IV ENCONTRO DE PÓSGRADUAÇÃO DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU – UNESP POR QUE NOSSOS ARTIGOS TÊM DIFICULDADES PARA SEREM ACEITOS PELAS REVISTAS QUALIS A INTERNACIONAL? BENEDITO BARRAVIERA Professor Titular de Doenças Tropicais - UNESP Presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos - ABEC O CRESCIMENTO DO CONHECIMENTO EVOLUÇÃO DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS DESDE 1900 O CRESCIMENTO DO CONHECIMENTO EVOLUÇÃO DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS DESDE 1900 POR QUE NOSSOS ARTIGOS TÊM DIFICULDADES PARA SEREM ACEITOS PELAS REVISTAS QUALIS A INTERNACIONAL? -Política Institucional voltada para a Pesquisa -intercâmbio internacional -investimento em infra-estrutura -Vencer a barreira do idioma -Vencer a discriminação latina -Preparar os docentes para o desafio internacional -Receber discentes preparados e compromissados Nós realmente fazemos pesquisa? As nossas pesquisas mudam condutas e têm impacto? Nós temos parceiros no exterior? Os nossos professores estão compromissados com a pesquisa? Nós dominamos o idioma globalizado? Nós preparamos os artigos de acordo com as normas propostas pelos periódicos? De onde procedem nossos alunos? Um pouco da História da FMB-UNESP 1963 – A Fundação da FCMBB – Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu Depoimento de um dos fundadores: Mário Rubens Guimarães Montenegro “Nossa idéia era a de criar um núcleo que oferecesse cursos de Veterinária, Odontologia, Medicina e Biologia; a área básica deveria ser comum, a estrutura deveria ser baseada em Departamentos e o corpo docente deveria trabalhar, preferivelmente em dedicação exclusiva. Ao contratar docentes, deveríamos procurar pessoal interessado em INVESTIGAÇÃO, pois a pesquisa de bom nível era uma das metas prioritárias”. Um pouco da História da FMB-UNESP 1967 – Fundação do Hospital das Clínicas 1968 – Implantação dos plantões noturnos de docentes no Hospital das Clínicas 1969 – Implantação dos primeiros programas de Residência médica (Cirurgia, Clínica Médica, Dermatologia e Pediatria) Um pouco da História da FMB-UNESP 1975 – Surge o primeiro curso de Pósgraduação – Bases gerais da cirurgia e cirurgia experimental – 12 anos após a fundação da FCMBB! 1976 – Cria-se a UNESP pela Lei Estadual No. 952 de 30/01/1976 1977 – Em 27 de janeiro de 1977 foi instituída a Faculdade de Medicina da UNESP Um pouco da História da FMB-UNESP 1977 – Criam-se também o Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola (atual Instituto de Biociências), a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e a Faculdade de Ciências Agronômicas CADA UNIDADE A PARTIR DE ENTÃO PASSOU A TER VIDA PRÓPRIA – QUEBRASE A “MULTIDISCIPLINARIDADE”! Um pouco da História da FMB-UNESP 1981 – Cria-se a FAMESP – Ampliam-se as equipes de plantão, incluindo o plantão diurno. Inicia-se o repasse de recursos para quem faz assistência médica! 1981 – Implanta-se o Programa de Aprimoramento Profissional para os profissionais não médicos da área da Saúde Um pouco da História da FMB-UNESP 1982 - Os docentes decidem assumir toda ASSISTÊNCIA do Hospital das Clínicas! A partir de então os docentes assumiam todos os plantões noturnos, diurnos, ambulatórios, bem como as atividades do Pronto Socorro 1983 – Criam-se o segundo Curso de Pósgraduação – Fisiopatologia em Clínica Médica Um pouco da História da FMB-UNESP 1983 – 2003 – Crescimento e Estabilidade O Hospital das Clínicas cresce e ocupa toda a área destinada a ele. Surgem novos Departamentos, a residência médica e o aprimoramento são ampliados, a assistência ambulatorial cresce, as enfermarias são implantadas definitivamente, surgem novos programas de pós-graduação, o currículo médico é alterado diversas vezes, etc... Um pouco da História da FMB-UNESP 1983 – 2003 – Trabalho excessivo O Docente passa a ter uma carga assistencial, de ensino de graduação e de pós-graduação stricto sensu (residência médica e aprimoramento) muito elevada Isto para manter os três salários: UNESP, Plantões (diurnos e noturnos) e FAMESP! Um pouco da História da FMB-UNESP 1983 – 2003 – Trabalho excessivo !!! Dois destes salários só ocorrem se o Docente não se afastar da Instituição, nem tirar férias! - Plantões (diurnos e noturnos) e FAMESP! Quem deixaria Botucatu para o Exterior a partir de então? Um pouco da História da FMB-UNESP 2003 – A FMB-UNESP assume o Hospital Estadual de Bauru – deslocam-se vários docentes para fazer Gestão nesta nova Unidade assistencial! 