. São muitos outros lobbies envolvidos na campanha de Obama. Se ele foi eleito, é porque é o candidato certo para tentar contornar o impasse completo em que caiu a política de Bush. Conseguirá? CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 INTERNACIONAL 1 9 OITO ANOS DEPOIS... O QUE SOBROU DOS EUA Derrota de Bush, uma derrota política do imperialismo mundial As massas do mundo todo impuseram uma enorme derrota à tentativa republicana de impor sua política mundial. A luta política fez explodir a crise econômica O agora ex-presidente George W. Bush está deixando o governo do país mais poderoso do mundo com o rabo entre as pernas, como um dos presidentes mais impopulares da história dos EUA, responsável direto pelo cassino financeiro dos especuladores criminosos que levaram o país e o mundo a um colapso financeiro fulminante. Bush é servir do petróleo de países que de tão ricos desta matéria prima se tornaram os mais explorados e miseráveis. Bush expressa o esforço do imperialismo para estabelecer uma nova ordem mundial que superasse a crise aberta com a derrubada da URSS. Após os ataques de 11 de setembro, Bush iniciou as ocupações do Afeganistão e mundo, onde torturam seus prisioneiros. Com o voto decisivo dos democratas, Bush aprovou um pacote de medidas que dá ao governo poderes absolutos, podendo fazer o que quiser, onde quiser e na hora quiser qualquer coisa contra qualquer pessoa, sem acusações, sem advogados e por tempo indeterminado, incluindo métodos de tortura “legais” para obter informações. Impôs uma ditadura virtual dentro do país. A situação das massas norte-americanas chegou a um ponto insustentável que tende a explodir com a recessão em curso. Coleção de ataques Sob sua chefia, mais de um milhão de iraquianos foram mortos, outros centenas de milhares foram mortos no Afeganistão. o maior assassino da Terra. Sob sua chefia, mais de um milhão de iraquianos foram mortos, outras centenas de milhares foram mortas no Afeganistão, aprofundou a fome e a miséria em todo o mundo, financiou e armou guerrilhas com o intuito de do Iraque prometendo ao povo norte-americano segurança e paz. Assim bombardearam vilas inteiras e prenderam dezenas de milhares de trabalhadores. Instalaram centenas de prisões clandestinas coordenadas pela CIA nos mais remotos rincões do DEPOIS DA DERROTA PARA ONDE VÃO OS EUA Rumo ao fim do bipartidarismo? Os democratas em 2004 já mostravam nas eleições legislativas o fracasso iminente do Partido Republicano. As eleições deste ano comprovaram uma derrota de lavada contra o que deveria ser o sucessor da política de Bush, John McCain. Não que Obama fosse um opositor, mas pelo menos se apresenta como a “mudança”. Ele sabe que é isso que a população norte-americana está pedindo. Sabe perfeitamente que os trabalhadores norte-americanos não estão dispostos a verem seu dinheiro ser usado para socorrer os bancos de sua falência. A campanha mais longa e mais cara da história dos EUA tentou não só apor Obama contra Bush como o próprio McCain. Para Matt Welch, biógrafo de McCain, O que existe nos EUA não são somente dois partidos. Há muitos outros. Centenas deles e que também concorreram à presidência, sem pontuar um único ponto. Pode-se dizer, no entanto, que todos estes não são mais que “terceiros partidos”, sem significância alguma do ponto de vista do financiamento imperialista. A oposição entre Democratas e Republicanos não passa de cobertura para um plano político em comum, porém agora, em 2008, abre o processo de desintegração deste longo período. A crise já é evidente há muitas décadas, mas não é à toa que o congresso norteamericano debate até mesmo a formação de uma terceira via. É uma tentativa do próprio regime imperialista controlar a crise. A oposição entre Democratas e Republicanos não passa de cobertura para um plano político em comum. o republicano veterano é um “maverick”, uma espécie de “opositor