Cecil Helman Moacyr Scliar Cecil Helman nasceu na África do Sul em 1944, cursou medicina na University of Cape Town Medical School, mas, por causa do apartheid, mudou-se para Londres. Em 1972 diplomou-se em antropologia social no University College London (Prof.Mary Douglas) e especializou-se em antropologia médica. Trabalhou como médico de família e foi professor na Brunel University, West London e no Department of Primary Care & Population Sciences, Royal Free & University College Medical School (University College London) Entre suas obras mais conhecidas estão: Culture, Hralth and Illness (publicado em 1984 é usado em 40 países), Suburban Shaman: Tales from Medicine Frontline, Doctors and Patients: an Anthology, Medical Anthropology, Body Myths, The Body of Frankenstein’s Monster: Essays on Myth and Medicine, The Exploding Newspaper and Other Tales, The Grocery Shop, The Other Half of a Dream. Ganhou vários importantes prêmios por sua obra e seu trabalho e visitou vários países, incluindo o Brasil. Medicina e literatura: o conceito das duas culturas (C.P.Snow, 1959) “Intelectuais e literatos de um lado, cientistas de outro. Entre os dois lados, um abismo de mútua incompreensão, às vezes até de hostilidade. Cada lado tem uma imagem distorcida do outro. Os não-cientistas tendem a pensar nos cientistas como arrogantes... otimistas ingênuos, ignorantes da condição humana. Os cientistas acham que escritores e intelectuais não tem qualquer visão do futuro, que não estão preocupados com os seres humanos e que restringem arte e pensamento apenas a um momento existencial.” O que têm em comum medicina e literatura? O uso da palavra; A utilização da metáfora; A mobilização de emoções Médicos Escritores Rabelais Anton Tchechov Arthur Conan Doyle William C.Williams Somerset Maugham Louis Ferdinand Céline Miguel Torga Lobo Antunes Jorge de Lima Peregrino Júnior Pedro Nava Guimarães Rosa Cyro Martins Dyonelio Machado Sir Arthur Conan Doyle Guimarães Rosa Por que os médicos escrevem? A medicina como porta de entrada para a condição humana; A importância da palavra; A valorização do texto (científico ou não); A ansiedade que acompanha a profissão. Medicina e literatura: 11 obras básicas A Montanha Mágica, de Thomas Mann, escrito numa época em que a tuberculose ainda era tratada em sanatório (como aconteceu com a mulher de Mann). Como todo grande escritor, Thomas Mann usa a doença para mergulhar na condição humana, porque, como ele mesmo diz, “a doença nada mais é que a paixão transformada”. A Morte de Ivan Illitch, de Tolstoi, uma curta e dilacerante novela sobre um homem que, morrendo de grave doença, enfrenta a hipocrisia e a indiferença de médicos e familiares. Arrowsmith, de Sinclair Lewis, uma irônica descrição dos bastidores da ciência. Thomas Mann O Dilema do Médico, peça teatral de Bernard Shaw, cujo prefácio é uma das melhores análises sobre a mercantilização da medicina (“Pagar a um cirurgião pelas pernas que amputa da mesma forma que se paga a um padeiro pelos pães que faz é acabar com toda a racionalidade”). O Doente Imaginário, de Molière, também uma peça de teatro, também satírica. A Cidadela, de A. J. Cronin, lacrimosa história de um jovem médico. Fez tanto sucesso, que levou vários jovens à Faculdade de Medicina. Olhai os lírios do campo, de Erico Verissimo, também sobre a comercialização da medicina. O Alienista, de Machado de Assis, notável átira à psiquiatria autoritária do fim do século 9. Tenda dos Milagres, de Jorge Amado, sobre os racistas médicos Bahia no começo do século. A Peste, de Albert Camus, e O amor nos tempos do cólera, García Márquez: ficção nascendo das pragas. Machado de Assis Algumas obras não ficcionais: A Doença como Metáfora, Susan Sontag Médicos e descobridores, John Galbraith Simmons O Nascimento da Clínica, Michel Foucault O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu, Oliver acks Escuridão Visível, William Styron A Peste dos Médicos, Sherwin B.Nuland Oliver Sacks