Estruturação do 5º Nível(Família) do
Sistema Brasileiro de Classificação
de Solos (SiBCS)-2009.
Paulo Klinger Tito Jacomine –
UFRPE- Centro de Pesquisa de
Solos
• Após discussão no âmbito do CE de
classificação, em julho deste ano, o 5º
nível(Família) foi estruturado após consenso do
CE.
Este nível é utilizado para funções pragmáticas. As
características diferenciais e propriedades que afetam o
uso e manejo dos solos para fins diversos devem ser
priorizadas para classificação neste nível categórico e
também no 6º (série).
• Não há obrigariedade de uso de todas as
propriedades em todas a classes de solos. O uso
delas vai depender de cada classe e/ou das
especificidades dos levantamentos.
Grupamento textural
• Para os solos de constituição mineral serão
utilizadas as características diferenciais que se
seguem.
• Os grupamentos texturais vigentes continuarão a
ser
usados
nos
levantamentos
de
reconhecimento ou mais generalizados.
Propriedades para
uso no 5º nível
1. SUB-GRUPAMENTOS TEXTURAIS
SUBDIVISÕES DOS GRUPAMENTOS TEXTURAIS
VIGENTES
Textura muito arenosa - compreende a classe textural areia.
Textura arenosa - compreende a classe textural areia franca.
Textura média-arenosa - classe textural franco-arenosa com
mais 520g/kg de areia.
Textura média-argilosa – compreende a classe textural
franco-argilo-arenosa
1-SUB-GRUPAMENTOS TEXTURAIS
Textura média-siltosa -
compreende a textura média
vigente, exceto franco-argilo-arenosa e franco-arenosa com
mais de 520g/kg de areia.
Textura siltosa - material com menos de 350g/kg de argila e
menos de 150 g/kg de areia.
Textura argilosa - material com teor de argila entre 350g/kg
e 600g/kg.
Textura muito argilosa – material com teor de argila
superior a 600g/kg.
1. Sub-grupamentos texturais
• A relação areia grossa ( Ag.) sobre a areia fina( Af.)
é importante para o uso e manejo do solo e por
isso está sendo avaliada a pertinência de
considerar os conteúdos de Ag. e Af.
Proposta: relação Ag/Af > 1,0. (grossa).
Exs.: Textura arenosa grossa; Textura média- arenosa fina
Os contrastes texturais
Os contrastes texturais entre horizontes dos
solos são expressos por notação binária ou
ternária, na forma de frações, como por
exemplo, “textura média/argilosa” (binária) e
“textura
arenosa/média/muito
argilosa”
(ternária), esta última deve ser usada
preferencialmente em solos com grande variação
de textura (Ex. Neossolos Flúvicos). Podem ser
utilizados nas várias classes de solos para indicar
variações dos grupamentos texturais em
profundidade.
2.DISTRIBUIÇÃO DE CASCALHOS, NÓDULOS E CONCREÇÕES
NO PERFIL
• Refere-se à constituição macroclástica do material
componente do solo. É característica distintiva, em função
da proporção de cascalhos (2mm a 2cm) em relação à terra
fina. Quando significativa, a quantidade de cascalho deve ser
utilizada como modificador do grupamento textural, sendo
reconhecidas as seguintes classes:
Com cascalho - Percentagem de cascalho entre 80g/kg e
menor que 15%;
Cascalhenta - percentagem de cascalho entre 150g/kg e
500g/kg;
Muito cascalhenta - percentagem de cascalho superior a
500g/kg.
2.DISTRIBUIÇÃO DE CASCALHOS, NÓDULOS E
CONCREÇÕES NO PERFIL
• A ocorrência de cascalho é utilizada como
qualificativo do grupamento textural. Exemplo:
textura média-arenosa cascalhenta.
• No caso dos subgrupos petroplinticos, em todas as
ordens, diferenciar no 5° nível pela forma de
ocorrência e posição em relação a superfície do
solo, em: epiconcrecionário, endoconcrecionário e
concrecionário; e epilitoplinticos, endolitoplinticos
e litoplintico.
3.CONSTITUIÇÃO ESQUELÉTICA DO SOLO
• O solo é considerado esquelético quando
mais de 35% e menos de 90% do volume
total da massa do solo forem constituídos
por material mineral com diâmetro maior
que 2 cm. Qualifica o grupamento
textural: ex, textura arenosa esquelética.
4. SATURAÇÃO POR BASES
•
V=100 S/T
hiperdistrófico - < 25 %
mesodistrófico -  25 % e < 50%
mesoeutrófico -  50% e < 75%
hipereutrófico - 75%
Para a saturação por bases, no nível de família, utilizar
como seção de controle a mesma utilizada nos níveis
hierárquicos superiores. Para expressar variação na
saturação por bases no perfil, podem ser utilizados os
prefixos epi, meso ou endo no 6° nível.