solitário”. Relacionar Bush com McCain significa tirar pontos deste último. Foi tudo uma farsa, pois se tirarmos os dois da jogada, estarão lado a lado Partido Republicano e Partido Democrata. Juntos, há mais de 200 anos, mais precisamente desde a independência dos EUA, em 1789, sob diferentes nomes, agrupando os interesses de diferentes alas da burguesia em momentos diversos, o bipartidarismo norte-americano é a maior expressão da ausência total de democracia na vida política do país. O sistema eleitoral norteamericano garante que a alternância entre os dois partidos desloque de um a outro o ônus pelo desenvolvimento da crise política e econômica. O vai e vem democrata e republicano vêm de pelo menos dois séculos. Assim como o próprio regime capitalista, os dois principais modelos de partidos do imperialismo também estão se esvaindo e rapidamente. Uma pesquisa publicada recentemente nos EUA revelou que pelo menos 38% dos norte-americanos consideram-se “independentes”, sem nenhuma identificação com o Partido Republicano ou Democrata, o maior índice de rejeição da história. Canais de TV e rádios nos EUA debateram a viabilidade de um terceiro grande partido burguês que fosse uma alternativa os dois únicos partidos que dominam as eleições norte-americanas desde a criação do país. A tendência de crise do partido republicano, já muito clara nesta etapa, é apenas a expressão unilateral do avanço da crise do regime imperialista norte-americano. Passados sete anos desde o início da primeira ocupação, o imperialismo norte-americano perde sua influência em todo o mundo, principalmente naquelas regiões mais ricas em recursos naturais. Não por acaso sua perda de influência reflete em mobilizações, repressão e, acima de tudo, uma nova fase da situação revolucionária mundial. No Oriente Médio, por exemplo, a Intifada palestina levou seu principal braço político na região, o Estado de Israel, a desmantelar suas colônias na Faixa de Gaza e negociar com organizações consideradas “terroristas”, como o Hamas. Tal é o caso do Hezbollah no Líbano. Sob a chefia de Bush, o Sudeste asiático reativou todos os seus conflitos armados: Paquistão, índia, Bangladesh, Nepal, Filipinas, Tailândia, Birmânia, etc. Na África idem. O conflito em Darfur, no Sudão, é o maior exemplo, onde mais de 200 mil pessoas As massas do mundo todo impuseram uma enorme derrota à tentativa republicana de impor sua política mundial. foram mortas pelas armas produzidas pelo imperialismo. Na América Latina, só a Bolívia derrubou dois presidentes fantoches nos últimos cinco anos e um golpe de Estado está neste momento em marcha. Na Venezuela, um golpe coordenado pela CIA foi frustrado em 2002, não fosse a mobilização do movimento de massas. Na Colômbia, o governo de Álvaro Uribe matou muito mais pessoas do que nas ditaduras militares nas décadas de 60 e 70. Onde há a intervenção direta do imperialismo, há levantes e mobilização do povo. Recentemente houve também a ação criminosa contra a Ossétia do Sul e Abecásia, na Geórgia, região estratégica para o imperialismo devido à enorme quantidade de petróleo na região do Cáucaso. Bush instalou escudos de mísseis no Leste Europeu, rivalizando seu poderio militar com a Rússia. No olho do furacão O mundo sentiu uma enorme crise financeira já em 2001, mas nada comparado com a atual, que está levando o mundo para uma recessão sem precedentes. A liberalização financeira, oitava maravilha moderna do capitalismo, bem como as fraudes dos protegidos do governo norte-americano, levaram a situação de instabilidade a uma crise sem precedentes. Como solução, Bush mandou sacar nada menos que US$ 700 bilhões de dinheiro público para socorrer um punhado de banqueiros falidos, medida repudiada até mesmo pelos seus colegas de partido. Em oito anos, Bush conseguiu ser pior do que seu próprio pai, que já havia invadido o Iraque em 1991. Agora os soldados norte-americanos