ANÁLISE DO CONFORTO TÉRMICO EM PONTOS DISTINTOS NO MUNICÍPIO DE
PARAGOMINAS
Alessandra Santos de Sousa¹², Lorena de Kássia Vieira¹, Ticciana de Sousa Martins¹,
Juliana Ise de Sousa e Sousa¹, Eliane de Castro Coutinho¹
¹UEPA- Universidade do Estado do Pará- Brasil-Pará[email protected]²
RESUMO: O presente estudo teve como objetivo avaliar o conforto térmico em três pontos
distintos no município de Paragominas situado a nordeste do estado do Pará através da coleta de
dados simultâneos no Parque Municipal Ambiental (PMA), Praça Célio Miranda (PCM) e Praça
do Mercado (PM) durante 5 dias. Os dados coletados foram a temperatura do bulbo seco e
úmido (°C), a velocidade dos ventos (m/s), determinação do tempo presente nos horários de 9h
e 12 h e a caracterização dos locais. Após a coleta foi obtida a umidade relativa para posterior
correlação com a temperatura do ar no Diagrama de Conforto Humano (DCH). O PMA e a
PCM, de acordo com o DCH, foram considerados muito úmidos às 9h e às 12h necessitando de
ventos para alcançar o conforto. Já a PCM apresentou maior incidência de ventos e maiores
variações de temperatura. A PM foi considerada confortável às 9h, e às 12h necessitava de
vento para alcançar o conforto. O tempo presente variou entre dias chuvosos e ensolarados.
ABSTRACT: This study aimed to evaluate thermal comfort in three different spots in the city
of Paragominas, located northeast of Pará state, through simultaneous data collection on
Municipal Environmental Park (PMA), Célio Miranda Square (PCM) and Market Square (PM)
for five days. The collected data were: characterization of the points, the temperature of the dry
and wet bulb (ºC), wind speed and determination of the present sites at times of 9 am and
midday. After collecting, the relative humidity was obtained for later correlation with air
temperature in the Diagram Human Comfort (DCH). PMA and PCM, according to the DCH,
were considered very wet at 9am and 12am requiring winds to reach the comfort. PCM had a
higher incidence of winds and temperature variations. PM was considered comfortable at 9am,
and at 12 am and required winds to achieve comfort. The present climates ranged between
sunny and rainy days.
1 INTRODUÇÃO
O clima urbano resulta da interação dos fatores urbanos com o clima regional e com o meio
físico pré-existente, portanto as ações antrópicas modificam a paisagem natural, convertendo-a
em um ambiente altamente impermeabilizado. O clima em todo o ambiente urbano não é
homogêneo devido à influência de fatores condicionantes que podem ser os tipos de uso do
solo, adensamento urbano, índice de áreas verdes e emissão de poluentes, pois correspondem às
atividades desenvolvidas naquele local. A vegetação regula a temperatura ambiente utilizando a
radiação solar em seus processos metabólicos, deixando a temperatura ao seu redor mais amena
principalmente àquelas perto de corpos d’água. O conforto térmico de pessoas que circulam em
áreas mais arborizadas é muito maior devido ao sombreamento e a ventilação (CONCEIÇÃO e
DAMASCENO, 2007; FROTA e SCHIFFER, 2003; GOMES e AMORIM, 2003)
2 OBJETIVOS
Objetivo Geral:
 Verificar o nível de conforto térmico em diferentes pontos no município de Paragominas
analisando as variações microclimáticas locais com suas respectivas características.
Objetivos Específicos:
• Caracterizar fisicamente as áreas do estudo.
• Determinar o tempo presente nas áreas de estudo.
• Comparar as diferenças termo-higrométricas entre as áreas.
• Determinar a sensação térmica entre as áreas de estudo.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização desse estudo, foram utilizados:
 Termo-higrômetro: que mede a temperatura (°C)
 Anemômetro: que mede a velocidade do vento (m/s)
 Receptor GPS
O presente trabalho foi realizado em 4 etapas: A primeira etapa consistiu no levantamento de
dados bibliográficos através do acervo em biblioteca e artigos digitais. Na segunda etapa foram
selecionados os pontos de coleta nos locais: Parque Municipal Ambiental (PMA), Praça Célio
Miranda (PCM) e Praça do Mercado (PM). Na terceira etapa realizou-se a coleta durante 5 dias,
de 27 de fevereiro a 03 de março de 2011, nos horários de 9h e 12h. Os dados obtidos foram os
de temperatura do bulbo seco e bulbo úmido, velocidade dos ventos e tempo presente através de
medição simultânea entre os pontos selecionados. Na quarta etapa os dados coletados foram
organizados e sistematizados e a partir das temperaturas do bulbo seco e úmido foi possível
obter as umidades relativas (U.R.) em cada ponto e nos seus respectivos dias e horários através
de uma tabela fornecida pelo fabricante que correlaciona a temperatura do bulbo seco com a
diferença entre as temperaturas do bulbo seco e bulbo úmido. Utilizou-se o Diagrama de
Conforto humano (DCH) proposto pela OMM adaptado por meteorologistas do INMET para
determinar o nível de conforto considerando a velocidade do vento constante.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a caracterização dos pontos de estudo, quadro 1, foram realizadas descrições dos locais e
coletadas as coordenadas geográficas sendo informações importantes pois revelam elementos
que podem influenciar o conforto térmico.
CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS DE COLETA
LOCAL
DESCRIÇÃO
O ponto se localiza na parte central do PMA cercado de uma
densa vegetação de grande porte, o que impede a passagem de
ventos e sol em vários pontos do parque, próximo a corpos
d'água e longe de materiais que possam reter calor. O PMA
situa-se em um bairro predominantemente residencial, JK,
PMA
fazendo limite com outro bairro também de mesma finalidade,
Promissão I, em que suas construções são, em sua maioria, de 1
pavimento e de alvenaria. As ruas que circundam o local são
asfaltadas e a vegetação é praticamente inexistente além do
fluxo de carros ser pouco intenso mesmo nos horários de pico.
O ponto de coleta na PCM situa-se próximo ao centro do local e
apresenta vegetação menos abundante que no PMA e mais
espaçada o que permite a passagem de ventos e penetração dos
raios solares em boa parte de local além de ser próximo de
PCM
materiais que retém calor. A PCM é cercado de construções
comerciais, em sua maioria de 1 pavimento e de ovenaria, as
ruas circundantes são asfaltadas e o fluxo de veículos é intenso
principalmente nos horários de pico (12 h e 18h)
O ponto na PM situa-se na lateral do local que apresenta uma
vegetação escassa e de médio porte podendo ser influenciado
pelos materiais que retém calor ao redor. As construções, a
PM
maior parte de 1 pavimento e ovenaria, do entorno são em sua
maioria destinadas ao comercio, as ruas ao redor são asfaltadas e
o fluxo de carros é regular mesmos nos horários de pico.
Quadro 1- Caracterização dos pontos de coleta.
COORDENADAS
“02°58’48,5” S,
47°21'31,7" WO e
66 metros de
altitude
02° 59'43,7" S,
47°21'18,3" WO e
altitude de 80
metros
02° 59'58,4" S,
47°21'05,8" WO e
altitude de 58
metros
Correlacionando às características termo-higrométricas dos locais, nos dias de mais altas
temperaturas (figura 1) com o DCH, todos os pontos necessitavam de vento para alcançar a zona
de conforto nos dois horários de estudo. O PMA às 9h apresentou no máximo 28°C (dia 02/03),
a U.R. correspondente foi de 77%, porém a velocidade dos ventos registrada foi nula. Já às 12 h
o mesmo ponto alcançou 29,5 °C (dia 02/03) com U.R. de 74% sendo que a velocidade dos
ventos registrada foi de 0,3m/s. O PCM às 9h (dia 28/02) apresentou os mesmos valores de
temperatura e umidade dàs 9h de PMA, mas a velocidade registrada foi de 0,6m/s. Neste ponto
às 12 h a PCM (dia 28/02) atingiu 30,1 °C com U.R. de 68%, em que a velocidade do vento
registrada foi de 2,4m/s, a maior velocidade obtida no período de estudo. E a PM às 9h atingiu
29°C (dia 02/03) com U.R. de 68% entretanto a velocidade do vento registrada foi nula. Já as
12h obteve-se 32°C em PM com U.R. de 55% e velocidade dos ventos de 1,9m/s.
