Citologia Clínica Vera Regina Medeiros Andrade 2015 Citologia Clínica EMENTA Citologia cérvico-vaginal, espermograma, citologia de líquidos corporais OBJETIVO GERAL Descrever o diagnóstico citológico normal, inflamatório, infeccioso e neoplásico Citologia Clínica OBJETIVOS ESPECÍFICOS Escrever um laudo citológico normal, bem como um laudo citológico de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas Identificar os processos inflamatórios e as infecções Auxiliar na avaliação hormonal do material citológico feminino Realizar espermograma e exame de líquidos corporais CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Preparo, coloração, montagem, leitura dos esfregaços e laudos citológicos Citologia do aparelho genital feminino, aparelho genital masculino e componentes celulares benignos de cavidades serosas CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Citopatologia cérvico-vaginal: citologia do epitélio escamoso estratificado e do epitélio colunar; classificações do diagnóstico citológico; alterações celulares benignas reativas; alterações celulares degenerativas; reparo ou regeneração; alterações celulares associadas com atrofia; hiperplasia de células basais e de células de reserva; metaplasia escamosa; critérios citomorfológicos de malignidade. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Espermograma: colheita e preparação do sêmen; análise física; análise morfológica; análise microscópica quantitativa; análise microscópica qualitativa Citologia de líquidos corporais: composição bioquímica, citologia das células presentes O que é um exame citopatológico? Preparação de células coradas pela coloração de Papanicolaou e, exploração microscópica dessas células de forma individualizada. Qual a finalidade desse exame citológico? Diagnóstico precoce de doenças, especialmente o câncer e as alterações celulares do tipo reativas, degenerativas, regenerativas, inflamatórias e neoplásicas Qual o princípio do método citológico? O estudo compreende memorizar células e tecidos normais e depois, as alterações morfológicas encontradas em distúrbios hormonais, nas infecções e nos estágios pré-malignos e no câncer Qual o princípio do método citológico? Trata-se de comparar a imagem observada ao microscópio com a imagem normal gravada na mente do observador Este constata: (a) semelhança das imagens (esfregaço normal); (b) discordância (esfregaço patológico) que deve ser analisado minuciosamente É importante familiarizar-se com as estruturas normais das células, antes de tentar o diagnóstico citológico das anormalidades Qual o padrão ouro do diagnóstico? Um resultado negativo, não significa que o tecido seja normal, assim como um resultado positivo, significa que células anormais apareceram e este resultado positivo não prova que exista um câncer, nem mesmo displasia, é necessário o exame de COLPOSCOPIA e HISTOPATOLOGIA (biópsia) Como se colhe o material, como se prepara a lâmina, como é realizada a coloração e como se faz a leitura do esfregaço e se descreve os laudos citológicos? Como se colhe o material? Colo de útero – colheita de material citológico cervice-vaginal com espátula de Ayre e escova citológica endocervical Coleta do material citológico Preparo da lâmina e fixação do material Preparo do exame citológico O material deve ser distribuído na lâmina de extremidade fosca previamente limpa e identificada A identificação deve ser realizada no momento da colheita, na extremidade fosca da lâmina com lápis (o grafite resiste as etapas de fixação e coloração) O material deve ser espalhado sobre a lâmina de modo regular, com boa espessura Fixação do material O objetivo da fixação é preservar o estado morfológico e manter as características citomorfológicas e os elementos citoquímicos das células e deve ser imediata Fixadores Álcool etílico em solução de 70 a 90% Álcool isopropílico em solução