estão sendo expulsos praticamente a pedradas pela população iraquiana. Também houve greves nos EUA. Oitenta mil trabalhadores da General Motors cruzaram os braços no ano passado. Em 2006, operários da Goodyear foram ameaçados com a presença do Exército porque a paralisação de mais de dois meses estava afetando a guerra do Iraque. Os metroviários também entraram em greve e o Estado aplicou multas de US$ 1 milhão ao sindicato por cada dia parado. Até mesmo taxistas , roteiristas entraram em greve, além de muitas outras categorias. Um amplo movimento abafado pela imprensa capitalista e que está na origem do esgotamento do governo imperialista. Este conjunto de fatores está na base da mudança do imperialismo do partido republicano para um candidato improvisado do partido democrata. MUITO ALÉM DE OBAMA E MCCAIN O começo do fim do Partido Republicano? Na maioria no Senado, na Casa dos Representantes e nos governos estaduais desde 1994, os Republicanos experimentaram o seu maior revés no processo iniciado em 2006 e concluído com a eleição de Barack Obama. A eleição presidencial e parlamentar ocorrida na última semana acentuou a derrota sofrida pelos Republicanos em 2006, quando perderam a maioria no Congresso dois anos após a reeleição de George W. Bush. Os Democratas obtiveram maioria de 233 a 202 na câmara dos deputados em 2006, e um empate de 49 a 49 cadeiras no Senado, sendo que outros dois senadores que concorreram com candidaturas independentes e alinharam com os democratas logo após a eleição. A queda dos republicanos se refletiu ao longo da última década no crescimento da votação do Partido Democrata nas eleições presidenciais, tendo saltado de quase 51 milhões de votos no ano 2000 para os atuais 63 milhões obtidos por Obama. As eleições que giraram em torno ao fracasso do governo Bush resultaram na maior derrota sofrida pelos Republicanos até agora, perdendo posições em todos os terrenos com a perda da presidência, reduzidos a uma minoria inofensiva na Casa dos Representantes e no Senado, e perdendo um dos estados que governava, já em minoria. Não se trata apenas de um revés eleitoral. Os republicanos se vêem firmemente agarrados às posições que mantém há anos após uma longa tempestade. Perderam, talvez, mais do que o supérfluo ou o que se poderia considerar instável sob seu comando. A evidente farsa montada para justificar a invasão do Iraque e a guerra pelo petróleo no Oriente Médio, o descaso completo com as necessidades populares, evidenciada pelo episódio onde o governo negligenciou completamente a população pobre de Nova Orleans atingida pelo furacão Katrina, compuseram o estado de profundo desgaste do governo Bush junto à população norte-americana. Mas, acima de tudo, ficou claro que os republicanos tiveram à sua disposição as condições de As eleições em torno ao fracasso do governo Bush resultaram na maior derrota sofrida pelos Republicanos. levar adiante a sua política em forma integral, lançaram-se à tarefa e fracassaram. Este fracasso é o resultado de um esgotamento da política imperialista tal como representada pelo partido republicano. Nesse sentido, a crise atual é infinitamente mais grave do que a vivida pelos republicanos com a renúncia de Nixon e a derrota no Vietnã. A guinada à esquerda das massas populares norte-americanas deixou para trás os republicanos por que estes foram, antes das eleições, derrotados em sua política de forma acachapante. As eleições são um registro distorcido destes fatos. A mudança na opção das maiores companhias e bancos do mundo compondo o lobby que dá sustentação a qualquer governo do imperialismo norte-americano não está condicionada apenas por questões conjunturais. Acompanham o deslocamento das massas e as tendências gerais presentes nos EUA cuidadosamente cuidando evitar um conflito que seria, nas proporções da economia e da luta de classes no país mais desenvolvido do mundo, catastrófico