Financiamento à Inovação Pedro Wongtschowski Brasília, 21 de fevereiro de 2014 Evolução do Sistema de financiamento à inovação no Brasil Sistema de C&T no Brasil cresceu: novos atores (públicos e privados) e nova institucionalidade em construção Maior pressão do Sistema de C,T&I sobre os recursos públicos e sobre as instituições de apoio à inovação BNDES e Finep ampliaram as linhas de crédito à inovação, com recursos do FNDCT (Finep) e do PSI (reembolsável) Novidade: Inova Empresa eleva a oferta de recursos, mas ainda com limitações na modalidade não-reembolsável Orçamento do MCTI cresceu apenas 4% nos últimos 5 anos Orçamento MCTI no período 2001-2014 (R$ bilhões – valores constantes de 2013, Índice IGP-DI) 9.1 8.2 6.3 6.1 8.5 7.8 7.5 7.7 9.0 9.4 9.5 8.0 6.1 5.1 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fonte: Ministério do Planejamento OBS: LOA em valores constantes de R$ 2013. Índice IGP-DI 2011 2012 2013 2014 • O ritmo de expansão do orçamento vem reduzindo ao longo do tempo: • 30% no quinquênio 2001 /2005, • 16% no quinquênio 2006/2010. • O volume de recursos orçados para 2014 é praticamente igual ao de 2013. Participação dos recursos para C,T&I no Orçamento Geral da União está em queda • A participação do MCTI no OGU caiu de 2,8% em 2001 para cerca de 2,0% em 2013 2.0% 1.3% 1.8% 1.3% 1.3% 1.9% 2.3% 1.5% 2.2% 2.1% 1.5% 1.4% 1.5% 2.1% 2.4% 1.7% 2.5% 1.9% 2.3% 1.8% 1.9% 1.6% 2.0% 2.4% 2.5% 2.8% Participação do MCTI (órgão) no Orçamento Geral da União 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 MCTI/OGU MCTI (semFNDCT)/OGU • A queda da participação dos fundos setoriais é ainda mais expressiva • Os Fundos Setoriais foram criados com o objetivo de aportar recursos adicionais para o MCT, o que deveria se traduzir em elevação da participação do MCT no OGU (**) Despesas do Executivo Federal - exclusive Judiciário, Legislativo, Previdência e Encargos Especiais FONTE: MCTI e FNDCT, a partir de 2001: Siga Brasil, consulta realizada em 14-02-2014 FNDCT: muita demanda e orçamento comprometido Evolução do FNDCT, (R$ bilhões - valores constantes de 2013, Índice IGP-DI) Orçamento do FNDCT em 2014 é praticamente o mesmo de 2013 (cerca de R$ 3,4 bilhões) 3.6 3.4 3.2 3.0 3.4 3.4 3.3 3.2 3.0 2.7 2.3 2.4 1.8 1.5 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Fonte: Siga Brasil PONTOS DE RESSALVA • reserva de contingência de apenas R$ 25,3 milhões • perda de recursos do CT-Petro (cerca de 40% do FNDCT) • a inserção do programa Ciência sem Fronteiras no FNDCT (R$ 767 milhões) • riscos de contingenciamento FNDCT: redução de orçamento para projetos importantes Valores em R$ milhões 2013 2014 Fomento a Projetos de Implantação e Recuperação da Infraestrutura de Pesquisa das Instituições Públicas (CTInfra) 404,9 305,0 Fomento a Pesquisa e Desenvolvimento em áreas Básicas e Estratégicas 1200,0 673,9 Subvenção Econômica a Projetos de Desenvolvimento Tecnológico 365,8 266,1 Equalização de Taxa de Juros em Financiamento à Inovação Tecnológica 308,3 209,0 Investimento em Empresas Inovadoras 100,3 50,3 Plano Inova Empresa: Oferta e Demanda Em R$ milhões Edital Inova Energia Inova Aerodefesa PAISS Inova Saúde/Biofármacos Inova Saúde/Equipamentos Médicos Tecnova Parques Tecnológicos TI Maior Nanotecnologia Construção sustent. e Sanea. Ambiental Biotecnologia Tecnologia Assistiva Inova Saúde/Equip. Médicos/Cooperativo Recurso disponível (todas as modalidades) 3000 2900 1000 1300 600 190 110 60 30 30 24 20 15 Subtotal – Editais Encerrados Inova Petro I e II Inova Sustentabilidade Inova Telecom PAISS 2 Embrapii Inova Mobilidade Inova Educação Total Seleção encerrada Seleção em andamento Seleção ainda não iniciada Demanda final Oferta – demanda 3400 8600 2000 2400 544 190 110 79,6 26,8 16,7 7,9 3,9 11,3 -400 -5700 -1000 -1100 56 -19,6 3,2 13,3 16,1 16,1 3,7 R$ 9,2 bilhões R$ 17,4 bilhões 3000 2000 1500 1480 1000 ? ? 