CONSELHO CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA APRESENTAÇÃO DE ACÇÃO DE FORMAÇÃO NAS MODALIDADES DE ESTÁGIO, PROJECTO, OFICINA DE FORMAÇÃO E CÍRCULO DE ESTUDOS Formulário de preenchimento obrigatório, a anexar à ficha modelo ACC3 An2-B N.º _______ 1. DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO LEITURAS PARTILHADAS Oficina de Formação de Leitura e Escrita Criativa 2. RAZÕES JUSTIFICATIVAS DA ACÇÃO: PROBLEMA/NECESSIDADE DE FORMAÇÃO IDENTIFICADO A leitura partilhada é uma prática incontornável para crianças até aos seis anos: em casa, com os pais e/ou outros familiares, e na escola, com os educadores e colegas. O imaginário infantil de fantasia e de faz-de-conta estimula naturalmente a relação com o livro, as histórias, os cenários, as personagens e os acontecimentos mais ou menos surpreendentes. Com a transição do Ensino Pré-Escolar para o 1º Ciclo do Ensino Básico, esta relação tende a perder-se, quer no contexto familiar (porque as exigências de acompanhamento do crescimento das crianças são outras ou porque as próprias crianças já não reclamam a história para adormecer…), quer no contexto escolar (porque desaparece a hora do conto e similares ou porque o programa escolar exige outras práticas curriculares…). Nos ciclos de ensino seguintes, o afastamento e o abandono da leitura agravam-se, mantendo-se apenas uma ténue ligação, através das leituras obrigatórias do curriculum escolar. Partindo do princípio de que ler é compreender, então, compreender é um meio para atingir um fim. No entanto, esse fim varia de leitor para leitor. Lemos para descobrir uma informação, para satisfazer curiosidades ou, entre outros, para recrear a imaginação. Foi nesse sentido que Díaz (2005) estabeleceu diferentes níveis de leitura, de acordo com a implicação que requerem do ato de compreender: 1. Leitura mecânica – identificação formal de um texto; 2. Leitura funcional – onde predomina o léxico e se ignora a construção sintática; 3. Leitura intencional – com uma finalidade específica, instrumental; 4. Leitura analítica – de caráter critico, que promove reflexão e interacção. Assim, entendemos que a criança leia sobretudo pelos dois últimos motivos enunciados. Por um lado, como um fim em si, pessoal e determinado pela própria criança. Por outro lado, como um meio, para alcançar a descoberta dos conteúdos lúdicos da comunicação linguística; para descobrir a liberdade criativa; para fomentar a imaginação; para projetar na leitura e na escrita ambições, receios, medos, desejos e ideias; para conseguir crescer acedendo a novos mundos e novos conhecimentos. Seja como um fim ou como um meio, é importante (re)investir na relação das crianças (e, consequentemente, dos jovens) com o livro, a leitura e, paralelamente, com a escrita. Nesse sentido, esta Oficina de Formação surge da necessidade de sensibilizar professores, pais e crianças para a leitura e práticas associadas. Este trabalho só é possível com o envolvimento de todos os agentes da comunidade escolar, de forma a articular os conteúdos desenvolvidos na escola com outros estimulados em casa. Para tal, segundo Díaz (2005), é necessário gerar um ambiente afetivo e favorecedor da leitura, que desperte o interesse das crianças e das suas famílias; motivar as crianças para o desenvolvimento de hábitos de leitura e escrita; ajudar a descobrir as mensagens singulares que cada leitor encontra na sua leitura; facilitar experiências leitoras, proporcionando modelos experimentados em aula, mas potencializados para se repetirem noutros espaços, especialmente em casa. A partilha de leituras em voz alta entre pais e filhos é uma das estratégias mais eficazes de promoção da leitura. Para além do desenvolvimento das competências leitoras, é um momento familiar de cumplicidade e de afeto. O trabalho elaborado na escola deve ser possível de integrar em outros espaços menos formais. “O desenvolvimento harmonioso e eficaz dos sistemas educativos exige que se planifique a partir de considerações integradoras. Trata-se de reconhecer as alternativas não formais e interrelacioná-las com os meios formais” (Trilla et. al., 2003: 199). Assim, é indispensável incentivar os pais a criarem esta prática diária. Para além disso, associar a atividade escrita, reforça a aprendizagem da leitura, a criatividade e a correta utilização da língua portuguesa. Estudos realizados em diversos países, incluindo Portugal, mostram que quando se estabelecem parcerias com os pais e estes leem diariamente com os seus filhos, as crianças desenvolvem a compreensão do que lhes é lido/dito, ampliam e enriquecem o vocabulário, progridem