Drogas na gestação
Ac. Melissa Yamasaki
Consumo de drogas
• Problema de saúde pública
• Exposição das gestantes as drogas pode levar ao
comprometimento irreversível da integridade do
binômio mãe-feto
As principais drogas (lícitas e ilícitas)
utilizadas são:
-
Cigarro
Álcool
Maconha
Cocaína
Crack
Cigarro
• prevalência grávidas fumantes é maior entre as jovens (menores de
20 anos) e entre aquelas com baixa escolaridade.
• Gastos médicos diretos com as complicações peri-natais das
gestantes fumantes são 66% maiores do que das não-fumantes
• fumo na gestação eleva em 20% o risco de assistência em UTI
neonatal
• Se a gestante interromper o tabagismo até a 20ª semana da
gestação, o risco de ter um bebê com BPN iguala-se ao risco das não
fumantes.
Nicotina
cigarro
• A nicotina causa vasoconstricção dos vasos do útero e da placenta
• Reduzindo o fluxo sangüíneo e a oferta de oxigênio e nutrientes para
o feto.
• Comprometimento do crescimento dos pulmões
• Associado a síndrome da morte súbita
cigarro
Morte súbita – hipótese
Exposição prolongada da medula da supra-renal a
nicotina
Perda da capacidade de resposta reflexa à
hipóxia
Apnéia transitória ou obstrução das vias aéreas
Ausência de catecolaminas para manter o fluxo
sanguíneo cerebral e para manutenção da
freqüência cardíaca.
cigarro
Monóxido de carbono (CO)
• Liga a hemoglobina dificultando transporte de oxigênio
• Forma-se a carboxihemoglobina (COHb), que tem meia vida de
eliminação de 5 horas
• A hemoglobina fetal tem mais afinidade por CO
• Há hipóxia tecidual que estimula eritropoiese, tornando o sangue
materno e fetal hiperviscoso.
• Aumento da chance de infarto cerebral
funcionamento da placenta
do neonato e mal
• Hipóxia celular causando retardo do crescimento fetal e baixo peso
Outros efeitos do tabagismo
cigarro
• Sistema imunológico: diminuição da capacidade de fagocitose dos
macrófagos e diminuição da IgA nas mucosas.
• Maior risco de abortamento por ruptura prematura das membranas
secundária a infecções locais.
• Baixa concentração de ácido ascórbico no líq amniótico, importante
para formação do colágeno presente na membrana amniocoriônica
• Redução na produção de óxido nítrico pela placenta – um potente
relaxante do miométrio.
• Diminuição da produção de leite
Álcool
• ¼ das gestantes do país faz uso esporádico
• Alcoolismo materno 6/1000
• Síndrome alcoólico fetal 1/1000 RN
Álcool
Conseqüências do uso
Consumo
de álcool
Álcool
atravessa
a barreira
placentária
Álcool fica
em grande
concentração
no líquido
amniótico
Metabolismo
e eliminação
do álcool são
mais lentos
nos fetos
Etanol induz
formação de
radicais livres
que
danificam
proteínas e
lipídios
Atuação
sobre
fatores de
crescimen
to celular
Apoptose e
prejuízo da
organogênese
Inibe síntese de
ácido retinóico,
prejudicando
desenvolvimento
fetal
Álcool
Efeitos do álcool sobre a gestação
• Aumento de número de abortos (2x maior)
• Risco de infecção
• Descolamento prematuro de placenta
• Hipertonia uterina
• Prematuridade do trabalho de parto
• Líquido amniótico meconial
Álcool
Efeitos do álcool sobre o feto
Retardo de crescimento:
• baixo peso
• baixa estatura
• perímetro cefálico abaixo do
esperado para idade gestacional
Anormalidade no sistema nervoso:
• Microcefalia
• Retardo mental em grau variado
• Distúrbio de atenção e
hiperatividade
• Desenvolvimento
neuropsicológico anormal
Anormalidades faciais:
• Fendas palpebrais pequenas
• Depressão infranasal
indistintas ou ausente
• Pregas epicanticas
• Base nasal alargada
• Nariz curto
• Orelhas de implantação baixa
e não paralelas
• Lábio leporino
Álcool
Nenhuma dessas alterações são patognomônicas da exposição
ao álcool, o que torna difícil o diagnóstico
Maconha
• droga ilícita mais freqüentemente utilizada na gestação, com
incidência variando entre 10% e 27% (Bell e Lau, 1995).
