Depressão e Exercício Físico Bruno Borges Hernandes R2 Medicina Esportiva Depressão • Conceito: - Definida como um transtorno de humor grave e frequente “que pode iniciar vagarosamente, assemelhando-se a uma tristeza mais intensa, acompanhada de vários outros sintomas, como desinteresse, alterações do apetite e do sono, e dificuldade de concentração”. ( Nardi,1998 ) Depressão • Episódios depressivos, por um período mínimo de 2 semanas, associado a, pelo menos, 4 sintomas como: • • • • • • Alterações do apetite ou peso, Sono e atividade psicomotora, Diminuição de energia, Sentimentos de desvalia ou culpa, Dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, Pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida. Depressão • Afeta 9,5% da pop. adulta por ano e é estimado que aprox 17% da pop. sofrerá de um episódio em algum momento da vida. • Ppais causas de afastamento do trabalho (US$ 40 bi c/ tto e produtividade). • 2° maior causa de invalidez e morte prematura em paises desenvolvidos para o ano de 2020 segundo “ The global Burden of Disease Study” Depressão • Opções terapêuticas: - Fármacos: 1. Inibidores Seletivos da Recaptação da serotonina 2. Tricíclicos 3. Inibidores da MAO - Psicoterapias: Interpessoal, cognitiva comportamental, psicodinâmica. - Eletroconvulsoterapia ( ECT ) Depressão • Apesar de existirem inúmeras combinações e possibilidades farmacológicas e terapêuticas, os fármacos apresentam em média, uma taxa insatisfatória de respostas, na qual aprox. 50% dos pac não respondem adequadamente à primeira tentativa ( aprox 30% por não reduzirem os sintomas e 20 % por abandonarem o tto ) Sartorius e col, 2007 • ECT , apesar de altas taxas de resposta ( 70-90%), é um método invasivo, que apresenta alguns riscos e para-efeitos importantes. Sartorius e col, 2007 Depressão • Uma boa resposta é definida como uma redução de 50% dos sintomas observados através de escalas de avaliação de depressão, enquanto a remissão é definida como uma melhora total. Depressão e EF • Desde a déc 70, diversos estudos tem mostrado a eficácia e a segurança do exercício no tto do transtorno depressivo. - Greist e cols ,1979: exercício aeróbico melhoram os sintomas tão quanto psicoterapias. - Dunn e cols ,2005: efeitos das diferentes intesidades. - Bx intensidade = placebo - moderada a alta intensidades = psicofármacos, tanto em redução de sintomas como em taxa de resposta e remissão Depressão e EF • Tipo de exercício: - Todas meta-análises concluem que tanto o exercício aeróbico quanto anaeróbico parecem exercer o mesmo efeito positivo sobre a depressão. • EF e Fármacos: - têm o mesmo tamanho de efeitos - associações parecem não ter efeito adicional. Depressão e EF • Blumenthal ,2007: - observou que o uso de medicações ( Sertralina ) apresentou resultados mais rápidos porém teve maior frequência de efeitos colaterais. - o seguimento de 10 meses após a intervenção mostrou que os efeitos do exercício parecem ser mantidos, tendo menores taxas de recaída, comparados aos pac que utilizavam apenas fármacos. Depressão e EF • Características como duração, intensidade, frequência ou tipo de exercício não altera o resultado. • O único fator modificador é o tempo do programa de treinamento. Programas ≥ 9 meses obtiveram maiores reduções de sintomas. • Idade, sexo ou severidade da depressão tb não apresentaram diferença. Mecanismos • Os mecanismos antidepressivos do EF podem ser divididos em 2 grupos: 1. Biológicos: Hipótese termogênica, hipótese da endorfina, hipótese das monoaminas e atrofia do hipocampo. 2. Psicossociais: hipótese da distração e hipótese da autoeficácia. Hipótese Termogênica • Sugere que o ↑ da temperatura central com o EF é responsável pela redução dos sintomas. • DeVries, 2008: observou que o ↑ da temp em regiões específicas do cérebro, como o tronco cerebral, pode levar à sensação de relaxamento e redução da tensão muscular. • Hipótese mais relacionada a ansiedade do que depressão Hipótese da Endorfina • Sugere que o ↑ da liberação de β-endorfina após o EF reduz os sintomas da depressão. • A β-endorfina é relacionada ao humor e sensação de bemestar. • A crítica está no qto a elevação de β-endorfina plasmática reflete na atividade cerebral e mais estudos são necessários para avaliar se essa liberação é a responsável pelo efeito antidepressivo. Hipótese das Monoaminas • Brooks e cols 1999,2001, 2003: - sugere que o EF traria alterações adaptativas no funcionamento do sist. Serotoninérgico (5-HT), ↑ a biodisponibilidade de neurotransmissores cerebrais (serotonina, dopamina, norepinefrina) causando um downregulation dos receptores pós-sinápticos da recaptação da serotonina. Hipótese da atrofia do Hipocampo • Estudos de neuro-imagem vem mostrando que a depressão está associada a uma atrofia do hipocampo ( Sheline, 1996) e redução dos níveis séricos de BDNF - Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro – neurotrofina responsável pelo cresciemnto e maturação neuronal. • Estudos sugerem que uma sessão aguda de exercício aeróbico ↑ os níveis de BDNF. Outro estudo demonstrou que 5 semanas de exercício de força tb ↑ os níveis em jovens sedentários Distração • Craft, 2005: - O EF serve como distração momentânea das preocupações e pensamentos negativos. • Legrand, 2007: - verificou não haver diferença em pac deprimidos que se exercitaram sozinhos ou em grupo. Auto-eficácia • Auto-eficácia significa em acreditar que possue as habilidades necessárias para concluir uma tarefa e que esta tarefa possa ser concluída da maneira programada. • O EF ↑ a sensação de eficiência generalizada e sensação de realização. Considerações práticas • Com o ↑ das evidências que suportam a eficácia da intervenção comportamental em reduzir os sintomas da depressão. • O EF deve ser encourajado como terapia adjunta, contudo algumas considerações devem ser observadas: Considerações práticas 1. Pac. c/ depressão é tipicamente sedentário e c/ falta de motivação para iniciar programa de exercício. - ACSM sugere 30´ ou +, no mínimo 5 dias c/ intensidade moderada. - Porém meta-análises mostraram que a prescrição de 20´ por 3x/sem c/ intensidade moderada é suficiente p/ reduzir sintomas ( RECOMENDAÇÂO INICIAL ) Considerações práticas 2. Sempre iniciar devagar e escolher uma atividade que lhe agrade. 3. Encourajar o paciente a trabalhar primeiro a frequência (3x/s) em um pace confortável até se sentir confiante p/ ↑ gradativamente - intensidades de 60-80% Fcmáx produz melhores resultados e mantém o envolvimento do paciente c/ à atividade mais do que exercícios mais intensos. Considerações práticas 4. O médico sempre deve perguntar ao paciente seu envolvimento e enfatizar cada aspecto positivo que o paciente relatar de suas experiências. OBRIGADO