Impresso Especial TRT/MG 9912231135/09 DR/MG CORREIOS no 4 - janeiro/fevereiro de 2O11 - TRT-MG 30 DE JANEIRO: Você tem saudade DIA DA SAUDADE de quê? ANTÔNIO ÁLVARES Completa 70 anos em 2011 DA SILVA EDITORIAL no 4 - janeiro/fevereiro de 2O11 - TRT-MG Começamos o ano com o pé direito, prontos para comemorar o aniversário de 70 anos de criação da Justiça do Trabalho, que começou a funcionar no Brasil em 1º de Maio de 1941: uma justiça nova marcada pela representação classista, pela conciliação e pela simplicidade processual. Esta revista é, em parte, dedicada a essa história. Nesta edição, entrevistamos o desembargador Antônio Álvares da Silva, um dos magistrados mais importantes da nossa instituição, que também completa 70 anos em 2011. É justo ser obrigado a aposentar-se com essa idade? O que será que ele pensa sobre o assunto? A matéria de capa trata da saudade, sentimento tão brasileiro que tem até um dia dedicado a ele, 30 de janeiro. E tem mais, a opinião de um servidor, mestre em Ciência Política, que faz uma análise da origem da Justiça do Trabalho e uma matéria bem legal sobre a vaidade masculina. Na dúvida, leia e informe-se. Queremos, ainda, reforçar o convite para continuarmos fazendo juntos a revista Interativa. Mande fotos, sugestões e opiniões. O ano está só começando! E por falar em ano novo, uma curiosidade: some a idade que você fará ou já fez este ano com os dois últimos números do ano de seu nascimento. O resultado será 111. Confira. Um abraço. A revista Interativa de Natal infelizmente não chegou na sua casa em dezembro, porque houve mudança da gráfica. A leitura da edição foi possível apenas pelo site. Mas tudo bem! Caso seja do seu interesse, alguns exemplares podem ser enviados para o seu setor de trabalho. Ou então, faça contato conosco. EXPEDIENTE Administração TRT-MG Desembargador Eduardo Augusto Lobato Presidente Desembargadora Emília Facchini Vice-Presidente Judicial Desembargadora Cleube de Freitas Pereira Vice-Presidente Administrativo Desembargador Luiz Otávio Linhares Renault Corregedor Edição Redação Projeto Gráfico Diagramação e Arte Fotografia Impressão Periodicidade Tiragem Adriana Spinelli Assessora de Comunicação Social Divina Dias Divina Dias, Márcia Barroso, Margarida Lages, Ruth Vasseur, Solange Kierulff, Walter Sales Imaculada Lima Evaristo Barbosa, Graça Freitas, Imaculada Lima, Patrícia Melin Estagiária: Débora Hissa Guto, Leonardo Andrade, Rachel Ameno Gráfica do TRT-MG Bimestral 4.300 exemplares Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Assessoria de Comunicação Social Rua Desembargador Drummond, 41 - 13º andar 31-3215-7053 - [email protected] 2 janeiro/fevereiro de 2011 - revista interativa SUMÁRIO . . . . . . . 3 Dia da Saudade . . . . . . . 6 Notícias Jurídicas. . . . . . . 8 Vaidade Masculina. . . . . . . 9 Um olhar sobre a cidade . . . . 10 Agenda . . . . . . . . . . 10 Opinião . . . . . . . . . . Entrevista . . 11 ENTREVISTA Desembargador Antônio Álvares da Silva G Guimarães Rosa era um homem que sabia das coisas. Segundo o escritor, nascido no coração do sertão mineiro, tem gente que veio ao mundo para plantar eucalipto e gente que veio para plantar jequitibá. Antônio Álvares da Silva, da mesma Minas Gerais de Guimarães Rosa, apesar de não ter nada contra quem planta eucalipto, ainda trabalha duro, de sol a sol, para deixar na terra o seu jequitibá. No caso, uma árvore frondosa: 50 livros publicados, centenas de artigos, várias gerações de alunos e decisões importantes para a JT. Nascido em 9 de agosto de 1941, na pequenina cidade de Morada Nova de Minas, às margens da represa de Três Marias, que ainda nem existia, um dos nomes mais expressivos da Poder Judiciário do país completa 70 anos, coincidentemente junto com a Justiça do Trabalho. Alguma recordação de sua terra? Do rio São Francisco, que corria livre e despoluído. Minha terra é uma imagem na memória de paz e tranquilidade, que sempre me acompanha. O exercício da magistratura restringe a locomoção, impõe conduta pública exemplar