muito na velocidade de leitura, aumentam a correção com que lêem, dedicam mais tempo à leitura independente, apresentam maior motivação para a leitura, frequentam mais as bibliotecas e levam mais livros para casa. Por sua vez, os pais reforçam os laços afetivos com os filhos, compreendem melhor como se desenvolvem e falam mais frequentemente sobre livros e literatura com eles. Para instituir esses hábitos, é necessário dotar professores, educadores e encarregados de educação de ferramentas, metodologias e instrumentos que facilitem a troca de experiências ligadas à leitura e à escrita, no sentido de: estimular nas crianças a curiosidade pelo mundo do livro; reforçar os sentimentos associados ao prazer lúdico da leitura e da escrita, através de atividades de animação, facilitando a partilha de expressões e sentimentos singulares da intimidade leitora; dinamizar a leitura em casa, tal como na escola, integrando oralidade, imagens e leitura na comunicação quotidiana. 3. DESTINATÁRIOS DA ACÇÃO Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico, Secundário e Educação Especial Os dados recolhidos são processados automaticamente, destinando-se à gestão automática de certificados e envio de correspondência. O preenchimento dos campos é obrigatório pelo que a falta ou inexactidão das respostas implica o arquivamento do processo. Os interessados poderão aceder à informação que lhes diga respeito, presencialmente ou por solicitação escrita ao CCPFC, nos termos dos artigos 27º e 28º da lei nº 10/91 de 19 de Fevereiro. Entidade responsável pela gestão da informação: CCPFC – Rua Nossa Senhora do Leite, nº 7-3º - 4700 Braga. 4. EFEITOS A PRODUZIR: MUDANÇA DE PRÁTICAS, PROCEDIMENTOS OU MATERIAIS DIDÁCTICOS Com esta Oficina de Formação, pretende-se sobretudo partilhar, no sentido de dar a conhecer práticas sensíveis de estímulo à leitura e à escrita, designadamente através de exemplos de técnicas, ferramentas e projetos já desenvolvidos noutros contextos. Importa, assim, promover a capacidade de comunicação, de expressão e de criação de cada participante, num espaço de liberdade e de troca de experiências e aprendizagens, entre formador e formandos, numa “construção lenta e quotidiana, responsabilidade de todos, de formas superiores de vida em comum” (Azevedo, 2007: 8), na certeza de "que, quando professores e bibliotecários trabalham em conjunto, os estudantes atingem maiores níveis de literacia, de leitura, de capacidade de resolução de problemas, bem como adquirem competências de informação e comunicação." (Manifesto das Bibliotecas Escolares da IFLA/UNESCO, 2000), sendo que esta verdade será exponenciada se os implicados apostarem numa formação complementar e devidamente preparada para os fins que se pretendem atingir. Procura-se valorizar os participantes, as suas relações, os seus hábitos e as suas histórias, em mútuo consentimento, fomentando não só a aquisição de saberes, mas também de novas atitudes e comportamentos, no sentido da mudança e de outros modos de vida. Os efeitos a produzir com esta Oficina de Formação que aqui se apresentam são relativos aos formandos, com o intuito de os dotar de estratégias e instrumentos para que, depois, os possam estender junto do público-alvo com quem trabalham. Assim, são objetivos da oficina de formação: - Promover novas formas de relação com o livro e a literatura; Abordar a temática da leitura e da escrita de forma criativa; Fomentar a imaginação num ambiente relacionado com a leitura; Impulsionar para a descoberta de novas leituras e novos livros; Estimular o investimento em hábitos de leitura em contexto de sala de aula; Distinguir modelos formais, informais e não formais de práticas de leitura e de escrita; Reforçar o gosto e o prazer pela leitura e pela escrita; Criar estratégias que permitam gerir tempos e ambientes favoráveis ao ato de ler; Conseguir interpretar diferentes formas de leitura; Promover a aquisição de hábitos de leitura em contexto familiar; Contribuir para o alargamento das perspetivas da família em relação ao sucesso escolar; Reconhecer a capacidade de escrita criativa com base em leituras criativas; Saber planificar uma atividade participada de promoção de leitura e/ou escrita criativas. 