2008 – A FMB-UNESP assume mais seis (6) Unidades Assistenciais (Botucatu, Bauru, Itapetininga, Tupã, Américo Brasiliense, Promissão) – novos docentes se deslocam! Nós realmente fazemos pesquisa? As nossas pesquisas mudam condutas e têm impacto? Nós temos parceiros no exterior? Os nossos professores estão compromissados com a pesquisa? Nós dominamos o idioma globalizado? Nós preparamos os artigos de acordo com as normas propostas pelos periódicos? De onde procedem nossos alunos? Nós realmente fazemos pesquisa? As nossas pesquisas mudam condutas e têm impacto? Nós temos parceiros no exterior? Os nossos professores estão compromissados com a pesquisa? Nós também fazemos pesquisa! Não podemos nos afastar – perda de salário! Conclusão 1 – Foco atual da FMB-UNESP – ASSISTÊNCIA E GESTÃO! Conclusão 1 – Foco atual da FMB-UNESP – ASSISTÊNCIA E GESTÃO! Que medidas a Instituição poderia adotar para reverter este quadro a médio prazo? 1-Contratar médicos para fazer Assistência 2-Contratar pesquisadores para colaborar na pesquisa 3-Premiar com bolsa, por meio da FAMESP, quem se candidatasse a participar do “ano sabático” 4-Intermediar e fazer convênios com Instituições internacionais Nós dominamos o idioma globalizado? Idiomas mais falados no mundo 1-Chinês e dialetos, 2-Inglês, 3-Espanhol, 4-Russo, 5-Árabe, 6-Indonésio 7-Português – falam cerca de 300 milhões de pessoas Angola (13,9 milhões de habitantes), Brasil (176,5 milhões), Cabo Verde (446 mil), Guiné Bissau (1,3 milhão), Moçambique (19 milhões), Portugal (10 milhões), São Tomé e Príncipe (137 mil) e Timor Leste (779 mil) Nós dominamos o idioma globalizado? O idioma da Internet, da comunicação internacional e das Ciências Biológicas é o INGLÊS! De acordo com Almeida-Prado, prefaciando o livro do eminente professor Carlos da Silva Lacaz: “A língua portuguesa é o túmulo do pensamento”! Se você quiser que leiam seu artigo científico ele deverá ser redigido em inglês! Além disso, deve estar inserido na cultura científica da língua! Nós dominamos o idioma globalizado? Conclusão 2 – Estamos fora do “eixo do primeiro mundo” Que medidas a Instituição poderia adotar para reverter este quadro a médio prazo? 1-Internacionalizar o docente – viagens e convênios 2-Aumentar o nível de exigência da prova inglês para ingresso nos Programas de Pós-graduação 3-Incluir inglês instrumental obrigatório na Pósgraduação. Trata-se de uma necessidade premente! Nós preparamos os artigos de acordo com as normas propostas pelos periódicos? -Quem orienta na escolha do melhor periódico para o seu conteúdo? -Quem orienta a interpretação das “Instructions to the authors” ? -Quem faz o primeiro contato com o Editor do periódico? – mais um ilustre desconhecido! -Todo periódico científico de renome tem as “Instructions to the authors”. Quem “perde tempo” lendo-as? Nós preparamos os artigos de acordo com as normas propostas pelos periódicos? -A maioria dos artigos científicos são enviados sem obedecer “a forma do periódico”. Estes não vencem os “Submission editors” – primeiro filtro! -Vencida esta primeira etapa – o conteúdo é bom? -Modifica comportamentos e condutas? -Tem impacto científico? -Tem interesse no primeiro mundo? Nós preparamos os artigos de acordo com as normas propostas pelos periódicos? -Tem interesse no primeiro mundo? Como vencer a “arrogância intelectual do Norte”, de acordo com Sotomayor? -1995 – Editorial do Professor Voltarelli – FMRP-USP A vacina de Patarroyo contra a malária (Colômbia) e as descobertas da Doença de Chagas (Brasil) – De acordo com Kirsteen MacLead (Revista da Associação Canadense) - há um evidente “racismo intelectual”! Os autores