e demanda estudo constante. O que ganhou e o que perdeu com a magistratura, exercida por quase 40 anos? Só ganhei. A magistratura deu-me a estabilidade financeira e vivencial para que eu pudesse também ser professor e pesquisador. Hoje o mundo gira com a maior rapidez que a história já conheceu. A lei não acompanha mais os fatos. Mal nasce, já fica para trás. Para superar esse descompasso, o juiz tem sempre às mãos um imenso material sobre o qual pode refletir, escrever e dele se utilizar para as decisões e sentenças que pronuncia. As grandes conquistas do Direito estão na jurisprudência e não, na lei. O bom juiz é maior do que o legislador. Na cátedra e no pretório, lidei com estes fatos, que transformei em conteúdo de muitas reflexões. A magistratura me possibilitou ser prático e teórico, numa síntese difícil de realizar-se na mesma pessoa. A ela devo tudo que sou. Falar na Justiça do Trabalho é o mesmo que tocar com a mão minha sensibilidade. Como é deixar de fazer algo que se gosta muito, de forma impositiva, em plena capacidade produtiva? O inciso II do art. 40 da Constituição Federal é justo? Assessoria de Comunicação Social - TRT-MG 3 Há os dois lados. O primeiro consiste no argumento de que, aos setenta anos, a pessoa não pode mais trabalhar. Este argumento é falso, porque o homem contemporâneo que cuida de sua saúde pode chegar e ultrapassar os setenta anos em plena força. Também acho fraco o argumento de que se deve à necessidade de renovação, pois esta se fará de um modo ou de outro, já que ninguém é eterno. Ser mais jovem não significa, só por isto, ser renovador. Renovar ou permanecer atávico aos fatos existentes, professar doutrinas para perpetuá-los ou transformá-los importa numa postura filosófica, que está no temperamento e na concepção de cada pessoa. As pessoas devem buscar o equilíbrio dessas duas tendências. Ser velho ou novo não significa ser melhor ou pior. John Paul Stevens serviu na Supreme Court dos Estados Unidos por 90 anos e aposentou-se recentemente, em junho de 2010. Já na Alemanha, há o prazo fatal de 68 anos para que todo juiz se aposente. Qual a melhor posição? A resposta deve ser dada segundo os costumes, cultura e tradição de cada povo. Digo apenas que àqueles que quisessem ficar um pouco mais, porque gostam do que fazem, deveria ser dada uma oportunidade. Retirar uma pessoa à força do que gosta de fazer e está fazendo bem é um ato de violência. O Estado não pode dar-se ao luxo de abrir mão do trabalho de gente madura que queira servi-lo. Num país em que nem sempre o trabalho é o objetivo das pessoas, a lei deve dar uma oportunidade aos que gostam de trabalhar. “ As grandes conquistas do Direito estão na jurisprudência e não, na lei. O bom juiz é maior do que o legislador Certa vez o senhor disse, fazendo alusão à aposentadoria compulsória, que ela é uma janela aberta ao sol e aos mosquitos. Teria alguma proposta alternativa à aposentadoria pelo implemento da idade, que permitisse a entrada apenas do sol? É difícil, porque o mundo se compõe sempre do bom e do ruim. Poderíamos ter juízes e professores desmotivados, servindo-se do cargo para objetivos não éticos, transformando-se em burocratas intocáveis. Mas haveria também os que trabalhariam do mesmo modo 4 janeiro/fevereiro de 2011 - revista interativa como sempre trabalharam, servindo à sociedade e cumprindo com seus deveres. Neste caso, a experiência seria um fator altamente positivo. São forças dialéticas que eternamente se conflitam enquanto houver uma coletividade organizada. Mas poderíamos pensar numa solução alternativa, por exemplo, o juiz que quisesse permaneceria mais cinco anos, participando apenas da atividade jurisdicional. Qual a sua grande contribuição para a Justiça do Trabalho? Não tenho a pretensão de ter dado uma grande contribuição. A exemplo de meus colegas, dediquei-me à instituição, procurando servi-la nos limites de minhas forças. Nos livros e aulas que lecionei, sempre tive a preocupação de examinar os fatos na realidade prática e dar