para sua sobrevivência. A crise atual, concentrada no coração do imperialismo, não será passageira nem superficial e o seu desenvolvimento condiciona a própria sobrevivência do Partido Republicano, em grande medida, o responsável por conduzir os EUA de desastre em desastre nos últimos oito anos e também os responsáveis por colocar em marcha os mecanismos econômicos que prepararam o desenvolvimento da crise atual durante os anos 80 e 90. REAÇÃO NOS EUA ”OS DOZE SUJOS” O lobby do petróleo se enfraquece após as eleições A reviravolta eleitoral que colocou Obama no poder e reforçou a maioria democrata no Congresso norte-americana tratou também de se livrar de pelo menos sete dos 12 parlamentares conhecidos como os “doze sujos”. A bancada reacionária movida pelos interesses, e o dinheiro, do petróleo tinha como principal função garantir as sucessivas reduções de taxas e impostos sobre o comércio da matéria-prima. A lista dos afastados, segundo o portal eletrônico da organização “Oil Change International”, consiste de: Elizabeth Dole: esposa do candidato republicano de 1996, Bob Dole e agraciada com nada menos que 312.606 dólares da indústria do petróleo e do gás. Dean Andal: votou sucessivas vezes contra a proibição de perfurações em alto mar e legislação de controle do uso do petróleo. Joe Knollenberg: votou favo- ravelmente a empresas poluidoras e contra dispositivos de proteção ambiental. Anne Northup: já recebeu cerca de 335 mil dólares em subsídios por suas votações favoráveis ao setor petrolífero. Steve Pearce: Participou de pelo menos 93 votações decisivas e votou, em 90 delas, sufragou contra a energia limpa. Tim Walberg: Um dos mais antiecológicos membros da legislatura de 2006, votou em todas as propostas contra a ener- gia limpa e leis de controle de eficiência energética. Bob Schaffer: Principal defensor do plano Bush/Cheney para a questão energética, que distribuiu mais de 33 bilhões de dólares em isenção fiscal às indústrias do petróleo e do gás. Tendo se beneficiado diretamente de suas ligações políticas, fechou acordos beneficiando indústrias que controla no Iraque e recebeu cerca de 245 mil dólares em incentivos da indústria petrolífera. CAUSA OPERÁRIA 9 DE NOVEMBRO DE 2008 ¶“Serenar-me, completar minha cultura, fazer uma sossegada obra de arte...” tal era o desejo nunca realizado de Alfonsina Storni, que durante toda a vida lutou para sobreviver como mulher independente e mãe solteira frente aos preconceitos e o conservadorismo da sociedade nos primeiros anos do século XX. Frente aos dissabores da existência, transformou-se, através da palavra poética, em uma verdadeira porta-voz de toda uma geração de mulheres que lutavam para conseguir sua independência em todo o continente latino. Situando-se, nesse sentido, como uma precursora do movimento feminista, por sua ousadia, é lembrada e admirada por feministas de todo o mundo. Como tantas outras, Alfonsina terminou tombando sob o peso de chumbo da existência, atirando-se nas águas do Mar del Plata aos 46 anos de idade lembrando tristemente a sua grande contemporânea, Virgínia Woolf. Seu pai, o italiano Alfonso era um comerciante que, morando na Argentina, iniciou-se em 1880 nos negócios de bebidas, vendendo refrigerantes e cervejas em sociedade com seus três irmãos. Lá, casou-se com a suíça Paulina, uma professora que dava aulas de música e canto lírico. A família gozava de relativo prestígio na província San Juan, onde atuavam. Porém, devido a problemas de alcoolismo, um médico sugeriu que Alfonso partisse em férias por algum tempo. Enquanto viajavam pela Suíça junto com os dois filhos pequenos, tiveram sua terceira criança, nascida em 1892. Era a futura poetisa batizada Alfonsina Storni. Mais tarde, ela diria a seu amigo Fermín Gutiérrez: “me chamaram Alfonsina, que significa ‘disposta a tudo”. A família retorna a San Juan quando a menina tinha apenas quatro anos. Ainda em 