Bruno Pereira
Filipe Ferreira
 Nome: Miguel Torga ;
 Nascimento: 12/08/1907 em Vila Real;
 Falecimento: 17/01/1995 em Coimbra;
 Ocupações: médico, escritor e poeta;
 Foi um dos mais influentes poetas e escritores
portugueses do século XX. Destacou-se como poeta,
contista e memorialista, mas escreveu
também romances, peças de teatro e ensaios.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Por isso, é devagar que se aproxima
Ancorado e feliz no cais humano,
Da bem-aventurança.
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino. É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
Miguel Torga
A terra e a rosmaninho!
P.103
1.
1.1. Associa as expressões da coluna da esquerda ao
respetivo sentido, na coluna da direita.
1. vai sulcando as ondas da
eternidade
a. com as vinhas a seus pés
2. à proa de um navio de
penedos
b. céu
3. a navegar num doce mar de
mosto
c. no alto da montanha
4. cais divino
d. vai vivendo
1.d;
2.c;
3.a;
4.b
2. A que se refere o advérbio “Lá” (v.12)?
R.: O antecedente do advérbio “Lá” é a expressão
nominal “cais divino”.
3. Indica o valor semântico do marcador discursivo
“Por isso” (v.21).
R.: O marcador discursivo “Por isso” traduz a ideia
de consequência, resultado ou efeito.
4. Identifica o tempo verbal predominante em cada uma
das três estrofes.
R.: Na primeira estrofe predomina o presente (vai,
é, ruma); na segunda estrofe predomina o futuro (terá,
serão, deixarão); na terceira estrofe volta a predominar
o presente (se aproxima, avança, gasta).
5. Divide o poema em três partes lógicas e justifica.
R.: O poema poderá ser dividido em três partes lógicas,
correspondendo cada uma delas a cada uma das
estrofes. Assim, na primeira estrofe, vemos S.
Leonardo, “ancorado e feliz no cais humano”, a iniciar a
sua viagem em direção ao “cais divino”. Na segunda
estrofe é feita a antevisão (daí o tempo verbal futuro)
do que espera S. Leonardo quando chegar ao seu destino,
no “cais divino”. Na terceira estrofe retoma-se o
presente de S. Leonardo que, porque sabe o que o espera
na “bem-aventurança”, avança, agora, devagar e sem
pressa nenhuma de lá chegar.
6.Assinala os adjetivos que caracterizam a fora como S.
Leonardo se sente no cais humano.
R.: Os adjetivos são “ancorado” e “feliz” (v. 9).
7. Explica por que razão S. Leonardo não tem pressa de
chegar ao destino.
R.:S. Leonardo não tem pressa de chegar ao seu
destino (o ‘cais divino’) porque se sente ‘feliz’ no ‘cais
humano’ onde tem tudo aquilo de que gosta e cujas
sensações agradáveis pretende prolongar o mais
possível, já que sabe que no local para onde vai não terá
nada daquilo que tanto aprecia (Cf. vv. 10-11: “É num
antecipado desengano […]”).
8. Sublinha no poema, as expressões que caracterizam as terras
do Douro.
R.: Entre outras, poderiam citar-se as seguintes
passagens: “socalcos” e “vinhedos”, “um navio de
penedos”, o cheiro a “mosto”, a “terra” e a “rosmaninho”.
9. Introduz, no poema, a seguir aos vocábulos a que dizem
respeito, as alíneas (a) e (b) correspondentes às seguintes
notas:
(a) conjunto de vinhas : “Nem vinhedos ”
(b) pupila : “Na menina dos olhos deslumbrados”
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São Leonardo de Galafura Bruno Pereira e Filipe