a interpretação que mais satisfizesse aos ideais de justiça social. Fiz inúmeras sugestões de mudanças. Muitas foram aceitas pelo legislador. Isto me dá grande satisfação, pois a intenção foi aperfeiçoar a legislação trabalhista e servir melhor ao empregado e ao empregador, destinatários de nosso serviço. Com meia centena de obras publicadas, de qual delas mais se orgulha? Cada obra é ditada pela exigência das circunstâncias do momento. Um jurista nunca escreve à toa. Sempre procura com suas obras e ideias dar uma resposta aos fatos sociais. Por isso, gosto de todas, indistintamente, pois elas foram escritas com essa finalidade doutrinária. O senhor é um homem realizado? Um balanço da sua vida profissional até aqui. Ainda não tenho a sensação da missão cumprida, pois a aposentadoria não será o fim, mas apenas uma mudança de arena. Vou escrever mais ainda, publicar mais livros, fazer conferências, discutir com meus alunos e colegas juízes. Afinal, é pelo diálogo que o homem se realiza. Continuarei, na modéstia das minhas forças, servindo à Justiça do Trabalho. Meu amor por ela nunca cessará. Como é hoje sua visão da Justiça do Trabalho? Muito positiva, pelo menos aqui em Minas. Julgamos 98% das ações distribuídas no ano passado num prazo médio de 69 dias. Somando-se ao prazo médio da primeira instância, podemos dizer que, em cinco meses, há solução definitiva das reclamações propostas. Um recorde respeitável, principalmente se levarmos em conta a ENTREVISTA qualidade das decisões tanto de primeiro como de segundo grau. Isto se deve ao trabalho harmonioso e eficiente dos magistrados dessas duas instâncias. Se não houvesse recurso para tribunais superiores, seríamos a melhor Justiça do Trabalho do mundo. E falta pouco para chegar lá. Bastam pequenos retoques na legislação processual. Trabalhar numa instituição assim é um prazer pessoal muito grande, principalmente se levarmos em conta que estamos num país em que raramente o serviço público funciona com eficiência. Não se pode esquecer também o trabalho meritório dos nossos servidores que julgo serem os mais bem preparados do serviço público brasileiro. Alguns têm títulos (mestrado e doutorado) que muitos professores universitários não possuem. Dedicados e solícitos, no interior e na capital, honram o nome de nossa instituição e devolvem ao povo em trabalho eficaz o salário que eles recebem. Nestes três anos e meio que ocupo a Ouvidoria, nunca tive de enfrentar reclamação séria contra um servidor de nossa Casa. São probos e honestos em sua esmagadora maioria. Uma das alegrias de minha vida é frequentar meu Gabinete e a Ouvidoria. Nestes locais não tenho servidores, mas amigos que partilham entre si e comigo suas próprias vidas. Por isto é que eu gostaria de ficar mais tempo. Quem não sente prazer em trabalhar numa instituição deste quilate? Mudando muito de assunto, sabemos do seu gosto pela viola caipira. De onde vem esse gosto? A viola é um instrumento cuja afinação é tipicamente brasileira. Seu som é maravilhoso. Raramente se ouve algo tão bonito e melodioso. Gostava de apreciá-la sempre, nas propriedades rurais de minha família, mas eu não sabia tocar. Resolvi aprender um pouco, mais para tocar para meu próprio deleite mesmo. Fiz alguns progressos e esta é hoje uma das alegrias de minha vida. A música sertaneja clássica que eu estudo, pesquiso e acompanho há muitos anos tem páginas belíssimas, cujas letras se equiparam às poesias dos nossos grandes poetas. A partir dos anos 70, ela foi sendo substituída pelo sertanejo moderno e de pouca arte, destas duplas que se vê na televisão e nada têm de autenticamente sertanejas. Mas agora o clássico está voltando, em razão das campanhas ecológicas e da preservação da natureza, das quais ela é a voz mais convincente e verdadeira. A viola está ressurgindo em sua beleza imperecível, falando de riachos, pássaros, madrugadas, pés de ipê, sabiás, paineiras velhas e florestas, por onde corre algum regato perdido de águas claras que se pode beber com a mão. Estas