O Trabalho docente e a organização dos
trabalhadores em tempo de neo
liberalismo
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Acabo de declinar um convite de um colega do IQ, que precisa
de um parecerista para examinar seu processo de progressão
acadêmica. Algo extremamente importante! Todos nós teremos que
passar por isso! Entretanto tive que dizer: não tenho agenda para os
próximos 60 dias, inclusive, porque todas as quintas pela manhã
tenho que ir ao psiquiatra e todas as sextas ao terapeuta!
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Aliás, ontem tivemos uma banca e a colega que veio examinar a tese
de doutorado falou-me que foi feito um estudo na UFES e descobriuse o número elevadíssimo de licenças médicas concedidas para
professores capixabas. A grande maioria eram licenças
PSIQUIÁTRICAS E ONCOLÓGICAS.
Algo bastante sugestivo. Primeiro, fica-se louco, depois, somatiza-se
um câncer.
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Desculpem-me pelo teor amargo,
O hipercontrole e a percepção de
autonomia
O financiamento individual e a ênfase na
pesquisa e publicações
A meritocracia
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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MF
MCT
INEP
CNPQ
CONSUNI
MP
CNE
MEC/SESU SINAES,CONAES
CRUB
REITORIA
CONSEPE
ANDIFES
PRÓ-REITORIAS
DEPARTAMENTO
COLEGIADOS: grad. e pós-grad
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PROFESSORES
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
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CASA CIVIL
ALUNOS
CAPES
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Ao mesmo tempo em que há uma
percepção de autonomia, há também de
permissividade de liberalidade
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Cada um faz o que quer?
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Autonomia percebida como liberdade
individual
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“ ... com todos os defeitos que a UFBA tem, ainda é o lugar que eu
me sinto livre, isso para mim é um valor que não tem o que pague.
 Acho que tem liberdade demais. Mas, o que é disfuncional para a
instituição, para mim é ótimo, eu invento o que eu quero, ninguém
questiona a minha pesquisa, ninguém questiona o que eu dou na
minha aula, para o bem ou para o mal. Você pode ser um ótimo ou
um péssimo professor que não tem ninguém te reclamando.
 Se a pessoa tiver capacidade de ser empreendedora e buscar seus
recursos, não tem limite nenhum. Eu nunca tive um problema de
ter um Reitor que não assinasse um pedido de apoio.Agora, não
espere que a instituição te dê nada”
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(Depoimento de uma professora da Escola de Administração em maio de 2006).
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Para liberar reconhecimento
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Para identificar os não produtivos,obrigandoos a produzir, ou para puni-los.
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A política de bolsas e editais – a
“ competição administrada”
”A competição é o motor do desempenho
coletivo e que, convém, de certo modo, “que
todos sejam mal aquinhoados, para
sentirem, na devida medida, a importância
da disputa” (MANCEBO; FRANCO, 2003, p.194).
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Cooptação pelos financiadores
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Autonomia por cooptação e não por
emancipação do sistema universitário que se
daria através de recursos liberados em função
de planos e orçamentos anuais.
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Grupos se apossam de temas e recursos, pela
política de financiar centros de excelência,
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Significa uma estratégia de cooptação de
algumas instituições em detrimento da
emancipação do sistema universitário como
um todo
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Predominariam as rotinas, normas, formulários,
pedidos e programas(destacando-se as de
fomento e outras governamentais).
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O que facilitaria o exercício de conveniências
políticas ou pessoais de grupos e indivíduos,
principalmente se estiverem no governo, direção
ou na administração da instituição.
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“muito professor só se sente valorizado pelo
outro, se estiver atrelado a um programa de
pós-graduação, ou se ele for um pesquisador.
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A Universidade perdeu um pouco o interesse
pela questão da educação”.
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Para ser um bom professor é necessário ser um bom
pesquisador, representa um nível de
desenvolvimento intelectual superior
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“ Muitos professores depois do doutorado querem se dedicar à
pesquisa, porque precisam manter um certo padrão de produção,
é por isso que eu tenho que minimizar a minha carga com os
alunos da graduação. Se você publica mais, você se insere no
campo científico, você aparece mais, as idéias que você defende
podem ser veiculadas; publicando eu posso mostrar a minha cara,
posso influenciar outros. Essa tensão tem me feito repensar
algumas coisas, ao mesmo tempo em que me dá muito prazer
estar com a graduação, eu fico com a sensação que eu poderia
estar teclando as melhores coisas que estão engavetadas, que eu
não consigo desovar e publicar”.
