ATIVIDADES NUCLEARES Newsletter - Ano 3 - n°36 - Abril/2012 AVALIAÇÃO Relatório indica que usinas de Angra são seguras, mas aponta medidas de ajuste Fabíola Amaral O relatório enviado pela Eletrobras Eletronuclear à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) para avaliação das condições de segurança das usinas Angra 1 e Angra 2 frente a catástrofes naturais concluiu que as usinas nucleares brasileiras têm condições favoráveis para suportar acidentes decorrentes de catástrofes de extrema severidade. No entanto, o documento apontou medidas que ainda se fazem necessárias. Segundo a Eletronuclear, o Plano de Resposta à Fukushima, elaborado pela companhia após o acidente ocorrido na central japonesa, engloba 30 estudos e 28 projetos a serem desenvolvidos no período de 2011 a 2015, com investimentos totais da ordem de R$ 300 milhões. Entre as medidas necessárias indicadas no relatório está a aquisição e implantação de meios para conexão rápida de equipamentos móveis (grupos diesel, motobombas e unidades de refrigeração portáteis) como forma alternativa de resfriamento do reator e das piscinas de combustível. De acordo com o assessor da Diretoria Técnica da Eletronuclear, Paulo Carneiro, a aquisição dos materiais necessários para preparar as duas usinas para a conexão rápida dos equipamentos em caso de necessidade está estimada em R$ 20 milhões. “Estamos ainda concluindo a especificação destes equipamentos para darmos início ao processo de aquisição”, disse. Outra medida apontada no relatório é a implantação das guias de gerenciamento de acidentes severos, que orientam as ações dos operadores e das equipes de emergência no caso de ocorrência de acidentes desta gravidade. “Quanto às guias de gerenciamento de acidentes severos, os custos incorridos referem-se quase que exclusivamente a custos internos da Eletronuclear, já que para Angra 1 tratase apenas da implantação das guias já elaboradas e, em Angra 2, a elaboração das guias está se dando através de projeto integralmente custeado pela Comissão Européia no âmbito de um acordo de cooperação celebrado com o governo brasileiro”, explicou. Angra 3 Paulo Carneiro informou que, a partir de maio, a companhia dará início à elaboração do mesmo tipo de relatório para Angra 3, que está em construção, tomando por base as avaliações já realizadas para as outras duas usinas em operação. “Angra 3 já incorpora em seu projeto uma série de aperfeiçoamentos de segurança em relação à sua usina de referência, Angra 2. Mesmo assim, a avaliação identificará requisitos que ainda não estejam atendidos no projeto de Angra 3, que deverá então ser modificado para contemplar os mesmos recursos. Por exemplo, a disponibilidade e meios para conexão rápida de equipamentos móveis, como agora está sendo implantado para Angra 1 e Angra 2, certamente será estendida a Angra 3”, afirmou. Monitoramento de encostas O estudo que se refere à capacidade da planta de resistir a eventos externos identifica a oportunidade de ampliar ainda mais as margens de segurança do projeto. De acordo com Carneiro, trabalhos de reavaliação das bases do projeto para proteção da central contra eventos externos estão agendados para serem concluídos até meados de 2013. “Dentre estes trabalhos está o de reavaliação das medidas já adotadas de monitoramento e de contenção das encostas. O trabalho está sendo desenvolvido por especialistas da COPPETEC/UFRJ e consiste, essencialmente, de avaliação dos projetos das obras de contenção e dos dados de movimentação das encostas, à luz das metodologias mais modernas, que deverá incluir ainda levantamentos de campo”, detalhou Carneiro. Condições favoráveis de segurança O relatório indicou que Angra 1 e 2 são seguras comparadas a outras usinas similares no mundo. Segundo Paulo Carneiro, as condições mais favoráveis da central de Angra estão nas características do local: de baixa sismicidade, não exposto a risco de tsunamis e instaladas em área de águas protegidas de baía. Ele destacou ainda que, no que se refere à configuração técnica, as duas usinas dispõem de um segundo sistema de suprimento de energia elétrica de emergência, ao contrário da maioria das usinas que dispõem de um único sistema do qual dependem em situações de ocorrência de eventos externos. Além disso, as duas usinas dispõem ainda de bombas para resfriamento do reator com geradores de vapor, que não dependem de suprimento de energia elétrica, segundo ele, condição vital para os cenários analisados. A central também dispõe de grandes volumes de água doce e de óleo diesel armazenados, proporcionando condições de resfriamento do reator e das piscinas de combustível por um longo prazo, até que se restabeleçam as condições de movimentação de equipamentos, materiais e pessoal. Treinamento O assessor informou que os operadores seguem rígidos programas de treinamento e retreinamento, estabelecidos e monitorados pela Cnen. Carneiro explicou que os programas de treinamento são bienais realizados em sala de aula e simulador, e incluem exercícios do Plano de Emergência, finalizando com provas para revalidação das licenças de operador. Os treinamentos do pessoal de Angra 1 são realizados em simuladores localizados no exterior e os de Angra 2 no simulador próprio da empresa instalado no seu Centro de Treinamento. “A empresa já contratou o fornecimento de um simulador para treinamento do pessoal de Angra 1, que deverá ser instalado no final de 2014 no Centro de Treinamento de Mambucaba”, afirmou. “O mesmo ocorrerá com Angra 3, cuja contratação do fornecimento do simulador encontra-se em fase de negociação, prevendo-se sua utilização já para o treinamento dos novos operadores dessa usina”, completou Carneiro. ATIVIDADES NUCLEARES - Uma publicação da ABDAN (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares). Produzido pela Migre Comunicação. Editor: Herval Faria (In Memorian). Redação: Fabíola Amaral e Manoel Sampaio. Programação Visual: Renato Faria. [email protected] / www.atividadesnucleares.com.br