músicas fazem, por si só, uma propaganda do que temos de mais Desembargador Antônio Álvares da Silva bonito e original. A música sertaneja clássica identifica-se com a nossa cultura, é a voz mais autêntica do nosso povo. Fazê-la ressurgir é a grande missão que os violeiros hão de realizar, nestes dias de globalização e mudanças, para que, sendo modernos, não percamos a referência do passado, pois o homem é exatamente a mistura destes dois tempos que se constituem de momentos diferentes, mas unidos na realidade da vida, que é única. o não O Estad r-se ao pode da abrir luxo de mão do de trabalho adura gente m ira que que servi-lo A viola é fonte de inspiração? Que verso lhe vem à lembrança? Poderia citar vários, que encheriam este espaço com beleza e poesia, mas resumo tudo na clássica toada dos inesquecíveis Raul Torres e João Pacífico, que são autores de “Cabocla Tereza” e “Pingo D'água”, que todo mundo conhece. Os versos a que me refiro são de Mourão Esquerdo da Porteira, uma das mais bonitas composições de todos os tempos: "A saudade é dor que não consola/ Quanto mais dói mais a gente quer lembrar." Viola, palestras, obras jurídicas, crônicas, propostas de anteprojetos de leis - como será a vida de Antônio Álvares depois dos 70 anos? Será tudo isso ao mesmo tempo. O trabalho nunca foi penoso para mim, no conceito da Bíblia, mas um modo de viver pelo qual transfiro o que tenho e o pouco que sei para outros. O Estado me deu tudo. Tenho que pagar, levando ao povo os bens intelectuais que adquiri ao longo da vida. Jamais perderei a força para o trabalho nem deixarei de lutar por meus ideais. Não sou homem acomodado. Não posso mudar o mundo, mas posso contribuir para melhorar a vida de muita gente, sugerindo boas leis sociais e pondo em prática as existentes, principalmente aquelas que sirvam aos mais humildes e necessitados, para os quais a Justiça do Trabalho foi criada. Só pode ser feliz o homem que contribui para a felicidade dos que estão a seu lado. Ninguém é feliz sozinho. Assessoria de Comunicação Social - TRT-MG 5 CAPA DA DIA 0 SAUDADE 3 de JA IR E N O Você sabe que no dia 30 de janeiro foi comemorado o Dia da Saudade? De origem latina, saudade é uma transformação da palavra solidão, que na língua escreve-se “solitatem”. Com o passar dos anos, assim como outras palavras se transformam de acordo com as variações da pronúncia, “solitatem” passou a ser solidade, depois soldade e, finalmente, saudade. Mas em nossa língua ela adquiriu um significado bem mais romântico, como nos mostra o dicionário Larousse que define saudade como “sensação de incompletude, ligada à privação de pessoas, lugares, experiências, prazeres já vividos e vistos, que ainda são um bem desejável”. Sem similar em outras línguas, segundo a diretora da empresa britânica Today Translations, Jurga Ziliskiene, que ouviu mil tradutores profissionais para relacionar as palavras de mais difícil tradução*, a nossa saudade é a sétima mais difícil. Para ela, o problema do tradutor é refletir, com outras palavras, as referências à cultura local que os vocábulos originais carregam. Em inglês, saudade é I miss you que quer dizer sinto sua falta; em francês souvenir, que significa lembrança; em italiano ricordo affetuoso, recordação afetuosa; em espanhol recuerdo ou te extraño mucho, que significam lembrança e sinto falta, respectivamente. Mas nenhuma dessas palavras lembra a nossa saudade. Tema de muitas músicas, poemas e filmes, o nosso sentimento é mesmo nacional demais para ter tradução. Com a miscigenação da qual somos resultado, talvez tenhamos herdado esse jeito tão nosso de sentir saudade - aquilo que fica, daquilo que não ficou - dos escravos africanos que vieram para o Brasil e sofriam com o banzo, também sem tradução, mas que é a falta muito dolorosa de seu lugar de origem ou de uma pessoa muito especial. Aqui muitos chegaram a morrer com banzo. Eram outros os tempos... Em tempos modernos, nem de amor se morre mais... 6 janeiro/fevereiro de 2011 - revista interativa Saudade é