ALCOÓLICOS ANÔNIMOS 13º CICLO DE ESTUDOS Contagem/MG, dias 05, 06 e 07 de Dezembro de 2014. Livro azul TEMA: TRABALHANDO COM OS OUTROS. Capítulo 7 do Livro Alcoólicos Anônimos Hoje, após décadas de existência, a Irmandade de Alcoólicos Anônimos é reconhecida mundialmente pelo tratamento e recuperação de alcoólicos. Sua metodologia, baseada nos princípios dos Doze Passos, são exemplo para outras tantas Irmandades, que também se utilizam desse método para tratar de outros problemas além do álcool. Hoje, após décadas de existência, a Irmandade de Alcoólicos Anônimos é reconhecida mundialmente pelo tratamento e recuperação de alcoólicos. Sua metodologia, baseada nos princípios dos Doze Passos, são exemplo para outras tantas Irmandades, que também se utilizam desse método para tratar de outros problemas além do álcool. O capítulo 7 do Livro Alcoólico Anônimos, cujo subtema é “Trabalhando Com os Outros”, aborda o que podemos dizer que é a base fundamental pela qual surgiu a Irmandade e, porque não dizer, é a pedra angular da recuperação de milhares de alcoólicos pelo mundo. Neste capítulo, palavras como “caridade”, “fraternidade”, “coopere”, “ajudar”, “colaborar”, “sermos úteis”, “compreensão humana”, “camaradagem”, “atencioso”, “bondade”, entre outras, contextualizam toda uma mensagem repassada pelos nossos primórdios, nos norteando de forma prática, como podemos fazer do trabalho voluntário, a nossa sobrevivência. Para um membro de A.A., compartilhar sua experiência, força e esperança, é bem mais que uma forma de gratidão. É uma necessidade vital à sua condição de recuperando. Observando atentamente cada frase contida neste capítulo, podemos notar tamanha diferença do que se fazia na época da edição deste Livro (e se esperava que continuássemos fazendo), comparando-se com o que temos aplicado hoje em dia, quando da questão de “Trabalhar Com os Outros”. Tal texto aborda exemplarmente o apadrinhamento, no qual se tomava todo um cuidado de não permitir que um provável membro tivesse uma má interpretação acerca do nosso propósito como Irmandade, nem como membros individuais. Nele, sugere-se deixar claro que, como Irmandade: •não somos contra quem bebe, quem vende, quem fabrica, etc. •Não temos intenção de pregar religião. •Devemos ter todo um cuidado ao falar “Deus”. •Não somos donos da verdade. •Não devemos assumir papel de médicos e nem muito menos ser contra prescrições médicas. •Não devemos apontá-lo como alcoólico. •Não devemos insistir, quando ele não quer, entre outras tantas sugestões que, quando bem aplicadas, obtemos resultados mais satisfatórios, os quais são esperados e desejados por nós (membros da Irmandade) e até pela família do alcoólico em questão. Entretanto, isso não é bem via de regras. Com isso, muitos de nós utilizamos desse pretexto para fazer ou deixar de fazer tais sugestões, proporcionando uma imagem distorcida de nossa Irmandade, pela falta de obediência aos princípios espirituais de nosso programa de recuperação. Entretanto, isso não é bem via de regras. Com isso, muitos de nós utilizamos desse pretexto para fazer ou deixar de fazer tais sugestões, proporcionando uma imagem distorcida de nossa Irmandade, pela falta de obediência aos princípios espirituais de nosso programa de recuperação. Vivenciar o tema “Trabalhando Com os Outros” é algo que requer de nós muita boa vontade e amor ao próximo. Alguns membros que conseguiram se recuperar continuam aplicando esses princípios (Doze Passos) em todas as suas atividades, por longos e duradouros anos. Porém, alguns outros logo deixam de vivenciá-lo. Afastam-se dos grupos. Simplesmente esquecem que um dia desfrutaram do companheirismo de alcoólicos em recuperação. E ainda temos alguns outros que continuam frequentando as reuniões de A.A., porém, (perdoe pela forte palavra, mas é a mais adequada) são tão ingratos, que não levam a mensagem de A.A. nem a parentes deles mesmo. Fazem parte de um grupo que não apadrinham ninguém. Outros dizem firmemente que “ninguém levou a mensagem à mim... eu vim sozinho!”