5. CONTEÚDOS DA ACÇÃO (Práticas Pedagógicas e Didácticas em exclusivo, quando a acção de formação decorre na modalidade de Estágio ou Oficina de Formação) Apresentação dos conteúdos e da metodologia da Oficina de Formação (15m); Apresentação dos critérios de avaliação (15m); Identificação das potencialidades/ necessidades de formação focadas nas experiências prévias dos formandos através da leitura de um texto – Lemos o que somos o que lemos (1,30h); Caso de Estudo: Pessoal e Intransmissível, desconstrução criativa de conteúdos literários (3h) Apresentação dos trabalhos sobre exploração criativa livre de conteúdos literários e reflexão sobre os mesmos (2h); Do vazio à palavra/ da palavra à história (3h) Os limites da criatividade; O treino como desbloqueio da imaginação; Leitura poética e escrita narrativa Apresentação dos trabalhos de leitura poética e escrita narrativa e reflexão sobre os mesmos (2h) Da história à ilustração/ da ilustração à narrativa (3h) A imagem como mensagem; Da leitura de imagens à interpretação de sentidos. Criatividade em continuidade Ler: O antes e o depois Escrever: O antes e o depois Apresentação dos trabalhos de leitura poética e escrita narrativa e reflexão sobre os mesmos (2h) Caso de Estudo: Noveloteca, recriação de histórias pessoais, através da escrita e da ilustração (3h) Apresentação de um trabalho final e discussão dos resultados alcançados e sobre a forma como as aprendizagens adquiridas podem ser implementadas no futuro (2 h); Elaboração/compilação de um portfólio de exercícios e dinâmicas de leitura e escrita criativa (2,30h); Avaliação final da oficina de formação (30m). 6. METODOLOGIAS DE REALIZAÇÃO DA ACÇÃO 6.1. Passos metodológicos Sessões presenciais As sessões presenciais desta Oficina desenvolvem-se de forma a mobilizar e problematizar as experiências e os conhecimentos prévios dos formandos. Pretende-se que cada sessão represente um momento de partilha, experimentação e reflexão, onde se crie um ambiente colaborativo em que se desbloqueie e se encoraje a relação com as potencialidades fundamentalmente expressivas e estéticas da leitura e da escrita. Procura-se que todas as sessões permitam uma experiência de autonomia dos formandos. Com exceção da primeira sessão, todas as outras irão iniciar-se com a demonstração das atividades desenvolvidas nas sessões de trabalho autónomo. A segunda parte das sessões será preenchida com dinâmicas, jogos e exercícios de criatividade, com temas específicos, tentando oferecer aos formandos ferramentas para o desenvolvimento do trabalho autónomo. SESSÃO I Dia 1: Identificação das principais potencialidades de cada formando, assim como de dificuldades relativas à dinamização de atividades ligadas à leitura e/ou à escrita; minimização de dificuldades, através do incentivo ao treino da criatividade. Dia 2: Apresentação de um exemplo prático de exploração criativa de conteúdos literários, através do universo pessoano, funcionando como exemplo a ser explorado nas sessões de trabalho autónomo. SESSÃO II Dia 1: Apresentação e discussão dos trabalhos de exploração criativa de conteúdos literários, desenvolvidos pelos formandos. Dia 2: Realização de exercícios de leitura criativa, tendo como ponto de partida a letra e como ponto de chegada a palavra. Nessa viagem de construção e desconstrução de palavras através das letras, tenta-se compreender o que limita a criatividade de cada um, quais as barreiras que nos impedem de imaginar e criar e como podemos ultrapassá-las. Todos os trabalhos têm como base o universo poético. Neste caso, a poesia é o mote para criação e leitura de pequenas narrativas. SESSÃO III Dia 1: Apresentação e discussão dos trabalhos de leitura poética e escrita narrativa, desenvolvidos pelos formandos. Dia 2: Exploração a partir da palavra e ao encontro da ilustração. Todos os exercícios têm como base a ilustração, alvo de diferentes leituras e interpretações. Ainda nesta sessão, aborda-se a problemática da (in)capacidade de continuar histórias deixadas a meio, por escrever ou por ler. Desse modo, demonstram-se diferentes formas de continuar ou reinventar histórias a partir do antes ou do depois. SESSÃO IV Dia 1: Apresentação e discussão das aprendizagens adquiridas por parte dos formandos em relação aos assuntos partilhados na sessão anterior, Dia 2: Apresentação de um exemplo prático de recriação de histórias, através da escrita e da ilustração. SESSÃO V Dia 1: Apresentação e discussão das aprendizagens adquiridas por parte dos formandos em relação aos assuntos partilhados ao longo da formação. Dia 2: Avaliação dos formandos e avaliação da Oficina de Formação. Sessões de Trabalho Autónomo: O trabalho autónomo, num total de 25 horas, é dedicado: ao aprofundamento e consolidação da aprendizagem sobre leitura e escrita criativa; à familiarização com novas metodologias e instrumentos que incentivem o contacto com a leitura e a escrita de forma mais criativa; à elaboração, à planificação e à implementação de atividades