XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
AVALIAÇÃO DA CULTURA DE
INOVAÇÃO EM EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO CIVIL DE JUIZ DE FORA
Joao Alberto Neves dos Santos (UFF)
[email protected]
Gabriel Nazareth de Lana (UFF)
[email protected]
Samantha Fernandes Milczanowski Neves (UERJ)
[email protected]
Esse artigo teve por objetivo apresentar os resultados da aplicação de
uma pesquisa para descrever em que medida as empresas de
construção civil, em Juiz de Fora-MG, possuem uma cultura de
inovação, baseada nos Atributos Valores, Comportamentos, Clima,
Recursos, Processos e Compromisso. Isto foi feito por meio de uma
pesquisa de campo, com a aplicação de um questionário, adaptado do
original (“The Building Blocks of Innovation Survey”), respondido
pelos engenheiros, diretores e gerentes das empresas locais, sendo
então capazes de avaliá-las. Após as aplicações do questionário, foram
feitas as análises de validação, confiabilidade e dos resultados,
obtendo-se, então, um questionário confiável e válido. Os resultados da
pesquisa mostram que os Atributos Valores, Comportamentos e Clima
obtiveram resultados acima da média (2,50) e os demais abaixo da
média. No Atributo Compromisso, verificou-se que as empresas não se
reconhecem como inovadoras, o que é agravado pela falta de
comprometimento da própria empresa, pois não tratam a inovação
como uma estratégia de longo prazo, além de não possuírem uma
abordagem deliberada, abrangente e disciplinada para a inovação, o
que caracteriza a falta de um compromisso real das empresas
pesquisadas com o desenvolvimento de uma Cultura de Inovação.
Palavras-chave: Cultura de Inovação, Inovação, Construção Civil,
Cultura Organizacional
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1. Introdução
Devido ao boom da construção civil no país e no mundo, o mercado tornou-se cada vez mais
competitivo, com o surgimento de muitas empresas do ramo em busca de maiores
lucratividades. O grande diferencial entre elas está na inovação.
A importância em inovar na construção civil se relaciona à maior conscientização da
sociedade em relação à necessidade de minimização da utilização de recursos naturais e dos
impactos causados ao meio ambiente (SCHWARK, 2006).
Para tornar-se relevante no cenário global, é importante que o Brasil aumente sua capacidade
de inovar, pois isso pode ser a pedra de toque para que o país passe a fazer parte de um seleto
grupo de nações que tenha na inovação a base para seu crescimento. Mas pesquisa da escola
mundial de formação de executivos INSEAD e da Organização Mundial de Propriedade
Intelectual - OMPI (EXAME, 2013) mostra que o país está em 58º lugar entre 141 países no
ranking das nações mais inovadoras do mundo de 2012.
Mas por que o caminho precisa ser o da inovação? Segundo Piovezan (2006), no Brasil, isso
pode ser particularmente importante para que o país não continua sendo apenas um
competidor no mercado de commodities. Além disso, a inovação, na atualidade, coloca a
empresa em posição vantajosa no mercado, tanto em relação à sua à eficiência operacional, à
eficiência ambiental, ao domínio tecnológico de suas ações, à manutenção de competências
essenciais ao seu negócio, além da natural busca de inserção em novos mercados externos.
Nesse sentido, o Governo pode auxiliar muito na capacidade de inovar, pois possui o papel de
coordenador do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, estabelecendo políticas
e diretrizes, criando e aperfeiçoando a infraestrutura necessária para viabilizar o
relacionamento entre os diversos atores do Sistema, definindo prioridades em Ciência,
Tecnologia e Inovação para as diferentes realidades dos diversos setores industriais, de forma
a direcionar os adequados estímulos para aqueles setores mais carentes de investimentos
(IEIS, BASSI e SILVA, 2011).