de 70 a 90% Atomizador com álcool isopropílico e polietileno glicol (Carbowax), forma uma película de proteção, pode ser em gotas (4 gotas sobre o esfregaço) Coloração Colorações foram desenvolvidas para visualizar componentes das células e dos tecidos baseadas no princípio ácido-base A hematoxilina é uma base, cora componentes ácidos da célula em uma cor azulada – núcleo (DNA e RNA); A eosina é um ácido que cora componentes básicos da célula em róseo – citoplasma A coloração de Papanicolaou é universalmente utilizada em citologia genital Coloração e montagem da lâmina Técnica de coloração de Papanicolaou 1 a 3) Álcool etílico em ≠ diluições 5) Água destilada (hidratar) 5) Hematoxilina de Harris (nuclear) 6) Água corrente 7) Água destilada 8) Álcool etílico a 70% (desidratar) 9) Álcool etílico a 90% 10) Álcool etílico absoluto 1 minuto 1 minuto 1-3 minutos 5 minutos 1 minuto imergir imergir imergir 11) Orange G (citoplasma) 12) Álcool etílico absoluto 2 minutos imergir 13) Álcool etílico absoluto 14) EA – 36 (citoplasma) 15) Álcool etílico a 95% imergir 1 minuto imergir 16 e 17) Álcool etílico absoluto 18) Xilol (desidratar e clarificar), dentro de uma capela imergir 1 minuto Montar com bálsamo sintético entre lâmina e lamínula 24X40 Coloração de Papanicolaou Leitura dos esfregaços A leitura da lâmina deve seguir regras bem estabelecidas: A observação ou varredura da lâmina deve ser sistemática e os campos sucessivos serão parcialmente revistos para não perder nenhuma área A varredura deve ser realizada com aumento pequeno com ocular de 10x e objetiva de 10x (100x) As células ou zonas atípicas são submetidas à exame minucioso com maior aumento de 40x Leitura dos esfregaços Tipos de varredura (screening) Horizontal Vertical 3o tipo é usado em revisão de lâminas previamente negativas (re-screening), pelo menos 30 campos por 1 a 2 min Leitura dos esfregaços Anatomia, Histologia, Citologia e Fisiologia do Sistema Genital Feminino Aparelho genital feminino Compreende a vulva, a vagina, o útero formado pelo colo e corpo, as tubas uterinas e os ovários. Vulva Lábios maiores, Lábios menores, Clitóris, Glândulas (sebáceas, Bartolin) TECIDO EPITELIAL ESCAMOSO ESTRATIFICADO QUERATINIZADO Histologia Orifício urinário Citologia Glândulas de Bartolin Orifício genital Vagina Canal que liga o colo do útero à vulva, está à frente do reto e atrás da bexiga Revestida por TECIDO EPITELIAL ESCAMOSO ESTRATIFICADO NÃO QUERATINIZADO Histologia Citologia Epitélio pavimentoso estratificado NÃO QUERATINIZADO Útero Forma de cone cujo vértice é inferior, parte superior é o corpo e a inferior é o colo Revestido por: EPITÉLIO CILÍNDRICO SIMPLES CILIADO E NÃO CILIADO, formando glândulas tubulares retas com células cilíndricas altas Histologia Útero - Citologia EPITÉLIO CILÍNDRICO SIMPLES CILIADO E NÃO CILIADO, Citologia Mucosa vaginal, ectocervical e endocervical Junção escamo-colunar Mucosa vaginal, ectocervical e endocervical Junção escamo-colunar Tubas uterinas: (fímbrias; ampola; istmo e porção intersticial) Revestida por: EPITÉLIO CILÍNDRICO SIMPLES CILIADO Ovários: Forma ovóide, situados lateralmente na cavidade abdominal, córtex e medula, o estroma ovariano cortical contém folículos Síntese de estrogenio e progesterona Revestido por: EPITÉLIO PAVIMENTOSO OU CÚBICO SIMPLES Tecidos Grupos de células similares quanto à estrutura, função e origem embrionária, mantidas juntas por quantidade variada de material intercelular Quatro tecidos fundamentais Tecido epitelial Tecido conjuntivo Tecido muscular Tecido nervoso Tecido Epitelial Cobre o corpo por fora e reveste os órgãos por dentro Células poliédricas, pouca substância extracelular, firmemente unidas umas às outras por complexos juncionais, formando camadas contínuas Apoiado em tecido conjuntivo ligado pela membrana basal (sintetizada pelas células epiteliais) Não possui