e dinâmicas de leitura e escrita criativa, em contexto de sala de aula; à produção de materiais que contribuam para o sucesso da Oficina de Formação; à avaliação dos efeitos produzidos pelas novas dinâmicas de leitura e escrita: recolha de testemunhos de alunos e encarregados de educação; à elaboração de relatórios, se assim se justificar. Os formandos executam as várias tarefas propostas e colaboram na descoberta e na troca de informação relativamente aos temas propostos e o formador faz o acompanhamento, estimulando diferentes abordagens e reflexões produzidas pelos formandos. O resultado das tarefas de pesquisa/reflexão e os materiais produzidos se disponibilizados para discussão conjunta moderada pelo formador. Os formandos fazem uma análise crítica das propostas de atividades e dos relatos das experiências. São também fornecidos materiais de apoio e referências bibliográficas essenciais sobre os conteúdos da Oficina. 6.2. Calendarização 6.2.1. Período de realização da acção durante o mesmo ano escolar: Entre os meses de Janeiro de Abril, de acordo com as seguintes datas: Sessões presenciais conjuntas: Sessão I 24 de janeiro 2013 – 2 horas 25 janeiro 2013 – 3 horas Sessão II 6 de fevereiro 2013 – 2 horas 7 de fevereiro 2013 – 3 horas Sessão III 27 de fevereiro 2013 – 2 horas 28 de fevereiro 2013 – 3 horas Sessão IV 13 de março 2013 – 2 horas 14 de março 2013 – 3 horas Sessão V 10 de abril 2013 – 2 horas 11 de abril de 2013 – 3 horas Sessões de trabalho autónomo - Intercaladas entre as sessões presenciais conjuntas 6.2.2. Número de horas previstas por cada tipo de sessões: Sessões presenciais conjuntas 25 horas Sessões de trabalho autónomo 25 horas 7. APROVAÇÃO DO ÓRGÃO DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DA ESCOLA: (Caso de Modalidade de Projecto) (Art. 7º, 2 RJFCP) Data: ___/___/___ Cargo: ________________________________________________________________________________________ Assinatura: __________________________________________________________________________________________________________ 8. CONSULTOR CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO OU ESPECIALISTA NA MATÉRIA (Art. 25º-A, 2 c) RJFCP) Nome: ______________________________________________________________________________________________________________ (Modalidade de Projecto e Circulo de Estudos) delegação de competências do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua (Art. 37º f) RJFCP) Sim Não N.º de acreditação do consultor / 9. REGIME DE AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS Avaliação quantitativa dos formandos, expressa numa escala de 1 a 10 valores, nos termos da Carta Circular CCPFC - 3/2007, de Setembro de 2007, com base nos seguintes parâmetros: Participação: Contributo nas discussões das sessões; Trabalho de grupo: Realização e publicação das tarefas propostas em cada sessão, Trabalho individual: Reflexão sobre as tarefas desenvolvidas, assiduidade/pontualidade (25%) Trabalho individual: Planificação de uma atividade de leitura e escrita criativa, aplicação em sala de aula, materiais elaborados (60%) Relatório de reflexão: Sobre os resultados dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula e reflexão crítica sobre as competências desenvolvidas (documento orientador fornecido pela formadora). (15%) 10. FORMA DE AVALIAÇÃO DA ACÇÃO Preenchimento de um questionário pelos formandos e formador, no final da oficina de formação. Relatório do(s) Consultor(es) de Formação ou Especialista(s). 11. BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL Azevedo, Joaquim (2007) “Aprendizagem ao longo da vida e regulação sociocomunitária da educação”, Cadernos de Pedagogia Social, 1, Ano 1, 7-40. Díaz, José Quintanal (2005) La Animación Lectora en el aula, Madrid: Editorial CCS. Guedes, Teresa (2000) Criatividade precisa-se!, [S.l.]: Editorial Caminho. Norton, Cristina (2001) Os mecanismos da escrita criativa: escrita criativa, actividade lúdica, Lisboa: Tema e Debates. Marques, Ramiro (2005) Ensinar a ler, aprender a ler, Lisboa: Texto editores. Meireles, Maria Teresa (1999) Contos e lendas, abordagem e reflexão, Lisboa: Vega. Rooyackers, Paul (2003) 101 jogos dramáticos, Porto: Edições Asa. Rooyackers, Paul (2006) 100 jogos de linguagem, Porto: Edições Asa. Santos, Margarida Fonseca e Serra, Elsa (2007) Quero ser escritor: Manual de escrita criativa para todas as idades, Cruz Quebrada: Oficina do Livro. Trilla, Jaume et al. (1993), La educación fuera de la escuela: ámbitos no formales y educación social, Barcelona: Ariel. Data ___/___/___ Assinatura ____________________________________________