353 (edital I) - R$ 18,2bilhões R$ 17,8 bilhões (-) R$ 8,1 bilhões - R$ 0,4 bilhões Fonte: Elaborado com base em informações públicas disponibilizadas no site da Finep e BNDES ATUAÇÃO DA FINEP Evolução dos programas de financiamento à inovação na FINEP •Apoio à Consultoria Nacional •Estudos e Projetos •Apoio a Usuários de Serviços de Consultoria 1967-70 •Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Empresa Nacional 71-74 75-79 • Pró-Inovação • Inova Brasil • Juro Zero AGQualidade 80-84 85-89 PADCT FNDCT Legenda: Reembolsável Não -reembolsável Renda Variável SUBVENÇÃO EQUALIZAÇÃO 90-99 PLANO INOVA EMPRESA (reembolsável + nãoreembolsável + renda variável) 2000-02 03-07 08-10 FNDCT/ FUNDOS SETORIAIS INOVAR •F Teconologia •F Gestão •F Educação •F Pré Investimento •F Social Prime 11-14 Não-reembolsáveis: resultados da FINEP • Foram mais de 7.300 projetos contratados pela Finep, com recursos nãoreembolsáveis, entre 2002-2013, totalizando R$ 12,7 bilhões. Distribuição do Valor Contratado Convênios com ICTs Subvenção Projetos Cooperativos (ICTS e Empresa) Fonte: Finep 11.4% R$ 1,45 bilhões 17.5% R$2,23 bilhões 71.1% R$ 9,04 bilhões Volume de recursos para subvenção está em declínio FINEP - Distribuição dos recursos não-reembolsáveis 1,400.0 1,310 1,284 1,269 1,200.0 1,000.0 930 915 847 800.0 578 553 600.0 523 514 517 395 400.0 200 198 189 200.0 448 432 216 151 154 85 75 101 136 92 183 41 138 120 75 64 2002 2003 2004 2005 Convênios Fonte: Finep 2006 2007 Subvenção 2008 2009 2010 Cooperativos 2011 2012 2013 Em 2012 a subvenção recebeu apenas R$ 64 milhões, e R$ 120 milhões em 2013, claramente insuficientes para sustentar o crescimento das operações de crédito qualificado da Finep Subvenção: 989 operações contratadas Número e valor (em R$ milhões correntes) das operações de subvenção contratadas pela Finep, 2007-2013 600 • TECNOVA: acordo com 21 FAP’s, no valor de R$ 172 milhões, para operações de subvenção descentralizadas • R$ 27 milhões para estruturação das FAPS para operar o TECNOVA • Foco da subvenção nas Micro, Pequenas e Médias Empresas • A limitação e instabilidade dos recursos não permitem à Finep integrar os instrumentos de apoio à inovação na escala desejável 522.6 516.5 500 432.4 394.5 400 300 250 215 200 212 182.9 139 88 100 120.0 48 64.1 37 0 2007 2008 2009 NÚMERO DE PROJETOS R$ MILHÕES Fonte: Finep 2010 2011 2012 VALOR CONTRATADO 2013 Crédito: ampliação dos recursos permitiu elevar o valor de projetos aprovados Operações de crédito da Finep – Valor contratado entre 2005-2013 (em R$ milhões correntes) R$ milhões… 2,639 1,679 574 571 2005 2006 N° de Operações Contratadas • 49 67 675 2007 77 1,992 1,510 • Com o Finep 30 dias, foi elevado substancialmente o número de projetos aprovados entre setembro de 2013 e fevereiro de 2014: 72 projetos • 206 empresas submeteram demanda que totalizou R$ 16,7 bilhões • Foram 1.596 empresas cadastradas 575 2008 77 2009 74 2010 73 Valor total contratado entre 20052013 foi de R$ 16,4 bilhões (711 operações) Fonte: Finep Finep 30 dias: número de empresas cadastradas para operar com a Finep quadruplicou nos últimos três meses 6,270 2011 104 2012 2013 78 112 Finep: a agenda de financiamento com renda variável • Atualmente, a FINEP opera com os seguintes instrumentos: – Investimento direto em projetos inovadores e estratégicos: FIP Inova Empresa: conta com um capital inicial de R$ 500 milhões: R$ 200 milhões para os setores prioritários e R$ 300 milhões para o setor de