• principio ativo delta-9-tetra-hydrocannabinol (THC), que e
altamente lipossolúvel, atravessando facilmente a barreira
placentária
• Os receptores CB-1 (SNC) e CB-2 (periférico)
• Receptores presentes em: Córtex cerebral, hipocampo, núcleo
estriado e no cerebelo.
• CB-1: regula sistema de neurotransmissores (dopaminérgicos,
serotoninérgicos, colinérgico glutamatérgico e gabaérgico)
maconha
• diminui a perfusão utero-placentaria e prejudica o crescimento fetal
• utilização perinatal da maconha levaria ao retardo da maturação do
sistema nervoso fetal
• Estudos com animais e fetos humanos abortados evidenciam efeitos
deletérios cerebrais devido à exposição intra-uterina à maconha que
podem determinar alterações na vida adulta
Cocaína e Crack
• Deriva da folha de Erythoxilum coca
• O crack é o produto alcalinizado da cocaína
• Estima-se que 10% das gestantes (EUA) tenham utilizado cocaína
durante a gravidez.
• Em 1985 a taxa de exposição pré-natal à cocaína era de 15%,
ocorreu um significativo decréscimo, sendo que no ano de 1996 foi
de 3%.
Cocaína e crack
Característica da gestante usuária:
-
Baixo nível socioeconômico
Idade: 25 anos
Polidrogadas
Antecedentes de uso de drogas na família
Sexualidade precoce
Apresentam doenças sexualmente transmissíveis
Não realizam pré-natal
Ganham pouco peso na gestação
Filhos anteriores com baixo peso, prematuros ou abortados
Apetite e sono diminuído
Hipertensas
Arritmias
Cocaína e crack
Mecanismo de ação
Inibição da recaptação de neurotransmissores
nos terminais pré-sinapticos
noradrenalina, dopamina e serotonina
Os neurotransmissores ficam tempo maior,
causando resposta exagerada
Depleção, principalmente de dopamina
Necessidade de doses maiores de drogas
• Pesquisas laboratoriais mostraram que a enzima
colinesterase hepática e plasmática, que
metabolizam a cocaína são mais baixas na
gestante, no feto e em recém-nascidos (RN).
Cocaína e crack
Ativação do sist. adrenérgico
• Vasoconstrição generalizada
• Descolamento de placenta
• Taquicardia
• Trabalho de parto prematuro
• Hipertensão
• Abortamento
• Cefaléia
• Redução do fluxo placentário
• Arritmia
• Infarto do miocárdio
- Redução do crescimento fetal
- Redução da oxigenação fetal
Conseqüências para o feto
Cocaína e crack
• Redução na densidade das fibras serotoninérgicas no córtex e no
hipocampo por efeito da cocaína
• Alterações no SNC
- hemorragias intracranianas, sub-araquinoídeas e intraventriculares
- lesões cavitárias de ganglios da base, lobos frontais e fossa posterior
• Redução de membros
• Enterocolite necrotizante
• Atresia intestinal
• Infartos intestinais
• Anomalias geniturinárias
- criptorquidia
- hidronefrose
Conseqüências para o feto
• Prematuros
• Sudorese
• Baixo peso
• Tremores
• Dificuldade respiratória
• Convulsões
• Aspiração de mecônio é mais
freqüente ( ausência de prénatal)
• Vômitos e Diarréia
• Redução do sono
• Irritabilidade
• Resposta fraca a estímulos
ambientais (auditivos e
visuais)
Referências bibliográficas
• Leopércio, Waldir, et al. Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma
revisão crítica. Jornal Brasileiro de Pneumologia 30(2) - Mar/Abr de 2004
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• Corradini HB. Cocaína: Efeitos na Gestante e nas Crianças. Pediatria São Paulo (18)
2: 170-174, 1996.
• Mesquita MA, Segre CAM. Freqüência dos efeitos do álcool no feto e padrão de
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• Freire TM, Machado JC, Melo EV, Melo DG. Efeitos do consumo de bebida alcoólica
sobre o feto. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(7): 376-81
• Yamaguchi, E.T. et al. Drogas de abuso e gravidez. Rev. Psiq. Clín 35, supl 1; 44-47,
2008
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