um aperreio Pra quem a vida gozou, É um grande saco cheio Daquilo que já passou. Patativa do Assaré, poeta cearense Na música, a dupla Vinícius de Moraes e Tom Jobim cantou o clássico da bossa nova “Chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai”. Na poesia, Casimiro de Abreu é autor de outro clássico, o poema “Meus oito anos” que diz: “Oh! Que saudades que tenho/Da aurora da minha vida,/Da minha infância querida/Que os anos não trazem mais!” Já no cinema, ainda está em cartaz o filme “A Suprema Felicidade” dirigido por Arnaldo Jabor em que ele lembra um tempo que passou. Rosemary Gonçalves Guedes, da 5ª Turma, e o filho Rafael que depois de aprovado em concurso para a Polícia Federal mudou-se para Rondônia. Rose abençoa-o à distância, olhando suas fotografias. Para ela, saudade não é vazio, é plenitude. A saudade da Elaine Petrocchi, da Assessoria de Licitação e Contratos, entre seus irmãos na foto, é da casa de Acesita (MG) onde nasceu e morou na infância. Rosemary Gonçalves Elaine Petrocchi Na adolescência ele chegou a fazer versos sobre a saudade. Êta tempo bom, heim Rachid? Ricardo Rachid Mas saudade é um estado de devaneio incompleto. É querer estar sem estar. É querer rever sem encontrar. Assim Ricardo Rachid, diretor de pagamento de pessoal, define esse sentimento esquisito, que para ele, às vezes faz a gente sofrer e ter alegria ao mesmo tempo. Entendido em saudade, ele chegou na adolescência até a arriscar uns versos motivado pela presença ou a ausência da amada. Saudade/ Parece mentira/ Mas dói de verdade/ No peito sufoca/ parecendo maldade/ A saudade me toca/ de dia/ de tarde/ A tarde escurece/ A tua ausência me arde/ A dor me enlouquece/ A dor da saudade/ Saudade na verdade/ É estar perto de ti/ Sem estar de verdade. Nessa fase da vida tudo é inspiração! Assim, temos saudade de pessoas, de momentos, de situações, de lugares. Sentimos falta de tudo o que nos faz ou fez bem um dia. E, como dizem que relembrar é viver, a saudade nos transporta para um Walter de Deus Nesta idade, o Walter era craque em bente altas, um antigo jogo de rua, hoje raro, mas muito popular em toda Minas Gerais até pouco tempo, que tem regras muitos simples. Para jogar é preciso dois conjuntos de três gravetos que, unidos em forma de pirâmide, formam as casinhas; duas latas amassadas, formando as bases, ou pás; e uma bola de pano, do tamanho de uma laranja média, usualmente feita a partir de meias velhas, a a famosa bola de meia. Ai que saudade! tempo em que fomos felizes trazendo muitas lembranças. É o caso, por exemplo, de Walter de Deus, da diretoria de recursos, que vira e mexe se lembra da Rua Salinas, lá no Bairro Floresta, onde ele jogou muita pelada e roubou muita fruta nos quintais dos vizinhos. E você, está com saudade de quem, de quê? Aqui na ACS tem um maluco que diz que tem saudade do gatilho salarial do governo Sarney. Será? Mas muita gente sente saudade mesmo é do TRT de alguns anos atrás quando a instituição era menor, não em importância, mas em número de servidores, em varas do trabalho, e todos se conheciam. Em Belo Horizonte, a Justiça do Trabalho já funcionou em um único prédio, na Rua Curitiba, quem se lembra? Fale você também da sua saudade ou mande uma foto que publicaremos no próximo número da revista Interativa. * Para satisfazer a sua curiosidade, a relação das palavras mais difíceis de traduzir é encabeçada por uma palavra do idioma africano Tshiluba, falado no sudoeste da República Democrática do Congo que significa "uma pessoa que está disposta a perdoar quaisquer maus-tratos pela primeira vez, a tolerar o mesmo pela segunda vez, mas nunca pela terceira vez". Se o assunto lhe interessa, é fácil pesquisar na Internet a relação completa das palavras de difícil tradução. O Google sabe quase tudo, né? Assessoria de Comunicação Social - TRT-MG 7 NOTÍCIAS JURÍDICAS DESTACA REVISTA ÍNTIMA O EMPREGADO PODE SER OBRIGADO A TIRAR A ROUPA AO SER REVISTADO? As ações que denunciam os constrangimentos causados pelas revistas íntimas em