Essa atuação sistêmica do Governo, em suas diversas esferas de atuação: federal, estadual e
municipal, em conjugação com os esforços das empresas, só confirmam que “a inovação é
fruto de um processo que só pode ser analisado se leva em conta seu caráter interativo”
(PELAEZ e SZMRECSÁNYI, 2006, p. 418 apud IEIS, BASSI e SILVA, 2011), pois, na
atualidade, em muitas situações, uma inovação é consequência do trabalho desenvolvido pelas
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empresas com o apoio dos diversos órgãos do Governo, que, em conjunto, desenvolvem
estratégias de apoio às iniciativas inovadoras das empresas.
Outro fator importante para o sucesso da inovação no mercado da Construção Civil é a
parceria entre universidades e empresas, assim como descreve Strieger, et al (2012) que “o
conhecimento científico esteve, historicamente, sob a inércia das grandes transformações
políticas, econômicas e sociais.
Para Schwark (2006), existem diversos motivos para o baixo impacto da inovação no setor de
Construção Civil. Primeiramente, o setor é muito pulverizado, ou seja, existe um grande
número de pequenas empresas atuando no mercado. Além disso, apenas as empresas maiores
têm o porte e a estrutura necessários para dedicarem esforços para a inovação, pois as
pesquisas demonstram que as empresas maiores têm maior possibilidade de introdução de
novidades. Na verdade, considerando todos os setores industriais, as empresas com 500
colaboradores ou mais têm índice de inovação de 20%, ao passo que considerando apenas a
indústria da construção civil esse índice cai para cerca de 10%.
Existem também alguns motivos para a baixa adesão das empresas de construção civil para a
inovação, que estão relacionados à conjuntura do país. Por exemplo, a inovação normalmente
tem grande impacto sobre o aumento da produtividade, que impacta diretamente na
quantidade de mão de obra utilizada pela empresa.
Politicamente, essa redução de mão de obra no setor de construção civil não é desejada, pois o
setor muitas vezes serve como um amortecedor da economia, absorvendo a mão de obra que é
deslocada de outros setores mais intensivos em conhecimento e qualificação. De certa forma,
essa situação limita a busca da inovação pelas empresas de construção civil, “que depende de
maior discernimento, qualificação, motivação, participação e treinamento da equipe”
(SCHWARK, 2006, p. 47). Percebe-se que não são levados em conta a melhor qualificação da
mão de obra empregada, que é mais bem remunerada, e a qualidade do produto final.
A inovação na construção civil ainda terá que vencer algumas dificuldades ligadas à cultura
do setor. Para fluir, a inovação precisa de um ambiente onde a criatividade seja incentivada.
Porém, a cultura do setor “é baseada em crenças e autodefesas que limitam o seu próprio
desenvolvimento” (SCHWARK, 2006, p. 48).
2. Objetivo
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O principal objetivo desde artigo é apresentar os resultados da aplicação de uma pesquisa para
descrever em que medida as empresas de construção civil, em Juiz de Fora-MG, possuem
uma cultura de inovação, baseada nos Valores a serem cultuados, nos Comportamentos
descritos pelas pessoas, no Clima favorável à inovação, nos Recursos colocados à
disposição pela empresa, nos Processos inovadores e pelo Sucesso nos resultados, a fim de
que os gestores desse tipo de empresa possam mostrar como a inovação pode alavancar
melhores resultados em suas empresas.
3. Metodologia
O processo metodológico do presente trabalho pode ser visualizado no Quadro 1
Quadro 1 – Metodologia da Pesquisa
Fases da Pesquisa
1 - Revisão Bibliográfica
2 - Mapeamento das empresas de
construção civil de Juiz de Fora – MG
3 – Elaboração do questionário da
Pesquisa
4 - Aplicação do questionário
5 - Avaliação de Resultados
6 - Conclusões
Detalhamento da Fase
- Identificar os principais conceitos relacionados à inovação na
construção civil.
- Identificar os contatos das empresas de construção civil, com vistas
a preparar a distribuição dos questionários.
- Aplicar o método de construção de um questionário com validade
de conteúdo e que possa ter a validação de constructo realizada.