. Tudo isso contribui para que milhares de alcoólicos morram anualmente sem saber que existe uma solução. São acometidos de uma doença terrível e, por sorte (ou azar), ninguém estende a mão para ajudá-lo. Quem conhece bem a história dos nossos cofundadores (Bill W. e Dr. Bob), sabe o quanto o Décimo Segundo Passo de A.A. foi fundamental para a sobriedade dos dois (e dos demais membros). Quem conhece bem a história do Livro Alcoólicos Anônimos, sabe o quanto nossos primeiros membros trabalharam com outros alcoólicos, a fim de conseguir manterem-se sóbrio. Quem conhece nossa história desde o início, lembra-se que alguns morreram na contraditória busca pela recuperação. Pessoas que são parte integrante da primeira edição de nosso Texto Básico, não conseguiram se recuperar. Porém, hoje milhares de pessoas no mundo podem alcançar a recuperação, graças aos escritos do Livro Alcoólicos Anônimos. O processo de estar “Trabalhando Com os Outros”, descrito no capítulo 7, nos ajuda de maneira que possamos melhor aproveitar a oportunidade de levar a mensagem de A.A., sem que precisemos inventar nada. Apenas proceder como está escrito. São sugestões tiradas de histórias reais, às quais vidas foram sacrificadas. Infelizmente nem todos os membros de A.A. chegaram ao menos a ler tal literatura. Não têm o mínimo de conhecimento do que se trata este capítulo. Caso tivessem lido, poderiam ter mais êxito em suas abordagens, quando assim o fazem. Conseguiriam, com mais facilidade, a interlocução com um bebedor problema. Se encheriam de recursos capazes de facilitar a conversação com o provável alcoólico. Evitariam possíveis imprevistos diante de uma situação já descrita anteriormente. Saberiam o que e como fazer ao levar a mensagem àqueles que dela necessita. Cada abordagem é um momento ímpar. Não há um modelo padrão para que possamos transmitir nossa experiência e a maneira de viver de A.A.. Todos nós, membros de A.A., sabemos e devemos fazer isso à nossa melhor maneira. Servir em A.A. é todo e qualquer processo que possa dar continuidade ao nosso propósito primordial, que é levar a mensagem de Alcoólicos Anônimos. Ao compartilharmos nossa experiência com outro alcoólico, asseguramos nossa sobriedade contra uma possível recaída. Porém, mesmo com toda essa personalização e individualização de fazermos abordagens como melhor nos convém, existe por trás disso o risco de não sermos tão úteis quando poderíamos ser, caso fizéssemos as coisas de maneira mais, digamos, “correta”. Apesar de que pode parecer meio paradoxal dizer que não há um modelo padrão e que há forma correta, mas é desse jeito que acontece. Somos o reflexo de nossa Irmandade e, como tal, não podemos permitir que a imagem dela seja distorcida por conta de uma atitude imprópria para a situação. Temos conhecimento de situações onde (mais uma vez peço desculpas pelas palavras, mas novamente é a mais adequada) membros oportunistas, se aproveitam da fragilidade de prováveis alcoólicas e tentam aproximação não para conduzi-la ao grupo ou para ajudá-la a libertar-se do alcoolismo, mas para terem relacionamentos íntimos, o que, por muitas vezes, afasta definitivamente a possibilidade dela vir a ter conosco. Nestes casos, estamos colocando a imagem de Alcoólicos Anônimos a uma má reputação. Repercutindo uma notícia desta entre familiares e amigos dessa provável alcoólica, jamais conseguiríamos nos retratar. É por esta e tantas outras situações que o capítulo 7 do Livro Alcoólicos Anônimos aborda categoricamente a necessidade de tomarmos todo um cuidado na hora de irmos levar a mensagem. Diante de tal exposição, nos vem uma perguntinha básica: - Será que estamos preparados e dispostos a fazer categoricamente o que orienta o capítulo “Trabalhando Com os Outros”? Tal capítulo enfatiza algumas ocasiões onde temos a necessidade de um acolhimento mais cortês e solidário para com nosso provável membro. Relata, inclusive, casos onde poderemos ajudar financeiramente aquele alcoólico que estamos apadrinhando. “Possivelmente estará sem dinheiro e sem casa. Se assim for, pode tentar ajudá-la a arranjar trabalho ou dar-lhe uma certa ajuda financeira...”. “Possivelmente estará sem dinheiro e sem casa. Se assim for, pode tentar ajudá-la a arranjar trabalho ou dar-lhe uma certa ajuda financeira...”. Diz mais ainda: “Talvez queira levá-la para sua casa por uns dias...”. “Possivelmente estará sem dinheiro e sem casa. Se assim for, pode tentar ajudá-la a arranjar trabalho ou dar-lhe uma certa ajuda financeira...”. Diz mais ainda: “Talvez queira levá-la para sua casa por uns dias...”. Frisa ainda: “Nunca responsabilidades...”