empregados já fazem parte da rotina da Justiça trabalhista de Minas. São comuns os casos de empregadores que ultrapassam os limites do seu poder diretivo, ao realizarem, de forma incorreta, revistas diárias nos trabalhadores. Para evitar esse problema, a empresa deve se cercar de cuidados, de modo a não cometer abusos que acarretem situações vexatórias e humilhantes para o empregado, pois isso configura dano moral. Atuando na 13ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, o juiz substituto Márcio Roberto Tostes Franco se deparou com uma situação inusitada, em que o empregado de uma empresa de segurança e transporte de valores não podia usar cueca por baixo do macacão de trabalho e era obrigado a ficar totalmente nu durante as revistas. O magistrado entendeu que a conduta da empresa era abusiva e desnecessária. Para o juiz, nem mesmo o fato de o empregado ter concordado com esse procedimento vexatório retira dele o direito de pleitear a indenização, pois essa atitude passiva pode ser explicada pelo medo do desemprego. Outro caso semelhante veio parar na 6ª Turma do TRT-MG: uma caixa de casa noturna trabalhava trancada num quartinho minúsculo e, toda vez que precisava sair, era revistada pelo gerente, que tocava seu corpo de forma abusiva. Para a desembargadora Denise Alves Horta, a questão das revistas íntimas coloca em conflito dois direitos fundamentais: o direito à intimidade e o direito de propriedade, e este último não pode se sobrepor ao primeiro. “A evolução tecnológica permite que outras formas de controle sejam adotadas, como a entrada e a saída de estoque, filmagens por meio de circuito interno, colocação de etiquetas magnéticas, vigilância por serviço especializado, e outras medidas, sem que se faça necessária a revista pessoal do trabalhador, sob o seu corpo e vestimenta”, frisou. Esta também é a posição da desembargadora e professora Alice Monteiro de Barros, para quem não basta a tutela genérica da propriedade, devendo existir circunstâncias concretas que justifiquem a revista. Autora do livro “Proteção à intimidade do empregado”, a professora salienta que a revista é admitida apenas quando não houver outro meio de defender o patrimônio empresarial e a segurança interna da empresa, e ainda assim, deve observar certos critérios e limites, sendo inadmissível que a ação do empregador se amplie a ponto de ferir a dignidade da pessoa humana: “Se o empregador exigir que o empregado se desnude, a revista há de ser tida como desrespeitosa e humilhante, traduzindo atentado ao pudor natural dos empregados e ao seu direito à intimidade. O poder diretivo exercido nesses moldes é abusivo e investe o empregador de poderes de polícia que não lhe foram conferidos pela lei,” conclui. As revistas, portanto, não podem, a pretexto de proteger o patrimônio material do empregador, atingir o patrimônio moral do trabalhador e os direitos da personalidade consagrados no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal. Fique ligado: acompanhe diariamente a Notícias Jurídicas do TRT-MG: www.trt3.jus.br. 8 janeiro/fevereiro de 2011 - revista interativa VAIDADE MASCULINA QUAL É O SEU ESTILO? O primeiro número desta revista Interativa (julho/agosto de 2010) causou uma certa estranheza porque estampou na capa cinco mulheres elegantemente vestidas que trabalham no TRT. Revista de moda? Não! O assunto era roupa de trabalho. Aí os homens começaram a nos perguntar quando é que a elegância masculina ia ter vez na publicação. Chegou a hora! O homem mal-vestido, despenteado e barrigudo perdeu espaço nos dias de hoje para um novo padrão: o do homem que cuida da aparência e da forma física e não tem vergonha de assumir a própria vaidade. E como ninguém os ensinou a se vestir, os homens ainda têm muitas dúvidas. Mas moda é questão de códigos e precisa ser aprendida como qualquer assunto técnico. Bem vestido qualquer homem é elegante e interessante. Surgido nos Estados Unidos nos anos 90, o estilo casual mais confortável e simples, chegou ao nosso país