vasos sanguíneos, sendo nutrido por difusão através do tecido conjuntivo Duas formas: Epitélios que cobrem todo o corpo externamente e revestem o corpo internamente. Glândulas que se originam das células epiteliais. Forma da célula Pavimentosas Cúbicas Cilíndricas Número de camadas Número de camadas Simples – uma camada de células Estratificados – mais e uma camada de células Classificação dos epitélios Tecido epitelial simples cilíndrico Epitélio pavimentoso estratificado NÃO queratinizado Fonte dos tecidos: Atlas eletrônico da PUCRS Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado Células epiteliais do epitélio pavimentoso estratificado Células da camada basal Células da camada parabasal Células da camada intermediária Células da camada superficial Diferenciação celular – Tecido epitelial Superficial Intermediária Parabasal Basal O processo de diferenciação ou maturação celular é o estágio de especialização que atinge um ponto final de função e estrutura estabilizadas. Desdiferenciação A diferenciação retrógrada (desdiferenciação) ocorre quando uma célula segue uma direção oposta da maturação celular normal e retorna à sua forma embrionária Mutação em genes que controlam o ciclo celular Fisiologia A célula epitelial é provida de receptores hormonais (estrogênio e progesterona) que controlam a sua maturação e diferenciação As imagens mudanças que ocorrem no epitélio vaginal fenômenos histofisiológicos Fisiologia Ciclo menstrual Antes de tentar o diagnóstico citológico de anormalidades, o citologista deve conhecer todos os tipos de células normais encontradas no esfregaço e familiarizar-se com a estrutura da célula, só depois conhecer as alterações celulares provocadas pelo câncer O que é câncer? Câncer Câncer é uma consequência fenotípica importante da mutação genética É uma doença multifatorial, provocada pelo acúmulo de mutações genéticas em células normais e caracterizado por um conjunto de manifestações patológicas, tais como: perda de controle da regulação do ciclo celular resistência à apoptose ganho da capacidade de metastatizar e angiogênese Acúmulo de mutações genéticas em uma célula normal Algumas mutações alteram a atividade de um gene, outras mutações eliminam a atividade genética Perda de controle da regulação do ciclo celular ...resistência à apoptose Esquema geral para mecanismos de oncogênese pela ativação de proto-oncogene, mutação ou perda de genes supressores tumorais, ativação de genes anti-apoptóticos ou perda de genes pró-apoptóticos. Genes gatekeepers – supressores tumorais regulam a função dos proto-oncogenes; genes caretakes – atuam indiretamente mantendo a integridade e corrigindo as mutações durante a replicação do DNA e a divisão celular Invasão ..., ganho da capacidade de invadir tecidos adjacentes e de sofrer metástases (colonização) para tecidos distantes Tumores malignos Infiltração, invasão, destruição de tecidos adjacentes, e formação de metástases ..., angiogênese Agentes mutagênicos Físicos radiações ionizantes (raios X, radiações alfa, beta e gama), radiação ultravioleta, temperatura Químicos colchicina, gás mostarda, talidomida, alcatrão, benzeno etc Biológicos vírus (oncovírus), bactérias e alguns protozoários (toxoplasmas) Existe um sinal celular patognomônico? Conjunto de detalhes no esfregaço Conjunto de detalhes nas diversas células anormais Conjunto de detalhes em uma única célula anormal Quem foi Papanicolaou? Em 1924, estudando o ciclo menstrual fez uma observação acidental. Descobriu que células cancerosas derivadas da cérvice uterina poderiam ser observadas em amostras vaginais Em 1928 – publicou um artigo com detalhes. Quem foi Papanicolaou? Papanicolaou e Traut, em 1943, publicaram artigo Década de 40, século XX, exame citopatológico redução na taxa de incidência e mortalidade Em 1980, um selo comemorativo por US Postal Service em sua homenagem