concluem: há discriminação da ciência produzida pelo 3º. Mundo! Nós preparamos os artigos de acordo com as normas propostas pelos periódicos? Conclusão 3 – Não temos critérios para escolha do melhor periódico nem infra-estrutura da Instituição Que medidas a Instituição poderia adotar para reverter este quadro a médio prazo? Criar uma estrutura de preparo, consultoria e orientação científica de submissão constituída de: -Revisores de idioma, bibliotecários, intérpretes, pesquisadores, advogados – estes além de orientar fariam uma “rede de contatos e relacionamentos” networking De onde procedem nossos alunos? Número de Programas de Pós da FMB-UNESP = 9 (Anestesiologia, Bases Gerais de Cirurgia, Doenças Tropicais, Enfermagem, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Patologia, Biotecnologia e Saúde Coletiva) Total de alunos matriculados = 451 Nível de Mestrado = 257 (57%) Nível de Doutorado = 194 (43%) Procedência dos alunos Universidades e Escolas Públicas = 253 (56,1%) Universidades e Escolas Privadas = 198 (43,9%) De onde procedem nossos alunos? A década perdida da UNESP (2001-2008), ou uma lição de vida! Final da década de 80 – professores com idéias visionárias decidiram investir “forte” em pesquisa! -1986-IFT, 1988-IPMet, Rádio UNESP e CAUNESP 1990-CEA, 1993-CEVAP e 1995-CERAT – Objetivos: produzir ciência “de ponta” em áreas temáticas específicas para “diferenciar” a Universidade -Em 2008, 22 anos após, contratou-se o primeiro pesquisador para estas Unidades! A década perdida da UNESP (2001-2008), ou uma lição de vida! Como trabalhavam e trabalham os docentes da UNESP? -1990 – Número de vagas para os cursos de graduação: 4.208 vagas (único vestibular) -Número de docentes em 1990: 3.503 -2008 – Número de vagas de final de ano: 6.244, no meio de ano mais 630 – Total anual: 6874 -Número de docentes em 2008: 3.161 A década perdida da UNESP (2001-2008), ou uma lição de vida! Como trabalhavam e trabalham os docentes da UNESP? -1990 – Proporção docente/aluno = 1,20 -2008 – Proporção docente/aluno = 2,17 A carga didática da graduação praticamente dobrou em 18 anos e o dia continua tendo 24 horas! Ainda há tempo para se dedicar à Pesquisa? A década perdida da UNESP (2001-2008), ou uma lição de vida! E como está o ranking mundial das Universidades mundiais? Quais são os indicadores utilizados para ser a “Melhor do Mundo”? -Ganhadores de prêmios Nobel e Medalhas Fields -Pesquisadores mais citados -Artigos publicados na Nature e Science -Artigos publicados em periódicos indexados no "Science Citation Index Expanded" e "Social Science Citation Index" – ISI – Thomson Scientific. A década perdida da UNESP (2001-2008), ou uma lição de vida! Em suma: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO! Em 2005 a UNESP estava entre as 500 melhores Universidades atrás da USP, UNICAMP e UFRJ, de acordo com o Instituto de Educação Superior de Xangai Jiao (Shangai Jiao Tong University – China). Em 2007 a nova edição do ranking anual desenvolvido pelo Higher Education Supplement, do Jornal The Times divulgou as 200 melhores Universidades do mundo, contemplando no Brasil apenas a USP e a UNICAMP respectivamente em 175º e 177º lugares! A década perdida da UNESP (2001-2008), ou uma lição de vida! Conclusão 5: a UNESP é hoje uma Universidade de ensino e de extensão universitária (inclui a assistência) Que medidas a Instituição poderia adotar para reverter este quadro a médio prazo? -Investir recursos financeiros em infra-estrutura de pesquisa; -Contratar pesquisadores para as diversas Unidades -Diminuir a expansão de vagas na graduação CAPES – Critérios do Qualis Periódicos Como era? Periódico Qualis Internacional Internacional A – Fator de impacto no ISI ≥ 0,5 Internacional B – 0,5 > fator de impacto ≥ 0,25 Internacional C – fator de impacto < 0,25 Periódico Qualis Nacional Nacional A – Presente no SciELO Nacional B e C – não estar no SciELO e ter outras características CAPES – Critérios do Qualis Periódicos Como vai ficar????? Nova classificação dos Periódicos: A1, A2, B1, B2, B3, B4 e B5 (baseado no