. evite estas E enfatiza: “Ajudar os outros é a pedra fundamental da sua própria recuperação. Um ato de bondade ocasional não é suficiente. Tem que se fazer de Bom Samaritano todos os dias, se for necessário. Pode significar perder noites de sono, interferir grandemente com o que lhe dá prazer e interromper o seu trabalho. Pode significar partilhar o seu dinheiro e a sua casa, aconselhar mulheres e familiares desesperados, ter que ir inúmeras vezes a esquadras de polícia, casas de repouso, hospitais, prisões e asilos. O seu telefone pode tocar a qualquer hora do dia e da noite. A sua mulher pode sentir-se abandonada. Um bêbado pode partir a mobília de sua casa ou queimar-lhe o colchão, Poderá ter que lutar com ele se for violento. Por vezes terá que chamar um médico e dar-lhe sedativos sob prescrição. Outras vezes terá que chamar a polícia ou uma ambulância. Ocasionalmente terá que enfrentar situações deste gênero.”. Por vezes terá que chamar um médico e dar-lhe sedativos sob prescrição. Outras vezes terá que chamar a polícia ou uma ambulância. Ocasionalmente terá que enfrentar situações deste gênero.”. Convenhamos: poucos de nós estamos dispostos a seguir minuciosamente tudo isso. Poucos de nós teríamos coragem de colocar em nossas casas, um alcoólico que encontramos nas ruas. Poucos de nós perdemos noites de sono cuidando de um desconhecido alcoólico que está seriamente doente e precisando de ajuda. Na verdade, ultimamente poucos de nós conseguimos trazer um visitante à sala, independente de seu vínculo com a bebida alcoólica. Por vezes, passamos tempos sem que nosso Grupo base receba um bebedor problema. Se isso não é a realidade de seu Grupo base, parabéns! Os membros de seu Grupo estão realmente empenhados com nosso propósito primordial, que é levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Porém, infelizmente nem todos os Grupos estão desta maneira. Muitos deles estão cada vez mais vazios, pois nossos membros não levam adiante a mensagem de Alcoólicos Anônimos. Em nossa estrutura de serviços de A.A. no Brasil, temos o comitê trabalhando com os outros – CTO. Sua finalidade é levar, de forma organizada e padronizada, a mensagem de Alcoólicos Anônimos. Suas comissões facilitam o trabalho de cooperação com a comunidade profissional, onde membros da Irmandade podem levar a mensagem de A.A. ao público em geral, até mesmo aos que estão em instituições de tratamento ou correcionais. Se você que está lendo este artigo e ainda não fez parte de nenhum trabalho de CTO, fico na esperança de que possas ter um despertar e consigas ver quão gratificante é trabalhar com os outros. Se ainda não conseguistes trazer um alcoólico à sala, estás tendo a oportunidade de fazê-lo. Ele está à sua espera. Ela lá fora deste recinto, deitado na calçada. Passastes por ele e talvez nem o tenhas percebido. Ou possa ser que o vistes e não tivestes coragem de encostar junto a ele e falar de Alcoólicos Anônimos. Mas, e se ele entrasse aqui agora e sentasse ao seu lado? Conseguirias servi-lo um cafezinho? Darias uma carona até a casa dele, caso tivesse a sorte de ter uma? Comprarias um exemplar do Livro Alcoólicos Anônimos ou do Livro Vivendo Sóbrio e lhe presentearia? Irias buscar amanhã para levá-lo a outra reunião e farias isso por um determinado tempo? Agradeço a cada um de vocês pela experiência que compartilham comigo e com tantos outros alcoólicos, de forma que reforça nossa sobriedade. Agradeço aos que estão neste legado de serviço, dando de graça o que de graça recebem. Agradeço, também, aos nossos incontáveis amigos e amigas não alcoólicos, profissionais das mais diversas áreas, os quais estão sempre conosco e que são responsáveis por milhares de alcoólicos que chegam diariamente aos Grupos, através de seus incansáveis trabalho com os outros. Agradeço ao Poder Superior por ter tido um apadrinhamento suficiente para que eu continuasse voltando. Agradeço aos meus padrinhos, que doaram tempo, dinheiro e tiveram muita paciência comigo. Graças a boa vontade deles, eu tive força de vontade para evitar o 1º gole, um dia de cada vez. Sem aquela ajuda, a qual muito se parece com o descrito neste capítulo 7 do nosso Livro Azul, certamente eu não teria conseguido entrar nesse contínuo processo de recuperação. Agradeço ao Poder Superior, pela Dádiva da recuperação. Um forte e carinhoso abraço à todos, com votos de renovadas vinte e quatro horas de sobriedade. TAMUJUNTU!!!