rapidamente, deixando nos guarda-roupas os ternos quentes e muitas vezes desconfortáveis. Mas é importante saber que se manter bem arrumado é o segredo desta casualidade. O estilo casual é usar uma boa camisa, uma boa calça e um bom sapato, só deixando de lado o paletó e a gravata. Para aqueles que continuam a trabalhar de terno é bom saber que é preciso estar atento à proporção da roupa. O paletó deve estar bem junto ao corpo para fazer o homem parecer maior e mais magro. Terno não pode ser confortável a ponto de o homem conseguir dar um abraço apertado em alguém, aconselham os entendidos em moda. Se há sobra de tecido o homem fica parecido com um segurança de boate e não com um dono de banco, como deve ser. Já quanto à cor da camisa no traje formal, é bom saber que todas as tonalidades de azul combinam com qualquer cor de terno, com a vantagem de não sujar tanto quanto o branco. E fique atento à manga da camisa que deve ser meio centímetro mais comprida que o paletó. Boa dica, né? E como combinar a gravata? A moda pede gravata listrada. Se a camisa for clara, as listras podem ser largas ou em cores diferentes da gravata para sobressair. Na dúvida, escolha uma gravata lisa. As de cor vinho costumam ficar bem sempre. E a meia? Meia é igual juiz de futebol, quanto menos aparecer melhor. Assim, use sempre a meia da mesma cor da calça que for vestir. E lembre-se que meia branca só para praticar esportes ou para profissionais da saúde. Hermano, o mais famoso alfaiate de Belo Horizonte, que faz terno para governadores e até ex-presidentes, acha que com três ternos bem feitos, um cinza claro, um azul-marinho e um grafite, é possível ser elegante todos os dias Wilmar de Souza, agente de segurança, usa com calça preta, meias e sapatos pretos. Certíssimo! Bem arrumado, e sem terno. João Batista de Mendonça, Assistente Secretário de Diretor, Secretaria da 9ª e 10ª Turmas Mozart Secundino, da Ouvidoria, sabe que a bainha da calça não pode ficar sobrando em cima do sapato. Ela deve cobrir o começo do salto Assessoria de Comunicação Social - TRT-MG 9 UM OLHAR SOBRE A CIDADE Cataguases,cidade que é um museu a céu aberto, onde a natureza e arte se encontram e convivem em plena harmonia. Onde o moderno se apresenta com elegância na vanguarda dos movimentos culturais. Praça e Santuário de Santa Rita - Foto: Luzimar Góes Telles Filho - VT/Cataguases Fale com o editor Alguma coisa chamou a atenção na sua cidade que mereça ser compartilhada com os colegas da JT? Faça como o Luzimar e mande a foto, que vamos publicar neste espaço ([email protected]) AGENDA 11 21 e 28 14 18 17 22 FEVEREIRO MARÇO Reunião do Conselho Consultivo da Escola Judicial - TRT-MG Local: Belo Horizonte/MG Projeto AMPLA - Planejamento Estratégico Local: Belo Horizonte/MG Comemoração do Dia Internacional da Mulher Projeto Leis&Letras – Livro Prosa e Poesia - Autores: Juízes poetas Local: Auditório do TRT-MG – Belo Horizonte/MG – Horário: 14h30 Inauguração do Centro Odontológico Inauguração da VT/Iturama 28 Inauguração da VT/Lavras 28 Recebimento do Prédio Engenharia da UFMG Fonte: www.trt3.jus.br 10 janeiro/fevereiro de 2011 - revista interativa OPINIÃO Walter Loschi de Freitas* JUSTIÇA DO TRABALHO: OS DEBATES NA SUA ORIGEM “Os problemas de Direito do Trabalho não podem ser resolvidos com critérios exclusivamente jurídicos, de direito estrito e de hermenêutica forense; têm que ser resolvidos com senso político e senso econômico, principalmente”. À Oliveira Viana À medida que se distancia da origem, e as instituições passam a enfrentar novos desafios, cristalizam-se fundamentos, neutralizando-se aparentemente antigas polêmicas. Após 70 anos, a Justiça do Trabalho passou por esse itinerário. O período de sua criação, identificado fortemente com Getúlio Vargas e profundas mudanças políticas, deu-se em meio a diversas polêmicas que, por um importante aspecto, podem ser resumidas no seguinte: a institucionalização do conflito capital versus trabalho, sob a supervisão do Estado. Dentre os principais mentores