1901, mudam-se novamente para Rosário, em Santa Fé, onde a pequena viveu uma infância bastante pobre. Desde cedo as crianças foram obrigadas a trabalhar para completar a renda familiar, assim, Alfonsina ainda pequena, dedica-se a diversos pequenos expedientes. Foi camareira, costureira, garçonete, lavadora de pratos e operária de fábrica. Ainda aos 11 anos, Alfonsina já escrevia seus primeiros textos e poemas. Em Santa Fé, sua mãe pretendia abrir uma pequena escola particular, mas Alfonso muda os planos e abre um empreendimento comercial, o “Café Suíço”. Em poucos anos o café vai à falência, e a situação econômica do casal torna-se extremamente instável. Alfonso, afundado na miséria, morre doente pouco tempo depois, em 1906. A paixão pelos palcos O ano de 1907 marca a chegada a Rosario da companhia teatral de Manuel Cordero com sua trupe itinerante que percorria todo o país. Atraída pelos espetáculos, ela trava relações com todos os atores, até que consegue um papel, substituindo uma atriz enferma. Esta experiência seria profundamente marcante na vida da jovem, que durante toda a vida manteria uma estreita ligação com a vida teatral argentina. Sua participação na peça é bem recebida pelo elenco, e acaba por receber um convite para integrar permanentemente a companhia. Deste modo, durante todo o ano seguinte ela viaja pelo País apresentando-se nos mais diversos vilarejos argentinos, desde Santa Fé até Tucumán, passando por Córdoba, Mendoza e Santiago del Estero. Apresentaram os espetáculos “Espectros”, de Ibsen; “Os mortos”, de Florencio Sánchez; e “A louca da casa”, do espanhol Pérez Galdós. Apesar da frutífera experiência, outro de seus sonhos era trabalhar como professora, e decidida a seguir seriamente a carreira, ela inscreve-se na Escola Normal de ensino superior em Coronda, onde adquire diploma de professora rural em 1910, arrumando a seguir uma vaga para dar aulas em uma escola em Rosário. Torna-se colaboradora também de duas revistas literárias, “Mundo Rosarino” e “Monos y Monadas”, onde publica diversos poemas durante todo o ano. Posteriormente, vincula-se também à célebre revista “Mundo Argentino”, que tem ressonâncias entre outros países de língua hispânica. Uma temporada em Buenos Aires Em 1911 conhece e apaixona-se por um jornalista casado. Vivem juntos um caso intenso amoroso, mas quando Storni lhe comunica sua gravidez, ele rompe com a jovem, procurando, covardemente, preservar sua reputação e seu casamento. A jovem foge assim para Buenos Aires, onde seu filho, Alejandro, nasce em 1912. Ela tinha então apenas 20 anos. “Em sua maleta, trazia pobres e escassas peças de roupas, uns livros de Darío e seus versos”. Escreveria Alejandro em suas memórias, anos depois. O nascimento da criança, como mãe solteira, definiria sua posição diante do mundo como mulher independente, que trabalha fora e enfrenta sozinha seus problemas, em uma época onde o único modelo aceitável para a vida feminina era como esposa e “rainha do lar”. Consegue afinal um emprego estável como operária em uma empresa importadora de petróleo, ocupação que lhe permite manter sua atividade paralela como escritora, colaborando também regularmente com a revista Caras y Caretas. Seu primeiro livro de poemas sai em 1916, quase sem nenhuma repercussão. Era pobre, mãe solteira e sem contatos nos meios literários. São impressos apenas 500 exemplares da publicação. O livro intitulava-se La inquietud del rosal, que já chamava atenção pela crítica à situação de opressão das mulheres em sua época, pior ainda quando mascarada com a doce cobertura de sentimentalismo dentro dos relacionamentos afetivos. Ficou bastante popular principalmente o poema “Tú me quieres blanca”, onde atacava as pretensões masculinas de defesa de uma ridícula castidade nas mulheres, a pretexto da “moral”. Uma maneira dissimulada de lhes privar de qualquer liberdade. Você me quer alva Me quer com espumas Me