- Verificar se o questionário é confiável e válido segundo critérios
estatísticos.
- Fazer as considerações finais sobre a pesquisa realizada.
Fonte: Os Autores
Na Fase 1 - Revisão Bibliográfica, foi feito um levantamento de artigos sobre o tema da
pesquisa, com vistas a incrementar o conhecimento sobre as inovações na indústria da
construção civil.
Na Fase 2 - Mapeamento das empresas de construção civil de Juiz de Fora – MG, foi feito um
levantamento das empresas da região, tomando por base o banco de dados do SINDUSCONJF (2013), de forma a atualizar os contatos e verificar a localização das empresas que estão
atuando naquela cidade mineira. Os dados obtidos foram confirmados com os responsáveis
pela própria empresa.
Na Fase 3 - Elaboração do questionário da Pesquisa, o questionário foi aplicado nas empresas
de construção civil da cidade de Juiz de Fora - MG, de forma a medir sua confiabilidade e
validade, sendo respondido por engenheiros, gerentes e empresários, que deveriam fazê-lo
de forma sincera, para a obtenção da visão das empresas sobre a prática da inovação nas
mesmas, não havendo interferência de nenhum entrevistador na obtenção das informações. A
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primeira parte do questionário teve o objetivo de obter informações relevantes para o estudo a
respeito do perfil das empresas, através, principalmente, do formato “checklist”. A segunda
parte do questionário teve como objetivo obter informações a respeito das práticas de
inovação realizadas pelas empresas. Foi utilizada a escala Likert de 5 pontos e uma opção NE
(não entendi) para avaliar essas práticas.
O questionário foi adaptado, pelos autores deste artigo, do instrumento criado por dois
pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology – MIT (RAO e WEINTRAUB,
2012), tendo por finalidade medir o quociente de inovação em empresas de determinados
setores. O instrumento é constituído por seis blocos principais que os autores consideraram
como os Atributos da Inovação: Valores, Comportamento, Clima, Recursos, Processos e
Compromisso. Cada atributo tem três Fatores da Inovação, que por sua vez, cada fator se
relaciona com três Elementos da Inovação, os quais compõem as assertivas do questionário.
Cabe destacar que foi feita uma avaliação da confiabilidade e validade confirmatória do
instrumento, tendo em vista que ele foi aplicado com a finalidade de medir a cultura de
inovação de um grupo de empresas de um local, que é uma finalidade diferente daquela para a
qual foi criado, qual seja, medir o quociente de inovação em uma empresa de um
determinado setor industrial.
Na Fase 4 - Aplicação do questionário, foram feitas visitas às empresas de construção civil
que concordaram em participar da pesquisa, sendo construído um banco de dados com as
respostas das empresas, feitas por meio de seus colaboradores. Os contatos serão realizados
através de telefonemas, email, visitas às incubadoras e comparecimento à eventos regionais,
onde estarão presentes os gestores das instituições.
Quadro 1 - Perfil das Empresas
Perfil das Empresas Total de
% de
Total da
(nº funcionários)
Empresas Empresas Amostra
Mais de 200
6
8,80
5
101 a 200
4
5,80
0
51 a 100
19
27,90
5
Até 50
39
57,50
6
Total
68
100%
16
Fonte: Adaptado de estatística de SINDUSCON-JF (2013)
% da
Amostra
31,25
0
31,25
37,5
100%
Total de
% de
Respondentes Respondentes
13
41,9
0
0
10
32,3
8
25,8
31
100
Verifica-se que foi dada ênfase nas empresas de maior número de funcionários, que são as
empresas de maior porte da região (42%) e são aquelas que possuem maior possibilidade de
já terem construído uma cultura de inovação. Essas empresas foram suficientemente
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representadas, destacando-se que elas são as que possuem as condições mais adequadas
para
estruturarem
uma
área
de
P&D.
