Será que a Terra esteve sempre envolvida por uma atmosfera com as características que hoje apresenta? Tanto o planeta Terra como a sua atmosfera evoluíram ao longo dos tempos. O sistema solar, a que a Terra pertence, formou-se há cerca de 5 milhares de milhões de anos e, presumivelmente a Terra foi formada a partir dos produtos ejectados pelo Sol, essencialmente hidrogénio e hélio. in Press, F. & Siever, R. (1997) A Terra quando foi formada, há cerca de 4600 milhões de anos, era uma bola de rocha em fusão. Por a Terra não possuir gravidade suficiente, alguns gases como o Hidrogénio, o Hélio e outros gases raros escaparam para o espaço. Quando esta atmosfera arrefeceu, formou-se uma crosta sólida no exterior da Terra. A rocha em fusão muitas vezes irrompia através da crosta muito fina, espalhando-se lava por toda a sua superfície. De acordo com a hipótese da desgaseificação, os gases constituintes da atmosfera primitiva tiveram origem no interior da Terra. Como é que os gases originados no Interior da Terra terão atingido a superfície? Os gases que teriam sido originados no interior da Terra, atingiram a superfície através dos vulcões Desgaseificação Vulcânica. Segundo o gráfico, a atmosfera primitiva seria constituída maioritariamente por azoto (N2), vapor de água (H2O) e dióxido de carbono (CO2), e minoritariamente por amoníaco (NH3), metano (CH4) e hidrogénio (H2), libertados durante as intensas erupções vulcânicas que caracterizam este período. Mais tarde, quando a Terra arrefeceu, o vapor de água condensou e originou as chuvas que preencheram as crateras existentes na crusta, formando os oceanos. A precipitação retirou da atmosfera grande parte do dióxido de carbono que se dissolveu na água dos recém – formados oceanos e reagiu com as rochas existentes para formar carbonatos constituintes das rochas sedimentares O O H O H H H H O H O O A Hipótese de Dissociação Química, tentou explicar quimicamente quais os fenómenos que teriam transformado a atmosfera primitiva na nossa atmosfera actual. •Por acção da radiacção solar mais energética, o metano e o amoníaco foram, em grande parte, quimicamente destruídos, formando hidrogénio, que escapou para o espaço, e moléculas mais complexas. Estas moléculas terão sido arrastadas pelas chuvas e, mais tarde, terão participado na formação dos primeiros organismos vivos. •Por acção das radiacções ultravioletas solares ocorreu a fotodissociação de algumas moléculas de água, com formação de hidrogénio e oxigénio Segundo dados mais recentes, verificou-se que a atmosfera primitiva deveria conter CO2 e N2 em elevadas quantidades e vestígios de CH4, NH3, SO2 e HCl. Com o decorrer dos tempos, a atmosfera teria evoluído para a composição que apresenta na actualidade. Nos oceanos, após uma série de reacções químicas entre os constituintes da atmosfera primitiva e por acção da radiação solar e do calor existente, deu-se a primeira eclosão de vida: surgiram as primeiras bactérias e as algas, as cianobactérias, com a capacidade para iniciar a actividade fotossintética. in Oliveira et al. (1999) A partir de determinada altura, os oceanos perderam a capacidade de fixar todo o oxigénio molecular resultante da fotossíntese, começando este a dissipar-se para a atmosfera. Passou-se assim de uma atmosfera anaeróbia (sem oxigénio) para uma aeróbia (com oxigénio). Há cerca de 2100 milhões de anos: • Já só havia vestígios de dióxido de carbono e de vapor de água na atmosfera • O oxigénio (O2) começou a libertar-se para a atmosfera • O azoto (N2) continuou a ser o componente principal da atmosfera terrestre Composição da atmosfera actual Importância de alguns dos constituintes da atmosfera Oxigénio (O2) intervém no processo da respiração permite a formação da camada protectora de ozono (O3) Azoto (N2) gás inerte em maior quantidade na atmosfera moderador do poder oxidante da atmosfera, pois as moléculas de oxigénio são muito reactivas Incorpora-se na matéria orgânica sob a forma