intelectuais da criação da Justiça do Trabalho, senão o principal, está Oliveira Viana. Com convicção forte, visualizava esse pensador, no seu tempo, uma nova e decisiva etapa do desenvolvimento nacional. Deveriam ser rompidas certas estruturas jurídicas que emperravam a consolidação desse momento, com a criação de novos institutos. O tradicional contrato de prestação de serviço civilista, para Oliveira Viana, não era suficiente para contemplar o desnível de forças que compõe o contrato de trabalho. Posto isso, a elite econômica de então, principalmente aquela identificada com a produção agro-exportadora, temerosa dos resultados dessa nova formatação jurídica, fazia coro a uma parte da elite intelectual, de menor força no novo contexto varguista, que cria na propriedade do desenho econômico de liberdade irrestrita de contrato, não necessitando, portanto, de regulação especial. Do embate intelectual, prevaleceu a Justiça do Trabalho, instituída pelos Decretos-lei 1237 e 1346, ambos de 1939, e “inaugurada” simbolicamente por Getúlio Vargas, em 1° de Maio de 1941, no campo do Vasco da Gama, na então Capital Federal. Assim, a Justiça do Trabalho, órgão federal, foi institucionalizada. E a expectativa dos seus mentores era que essa nova instituição operacionalizasse uma nova hermenêutica, dentro de um quadro institucional de direitos sociais, programáticos. Portanto, era essa instituição a destinatária desse novo Direito, originário de uma dinâmica econômica que progressivamente ganhava reconhecimento político. E esse aspecto político-econômico do Direito do Trabalho, enunciado por Oliveira Viana, encontrou na atividade da Justiça do Trabalho seu desaguadouro. Principalmente pelas súmulas, o TST demonstra sensibilidade política ao fixar um entendimento, de caráter inovador e normativo, atentando-se para a dinâmica econômica que sempre permeou a relação capital versus trabalho. Assim, o conflito inaugurador da Justiça do Trabalho renova-se no dia-a-dia dessa instituição, que busca atender ao chamado de justiça social para a qual foi criada. * Mestre em Ciência Política pela UFMG, assistente da desembardagora Denise Alves Horta Assessoria de Comunicação Social - TRT-MG 11 REGISTRA 70 ANOS DE HISTÓRIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Um calendário é uma marcação de tempo. Um bom veículo para se fazer alusão a uma trajetória histórica como a da Justiça do Trabalho, que completa, em 2011, 70 anos. E o que registra essa trajetória, desde o início e até hoje, é não apenas sua relevância jurídica, mas também a social, política e econômica da instiuição. Relevância no sentido de que, mesmo com seus percalços, ela tem, como foi dito no texto de apresentação do calendário, contribuído para um feito notável, mesmo que ainda incompleto, da sociedade brasileira: o de construir, frente a uma herança histórica de escravidão e exclusão, a dignidade e o valor social do trabalho. Para o autor dos textos do calendário, Rubens Goyatá, doutor em Sociologia pela UFMG, pesquisador do Centro de Memória, foi nessa perspectiva que ele se baseou para pontuar momentos importantes da Justiça do Trabalho no Brasil e no TRT da 3ª Região nesses 70 anos. Procurei dentro do espaço reduzido de um calendário, passar a mensagem de que a Justiça do Trabalho possui não somente um passado, mas que esse passado carrega um importante significado, construído coletivamente. Já a publicitária Patrícia Melin, da subsecretaria de publicidade da Assessoria de Comunicação do TRT, autora do projeto gráfico e da diagramação, diz que foi gratificante trabalhar na criação do calendário 2011, pela oportunidade de retratar graficamente esse momento histórico. Profissionalmente, foi um ótimo exercício de criação. Trabalhei cada uma das imagens com o objetivo de criar um resultado harmonioso na linha do tempo. Explicada a intenção dos autores do calendário, cabe aos seus magistrados e servidores comemorar estes 70 anos porque, afinal, somos todos personagens da história da Justiça do Trabalho.