quer como nácar. Que seja um lírio Acima de tudo, casta. Com perfume tênue. Corola fechada Nem um raio lunar Por mim passará Nem uma margarida Dirá ser minha irmã. Você me quer nívea, Você me quer branca, Você me quer alva. Você, que tudo provaste Com os olhos nas mãos, Frutas e mel Os lábios tingidos. Você que no banquete Coberto com ramos Deixaste tuas carnes Celebrando Baco. Em uma homenagem ao novelista Manuel Gálvez, Alfonsina Storni era vista pela primeira vez em Buenos Aires recitando seus próprios versos. Poucos meses depois era publicado em uma revista um dos poemas do livro, “Versos otonales”, que surpreende por sua forte carga emocional e lírica, em reflexões intimistas que de maneira nenhuma era vista em seus contemporâneos: Ao ver minhas bochechas, que ontem estavam vermelhas Senti o outono, seus achaques de velho Me dominou o medo, me revelou o espelho Nevando em meus cabelos enquanto caíam as folhas Neste e em seus próximos livros de versos, “El dulce dano” de 1918; “Irremediablemente”, de 1919; e “Languedez” de 1920, manifesta-se claramente toda sua amargura e ressentimentos contra os estereótipos através dos quais eram aprisionadas as mulheres de seu tempo. A influência do modernismo Mais bem sucedido que o anterior, é seu segundo livro “El dulce dano” de 1918, que tem seu lançamento realizado entre um pequeno círculo literário composto por seus amigos Roberto Giusti e José Ingenieros. No ano seguinte, o grande expoente do modernismo argentino, o poeta Amado Nervo retorna à Argentina, onde freqüenta as mesmas reuniões literárias das quais fazia parte Alfonsina. Amado Nervo, junto com “Amargo está o mundo” escultura em homenagem a Alfonsina Storni, no local de seu suicídio. Alfonsina Storni A 70 ANOS DO SUICÍDIO DA GRANDE POETISA ARGENTINA, ALFONSINA STORNI Verdadeiro patrimônio da poesia argentina e latino-americana, Alfonsina Storni configurou-se como uma das mais expressivas vozes da geração poética que sucedeu o movimento de renovação das letras argentinas nas primeiras décadas do século XX Rubén Darío, publicava regularmente seus versos na revista “Mundo Argentino”. Isto dá uma idéia do que representava para a jovem, pobre e provinciana Alfonsina ter também sua poesia impressa naquelas páginas. Transitando no mesmo círculo de amigos, iniciava para a poetisa, um estreito contato com a vanguarda do modernismo literário argentino. Grande admiradora do poeta, ela lhe presenteia com um exemplar de seus versos dedicado ao “poeta divino”. A partir daí, Alfonsina passa a vincular-se cada vez mais a este que era o mais inovador grupo do movimento de renovação das letras no País. A eles, iriam se juntar mais tarde os escritores José Enrique Rodó, Manuel Ugarte e José Ingenieros, todos pilares da vanguarda literária de Buenos Aires. Esta influência mostra-se bastante fértil, resultando em poemas mais leves e fluidos, combinados com um refinado senso de humor, como é visto em “Homem Pequenino”: Homem pequenino, homem pequenino, solta teu canário que quer voar... Eu sou teu canário, homem pequenino, deixa-me saltar. Esteve na tua gaiola, homem pequenino, homem pequenino que gaiola me dás. Digo pequenino porque não me entendes, nem me entenderás. Também não te entendo, mas enquanto isso abre-me a gaiola que quero escapar; Homem pequenino, te amei meia hora, não me peças mais. Entre 1919 e 1924, trabalha regularmente como atriz em diversos centros culturais feministas e socialistas da capital. Uma das atividades centrais da vida da artista, posteriormente, ela escreveria sua própria peça, a aclamada “Un Corazón Valente”, que teria estréia apenas em 1927. Relativamente conhecida, sua situação econômica melhorou, o que lhe permitiu mudar-se para Montevidéu. Lá ela estende seu círculo de relações e amplia suas influências, em contato com a vanguarda uruguaia, como a poetisa Juana Ibarbourou e o poeta Horácio Quiroga, que se tornariam