Buscou-se
também
uma
maior
representação de empresas até cem funcionários, que perfazem um total de 58% das
empresas pesquisadas, devido à sua grande participação no mercado, apesar de possuírem
menores condições de ter em sua estrutura organizacional uma área de P&D. Cabe
destacar, ainda, que algumas empresas não quiseram participar da pesquisa, não
respondendo ao questionário.
Na Fase 5 - Avaliação de Resultados, os resultados obtidos junto aos respondentes foram
organizados e dispostos em tabelas, para facilitar a representação e verificação das relações
existentes entre eles. A tabulação foi feita por meio do software SPSS devido à grande
quantidade de dados existentes, o que permitiu garantir uma análise adequada, segundo
critérios de confiabilidade e validações de conteúdo e de constructor. O trabalho utilizou o
Alfa de Cronbach como medida da confiabilidade do questionário.
Nessa Fase 5 também foi realizada uma análise exploratória, que buscou obter informações,
por meio das respostas e do cruzamento dos dados obtidos. Uma análise multivariada dos
dados foi necessária, partindo do princípio que diversos dados precisariam ser analisados
simultaneamente. A construção de índices a partir da análise fatorial e dos pesos fornecidos
pela escala de Likert foi ser realizada com o objetivo de quantificar o nível apresentado por
cada prática-chave da Cultura de Inovação, sendo possível ranquear sua maturidade nas
empresas em relação às práticas e processos da Cultura de Inovação.
Na Fase 6 - Conclusões, foi construído um relatório final, a partir dos resultados obtidos com
as análises estatísticas realizadas, com vistas a responder as questões existentes na pesquisa.
4. Principais resultados da aplicação de pesquisa para avaliar a cultura de inovação nas
empresas de construção civil em Juiz de Fora-MG
Os Atributos de Inovação foram definidos da seguinte forma:
- Valores: aborda as prioridades e decisões que refletem na forma como a
empresa gasta seu tempo e dinheiro. São medidos por meio dos Fatores
Empreendedorismo, Criatividade e Aprendizagem.
- Comportamentos: descrevem como as pessoas agem em busca da inovação. São
medidos por meio dos Fatores Energização, Engajamento e Habilitação da Liderança.
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- Clima: descreve as situações da vida no trabalho. Um Clima inovador é
caracterizado pelo ambiente de colaboração e pela capacidade de assumir riscos
dentro de um ambiente seguro. É medido por meio dos Fatores Colaboração, Segurança e
Simplicidade.
- Recursos: verifica se as pessoas estão engajadas na busca da inovação, se existem
ferramentas de apoio à inovação e se as pessoas têm os meios necessários para buscar
novas oportunidades. São medidos por meio dos Fatores Pessoas, Sistemas e Projetos.
- Processos: averigua os caminhos seguidos desde a geração das ideias, passando pela
transformação destas em produtos e os ajustes internos necessários à concretização das
ideias geradas. São medidos por meio dos Fatores Idealização, Transformação e
Ajuste/Adaptação.
- Compromisso: identifica como a empresa é vista pelo público externo e trabalha a
imagem com base em um compromisso individual e coletivo, de modo a reforçar os
valores, comportamentos e processos. É medido por meio dos Fatores Reconhecimento
Externo, Comprometimento da Empresa e Comprometimento Individual.
Foram atribuídos valores às respostas ao questionário. À resposta Concordo Completamente
foi atribuído o valor 4, à resposta Concordo foi atribuído o valor 3, até chegar à resposta
Discordo Completamente à qual foi atribuído o valor 0 (zero). O Quadro 2 mostra os
resultados obtidos na aplicação do questionário. O valor médio encontrado da Cultura da
Inovação foi de 2,50. Isso demonstra que as empresas pesquisadas do setor de construção civil
da cidade de Juiz de Fora possuem uma Cultura de Inovação ainda em fase inicial.
