Prof. Marcos Corrêa – FAP – Set. 2009 A ESCRITA ICÔNICA E A SUA LEITURA A escrita fotográfica Origem Grega Foto = Luz Grafia = Escrita Japão Sha-shin = Reflexo da realidade Expressão - Linguagem - Expressão visual (arte) As variantes linguagem e expressão Escrita – Códigos sociais Para haver comunicação - Capacidade de leitura dos destinatários (códigos); - Cognição da forma da mensagem (como é construída); - Compreensão da linguagem (intelectual). COM A FOTOGRAFIA NÃO É DIFERENTE EXISTEM TRÊS CONDIÇÕES PARA QUE HAJA COMUNICAÇÃO: 1 – que o destinatário saiba ler. 2 – que ele conheça os caracteres na qual a mensagem é redigida. 3 – que ele compreenda a linguagem na qual a mensagem é redigida. NA FOTOGRAFIA: a) É necessário saber ler. b) Conhecimento dos ELEMENTOS que compõem a imagem. c) Conhecimento da LÍNGUA na qual é escrita a mensagem. (No caso da imagem fotográfica, essa língua comum pertence ao mesmo meio sócio-cultural) A capacidade da leitura Somos capazes de ler qualquer imagem? - Apreensão dos códigos para leitura; - Conhecimento dos elementos que compõe a imagem (ou ela será muda); A fotografia não é uma “linguagem universal”. “Não existe fotografia que possa ser interpretada da mesma forma por um brasileiro, um francês, por uma moça de 18 anos e um homem de 80”. Mas todos eles precisam compartilhar os códigos de leitura e a capacidade cognitiva para ler os elementos da imagem. Componentes fotográficos O que para a leitura escrita alfabética é o FONEMA, para a fotografia é um COMPONENTE. HIERARQUIA - Componentes vivos (homens, animais, tendo por variante a sua intensidade e a sua supremacia emocional); - Componentes móveis (fenômenos, elementos naturais); - Componentes estáticos (objetos de toda forma). (exceções) A A A leitura da fotografia A leitura fotográfica é feita a partir da percepção de duas estruturas: - Estrutura Geométrica (simetria das partes – físicos); - Estrutura Perceptual (assimetria – orgânicos); A primeira é estática, simétrica, havendo proporcionalidade, um lado normalmente corresponder ao outro, em cima e em baixo; corresponde à composição. Já a segunda é dinâmica, orgânica e assimétrica, não geométrica, descrição anatômica e particularizada; pertence ao íntimo do leitor da imagem. SIMETRIA E ASSIMETRIA Nossa percepção do mundo é assimétrica, corresponde aos nossos valores e sentimentos. Mas nossa cultura espacial é simétrica. É a partir da combinação dessas estruturas que nos expressamos. Na leitura da escrita temos uma ação linear e unidimensional, a trajetória seguida pelos olhos é horizontal, indo da esquerda para a direita nas línguas de origem latina ou anglo-saxônica. A leitura de uma fotografia se dá de acordo com os elementos que a compõe. (continuação...) Quando vamos a determinado local, deciframos os espaços, ruas e estabelecemos uma leitura para nos situar espacialmente. Com a fotografia não é diferente. Se num texto o leitor decifra as letras, estabelece relações entre elas e toma conhecimento do conteúdo da frase, na foto fazemos isso a partir da leitura dos componentes visuais pictóricos. Nesse sentido a leitura de uma fotografia se decompõe em TRÊS fases: - PERCEPÇÃO; - IDENTIFICAÇÃO; - INTERPRETAÇÃO. (continuação...) PERCEPÇÃO É puramente ótica. Percebe-se as formas e tonalidades que dominam a imagem sem uma identificação. IDENTIFICAÇÃO Nesta etapa registra-se o conteúdo fotográfico. Nessa ação é armazenado, pelo leitor da imagem, os componentes, que são identificados e registrados o seu conteúdo mentalmente. É um meio-termo entre a percepção e a interpretação (pré-interpretação) (continuação...) INTERPRETAÇÃO É uma ação mental. É o estado em que se manifesta o caráter polissêmico da fotografia. Aqui os códigos e os valores de leitura são sociais e pessoais. Cada leitor interpreta da sua forma, levando-se em consideração que o meio socio-cultural interfere na leitura de identificação. Mas a interpretação é feita individualmente em função da idade, sexo, ideologia, profissão, permitindo a possibilidade de diversas interpretações da mesma imagem, do mesmo SIGNO ICÔNICO. Os signos icônicos funcionam em dois níveis: DESCRITIVO – leitura SUGESTIVO – interpretação No descritivo o criador da imagem pode dominar, o leitor domina o sugestivo. A foto na comunicação "A composição deve ser uma de nossas preocupações constantes, até nos encontrarmos prestes a tirar uma fotografia; e então, devemos ceder lugar à sensibilidade..." (Henri Cartier-Bresson) Podemos dominar o descritivo, mas o expressivo se completa na percepção do leitor da fotografia e é um componente social. Muitas vezes ela pode variar conforme o tempo, o humor e as relações sociais que se estabelecem. Sobre esse aspecto, o fotógrafo tem pouca interferência. Como recurso de fixação do sentido fotográfico a imprensa, usando a fotografia, recorre a legenda.