triênio 2004-2006) A1 e A2 – são os que têm fator de impacto definido no JCR do ISI. A divisão entre ambos é feita com base no indicador “J” que traz o fator de impacto “normalizado e ponderado” entre as áreas de avaliação Os que estão no SciELO e não indexados no ISI são classificados como B1 ou B2 de acordo com o índice “Q” – que pondera a avaliação do periódico por Área ABEC – Associação Brasileira de Editores Científicos Observa esta avaliação com preocupação! Dia 09/09/2008 – Email ao Presidente da CAPES com cópia para os representantes das áreas da Saúde Reflexões da ABEC acerca do novo Qualis-Periódicos Dia 09/10/2008 – Email ao Presidente da CAPES com cópia para os representantes das áreas da Saúde – Solicitação à Presidência da CAPES A partir do dia 10/10/2008 – várias manifestações a favor, inclusive do Prof. Dr. João Leite – coordenador da Medicina II. ABEC – Associação Brasileira de Editores Científicos Ilmo. Sr., Prof. Dr. Jorge Almeida Guimarães, DD Presidente da CAPES, Prezado senhor, A Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC) está acompanhando com interesse a recente iniciativa da CAPES no sentido de reestruturação do Qualis Periódicos. Conforme documento veiculado entre os pesquisadores e consultores da CAPES a nova classificação dos periódicos A1 e A2 serão os que apresentam fator de impacto definido no JCR (Journal of Citation Report) do ISI (Institute for Scientific Information). Por outro lado, como em 2007 tínhamos 32 periódicos brasileiros indexados e neste mesmo ano foram divulgados novos índices de fator de impacto a ABEC sugere à direção da CAPES que aproveite estes índices recentes, ou seja, de 2007 para a classificação destes periódicos recém inclusos neste indexador. Seguem os hiperlinks dos 32 periódicos indexados: http://isiwebofknowledge.com/currentuser_wokhome/wos_jnl_expansion/la/ Segue também o hiperlink dos fatores de impacto, incluindo 2007. http://espacio.bvsalud.org/files/8/4/071031232008/jcr_98-07_NLBVS.pdf Assim, a ABEC pretende que todos os periódicos nacionais possam estar adequadamente classificados nesta nova e importante proposta Qualis. Atenciosamente, c/c: Dr. Renato Janine Ribeiro - Diretor de Avaliação da CAPES; Representantes de área da Grande Área da Saúde da CAPES. Carlos E.A. Coimbra Jr. Pesquisador Titular da Escola Nacional de Saúde Pública - Fiocruz Editor de Cadernos de Saúde Pública Vice-Presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos - ABEC Benedito Barraviera Professor Titular da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP Editor de The Journal of Venomous Animals and Toxins including Tropical Diseases Presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos - ABEC ABEC – Associação Brasileira de Editores Científicos Missão - A ABEC é uma sociedade civil de âmbito nacional, sem fins lucrativos e de duração indeterminada. Congrega pessoas físicas e jurídicas com interesse em desenvolver e aprimorar a publicação de periódicos técnicocientíficos, aperfeiçoar a comunicação e divulgação de informações, manter o intercâmbio de idéias, o debate de problemas e a DEFESA dos interesses comuns. ABEC – Associação Brasileira de Editores Científicos Periódicos nacionais – carecem de apoio, infraestrutura, investimentos. São idealizados e desenvolvidos por Editores abnegados que fazem mais por paixão do que por profissão! Periódicos estrangeiros – os maiores impactos no ISI – são empresas com mais de 500 anos de tradição! São profissionais da área! Vejam a seguir o vídeo da Elsevier. POR QUE NOSSOS ARTIGOS TÊM DIFICULDADES PARA SEREM ACEITOS PELAS REVISTAS QUALIS A INTERNACIONAL? A PERGUNTA VAI MUDAR........ POR QUE NOSSOS ARTIGOS TÊM DIFICULDADES PARA SEREM ACEITOS PELAS REVISTAS QUALIS A1? Pela Atenção, Muito obrigado !!! Esta aula está disponível no endereço eletrônico: www.barraviera.med.br Sites de interesse www.cevap.org.br www.jvat.org.br www.cevap.com.br www.abecbrasil.org.br Email [email protected] [email protected] Cursos a distância – “Como produzir um periódico eletrônico científico” – www.cevap.org.br