Quadro 2 – Atributos e Fatores de Inovação
Atributo de Inovação
1 – VALORES
Média 2,70
2 – COMPORTAMENTOS
Média 2,80
3 – CLIMA
Média 2,69
4 – RECURSOS
Média 2,24
5 – PROCESSOS
Média 2,23
Fator de Inovação
1.1 – Empreendedorismo
1.2 – Criatividade
1.3 – Aprendizagem
2.1 – Energização
2.2 – Engajamento
2.3 – Habilitação da Liderança
3.1 – Colaboração
3.2 – Segurança
3.3 – Simplicidade
4.1 – Pessoas
4.2 – Sistemas
4.3 – Projetos
5.1 – Idealização
5.2 – Transformação
5.3 – Ajuste/Adaptação
Ìndice Médio
do Fator
2,59
2,67
2,85
2,87
2,65
2,89
2,65
3,30
2,12
2,40
2,25
2,07
2,17
2,14
2,40
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6 – COMPROMISSO
Média 2,36
6.1 – Reconhecimento Externo
6.2 – Comprometimento da Empresa
6.3 - Comprometimento Individual
Média Geral dos Atributos
2,28
2,35
2,46
2,50
Fonte: Os Autores
4.1. Atributo Valores
No Atributo Valores, verifica-se que seu resultado global (2,70) ficou acima da média geral
dos atributos (2,50). Os Fatores Criatividade com a assertiva “1.2.1- Nós encorajamos novas
maneiras de pensar e solucionar, que abordem diversas perspectivas” com 84% de respostas
positivas e Aprendizagem com a assertiva “1.3.1- Nós somos bons em fazer perguntas na
busca pelo desconhecido” com 87% de concordância dos respondentes foram os que mais
favoreceram esse resultado, mostrando que tanto o encorajamento por novas formas de
pensar, como o incentivo ao questionamento podem favorecer a Cultura de Inovação.
4.2. Atributo Comportamentos
No Atributo Comportamentos, verifica-se que seu resultado global (2,80) ficou acima da
média geral dos atributos (2,50). Existe um equilíbrio entre os diversos Fatores que compõem
o Atributo. A análise da confiabilidade do Atributo e dos diversos Fatores é apresentada a
seguir.
Em relação ao Fator Energização, verificou-se que os resultados asseguram que a consistência
interna das assertivas foi adequada, pois o Alfa de Cronbach alcançou 0,720, superior ao
mínimo necessário de 0,60. Passou-se, então, à Análise Fatorial, de forma a avaliar o
carregamento de cada assertiva do questionário no Fator considerado.
Variância total explicada
Valores próprios iniciais
Componente
Total
% de variância
Somas de extração de carregamentos ao quadrado
% cumulativa
1
1,928
64,264
64,264
2
,706
23,542
87,806
3
,366
12,194
100,000
Total
1,928
% de variância
64,264
% cumulativa
64,264
Método de Extração: Análise de Componente Principal.
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Verificou-se que existia apenas um Eigenvalue maior do que 1,0, então só existe um fator
para as variáveis consideradas. É preciso verificar quanto cada variável carrega no fator
considerado. Na tabela a seguir, observa-se que todos os carregamentos são superiores a 0,55,
portanto, as VAR2.1.1, VAR2.1.2 e VAR2.1.3 (assertivas do questionário) compõem o
mesmo fator.
Para esse resultado, muito contribuiu a assertiva “2.1.2- Nossos líderes frequentemente nos
desafiam a pensar e agir com visão empreendedora”, em que mais de 80% dos respondentes
concordam com ela.
Em relação ao Fator Engajamento, muito contribuiu também a assertiva “2.2.3- Nossos líderes
dão suporte aos membros das equipes de projeto nos erros e acertos”, pois mais de 80% dos
respondentes concordam com ela. Por sua vez, na análise das assertivas relacionadas ao fator
Habilitação das Lideranças, verificou-se que a assertiva “2.3.3- Nossos líderes são
persistentes para seguir as oportunidades, mesmo diante de adversidades” foi a que também
obteve quase 80% das concordâncias dos respondentes. Essas respostas mostram que as
empresas analisadas possuem lideranças que apoiam as oportunidades que se apresentam, que
é uma atitude favorável à busca da inovação pelas empresas.