Telecomunicações (Recursos do FUNTTEL) – Investimento em inovação descentralizada via fundos : 23 chamadas desde 2001 – Corporate Venture : Início em 2013 - parceria com a Embraer, BNDESPar e Desenvolve SP: R$ 130 milhões Renda Variável : Valor, Número de Fundos e de Empresas Investidas Ano Valor Comprometido em R$ milhões Número de Fundos Número de Empresas Investidas 2010 341 23 83 2013 853 30 107 ATUAÇÃO DO BNDES Evolução do financiamento à inovação no BNDES FUNTEC • Não Reembolsável Profarma • Taxas de Juros Equalizadas Anos 90 1999 2004 • Linha Inovação Tecnológica • Linha Capital Inovador • Criação da Área de Capital Empreendedor • CCTEC (Comitê Consultivo Funtec) • Gerência de Inovação na Área de Planejamento 2006 2007 PROSOFT CONTEC • Capital de Risco 16 •Linha Inovação PDI • Projetos de P&D • Planos de Negócio •Linha de Inovação Produção • Plantas Produtivas Taxas de juros e custos favoráveis em ambas as linhas CRIATEC 2008 • Fundos de Venture •LINHA BNDES INOVAÇÃO • Projeto Coorporativo de Inovação • CAR –IMA 2009 •PSI •CARTÃO BNDES •Foco em PD&I •FUNTEC •Foco em áreas Prioritárias • Criatec II • INOVA PETRO 2010 2011 2012 2013 PAISS COIN Prodesign Profarma Biotec Procult Parceria no INOVA EMPRESA A atuação do BNDES no apoio à inovação • Funding para o financiamento de longo prazo e a modernização em geral • Inovações de produto, processo e organizacional • Projetos green field: construção da economia do futuro • Planejamento Corporativo 2009-2014E : Inovação como prioridade • Estratégia aderente a política industrial: PITCE (2004-07); PDP (2008-10) e PLANO BRASIL MAIOR (2011-14) • Atração de Centros de P&D • Participação no Inova Empresa (cerca de 50% dos recursos) Total das operações somam R$ 10,3 bilhões em 8 anos exclui cartão BNDES Valor dos desembolsos nas operações contratadas, 2006 -2013 R$ 3,220 (Em R$ milhões correntes) N. Total de operações no período: 715 R$ 2,236 R$ 1,635 R$ 1,374 R$ 863 R$ 563 R$ 128 N° de Operações Contratadas R$ 322 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 25 58 58 56 62 103 177 176 OBS: INCLUI PARTE DAS OPERAÇÕES INDIRETAS E OPERAÇÕES DE RENDA VARIÁVEL VOLTADAS AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E À INOVAÇÃO, NÃO INCLUI O REPASSE À FINEP, NO VALOR DE R$ 4,06 BILHÕES Fonte: BNDES Número e valor das operações de crédito cresce depois de 2006 Programas e Linhas Millions Evolução do valor das operações de crédito contratadas nos programas e linhas, 1999 -2013 5,000 4,398 4,500 3,951 4,000 3,500 •Recursos totais do PSI– R$ 7,6 bilhões 3,000 2,500 2,000 1,432 1,500 1,000 500 574 5 17 8 17 6 15 124 623 1,599 •Número de operações de crédito (Linhas e Programas) no período 2006 - 2013 : 579 890 93 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 N° de Operações Contratadas PROGRAMAS e LINHAS: •Valor total contratado – R$ 13,7 bilhões 7 Fonte: BNDES 24 12 8 3 7 9 12 38 36 40 45 68 129 139 Evolução do número de operações do Cartão BNDES para inovação Número de operações e valor dos desembolsos no cartão BNDES para inovação, 2006 -2013 Número de Operações Valor (R$ milhões correntes) 526 R$ 5,838 R$ 5,299 453 R$ 4,090 333 R$ 2,574 180 84 R$ 783 2009 2010 2011 2012 2013 Número total de operações, no período: 1.576 Fonte: BNDES 2009 2010 2011 2012 Valor total das operações, no período: R$ 18,5 milhões 2013 Renda variável: perfil dos Investidores da carteira BNDES Seed Capital Participação do BNDES no risco e conteúdo inovativo: •59% em Seed Capital •42% em Venture Capital •21% em Private Equity 2% 7% 14% BNDES - Participação direta e em fundos: Criatec 1 77% Venture Capital 4% 2% 2% •Investimento em empresas com faturamento líquido de até R$ 6 