História dos Portugueses no
Mundo
(2012/2013)
Aula n.º 12
As Viagens por Terra de Pêro da Covilhã e
Afonso de Paiva
Descobrimento Marítimo para a
Índia
As Viagens por Terra de Pêro da Covilhã e Afonso de
Paiva
As informações da viagem de Bartolomeu Dias eram
muito importantes para a preparação da descoberta do
caminho para a Índia, mas D. João II queria ainda
dispor de mais informações, não só sobre a rota, como
sobre as actividades comerciais daquela região.
Por outro lado, era importante verificar se seriam
verdadeiros os rumores sobre a existência de um
soberano cristão naquela zona – o lendário Preste João –
que, a confirmar-se, poderia ser um precioso aliado dos
portugueses.
Para obter estas informações, o rei português resolveu enviar dois
emissários por terra à Etiópia, local onde se situaria o reino do Preste
João.
As informações recolhidas pelos dois emissário – Pêro da Covilhã e
Afonso de Paiva – foram tão importantes que dissiparam no espírito
de D. João II qualquer dúvida sobre o êxito do seu plano da Índia.
Os dois companheiros disfarçados de mercadores, saíram de Portugal
em Maio de 1487. Bons conhecedores da língua árabe, eram
excelentes agentes ao serviço do rei português. Viajaram juntos até
Adém (no sul da península da Arábia), onde se separaram para
completarem as suas missões.
Afonso de Paiva deveria percorrer a Etiópia, enquanto Pêro da
Covilhã seguiria para oriente, para as regiões produtoras de
especiarias, a fim de obter informações sobre o comércio destes
produtos.
Combinaram que, dentro de determinado prazo, voltariam
a encontrar-se no Egipto, na cidade do Cairo.
Pêro da Covilhã viajou até à Índia onde visitou Calecute,
Cananor e Goa, seguindo depois para Ormuz, na Pérsia,
onde embarcou num navio árabe para Sofala, na costa
oriental de África, viagem que lhe confirmou ser possível
chegar à Índia, contornando o continente africano.
Teve então conhecimento da morte de Afonso de Paiva e
resolveu seguir ele próprio para a Etiópia , tendo entrado
em contacto com o famoso Preste João.
Este rei cristão, que não era tão poderoso como se pensava,
impediu Pêro da Covilhã de abandonar o seu reino. Pêro
da Covilhã acabou por se casar e constituir família na
Etiópia, onde viria a falecer, em 1526, sem voltar a
Portugal.
Pêro da Covilhã teria cerca de setenta anos quando chegou a embaixada de
D. Rodrigo de Lima à Etiópia (1520-1526), quando os portugueses já se
tinham estabelecido na Índia. Foi nesta ocasião que relatou a sua viagem ao
padre Francisco Álvares que a assentou na sua obra A Verdadeira
Informação da Terra do Preste João das Índias.
O Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia
Vasco da Gama partiu de Lisboa em Julho de 1497, uma esquadra composta
por duas naus – São Gabriel e São Rafael, comandadas respectivamente por
Vasco da Gama e pelo seu irmão Paulo da Gama – e por uma caravela – a
Bérrio, sob o comando de Nicolau Coelho – e por uma embarcação com
mantimentos, destinada ao abastecimento das outras, que era dirigida por
Gonçalo Nunes.
A viagem decorreu com relativa normalidade até que ultrapassaram
o limite das navegações de Bartolomeu Dias, entrando em águas
desconhecidas.
A 25 de Dezembro, aportaram a uma terra que chamaram Natal,
onde não puderam fazer aguada, tendo de recorrer à água do mar
para cozinhar.
Pelo final de Janeiro chegaram ao que então chamaram Rio dos
Bons Sinais (hoje Quelimane). Neste local, permaneceram cerca de
um mês, porque se manifestou o escorbuto entre a tripulação.
No início de Março chegavam à ilha de Moçambique, donde
seguiram para Mombaça e depois para Melinde, onde puderam
estabelecer relações amigáveis com o rei local e obter um piloto
árabe que os guiou até à índia.
Finalmente, a 22 de Maio de 1498, Vasco da Gama desembarcava
em Calecute, após mais de oito meses de viagem.
Uma armada portuguesa em frente a Calecute, Gravura da obra Civitates
Orbis Terrarum, de Braun e Hogenberg (1572-1617)
Vasco da Gama na Índia
Vasco da Gama permaneceu na Índia três meses, onde estabeleceu
negociações com o Samorim de Calecute, sem contudo alcançar bons
resultados.
O soberano de Calecute não quis aceitar os presentes do navegador
português, por serem muito modestos. A desconfiança do Samorim e as
várias armadilhas e traições movidas pelos muçulmanos, que viam
ameaçado o monopólio do seu comércio no Oriente, impediram Vasco da
Gama de estabelecer relações comerciais com Calecute, o maior porto
exportador de especiarias da costa ocidental da Índia.
A 29 de Agosto iniciou a viagem de regresso com os navios carregados de
especiarias, tecidos de luxo e outras ricas mercadorias, que Vasco da
Gama obteve em Cochim, um porto mais pequeno e dependente de
Calecute.
Após grandes dificuldades chegou a Lisboa nos finais do Verão de 1499,
onde foi festivamente recebido.
Vasco da Gama n
Vasco da Gama perante o Samorim (Veloso Salgado, 1898)
A corte do Samorim era muito luxuosa. Como se pode
observar pelo quadro, é elevado o número de pedras
preciosas com que as diversas figuras se enfeitam, é
evidente a riqueza do cadeirão, do soalho, paredes,
colunas e tapete.
Vasco da Gama que tinha feito uma apresentação
elogiosa do rei de Portugal, pouco mais tinha para
oferecer que meia dúzia de bagatelas, à semelhança do
que os portugueses faziam com os monarcas africanos.
Assim, em vez de ganhar a confiança e amizade do
Samorim, Vasco da Gama viu os objectivos comerciais da
sua viagem comprometidos.
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