4.3. Atributo Clima
No Atributo Clima, verifica-se que, apesar de seu resultado global (2,69) ter ficado acima da
média geral dos atributos (2,50), é o atributo que apresenta, dentre os Fatores da Inovação, o
segundo pior resultado (Simplicidade - 2,12) e o melhor resultado (Segurança – 3,30). A
assertiva “3.3.1- Nós minimizamos regras, políticas, burocracia e rigidez para simplificar
nosso local de trabalho” do Fator Simplicidade mostrou que apenas 39% dos respondentes
concordam, o que demonstra a grande dificuldade das empresas de construção civil de Juiz de
Fora em reduzir aspectos burocráticos e regras rígidas, que podem dificultar a busca da
inovação. A assertiva “3.2.1- Nós somos consistentes em realmente fazer aquilo que nós
dizemos valorizar” com a concordância de mais de 90% dos respondentes, mostra que
valorizar e agir de acordo com os valores pode ser um estímulo adequado ao crescimento de
uma Cultura de Inovação.
4.4. Atributo Recursos
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O Atributo Recursos teve um resultado (2,24) abaixo da média (2,50). Olhando com atenção
os dados da pesquisa, verificou-se que alguns Elementos da Inovação (assertivas 4.2.1 e 4.2.2)
do Fator Sistemas (2,25) e Elementos da Inovação (assertivas 4.3.1 e 4.3.2) do Fator Projetos
(2,07) foram os que mais contribuíram para esse resultado negativo. No Fator Sistema, a
assertiva “4.2.1- Temos os sistemas adequados de recrutamento e contratação para apoiar uma
cultura de inovação” teve a concordância de apenas 23% dos respondentes, o que mostra que
as empresas de construção civil analisadas não possuem sistemática adequada de absorção de
pessoas com vistas à inovação. Por sua vez, a assertiva “4.3.2- Nós temos recursos financeiros
específicos para a busca de novas oportunidades” com a concordância de apenas 25% dos
respondentes mostra que a inovação não possui apoio financeiro adequado nas empresas
pesquisadas.
4.5. Atributo Processos
O Atributo Processos teve o pior resultado (2,23) dos atributos analisados. Os dados da
pesquisa mostram que os Fatores Idealização e Transformação foram os que mais
contribuíram para esse resultado negativo. No Fator Idealização, a assertiva “5.1.3- Nós nos
baseamos em um portfólio de risco claramente articulado para selecionar oportunidades” teve
a concordância de apenas 26% dos respondentes, o que mostra que as empresas de construção
civil analisadas não verificam os riscos inerentes à busca das novas oportunidades o que pode
prejudicar a estruturação de um ambiente de apoio à inovação. Por sua vez, a assertiva “5.2.3Nós rapidamente interrompemos os projetos, com base nos critérios de falha já previamente
definidos” com a concordância de apenas 32% dos respondentes mostra que as empresas
analisadas precisam estabelecer critérios de falha com antecedência, pois isso é uma prática
que auxilia a estruturação do apoio à inovação, pois evita a insistência em projetos que não se
sustentam.
4.6. Atributo Compromisso
No Atributo Compromisso teve um resultado (2,36) abaixo da média (2,50). A pesquisa
mostra que esse resultado foi principalmente devido aos Elementos da Inovação
caracterizados nas assertivas 6.1.2 e 6.1.3 do Fator Reconhecimento Externo (2,28) e
Elementos da Inovação (assertivas 6.2.1 e 6.2.2) do Fator Comprometimento da Empresa
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(2,35) foram os que mais contribuíram para esse resultado negativo. No Fator
Reconhecimento Externo, a assertiva 6.1.2- Nosso desempenho em inovação é muito melhor
do que o de outras empresas do nosso setor industrial” teve a concordância de apenas 26%,
enquanto a assertiva “6.1.3- Nossos esforços em inovação nos levaram a um melhor
desempenho financeiro do que o de outras organizações do nosso setor industrial” teve a
concordância de apenas 33% dos respondentes, caracterizando que as empresas de construção
civil analisadas não são reconhecidas como inovadoras pelas demais empresas do setor.