de compostos azotados, produzidos por certas bactérias, que são absorvidos pelas plantas e, mais tarde ingeridos pelos animais. Dióxido de carbono (CO2) e vapor de água (H2O) fundamentais no processo da fotossíntese funcionam como reguladores climáticos Efeito de estufa Sabe-se que o Ozono (O3) constitui uma das camadas da atmosfera actual que é essencial para a vida na Terra. Tendo em atenção que 4 O2 2 O3 + O2, formula uma hipótese explicativa para o aparecimento desta camada. A camada do ozono tem a particularidade de filtrar e, deste modo, proteger a superfície terrestre das radiações ultravioletas. A partir daí, os organismos subaquáticos puderam sair da água e povoar as terras emersas, desenvolvendo adaptações aos novos ambientes que foram inevitavelmente ocupando. A camada de ozono e a elevada concentração de dióxido de carbono provocaram também um aumento de temperatura do planeta, resultante do efeito de estufa, fundamental para a existência de vida. Por um lado, foi a vida (os primeiros organismos fotossintéticos) que permitiu a evolução da atmosfera. Em contrapartida, foi a evolução da atmosfera (nomeadamente, existência de oxigénio livre e a constituição da camada de ozono) que permitiu que a vida – biosfera – evoluísse. •A sua Massa, que lhe proporcionou uma gravidade suficiente para conservar uma atmosfera. •A sua distância do Sol, que permitiu a existência de uma temperatura média amena e a existência de água no estado líquido. QUANDO …. a velocidade de lançamento de gases para a atmosfera é superior à velocidade de retirada dos mesmos gases da atmosfera os gases vestigiais tornam-se poluentes CO2 CO NOx SO2 CFC O3 Causas naturais antropogénicas Causas Naturais Vulcões SO2 CO Biosfera H2S CH4 Causas Antropogénicas Indústrias CFC SO2 Circulação automóvel NOX CO2 O3 CO Produção energia eléctrica CO CO2 Desflorestação CO2 Incêndios CO2 CO SO2 Agricultura NOX CH4 • Agravamento do efeito de estufa • Destruição da camada de ozono CO2 CFC CH4 N2O CFC • Contribuição para as chuvas ácidas • Smog (partículas em suspensão na atmosfera) • Aparecimento do ozono junto ao solo SO2 NO2 NOx SO2 NO2 Será que podemos afirmar que existem compostos tóxicos? Podemos dizer que não existem substâncias tóxicas mas sim doses tóxicas. Como se “mede” a toxicidade de uma substância? Os efeitos dos produtos tóxicos nos seres vivos não são fáceis de qualificar e de quantificar O modo como actuam nos organismos vivos varia de produto para produto dependendo do tempo de exposição ao agente tóxico, da dose e do modo como este entra no organismo dos seres afectados. • DL50 (dose letal de um produto químico). A DL50 é a quantidade de determinado produto químico necessária para provocar a morte de 50% dos indivíduos de uma determinada população amostra. A dose letal exprime-se em miligramas do produto tóxico por cada quilograma de massa corporal (mg/kg) A DL50 varia de espécie para espécie!!! Exemplo 1 • Produto : benzeno • DL50 por via oral para ratos = 930 mg/kg • Como interpretar: se a 100 ratos se administrar, oralmente, 930 mg de benzeno por cada kg da sua massa corporal, 50 desses ratos morrerão • A dose letal não dá nenhuma informação sobre os efeitos tóxicos do produto abaixo dessa dose. Mas, eles existem. Exemplo 2 • DL50 de iodo (I2) por via oral para ratos = 14000 mg/kg • DL50 de peróxido de hidrogénio (H2O2) por via oral para ratos = 2000 mg/kg • Como interpretar: É necessário mais iodo do que peróxido de hidrogénio para matar 50 % de uma dada população de ratos. O iodo é menos tóxico que o peróxido de hidrogénio Quanto menor for a dose letal, mais venenoso é o produto testado Exemplo 3 • DL50 de cafeína pura por via oral para ratos = 261 a 383 mg/kg • DL50 de cafeína pura por via dermatológica para ratos > 2000 mg/kg • Como interpretar: A cafeína pura é menos tóxica quando esta entra no organismo por via dermatológica, isto é, através da pele A dose letal depende do modo de exposição ao produto tóxico