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(Depoimento de uma professora da Faculdade de Odontologia em maio de
2006).
“ Eu tenho ampla, total, completa e absoluta autonomia, sinto-me
autônoma e democrática. Eu faço meu trabalho com muita autonomia,
mas gosto de dividir, eu quero conhecer o que as outras pessoas fazem.
 Cada um fica no seu gueto, no seu canto, na sua sala e não divide. Eu
quero saber como usar melhor as novas tecnologias da educação, mas
preciso que alguém me ensine, diga-me o que fazer. Eu gosto da
autonomia, mas não gosto do isolamento. Isso aqui é uma faculdade de
Educação mas que não tem integração. Não temos um objetivo, não
temos resposta para o aluno que pergunta onde queremos chegar com a
formação dele”
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(Depoimento de uma professora da Faculdade de Educação em maio
de 2006).
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“ o poder de violência simbólica, especificamente no
seu efeito simbólico, só pode acontecer, na medida
em que o poder arbitrário responsável pela imposição
de valores não aparece nunca em sua completa
verdade, ou seja, na medida em que a arbitrariedade
cultural do conteúdo que está sendo inculcado não é
totalmente revelada, não há transparência. O
desconhecimento da verdade objetiva do poder é
exatamente sua condição de exercício. O poder
arbitrário, de imposição, só pelo fato de ser ignorado
como tal, se faz objetivamente reconhecido como
autoridade legítima, o que termina por reforçá-lo” .
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Conceito de qualidade vem do Banco Mundial, que noção de “eficiência” que, em sua forma ótima, se
chama “excelência”.
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Essa “qualidade máxima” deve ser quantificada,
avaliada e comparada, estimulando a competição
entre as instituições pelos parcos financiamentos.
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A insistência na “excelência” visa selecionar os
melhores, os mais dotados, para tirá-los do suposto
marasmo geral e disponibilizar os melhores meios
Qualidade
= eficiência
excelência
é o grau
máximo
empreende
dorismo
empregabili
dade
ênfase no
conhecimento
especializado,
demandado
pelo mercado
Perda da
dimensão
política,
crítica e
criativa da
Universidade
.
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O preço da excelência de algumas
instituições, é o desaparecimento de muitas
outras
A solidão
acadêmica
Já foi significativo mas enfrenta crise sem
precedentes
 Perdeu seu lugar na história
 A estratégia da greve exaure a Universidade e o
MEC ignora.
 O pior possível
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“ pessoas vaiam, saem aos tapas,gritam, metem
o dedo no rosto do outro, aí eu penso, não piso
mais aqui” (depoimento prof,fac Comunicação,2006)
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Confunde a atividade de sindicato com partido político,
quando luta pela reforma agrária
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Excesso de luta corporativista, sectária.
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Exclusivamente salarial, perdeu o rumo
Centralização das decisões, ausência de debate, de espaço
para posições divergentes.
 O discurso é simplificado e a retórica de “ vamos à luta”
empobrecida”
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“foi a experiência da minha vida, conhecer a ANDES, porque a idéia que eu
tinha de sindicato era da APLB e do SIMPRO, eu não podia argumentar,
toda vez que eu ia para o microfone era vaiada”.
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A existência de um padrão de relacionamento interpessoal
conflituoso e desestruturante entre os professores foi um
aspecto trazido por quase todos os entrevistados.
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As políticas de individualização do financiamento, da
hierarquização e da elitização do reconhecimento, na
percepção dos professores de várias unidades, são os
fatores responsáveis por essa precariedade das relações.
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Por outro lado, a UFBA é vista também, como uma
Universidade que não cria espaços de convivência, os
professores seriam “transeuntes”.
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De militante político a:
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Observador e apoiador crítico
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Militante de conteúdo profissional
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“ a rapidez e virulência do processo de
destruição da sociabilidade acadêmica, tem
levado a destruição da identidade com a
instituição pública por um grande número de
professores. A cultura do “sobreviva quem
puder” tem gerado práticas oportunistas para
atender interesses individuais de cada um, a
cada momento” .

“ o dilaceramento do trabalho coletivo é a
conquista e realização da hegemonia
neoliberal na Universidade”, que vai sendo
legitimado através de um processo de
interiorização, de aceitação de que essa é a
única lógica do momento histórico atual” .
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