Figura1- Gráfico dos dias mais quentes
Figura 2- Gráfico dos dias mais frios
Nos dias de mais baixa temperatura, figura 2, PMA estava muito úmido nos dois horários em
questão de acordo com o DCH, sendo que às 9h chegou a 88% de U.R. em 3 dias do período de
estudo, 27/02, 28/02 e 01/03, registrando nesses dias 26,5 °C, 26 °C e 25 °C respectivamente, às
12 h também atingiu 88% de U.R. com 28,5°C de temperatura, dia 03/03. PCM também estava
muito úmido às 9h, pois registrou 88% de U.R e 25,5°C, dia 03/03, mas às 12 h do mesmo dia,
necessitava de vento para atingir a zona de conforto cuja U.R registrada era de 71%,
temperatura de 29°C e velocidade dos ventos de 0,6 m/s. Por sua vez, PM às 9h estava dentro
da zona de conforto com 73% de U.R e 26,5°C, mas necessitava de vento para atingir a zona de
conforto às 12h com U.R de 61% em dois dias seguidos, dias 02 e 03 de fevereiro, e 29,5 °C
também nos dois dias, mas velocidades dos ventos de respectivamente 0,8m/s e 0,6m/s.
O PMA apresentou as temperaturas mais amenas, as maiores umidades relativas e as menores
incidências de ventos entre os pontos nos dois horários. A PCM apresentou às 9h temperaturas
amenas e UR’s a cerca de 80%, mas às 12h apresentou as maiores variações de temperatura,
mais de 3°C em média entre os horários, e as maiores quedas de umidade relativa, 16% em
média, sendo que o tempo presente no local variava de sol com presença de nuvens e ensolarado
entre os horários. Vale ressaltar que foi o ponto com as maiores incidências de ventos. A PM
apresentou as maiores temperaturas e umidades relativas mais baixas em relação aos outros
pontos nos dois horários sendo que o tempo presente no local variava entre os horários de
nublado para sol com presença de nuvens o que evidencia um local totalmente influenciado pelo
clima urbano.
5 CONCLUSÕES
O PMA, em geral, estava muito úmido e necessitando de vento para o conforto, devido à densa
vegetação que gera a circulação mínima de ventos. Neste local foram registradas as
temperaturas mais amenas nos dois horários além do ponto se localizar entre bairros
predominantemente residenciais e de baixo fluxo de veículos. A PCM também estava muito
úmida, mas apresentou a maior variação média de temperatura e maior incidência de ventos em
horários de grande fluxo de carros, além de o ponto possuir uma vegetação mais escassa e
espaçada em relação ao PMA. O ponto na PM necessitava de ventos para atingir o conforto em
que a incidência de ventos no local foi pouco significativa para atender a essa necessidade. Este
local apresentou as mais baixas umidades relativas registradas entre os pontos e, portanto as
temperaturas mais elevadas. O fluxo de carros é pouco intenso nos horários de pico e a
vegetação é mais escassa que nos demais pontos.
TEMPO PRESENTE NOS PONTOS DE COLETA
PMA
PCM
PM
Sol entre nuvens
Presença de nuvens
Sol entre nuvens
Ensolarado com poucas Parcialmente coberto por Parcialmente coberto
nuvens
nuvens
por nuvens
9h
Nublado
Nublado
Nublado
28/fev
12h
Sol entre nuvens
Nublado com pouco sol
Ensolarado
9h
Pouco nublado
Sol coberto por nuvens
Nublado
01/mar
Ensolarado com algumas Ensolarado com presença Sol com presença de
12h
nuvens
de nuvens
nuvens
Ensolarado com presença
Sol com poucas
9h
Ensolarado
de muitas nuvens
nuvens
02/mar
Muitas nuvens e sol
Sol com poucas
12h
Ensolarado
coberto
nuvens
9h
Nublado
Nublado
Nublado
03/mar
12h
Sol entre nuvens
Sol com muitas nuvens
Sol com nuvens
Alternância entre dias
Os dias em geral
9h
Nublado
ensolarados e nublados
foram nublados
MÉDIA
Ensolarado com poucas
Sol com poucas
12h
Ensolarado
nuvens
nuvens
Quadro 2- Tempo presente nos pontos de Coleta
PERÍODO
9h
27/fev
12h
6 AGRADECIMENTOS: Aos colaboradores Arita Picanço de Almeida, Jossiele da Costa
Fernandes e Ivan da Silva Nascimento e a orientação da Professora Eliane de Castro Coutinho.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONCEIÇÃO, Renata Leitão da;DAMASCENO, Emília de Oliveira. Variações termohigrométricas e sua relação com o uso do solo durante a estação seca na cidade de Belém-Pará.
Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Engenharia Ambiental)- Universidade do
Estado do Pará, Belém, 2007.
GOMES, Marcos Antônio Silvestre; AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade.
Arborização e Conforto Térmico no Espaço Urbano: Estudo de Caso nas Praças Públicas e
Presidente Prudente (SP). Caminhos de Geografia 7(10)94-106, 2003.
FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de Conforto Térmico. São Paulo:
Studio Nobel, 2003.
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