mi, sendo até R$ 1,5 milhões por empresa Criatec 2 •Patrimônio comprometido: R$ 186 milhões (60% BNDESPar) 10% 35% 47% •Patrimônio comprometido: R$ 100 milhões (80% BNDESPar) •Investimento em empresas com faturamento líquido de até R$ 10 mihões, sendo até R$ 2,5 milhões por empresas São 10 fundos para inovação com 97 empresas investidas e aporte de 25% do patrimônio alocado Fundos de Pensão Bancos de Desenvolvimento Instituições Financeiras Estratégicos Agências de Fomentos Outros Fonte: BNDES Não-reembolsável: FUNTEC NÚMERO E VALOR DAS OPERAÇÕES COM RECURSOS NÃO REEMBOLSÁVEIS, 2008-AGOSTO 2013, (EM R$ MILHÕES CORRENTES) • Destinação de um percentual dos lucros para apoio não reembolsável a projetos de P,D&I apresentados por instituições tecnológicas em parceria com empresas. • Foco nas áreas de Energia, Meio Ambiente, Eletrônica, Novos Materiais, Química, Veículos Elétricos • Foram 154 operações, totalizando R$ 396 milhões 120 99.6 100 81.4 80 60.6 60 40.8 40.3 40 20.6 20 1 2.8 7 2006 2007 23.5 13 22 38 36 26 11 0 2008 N° de Operações Fonte: BNDES 2009 2010 2011 Desembolsos - R$ mi 2012 até ago/2013 CONSIDERAÇÕES FINAIS Orçamento • O orçamento do FNDCT manteve-se relativamente estável nos últimos anos e tem sido pressionado por demandas incompatíveis com o tamanho do fundo. • A retirada do CT-Petro do FNDCT e a transferência de parte do Ciência sem Fronteira para o âmbito do MCTI acirram esse contexto de pressão sobre recursos do Sistema. • A restrição orçamentária compromete, em especial, a sustentabilidade das ações da Finep, que tem no FNDCT sua principal fonte de recursos não-reembolsáveis. • É preciso buscar novas fontes de financiamento para o SNI. Uma alternativa tem sido mobilizar recursos adicionais de outros Ministérios e de Agências Reguladoras. • A Embrapii é um exemplo de iniciativa de cofinanciamento, envolvendo o MCTI e o MEC. • O Inova Empresa é um mecanismo que mobiliza e coordena a aplicação destes recursos disponíveis fora do âmbito do MCTI. O desafio das instituições de financiamento • BNDES e FINEP contam hoje com crédito com taxas de juros equalizadas; financiamento não-reembolsável; financiamento por meio do Cartão BNDES (no caso do BNDES) e aportes de capital diretos e via fundos em empresas inovadoras. • Os maiores desafios são difundir o acesso e operar os instrumentos de maneira coordenada. O Inova Empresa é uma oportunidade nesta direção, que ainda precisa ser concretizada. • O Inova Empresa reforça a atuação do BNDES e da Finep no financiamento e apoio ao esforço de inovação das empresas, com prioridade para os setores e áreas estratégicas definidas na política industrial (PDP (2008-2013) e no Plano Brasil Maior (a partir de 2013). • As condições de financiamento melhoraram no período mais recente, com o Plano de Sustentação do Investimento (PSI), mas dependem de aportes do Tesouro cuja margem está se reduzindo com a pressão fiscal. • Observa-se, no entanto, um descompasso entre o crescimento dos recursos para crédito e para renda variável e a redução dos recursos não-reembolsáveis para inovação. RECOMENDAÇÕES Recomendações • Estender, por horizonte indeterminado, as condições favoráveis do Plano de Sustentação do Investimento (PSI) para o crédito à inovação. • Elevar a dotação de recursos para a subvenção econômica (a ênfase no crédito não é suficiente para viabilizar a inovação). • Elevar a disponibilidade de recursos para projetos cooperativos na modalidade não-reembolsável e promover de forma mais incisiva os projetos cooperativos entre ICTs e empresas. • Apoiar investimentos de maior risco e de maior incerteza, tanto com renda variável como com recursos de subvenção econômica.