Bilhete com foguetão Com um beijinho para a Petra Foi no tempo da terceira classe. Quando a Petra entrou na sala já deviam ser umas 3 da tarde. A Petra tinha um tom de pele escuro e vinha com umas roupas bem bonitas. Eu acho que tudo aconteceu em poucos minutos. Quando ela entrou, já não consegui prestar atenção à aula, e tanto a delegada de turma como a Petra repararam. Fiquei todo o intervalo na sala a tentar escrever um bilhete para a Petra. Quando tocou para entrar, a professora demorou e a delegada ficou a apontar os nomes dos indisciplinados numa lista. O meu bilhete para a Petra estava pronto mas não conseguia decidir se lho dava ou não. Pedi autorização à delegada para ir ter com ela, mas ela não deixou. Foi então que a Mariza me disse que ela lá podia ir. Perguntou-me a quem o entregava e eu disse-lhe que era à Petra. Fiquei sem palavras quando vi a Marisa a passar a mesa da Petra, e a ir entregar o bilhete à delegada. Como é que eu ia enfrentar os rapazes depois daquele bilhete. Quando ela acabou de o ler ouve um silêncio. Sabia que ela devia estar a olhar para o desenho. Como não sabia desenhar mais nada, desenhei um foguetão. No fim da tarde, a Petra foi logo embora, sem falar com ninguém. Cheguei a casa muito confuso e um pouco triste, mas já não queria falar mais do bilhete. - Correu bem o dia? – perguntou a minha mãe - Sim, foi bom. Mãe, foguetão não é com “gue”, como na palavra guerra? - Claro que sim, filho. Olhei para ela devagar e sorri.