5.CARÁTER ÁLICO
• Utiliza-se o termo álico quando a saturação por
alumínio [(100 Al+3/(S + Al+3)] é  50%, associada a
um teor de alumínio extraível > 0,5 cmolc/kg de
solo.
• Para o caráter álico, no nível de família, utilizar
como seção de controle a mesma utilizada nos níveis
hierárquicos superiores. Tendo em vista a
possibilidade de mudanças em curto prazo pelo uso
agrícola, este atributo deve ser usado apenas para
definir os horizontes diagnósticos sub-superficiais.
6. MINERALOGIA
•
Refere-se à qualificação e à quantificação de
características mineralógicas das frações areia
(grossa e fina), silte e argila.
•
A qualificação mineralógica é definida pela
predominância dos minerais constituintes do solo.
a) Nas frações grosseiras dos solos ( 0,05mm de
diâmetro), principalmente nos solos de textura
média e arenosa, identificam-se minerais alteráveis
ou não, que qualificam classes no 5 nível categórico,
como:
6. MINERALOGIA
• Se houver informações sobre mineralogia da areia,
pelo menos semi-quantitativa, os termos micácea,
anfibolítica, feldspatica e silicosa, podem ser usados
para destacar informações sobre predomínio de
minerais alteráveis ou não, concreções ou nódulos e
material ferruginoso ou ferro-argiloso ou outros.
Quando for pertinente, acrescentar após o
grupamento
textural,
entre
parênteses,
o
qualificativo de mineralogia, por exemplo: textura
média (micácea); textura média siltosa(micácea)
6. MINERALOGIA
• Para distinguir Neossolo Regolítico de Neossolo
Quartzârenico, quando a morfologia não for
suficiente para tal, é necessário ter informações
sobre mineralogia da areia, pelo menos semiquantitativa. A presença de minerais alteráveis (
como micas, feldspatos e anfibólios) deve ser
registrada no campo com uma lente de 10
aumentos ou até a olho nu.
6. MINERALOGIA
b) Nas frações < 0,002mm (fração argila),
sugerem-se para os Latossolos as seguintes classes:
i) cauliníticos - com predominância de
argilominerais do grupo da caulinita ( 50% por
peso, pelo ATD). São utilizados como referência
(Resende & Santana, 1988) os seguintes valores de
Ki e Kr para as classes:
cauliníticos - Ki > 0,75 e Kr > 0,75
cauliníticos - oxídicos – Ki > 0,75 e Kr  0,75
6. MINERALOGIA
ii) Gibbsíticos - com predominância de gibbsita (
40% por peso, pelo ATD). São utilizados como
referência (Kämpf et al., 1988; Ker, 1995) os
seguintes valores de Ki e Kr:
gibbsíticos-oxídicos – Ki  0,75 e Kr  0,75
iii) oxídicos - com predominância de óxidos de
ferro e alumínio (Kr 0,75), podendo ser
subdivididos em hematíticos e goetíticos.
6. MINERALOGIA
Se houver informações sobre mineralogia da argila, pelo
menos semi-quantitativa, os termos antes citado podem
ser usados também para Argissolos e Cambissolos.
A propósito da mineralogia da fração argila no 5°
nível
• A mineralogia da fração argila é importante, entretanto
há alternativa mais simples e que pode ser determinada
com base no valor T(CTC) para 100g de argila. Basta
estabelecer correlação da CTC, com os resultados da
mineralogia da argila (intervalos de CTC).
• O resultado da mineralogia da fração argila, de perfil do
Vertissolo nº 15, página 94 da V RCC realizada na região
Nordeste, nos estados de PE, PB, RN, CE e BA, no ano de
1998, chamou atenção sobre o assunto.
6. MINERALOGIA
O referido resultado da mineralogia
surpreendeu a muita gente, tendo em vista
tratar-se de um Vertissolo com morfologia
típica (ver observações do perfil), que registra
“slickensides” bem desenvolvidos.
• Seguem os resultados da mineralogia da
argila, com correlações com Ki, Kr e com CTC
(T) para 100g de argila sem desconto para
carbono.
CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS
V RCC
Hor.
Perfil n° 15 - Vertissolo
Mineralogia da
argila
Ki
Kr
CTC p/
100g (sem
desconto)
Ap
BV1
BV2
56,
Caulinita
predominante,
vestígios de mica
2,01
1,66
57,
CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS
V RCC
Hor.