Por sua vez, a assertiva “6.2.1- Nós tratamos inovação como uma estratégia de longo prazo
em vez de uma solução de curto prazo” com a concordância de apenas 39% dos respondentes
e a assertiva “6.2.2- Temos uma abordagem deliberada, abrangente e disciplinada para a
inovação” com a concordância de apenas 37% dos pesquisados ainda não existe um
comprometimento real das empresas pesquisadas com o desenvolvimento de uma Cultura de
Inovação.
5. Conclusões
Esse artigo teve por objetivo apresentar os resultados da aplicação de uma pesquisa para
descrever em que medida as empresas de construção civil, em Juiz de Fora-MG, possuem
uma cultura de inovação, baseada nos Valores a serem cultuados, nos Comportamentos
descritos pelas pessoas, no Clima favorável à inovação, nos Recursos colocados à
disposição pela empresa, nos Processos inovadores e pelo Sucesso nos resultados.
Os resultados da pesquisa mostram que, no Atributo Valores, tanto o encorajamento a novas
maneiras de pensar e solucionar oportunidades, como o incentivo ao questionamento podem
favorecer a Cultura de Inovação.
Em relação ao Atributo Comportamentos, verificou-se que o incentivo a uma visão
empreendedora pelas lideranças, o apoio aos membros das equipes de projeto nos erros e
acertos, assim como a persistência para seguir as oportunidades, mesmo diante de
adversidades são Elementos de Inovação que são encontrados nas empresas de construção
civil de Juiz de Fora.
Quanto ao Atributo Clima, ficou claro que é prejudicado excesso de regras, políticas,
burocracia e rigidez que impedem a simplificação das atividades.
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É necessário também adequar os Elementos da Inovação relacionados ao Atributo Recursos
dos sistemas de recrutamento e contratação para que sejam efetivos no apoio à cultura de
inovação e estruturar melhor o apoio financeiro à inovação.
Em relação ao Atributo Processos é necessário que as empresas estabeleçam um portfólio de
risco claramente articulado para selecionar as oportunidades, tendo em vista que esta foi uma
das principais deficiências encontradas, assim como possuir mecanismos que permitam
interromper os projetos, com base nos critérios de falha já previamente definidos, que também
foi mal avaliada pelos respondentes.
No Atributo Compromisso, que também teve um resultado abaixo da média geral dos
atributos, a pesquisa mostrou que os representantes das empresas de construção civil de Juiz
de Fora acreditam que suas empresas não são reconhecidas como inovadoras, pois veem que o
desempenho de suas empresas em inovação não é muito melhor do que o de outras empresas
do setor, o que é reforçado negativamente por acreditarem que seus esforços em inovação
ainda não levaram a empresa a obter um melhor desempenho financeiro do que o de outras
organizações do setor de construção civil.
Essa falta de reconhecimento externo é agravada pela falta de compromisso da própria
empresa, pois não veem a empresa tratar a inovação como uma estratégia de longo prazo, mas
sim como uma solução de curto prazo, o que é reforçada também por não possuírem uma
abordagem deliberada, abrangente e disciplinada para a inovação, o que caracteriza que não
existe, ainda, um comprometimento real das empresas pesquisadas com o desenvolvimento de
uma Cultura de Inovação.
REFERÊNCIAS
EXAME. Gabriel Ferreira; Germano Lüders. O Brasil que inova faz parceria entre empresa e universidade.
Revista Exame. Disponível em http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/104402/noticias/o-brasil-queinova. Acesso em 20 de outubro de 2013.
IEIS, Fabiana; BASSI, Nadia S. Schmidt; SILVA, Christian Luiz. Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação no Brasil: o Resultado da Cooperação nas Empresas Privadas e Estatais a partir de 2000. Anais do IV
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AVALIAÇÃO DA CULTURA DE INOVAÇÃO EM