grandes amigos. “Não chames, já não respondo a nada” Em 1920, Storni é agraciada com o primeiro lugar no Prêmio Municipal de Poesia, e o segundo lugar no Prêmio Nacional de Literatura, com o poema “Languidez”. No ano seguinte, foi homenageada também com uma cadeira permanente no Teatro Municipal Infantil de Lababarden. Em 1923, tornou-se ainda professora de “Leitura e Declamação”, na Escola Normal de Línguas Vivas, onde havia se formado. Pouco tempo depois, ganhou uma cadeira também na Escola Nacional de Música e Declamação. Em sua quinta coleção de poemas, publicado em 1925, “Ocre”, e “Poemas de Amor”, publicado um ano após, Storni expressa de maneira mais contundente toda a revolta feminina quanto à postura dos homens de sua época. Seu estilo mostra-se mais vinculado ao realismo, com temas fortemente feministas. Retratava com vigor o desprezo sofrido pelas mulheres, a solidão, a marginalidade e a pobreza. Bem pode ser que tudo o que em meu verso hei sentido Não seja mais que aquilo que nunca pôde ser, Não seja mais do que algo vedado e reprimido De família em família, de mulher em mulher. Dizem que nos solares dos meus, sempre medido Estava tudo aquilo que se tinha a fazer... Silenciosas dizem que as mulheres hão sido Em meu materno lar. Ah, sim, bem pode ser... Às vezes minha mãe terá sentido o anseio De liberar-se, e logo viu subirlhe do seio Uma funda amargura, e na sombra chorou. E tudo de mordaz, vencido, mutilado, Tudo o que se encontrava em sua alma guardado, Creio que sem querer fui eu quem libertou. “Ocre”, particularmente, é considerado um marco em sua evolução poética, quando encontra sua própria voz, ligada ao movimento pós-moderno da poesia argentina e às idéias feministas, socialistas e emancipadoras de seu tempo. Uma profunda amargura, entretanto, cada vez mais dava a tônica de seus poemas. Pertencem a ele os célebres “Versos à tristeza de Buenos Aires”. Tristes ruas direitas, tão cinzentas e iguais, CULTURA 20 por onde assoma, às vezes, um pedaço de céu, suas fachadas escuras e suas ruas de breu apagaram-me os tíbios sonhos primaverais. Quanto vaguei por elas, distraída, inundada no vapor acinzentado, lento, que as decora. De sua monotonia, minh’alma sofre agora. - Alfonsina! - Não chames. Já não respondo a nada. Se eu morro, Buenos Aires, em uma de tuas casas, vendo em dias de outono teu preso céu sem asas, não me fará surpresa essa lápide pesada. Que entre tuas ruas retas, untadas por teu rio apagado, brumoso, desolador, sombrio, quando vaguei por elas, eu já estava enterrada. Sua saúde também gradualmente começa a apresentar problemas e ela é obrigada a abandonar seu trabalho como professora, atividade que nunca havia largado desde a formatura. Mesmo assim, mantém-se em plena atividade, funda a Sociedade Argentina de Escritores e faz freqüentes viagens à Espanha, onde entra em contato com outros escritores vanguardistas, como Garcia Lorca. Após as freqüentes viagens, seus poemas sofrem novas transformações, sua expressividade filia-se a um lirismo mais dramático e visceral, carregado de paixão e angústia. Tais transformações, típicas de sua fase madura, estão registradas em seu livro “Mundo de Siete Pozos”, publicado em 1934, e “Mascarilla y trébol”, de 1938. Pertence a este período os conhecidos e belíssimos versos de “Agrio está el mundo. Amargo está o mundo imaturo, detido; em seus bosques florescem pontas de aço; sobem as velhas tumbas à superfície; a água dos mares cunha casas de espanto Amargo está o sol sobre o mundo afogado nos vapores que dele sobem imaturo, detido Amarga está a lua sobre o mundo; verde descolorida; caça fantasmas com seus patins úmidos. Amargo está o vento Sobre o mundo; Alça nuvens de insetos mortos, Ata-se, roto Às torres, Junta-se crepes De pranto; Sobre os tetos. Amargo está o homem Sobre o mundo Balançando-se Sobre suas pernas... A suas costas, Tudo, Deserto de pedras; À sua frente, Tudo, Desperto