Perfil n° 09 – Argissolo Vermelho Tb
Eutrófico
Mineralogia da
Ki
Kr
argila
CTC p/
100g
A
Bt1
Bt2
Caulimita
predominante,
presença de mica
1,89
1,59
1,78
1,51
20,
CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS
V RCC
Hor.
Perfil n° 01/ Pag. 14 – Argissolo Amarelo
Álico
Mineralogia da
Ki
Kr
argila
CTC p/
100g
Ap
AB
Bt1
1,80
1,64
Bt2
1,58
1,44
1,83
1,68
Bt3
Caulinita
predominante;
vestígios de mica;
goetita e gibsita.
21,
11,
9,
CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS
V RCC
Ap
Perfil n° 02/ Pag. 18 – Argissolo
Amarelo Acinzentado com fragipã
Ki
Kr
CTC p/
100g
AB
1,59
1,51
15
Btx1
1,52
1,39
1,51
1,41
16
15
Btx2
Mineralogia
Caulinita
predominante;
gibsita vestígios
de mica;
• Conclusão: a CTC(T) para 100g de argila é mais
confiável (resultado) e está bem correlacionada
com a CTC dos solos.
• A mineralogia da argila, além de ser mais
complicada, não reflete a realidade traduzida na
expressão da morfologia;
• Um solo cujo resultado da mineralogia da argila
apresenta predomínio da caulinita em um
Vertissolo e em um solo de tabuleiro ( onde a CTC
é uma das mais baixas), não pode ser confiável e
não expressa a realidade da atividade da fração
argila do solo.
c) Sub-grupamentos de classes de atividade de argila¹
•
Critério utilizado para as demais classes de solos. As duas
primeiras ( 1 e 2), podem também ser usadas para
Latossolos.
1- Atividade muito baixa = Tmb = T < 8,0 cmolc/kg de
argila
2- Atividade baixa = Tb = >= 8,0 < 17 cmolc/kg de argila
3- Atividade média - Tm = T >= 17 < 27 cmolc/kg de
argila
4- Atividade alta - Ta = T > = 27 a 40 cmolc/kg de argila
5- Atividade muito alta - Tma = T >= 40 cmolc/kg de
argila
¹ainda em fase de validação.
• Característica que deve ser considerada na maior
parte do horizonte B (exceto BA e BC) ou no
horizonte C diagnóstico. Não considerar em solos
de classe de textura areia e areia franca.
7. Teor de óxidos de ferro,
classes não
utilizadas nos outros níveis categóricos
• Deve ser usado na denominação da classe onde
este caráter ainda não tenha sido aplicado em nível
categórico mais alto, como por exemplo:
mesoférricos ou hipoférricos.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS LISTADAS NO 5º NÍVEL
- 2009
• Características especiais pedogenéticas ou
decorrentes do uso do solo, como
compactação e adensamento (6º nível).
• Compreendem características inerentes ao
desenvolvimento pedogenético do solo ou
originadas a partir das práticas de uso e
manejo. Nestes casos, incluem-se quaisquer
características ou propriedades que tenham
modificado o solo.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS LISTADAS NO 5º NÍVEL
- 2009
• Sugere-se utilizar termos adequados,
adjetivados, para qualificar classes de solo
neste nível categórico, como exemplos,
“dênsico”, “compactado”, “erodido” etc.
Os prefixos epi, meso e endo, podem ser
utilizados para especificar a posição de
ocorrência das características especiais no
perfil e separar classes neste nível categórico.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS LISTADAS
NO 5º NÍVEL DO SIBCS-2009
• Profundidade do solo (Usar como fases)
• Caráter Aniônico - ∆pH igual a “0” ou
positivo.
• Caráter Alofânico – Presença de alofana,
imogolita, ferredrita ou complexos de alumínio e
húmus, isto é, materiais amorfos que conferem
uma densidade do solo menor ou igual a 1,0
kg/m³ e valor do somatório de alumínio e ferro
extraídos pelo oxalato de amônio >1.0 calculado
pela expressão: AL³+(0) +1/2 Fe (0) > 1,0.
HORIZONTES A FRACO E MODERADO
• A fraco + A moderado = A ócrico
• Pedogênese
• Zona do Bioma Caatinga
• Zona do Bioma Mata Atlântica e outros
• Mapeamento.
• 4° nível?
ORGANOSSOLOS
• Para estes solos aplicam-se as distinções
quanto à natureza e textura do material
subjacente ao material orgânico, como por
exemplo, areia, silte, argila e origem dos
sedimentos.
Quando
o
material
subjacente, dentro da seção de controle,
for de constituição mineral podem-se
aplicar as características diferenciais
utilizadas para solos minerais.
OBRIGADO!
Paulo Klinger Tito Jacomine – UFRPE
E-mail: [email protected]
Download

Estruturação_5Níve(Família)