de sóis, Cego. Era então já uma das maiores celebridades da Argentina. Gabriela Mistral faz questão de ir conhecer a poetisa, e o próprio presidente argentino freqüentava suas apresentações teatrais. “No fundo escuro do mar” No período em que desfrutava do auge de sua popularidade, contudo, em 1935, ela descobre que está com câncer de mama, em uma época em que a doença era especialmente destruidora devido à completa ausência de tratamento. No mesmo ano ela submetese a uma operação e retira um dos seios, mas novos tumores aparecem. Storni cai em uma depressão profunda. O suicídio de um de seus melhores amigos, Horacio Quiroga, em 1937, deixa-a ainda mais transtornada. Em janeiro de 1938, Ministério da Educação do Uruguai promoveu um encontro histórico com as três mais celebradas poetisas da América-Latina, Juana de Ibarbourou, Gabriela Mistral e Alfonsina Storni, representando três nações latinas, Uruguai, Chile e Argentina. Apesar das celebrações, ela permanece profundamente abatida. A doença consumia sua saúde a passos rápidos. Naquele mesmo ano ela conta a seu filho que o câncer havia avançado também para sua garganta, mas que se recusaria a submeter-se a uma nova cirurgia. Dia 18 de outubro ela tomou um trem em direção a Mar del Plata, onde hospedou-se em um pequeno hotel. Ali, dois dias depois, Alfonsina escreveu o poema “Voy Dormir”. Dentes de flores,coifa de orvalho mãos de ervas, tu, fina ama-deleite, prepara-me os lençóis terrosos e a colcha de musgos Vou dormir, minha ama-de-leite, põe-me para dormir , põe-me uma lâmpada à cabeceira, uma constelação; a que te agrade mais; todas são boas; abaixe-a um pouquinho. Deixa-me só: ouve romper os brotos... cria para ti um pé celeste de cima... e um pássaro traça para ti uns compassos para que esqueças... Obrigado. Ah, por favor: Se ele telefonar de novo digas-lhe que não insista, que saí. Os versos foram remetidos para o jornal La Nación. Na manhã seguinte, dia 25 de outubro de 1938, enquanto a população lia atônita seu poema nas páginas da imprensa, a poetisa, que não sabia nadar, atirava-se na escuridão das águas do Mar del Plata. Era seu testamento, seu adeus ao mundo, à humanidade. Seu corpo só foi encontrado muitos dias depois, por operários que trabalhavam no cais. Sua morte provocou comoção nacional. Os cortejos fúnebres duraram vários dias, mobilizando multidões. Os músicos Ariel Ramírez e o escritor Félix Luna, grandes admiradores de Storni e profundamente tocados pelo drama vivido pela poetisa, compõem uma das mais belas letras da história da música argentina, a canção Alfonsina y el Mar, eternizada pela interpretação de Mercedes Sosa, mas que foi incorporada ao repertório de dezenas de cantores, dos mais diversos países. Pela branda areia que lambe o mar suas pequenas pegadas não voltam mais. Um caminho só de pedra e silêncio chegou até a água profunda. Um caminho só de pedras mudas chegou até a espuma. Sabe Deus que angústia te acompanhou! Que velhas dores calaram tua voz Para te fazer deitar ninada pelo canto dos caracóis marinhos. A canção que canta no fundo escuro do mar O caracol. Vais embora, Alfonsina, Com a tua solidão. Que novos poemas fostes buscar? Uma voz antiga De vento e de sal te conforta a alma e a está levando. E vais pra além Como em sonhos Adormecida, Alfonsina, Vestida de mar Cinco sereiazinhas te levarão Por caminhos de algas e de coral E fosforescentes cavalos marinhos Farão uma ronda ao teu lado E os habitantes d’água vão brincar Logo ao teu lado Baixa-me a lâmpada um pouquinho mais Deixe-me dormir, ama-de-leite, em paz E se ele chamar, não digas que estou Diga que Alfonsina não volta E se ele chamar, não digas nunca que estou Diga que saí Vais embora, Alfonsina, com tua solidão Que novos poemas foste buscar? Uma voz antiga de vento e de sal Te conforta a alma e a está levando E vais para além como nos sonhos Adormecida, Alfonsina, vestida de mar. ¶